primeiros capítulos - os guardiões

7/23/2019 Primeiros Captulos - Os Guardies

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ATENO: O exemplar a seguir est registrado na Biblioteca Nacional

com o nmero 680.465. A pessoa ue copiar ou se inspirar estar su!eita a

pena " deten#$o% de & 'tr(s) meses a * 'um) ano% ou multa. +,-/O

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Nota da autora: Antes ue oc( leia eu gostaria de deixar claro ue

ou disponibili7ar apenas esses captulos. +or 9aor% n$o me pe#a para

liberar mais. spero ue este!a ciente disso.

+rlogoComo tudo comeou

*;;6

uas e cinco daman=$.

1orro desesperado pelo campo sem ida tentando encontrar um

lugar seguro. ? som de explos@es e tiros por todos os lados. Ol=o

para min=as m$os cobertas de sangue e pela poeira ue paira no ar.

im% um daueles tiros me acertou bem em c=eio enuanto eu

tentaa 9ugir. n$o posso deixar ue eles me encontrem% n$o uero

morrer sem noticias da min=a neta e de min=a esposa.Apesar de saber ue o meu corpo ! n$o me obedece como

antes% dou o meu mel=or para respirar com cautela e arrastar min=as

pernas.

+aro de 9rente a uma cabana de madeira el=a e abandonada.

Ol=o para trs de relance e nada enxergo. mpurro a porta sem o

mnimo es9or#o e ela range.

? bic=os ue se remexem no c=$o " os uais n$o consigoidenticar " ratos e morcegos pendurados no teto. st escuro


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demais. 1amin=o com diculdade atC umas das paredes e uando

percebo ue n$o aguento dar mais um passo deixo meu corpo

desabar no c=$o.

Dudo me (m E cabe#a.

A guerra ao ual nos encontramos% a inseguran#a do 9uturo e...

a min=a ,cia. A=% se pelo menos eu pudesse (Fla mais uma e7

morreria 9eli7. isso. Den=o medo da morte% de encarFla na erdade%

mas ela ! est pronta para ir me buscar. ,grimas escorrem pelo

meu rosto e eu encaro o teto% desolado.

Dento respirar pela boca. A bala enterrada em meu peito agora

me su9oca aos poucos. N$o = mais ninguCm do lado de 9ora e todos

os outros! est$o mortos. u sou o nico ue restou e atC =o!e me

pergunto como consegui c=egar atC aui.

Dento controlar meus batimentos% permanecer o maior tempo

possel io. 3ais uma explos$o. +ercebo ue a cabana come#a a

desmoronar ent$o arrasto meu corpo atC um canto coberto por 9eno.

Dale7 essa cabana% na erdade% se!a um antigo celeiro% n$o sei

distinguir realmente.

Ou#o um barul=o de passos pesados. 3in=a is$o est

emba#ada demais para enxergar e a 9uma#a% agora tomando conta%

tambCm n$o a!uda.

"+edro... est aiG " C uando escuto o soar meigo de suas

palaras. Abro os ol=os e e!o sua sil=ueta% procurando pela min=a

sombra em meio a toda auela imundice.

Abro um largo sorriso% ue logo se des9a7.

"H embora ,cia " min=a o7 sai rouca e com diculdade.

Dusso para continuar. " /sso aui ir desabar daui a pouco. N$o tem

muito tempo. Hoc( precisa 9ugir

"A=% +edro u sinto muito. " ela di7 solu#ando e se agac=ando

ao meu lado. +arece um an!o nauela 9uma#a cin7a. Doco seus

cabelos leemente com os dedos% ue descem atC sua 9ace meio

enrugada e limpam suas lgrimas.

3in=a ,cia C t$o bonita


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1aptulo *

O moinhos9rego mais uma e7 o idro emba#ado da bancada% onde os

an7is se escondem. teoricamente impossel retirar toda essa

su!eira impregnada de% sei l% trinta anos atrs. repulsio Doda e7

ue sou designada a limpFla co imaginando o ue ! dee ter

passado por aui para deixFlo neste estado t$o deplorel: botas de

couro enlama#adas% peixes estragados% suor e digitais. Hrias. >ee

ter pelo menos cinuenta. Kma combina#$o esuisita de genes.olto um gemido baixin=o.

oa o sino da porta na entrada.

timo! Mais um cliente de barriga suada.

>esio a aten#$o do pano bege claro e leo os ol=os para

9rente. N$o C nen=um cliente% C pior. , est meu c=e9e% Ios= OMen. O

=omem mais no!ento ue ten=o a in9elicidade de con=ecer.

ua blusa branca larga sempre tem uma manc=a amarela deseiFlFoFue. A barba escura C grossa com os brancos se destacando%

indicando o come#o da el=ice. baixin=o. O !eans surrado

arrastando no c=$o. O c=eiro C de peixe e " paro para puxar o ar "

uma 9alta de desodorante.

ngulo em seco e olto para min=a atiidade potencialmente

desgastante.

N$o C o mel=or trabal=o do mundo% sem dida% mas C o ueestaa disponel. no momento n$o posso recusar% ! ue estou

!untando min=as coisas e saindo de casa. N$o C grande coisa% para

alguCm da min=a idade% mas independ(ncia n$o tem pre#o.

Ios= solta um pigarro e olto a ol=ar para ele. Balan#a um

grosso e grande enelope branco com letras garra9adas no canto

9ormando tan9ord.


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"Ol=a s... " ele come#a " a peuena Pat=erine uer ir para a

9aculdade.

Odeio quando irnico comigo.

">eola " pe#o com cautela% estendendo a m$o.

"N$o sei n$o. Ac=o ue eu podia muito bem...

">eola Ios= " o interrompo em um tom ue soa como uma

ordem. 2ecuo o ol=ar% com medo de sua rea#$o.

"Ol=a aui " ele uase grita " n$o uero mais receber

correspond(ncias suas no meu estabelecimento% ouiuG A prxima ai

para o lixo

2espiro 9undo. N$o tem como ele car mais insuportel N$o

posso deixar ue as cartas de admiss$o das 9aculdades se!am

entregues em casa. 3eu pai iria rasgFlas e di7er ue ns n$o temos

din=eiro para isso.

"A=... " ele olta a rugir " e C r. OMen para oc(

1onto atC de7 para n$o perder a paci(ncia.

"im% Sr.Owen. " respondo de m ontade e o enelope branco

cai sobre meus pCs.

"stou saindo para pescar este mFdeFsemana. nt$o... oc(s "

ele aponta para mim e depois para DraQ% ue o ol=a por cima dos

grossos culos " est$o dispensados.

Pescar escondido claro! Eu sei que ele vai me mandar...

"3as uero ue lee os an7is usados para casa e lae bem% atC

car bril=ando.

orrio com amargura.

"A=% C claro " digo com uma 9alsa empolga#$o. Apesar de

limpar os an7is asuerosos% ir para casa C o ue mais dese!o.

Agac=o atC o c=$o e tomo o enelope em m$os. ,argo o pano

em ualuer lugar% com o c=eiro do ale!ante maldito impregnado em

meu nari7. nuanto !unto min=as poucas coisas% obsero DraQ tirar o

aental ridculo ue Ios= o obriga a usar. Atraesso a bolsa no corpo e

o espero para sairmos !untos.


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,ogo estamos na cal#ada mol=ada% inundando nossos pulm@es

com o ar mido de Noa RorS. Nas inmeras e7es ue oltamos por

esse camin=o nos diertimos com os carta7es ue gritam

LapocalipseL por todo lado e com alguns sem9oros ue insistem em

piscar apenas no amarelo% dando as ruas um cenrio de lme de

7umbi.

Agora n$o C t$o legal como antes.

DraQ% como sempre% est desa!eitado ao meu lado.

"e oc( uiser eu posso laFlos para oc(. " comenta

apontando para a sacola em min=as m$os. le trabal=a na lo!a bem

antes de eu entrar. Dem o cabelo liso% castan=o escuro% sempre

diidido ao meio. Alto% magro e com express@es distantes. As e7es

me pego perguntando aonde ele ca com a cabe#a a maior parte do

tempo.

"st tudo bem. Hou me mudar aman=$ ent$o terei algo com o

ue me ocupar. oc(G N$o tem planos para mFdeFsemanaG "

meio maldoso de min=a parte l=e perguntar isso porue% no 9undo% eu

sei ue DraQ C invisivelmente invisvelcomo eu% o ue signica ue

nossa ida social C t$o agitada uanto um baile de idosos. >ee ser

por isso ue trabal=amos na mesma lo!a% sendo idiotas o suciente

para aguentar Ios= cinco e7es por semana.

"N$o " responde prontamente. " abe estie pensando e...

3e desconecto da conersa ao escutar som de passos atrs de

ns. >e repente paro e o 9or#o a 9a7er o mesmo% segurandoFo pelo

bra#o. u deo estar cando louca ! ue nesse =orrio n$o =

ninguCm na rua. st prximo demais da ?ora de 2ecol=er e todo

mundo ca preso dentro de casa assistindo os especiais apocalpticos

na DH.

"scutou issoG " iro a cabe#a lentamente e procuro por

alguCm% mas atrs de ns s = um cac=orro perdido% nos ol=ando

sem entender nada.

"O ueG " DraQ 9ran7e as sobrancel=as.


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"Nada% n$o 9oi nada. " minto. stou com a estran=a sensa#$o de

estar sendo perseguida% mas n$o ou 9alar isso para ele ou este ai

car mais neurtico ue eu. " 1ontinue.

"A= sim nt$o... estie pensando ontem a noite se oc(

gostaria de ir comigo a um restaurante mexicano noo ue abriu na

rua da min=a casa. " assim ue termina de 9alar ele me ol=a para

receptar min=a rea#$o. osto dele% mas n$o me sinto atrada. m

nen=um aspecto.

"N$o posso. Den=o ue 9a7er a mudan#a aman=$. " tento me

sa9ar da maneira mais sincera possel. u realmenteten=o ue 9a7er

a mudan#a.

"ntendo. " 9a7 auela express$o de 9rusta#$o ue eu estou

cansada de er. " Juem sabe outro dia ent$oG

"1laro " minto noamente.

le sorri.

"Ttimo Nos emos na segunda ent$o

"AtC segunda% DraQ. " aceno breemente enuanto iro a

esuina ue d para min=a rua.

scuto um barul=o indo do c=$o. into logo em seguida algo

mol=ado e 9rio pesando no meu pC. A9undei os t(nis All tar branco%

ue na erdade ! est encardido% em uma po#a de gua su!a.

N$o C meu dia de sorte.

">roga " reclamo em alto tom. 3aldita c=ua N$o ue eu

desgoste% acontece ue estou cansada dela. As nuens no cCu nunca

caram t$o escuras por tanto tempo. I se passaram seis meses e

nada de sol. Nem um raio7in=o seuer No come#o pensei ue era o

clima normal de Noa RorS% mas ! se alastrou para o mundo inteiro.

Nee% tornados% muito sol ou muita c=ua. A crise na agricultura s

aumenta e o racionamento de gua ! come#ou. e continuar desse

!eito n$o consigo imaginar como ser$o os prximos anos.

acudo o pC e trato de apressar o passo% antes ue algum

policial me pegue 9ora de casa.


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Atraesso a rua e sorrio por aistar meu prCdio erde nesse

cenrio cin7a. stou louca para tomar um bom ban=o e a9undar no

edredom o resto da noite.

"


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comemoramos meu aniersrio. Dempo% na erdade% ue sinto essa

ontade.

3in=a m$e o larga e me enole em um abra#o. la c=eira a

al9a7ema.

"Ora% mas C claro ue precisaa N$o C todo dia ue se 9a7

de7oito anos. " pega um embrul=o prata e me entrega. " Dem de ser

lembrado. algo especial.

Aperto o pacote ao redor dos meus dedos% sem rea#$o. >esde

ue nos mudamos para Noa RorS tudo tem sido di9cil.

Nasci em


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per9eito. Assim oc( n$o se esue#a da 9amlia% de mim% uando

partir aman=$.

la parece triste com esse 9ato. N$o c=eguei a con=ec(Flo% mas

co emocionada por ele ter pensado em mim algum dia.

"abe ue nunca esuecerei.

"u sei. Apenas ueria me garantir. " ?elena corre a palma pelo

meu bra#o e me ol=a com do#ura. orrio e 9ec=o o moin=o na m$o

direita.

Ac=o ue ainda n$o me caiu a c=a de ue estou saindo de

casa. O passo para a liberdade% n$o CG >epois disso em a

9aculdade% 9a7er uma tatuagem na costela e doar sangue. orrio

so7in=a pensando em como min=a ida ser per9eitamente boa com

toda essa independ(ncia.

"1omo ela estG " pergunto descontrada% analisando com

cuidado os detal=es do meu presente. 3in=a continua no Brasil e

s nos isita de e7 em uando. ,ogo n$o a e!o = alguns anos. into

sua 9alta as e7es% de suas =istrias. 3antemos contato por tele9one%

mas n$o C a mesma coisa.

"Bem. 1ansada% mas bem.

"ostaria ue ela estiesse aui. " murmuro. into ?elena me

tar.

"u tambCm uerida. " suspira " como 9oi o trabal=oG

"Normal. " C min=a resposta automtica. N$o = nada de

normal. 2esumindo% n$o tem como um trabal=o daueles ser normal.

la ainda me ol=a com preocupa#$o. u sei ue est louca para

me 9a7er mudar de ideia sobre a mudan#a% mas nada do ue di7er ai

resoler. I estou decidida.

"Juer mesmo sair de casaG " pergunta depois de um tempo em

sil(ncio.

" o ue mais uero.

"3as... oc( ol=ou o lugar pela internet. 1omo sabe se C bom

ou seguroG 1omo sabe se esses proprietrios% os ,ope7Ws% s$o

coneisG


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la tem ra7$o. >emorei muito tempo para encontrar um aluguel

ue se encaixasse com min=as economias e depois ue o encontrei "

um m(s atrs " n$o tie a oportunidade de ir (Flo ainda. 1omo m$e%

ela ac=a isso muito irresponsel da min=a parte% mas eu sei me irar

so7in=a. C isso ue ela n$o entende.

"1one em mim. o ue est mais em conta e logo ou para a

9aculdade. s o tempo de !untar o din=eiro. " tento calcular

breemente uantos meses de trabal=o repulsio ainda terei. claro

ue meus uatro anos de nan#as a!udariam muito. 1omecei a

trabal=ar em ,ouisiana% uando as coisas apertaram% ent$o ten=o um

bom din=eiro guardado.

Dale7 n$o para tan9ord.

+or um instante o enelope parece transparecer dentro da

bolsa. Juero mostrFlo para ?elena% mas essa mostraria ao meu pai.

2eiro os ol=os ao pensar nisso.

"Hou tomar um ban=o. Juando eu sair% procurarei por esse bolo.

" articulo sorrindo% em um tom de amea#a. >ou meiaFolta e entro na

primeira porta a direita% 9ec=andoFa. Apoio Es m$os na beira da

bancada 9ria e miro meu reXexo no espel=o redondo.

3eus cabelos negros " meio inc=ados por pegar umidade de l

de 9ora " est$o sobre os ombros% descendo atC o trax com lees

ondas nas pontas e moldando meu rosto oal. O ol=ar C de cansa#o e

os lbios rosados% como sempre.

rgo as m$os a m de prender o cabelo. Juando o 9a#o% uma

ra!ada 9ria de ento sopra em min=as costas.

streme#o e ol=o para trs% mas s existe uma espessa parede

ue separa o ban=eiro do uarto de meus pais.

Sete!

a sCtima e7 ue isso acontece nesta semana. +arece

estran=o% mas eu ! estou me acostumando. O ue n$o posso negar C

ue toda e7 sinto um 9rio gClido na espin=a.

+rendo a respira#$o esperando ue ocorra noamente. Dudo ue

consigo ouir C o som oco de ?elena na co7in=a% cortando alguma


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coisa% e a min=a prpria respira#$o desacelerada. olto o ar ac=ando

mel=or esuecer. Ando atC o box e antes ue eu possa ligar o t$o

esperado c=ueiro !orrando gua uente% escuto o barul=o de porta

sendo 9ec=ada com mais 9or#a ue deia.

' n"o!

"u c=eguei " o rugido C t$o alto ue deixa um 7umbido

descon9ortel em meus ouidos. u sei o ue isso signica.

loucura% mas eu consigo sentir claramente o c=eiro de lcool no ar.

1roga! Ele tina que beber logo o%e2

"+or ue comprou um boloG " a o7 rouca na co7in=a 9ala

noamente. " Juando te dei permiss$o para comprar um boloG

O sangue uente pulsa em min=as eias e meus dedos se

contorcem 9ormando um pun=o. into ontade de socar a parede e

n$o me importar com os ossos ue ser$o uebrados.

Dentando controlar min=a raia% encosto um dos ouidos na

madeira da porta. +osso ouir ?elena balbuciando algo como

resposta% em um uase sussurro.

"N$o interessa Meudin=eiro n$o nasce em rore " como se

ele 7esse de proposito. Beber no dia do meu aniersrio. Km plano

bem elaborado para me 9a7er perder a esperan#a de ue tudo iria

mudar. >e ue oltaramos a ser 9eli7es como nos bons e el=os

tempos.

Juando ele n$o era um alcolatra.

"+reciso de uma cere!a. " ele continua. " bom oc( se lirar

desse maldito bolo " 3e a9asto da porta% com medo dessa amea#a.

Obsero no espel=o meus ol=os cin7entos cintilando de lgrimas.

+enso na min=a m$e e desisto do ban=o.

Abro a porta com dedos tr(mulos de uma raia ue n$o consigo

explicar.

ncontroFa ainda estati7ada na peuena co7in=a. Abro os lbios

para tentar con9ortFla% mas auela 9ria ra!ada de ento sopra meus

cabelos mais uma e7% com menos intensidade. N$o me assusta. ei

ue n$o C nada anormal... ou tale7 se!a.


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"He!a s e n$o C nossa aniersariante " exclama antes

mesmo de eu me irar% em uma tentatia patCtica de bater palmas.

"+or ue est auiG " uestiono% me segurando para n$o oar

no pesco#o dele ali mesmo.

"?ummm% porue moro aui. Juem ai nos deixar C oc(. " ele

sorri% comprimindo o dedo indicador contra meu peito com 9or#a.

,iroFme de seu toue.

"O ue eu uis di7er 9oi: por ue oc( n$o cou no bar !unto

com seus amigos 9racassados patCticosG Juem sabe l oc( gasta

mel=or o seudin=eiro n$o C mesmoG " sorrio com (n9ase. 3esmo de

longe posso sentir ?elena estremecer com o tCrmino da min=a 9rase.

le me encara agora e% ao contrrio de mim% sua express$o n$o est

nem um pouco sorridente.

N$o sinto medo uando ele ergue a m$o.

m um moimento rpido atinge o lado esuerdo do meu rosto%

o ue 9a7 min=a cabe#a tombar. 3in=as pernas cambaleiam%

amea#ando cair no c=$o. Doco meio incrCdula onde 9oi estapeado.

st uente e do muito. 3oimento a lngua e sinto o gosto de

sangue inundando min=a boca.

"aia daui " grito% pouco me importando se ele me bater de

noo. Ou para onde ele iria% ! ue C proibido circular nas ruas.

" uem ai me obrigarG Hoc(G " sua o7 se trans9orma em uma

longa e desgastante risada.

"e n$o sair irei ligar para a polcia e te denunciar por agress$o.

"N$o $o acreditar em oc(.

"+ode apostar ue $o. specialmente pelo seu mau =lito de

cere!a. " cru7o os bra#os. ei ue ele se render a essa

argumenta#$o% anal% ! 9ora preso uma e7 pelos mesmos motios.

Kma noite ue brigou com ?elena% ele perdeu o controle e bateu nela

atC as ma#as do rosto carem inc=adas.

Ainda me sinto culpada por esse acontecimento% de alguma

9orma.


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le tira o sorriso do rosto rapidamente entendendo ue

realmente 9alo sCrio. +assa por mim se esgueirando% pega uma latin=a

de cere!a ue deixou em cima da mesa da sala e parte%

resmungando algo.

O ar imediatamente ca mais lee% como uma pena. 2espiro

pro9undamente% tocando a parede com uma das m$os% e encaro o

c=$o de madeira.

"Pat=erine... C a cora!osa ue !amais 9ui. " a o7 de ?elena

9al=a. N$o a ol=o% mas sei ue est prestes a c=orar ent$o mordo a

lngua para n$o c=orar !unto com ela.

"1omo sempre oc( n$o 9a7 nada. " ,eanto a cabe#a e a

obsero mol=ar um peda#o de pano branco% oltando ao meu

encontro antes ue eu pisue. 3eu estVmago reira ao sentir o pano

9rio tocar o canto da boca 9erida.

"abe ue pode abandonar esta ida uando uiser% n$o CG "

suspiro porue sei ue sempre ue toco neste assunto ela me d a

mesma resposta...

" complicado.

Bem% realmente dee ser. t$o complicado ue atC =o!e eu n$o

consigo entender.

O pano gClido agora me causa lees sgadas de dor. st

cortado% com certe7a. la mantCm os ol=os castan=os a7ios rmes

enuanto o sil(ncio preenc=e o espa#o entre ns. ,ogo o sangue

estanca e manc=a a ponta do pano.

"+e#a dircio m$e. Hamos embora !untas. " suplico em uma

tentatia patCtica.

"N$o. " responde sem gastar um minuto para pensar.

"3as...

"N$o " desta e7 sua o7 sai um tanto rude. 2ecuo um passo.

"3$e...

"u o amo " ela uase grita% oltando a me encarar. +elo tom

n$o consigo distinguir a triste7a do dio% mas C o suciente para me

pegar de surpresa.


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3in=a m$e me d as costas e c=ora.

A raia cresce dentro de mim.

" claro ue oc( o ama Hoc( ie na sombra dele aguentando

calada cada coisa ue ele 9a7 com a gente. >ee ser por isso ue eu

io disputando sua aten#$o uando ele est por perto. Hoc( sempre

o colocou em primeiro plano " deixo as lgrimas uentes escorrerem

pelo rosto. " e oc( me amasse me protegeria dauele monstro e

iria embora comigo na primeira oportunidade 3as pre9ere a ele n$o

CG

"N$o diga isso. " murmura entre solu#os.

+uxo a manga comprida da blusa de cas=mere e limpo os ol=os.

?elena nada responde. Apenas permanece ali parada% c=orando.

"I entendi. " respondo a mim mesma% derrotada. Dudo ue n$o

era para acontecer no mel=or aniersrio de todos aconteceu. Dale7

se!a a =ora de deixar essa empolga#$o de lado e aceitar ue min=a

ida n$o mudar.

3e iro em dire#$o ao uarto.

"eixeFme entrar% Pat=erine " ela pede do lado de 9ora.

"e preocupe com ele. " min=a o7 sai como um grun=ido.

Obsero% depois de um tempo% a sombra por debaixo da porta partir.

o outro lado o armrio bege " ue

antes era carregado de posters das min=as bandas 9aoritas " agora

s sustenta lembretes a7uis como dentista na ter#a e procurar


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blusa branca ue% na erdade% ainda est perdida. A escrianin=a

bege combinando est abarrotada de tral=as como agendas sem uso%

uma luminria el=a e canetas ue n$o 9uncionam mais. acima da

min=a cabe#a est uma singela prateleira de madeira sustentando no

mximo uarenta e cinco liros.

3 t"o mon4tono.

e eu pudesse 9aria uma bela mudan#a% dando mais cor ou

ent$o mais ilumina#$o. Bem% agora n$o importa mais. les

proaelmente o trans9ormaram em um escritrio ou um uarto de

despe!o.

Bu9o incon9ormada.

Km tro$o cai. O cCu parece estar despencando do lado de 9ora.

Ando atC a cama e sento no edredom macio a m de trocar de roupa

e dormir atC o m do sCculo.

>ispoFme e tor#o as meias na planta da !anela sem me importar

uanto tempo a mais ela ier com toda essa gua contaminada.

Histo moletons el=os usados como pi!ama e 9ol=eio meu exemplar

de' Menina 5ue 6oubava 7ivros&na tentatia de encontrar o captulo

em ue parei. >esisto rapidamente declarando para mim mesma ue

estou cansada demais para me concentrar em ualuer atiidade ue

se!a.

A c=ua come#a a cair mais intensamente do lado de 9ora.

Aperto o interruptor% deixandoFme engolir pela escurid$o. Apago

meus pensamentos. entoFme na cama% perto da !anela% e recosto a

cabe#a no metal 9rio% obserando as gotas caindo 9uriosamente no

idro.

eguro o colar e o pressiono contra o peito. orrio pensando no

presente na tentatia de esuecer o ue acabou de acontecer.

Km raio ilumina meu rosto.

+uxo o ar e ent$o desabo na cama% enterrando a cabe#a no

traesseiro.


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st claro demais. 1omo se o sol e a lua tiessem um l=o e l

est a lu7 dele% cegandoFme. 3as C t$o lindo ue nem me incomoda.

>ou dois passos no lugar descon=ecido. A neblina 9ria su9ocante

parece ter se impregnado em meus pulm@es% uando respiro sinto

como se mil=ares de Xocos de nee estiessem entrando e saindo.

DambCm sinto o ento balan#ar meus cabelos e percebo ue uso algo

negro e esoa#ante.

3eus ol=os se acostumam e a is$o ca clara. Aisto um grande

moin=o de ti!olos marrons e =Clices a7uis em moimento% mas

peuenino ao meu alcance./nstintiamente estendo o bra#o na dire#$o dele e ando

despreocupada% como se pudesse tocFlo com a ponta dos dedos.

>e repente o moin=o ca mais alto e o meu cabelo se olta

contra o rosto. O ento acelerado corta min=as costas nuas e sinto os

arran=@es se 9ormando em min=a pele. +ercoFme no pano preto.

Balan#o os pCs% mas n$o = c=$o. stou caindo. 3ergul=ando no

innito. Dento gritar% mas n$o existe nen=um som em min=a o7.1ompletamente angustiante.

ent$o% de repente% a paisagem se trans9orma em meu uarto.

Acordo respirando pesadamente.

3in=as m$os suadas e 9rias se agarram ao cobertor a min=a

olta. Dodo meu corpo treme como se eu ainda n$o estiesse

acordada. A claridade 9oi substituda pela escurid$o de antes e a

c=ua continua a cair% mas ainda posso sentir claramente a neblinarodopiando ao redor de meus dedos como se pudesse tocFla.

ento% tocando a testa leemente com as costas da palma.

3in=a m$o olta enc=arcada de suor.

uspiro.

Km barul=o de 9ol=a sendo irada me puxa da min=a mente

con9usa e me 9a7 ol=ar para 9rente. ,uto contra a escurid$o% mas logo

e!o ue esta toma 9orma. A 9orma de uma pessoa. Dem alguCm ali.m pC. Bem na min=a 9rente.


18/53

3in=a garganta sela% como se eu tiesse engolido bolas de

gude.

A pessoa se mexe e recuo assustada.

"?am..." a o7 aeludada e 9eminina come#a a 9alar " droga

N$o erapara oc( ter acordado.

Arregalo os ol=os. N$o sei se a estran=a se dirige a mim ou a si

prpria.

8omo entrou no meu quarto2 1eve ser uma cobradora!'lgum

que meu ai deve dineiro. 5ual seria a outra e9lica-"o cabvel2

:ma admira-"o elo meu ;orido ael de arede que n"o ! Se bem

que cobradoras n"o vm no meio da madrugada.

Ol=o para o lado e e!o min=a luminria el=a. Ol=o para a

estran=a ainda imel. em pensar direito no ue estou 9a7endo%

corro atC l e ergo a luminria acima da min=a cabe#a de maneira

ue ela serir de de9esa para ualuer ataue. ei ue de nada

adianta% mas C mel=or morrer tentando.

A estran=a ri e por alguma ra7$o me sinto completamente

idiota.

"Den=a calma. N$o ou te mac=ucar. " la d um passo em

dire#$o E lu7 ue em da !anela.

O som do salto alto ecoa no uarto. alta% apesar disso. Heste

um elegante estido preto atC o !oel=o% colado a cada extremidade do

corpo em 9orma. A pele C bron7eada% algo di9cil de encontrar nessas

terreis condi#@es de tempo. ,ongos cac=os moldados caem sobre os

ombros. les s$o de um ermel=o in=o t$o impressionante ue ar9o

despercebida% admirada. os ol=os ue me tam s$o negros.

3ilagrosamente per9eita. 1omo se o p=otos=op estiesse ali

com ela o tempo todo.

3eus bra#os relaxam e ao inCs de acertar a luminria bem no

meio da imensid$o ermel=a% como plane!ado% eu a acendo%

percebendo o lee sorriso de satis9a#$o nos lbios c=eios da mul=er.

+or algum motio eu n$o sinto mais medo.

+isco por um momento.


19/53

"Nossa " exclamo uase sorrindo. " Jue son=o esuisito. "

constato logo depois.

A estran=a ergue uma das sobrancel=as e depois deixa um

sorriso escapar !unto com um suspiro de aliio. AnalisoFa com mais

cuidado. O nico pensamento ue em a min=a mente C: uma mul=er

dessas n$o C real. Apenas um 9ruto da min=a imagina#$o 9Crtil%

pro!etando son=os reais em min=a mente. eralmente n$o ten=o

consci(ncia de ue estou son=ando ent$o tudo isso C noo para mim.

empolgante.

"NFN$o ir c=amar a policia n$o CG " gague!a. Balan#o os

ombros.

"N$o 9a7 muito sentido% se C um son=o.

"/sso mesmo. on=o. " ela concorda e me d as costas

rapidamente% perdida em algumas cartas descon=ecidas e tr(s liros

espal=ados.

Holto a sentar na cama e noto ue est mida de suor.

"spero ue n$o se importe% mas tomei a liberdade de pegar

suas correspond(ncias =o!e. " di7 com mais calma.

"A= n$o. st tudo bem. " sorrio.

"nt$o% Pate% tem recebido algumas... Cr% isitas ultimamenteG "

sua o7 aeludada olta a 9alar. +erto desses meis ela parece uma

explos$o de cores. Kma miragem.


20/53

Os ombros inundados pelos cac=os ruios cam tensos de

repente. 1ome#o a repetir a pergunta ue acabei de 9a7er

mentalmente tentando encontrar algo em min=a 9ala ue est errado.

>epois de um minuto ela ira para me encarar com um grande

sorriso.

"N$o. " nega com a cabe#a. " 3as C claroue n$o. " O sorriso

desaparece% seguido de uma express$o um tanto 9rustrada.

"Iane " di7 desesperadamente% estendendo a m$o. " ou Iane

,ope7.

"Pate Io=nson. " digo% apertando a m$o suae de Iane.

+arecendo satis9eita com essa rpida apresenta#$o% olta a remexer

nas min=as coisas.

Eu devo ter enlouquecido de ve,. '#nal que tio de essoa em

s" conscincia tem sonos com muleres ruivas me9endo nas suas

corresondncias2!

stou iendo a insanidade dentro da insanidade.

Km liro cai e 9a7 um estrondo no c=$o.

+Oe curiosidade

" uma long... " Iane iraFse noamente% parando de 9alar

uando seu ol=ar pousa no meu trax. la parece prender a


21/53

respira#$o enuanto seus lbios 9ormam uma lin=a reta de espanto.

Ol=o para mim mesma tentando entender o ue ela 9oca.

A ruia permanece xa% como se estiesse =ipnoti7ada.

"Bonito colar. " murmura t$o baixo ue se n$o 9osse pela c=ua%

agora serena% eu n$o teria escutado. Ol=o para baixo e sorrio para o

moin=o.

"Obrigada% eu gan=ei =o!e. DambCm tie essa rea#$o uando o

i.

la balan#a a cabe#a e me d um sorriso amarelo% mas sua

express$o deixa a duidar. Agora o colar pesa em meu pesco#o. u

n$o percebi ue ele estiera ali atC agora. N$o ten=o o costume de

usar ent$o o cord$o incomoda como a etiueta de uma roupa noa.

+asso a m$o pela nuca 9a7endo uma careta.

"Ac=ei abia ue oc( tin=a isso aui " la sorri itoriosa e

ergue uma 9oto antiga do meu 9alecido aV. ?elena me deu uando

explicou a =istria sobre como nasci no mesmo dia ue ele morreu e

tudo mais. 3in=a m$e ac=a 9ascinante. u ac=o meio mrbido.

)o #nal das contas isso que ela tanto rocura2 :ma


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9rustra#$o toma conta do meu rosto% ! ue Iane ainda est l

segurando uma risada. Os passos cam mais altos.

,embroFme da luminria acesa. 1orro atC l e a apago

depressa.

"Hoc( C meio estran=a sabiaG " 7omba de mim. +ulo de olta

aos len#is% oltando a 9ec=ar os ol=os.

"N$o 3as... ns ainda temos tanto a conersar. +or 9aor "

suplica.

"Juem sabe no prximo son=o% tG " sussurro noamente. Os

passos cessam. O ltimo som ue consigo escutar C um como

uiser na o7 aeludada e o ranger da ma#aneta.

depois nada.


23/53

1aptulo Z

Estranhas

O som das gotas de c=ua C mais sereno pela man=$. 3in=a

cama agora est uente e con9ortel% o ue s aumenta meu dese!o

de permanecer ali. 2elaxo as costas e abro os ol=os.

3eu primeiro pensamento C: Iane.

s9or#oFme para sentar o mais depressa e ascul=o o uarto aprocura da misteriosa mul=er ruia% mas ela n$o est l. sperando

ue eu acordasse ou ol=andoFme com a imensid$o negra.

"+arecia t$o real " 9alo comigo mesma. +uxo os pCs dos len#is

e os coloco na madeira 9ria. O uarto parece intocado. ,uminria no

mesmo lugar% assim como as cartas. Apesar disso ten=o uma

estran=a sensa#$o entalada na garganta.

3eu celular toca e dou um pulo assustada. o alarme. Oito emeia da man=$.

ent$o me dou conta do dia ue aman=ece. 3eu ltimo dia na

casa dos meus pais. ?o!e C a data mais esperada da min=a ida.

Diro% no alto do armrio% uma mala marrom c=eia de poeira.

Dusso assim ue essa cai em cima da min=a cabe#a.

1ome#o a tirar as roupas do cabide e !ogFlas de ualuer !eito

no 9undo a7io% separando uma muda para ue eu pudesse estirmais tarde. >espe#oFme de alguns liros e arrumo a cama. Diro

debaixo do colc=$o todo din=eiro ue ten=o e o coloco em seguran#a

entre as mudas de roupa. Ol=o para o uarto praticamente a7io e

sorrio.

Eu de#nitivamente n"o vou sentir


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9ec=ada. /sso signica ue eu n$o ten=o ue ol=ar para a express$o

despre7el do meu pai mais uma e7 antes de partir. 3eu rosto

reXetido parece mais corado e descansado do ue a noite passada.

+enteio os cabelos com pressa e !ogo uma gua no rosto. +ego meus

pertences pessoais% ansiosa. Abro a mala ali mesmo e os guardo.

N$o ten=o muita coisa. stou pronta para partir.

Ando atC a sala e e!o min=a m$e 9a7endo palaras cru7adas de

caneta. ei ue est nerosa porue balan#a o pC. Juando nota

min=a presen#a ela se leanta% limpando as m$os na cal#a de pano.

"OFOi " di7 tentando parecer animada. +roaelmente espera

ue eu ten=a deixado para trs o ue aconteceu ontem.

"Oi " retruco sem a mnima emo#$o. ee ter c=orado a noite toda. Holto a tar o c=$o% constrangida. N$o

sei o ue di7er.

"Fu... Cr% me desculpe por ontem eu... " ?elena se engasga

nas prprias palaras e um suspiro triste em logo em seguida.

"Sei. " digo com descren#a. " abe ue sempre manterei min=a

opini$o sobre oc( e o... " Ao inCs de di7er o nome e arriscar mais

um peueno descarrego em min=as costas eu apenas aponto para o

uarto de porta 9ec=ada ue% do lado de 9ora% d para ouir o rudo de

um ronco interminel. la abaixa a cabe#a como se a min=a

resposta n$o 9osse o suciente para aliiar a sua dor.

" s ue... " N$o = mais o7 para as palaras. >esio o ol=ar

sabendo ue C cruel demais continuar ali e (Fla so9rer. 1ruel com ns

duas. eu n$o uero isso. Juero ue ela c=ore de 9elicidade por eu


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nalmente me tornar independente. Jue c=ore porue ir sentir

min=a 9alta.

"+reciso ir. 3aruei com os proprietrios Es noe e meia. "

diri!oFme a porta e ?elena me segue% limpando os ol=os no aental

lils. HiroFme para ela ue me d o seu mel=or sorriso% apesar de soar

um tanto triste. 3e puxa e me aperta com 9or#a em um abra#o

desa!eitado. Km pouco surpresa% dou tapin=as nas suas costas.

Antes ue eu possa perceber ! estou dando um adeus na ponta

da escada. 3in=a m$e tapa a boca com uma das m$os e acena de

olta. >epois s = o peso solitrio em meu cora#$o.

Hiro as escadas em caracol sem ol=ar para trs.

" uma ida noa. " digo em o7 alta% so7in=a.

1=ego E entrada. Uill est sentado no seu banco esto9ado de

couro marrom% com as pernas em cima da bancada% entretido com um

ca9C na caneca branca dos ,aSers e um !ornal.

'osto que ele n"o resta a mnima aten-"o em quem entra e

quem sai nesse or(rio.

"Bom dia Uill. " me anuncio colocando a mala no c=$o. le puxa

as pernas e me obsera um tanto surpreso.

"st de sada% rta. Io=nsonG " pergunta% co#ando o bigode

grisal=o.

"A=am er ue tem como oc( c=amar um txi ue 9uncione

este =orrioG +reciso c=egar a rua


26/53

de mortes ue eram su!eitos E deasta#$o diminuiu muito depois ue

adaptamos essa preen#$o.

"A=% por 9aor% Uill. A c=ua nem est t$o 9orte Hoc( uer ue

eu ande de7 uarteir@es so7in=a com essa malaG 3e a!uda% s desta

e7.

"u n$o posso uerida.

uspiro impaciente. Ando atC a porta e obsero a c=ua l 9ora.

N$o est t$o ruim. Ac=o ue andar de7 uarteir@es tale7 me permita

pensar um pouco.

mpurro a porta% pronta para sair.

"rta. Io=nson..." Uill c=ama sonoro. Hiro com a m$o ainda na

ma#aneta dourada. " ua amiga estee aui agora a pouco.

1omenta como se estiesse anunciando o pre#o do p$o. >ou

meia olta% com certo interesse.

"Jue amigaG

"A=% n$o disse o nome. 3as C uma alta com os cabelos

ermel=os. " Uill passa a m$o ao redor da cabe#a% como se

acariciasse longos cabelos 9antasmas. into um 9rio grudar na min=a

nuca com a onda de pYnico ue me domina.

=ane2 )"o ossvel!

"la disse por ue eioG +erguntou alguma coisaG +ra onde ela

9oiG " despe!o as perguntas em cima dele.

"1alma l perguntou como oc( estaa e... " ele tenta

lembrar " A= >isse tambCm ue tin=a esuecido% mas te dese!aa

9eli7 aniersrio. " termina% sorrindo para mim. Agora ue tudo est

mais estran=o do ue aparenta.

"Dem certe7a disso UillG " min=a m$o treme.

"3as C claro +osso ser el=o% mas ainda ten=o boa memria

iuG " parece o9endido uando cutuca a cabe#a com a ponta do

indicador.

Ol=o para ele mais uma e7 antes de dFlo as costas. Abro a

porta% me sentindo meio 7on7a com essa notcia% e cogitando as

possibilidades% uma mais louca do ue a outra.


27/53

=ane ... real2

into arrepios s de imaginar o ue poderia ter acontecido noite

passada.

O que ela quer comigo2

Drato de andar depressa% com medo do ue pode acontecer

comigo so7in=a na rua. no a m$o no bolso do casaco e abaixo a

cabe#a para ue as gotas n$o caiam em meu rosto. Juero er logo

meu noo apartamento e proar para mim mesma ue nada de ruim

ai acontecer.

nuanto ando percebo ue as pessoas leam muito a sCrio o

aiso contra tornados. N$o tem ninguCm na rua. m nen=um canto%

em nen=um beco. Apenas algumas pombas 9a7em uma 9esta com um

peda#o de p$o dormido.

e eu estou contando bem% andei exatamente oito uarteir@es.

Juando menos percebo ! estou na rua certa. 1om a respira#$o

pesada% ando ansiosa procurando pelo nmero correto. +aro na 9rente

de um galp$o el=o. Ol=o para o papel% noamente% com min=a letra.

2ua


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uma e7% procurando por algum sinal de ida. >epois ol=o para o

relgio.

Noe e de7esseis.

ento na beira da porta do galp$o e decido esperar atC ue

alguCm apare#a. +ode parecer uma atitude paciente% mas

mentalmente estou xingando os proprietrios de diersos nomes ue

n$o podem ser mencionados.

I passou da =ora.

As pessoas saem de casas aliiadas% prontas para mais um dia

nublado. Os policiais agora riem !untos em uma lo!a de rosuin=as. eu ainda estou sentada% esperando.

>eo ter c=ecado o celular umas sete e7es. N$o = nen=uma

liga#$o. Nen=uma mensagem. Nen=um sinal. Nada ocial: 9ui

enganada. Doco a testa e suspiro incon9ormada. 3in=a m$e me aisou

dos riscos de alugar pela internet = muito tempo atrs% e ue eu

deeria ter c=ecado o apartamento so7in=a por mim mesma% mas eu

ac=aa ue era s uma desculpa para ue eu n$o sasse de casa edeixasseFa so7in=a. AlCm de ue uma situa#$o como essa nunca

passou por min=a mente.

Ac=o ue a ontade de me mudar 9alou mais alto.

8omo sou burra!

3eu estVmago ronca% me lembrando de ue n$o como nada

desde o almo#o de ontem. +asso a m$o pela barriga e me lembro das

deliciosas panuecas uentin=as ue deixei de comer para c=egarmais cedo. Abro a mala e tiro uma nota e um pun=ado de moedas.

'co que d( ara um ca


29/53

dee estar um pouco armado por causa da c=ua. Os policiais

tambCm me ol=am. ? tr(s% para ser mais exata.

Km C baixo% com um bigode escuro e os lbios rac=ados. O do

lado dele C apenas um pouco mais alto% com uma express$o a7ia e a

pele extremamente escura. O terceiro parece ser o mais gentil. Dodos

estem roupas de couro e botas pretas " o uni9orme ocial da

+atrul=a ue atua na ?ora de 2ecol=er. 3as o ue mais me c=ama a

aten#$o% e me causa certo medo% s$o as armas gigantes.

les me encaram como se soubessem ue eu perambulo pelas

ruas logo aps a ?ora de 2ecol=er acabar.

"st perdida meninaG " O terceiro policial d um passo E

9rente% na min=a dire#$o% segurando uma xcara de ca9C. +rendo a

respira#$o. le tem ra7$o por estar alarmado anal n$o C normal de

se er uma garota da min=a idade com uma mala em m$os.

3(s passado 9oi proibido a sada e a entrada de pessoas no

estado deido as pCssimas condi#@es climticas para um oo seguro.

"N$o% eu estou bem. Obrigada. " respondo mecanicamente%

dando um peueno sorriso e me sentando E mesa aga mais prxima%

de onde da !anela d para er a rua. O policial ergue uma sobrancel=a

e olta para !unto de seus compan=eiros% ue sussurram alguma

coisa.

esio os ol=os dos policiais e encaro a mul=er ue est sorrindo%

pronta para escreer o pedido.

"1laro. " +asso o ol=o pelo cardpio rapidamente. ? tanto o

ue escol=er ue me deixa com mais 9ome ainda% mas ent$o penso

nos trocados em meu bolso e retraio pelos nmeros menores.


30/53

"+ode tra7er um pacote de rosuin=as de canelaG " a mul=er

anota lentamente.

"Alguma coisa para beberG Ns temos ca9C% c=...

"N$o% s as rosuin=as mesmo. " n$o deixo ue ela termine a

9rase. la me lan#a um ol=ar suspeito. Auele ol=ar de uando entra

algum semFteto no seu estabelecimento e oc( ac=a ue ele ai te

dar o calote. Nauele momento C uma meia erdade. Bem eu sou% por

=ora% uma semFteto.

Dento esuecer o ue i e n!o ol=ar o cardpio com mais

aten#$o.

Ac=o ue eu nunca me senti t$o so7in=a como agora.

2ecosto a cabe#a na !anela 9ria% onde algumas gotas secam

lentamente. stou cansada porue meu sono 9oi um desgaste.

A atendente olta com rapide7 e coloca as rosuin=as em um

peueno prato. orrio em 9orma de agradecimento e ol=o para o cCu

! mais escuro. Den=o ue arrumar um !eito de decidir min=a ida

antes ue as coisas piorem.

)ossa& o ceiro de canela muito bom!

stou prestes a dar uma grande mordida na rosuin=a uando

algo c=ama a min=a aten#$o do outro lado da rua% entre muitas

pessoas. ? uma mul=er ruia me ol=ando. N$o ualuer uma... C

Iane +isco os ol=os surpresa e ela continua l.

,eanto em um pulo.

"i% menina O ue pensa ue est 9a7endoG " O policial parece

neroso desta e7% mas n$o ligo. Na erdade n$o sei exatamente o

ue estou 9a7endo. Iane est l u consigo (Fla. u posso ir atC ela.

C s isso no ue consigo pensar. +reciso de respostas e a nica

maneira de conseguiFlas seria en9rentandoFa.

"3e desculpe% eu... " 9alo atrapal=ada uando ela come#a a

andar pela cal#ada e some na multid$o. " 1om licen#a " Domo min=a

mala em m$os e saio rua a9ora sem ao menos pagar pelas rosuin=as

pedidas. Atraesso a rua sem moimento de carros e ou atC a

cal#ada aonde i a ruia.


31/53

? rias pessoas andando de um lado a outro% o ue me deixa

momentaneamente claustro9bica. Dodos parecem ser em tons pastel

como meu uarto% mas n$o eu consigo ac=ar a explos$o de cores

nele.

Onde est( =ane2

3in=a cabe#a ainda ira procurando por ela. em resultado%

come#o a me sentir desesperada. Algumas pessoas me ol=am como

os policias 7eram = alguns minutos atrs.

Km estrondo soa no cCu.

"3o#a% oc( est bemG " AlguCm toca no meu ombro. Kma

mul=er% com certe7a. /nclino o corpo e tento me recompor. 1omo C

di9cil As ruas parecem ue est$o dan#ando% brincando comigo.

,eanto a cabe#a% respirando com calma% e encaro a mul=er%

ngindo passar bem.

"Onde est IaneG " sussurro% mais para mim mesma do ue

para ela.

"3eu nome C >onna% mo#a. " di7 a idosa% bonita por sinal. eus

ol=os s$o a7uis e os cabelos brancos% igual E nee.

"st plida. Hem% amos sentar ali. " ela me condu7 atC um

banco marrom mol=ado. entoFme% com o mal estar esaindo

lentamente. >onna est tocando min=a testa.

"Obrigada. " murmuro triste ol=ando para o c=$o% sem saber ao

certo o ue estou agradecendo. la tira uma mec=a da 9ran!a do meu

cabelo e sorri.

"st tudo bem. Hoc( est com 9omeG +arece perdida. N$o

deia car 7an7ando por ai com essa mala ainda mais agora ue

temos ue nos abrigar daui a pouco. Kma tempestade est por ir. "

ela sorri% mas parece ue sente pena de mim. 3al sabe ue eu estou

completamente perdida. 3entalmente e sicamente.

"Nos abrigarG Onde oc( iu issoG " pergunto me leantando e

sacando o celular. >onna me puxa de olta ao banco com uma 9or#a

notel para alguCm de idade.


32/53

"3uita calma% mocin=a. bom car sentada por um tempo se

n$o uiser ter um colapso noamente. sobre a tempestade... est

dando em todos os !ornais. "responde% ol=ando para o cCu. onna parece satis9eita por a!udar ao

assentir com a cabe#a e atraessar a rua. Obsero cada passo e%

assim ue ela entra na lo!a% trato de dar o 9ora dali.

intoFme um pouco culpada por isso% mas preciso dar um !eito

na min=a situa#$o. A nica escol=a agora C oltar para casa. >isco o

nmero de casa e leo o celular atC o ouido. 1=ama tr(s e7es e

nada.

"De encontrei Juer a!uda com essa malaG


33/53

" oc(G " pergunto em um sussurro% com a o7 9ugindo da

min=a garganta. N$o uero 9alar alto ou as pessoas ac=ar$o ue eu

estou enlouuecendo% conersando com alguCm ue% teoricamente%

n$o existe.

Ainda n$o me decidi sobre isso.

"im. N$o pudemos terminar nossa conersa ontem ent$o eu

im atrs de oc(. 0"?dam " Iane abre um sorriso.

"IaneG oc( mesmoG

"?am... desde ue eu nasci. Hoc( est mais estran=a do ue

ontem =einG " 2i e come#a a andar do meu lado. Ol=o para ela da

cabe#a aos pCs para ter certe7a de ue C real.

"OntemG OntemGG Ontem nunca aconteceu

"e oc( di7...

"+ara de me seguir N$o ( ue estou cando cada e7 mais

perturbada com a sua presen#aG " balbucio eu9rica. stou a ponto de

car louca.

"N$o entendi. " responde% ainda com um sorriso no rosto.

"A=% oc( me entendeu direitin=o u ! n$o estou bem com

tudo isso acontecendo na min=a ida e oc( ainda em atrapal=ar

tudoG

"3as o ue eu 7 meu >eusG " protesta. u n$o sei o ue 9a7er.

3in=a mente est gritando ue ela n$o C real% mas meu cora#$o di7 o

contrrio.

"N$o sei nC% sei l% oc( s invadiuo meu apartamentoG ainda

me 9e7 acreditar ue era s uma miragem. " come#o a gritar. Algumas

pessoas me ol=am torto.

"Ol=a% se oc( continuar a car 9alando essas coisas as pessoas

$o ac=ar ue oc( est cando louca. " ela arma como se lesse

meus pensamentos.

"Ai% C porue eu estou louca mesmo " constato. Iane solta uma

risada.

"Hoc( ainda ac=a ue eu sou um son=o% uma miragem% ou

ualuer outra coisin=a ue a sua cabe#a imaginaG +or 9aor% Pate.


34/53

u estou aui% n$o estouG ua mala n$o est sendo carregada por

um 9antasma ou algo assim. u estou aui " ela en9ati7a.

" isso ue me assusta. " murmuro atordoada% eitando encarF

la.

"Dudo bem... eu sei ue 7 bobagem% mas im para te a!udar. e

oc( me der uma c=ance% C claro.

"'%udar... " repito uase rindo de como a ideia me parece

absurda.

"im. A!udar.

"Bem% ! ue oc( uer a!udar... poderia responder algumas

perguntas min=as% n$oG

"1om todo pra7er. " ela sorri.

"st bem. " n!o estar calma. " Juem C oc(G 1omo entrou na

min=a casaG O ue 9oi 9a7er lG O ue uer comigo e porue est me

seguindoG

"Nossa Juantas perguntas " exclama.

"stou esperando. " pressiono. Iane ol=a para os lados.

"Agora... n$o C o momento certo para eu te explicar isso.

"Bom% ! ue oc( ai me enrolar eu ou c=amar a polcia e

oc( ai ter ue se explicar de um !eito ou de outro. " 9alo

desesperadamente. A9astoFme dela% ue apressa o passo para me

acompan=ar.

"Pat=erine% n$o ai uerer 9a7er isso. " a ruia coloca a m$o na

min=a 9rente% me 9a7endo parar.

"A= CG 3e d( um bom motio. " retruco% oltando a andar.

"e eu 9or presa oc( tambCm ser. " grita de longe. +aro de

andar. ssa C% de longe% a pior desculpa ue ela deu.

Kma c=ua 9orte come#a a cair% impedindo ue Iane escute

min=a risada irVnica. 3in=a roupa come#a a grudar ao redor do corpo

e ! n$o = ninguCm na rua.

Ol=o as =oras.

3eio dia e cinuenta e seis.


35/53

1roga! 8om tudo isso acontecendo eu nem me lembrei da

temestade vindo.

"Pate% por 9aor% n$o me entregue para a polcia. u nunca te

9aria mal algum. " di7 atrs de mim. HiroFme e a e!o abrir um grande

guardaFc=ua transparente. >epois escuto o som desgastante soar

pelas ruas.

>A3% >A3% >A3% >A3% >A3. " As batidas s$o descon9orteis e

longas. Assim ue cessa% Iane me ol=a assustada. Ns duas sabemos

o ue auilo signica: o alarme para tempestades.

"Demos ue sair daui. Agora " Iane corre na min=a dire#$o e

me puxa pelo bra#o. 1orremos pela cal#ada a7ia enuanto gotas de

c=ua caem 9uriosamente pelo meu rosto. N$o = nen=um policial por

ali. Ainda Nem gosto de pensar em uais seriam as conseu(ncias

para uem descumprisse um mandato.

Iane para na 9rente de um sed$ preto e aperta o alarme%

!ogando min=a mala no banco de trs. stati7o na c=ua% tremendo

de 9rio.

"O ue ainda est 9a7endo aiG ntre logo " grita por causa do

som das gotas em contato com o solo.

"u n$o ou a lugar algum com oc(. " respondo rspida.

"Anda logo Pate N$o temos muito tempo

"N$o

"+ode car l em casa atC a c=ua passar. 3as agora

precisamos sair daui.

"1omo espera ue eu cone em oc(G " cru7o os bra#os e ela

reira os ol=os.

"Hoc( ue sabe e pre9ere passar a noite na cadeia por

desobedecer a um mandato... " Iane d de ombros e entra no carro.

No m das contas ela tem ra7$o. u n$o posso ir para lugar algum e

se eu car serei detida% denitiamente. Na min=a cabe#a coloco uma

balan#a na ual tento descobrir ual lado C pior: ir para a cadeia ou ir

com Iane.

nt$o entro no carro e 9ec=o a porta com iol(ncia.


36/53

"Ttimo " a ruia sorri ao me er do seu lado e liga o carro% ue

9a7 um barul=o potente.

"N$o se alegre. Hou s esperar a c=ua passar e ou embora.

N$o cono em oc(. " digo emburrada. Iane nge n$o ouir e arranca

o carro.


37/53

1aptulo &

Presente

A casa de Iane C mais longe do ue eu imaginei. Ou tale7 o

medo entalado em min=a garganta s est alongando o camin=o. u

e ela n$o conersamos nada e n$o sei di7er se o sil(ncio est me

9a7endo bem. [s e7es nos encaramos% mas sempre 9a#o uest$o de

desiar o ol=ar o mais rpido possel.O som est ligado. u con=e#o a msica e a canto baixin=o em

uma tentatia de aliiar a tens$o% mas min=a m$o segurando na

porta treme. 3in=as roupas ainda est$o mol=adas e meu cabelo pinga

gua% me congelando aos poucos. AlCm disso% sinto tanta 9ome ue

posso deorar um !aali a ualuer momento.

Ol=o para a !anela dese!ando ue a c=ua passe logo para ue

eu possa sumir% ir para longe.Iane parece apreensia.

"Hoc( sabe ue eu n$o ou te morder% n$o CG " ela sorri para

mim e olta a aten#$o para as ruas. 2ealmente... ela n$o parece o

tipo de pessoa amedrontadora.

"+or ue oc( estee na min=a casa IaneG e C ue seu nome C

Iane... " digo com desdCm.

"3eu nome Iane 3eu >eus% eu ! disse ue n$o ten=omotios para te mac=ucar. u nem te con=e#o direito " exclama

estridente. +aro para pensar e acredito nela por um momento. e

uisesse me mac=ucar teria 9eito isso na primeira e7 ue nos

encontramos.

"3as essa C a uest$o: se oc( n$o me con=ece como entrou

na min=a casaG " ergo a o7 acima do rdio. N$o consigo tirar isso da

cabe#a% porCm n$o estou em condi#@es de discutir ualuer coisa.


38/53

Anal% aceitei a carona porue uis. nt$o terei ue arcar com as

conseu(ncias disso% atC ue eu olte para casa.

3e encol=o no banco de couro% segurandoFo com tanta 9or#a

ue se min=as un=as estiessem grandes o suciente eu poderia

rasgFlos.

A ruia balan#a a cabe#a.

"u estaa na sua casa... para te proteger. C assim ue oc(

me recebeG

"3e proteger do u(G " pergunto incrCdula% o ue deixa no seu

rosto uma careta como se arrependesse de ter contado auilo.

Iane abre os lbios mais uma sirene ocupa o som. >irecionoFme

para 9rente.

"A=% n$o. " lamenta. ? alguns carros de policia parados bem a

9rente de onde seguimos. Os policiais se abaixam para er atraCs do

idro e 9a7em sinais com as m$os para ue ela estacione.

"stamos t$o perto


39/53

Por que n"o estou surresa2 Ela tem um oder de ersuas"o

inacredit(vel.

"Ora sen=orita% eu n$o posso...

"+or 9aor% Ion. " ela o interrompe tocando em seu bra#o e

sorrindo " u prometo ue ser a ltima e7.

+ermane#o parada% obserando a cena toda. O policial sorri.

"/sso C erdade mocin=aG " ele se dirige a mim% me ol=ando

como se pudesse pegar com as m$os nossa mentira no ar. sbugal=o

os ol=os e ten=o certe7a ue estou mais branca ue o normal.

Iane lan#aFme um ol=ar 9urtio.

"Herdade. im. " digo% percebendo depois ue as palaras

saram rpidas e con9usas. Iane 9a7 uma careta de 9rustra#$o% mas

para a nossa sorte o policial ac=a gra#a. ua risada C grae como os

tro@es no cCu.

"Dudo bem ent$o. igam seu camin=o% mas da prxima e7 n$o

ter desculpas. " ele en9ati7a com o dedo indicador. Iane assente

sorrindo e 9ec=a o idro. O carro anda lentamente atC irar a esuina.

>epois acelera como nunca 9e7 em todo o percurso.

"@erdade. Sim. 3!G " ela segura uma risada. aio do transe%

piscando algumas e7es.

"Fu uei nerosa.


40/53

"Obrigada. Ainda preciso 9a7er algumas mudan#as. " sorri. Dento

deoler% sem sucesso. A porta da garagem se abre lentamente e o

carro repousa no escuro.

Diro o cinto. Iane me interrompe% apertando meu pulso.

"... bem% antes ue oc( entre eu preciso ue saiba de uma

coisa. " come#a a 9alar. into um 9rio descer pela garganta e rodopiar

no estVmago.

Iane suspira.

"u n$o moro so7in=a. " di7.

"1omoG

"u moro com dois =omens. " explica.

"1omoGG " repito meio perplexa. +ercebo na 9urada em ue

estou me metendo.

E o que =ane disse sobre roteger2 Sobre a%udar2 O que

signi#ca2

intoFme 7on7a mais uma e7. As emo#@es do dia entalam na

garganta e eu posso sentir ue a ualuer momento elas ir$o E

tona.

"N$o% n$o. $o amigos meus ue est$o... passando uma

temporada aui em Noa RorS. u nunca me enoli sicamente com

nen=um dos dois ou com ambos ao mesmo tempo.


41/53

"nt$o entre apenas um segundo para ue eu possa l=e

explicar a situa#$o. Den=o toal=as e uma lareira. Hoc( precisa pelo

menos se secar% n$o ac=aG

Ol=oFa no 9undo dos ol=os.

"st bem. " sinto medo ao di7er isso.

Iane sorri% gira uma c=ae na 9ec=adura e abre passagem para

mim. ntramos em uma co7in=a moderna de moblia prateada

relu7ente. O c=$o C preto e reXete meu estado deplorel. as !anelas grandes de idro se d para er a c=ua% o ue

causa um e9eito bonito no cVmodo.

"u c=eguei " ela cantarola% !ogando alguns de seus pertences

na mesa prxima ao so9. +assos soam pela casa e parecem ir do

andar de cima% onde a escada termina bem na min=a 9rente.

"les s$o legais. Hoc( ai er. " di7 segurando meus dois

ombros.

"Ac=ei ue oc( estaa presa =ein IaneG I estaa indo te

buscar na cadeia. " uma o7 grae 9ala. Iane sorri para mim e sai da

min=a 9rente para ue eu possa ter uma is$o completa do local de

onde a o7 eio. ? dois =omens parados no ltimo degrau da

escadaria.

Km C um tanto alto. Os cabelos castan=os " cac=eados e

bril=antes " est$o despenteados e o rebelde cai perto dos seus

ol=os. sses s$o erdes e se destacam na pele cor de c=ocolate.


42/53

+arece ser um pouco mais el=o ue Iane% mas n$o deixa de ser

c=armoso.

Qlan. O rosto est sCrio e os lbios%

um tanto rosados% est$o selados. Ol=os a7uis me tam com certa

suspeita enuanto o t(nis bate no c=$o% demonstrando impaci(ncia.

O cabelo C dourado e bagun#ado.

les s$o muito bonitos. 1omo Iane.

+ercebo ue os tei tempo demais e desio os ol=os% corando.

"Oi Pate " >Qlan cumprimenta. Assim ue o 9a7% percebo o

uanto C estran=o escutar meu nome na o7 de um descon=ecido.

3oo a cabe#a em resposta% sem saber como agir. depois olto a

ol=ar para Iames ue% a meu er% parece estar eno!ado com min=a

presen#a. Ol=o para min=as roupas e constato o poru(.

Km sil(ncio estran=o nos preenc=e.

">iga ol% Iames. " >Qlan se ira para o rapa7% ue nge

desinteresse. Iane cru7a os bra#os.

"Ol " responde de m ontade. le desce o ltimo degrau% os

ol=os me per9urando% e anda na min=a dire#$o. 3eu cora#$o para e

meu corpo estati7a no lugar% com medo de ualuer rea#$o adersa.

Juando c=ega perto demais prendo a respira#$o% mas ele apenas

esbarra no meu ombro enc=arcado e segue seu camin=o para seiFlF

onde.

Doco institiamente o lugar da colis$o e Iane balan#a a cabe#a.

"N$o ligue para ele% Pate. Iames C... de lua. " explica um tanto

9rustrada. Ac=o ue ela esperaa ue os dois me recebessem de uma

maneira mel=or.

'#nal& ( motivo ara n"o gostarem de mim2


43/53

"Iane% deia leFla para tomar um ban=o. " di7 >Qlan com certo

ol=ar nada discreto. Ol=o para a ruia ue assente com a cabe#a e

passa a m$o pelas min=as costas% condu7indoFme atC a escada.

Obsero ue ele nos acompan=a com os ol=os e depois segue atrs

de Iames.

ubimos em sil(ncio atC ue Iane para numa porta% entre sete%

no longo corredor.

"Hou deixar roupas secas para oc( nauele uarto. " aponta

para a porta E direita. " Dem toal=a limpas ai. Dudo bemG

"DFD. " respondo. Na erdade% eu uero di7er ue esse n$o era

o nosso combinado% mas algo dentro de mim di7 ue eu deo 9a7er o

ue eles pedem. tarde demais para dese!ar ir embora. stou dentro

da casa% estou com eles. e alguma coisa acontecer a mim ninguCm

!amais saber.

8one-o essa sensa-"o de medo muito bem.

Iane sorri e desce as escadas. Aposto ue eles uerem car a

ss para conersar sobre mim. ntro dentro do ban=eiro e tranco a

porta.

"Dudo bem% respira. Hai dar tudo certo les n$o $o tirar meu

rim " digo para mim mesma% em uma claustro9obia momentYnea.

Abro a torneira e !ogo gua 9ria em meu rosto% deixandoFa se demorar

na min=a pele. +reciso 9a7er isso% mesmo estando mol=ada. 2epito o

processo por pelos menos umas uatro e7es.

+asso min=as m$os mol=adas pelo pesco#o e depois limpo com

uma toal=a de rosto bege. /nspiro e expiro tr(s e7es.

"1asa estran=a. " 9alo noamente. " Onde uma mul=er mora

com dois =omens extremamente lindos e nega ter ualuer tipo de

rela#@es com eles. Onde todos parecem ser bandidos de ma. Onde

todos me ol=am como se eu 9osse um animal a ser estudado.

Km minuto se passa.

"+reciso parar de 9alar so7in=a.

Apoio a m$o na parede. Den=o ue lirar alguns pensamentos

da min=a cabe#a. Ol=o para o espel=o e e!o uma peuena bolin=a


44/53

preta grudada no canto. AproximoFme% ! cogitando a ideia dauilo

ser uma cYmera. )"o& eles odem ser qualquer tio de essoa& mas

isso2Doco com o dedo indicador e percebo ue C s uma su!eira. Ol=o

ao redor e n$o encontro nada. um ban=eiro comum.

1evo estar #cando aranoica.

Abro a porta lentamente e obsero o corredor. Nen=um sinal de

Iane ou de ualuer um deles. Km plano de 9uga passeia pela min=a

mente. >ou um passo na madeira% ue range. spero o barul=o se

dissipar e prossigo. Juando c=ego E beira da escada escuto alguns

sussurros% cando mais altos E medida ue eu me aproximo. scondoF

me na parede paralela e presto aten#$o.

"/sso n$o ai dar certo% Iane. Hoc( ol=ou direito para elaG ai

tra7er problemas. Ou#a o ue estou di7endo " A o7 n$o C de >Qlan.

Iames 9ala. ou um passo com interesse% tomando cuidado para n$o ser

ista.

"== la est l em cima. +are de gritar " >Qlan reprende.

"le tem ra7$o Iames. oc( dee conar em mim. >ee

conar nela. " ela replica% em um tom mais baixo possel. le solta

um riso sarcstico.

"8on#arnelaG u nem a con=e#o% muito menos >Qlan. N$o n!a

ue sabe do ue ela C capa7 s porue a obserou durante um

tempo% o tempo ue desperdi#amos. Iane% oc( mais do ue ninguCm

entende ue ela nem procurou saber de nada. la nem sabe quemela

C

1o que diabos eles est"o


45/53

ue a temos n$o podemos perdeFla. Hoc(% durante esse tempo todo%

s cou ai sentado reclamando. Agora me deixe 9a7er min=a parte

"8inco mesesG " repito baixin=o% perplexa. >epois disso tudo

ue eu consigo escutar C um 7umbido. Docam em assuntos diersos

ao mesmo tempo: persegui#$o% perda% morte. Dodos s$o sobre mim.

ssas pessoas me con=ecem = muito tempo. les (m me

obserando. eu% no momento% estou exatamente onde eles uerem

ue eu este!a.

into ontade de gritar% mas reprimo engolindo em seco%

arran=ando min=a garganta.

"Ol=a s a ue ponto c=egamos " olto a ouir% contra min=a

ontade. " I est tarde demais est$o mais perto de ns do ue

oc( imagina. N$o podemos nos dar o luxo de esperar atC ue ela

entenda a situa#$o.

"Hoc( 9ala como se n$o precisssemos dela. 1omo se longe de

ns ela 9osse durar mais de uma semana. " >Qlan inter9ere.

"I c=ega desse assunto. la ai car conosco e ponto. bom

oc( se con9ormar " Iane di7 e o assunto parece se encerrar.

8omo sou burra!

>eia ter sido inteligente o suciente para c=amar a polcia

nauele primeiro dia% mas ac=ei ue era apenas um son=o. >eia ter

c=amado a polcia% ue estaa ali t$o perto% =o!e mais cedo. >eia

n$o ter entrado no carro e 9ugir o mais rpido possel. 3as eu estaa

desamparada. C como se as respostas ue Iane prometera me dar

9ossem ameni7ar a min=a mente.

O som do salto come#a a bater nas escadas. ,eanto em um

impulso% mas n$o consigo moer meus pCs% nem se eu uisesse.


46/53

u a ol=o completamente aterrori7ada. >e repente uma

lembran#a em a tona na min=a cabe#a conturbada.

"


47/53

ao seu respeito. N$o ou car 3udei de ideia " respondo% sem ao

menos deixFla terminar a 9rase. Iane est bouiaberta.

>es#o as escadas com pressa e sinto meu corpo 9ormigando.

"N$o% Pate. +or 9aor% ue. " ela consegue correr atrs de mim

e entrar na min=a 9rente% colocando os bra#os abertos a m de

impedir min=a passagem. eus ol=os demonstram 9raue7a% algo ue

eu n$o i nela atC agora.

"3e deixe ir. " rango os dentes. >ouFl=e um empurr$o e ela

cede% estati7ada no lugar. >es#o as escadas e encontro com >Qlan

agac=ado no tapete% acedendo a lareira. Juando as gotas de min=as

roupas caem no assoal=o ele me encara preocupado. +roaelmente

n$o sabe ue eu sei o ue eles andam plane!ando.

"O ue est 9a7endoG " pergunta se leantando. O medo sobe

nas min=as eias.

)"o d( ara andar or essa casa sem ser notada2 3 claro que

n"o!

le d um passo na min=a dire#$o% com as m$os segurando um

grande peda#o de madeira. 2ecuo% imaginando o ue ele pode 9a7er

com auilo.

"stou de sada. abe como C... meus pais deem estar

preocupados.

Hiro sem esperar por uma resposta. ntro na co7in=a% eitando

ol=ar para os lados. encaro meu reXexo no c=$o. 3eu cabelo

mol=ado deixa um rastro de gotas onde eu piso.

Aisto a porta e apresso o passo. stou perto e completamente

desesperada para 9ugir dali.

"Adeus.

+aro e escuto uma porta de geladeira sendo 9ec=ada. Hou me

arrepender% mas sigo o som com os ol=os. Iames est encostado na

bancada% com uma das sobrancel=as erguidas e segurando um idro

de suco.

"Hoc(s est$o em todas as partes. " sussurro.


48/53

"O ueG Hoc( C muito estran=a sabiaG " ele responde em um

tom irVnico.

"stou dando o 9ora dessa casa de loucos " Aan#o na porta e

escuto sons de passos atrs de mim.

"Iames% o ue oc( disseG Pate n$o liga pra ele. Nesse

momento oc( precisa entender ue...

"Entender" rio com sarcasmo. " Holtamos a estaca 7eroG 1omo

oc( uer ue eu entendaG O ue = de errado com oc(G O ue

oc( uer de mimG +or ue parece ue sou t$o importante pra oc(sG

+arecem perplexos.

"uG +or ue euG " me a9asto. Iane tenta segurar o ol=ar de

pena% mas C em $o. Iames sai da co7in=a.

"u deeria ter te explicado com mais calma. N$o tiro sua ra7$o

de pensar assim de ns% mas est enganada. aiba ue ao sair por

auela porta n$o podemos mais te proteger.

Diro o celular do bolso.

"3e diga agora o ue uerem de mim ue eu penso em tale7

n$o c=amar a polcia para oc(s. " No 9undo% eu n$o uero sair sem

respostas. Ou tudo ue eu passei seria em $o. Ou isso me

incomodaria o resto da ida.

"Hoc( n$o ai acreditar. " exclama ela% balan#ando os ombros.

"Dente. " insisto.

Iane me ta com um ol=ar ue eu !amais esuecerei.

"Hoc( C uma uardi$% Pate.

2eprimo uma risada.

"uardi$G uardi$ do ueG

3& eu realmente n"o vou acreditar.

">eixe eu te mostrar " me c=ama para ue a siga. Ol=o para

trs.

Eu realmente sou caa, de dei9ar assar a oortunidade de


49/53

"e leantem% por 9aor. " Iane pede assim ue oltamos a sala.

la se a9asta de mim% o ue me deixa mais con9ortel% e se !unta aos

outros dois% cando ombro a ombro com >Qlan.

"3ostrem a ela. " ordena mais uma e7. nt$o todos eles leam

a m$o dentro das camisas e de l tiraram cord@es.

Assim ue os e!o% exclamo surpresa.

Os colares alo!ados nos pesco#os de cada um deles s$o

id(nticos ao ue eu gan=ei noite passada. /guais ao do meu aV.

Dodos s$o cord@es pretos e nos. Dodos com desen=os no metal. O de

Iane C um peueno 9arol% o de Iames um peueno po#o e o de >Qlan

uma peuena rore accia.

em saber o ue di7er% ol=o para mim mesma e tiro% assim

como eles% o meu moin=o.

"u sei ue isso n$o l=e di7 nada% mas mostra ue oc( 9a7

parte disso. Dodos ns 9a7emos. " di7 >Qlan% sorrindo com o canto dos

lbios.

"Acredita em ns agoraG " Iane me pergunta.

"Hoc( iu meu colar uando inadiu meu uarto. +ode ter

9or!ado a coincid(ncia.

la ri.

"Hoc( C esperta% Pate. +ense bem. >e ontem para =o!e s

tiemos um =orrio lire para perambular nas ruas por causa da ?ora

de 2ecol=er. stie no seu uarto tarde da noite. m ue momento eu

poderia t(Flos compradoG " o ue di7 C erdade e isso me 9a7 pensar

em rias possibilidades. 3in=a cabe#a est girando e sinto o peso do

meu corpo aumentar.

"N$o me lembro de ter isto oc( com o colar ontem. Nem =o!e.

" porue eu n$o gosto de deixFlo exposto. Elespodem

descobrir o signicado " Iane parece distante por um momento.

"FlesG les uemG

Por que eu sinto medo do que esse eles/ oderiam ter


50/53

"1omo eu disse: pretendo te explicar tudo com muita calma.

3as se oc( uiser ir embora... " la sabe ue eu uero saber e est

me c=antageando.

"Dudo bem. xpliue. " stou passando mal. 3eu estVmago est

embrul=ando com cada palara ue eles me di7em. Ac=o ue ou

omitar.

"Agora ue estamos reunidos podemos... " Iane come#a a 9alar%

mas eu n$o consigo enxergFla mais. 3in=a is$o est tura e min=as

pernas 9ormigam% uerendo ceder.

"Iane% espere. Ac=o ue ela n$o est se sentindo bem. " >Qlana interrompe.

"+arece ue ela ai omitar. " >esta e7 C Iames. 3eu ouido C

tomado por um 7umbido 9orte e sinto o corpo relaxar. 3in=a ltima

is$o C dos tr(s rostos na min=a 9rente% ol=andoFme com interesse.

3in=a cabe#a bate contra o c=$o.


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1aptulo 4

OrganizaoNoa RorS% ede da Organi7a#$o% locali7a#$o descon=ecida.

Kma e de7 da tarde.

? uma agita#$o logo pela man=$. Dodos parecem estar

correndo contra o relgio. A base de comandos c=eira a ca9C 9rio%

9ol=as de liros el=os e poeira. No nal do corredor% a porta do lder

da Organi7a#$o est 9ec=ada desde ue ele c=egou. abeFse% a partir

disso% ue est plane!ando algo importante com o sen=or Allen% seubra#o direito% e n$o deixar ue ninguCm entre atC ue nali7e seu

raciocnio.

O relgio ira para uma e do7e.

Kma mul=er de cabelos castan=o escuro% preso em um rabo de

caalo% atraessa as mesas em dire#$o E sala. la usa uma cal#a

social preta e uma camisa de bot@es branca% com um !aleco% tambCm

branco% por cima. eu culos preto cai toda =ora no nari7 e ela o !ogapara o lugar% com certa aXi#$o. A mesma aXi#$o tambCm a 9a7 !ogar

uma mec=a do cabelo para trs% ue cai toda =ora sobre sua testa.

Os 2astreadores% como s$o c=amados% ue cam nauela rea

da sede param o ue est$o 9a7endo e a obseram camin=ar por um

instante. Juando nalmente c=ega E porta dupla 9ec=ada% com uma

placa de metal tal=ada como Sr.6ubens&ue ela ! est cansada de

er% d duas batidas lees com o pun=o 9ec=ado. nuanto esperapela resposta se a!eita da mel=or maneira ue consegue.

Nada.

Bate mais duas e7es% desta e7 com maior intensidade. Bate o

pC no c=$o% esperando.

"stou ocupado. " O =omem com a o7 rouca grita de l de

dentro. ele parece irritado.

A mul=er rola os ol=os% passa a m$o no rabo de caalo% respira

9undo e di7:


52/53

" muitoimportante.

1onsegue escutar uma moimenta#$o por detrs da porta. /sso

signica ue ele atendeu seu pedido e est indo recebeFla. A porta

se destranca uma% duas% tr(s e7es e nalmente abre.

Juem est do outro lado C um =omem de mais idade% percebeF

se pelos cabelos escuros cando grisal=os aos poucos. As

sobrancel=as grossas e arrepiadas est$o 9ran7idas em uma express$o

nada alegre.

le parece analisFla por um momento e depois pronuncia:

"O ue 9oiG

"$o os uardi@es. " ua m$o sua 9rio uando 9ala.

O =omem% ue antes n$o parecia muito interessado% esbugal=a

os ol=os de 9orma natural e abre passagem para ue ela entre na

sala. le ol=a ao redor% tentando procurar alguCm ue pudesse

bisbil=otar a conersa dos dois.

entro da sala% sentado em uma cadeira giratria% est outro

=omem% mais noo ue o lder. +ele escura como a noite% ol=os a7ios

como o innito. eus cabelos pintados de a7ul marin=o sempre 9oram

motios de coc=ic=os pela Organi7a#$o.

"en=or 2ubens. en=or Allen. " ela os cumprimenta com a

cabe#a% uma uase reer(ncia% tentando muito n$o ol=ar xamente

para os cabelos do sen=or Allen.

la n$o se senta% pois n$o consegue parar uieta.

"O ue aconteceuG " pergunta o lder% enuanto d a olta ao

redor de sua mesa de madeira e se senta% de costas para ela% em

outra cadeira giratria esto9ada de couro preto.

la toma o ar.

"1omo o sen=or pediu estamos os monitorando ! ue o

prximo ataue est t$o prximo e... bem% algo aconteceu antes do

ue plane!amos.

"O ueG " responde em um tom ue ! a culpa.

"Ns tentamos ao mximo% mas... " tenta se explicar.


53/53

"O queG " desta e7 seu tom C de raia.

la p@e as m$os na cintura.

"les est$o com ela. st$o com a ltima uardi$ " murmura.

le ira a cadeira e bate as m$os com 9or#a na mesa. O sen=or

Allen permanece imel% tando a mo#a. ua express$o seera C de

assustar ualuer um.

"u ordenei ue oc(s a encontrassem primeiro. O ue oc(s

s$oG 3acacosG " grita o sen=or 2ubens. " abia ue eles estaam

agindo.

"u sei% mas...

"N$o tente se explicar% 3argaret. Agora C tarde demais Ac=o

mel=or oc( oltar para o laboratrio e deixar as opera#@es especiais

para outra pessoa. " pronuncia o =omem do cabelo a7ul.

3argaret ca ermel=a e parece ue ai c=orar a ualuer

minuto.

"O ue 9a7emos agoraG " sua o7 sai como um o.

r.2ubens solta o ar e pensa por alguns longos segundos. Ol=a

para o mapa em 9orma de =olograma pro!etado em sua mesa. Agora

ele parece t$o aXito uanto ela. Kma mistura de aXi#$o e nerosismo.

"+lane!em o primeiro ataue. " di7 " st$o indo capturar o

primeiro elemento.

primeiros capítulos - os guardiões

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