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Pinto-Coelho, R.M. Departamento de Biologia Geral Instituto de Ciências Biológicas – ICB UFMG http://www.icb.ufmg.br/~rmpc Biomas e Ecoregiões Biomas e Ecoregiões Curso Especialização em Gestão de Recursos Curso Especialização em Gestão de Recursos Hídricos Hídricos

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Page 1: Pinto-Coelho, R.M. Departamento de Biologia Geral Instituto de Ciências Biológicas – ICB UFMG rmpc Biomas e Ecoregiões Curso Especialização

Pinto-Coelho, R.M. Departamento de Biologia GeralInstituto de Ciências Biológicas – ICBUFMGhttp://www.icb.ufmg.br/~rmpc

Biomas e Ecoregiões Biomas e Ecoregiões Curso Especialização em Gestão de Recursos Curso Especialização em Gestão de Recursos

HídricosHídricos

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Biomas da EcosferaO termo “bioma” foi proposto originalmente por Shelford. Tratam-se de grandes unidades naturais com uma combinação distinta de plantas e animais desenvolvida em comunidades típicas de clímax. Os biomas ainda incluem fases intermediárias do processo sucessório que podem ser dominadas por outras fases de vida que não aquelas típicas das comunidades clímax. Na escala regional as comunidades se dispõem ao longo de gradientes baseados geralmente em fatores climáticos-chave tais como a temperatura, a disponibilidade de água e de outros nutrientes. As faixas transicionais entre essas grandes comunidades de cada bioma são chamadas de ecóclinas (não confundir com ecótonos que tem uma limitação regional ou mesmo local).

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Existem seis tipos básicos de biomas na ecosfera: (a) floresta de grande porte fechada, (b) floresta semiaberta mista com arbustos, (c) pradaria, (d) vegetação arbustiva, (e) vegetação do semi-árido e (f) vegetação dos desertos. O clima não é o único responsável pela distribuição espacial dos biomas.Existem pradarias e florestas em áreas com a mesma quantidade de chuvas. As condições edáficas (tipos de solos) e o fogo são também muito importantes. Outro tipo de influência muito importante é a proximidade aos oceanos.Os esquemas abaixo ilustram a distribuição dos principais biomas na ecosfera. Na figura 1, temos a distribuição dos grandes biomas nas regiões neártica, neotropical e australiana.

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Na figura 2, temos a distribuição dos biomas nas demais regiões (paleártica, etiópica, oriental e australiana). Considerar a mesma legenda oferecida para o Quadro I. Ambas as figuras foram modificadas de Smith & Smith (1998) págs. 380-381.

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2 ) Biomas do BrasilO Brasil é detentor da maior biodiversidade do planeta (IBAMA, 2001). Aqui cerca de 70% das espécies vegetais e animais do planeta encontram habitat favorável para sobreviver. A biota terrestre brasileira possui cerca de 56.000 espécies de plantas superiores, acima de 3.000 espécies de peixes de água doce distribuídos na maior rede hidrográfica da ecosfera, 517 espécies de anfíbios, 1167 espécies de aves e 518 espécies de mamíferos. No entanto, toda esta riqueza não se compara ao catálogo dos insetos residentes nos biomas brasileiros: pelo menos 10 milhões de insetos (Ibama, 2001). Portanto, nada mais lógico do que termos uma visão diferenciada e mais detalhada dos biomas locais. O IBAMA propõe a existência de 7 grandes biomas no território nacional : Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Caatinga, Campos Sulinos e Regiões Costeiras (figura abaixo).

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Esses biomas estão, por sua vez, subdivididos em 49 ecoregiões. Entende-se por ecoregião um conjunto de comunidades naturais geograficamente distintas que compartilham não somente a maioria de suas espécies mas também a dinâmica e os processos ecológicos tudo isso reunido em um substrato de natureza similar (Dinnerstein apud IBAMA, 2001). A ecoregião é um conceito de grande aplicabilidade uma vez que trata-se de uma unidade ecológica facilmente reconhecível e que demandam técnicas específicas para a sua conservação e recuperação ambiental

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1- Sudoeste da Amazônia 26 – Chaco úmido

2- Várzeas de Iquitos 27 – Campos Sulinos

3- Florestas de Caquetá 28 – Florestas de Araucária

4- Campinaranas do Alto Rio Negro 29 – Florestas rios bacia do Paraná superior

5- Interflúvio Japurá, Solimões, Negro 30 – Florestas da Serra do Mar

6 – Interflúvio Japurá-Solimões 31 – Campos rupestres I (Mantiqueira)

7- Várzea do Purus 32 – Florestas dos rios atlânticos e da Bahia

8 – Interflúvio Juruá-Purús 33 – Florestas de Minas (Zona da Mata)

9- Interflúvio Purus-Madeira 34 – Florestas costeiras de Pernambuco (Mata)

10- 35 – Agreste

11- Interflúvio Negro-Branco 36 – Brejos nordestinos

12 – Savanas das Guianas 37 – Caatinga

13- Florestas de Altitude das Guinanas 38 - Manguezais do Amapá

14 – Florestas das Guianas 39 – Manguezias do Pará

15- Tepuis 40 – Área litorânea Maranhão-Piauí

16- Interflúvio Uamatá-Trombetas 41 –Mangeuzais da Bahia

17- Interflúvio Madeira-Tapajós 42 – Manguezais do Maranhão

18- Interflúvio Tapajós-Xingú 43 – Restingas e áreas lagunares do sul

19- Várzea do Gurupá 44 – Manguezais do sudeste

20- Interflúvio Xingu-Tocantins-Araguaia 45 – Manguezais do Rio Piranha

21- Várzeas de Marajó 46 – Foz do Rio São Francisco

22- Transição – Ecótono do Maranhão 47 – Florestas secas de Mato Grosso

23- Florestas secas de Chiquitano 48 – Campos Rupestres II (Espinhaço)

24- Cerrado 49 – Florestas de Babaçu (Maranhão)

25- Pantanal

A tabela, a seguir, fornece a lista das principais ecorregiões brasileiras (modificado de Ibama, 2001).

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A Floresta Amazônica ocupa 3,68 milhões de quilômetros quadrados abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos estados do Tocantins, Maranhão e Mato Grosso. A floresta amazônica corresponde a cerca de 1/3 das reservas mundiais de matas tropicais úmidas e em seus rios e lagos flui cerca de 1/5 da disponibilidade mundial de água doce. Trata-se, na realidade, de um complexo de biomas: campinaranas, florestas estacionais decíduas e semi-decíduas, florestas ombrófilas abertas, florestas ombrófilas densas, formações pioneiras, refúgios montanos, savanas amazônicas, matas de terra firme, as matas de várzea e as florestas de igapós (inundadas).A área nuclear do Cerrado ocorre no planalto central brasileiro, ocupando uma extensão de 1,96 milhões de quilômetros quadrados distribuídos nos estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Existem áreas periféricas, os ecótonos, nos estados do Maranhão, Paiuí, Pará, Tocantins e Rondônia. O Cerrado também se constitui num mosaico de diferentes formações vegetais: cerrado típico (sensu strictu), cerradão, campos gerais, matas de galerias, campos de murundús e matas seca em solos calcáreos, dentre outros. A biodiversidade engloba cerca de 10.000 espécies de plantas das quais 4.400 endêmicas. A fauna possui 837 espécies de aves, 161 espécies de mamíferos (19 endêmicas), 150 espécies de anfíbios (45 endêmicas), 120 espécies de répteis. A diversidade de insetos e muito elevada com mais de 1000 espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e vespas (IBAMA, 2001).

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O Pantanal constitui-se na maior planície de inundação do planeta com mais de 200.000 quilômetros quadrados de área. A região forma um grande elo de ligação entre províncias muito distintas tais como o Chaco boliviano, a Amazônia e os cerrados do Brasil central. A região ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres, aquáticos e semi-aquáticos. Segundo a WWF, existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 diferentes mamíferos, 260 espécies de peixes e 50 espécies de répteis.O bioma da Mata Atlântica estende-se desde a costa do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Este tipo de bioma também pode ser encontrado no interior do continente, ocupando os vales dos rios atlânticos (Paraguaçú, Mucuri, Jequitinhonha, Doce, Paraíba do Sul) e da bacia do Paraná superior (Iguaçu, Tietê, Paranapanema, Grande, Paranaíba). Estima-se que a área inicial da Mata Atlântica era de mais de 1,1 milhões de quilômetros quadrados. Desse total, apenas 7,3% encontra-se hoje preservado. Na região, existem 261 espécies de mamíferos, 620 espécies de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios. De um total de 1.361 espécies catalogadas de vertebrados, cerca de 567 são endêmicas à região. Existem ainda nesse bioma cerca de 20 mil espécies de plantas vasculares, sendo 8 mil delas endêmicas.

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A Caatinga é o bioma dominante da região nordestina ocupando uma área de 737.000 quilômetros quadrados distribuída entre os estados da Bahia, Pernambuco, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Maranhão e também considerável porção do norte de Minas Gerais. Apresenta um mosaico de diferentes tipos de vegetação xérica e com diferentes arranjos de estratificação e cobertura. Na região, existem 40 espécies de largartos, 45 espécies de serpentes, 4 tipos de quelônios, um tipo de jacaré, 44 anfíbios anura dentre outros.Os Campos Sulinos parecem ser formações edáficas, mas também podem ser o resultado de uma intensa pressão de pastoreio e do fogo. O bioma ocupa o planalto da Campanha Gaúcha no domínio das bacias sedimentares e aluvionais. A vegetação é tipicamente campestre com estrato herbáceo com altura de 0,6 a 1,0 metro. As gramíneas dos gêneros Stipa, Piptochaetium, Aristida, Melica e Briza são as plantas dominantes, mas existem cerca de 7 gêneros de cactos e bromeliáceas apresentam espécies endêmicas a esse bioma. A região abriga 11 espécies de mamíferos raros ou ameaçados de extinção e 22 espécies de aves na mesma situação. Os Ecossistemas Costeiros no Brasil ocorrem ao longo da costa de 8500 quilômetros. Aqui são encontrados ecossistemas de restingas, vegetação de falésias, comunidades de costões rochosos, praias, manguezais, lagunas, dunas, baixios, deltas, áreas insulares etc. Nessa região está quase cerca da metade da população brasileira, ou seja, cerca de 70 milhões de habitantes.A ECO-92 gerou um documento onde a conservação da biodiversidade é levada a um contexto sócio-econômico mais amplo com envolvimento dos diferentes segmentos da sociedade seja ela através do governo e sindicatos mas também através das chamadas organizações não governamentais, as ONG´s. Veja, nesse sentido o módulo 4 do curso Fundamentos em Ecologia e Tópicos em Gestão Ambiental.

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