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ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:141-224 (SUP)

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

P O S T E R S

ciou derrame pericárdico antero-posterior, em sís-tole e em diástole, com 22 mm. Perante a clínica eos exames, o doente foi admitido no internamen-to de Cardiologia com o diagnóstico de pericardi-te aguda com derrame pericárdico e colocou-se ahipótese de estar subjacente uma doença reuma-tológica, tendo-se pedido novos exames comple-mentares de diagnóstico. Resultados: Inicialmente o doente melhorou coma terapêutica instituída: ácido acetilsalicílico 1000mg per os a cada 6 horas. Dos resultados dos exa-mes efectuados no internamento, sobressaía umaligeira anemia normocrómica e normocítica comcinética do ferro sugestiva de doença crónica ou in-flamatória; VS elevada (81 mm/1ªh); ANA positivosem título elevado, com padrão homogéneo e espe-cificidade anti-nucleossomas; e, bastante mais tar-diamente, a detecção de anticorpos anti-dsDNA(double strand). Perante isto, estabeleceu-se o diag-nóstico de Lúpus Eritematoso Sistémico (Critériosdo Colégio Americano de Reumatologia, 1982),com atingimento cutâneo-mucoso, articular, car-díaco (sob a forma de pericardite aguda, que mo-tivou o internamento) e eventualmente neurológi-co central. O doente foi avaliado pela Psiquiatria,que diagnosticou Síndrome de Ottelo (delírio deciúme) e sugeriu tratamento com haloperidol. Po-rém, a TAC e posteriormente a RMN craneo-ence-fálicas revelaram imagens normais, excluindo a hi-pótese de neurolúpus estabelecido, apesar da psi-cose provavelmente relacionada. Foi reduzida adose de AAS, mantido o haloperidol e instituída te-rapêutica com 400 mg de hidroxicloroquina e 40 mgde predisolona oral (por dia). Na segunda semanade internamento o ecocardiograma verificou me-lhoria da pericardite, não se tendo nunca visuali-zado vegetações de Libman-Sacks. O doente tevealta orientado para a Consulta Externa de Medici-na, com desmame progressivo da prednisolona nosmoldes habituais, a reavaliar. Oito meses após aalta, o doente encontra-se assintomático e sem al-terações do comportamento, medicado diariamen-te com 400 mg de hidroxicloroquina, 5 mg de pred-nisolona e 5 mg de haloperidol (2id), com resolu-ção da anemia (Hbg 16,0 g/dl) e VSG normal (12

P1 - LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO - UM CASO CLÍ-NICO EM CARDIOLOGIA

Joana Lemos,1 Luís Santos,2 Isabel Martins,1

Luís Nunes,2 Oliveira Santos2

1. Serviço de Medicina 1 - Hospital de São Teotónio EPE2. Serviço de Cardiologia - Hospital de São Teotónio EPE

Objectivos: Chamar a atenção para a necessidadede estar atento à possibilidade de apresentação es-pecífica de órgão/aparelho orgânico nas doençassistémicas, nomeadamente reumatológicas.Material e Métodos: Os autores apresentam o casode um doente do sexo masculino, caucasiano de 63anos de idade, que recorreu ao Serviço de Urgên-cia em Janeiro de 2007 por dispneia e dor torácicade instalação progressiva desde o dia anterior. Ador era retroesternal com irradiação para o dorso,tipo pontada, e agravava com a inspiração profun-da e a inclinação anterior do tronco. Referia, des-de há cerca de 2 anos, uma fadiga inusual, commialgias generalizadas recorrentes, acompanha-das de artralgias de tipo inflamatório e de distribui-ção aparentemente simétrica, atingindo prefe-rencialmente as articulações dos pés (metatarso-falângicas), tornozelos, punhos e mãos (metacar-po-falângicas). Mencionava úlceras orais muitofrequentes nos últimos anos. A esposa queixou-sede que, nos 5 meses precedentes, o doente inicia-ra um comportamento desconfiado e verbal e fisi-camente agressivo em relação a ela, acusando-a demanter relacionamentos extra-conjugais. O doen-te não fumava e não consumia bebidas alcoólicas.Ao exame objectivo sobressaía alopécia difusa, rashmalar discreto, um atrito pericárdico intermitentena auscultação cardíaca, e duas úlceras (3-4 mm)na mucosa jugal; tinha alargamento das articula-ções referidas, sem sinais de artrite. Analiticamen-te tinha discreta anemia normocrómica e normo-cítica e elevação da proteína C reactiva. O electro-cardiograma mostrava ritmo sinusal, 90/minuto,com ¿supradesnivelamento côncavo¿ do segmen-to ST em todas as derivações. Na radiografia torá-cica observava-se índice cardiotorácico >50% e en-gurgitamento vascular peri-hilar direccionado paraos ápices pulmonares.O ecocardiograma eviden-

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mm). O ecocardiograma demonstra completa re-solução do derrame pericárdico e uma PSAP nor-mal. Não tem evidência de atingimento renal. Conclusões: O Lúpus é uma doença multissistémi-ca inflamatória auto-imune. Como tal pode ser di-agnosticada no contexto de queixas multiorgânicasou constitucionais, mas frequentemente motiva aprocura de cuidados médicos apenas aquando doatingimento de um órgão ou aparelho orgânico emparticular, mesmo que já exista doença sistémicasubjacente estabelecida. Assim, há que estarmosatentos a esta possibilidade diagnóstica mesmoquando o doente é assumido por especialidadesque não as que habitualmente abordam este tipode patologias, pois só perante a suspeita se faz odiagnóstico e tratamento destes doentes, bemcomo o posterior acompanhamento, atendendo aoevoluir da doença com eventual atingimento de ór-gãos que, se não atempadamente tratado, podecausar morbilidade e mortalidade significativas.

P2 – CAPILAROSCOPIA DO LEITO UNGUEAL NO

FENÓMENO DE RAYNAUD E DA DOENÇA

INDIFERENCIADA DO TECIDO CONJUNTIVO –IMPLICAÇÕES NA EVOLUÇÃO CLÍNICA E NO

TRATAMENTO MÉDICO

Paulo Clemente-Coelho,1 Sara Cortes1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Avaliar, em doentes com fenómeno deRaynaud ou com doença indiferenciada do tecidoconjuntivo, do interesse dos resultados da capila-roscopia do leito ungueal e da sua correlação coma evolução diagnóstica e terapêutica.Material e Métodos: Selecção dos resultados capi-laroscópicos e laboratoriais (VS, PCR, factores reu-matóides e ANA) de doentes observados na nossaunidade de capilaroscopia entre 1999 e 2003, en-viados com os diagnósticos de fenómeno deRaynaud ou doença indiferenciada do tecido con-juntivo. Comparação do diagnóstico e terapêuticaactual com os existentes à data da realização da ca-pilaroscopia. Exclusão dos doentes enviados pararealização de capilaroscopia com fenómeno deRaynaud associado com doença definida do teci-do conjuntivo. Os resultados da capilaroscopia fo-ram divididos nos seguintes grupos: 1) Normal; 2)Alterações minor (tortuosidade, alargamento); 3)Alterações major (áreas avasculares, megacapila-res, hemorragias).Resultados: Incluídos 80 doentes, com idade

51,4+14,3 anos (média+dp), 78 do sexo feminino(97,5%), com: fenómeno de Raynaud mais doençaindiferenciada do tecido conjuntivo – 27 doentes(33,8%); fenómeno de Raynaud – 46 (57,5%); doen-ça indiferenciada do tecido conjuntivo – 7 (8,7%).Resultados da capilaroscopia foram: normal – 30doentes (37,5%); alterações ligeiras (tortuosidadee/ou alargamento) – 16 (20,0%); alterações signifi-cativas - 34 (42,5%) (hemorragias – 25 doentes(31,3%); megacapilares – 26 (32,5%); áreas avascu-lares – 3 (3,8%). Após capilaroscopia ocorreu intro-dução de novos tratamentos em 32 doentes(40,0%) e um novo diagnóstico em 39 (48,8%). Asalterações major na capilaroscopia correlaciona-ram-se com a evolução diagnóstica e a introduçãode nova medicação (p1/160) correlacionaram-secom a necessidade de novos tratamentos(p=0.005), mas não com a evolução para novosdiagnósticos (p=0.07). Nenhuma significância es-tatística foi encontrada entre a PCR, VS ou a posi-tividade de factores reumatóides e a evolução paranovo tratamento ou novo diagnóstico. Conclusões: A capilaroscopia do leito ungueal exe-cutada em doentes com fenómeno de Raynaud oucom doença indiferenciada do tecido conjuntivotem um papel na avaliação prognóstica relaciona-da com a possibilidade de uma evolução no diag-nóstico ou para a necessidade de introdução denovos tratamentos. Esta indicação prognóstica pa-rece ser superior quando comparada com os ANA,a PCR, a VS e o factor reumatóide.

P3 – O PAPEL DOS NEUTRÓFILOS NA FASE INICIAL

DA ARTRITE REUMATÓIDE – A PROPÓSITO DE UM

CASO CLÍNICO

Ana Filipa Mourão,1,2 Helena Canhão,1,3

Elsa Sousa,1,3 Maria Emília Oliveira,4

Maria João Palhano,4 Rita Cascão,1

Pamela Weinmann,1 José Alberto Pereira da Silva,3 M Viana Queiroz,3 João Eurico Fonseca1,3

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Lisboa 2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa 3. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Ma-ria, EPE, Lisboa4. Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de SantaMaria, EPE, Lisboa

Objectivos: Existem numerosos argumentos a fa-vor do envolvimento dos linfócitos T na fisiopato-

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dos neutrófilos no início da AR, que envolve tam-bém a activação do sistema imunitário adquirido,estabelecendo as bases de um processo inflama-tório crónico. Trabalho suportado por Bolsa SPR/Schering-Plough 2005

P4 – PORQUE FECHAMOS OS OLHOS ENQUANTO O

MUNDO CAI?Margarida Cruz1

1. Centro Hospitalar das Caldas da Rainha

Objectivos: Conhecer a epidemiologia das fractu-ras proximais do fémur tratadas num Hospital dePortugal.Material e Métodos: Tipo de estudo e local: trans-versal, por consulta dos processos clínicos de todosos doentes com 50 ou mais anos, internados em trêsanos consecutivos no Serviço de Ortopedia do Cen-tro Hospitalar das Caldas da Rainha por fracturaproximal do fémur após uma queda de baixo impac-to. Métodos: recolha e análises dos processos clíni-cos, com registo em Excel dos parâmetros: demo-gráficos; relativos à fractura e seu tratamento; evo-lução após a alta; diagnóstico prévio de osteoporo-se e de fracturas prévias ou concomitantes;medicação para osteoporose; outras patologias con-comitantes; medicação concomitante. Apresenta-ção dos resultados segundo médias e percentagens.Resultados: 272 internamentos de 267 doentes em3 anos, 76% dos quais mulheres. A incidência mé-dia destas fracturas foi de 0,09% por ano. A maioriados doentes tinha entre 71 e 90 anos, média de ida-des 80,2 anos. Apenas em 7% dos casos estava re-gistado o diagnóstico prévio de osteoporose. O lo-cal da queda era referido em apenas 28% casos, naquase totalidade tratando-se do domicílio. Em 16%dos internamentos havia referência a outras fractu-ras osteoporóticas. A maioria dos doentes tinha 1 a5 patologias concomitantes. A maioria dos doentes(59%) estava medicada com 4 ou mais fármacos.Em nenhum internamento foi pedida densitome-tria óssea nem foi registada a instituição de trata-mento anti-osteoporótico. O custo total destes 272internamentos foi de 1.458.220,67 euros. Regista-ram-se 14% óbitos no primeiro ano após a fractura. Conclusões: A osteoporose estava aparentementesub-diagnosticada nesta população em risco, por-que idosa, polimedicada e com patologias poten-ciadoras da ocorrência de quedas e de fracturas.Aparentemente, não foi feita nestes doentes umaprevenção secundária das fracturas osteoporóti-

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logia da artrite reumatóide (AR). Estes argumentosgeraram o chamado «paradigma das células T» queatribui a estas células o papel central na patogeniada AR. No entanto, esta teoria deixa por explicar al-gumas questões É sabido que os neutrófilos de-sempenham um papel determinante nas artropa-tias agudas. No entanto, em doenças crónicascomo a AR a sua participação na fase inicial é tam-bém provavelmente relevante. Material e Métodos: Descrevemos o caso clínico deuma doente de 35 anos com uma oligoartrite assi-métrica de instalação aguda, com envolvimentodas articulações tibio-társica, joelho e punho direi-tos, acompanhada de tenossinovite dos peroneais.A doente referia ainda rigidez matinal prolongadae não apresentava lesões cutâneas nem sintomassistémicos. Laboratorialmente, apresentava au-mento da velocidade de sedimentação; os factorreumatóide, anticorpos anti-péptido citrulinado,anticorpos anti-nucleares e HLA B27 eram negati-vos. As radiografias de tórax, mãos, pés e baciaeram normais. Realizou biópsia sinovial do joelhodireito na segunda semana da doença, que reveloua presença de um infiltrado inflamatório agudocom predomínio de neutrófilos, sugerindo um pro-cesso infeccioso. Resultados: Apesar do exame bacteriológico do lí-quido sinovial ter sido negativo, iniciou terapêuticacom anti-inflamatório não esteroide (AINE) e cef-triaxone, dada a suspeita de artrite gonocócica. De-vido à persistência do quadro clínico com oligoar-trite incapacitante, foi associada prednisona oralem baixas doses à terapêutica com AINE, com me-lhoria clínica parcial. Dois meses depois, apresen-tou envolvimento adicional do punho esquerdo edas articulações metacarpofalângicas da mão es-querda. Nesta altura, iniciou terapêutica com sulfas-salazina, mais tarde associada a metotrexato (20mg/semana), apresentando novamente respostaclínica apenas parcial. Foi realizada uma segundabiópsia sinovial do punho esquerdo, oito mesesapós o início do quadro clínico, que revelou fibrosee um infiltrado linfoplasmocitário difuso com umpadrão compatível com AR. Nesta altura, a doentejá apresentava erosões nas radiografias das mãos epés e cumpria critérios diagnósticos ACR de AR. Conclusões: A primeira biópsia, obtida nas pri-meiras semanas de evolução da doença, revelouum tecido sinovial altamente infiltrado por neutró-filos, que progrediu para um padrão celular sino-vial diferente, à medida que a doença se tornoucrónica. Esta observação sugere um papel crucial

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cas. A incidência destas fracturas foi baixa, compa-rativamente com o publicado em outros países. Amortalidade registada foi inferior à referida na li-teratura. Os custos associdos a estes internamen-tos foram elevados.

P5 – ESTUDO RAISE – ESTUDO OBSERVACIONAL,TRANSVERSAL, PARA AVALIAÇÃO DA REALIDADE

ACTUAL DO IMPACTO SÓCIO-ECONÓMICO DA

ESPONDILITE ANQUILOSANTE

Miranda L C,1 Negreiro F,2 Queiroz MJ,2 Silva C2

1. Instituto Português de Reumatologia2. Eurotrials - Consultores Científicos

Objectivos: Avaliar a relação entre as medidas deactividade, funcionalidade e de qualidade de vida(QV) com os custos suportados pelos doentes comespondilite anquilosante (EA) em Portugal. Material e Métodos: Estudo observacional, trans-versal, realizado em doentes com diagnóstico deEA, independentemente do estadio da doença. Fo-ram recolhidos dados sobre as características sócio-demográficas, consumo de recursos em saúde e es-calas de actividade, funcionalidade e QV: BathAnkylosing Spondylitis Disease Activity Index (BAS-DAI),Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index(BASFI), Health Assessment Questionnaire (HAQ) eEQ-5D incluindo Visual Analogue Scale (VAS).Resultados:Foram incluídos 127 doentes, dos quais67,7% eram do sexo masculino, com uma média deidades de 48,7 anos (min-máx: 22-75 anos). 20,6%dos doentes empregados necessitaram modificar asua actividade profissional devido à EA. A duraçãomédia da doença foi de 14,4 anos. Verificou-se, noúltimo ano, que 85,0% dos doentes foram, em mé-dia, a 7 consultas devido à EA; 67,7% e 89,0% efec-tuaram exames complementares e laboratoriais,respectivamente; 67,5% realizaram tratamentos defisioterapia; 3,1% foram internados e 85,8% esta-vam medicados para a EA. O custo total médio/me-diano suportado por doente com EA foi 1367/525.Verificaram-se as seguintes pontuações médias: 5no BASDAI, 4,9 no BASFI, 1,1 no HAQ e 58,7 na VAS. Conclusões: Os resultados apontam no sentido deque um pior estado de saúde se traduz num customais elevado para os doentes, sendo que os cus-tos principais estavam associados aos programasde MFR Palavras-chave: Espondilite anquilosante;Qualidade de vida; Custos em saúde; Actividade;Funcionalidade; Portugal. Agradecimento ENEAApoio Wyeth

P6 – FIBROMIALGIA – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Artur Luis Lemos Maia Costa Freitas,1

Maria Dolores Perez Garcia2

1. C. S. Fafe - USF Novo Cuidar2. C. S. Braga - Esporões

Objectivos: Sintetizar a abordagem diagnóstica emcaso de suspeita de Fibromialgia e rever as opçõesterapêuticas disponíveis. Elaborar um guia de re-comendações para o doente com Fibromialgia.Material e Métodos:Efectuou-se uma pesquisa de ar-tigos de revisão na MEDLINE e Índex RMP, publica-dos entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2007, utili-zando as palavras-chave: «Fibromyalgia», «diagnosis»e «treatment». Fez-se ainda uma revisão bibliográfi-ca em livros de texto de Psiquiatria e Reumatologia.Resultados: A confirmação de uma suspeita de Fi-bromialgia, pode perfeitamente ser realizada noCentro de Saúde pelo Médico de Família, pois nãoé necessário qualquer exame auxiliar de diagnós-tico complexo. A história clínica e a exploração fí-sica fornecem indicações essenciais tanto paraconfirmar como para descartar uma Fibromialgia.Em caso de confirmação diagnóstica o doente de-verá ser referenciado á Especialidade de Reumato-logia, não esquecendo que o seu tratamento é sem-pre multidisciplinar. Conclusões: O Médico de Família desempenha umpapel fundamental perante um doente com sus-peita de Fibromialgia, tanto para confirmar comopara descartar a presença desta doença. O segui-mento dos casos mais leves poderá ser feitos noCentro de Saúde. O doente deve conhecer muitobem a sua doença para assim poder melhor vivere conviver com ela.

P7 – DEGRADAÇÃO DAS PROPRIEDADES

BIOMECÂNICAS DO OSSO SECUNDÁRIAS A

ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS

INDUZIDAS POR ARTRITE NO RATINHO SKGJoana Caetano-Lopes,1 Ana Margarida Nery,1

Ricardo Henriques,1 Helena Canhão,1,2

Joana Duarte,1 Pedro M. Amaral,3 Mário Vale,2

Rita Moura,1 Patrícia A. Pereira,1

Pamela Weinmann,1 Margarida Souto-Carneiro,4

Paulo Rego,2 Jacinto Monteiro,2

Shimon Sakagushi,5 Luis Graça,1

Mário Viana Queiroz,2 Maria Fátima Vaz,3

João Eurico Fonseca1,2

1. Instituto de Medicina Molecular2. Hospital de Santa Maria

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3. Instituto Superior Técnico4. Instituto Gulbenkian de Ciência5. Institute for Frontier Medical Sciences

Objectivos: A artrite reumatóide (AR) induz umaumento do risco de fractura, causada por trauma-tismos de baixa energia, que é parcialmente expli-cável por uma redução da densidade mineral ós-sea. No entanto, a susceptibilidade do osso à frac-tura depende, não só da sua densidade mineral,mas também da sua qualidade estrutural, quepode ser avaliada por testes biomecânicos. Comeste estudo pretende-se avaliar o impacto da artri-te na estrutura e propriedades biomecânicas doosso, num modelo animal de artrite.Material e Métodos: O trabalho foi realizado no ra-tinho SKG, que desenvolve uma poliartrite crónica,semelhante à AR humana. Realizaram-se ensaiosde flexão de três pontos em fémures de ratinhos fê-meas controlo e com artrite, enquanto as vértebrasforam submetidas a testes de compressão. A partirdeste tipo de ensaios podemos obter curvas de ten-são-extensão. Nestas curvas, podem determinar--se a tensão de cedência , a tensão corresponden-te à carga máxima, a extensão máxima, o declive nazona elástica (módulo de Young) e a energia absor-vida até à tensão máxima. As amostras foram ain-da observadas e analisadas quimicamente por mi-croscopia electrónica de varrimento (SEM) asso-ciada a espectroscopia de dispersão de raios X. A es-trutura do colagénio foi avaliada usando imagemde geração de segunda harmónica (SHG) num mi-croscópio de excitação de dois fotões.Resultados: Verificou-se que, nos animais com ar-trite, existiam alterações nas propriedades biome-cânicas em comparação com o controlo. A densi-dade dos ossos de ratinhos com artrite era menordo que os controlos. As imagens obtidas por SEMe SHG indicaram a existência de menor número detrabéculas e alterações na organização do colagé-nio nas vértebras de animais com artrite.Conclusões: Estes dados demonstram que a infla-mação crónica induz uma redução na densidadedo osso, afectando também a sua organização tra-becular, e conduzindo à degradação das proprie-dades biomecânicas do osso, nomeadamente rigi-dez, ductilidade e resistência ósseas. Intervençõesfarmacológicas que documentem uma interferên-cia com estes parâmetros poderão ser particular-mente eficazes na redução da probabilidade defractura em doentes com AR. Trabalho financiadopela bolsa FCT-PTDC/SAL-BEB/65992/2006

P8 – ABORDAGEM DA ARTRITE SÉPTICA NA INFÂNCIA,EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR

Maria Dolores Perez Garcia1

1. C. S. Braga - Esporões

Objectivos: Rever e sintetizar a informação dispo-nível sobre o diagnóstico e orientação clínica e te-rapêutica sobre a artrite séptica na infância, emMedicina Geral e FAmiliar.Material e Métodos: Efectuou-se uma revisão bi-bliográfica na MEDLINE e Índex RMP, de análises,ensaios clínicos, revisões e «guidelines», publica-das entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2007, uti-lizando as palavras-chave: «Infectious arthritis», «pediatrics», «diagnosis» e «treatment».Resultados: Normalmente a artrite séptica afecta auma só articulação (como o joelho). O processo in-feccioso pode começar em qualquer parte do cor-po e depois migrar pelo sangue até á articulação. Osprincipais factores de risco são: imunodepressão,alcoolismo, neoplasias, feridas cutâneas, infecçõesrespiratórias e traumatismos articulares. O micror-ganismo mais comum é o S. Aureus. O diagnósticofaz-se através de história clínica, exploração física,técnicas de imagem e análises ao sangue e liquidoarticular. O tratamento consiste em antibioterapia,às vezes complementada com cirurgia.Conclusões: Cerca de 63% dos casos de artrite sép-tica aparecem antes dos 5 anos de idade. O Médi-co de Família, como porta de entrada do utente aoServiço Nacional de Saúde, deve estar alerta paraos sinais e sintomas que possam evidenciar a pre-sença desta doença nas crianças, para assim serpossível efectuar um diagnóstico e tratamento pre-coces. Apresenta-se uma proposta de algoritmo deavaliação da artrite séptica pediátrica, nos Cuida-dos de Saúde Primários.

P9 – FACTORES REUMATÓIDES E ANTI-CCP NA

SÍNDROME DE SJÖGREN – COMPARAÇÃO COM A

ARTRITE REUMATÓIDE E INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS

F Barcelos,1 I Abreu,2 H Guimarães,2 M Parente,1

H Trindade,2 J Vaz Patto1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Departamento de Imunologia, Faculdade de Ciências Médicas

Objectivos: Os factores reumatóides (FR) são imu-noglobulinas (Igs) de qualquer isótipo (M, A,G,E,D)dirigidos contra a porção Fc da IgG Humana (H)e/ou Animal (A). Os FR IgM são geralmente detec-

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tados pelos métodos de aglutinação (RA teste e Wa-aler Rose), e os IgA por ELISA. Os FR surgem em 50a 90% dos doentes com AR e têm papel diagnósti-co e prognóstico. Na S. Sjögren primário (SSp) sãodetectados em 20 a 95% dos casos. Os anticorposanti-CCP, pelo contrário, são altamente específicosda AR.Material e Métodos: Avaliar a prevalência de anti--CCP e dos subtipos de FR IgM e IgA no SSp e naAR com ou sem SSs. Foi feita uma avaliação trans-versal de 31 doentes com SSp, 31 com AR (dos quais10 com SSs) e 31 controlos saudáveis, sendo avali-ados a presença de artrite, a VS, PCR, anti-CCP eFR IgM e IgA por dois métodos diferentes: ELISA(Orgentec e Quanta Lite) e Tecnologia Luminex(imunoensaio múltiplo). O anti-CCP foi determi-nado por ELISA de 3ª geração (Quanta Lite).Resultados: O sexo feminino predominava em to-dos os grupos (100% no SSp, 96,8% na AR e 100%no controlo). No SSp a idade média foi de 55,7 anose a duração média da doença de 8,8 anos e na ARa idade média e duração da doença foram de 57,9e 10,8 anos, respectivamente. Na AR com SSs a ida-de média e duração da doença foram superiores àsdo grupo AR sem SSs: 62,4 vs 55,9 anos e 14,9 vs 9,1anos, respectivamente. No SSp 17 doentes (54,8%)tinham envolvimento sistémico e 9 tinham artrite(29,0%). Os valores de VS no SSp e na AR são seme-lhantes quando considerados no global, mas veri-fica-se que a presença de artrite e sindroma secose associa a maiores valores de VS, quer no grupoSSp com artrite, quer no grupo AR com SSs. A PCR,foi inferior no SSp com artrite e no SSs em relaçãoao total de SSp e AR. Em relação à prevalência deFR IgM, variou entre 35,5% e 74,2% no SSp, e entre51,6% e 90,3% na AR, enquanto o FR IgA estevepresente em 80% no SSp e em 74,2% na AR. Os an-ticorpos anti-CCP foram detectados em 6,9% dosdoentes com SSp, nenhum dos quais com artrite,e em 64,5% dos doentes com AR. Destaca-se o fac-to de que os anti-CCP foram mais prevalentes naAR com SSs do que na AR sem SS.Conclusões: No diagnóstico diferencial entre SSpe AR (com ou sem SS), os factores reumatóides nãoparecem ter utilidade. Os FR IgA, tal com o IgM,surgiu igualmente em ambas as patologias, embo-ra com maior prevalência na AR com SSs. A deter-minação dos anti-CCP demonstrou elevada espe-cificidade na distinção entre ambas as entidades.No entanto, a pequena dimensão da nossa popu-lação não permite a extrapolação destes resultadospara o universo do SSp.

P10 – ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO SÍNDROMA DE

SJÖGREN PRIMÁRIO

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 M Sousa,1 R Figueiredo,1

M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndroma de Sjögren Primário (pSS)é uma doença inflamatória crónica caracterizadapor infiltração linfocitária e lesão auto-imune dasglândulas exócrinas. Além das queixas secas, é fre-quente a presença de artrite ou manifestações ex-tra-glandulares, nomeadamente hepáticas, neu-rológicas, renais, pulmonares cutâneas ou vascu-lite. Em muitos doentes coexistem importantesmanifestações de ansiedade e depressão que con-tribuem para uma maior impacto da doença naqualidade de vida.Material e Métodos: Pretende-se avaliar a presen-ça de ansiedade e depressão no pSS e identificarpossíveis factores associados ou agravantes. Fo-ram avaliados 25 doentes com SSp, definido peloscritérios do «American-European ConsensusGroup», aos quais se aplicaram as escalas de ansie-dade e depressão «Hospital Ansiety and Depres-sion Scale» (HADS), os questionários de queixassecas «Ocular Surface Disease Index» (OSDI), «Xe-rostomia Index» (XI) e «Oral Health-related Qualityof Life» (OHr-QOL). A função glandular foi aferidacom o teste de Schirmer e a sialometria não-esti-mulada. Foram consultados os registos clínicospara a caracterização clinico-laboratorial. A análi-se estatística foi efectuada com a Correlação deSpearman e com o teste de Mann-Whitney.Resultados: Todos os doentes eram do sexo femi-nino, com idade média de 54,1±12,5 anos e dura-ção da doença de 10,7±8,5 anos. As principais ma-nifestações extraglandulares foram: artrite (13,6%),fadiga (21,4%), envolvimento neurológico (20,0%),hepático (13,0%), renal (4%) e vasculite (4%). Uti-lizando a escala HADS, 66,7% dos doentes tinhamansiedade moderada a grave (score superior a 10)e 32,0% depressão moderada a grave (score supe-rior a 10). Exceptuando a associação entre o HADS--ansiedade e a fadiga (p=0,015), não existiam ou-tras associações entre a presença de ansiedade oudepressão e as manifestações extraglandulares ouparâmetros laboratoriais. Menores valores de sia-lometria e Schirmer associavam-se a maiores valo-res na escala HADS, quer para ansiedade, quer paradeprssão, embora sem significado estatístico. Ve-rificou-se uma associação estatisticamente signi-ficativa entre a escala HADS-ansiedade e a presen-

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ça de depressão (P=0,000), o XI (p=0,006), o Ohr-QOL (p=0,001) e a idade actual (p=0,022). A escalaHADS-depressão correlacionava-se com a ansie-dade (p=0,000) e a idade actual (p=0,049), e quaseatingiu significância em relação ao Ohr-QOL(p=0,054) e à idade de início (p=0,070). Conclusões: Encontrámos elevada prevalência deansiedade e depressão, que se correlacionavamentre si. Verificou-se uma associação significativaentre a ansiedade e a gravidade (XI) e o impacto(Ohr-QOL) da xerostomia, mas não da xeroftalmia(OSDI), o que não ocorre no caso da depressão.Existe uma associação positiva entre a idade e osíndices de ansiedade e depressão, que não se cor-relacionou com o tempo de evolução. É tambémimportante realçar que a fadiga se associa à ansie-dade, mas não à depressão.

P11 – UTILIZAÇÃO DA SIALOMETRIA NÃO-ESTIMULADA

NUMA CONSULTA DE SÍNDROMA DE SJÖGREN

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndroma de Sjögren primário (SSp)é uma doença inflamatória crónica caracterizadapor infiltração linfocitária das glândulas exócrinas.É necessária a presença de 4 entre 6 critérios do«American-European Consensus Group», mas odiagnóstico definitivo nem sempre é fácil, sobre-tudo no que respeita aos exames funcionais. A si-alometria não-estimulada é um teste funcionalque consiste na recolha de toda a saliva sob con-dições basais durante um período de tempo entre10 e 15 minutos. Material e Métodos: Pretende-se avaliar a aplica-bilidade e utilidade da realização de sialometrianão-estimulada aos doentes com SSp no âmbito daconsulta externa. Realizou-se sialometria não-es-timulada a 28 doentes consecutivos com SSp e a 20indivíduos saudáveis assintomáticos do mesmosexo e idade, e compararam-se os resultados obti-dos. No SSp foi também correlacionado o fluxo sa-livar com o grau de compromisso funcional na cin-tigrafia das glândulas salivares, classificado de 1=ligeiro a 7= muito grave. A análise estatística foifeita com o teste de Mann-Whitney e a Correlaçãode Spearman. Resultados: A idade média dos doentes e controlosera semelhante (55,1±12,3 anos versus 54,1±12,1anos). Foi feita a recolha de saliva global duranteum período de 10 minutos, e os resultados foram

expressos em ml/min. Considera-se que as quei-xas secas surgem quando o fluxo salivar basal é in-ferior a metade o normal, que é de cerca de 0,30ml/minuto. Deste modo, o limiar da xerostomiaserá de cerca de 0,15 ml/min, que se assume comoo valor de referência do teste. O fluxo salivar esta-va significativamente reduzido nos doentes comSSp relativamente aos controlos (0,08±0,01 ml/minversus 0,38±0,25 ml/min, p=0,000). No SSp verifi-cou-se que os doentes com menor fluxo salivar nasialometria apresentavam maior grau de compro-misso funcional na cintigrafia das glândulas sali-vares, sendo a correlação estatisticamente signifi-cativa (p=0,037).Conclusões: Estes resultados preliminares apoiama utilidade da sialometria não-estimulada na ava-liação de doentes com suspeita de SSp, uma vezque pode confirmar a hipofunção salivar de ummodo rápido e barato. A correlação com as altera-ções cintigráficas vem reforçar o valor deste instru-mento. Numa consulta especializada de Sindromade Sjögren, a disponibilidade imediata de um tes-te funcional salivar, paralelamente ao teste ocularde Schirmer, constitui uma mais-valia na triageme classificação do SSp.

P12 – AVALIAÇÃO DE QUALIDADE AOS PROCESSOS

CLINICOS DOS DOENTES COM ESCLEROSE SISTÉMICA

NUMA CONSULTA DE REUMATOLOGIA APÓS UM ANO

DE APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO

ESPECÍFICO..Margarida Mateus,1 António A. Matos,1,2

Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE - Hospital Egas Moniz, Lisboa2. Faculdade da Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Em 2006 os autores avaliaram segun-do padrões já publicados, a prática médica relati-va aos doentes com esclerose sistémica (ES) prati-cada no seu Serviço. Como a avaliação não eraefectuada de modo uniforme, foi elaborado umprotocolo para aplicação em todas as consultas. Oobjectivo dos autores é avaliar se a aplicação des-te protocolo, após um ano da sua elaboração, éefectuado de facto, e se proporciona informaçãoadequada para a avaliação dos índices de activida-de e de gravidade da doença. Material e Métodos: Foi elaborado um protocolode avaliação para os doentes com o diagnóstico de

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ES, para ser aplicado em todas as consultas. Esteconsiste num conjunto de perguntas simples, al-gumas de resposta fechada, abrangendo quer nahistória, quer no exame objectivo, alterações ge-rais, vasculares, cutâneas, sistema músculo-esque-lético, gastro-intestinal, cardio-respiratório e re-nal e o perfil imunológico. Foram assim analisadostodos os processos clínicos de doentes com ES se-guidos na nossa consulta e excluídos desta análi-se os que não tinham utilizado o protocolo. Foi re-tirada a informação sobre a idade, o sexo, o tempode duração da doença, a observância dos critériosde classificação da SS do ACR, major e minor, asub-classificação em cutâneo-difusa ou cutâneo-localizada, a presença dos AAN, Anti-centrómeroou Anti-SCL70, o índice cutâneo de Rodnan modi-ficado, o índice de actividade da doença, o índicede gravidade por órgão e a realização anterior decapilaroscopia.Resultados: Dos 26 processos clínicos analisados,9 não apresentavam o protocolo. Dos 17 incluídosno estudo, 15 são do sexo feminino. Em 11 dosdoentes foram observados os critérios major declassificação, e nos critérios minor verificou-se ine-xistência de informação só num doente relativa-mente à fibrose pulmonar. Um total de 10 doentesfoi classificado pelos autores como SS cutâneo-lo-calizada e 2 como ES cutâneo difusa. Os restantes5 doentes apresentavam o diagnóstico de CREST,não cumprindo os critérios de classificação doACR, tendo o diagnóstico sido baseado na presen-ça de Ac.Anti-centrómero, fenómeno de Raynaud,presença de telangectasias e capilaroscopia. O per-fil imunológico estava presente na totalidade dosprocessos. Apenas em 4 dos doentes não foi reali-zado o índice cutâneo de Rodnan modificado. O ín-dice de actividade da doença foi determinado par-cialmente em 6 doentes e o índice de gravidadepor órgão não foi possível determinar para os sis-temas pele, articular, tracto GI, pulmão e coraçãoem 4, 1, 1, 2 e 4 doentes, respectivamente. A capi-laroscopia foi realizada em 7 doentes, 4 compatí-vel com um padrão lento, uma com um padrão rá-pido e 2 com alterações não específicas.Conclusões: A resistência à introdução do novométodo de avaliação clínica foi importante, ates-tado pela quantidade de processos excluídos. Oprotocolo utilizado revelou algumas falhas na suaconcepção, não permitindo responder com preci-são a alguma dos parametros exigidos para avalia-ção dos índices de actividade e gravidade da doen-ça. Esta auditoria ao protocolo foi importante no

sentido de o melhorar, com a finalidade de melhorresponder e tratar estes doentes.

P13 – ENTERITE LÚPICA: UMA CAUSA RARA DE DOR

ABDOMINAL AGUDA

Margarida Coutinho,1 Luis Inês,1 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Em doentes com Lúpus EritematosoSistémico (LES), a investigação da etiologia de umador abdominal aguda representa, com frequência,um desafio diagnóstico. Os autores apresentam ocaso clínico de uma doente com LES que recorreuao serviço de urgência por dor abdominal aguda.O diagnóstico final foi de Enterite Lúpica. Material e Métodos: C.M.C., sexo feminino, de raçabranca, com 33 anos de idade, portadora de LES(com envolvimento articular, hematológico e imu-nológico) e de surdez congénita, que recorreu aoserviço de urgência por dor abdominal difusa, in-tensa e de instalação súbita, associada a vómitosaquosos, com cerca de 48 horas de evolução. Semantecedentes de febre ou de alterações recentesdo trânsito intestinal. Ao exame objectivo (admis-são), apresentava-se apirética e normotensa, semalterações à auscultação pulmonar e cardíaca e, aoexame abdominal, com dor à palpação superfici-al e profunda de todos os quadrantes, sem defesamas com acentuada diminuição global dos ruídoshidroaéreos. Ao exame reumatológico, ausência desinovite. Resultados: Do estudo laboratorial destacava-se apresença de um hemograma com contagem deplaquetas normal, VS (1ª hora): 54 mm, ureia: 52.2mg/dl, creatinina: 1.7 mg/dl, K+: 3.2 mmol/L, al-bumina: 2.8 g/dl e PCR: 0.62 mg/dl (amilase pan-creática e restantes parâmetros de bioquímica nor-mais) e factores de complemento diminuídos (C3:0.54 G/L e C4: 0.07 G/L). A ecografia abdominal vi-ria a revelar a presença de derrame peritoneal vo-lumoso e de ansas de intestino delgado de paredeespessada (9 mm de espessura) localizadas no flan-co esquerdo, alterações estas corroboradas porTAC abdomino-pélvica, que permitiu, igualmente,a identificação de ansas intestinais com estratifi-cação da parede em alvo. Foi efectuada terapêuti-ca com metilprednisolona ev (1gr/dia) durante 3dias, à qual se seguiu terapêutica com prednisolo-na oral (1 mg/kg/dia), com resolução da sintoma-tologia. Conclusões: A Enterite Lúpica representa uma das

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complicações gastrointestinais mais graves emdoentes com LES, podendo evoluir para a perfura-ção intestinal. O estabelecimento de um diagnós-tico atempado, com consequente instituição decorticoterapia em dose elevada associam-se, habi-tualmente, a uma evolução clínica favorável.

P14 – TUMEFACÇÃO DAS PARÓTIDAS NO SÍNDROMA

DE SJÖGREN PRIMÁRIO

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 R Figueiredo,1 M Sousa,1

D Medeiros,1 C Miguel,1 M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndroma de Sjögren Primário (SSp)é uma doença inflamatória crónica caracterizadapor infiltração linfocitária das glândulas exócrinas.A tumefacção das parótidas é uma manifestaçãofrequente e característica deste processo. Manifes-tações extra-glandulares incluem fadiga, artralgiase artrite, envolvimento pulmonar, neurológico, re-nal ou hepático, vasculite. Pretende-se averiguar aexistência de diferenças clínico-laboratoriais emdoentes com SSp com ou sem tumefacção das pa-rótidas. Material e Métodos: Foram avaliados retrospecti-vamente 82 doentes com SSp, definido pelos cri-térios do «American-European Consensus Group».Formaram-se dois grupos de acordo com a pre-sença de tumefacção parotídea (23 doentes – 28%)ou a sua ausência (59 doentes – 72%), e regista-ram-se os dados clínicos e laboratoriais através daconsulta dos registos médicos. A 21 doentes (his-tória tumefacção parotídea presente em 7 e ausen-te em 14) foi feita uma avaliação das queixas secascom o teste de Schirmer e a sialometria não-esti-mulada,e aferido o impacto das queixas de xeros-tomia através dos questionários «Xerostomia In-dex» (XI), «Oral Health-related Quality of Life»(OHr-QOL) e «Hospital Ansiety and DepressionScale» (HADS). Statistical analysis was performedwith the Qui-square and Mann-Whitney tests.Resultados: Os 82 doentes eram todos do sexo fe-minino, com idade media de 54,4 anos ±12,2 (26-77) sem diferenças entre os dois grupos. Não se re-gistaram diferenças significativas entre os doentescom ou sem tumefacção parotídea quanto à pre-sença de artrite (34,8% versus 22,0%), a fadiga (53,3vs 45,0%), envolvimento renal (13,0 vs 10,2%), he-pático (33,3% vs 22,4%), neurológico (15,0 vs21,6%) e vasculite (0 vs 11,9%). Verificaram-se di-ferenças no perfil laboratorial, uma vez que os

doentes com tumefacção glandular apresentavammaior frequência de anti-SSA (91,3 vs 76,3%,p=0,125), anti-SSB (73,9 vs 47,5%, p=0,031), facto-res reumatóides (FR) (84,2 vs 50,0%, p=0,009) e ele-vação da VS (média: 58,9 vs 43,5mm, p=0,029).Quanto à presença de hipergamaglobulinemia e decrioglobulinas, não se verificaram diferenças sig-nificativas. O teste de Schirmer foi semelhante emambos os grupos, mas o fluxo salivar por sialome-tria foi inferior nos doentes com tumefacção pa-rotídea (0,06 vs 0,09 ml/minuto, p=ns), associadoa maior impacto no questionário «XI» (p=0,005) e«Ohr-QOL» (ns, p=0,190), referentes à xerostomia,e também em relação ao «HADS-ansiedade» (ns,p= 0,100) e «HADS-depressão» (p=0,312).Conclusões: A tumefacção das parótidas parecetraduzir uma resposta imunológica mais intensa eespecífica, dada a elevação da VS e presença deAnti-SSA e SSB e FR, embora sem diferenças signi-ficativas nas manifestações clínicas. A maior dis-função glandular está associada à gravidade e im-pacto da xerostomia, mas o reduzido número dedoentes avaliados não permitiu atingir significân-cia estatística. Futuras avaliações seriadas poderãoconformar estas impressões.

P15 – CARACTERIZAÇÃO DOS RESULTADOS DA

PESQUISA DE CRISTAIS NO LÍQUIDO SINOVIAL

Margarida Coutinho,1 Sara Serra,1

M.João Salvador,1 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterização dos resultados da pes-quisa de cristais em amostras de líquido sinovial edos principais antecedentes patológicos, hábitosmedicamentosos e manifestações clínicas que mo-tivaram a respectiva artrocentese, em doentes quese encontraram em seguimento clínico no serviçode Reumatologia dos Hospitais da Universidadede Coimbra (internamento e consulta externa), du-rante o período decorrido de 1 de Janeiro de 2000a 31 de Dezembro de 2007.Material e Métodos: Pesquisa de cristais em amos-tras de líquido sinovial (por microscopia óptica deluz polarizada), com posterior identificação dosdoentes cujo resultado se revelou positivo e em re-lação aos quais foram pesquisados os seguintesparâmetros: sexo, idade, antecedentes patológi-cos, hábitos medicamentosos, tipo de envolvimen-to articular (monoarticular, oligoarticular ou poli-articular), hipótese de diagnóstico inicial, tipo de

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cristal identificado e diagnóstico definitivo.Resultados: Enviadas para pesquisa e identificaçãode cristais 513 amostras de líquido sinovial, cujascolheitas foram efectuadas durante o período de-corrido entre 1 de Janeiro de 2000 e 31 de Dezem-bro de 2007, das quais apenas 60 (11.7%) revelarama presença de cristais. Cerca de 80% dos doentesera do sexo masculino, sendo a idade média de59.7 anos (ambos os sexos). Relativamente aos an-tecedentes patológicos destes doentes, foi identi-ficada a presença de hiperuricémia em 68.3% doscasos, seguida de hipertensão arterial (58.3%), eti-lismo crónico (30%) e de insuficiência renal agu-da ou crónica agudizada (28.3%), como antece-dentes mais relevantes. Cerca de 25% dos doentescumpria medicação com inibidores da enzima deconversão da angiotensina II (IECA). A maioria dosdoentes apresentava envolvimento oligoarticular(45%) e a hipótese de diagnóstico inicial foi de Ar-trite Microcristalina em 65% dos doentes, seguidade Artrite Reumatóide (15%). As amostras de líqui-do sinovial revelaram, em 55.0% dos casos, a pre-sença de cristais de Urato Monossódico, tendo sidoidentificados cristais de Ácido Úrico em 41.7% dasamostras e cristais de Pirofosfato de Cálcio em ape-nas 3.3%. Conclusões: A pesquisa de cristais no líquido sino-vial (por microscopia óptica de luz polarizada),continua a ser um método simples, pouco dispen-dioso e útil na confirmação diagnóstica e no esta-belecimento do diagnóstico diferencial de uma Ar-trite Microcristalina.

P16 – PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN – A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS

P. Abreu,1 C. Duarte,1 S. Serra,1 P. Monteiro,1

M.J. Saavedra,1 M.J. Salvador,1 A. Malcata1

1. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A púrpura de Henoch-Schonlein (PHS)é uma vasculite sistémica que atinge os vasos depequeno calibre caracterizada pela deposição deimunocomplexos contendo IgA na pele, tracto gas-trointestinal, articulações e rins. Esta vasculiteafecta predominantemente crianças (incidência é± 15 casos/100.000 crianças/ano) sendo a sua his-tória natural menos conhecida em adultos. A suagravidade e manifestações clínicas são diferentesdaquelas das crianças. Objectivo: descrever 2doentes adultos com PHS.Caso clínico 1. Paciente de 58 anos, com antece-

dentes de esquizofrenia paranóide e hipertensãoarterial, com febre, púrpura, dor abdominal, ar-tralgias de ritmo inflamatório e edema dos mem-bros inferiores e região dorsal das mãos com evo-lução de uma semana, após quadro de amigadali-te pultácea. Exame objectivo: apirético, TA =160/110mmHg, com lesões purpúricas nos mem-bros inferiores e região dorsal. Auscultação cardio-pulmonar sem alterações. Exame abdominal: dorà palpação superficial e profunda. Sem sinovite.Exame da orofaringe: hipertrofia amigdalina comexsudado purulento. Analiticamente: leucocitose(19900). PCR e VS elevadas – 9.8 mg/dl e 63 mm (1ªHora), respectivamente. Urina tipo II: sedimentourinário activo - proteínas (138mg/dl), leucócitos(469 uL/campo) e eritrócitos (393 uL/campo). Pro-teinúria 24H = 948.5mg. Estudo do complementonormal, ANA’s e ANCA’s negativos. Foi iniciada an-tibioterapia e corticoterapia (1mg/Kg/dia) obten-do-se boa resposta clínica e analítica.Caso clínico 2.Paciente 46 anos internado por púr-pura, hemorragia intestinal baixa e hematúria comum mês de evolução sem qualquer factor desen-cadeante reconhecido. Havia sido internado pre-viamente em outra unidade de saúde onde foi sub-metido a laparotomia exploradora (por hemorra-gia baixa). Ao exame objectivo: apirético, palidezcutâneo-mucosa, TA=130/70mmHg, com lesõespurpúricas nos membros inferiores. Analiticamen-te: leucocitose (15900), trombocitopenia (127000)e anemia (Hb=10,6 g/dl). PCR e VS normais – 0,86mg/dl e 6 mm (1ª Hora), respectivamente. Urinatipo II: proteínas (129 mg/dl) e eritrócitos (2556uL/campo). Determinação de proteinúria 24H:1124 mg. Estudo do complemento normal, ANA’s,ANCA’s e anti-MBG negativos. Efectuou biópsia re-nal: glomerulonefrite proliferativa mesangial comdepósitos ligeiros de IgA. Iniciou corticoterapia(1mg/Kg/dia) obtendo-se fraca resposta clínica e analítica pelo que iniciou ciclofosfamida(750mg/m2) após realização de biopsia renal. Hou-ve redução dos valores de proteinúria, assim comomelhoria da clínica. Desenvolveu diabetes secun-dária a corticoterapia com necessidade de insuli-noterapia e hipertensão arterial.Conclusões: As vasculites devem ser suspeitas emqualquer doente com doença multissistémica quenão é rapidamente explicada por processo infec-cioso ou neoplásico. A PHS é a vasculite sistémicamais frequente em crianças, habitualmente comcurso benigno da doença apenas necessitando deterapêutica de suporte. Em adultos, a resolução

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espontânea da doença é menos comum e o riscode progressão para a insuficiência renal é elevado.

P17 – VALOR DA CINTIGRAFIA DAS GLÂNDULAS

SALIVARES NA SÍNDROME DE SJÖGREN

F Vinagre,1 AI Santos,2 MJ Santos,1 A Oliveira,3

A Prata,2 J Canas da Silva1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta2. Serviço de Medicina Nuclear, Hospital Garcia de Orta3. Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Garcia de Ora

Objectivos: A cintigrafia das glândulas salivares éum método não invasivo de avaliação funcionaldas glândulas salivares major, aceite como critériode diagnóstico pelo European Study Group for Sjö-gren Syndrome (ESG-SS). Pretendeu-se avaliar odesempenho quer da classificação de Schall querde parâmetros semi-quantitativos de captação doradiofármaco e de resposta a estímulo excretor.Adicionalmente, procurou-se identificar os dadoscintigráficos mais associados à Síndrome de Sjö-gren primária (SSp).Material e Métodos: Estudo observacional de 63doentes do sexo feminino, com suspeita clínica deSS e idade média de 56 ± 12.9 anos. Vinte doentestinham diagnóstico de SSp de acordo com os cri-térios do ESG-SS, os restantes não preenchiam cri-térios. Todos realizaram cintigrafia das glândulassalivares, a qual foi interpretada através da classi-ficação de Schall, do grau de captação do radiofár-maco em ambas as parótidas e submaxilares, damorfologia das curvas actividade-tempo e de índi-ces semi-quantitativos de captação e de excreção.Para avaliar a existência de diferenças estatistica-mente significativas nos parâmetros cintigráficosentre os doentes com e sem critérios para SSp, fo-ram utilizados a regressão logística e o teste deFisher na comparação de parâmetros qualitativose o teste t-Student para os índices semi-quantita-tivos, após confirmada a distribuição normal dosvalores obtidos, através do teste de Kolmogorov--Smirnov.Resultados: Nos doentes com SSp, verificou-seconcordância entre os resultados da cintigrafia e osda biopsia de glândulas salivares minor. Os dadoscintigráficos foram significativamente inferioresno grupo de doentes com SSp, apenas ao nível dasglândulas submaxilares e em todos os parâmetrosavaliados: a) parâmetros qualitativos – grau decaptação do radiofármaco (OR 0,24; 95% CI 0,1 –0,6; p=0,003), morfologia das curvas actividade-

-tempo (OR 0,28 ; 95% CI 0,1 – 0,6 ; p=0,001) e clas-sificação de Schall (OR 10,5; 95% CI 2,9 – 37,8;p<0,001); b) índices semi-quantitativos – captaçãoao 1º minuto (p=0,005), captação máxima (p=0,01),relação entre fixação máxima e ao 1º minuto(p=0,002) e resposta excretora (p=0,006).Conclusões: A classificação de Schall, apesar dequalitativa e observador dependente, tem valordiagnóstico na SSp. As glândulas submaxilares fo-ram as que apresentaram alterações cintigraficasmais marcadas. Os parâmetros semi-quantitativosdemonstraram concordância com a classificaçãode Schall, podendo, no entanto, apresentar valorincremental na interpretação da cintigrafia. É, por-tanto, necessário o estabelecimento de limiares denormalidade que permitam o seu uso na práticaclínica.

P18 – AVALIAÇÃO CARDÍACA DE DOENTES

COM ARTRITE PSORIÁTICA

Mónica Bogas,1 Ana Ribeiro,1 José A. Costa,1

Lúcia Costa,1 Carmo Afonso,1 Domingos Araújo1

1. CHAM, Ponte de Lima

Objectivos: Introdução – As alterações valvularese as perturbações da condução cardíaca são co-nhecidas como fazendo parte das manifestaçõesextra-articulares da espondilite anquilosante. Aprevalência destas manifestações na artrite psoriá-tica (APs) não está bem documentada. Objectivos:Determinar a prevalência e o tipo de alteraçõesecocardiográficas (ECO) e electrocardiográficas(ECG) num grupo de doentes com APs e avaliar asua relação com o compromisso raquidiano infla-matório. Material e Métodos: Estudo transversal de um gru-po de doentes com o diagnóstico de artrite psoriá-tica (segundo critérios CASPER), seguidos em con-sulta de reumatologia, submetidos a avaliação car-díaca por 2 métodos não invasivos, ecocardiogra-ma Doppler e electrocardiograma. Resultados: Avaliados 40 doentes, 22 homens e 18mulheres, com idade média de 46 anos (30-74),tempo de evolução médio de 126 (7-540) meses ecompromisso axial em 20 (50%) doentes. A dilata-ção da raiz da aorta, sinais de insuficiência aórti-ca ligeira, sinais de insuficiência mitral e dilataçãoda aurícula esquerda foram evidentes em 2 (5%),4 (10%), 11 (28%) e 9 (23%) doentes respectiva-mente. Hipertrofia ventricular esquerda ou do sep-to interventricular foi detectada em 6 (15%) doen-

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tes e alterações do relaxamento ventricular esquer-do em 5 (13%) doentes. Sinais de insuficiência tri-cúspide foram encontrados em 6 (15%) doentes.Não se detectaram alterações valvulares compatí-veis com estenose aórtica ou mitral, compromis-so da função sistólica ventricular esquerda, bemcomo, sinais de aortite ou pericardite. Alteraçõeselectrocardiográficas foram encontradas em 15(38%) doentes: bradicardia sinusal em 8 (20%), si-nais de hipertrofia ventricular em 3 (8%), extrassís-toles ventriculares em 2 (5%) e alterações inespe-cíficas da repolarização em 2 (5%). Não se encon-trou associação entre o compromisso axial e as al-terações electro ou ecocardiográficas.Conclusões: As alterações electro ou ecocardio-gráficas encontradas são heterogéneas e vulgar-mente encontradas em amostras de rastreio da po-pulação em geral. Embora mais frequentes nestegrupo, quer as alterações electro como ecocardio-gráficas não estiveram associadas de forma esta-tisticamente significativa à espondilite psoriática.

P19 - CASUÍSTICA DE TUBERCULOSE EM DOENTES A

CUMPRIR TERAPÊUTICA ANTI-TNFα.: 7 ANOS DE

EXPERIÊNCIA NO SERVIÇO DE REUMATOLOGIA DO

HOSPITAL DE EGAS MONIZ

L. Pinto,1 P. Nero,1,2 C. Ribeiro,1 J.C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do CHLO, EPE-HospitalEgas Moniz, Lisboa2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Neste trabalho estudámos as ca-racterísticas dos doentes reumáticos que desen-volveram tuberculose sob terapêutica com anti--TNF-α. Material e Métodos: Foram consultados os pro-cessos clínicos entre 2000 a 2007 de todos os doen-tes, com qualquer doença reumática, que cumpri-ram terapêutica com Adalimumab, Infliximab eEtanercept, tendo sido colhidos dados demográfi-cos, clínicos e terapêuticos. Resultados: Foram analisados 137 doentes, comuma idade média de 52, 8 anos ± 14,8. Destes doen-tes 85% eram do sexo feminino. Das patologias tra-tadas com estes agentes salientamos: 68,9% (93) dedoentes com Artrite Reumatóide (AR); 16,8% (23)com Espondilite Anquilosante (EA); 10,9% (15)com Artrite Psoriática (AP); 1,5% (2) com Espondi-loartropatia associada a doença inflamatória in-testinal (SPA associada a DII) e ainda 1,5% (2) com

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Artrite Idiopática Juvenil (AIJ). Relativamente aosfármacos biológicos usados como primeiro agen-te na terapêutica destes doentes, as percentagensforam as seguintes: 59% iniciaram tratamento comInfliximab, 46% com Etanercept e 24% com Adali-mumab. Durante os 7 anos, que decorreram des-de o início do uso desta medicação, foram diagnos-ticados no nosso serviço 6 casos de tuberculose(TB); 4 doentes estavam medicados com Inflixi-mab (número de doentes expostos 59; 6,7%), 1doente com Etanercept (número de doentes ex-postos 46; 2,2%) e 1 doente com Adalimumab (nú-mero de doentes expostos 24; 4,2%). Conclusões: A tuberculose é uma doença endémi-ca em Portugal. Muitos dos nossos doentes inicia-ram terapêutica com fármacos anti- TNF-α antesdo estabelecimento de recomendações para odiagnóstico e tratamento da tuberculose latente eactiva nas doenças inflamatórias articulares can-didatas a estes tratamentos, que a Sociedade Por-tuguesa de Reumatologia em conjunto com a So-ciedade Portuguesa de Pneumologia têm vindo adesenvolver com o objectivo de evitar esta doença.

P20 – ARTRITE PSORIÁTICA E RISCO

CARDIOVASCULAR: AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE

DOENTES

Mónica Bogas,1 Ana Ribeiro,1 José A. Costa,1

Carmo Afonso,1 Lúcia Costa,1 Domingos Araújo1

1. CHAM, Ponte de Lima

Objectivos: 1) Avaliação do risco cardiovascularem doentes com artrite psoriática considerandomúltiplos factores de risco (FR) para doença coro-nária (DC) de acordo com os modelos de prediçãode Framingham. 2) Avaliação do número de doen-tes em que a diminuição do LDL-C deveria ser con-siderada, atendendo às recomendações do Natio-nal Cholesterol Education Program Adult Treat-ment Panel III (ATPIII). 3) Avaliação da prevalên-cia da síndrome metabólica segundo a definiçãoda International Diabetes Federation.Material e Métodos: Estudo transversal de 43doentes com APs seguidos em consulta de reuma-tologia. Efectuado registo de características demo-gráficas, hábitos tabágicos, antecedentes patológi-cos, terapêutica actual, tensão arterial média, pa-râmetros antropométricos, glicemia em jejum,perfil lipídico e proteína C reactiva. Foi calculadoo score de risco global segundo Framingham coma soma de pontos atribuídos a idade, colesterol to-

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tal, HDL-C, TA sistólica, a presença de diabetes econsumo de tabaco. Considerou-se a necessidadede redução de LDL-C para < 160mg/dl se 0-1 FR, < 130 mg/dl se 2 ou + FR e 94 ou mulher >80cm,triglicerideos ≥ 150 mg/dl, HDL se homem < 40 oumulher < 50 mg/dl, TA ≥ 130/ 85 mmHg e glicemia>100mg/dl (ou tratamento específico para algumdestes factores)Resultados: Idade média 50,5 (32-74) anos, 49%do sexo feminino, duração média da APs 130,4 (7--540) meses, 82% em tratamento com DMARDs e69% sob corticoterapia. A prevalência total de co-lesterol ≥180mg/dl, hipertensão arterial ( TA≥140/90), obesidade (IMC≥30), diabetes mellitus(glic ≥126mg/dl), triglicerídeos ≥150mg/dl, taba-gismo e HDL ≤40 mg/dl foi de 74%, 47%, 28%, 23%,18%, 14% e 6% respectivamente. De acordo com oATPIII, dos 43 doentes, 8 (19%) tinham 2 ou + FR e7 (16%) DC ou equivalente. Usando o modelo depredição de risco de Framingham o risco aos 10anos para DC de novo foi em média de 14,0% noshomens e 7,2% nas mulheres. Segundo esta esca-la, se a APs fosse considerada um factor de riscoadicional independente, equivalente ao tabagis-mo (2 pontos), esse risco passaria a ser em média19,1 % nos homens e 9,5% nas mulheres. A tera-pêutica adicional hipolipemiante para diminuirvalor de LDL-C foi necessária em 15 (35%) doen-tes. A síndroma metabólica estava presente em 11(26%) doentes, 5 (23%) do sexo masculino e 6 (29%)do sexo feminino.Conclusões: Embora com uma amostra pequena,este estudo mostra um número elevado de doen-tes em risco de DC em 10 anos. Quando compara-da com outros estudos em doentes com APs, a pre-valência dos principais factores de risco no nossogrupo de doentes é mais elevada. Contudo, embo-ra não emparelhadas, o risco estimado, bem comoa prevalência dos factores de risco, na nossa amos-tra, não foram, muito diferentes das calculadaspara amostras populacionais em acções de ras-treio no nosso país.

P21 – BIOPSIA DE GORDURA ABDOMINAL NA PESQUISA

DE SUBSTÂNCIA AMILÓIDE – ESTUDO RETROSPECTIVO

P. Abreu,1 J. Garcia,1 A. Malcata1

1. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Avaliação epidemiológica, clínica, ana-lítica e terapêutica dos pacientes submetidos abiopsia de gordura abdominal para pesquisa de

substância amilóide.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos de doentes internados num servi-ço de Reumatologia no período de 2000 a 2007,submetidos a biopsia de gordura abdominal.Resultados: Foram incluídos 27 doentes, com umamédia de idade de 62,9±11,6 anos, dos quais 81,5%eram do sexo feminino. A patologia mais frequen-temente associada nestes doentes foi a Artrite Reu-matóide (74,1%). O motivo mais frequentementeassociado à pesquisa de substância amilóide foiem 88,9% dos casos a persistência de elevação deVS e PCR, seguido da associação de anemia e ele-vação dos marcadores de inflamação em 81,5%.De salientar que 59,3% do número total de doen-tes tinham desenvolvido proteinúria. O resultadopara pesquisa de susbtância amilóide na gorduraabdominal foi positivo em 2 pacientes (7,41%).Destes, um foi submetido a biopsia renal tendosido feito o diagnóstico de amiloidose AA. Do nú-mero total de pacientes, 4 foram submetidos, aposteriori, a biopsia renal tendo sido feito em 2 de-les o diagnóstico de amiloidose AA, 1 doente comdiagnóstico de amiloidose primária AL e outro comglomerulonefrite mesangioproliferativa com ne-frite intersticial ligeira crónica.Conclusões: Neste estudo, verificou-se haver umpredomínio do sexo feminino (ratio F:M 4,4) sendoa patologia mais prevalente nestes doentes a artri-te reumatóide (74,1%). Apenas numa minoria dospacientes a biopsia permitiu fazer o diagnóstico.

P22 - ESTUDO COMPARATIVO DOS ANTICORPOS

ANTI-CCP E FACTORES REUMATÓIDES NO

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ARTRITE CRÓNICA

P. Abreu,1 L. Inês,1 C. Duarte,1 R. Cunha,2

F. Rodrigues,2 A. Malcata1

1. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra 2. Patologia Clínica, Hospitais da Universidade deCoimbra

Objectivos: Comparar o valor clínico dos anticor-pos anti-CCP e dos Factores Reumatóides (FR) sé-ricos no diagnóstico diferencial da artrite crónica.Material e Métodos: Foram incluídos doentes con-secutivos com Artrite Reumatóide (AR), cumprin-do os critérios de classificação do ACR [Grupo 1] edoentes com oligo/poliartrite crónica não reuma-tóide [Grupo 2], seguidos no Serviço de Reumato-logia dos HUC. Foi efectuada colheita de sangue atodos os doentes, com subsequente pesquisa séri-

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ca de anti-CCP (Teste EliA com utilização de pép-tidos citrulinados sintéticos de 2ª geração) e de FR(Teste N Latéx RF, através de imunonefelometria departículas reforçadas e o Teste Waaler-Rose Kit poruma reacção Waaler-Rose modificada em placa).Foi calculada a sensibilidade, especificidade, valorpreditivo positivo (VPP) e o valor preditivo negati-vo (VPN) dos anti-CCP e FR para o diagnóstico deAR, usando como controlo o grupo de doentes comartrite crónica não reumatóide.Resultados:Foram incluídos 217 doentes, dos quais122 com AR [Grupo 1] e 95 sem AR [Grupo 2], 75,1%são do sexo feminino e a média de idade é de 55,9anos. No grupo 2, os diagnósticos mais frequentessão: oligo/poliartrite não classificada (16,6%), artri-te psoriática (10,6%), lúpus eritematoso sistémico(4,6%) e doença indiferenciada do tecido conjun-tivo (3,2%). Os FR foram positivos em 64,8% dosdoentes do grupo1 e em 15,1% dos do grupo 2. Osanti-CCP foram positivos em 68% e 13,7% dosdoentes dos grupos 1 e 2, respectivamente. A pre-valência de anti-CCP em doentes com AR serone-gativa foi de 9,8%. Para o diagnóstico de AR, a sen-sibilidade dos testes foi de 66,9% e 68%, para os FRe anti-CCP, respectivamente. A especificidade foide 84,9% e de 86,3%, para os FR e os anti-CCP, res-pectivamente. O VPP foi de 84,9% para os FR e de86,5% para os anti-CCP. O VPN foi de 66,9% e de67,8%, respectivamente para os FR e anti-CCP.Conclusões:Neste estudo, os anti-CCP não demons-traram maior valor clínico do que os FR para diferen-ciar os casos de AR de outras artrites crónicas.

P23 – FIBROSE PULMONAR EM DOENTE COM

ARTRITE REUMATÓIDE E SUBEROSE

Rui Figueiredo,1 Claudia Miguel,1 Felipe Barcelos,1

Dina Medeiros,1 Miguel Sousa,1 Eugénia Simões1

1. Intituto Português de Reumatologia

Objectivos: A fibrose pulmonar é um achado co-mum a varias patologia e é uma complicação clás-sica da Artrite Reumatóide. Várias outras patolo-gias podem ser igualmente responsáveis por fibro-se pulmonar, incluindo a suberose pulmonar. A di-

POSTERS

ficuldade de definir a etiologia pode ser ultrapas-sada pela biopsia pulmonar, o que é feito com pou-ca frequência dado ser uma técnica invasiva e nãoalterar significativamente o prognóstico ou a tera-pêutica. Baseado no caso clínico realizamos umarevisão desta patologia.Material e Métodos: Doente sexo feminino 65 anoscom Artrite Reumatóide com 10 anos de evolução,corticeira desde a adolescência. Refere em 2005dispneia para esforços progressivamente menoresde início insidioso e evolução rápida (em 6 mesespassou de esforços máximos para médios esfor-ços). Por esse motivo foi observada em várias con-sultas incluindo consulta de Reumatologia tendosido iniciada Hidroxicloroquina e Azatioprina.Resultados: Realizou estudo com TAC que reveloufibrose pulmonar bilateral, espirometria que reve-lou insuficiência respiratória parcial e Ecocardio-grama que evidenciou hipertensão pulmonar mo-derada. Com a terapêutica instituída revelou esta-bilização clínica desde a altura.Conclusões: A fibrose pulmonar é uma complica-ção possível da Artrite Reumatóide, de alguma te-rapêutica utilizada (ex: Metotrexato) ou de outrosdiagnósticos possíveis (ex: Suberose pulmonar). Oseu diagnóstico precoce permite um melhor trata-mento com melhoria do prognóstico, no entantoé uma complicação com uma mortalidade e mor-bilidade significativas.

P24 – TERAPÊUTICA ANTI-TNFα (INFLIXIMAB) EM

UVEÍTES REFRACTÁRIAS

Ana Bastos,1 Margarida Miranda,1

Catarina Resende,2 Cidalina Ferreira,1

Mário Viana Queiroz,2 M. Monteiro Grillo1

1. Clínica Universitária de Oftalmologia– Faculdade deMedicina de Lisboa.2. Clínica Universitária de Reumatologia– Faculdadede Medicina de Lisboa.

Objectivos: A terapêutica anti-factor necrose tu-moral α (anti-TNFα) pode ser utilizada em doen-tes com processos inflamatórios oftalmológicosgraves, em que a terapêutica com corticóides e imu-nossupressores (azatiopriana. metotrexato, ciclos-porina) é ineficaz ou contra-indicada. Os autoresavaliam a eficácia do Infliximab, um anticorpo anti-TNFα, em uveítes graves refractárias à corticotera-pia e aos imunossupressores convencionais. Material e Métodos: Efectuou-se a análise de 5doentes com uveíte bilateral (4 com doença de

CCP CCP CCP ou FR + FR FR WR

Sensibilidade 68 66,4 71,3 66,9 32,2Especificidade 86,3 81,7 92,3 84,9 91,4VPP 86,5 82,6 91,8 84,9 82,6VPN 67,8 65 72,7 66,9 51,5

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Behçet; 1 com uveíte idiopática) refractária à tera-pêutica combinada de corticóides e imunossu-pressores múltiplos (ciclosporina, azatioprina oumetotrexato). Foi instituída terapêutica endove-nosa com Infliximab na dose de 5mg/Kg às 0, 2 e 4semanas e, depois, de 6 em 6 semanas. O tempo deseguimento foi, em média, de 21 meses (média de17 infusões). Avaliou-se o resultado com base nograu de inflamação intra-ocular, acuidade visual,e ainda redução da dose ou paragem dos corticói-des e imunossupressores. Resultados: Todos os doentes demonstraram me-lhoria da acuidade visual e da inflamação intra-ocular. Em relação à terapêutica registou-se umadiminuição da dose da corticoterapia em 3 doen-tes e a sua suspensão em 2 doentes, mantendo-seos imunossupressores em doses ligeiramente me-nores. Dois doentes encontram-se em remissãocompleta, pela primeira vez desde o início do seuseguimento na consulta de Oftalmologia. Após ci-rurgia de catarata, um doente desenvolveu uveíteexuberante, tendo o Infliximab permitido contro-lar a inflamação pós-operatória. Não se observa-ram efeitos adversos com esta terapêutica. Conclusões: O Infliximab demonstrou eficácia nocontrole das uveítes refractárias, permitindo a re-missão completa em 2 doentes. Obteve-se umamelhor qualidade de vida dos doentes quer em ter-mos da acuidade visual quer na redução dos efei-tos secundários da corticoterapia. É também derealçar o papel do anti TNF no controle da infla-mação pós-cirúrgica.

P25 – CASUÍSTICA DE UM ANO DE CONSULTA DE

REUMATOLOGIA NO HOSPITAL DE FARO – SETEMBRO

DE 2006 A SETEMBRO DE 2007Rui Vicente Miranda,1 Judith Conesa,2

Graça Sequeira,3 Idálio Mendonça3

1. C.S. Tavira - USF Balsa2. C.S. Loulé3. Hospital Central de Faro

Objectivos: Descrever as várias actividades realiza-das pela Reumatologia no Hospital de Faro (DrªGraça Sequeira), em particular contabilizar o nú-mero e tipo de consultas de Reumatologia realiza-das no período de 18 de Setembro de 2006 a 18 deSetembro de 2007. Determinar qual a sua prove-niência. Caracterizar os utentes desta consultaquanto à idade, sexo e local de residência; avaliarquais os diagnósticos mais frequentes verificados.

Material e Métodos: Estudo descritivo, transversal,cuja população alvo foram os 365 utentes que re-correram à Consulta de Reumatologia do HDF du-rante o período de um ano (18-10-06 a 18-10-07).Para colheita dos dados foram revistos os registosclínicos informáticos desta Consulta (que utiliza osistema SAM). Para a análise estatística utilizou-seo programa informático Excel.Resultados: Neste primeiro ano de consulta foramrealizadas 827 consultas tendo sido avaliados 365utentes. Das consultas realizadas 45% foram pri-meiras consultas, sendo que 39,5% foram referen-ciados após avaliação noutra consulta do HDF,32,3% foram referenciados pelos médicos de famí-lia (Centro de Saúde). A média de idade dos uten-tes avaliados é de 53,7 anos e 85 % são do sexo fe-minino. Quanto à área de residência (por conce-lho) verificou-se que 34,2% residem em Faro, 20,3%em Olhão, 15,3% em Loulé, 7,4% em Tavira e 6,8%em Albufeira. Quanto aos diagnósticos mais veri-ficados constatou-se que os 5 grupos de patologi-as mais frequentes foram: doenças difusas do te-cido conjuntivo (n=92), síndromes de dor e fadigacrónica (n=68), osteoartrose (n=55), espondilartri-tes sero-negativas (n=28) e doenças reumáticas pe-riarticulares (n=20). Foram ainda prestados outrosserviços, tais como a realização de técnicas reuma-tológicas e ecografias do aparelho locomotor. Pro-cedeu-se também ao internamento de doentes(nas situações de maior gravidade) e prestação deapoio a doentes internados por outras especialida-des. Realizaram estágios formativos 5 internos doInternato de Medicina Geral e Familiar.Conclusões: Salienta-se o facto de, neste ano deconsulta, 45% das consultas terem sido primeirasconsultas. Por outro lado os doentes foram sobre-tudo referenciados de outras consultas de espe-cialidade hospitalar. A distribuição dos doentespor sexo e idade está de acordo com outros dadosepidemiológicos, assim como verificou-se que osgrupos de patologias mais frequentes foram asdoenças difusas do tecido conjuntivo, a fibromial-gia e a osteoartrose.

P26 – A INFLUÊNCIA DO TABACO NA FUNÇÃO E

QUALIDADE DE VIDA NA ARTRITE REUMATÓIDE

Sofia Ramiro,1,2 Rita Marques,1 Sofia Pedro,1

Frederick Wolfe,3 Kaleb Michaud,3,4

Elizabeth Benito Garcia1

1. Bioepi Clinical and Translational Research Center,Oeiras, Portugal

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2. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal3. National Databank for Rheumatic Diseases4. Departmento de Reumatologia, Universidade de Nebraska Medical Center, Omaha, NE

Objectivos: A influência do tabaco na função dedoentes com Artrite Reumatóide (AR) tem sidocontroversa. Alguns estudos revelam uma associa-ção negativa entre o tabaco e a função, enquantooutros mostram uma melhoria da função. Nenhumestudo avaliou especificamente a qualidade devida entre fumadores com AR. Investigou-se o im-pacto do tabagismo actual e passado na função ena qualidade de vida entre doentes com AR.Material e Métodos: 845 doentes portugueses comAR (81 fumadores actuais, 66 ex-fumadores e 698não fumadores), participaram desde 2003 num es-tudo longitudinal bianual de consequências de AR,o NDB Portugal. Os questionários incluíam variá-veis sociodemográficas, características da doença,sintomas incluindo dor, função e medidas de qua-lidade de vida. Estudou-se a influência do tabagis-mo (variáveis desfazadas) actual e no passado(comparativamente com os não fumadores) nafunção (HAQ) e qualidade de vida (EuroQOL, com-ponente físico do SF-36 – PCS, componente men-tal do SF-36, MCS) por equações de estimação ge-neralizada univariadas, seguidas de multivariadas,para ajustar para potenciais confundidores (desfa-

POSTERS

zados). O melhor modelo final foi escolhido parase retirarem as conclusões e identificarem outrasvariáveis que pudessem estar associadas com oHAQ ou EuroQOL. Obteve-se um nível de signifi-cância de 5% e intervalos de confiança (IC) de 95%.Resultados: As análises univariadas mostraramque, tanto o HAQ (β -0.22, CI -0.30, -0.13), como oEuroQOL (β 0.05, CI 0.00, 0.10) tiveram uma asso-ciação estatisticamente significativa com o tabaco,idade, sexo, comorbilidades, nível educacional, es-cala da dor, gravidade global da doença, satisfação,escala do sono, duração da AR e estado civil. OQuadro 1 mostra os resultados do melhor modelofinal obtido após a inclusão de todas estas variá-veis significativas e forçando os hábito tabágicos,a idade e o sexo para os modelos. Não se verificounenhuma associação entre o tabagismo actual oupassado e o HAQ ou EuroQOL. Estes resultadosnão foram diferentes quando analisámos outrasmedidas de qualidade de vida, como o PCS e MCS.A idade, dor, duração da AR e estado de saúde as-sociaram-se a piores valores de HAQ, enquantoque homens, valores mais elevados de EuroQOL ede gravidade da doença tiveram um impacto po-sitivo na função. A gravidade global, comorbilida-des, estado de saúde, escala de sono, satisfação eHAQ associaram-se negativamente com o Euro-QOL.Conclusões: Não se observou, no nosso estudo,nenhuma associação entre o tabagismo actual ou

Quadro 1.

Análise multivariada do HAQ β Análise multivariada do EuroQOL β(IC 95%) (95% IC)

Variáveis N = 528 (média 2.6 observações) N = 664 (média 2.2 observações)Ex vs nunca fumadores -0.10 (-0.23, 0.03) 0.02 (-0.03, 0.07)Actuais vs nunca fumadores -0.08 (-0.21, 0.04) -0.01 (-0.05, 0.04)Idade 0.01 (0.0,0.01) 0.00 (0.00, 0.00)Sexo -0.23 (-0.38, -0.09) 0.02 (-0.03, 0.06)EuroQOL -0.14 (-0.26, -0.02) N/AGravidade global -0.06 (0.04, 0.08) -0.02 (-0.03, -0.01)Escala da dor (EVA) 0.04 (0.03, 0.06) N/ADuração (transformação 0.12 (0.08, 0.17) N/Anatural Logarítmica da duração)Comorbilidades N/A -0.02 (-0.03, -0.01)Estado de saúde 0.12 (0.06, 0.19) -0.06 (-0.10, -0.02)Escala do sono (EVA) N/A -0.01 (-0.01, 0.00)Satisfação N/A -0.03 (-0.05, -0.10)HAQ N/A -0.12 (-0.15, -0.09)

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passado e a função, medida pelo HAQ, ou a quali-dade de vida.

P27 – FIBROMIALGIA: A OUTRA FACE DA DOR

Inês Cunha,1 D. Sá,2 A. Barcelos1

1. Unidade Reumatologia do Serviço de Medicina In-terna do Hospital infante D.Pedro Aveiro2. Serviço de Medicina Interna do Hospital infanteD.Pedro Aveiro

Objectivos: Caracterizar os doentes com Fibro-mialgia seguidos na consulta de Reumatologia doHospital Infante D. Pedro; identificar distúrbios//patologias associadas; avaliar o impacto da doen-ça na qualidade de vida, e a sua relação com os da-dos sócio-demográficos e terapêutica instituída. Material e Métodos: Estudo prospectivo, aberto,protocolado incluindo doentes com o diagnósticode Fibromialgia, segundo os critérios ACR1990, eexcluindo doentes com conectivites.Foram regis-tados dados sócio-demográficos (sexo, idade, es-tado civil, escolaridade e situação profissional); in-tensidade da dor e fadiga na última semana, atra-vés de uma escala visual analógica (EVA); terapêu-tica farmacológica e não farmacológica realizada.Todos os doentes responderam ao FibromyalgiaImpact Questionnaire (FIQ) versão portuguesa. Fo-ram estudadas correlações entre diversas variáveise comprovada a normalidade da população peloteste de Kolmogorov-Smirnov-Lilliefors. O teste tStudent foi aplicado para comparar dados para-métricos entre amostras. Resultados: Foram obser-vados 51 doentes, 48 sexo feminino, com uma ida-de média de 50,8±9,17A. A idade média ao inícioda doença foi de 36,16±10,45 anos. 66,7% dosdoentes tinham o ensino básico e 7,8% ensino su-perior. 80,4% eram casados e 56,9% trabalhavamactivamente.Resultados: Apresentavam uma média de 15,8±2pontos fibromiálgicos dolorosos.A intensidade dador e fadiga na EVA foi de 6±2 e 7±2 cm, respecti-vamente.Sintomas associados mais frequentes fo-ram: distúrbios do sono, depressão e parestesias(84,3; 82,4 e 74,5%, respectivamente). A média doFIQ foi 65,24±17,4, cerca de metade dos doentesapresentaram valores superiores a 70. Mais de 80%tinham sido medicados com AINE’s, à data do es-tudo apenas 39,2% os tomavam.A ciclobenzapri-na fazia parte do tratamento de 80,4% dos doen-tes. Metade dos doentes praticava exercício físico.Verificou-se diferença com significado estatístico

nos valores do FIQ entre esses doentes e os que nãofaziam exercício (59,3±18,7 versus 71,4±13,7;p=0,011). Não se identificaram diferenças estatis-ticamente significativas nos valores do FIQ entreos doentes deprimidos e não deprimidos (p=0,5),entre os que realizavam fisioterapia e os que nãofaziam (p=0,7) e entre os activos e os inactivos(p=0,8).Constatou-se uma fraca correlação entre osvalores do FIQ e as idades actual, e ao início dadoença, a escolaridade e número de pontos sensí-veis.Houve uma correlação positiva significativaentre o FIQ e a intensidade da dor e da fadiga.Conclusões: Fibromialgia é uma patologia com-plexa com reflexos negativos acentuados na qua-lidade de vida dos doentes e seus familiares próxi-mos.Surge em idade activa podendo comprome-ter o futuro profissional dos indivíduos afectados.Os distúrbios do sono, do tracto gastro-intestinal,patologia da tiróide e síndromes depressivos sãofrequentes A doença deverá ser abordada e trata-da de forma multidisciplinar.De acordo com a li-teratura, o exercício físico é fundamental no trata-mento destes doentes.

P28 – CONCORDÂNCIA DIAGNÓSTICA ENTRE O

MÉDICO QUE SOLICITA A CONSULTA DE

REUMATOLOGIA E O REUMATOLOGISTA

Dulcídia Sá,1 Inês Cunha,1 Anabela Barcelos1

1. Hospital Infante D.Pedro – Aveiro, Unidade de Reumatologia

Objectivos: As doenças reumáticas são comuns naprática clínica geral, em particular em ambientehospitalar. Os sintomas músculo-esqueléticos sãoa primeira manifestação de doenças sistémicas,não só doenças auto-imunes, mas também endó-crinas, neoplásicas ou infecciosas. O número dedoentes referenciados à consulta de Reumatologiatem vindo a aumentar nos últimos anos verifican-do-se que a informação fornecida pelos médicosque enviam o doente à consulta é, na maioria dasvezes, insuficiente. Material e Métodos: Objectivo: Analisar o grau decorrelação entre o diagnóstico de presunção dadopelo médico que solicitou a consulta e o diagnós-tico definitivo estabelecido pelo Reumatologistaem doentes com patologia músculo-esqueléticaMétodos: A maioria dos pedidos de primeira con-sulta fazem-se acompanhar de um conjunto de in-formações clínicas, laboratoriais e imagiológicasque é submetido a uma apreciação preliminar, de

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forma a hierarquizar prioridades de atendimentoentre o volume das solicitações. Analisaram-se to-dos os processos clínicos dos doentes observadospela primeira vez em consulta de Reumatologia noperíodo compreendido entreJaneiro de 2006 e Ja-neiro de 2008 (24 meses), no Hospital Infante D. Pe-dro – Aveiro. Foram registados todos os diagnósti-cos dados pelos médicos que solicitaram aconsulta e os realizados pelo Reumatologista. Ana-lisaram-se as diferentes patologias reumáticas en-contradas e procedeu-se à correlação entre o diag-nóstico de presunção e o diagnóstico definitivo. Resultados: Foram observados neste período 700doentes pela primeira vez (484 do sexo feminino e216 do sexo masculino). A idade média dos doen-tes foi de 48 anos, sendo a média de idades no sexofeminino de 47 e no sexo masculino de 48 anos. Asespecialidades que mais solicitaram a consulta deReumatologia foram a Medicina Geral e Familiar(49,4%); Ortopedia (17,6%) e Medicina Interna(14,9%). Em 257 doentes (37%) houve concordân-cia entre o diagnóstico de presunção dado pelomédico que solicitou a consulta e o diagnósticodefinitivo estabelecido pelo ReumatologistaConclusões: É evidente a diferença importante emalguns diagnósticos tais como patologia inflama-tória versus degenerativa; patologia inflamatóriaversus peri-articular com diferentes abordagensterapêuticas e prognóstico. Torna-se assim impe-rativo o desenvolvimento de um modelo de refe-renciação eficaz de forma a permitir uma utiliza-ção adequada do número insuficiente de reuma-tologistas existentes no nosso país.

P29 – NÍVEIS SÉRICOS ALTOS DE ANTI-DSDNA QUADRUPLICAM O RISCO DE NEFRITE EM DOENTES

COM LES Cátia Duarte,1 Maura Couto,1 Luís Inês,1

Fernando Rodrigues,2 Joana Capelo,3 Claudia Vaz,1

Pedro Abreu,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra2. Serviço de Patologia Clínica, Hospitais da Universidade de Coimbra3. Serviço de Medicina Interna, Hospital de S. Teotónio, Viseu

Objectivos: Avaliar o valor preditivo para envolvi-mento renal dos níveis séricos de anticorpos anti-dsDNA em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémi-co (LES) seguidos no Serviço de Reumtaologia dos

Hospitais da Universidade de Coimbra (SR-HUC).Material e Métodos: Foram incluídos doentes daCoorte de Lúpus de Coimbra, composta por 165doentes cumprindo critérios de classificação ACRpara LES e seguidos prospectivamente no SR-HUC.Foram excluídos os doentes sem doseamentos se-riados de anti-dsDNA no Laboratório de Imunolo-gia dos HUC e aqueles com nefrite não documen-tada por biópsia renal neste hospital ou diagnos-ticada antes de 1998. Foram analisados os dosea-mentos séricos de anti-dsDNA realizados duranteo seguimento clínico, desde 1998. O doseamentode anti-dsDNA foi efectuado através do método deFarr (RIA) no Laboratório de Imunologia dos HUC.Foi calculado o valor preditivo positivo (VPP) e ne-gativo (VPN) para glomerulonefrite lúpica (GN) dadetecção de níveis séricos altos de anti dsDNA (≥40UI /ml) em pelo menos uma determinação, du-rante o seguimento. Foi calculado o Odds Ratio(OR) e analisadas as diferenças entre grupos peloteste Chi-quadrado. O nível de significância esta-tística considerado foi de 5%.Resultados:Foram incluídos 129 doentes, dos quais91,5% eram do sexo feminino, (média da idadeactual = 41,95 anos; duração média de doença=9,79anos). Apresentaram envolvimento renal 38,8% dosdoentes (GN I =2%; GN II =14%; GN III =22%; GNIV =60%; GN V =2%). Do total de doentes, 93% apre-sentaram pelo menos uma determinação de anti-dsDNA positiva (>4 UI/ml) e 58,9% apresentaramníveis >40 UI/ml. Verificou-se um aumento de ris-co de envolvimento renal nos doentes com anti-ds-DNA >40UI/ml, em comparação com os restantesdoentes (p <0,05; OR=4,3). O VPP e o VPN de anti--dsDNA elevado para envolvimento renal foi de51,3% e 79%, respectivamente. Não houve diferen-ça na prevalência dos níveis elevados de anti-dsDNA entre as classes histológicas de GN lúpica.Conclusões: Este estudo evidencia que em doentescom LES a presença de níveis séricos altos de anti-dsDNA quadruplica o risco de envolvimento renal.

P30 – FIBROMIALGIA – INTERNAR PORQUÊ?Maria João Saavedra,1 Jorge Garcia,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia – Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Introdução: A fibromialgia (FM) é umquadro sindromático muito frequente na práticaclínica. Apesar da dor generalizada ser uma forma

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de apresentação comum, a sua clínica pode sermuito variada podendo sugerir uma panóplia vas-ta de diagnósticos. Objectivos: Caracterizar os in-ternamentos cujo diagnóstico de alta foi FM.Material e Métodos: Foram revistos os interna-mentos no Serviço de Reumatologia, com o diag-nóstico de alta de FM, de 2003 a 2007.Resultados: Estiveram internados no Serviço deReumatologia durante este período 62 doentescom o diagnóstico de FM; 22 dos quais com o diag-nóstico principal de FM e 40 com o diagnóstico deFM associado a outras patologias. Dos 22 doentescom diagnóstico principal de FM, 16 são do sexofeminino e 6 do sexo masculino. A média de tem-po de internamento foi de 11,72 dias. O motivo deinternamento foi variável: artralgias e mialgiasinespecíficas (n=8), dor generalizada (n=4), lom-balgia (n=4), lesões cutâneas e aftose oral (n=2), as-tenia (n=2), história de abortos de repetição e AVC(n=1), e fenómeno de Raynaud (n=1). A suspeitaclínica inicial foi na maioria dos casos de doençado tecido conjuntivo (n=16) e num menor núme-ro de EASN/EA (n=6). Durante o período de inter-namento todos os doentes realizaram estudo deacordo com a suspeita diagnostica inicial. Após aalta todos os doentes foram orientados para umaconsulta de Reumatologia. Alguns doentes foramtambém enviados a outras consultas; Actualmen-te, 7 doentes mantêm seguimento em consulta deReumatologia. Nos 40 doentes com diagnóstico deFM associado a outras patologias, as mais frequen-tes foram AR (25%) e EASN/EA (20%).Conclusões: O diagnóstico de FM nem sempre éfácil porque a sua apresentação clínica é variadapodendo sugerir mesmos aos observadores maisexperientes outros diagnósticos que deverão serexcluídos.

P31 – ANÁLISE DE DOENTES COM ARTRITE

PSORIÁTICA A EFECTUAR TERAPÊUTICA ANTAGONISTA

DO TNFα EM CINCO CENTROS DE REUMATOLOGIA

PORTUGUESES

J Costa,1 E Sousa,2 P Machado,3 F Mourão,4

M Bogas,1 C Ribeiro,4 L Pinto,4 A Ribeiro,1

W Castelão,4 F Pimentel,4 A Barcelos5

1. Centro Hospitalar do Alto Minho, Director: D Araújo2. Hospital Santa Maria, Director: M Viana de Queiroz; 3. Hospitais da Universidade de Coimbra, Director: AMalcata4. CHLO - Hospital Egas Moniz, Director: J Branco 5. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D Pedro

Objectivos: Apresentar e analisar os dados dosdoentes com Artrite Psoriática a efectuar terapêu-tica antagonista do TNFα em Serviços/Unidadesde Reumatologia Portugueses. Foi realizado um re-gisto de todos os doentes com Artrite Psoriática apartir de um inquérito preenchido em Janeiro de2008 em cinco Serviços/Unidades de Reumatolo-gia do Continente (Hospital Santa Maria, Hospitaisda Universidade de Coimbra, CHLO - HospitalEgas Moniz, e Hospital Infante D. Pedro). Material e Métodos: Foram caracterizadas variá-veis demográficas, clínicas e laboratoriais. Foramregistados 45 doentes sendo 58% do sexo mascu-lino. A idade média foi de 47,6 ± 11,5 anos e a du-ração média da doença de 13 anos (9-19). Nestegrupo, 87% apresentam envolvimento periférico(DAS 28 < 2,32 em 54% e DAS 28 ≥ 2,32 em 46%);6,7% envolvimento axial isolado (BASDAI de 1,36)e 98% apresentam manifestações extra-articula-res: cutâneas (n=40) e oculares (n=4). Resultados: Referência a história familiar de psoría-se cutânea em 17 casos. O HLA B27 é positivo em6,7%, negativo em 35,6% e não foi solicitado em55,6% dos doentes. O factor reumatóide IgM foi ne-gativo em 55,6% dos doentes. Verificou-se uma re-dução estatisticamente significativa dos valores daVS e PCR, comparando a avaliação prévia ao trata-mento e a registada na última observação, bemcomo da avaliação global da doença pelo doente. Aprova de Mantoux foi realizada em 39 doentes antesde iniciar a terapêutica com antagonista do TNFα, 4não a efectuaram e em 2 doentes não dispomos deinformação. Dos 39 doentes que realizaram a provade Mantoux, esta foi negativa em 32, positiva em 5 eem 2 doentes não dispomos de informação. Dos 5doentes com prova de Mantoux positiva, 3 forammedicados com isoniazida. Dos 45 doentes regista-dos, 22 (48,9%) estão actualmente medicados como etanercept, 14 (31,1%) com infliximab e 8 (17,8%)com o adalimumab. Procedeu-se ao switch terapêu-tico entre antagonistas do TNFα em 3 doentes e em1 foi necessário suspender a terapêutica. Conclusões: A terapêutica antagonista do TNFαfoi eficaz neste grupo de doentes de acordo com osdados previamente obtidos em ensaios clínicos. Onão cumprimento das recomendações para o diag-nóstico e tratamento da tuberculose latente e acti-va nas doenças inflamatórias articulares candida-tas a tratamento com fármacos inibidores do anti--TNFα da Sociedade Portuguesa de Reumatologiade 2006 poderá dever-se ao início do tratamentoantes da sua publicação.

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P32 – TROMBOCITOPENIA GRAVE COMO

MANIFESTAÇÃO INICIAL DE LES – CASO CLÍNICO

Célia Ribeiro,1 Laura Pinto,1 Ana Filipa Mourão,1

Sandra Falcão,1,2 Paula Araújo,1

Margarida Mateus,1 Fernando Pimentel,1,2

Patrícia Nero,1,2 Walter Castelão,1

José B. Pimentão,1,2 António A.Matos,1,2

Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Pretende-se descrever o caso de umadoente do sexo feminino, 29 anos, com púrpuratrombocitopénica grave, como forma de apresen-tação inicial de LES, em Setembro de 2007. Alémdo envolvimento hematológico, tinha envolvimen-to cutâneo (rash malar e fotossensibilidade),ANA`s positivos, Ac anti ds DNA positivo, Anticoa-gulante lúpico positivo fraco, Ac anti beta2Glico-proteina1 positivo, Ac anti Cardiolipina negativo etinha também S. Sjögren secundário. Material e Métodos: Revisão de caso clínico deuma doente do Serviço de Reumatologia do HEM. Resultados: A doença apresentou uma evoluçãode dificil controlo clínico, apesar da terapêuticabasal com prednisolona em doses de 1 a 1,5 mg//Kg/dia. Realizou-se terapêutica de urgência comcorticoterapia em elevada dose (pulsos de 1g demetilprednisolona endovenosos, perfazendo 11,5g em 2 meses) e imunoglobulina humana, por di-versas ocasiões. Sem resposta a suporte transfusio-nal. O valor mínimo de plaquetas (Plaq) foi de 1000com evidência clínica de discrasia hemorrágica.Foi submetida a outras terapêuticas imunossu-

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pressoras, nomeadamente Rituximab (dose sema-nal 375mg/m2 em 4 semanas consecutivas) e Ci-clofosfamida (750 mg/m2 pulso único endoveno-so). Efectuou-se esplenectomia laparoscópica.Posteriormente, iniciou-se Micofenolato de Mofe-til (3 g por dia) e Danazol (200mg/dia). As tentati-vas de decréscimo da dose de corticoterapia fo-ram mal sucedidas, com descida rápida e muitosignificativa do valor das Plaq. Após 4 meses deevolução da doença, conseguiu-se atingir estabi-lidade nos valores hematológicos (plaquetas man-tidamente > 150.000), ainda sob terapêutica comprednisona em dose elevada (55 mg/dia), mas emfase de desmame progressivo. Conclusões: Este caso é exemplificativo de um tipode apresentação inicial de LES com grande gravi-dade. Pela multiplicidade das terapêuticas efec-tuadas e o seu início de acção não imediato, nãose pôde atribuir a estabilidade actual da doença aoefeito de um dos fármacos em particular. Contudo,admitindo os tempos de início de acção habituais,pareceu não existir resposta ao Rituximab, à Ciclo-fosfamida e à esplenectomia, sendo possível a res-posta ao Micofenolato de Mofetil e ao Danazol.

P33 – NEFRITE LÚPICA CLASSES III E IV – BOA RESPOSTA À TERAPÊUTICA IMUNOSSUPRESSORA

COM CICLOFOSFAMIDA

Joana Capelo,1 Cátia Duarte,1 Maura Couto,1

Paulo Monteiro,1 Margarida Coutinho,1

Luís Inês,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterizar a forma de apresentação

0

Plaq

ueta

s

Evolução do Valor das Plaquetas

50000

100000

350000

6600038100

103000

197200

10990091000

131000 134000

334500

188000 197000

184000

166500176100

69100177003640035200500040003000

10005000

300000

250000

200000

150000

19-09-2007

21-09-2007

30-09-2007

04-10-2007

07-10-2007

12-10-2007

20-10-2007

25-10-2007

02-11-2007

13-11-2007

14-11-2007

16-11-2007

22-11-2007

26-11-2007

02-12-2007

07-12-2007

16-12-2007

19-12-2007

28-12-2007

02-11-2008

25-11-2008

27-11-2008

31-11-2008

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e a resposta ao tratamento com ciclofosfamida danefrite lúpica (NL) proliferativa nos doentes comLúpus Eritematoso Sistémico (LES) seguidos naCoorte de Lúpus de Coimbra.Material e Métodos: Análise retrospectiva por con-sulta dos processos clínicos dos doentes da Coor-te de Lúpus de Coimbra com NL diagnosticada até31 de Julho de 2007. Incluídos os doentes com NLproliferativa diagnosticada por biopsia renal e aná-lise histológica (Classes III e IV, Classificação daOMS de 1982) efectuadas neste hospital e quecumpriram tratamento imunossupressor de indu-ção com ciclofosfamida. Avaliados parâmetros:sexo, idade à data da primeira manifestação de NL,forma de manifestação [sedimento activo (leuco-citúria e eritrocitúria> 5 células/campo ou cilin-drúria), insuficiência renal (creatininemia>=1,2mg/dL) e/ou proteinúria anormal (>=8805; 500mg/dia)], opções terapêuticas e evolução dos pa-râmetros de actividade da NL aos 6, 12, 18 e 24meses de tratamento e no controlo mais recente[actividade do sedimento urinário, valor da protei-núria das 24 horas e função renal obtida pela taxade filtração glomerular (TFG) estimada pela fór-mula MDRD (Modification of Diet in Renal Disea-se Study)].Resultados: A Coorte de Lúpus de Coimbra inclui165 doentes cumprindo critérios do ACR em segui-mento prospectivo no Serviço de Reumatologiados HUC. 44,2% dos doentes com LES apresenta-ram NL, 78,6% destes com NL proliferativa. 33 ca-sos com NL classes III e IV fizeram tratamento imu-nossupressor de indução com ciclofosfamida (sexofeminino=84,8%; média de idade à apresenta-ção=32,7±13,8 anos; tempo médio de seguimento=7,2 anos). Formas de apresentação mais frequen-tes: sedimento activo e proteinúria anormal(33,3%); proteinúria anormal isolada (24,2%); as-sociação de sedimento activo com insuficiênciarenal e proteinúria anormal (18,2%). 87,8% cum-priram terapêutica indutora de remissão no regi-me NIH. Por resposta inadequada à ciclofosfami-da, foi alterado imunossupressor em 33,3%. Todoscumpriram terapêutica imunossupressora de ma-nutenção. Por nova agudização da NL, 24,2% fize-ram retratamento imunossupressor. A proteinúriamédia inicial foi 3135,2±2967,1 mg/24 horas, commelhoria ao longo do tratamento e ao controlomais recente (428,2±379,7 mg/24 horas). A TFGmédia inicial foi 80,7±33,7 ml/min/1,73 m2, comestabilidade ao longo do tratamento e ao contro-lo mais recente (83,7±28,1 ml/min/1,73 m2).

Conclusões: A resposta ao tratamento com ciclo-fosfamida foi favorável na maioria dos doentescom NL classe III e IV seguidos na Coorte de Lú-pus de Coimbra, com redução da proteinúria e es-tabilização da função renal.

P34 – A PROPÓSITO DE UM CASO DE ESPESSAMENTO

CUTÂNEO...Sara Serra,1 Catarina Ambrósio,1 Inês Carvalho,1

Maria João Salvador,1 Jorge Silva,1

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Os autores apresentam o caso clínicode uma doente de 79 anos, com quadro de espes-samento cutâneo progressivo da face, dorso emembros, com 6 anos de evolução. Associadamen-te apresentava dispneia de esforço e disfagia inter-mitente para sólidos, com semelhante tempo deevolução. Sem outras queixas sistémicas ou articu-lares. Tinha antecedentes de HTA e FA, medicadas.Material e Métodos: Ao exame objectivo, era evi-dente um espessamento difuso da pele da face, zo-nas escapulares, mãos, pés e 1/3 distal dos mem-bros, bilateralmente, com acentuação das pregascutâneas da face e redução da pilosidade a níveldas pestanas, sobrancelhas e região axilar. Nas áre-as afectadas a pele era móvel sobre os tecidos adja-centes, apresentando, em algumas zonas, forma-ções papulosas, algumas em disposição linear, du-ras, de cerca de 1-2 mm de diâmetro e de colora-ção nacarada. Sem evidência de artrite, Raynaud,alopécia ou outras alterações no exame objectivo. Resultados: Analiticamente, salientava-se uma VSde 37 mm/h, ANAs positivos (++) com padrão mos-queado, com ENAs negativos e gamapatia mono-clonal IgG KAPA. Exame capilaroscópico normal.Não foi realizado estudo endoscópico digestivo porrecusa da doente. A radiografia do tórax era nor-mal bem como, o estudo funcional respiratório.Realizou biópsia cutânea, das áreas afectadas querevelou «hipercelularidade na derme papilar e mé-dia, por aumento do número de fibroblastos e cé-lulas dendríticas, com aspecto laxo e mixóide; for-te deposição de mucina na coloração pelo PAS AzulAlcian, alterações compatíveis com escleromixe-dema. Conclusões: O Escleromixedema é uma mucino-se cutânea rara, idiopática, caracterizada por pro-liferação de fibroblastos e abundantes depósitos demucina, associada em 80% dos casos a gamapatia

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monoclonal.Menos frequentemente, pode asso-ciar-se a manifestações sistémicas. Não existe tra-tamento específico e pode ocorrer resolução es-pontânea. Realçamos neste caso, uma forma deapresentação clínica esclerodermiforme, cujo es-tudo histológico foi crucial para o seu correctodiagnóstico.

P35 – RISCO CARDIOVASCULAR EM DOENTES SOB

TERAPÊUTICA BIOLÓGICA – ESTUDO TRANSVERSAL

COM 87 DOENTES SEGUIDOS NO SERVIÇO DE

REUMATOLOGIA DOS HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE

DE COIMBRA (HUC)Sara Serra,1 Catarina Ambrósio,1 Cátia Duarte,1

Maria João Salvador,1 Margarida Alexandre,2

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra 2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

Objectivos: Os efeitos da terapêutica biológica a ní-vel cardiovascular não estão completamente es-clarecidos. O seu uso a longo prazo pode levar a umagravamento no perfil lipídico mas, a melhoria deoutros parâmetros (resposta inflamatória, homo-cisteínemia, sensibilidade periférica à insulina),parece conduzir a uma redução global desse risco.Caracterizam-se os factores de risco cardiovascu-lar numa coorte de 87 doentes sob terapêutica bio-lógica, calculando-se o risco de evento coronáriomajor aos 10 anos.Material e Métodos: Estudo transversal dos facto-res de risco cardiovasculares, na população dedoentes actualmente sob terapêutica biológica, noServiço de Reumatologia – HUC, incluindo doen-tes com os diagnósticos de artrite reumatóide (AR),artrite idiopática juvenil (AIJ), artrite psoriática(AP), espondilite anquilosante (EA). Avaliação decaracterísticas demográficas, factores de risco re-lacionados com o estilo de vida (IMC e tabagis-mo), história pessoal de hipertensão arterial, dia-betes mellitus e dislipidemia, antecedentes pes-soais e familiares de doença cardiovascular, parâ-metros analíticos (glicemia, ficha lipídica, funçãorenal, homocisteína, uricemia e proteína C reacti-va) e ainda hábitos medicamentosos. Determina-ção do risco de um evento coronário major aos 10anos, segundo o score de Framingham- metodolo-gia recomendada pelas Guidelines do ATP III(Adult Treatment Panel III), de 2004. Resultados: Da amostra de 87 doentes, 74,7% dosexo feminino e 25,3% do sexo masculino, com ida-

de média de 49,2 ± 13,7, 59 % dos doentes tinhamo diagnóstico de AR, 23,7% de EA, 12,8 % de AP e4,6% de AIJ, com tempo médio de evolução dedoença de 14,1±8,3 anos. A população estava me-dicada com infliximab em 44,8%, etanarcept em35,6% e adalimumab em 19,5%, com um tempomédio de tratamento de 39,8 meses ± 22,5.Dezoi-to por cento da população era obesa, e 41,4% tinhaexcesso de peso. Quanto à prevalência dos outrosfactores de risco cardiovascular major, observou-se dislipidémia em 50,6%, hipertensão arterial em35,6%, diabetes melitus em 5,7%, e tabagismo em8,0% dos doentes. Apenas 2,3% tinham anteceden-tes pessoais de doença coronária prévia e 20,7% dedoença cardiovascular familiar.Após aplicação doscore de Framingham, 5,7% da população apresen-tava um risco superior a 20% de um evento cardio-vascular major aos 10 anos. A maioria (89,7%) en-contrava-se no grupo de baixo risco (risco <10%). Conclusões: A maioria destes doentes não apre-senta um risco cardiovascular significativo a lon-go prazo, facto que provavelmente se deve à mé-dia de idades. No entanto, é fundamental uma apli-cação criteriosa e regular do score de risco, de for-ma a identificar precocemente doentes com riscoelevado e assim optimizar terapêuticas.

P36 – REFORMA POR INVALIDEZ E AS DOENÇAS

REUMÁTICAS

Célia Ribeiro, Paula Araújo,1 Álvaro Ferreira,3

Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa; 3. Serviço de Psicologia do CHLO-EPE, Hospital EgasMoniz, Lisboa

Objectivos: As doenças reumáticas constituemuma importante causa de incapacidade laboral,sendo a reforma por invalidez uma questão fre-quentemente abordada nas consultas de Reuma-tologia. Com este trabalho pretende-se analisar osprincipais motivos de reforma nos doentes segui-dos na consulta de Reumatologia do HEM, assimcomo averiguar eventuais factores predictivos paraa reforma por invalidez. Material e Métodos: Aplicou-se um questionáriode auto-preenchimento e anónimo a todos osdoentes que acorreram à consulta externa de Reu-matologia do Hospital Egas Moniz entre 16/10/07

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e 15/11/07. Este questionário continha questões decarácter demográfico (idade, sexo, profissão, graude ensino, condição profissional actual), auto-re-ferenciação de sintomas depressivos e de ansieda-de, perspectivas face ao trabalho e à reforma, ca-racteristícas relativas à doença e avaliação da fun-cionalidade através do HAQ. Dos 685 doentes so-licitados, 194 responderam. Resultados: Os 194 doentes (146 mulheres e 48 ho-mens) tinham idade média de 55 anos, 112 nãoeram reformados e 82 estavam reformados. O mo-tivo de reforma foi a invalidez em 48,8% dos casos.A idade média da reforma por invalidez foi 51,8anos. A Artrite Reumatóide (AR) foi a doença reu-mática mais frequentemente referida como causada reforma, seguida pela Poliosteoartrose. Na com-paração entre doentes não reformados, reforma-dos por invalidez e reformados por outras causas,verifica-se que os doentes reformados por invali-dez, apresentam HAQ superior, profissões commaior grau de exigência fisica e menor grau de en-sino escolar. Os reformados por invalidez apresen-tam com maior frequência sintomas de depressãoe ansiedade, do que os reformados por outro mo-tivo. A prevalência da sintomatologia de depressãoe ansiedade, antes e após a reforma, independen-temente do seu motivo, não foi significativamen-te diferente. Conclusões: A problemática da reforma por inva-lidez é multidimensional, englobando factores as-sociados à doença, ao próprio doente e ao tipo detrabalho, que deverão ser ponderados em conjun-to. Uma abordagem mais aprofundada será alvo deum estudo posterior.

P37 – SERÁ QUE A IDADE ESTÁ RELACIONADA COM

UMA MAIOR INTOLERÂNCIA À TERAPÊUTICA

BIOLÓGICA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE?Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Na prática clínica é comum o receio eminiciar terapêutica biológica em doentes mais ido-sos. Existem poucos dados na literatura relativos aoperfil eficácia/tolerância neste grupo etário. O ob-jectivo deste trabalho é analisar se a intolerânciaàs terapêuticas biológicas, por efeitos secundários,levando à suspensão terapêutica, é superior em

idades mais avançadas nos doentes com ArtriteReumatóide (AR). Material e Métodos: Análise prospectiva da popu-lação de doentes com diagnóstico de Artrite Reu-matóide, segundo os critérios do American Colle-ge of Rheumathology, seguidos no Serviço de Reu-matologia do Hospital Egas Moniz e submetidos aterapêutica biológica com Infliximab (I), Etaner-cept (E), Adalimumab (Ad) e Anakinra (Ak), no pe-ríodo de 1-8-2000 e 31-12-2007. Esta populaçãocorresponde a 95 doentes (88 mulheres e 7 ho-mens) e a 122 prescrições de biológicos. Foram ex-cluídas 6 prescrições por insuficiência de dados.Analisaram-se assim, 116 casos, em que se compa-rou o subgrupo em que houve suspensão por efei-tos secundários (n = 31) com o subgrupo em quenão houve (n = 85), procedendo-se à análise com-parativa da média das idades pelo teste T-student.Resultados: No total dos casos analisados (n = 116),verificaram-se os seguintes resultados: - Grupo 1(n=31) - Suspensos por efeitos secundários: Idademédia 56,16 anos - Grupo 2 (n=85) - Não suspen-sos por efeitos secundários (incluiu casos em cur-so e suspensos por ineficácia) : Idade Média 53,15A análise comparativa mostra que os resultadosnão são significativamente diferentes (p= 0,256). Conclusões: Concluiu-se não existir relação entrea idade e um maior número de suspensões tera-pêuticas por efeitos secundários, contrariamentea resultados encontrados em outros estudos.

P38 – RHEUGULATIONDB: UM SISTEMA PÚBLICO DE

INFORMAÇÃO INTEGRADA NO APOIO AO ESTUDO DA

ARTRITE REUMATÓIDE

José Teles,1 Joana Caetano-Lopes,1 Mário Vale,1

Miguel Oliveira,1 Rita Moura,1 Pamela Weinman,1

Helena Canhão,1,2 André O Falcão,3,4

Pedro L Fernandes, João Eurico da Fonseca1,2

1. Unidade de Investigação em Reumatologia – Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa2. Serviço de Reumatologia - Hospital de Santa Maria3. Departamento de Informática - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa4. Instituto Gulbenkian de Ciência

Objectivos: O RheugulationDB é um sistema pú-blico e centralizado de informação sobre a fisiopa-tologia da AR. Reúne informação molecular dis-persa em 14 bases de dados, bem como na litera-tura biomédica, disponibiliza-a de forma optimi-

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gulationDB preconiza uma abordagem integrativasobre a AR como forma de construir um conheci-mento holístico acerca da sua fisiopatologia. Deuma forma geral, dados os recursos informativose estruturas de dados criados no decurso desteprojecto, o RheugulationDB poderá ter aplicaçãonas mais variadas áreas da investigação na AR, bemcomo, através da adaptação das suas estruturas eaplicações, no estudo de outras patologias multi-factoriais de uma forma geral.

P39 – EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE DOENTES

REUMATÓIDES COM AC ANTI-CCP? Paula Araújo,1 Célia Ribeiro,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: O objectivo deste trabalho é caracteri-zar as diferenças clínicas, laboratoriais e radioló-gicas, entre doentes com Artrite Reumatóide (AR)com Ac anti-CCP positivos e negativos.Material e Métodos: Análise retrospectiva de doen-tes com diagnóstico de AR, pelos critérios do Ame-rican College of Rheumathology, sob terapêuticabiológica no Serviço de Reumatologia do HEMcom doseamentos de ac anti-CCP (n=39). Fez-se acaracterização geral dos doentes com ac anti-CCPpositivos (n=29) e negativos (n=10), relativamenteàs suas caracteristícas clínicas, laboratoriais e ra-diológicas.Resultados: Caracterizaram-se 39 doentes (36 mu-lheres e 3 homens), salientando-se os resultadosque se apresentam em tabela anexa. As manifes-tações extra-articulares ocorreram em 7 dos doen-tes com Ac anti-CCP positivos. As mais frequentesforam os nódulos reumatóides (85,7%) seguidospelo S.Sjögren (28,6%). No grupo com AC anti-CCPpositivos a variação DAS 28 média com a terapêu-tica biológica foi -1,66 e no grupo com AC anti--CCP negativos foi -2,6. Na comparação dos 2 gru-pos, os resultados obtidos pelo método de SHARPmodificado de Van der Heijde foram significativa-mente diferentes. Conclusões: Os doentes com ac anti-CCP positivosparecem ter uma menor resposta à terapêuticabiológica. Nos doentes avaliados encontrou-se re-lação entre Ac Anti-CCP positivos e o valor doSHARP, o que está de acordo com a associação co-nhecida entre, ac anti-CCP positivos e artrites ra-

POSTERS

zada com um interface intuitivo, trazendo benefí-cios óbvios na aprendizagem e sobretudo no estu-do da doença, potenciando novos trabalhos expe-rimentais e permitindo uma análise mais fidedig-na de factores contributivos para a susceptibilida-de, prognóstico e terapêutica da doença.Material e Métodos: O desenvolvimento do projec-to centrou-se em quatro etapas: (1) avaliaçãoexaustiva de métodos e tecnologias computacio-nais disponíveis, e revisão aprofundada dos con-teúdos de bases de dados públicas e literatura bi-omédica; (2) desenho e implementação de um sis-tema de dados relacional, cuja arquitectura se ins-pira numa abstracção da fisiopatologia da AR.Nesta estrutura de dados coerente e robusta, foramarmazenadas todas as anotações recolhidas manu-almente durante o processo de revisão da literatu-ra e bases de dados; (3) implementação de aplica-ções de busca e extracção de conteúdos da base dedados, permitindo o cruzamento da informaçãoarmazenada, de forma personalizada, consoanteespecificações do utilizador; (4) construção deuma interface web capaz de disponibilizar atravésde uma navegação intuitiva todos os conteúdos dabase de dados e respectivas aplicações, constitu-indo um ambiente integrado onde o máximo de in-formação útil possa ser obtida com um dispêndiomínimo de tempo. Resultados: O produto final deste sistema de infor-mação é um grande volume de informação refina-da e de elevada qualidade sobre os diferentes as-pectos da fisiopatologia da AR, que de outra formaseria de muito mais difícil obtenção, uma vez quereune conteúdos de 14 bases de dados externas,para além de referências para literatura biomédi-ca. O sistema de informação está publicamentedisponível online, numa interface web de fácil uti-lização acessível através do endereço http://imm.fm.ul.pt/rheugulationdb. Através desta interface,uma base de dados com centenas de anotaçõesmanuais e rigorosas sobre os intervenientes na fi-siopatologia da AR está já disponível. Estas anota-ções podem ser obtidas através de representaçõesgráficas detalhadas e intuitivas representando osprocessos moleculares mais importantes da fisio-patologia da AR, bem como através de um conjun-to de aplicações que, funcionando como podero-sos motores de busca, promovem a utilização si-nergística dos conteúdos da base de dados, comoforma de auxiliar e suportar a geração de novas hi-póteses e conhecimento. Conclusões: Desde a sua origem, o projecto Rheu-

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diologicamente mais erosivas.

P40 – QUALIDADE DE VIDA EM DOENTES COM

ESPONDILITE ANQUILOSANTE: ANÁLISE INTERINA

FM Pimentel-Santos,1,2,3 Célia Ribeiro,1

Ana Filipa Mourão,1 José António Costa,4

Miguel Sousa,5 Elsa Sousa,6,7

Patrícia Pinto8, Margarida Cruz9,Jaime C. Branco1,2

1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,Hospital Egas Moniz,Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa e3. Centro de Genética e Biotecnologia, Instituto de Bioengenharia e Biotecnologia da UTAD 4. Centro Hospitalar do Alto Minho, Hospital de Ponte de Lima, Ponte de Lima 5. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa6. Hospital de Santa Maria, Lisboa 7. Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, IMM, FMUL 8. Hospital de São Marcos, Braga9. Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha Grupo de Estudos CORPOREA Grupo de Estudos Conhecer a Realidade Portuguesa sobre EspondiliteAnquilosante

Objectivos: Pretendeu-se avaliar a repercussão naqualidade de vida (QdV) dos doentes com Espon-dilite Anquilosante (EA) e a relação entre a QdV ea sua condição clínica e funcional. Material e Métodos: Foram incluídos 176 doentescom diagnóstico de EA de acordo com os critériosde Nova Iorque modificados, recrutados em 9 cen-tros de Reumatologia e 1 de Fisiatria portugueses.Obtiveram-se dados de natureza demográfica e ca-racterizaram-se os doentes em termos de activida-de da doença pelo Bath Ankylosing Spondylitis Di-sease Activity Index (BASDAI), repercussão funcio-nal pelo Bath Ankylosing Spondylitis FunctionalIndex (BASFI) e Bath Ankylosing Spondylitis Metro-logy Index (BASMI), qualidade de vida (QdV) peloHealth Assessment Questionnaire (HAQ-EA) eShort-Form 36 (SF-36) e o envolvimento entésicopelo índice de MASES modificado (MASESm).Resultados: Dos 176 doentes incluídos 104 (59,1%)eram homens. A idade média foi 46,3 (min=20;Max=79) anos e a duração média de doença de 19,2± 13,4 anos. O valor médio do BASDAI foi de 4,3 ±2,4, de BASFI 4,1 ± 2,7, de BASMI 3,7 ± 2,6, de HAQ--EA 0,9 ± 0,6, do SF-36 total score 52,1%± 19,1 e do

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MASESm de 1,3 ± 2,0. Nas respostas ao SF-36 os do-mínios da saúde com maior compromisso forama saúde geral (score médio-38,4 ± 17,6), vitalidade(score médio-49,3 ± 22,6) e dor corporal (score mé-dio=49,3 ± 23,5). Os domínios menos afectados fo-ram a função social (score médio=71,1 ± 25,6), de-sempenho emocional (score médio=63,8 ± 41,7) esaúde mental (score médio=63,3 ± 22,9). Os índicesBASDAI e BASFI apresentaram correlações nega-tivas, estatisticamente significativas, com todos osdomínios do SF-36, tendo o BASDAI maior asso-ciação com o domínio dor corporal (r = -0,69;p<0.001).Conclusões: Esta amostra de doentes com EA re-velou um compromisso funcional elevado. A acti-vidade da doença estava mais associada ao domí-nio de dor corporal do instrumento de qualidadede vida SF-36.

P41 – RETRATO DOS DOENTES COM ARTRITE

REUMATÓIDE A FAZER BIOLÓGICOS NO SERVIÇO

REUMATOLOGIA HEM Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Neste trabalho procurámos caracteri-zar os doentes do Serviço de Reumatologia do Hos-pital Egas Moniz, com o diagnóstico de Artrite Reu-matóide (AR) submetidos a terapêutica biológica,nos seus aspectos demográficos, caracteristicas clí-nicas, laboratoriais e radiológicas da AR. Material e Métodos: Análise descritiva da popula-ção de doentes do Hospital Egas Moniz, com odiagnóstico de AR, segundo os critérios do Ameri-can College of Rheumathology, que realizaram te-rapêutica biológica com Infliximab (I), Etanercept(E), Adalimumab (Ad), Anakinra (Ak) e Rituximab(R) no período entre 1-8-2000 e 31-12-2007, atra-vés do estudo e revisão dos respectivos processosclínicos. Esta população englobou 95 doentes e 128prescrições de biológicos, que correspondiam a I45, E 33, Ad 34, Ak 10 e R 6. Resultados: A idade média de início da doença foi45,4 anos e a duração média da doença foi 10 anos.Do total de prescrições, 62 estavam em curso, 2 fo-ram perdidas para outros centros e 64 foram sus-pensas. As manifestações extra-articulares esta-vam presentes em 26% dos doentes (n=25), sendo

as mais frequentes, os nódulos reumatóides (48%),seguidos da Síndrome de Sjögren (32%) e amiloi-dose (28%). O FR foi positivo em 81,9% dos doen-tes (n=83), o ac anti-CCP em 74,3% (n = 39) e osANA em 60,9%. O valor médio do DAS28 inicial foi5,8 e a variação DAS28 foi -2,12. O HAQ inicial mé-dio foi 1,43 e a variação HAQ foi -0,6. Pelo métodode SHARP (SH), obteve-se um valor inicial de 52,58(mín. 0 e máx. 311) (n= 65) e final 60,58 (mín. 0 emáx. 281) (n=32). Previamente ao início de bioló-gico foram efectuados 3,8 DMARD`s por doente,100% fez metotrexato (MTX); 67,4% leflunomida(L); 50,5% sulfassalazina (S); 49,5% hidroxicloro-quina (HQ); 37,9% sais de ouro (SO); 24,2% ciclos-porina (C) e 21 % fez azatioprina (A). Na últimaavaliação, nº médio de DMARD`s por doente foi de0,97, sendo o MTX o mais frequente (76,8%). A doseinicial média de prednisona foi 8,14mg e a final de6,33mg. Conclusões: Em cerca de sete anos de experiênciacom terapêutica biológica, concluiu-se existir umaresposta favorável na maioria dos casos, com tra-dução na melhoria da funcionalidade, nos indícesde actividade e de lesão da doença e nos biomar-cadores. Na quase totalidade dos doentes foi feitaterapêutica concomitante com DMARD`s. Verifi-cou-se ainda um efeito poupador de corticóidescom uma redução média de cerca de um quarto dadose inicial.

P42 – NEUTRÓFILOS: AVALIAÇÃO DA FAGOCITOSE

NUM MODELO ANIMAL DE ARTRITE

Rita Cascão,1 Pamela Weinmann,1 Joana Duarte,2

Luís Graça,1 João Eurico Fonseca1,3

1. de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa. 2. Unidade de Imunologia Celular, Instituto de Medici-na Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade deLisboa, Lisboa;Instituto Gulbenkian de Ciência, Oeiras3. Serviço de Reumatologia do Hospital Santa Maria,EPE, Lisboa.

Objectivos: A Artrite Reumatóide (AR) é uma doen-ça inflamatória sistémica crónica. Os neutrófiloscontribuem para a amplificação e manutenção daresposta inflamatória, embora o seu papel na faseinicial da AR seja ainda desconhecido. O objectivodeste trabalho é caracterizar a capacidade de fago-citose dos neutrófilos, na fase inicial da indução deartrite num modelo animal.

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Material e Métodos: A artrite em ratinhos SKG é in-duzida pela injecção intraperitoneal de zymosan(extracto de beta-glucano da parede celular de fun-gos). O estado de desenvolvimento desta doençainflamatória é avaliado pela contagem do númerode articulações com sinais inflamatórios e, a cadauma destas, é atribuído um valor numa escala de0-3 (0: ausência de inflamação; 1: eritema ou ini-cio de inflamação; 2: tumefacção; 3: tumefacçãosignificativa). O sangue dos ratinhos é recolhido nacauda de 3 em 3 semanas, de forma a abranger asvárias fases de desenvolvimento da artrite. Nestetrabalho foram avaliados nove ratinhos fêmeas.Para determinação da capacidade fagocitária dosneutrófilos é usado o Phagotest® kit (OrpegenPharma), sendo o sangue periférico incubado pre-viamente com Escherichia coli-FITC. A quantifica-ção é realizada através de citometria de fluxo (FAC-SCanto).Resultados: Os resultados da quantificação da ca-pacidade fagocitária dos neutrófilos no modeloanimal SKG revelam que existe uma diminuição,estatisticamente significativa (p<0,05), da fagoci-tose observada 3 semanas após a indução, porcomparação com o grupo de ratinhos com 2 mes-es de idade, antes de ser administrado zymosan. Acapacidade fagocítica volta aos valores iniciaisapós 6 semanas de indução.Conclusões: A diminuição da fagocitose nas pri-meiras 3 semanas de indução poderá ser devida amúltiplos factores que requerem ainda esclareci-mento. No entanto, uma redução da actividade fa-gocítica na fase inicial da artrite pode estar hipo-teticamente envolvida na evolução para a cronici-dade, devido a um defeito de eliminação do estí-mulo antigénico.

P43 – A ABORDAGEM TERAPÊUTICA DOS

REUMATOLOGISTAS PORTUGUESES NA ESPONDILITE

ANQUILOSANTE

FM Pimentel-Santos,1,2,3 Laura Pinto,1

Ana Filipa Mourão,1 Ana Ribeiro,4

Miguel Sousa,5 Patrícia Pinto,6 Elsa Sousa,7

Anabela Barcelos,8 Jaime C. Branco1,2

1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,Hospital Egas Moniz,Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 3. Centro de Genética e Biotecnologia, Instituto de Bioengenharia e Biotecnologia da UTAD 4. Centro Hospitalar do Alto Minho, Hospital de

Ponte de Lima, Ponte de Lima 5. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa6. Hospital de São Marcos, Braga7. Hospital de Santa Maria, Lisboa e Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de MedicinaMolecular, IMM, FMUL 8. Hospital Infante D. Pedro, Aveiro, Grupo de Estudos CORPOREA Grupo de Estudos Conhecer a Realidade Portuguesa sobre EspondiliteAnquilosante

Objectivos: Pretendeu-se avaliar as práticas deprescrição dos Reumatologistas portugueses atra-vés da análise de uma amostra de doentes com Es-pondilite Anquilosante (EA).Material e Métodos: Os doentes incluídos no es-tudo CORPOREA, obedeciam aos critérios de NovaIorque modificados tendo sido recrutados em 9centros de Reumatologia e um de Fisiatria portu-gueses. Ao responderem a questionários (de auto-preenchimento e aplicados por entrevista) reco-lheu-se informação demográfica, de duração dadoença, co-morbilidades e terapêutica realizada.Os doentes foram caracterizados em termos deBath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index(BASDAI), Bath Ankylosing Spondylitis FunctionalIndex (BASFI), Bath Ankylosing Spondylitis Metro-logy Index (BASMI), Health Assessment Question-naire (HAQ). A análise da associação entre a tera-pêutica efectuada e as características do doente eos índices da EA foi realizada com modelos de re-gressão logística e com modelos lineares generali-zados com distribuição do tipo poisson/gamma eligação logarítmica.Resultados: Nos 176 doentes com EA avaliados90,3% faziam anti-inflamatórios não-esteróides(AINEs, de forma contínua ou intermitente), 17,1%corticóides, 56,3% fármacos modificadores dadoença (DMARDs) e 13,1% agentes anti-TNFα.Dos 99 utilizadores de DMARDs, 86 faziam apenasum fármaco (25,6% Metotrexato, 61,6% Sulfassala-zina) e 13 em associação. O esquema terapêuticomais utilizado foi a associação AINE e DMARD(51,7%). A utilização de DMARD foi maioritaria-mente (90,9%) efectuada em associação com AINE.Cerca de 91% dos doentes tratados com medica-mentos anti-TNFα utilizavam DMARD não bio-lógicos. Depois de controlada para as característi-cas da EA e dos doentes, a odds ratio entre a utili-zação de anti-TNFα e DMARD não biológico foi de12,4 (IC95% [2,2;69,7]) e entre anti-TNFα e AINE de 0,09 (IC95% [0,02;0,41]). Doentes com utilização

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de AINE no último ano apresentaram um valor deBASDAI 1,6 vezes superior (IC95% [1,2;2,2]) quan-do comparados com os não utilizadores de AINE.O valor do índice BASFI foi 1,5 vezes superior emdoentes com utilização de anti- TNFα. Conclusões: A abordagem terapêutica mais fre-quente nos doentes com EA foi a utilização de AI-NEs, em 51,7% dos casos associados a DMARDs.Existe associação entre a modalidade terapêuticae os índices de actividade e compromisso funcio-nal da doença.

P44 – TERAPÊUTICA BIOLÓGICA DA ARTRITE

REUMATÓIDE E RISCOS DE INFECÇÃO

Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: As infecções são um dos principaisefeitos adversos descritos da terapêutica biológi-ca, condicionando a decisão do médico e do doen-te em iniciar o tratamento e sendo muitas vezesuma importante causa para a sua suspensão. Pre-tende-se com este trabalho avaliar o nº infecção//doente/ano e caracterizar o perfil de infecçõesem doentes com Artrite Reumatóide (AR) sob te-rapêutica biológica. Material e Métodos: Análise da população dedoentes do Serviço de Reumatologia do HospitalEgas Moniz, com o diagnóstico de Artrite Reuma-tóide, pelos critérios do American College of Rheu-mathology, submetidos a terapêutica biológicacom Infliximab (I), Etanercept (E), Adalimumab(Ad) e Anakinra (Ak) no período entre 1-8-2000 e31-12-2007. Esta população engloba 95 doentes(88 mulheres e 7 homens) e 122 prescrições de bi-ológicos. Foram excluídos da análise 7 casos por in-suficiência de dados, sendo portanto incluídos 115destes tratamentos (I: 43, E: 29, Ad: 34, Ak: 9). O cál-culo do nº infecções/doente/ano para cada bioló-gico foi efectuada pela aplicação da fórmula: (so-matório infecções por biológico/somatório doen-tes por biológico) /somatório de anos de terapêu-tica por biológico. Caracterizaram-se o tipo deinfecções por sistemas e órgão e por gravidade,considerando-se infecções graves, todas as quemotivaram internamento e a tuberculose.Resultados: Os 115 doentes analisados, apresenta-ram no total 296 infecções, das quais 11 conside-

radas graves (3,7%). O nº Infecção/doente/ano noInfliximab (I) foi 0,026, no Etanercept (E) foi 0,033,no Adalimumab (Ad) foi 0,036 e no Anakinra (Ak)foi 0,062. Os casos considerados de infecção graveforam: 1) I - 3 tuberculoses pulmonares e 1 pneu-monia, 2) Ad - 4 infecções graves, nomeadamen-te, 1 tuberculose pulmonar, 1 tuberculose ganglio-nar, 1 pneumonia, 1 celulite com bacteriemia e , 3)E - 3 casos de infecção respiratória grave. Salien-ta-se que num dos doentes excluídos da análise,por não ser conhecida a duração da terapêutica,ocorreu 1 caso de tuberculose pulmonar sob tera-pêutica com Anakinra. Quanto à distribuição dotipo de infecção por sistemas e órgão, no globaldas infecções, 43% foram respiratórias (R), 21% ge-nito-urinárias (GU), 18% cutâneas (C) e outras(18%). Na distribuição para cada biológico, as prin-cipais infecções foram, com: 1) I - R (47%) e C(18%), 2) E - R (36%) e GU (31%), 3) Ad - R (46%) eGU (24%), 4) Ak- R, C, GU, ORL (25% cada). Conclusões: O biológico com o menor nº infec-ções/doente/ano foi o I , seguido pelo E, Ad e Ak.O infliximab foi o que apresentou também um me-nor nº de infecções graves/doente/ano. Relativa-mente à incidência de tuberculose, não existe ne-nhum caso sob etanercept. As infecções respirató-rias são claramente predominantes, tanto emtermos de frequência como de gravidade e inde-pendentemente do biológico utilizado. Em termosde frequência, destacam-se também, as infecçõesgenito-urinárias e cutâneas.

P45 – AVALIAÇÃO DO PASI EM DOENTES COM

ARTRITE PSORIÁTICA SOB TERAPÊUTICA

ANTI-TNFALFA

Elsa Sousa,1,2 Ana Rodrigues,1,2 Catarina Resende,1,2

Joana Caetano-Lopes,2 Helena Canhão,1,2

João Eurico Fonseca,1,2 José A. Pereira da Silva,1

Mário Viana Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital de Santa Maria 2. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Lisboa

Objectivos: O TNFalfa é uma citocina pró-infla-matória determinante na patogénese da psoriasee da artrite psoriática, sendo detectada quer nas le-sões cutâneas quer na membrana sinovial destesdoentes. Os fármacos bloqueadores do TNFalfatêm benefício demonstrado no tratamento de am-bas as patologias. Este trabalho tem por objectivo

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avaliar prospectivamente a eficácia dos agentesbloqueadores do TNFalfa no tratamento das lesõesde psoriase em doentes que iniciam esta opção te-rapêutica por indicação articular.Material e Métodos: Avaliação prospectiva da efi-cácia da terapêutica bloqueadora do TNFalfa namelhoria das lesões cutâneas de psoriase, pelaaplicação do Psoriasis Area and Severity Index(PASI), aos 3 meses e depois semestral, durante umperíodo de follow-up máximo de 36 meses. Foramainda registados parâmetros clínicos incluindo:número de articulações dolorosas e tumefactas,Health Assessment Questionare (HAQ), BathAnkylosing Spondylitis Activity Index (BASDAI),Bath Ankylosing Spondylitis Function Index (BAS-FI), Escalas Visuais Analógicas (EVAs) globais dadoença pelo doente e pelo médico e parâmetros la-boratoriais, nomeadamente, velocidade de sedi-mentação (VS) e proteína C-reactiva (PCR). O HAQfoi aplicado aos doentes com padrão de envolvi-mento articular periférico e o BASFI e BASDAI aosdoentes com envolvimento axial.Resultados: Foram avaliados prospectivamente 23doentes (65% do sexo masculino), com uma mé-dia de idades de 50,1±10,8 anos e um tempo deevolução da doença de 15,4±7,6 anos. Os doentesforam tratados com etanercept (15), infliximab (6)e adalimumab (2) e o tempo médio de follow-upapós terapêutica foi de 27±11 meses.Os valores doPASI iniciais eram de 8,9±17,6 verificando-se umaredução de 60% e 90% aos 3 e 6 meses. A partir des-ta altura, a percentagem de redução do PASI em re-lação ao valor basal foi inferior: 70% aos 12 meses,77% aos 18 e 24 meses, 66% aos 30 meses e 40% aos36 meses (p< 0,05). Assistiram-se ainda a reduçõesestatisticamente significativas do número de arti-culações dolorosas, do HAQ e das EVAs do doentee do médico (p<0,05). Considerando os parâmetroslaboratoriais, as reduções da VS em relação ao va-lor inicial foram significativas aos 3, 6, 18 e 30 me-ses e da PCR aos 3, 6, 18, 24 e 30 meses (p<0,05).Identificaram-se apenas 4 casos de envolvimentoaxial exclusivo, não tendo sido analisados os re-sultados dos índices BASDAI e BASFI. De igual for-ma, o tamanho da amostra não permite estabele-cer comparações no que se refere à eficácia dos di-ferentes bloqueadores do TNFalfa.Conclusões: Este estudo mostra que, para alémdos benefícios nos índices habitualmente utiliza-dos para avaliar a eficácia da terapêutica da artri-te psoriática, estes doentes obtêm também gran-de melhoria do ponto de vista cutâneo, verifican-

do-se uma redução do PASI de 90% aos 6 meses.Este efeito máximo sobre a actividade cutânea nãoé, contudo, inteiramente sustentado ao longo dotratamento.

P46 – CONHECER A REALIDADE PORTUGUESA SOBRE

A ESPONDILITE ANQUILOSANTE (CORPOREA):CLÍNICA E SÓCIO-DEMOGRAFIA

FM Pimentel-Santos,1,2,3 Ana Filipa Mourão,1,4

Célia Ribeiro,1 Ana Ribeiro,5 Miguel Sousa,6

Patrícia Pinto,7 Elsa Sousa,4,8

Anabela Barcelos,9 Jaime C. Branco1,2

1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,Hospital Egas Moniz,Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 3. Centro de Genética e Biotecnologia, Instituto de Bioengenharia e Biotecnologia da UTAD.4. Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, Lisboa.5. Centro Hospitalar do Alto Minho, Hospital de Ponte de Lima, Ponte de Lima 6. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa7. Hospital de São Marcos, Braga8. Hospital de Santa Maria, Lisboa 9. Hospital Infante D. Pedro, Aveiro, Grupo de Estudo CORPOREA - Grupo de Estudo Conhecer a Realidade Portuguesa sobre a EspondiliteAnquilosante

Objectivos: Caracterização clínica e sócio-demo-gráfica dos doentes incluídos no estudo CORPO-REA.Material e Métodos: Os doentes incluídos no es-tudo CORPOREA, tinham o diagnóstico de Espon-dilite Anquilosante (EA) de acordo com os critériosde Nova Iorque modificados, tendo sido recruta-dos em 9 centros de Reumatologia e um de Fisia-tria portugueses. Após a obtenção do consenti-mento informado foram aplicados questionáriosque permitiram obter informação de natureza de-mográfica e caracterizar os doentes em termos deBath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index(BASDAI), Bath Ankylosing Spondylitis FunctionalIndex (BASFI), Bath Ankylosing Spondylitis Metro-logy Index (BASMI) e Health Assessment Question-naire (HAQ). Foram recolhidos dados do exameobjectivo, laboratoriais e radiológicos e feita a ava-liação da capacidade funcional (critérios ACR). Aanálise da associação entre as características dodoente e os índices da EA foi realizada com mode-

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los lineares generalizados com distribuição do tipopoisson/gamma e ligação logarítmica.Resultados: A amostra constituída por 176 doen-tes incluiu 104 (59,1%) homens. A idade média foi46,3 (min=20;Max=79) anos com uma duração mé-dia de doença de 19,2 (DP=13,4). O tempo médiopara se estabelecer o diagnóstico foi de 7,7(DP=9,3) anos. Em termos de escolaridade 36,4%tinha o ensino primário completo ou ciclo prepa-ratório, 6,8% ensino primário incompleto ou nuloe 17,0% o ensino superior. Os trabalhadores acti-vos representavam 56,3% dos doentes e os desem-pregados 2,8%. A classificação funcional (critériosACR) foi: I – 43,8%; II – 30,7%; III – 21,0%; IV – 4,0%.A EA foi considerada activa em 72,3% dos casos osquais referiam uma duração média de rigidez ma-tinal de 54,4 (DP=44,1) minutos. O valor médio doBASDAI foi de 4,3 (DP=2,4), de BASFI 4,1 (DP=2,7),de BASMI 3,7 (DP=2,6) e de HAQ-AS 0,9 (DP=0,6).Valores mais elevados nos índices BASDAI e BAS-FI estiveram associados (p<0.05) a menor escola-ridade e ao sexo feminino. Valores menores doíndice BASMI estavam associados a menor dura-ção da EA (p<0,001) e a trabalhadores activos(p=0,003). Conclusões: Os doentes incluídos no estudo COR-POREA apresentam um longo período de tempopara se estabelecer o diagnóstico, e, níveis de acti-vidade da doença e de repercussão funcional ele-vados, traduzidos respectivamente pelo BASDAI eBASMI. A doença parece determinar maior com-promisso no sexo feminino e nos doentes de bai-xa escolaridade.

P47 – AS DENSITOMETRIAS ÓSSEAS SÃO SOLICITADAS

DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES?JC Branco,1,2 V Tavares,3 FP Santos,1,2

MP Araújo,2 P Nero,1,2 MM Mateus,2 AF Mourão,2

S Garcês,3 AA Matos1,2

1.Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa 2.Serviço de Reumatologia do CHLO – EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa3.Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta,EPE, Almada

Objectivos: A prevenção das fracturas osteoporó-ticas depende da identificação precoce dos seusfactores de risco e do valor da massa óssea avalia-da por densitometria óssea (DMO) nos doentesque apresentam um risco elevado. O uso incorrec-

to da DMO causa desperdício económico e cons-trangimentos clínicos. O objectivo deste estudo foiclarificar se a requisição médica das DMO seguiaas recomendações aprovadas pelas sociedadescientíficas e autoridades de saúde nacionais.Material e Métodos: Durante um período de doismeses, 6 médicos reumatologistas inquiriram to-dos os doentes que os consultaram, por qualquermotivo, em estabelecimentos públicos ou priva-dos, sobre se tinham alguma vez realizado umaDMO de dupla energia radiológica (da coluna lom-bar e/ou fémur proximal). Em todos os casos afir-mativos o médico aplicou um pequeno questioná-rio para colher dados relativos ao doente e à últi-ma DMO, desde que esta não tivesse sido solicitadapor esse próprio médico, para obviar dificuldadesna avaliação. Resultados: Durante o período destinado ao estu-do, foram consultados pelos 6 médicos 2065 doen-tes, dos quais 854 tinham realizado pelo menosuma DMO, que em 415 casos havia sido solicitadapelo médico investigador. Foram incluídos no es-tudo os restantes 439 doentes (idade média + des-vio padrão: 59,8 + 11,2), dos quais 407 (92,7%) erammulheres, sendo 80,90% (n=355) pós-menopáusi-cas (idade média da menopausa + desvio padrão:48,1 + 5,3 anos). Os factores de risco major para os-teoporose apresentaram as seguintes prevalências:corticoterapia: 83 doentes (18,9%), fracturas de fra-gilidade: 64 doentes (14,6%), história familiar defractura da anca: 36 doentes (8,2%), hiperparatiroi-dismo: 4 doentes (0,9%) e hipogonadismo: 1 doen-te (0,2%). Em 179 doentes (40,8%) a DMO tinhasido solicitada de acordo com as recomendações.Conclusões: A maioria das DMO foi solicitada semindicação recomendada, o que representa umenorme e escusado desperdício de recursos técni-cos e económicos. Existe, por isso, uma clara ne-cessidade de difundir largamente as recomenda-ções aprovadas e de formação pós-graduada dosmédicos que mais frequentemente requisitam asDMO.

P48 – IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DA

FIBROMIALGIA: INQUÉRITO JUNTO DE MÉDICOS

GENERALISTAS E REUMATOLOGISTAS EM PORTUGAL

E COMPARAÇÃO COM A FRANÇA

JC Branco,1,2 F Blotman,3 H Barros,4

E Thomas,3 JP Caubere,5 Ch Taieb6

1. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

POSTERS

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2. Serviço de Reumatologia, CHLO, EPE/Hospital EgasMoniz, Lisboa, Portugal3. Service de Rhumatologie, Hôpital Lapeyronie,Montpellier, França4. ONDOR, Porto, Portugal5. Fabre Santé, Castres, França6. Santé Publique, Qualité de Vie & Economie de laSanté, Pierre Fabre, SA, Boulogne, França

Objectivos: Poucos estudos foram realizados paraavaliar a identificação e o conhecimento da fibro-mialgia (FM) entre os médicos de família e os reu-matologistas. Um estudo realizado em Françamostrou a necessidade da educação médica con-tínua para ajudar os médicos a melhor identificare diferenciar a FM de outras patologias. O nossoobjectivo consistiu em avaliar o nível de conheci-mento desses médicos em Portugal acerca da FM,analisar a sua abordagem terapêutica e compará-la com a dos médicos franceses. Material e Métodos: Juntamente com um envelo-pe pré-pago foi enviado, a todos os médicos de fa-mília (n=8 399) e reumatologistas (n=124) portu-gueses, um questionário destinado a avaliar o co-nhecimento e a gestão da FM, já utilizado num es-tudo anterior realizado em França.Resultados: Trinta e quatro reumatologistas (taxade resposta: 27,4%) e 337 médicos de família (taxade resposta: 4,0%) devolveram o questionário pre-enchido. Cerca de 94,5% dos médicos de família e87,5% dos reumatologistas nunca receberam qual-quer formação curricular sobre a FM. Por conse-guinte, o conhecimento dos sintomas e dos sinaisclínicos desta entidade nosológica, bem como dosseus critérios de classificação do American Colle-ge of Rheumatology, 1990 e da gestão corrente dosdoentes fibromiálgicos revela uma ampla área paramelhoria da formação pós-graduada.Conclusões: Tal como em França, existe em Por-tugal a necessidade de implementar um programade formação médica contínua sobre a dor crónicae a FM. Este trabalho foi completamente suporta-do por uma bolsa específica concedida pelos La-boratórios Pierre Fabre.

P49 – OSTEOPOROSE MASCULINA – ESTUDO

RETROSPECTIVO DE 70 DOENTES

D. Medeiros,1 M. Sousa,1 R. Figueiredo,1

C. Miguel,1 F. Barcelos,1 M. Micaelo,1 E. Simões1

1. Reumatologia, Instituto Português de Reumatologia,Lisboa.

Objectivos: A Osteoporose masculina (OP), pato-logia mais rara do que a feminina, está frequente-mente associada a causa identificáveis, pelo que a investigação de eventuais causas secundárias deverá fazer parte da abordagem sistemática daOP. Pretendemos descrever uma população de 70 doentes do sexo masculina, observados naconsulta externa de OP e doenças ósseas-meta-bólicas. Material e Métodos: Estudo retrospectiva envol-vendo uma amostra de 70 doentes com OP mas-culina, observados na consulta de OP e doenças ós-seas-metabólicas. Foram avaliados parâmetros de-mográficos, duração media do diagnóstico, etiolo-gia, factores de risco, tipo de osso afectado, T-scoremínimo na DXA, fracturas, terapêutica.Resultados: 70 homens com o diagnóstico de OPforam avaliados. Idade média foi 60 anos. Duraçãomedia do diagnóstico foi 7,5 anos. Em 66% dos ca-sos (46) ocorreu causa secundária. Incluíram: 22%(10) hipercalciúria idiopática (HI), 17 % (8) iatro-genia, 20% (9) hipogonadismo, 22% (10) espondi-loartropatia seronegativa, 15% (7) artrite reumatói-de, 2% (1) hipertiroidismo e 2% (1) hiperparatiroi-dísmo. A OP iatrogénica incluiu fármacos comoglucocorticóides isolados (4), anticonvulsivantes(1), anti-ácidos (2), antagonistas androgénicos (1).A OP trabecular ocorreu em 60 % (42), OP cortical9% (6) e OP trabecular e cortical 31% (22). O scoreT médio trabecular foi -2,68 DP e -2,6 DP para ocortical. Ocorreram 25 fracturas: 3 colo femoral, 9vértebras, 7 punho, 4 pé e 2 cotovelo. Bifosfonatos(BFO) foram prescritos em 67% (47); calcitonina9% (6); testosterona 9% (6); ranelato estrôncio 3%(2), análogo PTH 1% (1); pamidronato 1% (1), eCálcio e vitamina D isolados 10% (7). Os doentescom HI realizaram diuréticos tiazídicos (10). O bai-xo intake de cálcio ocorreu em 33% (22), excessode álcool 22% (15), sedentarismo 22% (15), taba-gismo 15% (10), gastrite atrófica em 5% (3) e his-tória familiar 3% (3).Conclusões: A OP secundária foi a mais frequen-te, sendo a hipercalciúria idiopática e as doençasdo tecido conjuntivo (DTC) as causas mais obser-vadas, seguidos de hipogonadismo. O consumoexcessivo de etanol e o baixo intake de cálcio, as-sociados a sedentarismo, foram factores de riscopredominantes. A OP 2ª às DTC foi inferior ao es-perado dado estas serem seguidas pelo reumato-logista assistente. Esta consulta inclui casos refe-renciados pela sua gravidade, causas secundárias,ou resistência à terapêutica.

POSTERS

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P50 – SOBREVIDA CUMULATIVA DAS TERAPÊUTICAS

BIOLÓGICAS EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE

Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Ana Filipa Mourão,1

Laura Pinto,1 Sandra Falcão,1,2 Rita Barros,1

António A. Matos,1,2 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: O objectivo deste trabalho é efectuaro estudo da sobrevida cumulativa das terapêuticasbiológicas utilizadas na Artrite Reumatóide no nos-so Serviço. Material e Métodos: Análise de todos os doentesdo Serviço de Reumatologia do HEM, com diag-nóstico de Artrite Reumatóide, segundo os critériosdo ACR, submetidos a terapêutica biológica, comInfliximab (I), Etanercept (E), Adalimumab (Ad) eAnakinra (Ak), no período de 1-8-2000 a 31-12--2007, o que correspondeu a 95 doentes (88M : 7H)com idade média 55 anos e 122 prescrições. Naanálise de sobrevida foram excluídas 4 prescriçõespor insuficiência de dados, sendo assim analisadas118, distribuídas da seguinte forma: I 44, Ad 33, E31, Ak 10. O I e o E foram iniciados no ano 2000 eo Ad e o Ak em 2003. A análise de sobrevida cumu-lativa terapêutica foi efectuada pelo teste de Ka-plan-Meier, considerando como «end-point» adescontinuação terapêutica. Efectuou-se ainda aavaliação da sobrevida cumulativa por ineficácia(In) e por ocorrência de efeitos secundários (ESec).Calcularam-se as taxas de descontinuação e fez-sea caracterização das suas principais causas. Resultados: Do total de 118 tratamentos iniciados,foram suspensos 62 (52,54%) e 56 mantêm-se a fa-zer terapêutica ( 47,5%) . Os resultados obtidosapresentam-se em tabela. A análise global dasprescrições mostrou diferenças estatistícas entreos vários biológicos (p = 0,0001). Pela proximida-de dos resultados obtidos entre I e E, repetiu-se aanálise de Kaplan-Meier aplicada somente a estes2 fármacos. Não se encontrou diferença estatisticana sobrevida cumulativa entre ambos (p = 0,905),incluindo a análise por ineficácia e por efeitos se-cundários. Nos casos de suspensão, a principalcausa são os efeitos secundários (50%), seguidos deineficácia (32,25%) e outras (17,75%). Nos suspen-sos por ESec, as infecções graves são sobretudo doforo respiratório (38,7%) incluindo 6 casos de tu-berculose pulmonar (3 sob I, 1 sob Ad, 1 sob Ak) e1 caso de tuberculose ganglionar (sob Ad). As reac-

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ções alérgicas ocorreram em 22,5%. Verificaram-se4 casos de neoplasia (9,7%), nomeadamente umcaso de neoplasia da próstata (sob Ad), um de ne-oplasia do endométrio (sob E), um caso de linfo-ma B de baixo grau (sob Ak) e um caso de neopla-sia do Sistema Nervoso Central (sob I). Conclusões: A sobrevida média do I e do E foi si-milar (49,7 e 48,7 meses, respectivamente) e com-parativamente superiores às do Ad e Ak. Estas di-ferenças poderão em parte ser explicadas pela in-trodução mais tardia do Ad e do Ak . Outra expli-cação possível, no caso do Ad, foi este ter sido obiológico mais utilizado em SWITCH (39,9% das 33prescrições), comparativamente ao I (13,6%) e aoE (19,35%). As taxas de descontinuação global, porineficácia e por toxicidade, são sobreponíveis en-tre o I, E e Ad.

P51 - PREVALÊNCIA DA FIBROMIALGIA NA EUROPA

JC Branco,1,2 F Saraiva,3 M Matucci Cerinic,4

B Bannwarth,5 I Failde,6 J Carbonell,7

F Blotman,8 M Spaeth,9 F Nacci,10

JP Caubere,11 K Le Lay,12 Ch Taieb12

1. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 2. Serviço de Reumatologia, CHLO, EPE - Hospital EgasMoniz, Lisboa, Portugal3. Serviço de Reumatologia, Hospital Santa Maria, EPE,Lisboa, Portugal4. Div Rheumatology, Univ. Florença, Itália5. Universidade V. Segalen, Bordéus, França6. Medicina Preventiva e Saúde Pública, Universidade de Cadiz, Espanha7. Unidade Reumatologia, Barcelona, Espanha8. Hospital Lapeyronie, Montpellier, França9. Unit of Rheumatology, Munique, Alemanha 10. Div Rheumatology, Univ. Florença, Itália11. Pierre Fabre Santé, França12. Santé Publique, Qualité de Vie & Economie de laSanté, Pierre Fabre, SA, Boulogne, França

Objectivos: A prevalência da fibromialgia (FM) foiestimada na população geral entre 2 e 4%, atravésde várias metodologias no Canadá, nos EstadosUnidos da América e em Espanha. O objectivo des-te estudo consistiu, segundo a mesma metodolo-gia, em avaliar e comparar a prevalência da FM emcinco países europeus: Alemanha, Espanha, Fran-ça, Itália e Portugal.Material e Métodos: O London FibromyalgiaEpidemiological Study Screening Questionnaire

(LFES-SQ 4 itens) foi submetido, por um lado, aosdoentes que consultaram os 8 serviços hospitala-res de reumatologia participantes no estudo, qual-quer que fosse o motivo da consulta e, por outrolado, à população geral, recorrendo a uma amos-tra representativa da população geral com mais de15 anos de idade, seleccionada segundo o métododas quotas. Os doentes vistos na consulta foramexaminados conforme os critérios de classificaçãoda FM do American College of Rheumatology de1990 para confirmar ou não a presença de FM. Aprevalência foi estudada em função de várias mo-dulações deste questionário de detecção, nomea-damente, acrescentando perguntas relativas à fa-diga (LFES-SQ 6 itens).Resultados: Nos cinco países estudados, 1125doentes e 4517 adultos da população geral foramentrevistados. Para o conjunto dos países, a preva-lência da FM foi de 4,6% [4,0 – 5,2], quando toma-das em consideração unicamente as queixas dedores difusas, e de 2,8% [2,3 – 3,3] se acrescentar-mos a fadiga. A prevalência estimada em França foide 2,2% (2,6% nas mulheres e 1,8% nos homens),em Portugal de 3,7% (5,1% nas mulheres e 2,3%nos homens), em Espanha de 4% (5,2% nas mulhe-res e 2,7% nos homens), na Alemanha de 5,8%(7,5% nas mulheres e 3,8% nos homens) e na Itá-lia de 6,6% (9,8% nas mulheres e 3,0% nos ho-mens). Só foram evidenciadas diferenças estatis-ticamente significativas entre a França e a Itália eentre a França e a Alemanha. Estes resultados per-mitem-nos comparar essas prevalências com osresultados previamente observados nos EstadosUnidos e no Canadá. As ligeiras diferenças inter-continentais explicam-se provavelmente pelas di-ferenças de metodologias e de populações, mastambém pelas diferenças socio-demográficas e depercepção desses sintomas. Conclusões: Este estudo permitiu-nos avaliar emcinco países europeus a prevalência da FM. A pre-valência mínima de 2,8% obtida no conjunto des-tes países indica que um total de 6 milhões de adul-tos padece de FM. Este trabalho foi completamen-te suportado por uma bolsa específica concedidapelos Laboratórios Pierre Fabre.

P52 – PREVALÊNCIA DA FIBROMIALGIA EM

PORTUGAL: RESULTADOS: FINAIS

JC Branco,1,2 F Saraiva,3 JP Caubère,4 E André5

K Roué-Le Lay,5 Ch Taieb6

1. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

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Nova de Lisboa 2. Serviço de Reumatologia, CHLO, EPE - Hospital EgasMoniz, Lisboa, Portugal.3. Serviço de Reumatologia, Hospital Santa Maria, EPE,Lisboa, Portugal4. Pierre Fabre SA, Castres, França5. Médico de Saúde Pública, Grenoble, França6. Santé Publique, Qualité de Vie & Economie de laSanté, Pierre Fabre, SA, Boulogne, França

Objectivos: A fibromialgia (FM) é uma doença deetiologia desconhecida e diagnóstico difícil, queafecta mais de 5% dos doentes que acorrem a umaconsulta de medicina geral. A prevalência na po-pulação geral é de cerca de 2% e de 5,8 % nas mu-lheres de 40 a 60 anos e até 8% nas mulheres de 55a 64 anos. O objectivo deste estudo consistiu emavaliar a prevalência da FM em Portugal, no âmbi-to de um serviço hospitalar de reumatologia e napopulação geral.Material e Métodos: Todos os doentes que, porqualquer motivo, foram consultados em duas con-sultas de reumatologia, durante um intervalo de 2dias, foram entrevistados utilizando o London Fi-bromyalgia Epidemiological Study Screening Ques-tionnaire (LFES-SQ 4 itens), validado em portu-guês, e ao qual foram acrescentadas duas pergun-tas relativas à fadiga (LFES-SQ 6 itens). Estes doen-tes foram estudados segundo os critérios declassificação do American College of Rheumato-logy de 1990, para confirmar ou não a existência deFM. O LFES-SQ de 6 itens foi concomitantementesubmetido, por telefone, a uma amostra represen-tativa da população portuguesa com mais de 15anos de idade, seleccionada pelo método de quo-tas. A prevalência da FM na população geral foiavaliada, multiplicando a percentagem de casosde FM confirmados entre os doentes detectadospositivos nas consultas, ou seja, o valor preditivopositivo observado nas consultas, pela percenta-gem de indivíduos positivos na população geral.Resultados: Entre todos os doentes adultos obser-vados na consulta, 56,7% declaram dores difusas,38% declaram dores difusas e fadiga. Em 20,3%[19,8-20,8] dos casos foi confirmada a presença deFM. Detectaram-se dores difusas em 12,8% dosadultos entrevistados na população geral e 9,8%apresentavam também fadiga. Considerando asdores difusas como o único critério de pré-diag-nóstico, a prevalência da FM na população geral foiavaliada em 3,7% [2,0 – 5,4]. Se for acrescentada afadiga, a prevalência atinge 3,6% [2,0 – 5,2]. A pre-

valência aumenta com a idade até à faixa dos 65-74 anos. Os casos confirmados de FM são maiori-tariamente mulheres, com uma idade média de59,2 anos.Conclusões: Tendo como referência esta prevalên-cia mínima de 3,6%, existirão cerca de 300.000adultos com FM em Portugal. Este trabalho foicompletamente suportado por uma bolsa especí-fica concedida pelos Laboratórios Pierre Fabre.

P53 – CARACTERIZAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO DE

DOENTES COM ESCLERODERMIA COM DOENÇA

INTERSTICIAL PULMONAR (DIP)T. Videira,1 N. Melo,2 F. Brandáo,1 A. Morais,2

F. Simóes Ventura1

1. Serviços de Reumatologia e da Faculdade de Medici-na do Porto 2. Serviço de Pneumologia do Hospital de Sáo Joáo

Objectivos: A esclerodermia (ES) é uma doençasistémica inflamatória rara, de etiologia desconhe-cida e cacterizada por espessamento cutâneo egrau variável de atingimento multiorgânico. Ava-liação das características clínicas e epidémiológi-cas de uma população de doentes com escleroder-mia com DIP. Material e Métodos: Foram incluídos 11 doentes(média de idades – 51 anos; sexo feminino – 91%)com DIP associada à ES, sendo avaliadas as ca-racterísticas clínicas e epidemiológicas desta po-pulação.Resultados: O diagnóstico foi efectuado segundoos critérios do American College of Rheumatology,em média 3,8 anos após o aparecimento dos pri-meiros sintomas. O aparecimento de sintomas gas-trointestinais e respiratórios ocorreram, em mé-dia, 2 anos e 6,4 anos após o diagnóstico, repecti-vamente. Cerca de 90% dos doentes eram não fu-madores e 10% ex-fumadores. Cerca de 18% tinhahipertensão arterial na história pregressa. Umdoente era uma sobreposição de esclerodermiacom artrite reumatóide.O envolvimento cutâneoera limitado em 45%, difuso em 40% e ausente em10% dos doentes. O fenómeno de Raynaud foiobservado em 73%, a disfagia em 64%, as úlcerasdigitais em 55%, a sinovite em 18%, o refluxo gas-tro-esofágico em 18% e a miosite em 9% dos doen-tes. Analiticamente cerca de 64% dos doentes ti-nham síndrome inflamatório biológico sugestivode actividade da doença (média de VS – 60mm/1ªh;N < 25mm/1ªh). Foi encontrado o seguinte perfil

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imunológico: anticorpo anti-nuclear positivo em64% dos casos e anticorpos anti-centrómero e anti-Scl70 positivos em 27% dos casos. Cerca de 27%dos doentes apresentavam simultaneamente HP(PSAP média de 70 mmHg) e proteinúria subnefró-tica em 18%. Relativamente ao envolvimento pul-monar, a dispneia foi o sintoma respiratório pre-dominante (82%). Funcionalmente 45% dos doen-tes apresentavam síndrome ventilatório restritivo,18% síndrome ventilatório obstrutivo e 55% dimi-nuição da transferência alvéolo-capilar do monó-xido de carbono. As alterações imagiológicas ti-nham predomínio basal (55%), sendo o padrão re-ticular o mais comum (55%). A alveolite linfocíti-ca e neutrofílica foi a alteração mais frequente(36%) na análise do LBA. Os corticóides e a ciclo-fosfamida foram os fármacos mais usados na tera-pêutica instituída.A manometria esofágica reve-lou ausência de peristaltismo nos 2/3 inferiorescom esfincter esofágico inferior hipotónico em 6doentes. O Electrocardiograma revelou hemiblo-queio fascicular anterior esquerdo (3 doentes),bradicardia sinusal (1 doente), má progressão daonda R (1 doente) e taquicardia sinusal (1 doente),sendo os restantes normais. Três doentes falece-ram (27%), um devido à HP associada, outro devi-do a neoplasia pulmonar e outro ainda no contex-to de sépsis com origem abdominal. Conclusões: De salientar o intervalo de tempoalongado entre o diagnóstico de ES e o apareci-mento dos sintomas sendo neste período essenciala monitorização cardiaca, pulmonar e renal pré-sintomática para a detecção precoce da doença,uma vez que é o envolvimento pulmonar (sobre-tudo) , cardiaco e renal são as causas de morte maisfrequente nestes doentes.

P54 – SINDROME METABÓLICA E RISCO

CARDIOVASCULAR EM DOENTES COM LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO

Maria José Santos,1 Filipe Vinagre,1

Sandra Garcês,1 J Canas da Silva1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta

Objectivos: Os doentes com Lúpus EritematosoSistémico (LES) têm um risco de eventos cardio-vasculares 5-6 vezes superior à população geral eesse aumento não é totalmente explicado pelosfactores de risco tradicionais. Por outro lado a Sin-drome Metabólica (SMet) aumenta o risco CV maisde 2 vezes. Foi nosso objectivo avaliar a presença

de Sindrome Metabólica em doentes com LES eestimar o risco CV a 10 anos nesses doentes, apli-cando a equação de Framingham. Material e Métodos: Foram estudados 57 doentesconsecutivos com o diagnóstico de LES (95% mu-lheres; idade média 46±13 anos; duração da doen-ça 6,4±4,6 anos) e 72 controlos com característicasdemográficas semelhantes, sem doença inflama-tória. Foram avaliadas características clínicas, re-gistada medicação e colhida uma amostra de san-gue, após jejum nocturno, para medição da glicé-mia e dos lípidos séricos. A presença de SMet foideterminada de acordo com a definição do Natio-nal Cholesterol Education Program/Adult Treat-ment Panel III (NCEP/ATP III), da InternationalDiabetes Federation (IDF) e da American HearthAssociation/National Heart Lung and Blood Insti-tute (AHA/NHLBI).Resultados: A prevalência de SMet foi superior nosdoentes com LES, independentemente da defini-ção utilizada: NCEP/ATP III - 14% vs 5% n.s.; IDF-26% vs 14% p=0.05; AHA/NHLBI - 21% vs 8%p=0.03. Níveis baixos de HDL e hipertensão dias-tólica foram os domínios que mais contribuirampara essas diferenças. Os doentes com LES queapresentavam algum dano medido pelo SLICC//ACR DI tinham maior probabilidade de sofrer deSMet (OR1,7; 95% CI 1,07-2,8; p=0,02). Não encon-trámos relação entre a presença de SMet e a dura-ção ou actividade do LES. O risco CV a 10 anos es-timado pela equação de Framingham foi mais bai-xo nos doentes com LES do que nos controlos(1.06% vs 1.97%). Conclusões: A prevalência de SMet é 2-3 vezes su-perior nos doentes com LES do que nos controlos,dependendo da definição utilizada. Por outro lado,a aplicação da equação de Framingham conduz avalores mais baixos no LES do que nos controlos,provavelmente subestimando o real risco cardio-vascular dos doentes com lúpus.

P55 – FRACTURA OSTEOPORÓTICA DO FÉMUR

DURANTE A GRAVIDEZ – CASO CLÍNICO

R. Barros,1 F.S.Silva,2 P. Rego,2 J. Monteiro2

1. S. Reumatologia-Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental- H. Egas Moniz, Lisboa.2. S. de Ortopedia, Hospital de Santa Maria, E.P.E., Lisboa; Faculdade de Medicina de Lisboa, Universidade de Lisboa, Lisboa.

Objectivos: Os autores apresentam o caso de uma

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mulher de 34 anos que sofreu uma fractura sub-ca-pital do fémur num contexto de queda da própriaaltura.É feita uma discussão dos diagnósticos di-ferenciais das fracturas de fragilidade do femur du-rante a gravidez e uma revisão da literatura sobrea osteoporose durante a gravidez.Material e Métodos: Primigrávida, à 34 semana de-senvolve dor da anca e coxa direita de ritmo me-cânico, não incapacitante, tratada com descargacom canadianas e deflazacort 5 dias. Na 37ª sofrequeda da própria altura na via pública de que re-sultou fractura subcapital do fémur direito. Cesa-riana electiva às G37+ 2 d, RN de sexo feminino,com peso 2425g índice Apgar 8/9. Factores de ris-co osteoporose/fracturas: tabagismo (14 UMA).DEXA: z-score -2.3 femúr proximal total e z-score -3 coluna lombar. Resultados: A investigação etiológica da fracturademonstrou ser esta uma fractura osteoporótica.A doente foi submetida a redução cruenta e fixaçãoin situ da fractura com parafusos canulados e in-viciou investigação e tratamento da osteoporose. Conclusões: Como hipóteses fisiopatológicas paraa osteoporose associada à gravidez apontam-se:uma resposta supra-fisiológica às alterações dometabolismo ósseo em mulheres com DMOpréviamente normal; em mulheres com osteopo-rose prévia, a gravidez e/ou lactação actuariamcomo factores de stress com a manifestação clíni-ca da osteoporose; forma ligeira de osteogéneseimperfeita, que se manifesta no contexto das alte-rações do metabolismo ósseo, ou uma combina-ção de factores

P56 – INFECÇÕES ATÍPICAS EM DOENTES COM

ARTRITE REUMATÓIDE SOB ANTI-TNFα:A PROPÓSITO DE 2 CASOS

S. Pimenta,1 M. Bernardes,1 A. Bernardo,1

M.D. Pinheiro,2 A. Morais,3 E. Mariz,1 C. Vaz,1

J. Pinto,1 F. Simões-Ventura1,4

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto2. Laboratório de Microbiologia do Serviço de Patologia Clínica do Hospital de São João, Porto3. Serviço de Pneumologia do Hospital de São João,Porto4. Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: O risco infeccioso está globalmenteaumentado nos doentes tratados com anti-TNFα.A reactivação da tuberculose permanece ainda

tema da actualidade e o aparecimento de infec-ções por outros agentes é alvo de publicações re-centes. Entre elas destacam-se infecções por legi-onella, descritas em doentes sob infliximab e vári-as infecções por pneumococcus. Material e Métodos: Os autores descrevem doiscasos de infecções raras, por agentes atípicos, emdoentes sob etanercept. Resultados: Caso nº1: doente do sexo masculino,56 anos de idade, com artrite reumatóide diagnos-ticada há 8 anos, iniciou o etanercept em Maio de2004. Manteve-se medicado e controlado até Janei-ro de 2007, altura em que apresentou, de novo, 5articulações tumefactas, 3 dolorosas e um aumen-to da VS (93 mm/1ªh). Queixava-se de tosse seca,sem febre e sem alterações do estado geral. O RXpulmonar objectivava um padrão micronodulardifuso e um nódulo de 20 mm de diâmetro no cam-po pulmonar direito. Analiticamente: sem anemia,presença de síndroma inflamatório biológico (VS:93 mm/1ªh; PCR: 24.6 mg/L) e trombocitopenia(plaquetas: 143 x 109). Não tinha alterações da fun-ção hepática ou renal. Imunologicamente: factorreumatóide: 4060 UI/mL (< 30) e anti-CCP: 4640 U(< 20). Serologia HIV negativa. A TC torácica reve-lou uma lesão nodular hipodensa, no lobo supe-rior direito, com 26 mm de diâmetro compatívelcom lesão neoformativa e outro nódulo com cer-ca de 10 mm, à esquerda. A broncofibroscopia nãorevelou alterações e os exames micobacteriológi-cos dos lavados brônquico e bronco-alveolar fo-ram negativos. Foi submetido a biopsia aspirativatranstorácica do nódulo pulmonar direito. A cito-logia não revelou presença de células malignas,mas evidenciou estruturas fúngicas mal caracteri-zadas, não se conseguindo identificar no examecultural. Iniciou, nessa altura, o itraconazol. Dadaa persistência das alterações imagiológicas sobanti-fúngico, repetiu a biopsia transtorácica doismeses e meio depois. O exame citológico foi sobre-ponível ao anterior, individualizando-se hifas fún-gicas. Houve crescimento de Aspergillus (aguardaidentificação de espécie) ao exame cultural. Faceao antibiograma foi modificada a terapêutica paraposaconazol. Por manter exame da expectoraçãocom presença de hifas, foi alterada a medicaçãopara voriconazol. O último controlo imagiológico,feito 10 meses depois, mostra discreta melhoriadas alterações pulmonares com parcial cavitaçãoda formação nodular. Caso nº2: mulher de 59 anoscom artrite reumatóide desde os 24 anos de idade,iniciou etanercept em Agosto 2005. Manteve a te-

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rapêutica sem intercorrências até Setembro de2007, altura em que surgiram lesões cutâneas, eri-temato-pustulosas com formação de úlcera e pos-terior cicatrização, ao nível do tronco e membrosinferiores. O exame bacteriológico do exsudado re-velou existência de Pseudomonas aeruginosa. Se-gundo o antibiograma, iniciou ciprofloxacina quefez durante 16 dias mas, sem melhoria. Repetiu oexame bacteriológico que confirmou a presençade P. aeruginosa e Staphylococcus epidermidis.Manteve a ciprofloxacina e iniciou o trimeto-prim/sulfametoxazol durante 16 dias com regres-são total das lesões.

P57 – OSTEOMALÁCIA HIPOFOSFATÉMICA//DORSALGIA NUM ADULTO JOVEM HLA B27 + T. Videira,1 A. Bernardo,1 M. Bernardes,1

F. Brandão,1 J. Brito,1 F. Simóes Ventura1

1. Serviços de Reumatologia do Hospital de São João eda Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: A osteomalácia é uma doença ósseametabólica rara que é caracterizada por uma mi-neralização anómala do esqueleto maturo tendocomo manifestações clínicas principais : fractura,dor óssea e fraqueza muscular proximal.

Neste caso clinico, descreve-se um adulto jo-vem, sexo masculino, com o diagnóstico de Pelvi-espondilite anquilosante B27+, dois anos antes dointernamento, com irmão também com o mesmodiagnóstico.

Apresentava raquialgia dorsolombar e coxalgiaincapacitante bilateral com dois anos de evolução,de predomínio nocturno e rebeldes ao tratamen-to prescrito com aine’s (Indometacina 125 mg/dia).Não fazia qualquer outro tipo de terapêutica, in-clusivé anti-àcidos. Ao exame objectivo não apre-sentava baixa estatura nem outros estigmas de os-teomalácia, nem tão pouco sinais sugestivos de sa-croileíte. Força muscular proximal dos membrospreservada. No estudo radiológico apresentavaevidência de múltiplas fracturas vertebrais dorsaise osteopenia generalizada, sem sinais de sacroileí-te radiológica e/ou sindesmofitose no ráquis. Noestudo analítico não apresentava sinddrome infla-matório biológico, de relevo apenas no estudo dometabolismo fosfo-cálcio: hipofosfatemia, aumen-to da fosfatase alcalina, diminuição da taxa de re-absorção renal de fósforo, normocalcemia comnormocalciúria, metabólitos da vitamina D nor-mais e PTH intacta normal.

Doseamentos normais de função tiroideia, tes-tosterona, sem hipopituitarismo. Sem alteraçãourinária a favor de Sindrome de Fanconi ou outrapatologia tubular renal. O cintilograma ósseo re-velou: «focos de hipercaptação das coxofemurais,epífises proximais do úmero, carpos, coluna dor-sal e faces laterais dos tarsos...na projecção da gra-de costal, clavícula direita ecalcâneo esquerdo...»Na Densitometria óssea apresentava, valores de Tscore de L1-L4 : - 2,3 ; Cólo fémur : -2,7 e Wards : -2,6. Perante a suspeita de osteomalácia foi realiza-da biopsia da crista íliaca que confirmou o diag-nóstico. Iniciou tratamento com suplementos defósforo elementar orale calcitriol com melhoria clí-nica, normalização dos valoresde fósforo e fosfa-tase alcalina e melhoria dos valores da densidademineral óssea. O doente apresentava caracteristi-cas clinicas e analíticas que podem ser sugestivastanto de osteomalácia ligada ao Cromossoma Xcomo de osteomalácia oncogénica.Pelo facto de,até à data, apesar do estudo exaustivo (aguardacintilograma marcado com octreotideo) não tersido detectada etiologia oncogénica, de momentointerpreta-se como tratando-se de uma osteoma-lácia ligada ao Cromossoma X, apesar da sintoma-tologia de início tardio e da forma esporádica. Orastreio dos familiares, incluindo o irmão foi nega-tivo. A etiologia, patogénese e nosologia destadoença permanecem incompletamente conheci-das, mas o tratamento é baseado na experiênciaactual de casos semelhantes e nos seus resultadosa nivel clinico, analitico e densitométricos.

P58 – DERMATOMIOSITE JUVENIL: A PROPÓSITO DE

4 CASOS

S. Pimenta,1 I. Cunha,2 C. Dias,3 I. Brito4

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto2. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro3. Serviço de Pediatria do Hospital de São João, Porto5. Unidade Funcional de Reumatologia Pediátrica doHospital de São João / Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: A dermatomiosite (DM) é uma conec-tivite rara que atinge predominantemente o sexofeminino. A idade de início pode dividir-se em doisgrupos: um observado na criança entre os 5 e 14anos e outro no adulto entre 45 e 64 anos. Na crian-ça, a incidência é cerca de 1 a 4 por milhão de ha-bitantes, observando-se uma variação sazonal.

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Contrariamente ao descrito no adulto, a associa-ção entre dermatomiosite e neoplasia parece serexcepcional. A evolução pode complicar-se peloaparecimento de calcinose, mais característica dasDM juvenis, podendo levar a incapacidade funcio-nal articular.Material e Métodos: Os autores descrevem 4 casosde dermatomiosite na criança com manifestaçõesclínicas, evolução e prognóstico variáveis. Resultados: Caso nº1: menino de 7 anos com his-tória de internamento, aos 4 anos de idade, por fe-bre, mialgias, artrite do joelho esquerdo e do pu-nho direito, tendo tido alta medicado com cortico-terapia. Tinha tido um mês antes uma estomatiteaftosa com artrite reactiva dos membros inferioresque melhorou com ibuprofeno. Um mês depois, foireinternado pelo mesmo quadro clínico, objecti-vando-se, de novo, lesões ulceradas nos cotovelose pavilhão auricular assim como lesões cutâneasdas mãos sugestivas de nódulos de Gottron. Ana-liticamente: anemia Hg: 11.9 g/dl, síndrome infla-matório (VS: 85 mm/1ªh e PCR: 92.2 mg/L), CPK eCPK MB: normais, aldolase: 16.5 U/L (< 7.6), semoutras alterações relevantes. O EMG não mostra-va alterações. A biopsia cutânea confirmou a sus-peita clínica de dermatomiosite. Iniciou predniso-lona (1mg/kg/dia) com posterior redução, obser-vando-se melhoria clínica e analítica. Caso nº2: jo-vem do sexo feminino de 18 anos que iniciou, 2anos antes, lesões eritematosas e descamativas deambas as mãos. Não tinha queixas articulares oumusculares. Apresentava síndrome inflamatório(VS: 67 mm/1ªh), DHL: 503 U/L (135-225), CPK:2740 U/L (10-149), CPK MB: 156 (< 25), aldolase:8.6 (< 7.6). O EMG revelou uma miopatia activa.Iniciou corticoterapia e posteriormente metotre-xato. Caso nº3: menina de 10 anos com história clí-nica, desde os 5 anos de idade, de fenómeno deRaynaud, cervicalgias, artrite das pequenas arti-culações das mãos e lesões cutâneas sugestivas denódulos de Gottron. De referir VS: 78 mm/1ªh,DHL: 353 U/L (135-225), CPK: 313 U/L (10-149), al-dolase: 17.9 (< 7.6). O EMG evidenciou alteraçõescompatíveis com miosite. Iniciou corticoterapia eposteriormente metotrexato com melhoria doquadro articular e analítico. Caso nº4: jovem dosexo masculino de 24 anos que, 9 anos antes, foi in-ternado por poliartrite das pequenas articulaçõesdas mãos, associadas a nódulos de Gottron. As en-zimas musculares apresentavam-se elevadas, ten-do iniciado corticoterapia. Quatro anos depois sur-ge calcinose subcutânea ao nível do 1º dedo da

mão direita e cotovelo direito. Foi medicado comcolchicina e hidroxicloroquina. Algum tempo de-pois observou-se agravamento clínico com calci-nose do joelho esquerdo, conferindo incapacida-de funcional, pelo que foi submetido a exérese. Aterapêutica foi modificada para inibidores dos ca-nais de cálcio, mantendo a corticoterapia.

P59 – AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DE

REFERENCIAÇÃO A UMA CONSULTA DE REUMATOLOGIA

J. A. Costa,1 A. Ribeiro,1 M. Bogas,1 C. Afonso,1

L. Costa,1 S. Alcino,1 M. Severo,2 D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos – Ponte de Lima – Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE2. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto

Objectivos: A Referenciação adequada a uma con-sulta especializada é uma etapa essencial no tra-tamento das doenças reumáticas. O objectivo des-te trabalho foi avaliar a concordância entre a sus-peita de diagnóstico do médico referenciador como diagnóstico do reumatologista, e a possibilidadede se fazer uma triagem de prioridades utilizandoum Protocolo de Referenciação (PR).Material e Métodos: Análise prospectiva dos PR àConsulta de Reumatologia de 1 de Setembro de2006 a 30 Abril de 2007. Este PR estava subdividi-do em grupos de patologias, sendo o médico refe-renciador convidado a colocar a sua hipótese ouhipóteses de diagnóstico (Dg). Os grupos princi-pais eram: artrites inflamatórias; osteoartrose(OA); raquialgias; doenças peri-articulares; artritesinfantis; osteoporose; e dor generalizada e fadigacrónica. Aos médicos reumatologistas foi pedidoque colocassem, de uma forma não-cega, a sua hi-pótese ou hipóteses de Dg mais prováveis ou Dgdefinitivo para posterior correlação. Foi tomadocomo gold-standard o Dg do reumatologista. Osdados foram analisados com vista à obtenção dosgraus de correlação entre o Dg do médico referen-ciador e o Dg do médico reumatologista. Para isso,calcularam-se as sensibilidades, especificidades evalores preditivos positivos (VPP), para cada umdos Dg possíveis.Resultados: Foram avaliados 785 PR e os respecti-vos Dg dos reumatologistas. A média de idades dosdoentes foi 49.5 +/-16.5 anos, com preponderânciado sexo feminino (72.6%). Na referenciação, a dis-tribuição dos doentes revelou preponderância de 3grupos de patologias: artrites inflamatórias (37.6%),

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Objectivos: A abordagem holística da Medicina le-va, por vezes, a percursos diagnósticos difíceis comachados que poderão estar muito longe das hipó-teses diagnósticas iniciais. Situações infecciosasraras traduzem-se muitas vezes em dificuldadesde diagnóstico pela forma atípica de apresentaçãoe a concomitância de outros sinais ou sintomas in-dependentes da causa primária despistam a linhadiagnóstica constituindo um desafio na procurade todas as respostas para determinado quadroclínico.Material e Métodos: Caso clínico: Doente de 31anos com dor de ritmo misto localizada à face pos-terior do joelho e perna direita, associada a edema,sem factor desencadeante, sem sinais inflamató-

rios associados, altera-ções tróficas ou sudativas.Negava febre ou qualqueroutra queixa sistémica.Sem queixas de qualqueroutro órgão ou sistema.Referia dor na transiçãoentre o tórax e o flanco di-reitos onde apresentavalesões cutâneas de aspec-to cicatricial. Objectiva-mente não apresentavatumefacção articular;sem derrame dos joelhos;edema da perna direita,pulsos simétricos e palpá-veis; sem assimetria daspressões arteriais dosmembros; lesões cutâne-

as cicatriciais e vesiculosas da transição toráx /flanco direito (interpretadas por Dermatologistascomo Herpes Zoster) com dor à palpação local e àpalpação do hipocôndrio direito (no território daslesões); apirético; sem alterações à auscultaçãocardiopulmonar; sem adenopatias; ginecomastiae hipopilosidade; redução do volume testicular;dentes cariados. Resultados: Exames complementares: VS: 84 mmna 1ª H; PCR: 5 mg/dl; sem outras alterações analí-ticas no hemograma ou bioquímica. Serologias he-patite B e C e HIV negativas. Testosterona: 0,8 ng//ml (2,7 a 11). Cariótipo XXY. Ecografia escrotal:testículos de dimensões reduzidas. Ecografia abdo-minal: sem alterações. Ecodoppler dos membrosinferiores (MI):estase venosa da poplítea direita.Angio-ressonância dos MI: estenose da artéria po-plítea direita sugestivo de síndrome de «entrap-

OA (28.1%) e raquialgias (22%). Nos Dg efectuadospelo reumatologista, o grupo de patologias mais fre-quente foi o da OA (45.3%), sendo também este queatingiu uma maior correlação entre o Dg do médi-co referenciador e o Dg do reumatologista (VPP72.5%). Em relação às artrites inflamatórias, o VPPfoi de 47.7%, e dentro destas, verificou-se a existên-cia de uma certa heterogeneidade, com um VPP de20.4% para a artrite reumatóide, 58.6% para as es-pondilartropatias e 52.2% para as artrites microcris-talinas. Em relação às doenças peri-articulares, oVPP foi de 68.6% enquanto que para a dor genera-lizada e fadiga crónica foi de 64%. Os grupos de pa-tologias com menor VPP foram a osteoporose(34.8%) e as artrites infantis (40%).

Conclusões: A correlação entre o Dg do médico re-ferenciador e o Dg do reumatologista não foi sufi-ciente para que se possa concluir que este instru-mento de trabalho seja considerado eficaz e credí-vel para efectuar uma pré-triagem por gravidadeda patologia. A implementação de um sistema des-te género torna-se premente, dado o aumento doafluxo de doentes a esta consulta, para permitir aobservação dos doentes mais urgentes no menorperíodo de tempo possível.

P60 - GONALGIA, EDEMA DA PERNA E VELOCIDADE DE

SEDIMENTAÇÃO ELEVADA – DESAFIO DIAGNÓSTICO

Paulo Monteiro,1 Cátia Duarte,1 Pedro Abreu,1

Maria João Salvador,1 Armando Malcata1

1.Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

ValorSensibilidade Especificidade Preditivo

(%) (%) Positivo (%)Artrites inflamatórias 81,2 75,7 47,7

Artrite Reumatóide 73,1 90,1 20,4Espondilartopatias 74,5 95,9 58,6Doenças do tecido conjuntivo 73,3 98,1 44,0Artrites microcristalinas 30,8 98,5 52,2

Osteoartrose 49,6 90,1 72,5Raquialgias 72,3 91,9 66,7Doenças Reumáticas 57,4 94,1 68,6Peri-articularesArtrites Infantis 80,0 99,2 40,0Osteoporose 66,7 98,0 34,8Dor generalizada e fadiga crónica 72,7 96,2 64,0

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ment». Angiografia dos MI: lentificação do fluxoda artéria poplítea direita com estenose significa-tiva em dorsiflexão e que desaparece em flexãoplantar sugestivo de síndrome de «entrapment».TAC toraco-abdominal revelou massa heterogé-nea complexa entre a grelha costal e o fígado insi-nuando-se até às costelas. Foi realizada punçãoguiada por TAC desta massa havendo aspiração devolumoso conteúdo purulento. Em meio de cultu-ra foi isolado actinobacillus actinomycetemcomi-ta. O doente teve rápida resposta a antibioterapiadirigida com desaparecimento do abcesso subfré-nico, iniciou terapêutica mensal com testosteronae foi proposto para cirurgia para resolução da in-serção anómala dos músculos da região poplítea. Conclusões: DISCUSSÃO: Trata-se de um doenteinternado num serviço de Reumatologia por go-nalgia, dor e edema da perna associados a eleva-ção da VS e cuja investigação se revelou num difí-cil caminho diagnóstico tendo-se identificado si-tuações diversas como hipogonadismo, síndromede «entrapment» e uma rara infecção à distânciaque justificava a elevação dos parâmetros inflama-tórios

P61 – ENVOLVIMENTO CARDÍACO RARO EM DOENTE

COM ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL

S. Pimenta,1 I. Cunha,2 T. Pinho,2 C. Gavina,3

I. Brito1,4

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João,Porto2. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro3. Serviço de Cardiologia do Hospital de São João, Porto4. Unidade Funcional de Reumatologia Pediátrica doHospital de São João / Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: As manifestações extra-articulares daartrite idiopática juvenil forma sistémica (AIJ sis-témica) são frequentes, traduzidas habitualmentepor adenopatias, hepato-esplenomegalia e atingi-mento das membranas serosas, nomeadamentecardíaca, pulmonar e peritoneal. O envolvimentocardíaco é o mais frequente, apresentando-se amaioria das vezes, como uma pericardite sintomá-tica. A miocardite é mais rara, podendo levar, ex-cepcionalmente, à insuficiência cardíaca. Material e Métodos: Os autores descrevem umcaso clínico de um doente do sexo masculino, de26 anos, com AIJ sistémica diagnosticada aos 4anos de idade, encontrando-se em remissão des-

de há cerca de 2 anos. Resultados: Em Outubro 2007 inicia febre vesper-tina (39º) com uma semana de evolução, artrite docotovelo direito e joelho esquerdo, necessitando deartrocentese e sinoviortese deste último, tendo ini-ciado corticoterapia (10 mg/dia). Após um mês deevolução surge dispneia para esforços moderadose início súbito de dor retroesternal associada anáuseas e vómitos. Recorreu ao Serviço de Urgên-cia, constatando-se hipotensão arterial e no ECGsupradesnivelamento de ST de 2 mm. Dada a per-sistência da dor torácica e das alterações electro-cardiográficas foi submetido a cateterismo cardía-co que mostrou as coronárias angiograficamentenormais e função ventricular esquerda moderada-mente comprometida.

O ecocardiograma transtorácico confirmou afunção ventricular esquerda moderada a severa-mente comprometida, bem como insuficiênciamitral grau II/IV. O doente foi internado na unida-de de cuidados intensivos com diagnóstico prová-vel de miocardite, sem evidência de intercorrênciainfecciosa associada. Foi necessário suporte ino-trópico por hipotensão na fase aguda. Analitica-mente apresentava um síndroma inflamatório bio-lógico (VS: 43mm1ª/h e PCR máx: 54 mg/l) e ele-vação da troponina I (valor máx: 41,6 ng/ml). Aressonância cardíaca mostrou uma fracção de ejec-ção do ventrículo esquerdo de 47% e padrão de re-alce tardio sugestivo de miocardite. Dada a histó-ria de agudização osteoarticular recente e a nega-tividade do estudo serológico, a miocardite foi con-siderada como uma provável manifestação daartrite idiopática juvenil, pelo que iniciou cortico-terapia (1mg/kg/dia). Verificou-se melhoria sinto-mática, mantendo-se estável do ponto de vistaeléctrico e hemodinâmico.

A repetição do ecocardiograma revelou fracçãode ejecção de 52%, pressão de enchimento do ven-trículo esquerdo normal e função ventricular direi-ta conservada. Teve alta sem queixas, mantendo acorticoterapia com indicação de redução lenta emregime de ambulatório. Três semanas depois, apre-sentava-se assintomático e sem alterações analíti-cas.

P62 – RESPOSTA AOS ANTI-TNFALFA; NA ARTRITE

REUMATÓIDE: AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Catarina Ambrósio,1 Pedro Machado,1

Margarida Alexandre,2 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

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Objectivos: Verificar, nos doentes com AR sob anti-TNFalfa seguidos no Hospital de Dia do Serviço deReumatologia dos Hospitais da Universidade deCoimbra (HUC): possíveis correlações entre as ca-racterísticas da doença, o biológico escolhido e otempo decorrido entre o diagnóstico e o início daterapêutica e o tipo de resposta obtida; avaliar aexistência de correlações entre os parâmetros deavaliação subjectiva e objectiva de actividade dadoença. Material e Métodos: Caracterizou-se a amostra noque respeita ao sexo, idade, presença de factor reu-matóide (FR), tempo médio de duração da doen-ça, anti-TNFalfa utilizado e duração da terapêuti-ca com este fármaco. Avaliou-se a eficácia com re-curso a contagens articulares, VS, PCR, HAQ e es-calas visuais analógicas.Resultados: Apresentam-se os resultados de 49mulheres e 1 homem, com uma média de idadesde 52,9±12,7 anos; 84,4% dos doentes apresentamFR positivo. 19 doentes estão medicados com in-fliximab, 18 com etanercept e 13 com adalimumab.O valor médio do DAS 283v inicial foi 5,3±1,1 comredução para 3,3±1,1 à presente data. Verificou-seuma redução de 23% na média dos valores do HAQe da EVA de 38,3%, quando comparamos os valo-res iniciais e os actuais. Os agentes anti-TNFalfamostraram ser, na maioria dos doentes, uma boasolução terapêutica. Tendo sido considerados nãorespondedores apenas 3 doentes, que foram orien-tados para Switch. A presença de factor reumatói-de, a terapêutica prévia e o biológico não têm cor-relação com o tipo de resposta. Conclusões: Parece existir correlação entre a varia-ção do valor da EVA e a variação da VS (p=0,002) eDAS28 4v (p<0,001). Não se encontrou correlaçãoestatisticamente significativa entre a variação daPCR com o HAQ (p=333) e a EVA (p=0,245).

P63 – COREIA EM CRIANÇA COM LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO E SÍNDROME

ANTI-FOSFOLIPÍDICO

S. Pimenta,1 I. Cunha,2 I. Brito3

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João,Porto2. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro3. Unidade Funcional de Reumatologia Pediátrica doHospital de São João / Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: O envolvimento do Sistema Nervoso

Central no Lúpus Eritematoso Sistémico pode serobservado em 10 a 20% dos casos, embora algunsestudos evidenciem um aumento da sua incidên-cia e prevalência nos últimos tempos. As manifes-tações clínicas são variadas, sendo as cefaleias asmais frequentes. A coreia é menos comum e asso-cia-se frequentemente à presença de anticorposanti-fosfolipídicos. Material e Métodos: A propósito, os autores des-crevem o caso de uma menina de 14 anos comdiagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistémico e Sín-drome anti-fosfolipídico diagnosticado aos 11anos de idade. Resultados: Apresentava nessa altura um quadrode necrose isquémica dos 1º, 2º, 3º e 5º dedos dopé esquerdo, com melhoria após perfusão de al-prostadilo. Analiticamente destacava-se uma ane-mia, um síndrome inflamatório (VS: 98mm/1ªh),anticorpos anti-nucleares: > 1/1000 com padrãohomogéneo, anti-DNA ds: 1606,4 UI/ml (0-200),anticoagulante lúpico positivo, anticorpos anti-cardiolipina IgM fortemente positivos: 82,2 (< 20)e os beta 2 glicoproteinas negativos. Os ANCAseram negativos, as fracções do complemento eramnormais e não se objectivavam alterações da fun-ção renal. Iniciou corticoterapia, hidroxicloroqui-na e anticoagulante oral, mantendo-se assintomá-tica durante 3 anos. Em meados de 2007 foi inter-nada por aparecimento, de modo insidioso, de mo-vimentos involuntários do membro superior einferior direito, que agravavam durante a marcha.Ao exame objectivo apresentava alterações dosmovimentos dos membros direitos, semiologica-mente compatíveis com movimentos coreoatetó-sicos e observavam-se esporadicamente disciné-sias oromandibulares. Analiticamente não apre-sentava anemia, nem síndrome inflamatório, an-ticorpos anti-nucleares > 1/1000 com padrãohomogéneo, anti-DNA ds: 1851,9 UI/ml (0-200),anticorpos anti-cardiolipina IgM negativos e IgGpositivos: 34,7 (< 20) e os beta 2 glicoproteinas ne-gativos. Sem atingimento renal. A RMN cerebralmostrava áreas de hipersinal nas ponderações deTR longo na substância branca de ambos os lobosfrontais, de predomínio periventricular, corres-pondendo a focos de gliose, de natureza inespecí-fica e na sequência de angio-RMN, a existência dehipoplasia/agenesia do segmento A1 da artéria ce-rebral anterior esquerda. Iniciou 3 pulsos de me-tilprednisolona e um pulso de ciclofosfamida,obtendo melhoria franca do quadro clínico. Man-teve pulsos de ciclofosfamida mensais e corticote-

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rapia.Três meses depois, surgiram movimentos co-reoatetósicos à esquerda associados a movimen-tos involuntários do tronco, pelo que foi reinterna-da para novos pulsos de metilprednisolona. Foi re-petida a RMN cerebral, sendo sobreponível à an-terior. Conclusões: Houve melhoria clínica. Ao 6º pulsode ciclofosfamida a criança apresenta apenas dis-cretos movimentos involuntários quase impercep-tíveis. A coreia, embora pouco frequente, podeocorrer como episódio inaugural da doença e serrecorrente. Tem habitualmente bom prognóstico.Há, no entanto, casos refractários à medicação,sendo as várias possibilidades terapêuticas discu-tidas pelos autores.

P64 – PARÂMETROS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS

NA ESPONDILITE ANQUILOSANTE: AVALIAÇÃO DE

RESULTADOS DUM HOSPITAL DE DIA

Catarina Ambrósio,1 Pedro Machado,1

Margarida Alexandre,2 Armando Malcata1

1.Hospitais da Universidade de Coimbra2.Hospitais da Universidade de CoimbraObjectivos: Verificar, nos doentes com Espondili-te Anquilosante (EA) sob anti-TNFalfa, seguidosno Hospital de Dia do Serviço de Reumatologia dosHospitais da Universidade de Coimbra (HUC): cor-relações entre as variações dos parâmetros de ava-liação subjectiva e as variações laboratoriais da VSe PCR e correlações entre as características dadoença, o anti-TNFalfa escolhido e o tipo de res-posta obtida.Material e Métodos: Caracterizou-se a amostra noque respeita ao sexo, idade, presença de HLA B27,forma de apresentação, tempo médio de duraçãoda doença, anti-TNFalfa utilizado e duração da te-rapêutica com este fármaco. Para avaliação da efi-cácia foram usados os valores de BASDAI e ASAS20.Foi ainda analisada a variação do HAQea, ASQol,VS e PCR.Resultados: Da amostra faziam parte 22 doentes (6mulheres e 16 homens), com uma média das ida-des de 38,6±8,9 (18-54) anos. 76,5% apresentavamHLA B27 positivo; 16 (72,7%) tinham envolvimen-to axial e periférico e 6 (27,3%) envolvimento axi-al exclusivo. 13 estavam sob terapêutica com infli-ximab e 9 com etanercept. Verificou-se que 14(63,6%) doentes tiveram uma redução do BAS-DAI>50% e 19 (86,4%) atingiram ASAS20 às 12 se-manas, considerando-se como respondedores àterapêutica. Os 3 doentes não respondedores fo-

ram orientados para Switch.Conclusões: Após a análise estatística dos dados,pelo teste de Fisher, não se encontrou correlaçãoestatisticamente significativa entre o tempo de du-ração da doença ou o tempo entre o diagnóstico eo início da terapêutica biológica e a resposta clíni-ca. O coeficiente de Correlação de Spearman tam-bém não mostrou correlação estatisticamente sig-nificativa entre as variações dos parâmetros deavaliação subjectiva e as variações laboratoriais daVS e PCR.

P65 – QUANDO UM BIOLÓGICO FALHA… A EXPERIÊNCIA DOS SWITCH

Catarina Ambrósio,1 Margarida Alexandre,2

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

Objectivos: À medida que a experiência com agen-tes biológicos aumenta, vão surgindo inevitavel-mente novos desafios à comunidade médica, umdos quais é: o que fazer quando o agente biológi-co falha? O presente trabalho tem como objectivoavaliar a resposta clínica e laboratorial após a in-trodução de um novo agente biológico, em doen-tes cuja resposta à primeira terapêutica foi insatis-fatória ou em que, por outra qualquer razão, foinecessária a substituição do fármaco. Material e Métodos: Avaliou-se, para cada doentecom espondilite anquilosante (EA), o BASDAI,BASFI, HAQea, ASQol, VS e PCR e, para cada doen-te com artrite reumatóide (AR), o DAS, HAQ, EVA,VS e PCR. Em todos os doentes foram feitas medi-ções destes parâmetros ao início da primeira tera-pêutica, à data do Switch e na última avaliação. Amudança de anti-TNF alfa foi feita com base nasnormas publicadas pela Sociedade Portuguesa deReumatologia (SPR) no que respeita a critérios demanutenção e suspensão de terapêuticas biológi-cas. No que se refere à doença de Still, foram usa-dos os parâmetros clínicos e laboratoriais. Resultados: Nove doentes foram proposto paraSwitch, 6 por ineficácia terapêutica e 3 por reacçãoalérgica documentada. Três doentes tinham artri-te reumatóide, 4 espondilite anquilosante, 1 artri-te idiopática juvenil poliarticular e 1 doença de Stilldo adulto. Verificou-se, nos doentes com AR, eficá-cia terapêutica. Os doentes com EA tiveram dimi-nuição do BASDAI superior a 50%. O doente comDoença de Still, apresentou, após o Switch, dimi-

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nuição significativa dos valores de ferritina, VS ePCR bem como melhoria das queixas álgicas. Tam-bém o doente com AIJ teve uma resposta positivaao Switch, com melhoria clínica e laboratorial. Àpresente data, todos os doentes permanecem sobterapêutica com o novo biológico. Conclusões: Apresentam-se os resultados dos 9doentes submetidos a Switch no Hospital de Dia deReumatologia dos HUC, Em todos os casos, verifi-cou-se uma resposta claramente positiva, quer doponto de vista laboratorial quer clínico, após o iní-cio da nova terapêutica. A mudança para uma se-gundo terapêutica biológica, perante a falência deuma primeira, parece pois ser uma boa opção.

P66 – ARTRALGIAS, DORES ÓSSEAS, ANA’S

POSITIVOS, TROMBOCITOPENIA E DORES… A SURPRESA DO DIAGNÓSTICO!Catarina Ambrósio,1 Margarida Alexandre,2

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

Objectivos: O diagnóstico diferencial das doençasreumatológicas é por vezes complexo pela inespe-cificidade das manifestações clínicas. Não rara-mente, o recurso aos vários exames complemen-tares disponíveis conduz-nos a patologias que nossurpreendem pela sua raridade, despertando anossa consciência para a necessidade de as consi-derar na nossa lista de diagnósticos diferenciais. Osautores apresentam o caso clínico de uma jovemcom artralgias e dores ósseas associadas ANA’s po-sitivos e trombocitopenia. Material e Métodos: Apresenta-se o caso clínico deuma mulher de 31 anos de idade, com artralgias deritmo misto e dores ósseas com 11 anos de evolu-ção associadas a xerostomia, enviada à consultasob terapêutica com hidroxicloroquina e predni-solona 5 mg/dia, que fazia desde há 7 anos. Ante-cedentes familiares de LES, num sobrinho de 14anos. Ao exame objectivo não apresentava altera-ções da pele ou mucosas. Auscultação cardio-pul-monar normal. Hepatoesplenomegalia. Sem arti-culações tumefactadas ou dolorosas, O teste deSchirmmer era de 15 mm bilateralmente. Resultados: Hemograma e leucograma normais,trombocitopenia de 111 G/L. ANA’s positivos++ pa-drão mosqueado, com anti-SSA positivo forte. Eco-grafia abdominal com ecodoppler visceral: hepato-megália moderada, fígado de contornos regulares

e de textura homogénea. Esplenomegália volumo-sa (20x19x7,5cm) com ectasia do hilo esplénico eectasia da veia porta, bem como da veia esplénica.Boa permeabilidade da veia porta, sem dilataçãodas vias biliares intra ou extrahepáticas. Realizoubiopsia óssea que mostrou infiltração de célulashistiocitárias sendo o estudo bioquímico lisosso-mal compatível com doença de Niemann-Pick,tipo B, confirmado posteriormente pela cultura defibroblastos. Conclusões: Fazem-se considerações acerca dodesafio diagnóstico deste caso, especialmente pelasua raridade na prática clínica do quotidiano.

P67 – OSTEONECROSE ASSÉPTICA – DIFERENTES

ETIOLOGIAS

Ana Ribeiro,1 J.A. Costa,1 Mónica Bogas,1

Domingos Araújo1

1. Serviço Reumatologia – CHAM Ponte de Lima

Objectivos: Introdução: A Osteonecrose (ON) é umprocesso patológico que tem sido associado a nu-merosas condições clínicas e algumas interven-ções terapêuticas. A prevalência exacta é desco-nhecida. Pensa-se, no entanto, que constitua cer-ca de 10% das causas de substituição total da anca.Uma variedade de factores, traumáticos e não trau-máticos, contribuem para a sua etiologia, salien-ta-se que o uso de corticóides e a ingestão exces-siva de álcool representam a maioria dos casos(>90%).Material e Métodos: Os autores apresentam seiscasos clínicos de osteonecrose asséptica, em quese presumiu haver distintas etiologias, ocorrendoem mais do que uma localização. Resultados: Casos clínicos: Estes casos dizem res-peito a 3 homens e 3 mulheres com idades com-preendidas entre os 27 e os 55 anos. Todos foramobservados na consulta de Reumatologia por qua-dro clínico de coxalgia mecânica bilateral com li-mitação marcada da mobilidade, nos quais se es-tabeleceu o diagnóstico de ON bilateral das ancas.Posteriormente, no decurso da sua evolução, em 2desses doentes efectuou-se também o diagnósti-co de ON do úmero e dos joelhos. Do estudo clíni-co destes doentes concluiu-se pelas seguintes etio-logias: 1) alcoolismo, 2) alcoolismo e hipertriglice-ridemia, 3) gravidez, 4) LES e corticoterapia, 5)traumatismo, 6) malformações arteriovenosas. To-dos os doentes foram submetidos a cirurgia: 5 a ar-troplastia total das ancas, 1 descompressão cirúr-

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gica da cabeça do fémur e 2 próteses totais dos joe-lhos. Conclusões: O mecanismo que desencadeia a os-teonecrose asséptica não está completamente es-clarecido. No entanto, independentemente daetiologia, pensa-se que o compromisso da vascu-larização óssea, surge como processo último namaioria dos casos. Em doentes com factores de ris-co conhecidos, um elevado índice de suspeição énecessário, pois o diagnóstico precoce desta situ-ação, pode providenciar a oportunidade de preve-nir o colapso e em última análise evitar a substi-tuição articular.

P68 – SÍNDROMAS POLIGLANDULARES AUTO-IMUNES

– 5 CASOS CLÍNICOS

Ana Ribeiro,1 Mónica Bogas,1 J.A. Costa,1

Domingos Araújo1

1. Serviço de Reumatologia – CHAM Ponte Lima

Objectivos: Introdução: Síndromas poliglandula-res autoimunes (SPA) são poliendocrinopatias ra-ras, caracterizadas pela falência de vários orgãosendócrinos e não endócrinos, resultante de umadestruição imunomediada. Actualmente descre-vem-se quatro categorias de SPA. No âmbito daReumatologia, assume particular interesse a SPAtipo 3, que se define, em termos endócrinos, peladoença auto-imune da tiróide, em associação aoutras patologias auto-imunes, muitas vezes doen-ças reumáticas. Material e Métodos: Os autores apresentam 5 ca-sos clínicos de doentes com síndroma poliglandu-lar auto-imune tipo 3, seguidos na consulta deReumatologia. Resultados: Casos clínicos: Descrevem-se 5 doen-tes, 1 do sexo masculino e 4 do sexo feminino, vi-giados em consulta de Reumatologia por artritereumatóide (4 doentes) e síndroma de sjogren (1doente). Todos os doentes apresentavam envolvi-mento da tiróide com hipo ou hipertiroidismo, denatureza auto-imune e, adicionalmente 1 dosdoentes apresentava vitíligo e outro, anemia per-niciosa. A associação das diferentes patologias re-feridas, permitiu o diagnóstico, em todos eles, deSPA tipo 3. Conclusões: A apresentação clínica da SPA 3 de-pende de uma constelação de manifestações, as-sociadas a uma morbilidade e mortalidade deter-minadas por cada um dos componentes indivi-duais. Os autores realçam a importância de, pe-

rante doentes com patologias reumáticas inflama-tórias, fazer uma avaliação cuidada para o despis-te de doenças endócrinas ou não, de naturezaauto-imune, uma vez que estas frequentemente seassociam.

P69 – OSTEONECROSE ASSÉPTICA NA GRAVIDEZ – UM CASO CLÍNICO

Ana Ribeiro,1 J.A. Costa,1 Mónica Bogas,1

Domingos Araújo1

1. Serviço de Reumatologia CHAM - Ponte de Lima

Objectivos: Introdução: A gravidez é uma causaexcepcional de osteonecrose asséptica da anca.Pela raridade dos casos, é difícil afirmar os meca-nismos subjacentes a esta osteonecrose, mas acre-dita-se que a sua etiologia seja multifactorial. Noentanto, a dor na anca durante a gravidez não é in-comum, resultando na maioria das vezes de alte-rações fisiológicas durante este período, como acompressão de estruturas pélvicas, o aumento dalaxidez ligamentar induzida pela relaxina e altera-ções mecânicas. Material e Métodos: Caso clínico: Os autores apre-sentam um caso clínico de uma mulher de 45 anos,sem antecedentes patológicos prévios, enviada àconsulta de Reumatologia por dor e limitação damobilidade das articulações coxofemorais comgrande incapacidade funcional, com cerca de 2anos de evolução. As queixas iniciaram-se de for-ma súbita duas semanas após o parto do seu 5º fi-lho (5G5P). Imagiologicamente constataram-se al-terações compatíveis com osteonecrose bilateralda anca. Não apresentava qualquer outra patolo-gia ou factor de risco frequentemente associadosa osteonecrose, além da gravidez. Resultados: Discussão: A osteonecrose é poucofrequente durante a gravidez ou no período pós-parto, mas constitui a 2ª causa de coxopatia no de-curso da mesma. Entre as causas potenciais quepredispõem a osteonecrose na gravidez ou perío-do pós parto estão a congestão venosa, a hiperco-aguabilidade, o stress mecânico e «overload», re-sultantes do ganho excessivo de peso e várias mo-dificações endócrinas, todos estas frequentes nodecurso da gravidez. Conclusões: O diagnóstico de osteonecrose na gra-videz ou período pós-parto surge como um desa-fio clínico, que obriga a um elevado grau de sus-peição. É difícil estabelecer uma relação causal en-tre gravidez e osteonecrose pelo facto de esta as-

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sociação ser rara. No entanto, os autores realçama importância de ponderar este diagnóstico pe-rante uma coxalgia durante a gravidez, pois a de-tecção precoce e uma intervenção atempada, con-dicionarão certamente um melhor prognóstico.

P70 – HOMOCISTEINA E METOTREXATO EM DOENTES

COM ARTRITE PSORIÁTICA

Ana Ribeiro,1 Mónica Bogas,1 J.A. Costa,1

Domingos Araújo1

1. Serviço de Reumatologia – CHAM Ponte de Lima

Objectivos: O metotrexato (MTX) é o DMARD maisutilizado no tratamento das artropatias inflamató-rias. O seu modo de acção, resulta da inibição dadihidrofolato reductase com deplecção do «pool»de folatos. Esta impede a transmetilação de homo-cisteina em metionina aumentando a homocistei-na plasmática (Hc). Sabe-se que a hiperhomocis-teinemia (HH) é um factor de risco para doençacardiovascular. Os autores avaliaram a prevalênciade HH em doentes com artrite psoriática (APs) come sem tratamento com MTX.Material e Métodos: Estudo transversal emdoentes com APs, seleccionados aleatoriamentena consulta de Reumatologia. Analisaram-se osseguintes parâmetros: idade, sexo, anos de evolu-ção da doença, extensão da psoríase, hábitos tabá-gicos, tratamento com metotrexato, suplementa-ção com ácido fólico e antecedentes de eventoscardiovasculares. Foram excluídos doentes queapresentavam outros factores de risco que pudes-sem influenciar o metabolismo da Hc. A cadadoente foi feito um doseamento de homocisteinasérica. Considerou-se HH para valores superioresa 16 umol/L.Resultados: Os doentes incluídos no estudo apre-sentavam diagnóstico de APs segundo os critériosde CASPER. Incluíram-se 41 doentes, 20 do sexo fe-minino e 21do sexo masculino, com idade médiade 50 anos (30-74 anos). A duração média da doen-ça foi de 125 meses (7-540 meses). O MTX foi uti-lizado em 30 (73%) doentes, todos em suplemen-tação com ácido fólico. A HH verificou-se em 5(12%) doentes sob tratamento com MTX e em ne-nhum dos restantes. Não foram referidos quais-quer antecedentes de eventos cardiovasculares.Conclusões: Contrariamente ao descrito para a ar-trite reumatóide, a APs, neste grupo de doentes,não parece estar associada a HH, apesar da psoría-se ser um factor de elevação da Hc. No nosso estu-

do, a não elevação da Hc nos doentes a fazer MTX,pode ser justificada pela suplementação com áci-do fólico. No entanto, apesar de não estatistica-mente significativo, verificou-se que o grupo dedoentes com maior envolvimento cutâneo e o gru-po de doentes a tomar MTX tinham tendência paravalores mais elevados de Hc.

P71 – POLIARTRITE ASSIMÉTRICA EM DOENÇA DE

CROHN OCULTA

Ana Rodrigues,1 Helena Canhão,1 Elsa Sousa,1

Cristina Catita,1 Luis Correia,1 Ilídio Barjas,1

João Lopes,1 Maria Emilia Oliveira,1

António Marques,1 João Eurico Fonseca,1

José A Pereira da Silva,1 Mário Viana Queiroz1

1. Hospital de Santa Maria

Objectivos: As artrites periféricas associadas àdoença de Crohn (DC) são habitualmente autoli-mitadas, não erosivas e evoluem por surtos relacio-nados com a exacerbação da doença intestinal. Asmanifestações intestinais são dominantes mas,nalguns casos raros, a DC tem como principal ma-nifestação o quadro articular. Nestes casos, e espe-cialmente nos doentes idosos, nem sempre é sim-ples estabelecer o diagnóstico de uma poliartriteerosiva e crónica associada à DC.Material e Métodos: Homem, 76 anos, com poli-artrite assimétrica, deformante e lombalgia de rit-mo inflamatório, com 30 anos de duração. Inicial-mente o quadro clínico evoluiu com períodos deagudização, intercalados por períodos assintomá-ticos. Nos últimos anos a poliartrite manteve-seactiva não se registando períodos livres de sinto-mas, apesar da terapêutica com anti-inflamatóriosnão esteroides e corticoides. Referia obstipaçãocrónica, sem outras queixas gastrointestinais e semantecedentes de psoriase ou uveite. Internado poragravamento de poliartrite simétrica com um mêsde evolução, atingindo MCF, IFP, MTF, punhos, ti-biotársicas, joelhos e cotovelos. À observação sa-lientava-se tofos gotosos nos pavilhões auricularese IFP, deformação assimétrica com desvio cubitaldos dedos da mão direita, limitação da mobilida-de anterior e lateral de coluna lombar e da expan-são torácica. Resultados: Analiticamente destacava-se: anemiaferropénica, elevação dos parâmetros inflamató-rios, uricémia normal e factores reumatoides e ti-pagem HLAB27 negativos. Radiografias das mãoscom imagens , à direita, em «pencil and cup» e, bi-

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lateralmente, sinais de carpite erosiva, erosões esubluxação das MCF. As radiografias dos pés mos-travam erosões em «saca bocados» e imagem de«pé eriçado» à esquerda, bem como sinais de en-tesopatia nas inserções da fascia plantar e do ten-dão de Aquiles. Evidência de sacroíleite unilateralgrau 3 na radiografia da bacia. Para estudo da ane-mia, a colonoscopia efectuada evidenciou esteno-ses ulceradas no cólon direito simulando pregas ealgumas úlceras isoladas. O exame anatomo-pato-lógico das biopsias da mucosa intestinal mostrouaspectos sugestivos de doença de Crohn em faseactiva. Foi medicado com sulfassalazina 1,5g/diae prednisolona 7,5mg/dia com melhoria da poli-artrite.Conclusões: O caso reflecte a dificuldade do diag-nóstico de poliartrite crónica no idoso e alerta paraa forma de apresentação tardia da DC. A gota evo-lui por surtos e quando crónica, pode apresentar-se como artrite assimétrica deformante e com to-fos gotosos. Contudo, a associação de poliartriteassimétrica e lombalgia inflamatória sugeria es-pondilartrite seronegativa. As radiografias mostra-vam aspectos de sobreposição de ambas as enti-dades.

P72 - ESPONDILITE ANQUILOSANTE E OSTEOPOROSE

(AVALIAÇÃO INTERINA)Ana Filipa Mourão,1 Sandra Falcão,1,2

Célia Ribeiro,1 T Laura Pinto,1 Rita Barros,1

FM Pimentel-Santos,1,2 Patrícia Nero,1,2

Rui André Santos,3 Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa. 3. Serviço de Reumatologia do Hospital Militar Principal, Lisboa.

Objectivos: A osteoporose uma das complicaçõesda espondilite anquilosante (EA) de longa dura-ção. É possível que o valor de densidade mineralóssea (DMO) esteja relacionado, não apenas como tempo de duração da doença, mas também como grau de actividade e incapacidade da EA. Comeste trabalho, pretendemos avaliar a possível asso-ciação entre a DMO e parâmetros de avaliação daEA, nomeadamente, BASDAI, BASMI, BASFI, ava-liação da actividade da doença pelo médico (EVA)e velocidade de sedimentação (VS). Material e Métodos: Recrutaram-se de forma con-

secutiva, desde Março de 2006 a Janeiro de 2008,doentes com o diagnóstico de EA seguidos na con-sulta de Reumatologia do nosso hospital. Foi apli-cado de forma transversal um protocolo que in-cluía dados demográficos e avaliação clínica, inclu-indo a avaliação da actividade da doença pelodoente, utilizando a escala BASDAI, avaliação doestado funcional do doente, utilizando os índicesBASFI e BASMI, avaliação da actividade da doen-ça pelo médico, utilizando uma escala visual ana-lógica (EVA médico). Foi ainda colhida uma amos-tra sanguínea, procedendo-se à determinação davelocidade de sedimentação (VS). Todos os doen-tes realizaram osteodensitometria do fémur pro-ximal.Resultados: Foram avaliados 27 doentes, 56% dosexo masculino, idade média de 49,6 ± 12,9 anos(29-69). O BASMI médio era de 4,2 ± 2,5; BASFI: 4,1± 1,8; BASDAI: 6,1 ± 7,5; EVA de actividade da doen-ça pelo médico: 30 ± 16 e VS: 19,8 ± 13,1 mm/h(mediana: 15 mm/h). O valor médio de DMO do fé-mur proximal era de – 1,08 ± 1,24 (-3,3 – 2,9). Aocompararmos o valor de DMO com cada uma dasvariáveis clínicas estudadas não encontrámos umaassociação estatisticamente significativa (BASMI:p=0,62, BASFI: p= 0,65; BASDAI: p=0,34, EVA mé-dico: p=0,23), o mesmo se verificando para a velo-cidade de sedimentação (p= 0,53). Conclusões: Estes resultados sugerem não existirrelação entre o grau de actividade e incapacidadeda EA, e os valores de massa óssea avaliados no fé-mur. A confirmação destes resultados depende deuma amostra de maiores dimensões, pelo que con-tinuaremos a realizar este estudo.

P73 – COMPRESSÃO MEDULAR – A PROPÓSITO DE

UM CASO CLÍNICO

Ana Filipa Mourão,1 Sandra Falcão,1,2

Artur Lourenço,3 Teresa Laura Pinto,1

Célia Ribeiro,1 Rita Barros,1

FM Pimentel-Santos,1,2 Walter Castelão1, Patrícia Nero,1,2 Jaime Cunha Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa3. Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.

Objectivos: Uma das complicações neurológicasda espondilite anquilosante(EA) são os síndromes

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de compressão medular, descritos em doentescom doença de longa duração com fusão vertebralimportante. Os sintomas resultam da lesão dasraízes nervosas e a confirmação do diagnóstico é efectuada por técnicas imagiológicas. Apre-sentamos o caso de um jovem com EA com 12 anos de evolução, sob terapêutica biológica,submetido a cirurgia descompressiva por esteno-se dorsal e lombar importantes com compromis-so medular.Material e Métodos: Descreve-se o caso de umdoente do sexo masculino de 31 anos, de raça ne-gra. Tinha EA com 12 anos de evolução, apresen-tando envolvimento articular (axial e periférico) eextra-articular (uveítes). Estava medicado comAINE’s (diclofenac 100 mg, 2x/dia), prednisona (7,5mg/dia), metotrexato (10 mg/semana) e infliximab(5 mg/Kg de 6/6 semanas) desde há 2 anos. As ra-diografias da coluna vertebral evidenciavam «co-luna de bamboo». Desde há cerca de 1 ano iniciouquadro lentamente progressivo caracterizado porparestesias dos membros inferiores e períneo,acompanhadas recentemente por diminuição daforça dos membros inferiores e perda de controlodos esfíncteres. O exame neurológico revelou di-minuição da sensibilidade álgica e proprioceptivanos membros inferiores com paraparésia (forçagrau IV), ataxia proprioceptiva com desequilíbriona marcha e hiperreflexia osteotendinosa nosmembros inferiores. Resultados: O electromiograma dos membros in-feriores não revelou alterações. As TAC e RMN dacoluna dorso-lombar demonstraram estenose dor-sal e lombar importantes (D9-D10 e L4-L5), comimportante compromisso da coluna dorsal. Foi en-viado à consulta de Neurocirurgia sendo-lhe pro-posta intervenção cirúrgica descompressiva. Odoente foi submetido a descompressão cirúrgicada coluna dorsal por abordagem posterior com re-moção de importante osteófito posterior. No pós--operatório verificou-se recuperação da sensibili-dade dos membros inferiores, do controlo dos es-fíncteres e da capacidade da marcha. Conclusões: O quadro neurológico descrito po-deria corresponder a um efeito adverso da te-rapêutica efectuada ou a compressão medular,uma complicação rara da EA relatada habi-tualmente nos doentes com longa evolução dadoença. Este caso clínico alerta-nos para a pos-sibilidade de ocorrência desta entidade em doen-tes ainda jovens com doença rapidamente pro-gressiva.

P74 – VALOR PREDITIVO PARA TROMBOSE DOS

ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDO EM DOENTES COM

LES: QUAIS OS MELHORES CRITÉRIOS DE

POSITIVIDADE?Maura Couto,1 Cátia Duarte,1 Cláudia Vaz,1

Marta Pereira,1 Luís Inês,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Os anticorpos antifosfolípido (aFL) as-sociam-se a eventos trombóticos em doentes comLúpus Eritematoso Sistémico (LES). No entanto,não estão definidos quais os critérios de positi-vidade que melhor se correlacionam com o riscode eventos. Foram propostos critérios laboratori-ais preliminares em 1998 (Sapporo) e revistos em2006 (Sydney). O objectivo deste trabalho é avali-ar o risco de eventos trombóticos nos doentes comLES e a sua correlação com a presença e níveis sé-ricos de aFL. Material e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes cumprindo os critérios declassificação ACR para LES e seguidos prospecti-vamente no Serviço de Reumatologia dos Hospi-tais da Universidade de Coimbra. Foram incluídostodos os doentes desta Coorte. Os dados clínicosforam obtidos por inquérito aos doentes e revisãodo processo clínico. Os doseamentos séricos deAnticorpos antifosfolípido, incluindo anticardioli-pinas e anti-Beta2-Glicoproteina-1 IgG e IgM e deAnticoagulante Lúpico (ACL) foram realizados du-rante o seguimento clínico. Os doentes foram clas-sificados de acordo com o cumprimento dos cri-térios de positividade de aFL de Sapporo (1998) ede Sydney (2006). Foi analisado o valor preditivopositivo (VPP) e negativo (VPN) para eventos trom-bóticos associado a cada um dos conjuntos de cri-térios serológicos. Foi calculado o Odds Ratio (OR)e analisadas as diferenças entre grupos através doteste Chi-quadrado. Resultados: Dos 165 doentes incluídos, 91% sãodo sexo feminino (média de idade actual=42,3anos; média de idade à data do diagnóstico deLES=32,0 anos; duração média da doença=10,4anos). Cumpriram critérios de positividade de aFL13,3% dos doentes, de acordo com os critérios deSapporo, mas apenas 7,3% de acordo com os cri-térios de Sydney. Verificou-se um aumento do ris-co trombótico nos doentes cumprindo critérios deSapporo (p<0,01; OR=5,08) em comparação com osrestantes doentes. O VPP para trombose dos crité-rios de Sapporo e de Sydney foi de 27,3% e 21,4%,

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respectivamente, enquanto que o VPN foi de 93,1%e 91,8%, respectivamente.Conclusões: Confirma-se o aumento de riscotrombótico associado aos aFL em doentes comLES. O valor preditivo dos critérios laboratoriaisdefinidos em Sapporo é superior ao dos critériosrevistos em Sydney.

P75 – ELEVADA PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES

MICROVASCULARES NO LES: ESTUDO TRANSVERSAL

DE 102 DOENTES

Maura Couto,1 Luís Inês,1 Cláudia Vaz,1

Cátia Duarte,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universi-dade de Coimbra

Objectivos: Estudar a prevalência e caracterizar asalterações microvasculares nos doentes com LES.Avaliar a correlação entre estas alterações e carac-terísticas clínicas e imunológicas da doença.Material e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes cumprindo os critérios declassificação ACR para LES e seguidos prospecti-vamente no Serviço de Reumatologia dos Hospi-tais da Universidade de Coimbra. Foi realizada ca-pilaroscopia periungueal a doentes desta Coorteobservados consecutivamente em consulta. Foiutilizada uma escala semiquantitativa para carac-terizar as alterações capilaroscópicas, incluindo 5parâmetros: tortuosidade, dilatações capilares, an-giogénese, hemorragias e áreas avasculares. A ac-tividade da doença foi avaliada pelo SLEDAI e odano cumulativo pelo SLICC. As diferenças entregrupos foram analisadas utilizando testes paramé-tricos e não paramétricos. Resultados: Foram incluídos 102 doentes (médiade idade=41,2 anos; 90% do sexo feminino, dura-ção média da doença=9,8 anos). 47% dos doentesreferiam Fenómeno de Raynaud (FR). 72% dosdoentes apresentaram alterações microvasculares.A alteração mais frequente foi o aumento da tor-tuosidade (26%) seguida por dilatações capilares(24%), hemorragias (12%), angiogénese (6%) e áre-as avasculares (2%). 3% dos doentes apresentaramalterações típicas de Esclerose Sistémica.Verificou--se uma associação significativa entre a presençade FR e dilatações capilares e aumento da tortu-osidade (P<0.05). A presença de Anti-U1-RNP e deenvolvimento renal mostrou associação com a pre-sença de angiogénese (P<0.05). Não houve associa-

ção entre as alterações microvasculares e outrasmanifestações clínicas do LES, com o SLEDAI, oSLICC, a duração do LES, a coexistência de Diabe-tes mellitus, hipertensão arterial ou hábitos tabá-gicos.Conclusões: Este estudo mostrou uma prevalênciaelevada de alterações microvasculares em doentescom LES, que se correlacionam com algumas ca-racterísticas da doença.

P76 - TRATAMENTO COM PAMIDRONATO

INTRAVENOSO 60MG DURANTE 6 MESES NA

ESPONDILOARTROPATIA SERONEGATIVA REFRACTÁRIA

À TERAPÊUTICA CONVENCIONAL

D. Medeiros,1 M. Sousa,1 R. Figueiredo,1

C. Miguel,1 F. Barcelos,1 M. Micaelo,1 C. Silva1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Os bifosfonatos têm propriedadesanti-inflamatórias já comprovadas ao nível daimunidade celular e humoral. Destes, o Pamidro-nato detêm a maior potência anti-inflamatória,com boa tolerabilidade e escassos efeitos adversos.Estudos recentes têm revelado dados favoráveisno grupo das espondiloartropatias seronegativas(EASN). Pretendemos determinar a segurança eeficácia do tratamento com pamidronato endove-noso em doentes com EASN com resposta refrac-tária à terapêutica convencional. Material e Métodos: Trata-se de um estudoprospectivo aberto envolvendo 20 doentes comcritérios de classificação para EASN, com doençaactiva, refractários à terapêutica convencional.60mg de pamidronato endovenoso foi administra-do mensalmente, durante 6 meses. Foram avalia-dos parâmetros demográficos, clínicos e o trata-mento prévio. Foram medidos trimestralmente,BASDAI, BASFI, BASMI, EVA, avaliação globalmédico, expansão torácica, distância mento-es-terno, e contagem articular. Foi realizada avaliaçãolaboratorial mensal com VS, PCR, hemograma,função hepática e função renal. Utilizou-se o tes-te estatístico Wilcoxon para amostras emparelha-das (SPSS).Resultados: Dos 20 doentes avaliados, 80%(16)pertenciam ao sexo masculino, com uma médiade idades de 49 anos (MAX69/MIN29; DP14). A du-ração média da doença foi de 19 anos (DP10).Quanto ao tipo de EASN, 65%(13) tinham Espon-dilite Anquilosante, 15%(3) Artrite Psoriásica,20%(4) EASN indiferenciada. 95%(19) doentes en-

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contravam-se a realizar anti-inflamatórios não-es-teróides previamente ao tratamento, 75%(15)agentes modificadores de doença, 50%(10) gluco-corticóides. Os valores iniciais médios de metrolo-gia foram: BASDAI 5,52, BASFI 5,55, EVA 69, VS 46e PCR de 3,69, contagem articular dolorosa 2,9; ex-pansão torácica 2,77; distância mento-esterno3,28; AG médico 52,6. Ao fim de 6 meses de tera-pêutica, verificou-se uma descida estatisticamen-te significativa para a PCR (n8; p = 0,012), BASDAI(n7; p = 0,018), EVA (n8; p = 0,012), BASFI (n6; p =0,046). Não foram detectadas diferenças com signi-ficado estatístico para os restantes parâmetrosanalisados. Os efeitos adversos ocorreram em 11casos (9 mialgias, 2 hipocalcémias transitórias),após a 1º infusão.Conclusões: Na nossa série observaram-se melho-rias objectivas do BASDAI, BASFI, EVA, e PCR.Apesar de se tratar de um estudo não controlado enão randomizado, a excelente resposta clínica eanalítica, associada à tolerabilidade e à ausência deefeitos adversos, leva a crer que nos encontramosna presença de um alternativa terapêutica nos ca-sos de EASN refractários à terapêutica conven-cional, podendo inclusivamente ser utilizada noscasos de contra-indicação para tratamento bio-lógico.

P77 – NÚCLEO DE ENFERMAGEM EM REUMATOLOGIA

José Félix,1 Lurdes Barbosa,2 Lurdes Narciso,3

Paula Mateus4

1. Hospital Militar Principal2. Hospital Garcia de Orta3. Hospital de Santa Maria4. Hospital Militar Principal

Objectivos: O número de especialistas e centrosde Reumatologia tem vindo a aumentar de formaquase exponencial e o numero de profissionais desaúde não médicos tem vindo, obviamente, acrescer na mesma proporção. Os enfermeirosconstituem um grupo muito motivado e diferen-ciado que pretendem aumentar a sua participa-ção e competência no tratamento dos doentes reu-máticos. O núcleo de enfermagem em Reuma-tologia vem divulgar a sua constituição, orga-nização, missão e estratégia com vista ao conhe-cimento e reconhecimento destes profissionaisque tanto podem fazer para melhorar a globalida-de de prestação de cuidados de saúde aos doentesreumáticos.

P78 – HIPOALGESIA NA MONOARTRITE EM VÁRIOS

MODELOS DE HIPERTENSÃO

Dora Pinho,1,4 Marta R. Couto,1,4

Manuela Mourato,1,3 José Marques-Lopes,1,4

Teresa Sousa,1,4 Isaura Tavares,2,4

António Albino Teixeira1,4

1. Instituto de Farmacologia e Terapêutica, Faculdadede Medicina2. Instituto de Histologia e Embriologia, Faculdade deMedicina3. Departamento de Farmacologia, Faculdade deFarmácia4. Instituto de Biologia Molecular e Celular,Universidade do Porto, Portugal

Objectivos: Em doentes hipertensos e em mode-los experimentais de hipertensão há hipoalgesiaem situações de dor aguda. Embora a dor crónicatenha prevalência elevada, desconhece-se se estatambém se acompanha de hipoalgesia. Procedeu--se a esta avaliação usando 4 modelos de hiperten-são (genético, cirúrgico e 2 modelos farmacológi-cos determinados pela infusão de um bloqueadordos receptores da adenosina e de angiotensina II)em ratos nos quais se induziu previamente mono-artrite.Material e Métodos: Sob anestesia com isoflurano,induziu-se monoartrite na articulação tibiotársicada pata posterior esquerda com adjuvante comple-to de Freund (CFA) em ratos machos hipertensose seus respectivos controlos normotensos. Antesdesta e após 2, 4, 7, 10 e 14 dias, avaliaram-se as res-postas comportamentais dos animais usando fila-mentos de Von Frey e mobilização da articulação.A progressão da monoartrite foi avaliada utilizan-do um sistema validado de pontuação que consi-dera os sinais inflamatórios e capacidade de loco-moção do animal e medindo o diâmetro da articu-lação. No dia 16, os ratos anestesiados com pento-barbital foram submetidos a estimulaçãomecânica nóxica cutânea da pata lesada e proce-deu-se à quantificação da expressão da proteínaFos da espinhal medula.Resultados: Antes da injecção de CFA, os ratos hi-pertensos exibiam limiares superiores de Von Freyem relação aos respectivos controlos normotensos.No dia 2, os limiares de Von Frey decresceram emtodos os grupos, e a pontuação à manipulação daarticulação foi máxima. A pontuação no sistema deavaliação da inflamação atingiu igualmente o seupico neste dia. Do dia 7 em diante, observaram-selimiares de Von Frey superiores em todos os ratos

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hipertensos quando comparados com os seus con-trolos normotensos, enquanto a pontuação da fle-xão articular e inflamação permaneceu inferior. Aexpressão de c-Fos foi menor nas lâminas profun-das da medula espinhal dos ratos hipertensos.Conclusões: O presente estudo evidencia que osratos hipertensos exibem menor alodínia e hiperal-gesia num modelo de dor inflamatória persistente,usando quer métodos de avaliação da dor quer adetecção imunohistoquímica da activação de neu-rónios da espinhal medula após estimulação no-ciceptiva. Estes resultados demonstram que nummodelo experimental de dor crónica, como já evi-denciado para a dor aguda, há igualmente diminu-ição da resposta à dor em animais hipertensos.

P79 – AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA E ESTRUTURAL DO

TENDÃO: IMPLICAÇÕES PARA O SIGNIFICADO

FUNCIONAL DA TENDINOSE E DO EFEITO DA

INFILTRAÇÃO DO TENDÃO COM CORTICÓIDES

Miguel Maria Lino,1,2 Fernando Saraiva,3

Joana Caetano-Lopes,1 Ricardo Henriques,4,5

Pedro Amaral,2 Mário Viana Queiroz,3

M. Fátima Vaz,2 João Eurico Fonseca1,3

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Faculdade de Medicina daUniversidade de Lisboa 2. Instituto de Ciência e Engenharia de Materiais e Su-perfícies (ICEMS), Instituto Superior Técnico 3. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabó-licas, Hospital de Santa Maria4. Instituto de Sistemas e Robótica, Instituto SuperiorTécnico5. Unidade de Biologia Celular, Instituto de MedicinaMolecular, Faculdade de Medicina da Universidade deLisboa

Objectivos: A tendinose corresponde a um padrãoecográfico cujas implicações prognósticas e fun-cionais para o tendão não estão bem esclarecidas.Por outro lado, os efeitos dos corticóides sobre aspropriedades dos tendões não estão também ade-quadamente compreendidos. Este trabalho tevecomo objectivos relacionar as alterações ecográfi-cas induzidas por ensaios de tracção em tendõesde porco com as suas propriedades biomecânicas,estabelecendo-se uma comparação com a tendi-nose que ocorre nos seres humanos.Material e Métodos: Usaram-se três tipos de ten-dões de porco, o tendão do músculo tibial anterior,a inserção do músculo tibial anterior e o tendão do

músculo flector longo dos dedos. As amostras fo-ram visualizadas ex vivo com uma sonda 8-16MHz, usando-se músculo de porco como interfa-ce entre o tendão e a sonda. Posteriormente, rea-lizaram-se ensaios de tracção numa máquina deensaios mecânicos INSTRON 5566 com uma velo-cidade de alongamento de 0,5mm/minuto. Os en-saios foram realizados até diferentes pontos dacurva de tracção. Os tendões foram novamente vi-sualizados em ecografia. As imagens foram anali-sadas quanto à regularidade dos contornos e à ho-mogeneidade da ecostrutura, procurando-se áre-as hipoecogénicas causadas pela mudança estru-tural de fibras. Antes da primeira visualizaçãoecográfica sete amostras foram injectadas com 0,5cm3 de acetato de metilprednisolona. A análise mi-croestrutural das amostras foi realizada por mi-croscopia multifotónica com geração de segundaharmónica.Resultados: Na análise das imagens ecográficasprocuraram-se padrões similares aos exibidos emcasos de tendinose, procurando-se áreas hipoeco-génicas mal delimitadas no sentido das fibras. Re-gistaram-se alterações compatíveis com o padrãoecográfico de tendinose em tendões que atingi-ram as regiões de cedência e de ruptura da curvade tensão-extensão. A análise estrutural pormicroscopia multifotónica permitiu a identifica-ção de áreas de desorganização e descontinuida-de fibrilhar que são consistentes com as áreas hi-poecogénicas encontradas em ecografia. Nos ten-dões infiltrados com corticóides verificou-se queos valores de tensão máxima e de energia absorvi-da eram mais baixos do que nos tendões não infil-trados.Conclusões: A partir dos resultados dos ensaiosmecânicos, do estudo ecográfico e da análise es-trutural, pode concluir-se que um tendão com pa-drão ecográfico de tendinose é susceptível à rup-tura, como consequência de compromissos a ní-vel fibrilhar. A infiltração de corticóides no tendãomostrou induzir um condicionamento das suaspropriedades mecânicas.

P80 – ADAPTAÇÃO PORTUGUESA DO QUESTIONÁRIO

DE AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES EDUCACIONAIS NA

ARTRITE (ENAT)Pedro Machado,1 Jacqueline Hill,2

Marta Campos,1 João Apóstolo,3 Arménio Cruz,3

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da

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Universidade de Coimbra, Portugal2. Academic and Clinical Unit for Musculoskeletal Nursing, University of Leeds, United Kingdom3. Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Portugal

Objectivos: A educação e informação do doentefazem parte de uma visão integrada do tratamen-to da artrite reumatóide (AR). O questionário Edu-cational Needs Assessment Tool (ENAT) foi desen-volvido com o objectivo de proporcionar uma rá-pida avaliação das necessidade educacionais dosdoentes com AR, podendo ser utilizado na avalia-ção de intervenções a esse nível. Foi nosso objec-tivo a tradução e validação do ENAT para a LínguaPortuguesa., submetendo o questionário traduzi-do à análise pelo método de Rasch.Material e Métodos: O ENAT é um questionáriosimples e auto-administrado, demorando poucosminutos a completar. Compreende 39 items agru-pados em 7 categorias: combate à dor, movimen-to, sentimentos, processo de artrite, tratamentos,medidas de auto-ajuda e sistemas de apoio. Osdoentes atribuem um score a cada item, assinalan-do a resposta numa escala do tipo Likert com 5pontos, desde «nada importante» a «extremamen-te importante». A metodologia utilizada prevê avalidação da tradução pelo modelo de Rasch, quese tem implementado como uma nova abordagempara a estandardização de medidas de avaliaçãousadas na área da saúde. O método da tradução éreconhecido e está bem definido, envolvendo cin-co fases: tradução inicial, síntese das traduções,retroversão, comissão de peritos e fase de teste daversão adaptada. Após as cinco fases anteriores, aanálise pelo método de Rasch é realizada assimque a versão traduzida e adaptada do ENAT estejafinalizada e seja entregue a 125 doentes com ARpara preenchimento.Resultados: Este estudo teve início em Julho de2007 e terminará em Março de 2008. Até ao mo-mento não se verificaram problemas major no pro-cesso de adaptação. Já foram completadas as fases1 a 5 e a recolha dos 125 questionários preenchi-dos por doentes com AR, para análise posteriorpelo método de Rasch, ficará completa no final deJaneiro de 2008.Conclusões: A adaptação portuguesa do ENAT estáa ser realizada segundo uma metodologia criterio-sa, procurando prevenir diferenças trans-culturaise viés ao nível dos vários items. Estas diferenças eviés poderiam pôr em em perigo a confiança e va-lidade do questionário. É nosso objectivo final que

o ENAT possa ser utilizado como uma ferramentaútil para guiar e avaliar intervenções educacionais,contribuindo assim para uma melhoria dos cui-dados de saúde prestados aos doentes com AR.

P81 – PREVALÊNCIA AUMENTADA DE SENSIBILIZAÇÃO

ALÉRGICA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE

TRATADOS COM ANTI-TNFALFA

Pedro Machado,1 Alexandra Santos,2 Jorge Silva,1

Celso Pereira,2 Carlos Loureiro,2 Celso Chieira,2

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Imunoalergologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: O factor de necrose tumoral alfa(TNFα) é um alvo terapêutico em doenças inflama-tórias com resposta imunológica do tipo Th1,como a artrite reumatóide (AR). A presença dedoenças com perfil imunológico Th2, nomeada-mente doenças alérgicas, poderá ser influenciadaquer pela presença de AR, quer pela terapêuticacom anti-TNFα. Propusemo-nos a avaliar a preva-lência de sensibilização a aeroalergenos e de doen-ça alérgica em doentes com AR, com e sem tera-pêutica com anti-TNFα, e em controlos saudáveis.Material e Métodos: Foram incluídos doentes comAR com (n=20) e sem (n=20) terapêutica com anti--TNFα (grupos T e R, respectivamente). Foram de-terminadas: actividade da doença (DAS28), velo-cidade de sedimentação (VS) e proteína C reacti-va (PCR). Os controlos saudáveis (n=60, grupo C)foram seleccionados aleatoriamente a partir da po-pulação geral. Todos os doentes e controlos res-ponderam a um questionário estandardizado des-tinado a avaliar a prevalência de doença alérgica,e foram submetidos a testes cutâneos de alergiapor picada (TCA) com um painel estandardizadode extractos de aeroalergenos, que incluiu o pai-nel pan-europeu proposto pelo Ga2len. Nos doen-tes com AR, foram determinadas a contagem totalde eosinófilos no sangue periférico e a IgE séricatotal. Os grupos T, R e C foram comparados esta-tisticamente usando os testes de Kruskal-Wallis, Ude Mann-Whitney, Qui-Quadrado e Fisher, con-forme apropriado. Valores de p inferiores a 0,05 fo-ram considerados estatisticamente significativos.Resultados: Observaram-se diferenças significati-vas na prevalência de TCA positivos entre os gru-pos T e R (70% vs 35%, p=0,027) e entre os grupos

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T e C (70% vs 36,7%, p=0,009), mas não entre osgrupos R e C (p=0,893). A prevalência de doençaalérgica, avaliada através do questionário aplica-do, foi semelhante nos três grupos (55% grupo T,35% grupo R, 36,7% grupo C; p=0.307). Não se en-contraram diferenças entre os grupos T e R relati-vamente à contagem total de eosinófilos (165 vs139/mm3, p=0.229) e IgE sérica total (18 vs 18U/ml, p=0.242). Os grupos T e R eram semelhan-tes quanto à idade (mediana 54,5 vs 58 anos,p=0,189), género (90% vs 85% do sexo feminino,p=1,00), duração da doença (mediana 10 vs 17anos, p=0,355), DAS28 (mediana 3,07 vs 2,57,p=0,142), VS (mediana 15 vs 13 mm/h, p=0,565) ePCR (mediana 0,5 vs 0,7 mg/dl, p=0,383). No gru-po T a duração média da terapêutica anti-TNFα foide 29.7±22.5 meses. O grupo controlo tinha umaidade inferior (mediana 36 anos) ao grupo T(p<0.001) e ao grupo R (p<0.001), mas a distribui-ção do género era semelhante (66,7% do sexo fe-minino, p=0,058).Conclusões: Observou-se um aumento na preva-lência de sensibilização a aeroalergenos nos doen-tes com artrite reumatóde em tratamento comanti-TNFα. Os Reumatologistas devem estar cien-tes deste achado e manter um elevado índice desuspeição relativamente à possibilidade de desen-volvimento futuro de doença alérgica nestes doen-tes, visando um diagnóstico precoce e um trata-mento atempado.

P82 – INFECÇÕES EM ARTROPLASTIA DA ANCA E DO

JOELHO: A INFLUÊNCIA DO SEXO NO RISCO DE

INFECÇÃO E DA IDADE NA DURAÇÃO DO INTERNAMENTO

J. Garcia,1 P. Machado,1 M. J. Saavedra,1 P. Abreu,1

J. Silva,1 A. Garruço,2 R. Ferreira,2 J. Serpa Oliva2

1. Serviço de Reumatologia - Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviços Ortopedia – Unidade de Patologia SépticaOsteoarticular - Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterizar as taxas de infecção depróteses da anca (PA) e do joelho (PJ), correlacio-nar o sexo com o risco de infecção, a idade com aduração do internamento e comparar o tempo des-de o início dos sintomas até à data do internamen-to, em ambos os sexos, num Serviço de Ortopedia.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos dos doentes internados, numa uni-dade diferenciada de ortopedia no período de 2003a 2006, com o diagnóstico de Infecção em PA e PJ.

Recurso aos dados da estatística global dos HUCpara determinação das taxas de infecção. Análiseestatística com o teste de X2, correlação de Spear-man e U de Mann-Whitney, consoante as variá-veis em estudo. Resultados: Total de 2417 PA, ocorreu infecção em40 doentes (72,5% no sexo masculino), 62,5% emPA primárias e 37,5% em PA de revisão. A taxa to-tal de infecções foi 1,7%, 72,5% do sexo masculi-no, (OR: 2,866; IC 95% [1,425-5,763]; p=0,002). Ataxa de infecção das PA primárias foi 2,1%, 84,0%do sexo masculino (OR: 5,635; IC 95% [1,927--16,475]; p<0,001). Nas PA de revisão a taxa foi4,5%, 53,3% do sexo masculino (OR: 1,33; IC 95%[0,473--3,743]; p=0,588). Correlação entre a idadee a duração do internamento (rs=0,278; p=0,016).Correlação sexo com inicio dos sintomas até ao in-ternamento (p=0,416). Total de 1364 PJ, ocorreuinfecção em 28 doentes (60,7% no sexo masculino),67,9% em PJ primárias e 32,1% em PJ de revisão. Ataxa total de infecções em PJ foi 2,1%, 60,7% dosexo masculino (OR: 3,931; IC 95% [1,824-8,471];p<0,001). A taxa de infecção nas PJ primárias foi1,5%, 68,4% do sexo masculino (OR: 5,560; IC 95%[2,097-14,742]; p<0,001). Nas PJ de revisão a taxa foi11,4%, 44,4% do sexo masculino (OR: 1,745; IC 95%[0,427-7,137]; p=0,434). Correlação entre a idade ea duração do internamento (rs=0,087; p=0,59). Cor-relação sexo com inicio dos sintomas até ao inter-namento (p=0,228). Conclusões: Verificou-se uma taxa de infecção su-perior em próteses de revisão. O risco total de in-fecção das PA e PJ foi superior no sexo masculino.Nas próteses primárias o risco de infecção foi su-perior nos homens, o mesmo não se verificandonas próteses de revisão. A idade correlacionou-secom a duração do internamento apenas para as PA.O intervalo de tempo desde o início da sintomato-logia até ao internamento não mostrou diferençasentre os sexos.

P83 – ARTROPLASTIA DO JOELHO E INFECÇÃO – ESTUDO RETROSPECTIVO

J. Garcia1, P. Machado,1 P. Abreu,1 M. J. Saavedra,1

J. Silva,1 A. Garruço,2 R. Ferreira,2 J. Serpa Oliva2

1. Serviço de Reumatologia - Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Ortopedia – Unidade de Patologia SépticaOsteoarticular - Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterização demográfica, clínica,

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bacteriológica e terapêutica dos doentes interna-dos numa unidade diferenciada de ortopedia porInfecção em Prótese do Joelho Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos dos doentes internados entre 2003e 2006 por Infecção em Prótese do Joelho. Resultados: Contabilizaram-se 41 doentes, comuma média etária de 71,2±7,7 anos, 51,2% do sexofeminino, para um total de 60 internamentos.92,3% das infecções foram tardias (> 1 mês pós-ci-rurgia), para um total de 31 próteses primárias(75,6%) e 10 próteses de revisão (24,4%). A Osteo-artrose primária foi a principal indicação para ar-troplastia do joelho (85,4%). A dor e a drenagempor fístula cutânea estiveram presentes em 62,5%.A VS e a PCR encontravam-se quase sempre eleva-das (93,9% e 94,7% respectivamente). A radiogra-fia do joelho mostrava sinais sugestivos de infec-ção em 82,1% dos casos tendo sido necessária, em17,1% dos doentes, a realização de cintigrafia comgálio para confirmação do diagnóstico. As culturasdos exsudatos foram positivas em 52,6% dos doen-tes sendo o S. aureus meticilino-resistente o gér-men mais frequente (35,0%). 79,5% dos doentesforam submetidos a antibioterapia empírica, ten-do sido a associação cefalosporinas de 1ª geração+ aminoglicosídeo (37,0%) o esquema de maiorpreferência. 87,8% dos doentes necessitou de tra-tamento cirúrgico. A terapêutica foi curativa em51,9% dos casos tendo sido necessário o reinterna-mento em 29,3% dos doentes. Conclusões: Não se verificou predomínio de in-fecções em qualquer dos sexos. A maioria das in-fecções foi tardia, ocorrendo sobretudo em doen-tes com próteses primitivas. A drenagem por fístu-la cutânea e a dor foram manifestações clínicasmais frequentes. A maioria apresentou alteraçõesradiológicas sugestivas de infecção. O S. aureusmeticilino-resistente foi o gérmen mais prevalen-te. Apenas uma minoria dos doentes fez terapêu-tica médica isolada. Cerca de um terço dos doen-tes necessitou de novo internamento.

P84 – ARTROPLASTIA DA ANCA E INFECÇÃO – ESTUDO RETROSPECTIVO

J. Garcia,1 P. Machado,1 M. J. Saavedra,1 P. Abreu,1

J. Silva,1 A. Garruço,2 R. Ferreira,2 J. Serpa Oliva2

1. Serviço de Reumatologia - Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Ortopedia - Unidade de Patologia Séptica Osteoarticular dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterização demográfica, clínica,bacteriológica e terapêutica dos doentes interna-dos numa unidade diferenciada de ortopedia porInfecção de Prótese da Anca.Material e Métodos:Estudo retrospectivo dos proces-sos clínicos dos doentes internados entre 2003 e 2006com o diagnóstico de Infecção em Prótese da Anca. Resultados: Contabilizaram-se 74 doentes, comuma média etária de 68,5±11anos, 74,3% eram dosexo masculino, para um total de 98 internamentos.3/4 das infecções foram tardias (> 1 mês pós-cirur-gia), para um total de 46 próteses primárias (62,2%)e 28 próteses de revisão (37,8%). A Osteoartrose pri-mária (68,9%) foi a principal indicação para implan-tação de prótese. A drenagem por fístula cutânea es-teve presente em 76,4%, tendo metade dos doentesreferido dor na altura do internamento. A VS e a PCRencontravam-se frequentemente elevadas (96,4% e88,9% respectivamente). Radiologicamente obser-varam-se sinais de infecção em 83,6% dos casos. Asculturas dos exsudatos foram positivas em 56,5%dos casos sendo o S. aureus meticilino-resistente ogérmen mais frequente (51,3%). 72% dos doentes fo-ram submetidos a antibioterapia empírica, tendosido a associação cefalosporinas de 1ª geração +aminoglicosídeo, a teicoplanina e a piperacilina e ta-zobactan (17,3%), os fármacos mais prescritos.91,9% dos doentes foi submetido a intervenção ci-rúrgica. A terapêutica foi curativa em 62,0% dos ca-sos tendo havido necessidade de reinternamentoem 28,4% dos doentes.Conclusões: Houve um predomínio de infecçõesno sexo masculino. A maioria das infecções foi tar-dia, ocorrendo sobretudo em doentes com próte-ses primitivas. A drenagem por fístula cutânea foia principal manifestação da doença. A maioria dosdoentes apresentou alterações radiológicas suges-tivas de infecção. O S. aureus meticilino-resisten-te foi o gérmen mais prevalente. Uma minoria dosdoentes foi tratada exclusivamente com terapêu-tica médica. Cerca de um terço dos doentes neces-sitou de novo internamento.

P85 – DESEMPENHO DE ALGORITMOS DE AVALIAÇÃO

DO RISCO OSTEOPORÓTICO EM MULHERES

PÓS-MENOPÁUSICAS

Pedro Machado,1 José A P da Silva1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Apesar da validação de vários algo-

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ritmos de selecção de mulheres pós-menopáusicas(MPM) para realização de dual-energy x-ray ab-sorptiometry (DEXA), a informação sobre a sua uti-lidade clínica é escassa. Foi nosso objectivo avaliare comparar o desempenho de 5 desses algoritmosnuma população Portuguesa de MPM. Esta análi-se foi expandida através da avaliação do impactode cada algoritmo tendo em conta a poupança emDEXA, a probabilidade de fractura e a repercussãoeconómica de ambas.Material e Métodos: Foram incluídas 588 MPMcom características semelhantes às da populaçãoPortuguesa em geral. Seleccionaram-se 5 algorit-mos simples de decisão: o Osteoporosis Risk As-sessment Instrument (ORAI), o critério Age, BodySize, No Estrogen (ABONE), o Body Weight Crite-rion (BWC), o Osteoporosis Self-Assessment Tool for Asians (OSTA) e uma versão modificada doOSTA (OST). Calculou-se a sensibilidade, especi-ficidade, valores preditivos e área da curva underthe receiver operating characteristic (AUROC), paracada um dos algoritmos de decisão. O número decasos de OP não detectados, número de fracturasevitáveis, poupança total e poupança por cadacaso de fractura evitável foram calculados paracada algoritmo e faixa etária, a partir da prevalên-cia de OP e sensibilidade do algoritmo nas vária fai-xas etárias, estimativa publicada do risco de frac-tura osteoporótica em função do resultado daDEXA e idade, e dados de tabelas económicas ofi-ciais sobre o custo da DEXA e custo hospitalar dasfracturas.Resultados: A idade média foi de 60,18±8,57 anose o tempo médio desde a menopausa foi de12,30±9,25 anos. Todos os algoritmos tiveram umbom desempenho no grupo total de MPM, apre-sentando boa capacidade discriminativa (curvasAUROC entre 0,611 e 0,674). As sensibilidades fo-ram de 80,8% para o ORAI, 71,2% para o ABONE,77,6% para o BWC, 75,6% para o OSTA e 80,8% parao OST. Considerando as MPM com >=65 anos, autilização dos algoritmos avaliados traduziu-se emcustos adicionais ou numa poupança apenas resi-dual, oferecendo por isso a realização de DEXA atodos os indivíduos o melhor desempenho custo-benefício. Pelo contrário, nas MPM com <65 anos,a utilização de qualquer um dos algoritmos tradu-ziu-se em poupanças significativas e logo numbom desempenho custo-benefício. Nas MPM com>=55 e <65 anos, considerando a poupança abso-luta, o ABONE tem o melhor desempenho, masconsiderando a poupança por fractura evitável, o

ORAI assume a liderança, seguido pelo BWC. Nogrupo com >=40 e <55 anos, a opção mais rentávelem termos de poupança absoluta seria mesmo ade não realizar DEXA a ninguém. No entanto, con-siderando a poupança por fractura evitável, o BWCafigura-se como o algoritmo mais vantajoso.Conclusões: Este estudo fornece evidência da va-lidade do ORAI, ABONE, BWC, OSTA e OST comoalgoritmos úteis na decisão sobre que MPM refe-renciar para realização de DEXA. Com base nos re-sultados e considerando a importância da simpli-cicidade na aplicabilidade de um algoritmo,sugerimos a seguinte estratégia na população Por-tuguesa: 1) Idade >=65 anos: realizar DEXA inde-pendentemente de outros factores de risco. 2) Ida-de <65 anos: realizar DEXA se o peso for inferior a70 Kg (cut-off do BWC).

P86 – QUALIDADE DE VIDA NAS DOENÇAS REUMÁTICAS

Paulo Monteiro,1 Paula Oliveira,2

Margarida Coutinho,1 Maria João Salvador,1

Maria Emília Costa,2 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação daUniversidade do Porto

Objectivos: Avaliar diferenças entre grupos dedoentes com artrite reumatóide, fibromialgia e os-teoartrose no que se refere à qualidade de vida,avaliada pelo questionário de qualidade de vidaSF-36 (versão portuguesa).Material e Métodos: O recrutamento da amostra,constituída por 31 doentes com AR, 25 com FM e30 com OA, ocorreu no Serviço de Reumatologiados HUC, entre Maio e Dezembro de 2007. Após se-rem informados relativamente aos aspectos asso-ciados à participação no estudo os participantesforam sujeitos às seguintes medidas de avaliação:Questionário de Estado de Saúde (SF-36v.2; Cen-tro de Estudos e Investigação em Saúde, 1997). Otratamento estatístico dos dados foi realizado atra-vés do programa SPSS (Statistical Package for So-cial Sciences) – versão 13Resultados: A idade média situou-se nos 55,15anos (entre os 23 e os 80 anos). Em relação ao gé-nero, 77,9% são indivíduos do sexo feminino. Emtermos de situação laboral, a maioria da amostraencontra-se em situação de reforma. Comparan-do os 3 grupos nos diferentes domínios avaliadospelo SF-36, foram encontradas diferenças estatis-

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ticamente significativas entre os grupos no que serefere ás dimensões: função física, desempenho fí-sico, dor corporal, vitalidade, função social e saú-de mental. Em relação à saúde geral e ao desem-penho emocional não foram encontradas diferen-ças estatisticamente significativas. Relativamenteaos componentes gerais de saúde física e de saú-de mental foram igualmente encontradas diferen-ças entre os grupos (p<0,001).Conclusões: O tipo de doença Reumática em cau-sa parece condicionar a qualidade de vida dosdoentes nos diversos domínios avaliados, havendodiferenças estatísticas entre os grupos estudados.

P87 – IMPACTO DA IDADE DE INÍCIO DO LES NO

PROGNÓSTICO. ESTUDO DE 164 DOENTES NA

COORTE DE LÚPUS DE COIMBRA

C Duarte,1 M Couto,1 C Vaz,1 P Abreu,1 L Inês,1

A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra

Objectivos: Avaliar o valor prognóstico da idadede início do Lúpus Eritematoso SistémicoMaterial e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes com LES (cumprindo crité-rios de classificação ACR) seguidos prospectiva-mente. Os doentes foram agrupados de acordocom idade de diagnóstico em três grupos (preco-ce ≤20; intermédio: 21-49 e tardio ≥50). O fenótipoda doença no primeiro ano após o diagnóstico e nomomento actual foi classificado em moderado ousevero de acordo com a presença de envolvimen-to de órgão major. As diferenças foram avaliadasutilizando o teste do Chi-quadrado.Resultados: Foram incluídos 164 doentes. 8,5% dosdoentes correspondiam a doentes com LES tardioe 19,5 % no grupo de início precoce. Os doentes dosexo masculino apresentaram mais frequentemen-te um LES de inicio tardio (p<0,05). No momentodo diagnóstico, apresentaram um fenótipo severo50%, 34,7% e 16,7% dos doentes no grupo de diag-nóstico em idade precoce, intermédio e tardio, res-pectivamente (p=n.s.). Na avaliação actual, apre-sentam um fenótipo severo 62,5%, 48,4% e 16,7%dos doentes no grupo de diagnóstico precoce, in-termédio e tardio, respectivamente (p=n.s.). OAnti-SSA foi mais prevalente e o Anti-Sm menosfrequente nos doentes com LES tardio (p<0,05). Asrestantes manifestações clínicas e laboratoriaisnão apresentaram diferenças estatisticamente sig-

nificativas.Conclusões: Nesta coorte de doentes com LES, osdoentes com apresentação tardia da doença apre-sentam um fenótipo inicial moderado e nenhumapresentou envolvimento de novo órgão majorapós o primeiro ano, contudo nenhuma das dife-renças encontradas apresentou significado esta-tístico.

P88 – IMPACTO DO LES NA QUALIDADE DE VIDA:ESTUDO COMPARATIVO DE 105 DOENTES COM

CONTROLOS SAUDÁVEIS

C Duarte,1 L Inês,1 P Abreu,1 F Vinagre,2

MJ Santos,2 M Couto,1 C Vaz,1 A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra2. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta

Objectivos: O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)é uma doença reumática crónica com grande im-pacto na qualidade de vida. A qualidade de vidanas populações é também influenciada por diver-sos factores socioeconómicos e demográficos. OSF-36 é um auto-questionário, validado em portu-guês, adequado para a avaliação da qualidade devida no LES. O objectivo deste trabalho é avaliar aqualidade de vida em doentes com LES em com-paração com controlos saudáveis.Material e Métodos: Inclusão de doentes consecu-tivos cumprindo critérios de de classificação ACRpara LES, seguidos em dois centros de Reumato-logia portugueses. Cada doente convidou um ami-go, do mesmo sexo, aproximadamente da mesmaidade e saudável, a participar como seu controlo.A qualidade de vida foi avaliada utilizando a ver-são validada em português do auto-questionárioSF-36. Cada doente entregou um SF-36 ao seu con-trolo, sendo este posteriormente devolvido porcorreio. A pontuação para cada uma das subesca-las do SF-36 foi quantificada. A actividade do LESfoi avaliada utilizando o índice de actividade SLE-DAI e o dano cumulativo através do SLICC. Efec-tuou-se a comparação entre os dois grupos utili-zando testes paramétricos e não paramétricos,conforme adequado. O nível de significância esta-tística considerado foi de 5%. A análise estatísticafoi efectuada utilizando o software SPSS.Resultados: Foram incluídos 210 indivíduos (105doentes com LES e 105 controlos saudáveis). Nãohouve diferença estatisticamente significativa entreos grupos de indivíduos com LES e controlos sau-

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dáveis relativamente ao sexo, estado civil e sectorprofissional. Os indivíduos saudáveis apresentaramum nível educacional médio mais elevado (p=0,021)e eram mais frequentemente profissionalmente ac-tivos (p <0,01). Os doentes com LES apresentavamuma duração média de doença de 7,8±6,7 anos, ti-nham uma baixa actividade da doença (SLE-DAI:4,2±4,7) e um dano cumulativo devido ao LESreduzido (SLICC: 0,9±1,3). Os doentes com LESapresentaram pontuações significativamente maisbaixas em todos os domínios do SF-36 comparati-vamente aos indivíduos saudáveis (p<0,01). A dife-rença média entre os dois grupos no SF-36 foi de cer-ca de 30%. A diferença observada foi superior nosdomínios Desempenho Físico e Saúde Geral (40 e30% respectivamente) e menor na Função Mental eFunção Social (aproximadamente 12%).Conclusões: Os doentes com LES apresentam qua-lidade de vida significativamente mais baixa que oscontrolos saudáveis, apesar da baixa actividade clí-nica e do reduzido dano cumulativo.

P89 - AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA DOS DOENTES COM

FRACTURA DO FÉMUR PROXIMAL

J. A. Costa,1 M. Bogas,1 A. Ribeiro,1 L. Costa,1

C. Varino,2 R. Lucas,3 C. Pinheiro,3 A. Rodrigues,2

D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos - Ponte de Lima - Centro Hospitalar do AltoMinho, EPE2. Serviço de Ortopedia, Hospital de S. Luzia – Viana doCastelo - Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE3. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto (Projecto ONDOR)

Objectivos: As fracturas osteoporóticas do fémurproximal (FFP), muito comuns na terceira idade,representam uma das causas mais importantes demortalidade e morbilidade sendo responsáveis porum enorme custo socio-económico, a curto e alongo prazo. A incidência é mais elevada nas mu-lheres pós-menopáusicas com osteoporose. Osobjectivos deste trabalho foram avaliar o prognós-tico das FFP e identificar os eventuais factores pre-ditores, bem como a necessidade de ulteriores cui-dados de saúde.Material e Métodos: Estudo transversal, retrospec-tivo, observacional, envolvendo doentes admitidosno Serviço de Ortopedia entre 1 de Janeiro e 31 deDezembro de 2006 com o diagnóstico de FFP. Os da-dos foram recolhidos decorridos pelo menos 12

meses após FFP através de entrevista telefónica epor consulta dos processos clínicos. Os questioná-rios aplicados contemplavam variáveis sócio--demográficas, tipo de fractura, factores de riscopara ocorrência de fractura, co-morbilidades e suasterapêuticas, actividades de vida actuais e uma ava-liação de qualidade de vida, quando possível.Resultados: Foi tentado contacto telefónico com150 doentes. Efectuados 108 inquéritos verifican-do-se que 20.4% dos casos, tinham falecido, 55% nodomicílio e 66.7% até 6 meses pós-FFP. Foram di-vididos em dois grupos: falecidos e sobreviventes.Nos sobreviventes, o próprio doente respondeuapenas em 23.3%. Os falecidos eram mais frequen-temente do sexo feminino (86.4% Vs 77,9%), maisidosos (percentagem de doentes com mais de 85anos era 63.6% Vs 32.6%) e ficaram alectuados apósa alta mais frequentemente (80% Vs 66,3%). Erammenos frequentemente casados (9,1 Vs 26,7%), ti-nham menos história prévia de fractura (15.8% Vs33.7%), menor percentagem de prescrição de fisi-oterapia após alta (25% Vs 46.5%) e menos conhe-cimento prévio de osteoporose (25% Vs 35.3%). Emrelação à qualidade de vida, obteve-se resposta em20 doentes: 60% considerava razoável a sua saúdeem geral; comparando o seu estado actual com oano anterior, 26.3% notavam alguma melhoria. Naavaliação das actividades de vida diária, a maioriarevelou grande dificuldade nas actividades que en-volvem deambulação, deitar ou levantar da cama,sentar-se na cadeira, e entrar e sair de casa.Conclusões: Este estudo mostra as dificuldadesinerentes a um estudo retrospectivo que envolveinquéritos telefónicos. Os resultados, no seu glo-bal, estão de acordo com o esperado: idade maiselevada, desconhecimento de diagnóstico préviode osteoporose, e um decréscimo na qualidade devida e nas actividades de vida diária dos doentesfalecidos. Nesta amostra, a localização da fracturano colo do fémur, o sexo feminino, o alectuamen-to após a alta e a idade parecem estar associados aum pior prognóstico.

P90 – CONTRIBUTO PARA A ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO

DE UMA ESCALA DE MEDIDA PARA A SEVERIDADE DA

OSTEOARTROSE DO JOELHO (LEQUESNE INDEX OF

SEVERITY FOR KNEE OSTEOARTHRITIS INDEX )Nunes S.,1 Lopes A.,1 Pascoalinho J.1

1. Escola Superior de Saúde do Alcoitão

Objectivos: O presente estudo é de natureza me-

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todológica, e teve como objectivo dar um contri-buto para a adaptação e validação de uma Escalade Medida para a Severidade da Osteoartrose doJoelho à população portuguesa.Material e Métodos: Foram utilizados dois ques-tionários construídos e validados no âmbito do es-tudo, para a recolha de opiniões junto aos painéisde peritos. Foram ainda utilizados como medidapadrão as versões portuguesas do auto-questio-nário Womac e da escala Lysholm modificada, pre-viamente validadasResultados: Análise de conteúdo- verificámos quea maior parte dos peritos foram unânimes em con-siderar que a Lequesne e o seu respectivo manualde instruções mede os itens a que se propõe me-dir; validade concorrencial- foi demonstrada pelaobtenção dos valores 0,566 (Womac) e -0,622(Lysholm) para um grau de significância (p)< 0,000;sensibilidade- pela análise dos diagramas de dis-persão entre a Lequesne e o Womac e a Lequesnee a Lysholm, verificámos que os resultados, seaproximam, segundo uma linha recta, positivapara o Womac e negativa para a Lysholm.Conclusões: Perante os resultados obtidos consta-támos que a 5ª versão portuguesa da Lequesneapresenta, qualidade de tradução/adaptação, va-lidade concorrencial e sensibilidade. Após a con-clusão deste estudo julgamos que este instrumen-to está apto para ser utilizado na prática clínica.

P91 – ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES: CASUÍSTICA

DE UM SERVIÇO

Catarina Ambrósio,1 Sara Serra,1

Pedro Machado,1 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A arterite de células gigantes (ACG) éuma vasculite granulomatosa que afecta vasos demédio e grande calibre. Atinge mais frequente-mente mulheres, geralmente nas 7ª e 8ª décadas devida, com uma incidência de 15-25 por 100.000habitantes. No presente trabalho os autores fazemuma revisão casuística dos doentes internados, noServiço de Reumatologia dos Hospitais da Univer-sidade de Coimbra, por arterite de células gigantes. Material e Métodos: Foram incluídos nesta casuís-tica os doentes internados no Serviço de Reuma-tologia dos HUC, com o diagnóstico primário finalde ACG, desde Janeiro de 1990 a Outubro de 2007.Avaliou-se, para cada doente, a idade, sexo, sinaise sintomas apresentados, tempo de duração das

queixas, co-existência de polimialgia reumática,mês de início da sintomatologia, exames auxilia-res de diagnóstico e terapêutica instituída. Resultados: Um total de 24 doentes foi incluídonesta casuística, com uma média de idade de71,6±5,1 anos, sendo maior a prevalência de ACGno sexo feminino (79%). Verificou-se uma maiorincidência de casos na Primavera/Verão (70,9%)comparativamente aos meses de Outono/Inverno(29,1%). Os sintomas mais frequentes foram as ce-faleias (22 doentes) e alterações visuais (15 doen-tes), com uma média de 1,8 meses de duração dasintomatologia à data do internamento. 14 doen-tes apresentavam concomitantemente o diagnós-tico, actual ou passado, de PMR. Analiticamente avelocidade de sedimentação média à entrada foi de73,7 mm 1ª h e da PCR 5,3 mg/dl. Todos os doen-tes realizaram biopsia da artéria temporal, tendoesta apresentado alterações sugestivas de arteriteem 70,8% dos casos. Conclusões: Os resultados obtidos são o esperado,nomeadamente no que toca à distribuição por sexo,idade, sintomatologia apresentada e resultados ana-líticos. A aparente tendência para uma sazonalida-de carece ainda de maior investigação. Reforça-se aimportância da biopsia para o estabelecimento deum diagnóstico mas relembra-se que a normalida-de desta não pode excluir a existência de ACG.

P92 – CAPILAROSCOPIA: EXPERIÊNCIA

DE UM SERVIÇO

Catarina Ambrósio,1 Pedro Machado,1

Sara Serra,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Analisar a experiência de 2 anos de rea-lização de capilaroscopia no Serviço de Reumato-logia dos Hospitais da Universidade de Coimbraatravés da caracterização da amostra e descriçãodos resultados.Material e Métodos: Entre Março de 2005 e De-zembro de 2007 foram realizadas 203 capilarosco-pias. Avaliou-se para cada doente, o sexo, idade, co-morbilidades, profissão e proveniência bem comoa presença/ausência de fenómeno de Raynaud, ca-racterização e duração deste, presença/ausênciade ANA’s, velocidade de sedimentação e proteínaC reactiva, à data da realização do exame.Resultados: média de idade da amostra foi de42,3±16,5 anos, com 178 mulheres e 25 homens.

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139 dos doentes foram enviados da Consulta deReumatologia dos Hospitais da Universidade deCoimbra (HUC), 29 de outra instituição de saúde,19 de consultórios particulares e 16 de outros ser-viços dos HUC. O Fenómeno de Raynaud (FR) es-teve presente em 180 dos doentes, sendo comple-to em 55. Os ANA’s foram positivos em 113 doen-tes, com a presença de Anti-centrómero em 24 eAnti scl 70 em 6.

Após a análise, verificou-se uma correlação esta-tisticamente significativa entre a presença de ANA’se a existência de alterações, ainda que inespecíficas,na capilaroscopia (p=0,0029). Como seria de espe-rar, a presença de anticorpos anti-scl-70 e anti-cen-trómero correlacionou-se directamente com umpadrão esclerodérmico (p<0,0001). A existência deFR completo, parece correlacionar-se com umamaior probabilidade de encontrar um padrão escle-rodérmico na capilaroscopia (p=0,015).Conclusões: A capilaroscopia parece ser um exameauxiliar de diagnóstico de elevado potencial. O seubaixo custo e facilidade de execução, aliados à in-formação que pode fornecer, tornam-na uma ferra-menta aliciante, especialmente face à possibilida-de de um despite de alterações sugestivas, ou a umdiagnóstico precoce de certas doenças reumáticas.

P93 – REACÇÃO DE CORPO ESTRANHO A FOLHA DE

PALMEIRA: DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO E

TRATAMENTO. A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.Falcão S.,1,2 de Miguel E.,3 Gamero F.,3

Bravo Pimentão J.,1 Branco J.C.,1,2 Martín Mola E.3

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar LisboaOcidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa3. Serviço de Reumatologia, Hospital la Paz, Madrid

Objectivos: Os fragmentos da folha de palmeiraprovocam uma reacção de corpo estranho, carac-terizada histologicamente por um processo infla-matório crónico, granulomatoso, na sua maioriaasséptico. Na literatura estão descritos casos de si-novite, tenossinovite, bursites e miosites secundá-rios à retenção destes fragmentos. As dificuldadesdiagnósticas, o atraso na instituição terapêutica e,nalguns casos, a sua ineficácia são as principaiscausas de cronicidade. Material e Métodos: Actualmente, persistem dúvi-das relativamente ao tratamento de eleição. Na si-novite a artroclise com solução salina, a sinovec-

tomia parcial ou total surgem como opções tera-pêuticas. Nos casos de localização intramuscular,na maioria das publicações, está descrita a reali-zação de cirurgia aberta. Procedimento agressivo,por vezes necessitando de mais de uma interven-ção cirúrgica para que ocorra a remoção completado fragmentos, acompanhando-se de importanteperda muscular. Caso clínico: Os autores apresen-tam o caso clínico de um homem, de 35 anos deidade, que durante a manipulação de folhas de pal-meira, introduziu acidentamente na face supero--externa do antebraço um fragmento desta plantacom subsequente remoção. Quinze dias após re-correu à consulta de reumatologia por dor inten-sa, impotência funcional e tumefação nesta região,sem outros sintomas acompanhantes. Resultados: No exame objectivo apresentava mo-vimentos dolorosos na extensão da mão homola-teral e nódulo doloroso à palpação, de limites bemdefinidos, na região supero-externa do antebraço.Sem rubor ao aumento da temperatura cutânea. Aecografia evidênciou dois fragmentos intra-mus-culares, lineares, hiperecogénicos, sem cone desombra, com sinal Doppler positivo (grau 3) e semalterações do tecido celular subcutâneo. Iniciounaproxeno (500 mg - 2x/dia) que manteve 4 sema-nas com resolução completa do quadro clínico.Realizou ecografias seriadas que evidenciaram di-minuição progressiva do sinal Doppler e na avalia-ção 6 meses depois permanecia assintomático,mantinha os dois fragmentos intra-musculares,mas com sinal Doppler negativo. Neste caso obte-ve-se uma excelente resposta com o tratamentosintomático e a ecografia assumiu um importantepapel no diagnóstico diferencial, permitindo aidentificação e localização exacta do corpo estra-nho. O efeito Doppler, através da semi-quantifica-ção do fluxo vascular, auxiliou na monitorização doprocesso inflamatório. Conclusões: Face a esta experiência e uma vez quea remoção cirúrgica completa implicaria uma alar-gada excisão muscular, em casos semelhantescomo terapêutica de primeira linha sugere-se tra-tamento sintomático.

P94 – REDUÇÃO DE SINOVECTOMIAS QUÍMICAS APÓS

A INTRODUÇÃO DE TERAPÊUTICAS BIOTECNOLÓGICAS

E RESPECTIVOS CUSTOS.Falcão S.,1,2 Mourão A.F.,1 Pinto T.,1 Ribeiro C.,1

Bravo Pimentão J.,1 Branco J.C.1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar LisboaOcidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz

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2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A sinovectomia química está indicadaem casos de mono/oligoartrite nas doenças reu-máticas inflamatórias resistentes à terapêutica defundo. Pretendemos analisar se ocorreu variaçãona realização de sinoviorteses com intensificadorde imagem após a introdução de terapêuticas bio-tecnológicas (infliximab, etanercept e adalimu-mab) em doentes com artrite reumatóide (AR), es-pondilite anquilosante (EA), artrite psoriásica (AP)e artrite idiopática juvenil (AIJ) , e respectivos cus-tos associados. Material e Métodos: Foram avaliadas de formaconsecutiva todas as sinoviorteses efectuadas du-rante 15 meses consecutivos antes da introduçãode terapêuticas biotecnológicas (de Outubro de1999 a Dezembro de 2000 – gupo1) e durante 15meses consecutivos após a introdução deste gru-po farmacológico (de Outubro de 2006 a Dezem-bro de 20007 – grupo2), num serviço de reumato-logia de um hospital central de Lisboa. Resultados: No grupo 1 foram efectuadas 125 si-noviorteses: 98 (78,4%) em doentes com AR, EA, APe AIJ e 27 (21,6%) em doentes com patologia dege-nerativa (poliosteoartrose e capsulite retráctil); nogrupo 2 das 96 sinoviorteses efectuadas 43 (44,7%)corresponderam a doentes com AR, EA, AP e AIJ e53 (55,3%) a doentes com poliosteoartrose e cap-sulite retráctil. No grupo 1 o valor médio mensal desinoviorteses realizadas em patologias reumáticasinflamatórias foi 8,17 +/- 2,33, enquanto que nogrupo 2 foi 3,91 +/- 2,30 (p < 0,05). Os valor médiomensal dos custos da sinovectomia química na AR,EA, AP e AIJ, no grupo 1, foi 1008,5 +/- 287,6 e, nogrupo 2, 494 +/- 296,8 (p < 0,05).Conclusões: A sinovectomia química mantém in-dicações específicas nas patologias reumáticas in-flamatórias crónicas. Contudo, a introdução de te-rapêuticas biotecnológicas acompanhou-se deuma redução estatisticamente significativa do nú-mero de sinovectomias químicas realizadas, bemcomo dos seus custos.

P95 – FASCEÍTE EOSINOFÍLICA E APLASIA MEDULAR

– A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Falcão S.,1,2 Mourão A.F.,1 Ribeiro C.,1 Pinto T.1

Mateus M.,1 Araújo P.,1 Bravo Pimentão J.,1

Branco J.C.1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar Lisboa

Ocidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A fasceíte eosinofilica (FE) é uma doen-ça rara, de etiologia desconhecida. Numa primei-ra fase caracteriza-se por edema e eritema dosmembros ou tronco, seguindo-se uma segundafase de espessamento colagénico da derme e fas-cia sub-cutânea. A presença de eosinofilia perifé-rica é igualmente característica. Contudo estãodescritas outras anomalias hematológicas que cur-sam em associação com a FE, como a aplasia me-dular, síndromes mieloproliferativos e mielodis-plásicos, linfomas e leucemias. Material e Métodos: Caso clínico: Os autores apre-sentam o caso clínico de um homem, de 62 anosde idade, saudável até ao ano prévio ao interna-mento altura que refere espessamento cutâneo dosantebraços e pernas, com agravamento progressi-vo proximal. Durante o curso da doença refere per-da ponderal de 32% do peso corporal (20Kg) e dis-fagia alta para líquidos e sólidos. Os exames de queera portador evidenciavam eosinofilia periférica.No exame objectivo salientava-se: espessamentocutâneo difuso e lesões eritemato-violáceas na faceanterior de ambos os punhos. Analiticamente:anemia normocítica normocrómica (Hg 10,1 g/dl,VGM 101fl), trombocitopénia (76000), sem leuco-pénia ou eosinofilia periférica, parâmetros de in-flamação aumentados (VS 99 mm/1ªh, PCR 99 –VR<3mg/l); beta2-microglobulina aumentada(4,61-VR:1,01-2,16mg/l); ácido fólico, vitaminaB12, imunofixação sérica e urinária e imunofeno-tipagem normais; estudo imunológico e serologi-as virais negativas. Resultados: TAC toraco-abdomino-pélvico e eco-cardiograma sem alterações. Provas de função res-piratória: pressões máximas expiratórias diminui-das compatíveis com fraqueza dos músculos res-piratórios. O trânsito esofágico evidenciou disfun-ção da epiglote. A biopsia óssea e mielogramarevelaram medula normocelular (60% hemato-poiese, 40% adipócitos), congestiva, sem fibrose esem alterações maturativas ou topográficas da ce-lularidade trilinear, compatível com medula ligei-ramente reactiva. A biopsia de pele, músculo e fás-cia evidenciou um infiltrado inflamatório crónico,com predomínio de monócitos e linfócitos. Sero-logias, PCR e exame cultural para Borrelia negati-vos. O cariótipo medular revelou clone anormalem 5 metafases com perda de cromossoma Y. Ini-

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ciou prednisolona (60mg/dia) sem melhoria daslesões cutâneas. Três meses após o início de corti-coterapia é reinternado por pancitopénia de agra-vamento progressivo. Por suspeita de síndromehemo-fagocítico iniciou ciclosporina A (100 mg//dia) que suspendeu após 1 mês de tratamento porineficácia. Repetiu mielograma e biopsia óssea quefoi compatível com aplasia medular. O doente aca-bou por falecer por pneumonia nosocomial a kleb-siella pneumoniae.Conclusões: Trata-se de um caso clínico de FE degravidade invulgar. Durante o curso da doença nãohouve resposta hematológica à terapêutica insti-tuída e persistem dúvidas relativamente à possívelpresença de um agente tóxico responsável pelainexorável gravidade do mesmo.

P96 – ANÁLISE DAS ACTUAÇÕES MÉDICAS NA

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE DOENTES COM

ARTRITE REUMATÓIDE (AR) NUMA CONSULTA DE

REUMATOLOGIA

A A Matos,1,2 M Mateus,1 P Nero,1,2 P Araújo1,W Castelão,1 F Pimentel,1,2 J B Pimentão,1

Jaime C Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental (CHLO)/Hospital de Egas Moniz(HEM), Lisboa. 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos:A qualidade da actuação médica faz par-te da essência da profissão, constituindo um impe-rativo deontológico. O Serviço de Reumatologia doCHLO desenvolveu um programa de melhoria doscuidados médicos aos doentes com AR estabele-cendo um registo uniforme de consulta de ambu-latório que constiui assim um padrão de actuaçãode qualidade. Para controlo desta qualidade decidi-mos verificar a adequação dos procedimentos naprática quotidiana aos padrôes preconizados.Material e Métodos: Analisámos de modo conse-cutivo todos os processos de doentes com o diag-nóstico de AR que foram observados na ConsultaExterna de Reumatologia (CER) do HEM, entre15/12/07 e 19/12/08. Excluiram-se os doentes commenos de 6 meses de seguimento e os que estavamsob agentes biológicos. Perante os processos daCER verificámos a presença de registo dos seguin-tes parametros: DAS28, HAQ, rx das mãos, prescri-ção de DMARDS, terapêutica profilactica das frac-turas osteoporóticas e controles analíticos de se-

gurança nos doentes tratados com DMARDS.Como indicadores de qualidade, foram seguidas asrecomendações da SPR e do American College ofRheumatology para prescrição (de DMARDS, agen-tes antifracturários e biológicos) e para o controlede segurança dos fármacos prescritos. Conside-rou-se, para todos os parâmetros avaliados, que osdoentes seriam considerados como observados demaneira regular se tivessem pelo menos 3 registospor ano, excepção feita ao HAQ (6 meses) e à radi-ologia das mãos, anual.Resultados: Durante o período de estudo, foramconsultados na CER 19 doentes que corrrespondi-am aos nossos critérios de inclusão. Catorze eramdo sexo feminino. A idade média da população erade 60,6±12,7 anos. A duração da doença era des-conhecida em 3 casos; nos restantes esta era de8,6±6,4 anos. Em 84% (16 de 19) existia um registoou era possível avaliar o DAS 28 de forma regular(pelo menos 3 vezes por ano). Todos os doentes es-tavam tratados com DMARDS e todos tinham ostestes laboratoriais de segurança efectuados numabase regular. Em apenas 4 doentes (21%) se en-controu um registo de HAQ com regularidade e re-lativamente à radiologia esse número descia para2 (10%). O valor médio actual do DAS 28 era de 2,9±1,17 (entre 1,5 e 5,75). Cinco doentes tinham DAS>3,2: três estavam em estudo para início de bioló-gicos e nos restantes 2 (10% do total) não existia ex-pressa no processo qual a intenção do médico as-sistente. Seis doentes tinham DAS entre 2,6 e 3,2.Destes, apenas 1 tinha HAQ regular, não existindodados sobre a radiologia em qualquer um.Conclusões: Todos os doentes estavam sobDMARDS e em conformidade com o controle datoxicidade, o que significa que a prática dos médi-cos é neste campo excelente. Apenas 21% dosdoentes tinham um HAQ regular e 10% radiogra-fia das mãos anual, pelo que os critérios que en-volvem estas variáveis e aplicáveis aos doentescom DAS entre 2,6 e 3,2, não foram seguidos. Nes-te sentido, torna-se evidente a necessidade de per-ceber quais as razões que levam os profissionais anão utilizarem estes métodos de avaliação.

P97 – DOENÇA DE PAGET – APRESENTAÇÃO INCOMUM

J. A. Costa,1 M. Bogas,1 A. Ribeiro,1 D. Araújo1

1.Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos- Ponte de Lima - Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

Objectivos: Introdução: A Doença de Paget (DP) é

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uma alteração localizada da remodelação óssea deetiologia desconhecida. Atinge 2-3% das pessoascom mais de 50 anos, com ligeira preponderânciano sexo masculino e é incomum antes dos 40 anos.Geralmente cursa com alterações dos marcadoresde formação e reabsorção. Os bifosfonatos consti-tuem a base do seu tratamento.Material e Métodos: Apresenta-se o caso de umhomem com 35 anos de idade com deformidadecraniana com 20 anos de evolução, com DP, sem al-teração dos marcadores remodelação óssea.Resultados: Caso Clínico: Homem de 35 anos, comtumefacção na região parietal direita, indolor ecom desenvolvimento muito lento, com cerca de20 anos de evolução, não precedido de qualquertrauma. Posteriormente, surgimento de cefaleiasesporádicas, localizadas ao lado afectado, de cur-ta duração, mas de agravamento progressivo. Há 2anos iniciou quadro de lombalgias mecânicas. Semsinais ou sintomas sugestivos de patologia endó-crina. A cintigrafia óssea revelou alterações com-patíveis com DP poliostótica : calote craniana,ramo direito da mandíbula, D4, 4º arco costal pos-terior à direita, D10, D12 e L3. Analiticamente apre-sentava marcadores de formação e reabsorção ós-sea sem alterações. Função tiroideia, doseamentode cortisol e PTH eram normais. Foi realizada biop-sia óssea da calote craniana cujo estudo anatomo-patológico foi compatível com a hipótese clínica deDP, excluindo diagnóstico de Displasia Fibrosa ouNeoplasia. O doente foi tratado com bifosfonatospor via endovenosa. Ainda não se dispõe de dadossobre a sua evolução.Conclusões: O caso clínico apresentado distin-guiu-se pela sua raridade quanto à idade de inícioda doença e sua apresentação clínica, com ausên-cia de alteração dos parâmetros de reabsorção eformação óssea. Estes, na maioria dos casos de DPapresentam-se elevados e constituem a pista parao seu diagnóstico. Neste caso, apenas o exame ana-tomo-patológico, permitiu estabelecer o diagnós-tico definitivo. A decisão de tratamento baseou-seem critérios clínicos.

P98 – DOENÇA DE OLLIER - CASO RARO

J. A. Costa,1 A. Ribeiro,1 M. Bogas,1 D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos– Ponte de Lima – Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

Objectivos: Introdução: A Doença de Ollier (DO),também designada de Encondromatose Múltipla

é uma doença hereditária, rara, com prevalência de1/100 000 pessoas, de etiologia desconhecida, ca-racterizada por um crescimento anormal da carti-lagem. Inicia-se geralmente na infância. É carac-teristicamente assimétrica, afectando os ossos cur-tos das mãos, pés e os ossos longos das extremida-des, poupando o crânio e esqueleto axial. Afectaambos os sexos, mas mais frequentemente o mas-culino.Material e Métodos: Apresenta-se o caso clínico deum doente com diagnóstico de DO realizado aos36 anos.Resultados: Caso Clínico: Homem de 36 anos deidade que notou, desde os 14 anos de idade, tume-facção do 2º dedo da mão esquerda (E), sem quei-xas álgicas associadas. Durante os anos seguintesnotou agravamento do quadro, com deformaçãoprogressiva desse dedo. Concomitantemente co-meçou a ter queixas semelhantes na outra mão,pés e joelho direito, tendo sido submetido a umacorrecção cirúrgica de encurtamento do membroinferior direito e varo acentuado do joelho direito,aos 16 anos de idade. Aos 18 anos de idade foi sub-metido a nova correcção cirúrgica, desta vez namão E. Nos anos subsequentes ocorreu uma reci-diva da deformação no dedo intervencionado edeformação progressiva e quase sempre indolordas mãos e pés. O estudo analítico realizado reve-lou normalidade do metabolismo fosfocálcico edos parâmetros inflamatórios. O estudo radiológi-co efectuado revelou alterações da arquitectura ós-sea, envolvendo principalmente as metáfises dosossos envolvidos.Conclusões: O caso clínico descrito é raro mas odiagnóstico está facilitado pelos aspectos clínico eimagiológico típicos. O início dos sintomas acon-tece habitualmente na idade infantil e não apenasna adolescência, como neste caso. O risco de trans-formação maligna é de cerca de 25%. O tratamen-to desta patologia passa pela correcção cirúrgicadas deformidades e pela vigilância de eventualtransformação maligna.

P99 – CARACTERIZAÇÃO DAS FRACTURAS

OSTEOPORÓTICAS DO FÉMUR PROXIMAL NUMA

POPULAÇÃO PORTUGUESA

J. A. Costa,1 A. Ribeiro,1 M. Bogas,1 L. Costa,1

C. Varino,2 R. Lucas,3 C. Pinheiro,3 A. Rodrigues,2

D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos– Ponte de Lima – Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

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2. Serviço de Ortopedia, Hospital de S. Luzia – Viana doCastelo - Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE3. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto (Projecto ONDOR)

Objectivos: As fracturas osteoporóticas do fémurproximal (FFP) são uma importante causa de mor-bilidade e mortalidade com implicações familiares,sociais e económicas. A incidência é maior em mu-lheres com mais de 65 anos de idade. O tratamen-to das FFP visa restaurar a funcionalidade existen-te antes da fractura e prevenir a incapacidade. Oobjectivo deste trabalho foi caracterizar uma po-pulação de doentes com FFP no distrito de Vianado Castelo.Material e Métodos: Análise prospectiva dos doen-tes com idade superior a 65 anos, internados porFFP de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2007. Atodos eles foi aplicado um questionário estrutura-do que contemplou variáveis sócio-demográficase comportamentais, mecanismo de fractura, fac-tores de risco para ocorrência de fractura, co-mor-bilidades e suas terapêuticas, hábitos, actividadesde vida diária e história ginecológica. Para os doen-tes a quem não foi possível realizar inquérito, foiassumido tempo em risco de meio ano. Foi averi-guado por consulta do processo clínico o tipo deFFP, seu tratamento e duração de internamento.Nos participantes a quem era tecnicamente pos-sível foi realizada densitometria óssea no antebra-ço distal não-dominante por DEXA. Para os cálcu-los assumiu-se que todas as FFP do distrito deramentrada no Serviço de Ortopedia e que a populaçãose manteve estável usando-se os valores do INE,em 2006, da população residente com idade igualou superior a 65 anos para o distrito estudado.Resultados: Foram identificadas 184 FFP. Não serealizou inquérito a 8 doentes. Em 59.7% dos ca-sos o inquérito foi respondido pelo próprio. A in-cidência na população total foi 3.51/1000 pessoas--ano, sendo 1.54 no sexo masculino e 4.81 no sexofeminino. Idade superior a 74 anos em 81,2% dosdoentes. Do total das FFP, 59.8% eram trocantéri-cas e 96.6% foram submetidos a intervenção cirúr-gica. Ocorreram em 60% dos casos na residência eem 62,9% por quedas do mesmo nível. A duraçãodo internamento foi menor que 2 semanas em77,9%. História prévia de osteoporose (32.8% Vs3.3%, p=0.001) e hipertensão arterial (65.7% Vs41.9% p=0.01) mais frequente em mulheres. Noano anterior, 13,8% dos doentes estiveram alec-tuados e 19.4% estiveram internados. Quedas no

mês anterior (17% Vs 3.2%, p<0.05) e história defracturas prévias (39.4% Vs 22.6%) mais frequentesem mulheres, embora esta última diferença nãoseja significativa. Apenas 11,4% dos doentes reali-zaram alguma vez uma densitometria óssea. Amaioria dos doentes negou história familiar defracturas. Diariamente, 72,9% consumiam bebi-das alcoólicas e 93,7% seriam não-fumadores. ADEXA foi realizada em 123 doentes e 64.2% apre-sentava T-score < 2,5 SD.Conclusões: As incidências obtidas situam-se den-tro da média descrita na literatura. A maioria dasFFP ocorreu no sexo feminino, em doentes comcritérios densitométricos de osteoporose. O co-nhecimento de co-morbilidades é significativa-mente maior no sexo feminino. Também o núme-ro de quedas no último mês foi maior no sexo fe-minino. Os cuidados ortopédicos que influenciamo prognóstico destes doentes encontram-se numnível acima da média, nomeadamente em relaçãoao número de cirurgias e média de internamento.

P100 – A ANALGESIA NA PRÁTICA REUMATOLÓGICA –UM ESTUDO RETROSPECTIVO

Rui Figueiredo,1 Claudia Miguel,1 Dina Medeiros,1

Miguel Sousa,1 Felipe Barcelos,1 Eugénia Simões1

1. IPR

Objectivos: A dor crónica é um problema centralna prática diária da consulta de Reumatologia. Ocontrolo da sintomatologia dolorosa é difícil, exis-tindo recomendações de várias entidades incluin-do a OMS. O objectivo deste estudo é observar aprescrição de Paracetamol e de outros agentesanalgésicos por Reumatologistas.Material e Métodos: A amostra populacional écomposta por 120 doentes com patologia reuma-tológica (inflamatória e degenerativa), diagnosti-cada por um Reumatologista, com seguimento du-rante um mínimo de um ano e com pelo menosuma consulta efectuada. Excluiu-se a populaçãocom idade inferior a 16 anos. Foram consideradospara este estudo o Paracetamol, Anti-inflamató-rios não esteróides, Tramadol, GlicocorticóidesResultados: 80% dos doentes eram do sexo femi-nino e 20% do sexo masculino. A média de idadesé de 52,3 anos, sendo a masculina de 53,5 anos e afeminina de 52,0 anos. Os 6 diagnósticos mais fre-quentes foram: Artrite Reumatóide 20,2%; Osteo-artrose 20%; Osteoporose grave 17,5%; Espondo-artropatia indiferenciada 15,3%; Espondilite An-

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quilosante 8,3%; Fibromialgia 7,5%. A prescriçãoglobal de paracetamol foi relativamente baixa(25%) bem como a do tramadol (10% dos casossempre associado ao paracetamol). Em apenas15% dos doentes foi tentada a introdução do Para-cetamol, tendo a totalidade destes tolerado a tera-pêutica. O uso dos vários agentes anti-inflamató-rios atingiu 70%. Outros agentes igualmente usa-dos foram Glicocorticóides – Deflazacort e Metil-prednisolona - (35%), antidepressivos tricíclicoscom indicação anti-álgica expressa (5%).Conclusões: Verificou-se uma discrepância signi-ficativa entre a prescrição e as indicações da OMSpara o controlo da dor crónica. Este estudo nãopermite avaliar o motivo destes hábitos de prescri-ção, mas põe-se a hipótese de a elevada prevalên-cia de patologia inflamatória requerer o uso de AI-NEs. É necessária uma maior sensibilização parao uso de fármacos tais como o Paracetamol. Paraaveriguar tais hipóteses serão necessários estudosfuturos.

P101 – AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES

BIOMECÂNICAS DE EPÍFISES FEMORAIS DE DOENTES

COM FRACTURA OSTEOPORÓTICA DA ANCA

Ana Rodrigues,1,2 Helena Canhão,1,2 Mário Vale1,2

Ana Margarida Nery,1,3 Joana Caetano-Lopes,1

Elsa Sousa,1,2 Joaquim Pereira,1,2

Ricardo Henriques,1,3 Pedro M. Amaral,3

Mário Viana Queiroz,2 Jacinto Monteiro,2

M. Fátima Vaz,3 João Eurico Fonseca1,2

1. Instituto de Medicina Molecular2. Hospital de Santa Maria3. Instituto Superior TécnicoInstituto de Medicina MolecularTrabalho suportado pela bolsa SPR/Schering-Plough 2006

Objectivos: A resistência do osso depende não sóda sua densidade mineral mas também da quali-dade da microestrutura, o que se reflecte nas suaspropriedades mecânicas e no risco de fractura. Defacto a maioria das fracturas da anca ocorre emdoentes sem critérios densitométricos de osteo-porose. O objectivo deste estudo foi avaliar propri-edades biomecânicas de cabeças femorais obtidasapós artroplastia por fractura de fragilidade e com-pará-las com as de um grupo controlo submetidoa cirurgia por coxartrose.Material e Métodos: Foram avaliadas cabeças fe-morais de doentes submetidos a artroplastia daanca, tendo como causa da cirurgia, fracturas os-

teoporóticas da anca ou coxartrose. Durante as ci-rurgias foram colhidas as epífises femorais e pos-teriormente, foram realizados testes de compres-são, numa máquina Instron modelo 5566, paraavaliação das propriedades biomecânicas do osso.33 doentes, 14 com fractura osteoporótica da ancae 19 com coxartrose, foram avaliados de acordocom um protocolo clínico e laboratorial e foramainda efectuadas densitometrias ósseas. Verificou--se um predomínio de doentes do sexo femininoem ambos os grupos, 93% no grupo com fracturae 58% no grupo com coxartrose. A idade média dogrupo das fracturas foi de 74,8±9,2 anos e do grupodas coxartroses de 67,9±7,5 anos. 14 epífises femo-rais humanas foram submetidas a ensaios de com-pressão: 9 com fractura osteoporótica (8 do sexo fe-minino e 1 do sexo masculino) e 5 com coxartrose(4 do sexo feminino e 1 do sexo masculino).Resultados: Por análise das curvas de força-deslo-camento, verificou-se que os doentes com fractu-ra do colo do fémur apresentavam módulo de elas-ticidade mais baixo (313,4±84,2N/mm vs 363±96,3N/mm), menor força de cedência (3410,6±1568N vs 4038,2±1158,7N), menor energia absor-vida até à cedência (20424,4±14007,6N/mm vs25726±18792,4N/mm) e menor energia absorvidaaté à densificação (61499,2±25175,4N/mm vs82272,8±40664,5N/mm) do que os doentes comcoxartrose. Nos doentes com fractura, a DEXA re-velou osteoporose em 28,5%, osteopenia em 43%e massa óssea normal em 28,5% dos doentes. Dosdoentes com coxartrose, 17% tinham osteoporose,33% osteopenia e 50% massa óssea normal. Os va-lores séricos de cálcio, fósforo, apolipoproteina E,fosfatase alcalina, b-crosslaps e osteocalcina en-contravam-se dentro dos parâmetros da normali-dade, não existindo diferenças estatisticamentesignificativas entre os dois grupos. O P1NP foi ava-liado em 23 doentes, 15 dos quais apresentavamvalores acima da referência, mas sem diferençassignificativas entre os grupos.Conclusões: As epífises femorais dos doentes quesofreram fracturas osteoporóticas apresentavampiores propriedades biomecânicas quando com-paradas com o grupo controlo. A degradação des-tas propriedades ocorreu de forma desproporcio-nada às diferenças encontradas nas densitometri-as ósseas, onde a percentagem de osteoporóticose osteopénicos não diferia estatisticamente entregrupos, embora a proporção de doentes com den-sidade mineral óssea normal tenha sido superiorno grupo com coxartrose.

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P102 – SÍNDROME DE FELTY: UMA REVISÃO DE 3CASOS CLÍNICOS

M Sousa,1 D Medeiros,1 R Figueiredo,1 C Miguel,1

F Barcelos,1 S Cortes,1 H Santos,1 P Coelho1

1. Instituto Português de Reumatologia (IPR)

Objectivos: O Síndrome de Felty (SF) é uma mani-festação extra-articular rara da Artrite Reumatói-de (AR). A tríade clássica é constituída por AR, neu-tropénia e presença de esplenomegália embora sesaiba que a neutropénia ocorre também na ausên-cia de um baço de volume aumentado. Pretendeu--se documentar o quadro clínico, laboratorial eimagiológico dos doentes com SF seguidos no IPRe avaliar a resposta à terapêutica instituida. Material e Métodos: Foi realizada uma revisão dosdoentes com AR e SF associado, seguidos no IPR.Através da consulta do processo clínico foi recolhi-da a informação relativa às alterações clínicas, la-boratoriais e imagiológicas de 3 doentes e foi do-cumentada a resposta à terapêutica instituída.Resultados: Foram identificados 2 mulheres e 1homem, com idade média de 68anos e 33 anos deevolução da doença. Na altura do diagnóstico nun-ca tinham realizado qualquer terapêutica de fun-do. Apresentavam doença erosiva e deformante,seropositiva para factores reumatóides e apenas 1doente apresentava ANA´s positivos. Ambos apre-sentavam leucopénia com neutropénia e umadoente apresentava trombocitopénia. A espleno-megália estava presente em 2 dos doentes. Umadoente apresentava evidência de envolvimentopulmonar pela AR com um padrão ventilatório res-tritivo e infiltrados difusos em vidro despolido e es-pessamento intersticial. Todos os doentes realiza-ram exames de imagem para confirmação de es-plenomegália e mielograma para exclusão de pro-cesso infiltrativo ou mielodisplásico. Dois doentesforam medicados com sais de ouro parentéricos e1 doente iniciou metotrexato por via oral com me-lhoria gradual das queixas articulares e resoluçãodo quadro hematológico em cerca de 1 mês. Conclusões: Não existem estudos controladosacerca da melhor abordagem terapêutica nestesdoentes. Várias terapêuticas estão descritas em pe-quenas séries sendo o metotrexato e sais de ouroos que oferecem maior evidência clínica. A tera-pêutica imunomoduladora da AR é geralmenteefectiva na melhoria e prevenção das manifesta-ções extra-articulares da AR. Actualmente, váriosautores referem uma menor incidência deste qua-dro clínico, provavelmente associada a uma utili-

zação mais difundida e precoce dos DMARDs.

P103 – IMUNOSSUPRESSÃO E TUBERCULOSE

M Sousa,1 M Felizardo,2 D Medeiros,1 A Gomes,2

A Teixeira,1 J Freitas,2 A Tavares,2 I Ribeiro,2

J Vaz Patto,1 MC Gomes2

1. Instituto Português de Reumatologia ( IPR )2. Centro Diagnóstico Pneumológico da Alameda (CDP Lisboa )

Objectivos: A imunossupressão é uma arma tera-pêutica cada vez mais utilizada na prática clínica,não só em patologia reumatológica como em ou-tras situações de imunossupressão crónica comoos transplantes. Está documentado que, em popu-lações com incidência elevada de tuberculose (TB),os doentes submetidos a estas terapêuticas têmum risco acrescido de desenvolver a doença. Pre-tendeu-se avaliar o risco de infecção por Mycobac-terium tuberculosis numa população portuguesasob imunossupressão variada. Material e Métodos: Foram revistos retrospectiva-mente todos os doentes sob imunossupressão re-ferenciados ao CDP da Alameda para rastreio de TBlatente / TB doença, entre Dezembro de 1997 e Ja-neiro de 2008, onde fizeram provas tuberculínicas(PT) a 2 Unidades de RT23, determinação doQuantiferon (Q) e exames clínicos e imagiológi-cos. Esta amostra foi caracterizada de acordo comidade, sexo, proveniência, diagnóstico e terapêu-tica imunossupressora de base. Procedeu-se a umaanálise crítica dos resultados e das consequênciasda instituição ou não de quimioprofilaxia com iso-niazida ao fim de nove meses. Resultados: Foram referenciados 128 doentes, 68%do sexo feminino, média de idades de 50±15 anos.Foram referenciados pelo IPR 97 doentes (76%).Dos 128 doentes, 91% tinham doença reumatoló-gica (60 AR, 13 AP, 9 EASN indiferenciada, 8 EA, 5LES e outras). Medicados com corticoterapia 72doentes, 59 MTX, 20 SLZ, 10 HCQ, 9 AZA, 7 leflu-nomida, 5 ciclosporina, 8 infliximab, 3 etanercepte 2 adalimumab. Sete doentes tinham história pas-sada de tuberculose. Aquando do rastreio, 124(97%) realizaram PT, 82 (64%) dos quais realiza-ram two steps. A determinação do Quantiferon foirealizada em 5 destes doentes, tendo sido obtidoum resultado discordante em 1 doente com PT po-sitivo (20mm) e Q negativo. A radiografia de tóraxfoi realizada em 105 doentes (82%), revelando al-terações residuais ou de micronodularidade em

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29, a TC foi realizada em 99 (77%) doentes. Apósavaliação 52% tiveram indicação para terapêuticacom isoniazida 300 mg/dia e vitamina B6 40mg/dia. Dos doentes medicados com isoniazida,nenhum teve tuberculose doença e todos pude-ram iniciar ou continuar a sua terapêutica com bi-ológicos ou outros imunossupressores. Não hou-ve morbilidade associada, nomeadamente altera-ções das transaminases. Conclusões: Nesta amostra, os resultados sugeremque a terapêutica de TB latente reduz efectivamen-te o risco de evolução para TB doença. O rastreiodos doentes imunossuprimidos deveria ser feitono início da avaliação da doença subjacente, vistoque uma PT negativa não exclui TB. A todos osdoentes deverá ser efectuado o teste de Quantife-ron. No entanto, serão necessários mais estudospara validar a relevância deste método quantitati-vo. Nesta amostra, não ocorreu toxicidade hepáti-ca associada à isoniazida.

P104 – TRATAMENTO DA ARTRITE REUMATÓIDE

COM RITUXIMAB – EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE

REUMATOLOGIA DO HOSPITAL DE EGAS MONIZ

Walter Castelão,1 Filipa M. Almeida,2

Patrícia Nero,1,3 Paula Araújo,1

Margarida Mateus,1 António A. Matos,1,3

Jaime C. Branco1,3

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE – Hospital de Egas Moniz, Lisboa 2. Serviço de Medicina 1 – Departamento de Medicina,Hospital do Espírito Santo, EPE – Évora3. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: O Rituximab é um anticorpo mono-clonal anti-CD20 que promove a depleção de cé-lulas B. A sua utilização está aprovada no trata-mento da Artrite Reumatóide (AR), em combina-ção com o Metotrexato, em doentes que não res-ponderam a terapêutica com pelo menos umagente anti-TNFalfa; ou foram intolerantes à mes-ma. Apresentamos a nossa experiência em doen-tes com AR que apresentaram uma resposta ina-dequada a agentes anti-TNFalfa, ou contra-indica-ção para os mesmos. Material e Métodos: Neste estudo prospectivo ob-servacional foram seleccionados doentes com ARresistente a pelo menos um agente anti-TNFalfa oucom contra-indicação para a sua utilização, apre-sentando doença activa persistente (DAS28>5,1).

Procedeu-se à perfusão de Rituximab 1000mg nosdias 1 e 15. Foi avaliado o DAS28(DAS) pré-trata-mento, às 8 semanas, 6 meses e um ano pós-trata-mento e registados os efeitos adversos.Resultados: O tratamento foi administrado em 5doentes do sexo feminino com média etária de 57anos e duração média de doença de 15 anos. Estastinham sido submetidas a terapêutica prévia comuma média de 5 DMARDs clássicos. Três realiza-ram fármacos anti-TNFalfa (média de 2,67 agen-tes prévios). Dois doentes não tinham sido sub-metidos previamente a fármacos anti-TNFalfa. Umdoente apresentava contra-indicação por tuber-culose de repetição prévia e o outro uma associa-ção entre AR e Lúpus Eritematoso Sistémico (LES),pelo que iniciaram terapêutica biológica com Ri-tuximab, em vez de fármacos anti-TNFalfa. A mé-dia do DAS pré-tratamento foi de 6,12 (entre 5,17e 7,36). O DAS médio às 8 semanas (n=5) foi de4,772 (deltaDAS=-1,368). De referir que numadoente o DAS aumentou, deltaDAS=1,365. O DASmédio aos 6 meses (n=2) foi de 5,2 (deltaDAS=-0,345). Num destes doentes o DAS aumentou (del-taDAS=0,88) após uma melhoria inicial. O DAS umano pós-tratamento (n=1) foi de 2,27 (delta-DAS=2,9) sendo este o Síndroma de SobreposiçãoAR+LES. Como intercorrências, há a salientar umareacção perfusional, que implicou o adiamento dasegunda administração de Rituximab, e uma infec-ção respiratória alta ligeira.Conclusões: Ainda que aguardemos a consolida-ção de tempo necessário para valorizar a respostaem alguns doentes e apesar de o número de doen-tes ser limitado, a perfusão com Rituximab reve-lou-se uma mais valia em doentes tratados commúltiplos fármacos anti-TNFalfa prévios, ou emdoentes com contra-indicação para os mesmos, ecom doença activa.

P105 - RITUXIMAB NO TRATAMENTO DO LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO PEDIÁTRICO

Joaquim Polido Pereira,1 Catarina Nascimento,2

João Eurico Fonseca,1 Helena Canhão,1

Carla Simão2, José Eduardo da Silva,2

José C Teixeira da Costa,1 Margarida Almeida,2

José A Pereira da Silva1, Mário Viana Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria2. Unidade de Nefrologia Pediátrica, Departamento daCriança e da Família do Hospital de Santa Maria

Objectivos: O rituximab tem uma vasta experiên-cia de utilização em linfomas de células B, está

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aprovado para doentes com artrite reumatóide re-fractária à terapêutica antagonista do TNF-alfa etem sido utilizado no tratamento de diversas com-plicações do Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)do adulto. Contudo, a sua experiência de utilizaçãoem pediatria é reduzida. Neste resumo os autoresapresentam dois casos clínicos nos quais foi utili-zado o rituximab em doentes pediátricos com LES.Material e Métodos: Sexo feminino, 15 anos, his-tória de LES diagnosticado aos 11 anos com envol-vimento cutâneo, articular e renal, medicada comprednisolona (PDN) 20 mg/dia. Teve três interna-mentos por deterioração da função renal no con-texto de nefrite lúpica, inicialmente classe III e pos-teriormente classe IV, com encefalopatia hiperten-siva e proteinúria nefrótica. Fez pulsos de ciclo-fosfamida que teve que suspender por efeitosadversos graves. Fez azatioprina que teve que in-terromper por intolerância oral. Após o segundointernamento foi medicada com micofenolato mo-fetil. Sob esta terapêutica teve um episódio detrombocitopénia grave (5000/uL), tratada comgama-globulina. Foi reinternada uma semana de-pois por novo agravamento da trombocitopénia(22000/uL) tendo repetido gama-globulina comfranca melhoria. Foi feito mielograma que foi com-patível com trombocitopénia de causa periférica.Perante a gravidade do caso e refractariedade à te-rapêutica fez rituximab (375/m2) em 4 pulsos se-manais. Resultados: Após 1 ano, mantém-se com proteinú-ria nefrótica, com parâmetros hematológicos esta-bilizados e sem outras manifestações da doença.Como intercorrências a referir apenas 3 infecçõesrespiratórias altas. Sexo masculino, 12 anos, inter-nado por quadro com um mês de evolução de as-tenia, aftose oral, febre, anemia hemolítica (LDHelevada, esquizocitos e coombs positivo) e insufi-ciência renal aguda com proteinúria. No interna-mento constatou-se a existência de hipocomple-mentémia, ANAs, anti-ds-DNA, anti-sm e anti--RNP-sm positivos, derrame pleural e vasculite dosistema nervoso central (SNC). Fez biopsia renalque revelou achados compatíveis com microan-giopatia trombótica. Estabelecidos os diagnósti-cos de púrpura trombótica trombocitopénica eLES, iniciou terapêutica com ciclofosfamida oral,PDN 2mg/Kg, plasmaferese e gama-globulina. Pelagravidade do quadro e má resposta terapêutica ini-ciou rituximab (375/m2) em 4 pulsos semanais.Após 5 semanas apresenta remissão do envolvi-mento do SNC, função renal normal, sem altera-

ções hematológicas (nomeadamente sem esqui-zocitos) nem consumo de complemento, com re-dução da dose de PDN para 1 mg/kg/dia e suspen-são da plasmaferese e gama-globulina.Conclusões: Apesar da escassa experiência na uti-lização de rituximab em crianças com LES, estescasos clínicos apontam para uma eficácia promis-sora em casos de mau prognóstico e/ou refractá-rios à terapêutica convencional.

P106 – CARACTERIZAÇÃO DE LINFÓCITOS B DE

SANGUE PERIFÉRICO NA FASE INICIAL DA ARTRITE

REUMATÓIDE

Rita Moura,1 Pamela Weinmann,1 Patrícia Pereira1,Joana Lopes,1 Helena Canhão,1,2 Elsa Sousa,1,2

Ana Filipa Mourão,3 Mário Viana Queiroz,2

João Eurico Fonseca1,2

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal2. Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria,Lisboa, Portugal3. Serviço de Reumatologia, Hospital Egas Moniz, Lisboa,Portugal

Objectivos: Evidências recentes sugerem que oslinfócitos B desempenham um importante papelno desenvolvimento da artrite reumatóide (AR).Contudo, o conhecimento da função destas célu-las na fase inicial da doença é escasso. O efeito deterapêuticas comuns, como o MTX, nos linfócitosB é também desconhecido. O objectivo deste tra-balho é caracterizar os linfócitos B em circulaçãoem doentes numa fase muito inicial da AR e ana-lisar a influência da terapêutica com corticosterói-des e MTX sobre estas células.Material e Métodos: Amostras de sangue periféri-co de 14 doentes VERA («very early rheumatoidarthritis patients») e 17 controlos saudáveis foramcolhidas para marcação directa de linfócitos B e Tcom diferentes combinações de anticorpos mo-noclonais em três fases distintas: antes do início dotratamento, 4-6 semanas após o início de baixasdoses de prednisolona (5-10 mg) e cerca de 4 mesesapós atingir-se 20mg/semana de MTX. As diferen-tes fases de diferenciação dos linfócitos B foramanalisadas por citometria de fluxo.Resultados: Observou-se uma diminuição naclasse de linfócitos B memória «pre-switch»(CD19+IgD+CD27+) nos doentes VERA, indepen-dentemente do tratamento, em comparação com

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os controlos. Não foram observadas diferenças es-tatisticamente significativas nas restantes subpo-pulações de linfócitos B dos doentes VERA quan-do comparados com os controlos. Não se obtive-ram também alterações significativas nas percen-tagens de linfócitos T efectores e citotóxicos emambos os grupos considerados.Conclusões: Em doentes numa fase inicial da ARocorre uma redução nos linfócitos B memória«pre-switch» (CD19+IgD+CD27+) em circulação.As razões para este efeito são ainda desconhecidas,mas poderão ser secundárias a uma migração pre-ferencial desta subpopulação para a membrana si-novial. A terapêutica com baixas doses de corti-costeróides e MTX não parece ter um efeito direc-to sobre as subpopulações de linfócitos B no san-gue periférico. Este trabalho foi suportado por umaBolsa SPR/Schering-Plough 2005.

P107 – LOMBALGIA INFLAMATÓRIA COMO FORMA

DE APRESENTAÇÃO DE QUISTO PERINEURAL

LOMBO-SAGRADO

Paulo Monteiro,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata11. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A lombalgia inflamatória constitui umclássico sinal de alarme em Reumatologia. Situa-ções tumorais podem estar na sua origem, no en-tanto, esta forma de apresentação não é vulgar emquistos ou tumores benignos.Caso clínico: Mulher de 48 anos com quadro delombalgia de ritmo predominantemente inflama-tório associada a rigidez matinal com 6 anos deevolução e agravamento progressivo. O quadro ali-viava pouco com anti-inflamatórios melhorandosobretudo com analgésicos. Recentemente o qua-dro intensificara-se e a lombalgia, apesar de maisintensa durante a noite e manhã, incomodavatambém ao longo de todo o dia. Referenciada àconsulta de Reumatologia. Objectivamente nãoapresentava alterações ao exame da coluna verte-bral e bacia e tinha manobras sacroilíacas duvido-sas para sacroiliíte esquerda.

Parâmetros inflamatórios de VS e PCR normais.Radiografia da bacia com esclerose da articulaçãosacroilíaca esquerda. Cintigrama osteoarticular re-velando aumento da actividade nas articulaçõessacroilíacas sobretudo à esquerda. TAC lombosa-grada: quisto de L5 a S2 com moldagem a nível do

sacro e sem relação com as raízes nervosas – quis-to de Tarlov. Ressonância magnética das articula-ções sacroilíacas: sem evidência de sacroiliíte.Conclusões: Trata-se de um quisto perineural que,pela localização, simula quadro clínico de sacroi-liíte, sem contudo haver qualquer doença inflama-tória concomitante. Tratam-se de tumores raros e,neste caso, com uma forma de apresentação ain-da mais rara.

P108 – OSTEOPOROSE MULTIFACTORIAL EM ADULTO

JOVEM

T. Videira,1 L. Silva,1 F.Brandão,1 J.Brito,1

F. Simões Ventura1

1. Serviços de Reumatologia e Faculdade de Medicinado Porto

Objectivos: A osteoporose é uma doença óssea me-tabólica em que há uma predisposição para frac-turas por diminuição da densidade mineral ósseae deteriorização da sua microarquitectura, é raraem idade jovem, e, neste caso, habitualmente se-cundária a certas patologias e a fármacos. Os cor-ticosteróides são fármacos de uso comum em di-versas patologias mas não são isentos de risco, sen-do a causa mais frequente de Osteoporose se-cundária e, consequentemente, de fracturasosteoporóticas. As fracturas vertebrais de etiologiaosteoporótica são responsáveis por dorsalgia elombalgia, limitação funcional e psicossocial comconsequente implicação na qualidade de vida. Caso clínico: Doente do sexo feminino, com 20anos, caucasiana com antecedentes de menarcaaos 8 anos, Neurofibromatose, Epilepsia (medica-da com valproato de sódio), Psoríase e diagnósticode Colite Ulcerosa 3 anos antes. Medicada com aza-tioprina 150 mg/dia, prednisolona entre 30 – 60mg/dia, e a efectuar dieta pobre em fibras e sem lac-tose (sem leite e derivados). Internada no Serviçode Reumatologia do HSJ por dorsalgia incapacitan-te com 2 meses de evolução exacerbada com o es-forço (também com dor nocturna e em repouso)após trauma minor, de agravamento progressivo ecom dependência de terceiros para as actividadesde vida diária. Sem queixas do foro neurológico.Aoexame objectivo: estava muito queixosa com dimi-nuição da mobilidade (por dor) da coluna dorso-lombar e pressão sobre a transição dorsolombarsignificativa. Analiticamente verificava-se anemiaferropénica e ausência de alteração do metabolis-mo fosfo-cálcio com PTH I, função tiroideia e me-tabólitos da vitamina D normais. O estudo radioló-

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gico evidênciou vértebras em «cunha» a nivel docorpo de T10, T11, T12 e L1. O cintilograma ósseorevelou hiperfixação em L1. A RM ráquis mostroualterações sugestivas de fracturas osteoporóticas Adensitometria óssea confirmou osteoporose (T sco-re L1-L4 –4,0 DP, Cólo fémur – 3,5 DP).O quadro cli-nico e o estudo analítico e radiológico permitirama exclusão de outras hipoteses de diagnóstico(como neoplasia primária, secundária, infecção...)Foi efectuado o diagnóstico de Osteoporose secun-dária de etiologia multifactorial (corticoterapia cró-nica, Colite Ulcerosa, Neurofibromatose, menarcaprecoce, dieta sem lactose e valproato de sódio). Foiproposto o seguinte tratamento: repouso relativono leito; Suplementos de cálcio (1500 mg) e vitami-na D (800 U); Pamidronato na perfusão de 90 mgev diluido em 250 cc de SF a correr em 2 horas; Tra-madol 50 mg de 8/8 horas; calcitonina spray nasal(200 UI). Foi sugerido a Gastroenterologia a redu-ção da dose de corticoterapia, eventualmente comrecurso a imunossupressores. Actualmente a doen-te apresenta-se assintomática sob o ponto de vistaosteoarticular, a efectuar suplementos de cálcio(1500 mg/dia) e vitamina D (800 UI) e alendronatode sódio 70 mg/semana. Conclusões: A osteoporose ocorre em todas as ra-ças e em todas as idade. Geralmente associada amulheres pós-menopausa, é muitas vezes negli-genciada nas outras populações (homens, jovens).

P109 – DERMATOMIOSITE AMIOTRÓFICA?DIAGNÓSTICO DE UMA SITUAÇÃO RARA

Paulo Monteiro,1 Cátia Duarte,1

Maria João Salvador,1 Armando Malcata,1

Nascimento Costa2

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A dermatomiosite amiotrófica ou «der-matomiosite sine miosite» trata-se de uma situa-ção rara diagnosticada pela existência de lesõescutâneas compatíveis com dermatomiosite na au-sência de miosite.Caso clínico: Homem de 41 anos com queixas demialgias difusas e astenia desde há 25 anos. Nega-va falta de força muscular, artralgias ou outrasqueixas. Teve actividade física intensa até há 8 anosatrás. Agravamento das queixas de astenia e mial-gias nos últimos anos com episódios frequentes

de mialgias intensas e incapacitantes com curtaduração (30 min a 1 h) e resolução espontânea. Al-guns episódios duravam várias horas. Em investi-gação médica desde há 15 anos tendo mantido odiagnóstico de Fibromialgia até há 3 anos, alturaem que surgiram lesões cutâneas interpretadascomo Dermatomiosite mas que resolveram espon-taneamente. Realizou sucessivos exames analíticosmantendo parâmetros inflamatórios (VS e PCR) eenzimas musculares (CK e aldolase) sistematica-mente normais. Realizou diversos electromiogra-mas que se revelaram normais e fez 2 biópsiasmusculares que se revelaram normais.

Referiu reaparecimento de lesões cutâneas des-de há 4 meses e mantinha queixas de astenia e mial-gias difusas sobretudo matinais. Apresentava pápu-las de gottron e eritema heliotrópico; sem déficitsmusculares. Ausência de parâmetros analíticos in-flamatórios. Normalidade de CK e aldolase. ANAcom padrão granular fino denso e nucleolar com Acanti nucleolares positivos. (+++). Capilaroscopia:alguns capilares tortuosos, alargamento segmentarem 25% e inúmeras hemorragias, alterações com-patíveis com doença mista, miosite ou esclerosesistémica. Estudo funcional ventilatório normal.Electromiograma normal. Biopsia muscular (del-tóide): sem evidência de miosite, estudo histoenzi-mológico normal e estudo imunocitoquímico reve-lando expressão dos antigénios MHC I na superfí-cie da fibra muscular. Ressonância magnética dosmúsculos proximais (braços e coxas): sem altera-ções de sinal nestas localizações, havendo contu-do áreas de acentuado hipersinal dos músculosgrande redondo e grande dorsal compatível commiosite. Pesquisa de neoplasia oculta negativa. Es-tabelecido o diagnóstico de dermatomiosite.Conclusões: Discussão: A evolução deste caso aolongo dos anos, seria enquadrável numa dermato-miosite amiotrófica: Neste momento há evidênciade miosite («limitada») por ressonância magnética,sem repercussão clínica, electromiográfica ou his-topatológica (biopsia noutra localização). Os auto-res levantam a hipótese de poder haver situaçõesclínicas de «dermatomiosite sine miosite» com fe-nómenos focais de miosite não identificados.

P110 – DISFAGIA E XEROSTOMIA COMO FORMA DE

APRESENTAÇÃO DE SARCOIDOSE

T. Videira,1 M. Fernandes,1 F. Brandão,1 J. Silva,1

F. Simões Ventura,1

1.Hospital de Sáo João - Porto

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Objectivos: A Sarcoidose é uma doença sistémicacrónica caracterizada por uma acumulação anó-mala de linfócitos T e formação de granulomas nãocaseosos que pode envolver vários orgãos. O envol-vimento digestivo é raro (0,1 0,9%) e ocorre maisfrequentemente no estômago. A disfagia podeocorrer através de 4 mecanismos: dismotilidadepela neuropatia ou pela miopatia e obstrução me-cânica por envolvimento intramurral do esófagoou por compressão extrínseca por adenomegaliassubcarinais. Material e Métodos: Neste caso clinico, descreve--se uma mulher de 54 anos (internada no Serviçode Reumatologia do HSJ) com 6 meses de evolu-ção de disfagia intermitente para sólidos com re-gurgitação, halitose, xerostomia, rouquidão, tosseseca, anorexia e emagrecimento (6 kg em 4 mes-es). Referia também episódios de dor torácica an-terior com sensação de empactação quando co-mia. Sem antecedentes pessoais ou familiares re-levantes. Ao exame objectivo não apresentava al-terações de relevo, nomeadamente adenomegaliasou organomegalias palpáveis. Analiticamente alémde Enzima de Conversão da Angiotensina aumen-tada ( 80 – N< 20), não se verificavam outras alte-rações (nomeadamente – ANA e Anti Ssa/SSb ne-gativos) e a Prova de Mantoux era negativa. O Cin-tilograma das glândulas salivares efectuado no am-bulatório sugeria a parotidite bilateral. Observadapor Otorrinolaringologia que não encontrou alte-rações relevantes. Resultados: Efectuou Rx tórax que sugeria alarga-mento do mediastino alto. Sem alterações pleuro-parenquimatosas. As Provas Funcionais Respirató-rias e o Electrocardiograma eram normais. A En-doscopia digestiva alta revelava compressão ex-trínseca do esófago na transição do 1/3 proximalpara o 1/3 médio mas sem alterações macroscópi-cas da mucosa. A Manometria e a Phmetria foramconsistentes com refluxo gastroesofágico modera-do e alteração inespecífica da mobilidade. A biop-sia glândulas de salivares excluia Sindroma de Sjo-gren e não evidenciava granulomas nem altera-ções sugestivas de doença linfoproliferativa. Rea-lizou TC cervico-torácico que revelava múltiplasadenomegalias mediastínicas bilaterais com apa-rente compressão do esófago e adenomegalias hi-lares bilaterais. Fez TC abdomino-pélvico que foinormal Realizou broncofibroscopia com lavadobroncoalveolar e biópsia endobrônquica que reve-lou infiltrado inflamatório crónico granulomatosonão necrosante sugestivo de Sarcoidose, sem iso-

lamento de Mycobacterium tuberculosis. Teve altamedicada com corticoterapia (40 mg/dia), commelhoria sintomática ao fim de 2 meses. Conclusões: Na sarcoidose o envolvimento diges-tivo é raro na evolução da doença e ainda mais rarocomo apresentação, como é relatada na revisão deCowdell em que apenas 3 de 90 doentes com sar-coidose apresentavam disfagia. De qualquer formao diagnóstico deferencial deve incluir causas deadenopatias hilares como o Linfoma de Hodgkin egranuloma mediastiníco.

P111 – PULSOS ENDOVENOSOS DE CLOMIPRAMINA

COMO TERAPÊUTICA ADJUVANTE NA FIBROMIALGIA

Miguel Sousa,1 Dina Medeiros,1 Cláudia Miguel,1

Rui Figueiredo,1 Filipe Barcelos,1 Sara Cortes,1

Helena Santos,1 Paulo Coelho,1 Ana Teixeira,1

1. Instituto Português de Reumatologia ( IPR )

Objectivos: Avaliar o benefício de um protocolotrimestral de pulsos endovenosos de clomiprami-na como terapêutica adjuvante em doentes comFM, refractários à terapêutica oral com um míni-mo de 3 meses de duração Material e Métodos: Estudo aberto e prospectivode administração trimestral de pulsos endoveno-sos de clomipramina 100mg +150mg em dias se-guidos, em regime de hospital de dia, em doentescom o diagnóstico de FM (critérios ACR 1990). Osdoentes foram avaliados antes de cada administra-ção através do preenchimento de um protocolo.Esta amostra de doentes foi caracterizada de acor-do com variáveis demográficas, preenchimento doFibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), EscalaVisual Analógica (EVA) do doente «como se senteem relação à sua doença?»e um inquérito não va-lidado contendo uma Escala Visual Numérica(EVN) (valores de 0-10) para os seguintes 12 items:«dor no corpo todo, fadiga, perturbação do sono,rigidez matinal, formigueiros, ansiedade, depres-são/tristeza, securas, intestino irritável, urgênciaurinária, dor menstrual, rubor da pele» (para ummáximo possível de 120). Procedeu-se a uma aná-lise crítica dos resultados e das consequências dainstituição ou não desta abordagem terapêutica. Resultados: Catorze doentes preenchiam critériospara avaliação de 12 meses de terapêutica (4 pul-sos). A amostra era constituída apenas por mulhe-res, com uma média de idades de 47±8 anos. Naavaliação inicial os doentes apresentavam valoresmédios do FIQ de 79±12, EVA de 83±17 e da soma

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dos 12 items avaliados por EVN de 71. Da avalia-ção prospectiva, verificou-se um agravamento dosvalores na EVA entre os 6 e os 12 meses, de 80 para87 (p=0,043). Não se verificaram diferenças evolu-tivas nos valores do FIQ e na soma dos 12 itemsavaliados por EVN. Verificou-se que a idade esta-va inversamente correlacionada com os valores doFIQ na avaliação inicial e aos 3 meses, rho=-0,562(p=0,037) e rho=-0,540 (p=0,046) respectivamente.Não se registaram efeitos secundários relevantes.Alguns doentes referiram sonolência de curta du-ração após a administração. Informalmente, amaioria das doentes referem melhoria transitóriada sintomatologia até cerca de 2 meses após aadministração de Clomipramina. Conclusões: Nesta amostra, os resultados sugeremque doentes mais jovens tendem a ter uma doen-ça mais grave, quando avaliada pelo FIQ, e que aadministração de pulsos endovenosos de Clomi-pramina de periodicidade trimestral não conduziua uma melhoria da gravidade das queixas. No en-tanto, o número reduzido da amostra pode ter en-viesado os resultados. Serão necessários mais es-tudos, com incorporação de um grupo controlo,para esclarecer o papel desta terapêutica como ad-juvante no tratamento da FM.

P112 – SÍNDROME DE SJÖGREN

Jorge Correia,1 Catarina Dias,1

João Carlos Alexandre,1 Pedro Henriques1

1. Serviço de Medicina I, Hospital de São Teotónio, Viseu

Objectivos: Os autores pretendem apresentar umcaso clínico de uma mulher de 41 anos internadapelo serviço de urgência por queixas de fadiga, xe-rostomia, disfagia para sólidos, visão turva, secu-ra vaginal, mialgias e artralgias das tibiotársicas ecoxofemurais esporádicas, assim como aumentoprogressivo do tamanho das regiões parotídeas,com cerca de 3 meses de evolução. Material e Métodos: Exame objectivo, anteceden-tes pessoais e análise dos exames complementa-res de diagnóstico, a saber: análises ao sangue, no-meadamente hemograma, VS, proteinogramaelectroforético, factor reumatóide e auto-imuni-dade; ecografia das parótidas; teste de Shirmer;biópsia das glândulas salivares.Resultados: Do exame objectivo, salientavam-se,apenas, tumefação e endurecimento parotídeo bi-lateral e lábios secos. Tinha antecedente pessoal deúlcera duodenal, diagnosticada há cerca de 4 me-

ses e medicada com pantoprazol 40mg/dia. Dosexames que era portadora, destacavam-se umaAnemia Normocrómica Normocítica, Velocidadede Sedimentação elevada e Ecografia das parótidascom «aumento de volume glandular e aspectocompatível com parotidite bilateral». Durante o in-ternamento, solicitaram-se várias análises, desta-cando-se as seguintes alterações: Hemoglobina11.4g/dL, Hematócrito 33.4%, Volume GlobularMédio 84.4fL, Velocidade de Sedimentação 32mm,Gamaglobulinemia 1.63g/dL (21.2%), Factor Reu-matóide 40.6UI/mL e Anticorpos antinucleares1/2560 (padrão homogéneo). Refira-se, também,que o Teste de Shirmer foi positivo. A biopsia dasglândulas salivares revelou «infiltrado inflamatóriolinfocítico moderado, disperso ou em agregadossuperiores a 50 linfócitos por 4mm2. A arquitectu-ra lobular está relativamente mantida, identifican-do-se ligeira ectasia do ducto intralobular. Osachados enquadram-se num grau IV de Chisholme Mason». Conclusões: A doente teve alta, sendo orientadapara a consulta externa com o diagnóstico de Sín-drome de Sjögren. Foi medicada com lágrimas ar-tificiais e alertada no sentido de ter uma boa higie-ne oral.

P113 – TUBERCULOSE PULMONAR EM DOENTE COM

ARTRITE REUMATÓIDE EM TRATAMENTO COM

METOTREXATO

Mónica Bogas,1 Carmo Afonso,1 Domingos Araújo1

1. CHAM, Ponte de Lima

Objectivos: O metotrexato é actualmente um dosfármacos mais usados no tratamento da artritereumatóide e, em baixas doses, não tem sido fre-quente a sua associação a imunossupressão e in-fecções oportunistas.Caso clínico: Os autores descrevem o caso clínicode um doente de 49 anos, com o diagnóstico de ar-trite reumatóide (AR) seropositiva com envolvi-mento articular clássico e sem manifestações ex-tra-articulares que na sua evolução apresenta umquadro clínico de infecção respiratória. Na alturado diagnóstico de AR, e ainda apenas sob trata-mento sintomático não apresentava alterações naradiografia do tórax e a prova tuberculínica era ne-gativa. Foi medicado com prednisolona 10 mg/diae metotrexato 10 mg/sem, havendo evolução clí-nica e funcional favoráveis. Dois meses depois,apresentava quadro clínico de tosse produtiva e

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anorexia. As alterações na radiografia e TAC do tó-rax eram compatíveis com cavitação pulmonar tí-pica de tuberculose pulmonar. Apesar dos examesculturais da expectoração e lavado broncoalveolare da pesquisa de PCR para micobactérias seremnegativos, e a biópsia pulmonar também não mos-trar alterações, a resolução do quadro clínico foimanifesta após início de terapêutica anti-tubercu-losa. Os aspectos radiológicos normalizaram 3meses após início do tratamento. Por reagudizaçãodo quadro de poliartrite, o doente retomou a tera-pêutica com metotrexato quatro meses depois.Conclusões: A descrição de tuberculose pulmonarou extra-pulmonar em doentes com artrite reu-matóide medicados com metotrexato em baixasdoses é pouco frequente na literatura. A corticote-rapia, geralmente associada ao tratamento destesdoentes, poderá constituir um factor sinérgico. Avigilância regular e a atenção prestada peranteuma sintomatologia suspeita poderá permitir umdiagnóstico precoce e um melhor prognóstico.

P114 – QUANDO COMEÇA A ARTRITE REUMATÓIDE?ANÁLISE DA CAPACIDADE PREDITIVA À LUZ DE UM

CASO DE REUMATISMO PALINDRÓMICO

Pedro Machado,1 Sara Serra, Jorge Silva,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Uma decisão acertada em relação aotratamento da artrite indiferenciada requer a iden-tificação dos doentes que irão progredir para artri-te reumatóide. O mesmo raciocínio é extensível aoreumatismo palindrómico. Propusémo-nos porisso a aplicar um deste modelos preditivos numcaso de reumatismo palindrómico.Material e Métodos: O reumatismo palindrómico(RP) é uma forma de artrite recorrente que em cer-ca de 50% dos casos evolui para artrite reumatói-de (AR). Pode ser encarado como uma forma de ar-trite crónica indiferenciada (AI). Do grupo dedoentes com AI, 6-55% irão progredir para AR em1 ano. Na AI, o metotrexato é uma terapêutica efi-caz na supressão dos sintomas, dano estrutural eprogressão para AR. No entanto, 40-50% dos doen-tes com AI têm remissão espontânea. A utilizaçãode modelos preditivos de prognóstico clínico paradoentes com AI pode ser útil a este nível.Resultados: Os autores apresentam um caso deuma doente de 52 anos, com queixas de poliartral-

gias inflamatórias, migratórias e recorrentes, comcerca de 3 anos de evolução e descrevendo surtosdurando dias a semanas. Durante o internamentoobservou-se tumefacção dolorosa do punho direi-to. A doente apresentava uma VS de 34 mm/h, FRde 95 UI e anti-CCP2>600 U/ml. As radiografiasdas mãos e pés não apresentavam alterações. Aressonância magnética do punho direito revelouuma sinovite radiocárpica com erosões cárpicas. Adescrição clínica apresentada enquadra-se no con-ceito de RP. Este último conceito enquadra-se node AI. Utilizou-se por isso um modelo preditivo deprognóstico clínico para doentes com AI como au-xílio na decisão terapêutica. Este exercício clínicoapontou para uma elevada probabilidade deprogressão para AR. A doente foi medicada comcorticosteróide e metotrexato, com sucesso tera-pêutico.Conclusões: A utilização de um modelo preditivode prognóstico clínico em doentes com artrite in-diferenciada pode ser útil na prática clínica e ex-tensível a doentes com reumatismo palindrómico.Desta forma, em doentes com reumatismo palin-drómico, poder-se-ão usar modelos preditivos se-melhantes aos da artrite indiferenciada, podendoo risco de progressão para artrite reumatóide serprevisto e permitido decisões individualizadasquanto à introdução de fármacos modificadores dadoença.

P115 – DOENÇA ÓSSEA DE PAGET

Ana Filipa Mourão,1 Sandra Falcão,1,2

Teresa Laura Pinto,1 Célia Ribeiro,1

FM Pimentel-Santos,1,2

António Alves de Matos,1,2 Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A Doença óssea de Paget é, depois daosteoporose, a doença óssea metabólica mais fre-quente. Pode afectar qualquer osso mas habitual-mente envolve a pélvis, o fémur, a coluna lombar,o crânio e a tíbia. No nosso país, a região do Alen-tejo apresenta a maior prevalência da doença. Osautores apresentam um estudo retrospectivo de38 doentes pagéticos seguidos em consulta exter-na de Reumatologia. Material e Métodos: Trinta e oito processos clíni-cos avaliados, 22 (58%) do sexo masculino, com

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idade média de 71.7 anos (mínimo: 45; máximo:89), com duração média da doença de 7.3 anos eduração média do seguimento de 6.1 anos. Doisdoentes (5.3%) apresentavam um familiar comdoença óssea de Paget. A maioria dos doentes eranatural da região do Alentejo (55,3%) e Lisboa(26,3%). Vinte e cinco doentes (66%) apresenta-vam doença poliostótica e 13 (34%) doença mo-nostótica, sendo o ilíaco o osso mais atingido (50%dos doentes), seguido de fémur (45%), vértebraslombares (37%), sacro (24%), vértebras dorsais(21%), úmero (21%) e crânio (18%). Resultados: As manifestações clínicas extra-articu-lares mais frequentemente associadas foram: hipo-acúsia (21% dos doentes), fractura óssea (13%), ca-nal lombar estreito (8%), insuficiência cardíaca(8%) e osteoporose (8%). À data do diagnóstico afosfatase alcalina média era de 262 UI/l (míni-mo:60; máximo:1122) e na data actual era de 109UI/l. A maioria dos doentes foram tratados compamidronato (68%), isoladamente (42%) ou emcombinação com alendronato (26%). Seis doentes(16%) eram medicados com alendronato, 1 doen-te faz àcido zoledrónico e 4 (11%) não fazemactualmente terapêutica com bisfosfonatos.Conclusões: Apesar de habitualmente ter um cur-so benigno, a doença óssea de Paget pode ser in-capacitante associando-se a deformações irrrever-síveis, pelo que se torna imprescindível a monito-rização e tratamento destes doentes. Como espe-rado, a grande maioria dos doentes eram naturaisda região do Alentejo, suportando os resultados deoutros estudos nacionais previamente publicados.

P116 – REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA –APLICAÇÃO DO MÉTODO NA ELABORAÇÃO DE

RECOMENDAÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO

METOTREXATO NO TRATAMENTO DE DOENÇAS

REUMÁTICAS

Ana Filipa Mourão,1 Mónica Bogas,2 Pedro Machado,3

Helena Donato,4 Maria José Santos,5 Lúcia Costa,2

José António Pereira da Silva3, João Eurico Fonseca6, Helena Canhão6

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar doAlto Minho, EPE, Hospital Conde de Bertiandos, Pontede Lima.3. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra. 4. Serviço de Documentação, Hospitais da Universidade de Coimbra

5. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta,Almada6. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Ma-ria, EPE, Lisboa

Objectivos: As revisões sistematizadas da literatu-ra (RSL) são fundamentais para, rápida e eficien-temente, integrar a informação existente e provi-denciar os dados necessários para uma decisão clí-nica fundamentada, baseada na melhor evidên-cia. Existe metodologia própria que assegura acorrecta realização das RSL mas a sua variedade ecomplexidade pode criar dificuldades na avalia-ção dos dados. Posteriormente, é necessário efec-tuar uma rigorosa interpretação sobre a relevânciaclínica dos dados obtidos. Material e Métodos: Descrição da metodologia uti-lizada na revisão sistematizada da literatura pararesponder a questões sobre a utilização do meto-trexato na terapêutica das doenças reumáticas, for-muladas no âmbito do projecto 3e initiative. Apre-sentam-se as etapas utilizadas na realização deuma revisão sistematizada, bem como, sugestõespara o uso apropriado dos motores de busca comvista a pesquisas mais rápidas e selectivas da lite-ratura on-line. São detalhados os passos mais im-portantes como a formulação e selecção das per-guntas, as bases de dados electrónicas utilizadas(PubMed, Embase, Cochrane databases), a formade colheita, análise e apresentação de dados, a suadivulgação e elaboração das recomendações finais. Resultados: 1.Formulação da questão: modeloPICO: doente ou problema; Intervenção; Compa-ração das intervenções; resultados (outcome)2.Identificação da literatura relevante: Selecção daspalavras-chave (methotrexate, RA, tuberculosis,infections, adverse effects, remission) e das basesde dados bibliográficas. A pesquisa foi orientadapor uma perita em pesquisas bibliográficas noMedline, Embase e Cochrane. Foi também efec-tuada nos resumos dos congressos EULAR e ACR2005-2007. Inclusão: adultos com artrite reuma-tóide (AR), terapêutica com metotrexato (MTX),ensaios clínicos aleatorizados e controlados, estu-dos observacionais, normas de orientação paraMTX. Exclusão: idade20 anos 3.Avaliação da qua-lidade dos artigos seleccionados: escala Oxfordcentre for evidence-based medicine levels of evi-dence 4.Sumarização da evidência: Extrair dos ar-tigos seleccionados os dados relevantes que res-pondessem à pergunta em questão 5.Interpretaçãodos dados: Responder às questões formuladas con-

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siderando o nível de evidência Conclusões: O acesso à informação da literatura,a avaliação crítica e a aplicação na prática clínicaprecisa ser aprendida. O desenvolvimento dasciências médicas e a implementação de estraté-gias de pesquisa nos cuidados de saúde depen-dem, cada vez mais, dos métodos de RSL científi-ca. Estas revisões fornecem-nos um resumo do co-nhecimento actual num subdomínio da ciência. AMedicina baseada na evidência deve integrar a ex-periência clínica individual com a melhor evidên-cia externa disponível oriunda da RSL.

P117 – DERMATOMIOSITE JUVENIL – CASO CLÍNICO

Ana Filipa Mourão,1 Teresa Laura Pinto,1 SandraFalcão,1,2 Célia Ribeiro,1 Patrícia Nero,1,2

FM Pimentel-Santos,1,2 Jaime Cunha Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A dermatomiosite juvenil é uma doen-ça sistémica rara, de etiologia desconhecida, carac-terizada por inflamação do músculo estriado, pelee tubo digestivo, sendo o prognóstico muito variá-vel. Alguns estudos sugerem existir uma associa-ção entre o polimorfismo -308 AA do gene do Fac-tor de Necrose Tumoral alfa (TNFalfa) e mau prog-nóstico da doença. Apresentamos o caso clínicode uma doente com dermatomiosite juvenil comalguns factores de mau prognóstico.Caso clínico: Doente do sexo feminino, 14 anos,raça negra, referenciada à nossa consulta por febre,poliartrite migratória (cotovelos, punhos e joe-lhos), perda ponderal (12% peso habitual), fraque-za muscular proximal das cinturas escapular e pél-vica e disfagia alta para sólidos com 5 meses deevolução. No exame objectivo destacava-se rashpalpebral e edema periorbitário, mucosas desco-radas, flexo dos cotovelos e fraqueza muscular nos4 membros (Força grau 3) com diminuição de to-dos os reflexos osteo-tendinosos. Laboratorial-mente salientava-se Hg: 10,8 g/dl, VGM: 85,1 fl,HGM: 28,2 pg, CK: 24343 UI, LDH: 5785 UI, AST:590 UI, ALT: 862 UI, VS: 85 mm/h; ANA’s 1/1280(padrão mosqueado), Ac SSA: positivos. RealizouElectromiograma que evidenciou um padrão mi-opático inflamatório e biópsia muscular que reve-lou aspectos compatíveis com vasculite necroti-zante. A manometria esofágica evidenciou es-fíncter esofágico inferior hipotónico.

Realizou 2 pulsos de imunoglobulina ev (1mg/Kg//dia) sem melhoria sintomática. No nosso serviçorealizou pulso de metilprednisolona ev (1500 mg),com recuperação da capacidade funcional. À datada alta apresentava CK de 6000 UI. Realizou doispulsos mensais de metilprednisolona ev (30 mg//Kg). Dois meses após este internamento foi rein-ternada no nosso serviço por febre, tosse com ex-pectoração mucosa e fraqueza muscular proximal.Á entrada apresentava-se febril, com edema exu-berante da face, membros superiores e inferiores.Das análises sanguíneas destacava-se CK 24728 UI,VS: 75 mm/h; PCR: 18.90 mg/dl. A radiografia detórax revelou pequeno derrame pleural direito e oecocardiograma trans-torácico um derrame peri-cárdico anterior e posterior. As hemoculturas eurocultura foram negativas. Realizou pulso de me-tilprednisolona ev (1000 mg), com evolução clíni-ca favorável. Teve alta medicada com prednisonaoral (1 mg/Kg/dia: 20 mg de 8 em 8 horas), verifi-cando-se recuperação completa da capacidadefuncional e, actualmente, apresenta CK normal. Agenotipagem da posição -308 do TNFalfa revelougenótipo GG e esta citocina não foi detectável nosoro. Conclusões: A doente foi reinternada com quadrode febre, anasarca e agravamento da fraqueza mus-cular, sendo este interpretado, após exclusão deinfecção, como uma agudização da doença. Ape-sar de ter respondido de forma favorável aos pul-sos de metilprednisolona ev, a anasarca e o envol-vimento gastrointestinal foram descritos comofactores de mau prognóstico da dermatomiositejuvenil, tal como o polimorfismo -308 AA do genedo TNFalfa, que a doente não apresenta.

P118 - UMA VISÃO REAL SOBRE A ARTRITE

REUMATÓIDE

Herberto de Jesus,1 Alberto Quintal1

1. Hospital Central do Funchal

Objectivos: Introdução: O aparecimento de fárma-cos biotecnológicos contribuiu para o renascimen-to da Artrite Reumatóide (AR). A avaliação peloDAS 284v continua a ser o «gold standard» na de-finição da introdução e da resposta aos fármacos,no entanto existem factores extrínsecos que alte-ram a percepção da «actividade real» da AR. Objec-tivo: Determinar a relevância do DAS 284v e a suarelação com os parâmetros de inflamação (VS,PCR).

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Material e Métodos: Estudo prospectivo de 11doentes do sexo feminino com AR seguidos naConsulta de Terapêuticas Biológicas do HospitalCentral do Funchal desde 2002. A idade média erade 50 anos (22-68) A duração média da AR era de129 meses (25-228) e o tempo médio até o inícioda terapêutica biológica foi de 87 meses (13-173).A duração média da terapêutica biológica (TB) é de42,4 meses (12-60). A avaliação da actividade dadoença era obtida através da análise integrada dedados clínico-laboratoriais (VS, PCR) e comple-mentada pela determinação do DAS 284v.Resultados: A aplicação da análise de regressão li-near à nossa amostra permitiu a estimação de vá-rios modelos tendo como variável explicada (Y) oDAS 284v. Destes o que apresentava o coeficiente dedeterminação mais elevado (64%) era o modelo quetinha como variável explicativa a velocidade de se-dimentação. O modelo estimado para explicar oDAS 284v através da variável PCR apresentava umcoeficiente de determinação muito baixo (58%). ODAS 284v médio antes do início da TB foi de 5,69 eo DAS 284v médio actual é de 4,3. O valor actual ele-vado do DAS 284v relacionou-se com intercorrên-cias (infecção, osteonecrose, coxite), nestas o valormédio da PCR era de 67,2 mg/l (28,5-160,1). Conclusões: A PCR é um bom marcador de «inter-corrências» e um alerta para a suspensão de TB. AVS é um constituinte relativamente importante nadefinição do DAS 284v. A avaliação da AR deveráser baseada num conjunto de factores clínico-la-boratoriais e coadjuvada pela medicina baseada naexperiência.

P119 – «OVERLAP DE ARTRITE PSORIÁSICA E

ARTRITE REUMATÓIDE?»L.Silva,1 J.Bernardes,1 J.Pinto,1 J.Brito,1

F.Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia e Faculdade de Medicina,Hospital de São João, Porto, Portugal

Objectivos: Apesar de a Artrite Reumatóide e a Ar-trite Psoriásica serem patologias relativamente fre-quentes, a coexistência num mesmo doente, deaspectos clínicos e imagiológicos sugestivos dasduas entidades, é extremamente rara.Material e Métodos: Os autores descrevem o casode uma doente de 49 anos, com poliartrite erosivahá cerca de 15 anos, envolvendo ombros, ancas,joelhos, MCF, IFP, IFD e MTF de forma simétrica eevolução crónica e destrutiva, com necessidade de

colocação de próteses a vários níveis (ombro direi-to, joelhos e ancas), não obstante ter efectuado di-versos DMARDs clássicos em monoterapia se-quencial. Posteriormente fez bioterapia com anti-TNFs em «switch» (intolerância e ausência de res-posta ao Infliximab, e falta de resposta aoEtanercept e Adalimumab). Mais recentementeIniciou terapêutica com Rituximab, com boa res-posta clínica e funcional (melhoria do DAS 28 em2,09 pontos, e do HAQ em 0,13 pontos). Antece-dentes familiares de 1º grau de poliartrite reuma-tóide, e história pessoal de psoríase do couro ca-beludo. Resultados: Analiticamente, síndrome biológicoinflamatório; factor reumatóide de 135 (normal in-ferior a 30 UI/ml) e anti-CCP de 367 (normal infe-rior a 20 U). Imagiologicamente, osteólise das MCF,IFP, MTF («pencil-in-cup» de MCF, IFP e MTF), an-quilose do tarso esquerdo e dos carpos, entesopa-tia plantar, e ausência de osteopenia. Conclusões: Apesar do quadro clínico e imagioló-gico típico de poliartrite psoriásica, a persistência,no bilan analítico, de FR e anti-CCP positivos emtítulos elevados, a história familiar de artrite reu-matóide, e a boa resposta ao anti-CD20, leva osautores a questionar a possibilidade da existênciade duas entidades sobrepostas, e se estes achadosserológicos poderão modificar o espectro clínico eterapêutico da poliartrite psoriásica.

P120 - BAIXO RISCO CARDIOVASCULAR ASSOCIADO

AOS FACTORES DE RISCO TRADICIONAIS NA COORTE

DE LÚPUS DE COIMBRA

C Duarte,1 L Inês,1 M Couto,1 C Vaz,1 P Abreu,1

A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra

Objectivos: Avaliar a prevalência de factores tradi-cionais de risco cardiovascular e estimar o risco deeventos cardiovasculares associado em doentesportugueses com LES. Estimar a adequação dasmedidas farmacológicas para a prevenção de even-tos cardiovasculares previamente instituídas a es-tes doentesMaterial e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes com LES (cumprindo crité-rios de classificação ACR) seguidos prospectiva-mente. Foram incluídos 100 doentes desta coorteobservados consecutivamente. Efectuou-se ava-liação dos factores de risco tradicionais e eventos

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cardiovasculares prévios. O diagnóstico de Síndro-me Metabólico foi estabelecido de acordo com oscritérios NCEP/ATP III. Estimou-se o risco de even-tos cardiovasculares aos 10 anos através da fórmu-la de Framingham. Foram ainda registadas as me-didas farmacológicas preventivas em curso.Resultados: Foram incluídos 100 doentes (sexo fe-minino -88,9%, média de idade=40±13,7 anos, du-ração média de doença =9,1±6,9 anos). 40% dosdoentes apresentavam excesso de peso ou obesi-dade (2% com obesidade mórbida). 11% dos doen-tes eram fumadores e 72% dos doentes não prati-cavam qualquer tipo de actividade física. 40% dosdoentes têm hipertensão arterial mas apenas 23%dos doentes apresentavam valores tensionais ele-vados na altura da avaliação. 29,3% dos doentes ti-nham dislipidemia, e 23% dos doentes mantinhamvalores de L-LDL>130 mg/dl. 21% dos doentesapresentavam síndrome metabólico. Apenas numdoente foi registado a ocorrência de um eventocardiovascular e 23% referia história de eventoscardiovasculares em familiares de 1º grau. 16% dosdoentes encontravam.-se medicados com aspiri-na em baixa dose, 16% com estatinas e 52% compelo menos um anti-hipertensor. A estimativa deeventos cardiovasculares aos 10 anos foi inferior a1% em 56% dos doentes e apenas 10% dos doen-tes apresentavam um risco superior a 5%. Conclusões: A maioria dos doentes da Coorte deLúpus de Coimbra apresenta um baixo risco car-diovascular estimado, estritamente em função dosfactores de risco tradicionais.

P121 – «CASO CLÍNICO: ADENOMEGALIAS CERVICAIS

EM DOENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE»L.Silva,1 F. Brandão,1 J.Brito,1 F.Pinto,2

F. Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia e Faculdade de Medicina,Hospital de São João, Porto, Portugal2. Serviço de Anatomia Patológica, Hospital de SãoJoão, Porto, Portugal

Objectivos: A Artrite Reumatóide (AR) está associa-da a um risco aumentado (cerca de 2 vezes) de lin-foma, especialmente linfoma não-Hodgkin (LNH).A etiopatogenia não está totalmente esclarecida.Têm sido considerados factores importantes: ele-vada actividade inflamatória da doença, de formapersistente, e infecções crónicas, muito particu-larmente pelo vírus Epstein-Barr, associado ao de-senvolvimento de LNH em doentes com AR medi-

cados com metotrexato. Neste contexto, documen-tamos o seguinte caso.Material e Métodos: Doente de 65 anos, com odiagnóstico de AR seropositiva e erosiva, com onzeanos de evolução. Neste percurso evolutivo, cons-tatou-se má adesão às terapêuticas propostas, comrecusa de DMARDs e utilização de baixa dosagemde prednisolona. Em 2005 aceitou fazer terapêuti-ca com metotrexato, até a dose de 10 mg/semana,que suspendeu menos de 6 meses depois, por «me-lhoria subjectiva da artrite». Em 2006, foi avaliadaem consulta de Hematologia, com diagnóstico de«anemia de doenças crónicas». A falta de adesão àterapêutica, reflectia-se também na ausência àsconsultas, pelo que voltou a ser avaliada apenas emOutubro/2007. Nessa altura, apresentou-se compoliartrite e volumosas massas cervicais bilaterais,sem sintomas associados (disfagia, rouquidão,emagrecimento, hipersudorese, queixas álgicas ouqueixas secas), com 6 meses de evolução. Resultados: Analiticamente apresentava síndro-me inflamatório biológico (VS-47 mm1ªh e PCR--32 mg/l) e anemia (hemoglobina-10,1 g/dl); as se-rologias revelaram sífilis latente, e anticorpos anti--Epstein Barr IgM negativo e IgG positivo. O dosea-mento das enzimas hepáticas, marcadores de re-modelação óssea, electroforese de proteínas e imu-noglobulinas revelou-se normal. A ecografiacervical mostrou «múltiplas adenomegalias, amaior com 4,5 cm de diâmetro», e a TC toraco-ab-dominal «adenomegalias mediastínicas e ligeirahepatomegalia homogénea». A biopsia de gângliocervical e de nódulo mamário (diagnosticado, en-tretanto, ecograficamente), fizeram o diagnósticode linfoma difuso de grandes células B. Conclusões: Os estudos mais recentes têm eviden-ciado como factor preponderante no risco de lin-foma, a actividade inflamatória (pela AR e infec-ções crónicas a que estes doentes são mais sus-ceptíveis) e não tanto, a terapêutica imunossupres-sora, por vezes considerada factor de confusão,traduzindo a agressividade da doença. O papel da«hiperimunidade», é corroborado por este caso clí-nico. Como tal, e por uma série de outros motivos,é fundamental o rápido e persistente controlo daactividade inflamatória.

P122 – ESPONDILODISCITE ASSÉPTICA – COMPLICAÇÃO DE ESPONDILITE ANQUILOSANTE DE

LONGA DURAÇÃO

Rui Figueiredo,1 Miguel Sousa1

1. IPR

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Objectivos: A Espondilite Anquilosante de longaduração é uma doença com potenciais complica-ções. Dentro das descrições clássicas encontra-sea designada espondilodiscite asséptica. O propósi-to deste trabalho é rever, a partir de um caso clíni-co, o entendimento actual deste fenómeno e re-lembrar o algoritmo clínico que orienta a investiga-ção e intervenção apropriadas a esta complicação.Material e Métodos: O doente, 62 anos, Espondi-lite Anquilosante diagnosticada aos 20 anos apre-senta dorsolombalgia agudizada, resistente à tera-pêutica analgésica habitual acompanhada dedeficits neurológicos progressivos dos membrosinferiores com 15 meses de evolução e com clau-dicação neurogénica progressiva. Resultados: Foi efectuado estudo imagiológicocom resultados sugestivos de espondilodiscite as-séptica D11-D12 é orientado para cirurgia por ins-tabilidade fracturária e compressão do cone me-dular.Conclusões: O diagnóstico de espodilodiscite as-séptica deve ser considerado nas agudizações ál-gicas tardias no doente com Espondilite Anquilo-sante, sendo o estudo imagiológico essencial noseu diagnóstico

P123 - TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA

OSTEOPOROSE NA POPULAÇÃO DO PORTO

Raquel Lucas,1 Olavo Rocha,1 Joana Bastos,1

Lúcia Costa,2 Henrique Barros,1 Nuno Lunet1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho

Objectivos: Após a publicação das recomendaçõesportuguesas para o diagnóstico e terapêutica daosteoporose, o presente estudo teve como objec-tivos: - estimar a prevalência de utilização de me-dicamentos com indicação na prevenção ou trata-mento da osteoporose na população geral e -quantificar a frequência da suplementação simul-tânea com cálcio (isoladamente ou associado a vi-tamina D).Material e Métodos: Este estudo foi baseado nosdados colhidos na primeira reavaliação de umacoorte de adultos residentes no Porto. Entre 2005e 2007 foram contactados 1778 participantes, dosquais 1517 compareceram à entrevista. O protoco-lo de avaliação incluiu um inquérito e um examefísico. Neste trabalho foram utilizados dados sócio-

demográficos (idade, escolaridade, profissão, lo-cal mais frequentemente procurado para cuida-dos de saúde), história de diagnóstico de osteopo-rose por um médico, e idade à menopausa. O con-sumo alimentar de cálcio foi avaliado através deum questionário semi-quantitativo de frequênciaalimentar com 82 itens, cujo consumo, em fre-quência e em dose média, foi convertido em inges-tão diária de nutrientes pelo software Food Proces-sor Plus. Foi inquirida a utilização continuada demedicamentos e de suplementos no ano anteriorà entrevista e as preparações referidas foram clas-sificadas de acordo com a «Anatomical Therapeu-tic Chemical Classification» da Organização Mun-dial de Saúde.Resultados: A terapêutica anti-reabsortiva foi re-ferida por 107 (11,4%) mulheres e 7 (1,2%) homens.Nas mulheres, o subgrupo de fármacos anti-reab-sortivos mais referido foram o dos bifosfonatos(87,8% das que referiram alguma das terapêuti-cas), seguido do raloxifeno (11,2% das tratadas) edas calcitoninas (0,7% das tratadas). Nenhum dosparticipantes referiu preparações de estrôncio. Das107 mulheres tratadas 46 (43,0%) declararam terusado suplementos de cálcio. Todos os homensque referiram um tratamento para a osteoporoseutilizaram bifosfonatos e destes três (42,9%) de-clararam que tinham usado suplementos de cálcio.A associação de suplementos de cálcio à terapêu-tica anti-reabsortiva foi mais frequente nas mu-lheres com 70 ou mais anos de idade, naquelascom 5 a 12 anos de escolaridade, nas trabalhado-ras manuais e nas que referiram utilizar cuidadosde saúde privados. A suplementação foi maisfrequente nas mulheres cuja menopausa ocorreu10 ou mais anos antes da entrevista e nas que fo-ram classificadas no tercil mais elevado de consu-mo de cálcio. O ajuste das proporções para a ida-de e a escolaridade acentuou as diferenças entre asclasses de escolaridade e entre as categorias deprofissão.Conclusões: A terapêutica anti-reabsortiva é fre-quente na população do Porto. No entanto, o tra-tamento da osteoporose não inclui sistematica-mente a suplementação com cálcio prevista nas re-comendações nacionais.

P124 – DISPLASIA FIBROSA POLIOSTÓTICA:DUAS VIDAS, DOIS DESTINOS

Herberto Jesus,1 Alberto Quintal1

1. Hospital Central do Funchal

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Objectivos: A displasia fibrosa óssea é uma doen-ça rara descrita em 1938 por Lichtenstein. Carac-terizada pela disfunção dos osteoblastos e pelaproliferação de tecido fibroso na medula óssea. Aformação óssea «anormal» promove o apareci-mento de lesões osteolíticas múltiplas e o cresci-mento ósseo desmesurado com a consequente dis-torção da arquitectura. As consequências destadisfunção são o aparecimento de deformações ós-seas exuberantes e de fracturas. Em 20% apresen-ta-se sob a forma poliostótica. Material e Métodos:Os autores apresentam dois ca-sos com tempos de evolução díspares e percorrematravés da imagiologia os estadios desta entidade. Resultados: 1º caso: Mulher, 32 anos de idade como diagnóstico de displasia fibrosa poliostótica efec-tuado por radiologia convencional há 6 anos e con-firmado por histologia. Apresenta envolvimentopreferencial da metáfise da tíbia e peróneo, do colodo fémur e do crâneo (fase inicial). As determina-ções analíticas dos biomarcadores de remodela-ção óssea revelaram parathormona normal, au-mento da osteocalcina, aumentos da fosfatase al-calina e da sua fracção óssea. A instituição de te-rapêutica com Pamidronato permitiu anormalização dos parâmetros ósseos. 2ºcaso: Ho-mem, 44 anos de idade com o diagnóstico efectu-ado por radiologia convencional em 1997. Esta pa-tologia iniciou-se há 42 anos, facto comprovadopor imagiologia. Apresenta envolvimento bilateralde todo o esqueleto. As deformações exuberantessão o resultado do tempo de evolução e de fractu-ras múltiplas. A imagiologia percorre a sua vida eregista as diferentes etapas da deformação da ar-quitectura óssea. As determinações analíticas dosbiomarcadores de remodelação óssea revelaramaumentos da fosfatase alcalina e da sua fracção ós-sea. A instituição de terapêutica com Pamidrona-to permitiu a normalização dos parâmetros ósseos. Conclusões: A displasia fibrosa óssea é uma doençarara. A comparação destes dois casos permite afirmarda importância do tempo de evolução e do númerode fracturas, como factores determinantes de prog-nóstico. A detecção precoce e a terapêutica adequa-da poderão contribuir para a interrupção deste fado.

P125 - HISTÓRIA DE UMA ESPONDILITE ANUNCIADA

Herberto Jesus,1 Alberto Quintal1

1. Hospital Central do Funchal

Objectivos: O hipoparatiroidismo primário é umadoença ósseo-metabólica rara. Pode evoluir ao

longo dos anos sem revelar sinais de alerta. O seudiagnóstico é baseado na clínica e na análise dosbiomarcadores de remodelação óssea. A evoluçãoconduz ao desenvolvimento de imagiologia «pa-tognomónica». O aparecimento indolente e pro-gressivo de alterações da estática vertebral suges-tivas de «atitude espondilítica» sem a imagiologiatípica da espondilite anquilosante impõe a inves-tigação desta entidade. Material e Métodos: Os autores apresentam umcaso clínico de hipoparatiroidismo primário. Des-crição: homem, 56 anos de idade com anteceden-tes de cirurgia a cataratas subcapsulares e históriade hipocalcemia desde há 3 anos. Inicia há 17 anosepisódios de caimbras e de fasciculações nos gru-pos musculares da face e dos membros superiores.Ao longo dos anos adquire uma «atitude postural»sugestiva de espondilite anquilosante. Resultados: A imagiologia revela osteoesclerosedos ossos do crâneo, das cristas ilíacas, das sacro-ilíacas e dos pratos vertebrais. Os valores labora-toriais demonstraram hipocalcemia, hiperfosfore-mia, aumento das enzimas musculares e valores daparatormona abaixo do normal. As avaliações sé-ricas suplementares revelaram aumento da fracçãoóssea da fosfatase alcalina, aumento da piridolinae diminuição da osteocalcina. Na avaliação ecográ-fica não foram visualizadas paratiróides. A avalia-ção por outros métodos de imagem (TAC e RMN)demonstrou a presença de calcificações dos núcle-os da base (caudados e lenticulares) e da substân-cia branca sub-cortical fronto-parietal. A mediçãoda massa óssea por DEXA revelou valores normaise a electromiografia detectou miopatia proximal.Estes dados clínico-laboratoriais, radiológicos eneuro-fisiológicos permitiram a assumpção dodiagnóstico de hipoparatiroidismo primário. A ins-tituição de terapêutica com vitamina D e calcitriolreverteu a sintomatologia neuro-muscular. Conclusões: A detecção precoce desta patologia éa peça fundamental do puzzle. A atitude «espondi-lítica» adquirida ao longo dos anos associada a «sa-croileíte» em discrepância com a imagiologia su-gere outros caminhos. O hipoparatiroidismo é raroe pode simular uma espondilite anquilosante, masao contrário desta é uma entidade de tratamentosimples e com uma resposta clínica rápida.

P126 – HISTÓRIA NATURAL DA ARTRITE REUMATÓIDE

SEM INTERVENÇÃO PRECOCE

Kátia Ferreira,1 Ana Rita Cravo2

1. Serviço de Medicina Fisica e Reabilitação, Hospital

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Central de Faro, Faro2. Unidade de Reumatologia, Hospital Central de Faro,Faro

Objectivos: Descrição de 4 casos clínicos de artri-te reumatóide (AR), com primeira observação emconsulta de Reumatologia, já em fase deformantee erosiva.Material e Métodos: De Setembro a Dezembro de2007, foram observados em consulta de Reumato-logia, 4 doentes (3 sexo feminino; 1 sexo masculi-no) com idades compreendidas entre os 63 e os 77anos, com vários anos de evolução de poliartralgi-as de ritmo inflamatório, ecom episódios de artri-te. Todos os doentes eram previamente seguidosem consultas de várias especialidades, sem ter sidointroduzida terapêutica de fundo apesar de trêsdoentes terem diagnóstico de AR. Foi feita a ava-liação clínica (incluindo o Disease Activity Score–DAS 28), laboratorial e imagiológica dos 4doentes. Resultados: Clinicamente os doentes apresenta-vam critérios diagnósticos de AR (ARA 1987), umDAS 28> 5,1 e deformidade articular típica de ARLaboratorialmente verificou-se nos 4 casos au-mento dos parâmetros inflamatórios, Factor Reu-matóide e Ac anti-péptido citrulinado (anti-ccp)positivos, com presença de anemia crónica em 2dos 4 casos clínicos. Radiologicamente era comumaos 4 doentes a existência de geodos, multiplaserosões ósseas e sub-luxações de pequenas articu-lações das mãos e pés. Conclusões: A AR é uma doença inflamatória cró-nica, que não sendo tratada precocemente, causadeformidade, destruição articular e consequente-mente incapacidade funcional. Pretende-se realçara importância da identificação e referenciação pre-coce das artrites à consulta de Reumatologia, deforma a ser possível um diagnóstico e tratamentoprecoces, tentando impedir o dano estrutural ar-ticular com evolução para as formas deformantese incapacitantes, permitindo um prognóstico maisfavorável

P127 - POPULAÇÃO DE DOENTES COM ARTROPATIA

MICROSCRISTALINA POR DEPOSIÇÃO DE CRISTAIS DE

MONOURATO DE SÓDIO (AMC-MUS) NUMA

CONSULTA DE REUMATOLOGIA

Patrícia Nero,1,2 Laura Pinto,1 Célia Ribeiro,1

Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE, Hospital de Egas Moniz, Lisboa

2. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa, Lisboa

Objectivos: A AMC-MUS é uma das principais cau-sas de artrite inflamatória no idoso. Nas duas últi-mas décadas a hiperuricemia e a AMC-MUS au-mentaram de modo significativo, parecendoacompanharem a tendência para um aumento daincidência da síndrome metabólica. Trabalhos re-centes têm reforçado a associação entre hiperuri-cemia e hipertensão arterial (HTA), cardiopatia is-quemica e doença arterial periférica.Os autorespretendem caracterizar a população de doentescom AMC-MUS seguida na sua consulta.Material e Métodos: Os doentes com o diagnósti-co de AMC-MUS segundo os critérios do ColégioAmericano de Reumatologia de 1977, foram con-vocados para uma entrevista por carta e/ou tele-fone. Foi aplicado um questionário elaborado parao efeito e realizado o exame objectivo tendo em vis-ta a detecção de tofos gotosos, a medição da cir-cunferência abdominal e a determinação do pesoe altura.Resultados: Dos 41 doentes avaliados, 97,6% eramdo sexo masculino e 92,7% de raça branca. Na ta-bela 1 estão representados alguns dados clínicos elaboratoriais desta população: Média Idade62,37±12,87 IMC 28,63±3,89 Circunferência abdo-minal 103,87±9,66 Idade início doença 44,59±14,2Tempo evolução doença 19,21±14,39 Uricemiamáxima conhecida 9,54±1,71 Uricemia actual5,46±1,66 Creatinina 1,32±0,55 Depuração creati-nina 75,24±40,78 Em 75,6% dos doentes o 1º epi-sódio da doença foi uma podagra e 31,7% têm to-fos gotosos. Apenas 7,3% são fumadores actuais(média 44 UMA) e 31,7% consomem bebidas al-coólicas regularmente (média 43,3 gr/dia). Dosdoentes avaliados 61% são hipertensos, 53,7% têmdislipidemia, 14,6% são diabéticos, 4,9% têm car-diopatia isquémica e 2,4% doença arterial perifé-rica associadas. São também 75,6% os doentes quefazem medicação com alopurinol (dose média 255mg/dia), sendo que 7,3% não fazem este fármacopor história prévia de alergia. A uricemia actual foi>ou= a 7mg/dl em 21,8% desta população, sendoque 4 não fazem alopurinol, 2 deles por alergia.Apenas 9,8% da população em estudo não aderiuàs consultas agendadas, sendo a média de 2,64consultas/ano. Conclusões: Verificamos que na nossa população,assim como tem sido descrito na literatura, é ele-vada a associação da hiperuricemia com alguns

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factores de risco cardiovascular. No entanto foi bai-xa a associação quer com cardiopatia isquemicaquer com doença arterial periférica.

P128 – PAPEL DO POLIMORFISMO -308 DO

PROMOTOR DO GENE DO TNF ALFA NA

SUSCEPTIBILIDADE E PADRÃO DE ACTIVIDADE DA

ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL

Ana Filipa Mourão,1,2 Joana Caetano-Lopes,1

Paula Costa,3 Artur Sousa,3 Helena Canhão,1,4

Maria José Santos,5 Patrícia Pinto,6 Iva Brito,6

Paulo Nicola,7 João Cavaleiro,1 José Teles,1

José Melo Gomes,8 Jaime C. Branco,2

J. Teixeira da Costa,4 J. Gomes Pedro,3

M. Viana de Queiroz,4 João Eurico Fonseca1,4

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular 2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, Hospital Egas Moniz, Lisboa3. Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, Lisboa4. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Ma-ria, Lisboa5. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta,Almada6. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João,Porto7. Unidade de Epidemiologia do Instituto de MedicinaMolecular

Objectivos: Dada a importância do factor de ne-crose tumoral alfa (TNFalfa) na fisiopatologia daAIJ, é provável que alguns polimorfismos destegene possam ser relevantes na susceptibilidade epadrão de actividade da doença. Os objectivos des-te estudo foram analisar se o padrão de actividadeda AIJ e os níveis séricos de TNFalfa são influencia-dos pelos polimorfismos na posição -308 do pro-motor do gene do TNFalfa.Material e Métodos: Recrutaram-se de forma con-secutiva, desde Março de 2005 a Maio de 2007,doentes com o diagnóstico de AIJ seguidos em al-guns centros de Reumatologia Pediátrica do país.Foi aplicado de forma transversal um protocoloque incluía dados demográficos e avaliação clíni-ca, e avaliação do estado funcional, utilizando aversão portuguesa do Childhood Health As-sessment Questionnaire (CHAQ). Foi colhida umaamostra sanguínea, procedendo-se à determina-ção da velocidade de sedimentação (VS) e da con-centração sérica de TNFalfa. Efectuou-se a extrac-

ção do DNA e determinou-se o genótipo da posi-ção -308 por RFLP. Foi efectuada a genotipagem domesmo polimorfismo em amostras de sangue decontrolos saudáveis. Resultados: 114 doentes avaliados,68% do sexo fe-minino,idade média de 13.2±7.1anos.O tempo mé-dio de duração da doença era 6.4±6.7 anos e o tem-po médio de seguimento era 5.1±5.5anos.65 doen-tes apresentavam a forma oligoarticular,24 poliar-ticular,10 artrite relacionada com entesite,9sistémica e 6 artrite psoriática.No grupo de estu-do 76% apresentavam o genótipo -308 GG e 24%os genótipos GA/AA e no grupo controlo 78% apre-sentavam o genótipo -308GG e 22% os genótiposGA/AA.Os doentes com a forma oligoarticularapresentavam frequência mais elevada do genóti-po GG (86%) comparativamente aos doentes comos outros subtipos da doença (63%).Pelo contrário,os doentes com os subtipos poliarticular e artritepsoriática apresentavam uma frequência mais ele-vada do genótipo -308GA/AA (38%e50%) do que osdoentes com a forma oligoarticular(14%).Os doen-tes com o genótipo -308 GA/AA apresentavam va-lor mais elevado de VS(28.4±24.2vs14.9±11.7,p=0.007) e níveis de TNFalfa;(380.8±574.3vs91.8±124.0;p=0.003).Apresentavam ainda ten-dência para menor capacidade funcional(CHAQ:0.46±0.66vs0.27±0.52;p=0.243) e valor maiselevado na escala visual analógica de actividadeda doença (29.8±33.7vs20.3±27.5;p=0.166).Conclusões: Estes resultados sugerem que o alelo-308G do gene do TNFalfa; diferencia os doentescom o subtipo oligoarticular da doença e o alelo -308A está associado a maior actividade inflamató-ria e maior concentração sérica de TNFalfa;. Con-tudo, parece não ter um papel relevante na suscep-tibilidade à AIJ. Trabalho suportado pela bolsa deInvestigação AstraZeneca/Faculdade de Medicinada Universidade de Lisboa.

P129 - PLASMAFERESE NAS DOENÇAS REUMÁTICAS

AUTOIMUNES

Sandra Garcês,1 Ana Cristina Cordeiro,1

Fátima Godinho,1 José Canas da Silva1

1. Hospital Garcia de Orta

Objectivos: Discutir o actual papel da plasmaferesenas doenças reumáticas sistémicas auto-imunes. Material e Métodos: Apresentam-se quatro casosclínicos: dois de coagulação intravascular disse-minada (CID) em doentes com lúpus eritematoso

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sistémico (LES), um dos quais associado a síndro-me de anticorpos anti-fosfolípidos (SAFL) secun-dário; um caso clínico de púrpura trombóticatrombocitopénica (PTT) como forma de apresen-tação de LES e um caso de hemorragia alveolar nocontexto de doença mista do tecido conjuntivo(DMTC). Resultados: Homem de 17 anos, com LES diagnos-ticado na sequência de pancitopénia refractária àterapêutica imunossupressora. Instalação subse-quente de falência multiorgânica e discrasia he-morrágica com instalação de CID. Realizou plas-maferese com melhoria transitória dos parâme-tros hematológicos. Mulher de 24 anos, com LES eSAFL secundário, internada por anemia hemolíti-ca e trombocitopénia refractária à terapêutica imu-nossupressora e gamaglobulina ev. Por agrava-mento do quadro clínico e CID realizou 5 sessõesde plasmaferese com melhoria clínica e laborato-rial transitória. Mulher de 30 anos, com anemiahemolítica, trombocitopénia e convulsões tónico--clónicas generalizadas no contexto de PTT, asso-ciada a leucopénia, hipocomplementemia e ANASpositivos. Iniciou plasmaferese sem resposta ime-diata, pelo que se associou imunossupressão ad-juvante, com progressiva melhoria do quadro clí-nico. Mulher de 47 anos com DMTC, internada poranemia hemolítica e trombocitopénia de agrava-mento súbito, com quadro de hemorragia alveolarrefractário à terapêutica com corticóides, gama-globulina e ciclofosfamida. Inicia adicionalmenteplasmaferese, com resposta clínica favorável. Conclusões: Com o desenvolvimento de novas te-rapêuticas imunossupressoras a plasmaferese temsido utilizada como terapêutica de recurso nasdoenças auto-imunes. Nos casos descritos estamedida foi absolutamente determinante na me-lhoria clínica e laboratorial destes doentes, aindaque transitória em algumas situações. Os autorespretendem discutir o papel actual da plasmafere-se nestas situações emergentes.

P130 - ESTRATÉGIAS PASSIVAS DE COPING COM A

DOR CRÓNICA EM DOENTES REUMÁTICOS

Paula Oliveira,1 Paulo Monteiro,2

Margarida Coutinho,2 Maria João Salvador,2

Maria Emília Costa,1 Armando Malcata2

1. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educaçãoda Universidade do Porto2. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Avaliar em três grupos de doentes reu-máticos (artrite reumatóide, fibromialgia e osteo-artrose): - Se existem diferenças na utilização de es-tratégias passivas de coping com a dor crónica (es-pecificamente estratégias de afastamento, preo-cupação e repouso); - Associações entre estratégiaspassivas de coping e a percepção do estado de saú-de física e mental. Material e Métodos: O recrutamento da amostraocorreu no Serviço de Reumatologia dos HUC, en-tre Maio e Dezembro de 2007. Após serem informa-dos relativamente aos aspectos associados à par-ticipação no estudo os participantes foram sujei-tos às seguintes medidas de avaliação: Questioná-rio Sócio-Demográfico e Clínico (Oliveira & Costa,2005); Questionário de Formas de Lidar com a Dor(PCI; Kraaimaat & Evers, 2003; versão portuguesa:Oliveira & Costa, 2005), Questionário de Estado deSaúde (SF-36v.2; Centro de Estudos e Investigaçãoem Saúde, 1997). O tratamento estatístico dos da-dos foi realizado através do programa SPSS (Statis-tical Package for Social Sciences) – versão 13.Resultados: A amostra incluiu 31 doentes com ar-trite reumatóide (AR), 25 com fibromialgia (FM) e30 com osteoartrose (OA). A idade média situou--se nos 55,15 anos (entre os 23 e 80 anos). Em re-lação ao género, 77,9% são indivíduos do sexo fe-minino. A análise dos dados revelou que não foramencontradas diferenças significativas entre os gru-pos AR e OA em nenhuma das estratégias passivasde coping (afastamento, preocupação e repouso).Já o grupo de doentes com FM apresentou umamaior utilização das estratégias de afastamento,preocupação e repouso, comparativamente com ogrupo OA (pConclusões: O presente estudo sustenta a perti-nência de uma abordagem biopsicossosical naavaliação e intervenção junto do doente reumáti-co. Estes doentes poderão beneficiar de uma abor-dagem terapêutica multidisciplinar que incluauma intervenção no processo de coping com a dorcrónica, com vista a promover estratégias de co-ping eficazes e eliminar estratégias ineficazes, oque se reflectirá positivamente na sua qualidade devida.

P131 – EXTRAGLANDULAR ENVOLVEMENT IN

PRIMARY SJÖGREN'S SYNDROME – STUDY OF APORTUGUESE POPULATION

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 M Sousa,1 R Figueiredo,1

C Miguel,1 D Medeiros1, M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

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Objectivos: Sjögren’s syndrome (SS) is a chronicinflammatory disease characterized by lympho-cytic infiltration and auto-immune lesion of theexocrine glands. The salivary glands (SG) and thelachrymal glands are the most afflicted, originatingsymptoms of xerostomia and xerophtalmia, butother symptoms of glandular dysfunction includedry skin, vaginal dryness, and dry cough. Other ex-tra-glandular manifestations may occur, includingjoint pain or arthritis, chronic fatigue or fibromyal-gia, cutaneous lesions, Raynaud’s phenomenon(RP), pulmonary, neurological, renal, or gastro-in-testinal involvement, vasculitis and lymphoma.

Description of the extra-glandular manifesta-tions in patients with primary SS (pSS) consultedat the Portuguese Institute of Rheumatology.Material e Métodos: To evaluate retrospectively agroup of 103 patients with pSS, defined by the cri-teria of the «American-European ConsensusGroup».Resultados: The patients evaluated were mainlyfemale (101 – 98,1%), with mean age of 55,6 years± 12,0 (26-80), and evolution of the disease avera-ging 13,6 years ± 8,7 (1-37). Arthralgia were pre-sent in 99 patients (96,1%), of which 28 (27,2%)presented arthritis, 2 sacro-iliitis (3,1%) and 3 myo-sitis (3,3%). Fibromyalgia (FM) was present in 27patients (26,5%) and fatigue in 50%. RP occurredin 35 patients (35,4%) and oral ulceration in 13(14,4%). Cutaneous involvement occurred in 37patients (35,9%), distributed in the following man-ner: xerosis in 15 (16,7%), photosensitivity in 15(16,7%), rash in 11 (12,2%), annular lesions in 5(5,6%) and urticaria in 3 (3,3%). Chronic cough oc-curred in 26 patients (28,9%), obstructive changesin 6 (5,8%) and interstitial disease in 4 (3,9%). Pe-ripheral neuropathy occurred in 5 patients (5,6%)and ischaemic microembolic encephalopathy in 6(5,8%). Mild hepatic dysfunction was detected in8 patients (7,8%) and hepatitis in 1 (1,0%). Six pa-tients (5,8%) presented cutaneous vasculitis and 1(1,0%) with digital infarcts. No cardiac, renal, syste-mic vasculitis or lymphoprolipherative diseaseswere registered. Reference should also be made tothe presence of depression in 35 patients (34,7%),hypothyroidism in 10 (9,8%) and diabetes in 2(2,0%). Concomitant auto-immune disease waspresent in 12 patients (11,7%): tiroiditis (6), sarcoi-dosis (2), primary biliary cirrhosis (2), sclerosingcollangitis (1) and antiphospholipid syndrome (1).Antibody profile was as follows: anti-SSA in 80 pa-tients (77,7%), SSB in 55 (53,4%), ANA≥1/160 in 95

(93,1%), rheumatoid factor in 60 (63,2%), anti-RNPin 6 (7,2%), DNA in 5 (5,2%), Sm in 1 (1,2%) andanti-phospholipids in 8 (7,7%). Low complementwas present in 23 patients (24,5%), cryoglobulinsin 8 (14,3%) and increase gammaglobulin in 65(65,7%).Conclusões: In our series, extra glandular manifes-tations were very frequent. However we found alower frequency of renal involvement, vasculitisand lymphoma. Arthralgias and arthritis weremore frequent than expected, and in many caseswere the inicial presentation. There was also a highfrequency of FM and depression, and the involve-ment of the central nervous system (CNS) in 6 pa-tients is peculiar.

Conclusion: In pSS extra-glandular manifesta-tions are frequent, can involve various organs andsystems, and contribute to important morbidity. Acareful and regular evaluation is necessary for itsearly detection and treatment.

P132 – OBESITY AND BODY COMPOSITION

PARAMETERS IN SJÖGREN’S SYNDROME

Filipe Barcelos,1 Alexandra Cardoso,2

Rita Fernandes,2 José Vaz Patto,3 Luís Miranda,3

Ana Teixeira3

1. Rheumatology Intern2. Nutritionist3. Rheumatologist, Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Os parâmetros da composição corpo-ral são determinantes importantes da saúde gerale do risco cardiovascular de uma população. Osdoentes reumáticos estão também em risco au-mentado devido à inflamação crónica, emboradoenças como o Sindrome de Sjögren (SSp) não te-nham ainda atraído tanta atenção como a ArtriteReumatóide ou o Lupus Eritematoso Sistémico.Objectivos: Avaliação da prevalência de obesidadee análise da composição corporal no SSp.Material e Métodos: Foram avaliados 82 doentesde um único centro, tendo sido aferidos o Índicede Massa Corporal (IMC) e a composição corporalpela bioimpedância eléctrica. Foram determina-das a massa da gordura de corpo (MG), a massa li-vre de gordura (MLG) e a água corporal total(TBW). Foi definido Excesso de peso como IMC≥25Kg/m2, Obesidade como IMC ≥ 30Kg/m2, eObesidade de Peso Normal («Normal Weight Obe-sity» – Sindroma NWO) como IMC <25 e MG ≥30%.Resultados: A idade media foi de 58,2 ±11,8 anos.

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Sessenta e dois doentes (75,6%) tinham excesso depeso, 26 doentes eram Obesos (31,7%) e 7 doen-tes (8,5%) tinham Sindroma NWO. A MG média foide 32,3 ±6,4%, e 65 indivíduos (79,3%) tinham ex-cesso de gordura corporal. A composição de águacorporal foi em média de 49,5 ±4,7% e a MLG foide 67,7 ±6,4%. Considerando valores normais aci-ma de 60%, a maioria dos doentes (80 indivíduos- 97,6%) apresenta défice de água corporal. Mes-mo considerando limites mais baixos, como 55%ou 50%, a maioria ainda mantém valores baixos deágua corporal - 95,1% e 74,4% dos doentes, res-

pectivamente.Conclusões: A prevalência de excesso de peso eobesidade é significativa na nossa amostra de SSp.Estão também presentes importantes alteraçõesda composição corporal, como excesso de massagorda e e défice de água corporal. Serão necessa-ries mais estudos para aferir da eventual associa-ção entre o défice de água corporal e as manifes-tações de secura ou outros sintomas do SSp. Tam-bém consideramos importante a avaliação dosfactores de risco cardiovascular clássicos e emer-gentes no SSp.