polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um...

10

Click here to load reader

Upload: phamdang

Post on 17-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM OLHAR NAS

VIVÊNCIAS DAS ESCOLAS INDÍGENAS NO MUNICÍPIO DE JUARA - MATO

GROSSO

Maria do Carmo Barros

Secretaria Municipal de Educação e Cultura1

[email protected]

Resumo:

O presente trabalho faz uma reflexão sobre as formas que as comunidades indígenas

Rikabaktsa, Kayabi, Apiaka e Munduruku, localizadas no município de Juara, Estado de Mato

Grosso, vivenciam as medidas públicas educativas. Como toda organização social possui suas

lógicas, formas de conceber a vida e uma diversidade de culturas em seus contextos, fazer dos

momentos escolarizados um local de reconhecimento, respeito e desafios são mecanismos

importantes na política pública caminhe em conjunto com a realidade. No entanto para

entender os sentidos atribuídos pelas vozes as medidas educativas é preciso aceitar a

provocação de pensar sobre outra lógica, de buscar um olhar sobre o outro como

possibilidades de crescimento. Ao investigar até que ponto as políticas públicas educacionais

atendem a vivência diversa dos indígenas nas escolas Rikbaktsa, Kayabi, Apiaka e

Munduruku recorreu-se as opiniões dos gestores em vigor e educadores indígenas,

entendendo que a história, o tempo, a direção dos segmentos e a postura dialógica são

estruturas necessárias para que o olhar interpretativo se manifeste com coerência. Para o

cumprimento deste objetivo buscou conhecer o contexto escolar destas comunidades

principalmente por causa do caráter diferenciado amparado no Referencial Curricular e nos

planos de educação indígena. A pesquisa é de abordagem qualitativa e de cunho etnográfica

pautada na interpretação da realidade por meio de uma representação segundo a visão dos

sujeitos. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: questionário semi-estruturado,

observação assistemática e analise documental. O método de interpretação dos sentidos

utilizado na análise dos dados forneceu elementos significativos a respeito das forças e das

arenas sociais que circundam a política publica educacional. Os sentidos atribuídos apontam

que os segmentos sociais conquistaram mudanças nos fundamentos teóricos, mas no cotidiano

as realizações estão em andamento díspar, de um lado o gerencialismo público em suas

dinâmicas de gestão compartilhada espera investimentos em recursos humanos, materiais e

orçamentários, por sua vez as comunidades indígenas vivenciam as propostas de forma

diferenciada, assumem cada dia mais atos protagonistas, reinventam a educação escolar

ultrapassando os condicionantes da sobrevivência. Em suma pode se dizer que as

contribuições são que militância coletiva em torno da consciência politizada se faz por meio

do currículo quando instrumentalizado de forma inovadora, criativa nos mundos culturais que

norteiam a educação escolarizada, a exemplo destas etnias.

Palavras chave: 1.Políticas Públicas . 2. Indígenas. 3. Educação. 4. Diversidade Cultural

1 Maria do Carmo Barros Professora,.Licenciada em Letras,Especialista em Língua Portuguesa e Literatura,

Mestre em Ciências da Educação da Universidade Tecnológica Intercontinental- Paraguai.Dissertação

apresentada 2010.

Page 2: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

INTRODUÇÃO

No Brasil atualmente existem cerca de 4602 (quatrocentos e sessenta ) mil índios distribuídos

entre 225 sociedades, dentre estes alguns vivem fora das terras indígenas. Cada etnia com

suas histórias, costumes e tradições. Vivem em ambientes sociais, econômicos e políticos

circundados por muralhas tão iguais e ao mesmo tempo diferentes que se convergem na luta

das relações sociais. Essas relações estão presentes nos limiares do município de Juara-MT

onde vivem os Rikbaktsa, os Kayabi, os Apiaka e os Munduruku, que a cada momento vem

modificando o espaço progressivamente para adaptar as formas de ressignificação econômica,

política, social e educacional.

A importância social acontece no momento que as culturas são situadas no contexto em que

vivem e na história do país, através de espaços interativos criados no mundo escolarizado. Os

espaços interativos permitem uma aproximação aberta da realidade do outro, neste exercício

ao ser indicada para compor a Comissão Técnica na elaboração do Plano Diretor oportunizou

a interação com os grupos indígenas, durante as audiências públicas setoriais, momento o qual

atuava na função de gestora das questões culturais, num setor diretamente ligado a Secretaria

Municipal de Educação e Cultura que trata das políticas públicas inerente aos indígenas do

município de Juara.

A importância social sentida pela pesquisadora e por várias pessoas comprometidas no

contato com as comunidades indígenas e os problemas enfrentados na educação escolarizada

convergiu para o surgimento da dissertação de mestrado sobre as Políticas Públicas

Educacionais Indígenas em Mato Grosso. A partir daí buscar alternativas para entender a

questão: Como as políticas públicas educacionais do Estado do Mato Grosso atendem a

vivência diversa dos índios do Município Juara em seus contextos?

Assim, visando atingir o objetivo previsto de investigar até que ponto as políticas públicas

educacionais do Estado do Mato Grosso atendem a vivência diversa dos índios do Município

Juara, surgiram às questões que nortearam a investigação: Quais são as políticas públicas e

/ou propostas existentes no município de Juara para as etnias Rikabktsa, Kayabi, Apiaka e

Munduruku? O currículo diferenciado presentes nas políticas públicas tem contemplado as

revitalizações das culturas Rikabktsa, Kayabi, Apiaka e Munduruku? Os educadores

indígenas das etnias participam na elaboração das matrizes curriculares para implantação do

2 Dados da FUNAI, disponível em www.funai.gov.br .

Page 3: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

currículo diferenciado? Os currículos propostos pelas políticas educacionais estão

relacionados com a realidade?

E também se objetivou na pesquisa: Identificar a trajetória da política educacional

escolarizada indígena no Brasil; Levantar as políticas educacionais existentes no Mato Grosso

e as que refletem no município de Juara; Descrever o contexto escolar das culturas Rikabktsa,

Kayabi, Apiaka e Munduruku que habitam no município de Juara-MT e as vivências das

políticas educacionais nas referidas comunidades.

Para cumprimento das metas fez-se uso das seguintes trilhas metodológicas: quanto à

abordagem no que se relaciona ao seu objeto de estudo, constituiu-se pesquisa qualitativa,

baseou-se nas interações entre o mundo objetivo, subjetividade dos sujeitos e significados.

Quanto aos objetivos-exploratória, aos procedimentos técnicos - pesquisa etnográfica e

descritiva. Utilizou-se também da analise documental

O município de Juara localiza-se a 628 km da capital do estado Cuiabá, acessada pelas

principais rodovias MT-338 e MT- 325. O potencial hidrográfico conta com a Grande Bacia

do Rio Amazonas, Arinos e Teles Pires, direita Rio dos Peixes o Teles Pires, Rio Apiakas,

suas margens abrigam as etnias indígenas. A população nativa mantêm-se em duas reservas:

uma cerca de 60 km do perímetro urbano, local que habitam as etnias: Kayabi, Apiaka e

Munduruku, do tronco lingüístico Tupi-Guarani; outra a 300 km, residem os Rickbaktsa do

tronco Macro-Jê, pertencentes ao município pelos limites territoriais, mantém proximidades

municípios circunvizinhos. As opções de sobrevivência são idênticas, porém as formas de

contato, convivências e assistência são diferentes entre os grupos indígenas e não índios.

As formas que os indivíduos atuam, pensam e sentem variam de acordo com as possibilidades

e potencialidades, em razão disso considerando os responsáveis pela implementação das

políticas públicas estaduais e municipais aos indígenas que habitam no município de Juara

optou-se pela seguinte participação dos sujeitos incluidos: 05 gestores identificados nesta

investigação por códigos fictícios para garantir o sigilo da pesquisa como: (G1,G2,G3,G4,G5)

atuantes nos subsistemas (Assessoria Pedagógica Estadual e Secretaria Municipal de

Educação e Cultura) e 04 educadores indígenas (ED A, ED B, ED C e ED D),

representatividades das comunidades indígenas Rickbaktsa, Kayabi, Apiaka e Munduruku.

Os dados obtidos foram analisados através do Método de Interpretação dos Sentidos, o

caminho implica interpretar e estabelecer relações para elaborar conclusões. A interpretação

dos sentidos vai além dos conteúdos dos textos até o contexto e revela as explicações da

cultura a cerca do tema. Minayo (2006).

Page 4: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

1 A INTERPRETAÇÃO DOS SENTIDOS: CRUZAMENTO DAS VOZES E

REFLEXÕES

Na análise interpretativa dos segmentos questionados e sustentada pela observação

assistemática, pode-se afirmar que existem diversos sentidos atribuídos a política pública

educacional indígena em Mato Grosso que entrecruzam nos contextos históricos e políticos

vigentes. As políticas públicas educacionais em Mato Grosso garantem na teoria a

implantação de ações educativas voltadas para a especificidade de cada povo desde 2004, os

subsistemas (Assessora Pedagógica-Cefapro e Secretaria Municipal de Educação e Cultura)

responsáveis por acompanhar a educação escolar nas comunidades Rikbaktsa, Kayabi, Apiaka

e Munduruku em consonância com a gestão compartilhada conhecem as legislações, os

parâmetros e as resoluções definidas na agenda governamental, logo dependem de muitos

fatores para determinar uma prática acelerada na implantação do modelo de educação

diferenciada.

As comunidades indígenas por sua vez representadas pelos educadores enfrentam múltiplas

dificuldades nas vivências escolarizadas, porém preocupam – se com a valorização da cultura

e da história de seu povo nas propostas educativas executadas no cotidiano.

Percebeu-se nas respostas dos gestores e dos educadores que está em andamento à construção

da política pública educacional em algumas comunidades indígenas, a morosidade destes

desdobramentos faz com que parte destas comunidades sintam – se menos atendidas,

retratando assim a desigualdade nos direcionamentos do gerencialismo publico.

Embora as vozes externas (gestores) que direcionam as políticas públicas educacionais e a

organização escolar aos indígenas Rikbaktsa, Kayabi, Apiaka e Munduruku apontam ter

consciência de parte das dificuldades enfrentadas pelos educadores indígenas para

desenvolver planos coerentes com suas realidades. Conforme sentido atribuído a deficiência

na formação continuada prejudica o trabalho educativo, tomar iniciativa de investir em

encontros educativos mais freqüentes que visem conhecimento das demandas cotidianas, da

diversidade presente nos contextos históricos e culturais e as fricções intertribal, enfrentada

pelos educadores no campo de encontro “a escola”, pode ser um dos caminhos.

Uma coisa e ter noção dos conflitos existenciais, assumir posturas diferentes perante tais

realidades, conhecer a dimensão do real, respeitar a variedade, o contrario é negar as relações

de dominação cultural que ainda determinam ações de caráter simplistas, transferindo as

responsabilidade de uma área para outra do governo.

Page 5: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

No contexto escolar das comunidades indígenas notou-se que gerencialismo público sofre

também com a falta de cumprimento das alianças consensuais na gestão compartilhada, como

a educação escolar indígena no Brasil fica sob responsabilidade nacional e aos estados e

municípios cabe sua execução e acompanhamento nem sempre os investimentos são

realizados de acordo com a realidade .

Enquanto isso as vozes dos educadores indígenas em seus contextos escolares diversos têm

consciência das fragilidades enfrentadas na vivência das políticas educacionais diariamente,

conhecem as estruturas curriculares, porém a maioria dos educadores transforma as

deficiências em sensibilidades, mediante práticas significativas buscam reconhecer o universo

simbólico e os elementos da cultura dos educandos, tornando-os participantes dos campos de

produção do conhecimento.

Existem pontos que merecem destaque nos sentidos atribuídos pelos gestores e educadores

indígenas, a mudança de direcionamento das ações de um subsistema para outro também

provoca desajustes na organização do ensino, foi visto que a implantação do currículo

diferenciado presente nas políticas educacionais tem acontecido de forma fragmentada nas

comunidades indígenas, tanto nas respostas de um quanto de outro, além destes os

investimentos em recursos materiais, humanos e orçamentários seguem o mesmo perfil.

Mesmo que algumas unidades escolares estejam estruturadas segundo os moldes urbanos nem

sempre representa avanço dentro destas comunidades, às salas anexas que expressam a

liberdade de pensar, sentir e produzir meios de recriar visões de mundo escolarizadas mais

amplas, segundo os sentimentos no período de campo.

De fato a preocupação com a valorização da história e da cultura dos povos indígenas é um

fator presente nestas comunidades envolvidas, conforme arrogam as respostas dos

representantes, e mais a fusão interétnica dos membros de diferentes etnias observadas

requerem que na unidade escolar seja um espaço que propicie a articulação e o

reconhecimento dos diversos sentidos atribuídos segundo os nuances da diversidade de

culturas.

Todavia talvez o treinamento do olhar sobre o outro seja uma premissa necessária a todas as

vozes para que tenham força na atualização de conceitos nas medidas públicas educativas em

construção na escolarização oferecida aos indígenas, assim a superação dos pequenos

etnocentrismos históricos terá mais ênfase dialógica.

As tentativas de pensar o lugar, a vida e as intercomunicações sociais na educação escolar

como terreno ativo de cultura fundamenta-se na liberdade humana de transitar em diversos

espaços, dominar seus códigos, símbolos e conhecer outros. O desafio da diversidade cultural

Page 6: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

está presente em todas as esferas humanas, unidades de laços, eixos e rede de interações entre

diversos tipos de pessoas. O olhar valorativo destemido é que estimula novas posturas, este

foi um dos motivos enfrentados para infiltrar nos espaços cotidianos dos indígenas em que

pequenas coisas são fundamentais para que uma unidade escolar tenha focos de compromisso

com o grupo em que está inserida .

Trazer à tona as dificuldades da pesquisa não tem grande importância quando percebe que na

realidade da vida social os valores se fundem para expressar um sentimento de organização

das classes na conquista do bem comum, modos forçados, espontâneos, desafiadores,

criativos e consensuais que podem ser acompanhados no quadro demonstrativo no

cruzamento de opiniões.

QUADRO DEMONSTRATIVO

Políticas Públicas Educacionais Indígenas: um olhar nas vivências das escolas

indígenas no município de Juara - Mato Grosso

Comunidades: Rickbaktsa, Kayabi, Apiaka, Munduruku

Vozes externas Vozes internas

1.Políticas Públicas Educacionais

Existem três programas educacionais;

Reuniões pedagógicas;

Projeto Hayô / Magistério

Intercultural;

Formação continuada;

Conhecem as propostas executadas nas

comunidades;

2. Currículo diferenciado e

revitalização das culturas indígenas

Demonstra interesse na

revitalização das culturas;

Depende dos educadores;

Em construção;

Arenas sociais

Maior parte diz que sim:

Valoriza a cultura e a história da

comunidade;

Desempenho do educador;

Falta de recursos humanos

Minoria:

Não acontece em sua totalidade;

Interferências das redes sociais

históricas e atuais;

3. Educadores e a implantação do

currículo diferenciado

Vem acontecendo encontros

para construção do currículo;

Alianças consensuais não

oferece suportes para as ações;

Faltam investimentos;

Metade:

Participa de forma diversificada:

reuniões comunitárias e encontros para

sistematização de conceitos;

Outra metade:

Não participaram;

Estão mobilizando vários segmentos;

Dificuldades na gestão compartilhada;

Page 7: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

4. Currículo proposto pelas políticas

públicas educacionais e a realidade

vivenciada pelos indígenas

Possui relação com a realidade.

Esta em construção em algumas

comunidades;

Outra parte necessita de

investimentos em recursos

humanos, materiais e

orçamentários;

Maior parte:

Buscam incorporar saberes informais as

práticas escolarizadas dentro de suas

limitações;

Menor parte:

Enfrenta as fragilidades da ausência da

formação continuada e as fragilidades

da sobrevivência;

As militâncias das vozes enfrentam várias dificuldades atribuídas aos seguintes fatores:

deficiência da gestão compartilhada no cumprimento das alianças consensuais, investimentos

em recursos humanos, materiais e orçamentários, tempo de cada um, conhecimento da cultura

e da história das comunidades, por outro lado as vivências escolares ultrapassam essas arenas

sociais, pagam um valor alto no desafio da diversidade, realizam ações heróicas particulares e

vêem possibilidades em varias formas na reinvenção da educação escolarizada.

Como exemplifica Brandão (2002, p.83):

{...} sem que deixe de ser importante em si mesmo, o produto social

do trabalho de classe sobre (ou a partir de) sua própria cultura serve ao

horizonte do projeto-político e torná-la mais livre e apontar caminhos

de uma liberdade real a ser construída passo a passo. Aquilo que,

cremos todo o povo conquista na medida em que se transforma

qualitativamente a si próprio.

As proposições indicam que a rearticulação do poder através de uma cultura é a arte de um

povo politizado, capacidades presentes em todos os mundos sociais que tenham habilidades

de lidar com seus símbolos e abertura para conhecer novos que são desencontrados e

encontrados no mundo da educação escolar, compromisso que os educadores indígenas com

suas comunidades e agentes envolvidos com planos escolarizados inovadores recriam,

reinventam formas de traduzir os momentos escolarizados em acordo com meios de vida,

mesmo diante das dificuldades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao começar esta pesquisa a proposição era o de saber até que ponto as Políticas Públicas

Educacionais atendem a vivência diversa dos índios Rikbaktsa, Kayabi, Apiaka e Munduruku

Page 8: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

em seus contextos escolarizados, uma vez que o caráter diferenciado encontra-se nos

princípios, nas metas e medidas governamentais.

Ao pesquisar a trajetória das políticas públicas educacionais no Brasil notou que sua

implantação nos estados brasileiros são diferentes, no estado de Mato Grosso viu-se que a

política pública educacional indígena no município de Juara é articulada no desenho de gestão

compartilhada direcionada por subsistemas municipais. As comunidades indígenas que

habitam o município são atendidas parcialmente na construção da proposta cotidiana

executada e por três medidas públicas educativas de iniciativa governamental.

Os sentidos atribuídos pelos gestores as unidades escolares indígenas são que está construção

o protótipo diferenciado dos currículos com ênfase a revitalização das histórias e culturas em

todas nas comunidades indígenas, portanto os educadores em sua maioria conferem essa

iniciativa em algumas comunidades, outras sofrem interferências da transferência de

responsabilidades da gestão compartilhada.

A diversidade de culturas foi percebida nas visitas as comunidades indígenas e exigem

praticas que valorizem seus elementos culturais. A implantação do currículo diferenciado das

políticas educacionais nas comunidades indígenas possuem natureza participativa de maneira

fragmentada atendendo apenas parte das etnias.

No mundo das alternantes o olhar sensível e a beleza nas ações traduzem os círculos de vida

escolarizados mesmo diante das dificuldades, assim se resume o currículo e a relação com a

realidade nas comunidades indígenas envolvidas no estudo.

Com base nos dados coletados da pesquisa tem-se a opinião que a política pública de

educação escolar indígenas atende bem pouco a vivência diversa das comunidades indígenas

do município de Juara.

Há existência de muitos extremos entre teoria e prática, não se pode atribuir sentido apenas ao

sistema de gestão compartilhada, as fragilidades da formação atingem os educadores e

gestores.

A muralha representada por estradas separam os mundos simbólicos e as necessidades de

sobrevivências, das etnias, os sentimentos de mundo ainda não conseguiram ser prioritários

nas agendas governamentais que configuram a política pública.

A política é o mecanismo de ação conscientizadora especialmente ao gerar transformações

ideológicas, a força consiste na militância do saber sentir, ouvir, pensar e agir da sociedade

organizada. A manifestação eficaz da política pública educacional a um grupo ou comunidade

dependem de compromissos, investimentos e lutas por demandas ainda não alcançadas. Em

Page 9: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

poucas palavras assumir na educação escolar identidades próprias que capacitem à transição

nos mundos diferentes, nas arenas sociais e nos palcos tensos sem perder a originalidade.

O pensamento que afirme a existência de diversas formas de reinventar práticas escolarizadas

em torno da política pública educativa construídas por sujeitos no seio de suas culturas abrem

possibilidades para diálogos e interações positivas entre muitas visões de mundo, que

superem os paradigmas dos sujeitos centrados em si mesmos e indiferentes aos encontros e

relações com o outro em seus contextos culturais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGELO,Francisca Navantina Pinto.Dissertação(Mestrado).O processo de inclusão das

escolas indígenas no sistema oficial de ensino de Mato Grosso. Protagonismo

Indígena.Cuiabá:Instituto de Educação/UFMT,2005.

BANDEIRA, Maria de Lourdes.Antropologia I.Campos e Conceitos da

Antropologia.Correntes do pensamento antropológico.Cuiabá, 2ª edição, 2008.

Brasil.Congresso Nacional.Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional.Lei Nº

9.394/96.Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.Disponível em:

WWW.presidenciadarepublica.org.br .

_______.Referencial curricular nacional para as escolas indígenas. Brasília: Ministério da

Educação e Desporto,Secretaria de Educação Fundamental,1998.

_______.Governo Municipal. Plano Diretor Municipal (Lei .015 de 15/11/2006).Estabelece

diretrizes para o planejamento do município o Plano Diretor Municipal:Câmara

Municipal,2006.

COSTA,Arlindo.Metodologia Cientifica.Santa Catarina: Mafra,2006.

CUIABA,Governo Estadual. Fórum Estadual de Educação. Plano Estadual de Educação.

Cuiabá:Secretaria Estadual de Educação, 2006-2016.

DONATO,Hernani.Os índios do Brasil.São Paulo:Melhoramentos,1995.

FERREIRA, Lucimar Luisa.SILVA, Adailton Alves.A busca da autonomia no processo de

educação escolar indígena.In Cadernos de Educação Escolar Indígena. Proesi.Barra do

Bugres:UNEMAT,2007.

GAIOFATO,Nadia Gonçalves.Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação

Brasileira.Curitiba: Facinter, 2008.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GEERTZ,Clifford.O saber local.Novos ensaios em Antropologia Interpretativa.

Petrópolis-RJ:Vozes,2008.

GHIRALDELLI,Paulo Junior.História da Educação Brasileira.Formação de

Professores.São Paulo:Cortez,2001.

GOMES, Nilma Lino.In Indagações sobre currículo:diversidade e currículo.

Brasília:Ministério da Educação.Secretaria de Educação Básica,2008.

GRUPIONI,Luiz Donizete.Programa Parâmetros em Ação de Educação escolar

Indígena.Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:Ministério da Educação,2002.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas,

2002.

MARCONI, Marina de Andrade.PRESOTTO,Zélia Maria Neves.Antropologia,uma

introdução.São Paulo:Atlas,2005.

Page 10: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS: UM …need.unemat.br/4_forum/artigos/maria_do_carmo.pdf · polÍticas pÚblicas educacionais indÍgenas: um olhar nas vivÊncias das

MATO GROSSO, Dossiê Índios. Operação Anchieta - OPAN.Conselho Indigenista

Missionário:Cuiabá,1987.

MINAYO,Maria Cecília de Souza.Pesquisa Social. Teoria Método e Criatividade.

Petrópolis,RJ:Vozes,2007.

______. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa. São Paulo: Hucitec, 2003.

______. Pesquisa Social.Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes ,2001.

MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa.SILVA,Tadeu.Currículo, cultura e sociedade.São

Paulo: Cortez,2008.

MOREIRA,Antonio Flavio Barbosa.PACHECO,José Augusto.GARCIA,Regina

Leite.Currículo, pensar,sentir e diferir.Rio de Janeiro:DP&A,2004.

OLIVEIRA,João Pacheco, FREIRE,Carlos Augusto da Rocha.Ministério da

Educação.Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade.Os indígenas e a

formação do Brasil .Brasília:LACED- Museo Nacional.2006.

OLIVEIRA,Maynara.SANTOS,Maria Sirley.Geografia.Do olhar do homem aos segredos da

natureza.Cuiabá:UFMT,2002.

RIBEIRO,Darcy.O povo brasileiro.A formação e o sentido do Brasil.São Paulo:Companhia

da Letras,1995.

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Língua Brasileiras. Para o Conhecimento das

Línguas Indígenas. São Paulo: Loyola, 1994.

SACRISTÁN,J.Gimeno.O currículo: uma reflexão sobre a prática.Porto Alegre

:Artmed,2000.

SILVA,Aracy Lopes.Índios.São Paulo:Ática,1998.

SILVA,Aracy Lopes.GRUPIONI,Luis Donizete Benzi.A temática indígena na escola.Novos

subsídios para professores de 1º e 2º graus.Brasília:MEC/UNESCO,1995.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação.

Florianópolis: UFSC/LED, 2001.

SILVA,Maria Terezinha Pereira.Fundamentos da Educação.Filosofia e Historia da

Educação Brasileira.Rio de Janeiro:Copyright,1996.

SIQUEIRA,Elizabeth Madureira.História de Mato Grosso.Da ancestralidade aos dias

atuais.Cuiabá:Entrelinhas,2002.

_______.O processo histórico de Mato Grosso.Cuiabá:UFMT,1990.

SOUZA.Celina.Políticas Publicas, uma revisão na literatura. In

Rev.,Educação/Artigos.Educação Sociologia.Política Publica.Porto Alegre. Ano 8, nº 16,

jul/dez 2006. Acesso dia 13/05/2009.Disponível em: WWW.scielo.br/pdf.