poema vesperal
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“Vesperal
E, contudo, é bonito
O entardecer.
A luz ponte cai do céu vazio
Sobre o tecto macio
Da ramagem
E fica derramada em cada folha.
Imóvel, a paisagem
Parece adormecida
Nos olhos de quem olha,
A brisa leva o tempo
Sem destino.
E o rumor citadino
Ondula nos ouvidos
Distraído
Dos que vão pela rua caminhando
Devagar e como que sonhando,
Sem sonhar…
Miguel Torga, Diário XIV”