postal 1141 - 12 jun 2015

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1144 • Quinzenário à sexta-feira • 12 de Junho de 2015 • Preço 1,40 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 PUB > Os dados do Instituto Nacional de Estatística, da Direcção-Geral de Saúde e da OMS dão mostras do poder devas- tador da doença. Mas há quem comba- ta o flagelo todos os dias junto da co- munidade algarvia, o projecto “Semear Saúde” é um exemplo de sucesso que traz a mensagem para a rua ps. 2 e 3 24% da mortalidade da região deve-se ao cancro Os Ferro Gaita estão entre os nomes do MED que promete três dias de arromba entre 25 e 27 de Junho Festival: D.R. D.R. Monchique aposta no Inverno para ter água ABASTECIMENTO DE ÁGUA Câmara revoluciona o centro da cidade FARO > 5 Manta Rota vai ficar com acessos melhorados VILA REAL > 7 D.R. Cultura: Dez anos completam-se a 1 de Julho sobre o nascimento do Teatro das Figuras em Faro. O génio de Michael Nyman assinala a data num espectáculo imperdível > 4 Michael Nyman nos dez anos do Teatro das Figuras DESTAQUE 2 TEATRO DAS FIGURAS CELEBRA UMA DÉCADA 4 BAIXA DE FARO REVOLUCIONA O CENTRO DA CIDADE 5 MONCHIQUE IMPLEMENTA PROJECTO-PILOTO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA 6 VILA REAL AVANÇA COM REQUALIFICAÇÃO DA ESTRADA DA MANTA ROTA 7 CLASSIFICADOS 9 > 8 D.R. D.R. > 6

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• CONHEÇA O POSTAL DESTA SEMANA! • (Sexta-feira 12/06) nas bancas com o jornal PÚBLICO • LEIA E PARTILHE A INFORMAÇÃO INDISPENSÁVEL SOBRE O ALGARVE • * NESTA EDIÇÃO COM O CULTURA.SUL * EM DESTAQUE NESTA EDIÇÃO: > 24% da mortalidade da região deve-se ao cancro > Michael Nyman nos dez anos do Teatro das Figuras > Os Ferro Gaita estão entre os nomes do MED entre 25 e 27 de Junho > Câmara de Faro revoluciona o centro da cidade > Monchique aposta no Inverno para ter água > Manta Rota vai ficar com acessos melhorados • POUPE centenas de euros ao assinar o POSTAL por 30€ anuais com o Plano de Saúde gratuito em medicina dentária, estética e ginásio • PRÓXIMA EDIÇÃO DO POSTAL dia 3 de Julho: o indispensável sobre o Algarve

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Page 1: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1144 • Quinzenário à sexta-feira • 12 de Junho de 2015 • Preço € 1,40

ÀS SEXTAS EMCONJUNTO COM OPÚBLICO POR €1,60

PUB

> Os dados do Instituto Nacional de Estatística, da Direcção-Geral de Saúde e da OMS dão mostras do poder devas-tador da doença. Mas há quem comba-ta o flagelo todos os dias junto da co-munidade algarvia, o projecto “Semear Saúde” é um exemplo de sucesso que traz a mensagem para a rua ps. 2 e 3

24% da mortalidade da região deve-se ao cancro

Os Ferro Gaita estão entre os nomes do MED que promete três dias de arromba entre 25 e 27 de Junho

Festival:

d.r.

d.r.

Monchique aposta no Inverno para ter água

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Câmara revoluciona o centro da cidade

FARO

> 5

Manta Rota vai ficarcom acessos melhorados

VILA REAL

> 7

d.r.

Cultura: Dez anos completam-se a 1 de Julho sobre o nascimento do Teatro das Figuras em Faro. O génio de Michael Nyman assinala a data num espectáculo imperdível > 4

Michael Nyman nos dez anos do Teatro das Figuras

DESTAQUE 2 TEATRO DAS FIGURAS CELEBRA UMA DÉCADA 4 BAIXA DE FARO REVOLUCIONA O CENTRO DA CIDADE 5

MONCHIQUE IMPLEMENTA PROJECTO-PILOTO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA 6 VILA REAL AVANÇA COM REQUALIFICAÇÃO DA ESTRADA DA MANTA ROTA 7 CLASSIFICADOS 9

> 8

d.r. d.r.

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Alunas da UAlg levam luta contra o cancro para a ruaClaúdia Brito e Eva Divino agitam consciências numa batalha pela prevenção

OS NÚMEROS DA ORGANIZA-ÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS) não deixam margem para dú-vidas, o cancro é um dos mais sérios flagelos da humanidade e desde que há estatísticas a ten-dência global da incidência das doenças nas suas mais variadas formas é de aumento.

Em 2012, ano dos últimos da-dos disponibilizados pela (OMS), 8,2 milhões de pessoas morre-ram de cancro.

APOSTA NA PREVENÇÃO COMO OBJECTIVO De acordo com a mesma fonte, 30% dos casos de cancro podem ser prevenidos, razão pela qual, sem descurar o apoio aos doentes, a aposta deve ser centrada também na preven-ção da doença, nomeadamente na prevenção de práticas que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de cancro.

Os 30% de casos de cancro evi-táveis dependem da acção dos governos e autoridades de saúde em todo o mundo, mas depen-dem acima de tudo de um refor-ço da consciência da população em geral para a realidade de que os riscos de desenvolver a doença podem ser minimizados através, fundamentalmente, da alteração de hábitos e comportamentos.

CLAÚDIA BRITO E EVA DIVINO, SÃO O ROSTO DE UM PROJECTO ALGARVIO CONTRA O CANCRO A batalha faz-se pois em várias frentes e no Algarve duas alunas do curso de Educação Social da Universidade do Algarve (UAlg), Claúdia Brito e Eva Divino, são o rosto de um projecto cujo en-foque está em promover a pre-venção, a informação e a sensi-bilização para a problemática do cancro junto da comunidade.

Levar a luta contra o cancro para a rua é assim o desafio a que se propuseram as duas alu-nas da academia algarvia no trabalho que desenvolvem no âmbito do projecto de final de

curso e, em parceria com a As-sociação Oncológica do Algarve (AOA), as iniciativas do projecto “Semear Saúde” têm-se multipli-cado junto dos vários segmentos da comunidade.

Mais de uma dezena de acções foram já desenvolvidas pelo pro-jecto que aposta na continuida-de para além da vida académica de Cláudia Brito e Eva Divino, envolvendo especialistas de vá-rias áreas conexas com a preven-ção do cancro e apostando em ambientes e enquadramentos diversificados como forma de aumentar o espectro da popu-lação atingida pelas iniciativas do projecto.

A DURA REALIDADE DOS NÚME-ROS DA DOENÇA O trabalho das duas estudantes é tão meritório quanto o peso dos números que as estatísticas da OMS sobre o cancro revelam.

Em 2012, 14,1 milhões de no-vos casos de cancro foram diag-nosticados no mundo, enquanto 32,6 milhões de pessoas - cerca de metade da população total do Reino Unido ou sensivelmente a população de Marrocos - viviam com cancro (com até cinco anos de sobrevivência após o diagnós-tico). As mortes, essas saldaram--se em mais de oito milhões.

Os dados assustadores não

deixam no entanto de estar aquém da realidade, bastando para perceber a sua inexactidão por defeito a compreensão de que em muitas zonas do globo o diagnóstico é deficiente.

Em Portugal os tumores malignos ditaram a morte, em 2013, e de acordo com a Di-recção-Geral de Saúde, a mais de 25 mil pessoas, sendo res-ponsáveis por 24,3% dos óbi-tos registados naquele ano.

A verdade crua e dura é que cerca de um quinto das mortes registadas no país em 2013 se deveram a doenças oncológi-cas (ver página seguinte).

A LUTA PELA PREVENÇÃO FEZ--SE NA PRAIA DE FARO A últi-ma acção de sensibilização do projecto “Semear Saúde” teve recentemente lugar na Praia de Faro, com um programa virado para a importância de hábitos de vida saudáveis na prevenção do cancro, nomeadamente na área da prática desportiva.

Identificada como uma das formas de melhorar o estado de saúde geral e por via disso refor-çar a prevenção de doenças can-cerígenas, a prática desportiva foi o desafio lançado à popula-ção pelas mentoras do projecto nesta iniciativa que adoptou o

nome “Nope 4 Cancer”.Actividades desportivas e re-

creativas como canoagem, ioga, stand-up paddle, bodyboard, zumba, canoagem e surf foram as propostas lançadas e não fal-taram aderentes.

Ao mesmo tempo a sensibi-lização para a problemática do cancro, em particular do cancro de pele face à época de Verão e de maior exposição ao sol que atravessamos, estiveram no foco de um dia inteiro pensado para divertir as pessoas que se junta-ram à iniciativa, mas, acima de tudo, pensado para formar e in-formar sobre a luta contra um

Ô A equipa que desenvolveu a iniciativa contra o cancro do projecto Semear Saúde na Praia de Faro

2 | 12 de Junho de 2015

Ô Sensibilização para o problema do melanoma (cancro de pele) Ô Bodyboard, um dos desportos que integraram o “Nope 4 Cancer”

dos mais importantes desafios na área da saúde: ficar de fora das estatísticas de cancro.

SEMEAR SAÚDE EM DIVERSAS FRENTES Mas semear saúde implica atacar o cancro em di-versas frentes numa perspectiva alargada da promoção da saúde que ajuda nesta como noutras patologias.

Cláudia Brito e Eva Divino apostam por isso em diversificar as acções que promovem e, neste âmbito, além do trabalho feito em conjunto com a Associação Oncológica do Algarve no terre-no de forma persistente, as alu-nas da UAlg já desenvolveram o ciclo de palestras “Promoção da Saúde e Prevenção do Cancro”, onde temas como “Cancro e stress”, “Deixar de fumar é sim-ples e barato”, “A alimentação na prevenção do cancro”, “O papel da AOA na prevenção do cancro e no apoio ao doente oncológi-co”, “Deixar de Fumar” ou “HPV e cancro”, foram apresentados a vários auditórios por espe-cialistas, entre os quais, Diana Torrado, João Pestana, Mónica Teixeira, Nadine Silva, Francis-co Amaral, Manuela Gamelas Cruz e Santos Pereira.

Por detrás de cada uma destas iniciativas estiveram as estudan-tes Cláudia Brito e Eva Divino, que desenvolveram também workshops destinados a apren-der como fazer uma alimenta-ção saudável em pratos que vão da sopa às sobremesa e pratos vegetarianos.

Outro dos momentos altos do projecto foi desenvolvido por al-tura do Dia Mundial do Cancro, no Mercado Municipal de Faro, com as alunas da Escola Superior de Educação e Comunicação a chamarem os farenses a “Trocar nicotina por Vitamina”, com a população aderente a trocar um cigarro por uma peça de fruta.

Tudo numa batalha constante contra o cancro, que se faz neste projecto lado-a-lado com mui-tos outros todos os dias, fruto da vontade e empenho de cidadãos comuns que escolhem esta luta para dar de si aos outros.

Uma caminhada de méri-to que as duas alunas da UAlg prometem continuar a trilhar e que pode ser acompanhada nas redes sociais através da página www.facebook.com/PROJETO-SEMEARSAUDE.

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12 de Junho de 2015 | 3

Quase um quarto das mortes no Algarve têm origem em cancrosDados do Instituto Nacional de Estatística e da Direcção-Geral de Saúde mostram o retrato da região

O PANORAMA GERAL NO AL-GARVE não é muito diferente do resto do país no que toca a óbitos provocados pelos diversos cancros que po-dem afectar as pessoas. 24% das mortes registadas no Al-garve são devidas a tumores malignos, um pouco abaixo dos 24,3% de que a doença é responsável no quadro do país.

Os últimos números do Instituto Nacional de Es-tatística, relativos a 2013, mostram que em 27,8% dos homens e em 20% das mu-lheres algarvias a causa de morte esteve associada a do-ença oncológica, enquanto para os mesmos universos os números nacionais revelam valores de 28,5% e 19,9%. O mesmo é dizer que na re-gião, os homens morrem um pouco menos de cancro do que no país e as mulheres ligeiramente mais.

O Algarve, que representa 4,9% da população residente total do país (443.374 habi-tantes face a um universo de 8.889.392), representa a ní-vel nacional 4,4% dos casos de morte associados a can-cro, uma diferença pouco

significativa.

OS NÚMEROS ABSOLUTOS DAS MORTES POR CANCRO O INE evidencia 1.148 óbitos por cancro em 2013 no Algarve, com as mulheres a somarem 461 vítimas e os homens 687. Este é o retrato em nú-meros absolutos do flagelo da doença na região, mas no país 25.860 pessoas fale-ceram da mesma causa, dos quais 15.428 foram homens

e 10.432 mulheres.

A IDADE, O CANCRO E OS ANOS DE VIDA PERDIDOS Já a idade média dos doentes que per-deram a batalha contra os tumores malignos fixou-se nos 71,9 anos no Algarve, idade um pouco mais baixa do que a média nacional que se fixou nos 72,5 anos.

Sucumbiram ao cancro na região, uma vez mais no ano de 2013, 322 pessoas com menos de 65 anos e 827 com idade igual ou su-perior a 65 anos, com o país no todo nacional a ter tam-bém mais mortes por doen-ça oncológica acima dos 65 anos de idade. Na região, os idosos representam 73% das mortes associadas ao cancro, enquanto no país o valor é superior, 73,1%.

O INE revela que, face à esperança média de vida, no Algarve e só durante 2013, se perderam 5.190 anos de vida com as mortes prematuras devidas a cancro, já no país a

doença roubou 112.653 anos de vida aos portugueses.

OS CANCROS QUE MAIS MA-TAM NO ALGARVE Na região, os cancros que mais mortes causaram em 2013, de acordo com o INE, foram os do cólon (intestino), recto e ânus, com 194 óbitos, seguidos de perto pelo grupo de tumores malig-nos da traqueia, brônquios e pulmão, que vitimaram 191

pessoas.No fim da lista estão o linfo-

ma de Hodgkin, com apenas uma vítima neste ano e o me-lanoma maligno da pele com nove vítimas.

Nos homens, os cancros que mais vitimam no Algarve são os do grupo da traqueia, brônquios e pulmão (152) e os do grupo do cólon, recto e ânus (124), com o cancro da próstata a representar apenas 52 óbitos. Já nas mulhe-res o cancro da mama represen-ta 84 óbitos e é o mais mortal, seguido de perto pelos tumores malignos do grupo do cólon, recto e ânus (70).

Em termos comparativos com o resto do país, o Algarve repre-senta nos casos mais negros 6,3% dos óbitos por cancro do colo do útero, 6% das mortes por cancro

do ovário e 5,7% dos cancros da bexiga. O peso da região no todo nacional é menor no caso do Lin-foma de Hodgkin (2,4%), e nos cancros da próstata (3%) e do estômago (3,4%).

A EVOLUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE CANCRO No que respeita à incidência de cancro a nível nacional, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) acompanha a Or-ganização Mundial de Saúde no quadro pouco favorável que de-senha. No relatório sobre doen-ças oncológicas de 2014 a DGS estima em 2015, cerca de 48 mil casos, e projecta em 2030, cerca de 55 mil casos de cancro.

Apesar de não haver análise do quadro futuro de incidência de cancro para o Algarve, a supor que a região terá uma incidência próxima do seu peso na popula-ção residente nacional, à seme-lhança do que tem em termos de mortalidade, o retrato fixa a incidência de cancro no Algarve previsivelmente em cerca de dois mil casos em 2015 e 2.400 casos em 2030.

Valores que não deixam dú-vidas quanto ao peso real do flagelo do cancro no quadro re-gional e no que isso implica em perda de vidas, incapacidades e sofrimento e os impactos que a doença tem e terá em custos de saúde, custos económicos e en-cargos sociais.

O grande desafio do Algar-ve enquanto comunidade é o mesmo que se coloca a todos os povos do mundo nesta ma-téria. Prevenir é a palavra de ordem e significa bem mais do que rastrear incansavelmente a população, passa por uma aposta reforçada nos cuidados de saúde primários e acima de tudo por uma profunda mu-dança de hábitos em favor de comportamentos mais saudá-veis e menos propiciadores do desenvolvimento do tão temi-do cancro.

Ô O cancro da mama é o que mais vitima as mulheres no Algarve

Mortes por cancro*

Ô PT: 25.860 Ô ALG: 1.148

Homens:

Ô PT: 15.428 Ô ALG: 687

Mulheres:

Ô PT: 10.432 Ô ALG: 461

Idade média das vítimas*

Ô PT: 72,5 anos Ô ALG: 71,9 anos

Homens:

Ô PT: 71,6 anos Ô ALG: 71,4 anos

Mulheres:

Ô PT: 73,7 anos Ô ALG: 72,8 anos

Peso das mortes por cancro face a outras causas*

Ô PT: 24,3% Ô ALG: 24%

Homens:

Ô PT: 28,5% Ô ALG: 27,8%

Mulheres:

Ô PT: 19,9% Ô ALG: 20%

Mortes por tipo de cancro no Algarve*

Ô Cólon (intestinos), rec-to e ânus - 194

Ô Traqueia, brônquios e pulmão - 191

Ô Mama - 84

Ô Estômago - 76

Ô Bexiga - 53

Ô Próstata - 52

Ô Vias biliares e fígado - 46

Ô Pâncreas - 45

Ô Leucemia - 32

Ô Ovário - 23

Ô Colo do útero - 13

Ô Melanoma (pele) - 9

Cancro: a relidade do AlgarveProjecto “Semear Saúde”: a prevenção

junto da comunidade

Textos: Ricardo ClaroFotos: D.R. “Pojecto Semear Saúde”

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região

4 | 12 de Junho de 2015

Teatro das Figuras celebra uma décadaSala pretende ser “um palco de todos os algarvios e, particularmente, dos farenses”

d.r.

Ricardo [email protected]

A 1 DE JULHO DE 2005 Faro via abrir as portas do Teatro das Figuras pensado para integrar a rede de salas de espectácu-los de grandes dimensões do país e para responder simul-taneamente à necessidade de uma sala de grande capacida-de na capital do Algarve e na região.

Com honras de inaugura-ção pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, a estreia do palco fez-se ao som da Orquestra Sinfónica de Londres, dirigida por Sir Co-lin Davis.

A infra-estrutura apresen-tada em 2001, no mandato de Luís Coelho (PS), por uma equipa de arquitectos lidera-da por Gonçalo Byrne, só em 2003 viu as obras avançarem, a tempo de ser inaugurado em plena Faro - Capital Nacional da Cultura, no mandato de José Vitorino na autarquia, e com um custo de 8,5 milhões de euros, dos quais cinco mi-lhões oriundos do Programa Operacional da Cultura.

UMA DÉCADA NEM SEMPRE APROVEITADA Dez anos de-pois, uma retrospectiva per-mite avaliar a primeira dé-cada de existência do teatro como globalmente positiva, mas a verdade não deixa de mostrar que nem sempre as potencialidades da sala fo-ram aproveitadas em pleno, longe disso.

Em particular com a che-gada da crise em 2008, o te-atro viu a sua programação reduzida de forma drástica e de portas praticamente fe-chadas tentou atravessar as tormentas de uma autarquia endividada e sem recursos ou génio para superar as dificuldades.

Já com a chegada ao Tea-tro das Figuras de Joaquim Guerreiro, actual respon-sável pela sala maior da ci-dade, o espaço ganha uma nova pujança e renasce das

cinzas com uma programa-ção estruturada e pensada para a realidade actual, por isso mesmo “desenvolvida em mais de 60% em sistema de partilha do risco com as

produtoras através de apre-sentações ‘à bilheteira’”, re-feriu ao POSTAL Joaquim Guerreiro. O mesmo é dizer que as apresentações são fei-tas a custo zero ou próximo

do zero com o lucro da bi-lheteira a ser partilhado pela produção dos espectáculos e pelo teatro.

UM ORÇAMENTO REFORÇA-

DO A PENSAR NO FUTURO Em 2015 o Teatro das Figuras tem um orçamento de cerca de 800 mil euros para funcio-nar, um valor acima da média, conseguido através do reforço de verbas oriundo de fundos do Quadro de Referência Es-tratégico Nacional e que tem em vista a “aquisição de novo equipamento, nomeadamente de som, luzes e, maquinaria de cena e multimédia”, diz a mes-ma fonte.

O FUTURO Com 762 lugares na plateia, condições de excelência para apresentar espectáculos diversificados e ainda uma black box (pe-queno auditório) capaz de responder a espectáculos mais intimistas ou experi-mentalistas - a funcionar cerca de três vezes por mês actualmente - o Teatro das Figuras olha para o futuro com boas perspectivas.

“O que se pretende é ter uma programação transver-sal à sociedade e que o tea-tro seja uma sala conhecida e frequentada por todos os farenses e algarvios para ve-rem não só os espectáculos de que gostam, mas também para serem apresentadas produções que permitam conhecer novas realidades culturais e formar públicos”, diz Joaquim Guerreiro.

O desafio da programação está pois definido e a experi-ência do homem que foi du-rante anos a alma do Festival MED em Loulé dá-lhe crédi-tos já comprovados com a nova força que o Teatro das Figuras vem demonstrando.

Dez anos depois, a grande sala de espectáculos de Faro está pronta para os desafios e promete manter a vivaci-dade que se impõe a uma es-trutura desenhada para ser um grande palco de cultura.

Ô Maria Nunes recusa-se a abandonar a tecelagem

Ô Joaquim Guerreiro, responsável pelo Teatro Municipal de Faro, aposta no reforço da programação e das condições técnicas da sala

Ô Para assinalar os dez anos de exis-tência, o Teatro das Figuras traz ao Al-garve o enorme Michael Nyman.O génio minimalista britânico, uma das personalidades mais reconhecidas no mundo da música e das artes a ní-vel mundial, mostra toda a sua arte num concerto imperdível de 80 minu-tos, com início agendado para as 21.30 horas de dia 30 de Junho. Quanto a preços, um lugar na plateia deste concerto raro por terras do Al-garve e do país pode custar entre 20

e 25 euros.No próprio dia de aniversário as portas do teatro abrem-se à população para visitas guiadas aos bastidores de forma gratuita, dando a conhecer os segredos da sala ao comum dos mortais e pela noite, com início às 22 horas, o foyer acolhe um set de música de dança com o DJ Xinobi.Razões de sobra para agendar uma vi-sita ao Teatro das Figuras entre 30 de Junho e 1 de Julho, para celebrar a sala, mas, acima de tudo, a cultura.

Michael Nyman na celebração dos dez anos

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 FaroTelef.: 289 820 850 ¦ Fax: 289 878 342

[email protected] ¦ www.advogados.com.pt

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Page 5: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

12 de Junho de 2015 | 5

região

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Baixa de Faro revoluciona o centro da cidadeEnsombramento da baixa, recuperação do Arco da Vila e do edifício adjacente e, ainda, das muralhas estão na calha

MUNICIPIO DE TAVIRAEDITAL Nº 20 /2015

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 12 de maio de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por maioria e a proposta da Câmara Municipal número 68/2015/CM, referente a 6.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano de 2015;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 69/2015/CM, referente a Atribuição de apoio ao Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 70/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação Oncológica do Algarve;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 71/2015/CM, referente a atribuições de apoios ao abrigo do RMAAD;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 72/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas D. Manuel I;

6. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 73/2015/CM, referente a Alteração à tabela de preços;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 74/2015/CM, referente a Revogação da proposta n.º 7/2015/CM - Protocolo de Cooperação entre o Município de Tavira e a Universidade do Algarve;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 75/2015/CM, referente ao Plano de transportes escolares - Ano letivo 2015/2016;

9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 76/2015/CM, referente ao Protocolo para assegurar a constituição do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais – DECIF – Ano 2015;

10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 77/2015/CM, referente a Patinagem Clube de Tavira - Festival de Verão “Disney sobre rodas” - Redução de taxas;

11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 78/2015/CM, referente a Patinagem Clube de Tavira - “Torneio Regional de Benjamins” - Redução de taxas;

12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 79/2015/CM, referente ao Curso de Marinheiro de 2.ª de Tráfego Local - FOR-MAR- Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar - Redução de taxas;

13. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 80/2015/CM, referente a Não aplicação pontual do agravamento sobre o valor de renda apoiada - Andreia Sofia Seco Arroteia;

14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 81/2015/CM, referente ao Parecer genérico favorável para celebração e renovação de contratos de aquisição de serviços - Revogação da deliberação de 19 de janeiro de 2015 (proposta n.º 1/2015/CM);

15. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 82/2015/CM, referente ao Concurso Público para a concessão de exploração de estabeleci-mentos existentes no Parque de Campismo da Ilha de Tavira;

16. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 83/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de segurança privada e vigilância no Parque de Campismo da Ilha de Tavira;

17. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 84/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de manutenção das instalações do Parque de Campismo na Ilha de Tavira;

18. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 85/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de limpeza de instalações no Parque de Campismo na Ilha de Tavira;

19. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 86/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços técnicos especializados de silvicu ltura para o Parque de Campismo da Ilha de Tavira;

20. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 87/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de apoio jurídico na área do direito do consumo;

21. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 88/2015/CM, referente a E65/09/CP – Empreitada de Construção do Centro Escolar da Horta do Carmo (EB1 JI) – Tavira - Receção Provisória e Mapa final;

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 12 de maio do ano 2015

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1144, de 12 de Junho de 2015)

Anúncio de procedimento n.º 3259/2015MODELO DE ANÚNCIO DO CONCURSO PÚBLICO

1 - IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DA ENTIDADE ADJUDICANTE

NIF e designação da entidade adjudicante:

505176300 - Águas do Algarve, S. A.

Serviço/Órgão/Pessoa de contacto: Dr.º José Manuel Perdigão, Administrador

Endereço: Rua do Repouso, n.º 10

Código postal: 8000 302

Localidade: Faro

Telefone: 00351 289899070

Fax: 00351 289899079

Endereço Eletrónico: [email protected]

2 - OBJETO DO CONTRATO

Designação do contrato: Elaboração de Procedimentos de Contratação Pública para Substituição/Reabilitação de Coletores e Condutas

Descrição sucinta do objeto do contrato: O objeto do presente procedimento compreende a elaboração dos documentos técnicos e técnico-jurídicos neces-sários à contratação de empreitadas para a substituição e/ou reabilitação de troços de coletores e condutas, que apresentam problemas de desempenho, podendo comprometer o normal funcionamento dos Sistemas Multimunicipais geridos pela Águas do Algarve, SA., através da observância das regras da contratação pública, definidas pelo Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de janeiros e suas posteriores alterações e republicações.

Tipo de Contrato: Aquisição de Serviços

Valor do preço base do procedimento 114.000.00 EUR

Classificação CPV (Vocabulário Comum para os Contratos Públicos)

Objeto principal

Vocabulário principal: 71318000

Valor: 114.000.00 EUR

3 - INDICAÇÕES ADICIONAIS

O concurso destina-se à celebração de um acordo quadro: Não

O concurso destina-se à instituição de um sistema de aquisição dinâmico: Não

É utilizado um leilão eletrónico: Não

É adotada uma fase de negociação: Não

4 - ADMISSIBILIDADE DA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS VARIANTES: Não

6 - LOCAL DA EXECUÇÃO DO CONTRATO

Faro

País: PORTUGAL

Distrito: Faro

Concelho: Faro

Código NUTS: PT150

7 - PRAZO DE EXECUÇÃO DO CONTRATO

Restantes contratos

Prazo contratual de 180 dias a contar da celebração do contrato

8 - DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO, NOS TERMOS DO N.º 6 DO ARTIGO 81.º DO CCP

O adjudicatário deve apresentar os seguintes documentos de habilitação:

a) Os previstos no nº 1 art.º 81º do CCP e os exigidos no ponto 20 do Programa do Procedimento.

9 - ACESSO ÀS PEÇAS DO CONCURSO E APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS

9.1 - Consulta das peças do concurso

Designação do serviço da entidade adjudicante onde se encontram disponíveis as peças do concurso para consulta dos interessados:

Direção de Infraestruturas - Departamento de Engenharia

Endereço desse serviço: Rua do Repouso, n.º 10

Código postal: 8000 302

Localidade: Faro

Endereço Eletrónico: [email protected]

9.2 - Meio eletrónico de fornecimento das peças do concurso e de apresen-tação das propostas

Plataforma eletrónica utilizada pela entidade adjudicante: http://www.vortal-gov.pt

Preço a pagar pelo fornecimento das peças do concurso: 100,00 EUR (cem euros), acrescidos do IVA à taxa em vigor. O pagamento das peças do procedi-mento deverá ser efectuado por transferência bancária para a conta da ÁGUAS DO ALGARVE, S.A. com o NIB: 0019 0027 0020 0018 548 71.

10 - PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS OU DAS VERSÕES INICIAIS DAS PROPOSTAS SEMPRE QUE SE TRATE DE UM SISTEMA DE AQUISIÇÃO DINÂMICO

Até às 18:00 do 22 º dia a contar da data de envio do presente anúncio

11 - PRAZO DURANTE O QUAL OS CONCORRENTES SÃO OBRIGADOS A MANTER AS RESPETIVAS PROPOSTAS

90 dias a contar do termo do prazo para a apresentação das propostas

12 - CRITÉRIO DE ADJUDICAÇÃO

Proposta economicamente mais vantajosa

Fatores e eventuais subfatores acompanhados dos respetivos coeficientes de ponderação: Qualidade Técnica da Proposta - 60%

Preço Global - 40%

14 - IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DO ÓRGÃO DE RECURSO ADMINISTRA-TIVO

Designação: Águas do Algarve, S.A.

Endereço: Rua do Repouso, n.º 10

Código postal: 8000 302

Localidade: Faro

Endereço Eletrónico: [email protected]

Prazo de interposição do recurso: 5 dias

15 - DATA DE ENVIO DO ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO DA RE-PÚBLICA

2015/05/28

16 - O PROCEDIMENTO A QUE ESTE ANÚNCIO DIZ RESPEITO TAMBÉM É PUBLICITADO NO JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA: Não

17 - OUTRAS INFORMAÇÕES

Nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 27º do CCP, existirá possibilidade de adoção de Ajuste Direto.

Regime de contratação: DL nº 18/2008, de 29.01

18 - IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR DO ANÚNCIO

Nome: José Manuel Perdigão

Cargo: Administrador

408682986

(POSTAL do ALGARVE, nº 1144, de 12 de Junho de 2015)

d.r.

Vila Real avança com requalificação da Estrada da Manta Rota pág. 7

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A CÂMARA DE FARO PROMETE iniciar até ao fim de Junho a instalação das estruturas de ensombramento das princi-pais artérias comerciais do centro da cidade, numa obra orçada em 84.310 euros a que acresce IVA.

As vias onde vão ser insta-ladas as telas em forma de vela são: Rua da Marinha; Rua Ivens; Rua Tenente Vala-dim; Rua Dom Francisco Go-mes; Rua de Santo António; Rua 1.º de Dezembro; Rua Rebelo da Silva; Rua Vasco da Gama; Rua Baptista Lo-pes; Travessa da Mota e Rua Conselheiro Bivar, todas elas pedonais.

A obra, que obteve luz ver-de da Direcção Regional de Cultura - para salvaguarda do património da cidade -, está neste momento na fase

de colocação dos pontos de ancoragem dos velames, sen-do que a instalação destes últimos se iniciará, previsi-velmente, no início do mês de Julho, apurou o POSTAL.

O projecto contou com o apoio da ACRAL - Associação Multsectorial do Algarve e da Associação de Desenolvimento Comercial da Zona Histórica de Faro.

A autarquia espera - refe-re um comunicado da edili-dade - poder, “numa altura em que o calor começa a ‘apertar’, oferecer um novo conforto aos munícipes e turistas que visitam a bai-xa. Os toldos, para além da principal função de ensom-bramento, darão um ar mais alegre às principais artérias de Faro, transformando-a num espaço comercial a ‘céu

aberto’, incentivando as ca-minhadas nesta zona e pos-sibilitando uma revitaliza-ção do ‘coração’ da cidade”.

Ainda de acordo com a autarquia, o prazo total de fornecimento das telas de en-sombramento estende-se até o início de Abril de 2016, pelo que se espera a sua aplicação faseada.

BEJA É EXEMPLO Um dos exem-plos nacionais de ensombra-mento das ruas comerciais é Beja, onde as telas que ali são coloridas foram também a opção da autarquia para me-lhorar as condições da zona comercial nobre da capital do Baixo Alentejo.

OUTRAS OBRAS As obras - sabe o POSTAL - não se ficam por aqui. Na calha estão a recu-

peração do Arco da Vila e do difício adjacente ao mesmo, pretendendo-se que o monu-mento ex-libris da cidade pas-se a ser visitável, e intervenções de recuperação das muralhas

da Cidade Velha.Todas estas obras contam

com financiamento através do PO Algarve21, em que a Câmara se candidatou a obras de melhoramento urbanístico

e patrimonial que abrangem a Vila Adentro e a Baixa Co-mercial da cidade. No total o investimento cifrar-se-á em 477.192 euros, com um apoio de 310.175 euros.

Ô Assinaladas a pontilhado as ruas que serão sombreadas com panejamento em forma de velas

Page 6: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

6 | 12 de Junho de 2015

Monchique inova na captação de águaSistema vai garantir um abastecimento público regular e de qualidade

d.r.

Ô Rui André considera o projecto uma mais-valia para o concelho

AS CAPTAÇÕES DE ÁGUA para abastecimento público no concelho de Monchique vão ser reforçadas através de um sistema que prevê a recarga artificial dos aquíferos com água armazenada durante o Inverno, anunciou a empresa promotora.

“Trata-se de um projecto--piloto que pretende manter a regularidade dos caudais das captações, através de um sistema simples de ar-mazenamento de água no Inverno, para depois poder ser infiltrada nos aquíferos”, disse à Lusa José Martins Carvalho, director da em-presa TARH promotora do projecto.

Denominado “SOWAMO – Semear água na serra de Monchique”, o projecto con-siste na construção de uma

estrutura que canalizará a água para bacias de armaze-namento no subsolo, apro-veitando os excedentes do Inverno para abastecimento dos aquíferos.

“Não estamos a inventar nada, mas sim a implemen-tar um sistema conhecido”, disse José Martins Carvalho.

De acordo com este res-ponsável, o projecto surgiu com o objectivo de demons-trar que é possível melhorar a produtividade e a regularida-de de caudais das captações, através de um simples siste-ma de recarga de aquíferos”.

PROJECTO VAI SER IMPLEMEN-TADO ATÉ ABRIL DE 2016 Mon-chique foi o concelho esco-lhido para a implementação do projecto-piloto, “devido à configuração das captações

de abastecimento público, sobretudo nascentes, gale-rias e furos horizontais, que as torna extremamente vul-neráveis à variabilidade me-teorológica”.

“Face ao risco de alteração do regime de precipitações para eventos mais concen-trados, torna-se necessário tomar passos no sentido de melhorar o sistema”, fri-sou José Martins Carvalho, acrescentando que o sistema de abastecimento público de Monchique utiliza os recursos hídricos subterrâneos para o seu funcionamento normal, garantindo água de qualida-de a um preço reduzido.

Além da construção de um canal, será efectuado “o re-gisto e monitorização cons-tante de dados”, sublinhou.

Segundo José Martins

Carvalho, o projecto vai ser implementado até Abril de 2016, e está orçado em cerca de 200 mil euros, financia-dos por fundos da Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Por seu turno, o presiden-te da Câmara de Monchique, Rui André, considerou que o projecto, “se apresenta como uma mais-valia para garantir um abastecimento público regular e de qualidade que permite manter um custo baixo para os munícipes consumidores”.

Lusa

região Loulé propõe três dias de mundo nas asas do MED pág. 8

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MUNICIPIO DE TAVIRAEDITAL Nº 31 /2015

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 01 de junho de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 89/2015/CM, referente a atribuição de apoio à Academia Sénior de Aprendizagem e Solidariedade de Tavira;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 90/2015/CM, referente a atribuição de apoio à Associação de Animação Infantil e Apoio Comunitário da Freguesia de Cachopo;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 91/2015/CM, referente a atribuição de apoio à Associação das Obras Assistenciais da Sociedade de São Vicente de Paulo;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 92/2015/CM, referente a atribuição de apoio anual à atividade da Associação Centro Ciência Viva de Tavira;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 93/2015/CM, referente a atribuição de apoio anual à Associação Musical do Algarve;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 94/2015/CM, referente a atribuição de apoio ao Grupo Motard Moto Manos da Luz de Tavira;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 95/2015/CM, referente a atribuição de apoio em espécie à Sociedade Recreativa Musical Luzense;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 96/2015/CM, referente ao Centro Europeu de Voluntariado - Ano 2015;

9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 97/2015/CM, referente a Renovação dos protocolos de colaboração no âmbito Programa Tavira Solidária - Refeições Sociais;

10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 98/2015/CM, referente a Revogação da proposta n.º 39/2015/CM - Atribuição de apoio em espécie à Associação Viver Cabanas;

11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 99/2015/CM, referente a Projeto de Regulamento dos Períodos de Funcionamento dos Estabelecimentos Comerciais e de Prestação de Serviços do Concelho de Tavira;

12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 100/2015/CM, referente a Regulamento e Tabela de Taxas – alteração;

13. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 101/2015/CM, referente a Patinagem Clube de Tavira - “Torneio Amizade” - Redução de taxas;

14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 102/2015/CM, referente a Onda Sólida - Associação de Moradores - “Meia Maratona de Futsal do Arraial” - Polidesportivo da Bela Fria - Redução de taxas;

15. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 103/2015/CM, referente ao Clube Recreativo Tavirense - “Final de Dardos Alengarve” - Redução de taxas;

16. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 104/2015/CM, referente a anulação de receita referente a transporte em ambulância - Tânia Patrícia Gonçalves Osório;

17. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 105/2015/CM, referente a alteração à tabela de preços;

18. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 106/2015/CM, referente ao Processo n.º 1-CPce/15 - Concurso Público para a Concessão de Exploração de Estabelecimentos Existentes no Parque de Campismo da Ilha de Tavira - Relatório Preliminar;

19. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 107/2015/CM, referente a autorização genérica para celebração de contratos de aquisição de serviços;

20. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 108/2015/CM, referente ao parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços para reestruturação do centro de dados;

21. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 109/2015/CM, referente ao parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de manutenção do Cais de Cabanas T-94-AL;

22. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 110/2015/CM, referente à Prescrição de Jazigos Municipais em situação de abandono;

23. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 111/2015/CM, referente a Receção definitiva das infraestruturas - Alvará n.º 2/1998 - Frandur Sete - Gestão Mobiliária e Imobiliária, Lda. - (Conceição - Tavira);

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 01 de junho do ano 2015

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1144, de 12 de Junho de 2015)

Page 7: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

região

12 de Junho 2015 | 7

d.r.

Ô Obra está orçamentada em 125 mil euros

Vila Real avança com requalificação da Estrada da Manta RotaTrabalhos devem estar concluídos até final do mês

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A CÂMARA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO está a requa-lificar e a pedonalizar o tro-ço da Estrada da Manta Rota compreendido entre a Rua Tenente General Vila Lobos e o Largo da Manta Rota (antigo casino).

Com esta medida, “serão criadas mais zonas de lazer, esplanadas e sombreamento e é melhorada a segurança de to-dos os moradores e veranean-tes”, anuncia a autarquia vila--realense em nota de imprensa. Por outro lado, “é dada conti-nuidade à requalificação da frente de praia da Manta Rota, onde foram investidos cerca de três milhões de euros entre os anos de 2005 e 2007”, explica.

A obra agora levada a cabo está orçamentada em 125 mil euros e viabiliza a delimitação dos passeios, assim como a sua ampliação (com largura a po-ente de 1.35m e a nascente de 2m), permitindo o igual aces-so a cidadãos com mobilidade reduzida.

Além da intervenção na Es-trada da Manta Rota, a autar-quia está a reorganizar o esta-cionamento no Largo da Manta Rota (antigo casino) e a demar-car lugares nas imediações das novas áreas pedonais.

Alterações nos sentidos de trânsito e nos acessos à entra-da e saída da praia

Na sequência desta opera-ção, serão realizadas algumas

alterações nos sentidos de trân-sito e nos acessos à entrada e saída da praia, que serão devi-damente sinalizadas no local.

Serão, contudo, “garanti-dos os acessos a moradores e estabelecimentos comerciais, tendo sido previstas zonas de cargas e descargas”, informa a edilidade.

Assim, a rua da Quinta da Manta Rota passa a ter dois sentidos, possibilitando o acesso à praia e aos parques de estacionamento nascente e poente, enquanto a rua do Barranco passa a ter sentido descendente. As entradas e sa-ídas dos parques de estaciona-mento irão manter-se iguais.

Os trabalhos devem estar

concluídos até ao final do corrente mês de Junho, per-mitindo a toda a população residente e flutuante desfru-tar daquela zona balnear sem quaisquer transtornos.

“A requalificação da rua da Manta Rota dá seguimento à empreitada de renovação dos sistemas de saneamento já efectuada naquele local, obra que, à semelhança do que está a ser efectuado em todo o concelho, põe fim a uma rede que misturava esgotos e águas pluviais, termina com os maus cheiros e permite a cobertura total do concelho de Vila Real com novas condutas de água e esgotos”, conclui a câmara vila-realense.

Page 8: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

8 | 12 de Junho de 2015

Loulé propõe três dias de mundo nas asas do MED Festival volta a ser incontornável na agenda de Junho

Ô Artistas de todo o mundo vão pisar os palcos do Festival MED

JUNHO NÃO É JUNHO SEM MED e o Algarve não seria o mesmo em termos culturais sem aque-le que é o mais representativo festival de música do mundo da região.

Este ano são novamente três dias de música non stop pela noite fora ao som de artistas de todo o mundo, apesar da marcada preponderância de nomes nacionais.

O MED abre as hostilidades com o som dos franceses Ba-bylon Circus, pouco depois da meia-noite de dia 25 e só fechará portas na tarde de dia 27 de Junho ao som do Ensam-ble de flautas de Loulé & alaú-des de Évora.

Pelo meio nomes da world music como Skip & Die, da Holanda e África do Sul, Cum-bia All Stars, do Peru, Batida, de Portugal e Angola, e Jean Paul Rena, da Holanda, mistu-ram-se com cabeças-de-cartaz portugueses, como Carminho, Cati Freitas, Cloudleaf e os Fer-ro Gaita.

Um sem fim de sonoridades para ouvir e muito para ver

naquele que é já um ponto de honra para quem vive, ou quem está de férias, por terras do Algarve.

BILHETES EM SALDOS ATÉ DIA 21 Para aceder ao MED, este ano os visitantes vão ter de desem-bolsar pelo bilhete diário sin-gular 12 euros e pelo familiar (dois adultos e duas crianças até 16 anos) 25 euros.

Já os três dias de música completos podem ser usufrui-dos com o bilhete integral do festival por 30 euros.

Mas até ao próximo dia 21, há saldos nos ingressos para o MED e neste caso os preços serão respectivamente na ver-são diário para uma pessoa e para todo o festival, de 10 e 25 euros. Já as famílias essas não têm desconto de pré-venda.

Mas a verdade é que o MED é mais do que um simples fes-tival e os ingressos permitem aceder a um espaço pensado para a diversão e o relaxamento em tempos de estio, com uma oferta variada de propostas, ab-solutamente convidativas.

REGIÃO

25 JUN

Ô Palco MatrizBabylon Circus (FR) 00:15Carminho (PT) 22:15

Ô Palco CercaSkip & Die (NL/ZA) 01:15Jambinai (KR) 23:15Cati Freitas (PT) 21:15

Ô Palco CasteloClube Conguito (PT) 01:45Brass Wires Orch. (PT) 23:45Tape Junk (PT) 21:45

Ô Palco BicaKeep Razors Sharp (PT) 00:00We Bless This Mess (PT) 22:30Them Strange Sick Blues (PT) 20:00

Ô Palco ArcoCloudleaf (PT) 23:30Luís Galrito (PT) 20:30

Ô Palco Med Classic Ensemble Med (PT) 19:30

26 JUN

Ô Palco MatrizCumbia All Stars (PE) 00:15Ester Rada (IL) 22:15

Ô Palco CercaBalkan Beat Box (IL/US) 01:15Aziza Brahim (SO) 23:15Raquel Tavares (PT) 21:15

Ô Palco CasteloDrumsprojx by Sylva Drums (PT) 01:45Batida (PT/AO) 23:45

Danças Ocultas& Dom La Nena (PT/BR) 21:45

Ô Palco BicaVítor Bacalhau (PT) 00:00Jean Paul Rena (NL) 22:30The Miranda’s (PT) 20:00

Ô Palco ArcoAn X Tasy (PT) 23:30G.I.G.G.Y. (PT) 20:30

Ô Palco Med ClassicSymbiosis (PT) 19:30

27 JUN

Ô Palco MatrizDj Marfox (PT) 02:15Ferro Gaita (CV) 00:15Nneka (NG) 22:15

Ô Palco CercaAlamedadosoulna (ES) 01:15Baloji (DC) 23:15Karyna Gomes (GW) 21:15

Ô Palco CasteloTiago Bettencourt (PT) 23:45Giana Viscardi (BR) 21:45

Ô Palco BicaTexabilly Rockets (PT) 00:00Poli and the Chain Gang (PT) 22:30Boris Buggerov (PT) 20:00

Ô Palco ArcoAl-Khimia (PT) 23:30Reflect (PT) 20:30

Ô Palco Med ClassicEns. de flautas de Loulé & de alaúdes de Évora (PT) 19:30

Tudo sobre o programa:

CONCERTO DE MIGUEL ARAÚJO É PONTO ALTO DA FESTIVIDADE

Altura celebra Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria

ALTURA CELEBRA as tradicio-nais Festas em Honra do Ima-culado Coração de Maria a partir desta sexta-feira e até domingo, numa organização conjunta da Paróquia, Junta de Freguesia e Câmara de Castro Marim.

Na abertura, sexta-feira, pelas 19 horas, a Feira de Artesanato de Altura, que decorre durante

os três dias de festa, e mostra as artes e ofícios locais e uma enor-me variedade de doçaria regio-nal. O desfile etnográfico, pela Associação Cultural “Amendo-eiras em Flor”, e a actuação da banda “Variações” animam o resto do serão.

Sábado, é o dia das celebra-ções religiosas em Honra do

Imaculado Coração de Maria, que começam às 17.30 horas com a recitação do Terço Maria-no, seguindo-se a Eucaristia às 18 horas, ambas na Igreja de Altura. Às 19 horas, a procissão percorre as ruas de Altura, como tradicio-nalmente. A noite traz uma arru-ada com o grupo popular “Pilha Galinhas”, às 20.30, e o concerto

de Miguel Araújo, às 22 horas. A fechar, um baile popular com o artista Sérgio Conceição.

No último dia, domingo, as festas serão palco da Marcha Po-pular de Bordeira, às 20 horas, da Banda Musical Castromari-nense, às 21, e, para fechar as comemorações, o grupo de dança “Arutla”, às 22 horas.

d.r.

POSTAL DO ALGARVE PUBLICAÇÕES E EDITORES, LDAContribuinte n.º 502 597 917

RELATÓRIO DE GESTÃO (Exercício de 2014)

Em cumprimento do Art.º 66 do Código das Sociedades Comerciais, a firma Postal do Algarve, Lda, com o número de pessoa

colectiva 502 597 917, com sede social em Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 r/c, em Tavira, vem por este meio apresentar o Relatório

e Contas do exercício findo em 31 de Dezembro de 2014.

1. Evolução da Economia Nacional

A situação da economia nacional e internacional ao longo do ano de 2014, caracterizou-se pela melhoria da crise financeira tendo-se

verificado um crescimento relativo da economia em toda a zona Euro, com melhorias óbvias no mercado.

2. Actividade da Empresa em 2014

A empresa tem como objectivo a edição de publicações periódicas e não periódicas, serviços de publicidade, comunicação,

fotografia e serviços recreativos.

3. Análise Económica e Financeira

O volume de negócios da empresa, expresso em termos de valor conjunto das Vendas e Prestação de Serviços, evoluiu no exercício.

Passando de 67.749,24 Euros para 112.143,13 Euros.

O Resultado Líquido do exercício de 2014, foi positivo em 10.001,75 Euros. O Passivo da empresa situou-se, no respectivo

exercício, em 83,52% do total do Activo.

4. Perspectivas de Futuro para a Empresa

A empresa a nível económico e financeiro encontra-se estável pelo facto de nos anos anteriores ter efectuado os necessários

ajustamentos, com perspectivas de melhorias nos próximos anos.

5. Proposta de Aplicação de Resultados

É proposto pela Gerência da Empresa que o Resultado Líquido do exercício de 2014, positivo, que se situou em 10.001,75 Euros,

tenha a seguinte proposta de distribuição:

Resultados Transitados: 10.001,75 Euros

6. Dívidas à Administração Fiscal:

A Empresa não tem em mora qualquer dívida à Administração Fiscal, Segurança Social e outras Entidades Públicas.Tavira, 30 de Março de 2015

O GerenteHenrique Manuel Dias Freire

Estatuto Editorial

(Elaborado nos termos do Artº 17º da Lei n.º 2/99 de 13 de Janeiro)

1. O “POSTAL do ALGARVE” foi fundado a 4 de Junho de 1986.2. O “POSTAL do ALGARVE” é um semanário regional de informação geral que tem como público alvo a população algarvia, sem prejuízo da informação veiculada a todos os leitores de outras regiões que beneficiam da amplitude da sua expansão.3. Para cumprir o objectivo máximo de bem informar, o “POSTAL do ALGARVE” veicula a informação produzida na região, bem como a exarada com o âmbito nacional ou mundial e que seja importante para o universo dos seus leitores.4. Rege a sua conduta pelo rigor informativo e com base nos princípios da liberdade de imprensa, no livre acesso às fontes de informação e no respeito pela dignidade humana.5. As opiniões do “POSTAL do ALGARVE” são unicamente as emitidas através do Editorial. As restantes publicadas no jornal são da inteira responsabilidade dos autores.6. O “POSTAL do ALGARVE” respeitará e assegurará a publicação de todas as opiniões desde que não originem, nem alimentem qualquer espécie de conflitos sociais, pressupondo sempre a boa fé dos leitores.7. O “POSTAL do ALGARVE” prima pela independência, não mantendo qualquer vínculo ou subjugação com qualquer força ou corrente política, económica, religiosa ou ideológica.8. O “POSTAL do ALGARVE” não se sujeitará a pressões ou censuras de qualquer origem e é respeitador da liberdade das forças e correntes referidas no número anterior, tratando-as com igualdade e isenção.9. Assume-se como um jornal aberto e plural perante a sociedade e as matérias que lhe são facultadas com a finalidade de uma futura publicação jornalística, pese embora não prescinda dos direitos de: a) Aceitar ou recusar a sua publicação; b) Escolher a data que considere a mais propícia para a sua divulgação; c) Iniciar e prosseguir investigações jornalísticas; d) O “POSTAL do ALGARVE” compromete-se a divulgar os assuntos que entenda revestirem-se de interesse público, mesmo que haja oposição da parte de quem veiculou a informação. e) Denunciar todas as violações do direito de informar, incluindo aquelas que impeçam ou prejudiquem o nor-mal exercício do jornalismo.10. O “POSTAL do ALGARVE” obriga-se a salvaguardar a identidade das suas fontes, salvo nos casos de o jornalista estar a ser manipulado ou usado para canalizar informações falsas.11. Em tudo o supra-referido e nas demais situações que possam ou não estar abrangidas pelos números anteriores, o “POSTAL do ALGARVE” orienta-se pelos princípios éticos e deontológicos que regem o jornalismo, respeitando a legislação vigente.

O técnico oficial de contas

Antero Arcanjo Mendes Romeira

A gerência

Henrique Manuel Dias Freire

Postal do Algarve, LdaDEMONSTRAÇÃO (INDIVIDUAL/CONSOLIDADA) DOS RESULTADOS POR NATUREZAS

Período findo em 31 de Dezembro de 2014

Rendimentos e Gastos EurosVendas e serviços prestados .......................................................................................................... 112.143,13 €Subsídios à exploração ..............................................................................................................................0,00 €Ganhos/perdas imputados de subsidiárias,associadas em empreendimentos conjuntos ..............................................................................................0,00 €Variação nos inventários da produção ........................................................................................................0,00 €Trabalhos para a própria entidade .............................................................................................................0,00 €Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas ....................................................................0,00 €Fornecimentos e serviços externos .................................................................................................-43.210,87 €Gastos com o pessoal .................................................................................................................... -39.788,10 €Imparidade de inventários (perdas / reversões) ..........................................................................................0,00 €Imparidade de dívidas a receber (perdas / reversões) ................................................................................0,00 €Provisões (aumentos / reduções) ...............................................................................................................0,00 €Imparidade de investimentos não depreciáveis/amortizáveis (perdas / reversões) ..............................................................................................................0,00 €Aumentos / reduções de justo valor ...........................................................................................................0,00 €Outros rendimentos e ganhos .............................................................................................................1.612,96 €Outros gastos e perdas .............................................................................................................................0,00 €

Resultado antes de depreciação, gastos de financiamento e impostos 28.256,20 €Gastos / reversões de depreciação e de amortização ...................................................................... -12.030,39 €Imparidade de investimentos depreciáveis/amortizáveis (perdas / reversões) ..............................................................................................................0,00 €

Resultado Operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 16.225,81 €

Gasto líquido de financiamento ............................................................................-4.918,23 €

Resultado antes de imposto 11.307,58 €Imposto sobre o rendimento do período ............................................................................................. 1.305,83 €

Resultado líquido do período 10.001,75 €Resultado das actividades descontinuadas (líquido de impostos)incluído no res. líq. período

Resultado líquido do período atribuível a:Detentores do capital da empresa-mãeInteresses minoritário .................................................................................................................................0,00 €Resultado por acção básico

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Page 9: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

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NOTARIADO PORTUGUÊSJOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRA

Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e cinco de Maio de dois mil e quinze, a folhas doze, do livro de notas para escri-turas diversas número cento e setenta e seis – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual, MARIA DA GRAÇA MESTRE DA SILVA SANTOS DE JESUS, NIF 107.651.386, natural da freguesia de Santiago, con-celho de Tavira e marido JOSÉ JOVIANO SANTOS DE JESUS, NIF 124.583.555, natural da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Urbaniza-ção dos Pézinhos, lote 42, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto por terra de cultura, oliveiras, amendoeiras e alfarrobeiras, sito em Solteiras, União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, com a área de seis mil metros quadrados, a confrontar do norte com ribeiro, do sul com caminho, do nascente com Maria Juliana e do poente com Francisco Va-lente, inscrito na matriz sob o artigo 12.115 (anterior artigo 12.427 da extinta freguesia de Conceição).

Que adquiriram o prédio por lhes ter sido doado verbalmente e nunca reduzido a escritura pública, feita pelos pais da justificante mulher, Maria do Nascimento, que também usava e era conhecida por Maria do Nascimento Mestre da Silva e António Bento da Silva, casados que foram sob o regime da comunhão geral de bens, resi-dentes que foram no sitio do Cabeço, Conceição, Tavira, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e cinco.

Que desde esse ano possuem o prédio em nome próprio, usufruindo do mesmo, cultivando a terra, tratando das árvores e recolhendo os frutos, pagando contribui-ções e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram o prédio por usucapião.

Vai conforme o original. Tavira, em 25 de Maio de 2015

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3

Conta registada sob o nº. PAO785/2015 Factura nº. 0784

(POSTAL do ALGARVE, nº 1144, de 12 de Junho de 2015)

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Cartório Notarial de TaviraExtrato de Escritura de Justificação

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte de Março de dois mil e quin-ze, exarada a folhas cento e trinta e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e oito – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

Leonel Tomás Fernandes Afonso, NIF 176558365, e mulher Dina Maria Afonso Pe-dro, NIF 205935761, naturais do concelho de Tavira, ele da freguesia da Conceição e ela da freguesia de Tavira (Santiago), casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no Sítio da Ribeira da Gafa, caixa postal 122-M, em Vila Nova de Cacela, Vila Real de Santo António, declararam:

- Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, dos seguintes prédios ur-banos, ambos sitos na Malhada de Peres, na União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, ambos não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira:

- prédio urbano composto por armazém destinado a actividade industrial, em estado de ruínas, com a área total de cento e trinta e seis metros quadrados, sendo a área coberta de cinquenta metros quadrados e a área descoberta de oitenta e seis metros quadrados, a confrontar do Norte com estrada, do Sul com Custódio João Fernandes, do Nascente com Leonel Tomás Fernandes Afonso e do Poente com caminho, inscrito na matriz da actual freguesia sob o artigo urbano 3029 , com proveniência no artigo 3984 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 1.400,00 €, igual ao atribuído para efeitos deste acto; e

- prédio urbano composto por armazém destinado a actividade industrial, em estado de ruínas, com a área total de noventa e nove metros quadrados, sendo a área coberta de trinta e sete metros quadrados e a área descoberta de sessenta e dois metros quadrados, a confrontar do Norte com estrada, do Sul com Custódio João Fernandes, do Nascente com Horácio Viegas Martins Fernandes e do Poente com Leonel Tomás Fernandes Afonso, inscrito na matriz da actual freguesia sob o artigo 3028, com proveniência no artigo 3982 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 1.030,00 €, igual ao atribuído para efeitos deste acto;

- Que os referidos prédios, com a indicada composição e área, chegaram à posse dos justificantes em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa e cinco, já no esta-do de casados entre si, por doação verbal feita pelos pais do justificante marido Manuel Custódio Afonso e mulher Florinda de Jesus Fernandes Afonso, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ele já falecido, residentes que foram Sítio da Malhada do Peres, da Conceição de Tavira.

- Que, assim sendo, não têm título suficiente da aquisição dos referidos prédios, estando, por isso, impossibilitados de comprovar a referida aquisição pelos meios extrajudiciais normais e de efectuar o registo do mesmos a seu favor.

- Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pa-cífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre os identificados prédios, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aqueles prédios – tendo já utilizado para armazenar alfaias agrícolas, ferramen-tas, lenha, feno e palha, tendo chegado a fazer obras de reparação, limpando os respec-tivos logradouro, suportando os respectivos encargos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram os referidos prédios por USUCAPIÃO.

Tavira, 20 de Março de 2015.

O Notário,

Bruno Filipe Torres Marcos

Acto registado sob o n.º 2/566

(POSTAL do ALGARVE, nº 1144, de 12 de Junho de 2015)

Page 10: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

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10 | 12 de Junho de 2015

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LUCRÉCIA MARCELINO NETO10-08-1929 / 06-06-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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AGRADECIMENTOA família enlutada cumpre o doloroso dever de agra-decer reconhecidamente a todas as pessoas que as-sistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 01 de Junho, para o Cemitério de Moncarapacho, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 05 de Junho, sexta feira, pelas 18 horas, na Igreja de São Paulo em Tavira.

“Paz à sua Alma”“Serviços Fúnebres efectuados

pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª”Tavira • Luz • V.R.Stº António

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AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

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NOTARIADO PORTUGUÊSJOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRANos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e um de Maio de dois mil e quinze, a folhas três, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e seis – A, deste Car-tório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual, MANUEL GONÇALVES DO NASCIMENTO REIS, NIF 105.526.665 e mulher MARIA DE FÁTIMA PAULINO VIEGAS REIS, NIF 198.274.564, ambos naturais da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no sitio da Umbria, Caixa Postal 263-U, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios rústicos, ambos sitos em Umbria, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber:

UM: Prédio composto por cultura, quatro oliveiras e sete figueiras, com a área de mil e cinquenta metros quadrados, que confronta do norte e nascente com João Simão, do sul com José dos Reis e do poente com Manuel José Francisco, inscrito na matriz sob o artigo 12.581; DOIS: Prédio com-posto por cultura, duas oliveiras e cinco alfarrobeiras, com a área de seiscentos e cinquenta metros quadrados, que confronta do norte com João Domingos Horta, do sul com ribeira, do nascente com José Gonçalves Jesus e do poente com João Simão, inscrito na matriz sob o artigo 12.690.

Que adquiriram os prédios em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e cinco, por compra verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita a Faustino Domingos e mulher Maria de Jesus, já falecidos, casados que foram sob o regime da comunhão geral de bens, residentes que foram no sitio dos Morenos, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, usufruindo dos mesmos, cultivando a terra, tratando das árvores e recolhendo os frutos, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e osten-sivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião.

Vai conforme o original. Tavira, em 21 de Maio de 2015

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3

Conta registada sob o nº. PAO759/2015 Factura nº. 0758

(POSTAL do ALGARVE, nº 1144, de 12 de Junho de 2015)

Page 11: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

opinião

Sobe

& d

esce Baixa de Faro

Numa baixa que dá sinais de recu-peração, com novos negócios e mais gente, a Câmara de Faro aposta agora num sistema de ensombramento das principais ruas pedonais, já era tempo de investimento público (Ler pág. 5).

Cancro

Quase um quarto das mortes no Algar-ve em 2013 deveram-se a problemas oncológicos. É um mal que teima em minar a vida dos algarvios e que o pro-jecto “Semear Saúde” combate junto da comunidade (Ler págs. 2 e 3).

12 de Junho de 2015 | 11

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: [email protected]: www.postal.pt

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388).Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco.Propriedade do título: Henrique Manuel Dias FreireEdição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.

Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:8.166 exemplares

E-mail da redacção:

[email protected]

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada

>> ASSINALE A FRASE CORRETA

� A – A abudancia e a carencia são realidades do mundo contemporâneo. � B – A abundância e a carência são realidades do mundo contemporâneo. � C – A abundancia e a carencia são realidades do mundo contemporâneo. � D – A abundância e a carência são realidades do mundo contemporaneo.

- Sabes onde estou??- Sei. Algures em Itália,

numa esplanada, a beber uma cerveja com os teus amigos...

- Vá lá! Tenta! Se acertares, levo-te uma prenda!

Fiquei realmente feliz com todo aquele entusiasmo.

- Desisto, diz-me tu.- Estamos na praça de São

Marcos, em Veneza!Os amigos, ao fundo, con-

firmavam o facto.- O h h h h p á á á . . . Q u e

bom!!!- exclamei, com um sorriso rasgado.

No dia anterior, depois de aterrar em Bolonha, o Ricar-do ligou-me com uma vozi-nha triste:

- Está a chover... Tenho saudades tuas. É tão bom viajar contigo... És tão diver-tida... é diferente.

- Deixa de ser parvo! Te-mos o resto da vida para conhecer o Mundo. Agora vai divertir-te e aproveitar a

companhia dos teus amigos, palerma!

Amar é deixar viver. É po-tenciar as experiências do

outro mesmo quando não estamos nelas. É ficar feliz com o enriquecimento do outro como se acontecess connosco.

Poderia dizer também que amar bem é deixar par-tir, mas estaria a falhar uma das premissas mais básicas: ninguém é dono de ninguém para se arrogar o direito de permitir ou proibir o que quer que seja.

Amar é deixar viver. E é proporcionar um apoio fe-liz a cada nova partida. Só assim o nosso par entende todo o nosso valor e regres-sa não só mais rico e belo... como a morrer de saudades.

Amar e deixar viver

Ana Amorim Dias - [email protected]

� A – Só uma grande inocencia justifica uma atitude tão magnânima. � B – Só uma grande inucência justifica uma atitude tão magnanima. ; C – Só uma grande inocência justifica uma atitude tão magnânima. � D – Só uma grande inocência justifica uma atitude tão magnanima

1 - A solidão (vou ser bre-ve, por hoje, nesta questão tão importante!) afecta dezenas de milhares de pessoas no nosso país! O envelhecimento da população, disparates dos decisores políticos, a crise que afecta a UE e nomeadamente Portugal, contribui para essa dramática solidão, muitas ve-

zes acompanhada de fome e doenças! Mas e as pessoas Se-nhor? As pessoas não podem, nem devem, ser vítimas inde-fesas desta “conjuntura”!

2 - O facebook e outras redes sociais podem ajudar, embora pouco, a atenuar a solidão de muitas pessoas e a dar-lhes ânimo! Existem cen-tros de dia, onde as pessoas podem conviver umas com as outras e aprender com os seus semelhantes que aí tra-balham a usar o computador. Podem “falar” com os filhos que estão em Setúbal, ou no Brasil! Isso ajuda um pouco! Um exemplo de um peque-no conto, no facebook: Dois

ursinhos falam entre si: Urso A - que dia é hoje?; Urso B -

hoje é hoje. Urso A - é o meu dia preferido!

3 - Parabéns ao Sporting, que, com dez jogadores, du-rante 75 minutos, e a per-der 2 a 0, conseguiu ganhar o jogo e a Taça de Portugal! Parabéns a todos os jogado-res e ao grande treinador Marco Silva!!

4 - Leiam, se quiserem/pu-derem, um bom livro; indico o romance “Número Zero”, do grande escritor UMBER-TO ECO, com 163 páginas, muito interessante, acho, e de preço bem acessível (edi-tora Gradiva, publicado em Maio de 2015).

O preço aqui, também conta!

Um olhar sobre as pessoas

Sebastião FerreiraJurista e [email protected]

Page 12: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

última

Defesa do consumidor lança petição para acabar com roamingRecolha de assinaturas para eliminar tarifas nas ligações internacionais a partir de Dezembro

Ô Problema do roaming afecta grande parte da população europeia

Tiragem desta edição:8.166 exemplares

d.r.

O POSTAL regressa no dia

3 de Julho

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A DECO, A OCU - ORGANIZA-ÇÃO DE CONSUMIDORES E USUÁRIOS DE ESPANHA , o Eixo Atlântico, a Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças - RIET, com o apoio da Organi-zação Europeia de Consumi-dores - BEUC, lançaram, con-juntamente, uma campanha digital a nível europeu, de recolha de assinaturas, para apoiar a posição do Parlamen-to Europeu relativa à elimina-ção do roaming telefónico a partir de Dezembro de 2015.

A campanha lançada sob o lema “Zero Roaming”- www.change.org/zero-roaming, “quer mobilizar os cidadãos contra o injustificado sobre-

custo que, atentatório do Mer-cado único Europeu, afecta os direitos dos cidadãos e cons-titui a última fronteira da Eu-ropa”, explica a associação de defesa do consumidor.

O roaming constitui a últi-ma fronteira da Europa, com um impacto muito negativo para os cidadãos, prejudican-do uma grande parte da po-pulação europeia. Este não é só um problema exclusivo dos turistas, mas também de estu-dantes residentes no estrangei-ro, empresários, trabalhadores e cidadãos que habitam nas re-giões das fronteiras internas da União Europeia.

Por isso, a Comissão Eu-

ropeia propôs “a sua elimi-nação e o Parlamento ratifi-cou-a, concretizando o seu desaparecimento para o dia 15 de Dezembro de 2013. La-mentavelmente, a posição de alguns Governos dos Estados--membros, especialmente os do sul, travou a proposta do Parlamento, privilegiando as posições das operadoras, em detrimento da posição dos cidadãos e pretende adiar, de maneira injustificada, a elimi-nação do roaming até ao ano de 2018”, refere a DECO.

Coincidindo com a reunião do Parlamento, a Comissão e Estados-membros, de que se espera avanços significativos sobre um possível acordo an- tes do Verão, as organizações

promotoras lançam esta pe-tição para que os cidadãos façam ouvir a sua voz, a favor do fim do roaming.

“Este é mais um exemplo de como as grandes empre-sas impõem os seus interesses particulares, em detrimento dos interesses dos cidadãos e contra as decisões das or-ganizações que os represen-tam. Para lutar pelo interes-ses dos cidadãos, pedimos o apoio de todos para exigir o cumprimento da proposta do Parlamento Europeu e a eli-minação do roaming em De-zembro de 2015”, pode ler-se na nota de imprensa enviada à nossa redacção.

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Page 13: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

www.issuu.com/postaldoalgarve8.166 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTAL

em conjuntocom o PÚBLICO

JUNHO2015n.º 81

d.r

.

As setes vidas de um

programador cultural

p. 5

Nossa Senhora das Ondas:

Regresso ao esplendor

p. 8

d.r.

Eleanor Catton – Uma jovem autora confirmada

p. 4

d.r.

Espaço AGECAL:

Territórios sustentáveis, paisagens culturais e o Algarve p. 2

Artes visuais:

Qual o ‘lugar’ da Psicologia da Arte?

d.r.

p. 6

d.r.

Letras e Leituras:

A culpa é da Comunicação?

p. 10

d.r.

Espaço ao Património:

Page 14: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

12.06.2015 2 Cultura.Sul

AGENDAR

IV MOSTRA-TE

Olhão mostrou a sua vita-lidade e a dinâmica da sua juventude em mais uma edi-ção do MOSTRA-TE. Na sua

quarta edição, esta iniciativa é já um marco no concelho e a nível da região. Trata-se de uma iniciativa Ímpar, pe-los objetivos, pelas entida-des que envolve e pela sua duração.

31 dias sem parar

Durante 31 dias, Olhão não pára, com atividades diárias de âmbito cultural, social, artístico e desportivo,

organizadas pelo município em parceria com as entida-des vocacionadas para a ju-ventude de todo o concelho.

Esta tem sido uma oportu-nidade da juventude mostrar a sua dinâmica e da comu-nidade olhanense apoiar e orgulhar-se do trabalho apresentado pelas gerações mais novas.

O apoio do Município tem sido essencial e revela que, em termos de polÍticas de

juventude, Olhão é inova-dor e sabe responder às ne-cessidades e interesses dos jovens, disponibilizando re-cursos humanos e matérias para a concretização das vá-rias iniciativas.

Realizado no mês de ani-versário da Casa da Juven-tude, esta é também uma forma deste espaço munici-pal mostrar a sua dinâmica e apresentar o trabalho que desenvolve ao longo do ano.

Também o Auditório, um espaço de excelência da nossa terra, abriu as portas ao talento dos jovens olha-nenses, nas várias áreas. Um exemplo da utilização das estruturas e recursos em prol dos olhanenses.

Ao longo do mês, foram vários os espetáculos de grande qualidade realizados pelos nossos jovens e sempre com sala cheia.

Que venha a próxima edição!

Ricardo [email protected]

Editorial

Juventude, artes e ideias

Jady Batista Coordenação Jornal J

“PORTUGAL, PAÍS DAS MARAVILHAS”22 e 27 JUN | 21.00 | Centro Cultural de LagosO Boa Esperança, apesar da crise já há algum tempo instalada e de tantas outras contrariedades, promete não poupar nas gargalhadas na sua Revista à Por-tuguesa

“AS MARIAS…”12 JUN | 21h30 | Teatro das Figuras - FaroAntónio Raminhos leva o público numa viagem pe-los dramas e peripécias da infância, adolescência, casamento e paternidade, da forma muito própria a que já nos familiarizou...

Espaço AGECAL

A palavra sustentável tem ori-gem no termo latino “sustenta-re”, que significa segurar, apoiar, conservar.

O conceito de “sustentabilida-de” relaciona-se com actividades humanas correctas do ponto de vista ecológico, economicamente viáveis, socialmente justas e respei-tadoras da diversidade cultural.

Em 1987 a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambien-te e o Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável como “o progresso ou desenvolvi-mento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as capacidades das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”.

A situação global não é ani-madora. A procura de recursos no planeta é hoje 50% superior ao que a natureza pode renovar, necessários seriam 1,5 planetas para os produzir.

As populações de peixes, aves,

mamíferos, anfíbios e répteis di-minuíram 52% desde 1970.

Os países ricos deixam uma “pegada ecológica” cinco vezes maior do que a dos países sub-desenvolvidos e as “doenças da civilização”, não transmissíveis e do comportamento, estão entre as primeiras cinco causas de mor-te no mundo.

O rosto do planeta alterou-se. Em Maio de 2007, a população urbana ultrapassou a rural pela primeira vez na História da Hu-manidade e grande parte da população já não sabe ou pode produzir os seus alimentos.

As 200 maiores bacias hidro-gráficas, das quais depende um terço da humanidade, têm escas-sez de água severa durante pelo menos um mês por ano.

O discurso produtivista domi-na, como se não se verificassem alterações no clima.

A protecção das paisagens cul-turais e alimentares é hoje uma das linhas de defesa da biodiver-sidade e da qualidade da vida humana.

Na Convenção da UNESCO para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural de 1972 define-se como paisagens culturais «bens culturais» que re-presentam «obras conjugadas do homem e da natureza» (art.º 1). As paisagens culturais «ilustram a evolução da sociedade e dos esta-

belecimentos humanos ao longo dos tempos, os condicionalismos mate-riais e/ou as vantagens oferecidas pelo ambiente natural, as influên-cias económicas e culturais, internas e externas».

A «identidade paisagística» e a «qualidade paisagística» re-sultam da identificação das populações com a protecção do seu património cultural e ambiental, sendo as formas de vida colectiva parte integrante, como elementos de afirmação, diferenciação e personalização.

Em Portugal foram classifi-cadas como Património da Hu-

manidade a paisagem cultural de Sintra (1995), o Alto Douro Vinhateiro (2001) e a Paisagem da Cultura da Vinha na Ilha do Pico (2004). Confirmaram-se ele-vados benefícios, a melhoria e re-qualificação da economia local, nomeadamente nas produções e no sector do turismo.

São necessárias medidas de or-denamento e gestão, com inclu-são das paisagens culturais nos PDMs. Impõe-se legislação de protecção à agricultura familiar e às produções endógenas.

Uma das questões que o Algar-ve enfrenta e de uma forma geral

todo o País, é como manter os ter-ritórios vivos, produtivos, atracti-vos e sobretudo sustentáveis.

Entre os problemas já conhe-cidos acresce nos últimos anos a emergência de uma agricultura intensiva de “produções de todo o ano”, com elevados consumos de água em solos com valor bio-lógico e maior fertilidade, que está a alterar a paisagem algar-via com proliferação de plásticos.

Este tipo de agricultura que poderia encontrar zonas e terre-nos mais apropriados, a crescer a este ritmo em breve comprome-terá o futuro ambiental e turísti-co da região.

Há alternativas de compatibi-lidade entre economia e preser-vação das paisagens culturais. Si-nergias e complementaridades entre sectores económicos, am-bientais e culturais, permitem in-verter processos de desertificação, criar novas funções em espaços rurais, a revitalização demográfi-ca e serviços de turismo sustentá-vel, agriculturas de proximidade associadas à protecção da biodi-versidade e à revalorização das paisagens culturais.

O futuro está nas economias de alto valor ambiental e econó-mico-cultural como a “dieta me-diterrânica”, a que o Algarve está associado por decisão da UNES-CO em 2013 com implicações ju-rídicas no plano da salvaguarda.

Territórios sustentáveis, paisagens culturais e o Algarve

Jorge QueirozSociólogo,Sócio da AGECAL

Paisagem do Alto Douro Vinhateiro

As menoridades, ainda que impostas por terceiros, vencem--se tendo delas consciência - e neste caso consciência da sua ori-gem - e trilhando um caminho em prol da sua superação e/ou do desbaste dos seus pretensos argumentos.

Nos apoios plurianuais da Direcção-Geral das Artes (DG ARTES) às NUTS nacionais, assen-tes num quadro legislativo, que a pouco mais convida do que ao aproveitamento do seu talhe re-cheado de conceitos indetermi-nados, a margem de manobra da DG Artes tem brindado o Algarve com uma sucessiva e despudora-da menoridade.

Sim, somos apenas um quin-to da população nacional. Mas ainda que fosse a população o critério - inadmissível enquanto singela ponderante -, o Algarve não deveria contar com apoios de somente 250 mil euros para a totalidade das vertentes artísticas por oposição ao resto das regiões que - ainda que legitimamente - se amancebam com gloriosos 400 mil por cada área cultural.

Enfumada de cerrado nevoei-ro, a fórmula de ponderação da atribuição das dotações base da DG Artes, impõe a oposição do sonoro algarvio.

Não podemos ser coniventes com a indefinição conveniente ao desmando e às lateralidades e se por cá não temos o silvo do Bugio que leva a bom porto os dinheiros da Cultura, ainda te-mos o Farol de São Vicente, en-tre os mais potentes do Mundo.

Nem de propósito, Luís Vicen-te, director da ACTA, está entre os primeiros defensores de um abaixo assinado, disponível no Teatro Lethes para quem quei-ra assinar, que exige tratamen-to igualitário para o Algarve na distribuição das verbas da DG Artes. Já assinou?!

Pela igualdade, assinar! Assinar!

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12.06.2015  3Cultura.Sul

Grande ecrã

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | [email protected]

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO AN-TÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS

11 JUN | LEIJONASYDAN – HEART OF A LION (CORAÇÃO DE LEÃO), Dome Ka-rukoski – Finlândia/Suécia 2013 (104’) M/16

18 JUN | GETT (O PROCESSO DE VIVIANE AMSALEM), Ronit e Shlomi Elkabetz – Is-rael/Al/F 2014 (115’) M/14

25 JUN | I LOVE KUDURO, Mário Patrocí-nio – Port/Angola 2014 (96’) M/12

Cinema no Museu de FaroCom a chegada do bom tempo,

os claustros do Museu Municipal de Faro voltam a transformar-se numa sala de cinema a céu aberto, acolhendo as sessões do Cineclu-be de Faro. A abrir as hostes destas noites cinéfilas, dia 16 de junho, às 21.30: - Silêncio! Que vamos ter “Fado Camané”, do realizador Bru-no de Almeida.

Esta é uma longa-metragem documental sobre uma das maio-res vozes da actualidade que vai explorar o processo de criação de uma das obras essenciais do fado, e centrar-se na relação de Camané com o compositor e produtor José Mário Branco e a poetisa Manuela de Freitas.

A 23 de junho, continuamos com produções nacionais e o des-taque vai para a derradeira longa--metragem de Paulo Rocha, “Se Eu Fosse Ladrão… Roubava”; uma evocação da infância e juventude do pai do realizador, em particu-lar, o sonho obsessivo deste de emigrar para o Brasil, para onde partiu efectivamente em 1909.

A fechar este mês, no dia 30 de

junho, propomos “Mr Turner”, de Mike Leigh, que nos oferece um impressionante retrato (ou será impressionista?) dos últimos anos de vida de um dos mais im-portantes e radicais artistas ingle-ses, o pintor inglês Joseph Mallord William Turner.

O cartaz de cinema do CCF para o Verão não fica no entanto por

aqui, a partir de Julho, as sessões de cinema ao ar livre mudam-se para o que pretende ser um espaço de cultura e lazer na cidade velha de Faro, que irá contar com a dinami-zação de várias associações culturais para trazer cinema, exposições, en-contros, c≠oncertos e muito mais à zona histórica da cidade.

Cineclube de Faro

fotos: d.r.

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

MUSEU MUNICIPAL | 21.30 HORAS

16 JUN | FADO CAMANÉ, Bruno de Almei-da, Portugal, 2014, 72’, M/6

23 JUN | SE EU FOSSE LADRÃO... ROUBA-VA, Paulo Rocha, Portugal, 2012, 87’, M/14

30 JUN | MR. TURNER, Mike Leigh, Reino Unido, 2014, 150’, M/12

Claustros do Museu Municipal de Faro

Momento

Ponha aqui o seu PézinhoFoto de Ana Omelete

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12.06.2015 4 Cultura.Sul

Eleanor Catton – Uma jovem autora confirmada

Eleanor Catton é uma jovem autora, nascida em 1985 no Ca-nadá, que cresceu e vive na Nova Zelândia. Formada em escrita fic-cional publicou duas obras.

O seu romance de estreia, O Ensaio, publicado pela Gradiva, gira em torno de um escândalo sexual numa escola secundária mas o que dá impulso à obra não é a história do escândalo em si, enquanto assunto mais ou menos recorrente e sensa-cionalista de tablóides, mas sim o tratamento dado ao tema. O escandâlo está aliás consumado quando conhecemos as várias personagens que estão mais ou menos directamente ligadas ao mesmo. A força motriz do ro-mance é, afinal, a própria consci-ência que os estudantes ganham de si, da sua identidade e da sua

sexualidade, face ao sucedido, como se o tornar público de algo inominável e proibido despole-tasse toda a libertação de desejos e pulsões íntimas. Um grupo de raparigas adolescentes ganha assim consciência do poder que detêm, nomeadamente quando são chamadas a reunir com um psicólogo que de alguma for-ma procura remoer o assunto de modo a assegurar que do es-cândalo não resultam traumas e mazelas. Se, por um lado, parece haver um tratamento cuidado-so e púdico do tema, por outro lado, a publicidade repentina que a escola sofre vai ser apro-veitada como intriga central de uma peça de teatro que será in-teiramente concebida e interpre-tada por um grupo de actores no primeiro ano do Instituto, uma escola de artes dramáticas local de grande reputação. Todos os anos é pedido aos jovens actores que criem a sua própria peça, de modo a mostrar aos professores bem como a toda a comunidade o seu valor e o próprio tema da peça é sempre mantido em se-gredo mesmo junto dos profes-sores. Esta peça resolve converter o escândalo num espectáculo e,

tal como o próprio título indi-ca, ao longo da obra cada acto e cada gesto parecem resultar numa performance teatral. Os próprios diálogos parecem por vezes solilóquios dramáticos, e o livro acompanha afinal os en-saios desta peça que servirá de afirmação aos jovens actores, da mesma forma que este mo-mento da vida das jovens prota-gonistas (e de um único rapaz, Stanley), entre os 15 e os 18 anos, se pode definir como uma prova de acesso, retratando-se os dile-mas e os conflitos emocionais que definem estas idades. O fi-nal da adolescência surge assim como ensaio da própria idade adulta, em que é preciso expe-rimentar e arriscar de forma a descobrir. A comprovar que são os adolescentes que ganham protagonismo no livro temos o pormenor de que todos os jovens têm nomes enquanto que os adultos, isto é, os pro-fessores ou pais, são apenas designados pela sua profis-são: professor de Movimen-to, psicólogo, etc.

A conduzir a intriga te-mos a figura um pouco soturna e misteriosa da professora de Saxofone. Esta figura que se coloca sempre distante, enquan-to observadora, tem no entanto a capacidade de manipular as pesso-as que passam pelo seu estúdio: não somente as alunas inocentes e igno-rantes dos meandros da

complexidade e da mal-

dade humana, mas também as mães que desesperadamente parecem apelar à professora que tenha uma atenção especial para com as suas filhas. No final do li-vro temos um momento muito bem orquestrado em que já não sabemos, de tal forma se cruza o ensaio com a realidade, se foi a professora a manipular duas das suas alunas a unirem-se amoro-samente, numa espécie de com-pensação da história amorosa que ela nunca teve com a sua própria professora, que terá re-cusado os seus impulsos, ou se são as próprias alunas a vingar--se da professora por ter tentado manipular as suas vidas.

A única personagem central masculina, Stanley, é um jovem actor promissor, tão competen-te que veste completamente a personagem de Mr. Saladin, de-sempenhando o seu papel até às últimas instâncias, quando, no final do romance, se aper-cebe de que está a namorar a irmã da jovem vítima de assé-dio sexual e ele próprio tem 18 anos, enquanto ela ainda não atingiu a maioridade. Numa espécie de reviravolta própria das antigas tragédias gregas, a própria jovem só irá tomar consciência na noite de estreia da peça, à qual levou os pais para lhes poder mostrar o seu novo namorado. Temos ainda o pai de Stanley, psicólogo, que mantém um sórdido jogo psi-cológico com o filho, que con-siste em tentar chocar o outro com as mais ordinárias piadas relacionadas com pedofilia.

Em suma, temos um livro que toma como ideia central o facto de que todos nós usamos más-caras e desempenhamos cons-tantemente um papel, e mes-mo quando algo muito íntimo deflagra e se torna do domínio público, como o escândalo se-xual entre Victoria e o profes-sor, as fronteiras entre o real e a ficção continuam difíceis de esbater.

A segunda obra, Os Lumina-res, publicada pela Bertrand, confirmou, quatro anos depois, o talento ficcional da autora que arriscou com um livro denso de 888 páginas, cuja originalida-de foi reconhecida com o Man Booker Prize 2013, o que faz de Eleanor Catton a mais jovem au-tora de sempre a receber o pré-mio bem como com o romance mais extenso.

Numa noite de tempestade, para realçar desde logo o am-biente de mistério, um jovem de Edimburgo, Walter Moody, entra no primeiro hotel que lhe apare-ce assim que desembarca da sua viagem até à cidade de Hokitika, na Nova Zelândia. É curioso notar como ao tentar guiar-se pelas es-trelas, o jovem descobre que o céu agora lhe aparece invertido, com as constelações fora do seu lugar habitual, o que acentua todo o sentimento de estranheza em que se vê mergulhado bem como do que se seguirá. Apesar de abalado pelo incidente sobrenatural que presenciou no barco, aperceber--se-á que interrompeu uma reu-nião entre 12 homens que estão, eles próprios, a tentar deslindar o

seu próprio mistério, cujo segre-do cruza peças tão díspares como uma prostituta, um traficante de ópio, um jovem misteriosamen-te desaparecido, uma fortuna desaparecida e a, até então, des-conhecida viúva de um eremita, também vidente.

Os Luminares situa-se, ao jei-to pós-moderno, entre géneros, pois tem tanto de romance po-licial como de romance histó-rico, e arrisca a vários níveis: inovador pelo tema, com um mistério por resolver no sécu-lo XIX; pelo número extenso de personagens, pois em tor-no desse mistério agrupa-se o destino desses 12 personagens, desde europeus a chineses, pas-sando por uma personagem Maori, o que serve para definir a variedade intercultural des-se novo mundo; pela estrutura que lembra a dos romances vi-torianos, com pequenos resu-mos dos acontecimentos cen-trais de cada capítulo a abrir o mesmo; pela divisão do livro em várias secções, novamente em doze, bem como pelo tra-tamento sequencial da intriga, que no final, é contada de trás para a frente, em capítulos cada vez mais curtos, dado o conhe-cimento prévio que o leitor tem do que já leu e cujas peças co-meçam finalmente a fazer sen-tido; e pela novidade da intro-dução de cartas astrológicas a abrir cada secção do romance, onde há inclusivamente a refe-rência da posição dos planetas nas respectivas casas. Um desa-fio a não perder!

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

fotos: d.r.

Eleanor Catton é uma jovem escritora que já publicou ‘O Ensaio’ e ‘Os Luminares’

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Panorâmica

As sete vidas do programador cultural

Cultura e escuta-inclusão-formação de públicos

d.r.

No imaginário colectivo associa-se a expressão “sete vidas” ao gato devido à eficiência do seu sistema imunológico e à sua agilidade/habilidade e resistência quando confrontado com situações de adversidade e risco. O número sete é mís-tico por excelência, indicando, segundo os antigos, o processo transformador de passagem do conhecido para o desco-nhecido. Não é difícil fazer o paralelismo com o perfil e função do programador cultural: imaginação, ousadia, (sobre)vivência e fôlego criativos, curiosidade (felina) e atenção sensível ao que o rodeia, resiliência, elasticidade (para saltar/fazer pontes), foco estratégico, capacidade de estimulação e envolvimento (do outro: político, público, agente, criador, intér-prete).

Sete vidas, que são, no fundo, sete de-safios (+1) para o programador enquan-to agente do circuito cultural:

1/ Há uma percepção (deseja-se que não acrítica nem passiva) de que o país vive actualmente, sobretudo em cidades pequenas/médias, numa fre-quência cultural (dominantemente) de concessão ao mainstream, dada uma maior secundarização da cultura em detrimento de necessidades mais ime-diatas e “básicas”. O consumo cultural imediato tem sido mais remetido para a esfera privada (casa) através do acesso aos livros, imprensa escrita, televisão e internet, e a fruição social da cultu-ra (acesso a espaços públicos) parece passar mais pela adesão às tendências e modas dominantes, com menor dis-ponibilidade psicossocial, dadas as restrições económicas, para formatos mais alternativos. Se esta realidade aca-ba condicionando as opções de progra-mação de não poucos equipamentos culturais no sentido de uma (tentado-ra, menos arriscada e mais “pacífica”) aposta em propostas mais populares e mediáticas, a mesma também acentua a inegável importância de, em nome da criação/formação de públicos e dos va-lores de diversidade e complementaridade que as estruturas culturais estatais, de serviço público, devem estimular e per-seguir, não prescindir, em paralelo, da apresentação de propostas mais out of the box que privilegiem áreas artís-ticas menos visíveis/conhecidas e suas diversas ramificações criativas, bem como linguagens mais contemporâ-neas e abordagens interdisciplinares centradas na fusão e experimentalis-

mo estéticos – explorando assim o in-comum, o imprevisível, o desconhecido e questionando/alargando os horizon-tes dos seus destinatários. Trata-se, no fundo, de conjugar, dosear/temperar, reiterar e alternar (com sensatez, re-alismo e arrojo) estas duas vertentes, em moldes que variam em função das estratégias de programação, dos públi-cos, dos equipamentos em si (e recur-sos adstritos) e dos contextos culturais e criativos envolventes.

2/ Se os equipamentos culturais vi-sam não só a formação de públicos,

mas também o estímulo e interacção com os agentes culturais e criativos da comunidade em que se inserem, a realização de uma programação par-tilhada e/ou comprometida, assente em projectos participativos, afigura--se fundamental para alcançar esses objectivos. Para além das potencialida-des inclusivas que esse caminho pode oferecer, a integração dos públicos e/ou comunidades próximas no proces-so de programação – assumindo estes um papel criador e/ou curador – pode constituir ainda uma estratégia eficaz de escuta dos receptores culturais re-lativamente às suas reais necessidades e expectativas.

3/ Nos grandes centros urbanos é possível definir, para cada estrutura, linhas de programação para áreas ar-tísticas específicas (segmentando mais determinado tipo de oferta e aprofun-dando toda a sua tentacularidade) dada a quantidade e heterogeneidade de equipamentos existentes, o arco geográfico que os mesmos cobrem e o considerável público-alvo a que se destinam. Nas cidades de menor peso demográfico, em que não abundam os espaços culturais, cada um destes procura, à partida, proporcionar um leque mais ecléctico de possibilidades e facetas, “tocando vários instrumentos”. Mas também nestes meios é essencial a articulação e complementaridade en-tre equipamentos de âmbito cultural inseridos no mesmo território de inter-venção e dotados de missões similares/

afins, isto ao nível das áreas artísticas a priorizar, de eventuais colaborações a encetar e da própria calendarização dos eventos, de modo a reforçar a coe-xistência institucional e a tornar mais eficaz o impacto das várias propostas dirigidas a uma mesma comunidade.

4/ Dadas as assimetrias patentes no Algarve em termos de capacitação cul-tural e de adesão de público, as limita-ções orçamentais com que muitas enti-dades se deparam e as ainda reduzidas práticas de cooperação existentes entre municípios ao nível das suas estrutu-

ras/equipamentos culturais (recorde-se, contudo, um bom exemplo, ocorrido em 2011-2012, com o projecto “Movi-menta-te”, financiado por fundos eu-ropeus e que juntou as autarquias de Faro, Loulé, Olhão, S. Brás de Alportel, Tavira e o Teatro Municipal de Faro na promoção das artes performativas), é fundamental o estabelecimento de parcerias ao nível local/regional e nacional, e de mecanismos intermu-nicipais de programação em rede (de maior ou menor espectro), de modo a captar financiamentos, agilizar recur-sos, reduzir/distribuir custos de pro-dução, estimular fluxos de público e potenciar dinâmicas e projectos, sendo que a Rede de Museus do Algarve (cria-da em 2007 como estrutura informal e já com uma dinâmica assinalável), o surgimento da Rede de Arquivos do Al-garve em 2011 e, mais recentemente, a concertação encetada entre os tea-tros/auditórios municipais da região visando uma articulação conjunta são indicadores esperançosos a este nível.

5/ No que toca sobretudo (mas não só) a propostas de programação mais alter-nativas, ligadas a certas linguagens per-formativas e a temáticas/conteúdos mais herméticos e complexos, há que adop-tar ferramentas que, em conexão com a programação, convoquem públicos diferenciados (os “nichos”), promovam o conhecimento de novas práticas cul-turais e fomentem a reflexão, partilha e conhecimento, apurando sensibilidades e sentidos críticos. A preocupação – mui-

tas vezes descurada pelos agentes cultu-rais – com a componente de mediação de públicos revela-se, a este nível, fulcral, afirmando-se como um meio imprescin-dível para uma efectiva inclusão e capta-ção de receptores para certos programas propostos que, pelas suas características, carecem de maior envolvimento ao nível da educação cultural e artística. Esta media-ção, ou construção/facilitação de pontes, concretiza-se quer nas chamadas activi-dades paralelas (workshops, encontros, conversas pré ou pós-espectáculo, visitas guiadas e serviços especiais), quer nos serviços educativos vocacionados para

grupos escolares e famílias, quer ainda nos projectos continuados, sendo que as residências artísticas também podem ter aqui um papel de relevo.

6/ A comunicação é outro oxigénio essencial à vida do programador, visto ser uma área técnica que, como coadjuvante do processo de implementação de um projecto cultural e artístico, requer, por parte dos responsáveis por esse sector, um conhecimento consistente do mes-mo e do seu target, e um domínio das ferramentas mais adequadas para a sua valorização e conhecimento públicos. Daí a importância de definir e difundir atem-padamente um plano de programação a médio-prazo (trimestral, semestral, anu-al), de adoptar os meios e estratégias de divulgação mais adequados ao mesmo (a nível de timings, locais, segmentos de público, suportes, parcerias, etc.), bem como de envolver efectivamente (e qua-lificar quando necessário) todos os inter-venientes que estão integrados nos vários contextos de interface com o público (as frentes de casa, a bilheteira, os gabinetes de comunicação), bem como as equipas técnicas, para os objectivos e conteúdos da programação apresentada.

7/ Acessibilidade cultural: muitos equipamentos, municipais e/ou ligados à administração central, debatem-se ac-tualmente com orçamentos muito dimi-nutos (ou menos, inexistentes), fruto de um gradual desinvestimento estatal na área cultural, já não falando em estrutu-ras profissionais privadas ligadas às artes

performativas, que sofreram cortes signi-ficativos (ou até integrais) em termos de subsidiação pública. A ausência ou défice, nos equipamentos culturais públicos, de recursos financeiros para programação acarreta um notório aumento de “aco-lhimentos” e de partilhas de bilheteira em moldes de co-produção, o qual, não obstante permitir que muitos teatros/au-ditórios continuem a funcionar (dado o exíguo esforço económico empreendi-do), apresenta, quando se torna dominante e muito regular, várias desvantagens em termos de acesso, nomeadamente: um claro encarecimento do valor dos ingres-sos (o que, ainda assim, não parece inibir a procura sempre que se trata de certos fenómenos mediáticos [veja-se os efeitos “Zambujo” ou “família Carreira”, entre outros], mas que provoca, por exemplo, um maior retraimento dos receptores pe-rante propostas de qualidade mas de teor mais alternativo); um significativo menor encaixe de receita de bilheteira para os equipamentos que acolhem as produ-ções; e um menor controlo do programa-dor sobre a qualidade, coerência, solidez, regularidade e impacto inerentes ao seu “plano”. Por outro lado, para as estrutu-ras dotadas de orçamento a adopção de valores fixos de referência (com décalages próximas) para determinadas tipologias/formatos de evento pode constituir uma mais-valia em termos de atractividade e adesão de público, criando um “chip” mental que permite consolidar rotinas de fruição relativamente à oferta cultu-ral apresentada. A adopção de cartões aderentes com condições especiais de acesso (a valores reduzidos) para even-tos programados, numa lógica de rede, por vários equipamentos é outra via que pode revelar-se frutífera.

Duas notas finais sobre uma tenta-ção: se o conceito de programação auto-ral constitui uma dimensão essencial do processo de produção cultural, conferin-do identidade, originalidade e diferen-ciação ao projecto apresentado (dado que este também é, de alguma forma, o reflexo do gosto pessoal e, assim, sub-jectivo de quem o giza), é importante, ao mesmo tempo, não descurar (por even-tuais motivações egocêntricas) criações e objectos de reconhecido interesse e qua-lidade artística que, não encaixando nas preferências do programador, podem, na óptica dos públicos, apontar valiosos cami-nhos de diversidade e democraticidade culturais que um serviço público deve trilhar. A um nível mais lato, e como en-fatiza Maria Vlachou na sua obra Musing on Culture: management, communications and our relationship with people (2013), é importante lutar contra um certo auto-centramento que ainda parece assaltar alguns programadores e gestores cultu-rais, levando-os a questionar as suas prá-ticas, a ler melhor o que os rodeia e a sair das suas zonas de conforto. Sim, porque os gatos podem até parecer narcisistas, mas nunca deixam de nos observar e de notar que existimos...

Paulo PiresProgramador culturalno Município de [email protected]

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12.06.2015 6 Cultura.Sul

Qual o ‘lugar’ da Psicologia da Arte?Artes visuais

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

No último artigo analisámos de que forma as descobertas na ciência podem ser fonte de ins-piração artística, verificando-se que diversos artistas têm procu-rado expressar nas suas obras descobertas ocorridas nas mais diversas ciências.

A Psicologia tem sido uma das ciências mais inspiradora para os artistas. Desde logo, as descobertas ocorridas no âm-bito da Psicologia da Forma (Gestalt), que se desenvolveu no início do século XX, tiveram in-fluência no trabalho de Escher, artista gráfico que procurava criar imagens com efeitos de ilusões de ótica, representando construções “impossíveis”. A es-treita relação entre o trabalho artístico de Escher e a Psicolo-gia foi revelada no artigo de Penrose e Penrose, em 1958, no British Journal of Psychology, em que apresentaram os desenhos de Escher “Escada acima e esca-da abaixo” e “Queda de água”.

Mas outros artistas foram in-fluenciados pela teoria da Ges-talt, pois segundo esta o que se vê depende do próprio observa-dor, tendo em conta que o obser-vador determina a própria reali-dade com a sua observação. Em particular, Salvador Dali realizou vários trabalhos em que são vá-rias as percepções possíveis por parte do observador. Vejam-se, por exemplo, os seus trabalhos “O enigma interminável” (1938), “Rosto deitado” (1935) ou “O rosto de Mae West” (1934-35).

Mas a influência da Psicologia na produção artística é apenas um dos vários aspetos que po-dem ser abordados quando se analisam as relações entre a Psi-cologia e as Artes Visuais.

A Psicologia da Arte é um dos domínios de fronteira entre a ci-ência, neste caso a Psicologia, e

a arte. Traduz o desenvolvimen-to que a Psicologia tem tido em muitos âmbitos de investiga-ção, sendo delimitados domí-nios cada vez mais específicos, constituindo áreas de fronteira entre a Psicologia e outras áre-as científicas. Temos domínios mais actuais, como seja a Psico-logia do Desporto, constituindo um domínio de fronteira entre a Psicologia e o Desporto, mas te-mos domínios de fronteira mais clássicos, como sejam a Psicolo-gia da Saúde e a Psicologia da Educação. Daí estes domínios específicos tanto se incluírem na Psicologia, como nas outras áreas científicas, nestes casos, respectivamente as Ciências do Desporto, as Ciências da Saúde e as Ciências da Educação. No caso das Artes, talvez tivesse sentido a utilização da expressão Ciências Artísticas para traduzir as fron-teiras que podem existir entre as Artes e certos domínios científi-cos próximos, podendo a Psico-logia da Arte ser perfeitamente aqui integrada.

Independentemente destes aspectos mais formais do en-quadramento epistemológico da Psicologia da Arte, importa delimitar o conteúdo que dá especificidade a este domínio. Para tal, parece-nos importante fazer uma retrospectiva de como

se foi constituindo a Psicologia da Arte.

Numa revisão da literatura so-bre Psicologia da Arte, verifica-se que o primeiro trabalho consis-tente neste domínio é realizado por Vigotsky (1925), sendo a sua tese de doutoramento intitulada “Psicologia da Arte”, em que ana-lisa os contributos das correntes do Behaviorismo, da Gestalt e da Psicanálise para o estudo da Arte. Curiosamente a formação de base de Vigotsky era em Di-reito, mas foi no domínio da Psicologia que mais se destacou.

No início do século XX, tam-bém merecem destaque os estu-dos realizados por Freud, entre 1907 e 1928, sobre aspectos da vida e da obra de pintores, poe-tas e músicos famosos, como fo-ram, respectivamente, Leonardo da Vinci, Goethe e Dostoievski. Estes trabalhos foram posterior-mente compilados no livro “Psi-canálise da Arte”.

Um outro autor que se desta-cou na investigação em Psico-logia da Arte foi Arnheim, em particular através dos livros “Art and Visual Perception” (1954) e “Towards a Psycho-logy of Art. Entropy and Art” (1966). Embora na tradução do primeiro para a língua por-tuguesa, adquirida pela editora Thomson em 1980, o título seja

“Arte e Percepção Visual. Uma Psicologia da Visão Criadora”, tendo sido acrescentado este subtítulo que aponta para o estudo dos processos criativos, os conteúdos deste não inci-dem directamente sobre o es-tudo da criatividade na produ-ção artística. Assim, os tópicos

deste livro foram os seguintes: equilíbrio; configuração; for-ma; desenvolvimento; espaço; luz; cor; movimento; dinâmi-ca; e expressão. Estes tópicos remetem fundamentalmente para aspectos relacionados com os contributos dos estudos no âmbito da percepção visual. É na segunda obra, traduzi-da para a língua portuguesa em 1997, pela Dinalivro, com o título “Para uma Psicologia da Arte. Arte e Entropia”, que a criatividade surge como um dos tópicos abordados. De entre os tópicos analisados neste livro, contam-se a visão, a gestalt, a emoção, os símbolos artísticos e a criatividade. Verifica-se assim que a criatividade, que não ha-via sido abordada até aos anos 50, predominando o estudo da percepção e dos contributos da Teoria da Gestalt, já surge nesta obra dos anos 60 como um dos tópicos de estudo em Psicologia da Arte.

Embora estes livros tenham sido traduzidos para português, verifica-se que a primeira obra publicada em língua portugue-sa ocorre nos anos 70 por Juan Mosquera (1973), no Brasil. No seu livro sobre “Psicologia da

Arte”, apresenta estudos sobre alguns artistas, no plano da arte visual (Van Gogh) e no plano da arte escrita (Gabriel Garcia Már-quez), bem como sobre alguns temas como sejam a percepção, a estética, a educação artística e a criatividade.

Nos anos 80, salientamos os livros de Howard Gardner (1982), “Art, mind and brain. A cognitve approach to creativity”, e de Ellen Winner (1982), “In-vented worlds: The Psychology of the Arts”, este último publicado pela Harvard University Press e merecendo uma tradução em chinês no ano de 1997. Esta autora desenvolve ainda uma unidade curricular em Psico-logia da Arte e da Criatividade no Boston College – Harvard Gra-duate School of Education, tendo como principais conteúdos o estudo da personalidade do artista, o cérebro e as aptidões artísticas, a influência da socie-dade e do ambiente na criativi-dade e o pensamento criativo.

Em Portugal salienta-se o li-vro de Carla Gonçalves (2000), em que, dentro da Psicologia da Arte, procura analisar os temas da percepção visual e da gestalt, da psicanálise e da criatividade.

Embora os contributos iniciais da Psicologia para a Arte, no fi-nal do século XIX e início do sé-culo XX, se tivessem situado so-bretudo nos aspectos ligados à percepção, como resultado das investigações realizadas no âm-bito da Teoria da Gestalt (ou Te-oria da Forma), verifica-se que a criatividade vai ocupando um lu-gar de cada vez maior destaque na Psicologia da Arte, incidindo muitas das investigações atuais sobre este tópico.

Nota: Este artigo integra o livro

“Construção de um percurso multidis-

ciplinar, integrativo e de síntese nas

Artes Visuais”, de Saul Neves

de Jesus ([email protected]).

Todas as receitas obtidas com a

venda deste livro revertem a favor da

compra de uma mesa de gravura para

o curso de Artes Visuais da Universi-

dade do Algarve. Pode ser adquirido

na Fnac de Faro (Forum Algarve) ou

em Fnac online (http://www.fnac.pt/

Construcao-de-um-Percurso-nas-Artes-

-Visuais-Saul-Neves-de-Jesus/a869599).

Desenho “Queda de água”, de Escher

fotos: d.r.

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“AS MEMÓRIAS CIRCULAM NUM CANTO DO CÉREBRO”Até 30 JUN | Casa dos Condes - AlcoutimExposição de artes plásticas de Maria Antónia Santos que, na sua obra, busca “uma relação inteligente entre o visível e o imaginário, entre o consciente e o inconsciente”

“NOVOS MUNDOS”Até 19 de Julho | Museu de PortimãoTimo Dillner nasceu em Wismar na Alemanha em 1966, vive em Bensafrim, Lagos, há 16 anos. ´e um artista multifacetado que apresenta pinturas, poe-inturas, poe-mas, obras gráficas, esculturas e vídeo

Desenho “Escada acima e escada abaixo”, de Escher

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12.06.2015  7Cultura.Sul

Espaço ALFA

Atualmente, assiste-se a um crescente interesse pela fotografia. Quer se deva à proliferação e aces-so relativamente fácil a máquinas fotográficas ou a dispositivos ele-trónicos portadores de câmara fotográfica, nomeadamente tele-móveis ou tablets, quer se deva ao fascínio que a imagem fotográfica exerce sobre as pessoas, com uma visibilidade quase viral através de aplicações e redes sociais, o facto é que nunca se assistiu a um tão in-tenso gosto pela arte fotográfica.

A ALFA, Associação Livre Fo-tógrafos do Algarve, enquanto associação que visa a promoção da fotografia, de acordo com o objecto da sua actividade, tem vindo a desenvolver um Plano de

Atividade onde a formação, a par dos passeios fotográficos e expo-sições, tem assumido um forte papel social e cultural no campo fotográfico.

Contando com fotógrafos pro-fissionais como formadores, a ALFA tem dinamizado inúmeras formações de curta e média du-ração, onde os formandos podem optar por cursos de iniciação à fotografia, cursos de nível inter-médio para aprofundamento de determinadas matérias ou ainda, cursos temáticos. Em todas as suas formações, a ALFA procura ir ao encontro das necessidades dos formandos, quer pela estrutura-ção e rigor teórico dos assuntos abordados, quer pela disponibi-lização de uma forte componente prática, que confira aos mesmos a segurança na prática da arte fo-tográfica.

Novos horizontes na Fotografia

Paulo Côrte-RealMembro da ALFA

Workshop de Fotografia Noturna que foi ministrado na ALFA

pub

Feira de artesanato e etnografia regressa a Alcoutim

A envolvente da praia fluvial do Pego Fundo, em Alcoutim, vai receber, no próximo fim-de--semana, a 30ª edição da Feira de Artesanato e Etnografia, evento que atrai anualmente milhares de visitantes oriundos do Algarve e da vizinha Espanha.

O certame constitui uma ge-nuína viagem ao passado onde, a par do artesanato e da etnografia, também a gastronomia típica da

serra algarvia e a animação com música tradicional terão, como habitualmente, lugar de desta-que. No sábado, os grupos “Ai Xico Xica” e “Ùs Sai de Gatas” vão animar o evento durante a tarde, ficando a animação nocturna a cargo de “Os Diabo na Cruz” e do “Duo José e Vítor Guerreiro”, que terminarão a festa com um baile tradicional com início marcado para as 23.30. No domingo, a

animação de rua durante a tarde estará mais uma vez a cargo dos grupos “Ai Xico Xica” e “Ùs Sai de Gatas”, estando o baile com o “Duo José e Vítor Guerreiro” agendado para as 21 horas.

A Feira de Artesanato e Etno-grafia de Alcoutim é organizada pela Associação “A Moira”, em colaboração com o Município de Alcoutim, e decorre entre as 16 e as 24 horas.

Imouhar apresenta livro‘Sentires de uma Alma’ em Albufeira

O livro de poesia “Sentires de uma Alma”, da autoria de Imou-har, vai ser apresentado no pró-ximo sábado, pelas 17 horas, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira. O evento vai decor-rer num ambiente intimista de inspiração oriental.

Imouhar é o pseudónimo es-colhido por António Mourinho, um algarvio que desde muito cedo sentiu o apelo por viajar, conhecer o mundo e contactar com outras culturas. Um dia co-nheceu Marrocos e nasceu um amor que todos os anos o faz regressar a este país.

“Sou filho do vento que corre livre pelas areias do deserto … es-crevo longe das prisões grama-ticais. Escrevo todo o sentir que carrego na alma, e na alma vai a liberdade de uma alma perfu-mada de saudade”, é desta forma que o autor se define.

Imouhar é bastante ecléctico, não se prende a conceitos nem a definições, utilizando um estilo simples, onde prevalece uma cer-ta nostalgia associada à alegria de viver. A sua poesia é lírica, fala--nos directamente, despertando emoções, na exacta medida em que os versos surgem como estí-

mulos que provocam diferentes estados de alma.

O livro “Sentires de Uma alma” é uma edição da Arandis edito-ra, tem nota de apresentação de Vieira Calado e ilustrações de An-tónio Brigas, Beatriz Mourinho, Filomena Gonçalves e Maysi Vásquez Rubio.

A apresentação de “Sentires de uma Alma” traz à cidade de Albufeira uma nova perspec-tiva de liberdade, sob a forma como a poesia é escrita pela mão e pelas palavras nostálgi-cas de Imouhar.

A entrada é gratuita.

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12.06.2015 8 Cultura.Sul

Alexandre FerreiraLicenciado em PatrimónioCultural pela UAlg

António Rosa Mendes: uma figura maior

Um olhar sobre o património

António Rosa Mendes marcou para sempre o panorama cultural algarvio

d.r.

No início do presente mês passaram dois anos sobre o falecimento de uma figura maior do Algarve, cujo con-tributo para a divulgação da História e da Cultura da re-gião ainda está por alcançar. Ainda que no infortúnio do seu desaparecimento físico,

para quem teve o privilé-gio de com ele privar ficam os ensinamentos e a paixão pela Ciência, pela História, pela Cultura e pela V i d a ! P a r a a q u e -les que não tiveram oportunidade de o conhecer, ficam as suas publicações, os seus escritos e os projectos que ficaram por acabar, mas que na efemeridade da sua existência marcam significa-tivamente o panorama cultu-ral algarvio.

António Rosa Mendes era assim. Um apaixonado pelas tradições da sua região, pers-crutando as suas origens e de que forma, de tão impregna-das que estão na sociedade, se manifestam ainda hoje no

inconsciente colectivo. Ho-mem pouco dado a encómios, não os poupando contudo a quem realmente os merecia, certamente coraria ao ver o número crescente de home-nagens que são feitas em sua honra. Cada uma delas mais do que merecida, com certeza. É comovente constatar as ho-menagens que diversas en-tidades algarvias concedem em sua honra, seja através da atribuição do seu nome a Arquivos Históricos ou a Bibliotecas, seja através da atribuição de um Prémio Nacional de Ensaio Histórico do qual é patrono, atribuído pelo município de Vila Real

de Santo António. Entregue de dois anos em anos, os laureados da primeira edi-ção, cuja cerimónia ocorreu

no passado dia 21 de maio, data em que completaria 61 anos, Daniel Giebels e Mar-co de Sousa Santos, que por sinal foram seus alunos, sin-tetizaram nos seus discursos de agradecimento, um dos maiores legados que o pro-fessor António Rosa Mendes deixou aos seus alunos, e que em boa hora é concretizado com a atribuição deste pré-mio: mais do que os ensina-

mentos académicos, de todo relevantes e fundamentais, o estimular e o promover a criação das condições neces-sárias para que cada um dos “seus” se pudesse exprimir na sua máxima plenitude.

Também o autor destas linhas teve a boa fortuna de privar com este vulto maior da cultura do Algarve, cuja filosofia de vida humanista e com um profundo sentido de justiça, aliados aos seus princípios, sempre dosea-dos com uma boa dose de humor, fazem com que a sua ausência seja porventura de-masiado evidente.

Como vem sendo hábi-

to, permito-me desafiar o caro leitor a partir na sen-da das riquezas do Algarve, desta feita descobrindo “O

Património In-dustrial”, na 12ª edição do Curso Livre de Histó-ria do Algarve, ocasião esta que

servirá também para home-nagear o Professor António Rosa Mendes, por sinal um dos organizadores de grande parte das edições anteriores deste curso, numa organi-zação do Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção e pelo Departa-mento de Artes e Humanida-des da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Uni-versidade do Algarve.

De acordo com os registos his-tóricos, a Igreja de Nossa Senho-ra das Ondas em Tavira remonta presumivelmente ao reinado de Manuel I, O Venturoso (Séc. XVI).

Similarmente é denominada por Igreja de São Pedro Gonçal-ves Telmo ou Igreja do Corpo Santo, uma vez que foi erguida pela Confraria do Santo, com-posta por pescadores e marean-tes.1 Por essa razão, igualmente era também conhecida pela Igreja do Compromisso Maríti-mo (edifício contíguo à Igreja), uma vez que os pescadores e ma-reantes se agremiavam na Cor-poração do Corpo Santo.

Estilo renascentista, esta Igreja sofreu estragos com o terramo-to de 1755, tendo sido posterior-mente reconstruída parcialmen-te, e, desde 2012 é classificada como Património de Interesse Público 2.

Percurso histórico

Tendo sido herdada pela Se-gurança Social das antigas Casas dos Pescadores, esta, foi sua legí-tima proprietária durante largos anos até passar para “as mãos” do Município de Tavira através de um contrato de comodato.

Cidade junto ao mar, com tra-dições e cultura marítimas pre-sentes, sendo igualmente local de oração, foi-se assistindo aos malefícios provocados pelas in-tempéries e ausência de manu-tenção, vindo consideravelmente acentuar a sua degradação… tan-to no interior como no exterior.

Tomada de ação

Decorre no ano de 2008 uma primeira fase de estudos, procu-rando-se soluções e técnicas que permitam a sua reabilitação, es-tudos estes elaborados pela equi-pa técnica do Município. Numa primeira fase, a cobertura e tetos, paredes interiores e exteriores, instalações e património integra-do – conservação e restauro dos elementos que compõem todo o acervo religioso; numa segunda fase, o Coro Alto, o Arco Triunfal da Capela-mor e a estrutura de suporte do teto da nave da Igreja.

Desenvolvidos os trabalhos a que se propuseram, procurando ter sempre presente a história e a

evolução artísticas das peças do acervo, verifica-se presentemente que através das técnicas de res-tauro utilizadas, confirmaram-se a existência de várias camadas de tratamentos (repinte) em mui-tos dos elementos, proporcio-nando-se desta forma restituir a estes, a sua beleza original. Exem-

plo disso podemos observar no Mural do Coro Alto.

Houve todo um conjunto de técnicas utilizadas e sobretudo aos técnicos que as realizaram (Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva), que se tornou possí-vel proceder à remoção de arga-massas à base de gesso degrada-das e sem qualquer função bem como a colagem de elementos fraturados e destacados, reconsti-tuição de volumes em falta e col-matação de lacunas existentes.

O acervo

O modelo concebido para o tratamento de todo o acervo re-ligioso e patrimonial passou pela total desmontagem das peças existentes, sua catalogação por-menorizada e transporte para as oficinas da Fundação em Lisboa. A título de curiosidade, o Teto da Nave foi desmontado peça por peça, catalogado e igualmente transportado. Todos os suportes em madeira foram escovados e aspirados e muitos dos ele-mentos deteriorados ao nível de suporte foram repostos em madeira de casquinha; outros elementos tiveram que ser cola-dos por apresentarem fraturas e/ou fissuras através de técnicas específicas e no que se refere a elementos metálicos oxidados, estes, foram substituídos.

Quanto às imagens represen-tadas, podemos visualizar a be-leza de óleos sobre tela nos Retá-bulos de São Francisco de Paula, Nossa Srª da Conceição, Nossa

Srª da Fruta e Nossa Srª das On-das. Desde a consolidação de su-portes, fixação e limpeza da po-licromia e superfícies douradas, passando pela execução efetiva de elementos em falta, tratamen-tos e reintegração de camadas cromáticas, enfim… tarefas exe-cutadas até à finalização, foram

percorridas muitas semanas de minucioso e intenso trabalho.

Foi um privilégio esta Direção Regional poder acompanhar o desenvolvimento do trabalhos e igualmente observar através dos Relatórios todas as ações desen-volvidas de pormenor e do de-talhe. A equipa da Fundação Ri-cardo do Espírito Santo Silva foi verdadeiramente essencial em “devolver a vida” das imensas peças do espólio.

Decerto que também para a população mareante e pescado-ra, sentirá esta a grata satisfação ao usufruir de um espaço de oração renovado e pensado num seu todo e em simultâ-neo em particular, nas suas gentes do mar… nas presen-tes e vindouras mas sobretu-do nas que já passaram. Bem hajam todos os intervenientes que de uma forma ou de ou-tra contribuíram para devol-ver a todos nós a formosura ímpar de um local erguido pelos nossos antepassados.

1Mareantes – que mareia, homem do mar, marinheiro.

2 Um bem considera-se de interes-se público quando a respetiva pro-teção e valorização represente ainda um valor cultural de importância nacional, mas para o qual o regime de proteção inerente à classificação como de interesse nacional se mostre desproporcionado in ponto 5 da Lei

Nº107/2001, de 8 de setembro, que estabelece as bases da políticas e d o r e g i m e d e p r o t e ç ã o

e valorização do património cultural.

Tavira mostra a renovada Igreja de N.ª Sr.ª das Ondas

Missão Cultura

Imagem do altar de São Pedro Gonçalves Telmo

d.r.

António Rosa Mendes era assim. Um apaixonado pelas tradições

da sua região

Direção Regionalde Cultura do Algarve

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12.06.2015  9Cultura.Sul

Junho

Pedro [email protected]

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Retratos Cinéticos

Para ver até 27 de agosto na FNAC do Al-garve Shopping na Guia, a exposição de fo-tografia de Jorge Jubilot baseada no álbum ‹Retratos Cinéticos› com a banda Orblua. Uma mostra da paisagem, da vida, da cultu-ra e das gentes do Algarve, focada na direção de uma perspetiva artística pessoal, global e integrada do mundo onde nos movemos.

Manhã É no glorioso desta manhã em que o céu não

se mexe e o mar se calou que o acordar é sinó-nimo de esperança, embora não se saiba já se a parte que se perdeu do seu significado ainda seja recuperável.

Sem MedosSem medos, meu amor, a caminho do solstí-

cio, surfando uma onda de gigante combustão psicadélica, seremos levados para fora das tre-vas em que nos afogamos nos dias em que nos vemos representados na tv a cores de um país a preto e cinzento.

Paulo Serra

Diz sobre o seu trabalho: «dá rosto às pala-vras do meu sangue. É autodecifração. Não é tanto o gosto, mas a necessidade dele. O meu desenho sou eu enquanto somos. É este ser que me interessa e persigo. Anima-me. O desenhar enquanto actividade subjectiva e inconsciente, deixa de o ser quando o desenho está acabado. São desejos que decifro, são vontades. A arte cria assim uma paralela à linha que a vida risca. Estas duas linhas confundem-se e são. Quem não vê não sabe e a ignorância não deixa ver a beleza que deslinda o mistério do ar do artista».

Ver sobre o seu trabalho: em Faro na Igreja da Sé – pintura: «Faro de StªMaria» e na Rapo-seira na Ermida Nª Srª de Guadalupe – desenho: colectiva «Sim».

Mercado de VerãoCacela Velha prepara-se para receber, no

próximo dia 21 de Junho (Domingo), mais um Mercadinho de Verão. Velharias e antiguidades; trocas & baldrocas, espaço onde se vendem arti-gos em segunda mão (discos, cd’s, livros, roupa, brinquedos, quadros, …); artesanato tradicional (empreita, cestaria, latoaria, cerâmica, trapolo-gia…) e novas criações; produtos alimentares da região como o mel, pão, bolos, compotas, licores; flores; cremes e sabonetes naturais; brinquedos de madeira; livros e música mar-

cam mais este Mercadinho.

Peixe-Futuro~ da lua desviando as águas circundantes ~

fio-de-contas à vida estagnada nas margens ~ resoluções sem bóia presa à âncora fundeada ~ no mar de um futuro-peixe enrolado na onda breve ~

Biocos

É por muitos considerado um trajo mítico e verdadeiramente popular no Algarve. Asso-ciam-no muitas vezes a Olhão por ter sido dos últimos lugares onde foi usado até aos anos 30 do séc. XX, mesmo depois da proibição do seu

uso. Tratava-se de uma capa que cobria inteiramen-te quem a usava. A cabeça era oculta pelo próprio cabeção ou por um rebuço feito por qualquer xaile, lenço ou mantilha.

Um século depois Joana Bandeira, jovem artis-ta natural de Olhão, “agarra” no bioco Algarvio, despe-o do seu tradicional preto e reveste-o com novas cores, tecidos, padrões e acessórios, numa espécie de ode (e homenagem cromática) a todas as mulheres que outrora a usaram.

A exposição estará patente em Santa Rita no CIIPC, Centro de Investigação e Informação do Pa-trimónio de Cacela/CMVRSA (Antiga Escola Primá-ria de Santa Rita) até 12 de Julho de 2015 e pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 9h às 13h e das 14h às 17h (Junho) e das 9h às 15h (Julho)

Concertos ao entardecer

Regressaram em Maio à vista ria os ‘Concertos ao Entardecer’ com a banda First Breath After Coma e depois o músico brasileiro Momo. Na sede da associação ArQuente, na rua António Maria Labóia, nº 1. Imperdíveis. Cada novo con-certo uma surpresa ou uma estreia. Os próximos concertos, desta 5ª edição, sempre às 19h30, terão lugar a 20 de Junho com Éme e a 4 de Julho com Sequin.

EssênciaA essência do amor é algo que está para lá

da poesia, desfaz-se perante a aproximação do verso certo, da estrofe perfeita, das sílabas con-tadas como favas, nada está seguro, pelo cinto preso no banco da vida do amo-te para sempre, de quem não sabe que um texto nunca está aca-bado, como nunca está perto do fim, e que assim também se pode perder por qualquer uma razão desconhecida, surgida mesmo na eternidade eté-rea do pc para onde transcreves essa volatilidade de sentidos.

fotos: d.r.

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“PINTURAS DE ROMAN MARKOV”Até 6 de JUL | Espaço de atendimento da EMARPAs inspirações e principal tema das obras de Roman Markov são as paisagens e as gentes, pelas quais se enamora, ao longo das suas viagens

“UMA CADEIRA NA MONTANHA”13 JUN | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroLeitura encenada com crianças com idades compre-endidas entre os 8 e os 12 anos e que resulta numa apresentação final aberta à comunidade

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12.06.2015 10 Cultura.Sul

A culpa é da Comunicação?Espaço ao Património

Apesar de habituada a usar a escrita no meu dia--a-dia, confesso que não sei por onde iniciar. Assim sen-do, penso ser justo começar por agradecer à colega e ami-ga Isabel Soares, atual Chefe de Divisão do Museu de Por-timão, o gentil convite que me endereçou para escrever este artigo.

Sendo o ato de comunicar algo de essencial nos diversos planos que envolvem uma so-ciedade, neste caso em parti-cular e tendo em conta a mi-nha experiência profissional na comunicação de equipa-mentos e eventos, irei par-tilhar com os leitores desta rubrica algumas ideias acer-ca da comunicação enquan-to processo que promove ou condiciona o sucesso de uma ideia.

Penso que todos os Técni-cos que trabalham nesta área, nalgum momento da sua vida profissional, já ouviram a frase “Foi a comunicação que falhou!”. Sim, quando algo corre menos bem e não se atingem os resultados es-perados, por norma, ainda numa fase de pouca análise e reflexão, o primeiro ímpeto é assumir que a comunicação não funcionou.

Sem dúvida pode aconte-cer,  mas julgo que o insu-cesso ou sucesso de algo, na maioria das vezes, pois exis-tem com certeza  exceções, está sobretudo relacionado com a experiência de quali-dade que é ou não percecio-nada, com a afinidade que é gerada perante determinada ideia, no fundo, com a neces-sidade que é ou não sentida de se fazer parte de algo.

A última ideia exposta pen-so que é essencial na área dos equipamentos culturais, cada vez mais há uma necessida-de premente de envolver, não queremos públicos passivos, precisamos de parceiros que são essenciais para a cons-trução de uma história com futuro. O sucesso reside nas emoções, no sentimento de

pertença. Este envolvimento não resulta de um “amor à primeira vista”.  Uma marca bem posicionada, com uma identidade forte e definida, que é corretamente percecio-nada no seu mercado, não é o resultado de meia dúzia de ações de comunicação, é o produto de um longo cami-nho, que todos os dias é per-corrido com empenho.

Em outubro de 2008, en-tre outros projetos, fiquei com a responsabilidade de trabalhar a comunicação do Museu de Portimão, uma an-tiga fábrica de conservas, que tinha aberto as suas portas no ano anterior e eu ainda não tinha tido a oportuni-dade de visitar. Não demo-rou muito até me enamorar

e desde então que me con-fesso apaixonada por aque-le espaço que, hoje com sete anos de existência, guarda na sua bagagem várias men-ções honrosas e algumas dis-tinções internacionais, entre elas, o prémio “Museu Con-selho da Europa”.

“O meu Museu”, o “nos-so Museu”, na larga maioria das vezes quando penso e escrevo sobre aquele espaço, é de forma natural que abu-so de pronomes possessivos, e é precisamente com esta orientação que o trabalho é desenvolvido. É desta for-ma que queremos que este espaço cultural seja sentido no seio da sua comunidade, e este objetivo só é possível, porque é transversal a toda a

equipa, a qual tenho o maior orgulho de integrar, que tem feito um trabalho de proxi-midade, junto de diferentes gerações, absolutamente ex-cecional. 

Assumidamente, no que diz respeito ao acesso à in-formação, entrámos  numa nova era, em que o mundo digital alcançou um papel preponderante no universo da comunicação, em que é só querer e todos estamos conectados uns aos outros, bastando para isso ter aces-so à internet. Comunicar tor-nou-se algo banal, qualquer pessoa tem uma enorme faci-lidade em disponibilizar con-teúdos on line.  Contudo, esta  nova era  que se apresenta fantástica na infinidade de

possibilidades e soluções que oferece aos comunicadores para serem bem-sucedidos no seu trabalho, particular-mente num período em que a primeira variável a conside-rar num plano de comunica-ção é precisamente o orça-mento, também traz consigo enormes desafios.

O sentimento de quem pri-vilegia a internet como canal informativo, deverá ser mais ou menos o mesmo senti-mento de alguém que vai ao supermercado e entra num corredor com prateleiras re-pletas de um mesmo produto de marcas diferentes – o que escolher? O  acesso a redes sociais como o Facebook é de tal forma massivo, que o verdadeiro desafio perante a panóplia de oferta, é precisa-mente promover a diferen-ciação, a mensagem tem que gerar algum tipo de emo-ção, promover empatia,  fi-delizar o utilizador. Através destes canais comunicamos, cada vez mais, para pessoas experientes, conhecedoras e com pouco tempo disponí-vel, que com alguma facili-dade estabelecem compara-tivos de avaliação, fazem as suas escolhas e com a mesma rapidez com que fizeram um “gosto” deixam de seguir essa mesma página.

No caso do nosso Mu-seu de Portimão, apanha-mos  naturalmente  boleia da era digital que nos per-mite globalizar as ideias e o trabalho desenvolvido na escala local, mas o segredo reside sempre nas pesso-as. Elas são a pedra basilar, a primazia do processo de comunicação, em primeira instância, acontece junto da comunidade que fez parte da história daquela fábrica, são as suas estórias que dão vida aos objetos, foram os seus relatos que permitiram dar corpo a um percurso.

Não temos dúvidas que a era digital veio para ficar e continuará a evoluir à velo-cidade da luz, mas  parale-lamente  com os  novos ca-nais,  deveremos  continuar a privilegiar os velhos méto-dos que promovem uma pro-ximidade mais real e menos virtual, continuarmos a valo-rizar a troca de experiências é a nossa vantagem competi-tiva, porque não existem pro-cessos técnicos que dignifi-quem um projeto, ideia ou evento que não tem essência.

Cidália Pacheco Técnica Superior de Marketing na Divisão de Comunicação da Câmara Municipal de Portimão

Imagem do interior do museu de Portimão

fotos: d.r.

Uma noite à luz das conservas!

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor: Ricardo Claro

Paginaçãoe gestão de conteúdos:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:

• Artes visuais:Saul de Jesus

• Espaço AGECAL:Jorge Queiroz

• Espaço ALFA:Raúl Grade Coelho

• Espaço Cultura:Direcção Regionalde Cultura do Algarve• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Grande ecrã:

Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista

• Letras e literatura: Paulo Serra• Momento:

Ana Omelete• O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot• Panorâmica:

Ricardo Claro• Património:

Isabel Soares• Sala de leitura:

Paulo Pires• Um olhar sobre o património:

Alexandre Ferreira

Colaboradoresdesta edição:

Cidália PachecoPaulo Côrte-Real

Parceiros:Direcção Regional de Cultu-ra do Algarve, FNAC Forum Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.postal.pt

e-paper em:www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul

Tiragem:8.166 exemplares

Page 23: POSTAL 1141 - 12 JUN 2015

12.06.2015  11Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

Não é frequente serem edita-dos livros de divulgação cultural, escritos originalmente em portu-guês, sobre a antiguidade clássi-ca. Só isso já seria razão para me congratular com a recentíssima publicação deste As mulheres que fizeram Roma, da autoria de Carla Hilário Quevedo. Nestes dias em que saiu a notícia que os estabe-lecimentos de ensino podem ter, no Básico, como Oferta de Escola, disciplinas na área da Introdução à Cultura e Línguas Clássicas, a publicação deste livro só vem re-forçar a importância desta com-ponente na educação (relembro que o Latim e o Grego nunca saíram do Ensino Secundário, apesar de parecer que sim. Por exemplo, em Portimão, na Escola Secundária Manuel Teixeira Go-mes, tem havido Grego no 12º ano, com muito sucesso).

Mas a minha satisfação é maior, porque o livro é mesmo de leitura muito agradável. Não se deixem assustar com o subtí-tulo, 14 Histórias de poder e violên-cia, pois também há histórias de amor, dedicação e honra. É ver-dade que tudo gira à volta do poder, mas a história tem destas coisas: não fala dos fracos.

Carla Hilário Quevedo é cro-nista no jornal i e no semanário Sol, mas conheci a sua escrita no tempo em que publicava no Ex-presso, tendo depois passado a segui-la no blogue Bomba Inteli-gente. Já nessa época, Carla Que-vedo manifestava o seu interesse pela antiguidade: conhecedora do grego moderno e licenciada em Línguas e Literaturas Moder-nas (Inglês/Alemão), fez mestra-do em Estudos Clássicos, tendo aprendido grego antigo e latim.

Pareceu-me importante esta contextualização para melhor enquadrar este livro, pois é sem-pre bom sabermos quem são os autores que lemos, principal-mente quando não se trata de ficção.

Facto e ficção

Escrever sobre mulheres do mundo romano implica co-nhecer factos e reconhecer que muito do que foi escrito como verdade é, na realidade, ficção. A primeira história deste livro é a de Reia Sílvia, uma vestal (sacer-dotisa da deusa Vesta, que tinha de ser virgem, sob pena de ser enterrada viva) que surge grávi-da, explicando o fenómeno por ter sido violada pelo deus Marte. Como contrapartida, os seus fi-lhos (estava à espera de gémeos) seriam um marco na história da humanidade, visto que «um de-les seria o fundador da grande cidade de um povo não menos grandioso» (p.24): Rómulo fun-daria Roma.

Para os romanos, Reia Sílvia fazia parte da sua história, tal como outras mulheres que sabe-mos que existiram. E sobre essas, o que se sabe é facto ou ficção?

Carla Quevedo questiona mui-tas vezes as fontes que demoni-zavam algumas destas mulheres, não se coibindo de desmontar as acusações, quantas vezes ab-surdas, e emitir a sua opinião. Por exemplo, a propósito do desaparecimento de Tibério e do facto de Lívia, sua mãe, que tanto lutou para que o filho chegasse a imperador, ter sido uma das pessoas suspeitas de estarem envolvidas na sua mor-te, pois, «por causa do filho tinha perdido honras concedidas por Augusto», a autora afirma: «Esta hipótese que consideramos tres-loucada é avançada por Tácito» (p. 112).

Não quero com isto dizer que procure branquear os aconteci-mentos, mas sim que não aceita sem questionar as fontes que, muitas vezes, servem interesses políticos (contra os homens de

poder), nos retratos que fazem das mulheres. Sobre Messalina, diz-nos, no final do capítulo: «Messalina pode não ter sido a meretriz entediada que chegou até nós, mas havia muito no seu comportamento que não se ade-quava ao que era esperado de uma mulher da sua posição. Por isso não nos deverá surpreender que tenha sido usada quando se tratou de denegrir Cláudio e a sua dinastia. É verdade que pode não ter sido bem assim. Porém, temos a certeza de que não seria a candidata ideal para honrar a deusa Vesta. Ou como diríamos hoje, Messalina não era santa ne-nhuma» (p.122).

O que se aprende

Aprende-se muito com este livro. Não só sobre história de Roma, mas sobre relações huma-nas, familiares e de poder. Mas mais do que isso: concentra-se aqui, explicado de uma forma clara e simples, elementos de

legislação romana (tão próxima de nós, ou não fosse o direito ro-mano o nosso antepassado), de tradições, de cultura.

A situação das mulheres no casamento é a questão que mais aparece, por serem elas as protagonistas e por só existirem e serem faladas pelo seu relacio-namento com homens (normal-mente maridos e filhos).

No cap. II, ao referir o rapto das jovens sabinas (por parte dos romanos que queriam constituir família, tal era a escassez de mu-lheres), conta que apenas uma mulher casada foi raptada e, mesmo assim, por engano. A lei permitiria «matar um adúltero, i.e., um homem que adulterava a mulher casada, apanhado em flagrante, mas um homem que violasse uma mulher que não era casada tinha apenas que pagar uma multa» (p.33). Por coincidência, esse adúltero era o próprio Rómulo e foi Hersília, a sabina, que convenceu o mari-

do a não entrar em guerra com os romanos.

Vamos vendo, assim, como as leis mudam ao sabor dos quereres dos imperadores, in-fluenciados ou não por mulhe-res. Augusto, preocupado com a natalidade, «decretou multas para homens e mulheres sem fi-lhos e estabeleceu recompensas monetárias para os plebeus que provassem ter filhos», penalizan-do ainda «os homens que casas-sem com prostitutas ou actrizes e regulamentou o divórcio. Ins-tituiu o dever de casar para ho-mens e mulheres viúvos que não tivessem no mínimo três filhos. Em 18 a.C. criou a lex Iulia de adulteriis, que penalizava o adul-tério» (p.102). Mais: «o marido de mulher adúltera que não se divorciasse imediatamente dela era considerado seu proxeneta. Estava proibido de a matar, mas podia decidir sobre o seu exílio» (p.118).

Quando Agripina viu uma

possibilidade de «colocar [o fi-lho] Nero na linha de sucessão do trono», sabia também que «teria primeiro de casar com o tio, que seduziu com compe-tência. Fazendo uso do direito que tinha de lhe tocar, por ser sua sobrinha, Agripina depres-sa encantou Cláudio. Os casa-mentos entre familiares eram considerados incesto e por isso eram expressamente proibidos por lei. (…) Um ou outro su-borno pode ter ajudado a per-suadir senadores indecisos» (p.129) e a verdade é que a lei foi alterada.

Catorze são as histórias de vida de mulheres sobreviventes, ao longo de mil anos (de 510 a.C. a 450 d.C.).

Carla Quevedo rodeou-se de uma bibliografia (que apre-senta no final) que poderá ser também muito útil para quem quiser ler mais sobre o assunto. Cada capítulo tem notas no fim do livro e não no pé da página, fazendo com que a leitura flua escorreita.

Carla Hilário Quevedo lançou recentemente o seu primeiro livro

d.r.

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“A ÚLTIMA SEMANA DO FASCISMO?”Até 30 JUN | Biblioteca Municipal de LagosExposição de pintura de Manuela Caneco constituída por 14 obras originais, estruturadas em cinco séries: “Corrosão do Sistema”; “Repressão em Lisboa”, “Tor-o em Lisboa”, “Tor-tura”, “Luta” e “Emigração forçada e clandestina”

“SEA CHANGE”Até 12 JUN | Biblioteca Municipal de OlhãoExposição de Rachel Ramirez, que recorre a uma técnica de impressão japonesa, o “goytaku”, trans-formando espécimes marinhos naturais e objectos artificiais em obras de arte

As mulheres que fizeram Roma, de Carla Hilário Quevedo

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