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Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - Santa Catarina

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Presidncia da Repblica Dilma Roussef

Ministrio do Meio Ambiente Izabella Teixeira

Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade Rmulo Jos Fernandes Barreto Mello - Presidente

Diretoria de Unidades de Conservao de Proteo Integral Ricardo Soavinski - Diretor

Coordenao de Unidades de Conservao de Proteo Integral Giovanna Palazzi - Coordenadora

Coordenao de Planos de Manejo Carlos Henrique Velasquez Fernandes - Coordenador

Proprietrios da RPPN Chcara Edith Wilson Moreli Ligia Hoffmann Moreli Anette Hoffmann

Braslia, maio de 2011

iiiCRDITOS TCNICOS E AUTORAISCRDITOS AUTORAIS: Responsvel Tcnica e Coordenao Geral Fabiana Dallacorte Biloga, Msc. Engenharia Ambiental Administrativo: Claudia Sabrine Brandt Biloga, Msc. Ecologia Caracterizao da RPPN: Histrico de criao e aspectos legais da RPPN Fabiana Dallacorte - Biloga Wilson Moreli Proprietrio ADAMI, L. S. Reserva Particular do Patrimnio Natural RPPN: Chcara Edith. Brusque: Nova Letra, 2002, 64 p. Diagnstico dos Aspectos Abiticos Tasa Comerlato Mapas Gislaine Otto Caracterizao dos ribeires Amaraldo Piccoli Caracterizao dos ribeires Avaliao Ecolgica Rpida (AER) Fabiana Dallacorte Herpetofauna Felipe Fantacini Moreli - Herpetofauna Gislaine Otto Ictiofauna (GPic - Grupo de Pesquisas em Ictiofauna) Amaraldo Piccoli Ictiofauna (GPic - Grupo de Pesquisas em Ictiofauna) Eduardo Brogni - Flora Andr Luiz Gasper - Flora Diagnstico dos estudos j realizados Felipe Moreli Fantacini Mastofauna Instituto de Pesquisas Ambientais IPA / FURB Avifauna Daniela Fink Biloga, compilao dos dados da Avifauna Aspectos histricos e culturais ADAMI, L. S. Reserva Particular do Patrimnio Natural RPPN: Chcara Edith. Brusque: Nova Letra, 2002, 64 p. Visitao Fabiana Dallacorte Pesquisa e Monitoramento ADAMI, L. S. Reserva Particular do Patrimnio Natural RPPN: Chcara Edith. Brusque: Nova Letra, 2002, 64 p. Fabiana Dallacorte Compilao das pesquisas realizadas na RPPN Diagnstico sobre incndios florestais Jssica Alessandra de Borba Entrevistas com populao do entorno Caracterizao da propriedade: Wilson Moreli - Proprietrio Tasa Comerlato - Gegrafa

ivCaracterizao da rea de entorno Possibilidade de conectividade Tasa Comerlato - Gegrafa Diagnstico dos Aspectos Socioambientais Jssica Alessandra de Borba Entrevistas Fabiana Dallacorte Anlise dos dados e relatrio Declarao de significncia Lauro Eduardo Bacca Bilogo, Presidente da RPPN Catarinense Planejamento: Fabiana Dallacorte Herpetofauna e Responsvel Tcnica Wilson Moreli Proprietrio Ligia Moreli Proprietria Anette Hoffmann - Proprietria Felipe Moreli Fantacini Neto dos proprietrios e acadmico de Biologia UFSC Claudia Sabrine Brandt Biloga Msc. Ecologia Tasa Comerlato Gegrafa Eduardo Brogni Engenheiro Florestal, Msc. Engenharia Ambiental Paulo Tajes Lindner Turismlogo, Proprietrio da RPPN Caetezal Lauro Eduardo Bacca Bilogo, Presidente da RPPN Catarinense, Proprietrio da RPPN Bugerkopf dela Bacca Proprietria da RPPN Bugerkopf Geoprocessamento Tasa Comerlato - Gegrafa Apoio IPA Instituto de Pesquisas Ambientais Prefeitura Municipal de Brusque Agradecimentos: Este trabalho foi realizado com Apoio do VII Edital da Aliana para a Conservao da Natureza SOS Mata Atlntica, TNC The Nature Conservancy e CI - Conservao Internacional. Aos proprietrios das RPPN associadas a RPPN Catarinense pelo acompanhamento durante as reunies da entidade. A Sra. Lucia Japp, RPPN Morro dos Zimbros, pelo apoio na reunio de planejamento do projeto.

Executores

Apoiadores

Prefeitura de Brusque

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC

5SUMRIO INTRODUO ..................................................................................................................... 10 1 PARTE A - INFORMAES GERAIS............................................................................... 12 1.1 Acesso ....................................................................................................................... 12 1.2 Histrico de criao e aspectos legais da RPPN Chcara Edith ................................ 12 1.3 Ficha Resumo da RPPN Chcara Edith ..................................................................... 14 PARTE B - 2. CARACTERIZAO DA RPPN ..................................................................... 17 2.1 Clima.......................................................................................................................... 17 2.2 Relevo........................................................................................................................ 17 2.3 Hidrografia ................................................................................................................. 17 2.4 Vegetao .................................................................................................................. 22 2.5 Ictiofauna ................................................................................................................... 32 2.6 Herpetofauna ............................................................................................................. 41 2.7 Avifauna ..................................................................................................................... 44 2.8 Mastofauna ................................................................................................................ 48 2.9 Aspectos Histricos e Culturais (Patrimnio Material e Imaterial) ............................... 52 2.10 Visitao .................................................................................................................. 54 2.11 Pesquisa e Monitoramento ....................................................................................... 62 2.12. Ocorrncia de Fogo ................................................................................................ 66 2.13. Sistema de Gesto .................................................................................................. 66 2.14. Pessoal ................................................................................................................... 67 2.15. Infra-estrutura.......................................................................................................... 67 2.16. Equipamentos e Servios ........................................................................................ 67 2.17. Recursos Financeiros.............................................................................................. 68 2.18. Formas de Cooperao........................................................................................... 68 2.19 Caracterizao da Propriedade ................................................................................ 68 3 CARACTERIZAO DA REA DO ENTORNO................................................................ 70 3.1 Municpio de Brusque ................................................................................................ 70 3.2 Dados sobre a populao moradora no entorno imediato da RPPN Chcara Edith ... 70 4 POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ........................................................................... 74 5 DECLARAO DE SIGNIFICNCIA ................................................................................ 75 PARTE C - 6 PLANEJAMENTO........................................................................................... 79 6.1 Objetivos Especficos de Manejo ............................................................................... 79 6.2 Zoneamento ............................................................................................................... 80 6.3 reas Estratgicas da Propriedade ............................................................................ 94 6.4 Programas de Manejo ................................................................................................ 98 6.5. Pesquisas prioritrias .............................................................................................. 113 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Figura ilustrativa da localizao das reas dentro da RPPN Chcara Edith , Brusque, SC. A linha ocorrente entre as reas A e B uma propriedade particular da famlia que no faz parte da RPPN. ................................................................................................ 16 Figura 02 A: Ribeiro do Poo Fundo, 1 ponto de amostragem; B - Lagoa marginal ao ribeiro Poo Fundo............................................................................................................. 18

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6Figura 03: A - Ribeiro Poo Fundo, 2 ponto de amostragem; B - Lagoa artificial prximo sede da RPPN. C - Lagoa artificial, a maior das duas que esto dentro da RPPN. D Ribeiro Poo Fundo, nos fundos do alojamento...................................................................19 Figura: 04: A - Riacho localizado nos fundos do Hotel Monthez; B - Ribeiro Poo Fundo, ponto mais prximo da sua nascente. C - Riacho afluente do ribeiro Poo Fundo em sua margem esquerda; D - Afluente do ribeiro Poo Fundo, em sua margem direita................ 21 Figura 05: A: Implantao de uma unidade amostral na rea I; B - Vista geral da floresta presente na rea I; Figura C e D - Vista do dossel, rea II. ................................................. 24 Figura 06: Interior da floresta presente mais aos fundos da rea I, mostrando o predomnio da espcie Euterpe edulis em todos os estratos .................................................................. 26 Figura 07: Valor de Importncia das dez principais espcies da rea I. ............................... 27 Figura 08: Vista geral do interior da floresta presente na rea II, novamente ilustrando o predomnio da espcie Euterpe edulis. ................................................................................ 28 Figura 09: Valor de Importncia das dez principais espcies da rea II. .............................. 29 Figura 10: Gbra Geophagus brasiliensis (SL: 40,59mm); Cehr Corydoras ehrhardti (SL: 48,72mm); Cpte Characidium cf. pterostictum (SL: 42,75mm); Rque Rhamdia quelen (SL: 87,63mm); Pobt Pseudothyris obtusa (SL: 31,71mm); Hmal Hoplias malabaricus (SL: 137,28mm); Tren Tilapia rendali (SL: 59,04mm); Risp Rineloricaria sp. (SL: 51,95mm); Pste Pareiorhaphis steindachneri (SL: 38,72mm); Pmac Parotocinclus maculicauda (SL: 28,15mm); Csan Cyphocharax santacatarinae (SL: 65,71mm). SL: comprimento padro em milmetros. .................................................................................... 36 Figura 11 - Hmul Hollandichthys sp. aff. multifasciatus (SL: 87,95mm); Mmic Mimagoniates microlepis (SL: 57,79mm); Pspi Phalloceros spiloura macho (SL: 23,59mm); Pspi Phalloceros spiloura fmea (SL: 28,29mm); Gpan Gymnotus pantherinus (SL: 132,51mm); Gcar Gymnotus cf. carapo (SL: 101,68mm); Tzon Trichomycterus cf. zonatus (SL: 54,72mm); Gnov Gnero novo aff. Heptapterus (SL: 78,91mm); Hysp Hypostomus sp. (SL: 36,82mm); Dsin Deuterodon singularis (SL: 59,64mm); Assp Astyanax sp. (SL: 60,36mm). SL: comprimento padro em milmetros. . 37 Figura 12 - Anlise de similaridade por agrupamento das espcies para a rea da RPPN Chcara Edith. Agrupamento realizado atravs do ndice de Horn. ..................................... 39 Figura 13: A Echinanthera sp. B Enyalius brasiliensis. C Tupynambis merianae. D Haddadus binotatus. E Phrynops hilarii. F Phyllomedusa distincta. G Bothrops jararaca. H Rhinella abei.................................................................................................................. 43 Figura 14: Nmero de espcies de aves por famlia registradas na RPPN Chcara Edith. .. 45 Figura 15: Leucopternis lacernulatus (gavio-pombo-pequeno) fotografado por armadilha fotogrfica, RPPN Chcara Edith. ........................................................................................ 46 Figura 16 - Nmero de espcies por ordens amostradas na RPPN Chcara Edith, no perodo de 2006 a 2009. Brusque, Santa Catarina. ............................................................. 49 Figura 17: A Mo-pelada; B - Registro de Graxaim, se alimentando de um anfbio; C Gato-Maracaj. D - Tatu-de-rabo-mole; E - Registros de Bando de quatis. E - lontra obtidos atravs da armadilha fotogrfica digital associada a cevas. ................................................. 52

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7Figura 18: Participantes da visita RPPN da turma de Pedagogia da UNIFEBE, Brusque SC. ...................................................................................................................................... 56 Figura 19: Visita de casais da Igreja de Confisso Luterana da Alemanha. ........................ 57 Figura 20: Visita da escola So Luiz, Brusque SC. ........................................................... 57 Figura 21: Corrida de Aventura. ........................................................................................... 58 Figura 22: Visita do SESC, projeto UNIMED. ...................................................................... 59 Figura 23: Atividades da Cultura Negra, programao cultural do municpio de Brusque SC. ...................................................................................................................................... 59 Figura 24: Croqui das trilhas dentro da RPPN Chcara Edith. Em vermelho: as trilhas; Em azul: os cursos dgua; e em branco: o limite da RPPN Chcara Edith. .............................. 60 Figura 25: Aspecto geral das trilhas encontradas no interior da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. Foto: Fabiana Dallacorte. ............................................................................. 60 Figura 26: Passagem de madeira em local mido da trilha. Foto: Fabiana Dallacorte. ........ 61 Figura 27: Ponte sobre ribeiro na trilha interna da RPPN Chcara Edith. Foto: Fabiana Dallacorte. ........................................................................................................................... 62 Figura 28: Densidade populacional em faixas etrias por bairro estudado no entorno imediato da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. Fonte: Plano de Manejo. ........................ 71 Figura 29: Composio de quantidade de pessoas que auxiliam na gerao de renda familiar dentro da populao amostrada. Rf 01 Renda familiar em que 1-2 pessoas participam; Rf 02 Renda familiar em que 2-3 pessoas participam; Rf 03 Renda familiar em que 3-4 pessoas participam; Rf 04 Renda familiar em que 4-5 pessoas participam; Rf 05 Renda familiar em que 5-6 pessoas participam; Rf 06 Renda familiar em que mais de 06 pessoas participam. ........................................................................................................ 72 Figura 30: Localizao pontual das reas de cada zona. ..................................................... 86 Figura 31: Determinao dos pontos geogrficos utilizados para realizar a descrio geogrfica simples de cada rea Estratgica fda Propriedade. ........................................... 94

LISTA DE TABELAS TABELA 01 - ndices obtidos atravs da anlise dos dados da ictiofauna nos ambientes estudados. S = riqueza; N = abundncia; H' = diversidade de Shannon-Wiener; J' = uniformidade de Pielou. ....................................................................................................... 38 Tabela02 - Localizao geogrfica da Zona Silvestre determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .................................................................................. 86 Tabela 03 - Localizao geogrfica da rea Estratgica Ponto de Fiscalizao 01 determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .............................. 87 Tabela 04 - Localizao geogrfica da rea Estratgica Torre de Observao determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .................................................. 87

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8Tabela 05 - Localizao geogrfica da Zona de Proteo determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .................................................................................. 89 Tabela 06 - Localizao geogrfica da Zona de Vistao determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .................................................................................. 90 Tabela 07 - Localizao da rea Estratgica Auditrio ao Ar Livre e Olha dgua, determinada no Planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ............................. 90 Tabela 08 - Localizao geogrfica da Zona de Transio determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .................................................................................. 91 Tabela 09 - Localizao geogrfica das reas Estratgicas Ponto de Fiscalizao 02, 03, 04 e 05 determinada no planejamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ...................... 92 Tabela 10 - reas Estratgicas da Propriedade e a rea territorial ocupada por cada classe. ............................................................................................................................................ 94

LISTA DE ANEXOS Anexo 01: Mapa de Localizao da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ........................ 126 Anexo 02: Criao do Posto Avanado da Reserva da Biosfera da Mata Atlntica na RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ........................................................................................... 127 Anexo 03: Portaria de criao da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ............................ 128 Anexo 04: Mapa de Relevo da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ................................ 129 Anexo 05: Mapa de Hipsometria da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ........................ 130 Anexo 06: Mapa de Recursos Hdricos da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .............. 131 Anexo 07 - Listagem geral das espcies encontradas na RPPN Chcara Edith. rea I e rea II registram apenas o material observado na anlise fitossociolgica; Bromeliaceae refere-se a listagem elaborada pelo Sr. Morelli (proprietrio) das espcies cultivadas ou nativas da RPPN;. Florstica: relao das espcies coletadas durante as duas expedies de campo julho e setembro de 2009................................................................................................... 132 Anexo 08: Relao das espcies de peixes coligidas durante o Diagnstico Ambiental Rpido para a execuo do Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith em Brusque SC, com seus respectivos nomes cientficos e vulgares. .......................................................... 137 Anexo 09: Espcies de anuros e rpteis diagnosticadas na RPPN Chcara Edith, Brusque SC...................................................................................................................................... 138 Anexo 10: Lista das espcies de aves amostradas na Reserva Particular do Patrimnio Natural Chcara Edith, Santa Catarina, Brasil. Ordens, Famlias e Espcies. Endmicas; grau de ameaa IUCN (BENCKE et al. 2006).e IBAMA, Machado et al. (2005) DD: deficiente em dados, NT: quase ameaada, VU: vulnervel e EN: em perigo. ................................... 139 Anexo 11: Lista de Mamferos amostrados no perodo de 2006 a 2009 na RPPN Chcara Edith, Brusque, SC. Onde os tipos de registros so: AD (Armadilha fotogrfica digital); AA (Armadilha Fotogrfica Analgica); VD (Visualizao Direta) e VF (Visualizaro com

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9obteno de registro fotogrfico) e o Status de Conservao obtido no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino de 2008: VU (vulnervel) e DD (Deficiente em Dados). .............................................................................................................................. 145 Anexo 12: Projeto Arquitetnico do Centro de Visitantes. .................................................. 146 Anexo 13: Mapa de Trilhas da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ................................ 151 Anexo 14: Mapa de Uso do Solo da Propriedade da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. .......................................................................................................................................... 152 Anexo 15: Mapa de Corredores Ecolgicos, RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ........... 153 Anexo 16: Mapa de Zoneamento da RPPN Chcara Edith, Brusque SC. ....................... 154 Anexo 17: Mapa das reas Estratgicas da RPPN Chcara Edith, Brusque SC............. 155 Anexo 18: Mapa das reas Estratgicas da RPPN Chcara Edith, Brusque SC............. 156

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte A Informaes Gerais INTRODUO

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As unidades de conservao so reas legalmente institudas pelo Poder Pblico e possuem a finalidade de proteger e conservar os recursos ambientais de uma determinada regio (BRASIL 2000). Nestas unidades so desenvolvidas, em geral, atividades de gerenciamento, fiscalizao, educao ambiental, pesquisa cientfica, manejo, recreao e lazer, extrativismo sustentvel, turismo, entre outras, dependendo de sua categoria. Para que estas atividades possam ser desenvolvidas adequadamente, as aes das UCs devem ser minuciosamente planejadas. Esse planejamento indicado pelo Plano de Manejo da Unidade da Conservao. Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (BRASIL, 2000) o Plano de Manejo se constitui por um documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da unidade. Segundo o SNUC, o Plano de Manejo deve abranger a rea da unidade de conservao, sua Zona de Amortecimento e os Corredores Ecolgicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integrao vida econmica e social das comunidades vizinhas, bem como esse Plano de Manejo deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criao (BRASIL 2000). A elaborao do Plano de Manejo para uma RPPN orienta o proprietrio a conhecer melhor a sua Unidade, a pensar em estratgias que antes no teria sido pensado por no ter sido dado o conhecimento a ele. um documento importantssimo na busca da conservao, pois indica o manejo correto e orienta as aes que devem ser tomadas. O Brasil o principal pas entre aqueles detentores de megadiversidade, possuindo entre 15 e 20% do nmero total de espcies da Terra. Gerir essa formidvel riqueza demanda ao urgente, fundamentada em conscincia conservacionista e espelhada em polticas pblicas que representem as aspiraes da sociedade (MMA 2000). No basta criar as Unidades de Conservao, necessrio que elas sejam capazes de gerir as riquezas naturais como forma de salvaguardar o futuro. A Mata Atlntica, comparada aos outros Biomas brasileiros, um dos mais bem conhecidos. Considerando o nmero de inventrios e levantamentos realizados recentemente, chega-se concluso de que a Caatinga e o Pantanal esto entre os biomas menos conhecidos, diferentemente da Mata Atlntica, Amaznia e Cerrado (LEWINSOHN; PRADO apud LEWINSOHN et al. 2005). Este Bioma o mais ameaado do Brasil, integrante da listagem mundial de hotspots, juntamente com o Cerrado. Segundo Conservation International (2005), a Mata Atlntica o terceiro hotspot mais ameaado, perdendo somente para os Andes Tropicais e para a regio de Tumbes-Choc-Magdalena. Segundo Conservation International (2005), a biodiversidade est representada por cerca de 20.000 espcies vegetais (8.000 endmicas), 263 mamferos (71 endmicos), 936 aves (148 endmicas), 306 rpteis (94 endmicos), 475 anfbios (286 endmicos) e 350 espcies de peixes de gua doce (133 endmicas). No Brasil, o Bioma abriga mais de 8.000 espcies endmicas entre plantas vasculares, anfbios, rpteis, aves e mamferos (MYERS et al. apud TABARELLI et al. 2005). Os poucos remanescentes que ainda existem esto restritos a reas asseguradas pela legislao ambiental e protegidas por Unidades de Conservao. Segundo Rambaldi e Oliveira (2003) apud Tabarelli et al. (2005) muito do que restou para se preservar na Mata Atlntica est em terras privadas e o estabelecimento de uma rede ampla e bem desenhada

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte A Informaes Gerais

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de reservas privadas agora reconhecida como indispensvel na proteo da biodiversidade da regio. Segundo o site http://www.reservasparticulares.org.br hoje em dia so mais de 1034 RPPN criadas que representam a conservao de em torno de 691 mil hectares. Muitas delas protegem espcies que so de importncia global para a conservao (TABARELLI et al. 2005). As RPPN hoje tm demonstrado uma eficiente rede de conservao da Mata Atlntica e tambm um importante meio de mudana socioambiental das reas de entorno. Tem servido como exemplo para outros proprietrios de terras que tenham um potencial para a conservao de espcies e/ ou de ecossistemas restritos. Porm as aes a serem implementadas em uma UC necessitam de um planejamento ordenado que possa garantir a proteo dos recursos naturais existentes e possibilitar a obteno de benefcios indiretos de ordem ecolgica, econmica, cientfica e social (BRASIL 2004). a partir da vontade de implementar aes de conservao e manejo que a RPPN Chcara Edith apresenta o seu Plano de Manejo elaborado a partir do incentivo da Aliana para a Conservao da Mata Atlntica que rene Organizaes No Governamentais nacionais e internacionais. Duas entidades fizeram parte das atividades necessrias para o bom desenvolvimento do Plano de Manejo: Prefeitura Municipal de Brusque e a Universidade Regional de Blumenau (FURB). Primou-se neste Plano de Manejo a caracterizao dos entes taxonmicos ocorrentes na rea da RPPN para determinar os conflitos existentes e que ameaam a integridade de sua biota. Os grupos faunsticos, herpetofauna e ictiofauna foram amostrados atravs de avaliao ecolgica rpida, alm de levantamentos florsticos e estrutura vegetacional. Este levantamento da flora foi realizado em um transecto histrico onde foram realizados os primeiros estudos da Flora Catarinense. Estes estudos possibilitaram um entendimento aprimorado sobre a dinmica estrutural da floresta e da composio da biota local. Estudos cientficos sobre a mastofauna e avifauna foram compilados de trabalhos realizados h mais de cinco anos. Com o uso de metodologias especficas de geoprocessamento o zoneamento da RPPN Chcara Edith foi realizado e o planejamento elaborado em reunio especfica que teve a presena da responsvel tcnica do Plano de Manejo e os proprietrios com participao de parte da equipe tcnica. Em todas as etapas de elaborao deste documento os proprietrios se fizeram presente, sendo em alguns momentos parte da equipe tcnica. Opinaram e direcionaram os objetivos da sua rea para o estabelecimento das aes futuras mais palpveis sua realidade, fator este importante para que o presente Plano de Manejo seja um produto concreto e til para sua perpetuidade. Estes processos resultaram no presente documento, o Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, que se apresenta em formato de fcil leitura e compreenso, j que segue o Roteiro Metodolgico para Elaborao de Plano de Manejo em RPPN (FERREIRA et al. 1999).

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte A Informaes Gerais 1 PARTE A - INFORMAES GERAIS 1.1 Acesso

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A RPPN Chcara Edith localiza-se no municpio de Brusque, Santa Catarina, dentro da Bacia do Itaja. O municpio de Brusque localiza-se a uma latitude 2705'53" sul e a uma longitude 4855'03" oeste, estando a uma altitude de 21 metros. a 11 maior cidade em populao no Estado. Possui uma rea de 280,66 km. Os acessos aqui descritos foram elaborados a partir do site www.maps.google.com.br e esto representados no Mapa de Localizao (Anexo 01).

1.1.1 Aeroporto de Navegantes RPPN Chcara Edith, 49,3 km aproximadamente 45 minutos. Na sada da cidade de Itaja pegar a BR-101 em direo a Florianpolis. Placa indicativa de sada para Brusque, siga na Rod. Antnio Heil. A RPPN Chcara Edith estar na primeira rua de cho batido a esquerda antes da loja Havan na entrada da cidade de Brusque.

1.1.2 Aeroporto Herclio Luz, Florianpolis (Capital de SC) RPPN Chcara Edith, 129 km aproximadamente 1 hora 59 minutos Na sada da cidade de Florianpolis siga pela BR 101 em direo a Brusque, Placa indicativa de sada para Brusque, siga na Rod. Antnio Heil. A RPPN Chcara Edith estar na primeira rua de cho batido a esquerda antes da loja Havan na entrada da cidade de Brusque.

1.1.3 Porto de Itaja. SC RPPN Chcara Edith, 34,4 km aproximadamente 31 minutos Na sada da cidade de Itaja pegar a BR-101 em direo a Florianpolis. Placa indicativa de sada para Brusque, siga na Rod. Antnio Heil. A RPPN Chcara Edith estar na primeira rua de cho batido a esquerda antes da loja Havan na entrada da cidade de Brusque.

1.1.4 Aeroporto Quero-Quero, Blumenau SC RPPN Chcara Edith, Trajeto sugerido: BR 470 - 48,2 km Aproximadamente 45 minutos Siga pela sade de Blumenau para Gaspar, na cidade de Gaspar pegue a sada para a cidade de Brusque pela Rodovia SC Ivo Silveira. Siga as placas indicativas da loja Havan no centro de Brusque, aps a loja Havan primeira rua de cho batido a direita.

1.2 Histrico de criao e aspectos legais da RPPN Chcara Edith O primeiro proprietrio da rea onde hoje se localiza a RPPN Chcara Edith foi Pedro Jos Werner. Poucos anos depois do inicio da colonizao Heinrich Hoffmann, que veio da Alemanha, adquiriu parte das terras que pertenciam a Pedro Werner. Naquela poca, a propriedade tinha aproximadamente 1.200 ha. Hoje, depois de alguns parcelamentos,

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte A Informaes Gerais

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restaram 509 hectares dos quais, 415,79 foram transformados na RPPN Chcara Edith, antiga fazenda Hoffmann. J em 1930 muitas autoridades nacionais e internacionais em botnica e ecologia visitaram e realizaram pesquisas no interior da reserva. Entre 1949 e 1953 teve papel importante na erradicao da malria na regio sul do Brasil, quando foi escolhida para ser sede de um laboratrio do Servio Nacional de Malria. Durante mais de 40 anos, Raulino Reitz e Roberto Miguel Klein pesquisaram a rea para publicar o estudo cientifico Flora Ilustrada Catarinense. Em 23 de maro de 1976, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), por meio da Portaria nmero 63-76-P, reconheceu a Fazenda Hoffmann como Refgio Particular de Animais Silvestres- depois a Portaria nmero l58-83-P, de 12 de maio de l983, retificou seu reconhecimento para Refgio Particular de Animais Nativos. Os ornitlogos Augusto Ruschi e Helmuth Sick visitaram a Fazenda Hoffmann e realizaram pesquisas. Em 5 de junho de 1982 o Estado e a Fundao de Amparo Tecnologia e ao Meio Ambiente conferiram ao proprietrio da Fazenda Hoffmann o senhor Willy Hoffmann o Trofu Fritz Muller, pelos relevantes servios prestados defesa do meio ambiente. Em 13 de dezembro de 2000, a fazenda Hoffmann recebeu do IBAMA o certificado que comprova o seu registro na categoria de Criadouro de Espcies da Fauna Silvestre Brasileira para fins Conservacionistas. Segundo o Parecer 01/2001, do Instituto de Pesquisas Ambientais da Fundao Universidade Regional de Blumenau, os bilogos Lcia Sevegnani, Lauro Eduardo Bacca e Nomia Bohn constataram que a propriedade possui florestas denominadas por Floresta Ombrfila Densa Secundria em estgio avanado de regenerao. E finalmente com a publicao da Portaria nmero 158, de 24 de outubro de 2001, o Ministrio do Meio Ambiente, atravs do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renovveis, reconheceu a Chcara Edith como Reserva Particular do Patrimnio Natural.

1.2.1 Origem do nome da RPPN Chcara Edith O nome foi dado pelos proprietrios em homenagem a Dona Edith, me das proprietrias Sra. Anette Hoffmann e Sra. Lgia H. Moreli e sogra do Sr. Wilson Moreli. Esta foi uma pessoa incansvel quanto s suas atividades na Fazenda Hoffmann e dedicou-se famlia neste local. Aps a sua morte e com a crescente ameaa do poder pblico municipal no ano de 2001, que levou aos proprietrios instituir a rea como RPPN, prestou-se esta homenagem a Sra. Edith Hoffmann como nome da RPPN.

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte A Informaes Gerais 1.2.2 Posto Avanado da Reserva da Biosfera

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Reservas da Biosfera so reas de ecossistemas terrestres e/ou marinhos reconhecidas pelo programa MAB/UNESCO como importantes em nvel mundial para a conservao da biodiversidade e o desenvolvimento sustentvel e que devem servir como reas prioritrias para experimentao e demonstrao dessas prticas. Os postos Avanados so centros de divulgao das idias, conceitos, programas e projetos desenvolvidos pela Reserva da Biosfera. Para ser um Posto Avanado aprovado pelo Conselho necessrio que a instituio desenvolva pelo menos duas das trs funes bsicas da Reserva nos campos da proteo da biodiversidade, do desenvolvimento sustentvel e do conhecimento cientfico e tradicional sobre a Mata Atlntica. A RPPN Chcara Edith o nico Posto Avanado da Reserva da Biosfera da Mata Atlntica do estado de Santa Catarina. Declarado como Posto Avanado no dia 25/04/06, no Bureau do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlntica (Anexo 02 Documento que declara a RPPN como Posto Avanado da RBMA).

1.3 Ficha Resumo da RPPN Chcara Edith Nome: Reserva Particular do Patrimnio Natural Chcara Edith Proprietrios: Wilson Moreli, Lgia Moreli e Anette Hoffmann Contato: Endereo para correspondncia: Rua Carlos Cervi 300 RPPN Chcara Edith Caixa Postal 427 CEP: 88353-190 Centro II - Brusque - SC Telefone: (47) 3355-1462 Endereo eletrnico: [email protected] Home page: www.rppncatarinense.com.br rea da RPPN: 415,80 ha Principal Municpio de acesso a propriedade: Brusque Municpios e Estado abrangido: Brusque - SC. Coordenadas (UTM): 6998-7002 712-708 Data e nmero do ato legal de criao: Portaria nmero 158, de 24 de outubro de 2001 (Anexo 03 Portaria de Criao da RPPN) Marcos de referncia importantes nos limites e confrontantes (em UTM): As reas a serem descritas a seguir encontram-se delimitadas na figura 01 abaixo da descrio. rea A: Inicia-se se no marco denominado Ponto 75 , georreferenciado no Sistema Geodsico Brasileiro, DATUM - SAD69, MC-51W, coordenadas Plano Retangulares Relativas, Sistema UTM: E= 708687.06 m e N= 7001416.21 m dividindo-o com o Herdeiros Niebuhr; Da segue confrontando com Herdeiros Niebuhr com o azimute de 9231'31" e a distncia de 1120.76 m at o Ponto 74 (E=709806.73 m e N=7001366.83 m); Da segue confrontando com Joo Benvenutti com o azimute de 9231'31" e a distncia de 513.43 m at o Ponto 73 (E=710319.66 m e N=7001344.21 m); Da segue confrontando com Aro Simas, Bento Tiago Cadore e Arlindo Aguiar com o azimute de 9231'31" e a distncia de 1497.99 m at o Ponto 72 (E=711816.20 m e N=7001278.21 m); Da segue confrontando com Guilherme

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Kistenmacher, APPEL e Cia LTDA, Alcio Torrezani, Catarina Soares e Orlando Soares com o azimute de 18110'50" e a distncia de 790.95 m at o Ponto 71 (E=711799.90 m e N=7000487.43 m); Da segue confrontando com Germano e Erich Hoffmann com o azimute de 27231'31" e a distncia de 2686.65 m at o Ponto 25 (E=709115.85 m e N=7000605.80 m); Da segue confrontando com Propriedade Chcara Edith com o azimute de 3946'59" e a distncia de 42.92 m at o Ponto 24 (E=709143.32 m e N=7000638.78 m); Da segue com o azimute de 34405'23" e a distncia de 25.30 m at o Ponto 23 (E=709136.38 m e N=7000663.11 m); Da segue com o azimute de 31533'02" e a distncia de 20.52 m at o Ponto 22 (E=709122.01 m e N=7000677.76 m); Da segue com o azimute de 29606'44" e a distncia de 77.47 m at o Ponto 21 (E=709052.45 m e N=7000711.86 m); Da segue com o azimute de 29020'38" e a distncia de 29.41 m at o Ponto 20 (E=709024.87 m e N=7000722.08 m); Da segue com o azimute de 34309'59" e a distncia de 39.22 m at o Ponto 19 (E=709013.51 m e N=7000759.62 m); Da segue com o azimute de 32649'07" e a distncia de 39.41 m at o Ponto 18 (E=708991.95 m e N=7000792.60 m); Da segue com o azimute de 31024'00" e a distncia de 22.80 m at o Ponto 17 (E=708974.58 m e N=7000807.38 m); Da segue com o azimute de 30108'08" e a distncia de 25.06 m at o Ponto 16 (E=708953.13 m e N=7000820.34 m); Da segue com o azimute de 27030'57" e a distncia de 57.04 m at o Ponto 15 (E=708896.10 m e N=7000820.85 m); Da segue com o azimute de 28108'26" e a distncia de 33.38 m at o Ponto 14 (E=708863.35 m e N=7000827.30 m); Da segue com o azimute de 33209'10" e a distncia de 39.58 m at o Ponto 13 (E=708844.86 m e N=7000862.30 m); Da segue com o azimute de 32031'37" e a distncia de 11.73 m at o Ponto 12 (E=708837.41 m e N=7000871.35 m); Da segue com o azimute de 35651'49" e a distncia de 77.86 m at o Ponto 11 (E=708833.15 m e N=7000949.09 m) cravado na beira da estrada; Da segue com o azimute de 27909'53" e a distncia de 178.66 m at o Ponto 10 (E=708656.77 m e N=7000977.55 m); Da segue com o azimute de 32646'17" e a distncia de 92.42 m at o Ponto 9 (E=708606.13 m e N=7001054.85 m); Da segue com o azimute de 27606'06" e a distncia de 112.22 m at o Ponto 8 (E=708494.54 m e N=7001066.78 m); Da segue com o azimute de 35800'40" e a distncia de 174.25 m at o Ponto 7 (E=708488.50 m e N=7001240.93 m); Da segue com o azimute de 35800'43" e a distncia de 3.78 m at o Ponto 6 (E=708488.36 m e N=7001244.71 m); Da segue com o azimute de 35800'39" e a distncia de 12.55 m at o Ponto 5 (E=708487.93 m e N=7001257.26 m); Da segue com o azimute de 33614'50" e a distncia de 171.71 m at o Ponto 4 (E=708418.77 m e N=7001414.42 m); Da segue confrontando com Accio Zucco com o azimute de 9044'43" e a distncia de 62.15 m at o Ponto 76 (E=708480.91 m e N=7001413.61 m); Da segue com o azimute de 8916'44" e a distncia de 206.16 m ; incio de descrio, fechando assim o permetro do polgono acima descrito. rea B: Inicia-se se no marco denominado Ponto 29, georreferenciado no Sistema Geodsico Brasileiro, DATUM - SAD69, MC-51W, coordenadas Plano Retangulares Relativas, Sistema UTM: E= 708021.57 m e N= 7000629.04 m dividindo-o com o Germano e Erich Hoffmann; Da segue confrontando com Germano e Erich Hoffmann com o azimute de 9231'30" e a distncia de 449.35 m at o Ponto 65 (E=708470.47 m e N=7000609.24 m); Da segue confrontando com Propriedade Chcara Edith com o azimute de 14521'05" e a distncia de 114.01 m at o Ponto 68 (E=708535.29 m e N=7000515.45 m); Da segue com o azimute de 9715'28" e a distncia de 460.57 m at o Ponto 67 (E=708992.17 m e N=7000457.26 m); Da segue com o azimute de 3946'59" e a distncia de 161.88 m at o Ponto 66 (E=709095.76 m e N=7000581.66 m); Da segue confrontando com Germano e Erich Hoffmann com o azimute de 9231'31" e a distncia de 2706.32 m at o Ponto 69 (E=711799.45 m e N=7000462.43 m); Da segue confrontando com Antnio Baungartner, Pompilho Vechi, Archer S/A Comrcio e Lcio Coellho com o azimute de 9231'49" e a distncia de 1.40 m at o Ponto 70 (E=711800.85 m e N=7000462.37 m); Da segue confrontando com Herdeiros de Virgilio Dell'Agnolo com o azimute de 18104'39" e a distncia de 435.98 m at o Ponto 31 (E=711792.65 m e N=7000026.46 m); Da segue confrontando com Propriedade Chcara Edith com o azimute de 27231'31" e a distncia de

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4370.74 m at o Ponto 30 (E=707426.15 m e N=7000219.03 m); Da segue com o azimute de 5842'03" e a distncia de 567.68 m at o Ponto 29 (E=707911.22 m e N=7000513.94 m); Da segue com o azimute de 4347'37" e a distncia de 159.44 m ; incio de descrio, fechando assim o permetro do polgono acima descrito. Todas as coordenadas aqui descritas esto georreferenciadas ao Sistema Geodsico Brasileiro, a partir das Estaes Base Vrtice A e B, de coordenadas N= 7001430,00m e E= 707974,00m e N= 7000616,00m e E= 707149,00m, respectivamente, amarradas as estaes PARA - RBMC Curitiba, de coordenadas N= 7184267,137m e E= 677928,377m e Estao SMAR - RBMC Santa Maria, de coordenadas N= 6709313,353m e E= 237255,027m e encontram-se representadas no Sistema UTM, referenciadas ao Meridiano Central n 51 WGr, tendo com Datum o SAD-69. Todos os azimutes e distncias, rea e permetro foram calculadas no plano de projeo UTM.

Figura 01: Figura ilustrativa da localizao das reas dentro da RPPN Chcara Edith, Brusque, SC. A linha ocorrente entre as reas A e B uma propriedade particular da famlia que no faz parte da RPPN.

Bioma: Mata Atlntica em floresta Ombrfila Densa de Baixada. Distncia de centros urbanos prximos: 19 km do centro de Blumenau, 33 km do centro de Itaja e 118 km do centro de Florianpolis. Atividades ocorrentes na propriedade: Educao ambiental com escolas e grupos especficos, Pesquisa e Fiscalizao.

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PARTE B - 2. CARACTERIZAO DA RPPN 2.1 Clima Na regio da RPPN Chcara Edith, de maneira geral, pode-se dizer que o clima classificado como Cfa, mesotrmico mido com vero quente definido. A temperatura mdia anual de 20C, sendo a mdia de temperatura do ms mais quente 25C (janeiro) e a temperatura do ms mais frio 16C. A precipitao anual na regio de 1.390 mm, bem distribuda durante o ano. Temperatura Mxima: 40C; Temperatura Mnima: 5,3C; Temperatura Mdia: 20C; Umidade relativa do ar: 84,1% (mdia).

2.2 Relevo Aproximadamente 10% da rea da RPPN composta por um relevo ondulado e fortemente ondulado, correspondendo a poro mais prxima da entrada da RPPN. Uma pequena parte da RPPN, logo na sua entrada possui um relevo plano. Porm em sua grande maioria a rea composta por um relevo montanhoso (Anexo 04 - Mapa de Relevo e Mapa Geomorfolgico). As altitudes podem chegar a 300m na rea de relevo montanhoso e a 20m na parte plana da RPPN (Anexo 05 - Mapa de Hipsometria).

2.3 Hidrografia A micro-bacia do Itaja-mirim faz parte da bacia do rio Itaja. A bacia do rio Itaja a maior bacia da vertente Atlntica do Estado de Santa Catarina, e sua paisagem dividida em trs compartimentos naturais: o Alto Vale, o Mdio Vale e a Regio de Foz do Itaja (COMIT DO ITAJA, 2009 apud RIFFEL e BEAUMORD, 2002). O maior curso dgua da bacia do Itaja o rio Itaja au. Seus formadores so os rios Itaja do Oeste e Itaja do Sul. Estes rios encontram-se no municpio de Rio do Sul, onde juntos, passam a se chamar rio Itaja au. Os principais tributrios do rio Itaja au so rio Itaja do Norte, que desemboca em Ibirama; o rio Benedito, que desemboca em Indaial; o Luiz Alves, em Ilhota, e o rio Itaja-mirim, que desemboca em Itaja. Aps receber as guas do rio Itaja -mirim , o rio Itaja au passa a chamar-se, simplesmente, Itaja (RIFFEL e BEAUMORD, 2002). A bacia do rio Itaja-mirim apresenta uma rea de drenagem de aproximadamente 1.700 km 2, abrange nove municpios, tem suas nascentes no municpio de Vidal Ramos, aproximadamente 1.000 m de altura e distante 170 km de sua foz, no municpio de Itaja. o principal rio que drena o municpio de Brusque e tem como seus afluentes mais representativos os rios Bateias, guas Claras, Cedro, Peterstrasse, Guabiruba e Limeira (RIFFEL e BEAUMORD, 2002). Duas microbacias adentram a RPPN Chcara Edith sendo a microbacia do rio da Limeira que fica na rea mais aos fundos da RPPN e as guas so convergentes de dentro da RPPN para os bairros da Limeira Alta e Limeira Baixa. Desta forma as nascentes desta microbacia saem de dentro da RPPN e abastece a populao moradora dos bairros citados (Anexo 06 - Mapa de Recursos Hdricos). A maior parte da RPPN banhada pela microbacia do Poo Fundo, onde 11 nascentes so encontradas dentro dos seus limites. Porm h o agravante que alguns cursos dgua passam por

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meio a comunidades, como a comunidade do Poo Fundo que destina todo o seu esgoto para o ribeiro e com a falta de recolhimento de lixo seletivo e rejeitos na comunidade, grande parte deste vai parar no ribeiro mais prximo. Estas atitudes humanas fazem com que o principal ribeiro que abastece a RPPN esteja poludo e com problemas graves de poluio da paisagem quanto aos entulhos que neste ribeiro so jogados.

2.3.1 Descrio dos principais corpos dgua da RPPN Chcara Edith Ribeiro do Poo Fundo 1 Localizao: UTM 22J 0710030/ 7000307. Principal ribeiro que atravessa toda a rea da RPPN Chcara Edith e fica na margem direita do rio Itaja-mirim. Conceito: o ponto do ribeiro onde a trilha principal atravessa o ribeiro, dentro da rea de estudo. Devido s chuvas fortes que ocorrem na regio foi observada a presena de lixo nas margens (sacolas e recipientes plsticos), provavelmente depositado pelas fortes enxurradas. A floresta ao redor se encontra em avanado estdio de regenerao e a mata ripria est em timas condies, a gua transparente e o rio bastante correntoso neste ponto, mas fornece uma variedade de ambientes diferentes (Fig 02 A), o substrato composto de rochas, pedras, cascalho e areia.

A

B

Figura 02 A: Ribeiro do Poo Fundo, 1 ponto de amostragem; B - Lagoa marginal ao ribeiro Poo Fundo.

Ribeiro Poo Fundo Lagoa Marginal Localizao: UTM 22J 0709474 / 7000506 Pequena lagoa situada na margem esquerda do ribeiro do Poo Fundo. Conceito: este ponto possui um fluxo muito lento, onde no foi possvel medir a velocidade, mas a gua no totalmente parada e se comunica com o ribeiro atravs de um canal da largura da calha do ribeiro (Fig 02 B). Por estar prxima trilha, as margens apresentam-se sem uma mata ciliar, com gramneas ao redor, mas com uma grande quantidade de peixes visveis da margem. A gua limpa, mas no transparente como na calha do ribeiro; o fundo composto de areia e lodo.

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte B Diagnstico Ribeiro Poo Fundo 2 Localizao: UTM 22J 0709474 / 7000506. Ponto no ribeiro Poo Fundo, situado prximo lagoa marginal.

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Conceito: este ponto possui um fluxo rpido, e tem caractersticas da gua semelhantes lagoa marginal (Fig 03 A). Embora prximo trilha, as margens apresentam-se mata ciliar preservadas, mas numa estreita faixa na margem esquerda. A gua no transparente, devido ao lodo no substrato, que tambm composto de areia e cascalho. Lagoa Pequena da propriedade Localizao: UTM 22J 0708898 / 7000726. Lagoa artificial ao lado da sede da propriedade da RPPN. Conceito: a gua mais escura devido presena de compostos orgnicos (Fig 03 B). As margens apresentam-se mata ciliar preservada, mas numa estreita faixa e tem repolho-dgua (Pistia stratioides) em alguns locais. Lagoa Grande da propriedade Localizao: UTM 22J 0708804 / 7000931. Situa-se prxima lagoa menor, tambm artificial e muito semelhante mesma. Conceito: pode ser caracterizada na regio estudada como uma lagoa com uma vegetao ciliar mais densa em suas margens, embora completamente alterada em uma destas margens (Fig 03 C). Esta lagoa tem mais que o dobro do tamanho da outra e a gua tambm mais escura. Ribeiro Poo Fundo - Alojamento Localizao: UTM 22J 0708649 / 7000998. Situa-se prximo sede do atual alojamento da RPPN. Conceito: neste ponto o ribeiro pode ser caracterizado como um riacho em boas condies de higidez e com uma mata ciliar depauperada, com bananeiras na sua margem esquerda e um bambuzal na margem direita, alm de gramneas nas duas margens (Fig 03 D). O riacho correntoso e com substrato de pedras, cascalho grosso e areia formando pequenos remansos e corredeiras com predominncia desta ltima. A gua transparente e a correnteza forte.

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AA

BA

CAA

D

Figura 03: A - Ribeiro Poo Fundo, 2 ponto de amostragem; B - Lagoa artificial prximo sede da RPPN. C - Lagoa artificial, a maior das duas que esto dentro da RPPN. D - Ribeiro Poo Fundo, nos fundos do alojamento.

Fundos do Monthez Localizao: UTM 22J 0708601 / 7000465. Situa-se na margem esquerda do ribeiro Poo Fundo. Conceito: este riacho pode ser caracterizado na regio estudada como um riacho de cabeceira em boas condies de higidez e com uma mata exuberante em ambas as margens (Fig 04 A). O riacho correntoso e com substrato de pedras, cascalho grosso e areia, formando remansos e pequenas corredeiras alternadamente. A gua transparente e a profundidade varia de 5 cm a 30 cm. Ribeiro Poo Fundo - Montante Localizao: UTM 22J 0710620 / 7001277. Situa-se prximo nascente do riacho. Conceito: o ribeiro pode ser caracterizado na regio estudada como um riacho de cabeceira em boas condies e com uma mata ciliar densa e bem preservada em ambas as margens (Fig 04 B). O riacho correntoso, de guas transparentes e com profundidade mdia de aproximadamente 30 cm. O fundo composto de pedras, cascalho grosso e areia, formando remansos e corredeiras alternadamente.

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte B Diagnstico Afluente margem esquerda ribeiro do Poo Fundo Localizao: UTM 22J 0709912 / 7001201. Pequeno riacho afluente da margem esquerda do ribeiro Poo Fundo.

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Conceito: este riacho pode ser caracterizado na regio estudada como um riacho de cabeceira bastante preservado, com uma vegetao ciliar abundante (Fig 04 C). O riacho correntoso e com substrato de pedras, cascalho e areia, formando remansos e pequenas corredeiras alternadamente. Como ele nasce dentro da rea da RPPN, no se percebeu alteraes antrpicas nas proximidades. Afluente margem direita ribeiro do Poo Fundo Localizao: UTM 22J 0709690 / 7000350. Situa-se prximo trilha principal que atravessa a RPPN. Conceito: o riacho pode ser caracterizado na regio estudada como um riacho de cabeceira (Fig 04 D). H uma vegetao ciliar em suas margens ainda preservadas. O riacho correntoso e com substrato de areia e lodo, formando remansos e pequenas corredeiras alternadamente. A gua de aparncia leitosa, devido composio do substrato, mas aparentemente limpa.

AAA

B

CAA

D

Figura: 04: A - Riacho localizado nos fundos do Hotel Monthez; B - Ribeiro Poo Fundo, ponto mais prximo da sua nascente. C - Riacho afluente do ribeiro Poo Fundo em sua margem esquerda; D Afluente do ribeiro Poo Fundo, em sua margem direita.

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte B Diagnstico 2.4 Vegetao

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A forte influncia ocenica associada s condies climticas, ecolgicas e principalmente uma rica face geomorfolgica favoreceram o desenvolvimento de uma flora exuberante, a qual por sua vez propiciou a manuteno de uma fantstica diversidade faunstica (PEIXOTO et al. 2002) em todo domnio do Bioma Floresta Atlntica. De acordo com IBGE (1992), no Sul do Brasil a Floresta Atlntica representa um tipo de vegetao caracterizada por densos agrupamentos arbreos, formando diversos extratos, em cujos troncos e ramos se encontram numerosos agrupamentos de Bromeliceas, Arceas, Orquidceas, encobrindo, por vezes, por completo, os mesmos, assumindo o aspecto de verdadeiros jardins suspensos. No solo se encontram principalmente os representantes das Pteridfitas e das Marantceas, predominando em geral a Calathea spp. (caet), que por vezes cobre quase completamente o solo. No seu interior formam-se, ainda, outros estratos de plantas menores, adaptadas iluminao difusa. No estrato mdio aparece o palmiteiro (Euterpe edulis), espcie muito comum, sendo uma das caractersticas mais marcantes desse ecossistema. Neste contexto a Floresta Ombrfila Densa (Floresta Pluvial Tropical) caracterizada por fanerfitos, justamente pelas subformas de vida macro e mesofanerfitos, alm de lianas lenhosas e epfetos em abundncia que a diferencia das outras classes de formao. Porm, sua caracterstica ecolgica principal reside nos ambientes ombrfilos que marca muito bem a regio florstica florestal. Assim a caracterstica ombrotrmica da Floresta Ombrfila Densa est presa aos fatores climticos tropicais de elevadas temperaturas (mdias de 25C) e de alta precipitao bem distribudas durante o ano (de 0 a 60 dias secos), o que determina uma situao bioecolgica praticamente sem perodo biologicamente seco (IBGE 1992). De acordo com Citadini-Zanette (1995) a composio florstica da Floresta Ombrfila Densa em Santa Catarina muito variada; possvel detectar padres de vegetao distintos e grande heterogeneidade que ocorrem principalmente em funo do clima e tipos de solo, que assumem proeminente valor entre os fatores determinantes de sua distribuio. Com tanta diversidade, estudos detalhados sobre a composio florstica e a ecologia das comunidades vegetais so fundamentais para embasar quaisquer iniciativas de preservao e conservao de remanescentes florestais (OLIVEIRA-FILHO et al. 1994; apud WERNECK et al. 2000). Silva e Leito-Filho (1982) ressaltam que, apesar da proximidade dos grandes centros de pesquisa, a Mata Atlntica ainda carece de estudos florsticos e fitossociolgicos. Historicamente, Santa Catarina privilegiada quanto ao conhecimento de sua flora, uma vez que com as grandes expedies de coleta de Roberto Miguel Klein, padre Raulino Reitz, Lyman Smith e do padre Aloysio Sehnem, catalogou-se e coletou-se mais de 60 mil plantas frteis, estas tombadas no Herbrio Barbosa Rodrigues o que tornou-o detentor da maior coleo de plantas (e conseqentemente da biodiversidade) de Santa Catarina. Neste nterim Klein (1979) realizou inmeros trabalhos referentes fitofisionomia e composio florstica no estado, um trabalho que permitiu desenvolver conceitos sobre o manejo de florestas e controle de doenas como a malria e, junto com o Padre Raulino Reitz, planejaram e executaram o projeto da Flora Ilustrada Catarinense (1965-2006), fundando o Herbrio Barbosa Rodrigues, na cidade de Itaji - SC, onde grande parte da flora catarinense est registrada. Para o conhecimento da vegetao presente sobre parte da RPPN Chcara Edith, foi realizado o levantamento florstico e florestal das espcies vegetais arbreas, registradas nos limites de 22 Unidades Amostrais. Ainda, foi realizado um caminhamento ao longo das trilhas existentes, para o conhecimento florstico geral. Em seguida os dados foram processados e os resultados gerados.

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte B Diagnstico 2.4.1 Breve histrico de pesquisas sobre a flora na rea

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No trabalho intitulado As comunidades e associao vegetais da mata pluvial do sul do Brasil. I. As comunidades do municpio de Brusque, Estado de Santa Catarina, Veloso e Klein (1957), realizaram levantamentos florstico-fitossociolgico em 5 comunidades de Brusque. Concluram que todas as comunidades no sul do Brasil tendem ao monofitismo, porm, devido aos fatores edficos, fisiogrficos e microclimticos, jamais ser alcanado por todas as comunidades. A escolha de Brusque, na poca, deve-se principalmente por esta possuir matas primrias prximo de zonas urbanas. Na poca do estudo, quando a vegetao ainda encontrava-se um pouco mais preservada os mesmos autores concluram que a vegetao da serra do mar, encontrava-se em clmax bem desenvolvida, compostas quase todas pelos mesmos componentes, cuja abundancia, distribuio e dominncia poderiam variar. De acordo com Veloso e Klein (1957) a comunidade do Hoffmann est coberta por vegetao primria (alterada pela explorao de madeira de lei) e em parte por vegetao secundria avanada, caracterizando esta formao no que chamaram de conjunto de comunidades de Formao Mesfila Pluvial do sul do Brasil. De acordo com Adami (2002) j podem ser citadas como espcies vegetais existentes na RPPN Chcara Edith: Rollinia sericea (corticeira), Xylopia brasiliensis (pindaba), Aspidosperma parvifolium (peroba), Schefflera morototoni (pau-mandioca), Euterpe edulis (palmiteiro), Syagrus romanzoffiana (jeriv), Hirtella hebeclada (cinzeiro), Buchenavia kleinii (garajuva), Alchornea glandulosa (tanheiro-gay), Alchornea triplinervia (tanheiro), Hieronyma alchorneoides (licurana), Cryptocarya moschata (canela-broto), Nectandra membrancea (canela-branca), Nectandra oppositifolia (canela-garuva), Ocotea catharinensis (canelapreta), Ocotea urbaniana (canelaburra), Miconia cabussu (pixirico), Miconia cinnamomifolia (jacatiro), Cabralea canjerana (canjerana), Cedrela fissilis (cedro), Guarea macrophylla (catigu-morcego), Mollinedia schottiana (pimenteira), Ficus insipida (figueirabranca), Sorocea bonplandii (cincho), Virola bicuhyba (bicuba), Myrsine coricea (capororoca), Gomidesia spectabilis (guamirim), Myrcia pubipetala (guamirim), Myrcia rostrata (guamirim-folha-mida), Psidium catlleianum (ara), Guapira opposita (Mariamole), Psychotria longipes (caxeta), Psychotria nuda (flor-de-cera), Matayba guianensis (camboat-branco), Allophyllus edulis (cho-chao) e Chrysophyllum viride (Agua), entre muitas outras.

2.4.2 Resultados dos estudos sobre a flora encontrada na RPPN Chcara Edith Antes de planejar e determinar a metodologia adotada para este levantamento foi realizada uma vistoria in loco para se ter um conhecimento geral da vegetao arbrea presente. Ainda, para auxiliar a escolha do local de instalao das unidades amostrais utilizou-se uma imagem area presente na sede da RPPN. Intercalando as caractersticas vistas em campo com a imagem area, definiram-se dois locais prioritrios para estudar a comunidade arbrea (Fig 05 A). O primeiro local escolhido (denominado rea I) caracterizava-se pela vegetao secundria em menor grau de desenvolvimento, a qual sofreu corte raso no passado de acordo com informaes do proprietrio.

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AAA

B

CAA

D

Figura 05: A: Implantao de uma unidade amostral na rea I; B - Vista geral da floresta presente na rea I; Figura C e D - Vista do dossel, rea II.

O segundo ponto (denominado rea II) foi escolhido por dois principais motivos: apresenta vegetao mais bem desenvolvida e quase inalterada por aes antrpicas e por ser o local onde Klein havia instalado sua unidade de pesquisa em tempos remotos (Figs 05 B, 05 C, 05 D). Na rea I foi instalado um transecto medindo 10 x 100 metros, dividido em 10 unidades (cada diviso foi adotada como uma unidade amostral). Entre cada unidade do transecto deixava-se um intervalo de 10,0 metros at a prxima parcela. Assim, partindo da base do morro, foram 200,0 metros at chegar ao final do transecto, atingindo alm do topo. Na rea II, local onde Klein realizou seus levantamentos, foram implantadas 3 unidades amostrais de 20 x 20 metros, divididas em 4 unidades amostrais de 10 x 10 metros cada, totalizando em 12 UA. Foi instalada uma na base do morro, outra na parte central e outra no topo, tentando observar todo o gradiente. Conforme exposto acima, neste trabalho a unidade amostral quadrada, medindo 10 x 10 metros, perfazendo 100,00 metros quadrados cada unidade amostral (UA). Foram instaladas e medidas ao todo 22 unidades amostrais, perfazendo uma amostra de 2.200,00 metros quadrados. Do total, 10 foram instaladas em rea menos desenvolvida e 12 na rea mais desenvolvida, todas nos limites da RPPN. A classificao da amostragem sistemtica. Por este mtodo entende-se que as unidades amostrais no foram sorteadas e sim distribudas de maneira equivalente, buscando distribu-las por dois pontos estratgicos da unidade conservao.

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Para o levantamento florstico, foi realizado um campo exclusivo, aos 24 dias de setembro de 2009, visando o maior nmero possvel de espcies em estado reprodutivo (com florao ou frutificao), visto que o ms de julho no seria muito favorvel. Para tentar levantar a florstica da maior rea possvel da RPPN (alm das unidades medidas em julho de 2009) foram percorridas muitas trilhas e caminhos existentes pela rea. Cabe citar que foi dada nfase para os indivduos arbreos e arbustivos frteis. Durante todo percurso, as espcies foram identificadas, quando possvel em campo ou coletadas e encaminhadas para o Herbrio Dr. Roberto Miguel Klein (FURB Universidade Regional de Blumenau) onde foram determinadas. As espcies foram classificadas seguindo o sistema de APG II (APG 2003; SOUZA e LORENZI, 2005).

2.4.2.1 Levantamento florstico Com o levantamento florstico 57 novas espcies foram adicionadas as observadas na rea de estudo, totalizando 113 espcies vegetais (Anexo 07), destas 31 espcies na rea I, 42 espcies para a rea II, previamente identificadas (e mais algumas no identificadas a nvel de espcie, mas que quando forem analisadas por especialistas constaro da base de dados do Herbrio Dr. Roberto Miguel Klein da FURB). Neste total de 113 espcies encontradas, no esto consideradas as da famlia Bromeliaceae. As espcies exclusivas da rea I, em comparao com a rea II foram 14 (Annona sericea, Ilex brevicuspis, Hirtella hebeclada, Copaifera langsdorffii, Cryptocarya moschata, Ocotea puberula, Abuta selloana, Virola bicuhyba, Amaioua guianensis, Eugenia catharinensis, Eugenia grandiflora, Myrcia affinis, Myrcia tijucensis e Prunus myrtifolia). Exclusivas da rea II foram 25 (Tapirira guianensis, Aspidosperma australe, Schefflera morototoni, Geonoma schottiana, Jacaranda puberula, Pourouma guianensis, Maytenus robusta, Lamanonia ternata, Cyathea corcovadensis, Cyathea delgadii, Alchornea glandulosa, Abarema cf. langsdorffii, Byrsonima ligustrifolia, Sorocea bonplandii, Campomanesia xanthocarpa, Marlierea obscura, Myrcia brasiliensis, Myrcia guianensis, Myrcia pulchra, Hieronyma alchorneoides, Podocarpus sellowii, Amaioua guianensis, Bathysa australis, Psychotria vellosiana e Citharexylum myrianthum). Para as consideraes: sugere-se a ampliao das coletas botnica na rea de estudo, com enfoque em todos os grupos e sendo realizados investidas de campo mensais, possibilitando assim uma maior abrangncia das espcies vegetais, incluindo escalada em rvores para coleta de epfitos.

2.4.2.2 Dados de Estrutura da Floresta Abaixo esto apresentados os principais resultados estruturais encontrados na comunidade estudada. Foram apresentados de maneira distinta, iniciando com a primeira rea levantada (rea I), seguindo para a rea II. Para finalizar, foram verificados os resultados de maneira conjunta e comparados com outros levantamentos de outros autores.

rea I De acordo com os proprietrios a rea I (assim denominada neste estudo) sofreu corte raso e encontra-se em regenerao h aproximadamente 50 anos, variando conforme o ponto exato.

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Esta constituda por uma vegetao relativamente baixa, com poucos epfitos e muitos cips, estes provenientes da borda do fragmento. No levantamento da composio arbrea efetuado na RPPN Chcara Edith, nos limites das unidades amostrais foram observados 156 indivduos, pertencentes a 34 espcies, distribudos em 27 gneros de 20 famlias. Famlias com maiores riquezas especficas foram: Myrtaceae (8 espcies), Lauraceae (5 espcies), Annonaceae (2 espcies) todas as demais apresentaram apenas uma espcie cada. Quando observado o nmero de indivduos em cada famlia percebe-se que Lauraceae e Polygonaceae possuem o mesmo nmero de indivduos, 26 (total medido ou, estimado em 260/hectare) cada uma. importante salientar que a famlia Polygonaceae est representada por uma nica espcie, Coccoloba warmingii, evidenciando a importncia desta espcie para o local, mesmo que a dominncia no seja a maior. As famlias Arecaceae, Elaeocarpaceae e Myrtaceae possuem cada uma 21 indivduos (estimado em 210/hectare), onde, duas famlias esto representadas novamente por uma nica espcie (Arecaecea - Euterpe edulis e Elaeocarpaceae Sloanea guianensis) (Fig 06). Aps estas famlias nota-se uma queda brusca no nmero de indivduos.

Figura 06: Interior da floresta presente mais aos fundos da rea I, mostrando o predomnio da espcie Euterpe edulis em todos os estratos

Ao todo um indivduo no foi coletado devido a impossibilidade (rvore muito alta, dificuldade em visualizar a copa, falta de material botnico, entre outras eventualidades). As espcies mortas e sem folhas tambm foram contadas como uma espcie (cada). Duas espcies foram identificadas apenas em nvel de gnero. Ao se analisar as espcies mais importantes (lembrando que o VI = DR + DoR + FR) para a rea I tem-se O. odorifera e S. quianensis se destacando das demais, com VI= 37,03 e VI= 36,83 respectivamente. As espcies C. warmingii e E. edulis tambm se destacam no local com VI= 26,66 e VI= 23,75 respectivamente. Os valores de importncia das dez principais espcies encontradas na primeira rea levantada (rea I) podem ser observados no grfico a seguir (Fig 07).

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Figura 07: Valor de Importncia das dez principais espcies da rea I.

Organizada em ordem decrescente do Valor de Importncia percebe-se mais uma vez que as quatro primeiras espcies predominam no local, com O. odorifera e S. guianensis ocorrendo em 9 das 10 unidades. Das 34 espcies encontradas, 14 estavam representadas por apenas um indivduo cada. Se forem consideradas as espcies com at dois indivduos, o nmero sobe para 20. Estas espcies podem ser consideradas raras na poro estudada. Claro que deve ser considerado um estudo com maior nmero de unidades amostrais, distribudas em outras reas da RPPN, para ver se esses ndices se mantm para estas espcies tidas como raras. A rea basal total mdia de 41,05 m/hectare, indicando se tratar de uma comunidade bem desenvolvida, no esperada para uma vegetao onde ocorreu corte raso h aproximadamente vinte anos. Talvez tenha ocorrido uma divergncia entre a informao repassada sobre a idade da floresta e sua e data de explorao e, o ponto exato onde foi realizado o levantamento. Outro fator relevante a grande quantidade de brotaes em O. odorifera e S. guianensis, e o grande porte das mesmas. No item Caractersticas Ecolgicas das Espcies pode-se verificar a descrio das espcies e verificar o comportamento das mesmas. Ao se enquadrar os resultados acima na legislao ambiental vigente no que tange ao estdio de desenvolvimento da vegetao, mais especificamente a Resoluo CONAMA n 04/1994, a floresta presente na rea 1 predominantemente Estdio Mdio de Regenerao. Para os parmetros DAP mdio e Altura Total mdia a vegetao pertence ao estdio mdio, contudo, se for verificada com base na rea Basal mdia pode ser considerada como estdio avanado. O volume total estimado tambm foi alto, sendo mdio de 516,20 metros cbicos por hectare. Pode ocorrer uma variao no valor do volume estimado e o real encontrado na rea, devido s variaes naturais presentes na vegetao, estdio sucessional, entre outros fatores.

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Os ndices de diversidade e de eqabilidade (geral) na RPPN chcara Edith para a rea I foram: H = 2,89 nats/indivduo e J = 0,82, respectivamente. J o ndice de dominncia de Simpson foi de 0,97. Estes valores so compatveis com uma rea que foi recentemente explorada e est em regenerao h aproximadamente 50 anos. rea II De acordo com informaes do proprietrio na rea II (assim denominada neste estudo) no houve o corte raso. No local em tempos remotos ocorreu apenas a explorao de algumas espcies de interesse comercial em alguns trechos, no entanto, se encontra h pelo menos 80 anos sem intervenes antrpicas negativas. Nesta poro da RPPN, antes denominada comunidade do Hoffmann foi onde Veloso e Klein (1957) iniciaram os estudos sobre a malria em Santa Catarina. Percebe-se uma vegetao predominantemente de grande porte, com subosque limpo e com a espcie Euterpe edulis (Fig 08) dominando entre as demais (quando analisado o nmero de indivduos). No levantamento da composio arbrea, nas doze unidades amostrais instalas deste trecho da floresta, foram medidos 194 indivduos, pertencentes a 49 espcies, distribudos em 36 gneros de 28 famlias. A famlia com maior riqueza especfica foi Myrtaceae com 10 espcies. Euphorbiaceae, Lauraceae e Rubiaceae apresentaram 3 espcies cada uma. Cyatheaceae e Arecaceae estavam representadas com duas espcies cada uma. No total 22 famlias foram representadas por apenas uma espcie cada, ou seja, aproximadamente 79% das famlias com apenas uma espcie.

Figura 08: Vista geral do interior da floresta presente na rea II, novamente ilustrando o predomnio da espcie Euterpe edulis.

Se for analisado o nmero de indivduos em cada famlia na rea II se percebe o grande destaque para a famlia Arecaceae, especialmente pela espcie Euterpe edulis, como fora citado anteriormente. Esta famlia possui quase quatro vezes mais indivduos do que a segunda famlia mais numerosa, Myrtaceae. O grfico abaixo mostra o nmero de indivduos medidos das dez principais famlias. Grfico 3: Dez principais famlias da rea II, com base no nmero de indivduos (total medido).

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Foram estimados aproximadamente 720 indivduos por hectare para a famlia Arecaceae, enquanto Myrtaceae apresentou em torno de 190 indivduos por hectare. Elaeocarpaceae e Euphorbiaceae mostraram 140 e 130 indivduos por hectare respectivamente. Lauraceae e Polygonaceae apresenteram o mesmo nmero de indivduos por hectare, estimado em 110. Aps estas famlias nota-se uma queda brusca no nmero de indivduos. Importante ressaltar o destaque da famlia Arecaceae em relao as demais. Na rea II, um indivduo no foi coletado devido a impossibilidades, duas espcies no foram identificadas, nem em nvel de famlia. Uma espcie foi identificada apenas em nvel de famlia, outra em nvel de gnero. As espcies mortas e sem folhas foram contadas como uma espcie (cada), assim como ocorreu na rea I. Ao se analisar as espcies mais importantes para a rea II tem-se E. edulis a frente de todas as outras espcies, com VI = 53,83. As espcies S. guianensis e A. triplinervia mostraram valores bem prximos de valor de importncia, sendo respectivamente de VI = 21,72 e 20,82. O. odorifera cai para quarto lugar em valor de importncia, sendo o VI = 15,52. O. aciphylla apresentou o dobro do VI quando comparado com a rea I, sendo VI = 12,36. A espcie C. warmingii mostrou VI = 9,44, aparecendo em sexto lugar no ranking das espcies. M. uleana, H. alchorneoides e M. robusta ficaram em oitavo, nono e dcimo lugar, com valores de importncia muito prximos, sendo VI = 8,89, VI = 8,44 e VI = 8,18 respectivamente. importante salientar que na rea I O. odorifera e S. guianensis predominaram no local, com valor de importncia bem prximo. No houve um destaque de uma nica espcie. Os valores de importncia das dez principais espcies encontradas na primeira rea levantada (rea II) podem ser observados no grfico a seguir (Fig 09).

Figura 09: Valor de Importncia das dez principais espcies da rea II.

Das 49 espcies encontradas, 20 estavam representadas por apenas um indivduo cada. Se forem consideradas as espcies com at dois indivduos, o nmero sobe para 30, ou seja, mais da metade das espcies. Estas espcies podem ser consideradas raras na poro estudada. Claro

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que deve ser considerado um estudo com maior nmero de unidades amostrais, distribudas em outras reas da RPPN, para ver se esses ndices se mantm para estas espcies tidas como raras. A rea basal total mdia de 37,8 m/hectare, indicando se tratar de uma comunidade bem desenvolvida, assim como na rea I, mesmo que esta tenha sido um pouco superior. Mais uma vez possvel observar uma divergncia no esperada, pois, ao levantar uma comunidade h pelo menos 80 anos sem intervenes negativas espera-se que esteja mais bem desenvolvida em todos os parmetros analisados. Ao se enquadrar os resultados acima na legislao ambiental vigente no que tange ao estdio de desenvolvimento da vegetao, mais especificamente a Resoluo CONAMA n 04/1994, a floresta presente na rea II se comportou exatamente como na rea I. Houve predomnio do Estdio Mdio de Regenerao (para os parmetros DAP mdio e Altura Total mdia a vegetao pertence ao estdio mdio), contudo, se for verificada a rea Basal mdia pode ser considerada como em estdio avanado de desenvolvimento. H uma grande discusso sobre o embasamento tcnico e os critrios adotados pela Resoluo 4 de 1994 do CONAMA, sendo uma legislao muito geral, ampla. Se for levada em conta a diversidade das florestas tropicais, os diferentes graus de desenvolvimento e presses antrpicas, grupos de espcies, localizao, tipologia florestal, entre outros fatores, deveriam ser criadas resolues especficas para cada tipo de floresta pelo menos. H uma grande variao entre as unidades da mesma poro medida variando entre 201,58 metros cbicos na unidade 1031, at o valor super alto de 804,49 metros cbicos por hectare. O valor mdio foi alto tambm, sendo de 502,18 metros cbicos por hectare, um pouco inferior ao volume estimado na rea II. Caso se verifique a necessidade, novos levantamentos devem ser feitos. Com novos investimentos, deve-se abranger uma parcela maior de amostragem, atingindo a maior rea possvel da RPPN, diminuindo a percentagem de erro e assegurando maior preciso dos valores estimados, tanto do volume, como da dominncia, DAP e Altura mdia, entre outros parmetros. Os ndices de diversidade e de eqabilidade (geral) na RPPN chcara Edith para a rea II foram: H = 3,89 nats/indivduo e J = 0,76, respectivamente. J o ndice de dominncia de Simpson foi de 0,97.

2.4.2.3 Discusso entre as duas reas e outros estudos Como citado anteriormente na rea um foram registradas 34 espcies pertencentes a 27 gneros, enquanto na rea dois encontrou-se 49 espcies em 36 gneros. Observando riqueza das duas reas conjuntamente percebe-se 21 espcies em comum, restando 62 espcies distribudas em 43 gneros. Os gneros com maior riqueza especfica foram Myrcia e Ocotea, com oito e quatro espcies respectivamente. Veloso e Klein (1957) encontraram na mesma regio (com uma rea amostral de 52.800 metros quadrados), 145 espcies. O nmero pode parecer muito maior que o observado neste trabalho, mas vale lembrar que poca do trabalho a rea era mais conservada, pois no sofria tanto efeito de borda como hoje, e a rea amostrada muito superior a este estudo. Cabe destacar tambm, que no houve limite de incluso quanto ao DAP (ou CAP) naquele estudo, sendo considerando todos os indivduos com altura superior a 1,20 metros.

Plano de Manejo da RPPN Chcara Edith, Brusque - SC Parte B Diagnstico Como dito pelos mesmos autores:

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Iniciado o levantamento na mata do Hoffmann, verificamos que no comeo do mesmo havia um rpido aumento de espcies diferentes numa rea relativamente pequena, que aumentava a proporo que a rea de trabalho crescia, mas que depois de alcanar determinada superfcie, o aumento comeava a ser sempre mais lento, para no fim tornar-se insignificante em relao ao aumento da rea (VELOSO E KLEIN, 1957). Em outro levantamento da composio arbrea efetuado na RPPN Rio das Lontras (situada entre as cidades de guas Mornas e So Pedro de Alcntara), nos limites das unidades amostrais instaladas ao longo da unidade, foram observados 258 indivduos, pertencentes a 71 espcies, distribudos em 50 gneros de 31 famlias, sendo uma de Pteridophyta e 30 Magnoliophyta. Famlias com maiores riquezas especficas foram: Myrtaceae (9 espcies), Lauraceae (6 espcies), Fabaceae (5 espcies), Euphorbiaceae, Melastomataceae, Annonaceae (4 espcies cada) e Rubiaceae (3 espcies). Atravs dos dados levantados das duas reas pode-se verificar que as duas reas levantadas possuem caractersticas estruturais bem prximas, variando a composio florstica e os grupos de espcies mais importantes. Contudo o numero de espcies na rea mais conservada maior (15 espcies), o que refora a importncia de manter a vegetao protegida como fonte de propgulos para a rea em recuperao e como detentora de biodiversidade. Enquanto na rea um acredita-se que a rea basal foi fortemente influenciada pelo nmero de brotaes de duas principais espcies, a grande presena de E. edulis na rea dois pode ter influenciado a rea basal, uma vez que a espcie dominava o sub-bosque e aumentava o sombreamento do solo. Pode-se observar uma pequena densidade na rea de espcies subarbustivas o que deixava o sub-bosque relativamente limpo. Na rea dois a rea basal mdia foi de 37,8 m/ha, se for desconsiderada a espcie E. edulis cai para 34,1 m/ha, reduzindo 3,6 m/ha. Como ambas as reas sofrem presso antrpica, seja pelos poluentes emitidos pela cidade e que so carregados pelo vento ou pela chuva, e ainda, pela retirada irregular de palmito nas divisas da propriedade, entre outras intervenes negativas, fica difcil avaliar se a rea como um todo se encontra em recuperao da sua biodiversidade ou, se a mesma continua a perder espcies. Talvez um inventrio contnuo seria uma alternativa para sanar esta dvida. De acordo com Sevegnani (2003) a rea basal total no Parque Natural Municipal So Francisco de Assis, localizado em Blumenau, SC, foi de 33,38 m/hectare, valor prximo mdia indicada para florestas tropicais (32 m/hectare) segundo BRUNIG (1983). A rea basal representa a soma de todas as reas dos troncos amostrados e pode ser influenciada pela densidade ou pelo dimetro dos indivduos (MLLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974). Veloso et al (1991) comenta que a floresta pluvial atlntica do Sul e Sudeste constitua um continuum ao longo de toda a vertente atlntica e que as florestas do Rio Grande do Sul at o Paran so menos diversas que as do Sudeste brasileiro. Em latitudes menores, aproximando-se do centro de diversidade da Floresta Atlntica, do Rio de Janeiro at o sul da Bahia, conforme evidenciado por SIQUEIRA (1994), o valor do ndice de diversidade de Shannon mostram uma tendncia de aumento, podendo ultrapassar H= 4,5 nats/ind., na Reserva Biolgica Poo das Antas, Silva Jardim, RJ (GUEDES-BRUNI 1998). Em florestas tropicais com grande heterogeneidade florstica, os fatores que contribuem para o aumento da densidade de poucas espcies esto relacionados diretamente aos distrbios no ambiente, principalmente pelo desmatamento e corte seletivo (WHITMORE, 1990).

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Cabe destacar ainda, que segundo a Instruo Normativa 06, do IBAMA, de 23 de setembro de 2008 Ocotea catharinensis, O. odorifera e Euterpe edulis, dentre as encontradas, esto ameaadas de extino, sendo que apenas um indivduo de O. catharinensis foi observado. No entanto, as espcies O. odorifera e E. edulis, foram duas das espcies mais importantes da rea da RPPN estudada.

2.5 Ictiofauna O Estado de Santa Catarina est quase que totalmente inserido no Bioma da Mata Atlntica e, at o incio do sculo passado, menos de 5% de suas florestas haviam sido destrudas. Hoje restam apenas 17,46%, rea equivalente a 1.662.000 hectares, dos quais 280.000 podem ser considerados florestas primrias, enquanto os outros 1.382.000 so florestas secundrias. O Estado , hoje, o terceiro com maior nmero de hectares de Mata Atlntica no pas (MEDEIROS, 2006). Os ambientes aquticos mais comumente encontrados na regio so os pequenos riachos pedregosos e correntosos com ictiocenoses de rhithron (riachos de altitude com elevados fluxos de corrente, baixa temperatura e nveis altos de oxignio dissolvido). Tais ambientes so afetados de modo marcante por mudanas estacionais decorrentes das variaes climticas altamente imprevisveis e suas conseqentes alteraes ambientais (DAJOZ, 2005; DUBOC, 2003; STANFORD, 1996). Estes corpos dgua podem variar de riachos correntosos durante a poca de chuvas, a poas isoladas nas pocas de baixa pluviosidade (UIEDA, 1983), sendo que as alteraes no regime exercem grandes influncias na alimentao (ESTEVES e ARANHA, 1999), reproduo e tamanho das populaes e dos indivduos (CASTRO, 1999). Desta forma, a bacia do rio Itaja au inclui o que se pode considerar como rios e riachos da Mata Atlntica, embora muitos possam no se encaixar perfeitamente nas descries de WEITZMAN et al. (1996a/b) para rios de Mata Atlntica ideais: pequenos e relativamente curtos, nascendo na encosta leste da Serra do Mar e desaguando diretamente no oceano. Assim, pode-se dizer que os peixes desta regio esto includos entre aqueles ocorrentes no bioma Mata Atlntica, cujos rios, sendo em geral curtos, so muito vulnerveis degradao ambiental (ABILHOA e DUBOC, 2004). A sub-bacia do rio Itaja-Mirim est includa na bacia hidrogrfica do rio Itaja au e abrange cerca de 15.000 km2 do estado de Santa Catarina, onde esto localizadas 52 cidades com aproximadamente 800 mil habitantes, consistindo 20% da populao do estado (APREMAVI, 2009). Este rio formado pela juno dos rios Itaja do Sul e Itaja do Oeste, no municpio de Rio do Sul, recebendo ainda as guas do Itaja do Norte (ou Herclio) em Ibirama e, finalmente, o Itaja-Mirim na cidade de Itaja. Sua bacia hidrogrfica independente e formada por mais de 100 afluentes, estando situada na vertente leste da Serra do Mar e desaguando no oceano Atlntico bem na divisa entre as cidades de Itaja e Navegantes. Esta bacia contgua s dos rios Itapocu (com a qual se limita a nordeste), Iguau (limite noroeste), Uruguai (limite sudoeste) e Tijucas (a sudeste). Sua bacia pertence regio hidrogrfica do Atlntico Sul (BRASIL, 2006), cujo conjunto inclui as bacias de rios em que a desembocadura localiza-se no litoral brasileiro ao sul da divisa PR/SP (excluindo-se a bacia do Ribeira) e incluindo todos os rios que nascem na vertente leste da Serra do Mar na regio Sul do Brasil. Recentemente foi proposta uma nova diviso hidrogrfica baseada em aspectos biogeogrficos da biota aqutica (DUBOC, 2004), a qual foi posteriormente refinada e includa no atual Plano Nacional de Recursos Hdricos (BRASIL, 2006). Desta forma, a bacia do rio Itaja au est inserida na ecorregio aqutica da Costa Sudeste Brasileira. Seu estudo mais detalhado foi implementado pelo Edital n 37/2005 do CTHIDRO/CNPq, encontrando-se em andamento sob responsabilidade de pesquisadores da Universidade do Vale do Itaja (UNIVALI, Itaja, SC) e do

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Grupo de Pesquisas em Ictiofauna do Museu de Histria Natural Capo da Imbuia (GPIc-MHNCI, Curitiba, PR). A regio de Brusque est inserida na rea da mdia bacia do rio Itaja-Mirim e pertence bacia hidrogrfica do rio Itaja au. O rio Itaja-Mirim forma uma das principais sub-bacias do rio Itaja au e desgua a cerca de 8 km da foz deste no mar, ou seja, desgua em uma regio estuarina cuja gua possui alta salinidade, o que compe uma clara barreira ao fluxo gnico entre as espcies exclusivamente dulcculas de ocorrncia em ambas as drenagens. Possivelmente, este isolamento esteja em curso ao menos desde o terceiro episdio transgressivo/regressivo do Pleistoceno (Estgio IV) segundo CARUSO et al. (2000) j no limite Pleistoceno/Holoceno, h cerca de 10 ka AP. A hidrografia da regio controlada pelo rio Itaja-Mirim e seus afluentes, sendo o padro dominante de drenagem o do tipo dendrtico denso com altos gradientes. Alm disso, todos os rios e riachos da regio, incluindo o prprio Itaja-Mirim, podem ser enquadrados como tpicos da Mata Atlntica no conceito de WEITZMAN et al. (1996a/b). Embora no se possa definir ictiofauna de riachos como uma unidade natural, como diz BUCKUP (1999), pode-se agreg-la de alguma forma por semelhanas fisionmicas de seus hbitats. Ainda segundo esse autor, riachos tpicos brasileiros so representados por aqueles da vertente oriental da Serra do Mar e sul da Serra Geral. Todos includos em ambientes de Mata Atlntica e que apresentam ambientes lticos, com trechos de correnteza rpida, alternados por reas de remansos e poos no muito profundos. O gradiente normalmente alto, com guas claras e transparentes, relativamente frias, muito oxigenadas e pobres em minerais. O fundo composto por seixos e mataces, com trechos arenosos e folhio nas curvas de rio e poos remansosos. Normalmente h abundante vegetao ripria, tornando tais riachos em geral sombreados e com baixa produtividade primria, embora possam existir regies ensolaradas (particularmente nas reas alteradas), onde a produtividade acaba sendo localmente alta. A instabilidade ambiental dominante, principalmente quanto pluviosidade, sendo que em relao ao clima como um todo em latitudes mais altas, nas regies subtropicais ou em grandes altitudes, a instabilidade mais acentuada. Segundo CASTRO (1999) foram as espcies de pequeno porte que possivelmente iniciaram a colonizao dos ambientes de riachos e sugere que parte das presses seletivas que atuaram sobre estas espcies resultaram na atual ocorrncia de uma grande quantidade de caracteres redutivos (sensu WEITZMAN e VARI, 1988) provavelmente pedomrficos. Segundo GOULD (1977), a prognese estaria relacionada ao tamanho reduzido e estratgia r (sensu PIANKA, 1970), fato que poderia ser corroborado pela instabilidade intensa e sazonal destes sistemas. Com base na teoria r-K de Pianka (1970), e adaptado de CASTRO (1999), uma espcie de peixe r-estrategista seria de pequeno porte, teria um perodo de vida curto, taxas de crescimento altas, primeira maturao precoce, elevadas taxas de mortalidade natural, fecundidade elevada, ausncia de cuidado parental, sendo predominantemente onvora, oportunista e capaz de ocupar rapidamente um ambiente criado pelas flutuaes sazonais de pluviosidade ou reocupar ambientes com micro-hbitats eliminados pelo mesmo motivo (ESTEVES e ARANHA, 1999). A ictiofauna de riachos da Mata Atlntica encaixa-se bem neste conceito, a qual possui um elevado grau de endemismo entre suas comunidades ictiofaunsticas (MENEZES et. al., 1990). Os aspectos biticos aqui discutidos, associados concentrao de um grande nmero de bacias hidrogrficas independentes, aliada ao efeito isolador que as cadeias de montanhas que separam os diversos vales da regio exercem sobre as vrias populaes de peixes, sinergem na causalidade de diversidade e endemismo. As caractersticas topogrficas e fisionmicas dos riachos de Mata Atlntica proporcionam uma ampla gama de ambientes distintos, o que favorece a ocorrncia de um grande nmero de espcies, cada uma adaptada a um subconjunto particular de ambientes, o que tambm eleva o nmero de espcies endmicas da rea. Por fim, a predominncia de cursos dgua relativamente pequenos favorece a ocorrncia de espcies de pequeno porte, com limitado potencial de disperso espacial (sensu CASTRO, 1999). Tais

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espcies tendem a ser mais susceptveis especiao, visto que suas populaes localizadas podem divergir geneticamente das demais com maior rapidez do que aquelas das espcies tpicas de grandes rios (BUCKUP, 1999). O conhecimento sobre a composio taxonmica em nvel de espcie da maioria dos txons de peixes de gua doce representados na Mata Atlntica ainda incipiente. Na Mata Atlntica do Sul e Sudeste Brasileira a situao mais alentadora, pois um nmero maior de reas florestadas, naturalmente protegidas por altitudes, favoreceu a preservao de um nmero maior de associaes ecolgicas de peixes (MENEZES et al., 1990). Se o conhecimento sobre a composio taxonmica em nvel de espcie da maioria dos txons de peixes de gua doce representados na Mata Atlntica ainda incipiente, ainda menos se sabe sobre a ictiofauna da bacia do rio Itaja au, sendo que um dos poucos trabalhos com levantamento ictiofaunstico foi para o Parque Municipal das Grutas de Botuver (DUBOC e ABILHOA, 2003) e o levantamento realizado por nossa equipe para a elaborao do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itaja. Apesar do aumento dos estudos aquticos nos ltimos anos, existe um grande nmero de microbacias ainda no inventariadas, e dados relacionados composio ictiofaunstica so desconhecidos para a maioria dos cursos dgua de menor porte. Sendo a taxonomia de muitas espcies da Mata Atlntica ainda mal resolvida, muito menos se sabe sobre a sua ecologia, fato que torna ainda mais importantes estudos realizados nessas regies, como o presente trabalho que fornecer dados importantes sobre a ictiofauna da bacia do rio Itaja. A rea de estudo est localizada na regio de domnio da Floresta Atlntica e esta regio possui um alto grau de diversificao e endemismo das espcies de peixes, o que se deve em grande parte concentrao de um grande nmero de bacias hidrogrficas independentes, aliada ao efeito isolador das cadeias de montanhas que separam os diversos vales da regio (MENEZES, 1996). Tais condies freqentemente levam ao desenvolvimento de comunidades peculiares e isoladas das de outros riachos pelas guas mais volumosas dos trechos inferiores de sua bacia. Alm disso, as variadas caractersticas topogrficas e fisionmicas proporcionam uma ampla gama de ambientes distintos, o que favorece a ocorrncia de um grande nmero de espcies adaptadas aos respectivos subconjuntos particulares de ambientes onde ocorrem, elevando as possibilidades de endemismo. Exemplos de diversidade e endemismo ictiolgico nos riachos de Mata Atlntica da ecorregio costeira sudeste incluem diversas espcies de lambaris como Astyanax do grupo scabripinnis, vrias espcies endmicas de Deuterodon, muitos cascudos (e. g.: Hypostomus spp.) e casdudinhos (e. g.: Parotocinclus spp., Hisonotus spp.), espcies de Trichomycterus e bagres de grupos ainda pouco resolvidos como Rhamdioglanis frenatus, Heptapterus spp. ou Imparfinis spp., entre outros. A maioria destas espcies ainda pouco estudada e/ou conhecida e muitas delas so endmicas dos conjuntos hidrogrficos onde ocorrem, cujo exemplo mais relevante para este estudo o lambari Deuterodon supparis, nica espcie descrita endmica da bacia do Itaja au, a qual inclui a sub-bacia do Itaja-Mirim.

2.5.1 Bases de amostragem Foram selecionadas dez bases para as coletas do diagnstico da ictiofauna, as quais foram escolhidas aps