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www.issuu.com/jornalnoturno Ano 1 - Edição 5 Festival ganha Londrina Internet ajuda novos escritores O novo movimento estudantil Comunicação se aprende na escola

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The very fifty Ponto Final!

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www.issuu.com/jornalnoturno Ano 1 - Edição 5

FestivalganhaLondrina

Internet ajuda novos escritores

O novo movimento estudantil

Comunicação se aprende na escola

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Comunicação

Economia

Política

Cultura

Cultura

Esporte

Novos rumos da publicação 04

Trabalho com alegria 08

Movimento estudantil 10

Festival de Música de Londrina 13

Entrevista com Fafá de Belém 18

Tempo de Copa 20

Educação

Projeto E-Radiar 22

Moda e comportamento

Opinião

Inverno para quê? 24

Cala boca galvão! 25

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Expediente

Esta revista é produzida pela turma do 3º ano de Comuni-cação Social - Jornalismo No-turno da Universidade Estadual de Londrina para a Profa. Dra. Rosane Borges na diciplina 5NIC030, Técnica de reporta-gem, entrevista e pesquisa jor-nalística III

Contato: [email protected]

Essa é a 5ª edição e Ponto Fi-nal. Calma, essa edição não é a última, pelo menos esperamos que não. Estamos em plenas férias, momento de descanso e paz. O que você vai fazer nesse meio tempo, além de ler a Pon-to Final, claro! Você pode ler o livro Apocalipse de Eduardo Spohr, um dos escritores que fazem parte dessa nova onda de lançamento de livros online, mas que como outros autores, ganha a prateleira das livrarias.

Que tal aproveitar esse mo-mento de descanso da cabeça e colocar o corpo para se mex-er? Cursos de dança é uma op-ção para quem quer se exercitar e aprender algo que não doa nos neurônios nessas férias.

Movimento estudantil? Ainda existe? Confiram na pág. XX da

Ponto Final. Nossa reportagem acompanhou uma das reuniões do Diretório Geral do Estudantes da UEL e traz a discussão à tona.

O Festival de Música ganha Lon-drina pela 30ª vez. Confira a maté-ria de capa desta edição. O FML deste ano trás novidades na grade pedagógica e apresentações in-ternacionais que destacam o pro-grama em 2010, além de valorizar os profissionais locais. Não perca também entrevista com a cantora Fafá de Belém que se apresen-tou nesses 30 anos de Festival.

A Ponto Final também dis-cute uma crônica sobre a Copa, tema que dominou o Mundo em 2010. Você confere também o projeto E-radiar realizado em Londrina, uma abordagem da chegada do inverno e o famo-so caso do “Cala boca Galvão”.

Guilherme Santana

Editoral

Jornalista responsável: Rosane BorgesEditores: Gabriel Bandeira, Gabriela Pereira,

Rodrigo Fernando e Mariana GuarilhaDiagramadores: Allan Fernando, Iuri Furukita,

Naiá Aiello e Vanessa Silva Repórteres: Edson Vitoretti, Fabrício Alves,

Gabriel Oberle, Gabriela Pereira, Guilherme Costa, Guilherme Santana, Júlio Barbosa, Maria Amélia Gil e Roberto Alves

Férias e Ponto Final

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A jornada d o herói

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Guilherme CostaFaltam ao mercado editorial

brasileiro escritores de ficção de qualidade em evidência. Não é de se admirar que os fãs do gênero, jovens em sua maioria, recorram a títulos estrangeiros para preencher esse nicho no mercado do entretenimento. O Brasil concentra milhares de fãs dos bruxos adolescentes das histórias de J.K. Rowling, dos vampiros vegetarianos da saga de Stephanie Meyer e dos romances polêmicos de Dan Brown, por exemplo. Não que autores de ficção de qualidade no Brasil não existam. O prob-lema é a falta de oportunidade que eles enfrentam na divulga-ção de seu trabalho. Da concep-ção da obra às prateleiras de uma livraria, um escritor iniciante

brasileiro passa por um caminho repleto de dificuldades, de ori-gem mercadológica-comercial, em sua maioria, o que justifica a falta desses títulos no país.

Quem encontrou uma opção inteligente para superar essa dificuldade foi o escritor Edu-ardo Spohr, autor de “A Batalha do Apocalipse – Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo ”. Preparando-se para o lança-mento de seu romance por um selo de uma grande editora, o Versus da Record, o autor já angariou um considerável pú-blico de leitores por meio, ex-clusivamente, da internet. O romance foi concebido a partir de “O Último Anjo” conto que ele escreveu para um concurso literário da PUC do Rio de Ja-neiro (faculdade pela qual o au-

tor se formou em jornalismo) anos atrás. Sua principal inspi-ração é o filme “Anjos Rebel-des” (The Prophecy, de 1995) e as histórias que o autor vivia durante suas partidas de RPG (Role Playing Game, ou jogo de interpretação de personagens), do qual sempre foi fã.

A internet foi ferramenta fundamental para passar pelas barreiras que as regras de mer-cado que as grandes editoras impõem, atravancando a divul-gação de obras de escritores ini-ciantes como ele. O autor lançou seu livro pelo selo NerdBooks, uma editora independente da NerdStore, loja virtual do site Jovem Nerd, um dos blogs de maior sucesso atualmente. Tudo começou quando o site, que lan-ça semanalmente um podcast

Eduardo Spohr, autor de “A Batalha do Apocalipse”

Sucesso de vendas online, “A Batalha do

que a internet é uma alternativa para novos escritores

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Apocalipse” ganha as prateleiras das livrarias e prova

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Embora ainda exista certa resistência

e preconceito em relação as ob-ras de ficção de gênero, tanto o sucesso dos fenômenos recen-tes, quanto o interesse por clás-sicos não deixa dúvidas de que há um mercado com potencial a ser explorado. Apesar da maior parte dos “best sellers” ainda serem de autores estrangeiros, há ficção fantástica de gênero sendo produzida no Brasil. In-egavelamente o mercado ainda é pequeno e de alcance restri-to, porém as obras de fantasia , ficção científica e terror alcan-çam as prateleiras das livrarias e destaque nas novas mídias, revelando que muita coisa de qualidade é produzida em terras brasileiras.

O escritor André Vianco ficou conhecido principalmente com seus vampiros lusitanos, porém foi contando a guerra entre an-jos e demônios em O senhor da chuva que ele inaugurou a car-reira literária em 1998.

Eric Novello, autor da fanta-sia histórica Dante: o guardião da morte e de histórias da Noite Carioca, voltado para o humor cotidiano, agora arrisca-se na fantasia urbana com Néon Azul. O livro escrito no gênero Fix-up, bastante defendido pelo autor, é constituído de uma série de con-tos mais ou menos independen-

tes, interligados em uma história maior, e está sendo lançado pela editora Draco. Também pela Dra-co, Estevão Ribeiro, que ganhou notoriedade na internet com a tirinha de humor D´os Passarin-hos, lança no segundo semestre a ficção de terror, a corrente. José Roberto Vieira, promete em O baronato de Shoa, uma mistura de dark fantasy com elementos de steampunk.

Outro lançamento bastante aguardado é A tríade, escrito a oito mãos por Kizzy Ysatis, Oc-távio Carrielo, Cláudio Brittes e Carlos Andrade. Um jogo de re-alidade alternativa está em anda-mento na internet, e o prêmio é nada menos que a espada de um dos personagens. Com essa cam-panha de divulgação interessante e a premissa de juntar templári-os, vampiros e anjos, o lançamen- to da e d i t o r a t e r r a -

cota promete. Fábio Fernandes, que nos pre-

senteou com Dias de Peste, uma coletânea de contos cyberpunks, prepara seu segundo romance a ser lançado pela editora tarja, que também promete uma sé-rie de quatro coletâneas que vão de histórias de fantasia ex-traordinárias a fantasia urbana. Richard Diegues, com seu Cyber Brasiliana também promete im-pressionar com uma realidade alternativa onde a vida abaixo da linha do equador assume ares de utopia, enquanto no outro hemis-fério a situação é tensa.

Com tantos lançamentos e editoras investindo na literatura fantástica, resta torcer para que a ficção de gênero no Brasil ganhe cada vez mais força e seja reconhecida, pois muita coisa boa tem sido produzida em solo brasileiro.

Ficção de gênero ganha força no mercado, e produção nacional é

estimulada. Mariana Guarilha

(programa de rádio exclusivamente produzido para a internet) com as-suntos diretamente voltados ao pú-blico jovem e nerd, resolveu fazer um programa com um de- b a t e

sobre o apocalipse. Aproveit-ando o gancho, os blogueiros Alexandre “JovemNerd” Al-lotoni e Deive “Azaghal” Pazos, resolveram promover o livro do colega escritor. O resultado não poderia ter sido melhor.

Na verdade, a ideia de vend-er o livro exclusivamente pela internet tinha tudo para dar

errado. Primeiro: uma impressão em pequena escala, independente e de acabamento tão rebuscado (como é o caso de “A Batalha do Apocalipse”) encareceram a produção do livro aos editores da NerdStore. Segundo: a gera-ção de boletos bancários, taxas da operadora de cartão de crédito e a postagem pelos correios aumen-taram o preço final ao comprador.

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Terceiro: as vendas online, apesar de incrível crescimento nos últimos anos, ainda não está muito disseminada entre os brasileiros e ainda gera muita desconfiança nos compradores. E por último, grande parte do público do site é bastante exigente com o que consome, e não seria convencido facilmente a apoiar um es-critor estreante. No entanto, o livro foi um sucesso absoluto. “Colocamos 70 livros pra vender na NerdStore, que se esgotaram rá-pido. Os ouvintes pediram mais, e aí vimos que a coisa podia dar certo”, conta o autor, que atualmente já contabiliza 4600 cópias vendidas, um verdadeiro recorde para um editor independente na internet. Mas o segredo parece não estar somente no boca-a-boca dos fãs, mas sim no próprio con-teúdo da obra. A história de “A Batalha do Apocalipse” é escrita num modelo de narração que o próprio autor chama de “a jornada do herói” termo que remete di-retamente as pesquisas de Joseph Camp-bell e Christopher Vlogger. Nessa estru-tura narrativa, não é o fim da história, mas sim todo o processo de transforma-ção e evolução do personagem em sua jornada que realmente importa. Essa maneira de narrar cria um ritmo de história muito atrativo aos fãs de ficção, muitas vezes só encontrado em obras estrangeiras.

Para Eduardo Spohr, a internet é realmente uma boa saída para novos autores que estão por surgindo por aí e que mostrar suas histórias de ficção. Ele acredita que a rede tem um grande leque de recursos os quais os escritores podem utilizar como o Orkut, twitter, Facebook, e os blogs. Mas ressalta que essa é uma divulgação segmentada e que o ideal é que o autor seja posteriormente julgado por um conceito mais amplo: “no meu caso ajudou. Agora, com a chegada da obra às livrarias, vamos saber qual será a recepção por parte do público em geral. Estou torcendo para que dê certo. Acho que a internet pode ser um iní-cio. Se a obra fizer sucesso, o ideal é que ela chegue às prateleiras. A web está aí pra ajudar na divulgação”. Além da chegada de “A Batalha do Apocalipse”, que agora ganhas as livrarias de todo o país, Eduardo Spohr conta que já se prepara para o lançamento de mais dois livros, primeiramente pelo selo NerdBooks, como sua primeira obra.

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Gabriel OberleÉ cada vez mais comum conhe-

cer pessoas que transformam suas habilidades pessoais em sua fonte de renda. Artesãos, professores, fotógrafos, dançarinos, músicos, entre outros. Pessoas que conse-guem fazer do prazer um trabalho e do trabalho um prazer. Assim vemos exemplos como o de Heloí-sa e Paulo

Foi da avó que Heloísa de Matos herdou seu dom. Os panos de prato e toalhas, com detalhes em crochê, que ela faz foram ensinados primei-ro a sua mãe e depois para ela. Como as mulheres não tinham muitas pos-sibilidades há alguns anos atrás, ela buscou aperfeiçoar seus afazeres manuais, “antigamente tinha que ser prendada”, conta. O que a mo-tivou para começar a vender seus produtos foi a necessidade do din-heiro, e para isso Heloísa buscou seu próprio trabalho com o que sa-bia fazer muito bem.

A artesã acredita que a principal causa de não ter outro emprego foi a falta de estudo, diz que “as mu-lheres não tinham valor, nunca tive um bom estudo por ter que ajudar na roça e em casa”. Depois de casa-da decidiu que precisava ter seu próprio dinheiro, assim propôs ao marido que iria vender seus traba-lhos, isso aconteceu há 22 anos.

E quem passa pela feira das ruas São Paulo e Alagoas, já está acos-tumado com a simpatia e disposição da vendedora, que há 16 anos ex-põe e lucra com uma das coisas que mais lhe dá prazer: seus trabalhos manuais.

Tradição e prazer no trabalho Pessoas transformam dons em atividade de sustento

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Heloísa de Matos vende seu trabalho na feira-livre

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Tradição e prazer no trabalho Pessoas transformam dons em atividade de sustento

Esse clima de alegria no tra-balho também ocorre com Paulo Henrique Vilas Bôas, que é pro-fessor de dança há um ano. Tudo começou em março de 2007, quando o grupo de jovens que participava proporcionou aulas de dança em sua Paróquia, e em apenas um ano já era bolsista na escola, auxiliando os instrutores durante as aulas.

Paulo é professor da escola há mais de um ano e conta ao longo de sua vida “foram aparecendo portas”, bastou apenas abri-las. Entretanto a dança ainda não se tornou sua principal fonte de ren-da. O professor divide-se entre o trabalho em uma oficina mecâni-ca durante o dia e a descontração de dar suas aulas à noite. Paulo

ainda completa resumindo seu maior prazer na alegria que sen-te durante o trabalho, “tem que ser descontraído, se ‘tá’ errando tem que brincar com o erro para melhorar”. E é visível o prazer no que faz. Durante toda a aula o clima é de brincadeiras. Paulo não para de ensinar dançando e não cansa de estampar o sorriso no rosto.

Paulo e Heloísa são um dos exemplos de que um hobby, na hora do aperto ou por opção, pode tornar-se um trabalho, que garante uma renda a mais ao fi-nal do mês. Assim acontece em muitos ramos, afinal o impor-tante para que uma profissão tenha êxito é o prazer e a satisfa-ção pessoal.

Gabriel Oberle

Paulo Vilas Bôas desperta o pé de valsa nos alunos

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Um movimento deESTUDANTES

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O Movimento Estudantil já não é mais como o de anos atrás. Atualmente, ele tem ganhado uma nova cara em universidades de todo o país, como na Universidade Estadual de Londrina

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Júlio Barbosa Começamos por pensar na UEL, ou Universidade Es-

tadual de Londrina aos que não conhecem. Partimos en-tão para explicar alguns dados: atualmente são 43 cursos, um universo de 15 mil estudantes de graduação. Mas sabe o que é estranho em todos esses dados?

Há cerca de dois meses, mais precisamente nos dias 4 e 5 de maio de 2010, foram realizadas as eleições para o DCE, ou Diretório Central dos Estudantes, como de pra-xe todos os estudantes regularmente matriculados tinham direito a voto e as urnas ficaram disponíveis nesses dias em todos os centros de estudos da Universidade. Haviam duas chapas concorrentes, “UEL de cara nova” e “Mais vale o que será”, e após cinco horas de apuração tínhamos o resultado de quem comandaria essa função tão im-portante para os estudantes dentro da UEL.

Entretanto, antes do resultado, vale lembrar que entre todos os alu-nos que têm direito a voto apenas 1387 tiveram o “trabalho” de ir as ur-nas e a diferença entre as chapas con-correntes ficou em aproximadamente 600 votos. Depois do resultado final a chapa “UEL de cara nova”, presidida por Patrick Wietchorek, saiu vence-dora, com direito a dois anos de mandato.

Eu acompanhei um conselho deliberativo, onde os Centros Acadêmicos (CAs) são chamados pra decidir os rumos e os projetos pelos quais o DCE irá lutar. Antes dessa reunião já havia tido outra, onde a eleição para o DCE foi referendada e a nova chapa tomou posse. Antes de a reunião começar, em uma conversa com o presiden-te Patrick, foi possível levantar mais alguns dados: para cada conselho o DCE convoca, entre o grupo de cursos existente, 33 CAs, desses, até o início da reunião, havia apenas oito, mas segundo informações do próprio presi-dente, é sabido que existem outros CAs formados e com certo nome e força na UEL, mas que eles, normalmente, se voltam para o próprio curso, não participando muito das reuniões e decisões do Diretório Central dos Es-tudantes.

A reunião começa, e além dos presidentes dos CAs também há outros alunos interessados em participar e dis-cutir os rumos do DCE, apesar de não terem direito a voto, esses alunos têm o direito a palavra e, suas opiniões podem ser levadas em conta por todos. Esse Conselho Deliberati-vo contou no total com cerca de 25 alunos, e duas pautas estão em debate, a nomeação dos alunos que participarão dos conselhos da UEL, onde são a representação dos es-tudantes e têm direito a voto, e a elaboração do Plano de Política Estudantil, ligado a Câmara de Política Estudan-til da UEL e que, inicialmente, é visto como um plano de assistência aos estudantes e envolve a morada estudantil, o restaurante universitário, transporte, entre outros temas.

A nomeação dos estudantes para os conselhos da UEL já havia se iniciado em uma reunião anterior, mas havia

sido prorrogada, pois os presidentes dos CAs pediram mais tempo para discutir nomes em seus centros para depois levá-los a reunião. No total são sete conselhos ou câmaras para os quais o DCE indica representan-tes, destes, apenas o CEPE, Conse-lho de Ensino, Pesquisa e Extensão, e a Câmara de Graduação, têm res-trições a indicação de alunos, sendo que devem ser indicados um titular e

um suplente de cada centro. Alguns nomes já tinham sido escolhidos nessa primeira reunião e ao contrário do que se esperava não surgiram muitos mais nessa segunda discus-são, permanecendo muitas vagas remanescentes.

Talvez devido a isso, as discussões desse tema toma-ram outro rumo, ao invés de se procurar nomes passou-se a pensar como esses representantes se comportariam nos conselhos, como seria possível unificar pensamentos para as votações e a antiga necessidade de se tratar do fato dos alunos serem sempre a minoria nos conselhos. Dentre as situações postas, desde que o representante teria que ter palavra ou personalidade para estar no conselho, a que ele deveria seguir os caminhos acordados anteriormente em reuniões no DCE, uma chamou a atenção, foi mais de um relato de presidentes de CAs dizendo que, mesmo sendo minoria em qualquer departamento, os votos dos alunos já

Um movimento deESTUDANTES Os estudantes estão

aqui, estão presentes e o movimento estudantil não morreu”, Patrick

Wietchorek, presidente do DCE da UEL.

Júlio Barbosa

A reunião do DCE, envolveu discussões e proposta de mlehorias para os estudantes da Universidade Estadual de Londrina

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30º FML30º FML

decidiram votações dentro de seus cursos, que isso ocorre principalmente em situações onde o tema é muito controverso e onde o posicionamento dos alunos é deci-sivo.

Então vamos à segunda discussão, mas ela já começa um pouco errada, então vamos há um pouco de história: depois de nomeado presidente, Patrick foi “pressionado” a tomar uma decisão sobre a Câmara de Política Estudantil, que havia iniciado uma discussão sobre a morada estudantil ainda anterior ao seu mandato. Patrick necessitava indicar três alunos para fazerem parte desse conselho, e o fez com o poder que lhe foi concedido como presidente, se auto-nomeou como um dos titulares assim como a dois outros moradores da casa do estudante, e também seus suplentes. Tal decisão não foi vista com bons olhos na discussão pos-terior no DCE.

O principal ponto levantado foi o de que: se era neces-sária uma reunião para a discussão dos nomes que parti-cipariam dos conselhos, porque em relação à Câmara de Política Estudantil não foi feito da mesma forma, e ainda, qual seria a real participação desses nomes indicados no movimento estudantil e as “capacidades” que teriam para discutir temas de política estudantil, que vão além da mo-radia. E nisso o próprio Patrick se explicou, dizendo que como presidente do DCE viu a necessidade de “agilizar” essa discussão para o bem daqueles envolvidos com o tema do momento, no caso a morada estudantil, e que foi passa-do a ele um prazo de sessenta dias para a elaboração de um Plano de Política Estudantil, e pelo prazo e por algumas decisões tomadas anteriormente, a indicação o quanto antes se fazia necessária.

A explicação é plausível, mas nem por isso agradou a todos, voltou-se a discussão sobre “nomes” e suas “capa-cidades” para com temas importantes para o movimento estudantil. E tínhamos outro grande debate, o estabeleci-mento de prazos pela universidade a serem “cumpridos” pelos representantes dos estudantes. Alguns participantes da reunião colocaram que, se tratando de uma política para os estudantes, eles deveriam determinar prazos e isso seria melhor para uma discussão mais ampla.

O que chamou a atenção é que, apesar de muitos criti-carem o prazo estabelecido pela universidade, poucos se dispunham a estabelecer um para os estudantes, surgiu a in-dicação do presidente do DCE para o dia 6 de agosto, para uma assembléia, ou uma reunião, ou mesmo o início das conversas, mas teve início uma nova discussão de prazos e nomes. As discussões giraram basicamente em torno disso, não de propostas de política estudantil.

Ficou acordado por fim que a partir da primeira semana de agosto, o DCE e os CAs começarão uma movimentação para envolver um maior número de estudantes na discussão desse plano, com divulgação dos encontros e uma possível assembléia para a decisão final. Também ficou decidido que o DCE representaria junto a Câmara de Política Estudantil para a alteração do prazo de sessenta dias dado inicialmen-te e que os nomes indicados para compor a câmara podem ser alterados posteriormente se for chegado a um acordo.

Dessas discussões cabe ressaltar duas coisas, os es-tudantes esperam que esse plano de políticas não seja só assistencialista e que as discussões são necessárias para fo-mentar o movimento estudantil. Foi possível perceber que os CAs estão se estruturando, junto a seus cursos ou mesmo em decisões da universidade, e que novos podem surgir em breve, dessa forma é possível finalizar com uma frase: “Os estudantes estão aqui, estão presentes e o movimento estu-dantil não morreu”, dita pelo presidente do DCE, Patrick Wietchorek.

Com a reunião do DCE, que aconteceu no campus da UEL, os estudantes perceberam que as Universidades precisam de políticas menos assistencialistas

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30º FML30º FML

O Festival de Música ganha Londrina com mais um ano de

atrações e cursos, além de novidades para

fechar a terceira década do evento

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Guilherme Santana

O ano de 1980 foi marcado por alguns acontecimentos. (Guilherme, puro truísmo. Todo ano é marcado por acon-tecimentos. Que tipo de acontecimento? Se vc qualificar não fica óbvio) Essa é uma matéria da revista Ponto Final e casando a data (que data??? O ano de 1980???) com o jornalismo, lembramos do escritor, teatrólogo, cronista, e finalmente, jornalista brasileiro Nelson Rodrigues. Ele me recorda outra pessoa que disse adeus ao mundo tal qual conhecemos no mesmo ano, o poeta, diplomata e compo-sitor Vinicius de Moraes. Moraes me traz à lembrança a música, e música me recorda que naquele ano foi fundada a primeira Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, de Brasília, cuja primeira obra foi dedicada ao compositor brasileiro Heitor Villa Lobos. Você sabe o que aconteceu em 1980 que une uma característica de cada um deles? Naquele ano nasceu o Festival de Música de Lon-drina (FML), que em 2010 completa 30 anos e vai ocorrer entre os dias 10 e 25 de julho. Continue lendo e perceba porque o FML possui uma característica de cada pessoa ou evento mencionado.

Recursos e disposição do eventoComo todos os eventos culturais, o Festival passou por

alguns problemas esse ano. “Houve uma grande dificulda-de de se conseguir patrocínio para essa edição do FML por ser um ano eleitoral, e nessa época não costumam fomen-tar projetos por receio de ser considerado favor político”, explica a assessora da divisão artística do Festival, Maria do Carmo, que complementa dizendo que os recursos esse foram poucos.

A Petrobrás entrou como patrocinadora principal por edital aberto em 2008, e segundo a assessora da divisão ar-tística, adiou o resultado para 2009, na época da 29º edição (Guilherme, melhorar, não está nada bom), não possibili-tando o uso do dinheiro. “Apenas em 2010 conseguimos usar o patrocínio que vencemos em edital da empresa”, relaciona Maria do Carmo entre os patrocínios desse ano.

“Infelizmente os empresários londrinenses ainda não conhecem de forma adequada a Lei Rouanet, que no caso do FML permite que eles destinem o dinheiro que pagam obrigatoriamente de imposto federal a eventos culturais. E que esse recurso pode ser 100% dedutivo. O montante será pago de qualquer forma, só muda as mãos de quem o recebe”, crítica a assessora da divisão artística do Festival, que complementa (mudar formato, vc já usou no primeiro parágrafo): “O retorno para esses empresários é um marke-ting positivo para a empresa e sem gastar um real a mais”.

A organização do FML também está trabalhando em um tablóide que será encartado na Folha de Londrina do dia 8 de julho para divulgar os eventos e a programação artística para incentivar os londrinenses a irem aos espe-táculos e saber como será a 30ª edição. As apresentações serão no Ouro Verde, Teatro Zaqueu de Mello, Marista e Crystal Palace Hotel. Você pode conferir a programação no site www.fml.com.br.

O Festival terá duas noites de abertura, nos dias 10 e 11. “As duas datas são necessárias por causa do grande número de estudantes e professores que virão, o evento é muito grande qualitativamente e também quantitativamen-te”, afirma Maria do Carmo.

Guilherme Santana

O ano de 1980 foi marcado por alguns acontecimentos que se relacionam com a música, teatro e jornalismo, de al-guma forma. Essa é uma matéria da revista Ponto Final e ca-sando a esse ano com o jornalismo, podemos lembrar do es-critor, teatrólogo, cronista, e finalmente, jornalista brasileiro Nelson Rodrigues, que faleceu em 1980. Se você pesquisar mais a respeito desse início de década, vai encontrar outra pessoa que disse adeus ao mundo tal qual conhecemos no mesmo ano, o poeta, diplomata e compositor Vinicius de Mo-raes. Moraes provavelmente vai te remeter à música, que se você continuar “googlando” esse ano, vai encontrar a primei-ra Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, de Brasília, cuja primeira obra foi dedicada ao compositor brasileiro Heitor Villa Lobos. Você sabe o que aconteceu em 1980 que une uma característica de cada um deles? Naquele ano nasceu o Festival de Música de Londrina (FML), que em 2010 completa 30 anos e vai ocorrer entre os dias 10 e 25 de julho. Continue lendo e perceba porque o FML possui uma característica de cada pessoa ou evento mencionado.

Recursos e disposição do eventoComo todos os eventos culturais, o Festival passou por

alguns problemas esse ano. “Houve uma grande dificuldade de se conseguir patrocínio para essa edição do FML por ser um ano eleitoral, e nessa época não costumam fomentar pro-jetos por receio de ser considerado favor político”, explica a assessora da divisão artística do Festival, Maria do Carmo, que complementa dizendo que os recursos esse foram pou-cos.

A Petrobrás abriu edital para financiamento de eventos em 2008, que foi vencido pela organização do Festival, se-gundo a divisão artística, só pode ser recebido nessa 30ª edi-ção por motivos de agenda. “Apenas em 2010 conseguimos usar o patrocínio que vencemos em edital da empresa”, rela-ciona Maria do Carmo entre os patrocínios desse ano.

“Infelizmente os empresários londrinenses ainda não co-nhecem de forma adequada a Lei Rouanet, que no caso do FML permite que eles destinem o dinheiro que pagam obri-gatoriamente de imposto federal a eventos culturais. E que esse recurso pode ser 100% dedutivo. O montante será pago de qualquer forma, só muda as mãos de quem o recebe”, crí-tica a assessora da divisão artística do Festival, que adiciona dizendo que o retorno para esses empresários é um marketing positivo para a empresa e sem gastar um real a mais.

A organização do FML também está trabalhando em um tablóide que será encartado na Folha de Londrina do dia 8 de julho para divulgar os eventos e a programação artística para incentivar os londrinenses a irem aos espetáculos e saber como será a 30ª edição. As apresentações serão no Ouro Ver-de, Teatro Zaqueu de Mello, Marista e Crystal Palace Hotel. Você confere a programação no site www.fml.com.br.

O Festival terá duas noites de abertura, nos dias 10 e 11. “As duas datas são necessárias por causa do grande número de estudantes e professores que virão, o evento é muito gran-de qualitativamente e também quantitativamente”, afirma Maria do Carmo.

AberturaAinda querendo descobrir porque música, teatro e jorna-

lismo se encontram no FML? Aqui vai um deles: a abertu-ra será com a Orquestra Sinfônica da UEL (OSUEL), que

Lilian de Almeida na abertura do 30º Festival de Musica

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possui 26 anos de história e tradição, assim como a do Teatro Nacional Claudio Santoro. A apresentação foi junto com o coro juvenil e adulto da UEL. Outra apresentação foi de Marco Antônio de Almeida; com nada mais nada menos que o choro nº 10 de Villa Lo-bos – o compositor homenageado pela orquestra de Brasília em 1980. Destaque também para a cantora Fafá de Belém que cantou o hino à Londrina a ca-pella (sem instrumentos musicais) – confira entrevis-ta com a cantora ainda nessa edição da Ponto Final.

1º Encontro de CompositoresVinícius de Moraes, como já apresentado, foi

um dos compositores mais ricos do nosso Brasil. Pronto, você acaba de encontrar ou coisa que casa com o ano de 1980: O FML, que nasceu nesse mes-mo ano, agora ter o 1º Encontro de Compositores. Serão três dias de mesa redonda e palestras com mostra de partitura. O objetivo é discutir a composi-ção de música clássica no século XXI e instigá-los a compor algo. No encerramento do FML serão apre-sentadas as composições mais criativas.

30ª ediçãoA programação dessa edição traz novos conteú-

dos, participação de 51 professores ministrando 54 cursos tanto na área instrumental e vocal, quanto embasamento musical, além de outras novidades. “Pela primeira vez trouxemos um curso de viola caipira, antecessor inicial da música urbana, que será ministrado pelo conhecedor da hora e instru-mentista Ivan Vilela”, explica a coordenadora ge-ral do FML Lilian de Almeida, que complementa dizendo que haverá também um curso direcionado para a terceira idade para trabalhar a musicalidade com essa faixa etária, além de apresentações desti-nadas a esse grupo. “Essas novidades, juntamente com tudo que acontece no Festival, é que faz jus ao slogan: O Festival de todas as músicas” adiciona a coordenadora geral.

O que não acontecerá esse ano é o 4º Concurso Nacional de Jovens Cameristas, que segundo a or-ganização, não atingiu o número necessário para se ter a participação de 10 grupos selecionados.

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A Lei nº. 8.313 de 1991, mais conhecida como Lei Rouanet, institui o Programa Nacional de

Apoio à Cultura (PRONAC), que pretende destinar recursos para desenvolver o setor cultural,

com as finalidades de: “ estimular a produção, a distribuição e o acesso aos produtos culturais

(CDs, DVDs, espetáculos musicais, teatrais, de dança, filmes e outras produções na área Au-

diovisual, exposições, livros nas áreas de Ciências Humanas, Artes, jornais, revistas, cursos e

oficinas na área cultural, etc); proteger e conservar o patrimônio histórico e artístico; estimular

a difusão da cultura brasileira e a diversidade regional e étnico-cultural, entre outras”, segundo

o site do Ministério da Cultura.

A Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008 torna obrigatório a música como conteúdo neces-

sário à educação de ensino básico. As escolas – em Londrina são 16 – possuem até três anos a

partir da data da publicação da Lei para se adaptarem às exigências estabelecidas.

LEIS GARANTEM ACESSO À MÚSICA

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16º SPENA edição do Simpósio Paranaense de

Educação Musical tem como tema a “Edu-cação Musical na escola: da proposição à ação”. “A coordenação do simpósio é da professora Helena Loureiro e vai discutir a lei que determina a obrigatoriedade da educação musical nas escolas de educação básica”, explica Lilian de Almeida sobre a importância da temática.

Adote um músicoO programa “Adote um músico” é uma

iniciativa que vem dando certo a alguns anos. Os alunos que vêm de outras cidades nem sempre tem condições de se manter em Londrina. A intenção é que as famílias lon-drinenses hospedem essas pessoas. “A con-trapartida que oferecemos é um passaporte musical para toda a programação artística para duas pessoas. Isso cria uma integração com nossos ‘filhos musicais’ e as famílias

hospitaleiras”, avalia a coordenadora geral.Atração especialUm dos homenageados dessa edição do

FML será o músico e pianista Robert Schu-mann, que terá seus 200 anos de nascimento celebrado. O espetáculo vai envolver mú-sica e teatro – achou que o teatrólogo Nel-son Rodrigues nunca ia aparecer, não foi? – na apresentação de “Ich Liebe Dich” (O Romantismo como Destino), baseado nas cartas e música de um dos casais mais ex-pressivos no romantismo alemão: Robert e Clara Schumann.

Encerramento“No encerramento do FML teremos a

composição “Carmina Burana” do músico alemão Carl Orff. Uma das composições que envolvem o maior número de compo-nentes para se realizar: coro, orquestra, per-cussão, além dos quatro solistas”, diz como vai terminar a 30ª edição do Festival. A re-

gência será do japonês Daisuke Soga, que vem para o Festival pela 5ª vez: “Carmina Burana é uma música que exige muito do regente e a história resgatada é da roda da fortuna, envolvendo a sorte ou a falta dela”.

Lilian de AlmeidaA 30ª edição do Festival ganha Londri-

na de uma maneira espetacular. E em cada edição do festival, esteve presente Lilian de Almeida. Iniciou como aluna, depois como comissão artística, membro da Associação dos Amigos do Festival de Música de Lon-drina (AAFML) – associação que faz parte da realização do evento –, voltou à comissão artística, depois como conselheira titular da Secretaria Municipal de Cultura e há mais de cinco anos como coordenadora geral.

“Minha vida inteira sempre foi mexer com música, sou londrinense, me criei aqui, e sempre integrando de alguma forma o FML”, relata a própria.

LEIS GARANTEM ACESSO À MÚSICAFotos: Divulgação

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35 anos de FafáA cantora paraense se

apresenta em Londrina no 30º Festival de Música e

fala um pouco de sua car-reira e sua apresentação

na cidade

Ponto Final- Como é participar do Festival de Música de Londrina?

Fafá de Belém- Eu digo que estar nesse Festival é maravilhoso, porque é fazer música para quem gosta de música. (risos)

PF- Qual é a sua relação com a cidade?Fafá de Belém- Eu estava começando minha car-

reira, eu lembro que eu cheguei aqui de ônibus de madrugada. Eu era uma estrela durante o dia, mas a gente não tinha dinheiro de patrocinador, então a noite eu colocava boné (risos) e de dia eu ficava linda. Esses foram meu tempo de ralação. Eu passei uma semana aqui em Londrina, no começo de car-reira, depois daqui eu fui para o Rio Grande do Sul. Fiquei aqui um tempão, adorando e convivendo com a cidade. É maravilhoso voltar aqui para o Festival. Infelizmente não consegui montar um repertório para fazer junto com a orquestra, por conta da agenda, porque demora, tem que ser uma coisa mais elabo-rada.

PF - O que você trouxe para apresentar no Fes-tival?

Fafá de Belém - Trouxemos dessa vez o piano e voz que eu faço com meu maestro João Rebouças na quarta-feira (14/07), que já está com a sessão lotada. Além da minha apresentação onde vou cantar o Hino a Londrina.

PF - Fafá como e quando você começou a can-tar?

Fafá de Belém- A minha trajetória é de uma canto-ra popular. Eu fui escolhida pela música muito cedo, eu nunca pensei em ser cantora, mas foi a música que me ensinou a falar. Minha casa era uma casa de violões e de muita conversa, muita seresta, e eu que achava muito chato aquele meu mundo das bonecas e jogar peteca com meus irmãos, eu achava fascinante quando eles se reuniam todos ao redor do violão na sala. Eu fui chegando devagar, meu irmão mandou voltar, mas aos onze anos me estabeleci. Eu fui desco-brindo a canção a partir de vários olhares, o olhar da minha mãe, ouvinte de grandes canções românticas e grandes cantores românticos como Valdemar Du-tra, Chico Viola, Ângela Maria, Dalva de Oliveira;

Gabriela Pereira“Londrina faz parte da minha história”, é com

essa frase que Fafá de Belém, a cantora paraense conhecida nos quatro cantos do país começa sua entrevista. De cara lavada e de maneira doce a cantora só assusta quando solta sua potente ri-sada, que há muito tempo é uma de suas marcas registradas.

Comemorando 35 anos de carreira, Fafá se desdobra entre eventos no Brasil e sua carreira internacional. Sua passagem pela cidade deve-se ao 30º Festival de Música de Londrina, no qual a paraense faz três apresentações, todas no Teatro Ouro Verde.

Carreira, história, Portugal e Londrina esse são um dos principais temas da entrevista de Fafá de Belém

Elvira Alegre

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35 anos de Fafá

o ouvido do meu pai, que ouvia muito jazz; meu irmão mais velho me ensinou a ouvir rock internacional e eu fui chegando Elizete Cardoso, que eu adoro, com a en-tonação perfeita, colocação das palavras e eu e meus irmãos mais novos ouvíamos Beatles, Roberto Carlos. E eu olhando para trás eu vejo que tudo o que eu faço foi por causa dessa multiplicidade de olhar sobre vários caminhos. Gravo as coisas que eu me emociono e que eu gosto.

PF - Em relação a sua carreira in-ternacional, você já lançou discos de fado. Como é o seu contato com o pú-blico português?

Fafá de Belém- Eu optei em vez de fazer n festivais de música brasileira em toda a Europa, eu escolhi fazer uma história em Portugal, e tem sido mara-vilhoso. É uma relação de 25 anos e cada vez mais a gente se aproxima e nesse ano eu estou preparando um CD de piano e voz para lançar em Portugal ano que vem, com a participação de músicos contem-porâneos, compositores portugueses. Eu sou a única cantora brasileira a ter um disco de fado gravado no país a pedido do mercado português e esse disco também foi lançado aqui no Brasil durante a Copa do Mundo e já está esgotado. O Vermelho que eu gravei em homena-gem ao boi bumbá de Parintins, virou hino do Benfica, um dos maiores times de futebol daquele país. Então, é uma emoção imensa chegar lá e entrar no estádio e ver

“Eu nunca pensei em ser cantora, mas foi a música

que me ensinou a

falar.” Fafá de Belém

80 mil pessoas cantarem uma música que nasceu no interior da Amazônia.

PF - Os festivais de música mudaram de algu-mas décadas para cá. Fafá, qual é a principal dife-rença entre os festivais das décadas de 60 e 70? E a importância da manutenção dos festivais nos tem-pos atuais?

Fafá de Belém- São dois olhares completamente diferentes, naquela altura o Brasil precisa-va falar e falava através dos festivais. Em plena ditadura surgiram grandes composi-tores que achavam manhas e artimanhas para poder chegar e falar do povo, ao povo, o que estava acontecendo. E dessa inteligência surgem as grandes figuras da música brasileira como Chico Buarque, Milton Nascimento, Marcos e Paulo Sér-gio Vale, Danilo Caymmi, Nelson Mota, Caetano e Gil, Simonal comandando aquele espetáculo. Hoje, houveram várias tentativas de fazerem festivais com a cara

nacional, mas acho que eles morreram na praia. A minha participação no Festival de Música de Londrina foi com um convite muito agradável, porque eu acredi-to que se nós juntarmos os vários olhares sobre a músi-ca nós teremos um público que troca informação e eu acho que essa é a coisa mais inteligente da organização do festival . Porque senão ficaríamos cantando para os mesmos e tocando para os mesmos. Eu me sinto muito honrada de hoje (segunda-feira 12/07) abrir o festival.

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Crônica fala sobre a peculiaridade do tempo em tempos de Copa do Mundo

Edson VitorettiRecebi a tarefa de fazer uma matéria sobre a Copa do

Mundo com carta branca para produzir um texto de opinião. Escolhi o gênero crônica, não por me achar um especialista nesse tipo de texto (aliás, sempre meto os pés pelas mãos em crônicas, saindo da leveza e caindo numa densidade persona-líssima e imprópria), mas porque a liberdade dele dá mais sub-sídios para escrever sobre um assunto do qual, sinceramente, não estou a par.

Sim, sei que, para um estudante de jornalismo, é falha re-levante não se inteirar sobre um assunto que está na ponta da língua da população e na ponta da pena (desculpem o anacro-nismo em tempos de novíssimas tecnologias. É a densidade tomando conta do estilo) de estudantes ou profis-sionais do jornalismo do mundo todo.

Mas estou afastado do futebol há alguns anos por motivos (densos) que não vem ao caso expor, por não ter tempo ou por ter alguma consideração pela pa-ciência do leitor. Seja como for, por força da imposição da tarefa e, com a foice do dead line roçando meu pes-coço, vamos lá.

Acho que o gênero está condizen-te com o foco escolhido para abordar o tema, ao menos etimologicamente fa-lando, já que “crônica” vem de “cronus”, tempo. Isso: vou falar sobre o tempo em copas (1206 caracteres para concluir a introdução da crônica! Calma, leitores.)

A ideia veio com o único acontecimen-to que realmente me chamou a atenção no torneio. Refiro-me ao lance polêmi-co do jogo entre Inglaterra e Alema-nha, em que um gol legítimo dos ingle-

ses não foi validado.No pouco tempo (instantes) que me permiti interromper

a rotina de viver sem tempo, a de estudante que trabalha e estuda ao mesmo tempo, tive um breve contato com o que chamam de mesas-redondas – programas televisivos futebo-lísticos que discutem ad nauseam o que aconteceu, o que não aconteceu, isso, aquilo, aquilo outro, e tudo isso muito pelo contrário, o que se passou num determinado jogo de futebol.

Entre os papos descontraídos e polêmicos costumeiros, uma análise me chamou a atenção. Faziam a comparação entre o que aconteceu nesse jogo em questão com um outro jogo, também entre Inglaterra e Alemanha, ocorrido na copa de 1966. A frase marcante foi: “Aqui se faz, aqui se paga”,

alusão ao castigo que a Inglaterra teria sofrido pelo que ocorrera em 66: gol ilegal da Inglaterra, va-

lidado pelo juiz.Então comecei a refletir (ah, as reflexões!

Estes ninhos de densidades...) sobre o tem-po nas copas, ou sobre como ele se amolda ao evento, estimulado pelos comentários do programa que sugeriam a peculiari-dade de como o tempo é encarado nas copas. Os comentaristas tratavam do assunto, ligando o jogo atual entre os in-

gleses e alemães e seus conterrâneos, ante-passados, de 1966, como se ambos os jogos

tivessem ocorrido num intervalo de tempo de poucas semanas.

Tudo estava fresco na memória dos comentaris-tas. Falavam com o entusiasmo, com o fervor, de

quem ainda está envolvido, temporalmente, com a questão. Mesmo que as análises te-nham sido feitas por jornalistas esportivos – suspeitos para servirem de fontes isen-tas sobre o tema tempo/futebol, por vive-

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Goleiro alemão olha a bola ultrapassar

a linha do gol, invalidado pelo juiz na

copa de 2010

Em 1966, a bola não ultrapassa a linha,

mas o gol da Inglaterra é validado

Reuters

Tempo de Copa

rem, comerem, dormirem, respirarem futebol o tempo todo –, elas evidenciavam o caráter diferente que o tempo tem em Copa do Mundo.

Os nexos de causa e efeito (o benefício indevido dado à In-glaterra, em 66, e o castigo, agora) tecidos pelos debatedores do programa pareciam desconsiderar que se passaram nada mais nada menos do que 44 anos entre um fato e outro.

Isso pode ser um indício de que a temporalidade em co-pas do mundo é diferente, contaminando corações e mentes, discussões e argumentações. A forma do torneio, realizado de quatro em quatro anos (diferentemente do cotidiano exaustivo de outros campeonatos ou torneios futebolísticos, que super-lotam nosso insuficiente calendário de apenas 365 dias para tanto jogo) e no chamado tiro curto, de sete jogos, já traz con-sigo determinações do tempo.

Milhões de pessoas passam um tempão esperando ansiosas a copa chegar. E quando chega, ficam mais ansiosas, desespe-radas, porque tudo pode acabar de uma hora para a outra. De vez em quando, explodem na euforia de presenciar o presen-te. Explico: Poucas pessoas realmente vivem o presente (eu poderia falar sobre a relação disso com o capitalismo, mas vou me segurar, espantando a densidade, um pouco). Estamos sempre com a cabeça no futuro, ou pior, no passado. Acho que a Copa do Mundo traz à humanidade (e o termo não é preten-sioso, dado o número de pessoas, bilhões, que acompanham o evento) um contato mais íntimo, mais “atual” com o presente. A Copa do Mundo traz o imperativo do “hic et nunc”, do viver o “aqui e o agora”, pelo fato das pessoas estarem cientes de que, outra copa, só dali a quatro anos, num longínquo e insu-portavelmente demorado futuro.

Antes que eu me deixe levar de vez pela densidade da mi-nha escrita (em crônicas, sublinhe-se – explicação necessá-

ria para quem deseja ser jornalista e que precisa, portanto, ter um texto leve para agradar a vossas excelências, corrigindo, vocês, leitores, se é que vocês ainda estão aí perdendo seu tempo com estas “minhas mal traçadas”) e comece a falar so-bre atemporalidades ou multitemporalidades, em termos an-tropológicos e sociológicos, pensadas enquanto refletia sobre o tema desta crônica, é melhor sair pela tangente e finalizá-la, falando um pouco mais sobre o tempo na copa, de forma mais leve, pé no chão. Caso contrário, o texto, em vez de crônica, vai parecer artigo de opinião.

É o que está por aí. O país para em jogos do Brasil. Os car-tões-ponto das empresas simplesmente são objeto de decora-ção nesses dias. Prazos e horários fixos são deixados de lado, e cada empresa, repartição pública, ou quitanda da esquina, faz o seu tempo de expediente, suas formas de compensar a ausência do trabalho para adequar o tempo laboral ao tempo dos jogos da seleção.

E o tempo que os torcedores gastam em frente à tevê numa copa! Assistem a jogos que, pela péssima qualidade, não se dariam ao desprazer de ver num outro momento que não fosse numa Copa do Mundo.

Isso porque os olhares estão modificados, refletindo a pe-culiar relação com o tempo em copas. Parece que as pessoas se tornam um pouco crianças. Revivem o tempo da infância em que “esqueciam” dos horários para comer ou tomar banho, porque brincavam totalmente entretidas com a brincadeira. Nas copas, elas esquecem um pouco de si mesmas, de suas vi-das cotidianas, tornando, nem que seja por algumas semanas, a vida menos... densa.

Talvez eu deva viver mais essa dimensão temporal única da Copa do Mundo, e ser menos “fechado em copas”. Que venha – logo – 2014!

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Fabrício AlvesCriar pauta, entrevistar, escrever o texto,

gravar off, editar, introduzir música. Esse é o projeto E-Radiar, que leva a rotina básica de um jornalista produtor reportagens radiofôni-cas para a rotina dos estudantes nas escolas. A ideia é proporcionar o contato dos estudantes com uma lin¬guagem diferente, para que eles percebam que têm voz na sociedade e podem se expressar. São seis instituições estaduais de Londrina e região que recebem o projeto, todas vinculadas ao Núcleo Regional de Edu-cação da cidade.

Um dos coordenadores do projeto que hoje é ligado à Rádio UEL FM, o especial-ista em Comunicação Comunitária, Roberto Camargo, realiza oficinas juntamente com estudantes de Comunicação Social, nas quais os estudantes têm contato com tudo o que é preciso para criar um programa radiofônico próprio de acordo com um tema ligado à re-alidade deles. Ao mesmo tempo, o tema es-colhido deve estar em sintonia com o projeto pedagógico de cada escola.

Roberto Camargo, que também é estu-dante de Jornalismo da UEL, explica que no Colégio Estadual Gabriel Martins, por ex-emplo, os estudantes resolveram trabalhar o tema namoro e, para que eles não tivessem dúvida alguma sobre o assunto, a coordena-ção pedagógica, junto com os realizadores do projeto, promoveu o encontro dos estudantes com profissionais especializados em namoro e sexualidade.

Essa parceria é o que faz o projeto acon-tecer. Segundo a estudante de Jornalismo, Rafaela Bacaro, se o E-Radiar não tiver pro-fessores que incentivem os estudantes a par-ticipar dessa atividade, nada acontece e o pro-cesso de aprendizado pela comunicação não terá continuida-de.

São as professoras Elizabete Cristina de Souza Tomazini e Maria Leonor de Oliveira Souza que fazem a mediação dos estudantes com o projeto no Gabriel Martins. Elizabete Tomazini considera importante esse contato com os meios de comunicação, por ser uma

Educação e-radiada Projeto de Comunicação Comunitária faz os estudantes estudarem brincando de fazer rádio

Fotos: Fabrício Alves

Além do Col. Estadual Gabriel Mar-tins, mais cinco colégios aprendem a fazer rádio com esse projeto

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forma inovadora de ensinar, que chama a atenção e faz os estudantes repensarem as suas atividades cotidianas e também trabalharem a oralidade. Além disso, eles passam a refletir o quanto a internet, os jornais, as re-vistas, os programas de rádio e de TV interferem na vida de cada um.

A professora Elizabete conta que já tentou desen-volver um jornal impresso na escola, mas não teve êxi-to. Ano passado ela propôs como uma atividade de sala que os estudantes de-senvolvessem trabalhos com lingua-gem radiofônica. “Os resultados não foram tão bons, porque como nós não tínhamos conhecimento sobre como fazer rádio, faltavam alguns detalhes que só quem trabalha com comunica-ção sabe”.

A participação no projeto é livre. Os estudantes que se interessaram e participaram das ofici-nas agora estão empenhados em criar um piloto. Eles ainda estão se acostumando com a linguagem ra-diofônica e com situações que são bem comuns para os jornalistas. Giovanna Sestário, do 8º ano do Colégio Gabriel Martins, conta que gosta de fazer entrevistas, de produzir as matérias, mas ainda não consegue ou-vir a própria voz. Já o estudante Diogo Lara fala da experiência de entrevistar os colegas. “Os outros estu-dantes do colégio estão até ansiosos para ouvir o que

a gente está fazendo, mas na hora de dar entrevistas, a maioria foge da gente”.

Visita a uma rádio de verdadeOutras escolas já estão mais desenvolvidas com

o processo de aprendizado a partir da comunicação é o caso do Colégio Estadual Antônio Moraes de Bar-ros que levou o estudante Adriano Justino, do 7º ano, para participar de uma edição do programa “Trem das

Onze” na Rádio UEL FM e apre-sentar uma das matérias que ele e seus colegas produziram sobre a Copa do Mundo da FIFA.

Roberto Camargo conta que depois de fazer as oficinas os es-tudantes receberam autonomia na produção. Eles pautaram, fizeram toda a pesquisa, os textos que foram adaptados à linguagem de rádio e

por fim a edição. “A gente não mexeu nem um pouco na edição. É claro que ao ouvir, talvez a gente fizesse diferente, mas o bacana é manter a sensibilidade deles”.

Quem também participou do programa foi a aluna do Colégio Estadual Vani Ruiz Viessi, Jéssica Honório, que acabou ajudando a apresentar um quadro do “Trem das Onze”. Para estudante de treze anos o projeto E-Radiar não mudou somente a forma como lida com a mídia, mas também o seu futuro profissional: “Antes eu pensava em fazer arquitetura, mas agora eu pretendo

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10“Antes eu pen-sava em fazer

arquitetura, mas agora eu preten-

do ser jornalista.” Jéssica Honório

Nessa brincadeira os estudantes aprendem também a ter consciência crítica sobre os meios de comunicação

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ROBERTO ALVES Novamente chega o inverno, a estação que muitos detestam e poucos amam. Galhos e folhagens ressecam, o ar se torna gélido, as águas esfriam, os animais se recol-hem e as pessoas se fecham em suas habitações. Males físicos manifestam-se com maior intensidade, dentre os quais, a asma, doença inflamatória das vias aéreas que atinge em média 15 milhões de brasileiros e tem seu pico de incidência devido à baixa temperatura da estação, isso sem falar em resfriados, laringites, bronquites e todos os males possíveis intensificados pelo frio. Uma época de muitas dificuldades para a produção agrícola, em especial, no Paraná que é um estado de eco-nomia rural e bastante passível de ser afetado gravemente pela gélida estação. E Londrina, já sentiu tal impacto de forma bastante brutal em seus tempos áureos, de “capi-tal mundial do café”, quando em julho de 1975 a temida “geada negra” abateu-se sobre a região trazendo uma tormenta que mudou drasticamente os rumos da cidade, principalmente em seu aspecto econômico que até então despontava mundialmente e partir daí jamais voltou a ser o mesmo. Conveniente lembrar que é no inverno que o preço dos alimentos tendem a subir, com a queda da produção alimentícia e o gradativo aumento dos produ-tos, ocasionando fortes impactos nos bolsos dos produ-tores agrícolas e dos consumidores. Uma estação aparentemente triste que parece não ser-vir em nada para o homem e nem para a natureza. Mas afinal, o inverno é tão ruim assim? A resposta para isto pode não ser tão simples, levando em conta os muitos malefícios trazidos pelo frio. Porém há que se reconhecer a importância da estação. Fenômeno astronômico con-hecido como solstício, correspondente ao ciclo do sol em relação à Terra, o inverno é o tempo em que algu-mas regiões do planeta sofrem quedas de temperatura e um aumento da umidade relativa do ar, enquanto que em outros lugares do globo terrestre, o clima comporta-se de outras formas de acordo com a estação correspondente

a cada ciclo solar, o que proporciona equilíbrio climático ao planeta, pois a Terra no todo, não suportaria um clima único, seja frio ou quente, principalmente nesses temidos tempos de aquecimento global, cujo impacto das altas temperaturas reflete diretamente na qualidade de vida da população mundial, segundo apontam estimativas cienti-ficas. A importância do frio vai muito além do que se pode imaginar, os pólos que nada mais são do que regiões con-geladas com temperaturas extremas abaixo de zero, man-tém o equilíbrio do planeta em sua órbita espacial, além do que as calotas polares correm o risco de derreter devido ao super-aquecimento que o planeta vem sofrendo, e o total derretimento de todo aquele gelo pode comprometer seria-mente a vida na Terra, começando pelas vidas que habitam estas regiões gélidas. Em outro aspecto, talvez seja até desnecessário dizer que o frio, de certa forma, pode aproximar um pouco mais as pessoas, pois as famílias podem ficar reunidas no inte-rior de suas habitações, entidades assistenciais mobilizam-se para arrecadar agasalhos e alimentos para famílias car-entes, ou seja, o frio da estação promove o calor humano e a solidariedade mútua. O inverno tem todos os extremos possíveis, mas como se pode claramente notar, ele pode tornar a vida menos “fria”. IN

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Paisagem de inverno

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Como enganar um gringoem 140 caracteres

As redes sociais na internet têm atraído cada vez mais pes-soas. Oito em cada dez internautas brasileiros estão em pelo menos um site de relacionamentos. A possibilidade de estar ligado à vida de dezenas, centenas ou milhares de pessoas, muitas vezes distantes e algumas até desconhecidas, fez páginas como twitter, orkut e facebook virarem verdadeiros fenômenos da modernidade.

O microblog twitter começou de forma tímida, mas hoje está entre as redes sociais mais acessadas. Em limitados 140 carac-teres o usuário pode compartilhar com seus seguidores coisas supérfluas do cotidiano, como um “Bom dia! Acabei de acordar.” ou um “Estou indo ao cinema com alguns amigos. Até mais!”, fazendo da página um diário interativo. Mas a ferramenta tem demonstrado um poder que vai além disso. Sua instantaneidade facilita a rápida disseminação de notícias a várias pessoas ao mesmo tempo, que acabam retwittando (repetindo para seus contatos uma mensagem postada por outra pessoa) e ampliando o alcance dessa informação de uma forma incrível. Mas com a mesma facilidade com que você divulga uma verdade, também espalha uma mentira, e é preciso ter o cuidado de checar a pro-cedência da notícia antes de distribuí-la ou tomá-la como verídica.

Não sei se os criadores da página tinham noção da dimensão que o microblog poderia ter, mas certamente estão comemo-rando o sucesso de seu invento. Muitas empresas estão pegando carona nessa onda e aproveitando o poder do twitter para divul-gar sua marca e produtos através de seus perfis, realizando uma grande publicidade a custo zero.

Mas o maior e mais bizarro feito do site atualmente foi o movimento nacional do “Cala boca, Galvão”. Iniciada como uma crítica ao narrador esportivo da rede Globo, a tag alcançou rapi-damente o topo dos Trending Topics (os tópicos mais debatidos daquele momento), sendo superada apenas pelo posterior “Cala boca, Tadeu Schmidt”, em protesto ao editorial “anti Dunga” da emissora carioca lido no ar pelo apresentador. A repercussão da maior piada interna da história alcançou outros meios e países, sendo comentada até pelo New York Times. Ninguém esperava a dimensão que a crítica alcançou, mas com certeza a expressão garantiu muitas risadas, e talvez decepções por parte dos gringos que acreditaram estar contribuindo para a preservação de uma espécie de aves em extinção, ou que procuraram ansiosamente pelo novo single da cantora Lady Gaga, ambas mentiras espal-hadas para aumentar os retwitts, confundir os gringos e divertir ainda mais os brasileiros.

Mesmo depois dessa a Globo não deve se desfazer de seu querido locutor esportivo, embora os usuários brasileiros do twit-ter já tenham deixado mais do que claro seu descontentamento com as narrações de Galvão Bueno. Resta agora curtir o que ainda ficou da piada e esperar pela transmissão do próximo jogo. Mas cuidado: os 140 caracteres podem dominar o mundo! Ou ao menos continuar enchendo-o de gargalhadas.

Cartaz (abaixo) criado para divulgar a piada no twitter

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OName: Galvão BirdsLocation: Rio de JaneiroWeb: http://galvaoinstitute.wordpress.com/Bio: Sou um vírus altamente contagioso, e te conta-giei - De Mago Merlim para Madame Min - ‘A Espada é a Lei’, Walt Disney. [email protected]

90 10,400followersfollowing

*Reprodução do perfil @galvaoinstitute, que divulgava a

campanha

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Maria Amélia Alves Gil

Ilustração Shutterstock®

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