portugal 2025

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PROSPECTIVA E PLANEAMENTO, Vol. 162009 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais PORTUGAL 2025 – QUE FUNÇÕES NO ESPAÇO EUROPEU? 1 José Félix Ribeiro 2 Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais I. A EVOLUÇÃO RECENTE DA ECONOMIA PORTUGUESA 1. Uma economia transformada pela dinâmica do mercado interno A evolução da economia portuguesa nos últimos 25 anos foi caracterizada por quatro processos principais: 1. Um forte crescimento do sector não mercantil da economia devido à ampliação das funções do estado na oferta de “bens de mérito” – educação, saúde – e na realização de transferências para as famílias, como contrapartida da ”poupança forçada” recolhida pelo Estado para financiamento da segurança social; 2. Uma profunda modernização do sector mercantil de serviços não transaccionáveis entendidos num sentido amplo de sectores no essencial orientados para o serviço do mercado interno, embora funcionando num quadro mercantil (telecomunicações, distribuição, serviços às empresas, serviços financeiros, etc.), num quadro de maior competição, resultante da entrada de novos operadores; as privatizações e a liberalização destes sectores foram determinantes para este processo; 3. Uma reabsorção dos défices elevadíssimos que existiam em meados da década de 80 do século XX em áreas infra-estruturais como acessibilidades, indústrias de rede (telecomunicações, electricidade, gás natural), abastecimento de água e tratamento de efluentes e resíduos, equipamentos sociais e desportivos das cidades e, mais recentemente, habitação; 1 Texto baseado na apresentação realizada no Workshop DPP/ANEOP “A Dinâmica Económica e Social no Território de Portugal – Passado Recente e Perspectivas para o Futuro” (Março 2009). 2 [email protected].

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Page 1: Portugal 2025

PROSPECTIVA E PLANEAMENTO, Vol. 16−2009

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

PORTUGAL 2025 – QUE FUNÇÕES NO ESPAÇO EUROPEU?1

José Félix Ribeiro2

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

I. A EVOLUÇÃO RECENTE DA ECONOMIA PORTUGUESA

1. Uma economia transformada pela dinâmica do mercado interno

A evolução da economia portuguesa nos últimos 25 anos foi caracterizada por quatro

processos principais:

1. Um forte crescimento do sector não mercantil da economia devido à

ampliação das funções do estado na oferta de “bens de mérito” – educação,

saúde – e na realização de transferências para as famílias, como contrapartida da

”poupança forçada” recolhida pelo Estado para financiamento da segurança

social;

2. Uma profunda modernização do sector mercantil de serviços não

transaccionáveis entendidos num sentido amplo de sectores no essencial

orientados para o serviço do mercado interno, embora funcionando num quadro

mercantil (telecomunicações, distribuição, serviços às empresas, serviços

financeiros, etc.), num quadro de maior competição, resultante da entrada de

novos operadores; as privatizações e a liberalização destes sectores foram

determinantes para este processo;

3. Uma reabsorção dos défices elevadíssimos que existiam em meados da

década de 80 do século XX em áreas infra-estruturais como acessibilidades,

indústrias de rede (telecomunicações, electricidade, gás natural), abastecimento

de água e tratamento de efluentes e resíduos, equipamentos sociais e

desportivos das cidades e, mais recentemente, habitação; 1 Texto baseado na apresentação realizada no Workshop DPP/ANEOP “A Dinâmica Económica e Social no Território de Portugal – Passado Recente e Perspectivas para o Futuro” (Março 2009). 2 [email protected].

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4. Uma limitada mudança na “carteira de bens e serviços transaccionáveis”

trazida quase exclusivamente pelo investimento directo alemão nos sectores

automóvel e electrónica e serviços, pela viragem para o golfe no turismo e pela

emergência do calçado como o mais dinâmico dos sectores de exportação

tradicional.

Figura I. Portugal – Dividindo a Economia em Três Componentes

Fonte: DPP.

A intensidade dos dois processos assinalados 2) e 3) determinaram que o essencial dos

pólos empresariais de maior dimensão em Portugal se tivessem vindo a concentrar num

conjunto de actividades que têm o mercado doméstico como foco do crescimento,

nomeadamente em torno das actividades que poderíamos designar por Cluster da

Construção e por sectores infra-estruturais. Estes pólos empresariais de maior dimensão

nas indústrias florestais (madeira e aglomerados, cortiça e aglomerados, pasta e papel),

nas agro-indústrias (vinhos, óleos alimentares) e ainda em pequena escala no turismo,

ou seja, em sectores cuja competitividade assenta em recursos naturais e ambientais de

Portugal. A Figura II procura ilustrar esta concentração. O sistema financeiro português

assente na intermediação bancária tem vindo cada vez mais a dirigir a sua atenção ao

financiamento das famílias (crédito à habitação e crédito ao consumo), à promoção do

imobiliário (residencial, de escritórios, comercial e turístico) e aos investimentos das

empresas dos sectores infra-estruturais, incluindo sob a forma das Parcerias Público-

Privadas.

Legenda

Serviços não Mercantis

Serviços Mercantis e Actividades “Não transaccionáveis”

Bens e Serviços Exportados

COMPETIÇÃO INTERNACIONALDAS ECONOMIASEMERGENTES

EXIGÊNCIA DECONSOLIDAÇÃOORÇAMENTAL -PEC

PORTUGAL- A SITUAÇÃO ACTUAL E ASPRESSÕES QUE A TORNAM INSUSTENTÁVEL

ELEVAÇÃO DO PREÇODO PETRÓLEO

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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Figura II. Focalização Sectorial dos Pólos Empresariais de Portugal

8

PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA/CONSTRUÇÃO

•ELECTRICIDADE•GÁS NATURAL•TELECOMUNICAÇÕES•CONCESSÕES  DEAUTO ESTRADAS

OBRAS PÚBLICAS/CONSTRUÇÃO

DISTRIBUIÇÃO

BANCA & SERVIÇOSFINANCEIROS

TURISMO

INDÚSTRIASFLORESTAIS

OS GRUPOS EMPRESARIAIS “ENDÓGENOS”‐SECTORES  & ACTIVIDADES  CENTRAIS

AGROINDÚSTRIAS

Fonte: DPP.

2. Do Mercado Interno para o Atlântico Sul

A concentração em actividades infra-estruturais no mercado doméstico impôs muito cedo

limitações ao crescimento destes pólos empresariais pela conjugação de três factores:

estreiteza do mercado interno, passado o período de reabsorção dos défices de expansão

e modernização existentes; liberalização dos sectores que forçou uma maior

concorrência no mercado interno e a desproporção de dimensão face aos concorrentes

espanhóis.

A necessidade de ganhar dimensão para sobreviver na competição internacional, e em

particular ibérica, levou estes pólos a lançar-se no investimento no exterior e,

simultaneamente, na estruturação de alianças empresariais defensivas.

Num primeiro momento – segunda metade dos anos 90 do século passado – o destino

principal foi o Brasil, onde uma política de privatizações e abertura de mercado criou

oportunidades nas telecomunicações, na produção e distribuição de electricidade, nas

concessões rodoviárias. Esta vaga de investimento externo no Brasil também abrangeu a

distribuição e o turismo, neste caso incentivado pelas facilidades oferecidas pelos

Estados do Nordeste brasileiro. Num segundo momento, tornado possível pelo “choque”

petrolífero desta década, o investimento dirigiu-se para Angola, e em menor escala para

Venezuela.

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José Félix Ribeiro

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O “choque energético” da segunda metade da presente década com o forte crescimento dos preços do petróleo e os crescentes receios quanto à segurança do abastecimento futuro abriram uma exigência e uma oportunidade de expansão para os mercados de países produtores. Para o Brasil, de novo, agora no que respeita à participação na exploração do offshore petrolífero e, muito em especial, para Angola, sendo que neste caso foi acompanhado por um movimento recíproco de tomada de posições accionistas por parte de capitais angolanos em vários dos pólos empresariais referidos. Nesta segunda vaga distinguiram-se as empresas de obras públicas que se transformaram em importantes exportadoras e investidoras no exterior.

3. O Sector Exportador de Bens e Serviços em Portugal – uma sequência de “vagas de investimento”

O conjunto de actividades exportadoras de Portugal surgiram em período distintos, em vagas de investimento que foram propiciadas pela conjugação de processos geoeconómicos que abriram oportunidades de mercado, pela existência de factores abundantes em Portugal que tornaram possível explorar essas oportunidades e pela conjugação de políticas macroeconómicas e/ou de regulação que tornaram mais atractiva a exploração desses factores, quer por investidores estrangeiros, quer por distintos segmentos do tecido empresarial português. De análises realizadas noutros momentos resulta a identificação de quatro grandes vagas, que se distribuem no tempo a partir do início dos anos 60 (vd. Figura III).

Figura III. Vagas de Investimento no Sector Exportador de Portugal

Fonte: DPP.

1962 - 2000 – QUATRO VAGAS NO SECTOREXPORTADOR DE PORTUGAL

VAGA “EFTA”

VAGA "ROTADO CABO”

VAGA “EFTANA CEE”

VAGA “ALEMÔ

ANTES: AUTARCIA &IMPÉRIO

VAGA BRASIL

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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201

3.1. A Vaga EFTA

Esta primeira vaga resulta da integração de Portugal na Associação Europeia de Livre

Comércio em que o País tinha como parceiros Países que se localizavam, no essencial,

em Ilhas e Penínsulas situadas mais a norte na Europa – Reino Unido, Irlanda, Noruega,

Suécia, Dinamarca e Finlândia – além da Suíça

Esta vaga centrou-se em actividades intensivas em recursos naturais, em abundância de

trabalho desqualificado e de baixos salários (sobretudo trabalho feminino) e na

existência de amenidades valorizadas pelo turismo. Esta vaga foi facilitada pela adopção

de um novo Código de investimento estrangeiro em 1965:

◆ Indústrias do Têxtil e Vestuário – com as actividades têxteis essencialmente

dinamizadas por capitais portugueses dos vales do Ave e Cávado e o vestuário por

investimento directo sueco, suíço, finlandês e holandês;

◆ Indústrias electrónicas – com actividades de fabrico de componentes electrónicos

passivos e activos e de montagem de aparelhos de rádio e televisão dinamizadas

por investimento directo estrangeiro, no essencial britânico, norte-americano (com

filiais no Reino Unido, que passaram a dispor de uma “bacia de emprego” de

baixos salários) e de empresas alemãs que vieram para Portugal sobretudo para

daqui aceder ao mercado dos países da EFTA;

◆ Indústrias da Madeira e Papel – com as exportações de madeira dinamizadas por

capitais portugueses, nomeadamente do Centro e Norte do País e de pasta de

papel onde foi relevante o investimento sueco, em parceria com capitais

portugueses;

◆ Indústrias agro-alimentares – é o período de crescimento rápido das indústrias de

concentrado de tomate com destino sobretudo para o mercado britânico,

dinamizado por empresas multinacionais norte-americanas e por capitais

nacionais;

◆ Turismo – marca a “descoberta” do Algarve para turismo de gama alta com a

instalação dos complexos turísticos no que hoje se designa por “triângulo

dourado” – Vilamoura, Quinta do Lago e Vale do Lobo – bem como do Alvor – em

que capitais ingleses e holandeses tiveram um papel muito significativo.

A vaga terminou, no que respeita à dinâmica de investimento exportador, com:

◆ O pedido de adesão do Reino Unido, Irlanda, Dinamarca e Noruega à então CEE

em que os três primeiros se integram em 1973; foi acompanhada por uma vaga

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de emigração de grandes proporções originando crescentes montantes de

remessas de emigrantes;

◆ As transformações sociais ocorridas no pós 1974 que levaram à retirada dos

investimentos estrangeiros na indústria electrónica (com excepção dos

investimentos alemães) e, posteriormente, da maioria das empresas de vestuário.

3.2. A Vaga da Rota do Cabo

Esta vaga resultou da valorização da localização geográfica de Portugal, em

consequência do encerramento do canal do Suez ao tráfego dos petroleiros que

transportavam petróleo do Golfo Pérsico para a Europa, na sequência da guerra israelo-

árabe de 1967. O acontecimento que desencadeou esta vaga foi a coincidência deste

evento com a inauguração de um grande estaleiro naval de reparação de navios no

estuário do Tejo, em que estiveram envolvidos o maior grupo empresarial português de

então, um estaleiro da Suécia e outro da Holanda.

A procura dirigida a este novo estaleiro de reparação cresceu de forma exponencial e fez

descobrir a valia da fachada atlântica de Portugal, já não para a relação com os

territórios de África mas com os negócios globais. Sucederam-lhe o investimento no

exterior em novos estaleiros concebidos e equipados pela engenharia portuguesa (vd. o

mais célebre no Barhein) e a decisão de construir um estaleiro de construção em Setúbal

para os petroleiros de maior dimensão da altura.

Esta vaga culmina com a decisão de construir um porto de águas profundas em Sines

com um terminal petrolífero, uma nova refinaria em parceria com capitais franceses do

negócio petrolífero e de um complexo petroquímico adjacente. A competição entre

grupos portugueses do sector da Química determinou que fosse realizado um

investimento noutro complexo petroquímico, agora no Norte de Portugal, adjacente à

refinaria de Matosinhos Todos estes investimentos estavam orientados para a

exportação.

Esta vaga terminou com o primeiro choque petrolífero e com a alteração radical das

condições económicas e sociais pós 1974.

3.3. Vaga EFTA na CEE

Após uma década de perturbação, a dinâmica exportadora foi retomada, primeiro ainda

no quadro do acordo de livre troca com a então CEE e, depois, com adesão de Portugal à

Comunidade Europeia.

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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203

A integração na CEE, em paralelo com Espanha representou uma profunda

transformação geoeconómica para Portugal. Ao integrar os mercados ibéricos tornou o

território português mais atractivo para o investimento internacional e, ao mesmo

tempo, abriu o mercado de Espanha aos produtos portugueses, nomeadamente aqueles

que beneficiam de efeitos de proximidade para competir pelos custos (redução dos

custos logísticos). Mas, a abertura a Espanha não se traduziu em nenhuma

transformação na composição da oferta externa de Portugal por via de investimento

espanhol. Pelo contrário, este concentrou-se em sectores mais “abrigados” da economia,

reproduzindo o padrão de crescimento e internacionalização da economia espanhola.

Esta vaga consistiu na redinamização ou atracção de actividades cuja competitividade –

tal como acontecera com a Vaga da EFTA – residiam nas disponibilidade de mão-de-obra

desqualificada e com baixos salários relativos e em recurso naturais. Traduziu-se:

◆ Num reactivar das indústrias têxteis, das malhas e do vestuário – com maior peso

destes dois últimos sectores – agora para os mercados da Alemanha, França e

Holanda;

◆ Numa viragem para um forte crescimento exportador de um sector com tradições

no País – o Calçado – viragem para a qual contribuíram várias empresas

estrangeiras – alemãs e britânica;

◆ Na expansão do sector dos aglomerados de madeira e do sector de pasta e papel

com a instalação de uma nova empresa inicialmente com capitais franco-britânicos

e um aumento do peso do papel no conjunto das exportações;

◆ Na implantação de várias grandes unidades de fabrico de cablagens para a

indústria automóvel (que foram nesta vaga o equivalente das montagens

electrónicas da Vaga da EFTA).

Esta vaga terminou com o avançar da Globalização e com a chegada em massa dos

produtores da Ásia (China sobretudo) e com o Alargamento da União Europeia aos países

de baixos salários da Europa Oriental (Roménia e Bulgária).

3.4. A Vaga Franco-alemã

Esta vaga foi desencadeada, tal como a anterior, pelo relacionamento de Portugal com a

Comunidade Económica Europeia, primeiro sob o regime de um Acordo de Livre Troca e

depois como Estado-Membro. Mas, ao contrários das Vaga da EFTA vai organizar-se em

torno de investimentos em sectores capital, ie escala intensivos, exigentes de mão-de-

obra qualificada (essencialmente masculina) e mesmo exigentes em competências de

engenharia. Estruturou-se – sobretudo devido ao investimento alemão – em torno:

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José Félix Ribeiro

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

204

◆ Indústria automóvel e seus fornecedores – o primeiro grande investimento foi

realizado pela RENAULT em 1980 com a instalação de uma fundição de última

geração, de uma unidade de fabrico de motores e componentes mecânicos e uma

instalação de montagem de automóveis de produção de massa; a retirada na

década seguinte desta última componente levou ao redimensionamento das outras

unidades; foi sucedido pelo investimento alemão na AUTOEUROPA, acompanhado

pela vinda de vários dos seus fornecedores, pelo investimento da CONTINENTAL

no fabrico de pneus e da BOSCH no fabrico de diversos componentes para

automóvel;

◆ Indústria electrónica e Tecnologias da Informação – envolvendo o investimento do

grupo BOSCH no fabrico de auto-rádios e de equipamento de segurança, do Grupo

SIEMENS com a instalação das fábricas de componentes electrónicos da INFINEON

(depois QIMONDA) e da EPCOS e, mais recentemente, com a instalação de vários

centros de I&D e de competência, desenvolvendo as capacidades de engenharia

para o resto do grupo; refira-se que mesmo uma das duas mais relevantes

empresas de engenharia electrónica portuguesas – a EID – tem como parceiro

uma empresa alemã das indústrias da defesa;

◆ Indústria mecânica e eléctricas – envolvendo a já tradicional presença da

SIEMENS e da ALSHTON e do grupo BOSCH (termo domésticos da VULCANO) e

mais recentemente com fabrico de equipamento para energia eólica – com a

ENERCON.

Uma das realizações mais interessantes desta Vaga foi a criação de uma entidade de

formação profissional gerida em conjunto pelos Grupos VOLKSWAGEM; SIEMENS e

BOSCH.

Esta vaga perdeu dinâmica pela conjugação da abertura de oportunidades de

investimento das firmas almas na China e na Europa de Leste e pelas crescentes

dificuldades que alguns dos segmentos dos grupos alemães estão a ter na competição

internacional.

A perda de dinamismo destas Vagas sucessivas de investimento num contexto em que os

principais pólos empresariais portugueses estão vinculados a actividades e sectores como

os que se referiram anteriormente, traduz-se num impasse das exportações portuguesas

– momentaneamente aliviado pelas exportações de emergência para os PALOP`s.

Procurando fazer um balanço da competitividade da economia portuguesa – avaliada em

termos do seu sector exportador – pode afirmar-se que:

1. A economia portuguesa tem uma oferta de bens e serviços

transaccionáveis com a qual é difícil encarar uma retoma da trajectória de

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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205

convergência já que, face à intensa competição com as economias emergentes e

em desenvolvimento, essa oferta não assegura um aumento de produtividade da

economia que possa ter paralelo, no longo prazo, com a criação líquida de

emprego mais qualificado e mais bem remunerado em actividades sujeitas à

competição internacional.

2. A desejável melhoria da competitividade de sectores tradicionalmente

exportadores que tem vindo a ser realizada, assente na inovação e na

internacionalização de um grupo significativo de empresas será, na maioria dos

casos, acompanhada por perdas líquidas de emprego nesses sectores

tomados no seu conjunto.

4. Da Indústria para os Serviços?

4.1. 2004-2007 – Vaga do Turismo Residencial

No contexto que acabámos de referir, surge como muito relevante a carteira de

projectos PIN – Projectos de Interesse Nacional – que entendemos ser uma expressão do

que o sector empresarial nacional e os investidores estrangeiros se propõem concretizar

em termos de investimentos de dimensão significativa. Observando a lista desses

projectos ressaltam de forma inquestionável os projectos de turismo, nomeadamente

sob a forma de resorts integrados, tendo o golfe como âncora, na maior parte dos casos.

A Figura IV ilustra parte substancial dos projectos de resorts integrados e grandes

unidades hoteleiras. A concretizar-se representaria uma vaga de grandes dimensões, que

aponta para uma profunda mudança das funções geoeconómicas de Portugal na Europa:

de periferia de deslocalização industrial e de aproveitamento de recursos naturais, para

uma região especializada no turismo e acolhimento e no aproveitamento de amenidades.

Convém recordar que esta vaga tem uma forte componente conjuntural – a fase de

boom de um ciclo imobiliário mundial que decorreu de 2003 a 2007 e que a fase de bust

desse ciclo, em que nos encontramos determina que vários desses projectos serão

abandonados, reduzidos na sua escala ou no seu ritmo de implantação devido a

restrições no financiamento bancário.

A observação da listagem de PIN´s permite acrescentar a estas actividades de base

imobiliária e turística os investimentos em energias renováveis, como algo de novo,

dentro do grupo de actividades assentes no aproveitamento de “recursos naturais” e

capital intensivas, já que investimentos anunciados na petroquímicas e químicas pesadas

e na indústria do papel representam a continuidade (ou o renascimento) de tipos de

actividades que já vinham de vagas anteriores.

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José Félix Ribeiro

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206

Figura IV. Principais Projectos de Resorts e Turismo Residencial em Portugal e

respectivos Promotores (2007)

Fonte: DPP, 2008.

No início do período 2007-2009, as actividades que terão maior tendência para serem

atraídas para Portugal são as que se baseiam na disponibilidade terra e no capital, ou

seja, o turismo (com uma forte componente residencial), e as indústrias capital

intensivas fortemente oligopolizadas a nível mundial e para as quais a posição geográfica

de Portugal parecia ser atraente.

Fora destas actividades que os PIN´s nos revelam há que registar uma vaga de menores

proporções, no sector de serviços às empresas – com a instalação de múltiplos call

centres e centros de serviços partilhados de empresas multinacionais, aproveitando uma

ROYALÓBIDOS

PRAIA DÉL REY

FALÉSIA D`ÈL REI

BOM SUCESSO

TROIA RESORT(350)

HERDADE COSTA TERRA(510)

HERDADE DO MERCADOR

(110)

HERDADE DA PALHETA

(100)

GrupoONYRIA

HERDADE DOBARROCAL(140)

HERDADECOMPORTA

(500)

MATA DESESIMBRA(1000)

VILA FORMOSA(150)

HERDADEDOS

REGUENGOS

HERDADEDOS SALGADOS

MONTE REALRESORT(600)

CORTE VELHO(200)

PALMARESRESORT

QUINTADO VALE

HERDADEPINHEIRINHOS

(170)

HERDADE CAVANDELA(600)

VÁRIAS HERDADES(800) ???

PARQUE ALQUEVA(1000)

HERDADEMONTE

CAMPANADOR(120)

EVORA RESORT(250)

HERDADE DOSALMENDRES

(150)

HERDADE DA DEFESA(390)

GrupoESPIRITO

SANTO

Grupo AMORIM

GrupoSONAE

GrupoIMOCOM

GrupoELICANO

GrupoCARLOSSARAIVA

GrupoROQUETE

GrupoOCEANICA

GrupoVOLKART

GrupoBELTICO/CRISSIER

LUSORT/PRASA

GrupoEspanhol

Grupo SIX

SENSES

FamíliaGORJÂO

SANTO ESTEVÃO RESORT

AMENDOEIRA GOLF

RESORT(400)

VILAMOURA XXI(800)

HERDADE DA ALAPEGA

(130)

ROYAL ÉVORA(125)

Grupo SousaCunhal

QUINTA DA ARRÁBIDA(200)

GrupoALIBER

GrupoOCEANICA

QUINTA DAABRIGADA(150)

ACORDOSGPS

WESTIN CAMPO REAL

GrupoNETO

DEALMEIDA

CASTRO MARIMRESORT

Grupo VAN

KOOTENAS CASCATASS RESORT+

CONRAD RESORT

MONTE SANTO RESORT

(220)

VALE DO LOBO RESORT

GrupoCGD??

‘FamíliaRUFINO Grupo

FRONTINOGrupo

E 3PROPERTY

GrupoHolandês‘

GrupoMSF

Grupo ATLÂNTICA/

VILA SOL

GrupoAQUAPURA

Grupo BERNAR

DINOGOMES

GrupoPESTANA

VILA FRIARESORT

(40)

Legenda

Investidores

Internacionais Investidores total ou parcialmente Nacionais

Page 11: Portugal 2025

Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

207

mão-de-obra escolarizada, bem como alguns investimentos em centros de

desenvolvimento de software e prestação de serviços informáticos.

II. OLHANDO PARA O FUTURO – TRÊS CENÁRIOS PARA A ECONOMIA

PORTUGUESA NO ESPAÇO EUROPEU

1. Procurando Identificar ”Vagas de Fundo” na Economia Mundial

Sem pretender repetir trabalhos anteriores realizados pelo DPP na fase preparatória do

QREN (em 2004) que procuraram antecipar “vagas” de investimento na economia

mundial que Portugal poderia aproveitar para o seu crescimento futuro – atraindo

investimento externo e mobilizando iniciativas empresariais endógenas em sua direcção,

podemos de forma muito sintética destacar as seguintes:

◆ A ÁSIA à procura de localizações para se implantar e expandir noutros continentes

– através do investimento externo das novas multinacionais indianas e chinesas

(incluindo de Taiwan e Singapura) e do reposicionamento de multinacionais

japonesas nas suas alianças empresariais no sector automóvel (nomeadamente

em parceria com multinacionais francesas);

◆ A EUROPA à procura de locais para se reformar e de fornecedores de serviços e

dispositivos, consumíveis e equipamentos para saúde a custo mais reduzido;

◆ Os PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO em busca de locais para aplicar capitais;

◆ OS PAÍSES DESENVOLVIDOS à procura de novas fontes seguras de energia e

matérias-primas e das tecnologias que permitam economizá-las, procurando locais

para experimentar novas soluções energéticas e de mobilidade mais sustentável;

◆ TODOS à procura de sítios onde cresçam e se multipliquem talentos e se formem

engenheiros e artistas.

2. Identificando Incertezas Cruciais para o Futuro da Economia Portuguesa

A reflexão realizada em torno da aplicação possível dos Fundos Estruturais da União

Europeia para o período 2007/13 apontava para uma realidade óbvia: Portugal no

horizonte 2025 pode vir a ter distintas funções europeias, em consequência:

◆ Da atractividade do País para os investidores externos e da orientação do sistema

financeiro interno que irão condicionar decisões de investimento de que depende a

fixação futura dos recursos altamente qualificados que o País não pode deixar de

formar;

Page 12: Portugal 2025

José Félix Ribeiro

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

208

◆ Dos contornos finais de grandes projectos de infra-estruturas de iniciativa

governamental e execução público/privada que podem alterar o valor do território

português para os operadores globais que gerem os grandes fluxos de

movimentação de pessoas e de mercadorias a nível mundial.

O processo de construção de Cenários no horizonte 2025 começou, assim, pela

identificação de Incertezas Cruciais, tendo-se seleccionado três:

◆ Qual poderá ser o futuro padrão de actividades exportadoras que caracterizariam

Portugal nesse horizonte temporal?

◆ Que funções Portugal poderá desempenhar na movimentação internacional de

passageiros e de carga?

◆ Qual o padrão de relacionamentos externos preferido pelos investidores

portugueses e pelos poderes públicos?

Seguidamente consideraram-se as Configurações contrastadas para a resolução de cada

uma dessas incertezas, gerando-se três Eixos de Contrastação.

Assim, no que respeita à primeira Incerteza “Qual poderá ser o futuro padrão de

actividades exportadoras que caracterizariam Portugal nesse horizonte temporal?”

consideraram-se as configurações:

◆ Portugal – Natureza & Lazer

◆ Portugal – Engenho & Acolhimento

No que respeita à segunda Incerteza “Que funções Portugal poderá desempenhar na

movimentação internacional de passageiros e de carga?” consideraram-se as

configurações:

◆ Portugal – Movimentando Pessoas

◆ Portugal – Movimentando Pessoas e Bens

No que respeita à terceira Incerteza “Qual o padrão de relacionamentos externos

preferido pelos investidores portugueses e pelos poderes públicos?” consideraram-se as

configurações:

◆ Portugal – Aposta Ibérica

◆ Portugal – Vento Global

Page 13: Portugal 2025

Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

209

Considerou-se que as duas primeiras incertezas eram mais estruturantes que a terceira,

considerando esta apenas nalguns dos casos resultantes da resolução das duas outras

Incertezas. Do cruzamento dos três Eixos de Contrastação resultaram quatro Cenários

que designámos por “República Dominicana/Baleares”; “Costa de Espanha”, “Florida” e

“Flandres”, conforme a Figura V.

Figura V. Quatro Cenários para as Funções Europeias de Portugal no Horizonte 2025

Fonte: DPP.

Seguidamente resumem-se o que seriam os traços principais de cada um destes quatro

Cenários e para os três últimos ilustra-se uma possível distribuição regional de

actividades por três macro-regiões em Portugal – Norte e Centro Litoral, Sul Litoral e

Zonas de Baixa Densidade.

CENÁRIO REPÚBLICA DOMINICANA/PORTO RICO

◆ Portugal seria um destino turístico com a sua competitividade assente na

exploração de amenidades (golf, sol praia, desportos náuticos e desportos

radicais);

◆ Portugal seria uma economia de acolhimento de actividades, entidades e eventos,

sobretudo orientados para os sectores do entretenimento e lazer, incluindo uma

Rep.Dominicana/

Porto RicoFlorida

Costa de Espanha Flandres

Natureza & Lazer

Movimentando Pessoas

Movimentando Pessoas & Mercadorias

Engenho &Conhecimento

IntegraçãoIbérica

Projecção EuroAtlântica

ProjecçãoEuroAtlântica

ProjecçãoEuroAtlântica

Page 14: Portugal 2025

José Félix Ribeiro

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

210

forte componente de gambling; Lisboa tornar-se-ia na capital do jogo da Península

Ibérica; o Ribatejo tornar-se-ia no principal pólo ibérico de corridas de cavalos;

◆ Prosseguiria a tendência de desindustrialização, com excepção dos pólos de

indústrias pesadas energéticas localizadas na sua fachada atlântica e da

subcontratação das indústrias ligeiras e trabalho intensivas do Norte do País por

parte de Espanha (Galiza e Castela Léon) e de alguns fabricantes de consumíveis e

dispositivos de saúde;

◆ Portugal estaria bem posicionado na exportação de produtos ligados à agricultura

de especialidades e às energias renováveis.

CENÁRIO “COSTA DE ESPANHA”

◆ Portugal reforçar-se-ia como destino turístico ibérico e como local de turismo

desportivo do Norte da Europa (golf) e, sobretudo, como zona balnear da

Comunidade de Madrid, alternativa à costa do Mediterrâneo;

◆ Portugal prosseguiria na tendência à desindustrialização, com excepção dos pólos

de indústrias pesadas energéticas localizadas na sua fachada atlântica com

envolvimento de grandes empresas espanholas; o cluster automóvel ficaria

reduzido ao fornecimento de componentes aos Cluster da Galiza e Castela Léon,

admitindo-se que os construtores franceses implantados a Norte da Península

Ibérica – Grupo RENAULT e Grupo PSA – localizassem em Portugal integração de

viaturas de nicho;

◆ O complexo portuário/aeroportuário/logístico do sul de Portugal (Novo Aeroporto

de Lisboa; expansão do terminal de contentores de Sines; plataforma logística do

Poceirão) passaria a funcionar como “porta de entrada” para Espanha e

nomeadamente para a Comunidade de Madrid;

◆ O complexo energético de Sines funcionaria como fornecedor energético e

industrial de regiões espanholas.

Page 15: Portugal 2025

Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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211

Figura VI. Três Macro-regiões no Cenário Costa de Espanha – Actividades

Estruturantes

Fonte: DPP.

CENÁRIO “FLORIDA”

◆ Portugal transformar-se-ia num sofisticado destino residencial para os europeus

do Norte da Europa e um destino turístico atraente para norte-americanos e

asiáticos;

◆ Portugal veria a concretização de uma variedade de pólos de atracção que

serviriam um turismo com forte componente de animação cultural – ex: parque

temático dos Dinossauros, pólos museológicos dos Templários/Ordem de

Cister/Casa de Borgonha; ligações de Portugal à Ásia, etc.;

◆ Portugal passaria a ter uma forte componente de serviços de saúde e reabilitação

para estrangeiros, com base na atracção de clínicas de renome internacional e de

fabricantes de dispositivos médicos;

◆ Portugal transformar-se-ia num pólo europeu de indústrias culturais e do

audiovisual;

TURISMO,ACOLHIMENTO

REFINAÇÃO DE PETRÓLEO &PETROQUÍMICA

AUTOMÓVEL INVESTºEUROPEU

MODASUBCONTRATAÇÃO

COM GALIZA

ENERGIAS RENOVÁVEIS-

EQUIPAMENTOS

O SUL LITORAL

O NORTE& CENTROLITORAL

AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES

(flores, plantasornamentais,frutos etc)

HABITAT

LOGÍSTICA IBÉRICA

AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES

(azeite, frutos)

CENÁRIO “COSTA DE ESPANHA ”

ENERGIAS RENOVÁVEIS-

HIDRICAS E EÓLICAS

ENERGIAS RENOVÁVEIS-

SOLAR

LAZER(caça)

PAPEL

LAZER(Golfe)

AS ZONAS DE BAIXA DENSIDADE

cOMUNICAÇÕES

Page 16: Portugal 2025

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212

◆ Portugal atrairia um conjunto de actividades aeronáuticas e do espaço a localizar

em parte no Alentejo;

◆ Assistir-se-ia a uma intensa exploração das energias renováveis e das suas

Tecnologias, com destaque para a energia das ondas e uma aposta na exploração

oceânica;

◆ Portugal não conseguiria atrair operadores globais na movimentação de

mercadorias que prefeririam localizar-se em Marrocos, utilizando Tânger como

grande plataforma de movimentação no Atlântico/Mediterrâneo e os portos

espanhóis do Mediterrâneo como acesso ao centro da Europa, aproveitando a rota

Ásia/Europa pelo Canal do Suez.

Figura VII. Três Macro-regiões no Cenário “Florida” – Actividades Estruturantes

Fonte: DPP.

CENÁRIO “FLANDRES”

◆ Neste Cenário assistir-se-ia ao renascimento industrial do Norte – produtos leves

de elevado valor acrescentado – dispositivos médicos, electrónica, agricultura de

INDÚSTRIAS CRIATIVAS

AUTOMÓVEL & VEICULOS

~ ELÉCTRICOS

COMUNICAÇÕES & ELECTRÓNICA

ENERGIAS RENOVÁVEIS-& FUEL CELLS

O NORTE &CENTRO LITORAL

AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES

(flores, plantasornamentais,frutos etc)

SAÚDE –DISPOSITIVOS

& EQUIPAMENTOS

AERONÁUTICA& ESPAÇO

AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES

(flores, plantasornamentais,frutos etc)

ENERGIAS RENOVÁVEIS-

TURISMO SÉNIOR+SAÚDE - SERVIÇOS

SERVIÇOS ÀSEMPRESAS -

QUÍMICAVERDE

AS ZONAS DE BAIXA DENSIDADE

TURISMORESIDENCIAL

(Resorts)

TURISMOCULTURAL

CLUSTER MODA

O SUL LITORAL

Microalgas

BIO REFINARIASCOM MATÉRIAS

PRIMAS NACIONAIS

CENÁRIO “FLÓRIDA”

Microalgas

Page 17: Portugal 2025

Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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213

especialidades, moda e a uma Renovação Industrial no Sul – parcerias euro-

asiáticas no automóvel e expansão das indústrias aeronáuticas;

◆ Portugal transformar-se-ia num importante fornecedor energético do sul da

Europa a partir de Sines onde se instalariam novas unidades de desliquefação do

gás natural e centrais de ciclo combinado;

◆ O complexo portuário/aeroportuário/logístico do sul de Portugal (Novo Aeroporto

de Lisboa; novo terminal de contentores de Lisboa na Trafaria/Plataforma logística

do Poceirão) estaria ligado à Europa Central (Rhone Alpes/Suíça (Alemanha do

Sul);

◆ Portugal seria sofisticado destino residencial para os europeus do Norte da

Europa; uma variedade de pólos de atracção que serviriam um turismo com forte

componente de animação cultural e de indústrias criativas.

Figura VIII. Três Macro-regiões no Cenário “Flandres” – Actividades Estruturantes

Fonte: DPP.

TURISMO,ACOLHIMENTO

PETRÓLEO,PETROQUÍMICA

& BIOREFINARIAS

AUTOMÓVEL COM ASIA

COMUNICAÇÕES & ELECTRÓNICA

ENERGIAS RENOVÁVEIS-

EÓLICAS & ONDAS

O SUL LITORAL

O NORTE &CENTROLITORAL

AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES

(flores, plantasornamentais,frutos etc)

SAÚDE –DISPOSITIVOS

& EQUIPAMENTOS

SERVIÇOSINTERNCIONAIS &

LOGÍSTICAATLÂNTICA

AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES

(flores, plantasornamentais,frutos etc)

CENÁRIO “FLANDRES”

ENERGIAS RENOVÁVEIS-

HIDRICAS E EÓLICAS

AS ZONAS DEBAIXA DENSIDADE

TURISMORESIDENCIAL

(Resorts)

ENGª OCEANICA

PAPEL

MODA(Marcas)

Page 18: Portugal 2025

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214

BIBLIOGRAFIA

Ribeiro, J. F.; Rodrigues, E. F. e Fernandes, L. G. (1977), O Sector Exportador Português

e a Internacionalização da Produção. Lisboa, GEBEI.

Ribeiro, J. F.; Fernandes, L. G. e Ramos, M. M. C. (1987), “Banca, Grande Indústria e

Grupos Financeiros – 1953-1973”. Análise Social, XXIII, ICS.

Ribeiro, J. F.; Proença, M.; Chorincas, J. e Marques, I. (2003), Portugal, o Litoral e a

Globalização. Lisboa, DPP.

“O Investimento Português no Estrangeiro: Brasil“ (2003). Prospectiva e Planeamento, 9

(número especial), 9-220.

“Portugal – Prospectiva das Actividades e dos Territórios” (2004). Foco no Futuro, 3.

“A Economia Portuguesa no Horizonte 2015” (2005). Prospectiva e Planeamento, 13

(número especial).

Quadro de Referência Estratégico Nacional – 2007-2013. Avaliação ex-ante (2007).

Lisboa, DPP.

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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ANEXO

ACTIVIDADES ESTRUTURANTES NA FLORIDA E NA FLANDRES (2005)

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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FLORIDA – CLUSTERS & ESPECIALIZAÇÕES

O Estado da Florida situa-se no sudoeste dos EUA, sendo mais conhecido pela sua importância como grande pólo turístico (desde os parques temáticos ao turismo residencial em grande escala) e destino privilegiado de turismo residencial para seniores; como centro de actividades espaciais, em torno das instalações da NASA em Cabo Canaveral ou como “ponte” para a América Latina a partir de Miami. Menos conhecida é a sua emergência como um Estado com um forte dinamismo nas actividades de alta tecnologia e intensa criatividade, atraindo grandes empresas de outros Estados e do exterior dos EUA e, ao mesmo tempo, gerando múltiplas empresas inovadoras, surgidas em muitos casos em torno da sua rede de Universidades e centros de I&D públicos. Não se comparando ainda com os Estados do Sudeste e Sudoeste que têm vindo a emergir como pólos tecnológicos de primeiro plano como a Carolina do Norte ou com o Texas nos índices de localização destas actividades, a Florida tem tido um crescimento nestas actividades que aponta para uma ascensão na sua posição relativa, graças a uma elevada atractividade.

Principais Clusters

▪ Cluster Turismo & Acolhimento – a Florida tem uma forte presença nestas actividades, quer sob a forma de turismo residencial e de turismo sénior, quer de entretenimento centrado nos diversos parques temáticos nela localizados;

▪ Cluster Serviços de Saúde – A Florida, devido em parte à própria concentração de turistas seniores de elevado rendimento foi construindo, ao longo das décadas, um dos melhores complexos de serviços de saúde dos EUA, envolvendo actualmente mais de 33 mil empresas e empregando cerca de 600 mil pessoas, com clínicas e hospitais de primeiro plano (vd. Cleveland Clinic Florida; Florida Hospital; Mayo Clinic, etc.) e com centros de excelência em investigação médica nomeadamente na área das doenças cancerosas e neurodegenerativas, como os H.Lee Mottitt Cancer Center and Research Institute da University of South Florida; o Johnnie B. Byrd, Alzheimer`s Center & Research Institute; o Sands Helth Care; o M.D. Anderson Cancer Institute, etc.;

▪ Cluster Farmacêutica/Biotecnologia & Equipamentos Médicos – a Florida é, em termos de Estados individuais, a segunda maior concentração nos EUA do cluster Equipamentos Médicos, logo a seguir à Califórnia, com cerca de 19 mil pessoas em empresas que estão activas em segmentos como as técnicas de cirurgia não invasivas, as próteses ortopédicas, os implantes cardíacos, os dispositivos para a visão, os equipamentos de diagnóstico por imagem, o diagnóstico bioquímico, os consumíveis hospitalares, com empresas com sede em outros Estados como a Cordis, a Beckman Coulter, a Smith & Nephew (wound management divison) e dezenas de outras com sede na própria Florida, algumas das quais como a Symbiosis – especialista no segmento de endoscopia – já foram absorvidas por gigantes do sector como a Boston Scientifics; na área da biotecnologia existem cerca de 70 empresas orientadas para as vacinas, novos produtos farmacêuticos testes para diagnóstico (a biodefesa e a biotecnologia marinha têm também expressão); estes clusters incluem centros de I&D de Universidades como o Center for Biotechnology Research da University of Florida, o Biomolecular Science Center e o Center for Research and Education in Optics and Lasers da University of Central Florida, o Department of Ophtalmology da University of Miami, Institutos como o Scripps Institute.

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FLORIDA – CLUSTERS & ESPECIALIZAÇÕES

▪ Cluster Entretenimento/Media – a Florida tem, em competição com a Califórnia, uma das mais dinâmicas sectores de Digital Media, aproveitando as competências acumuladas na área da Modelização, Simulação e Treino, apoiando-se nalgumas das mais estruturadas parcerias universitárias existentes nos EUA entre Tecnologia e Arte (vd. CREAT – Consortioum for Research and Education in the Arts and Technology da University of Central Florida; o Digital Worlds Institute da University of Florida, o Center for Electronic Communication da Florida Atlantic University, etc.); de entre as empresas deste cluster podem referir-se a Digitec Prioductions, a eMerge Media, a Electronic Arts (de San Francisco); os Kosmos Studios, a Multichannel Ventures, a Real Digital Media, a IDEAS do Disney-MGM Studio, a Project Firefly Animation Studios, a NBC Universal, etc.

▪ Cluster Tecnologias da Informação – A Florida chegou a ter uma significativa presença no sector de hardware informático graças à presença da IBM em Boca Raton, mas hoje destaca-se sobretudo em duas áreas – Software e Serviços de Integração de Sistemas, com empresas como a Oracle, a Peoplesoft, a Lotus Development e a Citrix Systems, várias delas com sede noutros Estados, mas atraídas pelas condições existentes na Florida; e Modelização, Simulação e Treino que é a área em que a Florida mais se destaca a nível nacional, em consequência quer da localização dos principais centros do Exército e da Marinha dos EUA nestas áreas, quer da existência de Parques Temáticos na área do entretenimento que as utilizam, quer ainda da presença de grandes contractors do Departamento de Defesa e da NASA; aqui se localiza o National Center for Simulation e se desenvolveram centros de I&D especializados como o Institute for Simulation & Training da University of Central Florida ou o High Perfomance Computing & Simulation Research Lab em que participam três Universidades da Florida; e se destacam empresas como a Lockheed Martin, a Raytheon Systems, a BAE Systems, a Boeing, a Evans & Sutherland todas pertencentes ao cluster Aeronáutica, Espaço & Defesa, mas também a Disney Imageering e o Universal Studios do cluster do Entretenimento/Media e outras especializadas nesta área como a Science Applications Internatioanal, a ECC International, a EER Systems, etc.;

▪ Cluster Comunicações & Electrónica – nele se destacam os fabricantes de equipamento HARRIS Corporation, empresa com sede no Estado e líder nos EUA na área das comunicações seguras para a Defesa, Governo e grandes empresas, e que nele desenvolve as áreas de Broadcast Communications (cujo mercado é constituído pelas empresas de media), e Microwave Communications, para além desta também se encontra a MOTOROLA, a QUALCOMM, a SIEMENS Information & Communications Networks, a NORTEL Networks, mas também os operadores de serviços; refira-se que a Florida apresenta uma elevadíssima conectividade digital ao dispor no seu território de múltiplos Network Acess Points (NAP), de uma excelente cobertura em banda larga; na área da electrónica existem várias empresas, como a GE Power Systems e a SIEMENS WESTINGHOUSE Power Systems na área da electrónica de potência, a própria HARRIS e uma grande empresa de Electronic Manufcturing Service – a JABIL;

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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▪ Cluster Aeronáutica/Espaço & Defesa – em torno do centro espacial da NASA em Cap Canaveral desenvolveu-se desde os anos 50 um cluster de empresas, Departamentos universitários e centros de I&D orientados, especialista em aviónica ROCKWELL COLLINS; na área da Defesa é ainda de salientar os centros da LOCKHEED MARTIN na área dos Sensores e Tecnologias Submarinas.

Com menor dimensão pode ainda referir-se:

▪ Cluster Óptica & Fotónica – cujo desenvolvimento se iniciou com a instalação nos anos 60, em Orlando, de um centro de lasers da MARTIN MARIETTA e que hoje inclui cerca de 150 empresas e ocupa quase 10 mil pessoas, destacando-se empresas do cluster Aeronáutica Espaço e Defesa como as LOCKHEED MARTIN e NORTHROP GRUMMAN LASER SYSTEMS, mas também do cluster comunicações como as NORTEL NETWORKS e a MESH NETWORKS e outras especializadas nesta área como a LAMBDA PHYSICS.

A FLANDRES NA EUROPA – CLUSTERS & ESPECIALIZAÇÕES

As vantagens logísticas do território da Flandres contribuíram sem dúvida para o dinamismo desta região”. Basta recordar que a Flandres integra um grande porto europeu – Antuérpia – e os outros dois mais importantes portos belgas – Zeebruge e Gand, para além de incluir na sua proximidade o aeroporto de Bruxelas e dispor de óptimas conexões com o Reno e seus afluentes e com o pólo logístico holandês de Roterdão/Amsterdão.

Com base nestas vantagens de localização, grandes firmas multinacionais americanas, japonesas e europeias localizaram na Flandres importantes centros de produção e de distribuição e mesmo centros de I&D:

▪ Cluster Petroquímico – em Antuérpia localiza-se o segundo maior cluster petroquímico do Mundo, a seguir ao de Houston, no Texas, com cinco refinarias e quatro “steamcrackers” para a produção petroquímica de base; empresas mundiais como a BASF, Bayer, BP Amoco, Chemical, Dow Chemical, Dupont, Exxon-Mobil, Kaneka, Texaco têm aqui implantações europeias de primeiro plano, aproveitando o facto de Antuérpia ser a principal junção dos pipelines da Europa Ocidental;

▪ Cluster Automóvel – a Flandres produz mais de um milhão de automóveis por ano – constituindo a maior concentração geográfica da indústria a nível mundial – num raio de 40 Km, a Ford produz o Mondeo e a Transit, a General Motors o Opel Astra, a Volvo os modelos S70 e V70, a Volkswagen o Golf e o SEAT Leon, sendo a fábrica da Ford em Gand a maior do grupo, à escala mundial; no que respeita à produção de veículos comerciais a Volvo fabrica aqui quase 30% da sua produção, a Von Hool exporta daqui 80% da sua produção de autocarros e empresas de veículos especiais como a Mol fabricam uma extensa gama de produtos; marcas como a Honda fabricam aqui componentes para as suas instalações no Reino Unido, enquanto a Toyota, a Daimler Chrysler, a Hyundai, a Mazda, a Subaru, a Isuzu ou a Komatsu localizaram na região importantes centros de distribuição e logística pan-europeus; o cluster inclui cerca de 260 fornecedores de componentes e sub-sistemas; os três portos da Flandres movimentam, em conjunto, mais do que um milhão e quinhentos mil veículos automóveis por ano.

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220

Mas não são estas actividades, centradas em sectores maduros que podem assegurar o

futuro da Flandres. O dinamismo empresarial verificado em novas áreas de actividade

polarizadas em torno das Tecnologias da Informação e das Ciências e Tecnologias da Vida,

parecem constituir uma base mais sólida para assegurar o crescimento nos anos próximos.

A Flandres tem vindo a desenvolver as actividades associadas ao desenvolvimento e

exploração das Tecnologias da Informação, nomeadamente em domínios como:

▪ Processamento Digital de Sinal (DSP) – em que se formou um cluster agregando

empresas líder a nível mundial, PME, centros de investigação e universidades,

especializadas em vários aspectos do processamento da imagem e do vídeo digital, do

áudio digital e do processamento do som, bem como nas tecnologias de comunicação

e navegação, podendo actualmente contar com mais de 1200 especialistas nestes

domínios; entre as grandes empresas de nível mundial incluem-se a Alcatel

Microelectronics, a Agfa Gevaert e a Philips; ao lado de dezenas de outras empresas

como a Ansem, Barco Silex, Easics; Eonic Systems, Frontier Design, Sirius

Communications e Target Compiler Technologies, algumas das quais, como a empresa

“local” Barco, ocupando posições de liderança em nichos de mercado; a base de

formação e investigação que integra o cluster está representada por um Instituto de

I&D – o IMEC – especializado nos métodos e ferramentas de concepção e desenho de

circuitos, com destaque para os que se destinam às comunicações de banda larga e

wireless, e por departamentos das universidades de Lovaina e Gand e da Universidade

Livre de Bruxelas.

A FLANDRES NA EUROPA- CLUSTERS & ESPECIALIZAÇÕES

▪ Processamento Digital da Linguagem – em que se destaca o “Flanders Language

Valley” (FLV), criado em 1995 com base em fundos de capital de risco, nos quais

participam como investidores, empresas como a Microsoft e a Cisco e que reúne mais

de 24 empresas e seis start-ups, envolvidos nas áreas da Linguística Computacional e

da Inteligência Artificial; durante anos a empresa “local” Lernout & Hauspie

desempenhou o papel de símbolo da competência flamenga neste domínio;

▪ Tecnologias Multimedia – em que se formou o “Flanders Multimedia Valley” que

engloba já mais de 35 empresas como a Interelectra, a Cegeca, RUG, Sentinel, ou a

PIMC e que conta com o apoio de um centro de I&D de base universitária – o

Expertise Center for Digital Media (EDM), que desenvolve actividades em animação e

realidade virtual, tecnologias multimédia e telemática e com um Parque de Ciência

dispondo de uma incubadora de empresas.

A Flandres tem também actividades empresariais dinâmicas em Ciências e Tecnologias

da Vida, com destaque para as áreas farmacêutica, da biotecnologia e da engenharia

biomédica:

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Portugal 2025 – Que Funções no Espaço Europeu?

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▪ Área Farmacêutica – em que se destacam empresas que começaram por ser “locais” como a Janssen Pharmaceutica e acabaram por se transformar em subsidiárias de um grupo multinacional, neste caso a norte-americana Johnson & Johnson, não deixando de ter na Flandres a sua base de I&D que foi responsável pela descoberta e desenvolvimento de vários medicamentos. Mas, além desta, estão presentes na região grandes empresas mundiais como a Pharmacia & Upjohn, AstraZeneca, Schering-Plough e Pfizer que dispõem de instalações de produção local e, nalguns casos, aqui instalaram centros de distribuição para a Europa;

▪ Biotecnologia – a região é conhecida, sobretudo, pelas suas competências em genética e biotecnologia vegetal. Empresas “locais” como a Innogenetics, DevGen, o Virco Group e a CropDesign tornaram-se nomes conhecidos a nível mundial, tendo desempenhado um papel-chave na atracção de empresas estrangeiras como a Pharming, Introgene, Quality Biotech Europe. O apoio prestado por um instituto de investigação interuniversitário com o prestígio do VIB e a existência de fundos de capital de risco contribuíram, igualmente, para promover start-ups e atrair empresas estrangeiras;

▪ Imagem e Equipamentos Médicos – em que está presente outra empresa flamenga – a Agfa – que ocupa uma posição cimeira a nível mundial na sua especialidade; nos equipamentos médicos, empresas internacionais como a Becton Dickinson, Terumo, Cyberonics e Guidant escolheram a Flandres como base para abastecer o vasto mercado europeu.

Refira-se que mais recentemente a Flandres criou um pólo de biocombustíveis dos maiores da Europa, localizado em Ghent.