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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ANTONINO PARREIRAS CUNHA PERCEPÇÃO DOS VALORES DE LUXO NO MERCADO DE MODA Belo Horizonte Maio 2018

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Page 1: PERCEPÇÃO DOS VALORES DE LUXO NO MERCADO DE … · atitude mental que historicamente foi destinada a uma pequena parcela da sociedade, ... resgatou segundo o ... da revolução

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

ANTONINO PARREIRAS CUNHA

PERCEPÇÃO DOS VALORES DE LUXO NO MERCADO DE MODA

Belo Horizonte

Maio 2018

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ANTONINO PARREIRAS CUNHA

PERCEPÇÃO DOS VALORES DE LUXO NO MERCADO DE MODA

Versão original

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração do Centro Universitário UNA como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Inovação e Dinâmica

Organizacional.

Orientador:

Prof. Doutor Luiz Rodrigo Cunha Moura

Co-orientador:

Prof. Doutor: Gustavo Quiroga Souki

Belo Horizonte

Maio 2018

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ANTONINO PARREIRAS CUNHA

Percepção dos Valores de Luxo no Mercado de Moda

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em

Administração no Curso de Mestrado Profissional em Administração do

Centro Universitário UNA

Banca examinadora:

Orientador: ___________________________________

Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura

Co-orientador: ___________________________________

Prof. Dr. Gustavo Queiroga Souki

Membro Externo 1: ___________________________________

Prof. Dr. José Edson Lara

Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo (FCHPL)

Membro Externo 2: ___________________________________

Prof. Dr. Tarcísio Afonso

Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo (FCHPL)

Membro Externo 3: ___________________________________

Prof. Dra. Wanyr Romero Ferreira

Instituto de Educação Tecnológica (IETEC)

Belo Horizonte

Maio 2018

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“Uma sociedade demonstra progresso quando se coloca no nível não apenas das

necessidades, mas também das aspirações, que ajudam o homem a transcender-se. Por

conseguinte, não seria o luxo esta pequena diferença entre o viver e o sobreviver?”

(Castarède, 2005, p.36)

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AGRADECIMENTOS

Sou filho de Deus; logo, tenho capacidade infinita, agradeço a Deus, por ter me

proporcionado forças para continuar e chegar até o fim desta jornada.

Agradeço a meus pais, meu irmão e minha família que sempre me deram suporte na vida e

durante o desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura, pela generosidade,

paciência e confiança que depositou em mim, para que chegasse até aqui.

Agradeço ao meu coorientador Prof. Dr. Gustavo Queiroga Souki, por

apresentar-me considerações tão pertinentes ao trabalho.

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“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”

Mahatma Gandhi

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RESUMO

Antes de ser uma marca da civilização material, o luxo foi um fenômeno de cultura, uma

atitude mental que historicamente foi destinada a uma pequena parcela da sociedade, sendo

considerado atributo de diferenciação. O conhecimento acerca do consumo e gestão das

marcas de luxo ainda é bem limitado, apesar de ser um mercado extremamente importante e

relevante em relação ao mercado de consumo em geral. Wiedmann, Hennigs e Siebels (2007)

desenvolveram um modelo conceitual, formado por valores fornecidos pela marca para

reforçar ou desenvolver a identidade do consumidor de luxo, que são o valor social, valor

financeiro, valor individual e valor funcional. Além disso, o modelo testado utilizou os

construtos intenção em comprar e intenção em pagar a mais. Diante desse cenário realizou-se

um estudo descritivo, a pesquisa quantitativa por meio de questionários aplicados via web,

sendo utilizada a amostragem por conveniência e bola de neve. Foram enviados convites a

profissionais de moda, empresas de moda, comunidades no facebook e instagram formado por

pessoas que consomem roupas de luxo em todos os estados brasileiros e a análise de dados foi

feita por meio de técnicas de estatística multivariada: análise fatorial exploratória,

confiabilidade de escalas (Alpha de Cronbach), validade convergente, validade discriminante,

validade nomológica, análise fatorial confirmatória, além da estatística descritiva. Um

montante total de 831 questionários, tendo um volume de questionários validos de 570 no

total. Foram testadas 10 hipóteses, sendo que seis delas foram rejeitadas. O modelo proposto

apresentou uma variância explicada de 85,5% para Intenção em Comprar e 92,3% para

Intenção em Pagar mais Caro. Verificou-se com isso que no modelo testado, tanto o valor

individual como o valor financeiro vale a pena apresentaram valores significativos na

influência em propensão a pagar mais caro, e na intenção de comprar moda de luxo, podendo

assim além de oferecer várias contribuições para uma melhor compreensão sobre os

consumidores de marcas de luxo no Brasil, auxiliar os gestores a desenvolver estratégias

adequadas para esse segmento.

Palavras-chave: Percepção de valor do luxo, Gestão de marcas de luxo, Intenção de comprar,

Intenção de pagar a mais, Moda de luxo

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ABSTRACT

Before becoming a mark of material civilization, luxury was a culture phenomenon, a mental

attitude which historically it was destined to a small part of society, being considered an

attribute of differentiation. Knowledge about the consumption and management of luxury

brands is still very limited, despite being an extremely important and relevant market in

relation to the consumer market in general. Wiedmann, Hennigs and Siebels (2007) developed

a conceptual model, formed by values provided by the brand to reinforce or develop the

identity of the luxury consumer, which are social value, financial value, individual value,

functional value. Furthermore, the tested model used the intention constructs in buy and intent

on paying more. In the face of this scenario, a descriptive study was carried out, a quantitative

research by questionnaires applied through the web, being used the sampling by convenience

and snowball. Invitations were sent to fashion professionals, fashion companies, facebook

communities and instagram formed by people who consume luxury clothing in all Brazilian

states, and data analysis was done using multivariate statistical techniques: factorial analysis

(Cronbach's Alpha), convergent validity, discriminant validity, nomological validity,

confirmatory factorial analysis, as well as descriptive statistics. A total of 831 questionnaires,

with an amount of 570 valid questionnaires. Were tested 10 hypotheses, six of which were

rejected. The proposed model presented an explained variance of 85.5% for Intention in Buy

and 92.3% for Intention in Paying More Expensive. It was verified that in the tested model,

both the individual value and the financial value are worth presenting significant values in the

influence on the propensity to pay more expensive, and in the intention to purchase luxury

fashion, thus being able thus being able in addition to offering several contributions to a better

understanding of the consumers of luxury brands in Brazil, to help the managers to develop

strategies appropriate for this segment.

Keywords: Luxury value perception, Luxury brand management, Intention to buy, Intention

to pay more, Luxury

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LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1 - Percentuais das categorias de luxo em 2011.................................................27

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Posicionamento dos Produtos de Luxo. ................................................................. 411

Figura 2 - O Modelo Conceitual. .............................................................................................. 47

Figura 3 - Modelo Hipotético da Pesquisa. .............................................................................. 60

Figura 4 - Resultados da SEM no modelo proposto ................................................................. 87

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise das Unidades Lexicais nas definições espontâneas de Luxo......................45

Tabela 2 - Faixa etária...............................................................................................................68

Tabela 3 - Gênero ..................................................................................................................... 68

Tabela 4 - Estado Civil ............................................................................................................. 68

Tabela 5 - Renda ....................................................................................................................... 69

Tabela 6 - Escolaridade ............................................................................................................ 69

Tabela 7 -Tempo em que consome Luxo ................................................................................. 70

Tabela 8 - Estados do Brasil ..................................................................................................... 71

Tabela 9 - Cidade onde reside .................................................................................................. 71

Tabela 10 - Análise descritiva do construto Valor Financeiro ................................................. 74

Tabela 11 - Análise descritiva do construto Valor Funcional .................................................. 75

Tabela 12 - Análise descritiva do construto Valor Social ........................................................ 75

Tabela 13 - Análise descritiva do construto Valor Individual .................................................. 76

Tabela 14 - Análise do construto Intenção em Comprar .......................................................... 76

Tabela 15 - Análise descritiva do construto Intenção em Pagar a Mais ................................... 77

Tabela 16 - Medida de adequacidade (KMO) e teste de esfericidade de Barttlet .................... 80

Tabela 17 - Análise fatorial do construto Valor Funcional ...................................................... 81

Tabela 18 - Análise fatorial do construto Valor Social ............................................................ 81

Tabela 19 - Análise Fatorial do construto Valor Individual ..................................................... 82

Tabela 20 - Análise fatorial do construto Intenção em Comprar ............................................. 20

Tabela 21 - Análise fatorial do construto Intenção em Pagar Mais Caro ................................. 21

Tabela 22 - Análise fatorial do construto Valor Financeiro Caro ............................................ 83

Tabela 23 - Análise fatorial do construto Valor Financeiro Vale a Pena ................................ 83

Tabela 24 - Varificação de confiabilidade: Alfa de Crombach ................................................ 84

Tabela 25- Validade Convergente ............................................................................................ 86

Tabela 26 -Validade discriminante: correlações entre construtos e a raiz quadrada das AVE 87

Tabela 27- Carga padronizada e significância entre as relações dos construtos ...................... 91

Tabela 28- Verificação das Hipóteses da pesquisa ................................................................... 93

Tabela 29- Variância explicada (R²) dos construtos ................................................................. 94

Tabela 30- Índices de ajuste para o modelo testado ................................................................. 96

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Características dos Produtos de Luxo......................................................................41

Quadro 2 - Características dos Produtos de Luxo.....................................................................43

Quadro 3- Indicadores Utilizados na Pesquisa.........................................................................63

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 24

1.1 JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 29

2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 32

2.1 LUXO..................................................................................................................... 32

2.1.1 Marcas de luxo.................................................................................................... 34

2.2 MODELO CONCEITUAL DOS VALORES DO LUXO......................................... 46

2.2.1 Valor Financeiro.................................................................................................. 49

2.2.1.1 Valor do Preço.................................................................................................. 50

2.2.2 Valor Funcional .................................................................................................. 51

2.2.2.1Valor Usabilidade ............................................................................................. 51

2.2.2.2 Valor Qualidade............................................................................................... 52

2.2.2.3 Valor Singularidade ......................................................................................... 52

2.2.3 Valor Individual ................................................................................................. 53

2.2.3.1 Valor Identidade Própria.................................................................................. 54

2.2.3.2 Valor Hedônico................................................................................................ 54

2.2.3.3 Valor Materialismo........................................................................................... 55

2.2.4 Valor Social......................................................................................................... 56

2.2.4.1Valor da Conspicuidade.................................................................................... 57

2.2.4.2Valor Prestígio.................................................................................................. 58

3 MODELO HIPOTÉTICO...................................................................................... 61

4 METODOLOGIA................................................................................................... 63

5 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................ 67

5.1 TRATAMENTO DOS DADOS................................................................................ 67

5.1.1 Observações atípicas........................................................................................... 67

5.1.2 Normalidade........................................................................................................ 67

5.1.3 Características da Amostra.................................................................................. 68

5.2 ANÁLISE DESCRITIVA.......................................................................................... 74

5.3 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA............................................................... 78

5.4 CONFIABILIDADE DE ESCALAS.................................................................. 84

5.5 VALIDADE CONVERGENTE............................................................................... 86

5.6 VALIDADE DISCRIMINANTE.............................................................................. 87

5.7 VALIDADE NOMOLÓGICA................................................................................. 90

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 97

6.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS............................................................................. 97

6.2 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS................................................................................... 98

6.3 LIMITAÇÕES......................................................................................................... 100

6.4 PESQUISAS FUTURAS......................................................................................... 101

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 109

APENDICES .............................................................................................................. 101

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1 INTRODUÇÃO

Antes mesmo de desenvolver as artes da civilização, o homem já usufruia do luxo,

palavra de origem latina, luxus, e que significa abundância, refinamento, indulgência dos

sentidos. Na antiguidade grega, o luxo sempre foi relacionado a algo positivo, belo,

esplendoroso e magnífico, um sentido que a Renascença, a maior revolução do Ocidente no

século XV, resgatou segundo o filósofo francês Gilles Lipovetsky:

A partir do fim da Idade Média e da Renascença, a ascensão do poder

monárquico, o “desarmamento” da nobreza e o novo lugar da burguesia não

levaram à redução dos consumos ostentatórios, mas, à intensificação das

despesas de prestígio e à ampliação das classes de luxo (LIPOVETSKY,

2005, p.35).

Se no Renascimento, o luxo era apanágio de um mundo exclusivo e fechado, o século

XVIII assinala a democratização das pessoas: artistas ganham notoriedade, o nome assume

importância e glória. Como consequência, na metade no Século XIX o universo do luxo como

um todo se vê ligado a grandes nomes, pessoas ou a uma casa comercial de muita influência

seja na arte, na moda ou em diversos setores (LIPOVETSKY, 2005).

O luxo historicamente esteve reservado a uma pequena parcela da sociedade e a partir

da revolução industrial e do surgimento da burguesia, passa a ser um objeto de consumo e se

torna possível comprá-lo. O homem busca proporcionar a si mesmo alguns luxos em diversos

aspectos que lhe trazem prestígio, como no vestuário, formas, adornos, na mesa com fartura

de alimentos colocados em utensílios sofisticados, ou até mesmo como se comportar em

determinados momentos. O luxo então, se torna atributo de diferenciação, marca e poder, é o

privilégio da superioridade (CASTARÈDE, 2005).

Após o final da segunda guerra mundial observa-se a entrada de novos consumidores

neste mercado, com o aumento da produtividade manufatureira e como resultado da

globalização. O luxo se expande ainda mais, sendo hoje utilizado o termo “novo luxo”

(CYPRIANO, 2013).

Não é mais riqueza do bem material, mas, agora o luxo está atrelado a outros valores,

como: valor financeiro, valor funcional, valor individual e valor social, o que faz com que as

competições pelo predomínio envolvam também os produtores de bens de luxo

(LIPOVETSKY, 2005).

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Segundo Lipovetsky (2005, p.22) “O luxo não começou com a fabricação de

bens de preço elevado, mas, com o espírito de dispêndio: este precedeu o

entesouramento das coisas raras. Antes de ser uma marca da civilização

material, o luxo foi um fenômeno de cultura, uma atitude mental que se pode

tomar por características do humano-social afirmando seu poder de

transcendência, sua não-animalidade.”

A história do consumo de luxo nasce com o comércio de metais preciosos, jóias e

cerâmicas. Com isso, bens de luxo estão sempre mantidos nas práticas de consumo, quando os

primeiros protótipos de marca de luxo surgiram no Século XIX com a industrialização, com o

aumento da tecnologia, expansão da classe média e a produção em massa se expandindo cada

vez mais (LIPOVETSKY, 2005).

O mercado de luxo ainda que hoje evoque algo raro, caro, exclusivo, restrito, gerador

de distinção social, tradição e alta qualidade vem sofrendo algumas mudanças importantes

para poder atender às demandas – de gosto e de posses - das novas clientelas localizadas nos

mais diversos pontos do planeta (OKONKNWO, 2009; SEO, 2014).

A globalização vem ganhando amplitude ao longo dos anos e para a indústria de luxo

a principal consequência é que a base de clientes de luxo vem se diversificando, e embora

consumidores possam comprar as mesmas marcas globalmente, os significados podem ser

diferentes, as atitudes os estilos de consumo podem variar (CATRY, 2003; SEO, 2014).

No passado o mercado de luxo era ditado por empresas familiares artesanais que se

destacavam pela habilidade e alta qualidade (JACKSON, 2002 apud SEO, 2014), mas, foi

com o surgimento dos conglomerados como LVMH (Louis Vuitton Möet Hennessy) e

Richemont no final dos anos 90 que as mudanças começaram de fato a acontecer

(KAPFERER, 2006 apud SEO, 2014). O mercado de luxo precisou adaptar-se aos novos

tempos, quando identidade e imagem da marca tornar-se-iam os principais determinantes de

sua fidelização no imaginário do consumidor dos produtos de luxo. (OKONKWO, 2009;

SEO, 2014).

O mercado de luxo vem ampliando suas categorias que incluem uma vasta gama de

produtos ou serviços. Muitos são os fatores que geraram esse processo: econômicos, aumento

da classe rica determinando novas categorias de produtos como automóveis, mobiliário,

hotéis, turismo, ou private banking. No entanto, a indústria da moda é reconhecida como a

que mais gasta recursos financeiros para produzir bens, e isso se deve às constantes mudanças

que as marcas se obrigam a fazer para se manterem líderes (MOORE; BIRTWISTLE, 2004;

FIONDA; MOORE, 2009; SUNG, 2015). O mercado de luxo apresenta inúmeros aspectos de

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singularidade, principalmente no mundo da moda onde a indústria é forçada a se manter

sempre à frente com criatividade e inovação (SUKLA, 2012).

As marcas de luxo já não se reportam exclusivamente à classe alta; a crescente classe

média emergente vem demandando por produtos de luxo, o que se traduz em mais

consumidores potenciais (OKONKWO, 2009; CYPRIANO, 2013).

As principais marcas de luxo estão sediadas em países europeus, notadamente na

França e Itália. Em meados da década de 2000 o ramo mudou sua abrangência e localização.

As sucessivas crises no início do Século XXI na Europa e no EUA e a nova riqueza advinda

dos países emergentes mudaram o panorama. O consumo de luxo passa de 40 bilhões em

2008 e vai para 360 bilhões em 2013, por razões diversas como abertura de novos segmentos

de mercado, globalização, aumento de afluência em vários locais, aumento de viagens

internacionais e uma comunicação via internet que propicia rapidez e produz maiores

semelhanças culturais (OKONKWO, 2009; CYPRIANO, 2013).

Os clientes de luxo têm alterado suas relações com as marcas, e também suas atitudes

e interesses em relação a elas, sendo assim novos mercados são incorporados como a China,

Rússia, Índia e Brasil. Os novos consumidores que são de modo geral novatos no consumo de

luxo podem ser segmentados de acordo com os valores que os guiam no consumo do produto

(CYPRIANO, 2013).

O mercado de bens pessoais de luxo movimentou, em 2016, cerca de 3 trilhões de

reais (BAIN AND COMPANY, 2016), considerando-se bens pessoais como jóias, itens de

couro, roupas (masculinas e femininas), perfumes, relógios e cosméticos. Os mercados

emergentes passaram a responder por 13% do total de vendas destes bens em 2012, incluindo

o Brasil. América do Sul e a América Central tiveram um crescimento em vendas da ordem de

12 %, notadamente no México e Brasil (CYPRIANO, 2013, p.12). Um estudo realizado pela

McKinsey & Company (2014, apud Miranda) aponta que a penetração do luxo no Brasil

ainda é baixa em comparação a outros países. A despesa anual per capita do consumidor de

luxo no Brasil foi de US$314 dólares, contra US$1.120 dólares na China em 2012

(MIRANDA, 2015).

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GRÁFICO 1 - PERCENTUAIS DAS CATEGORIAS DE LUXO EM 2011

FONTE: DINIZ, 2011, p.30.

A China e a Rússia são os mercados mais promissores e mais visados pelas redes dos

gigantes do luxo, mas, não é só de grife internacional que o mercado de luxo é percebido na

China. Alguns pequenos segmentos de clientes começam a gastar em casas, carros, relógios

luxuosos e marcas de grife. Em 2013, a cidade de Moscou, ostentando um valor líquido total

combinado de mais de US$366 bilhões, liderou a campanha anual da Forbes, na lista de

cidades do mundo para bilionários, superando New York, Hong Kong e Londres (GEROMEL

2013). A China abriga mais de um milhão de milionários, segundo Wall Street (HESS, 2013),

e uma crescente classe média tanto na Rússia como na China, com capacidade de consumo e

um forte apetite por bens refinados e cada vez mais sofisticados, ambos os países oferecem

mercados potencialmente diferenciados cultural, social e econômicamente (WANG, 2015).

Dados do site Euromonitor International apontam que as marcas de luxo acessível (são

produtos geralmente de valor muito menor do que os produtos-chave da marca, não abrindo

mão da alta qualidade e mantendo uma política de preço e distribuição menos seletiva)

tiveram excelente desempenho em 2014. Embora o Brasil passe por uma situação financeira

delicada o setor do luxo é um dos menos afetados. O relatório Global Powers of Luxury 2015,

da Deloitte Touche Tohmatsu Limited no Reino Unido, aponta que o crescimento das vendas

de bens de luxo também diminuiu em todo o mundo, mas, ainda é melhor quando comparado

ao desempenho da economia global e outros produtos de consumo. (MIRANDA, 2015).

O interesse no mercado de luxo no Brasil surge devido à sua expansão a uma taxa de

30 a 35% ao ano desde 2000 até 2007 (CYPRIANO, 2013; STREHLAU, 2009) e, em 2011,

projetado em aproximadamente 33% (ALMEIDA, 2011). O consumo de luxo no Brasil

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movimentou, em 2012, 2,7 bilhões de euros (CYPRIANO, 2013, p.12 apud KLINKE, 2013,

p.4), correspondente a aproximadamente 7 bilhões de reais. Outros supõem que já atingiu 20

bilhões de reais em 2011 (CYPRIANO, 2013 apud DINIZ, 2011). Campos, Yoshida (2010)

estimam em 13 bilhões de reais em 2008, as despesas no consumo de luxo no Brasil,

considerando os itens listados acima, sem incluir turismo, gastronomia e meios de locomoção

(automóveis, helicópteros, aviões, etc.).

A quantidade de brasileiros de alta renda (com mais de um milhão de dólares em

investimentos) cresceu na ordem de 6,9% em 2011 (CAPGEMINI, 2012 apud CYPRIANO,

2013, p. 12), ante uma variação do PIB de 2,73% (IBGE, 2012) e permaneceu estável em

2012 devido à desaceleração do PIB da ordem de 0,87% (IBGE, 2013; CYPRIANO, 2013).

Quando se deseja exibir riqueza e ostentação, os indivíduos buscam marcas que têm

um alto status social. A motivação do comportamento do consumidor de luxo parte do desejo

de criar uma imagem social através dos bens e serviços utilizados (VIGNERON; JOHNSON,

2004; KIM et al., 2011).

Observa-se que indivíduos com traços de personalidade mais materialistas são

movidos a mostrar e projetar quem eles pensam que são através do consumo e exibição de

posses em público. (SUKLA, 2012).

Com base na admiração e valorização no contexto da concepção, entende-se que o

conceito de luxo oferece uma amplitude de oportunidades para ganhar dinheiro e agregar

valor (WIEDMANN; HENNINGS, 2013). Além disso, as pessoas também consomem luxo

com o objetivo de que sejam segmentadas por uma hierarquia, (KAPFERER, 2014; PHAM;

NASIR, 2016).

Os itens do luxo são também ligados a valores psicológicos: à medida que as pessoas

de classe alta desejam se distinguir dos outros, as pessoas de classe baixa buscam por

visibilidade como o status mais elevado e o buscam através do consumo de luxo. (VEBLEN,

2009 apud PHAM; NASIR, 2016).

A compra de produtos de luxo fomenta a identidade do proprietário e a auto-imagem,

além disso qualidade Premium e confiabilidade são razões de se consumir itens de luxo

(HUNDDERS et al, 2013; PHAM; NASIR, 2016). A consciência de moda também foi

declarada como uma razão para o consumo de luxo (MADEN et al, 2015; PHAM; NASIR,

2016).

Mais do que nunca o mercado de luxo se apresenta com maior visibilidade para os

consumidores, despertando o interesse por estudiosos de marketing sobre o estudo de marcas

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de luxo, embora escassas as pesquisas sobre as melhores estratégias de marketing para este

setor (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2007).

Ainda que o mercado de luxo e seus consumidores sejam alvo de críticas ferinas por

parte de defensores do minimalismo – o movimento do lowsumerism ou consumo equilibrado

– que prega redução dos ímpetos de consumo dos supérfluos; ou, que parte da sociedade

considere o luxo uma ofensa ou escândalo diante daquelas populações que sofrem de carência

de alimentos, remédios, educação, roupas e segurança, é necessário lembrar que o mercado

do luxo empregou um total de 4,3 milhões de pessoas em 2012, o que representa 15,9% da

população total (RHODES, 2014), mesmo diante de cenários em que as grandes marcas e

indústrias tenham seus lucros ameaçados por produtos copiados e/ou falsificados (PHAM;

NASIR, 2016).

A pergunta a ser respondida nessa dissertação é: Qual a validade do modelo de

percepção do valor de luxo proposto por Weidmann; Hennings; Siebels (2007) no contexto

brasileiro em relação aos consumidores de moda de luxo?

Este trabalho tem como objetivo geral avaliar o modelo de percepção do valor de luxo

proposto por Weidmann; Hennings; Siebels (2007) no contexto brasileiro em relação aos

consumidores de moda de luxo.

Além disso, também apresenta os seguintes objetivos específicos:

1 – Verificar as consequências da percepção do valor de luxo em termos de intenção

de compra e de pagar a mais por produtos de moda de luxo;

2 – Identificar quais as dimensões do valor de luxo mais influenciam o valor de luxo

total;

3 – Validar as dimensões de luxo identificadas por Weidmann, Hennings e Siebels

(2007) no mercado brasileiro de moda de luxo;

1.1 JUSTIFICATIVA

O conhecimento acerca do consumo e gestão das marcas de luxo ainda é bem limitado,

apesar de ser um mercado extremamente importante e relevante em relação ao mercado de

consumo em geral (HENNIGS et al., 2013). Pesquisas e/ou estatísticas relacionadas à atitude

dos consumidores de luxo ainda são escassas, apesar de se possuir um largo conhecimento

sobre o assunto nas últimas décadas (DUBOIS et al., 2005; SHUKLA, 2012 CHATTALAS;

SUKLA, 2015).

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Com o rápido crescimento do mercado de luxo os gerentes das marcas inseridas nessa

modalidade buscam entender os detalhes deste mercado, tais como as necessidades de seus

consumidores. (HENNIGS et al., 2013). Ou seja, quando se busca as razões pelas quais se

consome luxo genuíno, ou o que o cliente acredita que seja este luxo real, e como isso afeta o

comportamento na hora de consumir ou comprar (WIEDMANN et al., 2012), pois, apesar de

satisfazer tanto as necessidades básicas, quanto as necessidades psicológicas, os benefícios

psicológicos são considerados o principal fator de distinção entre o “luxo” e o “não-luxo”

(WIEDMANN et al., 2012).

Do ponto de vista da gestão de marcas de luxo é importante compreender os motivos

do consumidor e suas percepções de valor; já, do ponto de vista do posicionamento é preciso

entender todos os aspectos relevantes das percepções dos consumidores de luxo, como

diferenças culturais que podem aumentar a eficiência para o marketing de luxo, com relação a

questões societárias. Observa-se que o crescimento do consumo de luxo nas últimas décadas

vem sendo acompanhado por uma prevalência de produtos pirateados, e as estratégias podem

ajudar a diminuir o apetite por falsificações (WIEDMANN; HENNIGS; KLARMANN, 2012;

WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS 2012).

Em se tratando de um contexto global, é extremamente importante que os

pesquisadores e comerciantes de luxo entendam porque os consumidores consomem bens de

luxo, como eles entendem de valor do luxo e como isso pode afetar o comportamento de

compra, além das influências culturais (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

Do ponto de vista gerencial, entender a percepção de valor do luxo pelo cliente é

válido para o desenvolvimento de estratégias adequadas a um melhor posicionamento e

segmentação de mercado, como uma construção subjetiva que venha a abordar múltiplas

necessidades psicológicas e funcionais (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

Discutir novos padrões de luxo se faz necessário para quem está pensando em ganhar

vantagens competitivas, principalmente por produtos que já são naturalmente caracterizados

por excelente qualidade (WIEDMANN; HENNINGS, 2013).

O mercado de luxo é um dos segmentos mais rentáveis e de rápido crescimento, mas,

em contrapartida, marcas de luxo são também mal compreendidas e sub-investigadas, seja por

integrar a lista suja do trabalho escravo, seja por não se relacionar de forma ética e justa com

os fornecedores de matéria prima, ou então, por utilizar material poluente, tóxico, ou cuja

extração resulte em danos para o meio ambiente ou para a vida humana, animal ou vegetal.

(WIEDMANN et al., 2009; SUKLA, 2012). Existe uma demanda por se pesquisar sobre

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marcas de luxo relacionadas ao comportamento do consumidor, porém as marcas de moda

de luxo não têm recebido ênfase sobre as suas características e natureza (SUNG, 2016).

Para resumir a relevância social do luxo e do marketing de luxo, destacam-se os

seguintes aspectos: O mercado de luxo tradicionalmente é entendido como de grande porte e

que está sempre em crescimento, com grandes oportunidades de trabalho, focando sempre na

prosperidade econômica (WIEDMANN; HENNINGS, 2013).

Há de se considerar ainda que sejam inconclusivos os termos relativos sob os efeitos

das mudanças das percepções de valor sobre consumidores nos mercados em

desenvolvimento e emergentes (SUKLA, 2012).

Considerando que existe múltipla variedade de culturas em todo mundo, novas

pesquisas se fazem necessárias, enfocando os países mais consumistas, e que afetam em

grande parte os resultados, e também uma amostra de consumidores ricos que consomem

marcas de luxo (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012). Além disso, os resultados

comportamentais relacionados ao valor de luxo individual são mal compreendidos e

inexplorados (HENNINGS; WIEDMANN, 2015). Além disso, Wiedmann et al., (2007)

sugerem que pouco se sabe sobre a influência de fatores funcionais sobre o consumo de luxo,

solicitando mais testes empíricos (CHATTALAS; SUKLA, 2015).

Em termos teóricos esse trabalho apresenta como contribuição a validação da escala de

percepção do valor percebido (WEIDMANN; HENNINGS; SIEBELS, 2007). Foram

pesquisadas as bases de dados do Googles Scholar e o banco de teses da CAPES

(Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior) e não foram encontrados trabalhos no

Brasil sobre a aplicação desse modelo de percepção de valor de luxo.

Há que se considerar ainda que o teste e o processo de validação de escalas e modelos

teóricos em diferentes países é uma contribuição teórica relevante, pois a partir desses testes

pode se verificar a validade externa e a possibilidade de generalização de resultados, gerando

um avanço no conhecimento sobre o tema (ROSENBERGER, 2009).

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 LUXO

A definição de luxo está muitas vezes ligada a produtos, serviços ou determinado

estilo de vida, porém não está evidenciado no simples usar bens de luxo, pois, é quando os

consumidores satisfazem suas necessidades psicológicas e funcionais, é que se encontra o

principal fator que distingue os produtos de “luxo” dos “não luxo” (WIEDMANN;

HENNINGS; KLARMANN, 2012).

Não existe uma definição clara sobre o que constitui um bem de luxo, pois, o conceito

é subjetivo dependendo do ambiente social e cultural em que o consumidor está inserido.

Quando se fala em consumo conspícuo é entendido com o papel simbólico do consumidor por

status ou auto-estima, em vez de sua capacidade funcional (VIGNERON; JOHNSON, 2004).

Os bens de luxo se traduzem na procura pelo prazer, o narcisismo do imaginário, onde

essas novas tendências de consumo constituem uma distinção de classes sociais, assim sendo

os bens de luxo se tornam a expressão do imaginário, o sonho, o mágico, o inacessível que é

onde mora o desejo. O grande talento da administração da notoriedade, onde a campanha de

comunicação se fundamenta em identificar precisamente uns produtos e suas capacidades

instigando o inconsciente e a curiosidade em torno do produto e ou “embalagem”, para

adquirir ou renovar (ALLÉRÈS, 2000).

O conceito de luxo é importante para se entender como ocorre a sua aplicação em

produtos, pois, o uso de um artigo da categoria de luxo reflete a resposta à pergunta: quem eu

sou? Significa toda a concepção que se tem a respeito de si mesmo, cada pessoa é única, mas

podemos entender que existem necessidades compartilhadas como: posse, realização,

exibição, reconhecimento, dentre outras. Todas podem estar manifestadas no luxo. As pessoas

que dão muita importância a bens materiais, aos bens de luxo consumidos publicamente são

pessoas com alto nível de materialismo (STREHLAU, 2009).

Em uma sociedade materialista, as pessoas avaliam a satisfação em termos do que elas mesmas têm, ou não

adquiriram na vida em termos de bens desejados. Indivíduos materialistas tendem a valorizar itens como carros,

jóias e barcos. Consumidores materialistas podem acreditar que ficariam mais felizes se tivessem uma casa

maior, um carro melhor, ou roupas mais caras, crenças que podem levar ao estresse se mudanças famíliares ou de

vida interromperem sua situação financeira. As posses podem ser fundamentais para alcançar o reconhecimento

social. O materialismo pode refletir em um alto valor se as pessoas julgam a auto-estima pelo que adquiriram ou

pela realização de ter uma vida confortável. De acordo com a teoria da gestão, o materialismo está enraizado, em

parte, no impulso dos consumidores para aliviar a ansiedade sobre a inevitabilidade da morte ao obter a auto-

estima e o status de adquirir e possuir coisas (HOYER; MACLNNIS, 2008)

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O luxo é o sonho, o que embeleza o cenário da vida, a perfeição tornada

coisa pelo gênio humano. Sem luxo “público”, as cidades carecem de arte,

destilam feiura e monotonia: não é ele que nos faz ver as mais magníficas

realizações humanas, as que, resistindo ao tempo, não cessam de nos

maravilhar (LIPOVETSKY, 2005 , p.19).

O conceito de luxo está em constante mudança, algo que costumava ser luxuoso no

passado pode não ser mais em outra época, este conceito está relacionado à relatividade do

luxo, com isso esta ligada a percepção do luxo, se espera assim que diferentes pessoas tenham

percepções diferentes (URKMEZ; WAGNER, 2015).

O luxo se revela em mercados relativamente distintos, onde produtos mais seletivos

que pertencem a marcas prestigiosas servem de referência, são produtos que perpetuam o

status dos símbolos sociais, que pertencem ao chamado “clã” dos produtos de alto nível onde

é um mercado competitivo cheio de barreiras e somente mercados com um nível de

amadurecimento poderão aspirar (ALLÉRÈS, 2000).

A relatividade do luxo é captada por cinco categorias regional, temporal, econômico,

cultural e situacional (URKMEZ; WAGNER, 2015).

Relatividade regional contribui na conversão de alguns itens comuns para itens de

luxo. Alguns bens são encontrados em algumas partes do mundo, em pouca quantidade, por

isso são avaliados como luxuosos. Um dia de sol é considerado luxo em algumas partes do

mundo (URKMEZ; WAGNER, 2015).

Relatividade temporal refere-se a mudanças de percepção de produto ou serviço ao

longo do tempo, o que é luxo hoje pode não ser um luxo no futuro, as mudanças do chamado

luxo-necessidade fazem parte de uma gama de produtos como: aspirador, máquina de lavar,

alguns aparelhos eletrônicos que eram vistos como luxo no passado, hoje são considerados

como aparelhos domésticos para a vida diária em muitos continentes (URKMEZ; WAGNER,

2015; MATSUYAMA, 2002).

Relatividade econômica depende da economia individual ou de um determinado

grupo. Para certas minorias, algumas necessidades básicas não são tão acessíveis ou ainda

são consideradas luxo. A noção de bem de consumo evolui de luxo em amenidade e depois

em necessidade à medida que a renda vai aumentando (URKMEZ; WAGNER, 2015).

Relatividade cultural é quando a conveniência de alguns bens depende da sua cultura,

alguns bens ou gostos estão na moda ou são considerados de luxo em uma cultura, e em

outras, pode ser avaliado como inútil, indesejável, ou até mesmo nojento: um carro de corrida

pode ser inadequado em uma tribo amazônica. O efeito da cultura pode ser mais proeminente

ou menos proeminente dependendo de algumas categorias específicas como os produtos

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alimentícios onde o efeito da cultura determina fortemente a demanda (URKMEZ;

WAGNER, 2015).

Relatividade situacional são características que estão em mudança. Dependendo das

condições nas quais as pessoas se acham, um bem pode ser considerado necessário, luxuoso,

ou algo comum. Um objeto considerado luxuoso pela maioria das pessoas, e se for a única

opção de consumo dessa maioria, não seria mais considerado como um objeto de luxo, mas,

como algo comum (URKMEZ; WAGNER, 2015).

As percepções do luxo diferem dependendo do estilo de vida do consumidor, onde a

definição do que seria luxo precisa considerar três perspectivas inter-relacionadas que são: a

visão econômica, a visão psicológica e a visão do marketing (DAVIES; LEE; AHONKHAI,

2012).

A visão psicológica explora o contexto intrapessoal e interpessoal do consumo de

luxo, onde o valor primário do luxo nasce no psicológico em meio a um consumo que

depende da combinação baseando-se em símbolos de identidade pessoal e social (DAVIES;

LEE; AHONKHAI, 2012).

A visão de marketing combina as perspectivas anteriores com a intenção de identificar

como criar e manter uma sensação de luxo nas percepções do branding e do mercado

(BARNIER et al., 2006 apud DAVIES; LEE; AHONKHAI 2012).

As marcas de luxo e não luxo podem se diferenciar por características funcionais,

experienciais e simbólicas. Na dimensão funcional os consumidores esperam uma melhor

qualidade de um produto de luxo; a dimensão experiencial, os benefícios que o produto traz e

possibilitam uma experiência sensorial, um sentimento de prazer, e na dimensão simbólica os

produtos possuem status, um nome de prestígio (VICKERS; RENALD, 2003).

A distinção entre necessidade e luxo é que, o luxo tem certo grau de exclusividade, ou

seja, se todos consomem este mesmo produto ele perdeu a exclusividade. Já, um produto

consumido sob os olhos dos outros, mas mantendo a exclusividade, é considerado bem de

luxo público. Nestes casos, o grupo de referência mantém forte influência tanto em relação à

marca quanto ao produto utilizado (STREHLAU, 2009).

2.1.1 Marcas de Luxo

Kapferer (2006) destaca alguns aspectos importantes sobre marcas de luxo, como por

exemplo, entender a motivação que o indivíduo encontra para melhorar sua posição social,

entendendo que as marcas criam um valor através dos benefícios, do reconhecimento e de

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outros atributos que são passados através do simbolismo da marca (VIGNERON; JOHNSON,

2004; SEO, 2015).

As marcas de luxo buscam atender às necessidades psicológicas, sendo usadas ou

simplesmente exibidas. Desta forma, essas necessidades se tornam o ponto diferenciador dos

produtos de “luxo” para os “não luxuosos”. Na literatura observa-se que a funcionalidade e o

preço são menos avaliados, ainda que a relação do preço, utilidade intangível e situacional

oferecidos por produtos de luxo sejam percebidos como altos. Desta forma, marcas de luxo

buscam integrar fatores como alta qualidade e exclusividade para melhor definir a identidade

da marca e buscar reconhecimento (HENNIGS et al., 2013).

Os bens de luxo se enquadram como bens de especialidade, pois, apresentam

características únicas, são especiais de alguma maneira e em geral sua distribuição se limita a

poucas lojas, induzindo os consumidores a fazer um esforço considerável para adquiri-los

(KOTLER; ARMSTRONG, 2003).

Existem dois grupos de consumidores de luxo: o primeiro, que opta por marcas

exclusivas e consagradas no mercado de luxo, pois, visam a qualidade e função intrínseca dos

produtos; o segundo, que prefere as mais proeminentes. Neste caso, o consumidor pode não

ter nenhum conhecimento da marca de luxo, apenas sabe que a ostentação desse produto lhe

dará maior visibilidade e status, estando, portanto, mais suscetível a consumir produtos

falsificados e servindo ao propósito do consumo conspícuo (PHAM; NASIR, 2016).

Por exemplo, em 2008, a Interbrand, em parceria com a London Business School,

empresa que avalia as marcas mais fortes do mercado nacional e internacional, apontou três

chaves que qualificam essas empresas: performance financeira dos produtos ou serviços; o

desempenho da marca em processos de decisão e a força da marca. Quando se trata de

qualificar a marca do luxo, acrescente-se que ela deverá situar-se em uma categoria de

produto que aparentemente demonstre insensibilidade aos preços (SEO, 2015).

A propósito de produtos falsificados, Pham e Nasir (2016 apud SOPHIE, 2010) em

estudo realizado, consideram que o produto falsificado é um grande problema que poderia

colocar as grandes marcas de luxo em risco. Apesar das leis que protegem as marcas

genuínas, o sistema de combate à falsificação ainda é muito baixo em muitos países.

Um fator muito importante para as marcas de luxo é a confiança na marca, a qual está

relacionada não somente com a originalidade do produto, como também com possíveis formas

de compensação dos clientes pelas empresas gestoras das marcas (BASTOS; MOURA;

CHRISTINO, 2015).

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David (2011 apud PHAM; NASIR, 2016) demonstram que existem duas situações a

que consumidores que compram produtos de luxo falsificado estão expostos: na primeira, os

clientes são enganados; na segunda, os clientes estão conscientes da falsificação e podem

subestimar a qualidade do produto genuíno.

Na segunda situação, a falsificação não tem só um viés negativo: clientes que

compraram produtos falsos podem não comprar novamente devido à baixa qualidade, e optar

pelo produto genuíno. Um estudo de Doss e Robinson (2013) analisaram jovens americanos e

identificou que a percepção de luxo cuja última aquisição era uma marca de luxo, diferiam

significativamente das percepções de luxo daqueles cuja última aquisição era uma marca

falsificada. Assim, se um produto falsificado atender as expectativas dos clientes deve ser

considerado de qualidade (PHAM; NASIR, 2016).

De acordo com a definição de Vigneron e Johnson (1999), as marcas de luxo

constituem o mais alto nível de prestígio, pois além de validar aspectos físicos e emocionais

causados pelo simples uso ou exibição de um determinado produto, a marca traz estima para

seu proprietário (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012), diferindo-se dos demais

produtos por seus atributos que são percebidos pelos consumidores (VIGNERON;

JOHNSON, 2004; SEO, 2015).

O valor percebido de uma marca mostrou afetar positivamente a disposição do

consumidor em pagar preços premium (KELLER, 1993). No contexto de marcas de luxo os

consumidores querem adquirir o produto ou serviço não se importando muito com o valor

final a ser pago, onde as mais caras têm maior prestígio (HENNINGS; WIEDMANN, 2015).

O preço é um fator importante que pode influenciar na decisão do cliente de comprar

determinado produto (PALMER, 2009; PHAM; NASIR, 2016), um dos itens de diferenciação

das marcas de luxo para as marcas do mercado de massa. O preço premium, por vezes é mais

atraente do que um preço inferior, no entanto quando ele se torna tão acessível a uma parcela

da população, a demanda tende a cair (OLORENSHAW, 2011; PHAM; NASIR, 2016), pois

Facilmente perde o status de raridade e o fascínio da ostentação. (PHAM; NASIR, 2016).

Consumidores do luxo não são facilmente atraídos pelo mercado do preço premium

por entenderem que quando se tem um preço considerado acessível a muitos, o produto perde

a raridade. Assim, os consumidores não consideram tal produto ou serviço como um símbolo,

já que o mesmo está mais acessível às classes emergentes. Porém, a crise de 2008 gerou uma

nova tendência no mercado de luxo tornando os clientes flexíveis para misturar marca original

e falsificada (PHAM; NASIR, 2016).

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A motivação dos consumidores de luxo se baseia em necessidades sociais e

psicológicas (NIA; ZAICHKOWSKY, 2000; SEO, 2015) e um produto não é considerado de

luxo simplesmente por ter qualidade superior ou designer distinto, mas sim por possuir todas

as características e atributos que o portador do produto perceba que são valores a ele, pessoa,

conferidos. (LEVY, 1959; HOLT et al., 2004; SEO, 2015).

Com os bens de luxo, consumidores podem satisfazer suas necessidades materiais e

sócio-psicológicas de uma maneira muito maior do que com bens considerados regulares

(WIEDMANN et al., 2009; VIGNERON; JOHNSON, 2004; SHUKLA, 2012). Bens de luxo

são relacionados a prazer, conforto e raridade, e com isso, os produtos de luxo podem

alternativa ou cumulativamente entregar indulgência pessoal e estima social aos

consumidores, oferecendo valor superior em termos de qualidade, design, desempenho,

durabilidade e satisfação (WIEDMANN et al., 2007; HENNIGS et al., 2012; SHUKLA,

2012; CHATTALAS; SHUKLA, 2015).

Com base na definição de Vigneron e Johnson (2004), pode-se entender que bens de

luxo são significantes de algo propício ao prazer, conforto e difíceis de serem obtidos

(CHATTALAS; SUKLA, 2015).

O luxo pode ser usado para a exibição da imagem da pessoa que o utiliza, ou

realizando sua funcionalidade, ou ainda satisfazendo os anseios psicológicos. Com isso

Vigneron e Johnson (2004) identificam alguns dos valores físicos e psicológicos que são

fundamentais para o gerenciamento de uma marca de luxo como: exclusividade, identidade,

consciência, qualidade percebida da perspectiva do consumidor (KLARMANN;

WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

Segundo Allérès (2000, p.118) o universo do luxo é composto de um grande

número de setores de atividade, todos muito diferentes quanto a suas origens

históricas, culturais e profissionais, suas finalidades (nível do luxo nos

objetos, produtos ou serviços) e seus pesos econômicos.

Podem ser identificadas quatro categorias principais de produtos de luxo: moda

(costura, pronto-a-vestir e acessórios), perfumes e cosméticos, vinhos e bebidas, relógios e

jóias (JACKSON, 2004 apud AMATULLI; GUIDO 2011). Recentemente, foram adicionadas

outras categorias: automóveis de luxo, hotéis, turismo, bancos privados, mobiliário doméstico

e companhias aéreas (CHEVALIER; MAZZALOVO, 2008 apud AMATULLI; GUIDO

2011).

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Os produtos de luxo de moda são compostos de vestuário, acessórios, bolsas, sapatos,

relógios, jóias e perfumes, para os quais o simples uso ou exibição de uma determinada marca

traz prestígio para o proprietário, onde a utilidade funcional se torna uma questão secundária

(VIGNERON; JOHNSON, 2004; AMATULLI; GUIDO, 2011).

Com a industrialização, adquirir bens se tornou mais acessível e o indivíduo consumia

para determinar sua posição perante a sociedade: além de ser fonte de identidade, a ostentação

do luxo poderia demonstrar poder ou mesmo intimidação. Porém as pessoas compartilham

diferentes experiências: o que é luxo para um grupo ou geração pode não ser para o outro. Por

exemplo, uma fonte de água potável no deserto, seria um luxo. Considerada a mesma cena em

Nova York, um caso prosaico. O luxo se faz na satisfação social, emocional e econômica,

podendo ser caro ou não dependendo da percepção de quem o adquire (STREHLAU, 2009).

Embora o consumo do luxo venha se tornando mais acessível a uma ampla gama de

consumidores, ainda assim o consumo tradicional conspícuo foi transformado em uma nova

maneira de como os consumidores definem o luxo. (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS,

2007; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

A tendência conhecida como “democratização do luxo” traz uma expansão do

mercado de luxo que era restrito aos mais ricos e apresentando-se mais acessível a um maior

numero de consumidores. Foram identificados três segmentos de consumidores de luxo: os

gananciosos por luxo, os quais vivem para consumir luxo de todas as formas. Já os regulares

de luxo são consumidores ricos que consomem o luxo de forma menos gananciosa e existem

os pequenos consumidores de luxo, onde embora a remuneração não permita que sejam

consumidores totais de luxo, ainda assim conseguem consumir uma pequena parcela deste

luxo (CHADHA; HUSBAND, 2006 apud SEO, 2015).

De acordo com Lipovetsky (2005, p.44) “enquanto a alta-costura consagra a

união entre o artesanato de arte e a indústria, os progressos da mecanização,

no mesmo momento vão permitir o aparecimento de um “Sigiloso falso

luxo” de preço menor, destinado às classes médias. A primeira forma de

democratização do luxo coincide não com a difusão social dos produtos

dispendiosos, mas com a propagação da cópia...”.

Quanto mais o mercado do luxo é competitivo, mais os seus produtos são

acessíveis e mais se impõe uma estratégia de marketing muito organizada.

As estratégias de marketing muito elaboradas do domínio do luxo acessível

não podem deixar de ser bastante globalizadoras e cientificamente

construídas (ALLÉRÈS, 2000, p.170).

A democratização do luxo possibilita que os consumidores de diferentes

segmentos possam consumir criando extensões de marca para atender esta

gama de consumidores, com roupas, brinquedos, artigos de decoração, entre

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outros e fazendo que com isso a marca premium não fique desgastada

(MIRANDA, 2015, P.21).

Outra mudança significativa no mercado do luxo nos dias atuais é que este setor

constrói-se como um mercado hierarquizado, diferenciado, em que o luxo de exceção convive

com um luxo intermediário e acessível. A motivação de consumir luxo provém da busca pela

distinção absoluta o que ocorre não só nas classes abastadas mas também atribuída ao

binômio, internacionalização-democratização que permitiu a consumidores sem recursos a

adquirir um produto da linha principal com um custo mais baixo ou até mesmo cópia desses

produtos. Outra dimensão muito importante a considerar é o hedonismo, quando os

consumidores de luxo estão em busca de prazer e realização pessoal por comprar um

determinado produto (ALTAF, 2011).

Quanto mais os produtos de referência se tornam substituíveis, uma gama de produtos

chega aos mercados de luxo intermediários, o sucesso de um produto pode fazer com que

surja o aparecimento de cópias, a rápida fascinação por um produto “fake” traduz o desejo das

classes menos favorecidas para imitar as classes dirigentes, o que pode ser um grande

problema tendo em vista que se uma marca com grande notoriedade não tiver uma gestão

equilibrada que leve em conta a hierarquia do luxo pode fazer com que sua clientela

tradicional se desvie para outras marcas mais discretas (ALLÉRÈS, 2000).

A nova classe média com ampla renda e sem restrições, se dão ao luxo de imitar o

estilo de vida da elite tradicional. Os bens de luxo possuem uma elasticidade do preço de

acordo com a demanda, quando as pessoas ficam mais ricas elas tendem a comprar mais,

podendo ser projetado um preço maior e impulsionar as vendas, como o exemplo de algumas

marcas de perfumes e relógios (WANG, 2015).

Os consumidores vivenciam o estilo de vida da marca, fazendo com que isso se torne

realidade. A tipologia das experiências dos consumidores de luxo é dividida em quatro zonas:

entretenimento, educativo, estético e escapista que podem variar em termos de seus níveis de

envolvimento e intensidade (WILLIAMS, 2009 apud SEO, 2015).

A zona de entretenimento inclui experiências com níveis de intensidade e

envolvimento (por exemplo: desfiles de moda). Experiências educacionais são caracterizadas

por um elevado nível de envolvimento, mas um baixo nível de intensidade (por exemplo:

cruzeiros). As experiências estéticas são aquelas em que os consumidores estão menos

ativamente envolvidos, mas o nível de intensidade é alto (por exemplo: admirando o interior

de uma boutique de design). A zona de evasão envolve experiências onde os consumidores

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estão altamente envolvidos e o nível de intensidade também é alta (por exemplo: turismo de

luxo). Essas experiências se tornarão componentes importantes no marketing de luxo

(WILLIAMS, 2009 apud SEO, 2015).

O consumo do luxo também é fortemente influenciado pelos fatores externos como

compras pela internet, aumento de viagens internacionais, a mídia que define consumidores.

Esses diferentes contextos culturais proporcionam uma diversidade social e cultural que leva

a uma convergência de percepções sobre marcas de luxo. Processos culturais como contexto

histórico, convenções culturais desempenham papéis importantes nas percepções das atitudes

dos consumidores de marcas de luxo (SEO, 2015).

Consumir o luxo não é privilégio somente de quem pode pagar os altos preços. O

mundo mudou, o dinheiro mudou de mãos, novos comportamentos surgiram e o consumo está

focado em sensações e emoções e não mais em produtos. As estratégias de marketing,

direcionadas a cada personalidade consumista, tem levado muitos consumidores a buscar por

uma opção mais acessível, ou seja, buscar pelas falsificações de bens de luxo, que estão se

difundido em países com a economia em desenvolvimento (STRAVINSKIENE;

DOVALIENE, 2013). Na medida em que se tem exclusividade de um determinado produto, o

preço premium se torna componente essencial pois enfatiza a raridade tanto da marca como

do usuário (VIGNERON; JOHNSON, 2004; SEO, 2015).

Tal qual os diferentes níveis socioeconômicos, o luxo também difere hierarquicamente

em: luxo inacessível, luxo intermediário e luxo acessível (ALLERES, 2000; URKMEZ;

WAGNER, 2015).

O luxo inacessível esteve sempre associado à aristocracia e às grandes fortunas. Por

exemplo, ter um Van Gogh em sua sala de estar, é para quem tem alto poder aquisitivo e

compra por desejo e não por necessidade (ALLERES, 2000; URKMEZ; WAGNER, 2015).

Já o luxo intermediário é pertencer a um mundo de luxo e acompanhar o estilo de vida

exclusivo. Para diferenciar-se de todos os outros, o preço é alto o suficiente para permitir que

o produto seja oferecido somente para uma elite além de garantir que ele seja a porta de

entrada para o mundo do luxo (WARD; CHIARI, 2008; URKMEZ; WAGNER, 2015).

Para o luxo acessível ou luxo de massa o que importa é o glamour e não

necessariamente o produto, onde a marca predomina sobre o produto e os consumidores

querem ser percebidos como sendo de outro nível de luxo. As versões de preço baixo dos

produtos, mas, caros para clientes que querem pertencer ao mundo do luxo acessível, os

produtos “masstige” (combinação de massa e prestigio) são acessíveis, porém ainda

percebidos como luxo (URKMEZ; WAGNER, 2015).

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41

O consumidor de luxo pouco pensa de maneira racional. Ele busca a satisfação dos

seus desejos e anseios, ele busca a materialização de seus sonhos que por vezes são nobres,

insubstituíveis por meio de um produto ou serviço e ele pode se identificar muito mais com

mensagens que estejam ligadas a emoções fazendo com que os atributos abstratos e físicos

dialoguem entre si ao entender seus desejos e necessidades, ou seja, no caso de produtos de

luxo, as emoções e maneira emocional de decisão por parte do consumidor são muito

importantes. (CYPRIANO, 2013).

Entende-se a relatividade do conceito “luxo”, quando um produto que é uma

necessidade para algumas pessoas de classe alta quando comparada a outras. Marcas de luxo

possuem uma imagem que se associa à qualidade e alto preço. Além disso, os proprietários ou

os consumidores são associados à riqueza (URKMEZ, WAGNER, 2015).

FIGURA 1 - POSICIONAMENTO DOS PRODUTOS DE LUXO.

Posicionamento dos produtos

Nível de luxo Produtos

Inacessível Iate

Acessível

Alto

Jóias

Carros de segmento alto

Baixo

Moda

Mobiliário doméstico

Necessidade

Carros de segmentos baixos

Itens de tecnologia

(smartphones, tablets, PCs,

Ultrabooks , Notebooks)

FONTE: URKMEZ E WAGNER, (2015, p.36)

A percepção e a definição do que é luxo se torna cada vez mais contextual, sendo um

conceito extremamente difícil de definir, pois, o que é luxo para uma determinada pessoa ou

até mesmo um grupo social, é algo comum para outra. O capitalismo moderno é alimentado

exatamente pelo consumo de bens de luxo, que não está mais ligado a simplesmente status,

mas, vai além buscando as experiências vividas ao adquirir o luxo (DANZIGER, 2005 apud

NWANKWO; HAMELIN; KHALED, 2014).

O sentido para consumir o luxo divide-se em duas categorias: de um lado as

motivações externas, sociais e interpessoais, que têm como objetivo principal exibir e afirmar

Relatividade

econômica

Relatividade

situacional

Relatividade cultural

Relatividade

temporal

Relatividade

tecnológica

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o status em público e por outro lado as motivações internas, subjetivas e reservadas, que

seriam a auto-percepção do indivíduo em face do consumo do luxo (VIGNERON;

JOHNSON, 1999, 2004; AMATULLI; GUIDO 2011).

QUADRO 1 - FINS PROCURADOS NO USO DE PRODUTOS DE LUXO

Efeitos Percepções

Motivações Comportamento

Interpessoal Valor conspícuo

Valor único

Valor social

Ostentação

Não conformidade

Conformidade

Vebleniano

Esnobe

Bandwagon

Pessoal Valor emocional

Valor de qualidade

Auto atualização

Resseguro

Hedonismo

Perfeccionismo

FONTE: Forma adaptada por Vigneron and Johnson (1999)

Considerando-se o Quadro 1, no primeiro caso observa-se que o luxo é consumido por

ostentação, posicionamento social e acumulação de símbolos de status. Já no segundo caso,

temos um consumo relacionado aos desejos pessoais, busca do prazer, originalidade e

perfeição (AMATULLI; GUIDO, 2011).

Vigneron e Johnson (2004) tentaram detalhar o valor percebido pelo consumidor de

marcas de luxo em cinco dimensões, as primeiras das cinco: conspicuidade, singularidade e

qualidade refletem as percepções não-pessoais, já as outras duas, hedonismo e percepção

estendida refletem as percepções pessoais.

A percepção estendida é quando o consumidor compra com o objetivo de afirmar

prestígio e status. A singularidade faz com que se tenha maior preferência pela marca, pois, a

exclusividade agrega valor. A qualidade é fundamental entendendo que uma marca de luxo

não se sustentaria com produtos de baixa qualidade. Hedonismo refere-se às emoções sentidas

com itens de luxo, como prazer. Por fim a percepção estendida se refere ao significado

simbólico das marcas na vida dos consumidores de luxo (BELK, 1988; SEO, 2015).

O luxo externalizado, onde a compra depende de “outros” e o luxo internalizado

representa o seu estilo pessoal, são motivações opostas que podem coexistir em um único

consumidor (AMATULLI; GUIDO, 2011).

Os grupos sociais são representantes de um traço importante na vida em sociedade. As

escolhas, as preferências podem ser influenciadas pelo grupo social a que pertencem, pois

estes são referências de grande credibilidade, onde o consumo é caracterizado pela forma de

tentar parecer com, ou ser como o grupo expressando valores. Porém, o comportamento de

compra é regido mais pelos atributos do que por influência dos outros (STREHLAU, 2009).

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Marcas de luxo competem com base na capacidade de evocar exclusividade,

identidade de marca, reconhecimento de marca e qualidade percebida na perspectiva do

consumidor (PHAU; PRENDERGAST, 2000; WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN,

2012).

Por outro lado, os bens de luxo são caracterizados por exclusividade, qualidade,

singularidade, auto-expressão e hedonismo além das dimensões que diferenciam o luxo do

não-luxo, relacionando o alto preço que leva a exclusividade e alta qualidade, ser percebido

como indicador de luxo (STRAVINSKIENE; DOVALIENE, 2013).

Para Allérès (2000) vários desses objetos se transmitiam de geração em geração,

representavam o triunfo de sua importância e de seu simbolismo, um produto de luxo que não

necessariamente terá uma marca, mas sim, um conjunto de significados percebidos pelo

consumidor.

Dessa forma para melhor compreender (VIGNERON; JOHNSON, 2004;

WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN, 2012) propuseram que o processo de tomada de

decisão do consumidor pode ser explicado por cinco fatores principais: percepções pessoais,

em termos da percepção do eu estendido, hedonismo percebido e percepções não-pessoais

referentes à percepção de conspicuidade, percepção de singularidade e qualidade percebida

(WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN, 2012).

As características do luxo estão, pois, entrelaçadas e todas as seis dimensões

contribuem para a definição de luxo. Quando um produto não é produzido em grande escala, o

mesmo é entendido como raro pelos consumidores do luxo, e esta raridade faz com que o

preço elevado seja associado à alta qualidade (URKMEZ; WAGNER, 2015).

QUADRO 2 - CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS DE LUXO.

Características Definição Em Prática

Preço

Mais investigados e mais pronunciados

característica de produtos de luxo entre todas as

características (Heine,2011,p.48;Kwan Li,

Monroe, & Chan, 1994,p. 449; Meffert &

Lasslop, 2003, p.5).

Mesmo a Starbucks coffee é luxuosa

para alguém que não é capaz de dar-se

ao luxo de pagar preço duplo em vez de

um preço regular de qualquer outra

loja.

Qualidade

Os consumidores consideram os produtos caros

como de alta qualidade, portanto, é sempre

considerado que os produtos de luxo foram

fabricados com um alto padrão e grande esforço

foi colocado em produção, especialmente se

houver artesanato envolvido (Heine, 2011, p.95;

Nueno & Quelch, 1998, p.65).

O material é o segundo aspecto importante da

questão da qualidade (Jeine, 2011, p.65).

Lange & Söhne relógios de pulso

exigem muito esforço e o artesanato

leva mais de um ano para fabricar um

relógio.

Plástico tem sempre menos qualidade

do que qualquer outro metal na

percepção das pessoas.

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44

Estética

Significa o gosto de consumidores de classe

superior e conecta à relatividade cultural

(Kapferer, 2001, p.322)É um ponto de

diferenciação de produtos de luxo fabricados de

outros fabricantes de mercado de massa(Dubois,

2001, p.13).

Carros de luxo têm sempre desenhos

diferentes

Trabalho de artes caro é o endereço do

gosto dos consumidores de luxo.

Raridade

A raridade é uma característica altamente

desejada pela maioria dos consumidores que se

sentem mais satisfeitos quando usam ou

possuem um item raro e que geralmente

justificam alto pagamento para o item por

motivo de raridade.

Existem dois tipos de raridade: limitado à

produção e a limitação natural

Produção de edição limitada de

empresas

Açafrão é uma especiaria rara da

natureza

Os metais nobres não são facilmente

encontrados na natureza

Extraordinários

Produtos de luxo devem ser diferentes dos itens

comuns. Esta produção extraordinária é

principalmente associada com design ou

construção (Goody, 2006, p.344).

Designers especializados e especialistas

trabalham para as empresas de luxo e

criam alguns itens incomuns para

diferenciá-los dos outros

Simbolismo

Uma distinção clara entre o mercado de massa e

produtos de luxo é entre o funcional e não

funcional . Mortelmans (2005, p.5005 ) and

Heine (2011, p.99) argumentou que a indústria

de luxo é a principal onde o simbolismo tem

mais significado para os consumidores do que a

funcionalidade.

A marca de perfume “Chanel 5” tem

um valor simbólico para as mulheres

(Weifang, 2011).

O comportamento de compra por

impulsos dos passageiros é

determinado pelas influências

aeroportuárias nas condições de

compras por impulso e nas condições

ambientais do varejo no aeroporto

(Omar, 2005).

FONTE: URKMEZ E WAGNER (2015, p. 24)

A percepção do valor do luxo e os motivos de consumo não estão relacionados

simplesmente a exibir status, distinção ou desejo de impressionar, sendo assim importante

sumarizar as dimensões do valor cognitivo e emocional relevantes em um modelo

multidimensional, todavia, que o luxo está em aspectos sociais/individuais como também

funcionais/financeiros (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

Vem surgindo um novo consenso de características desejadas pelo consumidor de luxo

que são beleza, raridade, qualidade e preço, e a competição entre as marcas se dá pela

capacidade de evocar exclusividade, identidade, conscientização e qualidade percebida pelo

consumidor (GODEY et al., 2013).

Podemos observar alguns fatores que proporcionam a conduta guiada do consumidor

de produtos de luxo, como o desejo de se fazer reconhecer em dado meio ou em relação a

certas normas, com símbolos aparentemente significantes; depois temos o resultado da

história de cada individuo que resulta em um conjunto de necessidades especificas e,

pensando em uma dimensão sociológica deve-se entender a sociedade global, com mitos,

regras, valores culturais, as subculturas com quadros de referência e de expressão, e por fim

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os valores pessoais, adquiridos na educação, as atitudes baseadas em signos, símbolos de

poder e figuras de autoridade (STREHLAU, 2009).

Apesar das marcas de luxo cobrarem um preço premium que é um valor superior aos

das ofertas, isso não interfere negativamente para o consumidor já que para o consumidor de

luxo quando ele paga por um preço mais elevado se torna um componente essencial para ter a

garantida de raridade e exclusividade do produto e de quem o usa (VIGNERON; JOHNSON,

2004; SEO, 2015).

A Tabela 1 contém os resultados da análise das unidades lexicais contidas nas

definições expressas por 53 grupos diferentes de 6 países. As percentagens de definições em

que uma determinada unidade léxica é usada para descrever o luxo são medidas com o

objetivo de dar uma estimativa da importância relativa das principais unidades lexicais que

emergiram da definição espontânea de luxo (GODEY et al., 2013).

TABELA 1- ANÁLISE DAS UNIDADES LEXICAIS NAS DEFINIÇÕES ESPONTÂNEAS DE LUXO.

UNIDADES LÉXICAS OCORRÊNCIA

S (%)

(Caro) 36

(Qualidade) 29

(Exclusivo – exclusividade) 24

(Desejo – desejável) 22

(Sonho) – (único, singularidade) – (símbolo, simbólico, simbolizar) – (material) 20

(Excesso) – (satisfazer, satisfação) – (emoção, emocional) 18

(Preço) – (desnecessário) 13

(Imaterial) – (prestígio, prestigiado) – (raro, raridade) – (sofisticado) 11

(Custo) – (superior – superioridade) – (elite – elitista) – (não essencial) – (conforto) 9

(Elegância) – (estético) – (sem utilidade) – (extravagante) – (supérfluo) – (prazer) –

(excepcional)

7

(Democrático) – (conspícuo) – (esnobe) 2

FONTE: GODEY et al. (2013, p. 64).

Os dados da Tabela 1 mostram que o primeiro conceito associado ao luxo é "caro",

seguido de "qualidade", enquanto no terceiro lugar os conceitos correlacionados com

"exclusividade" podem ser observados. Além disso, os entrevistados citam também

"singularidade única" (o luxo como uma dimensão que não pode ter rival), "desejar" e

"sonhar" como elementos-chave para definir o luxo (GODEY et al., 2013).

Consumidores que participaram identificaram qualidade e desempenho como critérios

essenciais para representar os motivos mais citados de compra. A obtenção relativa de valor

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social e simbólico representa as recentes mudanças dos consumidores neste mercado em

particular (LI; ROBSON; COATES, 2013).

A construção da marca foi um tema comum em todas as empresas de luxo e aquelas

que tinham um posicionamento de marca mais forte se mostravam mais competitivas do que

as empresas que tinham como prioridade os produtos e serviços em relação a marca (SEO,

2015; OKONKWO, 2009). Isso é particularmente importante para a indústria de luxo, porque

nas decisões de compra seus consumidores são motivados por necessidades sociais e

psicológicas, como o aumento da auto-estima ou da estima social (NIA; ZAICHKOWSKY,

2000; SEO, 2015).

2.2 MODELO CONCEITUAL DOS VALORES DO LUXO

A complexidade do valor de luxo é impulsionada por considerações financeiras,

funcionais, individual e sociais que influenciam significativamente o consumo de luxo em

termos de intenção de compra, comportamento de recomendação e disposição para pagar um

prêmio de preço (HENNINGS; WIEDMANN, 2015).

As marcas de luxo possuem vários significados e valores como exclusividade, auto-

identificação, e hedonismo que levam à distinção, que é o desejo de diferenciar-se dos demais.

Alguns produtos por serem únicos e raros são considerados de luxo mesmo não estando

vinculada a nenhuma marca já a marca de luxo personifica os sonhos e desejos do consumidor

que estão agregados a seus valores (CYPRIANO, 2013).

Em um estudo sobre as variáveis que influenciam a percepção de valor dos jovens

consumidores que consomem marcas de luxo, foram identificadas as seguintes variáveis:

autoconceito, conformidade social, status, materialismo, consciência de marca, vaidade,

prazer em comprar e autoestima. A primeira variável auto-conceito, foi aquela que apresentou

a maior influência, sendo que essa variável foi formada pela identidade da marca de luxo

(MIRANDA, 2015).

As necessidades de relacionamentos interpessoais, a necessidade de status, a

necessidade de conformidade com os grupos e a necessidade de filiação em grupo podem ser

satisfeitas pelos consumidores alcançando a conformidade social com os grupos de referência

(SCHALKWYK, 2014; MIRANDA 2015).

Marcas de luxo estão associadas a status, riqueza, melhoria de ego e realização,

podendo ser utilizada como uma forma de se comunicar aos outros ou a si mesmo sobre sua

posição elevada, realização e até mesmo a perfeição (MIRANDA 2015).

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Existem diversos valores que auxiliam a compreender a expansão do mercado de

marcas de luxo. Entre esses itens, além de outros, estão a busca por status, além do prestígio e

do materialismo em conjunto com valores como a distinção, os quais estão relacionados com

uma necessidade pessoal (CYPRIANO, 2013).

Wiedmann, Hennigs e Siebels (2007) desenvolvem um modelo conceitual: são valores

fornecidos pela marca para reforçar ou desenvolver a identidade do consumidor de luxo, que

são valor financeiro, funcional, individual e social. Os aspectos sensoriais, gratificação, beleza

estética ou emoção, são admiradas pelos consumidores (VIGNERON; JOHNSON, 2004;

CHOI et al., 2011; KIM; CYPRIANO, 2013; LUNDÉN; MODIG, 2015).

O modelo conceitual dos valores do Luxo é representado na Figura 2.

FIGURA 2 - O MODELO CONCEITUAL.

Construções Variáveis Latentes Variáveis Latentes

Antecedentes de Primeira Ordem de Segunda Ordem

FONTE: WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS (2007, p.18)

A dimensão financeira aborda aspectos monetários diretos, como preço, custo de

revenda, desconto e investimento, e refere-se ao valor de um produto (por exemplo, expresso

em dólares, euros ou ienes) e o que os consumidores sacrificarão para obter tal produto. A

Valor de Preço

Valor de

Usabilidade

Valor de

Qualidade

Valor de

Singularidade

Valor de

Identidade

Própria

Valor Hedônico

Valor de

Materialismo

Valor de

Conspicuidade

Valor de

Prestígio

Valor

Financeiro

Valor de Luxo

Valor Social

Valor

Individual

Valor

Funcional

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dimensão funcional refere-se aos principais benefícios do produto e utilidades básicas, como

qualidade, singularidade, usabilidade, confiabilidade e durabilidade. A dimensão individual

centra-se na orientação pessoal de um cliente para consumo de luxo e aborda questões

pessoais, como materialismo, hedonismo e auto-identidade. Por fim, a dimensão social refere-

se à utilidade percebida que os indivíduos adquirem de produtos ou serviços reconhecidos

dentro de seu (s) próprio (s) grupo (s) social (is), com a visibilidade e o valor de prestígio, o

que pode afetar significativamente a avaliação e a propensão para comprar ou consumir

marcas de luxo. Embora essas dimensões de valor funcionem de forma independente, elas

interagem entre si e possuem vários graus de influência sobre percepções e comportamentos

de valores individuais que podem ser usados para identificar e segmentar diferentes tipos de

consumidores de luxo (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2007; WIEDMANN;

HENNINGS; KLARMANN 2012).

As dimensões de valor financeiro, funcional, individual e social ajudam nas estratégias

de profissionais de marketing a trabalhar as necessidades emocionais diferenciando os

segmentos de consumidores, sendo muito relevante quando se deseja um bom posicionamento

de mercado aumentando o sucesso das estratégias (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS,

2012).

Qualidade e preço sempre foram a principal ferramenta de estudo em pesquisas

anteriores, não existindo uma convergência sobre a conceituação e operacionalização da

construção do valor do consumidor. Zeithaml (1988) e Sukla (2012) descrevem que, além da

transação, troca e aquisição, o consumo está estritamente ligado a resultados sociais e pessoais

refletindo as dimensões instrumentais e expressivas da teoria da gestão de impressões

provendo uma imagem coerente.

2.2.1 Valor Financeiro

A dimensão financeira refere-se ao valor a ser pago pela alta qualidade, pelo status,

onde alguns produtos são mais desejados pelo fato de ser de um preço mais elevado, o que

atua na percepção dos consumidores aumentando a singularidade do consumidor e da marca

(LUNDÉN; MODIG, 2015).

A dimensão financeira é a capacidade de compreender que o consumidor de luxo por

vezes está disposto a pagar um preço mais elevado, um preço Premium, por um produto que

seja de marca mesmo entendendo que exista outro produto com a mesma funcionalidade e

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com preço inferior, essa disposição faz com que o consumidor de luxo tenha status

(CYPRIANO, 2013).

O valor financeiro visto com os elevados preços das marcas de luxo pode tornar

produtos ou serviços mais desejáveis, e faz-se mister perceber que a consciência de valor é

uma preocupação em relação à qualidade recebida, podendo impactar no comportamento do

consumidor (WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN, 2012).

Na percepção financeira da marca, os consumidores associam a exclusividade e a

raridade dos produtos, pontos que fazem aumentar o desejo por estes (HENNINGS;

WIEDMANN; BEHRENS et al., 2013).

No mercado de luxo o valor muitas vezes é determinado com base na percepção do

consumidor, um preço elevado se torna atrativo, gerando uma maior dificuldade de acesso,

uma comunicação tênue, uma propaganda mais emocional com menos ênfase para as vendas.

A raridade natural que era encontrada na matéria prima escassa, na mão de obra limitada

passa a ser uma exclusividade criada pelos seres humanos para atender as necessidades do

mercado de luxo (CYPRIANO, 2013).

2.2.1.1 Valor Preço

O valor do preço - relacionado à dimensão financeira - aborda os aspectos monetários

diretos. Um produto ou serviço não é considerado de luxo simplesmente por ser caro, mas o

valor elevado pode ser sinal de exclusividade. O preço sugere uma qualidade elevada e/ou alto

status podendo tornar alguns produtos ou serviços mais desejáveis (KLARMANN;

WIEDMANN; HENNIGS, 2013), não necessariamente um produto ou serviço caros são

sinônimos de bem de luxo (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012). Outros usam como

um indicador substituto de prestígio, podendo tornar alguns produtos mais desejáveis quando

se tem alta qualidade e ou alto prestígio (MCCARTHY; PERREAULT, 1987 apud

WIEDMANN; HENNINGS; SIEBELS, 2007).

2.2.2 Valor Funcional

Percepções de valor funcional vêm da percepção dos propósitos funcionais, utilitários

ou físicos (SHETH et al., 1991, SMITH; COLGATE, 2007; SUKLA, 2012). Pois, além das

percepções de valor social e individual o consumidor de produtos de luxo também quer que o

produto tenha boa qualidade, e seja utilizável.

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A dimensão funcional é quando o produto cumpre o papel de executar o que foi

prometido, funciona direito e tem uma duração maior, consumidores têm desejos pelo único,

exclusivo (FENNEL, 1978 apud LUNDÉN; MODIG, 2015).

A dimensão funcional enfatiza a utilidade, pois quando o consumidor de luxo busca

um produto de valor mais elevado ele está confiando na qualidade, exclusividade, acreditando

em uma maior durabilidade daquele produto a ser adquirido (CYPRIANO, 2013).

Dentre todos os atributos que definem o luxo, destaca-se a superioridade que se refere

à qualidade, funcionalidade e execução em um nível superior. O valor percebido está

relacionado com a qualidade, com o artesanato e desempenho visando que a qualidade do

produto que está representando uma dimensão de função, tem maior impacto na intenção de

compra do que equivalentes sociais e simbólicos, permitindo aumentos de preços que os

consumidores estão dispostos a pagar (LI; ROBSON; COATES, 2013).

Muitos estudos apontam que além do preço quando se consome produto de luxo

acredita-se em uma qualidade superior dentre outros benefícios como confiabilidade,

excelente qualidade, singularidade, usabilidade e durabilidade (SHETH; NEWMANN,

GROSS 1991; WIEDMANN et al., 2007; HENNINGS; WIEDMANN, 2015).

No valor funcional, os consumidores de luxo percebem qualidade superior acreditando

que serão supridas suas necessidades, podendo assim, com esta associação agregar mais valor

aos produtos (WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN, 2012).

Em termos de valor funcional, os consumidores estão preocupados com os recursos do

nível real de um produto (ou seja, produto real sendo observado em três níveis na teoria do

produto), em termos de marca, qualidade do produto e durabilidade. As falsificações de

produtos de luxo não são bem vistas entre os consumidores, pois muitos não querem ser

associados como alguém que compra produtos falsos (LIM; TING; KHOO, 2012).

2.2.2.1 Valor Usabilidade

O valor usabilidade se relaciona à função que se propõe. O conceito usabilidade é

analisado pelas dimensões físico, químico e técnico, os consumidores esperam que ao

consumir um produto de luxo ele satisfaça suas expectativas como o prometido. É preciso

compreender que a usabilidade precisa ser diferenciada a depender do objetivo individual e do

propósito específico de cada consumidor, em termos de facilidade de uso (WIEDMANN;

HENNIGS; SIEBELS, 2007; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012; KLARMANN;

WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

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51

Ao entender que todo produto tem sua função especifica, quando se consome luxo,

espera-se que ele tenha uma boa qualidade, seja utilizável e que satisfaça o desejo de se

diferenciar. As percepções de valor funcional são influenciadas pela usabilidade do produto

(CHATTALAS; SUKLA, 2015).

2.2.2.2 Valor Qualidade

Na percepção funcional, a qualidade superior é essencial para marcas de luxo

juntamente com o desempenho melhor em comparação aos produtos não luxuosos (O’CASS;

FROST, 2002, VIGNERON; JOHNSON, 2004; HENNIGS; WIEDMANN; BEHRENS;

KLARMENN, 2013). Relaciona-se à capacidade que um produto de luxo tem para realizar

seus objetivos funcionais, utilitários ou físicos, entendendo que os consumidores esperam por

garantia e qualidade superiores às dos demais produtos, esperam também que o produto de

luxo seja utilizável, de boa qualidade e único o suficiente para satisfazer o desejo de se

diferenciar (SHUKLA, 2012).

No valor qualidade, subentende-se que marcas de luxo oferecem maior qualidade do

que as marcas de não-luxo, pelo reflexo da qualidade superior que está intrinsecamente ligada

à marca (AAKER, 1991, WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2007; VIGNERON;

JOHNSON, 2004; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

Em se tratando de luxo, está relacionado à fabricação em pequena escala, feito a mão,

oferecendo melhor desempenho e qualidade aos produtos de marcas luxuosas. A literatura

acerca do consumo de luxo por vezes enfatiza a qualidade, visando garantir a percepção do

valor do luxo (KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

2.2.2.3 Valor Singularidade

O valor singularidade está ligado ao fato dos produtos de luxo serem produzido em

pequenas quantidades, com isso instigando o desejo e preferência do consumidor, onde

somente uma pequena parcela dos clientes tem acesso tornando-os assim consumidores de

diferenciação e exclusividade (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012; KLARMANN;

WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

Em seus estudos WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS (2012) e WIEDMANN;

HENNIGS; SIEBELS (2007) indicam que a exclusividade percebida e a raridade de um

produto limitado aumentam o desejo dos consumidores de produtos de luxo. Além disso, esse

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desejo aumenta mesmo quando a marca também é percebida como cara (VERHALLEN;

ROBBEN, 1994), que está diretamente ligada à avaliação financeira, onde um produto é

considerado de luxo por não ser acessível a todos, do contrário não seria luxo.

Wiedmann et al., (2007) propõem que a necessidade de um indivíduo desempenha um

papel fundamental no consumo de produtos de luxo. Da mesma forma, Shukla (2012)

argumenta que à medida que a singularidade percebida de um produto aumenta, o valor do

produto também aumenta, levando a melhorar a posição de um indivíduo na hierarquia social.

2.2.3 Valor Individual

As percepções de valor individual estão ligadas ao consumo realizado para satisfação

do eu, que se relaciona com a gestão de impressões, onde consumidores estão cada vez mais

direcionados a consumir luxo pelos benefícios simbólicos, pela satisfação pessoal, ao invés de

agradar as expectativas externas (SUKLA, 2012).

A dimensão individual entende que o consumidor é motivado por valores internos e

que a auto-realização é um traço que explica esta motivação. O consumidor agrega a sua

identidade o materialismo, o hedonismo, a satisfação dos desejos e a auto-identificação e com

isso gera uma motivação interna que reflete metas de auto-realização (CYPRIANO, 2013).

Na dimensão individual são abordados assuntos como materialismo, hedonismo e

autoconceito, auto-identidade, que refere se à forma de como o indivíduo se percebe. Ao

consumir marcas de luxo, ficou confirmado que os consumidores agregam um significado

simbólico em sua própria identidade (KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

Quando se fala de valor individual, o desejo pela gratificação sensorial é o principal

combustível do consumo do luxo. Entendendo que marcas de luxo despertam estados afetivos

provindos de recompensas pessoais, o consumo está ligado ao retrato das impressões de como

se percebem status ou posição social (WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN, 2012),

referente às experiências, sentimentos, e emoções que uma marca ou produto transmite ao seu

consumidor (SHETH et al., 1991, SWEENEY; SOUTAR, 2001; WIEDMANN; BEHRENS;

KLARMANN et al.,2014). O valor percebido do luxo é um dos principais itens do valor

individual (HENNINGS; WIEDMANN, 2015).

As percepções de valor individual tratam do consumo que está direcionado para a

satisfação pessoal relacionando-se com a dimensão expressiva do gerenciamento de

impressões. Existe um número crescente de consumidores que estão consumindo marcas de

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53

luxo na busca por benefícios simbólicos, no prazer dirigido ao consumo, na gratificação

hedonista e na autoconsciência, e não em satisfazer as expectativas dos outros (SHUKLA,

2012). Com apoio empírico de (WIEDMANN et al., 2007) entende-se que o consumo de luxo

vem sendo cada dia mais direcionado à auto-realização do que comprar com objetivo de

impressionar os outros.

Na dimensão individual o consumo de luxo é usado na construção da sua imagem, da

sua identidade, interagindo a identidade da marca com a do consumidor (VIGNERON;

JOHNSON, 2004; LUDÉN; MODIG, 2015).

Pesquisadores como Vigneron e Johnson (2004; WONG; AHUVIA, 1998;

WIEDMANN et al., 2007), entre outros, argumentam que as percepções de valor pessoal dos

consumidores constituem um segmento não negligenciável, exigindo muito mais estudos.

2.2.3.1 Valor Identidade Própria

Valor de autoidentidade refere-se a autopercepção, onde o uso do produto ou serviço

de luxo é utilizado de forma a compor de modo significativo e simbólico a própria identidade

(VIGNERON; JOHNSON, 2004; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012), em contraste

com a faceta externa que refere-se ao social, sendo amplamente aceito na teoria do

comportamento do consumidor onde a conexão da auto-imagem modera a relação entre a

auto-imagem e a imagem de um produto ou serviço (BELK, 1988; WIEDMANN; HENNIGS;

SIEBELS, 2007).

Ao comprar e consumir marcas de luxo são realçadas características da identidade e da

personalidade dos consumidores (SUNG, 2016).

2.2.3.2 Valor Hedônico

O valor hedônico lida com emoções referindo-se a recompensas de quando se adquire

um produto de luxo. É a sensação, o sentimento de adquirir, excitação ou prazer sensorial

(WIEDMANN et al., 2007; LUDÉN; MODIG, 2015).

Refere-se à utilidade subjetiva e às emoções adquiridas a partir da compra e/ou

consumo de uma marca de luxo, entendendo que alguns produtos têm um valor emocional

além da utilidade funcional, onde uma marca de luxo pode despertar sentimentos e estados

afetivos (HIRSCHMAN; HOLBROOK, 1982, SHETH et al., 1991, WESTBROOK;

OLIVER, 1991; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2007).

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54

O valor hedônico está ligado ao valor emocional proporcionando outros prazeres além

da utilidade funcional. Na pesquisa sobre conceito de luxo identificou-se respostas associadas

ao prazer sensorial e gratificação, à beleza estética ou à excitação (KLARMANN;

WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

O valor hedônico associado a bens materiais, quando o argumento principal de

motivação para se consumir marcas de luxo é auto-indulgência ou auto-prazer, é uma relação

de utilidade funcional onde os consumidores sentem orgulho e realização (KEMP, 1998 apud

SUNG, 2016).

O valor hedonístico também está intrinsecamente ligado às expressões do eu interno e

privado, estes consumidores estão direcionados a aspectos de valor auto-dirigido e do

enriquecimento da vida de acordo com suas percepções mais importantes (WIEDMANN et

al., 2009; SHUKLA, 2012).

O valor hedonista satisfaz o eu interno, quando o consumidor está direcionado a

considerar aspectos de valor do prazer e realização pessoal (WIEDMAN et al., 2009;

SUKLA, 2012).

Além da utilidade funcional, os produtos ou serviços de luxo fornecem um valor

emocional provendo benefícios intangíveis como prazer sensorial, beleza, estética e emoção

(VIGNERON; JOHNSON, 2004). Esta utilidade subjetiva adquirida na compra e consumo

desperta sentimentos e estados afetivos recebidos de recompensas e satisfações pessoais

(SHETH; NEWMAN; GROSS, 1991; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

Em termos de valor emocional, no ato da compra, os consumidores sentem o prazer de

possuir produtos de luxo, em que a beleza estética é evidente para outros consumidores, e

assim, isso lhes confere confiança para se misturar na sociedade. Conseqüentemente,

sentimentos agradáveis e gratificantes oferecidos por produtos de luxo, criam uma experiência

gratificante e emocionalmente satisfatória para seus consumidores (LIM; TING; KHOO,

2012).

2.2.3.3 Valor Materialismo

O materialismo é o grau onde os bens consumidos ou adquiridos passam a ter valor

central na vida do indivíduo. Quanto mais materialista for o indivíduo, mais propenso a ter

atitudes positivas a novas aquisições (BELK, 1985; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS,

2007).

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55

O valor materialista é quando o indivíduo deseja sempre possuir mais e as posses

desempenham um papel fundamental na vida do indivíduo, sendo a extensão do próprio

consumidor (BELK, 1985; LUDÉN; MODIG, 2015).

O valor materialista está ligado a atitudes para o consumo de bens, onde as posses se

tornam uma fonte ou sinal de comunicação para os outros como uma forma de identificar

status ou posição. A dimensão social refere-se a aspectos de consumo de status e orientação

de prestígio (KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013) partindo do princípio onde os

bens materiais tomam um papel de prioridade na vida do indivíduo tendo atitudes favoráveis à

aquisição de bens materiais, estes tendem a dedicar grande parte do seu tempo em atividades

relacionadas ao consumo de bens (BELK, 1985; WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

2.2.4 Valor Social

A dimensão social nasce do desejo de impressionar os outros, existindo nesse caso

uma motivação de exibir o luxo, as marcas, dando assim uma amostra de prosperidade

acreditando que com esta visibilidade se tenha o reconhecimento dentro de um grupo social e

se eleve o status (CYPRIANO, 2013).

Nas percepções de valor social, o consumo parte do princípio do significado que os

produtos de luxo carregam. O consumo está associado a normas sociais, onde o que move este

perfil de consumidor é o desejo de obter status, prestígio social com a posse destes bens, estas

atitudes são fortemente encontradas em culturas individualistas (CHATTALAS; SUKLA,

2015).

O consumo visa corresponder aos padrões do indivíduo perante padrões sociais, o

desejo de pertencer a um grupo, onde se entende também que produto adquirido em público

tem mais valor sensorial do que os comprados em particular (WIEDMANN et al., 2007;

LUDÉN; MODIG, 2015).

Está ligado ao desejo individual pelo consumo do luxo como um símbolo de riqueza

de um estilo de vida ou para distinguir afluentes dos não-afluentes, estando sempre ligados

aos valores do luxo como status social, vislumbre e prestígio (SIRGY, 1982; BELK, 1988;

HENNINGS; WIEDMANN, 2015).

O valor social está fortemente ligado à maneira em que o consumidor de marcas de

luxo gerencia as impressões, de forma a atender as expectativas e pressões impostas pelos

grupos de referência demográfico, sócio-econômico e cultural-étnicos (SHUKLA, 2011).

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56

Entendendo que a percepção individual é influenciada por fatores financeiros,

funcionais e sociais, ainda assim, o valor social é o que mais tem relevância para influenciar a

percepção do consumidor de luxo (HENNIGS et al., 2013).

Para o valor social, o consumo e o uso em um grupo são fundamentais para

desempenhar o papel significativo dos produtos ou serviços de luxo, já que aqui o consumo

esta focado em impressionar os outros (WIEDMANN; HENNINGS; KLARMANN, 2012).

Pesquisas recentes destacam a importância do consumo de luxo hedônico, além do consumo

de luxo orientado para o status (HENNIGS et al., 2015).

Na percepção social da marca, os consumidores buscam o reconhecimento dos

produtos ou serviços em meio ao grupo social ao qual pertencem. O consumo é utilizado para

demonstrar o estilo de vida (HENNIGS et al., 2013), relacionando-se diretamente com o

aspecto instrumental do gerenciamento de impressões, estando sujeito a pressões das normas

sociais e das expectativas das regras institucionais sociais como as que decorrem dos grupos

de referência para o comportamento de compra do luxo (SHUKLA, 2012).

A consciência é essencial para que os consumidores tenham a aprovação ou aceitação

em seus grupos de referência buscando o reconhecimento. Em consequência a este fato, a

aparência de um produto pode permitir que os membros do grupo de referência opinem de

forma positiva ou negativa (O’CASS; MCEWEN, 2004).

O valor simbólico se destaca da análise sugerindo que as marcas demonstrem que são

notáveis e caras para se adquirir e são principalmente orientados para um relativo rico, esses

atributos isoladamente têm apenas um impacto na intenção de compra e na disposição do

cliente por pagar mais. Representa também a disposição dos consumidores a pagar mais caro

para ter como “prêmio”, a exposição externa da sua riqueza. Esse sentimento em muitas

situações é análogo aos sentimentos internos de diversão e hedônicos (LI; ROBSON;

COATES, 2013).

O papel do valor simbólico não pode ser ignorado pelos comerciantes, dada a sua

contribuição para aumentar a atitude do consumidor e, portanto, indiretamente, a intenção de

compra (LI; ROBSON; COATES, 2013).

2.2.4.1 Valor Conspicuidade

O valor conspícuo está vinculado à busca individual do status social e da

representação, entendendo que quando os bens são usados em público, contribui para a

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modelagem das preferências diferentemente dos bens de luxo usados em particular

(KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

Este valor está relacionado ao consumo de luxo em público, o que favorece muito os

produtos e serviços que se tornam foco do desejo por ser adquirido ou consumido em público

(VIGNERON; JOHNSON, 2004). Para indivíduos que buscam status social e representação,

estas marcas têm um papel fundamental (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

O valor conspícuo está relacionado à construção da presença social, do consumo e

exibição da riqueza em um contexto público, desempenhando um papel significativo na

definição das preferências dos consumidores (VIGNERON; JOHNSON, 2004; WIEDMANN

et al., 2009; SHUKLA, 2012).

Características como estilo único, equilíbrio de preço, qualidade e ou acessibilidade

limitada caracterizam a reputação dos consumidores de bens ou serviços de luxo, que podem

contribuir para moldar a identidade social do proprietário pela individualidade ou pelo mundo

externo; um exemplo é a bolsa de luxo que pode ser um símbolo significativo do seu poder e

status econômico (AHMAD et al., 2012).

Os indivíduos, na busca por distinção, direcionam seus gastos em produtos que podem

tornar claros a exibição do sucesso e do status, onde os indivíduos tidos como referência para

os padrões de qualidade acabam por influenciar socialmente a demanda por determinados

produtos (O’CASS; MCEWEN, 2004).

O valor conspícuo atua igualmente no propósito de inflar o ego, juntamente com a

exibição da riqueza de forma ostentatória. Foi argumentado que a teoria de Veblen do

consumo conspícuo baseia-se na premissa de que, aqueles que colocam a riqueza em

evidência, são recompensados com tratamento preferencial por contatos sociais, onde por

vezes, busca-se aumentar o prestígio da sociedade através de demonstrações públicas

comunicando riqueza e status aos outros (O’CASS; MCEWEN, 2004).

O estudo de Wiedmann, Hennigs e Siebels (2007) revelou que um produto é

positivamente relacionado à forma com que ele é observado no grupo de referência, desta

forma produtos comprados e consumidos em público tendem a ter uma grande influência na

preferência dos consumidores de luxo, e uma marca pode desempenhar um papel importante

no consumo conspícuo.

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58

2.2.4.2 Valor Prestígio

O valor prestígio está intimamente relacionado às redes sociais, onde a opinião é

formada pelo grupo de referência. A construção da imagem é determinada pelo que é

consumido, onde o consumir passa a ser o mesmo que pertencer a determinados padrões de

um grupo (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012). O desejo de possuir marcas de luxo

está ligado à questão dos valores de prestígio, referenciamento social e à construção de auto-

identidade que são pontos determinantes para o consumo de luxo (WIEDMANN; HENNIGS;

SIEBELS, 2007).

No valor de prestígio, os bens possuídos têm o efeito de influenciar ou distinguir

estilos de vida afluentes ou não-afluentes. Onde as posses terão papel fundamental para a

adesão de um indivíduo ao grupo (KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

O valor status está ligado a ganhar prestígio pelo consumo de produtos repletos de

status (SUKLA, 2012). O status leva o consumidor a querer pagar por preços bem elevados,

usando os símbolos e mensagens derivados das marcas e produtos de luxo, sendo usados para

incentivar positivamente os consumidores a pagar mais em relação a outros produtos (LI;

ROBSON; COATES, 2013).

Os gerentes devem associar-se a mensagens carregadas de valor status que enfatizam o

desejo dos consumidores pelo prestígio, principalmente em mercados emergentes, tendo

assim a oportunidade de padronizar campanhas. Já o valor individual proporciona a localizar a

melhor estratégia. O efeito do materialismo combinado com o valor status pode trazer

benefícios significativos nas campanhas (KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

O consumo de status está relacionado ao consumo ou compra de marcas ou produtos

de luxo em ambiente social, podendo sofrer influência do comportamento dos membros do

grupo de referência que se identificam por identidade ou interesses em comum, através da

compra ou uso de produtos de marcas de luxo, visando aumentar o status de uma pessoa ou

até mesmo adaptar o comportamento de alguém para se encaixar ao status desejado (O’CASS;

MCEWEN, 2004).

A influência do grupo de referência parece ser particularmente importante para a

relação entre o consumo de status e o consumo conspícuo, já que ambos parecem afetados

pela propensão de um indivíduo à influência interpessoal (O’CASS; MCEWEN, 2004). A

aquisição de bens materiais é uma das medidas mais fortes de sucesso e conquista social.

Embora a noção de status resida no consumo, não é claro se esse consumo deve ser conspícuo

(O’CASS; MCEWEN, 2004).

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Os membros do grupo social aceitam determinado estilo de vida e estão a todo tempo

tentando se igualar ou superar outrem, tendo em vista que o status é dado pelos outros, e para

que a posição seja estabelecida é necessária uma amostra de prosperidade podendo ser por

dispêndio de enorme tempo em atividades de lazer ou dispêndio sem controle em produtos e

serviços (CYPRIANO, 2013).

O consumo de status vem sendo relacionado com a questão de ganhar prestígio pelo

consumo de produtos de marcas, que por sua vez, traz consigo uma carga de status de luxo,

porém, o consumo conspícuo diz respeito ao consumo exagerado e à exibição visual em um

meio social, e não a um consumidor que adquire e/ou usa um produto de marca de luxo sem a

intenção de promover sua posição social. Desta forma, a diferença se encontra na natureza do

consumidor que visa demonstrar publicamente seus bens com carga de status, contrastando

com consumo conspícuo que se concentra em colocar a riqueza ou a posição em evidência

pelo que as posses representam e da importância teórica desta diferença, além do fato de que

diferentes escalas podem medir o consumo de status e o consumo conspícuo, parece ser

camuflado por uma série de definições variadas (O’CASS; MCEWEN, 2004).

Por fim, em termos de valores sociais, os consumidores compram e consomem

produtos de luxo como uma forma de aprimoramento de poder e desempenho de status (LIM;

TING; KHOO, 2012).

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60

3 MODELO HIPOTÉTICO

O modelo hipotético dessa pesquisa considera o modelo de percepção do valor de luxo

proposto por Weidmann; Hennings; Siebels (2007) (ver Figura 3). Além disso, apresenta-se

como consequências do valor percebido do luxo, a intenção de comprar produtos e serviços de

luxo, bem como a propensão em pagar mais caro por esses produtos e serviços. Essas relações

que apresentam o comportamento do consumidor foram descritas no referencial teórico.

O modelo hipotético é representado na Figura 3.

FIGURA 3 - MODELO HIPOTÉTICO DA PESQUISA.

FONTE: Elaborado pelo autor.

H1 – O Valor Financeiro influencia significativamente e positivamente a Intenção em

Comprar produtos e serviços de luxo.

H2 – O Valor Financeiro influencia significativamente e positivamente a Propensão em Pagar

Mais Caro por produtos e serviços de luxo.

Valor Financeiro

Valor Funcional

Valor Social

Valor Individual

Intenção em

Comprar

Propensão a Pagar

Mais Caro

H1

H2

H3

H4

H5

H6

H7

H8

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H3 – O Valor Funcional influencia significativamente e positivamente a Intenção em

Comprar produtos e serviços de luxo.

H4 – O Valor Funcional influencia significativamente e positivamente a Propensão em Pagar

Mais Caro por produtos e serviços de luxo.

H5 – O Valor Social influencia significativamente e positivamente a Intenção em Comprar

produtos e serviços de luxo.

H6 – O Valor Social influencia significativamente e positivamente a Propensão em Pagar

Mais Caro por produtos e serviços de luxo.

H7 – O Valor Individual influencia significativamente e positivamente a Intenção em

Comprar produtos e serviços de luxo.

H8 – O Valor Individual influencia significativamente e positivamente a Propensão em Pagar

Mais Caro por produtos e serviços de luxo.

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62

4 METODOLOGIA

O presente estudo fundamenta-se em caráter descritivo que busca descrever situações a

partir de dados primários, obtidos originariamente por meio de questionários e formulários

eletrônicos, relacionando e confirmando as hipóteses descritas no modelo da pesquisa. Uma

de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta

de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. O estudo descritivo vai

examinar por meio de uma análise quantitativa as relações de consumo a partir de uma

amostra (BARROS; SAMARA, 1997). A pesquisa descritiva expõe características de

determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações

entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que

descreve, embora sirva para tal explicação (VERGARA, 1997).

A pesquisa quantitativa busca comparar as informações obtidas para um mesmo

conjunto de unidades observáveis, o ponto fundamental da pesquisa quantitativa é que tais

unidades sejam comparáveis (TORINI et al., 2016). O segundo aspecto importante relaciona-

se com os seus objetivos. Em geral, os estudos quantitativos permitem lidar com predição

(inferência estatística) e buscar identificar regularidades (perfil e tendências). Destaca-se,

ainda, a vantagem de ser possível formular generalizações a respeito de uma população a

partir de uma amostra probabilística. A análise de dados quantitativos permite um controle

maior dos seus achados, pois se baseia em procedimentos estatísticos. Essas características

contribuem para que seja possível a realização de um teste de hipóteses de modo mais

conclusivo (TORINI et al., 2016).

O instrumento de coleta de dados foi composto pelas questões descritas no modelo de

"percepção do valor de luxo" de Wiedmann, Hennings e Siebels (2007). O instrumento de

coleta, ou seja, o questionário foi construído a partir dos estudos de Weidmann, Hennings e

Siebels (2007), além de outros autores que também pesquisaram a percepção do valor de luxo

e suas conseqüências comportamentais.

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QUADRO 3 - INDICADORES UTILIZADOS NA PESQUISA.

Indicadores Variáveis

Latentes Autores

Refere-se aos aspectos financeiros e de custo para

o consumidor dos produtos de luxo. Valor financeiro

Hennings et al. (2015); Hennings

et al. (2013); Weidmann et al.

(2014); Weidmann, Hennings e

Siebels (2009); Hennings et al.

(2012)

Refere-se aos principais benefícios do produto e

utilidades básicas, como qualidade, singularidade,

fabricação e afins.

Valor funcional

Chattalas e Sukla (2015);

Hennings et al. (2015); Hennings

et al. (2013); Sukla (2012);

Weidmann et al. (2014);

Weidmann, Hennings e Siebels

(2009); Hennings et al. (2012);

Li, Robson, Coates (2013)

Refere-se à utilidade percebida que os indivíduos

adquirem de produtos ou serviços reconhecidos

dentro de seus grupos sociais.

Valor social

Chattalas e Sukla (2015);

Hennings et al. (2015); Hennings

et al. (2013); Sukla (2012);

Weidmann et al. (2014);

Weidmann, Hennings e Siebels

(2009); Hennings et al. (2012);

Li, Robson, Coates (2013)

Refere-se à orientação pessoal de um cliente para

consumo de luxo e aborda questões pessoais,

como materialismo, hedonismo e autoidentidade.

Valor individual

Chattalas e Sukla (2015);

Hennings et al. (2015); Sukla

(2012); Weidmann et al. (2014);

Weidmann, Hennings e Siebels

(2009); Hennings et al. (2012)

Procuram identificar o comportamento futuro dos

consumidores considerando a compra de roupas

de luxo.

Intenção em

comprar roupas

de luxo

Hennings et al. (2015); Li,

Robson, Coates (2013); Lima,

Moura e Souki (2015); Moura et

al. (2012).

Procuram identificar o comportamento futuro dos

consumidores considerando o fato de gastarem

mais recursos financeiros para a compra de

roupas de luxo.

Pagar a mais por

roupas de luxo

Cassidy e Wymer, (2016); Dutta

et al. (2014); Hennings et al.

(2015); Li, Robson, Coates

(2013)

FONTE: Elaborado pelo autor.

O construto Valor Financeiro é reflexo dos itens a seguir:

As marcas de luxo possuem preços altos.

Considerando o preço cobrado vale a pena comprar marcas de luxo

As marcas de luxo oferecem valor para os consumidores, considerando o custo para

comprá-las.

Considerando-se o preço cobrado, as marcas de luxo representam bons

produtos/serviços.

As marcas de luxo são sempre caras.

O construto Valor Funcional é reflexo dos itens a seguir:

Os produtos e serviços de marcas de luxo são de alta qualidade.

Os produtos/serviços de marcas de luxo são bem fabricados/executados.

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Os produtos e serviços de marcas de luxo são feitos de forma artesanal pelos

trabalhadores e não são produtos de massa.

Os produtos e serviços de marcas de luxo, possuem um excelente desempenho.

O construto Valor Social é reflexo dos itens a seguir:

Usar marcas de luxo melhora a maneira como eu sou percebido pelas outras pessoas.

Usar marcas de luxo fazem com que eu me sinta mais aceito pelas outras pessoas.

As marcas de luxo causam uma boa impressão em outras pessoas.

O fato de eu usar marcas de luxo gera uma aprovação social pelas outras pessoas.

O construto Valor Individual é reflexo dos itens a seguir:

As marcas de luxo me fazem sentir bem.

As marcas de luxo me dão prazer.

Eu ficaria mais feliz se pudesse comprar mais marcas de luxo.

A minha escolha pelas marcas de luxo se reflete em como eu me vejo.

O construto Intenção em Comprar é reflexo dos itens a seguir:

Eu estou disposto a comprar produtos e serviços de marcas de luxo.

Tenho grande intenção de comprar produtos e serviços de marcas de luxo.

Tenho uma forte possibilidade de comprar produtos e serviços de marcas de luxo.

O construto Intenção em Pagar a Mais é reflexo dos itens a seguir:

Estou disposto a pagar um preço maior por marcas de luxo do que por outras marcas

comuns.

Mesmo que as outras marcas comuns tenham um preço mais baixo, ainda vou comprar

marcas de luxo.

Apesar das marcas de luxo serem comparáveis a outras marcas comuns, estou disposto

a pagar mais pelas marcas de luxo.

A amostragem por conveniência envolve a obtenção de uma amostra de elementos

baseada na conveniência do pesquisador. A seleção das unidades de amostragem cabe

principalmente ao entrevistador e os entrevistados frequentemente são selecionados por

estarem coincidentemente no lugar e momento certos (MALHOTRA, 2011). A amostragem

por conveniência tem a vantagem de ser barata e rápida, as unidades de amostragem tendem a

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ser acessíveis, fáceis de medir e cooperativas. As pessoas que participam de uma amostra por

conveniência podem ter características sistematicamente diferentes das que definem a

população-alvo (MALHOTRA, 2011). As amostras por conveniência são úteis na pesquisa

exploratória cujo objetivo é gerar idéias, adquirir novas compreensões e desenvolver

hipóteses (MALHOTRA, 2011).

E amostragem por bola de neve é uma técnica não probabilística onde os indivíduos

selecionados para serem estudados convidam novos participantes da sua rede de amigos e

conhecidos, essa técnica amostral vai crescendo à medida que os indivíduos selecionados

convidam novos participantes. É usada com frequência para acessar populações de baixa

incidências e indivíduos de difícil acesso por parte do pesquisador (MALHOTRA, 2011).

Foram enviados convites para profissionais de moda, empresas de moda, comunidades

no Facebook e no Instagram. Além disso, foi solicitado aos respondentes que divulgassem a

pesquisa para outros possíveis respondentes. Com isso os convites para participar da pesquisa

se disseminava entre novos contatos, de maneira que a cada momento crescia o número dos

possíveis respondentes.

A amostra foi formada por pessoas que consomem roupas de luxo, que foram

identificadas por meio de pergunta filtro no questionário. O tamanho da amostra foi de

aproximadamente 10 respondentes para cada questão do questionário. A aplicação foi feita via

web, pelo fácil acesso a ferramentas on-line de construção de questionários. Tem ampliado

muito, nos últimos anos, o número de usuários dessas plataformas. Entre as principais

vantagens da utilização de questionários on-line, destacam-se: alcance global, baixo custo,

obtenção de grandes amostras, economia de tempo de aplicação, flexibilidade no

preenchimento, menor erro de fluxo, agilidade na tabulação, acompanhamento simultâneo do

campo, oportunidades de correções imediatas no questionário, possibilidade de apresentar

diversos estímulos audiovisuais. Questionários on-line também apresentam algumas

limitações e desafios que devem ser igualmente levados em conta, como: percepção de spam,

controle amostral, impessoalidade, baixa taxa de resposta, falta de compreensão ou habilidade

dos respondentes, dependência de recursos tecnológicos e da qualidade da rede (TORINI et

al., 2016).

A análise de dados foi feita por meio de técnicas de estatística multivariada: análise

fatorial exploratória, confiabilidade de escalas (Alpha de Cronbach), validade convergente,

validade discriminante, validade nomológica, análise fatorial confirmatória, além da

estatística descritiva.

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66

5 ANÁLISE DOS DADOS

5.1 TRATAMENTO DOS DADOS

Para o tratamento dos dados inicialmente foram coletados 831 questionários, mas

como 50 pessoas marcaram que não consumiam moda de luxo, elas foram retiradas da

amostra, desta forma a amostra ficou com um montante de 781 questionários.

5.1.1 Observações atípicas

Primeiramente havia duas questões repetidas. Os respondentes que apresentam uma

diferença acima de 2 pontos para essas respostas idênticas, foram retirados da amostra. Assim,

foram retirados 118 questionários e restaram, portanto, 663 elementos da amostra.

Buscando manter a qualidade no tratamento dos dados estatísticos, se fez necessário

uma analise atípica (ou outliers), que é uma observação que apresenta um grande afastamento

das demais da série (que está "fora" dela), ou que é inconsistente (HAIR et al., 2009).

A existência de outliers implica, tipicamente, em prejuízos à interpretação dos

resultados dos testes estatísticos aplicados às amostras, buscando identificar valores extremos

de um conjunto de variáveis ou, até mesmo, de uma única variável (HAIR et al., 2009).

Para o presente estudo, a identificação dos outliers ocorreu pelo cálculo da distância

de Mahalanobis (D² de Mahalanobis) que compara a posição de cada elemento da amostra

(variável dependente) em relação ao centro de todas as outras variáveis (variáveis

independentes) (MALHOTRA, 2007).

Após a aplicação do teste, foram retirados 93 elementos da amostra que apresentavam

dados atípicos por meio do cálculo da distância D2 de Mahalanobis. Dessa maneira, os testes

a seguir têm como volume total amostral o montante de 570 questionários e, não mais, os 663

elementos iniciais.

5.1.2 Normalidade

A verificação da normalidade ou não da amostra, foi realizada por meio do teste

Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de apurar o padrão da distribuição das variáveis da

amostra. Esse teste calcula o nível de significância para as diferenças em relação a uma

distribuição normal, as amostras são padronizadas e comparadas com uma distribuição normal

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padrão. Isto equivale a tornar a média e a variância da distribuição de referência iguais aos

estimados da amostra (HAIR et al., 2009).

Os resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov mostram que todas as variáveis

testadas possuem significância igual a 0,000, o que indica que não possuem uma distribuição

normal. Isso implica na existência de violação da normalidade multivariada e exige que as

técnicas e instrumentos estatísticos utilizados na análise dos dados sejam robustos.

5.1.3 Características da amostra

Em relação à idade, a maioria dos respondentes, 54,1%, é constituída por jovens

estudantes de 18 a 35 anos, conforme apresentado na Tabela 2.

TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR FÁIXA ETÁRIA.

Faixa etária Frequência Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Menos de 18 anos 8 1,4 1,4 1,4

Entre 18 anos e 35 309 54,1 54,1 58,5

Entre 36 anos e 49 155 27,1 27,1 85,6

Entre 50 anos e 64 74 13,0 13,0 98,6

65 anos ou mais 25 4,4 4,4 100,0

Total 571 100,0 100,0 FONTE: Dados da pesquisa

Conforme apresentado na Tabela 3, em relação ao gênero, pouco mais da metade da

amostra, 50,8%, se declarou do sexo feminino.

TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR GÊNERO

Gênero Frequência Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Feminino 290 50,8 50,8 50,8

Masculino 281 49,2 49,2 100,0

Total 571 100,0 100,0 FONTE: Dados da Pesquisa

Quanto ao estado civil, observou-se que, por meio dos dados apresentados na Tabela

4, a maioria dos entrevistados são solteiros correspondendo a 59,0% do total dos

respondentes.

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TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR ESTADO CIVIL

Estado Civil Frequência Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Solteiro(a) 337 59,0 59,0 93,7

Casado(a) / União Estável 151 26,4 26,4 26,4

Divorciado(a), desquitado(a) ou

separado(a) judicialmente

47 8,2 8,2 34,7

Viúvo(a) 36 6,3 6,3 100,0

Total 571 100,0 100,0 FONTE: Dados da pesquisa

A Tabela 5 evidenciou que o maior grupo de respondentes possui uma renda mensal

entre 9.650,01 até 19.300,00, (correspondendo a uma renda entre 10 e 20 salários mínimos)

representando 21,7% da amostra.

TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR RENDA MENSAL

Renda Frequência Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Até R$ 965,00

9 1,6 1,6 19,3

De R$ 965,01 até

R$ 1.930,00

59 10,3 10,3 78,3

De R$ 1.930,01 até

R$ 4.825,00

107 18,7 18,7 38,0

De R$ 4.825,01 até

R$ 7.720,00

78 13,7 13,7 51,7

De R$ 7.720,01 até

R$ 9.650,00

93 16,3 16,3 68,0

De R$9.650,01 até

R$19.300,00

124 21,7 21,7 100,0

Acima de R$

19.300,01

101 17,7 17,7 17,7

Total 571 100,0 100,0 Fonte: Dados da pesquisa

O grau de instrução Pós-Graduação Lato Sensu (Especialização / MBA) completo se

destacou com 157 respondentes, representando 27,5% da amostra conforme pode ser

observado na tabela 6.

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69

TABELA 6 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR ESCOLARIDADE

Escolaridade Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Ensino

Fundamental

completo ou

equivalente ou

inferior

7

1,2

1,2

1,2

Ensino Médio

incompleto ou

Ensino Técnico

incompleto ou

equivalente

19

3,3

3,3

15,6

Ensino Médio

completo ou Ensino

Técnico completo

ou equivalente

63

11,0

11,0

12,3

Ensino Superior

incompleto ou

equivalente

105

18,4

18,4

61,3

Ensino Superior

completo ou

equivalente

156

27,3

27,3

42,9

Pós-Graduação

Lato Sensu

(Especialização /

MBA) completo

157

27,5

27,5

88,8

Pós-Graduação

Stricto Sensu

(Mestrado /

Doutorado)

completo

64

11,2

11,2

100,0

Total 571 100,0 100,0 FONTE: Dados da pesquisa

Considerando o comportamento de consumo de moda de luxo, os respondentes que

consomem moda de luxo há mais de 10 anos somam um total de 223 respondentes que

corresponde a 39,1% da amostra, conforme apresentado na tabela 7. Além disso,

considerando também o grupo que consome moda entre 5 e 10 anos e que corresponde a

25,4% do total de respondentes, verifica-se que a maioria dos respondentes (cerca de 64,5%)

consome moda de luxo há mais de 5 anos.

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TABELA 7 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR TEMPO EM QUE CONSOME LUXO

Tempo em que consome moda

de Luxo Frequência Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Há menos de 1 ano 38 6,7 6,7 100,0

Entre 1 ano e menos de 2 anos 70 12,3 12,3 12,3

Entre 2 anos e menos de 5 anos 95 16,6 16,6 28,9

Entre 5 anos e menos de 10 anos 145 25,4 25,4 54,3

Há mais de 10 anos 223 39,1 39,1 93,3

Total 571 100,0 100,0 FONTE: Dados da Pesquisa

Inicialmente cabe destacar que houve respondentes de todos os estados do Brasil,

porém foram coletados o maior volume nos estados Minas Gerais com 115 respondentes

representando 20,1% da amostra.

Assim, se verifica que essa pesquisa, apesar de não possuir um processo de

amostragem aleatório, é composta de respostas de pessoas que moram em todos os 26 estados

brasileiros e mais ainda o Distrito Federal.

TABELA 8 - DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR ESTADOS DO BRASIL

Estados do Brasil Frequência Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Acre - AC 14 2,5 2,5 2,5

Alagoas - AL 10 1,8 1,8 4,2

Amapá - AP 9 1,6 1,6 5,8

Amazonas - AM 27 4,7 4,7 10,5

Bahia - BA 9 1,6 1,6 12,1

Ceará - CE 11 1,9 1,9 14,0

Distrito Federal - DF 12 2,1 2,1 16,1

Espírito Santo - ES 46 8,1 8,1 24,2

Goiás - GO 4 ,7 ,7 24,9

Maranhão - MA 32 5,6 5,6 30,5

Mato Grosso - MT 23 4,0 4,0 34,5

Mato Grosso do Sul - MS 29 5,1 5,1 39,6

Minas Gerais - MG 115 20,1 20,1 59,7

Pará - PA 10 1,8 1,8 61,5

Paraíba - PB 7 1,2 1,2 62,7

Paraná - PR 13 2,3 2,3 65,0

Pernambuco - PE 14 2,5 2,5 67,4

Piauí - PI 34 6,0 6,0 73,4

Rio de Janeiro - RJ 7 1,2 1,2 74,6

Rio Grande do Norte - RN 19 3,3 3,3 77,9

Rio Grande do Sul - RS 24 4,2 4,2 82,1

Rondônia - RO 13 2,3 2,3 84,4

Roraima - RR 17 3,0 3,0 87,4

Santa Catarina - SC 7 1,2 1,2 88,6

São Paulo - SP 11 1,9 1,9 90,5

Sergipe - SE 39 6,8 6,8 97,4

Tocantins - TO 15 2,6 2,6 100,0

Total 571 100,0 100,0 FONTE: Dados da pesquisa

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71

Conforme apresentado na Tabela 9, podemos observar a distribuição da amostra por

123 cidades do Brasil.

TABELA 9 - CIDADE ONDE RESIDE

Cidade onde reside

Frequência

Porcentual

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Açailândia 1 ,2 ,2 ,2

Alto Alegre 1 ,2 ,2 ,4

Altos 1 ,2 ,2 ,5

Anápolis 2 ,4 ,4 ,9

Aracaju 26 4,6 4,6 5,4

Araguaiana 1 ,2 ,2 5,6

Ararangua 1 ,2 ,2 5,8

Balsa 1 ,2 ,2 6,0

Barcelona 1 ,2 ,2 6,1

Barra do Corda 1 ,2 ,2 6,3

Barras 4 ,7 ,7 7,0

Barros 4 ,7 ,7 7,7

Belém 7 1,2 1,2 8,9

Belo Horizonte 63 11,0 11,0 20,0

Betim 3 ,5 ,5 20,5

Boa Vista 14 2,5 2,5 22,9

Brasília 10 1,8 1,8 24,7

Campina Grande 3 ,5 ,5 25,2

Campo Grande 16 2,8 2,8 28,0

Campos Sales 1 ,2 ,2 28,2

Caracai 1 ,2 ,2 28,4

Caracarai 2 ,4 ,4 28,7

Cariacica 3 ,5 ,5 29,2

Carlos Barbosa 2 ,4 ,4 29,6

Carmo do Cajuru 1 ,2 ,2 29,8

Caruaru 1 ,2 ,2 29,9

Caxias 7 1,2 1,2 31,2

Caxias do Sul 1 ,2 ,2 31,3

Codó 1 ,2 ,2 31,5

Conselheiro Lafaiete 1 ,2 ,2 31,7

Contagem 35 6,1 6,1 37,8

Corumbá 1 ,2 ,2 38,0

Cruzeiro do Sul 2 ,4 ,4 38,4

Cuiabá 19 3,3 3,3 41,7

Curitiba 7 1,2 1,2 42,9

Divinópolis 1 ,2 ,2 43,1

Dourados 5 ,9 ,9 44,0

Esmeraldas 1 ,2 ,2 44,1

Fernando de Noronha 1 ,2 ,2 44,3

Firenze 1 ,2 ,2 44,5

Florianópolis 4 ,7 ,7 45,2

Fortaleza 4 ,7 ,7 45,9

Goiânia 2 ,4 ,4 46,2

Grajaú 1 ,2 ,2 46,4

Gramado 1 ,2 ,2 46,6

Guarapari 3 ,5 ,5 47,1

Guaribalde 1 ,2 ,2 47,3

Ibirité 2 ,4 ,4 47,6

Imperatriz 6 1,1 1,1 48,7

Ipatinga 1 ,2 ,2 48,9

Ipiranga do Sul 2 ,4 ,4 49,2

Ji paraná 1 ,2 ,2 49,4

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João Pessoa 3 ,5 ,5 49,9

Joinville 2 ,4 ,4 50,3

Juazeiro do Norte 4 ,7 ,7 51,0

Juiz de Fora 1 ,2 ,2 51,1

Lagarto 6 1,1 1,1 52,2

Londrina 3 ,5 ,5 52,7

Macaíba 3 ,5 ,5 53,2

Macapá 6 1,1 1,1 54,3

Maceió 10 1,8 1,8 56,0

Manaus 27 4,7 4,7 60,8

Marabá 1 ,2 ,2 60,9

Maringá 1 ,2 ,2 61,1

Mossoró 3 ,5 ,5 61,6

Natal 6 1,1 1,1 62,7

Nossa Sra do Socorro 7 1,2 1,2 63,9

Nova Cruz 1 ,2 ,2 64,1

Nova Friburgo 1 ,2 ,2 64,3

Oiapoque 2 ,4 ,4 64,6

Olinda 1 ,2 ,2 64,8

Paço do Lumiar 1 ,2 ,2 65,0

Palmas 14 2,5 2,5 67,4

Paramirim 1 ,2 ,2 67,6

Parauapebas 1 ,2 ,2 67,8

Parnamirim 1 ,2 ,2 68,0

Patos 1 ,2 ,2 68,1

Penalva 1 ,2 ,2 68,3

Petrolina 2 ,4 ,4 68,7

Petrópolis 2 ,4 ,4 69,0

Picos 5 ,9 ,9 69,9

Piedade dos Gerais 1 ,2 ,2 70,1

Pinheiros 1 ,2 ,2 70,2

Ponta Porã 2 ,4 ,4 70,6

Porto Alegre 14 2,5 2,5 73,0

Porto Nacional 1 ,2 ,2 73,2

Porto Velho 10 1,8 1,8 75,0

Recife 4 ,7 ,7 75,7

Ribeirão das Neves 1 ,2 ,2 75,8

Ribeirão Preto 1 ,2 ,2 76,0

Rio Branco 11 1,9 1,9 77,9

Rio de Janeiro 3 ,5 ,5 78,5

Rolândia 1 ,2 ,2 78,6

Rondonópolis 4 ,7 ,7 79,3

Salvador 9 1,6 1,6 80,9

Samonte 1 ,2 ,2 81,1

Santa Cruz 2 ,4 ,4 81,4

Santa Cruz do Capibaribe 2 ,4 ,4 81,8

Santa Inês 1 ,2 ,2 82,0

Santa Luzia 2 ,4 ,4 82,3

Santa Maria 2 ,4 ,4 82,7

Santana 1 ,2 ,2 82,8

Santarém 2 ,4 ,4 83,2

Santo André 2 ,4 ,4 83,5

São Gonçalo do Amarante 1 ,2 ,2 83,7

São Lourenço da Mata 1 ,2 ,2 83,9

São Luiz 7 1,2 1,2 85,1

São Paulo 8 1,4 1,4 86,5

Serra 6 1,1 1,1 87,6

Serra Talhada 2 ,4 ,4 87,9

Sete Lagoas 2 ,4 ,4 88,3

Sinop 1 ,2 ,2 88,4

Sobral 1 ,2 ,2 88,6

Sorriso 2 ,4 ,4 89,0

Teófilo Otoni 1 ,2 ,2 89,1

Teresina 19 3,3 3,3 92,5

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Timon 2 ,4 ,4 92,8

Touros 1 ,2 ,2 93,0

Três Lagoas 4 ,7 ,7 93,7

União 1 ,2 ,2 93,9

Vila Velha 10 1,8 1,8 95,6

Vitória 24 4,2 4,2 99,8

Volta Redonda 1 ,2 ,2 100,0

Total 571 100,0 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

5.2 ANÁLISE DESCRITIVA

Segundo Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a

descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de

relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e

uma de suas características mais significativas aparece na utilização de técnicas padronizadas

de coleta de dados.

A próxima etapa tem como objetivo iniciar uma análise dos dados de forma

consolidada, a fim de se demonstrar e analisar as estatísticas descritivas dos itens e de cada

uma das dimensões que foram mensuradas em relação aos valores da percepção de marcas de

luxo.

Conforme o estabelecimento do tamanho da amplitude de medição do questionário, o

valor mínimo possível atribuído foi 0, e o máximo, 10, e os itens da amostra demonstrados

nas tabelas a seguir apresentaram valores de média 5,98 até 8,45.

A seguir, na Tabela 10, são mostrados os resultados obtidos pelos itens avaliados no

construto “Valor Financeiro”.

TABELA 10 - ANÁLISE DESCRITIVA DO CONSTRUTO VALOR FINANCEIRO

Valor Financeiro

Média Estatística

As marcas de luxo possuem preços altos 7,37

Considerando o preço cobrado vale a pena comprar marcas de luxo

7,42

As marcas de luxo oferecem benefícios para os consumidores,

mesmo considerando o custo para comprá-las.

7,62

Considerando-se o preço cobrado, as marcas de luxo representam

bons produtos/serviços.

7,74

As marcas de luxo são sempre caras. 7,05

FONTE: Dados da pesquisa

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74

O destaque nesse construto foi para o item “Considerando-se o preço cobrado, as

marcas de luxo representam bons produtos/serviços”, apresentou maior média 7,74. Já o item

“As marcas de luxo são sempre caras” ficou com a menor média deste construto de 7,05.

O construto Valor Financeiro apresentou uma média geral de 7,44 pontos.

Na Tabela 11, estão apresentados os resultados do construto Valor Funcional”.

TABELA 11 - ANÁLISE DESCRITIVA DO CONSTRUTO VALOR FUNCIONAL

Valor Funcional

Média Estatística

Os produtos e serviços de marcas de luxo são de alta qualidade. 7,79

Os produtos/serviços de marcas de luxo são bem fabricados/executados. 7,55

Os produtos e serviços de marcas de luxo são feitos de forma artesanal (manualmente)

pelos trabalhadores e não são produtos de massa (linha de montagem).

5,98

Os produtos e serviços de marcas de luxo possuem um excelente desempenho. 7,47

FONTE: Dados da pesquisa

Neste construto o destaque foi para o item “Os produtos e serviços de marcas de luxo

são feitos de forma artesanal (manualmente) pelos trabalhadores e não são produtos de

massa (linha de montagem)”, apresenta a menor média de 5,98. O item “Os produtos e

serviços de marcas de luxo são de alta qualidade” ficou com a maior média do construto.

O construto Valor Funcional apresentou uma média de 7,20 pontos.

A Tabela 12 mostra os resultados alcançados pelo construto “Valor Social”.

TABELA 12 - ANÁLISE DESCRITIVA DO CONSTRUTO VALOR SOCIAL

Valor Social Média

Estatística

Usar marcas de luxo melhora a maneira como eu sou percebido pelas outras

pessoas.

8,08

Usar marcas de luxo, fazem com que eu me sinta mais aceito pelas outras pessoas. 7,44

As marcas de luxo causam uma boa impressão em outras pessoas. 8,45

O fato de eu usar marcas de luxo, gera uma aprovação social pelas outras pessoas. 8,25

FONTE: Dados da pesquisa

Em relação ao construto “Valor Social” a maior nota ficou por conta do item “As

marcas de luxo causam uma boa impressão em outras pessoas”, com 8,45. Já o item “Usar

marcas de luxo, fazem com que eu me sinta mais aceito pelas outras pessoas”, ficou com a

menor média do construto com 7,44.

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O construto Valor Social apresentou uma média geral de 8,05 pontos.

Na sequência, por meio da Tabela 13, são mostrados os resultados obtidos pelo

construto “Valor Individual”.

TABELA 13 - ANÁLISE DESCRITIVA DO CONSTRUTO VALOR INDIVIDUAL

Valor Individual

Média Estatística

As marcas de luxo me fazem sentir bem 7,90

As marcas de luxo me dão prazer 7,84

Eu ficaria mais feliz se pudesse comprar mais marcas de luxo

8,19

A minha escolha pelas marcas de luxo se reflete em como eu me vejo 6,73

FONTE: Dados da pesquisa

No construto “Valor Individual” a menor nota média apurada foi do item “A minha

escolha pelas marcas de luxo se reflete em como eu me vejo”, com 6,73, enquanto o item “Eu

ficaria mais feliz se pudesse comprar mais marcas de luxo”, ficou com uma média alta de

8,19.

O construto Valor Individual apresentou uma média geral de 7,66 pontos.

A seguir, na Tabela 14, são mostrados os resultados obtidos pelos itens avaliados no

construto “Intenção em Comprar”

TABELA 14 - ANÁLISE DO CONSTRUTO INTENÇÃO EM COMPRAR

Intenção em Comprar

Média Estatística

Eu estou disposto a comprar produtos e serviços de marcas de luxo

7,14

Tenho grande intenção de comprar produtos e serviços de marcas de luxo

7,05

Tenho uma forte possibilidade de comprar produtos e serviços de marca de luxo

6,91

FONTE: Dados da pesquisa

Os dados dispostos na Tabela 14 indicam as variáveis do construto “Intenção em

comprar” e apresenta o item “Tenho uma forte possibilidade de comprar produtos e serviços

de marcas de luxo”, com a menor média de 6,91.

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76

O construto Intenção em Comprar apresentou uma média geral de 7,03 pontos.

Por fim, a Tabela 15 mostra os resultados obtidos pelo último construto avaliado, a

“Intenção em pagar a mais”.

TABELA 15 - ANÁLISE DESCRITIVA DO CONSTRUTO INTENÇÃO EM PAGAR A MAIS

Intenção em pagar a Mais

Média Estatística

Estou disposto a pagar um preço maior por marcas de luxo do que por outras marcas

comuns

6,94

Mesmo que as outras marcas comuns tenham um preço mais baixo, ainda vou comprar

marcas de luxo

6,56

Apesar das marcas de luxo serem comparáveis a outras marcas comuns, estou

disposto a pagar mais pelas marcas de luxo

7,03

FONTE: Dados da pesquisa

A menor média deste construto foi do item “Mesmo que as outras marcas comuns

tenham um preço mais baixo, ainda vou comprar marcas de luxo”, a média ficou na faixa dos

6,56.

O construto Intenção em Pagar a Mais apresentou uma média geral de 6,84 pontos.

Analisando a dimensão financeira, os respondentes da pesquisa demonstraram que o

preço cobrado por um produto/serviço de luxo representa bons produtos/serviços, além de

estarem dispostos a pagar por um preço mais elevado, entrando em acordo com o item com a

menor nota do construto “As marcas de luxo são sempre caras” mostrando que os

respondentes estão mais dispostos a pagar o preço pela exclusividade e a raridade que por

vezes faz aumentar o desejo pelos produtos de luxo não importando em pagar por um preço

premium.

Já na dimensão funcional os respondentes acreditam que os produtos e serviços de

marcas de luxo são de alta qualidade, e querem que seja utilizável. Eles esperam que o

produto cumpra seu papel de executar o que foi prometido: qualidade, funcionalidade, e

execução em um nível superior. Enquanto a menor nota do construto foi do item “Os produtos

e serviços de marcas de luxo são feitos de forma artesanal (manualmente) pelos

trabalhadores e não são produtos de massa (linha de montagem)”, o que demonstra que os

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77

consumidores não se importam muito com o fato do produto ser feito em larga escala, pelo

menos em relação à moda de luxo.

Assim, considerando os resultados obtidos pelos respondentes no construto valor

social, eles acreditam que as marcas de luxo causam uma boa impressão em outras pessoas,

visando corresponder aos padrões do individuo perante padrões sociais. Enquanto a nota mais

baixa foi para o item “Usar marcas de luxo, fazem com que eu me sinta mais aceito pelas

outras pessoas”, mostrando que embora a motivação do construto valor social seja em exibir

o luxo, ele tem um efeito menor do que os outros.

Com relação ao valor individual onde segundo Cypriano (2013), o consumidor é

motivado por valores internos, os respondentes entendem que a escolha pelas marcas de luxo

reflete em como eles se vêem, pelos benefícios simbólicos, pela satisfação pessoal, mas não

reflete em como eles se vêem, mostrando a menor nota do construto do item “A minha

escolha pelas marcas de luxo se reflete em como eu me vejo”.

Observa-se ainda que em relação aos valores do luxo tal cenário demonstra que dentre

os membros da amostra coletada as notas mais elevadas ficaram com o valor social, e valor

individual, enquanto as notas do valor financeiro e funcional se mostraram com notas

inferiores.

Os respondentes demonstraram que estão dispostos a comprar produtos e serviços de

marcas de luxo, enquanto a menor nota do construto ficou com o item “Tenho uma forte

possibilidade de comprar produtos e serviços de marcas de luxo”, assim pode-se observar que

na maioria das vezes os respondentes se demonstraram com mais certeza em comprar

produtos de luxo.

Já no construto Intenção em pagar a mais os respondentes demonstraram que apesar

das marcas de luxo serem comparáveis a outras marcas comuns, estão dispostos a pagar mais

pelas marcas de luxo. A nota mais baixa do construto ficou com o item “Mesmo que as outras

marcas comuns tenham um preço mais baixo, ainda vou comprar marcas de luxo”.

5.3 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA

Define-se análise fatorial exploratória (AFE) como um conjunto de técnicas

multivariadas que têm como objetivo encontrar a estrutura subjacente em uma matriz de

dados e determinar o número e a natureza das variáveis latentes (fatores) que melhor

representam um conjunto de variáveis observadas. Ao analisar a estrutura das inter-relações

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78

de um determinado número de variáveis observadas, a análise fatorial exploratória define o(s)

fator(es) que melhor explica(m) a sua covariância (MALHOTRA, 2007).

As variáveis observadas “pertencem” a um mesmo fator quando, e se, elas partilham

uma variância em comum (são influenciadas pelo mesmo construto subjacente). Assim, um

fator é uma variável latente que influencia mais de uma variável observada, representando,

assim, a covariância entre elas (HAIR et al., 2009).

Para realização da análise fatorial é necessário atender três pressupostos: a medida de

adequacidade de Kaiser-Meyer-Olkin, o teste de esfericidade de Bartlett e um alto nível de

correlação entre os itens que formam o construto.

O teste de esfericidade de Bartlett- Um teste estatístico para a presença de correlações

entre as variáveis, fornece a significância estatística que a matriz de correlação tem

correlações significantes entre pelo menos algumas das variáveis (HAIR et al., 2009).

A matriz de correlação da população é uma matriz de identidade onde cada variável se

correlaciona perfeitamente com ela própria (r = 1) mas não apresenta correlação com as outras

variáveis (r = 0) (MALHOTRA, 2007).

Medida de adequacidade da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), é um índice

usado para avaliar a adequacidade da análise fatorial, onde os valores altos (entre 0,5 e 1,0)

indicam que a analise fatorial é apropriada, já os valores abaixo de 0,5 indicam que a analise

fatorial pode ser inadequada (MALHOTRA, 2007).

Na analise fatorial, as variáveis são simultaneamente consideradas sem distinção

quanto ao seu caráter de dependência ou independência. A comunalidade de uma variável

corresponde à estimativa de sua variância compartilhada entre outras variáveis. Quando uma

variável é mais correlacionada com uma ou mais variáveis, a comunalidade aumenta (HAIR

et al., 2012).

A Tabela 16 a seguir apresenta os resultados dos testes de adequacidade (KMO) e de

esfericidade de Bartlett. Todas as correlações entre os itens dos construtos são significativas

entre si. Para o teste de Bartlett, todos os valores apresentaram significância de 0,000.

TABELA 16 - MEDIDA DE ADEQUACIDADE (KMO) E TESTE DE ESFERICIDADE DE BARTTLET

Construtos definidos pelo

Modelo

Medida de

adequacidade

(KMO)

Teste de

esfericidade de

Barttlet

Número

total

de

correlações

Número total

de correlações

significativas Valor Sig.

Valor funcional ,737 800,594 ,000 6 6

Valor social ,833 1342,629 ,000 6 6

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79

Valor individual ,759 1280,545 ,000 6 6

Intenção em comprar ,745 1257,934 ,000 3 3

Intenção em pagar mais caro ,751 1151,691 ,000 3 3

Valor

financeiro

Valor

financeiro caro

,500 151,091 ,000 2 2

Valor

financeiro vale

a pena

,661 540,490 ,000 3 3

FONTE: Dados da pesquisa

A partir dos resultados obtidos, é possível concluir que todos os 3 pressupostos

necessários para a realização da análise fatorial exploratória foram atendidos para todos os

sete construtos. A maior parte dos valores do KMO estão acima de 0,737.

O construto Valor Financeiro Caro apresentou um valor de 0,500 para o KMO, pois, é

formado somente por dois itens.

O próximo passo é a apresentação dos valores de cada um dos construtos em termos

de valores do componente e comunalidade por meio de tabelas.

Na Tabela 17 observa-se que o construto “Valor Funcional” indica uma variância

explicada de 63,112%. Os resultados são positivos, uma vez que a maior parte dos itens do

construto apresentam comunalidades superiores a 0,665, exceto para o item 3, com o valor de

0,407. Os componentes também apresentam valores adequados com valores superiores a

0,816, com exceção do item 3 que ficou com 0,638

TABELA 17 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO VALOR FUNCIONAL

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

Os produtos e serviços de marcas de luxo são de alta qualidade. ,816

,665

Os produtos/serviços de marcas de luxo são bem

fabricados/executados. ,851 ,725

Os produtos e serviços de marcas de luxo são feitos de forma

artesanal (manualmente) pelos trabalhadores e não são produtos

de massa (linha de montagem).

,638 ,407

Os produtos e serviços de marcas de luxo possuem um excelente

desempenho.

,853 ,727

Variância explicada pelo componente = 63,112%

FONTE: Dados da pesquisa

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80

A variância explicada do construto “Valor Social” é alta, correspondendo a 75,925% e

todas as variáveis do construto apresentam valores superiores à 0,717 para comunalidades e

os componentes apresentam valores superiores a 0,847 conforme apresentado na Tabela 18.

TABELA 18 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO VALOR SOCIAL

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

Usar marcas de luxo melhora a maneira como eu sou

percebido pelas outras pessoas. ,881 ,776

Usar marcas de luxo, fazem com que eu me sinta mais

aceito pelas outras pessoas. ,847 ,717

As marcas de luxo causam uma boa impressão em outras

pessoas. ,855 ,731

O fato de eu usar marcas de luxo, gera uma aprovação

social pelas outras pessoas ,902 ,813

Variância explicada pelo componente = 75.925%

FONTE: Dados da pesquisa

Na Tabela 19 é possível observar que o construto “Valor Individual” apresenta

resultados adequados, uma vez que a variância explicada é de 69,799% e que todas as

variáveis do construto são superiores à 0,700 para as componentes.

TABELA 19 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO VALOR INDIVIDUAL

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

As marcas de luxo me fazem sentir bem

,907 ,822

As marcas de luxo me dão prazer

,931 ,867

Eu ficaria mais feliz se pudesse comprar

mais marcas de luxo ,783 ,613

A minha escolha pelas marcas de luxo se

reflete em como eu me vejo ,700 ,490

Variância explicada pelo componente = 69,799% FONTE: Dados da pesquisa

Na Tabela 20 é possível identificar que o construto “Intenção em Comprar” apresenta

uma variância explicada de 85,677% e que todas as três variáveis do construto apresentam

valores superiores a 0,812 para a comunalidade e superior a 0,901 para componente.

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81

TABELA 20 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO INTENÇÃO EM COMPRAR

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

Eu estou disposto a comprar produtos e

serviços de marcas de luxo ,935 ,875

Tenho grande intenção de comprar produtos

e serviços de marcas de luxo ,940

,883

Tenho uma forte possibilidade de comprar

produtos e serviços de marcas de luxo ,901 ,812

Variância explicada pelo componente = 85,677% FONTE: Dados da pesquisa

Na Tabela 21 é possível identificar que o construto “Intenção em Pagar Mais Caro” apresenta

uma variância explicada de 84,570% e que todas as variáveis do construto são superiores à

0,816 para as comunalidades e superiores a 0,903 para os componentes.

TABELA 21 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO INTENÇÃO EM PAGAR MAIS CARO

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

Estou disposto a pagar um preço maior por

marcas de luxo do que por outras marcas

comuns

,927 ,859

Mesmo que as outras marcas comuns tenham

um preço mais baixo, ainda vou comprar

marcas de luxo

,929 ,863

Apesar das marcas de luxo serem

comparáveis a outras marcas comuns, estou

disposto a pagar mais pelas marcas de luxo

,903 ,816

Variância explicada pelo componente = 84,570% FONTE: Dados da pesquisa

Na Tabela 22 é possível identificar que o construto “Valor Financeiro Caro” apresenta

bons resultados, com valores mínimos de 0,861 para os componentes e 0,742 para as

comunalidades, além de apresentar uma variância explicada de 74,155%.

TABELA 22 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO VALOR FINANCEIRO CARO

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

As marcas de luxo possuem preços altos

,861 ,742

As marcas de luxo são sempre caras.

,861 ,742

Variância explicada pelo componente = 74,155% FONTE: Dados da pesquisa

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82

Na Tabela 23 é possível identificar que o construto “Valor Financeiro Vale a Pena”

apresenta uma variância explicada de 69,823% e que todas as três variáveis do

construto apresentam valores superiores a 0,567 para a comunalidade e superior a 0,753 para

componente.

TABELA 23 - ANÁLISE FATORIAL DO CONSTRUTO VALOR FINANCEIRO VALE A PENA

Descrição do Item

Componente

Comunalidade

Considerando o preço cobrado vale a pena

comprar marcas de luxo ,753 ,567

As marcas de luxo oferecem benefícios para os

consumidores, mesmo considerando o custo

para comprá-las.

,883 ,779

Considerando-se o preço cobrado, as marcas de

luxo representam bons produtos/serviços. ,865 ,748

Variância explicada pelo componente = 69,823%

FONTE: Dados da pesquisa

Assim, considerando os resultados obtidos na análise fatorial observados entre a

Tabela 16 até a Tabela 23, verificou-se que das 23 variáveis testadas os construtos indicam

uma análise fatorial apropriada com valores entre 0,5 e 1,0. As variáveis testadas 18

apresentaram comunalidades com significância prática, com valores superiores a 0,7 e

outras 5 variáveis apresentaram significância estatística, com comunalidades maiores que

0,4.

Outro ponto a ser destacado é que somente um fator foi gerado para cada um dos

construtos da pesquisa, exceto para o construto Valor Financeiro, o qual foi dividido nos

construtos Valor Financeiro Caro e Valor Financeiro Vale Pena.

5.4 CONFIABILIDADE DE ESCALAS

A confiabilidade de um instrumento para coleta de dados, teste, técnica de aferição é

sua coerência, determinada através da constância dos resultados. Ou seja, a confiabilidade de

uma medida é a confiança que a mesma inspira, considerando a extensão em que uma variável

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83

é consistente com o que se deseja medir. A confiabilidade é a garantia da adequação antes de

se realizar uma avaliação de sua validade (HAIR et al., 2009).

O Alfa de Cronbach é uma medida de confiabilidade amplamente utilizada e avalia a

consistência da escala inteira, permite determinar o limite inferior da consistência interna de

um grupo de variáveis ou itens. Este limite corresponderá à correlação que se espera obter

entre a escala usada e outras escalas hipotéticas, do mesmo universo e com igual número de

itens utilizados para medir a mesma característica (MALHOTRA, 2001).

Para Hair et al.(2009) estabelece-se como piso o valor mínimo de 0,7 para validação

da confiabilidade da escala. Malhotra (2007) considera que o valor do coeficiente de

confiabilidade alfa de Cronbach deve estar entre 0,60 e 1,00.

A Tabela 24, apresenta o resumo do coeficiente de confiabilidade alfa de

Cronbach para 7 (sete) construtos.

TABELA 24 VERIFICAÇÃO DE CONFIABILIDADE: ALFA DE CROMBACH

Construto

Alfa

Itens

Alfa se

item

retirado

Valor Funcional

,784

Os produtos e serviços de marcas de luxo são de

alta qualidade.

,727

Os produtos/serviços de marcas de luxo são bem

fabricados/executados. ,683

Os produtos e serviços de marcas de luxo são

feitos de forma artesanal (manualmente) pelos

trabalhadores e não são produtos de massa (linha

de montagem).

,828

Os produtos e serviços de marcas de luxo

possuem um excelente desempenho. ,687

Valor Social

,887

Usar marcas de luxo melhora a maneira como eu

sou percebido pelas outras pessoas. ,847

Usar marcas de luxo fazem com que eu me sinta

mais aceito pelas outras pessoas. ,875

As marcas de luxo causam uma boa impressão

em outras pessoas. ,867

O fato de eu usar marcas de luxo gera uma

aprovação social pelas outras pessoas. ,832

Valor Individual

,848

As marcas de luxo me fazem sentir bem. ,761

As marcas de luxo me dão prazer. ,738

Eu ficaria mais feliz se pudesse comprar mais

marcas de luxo. ,836

A minha escolha pelas marcas de luxo se reflete

em como eu me vejo. ,878

Eu estou disposto a comprar produtos e serviços

de marcas de luxo. ,862

Tenho grande intenção de comprar produtos e

serviços de marcas de luxo. ,856

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84

Intenção em Comprar ,916 Tenho uma forte possibilidade de comprar

produtos e serviços de marcas de luxo. ,915

Intenção em pagar mais

caro

,906

Estou disposto a pagar um preço maior por

marcas de luxo do que por outras marcas

comuns.

,852

Mesmo que as outras marcas comuns tenham um

preço mais baixo, ainda vou comprar marcas de

luxo.

,854

Apesar das marcas de luxo serem comparáveis a

outras marcas comuns, estou disposto a pagar

mais pelas marcas de luxo.

,889

Valor

Financeiro

Valor

Financeiro

Caro

,646

As marcas de luxo possuem preços altos. N.D.

As marcas de luxo são sempre caras. N.D.

Valor

Financeiro

Vale a

Pena

,782

Considerando o preço cobrado vale a pena

comprar marcas de luxo. ,814

As marcas de luxo oferecem benefícios para os

consumidores, mesmo considerando o custo para

comprá-las.

,621

Considerando-se o preço cobrado, as marcas de

luxo representam bons produtos/serviços. ,659

NOTAS: N. D. significa “não disponível” FONTE: Dados da pesquisa

Todos os dados obtidos revelam que os coeficientes de confiabilidade de todos os 7

construtos apresentaram valores de Alfa de Cronbach superiores a 0,6 e, dessa forma, são

adequados para a pesquisa. Com exceção do construto Valor Financeiro Caro, todos os outros

construtos apresentam valores próximos ou acima de 0,80.

O destaque ficou com o coeficiente de confiabilidade de 0,90 do construto intenção em pagar

mais caro.

No caso do construto Valor Financeiro Caro, como esse construto é formado somente

por dois itens, não é possível calcular o valor do Alpha de Cronbach.

5.5 VALIDADE CONVERGENTE

A validade convergente mede o quanto uma escala se relaciona positivamente com

outras medidas do mesmo construto. A forma geralmente aceita para avaliar a validade

convergente é através da utilização das medidas da variância média explicada e da

confiabilidade composta. Um alto grau de validade convergente prova que duas medidas do

mesmo construto estão relacionadas e, portanto, são conceitualizações adequadas

(MALHOTRA, 2012).

De acordo com Hair et al.(2009), a validade convergente é obtida quando se verificam

cargas superiores a 0,50 entre os itens e os construtos. Todavia, outros autores sugerem

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85

medidas mais robustas, no sentido de se estabelecer a validade convergente, quando propõem

que se eliminem os itens com carga inferior a 0,70 (MOURA, 2010).

TABELA 25 - VALIDADE CONVERGENTE

CONSTRUTOS AVE (Variância Média ) CC(confiabilidade composta)

Intenção em Comprar 0,7884 0,9177

Intenção em Pagar Mais Caro 0,7702 0,9094

Valor Financeiro Caro 0,4887 0,6553

Valor Financeiro Vale a Pena 0,5683 0,7932

Valor Funcional 0,5491 0,8259

Valor Individual 0,6245 0,8644

Valor Social 0,6885 0,8982

FONTE: Dados da pesquisa

5.6 VALIDADE DISCRIMINANTE

Segundo Hair et al.(2012), a validade discriminante verifica se um determinado

construto é suficientemente diferente dos demais, ou seja, corresponde ao grau em que dois

conceitos de uma mesma escala são distintos, representa o grau em que essas medidas se

diferenciam entre si.

Dessa forma, diferentemente da validade convergente, a validade discriminante

estabelece que uma medida não se correlaciona também de forma elevada com as medidas a

partir das quais se pressupõe discriminar ou seja, até que ponto dois conceitos similares são

distintos (MALHOTRA, 2012).

A técnica utilizada para estabelecer a validação discriminante dos construtos foi obtida

por meio da comparação das raízes quadradas das AVEs com as correlações entre eles. Essa

técnica estabelece que os Valores da variância média extraída de dois construtos devem

ser maiores do que o quadrado da correlação entre eles (HAIR et al., 2009).

Os valores das células que forem menores do que 0,85 ou que foram menores do que

os valores da AVE dos construtos indicam a existência de validade discriminante entre o par

de construtos (MOURA, 2010).

A Tabela 26 apresenta a raiz quadrada da AVE de cada construto, evidenciadas na

diagonal principal (em negrito). Os outros valores representados na matriz referem-se às

correlações entre os construtos e desses, os que estão sublinhados, indicam em quais

associações de construtos a validade discriminante não foi confirmada.

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TABELA 26 - VALIDADE DISCRIMINANTE: CORRELAÇÕES ENTRE CONSTRUTOS E A RAIZ

QUADRADA DAS AVES

Construtos

Intenção

Comprar

Int. Pagar

Mais

Caro

Valor

F.

Caro

Valor F.

Vale a

Pena

Valor

Funcional

Valor

Individual

Valor

Social

Intenção Comprar 0,8879

Int. Pagar Mais Caro 0,878 0,8776

Valor Financeiro Caro -0,028 -0,033 0,6991

Valor Financeiro Vale

Pena 0,662 0,775 0,012 0,7539

Valor Funcional 0,483 0,457 0,29 0,765 0,741

Valor Individual 0,721 0,773 -0,069 0,503 0,385 0,7903

Valor Social 0,507 0,444 -0,041 0,547 0,486 0,734 0,8298

FONTE: Dados da pesquisa

Das vinte e uma combinações possíveis, observaram-se três casos em que a correlação

entre os construtos ficou maior do que à raiz quadrada da AVE ou que o valor dessa

correlação ficou acima de 0,85, indicando violação da validade discriminante. Os pares

identificados são: Intenção em Comprar e Intenção em Pagar Mais Caro, Valor Financeiro

Vale Pena e Intenção de Pagar Mais Caro, e, Valor Financeiro Vale Pena e Valor Funcional.

As outras dezoito combinações na matriz apresentaram correlações inferiores à raiz

quadrada da AVE, confirmando a existência de validade discriminante.

A falta de validade discriminante entre esses construtos será considerada na etapa de

validade nomológica.

5.7 VALIDADE NOMOLÓGICA

A validade nomológica determina se a escala confirma as associações apresentadas

como existentes. Dessa forma, é possível medir a relação entre os construtos propostos na

teoria para verificação de um determinado modelo teórico (MALHOTRA, 2001).

Segundo Hair et al., (2009) validade nomológica é um tipo de validade que

determina o relacionamento entre construtos teóricos, ou seja, constrói-se uma rede

nomológica em que vários construtos são inter-relacionados sistematicamente.

Conforme Hair et al.(2012), o processo de análise das validades nomológicas ocorre

pela realização da modelagem de equações estruturais (SEM) que corresponde a uma família

de modelos estatísticos que propõe explicar as correlações entre as variáveis testadas. Dessa

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87

forma as interrelações são investigadas por meio de uma série de equações, que por sua vez

representa todas as relações entre os construtos que serão analisados.

Para a realização da validade nomológica foi testado o modelo contendo as

hipóteses do estudo. Esse modelo foi composto inicialmente por seis construtos e 23

indicadores que compõem cada um desses construtos. Mas a partir da análise fatorial

exploratória, o construto Valor Financeiro foi dividido em Valor Financeiro Caro e Valor

Financeiro Vale a Pena. Os resultados da análise das equações estruturais são exibidos na

Figura 4 a seguir.

FIGURA 4 - RESULTADOS DA SEM NO MODELO PROPOSTO

NOTA: *** Relações significativas em nível de 0,001.

** Relações significativas em nível de 0,01.

* Relações significativas em nível de 0,05.

FONTE – dados da pesquisa

0,984***

0,837***

-0,337***

-0,351***

0,004

-0,204**

0,256***

0,591***

-0,037

0,069

Valor

Funcional

Valor Social

Intenção em

Comprar

R2 = 85,5%

Propensão a Pagar

Mais Caro R2 =

92,3%

Valor

Individual

Valor

Financeiro

Caro

Valor

Financeiro

Vale Pena

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88

Conforme pode ser observado na Figura 4 e também apresentado na Tabela 27, das

dez relações existentes entre os construtos, sete apresentaram valores estatisticamente

significativos. Há de se ressaltar que três dessas relações apresentaram valores inversamente

proporcionais ao esperado. Assim, verifica-se que a validade nomológica foi parcialmente

alcançada.

TABELA 27 - CARGA PADRONIZADA E SIGNIFICÂNCIA ENTRE AS RELAÇÕES DOS CONSTRUTOS

Relação Entre os Construtos Carga

padronizada

Significância

Teste t Significância

Pagar Mais Caro Valor Financeiro Caro 0,069 0,133 Não

Intenção em Comprar Valor Financeiro Caro -0,037 0,432 Não

Pagar Mais Caro Valor Financeiro_ Vale Pena 0,591 *** Sim

Intenção em Comprar Valor Financeiro_ Vale Pena 0,256 *** Sim

Pagar Mais Caro Valor Funcional -0,204 0,004** Sim

Intenção em Comprar Valor Funcional 0,004 0,958 Não

Pagar Mais Caro Valor Social -0,351 *** Sim

Intenção em Comprar Valor Social -0,337 *** Sim

Pagar Mais Caro Valor Individual 0,873 *** Sim

Intenção em Comprar Valor Individual 0,984 *** Sim

*** Relações significativas em nível de 0,001.

** Relações significativas em nível de 0,01.

* Relações significativas em nível de 0,05.

FONTE - Elaborado pelo autor da dissertação.

Com o objetivo de avaliar a relação entre os construtos estabelecidos na Tabela 27,

descreve-se a seguir uma análise do impacto de cada construto que precede o respectivo

construto do modelo proposto. Por conseguinte, será avaliado o impacto dos construtos para

os construtos pagar mais caro e intenção em comprar.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 27, sete relações apresentam

significância estatística e três não apresentam essa significância. Todavia, dessas sete

relações, verifica-se que três delas apresentam valores invertidos em relação aos resultados

esperados. Assim, as relações entre o construto Valor Social e os construtos Pagar Mais Caro

e Intenção em Comprar apresentaram um valor estatisticamente significativo, mas com valor

negativo. Esse valor deveria ser positivo, haja vista que quanto maior o Valor Social, maior

deveria ser a tendência dos consumidores em relação à Intenção de Compra e em relação à

Pagar Mais Caro. O mesmo deve ser descrito em relação ao construto Valor Funcional e sua

relação com o construto Pagar Mais Caro.

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89

Por outro lado, verifica-se que o Valor Financeiro Vale Pena e o Valor Individual

influenciam fortemente – para o último caso – a Intenção em Comprar moda de luxo e

também em Pagar Mais Caro por esse tipo de produto.

Outra análise a ser feita diz respeito à falta de validade discriminante entre o Valor

Financeiro Vale Pena e o Valor Funcional. Apesar de apresentarem uma alta correlação, o

primeiro apresenta relações estatisticamente significativas com a Intenção em Comprar e com

Pagar Mais Caro, ao contrário do que ocorre com o construto Valor Funcional e que apresenta

para a relação com o construto Pagar Mais Caro uma relação inversamente proporcional ao

resultado esperado.

Comparando-se os resultados desse trabalho com os de outros pesquisadores, a análise

encontra resultados diversos. Ao contrário do que ocorreu nessa pesquisa, em relação aos

valores do luxo, no estudo de Chattalas e Shukla (2015), verificou-se que o valor funcional

influenciou significativamente a intenção de compra, tanto dos consumidores ingleses, quanto

dos consumidores estadunieneses. O valor social foi também significativo somente para os

moradores dos EUA e não foi significativo para os ingleses. Por outro lado, os resultados

obtidos por Chattalas e Shukla são condizentes com os resultados desta dissertação, quando

eles apresentam que os valores individuais influenciam significativamente a intenção de

compra para os ingleses. No caso dos estadunidenses, os resultados não corroboram o

esperado, indicando que o valor individual não influencia a intenção de compra.

Neste estudo, os resultados indicam que o Valor Individual e o Valor Financeiro Pagar

Mais influenciam os construtos da Intenção em Comprar moda de luxo e da Intenção dos

Consumidores em Pagar Mais. Esses resultados são diferentes do estudo de Li; Robson;

Coates (2013) apresentou nos resultados que tanto o Valor Social como o Valor Funcional

apresentam relações significativas com a Intenção em Comprar e também com a disposição

dos Consumidores a Pagar Mais Caro. Eles possuem um papel combinado a desempenhar no

aumento da disposição dos consumidores em pagar mais e também na intenção em comprar.

Já no estudo de Hennigs et al., (2013) os resultados mostram que a percepção

individual da marca de luxo foi significativamente influenciada pelas percepções financeira,

funcional e social e também mostrou afetar significativamente todos os componentes da força

da marca de luxo.

Em um outro estudo Hennigs et al., (2015), os resultados são em parte similares ao

desta dissertação. Eles identificaram que o Valor Individual tem um impacto positivo e

significativo na Intenção de Compra e na Intenção em Pagar um preço prêmio por um produto

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ou serviço de luxo. Nesse estudo especificamente, o Valor Individual foi formado –

significativamente – pelos valores Funcionais, Financeiros e Sociais.

O estudo de Lundén; Modig (2015) mostrou que as dimensões funcional e individual

estimulam no processo de consumo de bens de luxo, já as dimensões financeira e social

regulam o consumo. O estudo ainda apresentou o valor hedônico que é uma parte da

dimensão individual com a maior classificação mostrando um alinhamento com o presente

estudo.

Em seguida, são apresentados os resultados dos testes das hipóteses do modelo

utilizado nessa pesquisa. Esses resultados são exibidos na Tabela 28 a seguir.

TABELA 28 - VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES DA PESQUISA

Hipótese Carga Resultado

H1a – O Valor Financeiro Caro influencia significativamente e

positivamente a Intenção em Comprar produtos e serviços de luxo. 0,069 Rejeitada

H1b – O Valor Financeiro Caro influencia significativamente e

positivamente a Intenção em Comprar produtos e serviços de luxo. -0,037 Rejeitada

H2a – O Valor Financeiro Vale Pena influencia significativamente e

positivamente a Propensão em Pagar Mais Caro por produtos e serviços de

luxo.

0,591*** Apoiada

H2b – O Valor Financeiro Vale Pena influencia significativamente e

positivamente a Propensão em Pagar Mais Caro por produtos e serviços de

luxo.

0,256*** Apoiada

H3 – O Valor Funcional influencia significativamente e positivamente a

Intenção em Comprar produtos e serviços de luxo. -0,204** Rejeitada

H4 – O Valor Funcional influencia significativamente e positivamente a

Propensão em Pagar Mais Caro por produtos e serviços de luxo. 0,004 Rejeitada

H5 – O Valor Social influencia significativamente e positivamente a

Intenção em Comprar produtos e serviços de luxo. -0,351*** Rejeitada

H6 – O Valor Social influencia significativamente e positivamente a

Propensão em Pagar Mais Caro por produtos e serviços de luxo. -0,337*** Rejeitada

H7 – O Valor Individual influencia significativamente e positivamente a

Intenção em Comprar produtos e serviços de luxo. 0,837*** Apoiada

H8 – O Valor Individual influencia significativamente e positivamente a

Propensão em Pagar Mais Caro por produtos e serviços de luxo. 0,984*** Apoiada

*** Relações significativas em nível de 0,001.

** Relações significativas em nível de 0,01.

* Relações significativas em nível de 0,05.

FONTE: Dados da pesquisa.

No total, foram testadas 10 hipóteses, sendo que seis delas foram rejeitadas. As

hipóteses H1a, H1b e H4 foram rejeitadas em virtude de não apresentarem valores

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estatisticamente significativos. E as hipóteses H3, H5 e H6 foram rejeitadas por apresentaram

valores inversamente proporcionais àqueles definidos na elaboração das hipóteses.

Outra variável que é analisada nessa etapa da dissertação é a variância explicada do

modelo por meio dos valores de R². Há de se considerar que esses valores podem ser

calculados somente para os construtos endógenos do modelo, ou seja, daqueles que são

influenciados diretamente por outros construtos do modelo. Para os construtos exógenos, os

quais não são influenciados por outros construtos presentes no modelo não são calculados os

valores da variância explicada. Os resultados são mostrados na Tabela 29 a seguir.

TABELA 29 - VARIÂNCIA EXPLICADA (R²) DOS CONSTRUTOS

Construtos

Intenção em Comprar 85,5%

Intenção em Pagar Mais Caro 92,3%

Valor Financeiro Caro Não se aplica

Valor Financeiro Vale Pena Não se aplica

Valor Funcional Não se aplica

Valor Social Não se aplica

Valor Individual Não se aplica

FONTE - Dados da pesquisa

De acordo com a Tabela 29, os valores da variância explicada para a Intenção em

Comprar e para a Intenção em Pagar Mais Caro são muito altos, principalmente em relação a

esse último.

Esses valores indicam que apesar de algumas hipóteses não terem sido confirmadas

pelos dados empíricos, mesmo assim o modelo utilizado consegue explicar em grande medida

a intenção comportamental futura dos consumidores. Outro fato que deve ser ressaltado é que

não houve validade discriminante entre a Intenção em Comprar e a Intenção em Pagar Mais

Caro. Assim, ambos construtos irão apresentar valores similares para muitos respondentes.

Comparando-se os resultados da variância explicada com os obtidos por Hennigs et

al., (2015), verifica-se que os seus resultados são bem inferiores ao obtidos por essa

dissertação com um R2 de 62,5% para a Intenção de Compra e de 52,6% para a Propensão em

Pagar Mais Caro. O mesmo ocorreu com o estudo de Li; Robson; Coates (2013), o qual

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apresentou uma variância explicada de 32,7% para a Intenção de Compra e de 18,7% para a

Propensão em Pagar Mais Caro.

Outro ponto a ser descrito em relação à análise da validade nomológica diz respeito

aos índices de ajuste obtidos no teste do modelo. Assim, há a necessidade não somente de

escolher como também de apresentar e analisar os valores desses índices. O mais correto é a

seleção de, pelo menos, três índices, sendo preferível o uso de apenas um índice incremental

(no qual ocorre a comparação entre o modelo testado com um modelo alternativo, geralmente

um modelo nulo em que todas as variáveis não são correlacionadas), um absoluto (que

identifica se o modelo usado reproduz os dados observados) e um índice de má qualidade do

ajuste (que identifica se o ajuste é ruim considerando o valor dos resíduos ou diferenças

gerados, em que valores mais altos indicam um ajuste ruim) (HAIR et al., 2009).

No caso desta pesquisa, os índices do qui-quadrado, qui-quadrado normalizado, GFI

(Índice de Qualidade de Ajuste) e AGFI (Índice Ajustado de Qualidade de Ajuste) são

medidas de ajuste absoluto. A RMSEA (Raiz do Meio Quadrático Médio de Aproximação)

também é uma medida de ajuste absoluto, além de ser um índice de má qualidade do ajuste.

O CFI (Índice de Ajuste Comparativo) é uma medida de ajuste incremental.

Hair et al., (2009) afirmam que o limite de valores para o índice GFI é de 0 a 1.

Valores maiores indicam maior ajuste. O índice AGFI considera os diferentes graus de

complexidade do modelo e ajusta o índice GFI por intermédio de uma proporcionalidade entre

os graus de liberdade usados em um modelo e o número total de liberdade disponíveis. A

medida RMSEA que tenta corrigir e rejeitar modelos com amostras grandes ou grandes

números de variáveis. Valores de RMSEA menores indicam melhor ajuste. Um índice GFI de

0,95 indica um modelo com melhor ajuste do que outro da mesma complexidade.

A estatística do qui-quadrado representa a diferença entre as matrizes de covariância

estimada e a observada. Hair et al., (2009) indica que, quanto menor for essa diferença,

melhor é o modelo analisado. Nessa perspectiva, os valores que não são significativos são

aqueles que apresentam valores superiores a 0,05 e, dessa maneira, representa que a diferença

do qui-quadrado não é estatisticamente significativa.

Outra medida de ajuste utilizada é o qui-quadrado normalizado, a qual é obtida pela

divisão do valor do qui-quadrado pelo número de graus de liberdade do modelo. Os valores

adequados para amostras inferiores a 750 observações de acordo com Hair et al. (2009) é de

até três.

O ajuste comparativo (CFI) é o índice que indica como o modelo se comporta quando

comparado com outro em que as covariâncias entre as variáveis são iguais a zero. A

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mensuração do índice resulta em valores variando de 0 a 1. Valores altos indicam bom ajuste.

O aceitável são valores acima de 0,90 (KLINE, 2015).

O GFI é o índice de qualidade do ajuste e exprime a medida de variabilidade explicada

pelo modelo, sem levar em consideração os diferentes graus de complexidade do modelo,

sendo utilizado para minimizar os efeitos do tamanho da amostra no resultado das medidas de

ajuste. Os valores do GFI variam de 0 a 1, sendo que, quanto maior o seu valor, melhor é o

ajuste do modelo. Os valores aceitáveis são aqueles acima de 0,90 (KLINE, 2015).

TABELA 30 - ÍNDICES DE AJUSTE PARA O MODELO TESTADO

Medida de Ajuste Valores Obtidos

para o Modelo

Testado

Valor Desejado

Qui-quadrado 1026,580 Não definido

p-valor 0,0000 Maior do que 0,05

Graus de liberdade 211 O maior possível acima de zero

Qui-quadrado

normalizado

4,865 Acima de 1 até 3 e para modelos complexos até 5

CFI 0,476 Acima ou igual a 0,90

GFI 0,843 Acima ou igual a 0,90

AGFI 0,795 Acima ou igual a 0,90

RMSEA 0,082 Acima de 0,03 e abaixo de 0,08

FONTE: Dados da pesquisa.

Analisando-se a Tabela 30, é possível verificar que os índices de ajuste apresentaram

resultados diferentes. Os índices CFI, GFI e AGFI mostraram valores inadequados, apesar de

os dois últimos terem valores próximos ao valor recomendado. Todavia, é necessário ressaltar

que modelos mais complexos e com amostras maiores de 250 elementos devem ter uma

avaliação menos restritiva em relação aos valores indicados como adequados para os índices

de ajuste (HAIR et al., 2009), ou seja, mesmo que os valores dos índices não sejam

alcançados, é possível avaliar esses índices com valores próximos aos de referência. O

modelo testado tem um total de sete construtos, sendo formados por 23 indicadores.

Em relação aos índices do Qui-Quadrado normalizado e ao índice RMSEA

(utilizando-se do arredondamento), os valores obtidos estão dentro da faixa dos valores

adequados.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término do trabalho conclui-se que o conceito de luxo é subjetivo e extremamente

complexo e, ao buscar definições sobre o tema, percebeu-se que cada autor defende o seu

próprio conceito de luxo influenciado pelo meio onde vive e, em relação a sua percepção de

mundo e às coisas que nele percebe (VIGNERON; JOHNSON, 2004).

As marcas de luxo, por sua vez, buscam ganhar vantagens competitivas incorporando

novas geografias e consumidores. Com essa ampliação, diferentes significados surgem no

consumo de marcas de luxo. O desafio das marcas globais é o de compreender quem são e

qual o perfil de seu consumidor para o desenvolvimento de estratégias adequadas e para um

melhor posicionamento de mercado (WIEDMANN; HENNIGS; SIEBELS, 2012).

Para a resposta ao problema de pesquisa proposto “Qual a validade do modelo de

percepção do valor de luxo proposto por Weidmann; Hennings; Siebels (2007) no contexto

brasileiro em relação aos consumidores de moda de luxo?”, os resultados obtidos indicam que

o modelo utilizado consegue explicar fortemente a intenção comportamental dos

consumidores de produtos e serviços de marcas de luxo brasileiro, apesar de alguns dos

valores não apresentarem um comportamento conforme descrito na teoria, representado pelo

modelo e valores condizentes com as hipóteses dessa pesquisa.

Verificou-se que a validade nomológica do modelo testado foi alcançada de forma

parcial. Além disso, no contexto brasileiro, o Valor Financeiro foi dividido em dois construtos

sendo que o Valor Financeiro Vale a Pena apresentou um resultado estatisticamente

significativo. O mesmo ocorreu com o Valor Individual.

Apesar da validade nomológica do modelo ter sido alcançada de forma parcial, esse

modelo é capaz de explicar fortemente a Intenção Comportamental em relação a Comprar

moda de luxo e também de explicar mais fortemente ainda a Intenção de Pagar Mais Caro nos

produtos desse tipo de moda.

6.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

Esta pesquisa é parte de uma etapa que visa auxiliar o processo de desenvolvimento de

um instrumento de monitoramento confiável do desempenho das marcas de luxo, além de

oferecer várias contribuições para uma melhor compreensão sobre consumidores de marcas de

luxo no Brasil, e mais particularmente, estende os estudos realizados por Wiedmann, Hennigs,

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Siebels (2007) sobre as atitudes em relação ao conceito de luxo e marcas de luxo descrevendo

assim o panorama do atual consumidor brasileiro de roupas de luxo.

Este trabalho, além de testar o Modelo de Valores do Luxo de Weidmann, Hennings e

Siebels (2007), também apresenta as suas contribuições em termos das Intenções

Comportamentais e também na Propensão em Pagar Mais Caro. Esse tipo de elaboração

teórica pode fazer avançar o conhecimento em determinado campo, ao integrar partes de

modelos e trabalhos já validados anteriormente por pesquisadores.

No caso desta dissertação, foi a primeira vez que esse modelo foi utilizado no Brasil.

Isso também se configura como mais uma contribuição teórica a partir da tradução do

instrumento de coleta de dados e do seu texto em um contexto cultural diferente daqueles

testados em outros países, notadamente na Europa e EUA.

Ao se testar o instrumento de coleta de dados e também ao se estudar as consequências

da percepção dos valores de luxo, é possível estender esse modelo para novas abordagens,

como por exemplo, testar novos construtos como a lealdade e a comunicação boca-a-boca.

Outro ponto a ser destacado a respeito da pesquisa é que ela pode contribuir para um

melhor entendimento dos gestores do luxo acerca da propensão de comprar produtos de moda

de luxo, possibilitando a criação de estratégias específicas a partir dessa percepção.

Igualmente, a evidência da intenção em pagar mais caro por esses produtos de moda

de luxo esclarece aos gestores como segmentar as suas atividades de marketing e a manter um

canal de diálogo eficiente no trato com os clientes que se dispõem a continuar a comprar e a

pagar mais caro por esses produtos.

6.2 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DOS RESULTADOS

As implicações desta pesquisa interessam aos profissionais de marketing e estudiosos

no campo das marcas de luxo ao propor uma gestão instrumental capaz de criar, avaliar e

manter marcas de luxo.

A questão do consumo de luxo demanda uma investigação cuidadosa de seus

consumidores, uma vez que, enquanto houver demanda por produtos de luxo, o avanço do

conhecimento no processo decisório de compra é fundamental, impactando na questão de

como e quais produtos serão desejados pelo consumidor.

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Os resultados desta pesquisa poderiam servir para vários propósitos, mas talvez sejam

especificamente direcionados para repensar o conceito de luxo, ou simplesmente para resolver

problemas de como manter a marca de luxo, uma vez estabelecida.

Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa o mix de marketing pode atuar de

maneira mais assertiva no valor financeiro Vale a Pena, onde de acordo com Cypriano (2013),

observa-se que alguns produtos são mais desejados por terem um preço mais elevado, quando

o valor por vezes é determinado com base na percepção do consumidor.

Já no valor individual segundo Sukla (2012) o consumo está ligado à satisfação do eu,

está relacionado aos benefícios simbólicos, está relacionado aos valores internos. Assim, este

modelo poderá auxiliar os gestores a entender como criar, aumentar e manter clientes, ao

ratificar que o desejo pela gratificação sensorial é o principal combustível do consumo do

luxo (KLARMANN; WIEDMANN; HENNIGS, 2013).

O entendimento acerca do valor individual dos consumidores de moda de luxo, por

meio de produtos e dos seus serviços é fundamental para que os gestores desenvolvam

técnicas direcionadas para a representação do estilo pessoal, dos benefícios simbólicos, da

satisfação pessoal, e não em agradar as expectativas externas (SUKLA, 2012).

As marcas de luxo devem desenvolver artifícios que gerem uma motivação interna

refletindo auto-realização. Com apoio de (WIEDMANN et al., 2007) entende-se que o

consumo de luxo vem sendo cada dia mais direcionado à auto-realização do que comprar com

objetivo de impressionar os outros. Desta forma, os gestores de marketing podem criar

mecanismos específicos para esse segmento.

Em relação ao preço, verificou-se que os construtos Pagar Mais Caro e Intenção de

Comprar produtos de moda de luxo não apresentaram validade discriminante. Inclusive em

relação ao produto técnico desta dissertação verifica-se que o valor da variância explicada

para os dois construtos é bastante similar. Assim, o instrumento gerado no produto técnico é

extremamente útil para os gestores poderem verificar a intenção de compra dos seus

consumidores.

Aliado a esse fato, o preço alto para os produtos de moda de luxo são condizentes com

o que os clientes esperam e estão associados à sua intenção de compra.

Outro ponto a ser considerado pelos gestores de marketing é que em relação aos

produtos, os clientes esperam deles alta qualidade. Então, em termos de gestão do produto é

imprescindível que o controle de qualidade seja um pré-requisito para o sucesso de

empreendimentos e marcas de luxo.

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6.3 LIMITAÇÕES

As limitações desta pesquisa começam por seu método amostral, por conveniência.

Esse método não permite a generalização de resultados.

Construções abstratas tendem a ser mais difíceis de medir, e por vezes as pessoas podem

responder de forma tendenciosa quando se trata de mercado de luxo.

A amostragem não-probabilística por bola de neve pode sugerir que os respondentes

colaboraram por boa vontade e não para participar da pesquisa. Esse problema é minimizado

pelas perguntas iniciais de filtro e pelo anonimato dos respondentes.

6.4 PESQUISAS FUTURAS

Em relação às pesquisas futuras, investigações em setores específicos, como o

consumo de marcas de luxo falsificadas, também são relevantes, uma vez que muitas

pessoas consomem esse tipo de produto. Também poderia ser feito um estudo para identificar

mais claramente os valores do luxo e os valores das marcas falsificadas ou então marcas

“populares”.

O modelo utilizado neste estudo pode ser replicado em pesquisas futuras de outras

categorias de produtos de marcas de luxo, como joias, relógios, carros, iates, turismo, para

mencionar alguns itens.

Outra possibilidade de pesquisa está relacionada a marcas mundiais e de luxo acessível

em diferentes países.

Também poderiam ser realizados estudos entre países (cross-country) verificando as

diferenças culturais e também em nível de renda e a percepção dos valores de luxo conforme

descrevem Chatallas e Shukla (2015).

Por fim, também devem ser considerados estudos relacionados às características

demográficas da amostra, notadamente em relação ao gênero (e categorias de produtos como

roupas, eletrônicos e automóveis), idade, renda, etc. Além disso, também poderiam ser

estudados aspectos relacionados com características culturais como a religião e também

psicológicas tais como o nível de materialismo e hedonismo da amostra estudada.

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106

APÊNDICES

APÊNDICE A - Relatório Gerencial................................................................................110

APÊNDICE B – Questionário............................................................................... ........................................120

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107

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

ANTONINO PARREIRAS CUNHA

Relatório Gerencial

PRODUTO TÉCNICO ORIUNDO DO RESULTADO DA PESQUISA

Belo Horizonte

2018

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108

ANTONINO PARREIRAS CUNHA

PRODUTO TÉCNICO – MODELO DE PREVISÃO DA INTENÇÃO

COMPORTAMENTAL DOS INDIVÍDUOS EM COMPRAR PRODUTOS DE MODA DE

LUXO E DA INTENÇÃO EM PAGAR MAIS CARO POR ESSE TIPO DE PROUDUTO

Contribuição técnica elaborada a partir da

dissertação de Mestrado intitulada

“PERCEPÇÃO DOS VALORES DE LUXO

NO MERCADO DE MODA”, apresentado ao

Programa de Pós-Graduação Mestrado

Profissional em Administração do Centro

Universitário UNA para obtenção do título de

Mestre.

Orientador:

Prof. Doutor Luiz Rodrigo Cunha Moura

Co-orientador:

Prof. Doutor: Gustavo Quiroga Souki

Belo Horizonte

2018

Page 100: PERCEPÇÃO DOS VALORES DE LUXO NO MERCADO DE … · atitude mental que historicamente foi destinada a uma pequena parcela da sociedade, ... resgatou segundo o ... da revolução

109

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – CARGAS PADRONIZADAS DO MODELO DO PRODUTO

TÉCNICO.......................................................................................... 116

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110

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - SIGNIFICÂNCIA ENTRE AS RELAÇÕES DOS CONSTRUTOS DO

PRODUTO TÉCNICO ..............................................................................

117

TABELA 2 - ÍNDICES DE AJUSTE PARA O MODELO DO PRODUTO

TÉCNICO ..................................................................................................

117

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111

SUMÁRIO

1 INDTRODUÇÃO............................................................................................116

2 PRODUTO TÉCNICO...................................................................................117

REFERÊNCIAS.................................................................................................123

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112

1 NTRODUÇÃO

Este produto técnico é originado da dissertação realizada sobre os valores de luxo

percebidos pelos consumidores de moda.

Entender o porquê de indivíduos consumirem bens de luxo, de como eles aquilatam o

valor do luxo e como isso pode afetar o comportamento de compra é extremamente

importante para os gestores de marcas de moda de luxo (WIEDMANN; HENNIGS;

SIEBELS, 2009).

O foco deste produto técnico é a apresentação de um modelo de previsão da intenção

de compra de produtos de moda de luxo por parte dos indivíduos, como também a

apresentação da previsão da intenção em pagar mais caro por esses produtos de moda de luxo

por parte dos consumidores.

A fidelidade do consumidor vem sendo considerada como um ativo considerável para

as marcas de um modo geral, mas principalmente para as marcas de luxo, para as quais um

elevado grau de fidelidade do consumidor, pode ser traduzido numa grande vantagem e uma

base de clientes mais estável (KOTLER, 2007).

Segundo Kotler (2007) a fidelização de clientes, como também entender sua intenção

de compra, poderá garantir um aumento das vendas, redução de despesas, além de utilizar

uma comunicação integrada para estabelecer um relacionamento continuado, duradouro e

gratificante com os clientes, visando aumentar a lealdade e a rentabilidade, uma vez que o

processo de decisão de compra está intrinsecamente ligado a experiências anteriores

(BRETZKE 2000).

Segundo Aaker (1996) o valor patrimonial gera valor para o consumidor que pode ser

expresso na forma de preço premium ou de aumento de lealdade à marca, o que influencia o

fato de pagar mais pela moda de luxo.

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113

2 PRODUTO TÉCNICO

O valor financeiro diz respeito ao valor a ser pago por um serviço ou produto de alta

qualidade, que muitas vezes é determinado com base na percepção do consumidor de que

quanto mais caro, mais raridade, mais exclusividade. (LUNDÉN; MODIG, 2015).

Quando se fala em propensão em pagar mais caro significa que o consumidor de luxo

está disposto a pagar mais caro (um preço “Premium”), acreditando que assim estará

consumindo exclusividade, raridade (HENNINGS; WIEDMANN; BEHRENS et al., 2013).

O consumo de luxo de acordo com Miranda (2015) está associado a status, riqueza,

melhoria de ego e realização, podendo ser utilizado como uma forma de se comunicar aos

outros ou a si mesmo, por isso quando se trata da intenção em comprar moda de luxo

observou-se que os respondentes da pesquisa exprimiram uma forte tendência em consumir

este tipo serviço/produto.

Valor individual segundo Sukla (2012) está ligado em consumir luxo pelos benefícios

simbólicos, pela satisfação pessoal, ao invés de agradar as expectativas externas, o

consumidor é motivado por valores internos e que a auto-realização, e o desejo pela

gratificação sensorial é o principal combustível do consumo do luxo.

O modelo é apresentado na figura 5 a seguir.

FIGURA 1 – CARGAS PADRONIZADAS DO MODELO DO PRODUTO TÉCNICO

Nota: *** Relações significativas em nível de 0,001.

** Relações significativas em nível de 0,01.

* Relações significativas em nível de 0,05.

FONTE: Elaborada pelo autor da dissertação

A partir da Figura 1 anterior, verifica-se que o modelo apresentado neste produto

técnico a variância explicada da Intenção de Comprar produtos de moda de luxo ultrapassa os

Intenção em Pagar Mais

Caro R2 = 88,9%

Intenção de Compra

R2 =88,1% 0,455***

Valor Individual

0,719***

0,617***

Valor Financeiro Vale

Pena

0,330***

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114

88% e a variância explicada em relação à Intenção de Pagar Mais Caro pelos produtos de

moda de luxo também está acima de 88%.

Os valores das cargas e o seu nível de significância são apresentados de forma mais

detalhada na Tabela 1.

TABELA 1 - SIGNIFICÂNCIA ENTRE AS RELAÇÕES DOS CONSTRUTOS DO PRODUTO TÉCNICO

Relação Entre os Construtos Carga Significância

Teste t Significância

Pagar_Mais_Caro <--- Valor_Financeiro_ValePena 0,455 *** SIM

Intenção_em_Comprar <--- Valor_Financeiro_ValePena 0,330 *** SIM

Pagar_Mais_Caro <--- Valor_Individual 0,617 *** SIM

Intenção_em_Comprar <--- Valor_Individual 0,719 *** SIM

*** Relações significativas em nível de 0,001.

** Relações significativas em nível de 0,01.

* Relações significativas em nível de 0,05.

FONTE - Elaborado pelo autor da dissertação.

Além disso, também foram calculados os valores dos índices de ajuste, os quais são

detalhados na Tabela 2.

TABELA 2 - ÍNDICES DE AJUSTE PARA O MODELO DO PRODUTO TÉCNICO

Medida de Ajuste Valores Obtidos

para o Modelo

Testado

Valor Desejado

Qui-quadrado 568,357 Não definido

p-valor 0,000 Maior do que 0,05

Graus de liberdade 60 O maior possível acima de zero

Qui-quadrado

normalizado

9,473 Acima de 1 até 3 e para modelos complexos até 5

CFI 0,475 Acima ou igual a 0,90

GFI 0,847 Acima ou igual a 0,90

AGFI 0,767 Acima ou igual a 0,90

RMSEA 0,122 Acima de 0,03 e abaixo de 0,08

FONTE: - Elaborado pela autor da dissertação

De acordo com os dados da Tabela 2, os valores dos índices de ajuste não alcançam os

valores de referência – quando existem – para que possam ser considerados adequados.

A última etapa está relacionada com a apresentação do instrumento de coleta de dados.

Assim, por meio desse instrumento os gestores podem acompanhar a percepção de luxo por

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115

parte dos seus clientes e possíveis clientes, bem como a intenção em pagar a mais por esse

tipo de produto. Com os resultados obtidos, os gestores podem segmentar as suas atividades

de marketing e de construção e manutenção de relacionamentos para os segmentos de clientes

que possuem uma tendência a continuar a comprar produtos de luxo e a pagar mais caro por

esses produtos.

Cabe ressaltar que a grande vantagem desse modelo do produto técnico e do

instrumento de coleta de dados diz respeito à parcimônia dos itens utilizados, gerando um

questionário bem pequeno, o qual pode ser utilizado para mensurar a intenção de compra e de

pagamentos dos clientes de lojas e de sites de luxo.

A seguir, apresenta-se o instrumento de coleta de dados que pode ser usado pelos

gestores de marketing, de marcas e de moda de luxo.

Considerando a minha percepção sobre a moda de luxo,

eu acho que:

Discordo Concordo

Plenamente Plenamente

1 – Considerando o preço cobrado vale a pena comprar marcas

de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2 - As marcas de luxo oferecem benefícios para os

consumidores, mesmo considerando o custo para comprá-las. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3 – Considerando-se o preço cobrado, as marcas de luxo

representam bons produtos/serviços. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

4 – As marcas de luxo me fazem sentir bem 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

5 – As marcas de luxo me dão prazer 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

6 - Eu ficaria mais feliz se pudesse comprar mais marcas de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

7 - A minha escolha pelas marcas de luxo se reflete em como eu

me vejo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

8 - Eu estou disposto a comprar produtos e serviços de marcas de

luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

9 - Tenho grande intenção de comprar produtos e serviços de

marcas de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10 - Tenho uma forte possibilidade de comprar produtos e

serviços de marcas de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11 - Estou disposto a pagar um preço maior por marcas de luxo

do que por outras marcas comuns 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

12 - Mesmo que as outras marcas comuns tenham um preço mais

baixo, ainda vou comprar marcas de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

13 – Considerando o preço cobrado vale a pena comprar marcas

de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

14 - Apesar das marcas de luxo serem comparáveis a outras

marcas comuns, estou disposto a pagar mais pelas marcas de

luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Terminou!!!! Muito Obrigado Pela Sua Ajuda

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APÊNDICE B – Questionário

Prezado(a) senhor(a) Solicitamos a sua colaboração para responder o questionário adiante. Trata-se de uma pesquisa científica conduzida por pesquisadores da área de gestão do Centro Universitário UNA de Belo Horizonte, a respeito da percepção de moda de luxo e suas dimensões. Você não será identificado(a) – a menos que informe o seu nome e/ou email - e a sua participação é muito importante. Não há respostas certas ou erradas para as questões. O essencial é que sua avaliação seja sincera. Não deixe nenhuma questão em branco.

É importantíssimo que você preencha as questões na ordem em que as mesmas aparecem. Por favor, leia atentamente as instruções e os enunciados abaixo antes de responder as questões.

Pergunta-filtro:

1) Você comprou ou consumiu algum produto considerado por você como luxo em relação à moda nos últimos 12 meses? ( ) SIM ( ) NÃO

Caso a resposta anterior tenha sido “NÃO”, não será necessário continuar o preenchimento desse

questionário.

Considerando a minha percepção sobre a moda de luxo,

eu acho que:

Discordo Concordo

Plenamente Plenamente

1 – As marcas de luxo possuem preços altos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2 – Considerando o preço cobrado vale a pena comprar marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3 - As marcas de luxo oferecem benefícios para os consumidores, mesmo considerando o custo para comprá-las.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

4 – Considerando-se o preço cobrado, as marcas de luxo representam bons produtos/serviços.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

5 - As marcas de luxo são sempre caras. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

6 - Os produtos e serviços de marcas de luxo são de alta qualidade.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

7 - Os produtos/serviços de marcas de luxo são bem fabricados/executados.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

8 - Os produtos e serviços de marcas de luxo são feitos de forma artesanal (manualmente) pelos trabalhadores e não são produtos de massa (linha de montagem).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

9 – Os produtos e serviços de marcas de luxo possuem um excelente desempenho.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10 - Usar marcas de luxo melhora a maneira como eu sou percebido pelas outras pessoas.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11 - Usar marcas de luxo, fazem com que eu me sinta mais aceito pelas outras pessoas.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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25 - Em qual cidade você reside atualmente?

______________________________________

26 - Em qual Estado/UF você reside atualmente?

__________________________________

27 - Qual é o seu sexo?

( ) Feminino

( ) Masculino

28 - Qual é a sua idade?

( ) Menos de 18 anos

( ) Entre 18 e 34 anos

( ) Entre 35 e 49 anos

( ) Entre 50 e 64 anos

( ) 65 anos ou mais

29 - Qual é a sua renda bruta mensal familiar? Ou seja, a soma da sua renda bruta mensal com a de todas as pessoas de sua família com as quais você mora.

( ) Até R$ 965,00

( ) De R$ 965,01 até R$ 1.930,00

( ) De R$ 1.930,01 até R$ 4.825,00

( ) De R$ 4.825,01 até R$ 7.720,00

( ) De R$ 7.720,01 até R$ 9.650,00

( ) De R$9.650,01 até R$19.300,00

( ) Acima de R$ 19.300,01

30 - Qual é o seu estado civil?

( ) Solteiro(a)

( ) Casado(a) / União estável

( ) Divorciado(a), desquitado(a) ou separado(a) judicialmente

( ) Viúvo(a)

31 - Qual é a sua escolaridade?

32 - Há quanto tempo você consome ou compra

12 - As marcas de luxo causam uma boa impressão em outras pessoas.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

13 - O fato de eu usar marcas de luxo, gera uma aprovação social pelas outras pessoas

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

14 – As marcas de luxo me fazem sentir bem 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

15 – As marcas de luxo me dão prazer 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

16 - Eu ficaria mais feliz se pudesse comprar mais marcas de luxo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

17 - A minha escolha pelas marcas de luxo se reflete em como eu me vejo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

18 - Eu estou disposto a comprar produtos e serviços de marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

19 - Tenho grande intenção de comprar produtos e serviços de marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

20 - Tenho uma forte possibilidade de comprar produtos e serviços de marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

21 - Estou disposto a pagar um preço maior por marcas de luxo do que por outras marcas comuns

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

22 - Mesmo que as outras marcas comuns tenham um preço mais baixo, ainda vou comprar marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

23 – Considerando o preço cobrado vale a pena comprar marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

24 - Apesar das marcas de luxo serem comparáveis a outras marcas comuns, estou disposto a pagar mais pelas marcas de luxo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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( ) Ensino Fundamental completo ou equivalente ou inferior

( ) Ensino Médio incompleto ou Ensino Técnico incompleto ou equivalente

( ) Ensino Médio completo ou Ensino Técnico completo ou equivalente

( ) Ensino Superior incompleto ou equivalente

( ) Ensino Superior completo ou equivalente

( ) Pós-Graduação Lato Sensu (Especialização / MBA) completo

( ) Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado / Doutorado) completo

produtos de moda de luxo?

( ) Há menos de 1 ano

( ) Entre 1 ano e menos de 2 anos

( ) Entre 2 anos e menos de 5 anos

( ) Entre 5 anos e menos de 10 anos

( ) Há mais de 10 anos

MUITO OBRIGADO!!! TERMINOU! AGRADEÇO A SUA COLABORAÇÃO!

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REFERÊNCIAS

AAKER, David A. Criando e administrando marcas de sucesso. São Paulo:

Futura,1996.

BRETZKE, Miriam. Marketing de relacionamento e competição em tempo real com

CRM. São Paulo: Atlas, 2000.

HENNIGS, N. et al. Unleashing the power of luxury: Antecedents of luxury brand perception

and effects on luxury brand strength. Journal of Brand Management. Hannover, Germany,

p. 705-715, Ago., 2013. Disponível em:

<https://slideheaven.com/unleashing-the-power-of-luxury-antecedents-of-luxury-brand-

perception-and-effect.html>. Acesso em:6 de fevereiro de 2017.

KOTLET, P. Administração de marketing, 12.ed. São Paulo: Printece Hall 2007.

LUNDÉN, Philip; MODIG, Oscar. The Paradox of Luxury: A Perspective on Luxury Value

and Consumer Behavior. 2015. 47f. Bachelor’s thesis (Business) – Department of Business

Studies, Uppsala University, Uppsala, Suécia, 2015. Disponível em: <www.diva-

portal.se/smash/get/diva2:786533/FULLTEXT01.pdf>. Acesso em: 20 de setembro 2017.

MIRANDA, C. M. A. de. Estudo sobre a percepção de valor de jovens consumidores de

produtos de luxo acessível. 2015. 120 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-graduação em

Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2015. Disponível em: <

https://bibliotecatede.uninove.br/...>. Acesso em: 10 de dezembro de 2017.

SHUKLA, P. The influence of value perceptions on luxury purchase intentions in developed

and emerging markets. International Marketing Review. Inglaterra, p. 574-596, Jun. 2012.

Disponível em: <eprints.brighton.ac.uk/10531>. Acesso em: 10 de dezembro de 2017.

WIEDMANN, Klaus-peter; HENNIGS, Nadine; SIEBELS, Astrid. Value-Based

Segmentation of Luxury Consumption Behavior. Psychology & Marketing. Hannover, p.

625-651, Jul. 2009. Disponível em:

<http://www.amsreview.org/articles/wiedmann07-2007.pdf>. Acesso em: 20 de outubro de

2017.