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Pecuária Sustentável

na Prática

Parceria:

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3GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Pecuária Sustentável na Prática2ª Publicação do GTPS desenvolvida a

partir da consolidação das palestras

apresentadas durante o VI Seminário

Pecuária Sustentável na Prática do Grupo

de Trabalho da Pecuária Sustentável

realizado dia 27 de novembro de 2013 em

São Paulo, na sede da Dow Brasil.

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Comissão ExecutivaPresidenteEduardo Bastos

Vice-PresidenteMauricio Campiolo

TesoureiroFernando Sampaio

Coordenadora ExecutivaSheila Guebara

VI SeminárioEquipe de organização GTPS/Dow

Abdias MachadoBianca RamirezCarlos Eduardo MantovaniCecília SouzaGustavo StrambeckSheila Guebara

Organização Geral do VI Seminário –Wenter EventosRenato Wenter / Willian Rudner

FOTO

PublicaçãoAbdias MachadoCarlos Eduardo MantovaniGustavo StrambeckSheila GuebaraElaboração e Revisão de Texto: Luiz Antônio PinazzaProjeto Gráfico e Diagramação: Dennis Coelho (AG Futuro)Gráfica: Extra CopyFotos: Allan Richner

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Pilares do GTPS

Aprovados na Segunda Assembleia Geral Ordinária do GTPS em 14 de Abril de 2011, São Paulo

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Associados

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Associados

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Comissão Executiva – gestão 2012-2015PresidenteEduardo Brito Bastos (Dow)

Vice-Presidente

Mauricio Campiolo (ACRIMAT)

TesoureiroFernando Sampaio (ABIEC)

Conselho Diretor

André BartocciFazenda N. S. das Graças

Paulo Pianez Carrefour

Sebastião Faria MSD Saúde Animal

Conselho Fiscal

Produtores

• ACRIMAT – Mauricio Campiolo• ASSOCON – Bruno Andrade• FAMASUL - Eduardo Riedel• Suplente: Novilho Precoce - Alexandre ScaffIndústria

• JBS – Márcio Nappo• Marfrig – Mathias Almeida• ABIEC – Fernando Sampaio• Suplente: Minerva – Taciano Cusódio

Instituições Financeiras

• IFC - Mariel Reyes• Santander – Christopher Wells• Rabobank – Luiz Amaral• Suplente: Banco do Brasil - Ivandré Montiel

Organizações da sociedade Civil, Organizações Sindicais de Trabalhadores e outros

• Aliança da Terra – Marcos Reis• TNC – Francisco Fonseca• WWF Brasil – Ivens Teixeira• Suplente: APPS - Alcides Torres

Comércio e Serviços• Dow – Eduardo Bastos• Stoller – Rodrigo Ferreira• Wal Mart – Tatiana Trevisan• Suplente: Agrotools - Sergio Rocha

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SumárioMensagens Iniciais .................................................... 10

Programa GTPS ......................................................... 17

Painel 1 ..................................................................... 21

Painel 2 ..................................................................... 25

Painel 3 ..................................................................... 28

Painel 4 ..................................................................... 32

Painel 5 ..................................................................... 37

Painel 6 ..................................................................... 43

Painel 7 ..................................................................... 49

Comissões ................................................................. 53

Programas do BNDES ................................................ 58

Cases de Sucesso ...................................................... 65

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Mensagens Iniciais

Eduardo Brito Bastos

Eduardo Brito Bastos: Presidente de Grupo de trabalho da Pecuária Sustentável e Diretor de Relações Institucionais da Dow

Luiz Carlos Corrêa Carvalho: Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)

Sergio Margulis: Secretário para o Desenvolvimento Sustentável da Secretária de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da Republica

Celso Vainer Manzatto: Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente

Francisco Sergio Ferreira Jardim: Superintende Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

Francisco de Oliveira Filho: Diretor de Política para o Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA)

Quando falamos do começo, em 2007, temos na memória as 17 entidades com o sonho de desenvolver um trabalho diferente. Tínhamos, naquela época, uma demanda muito forte por causa do desmatamento, em particular no Bioma Amazônia. Chegamos, hoje, com mais de sessenta membros, além dos observadores, que permeiam toda a cadeia produtiva da pecuária. Não podemos esquecer a importância econômica desse setor, de quase US$ 170 bilhões, com geração de empregos diretos e indiretos, com recorde na exportação de mais de US$ 6,0 bilhões em 2013.

O brasão do município de São Paulo registra a mensagem significativa de “eu não sou conduzido, eu

conduzo”. Podemos tomar essas palavras provocativas para cobrarmos a nossa obrigação de conduzirmos a pecuária brasileira, pela sua importância global.

Criamos e ajudamos a criar a mesa redonda de pecuária sustentável aqui no Brasil e em outros países do mundo, como na Colômbia, no Canadá, na Austrália. Estamos diante da expectativa de formá-la também nos Estados Unidos. Dessa maneira, estabelecemos um diálogo global mais franco e aberto. Por isso, precisamos mostrar de forma contundente as nossas realizações no território brasileiro. Esse é o objetivo deste Seminário Pecuária Sustentável na Prática, no sentido de mostrar as realizações do homem real, no mundo real.

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13GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Luiz Carlos Corrêa Carvalho

O GTPS representa a possibilidade de integração dos setores públicos e privados no sentido de desenvolver as políticas de sustentabilidade que caracterizam o Brasil. Sentimos neste século um amadurecimento daqueles com a possibilidade de produzirem em larga escala de maneira sustentável. Vivemos também um tempo de insegurança alimentar e energética, em que Estado brasileiro aparece como a bola da vez em termos de oportunidade de negócios, apesar das suas dificuldades.

Discutir os princípios, critérios, mensuração na visão da cadeia produtiva mostra a fase de ruptura experimentada pela pecuária. Isso leva tempo para ser entendido e avaliado. Existem muitas pessoas com visão de popa e preconceituosa. O GTPS parte de um olhar de proa. Não enxergaremos o futuro com olhos voltados para o passado. Temos de mostrar soluções, sem ficar apenas nas apresentações de problemas.

Teremos as apresentações de sete projetos desenvolvidos em cinco estados nacionais. É o começo dos passos para frente debaixo desse guarda chuva maior representado pelo GTPS. A área abrangida envolve um milhão de hectares, para o Brasil pode isso representar territórios pilotos, mas a sua representatividade corresponde

à metade do tamanho da Bélgica. As dimensões e desafios brasileiros são de largas escalas. Quando olhamos o potencial da pecuária para liberar áreas para outras atividades, como os grãos e a cana-de-açúcar, o resultado será aumento da produção e riqueza para a sociedade em geral. Temos gente e unidos daremos essa contribuição.

Sérgio Margulis

Esse é um momento importante para o governo federal. Como devemos assinar uma parceria com o GTPS , gostaríamos de registar a nossa satisfação em fazer parte deste evento. Muitas vezes pode parecer confortável ficar em Brasília, com a formulação de propostas para otimizar o Brasil. Mas, não existe nada

mais importante do que o real, essa possibilidade de contato com o setor produtivo, aquele que faz e está com a mão na massa. Estamos otimistas e ansiosos com o andamento futuros desses trabalhos objetos do seminário.

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Celso Vainer Manzatto

Francisco Sergio Ferreira Jardim

Precisamos aumentar a produção, mas mostrar a intensificação produtiva da pecuária nacional, em particular nas últimas duas décadas. Na verdade, desde o início do levantamento dos dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa atividade cede áreas as explorações agrícolas. Isso só é possível devido à intensificação produtiva. A Embrapa compartilha com essa visão do GTPS, em termos de tecnologia, produtos e serviços.

Não muito distante teremos desafios com relação às métricas de sustentabilidade. Enquanto batemos recordes em nossas exportações, com certeza os países importadores requisitarão informações, com análise e dados sobre a produção sustentável da pecuária.

Na Embrapa possuímos dois movimentos muito grandes. O primeiro ligado a Integração lavoura,

pecuária e floresta, das quais muitas instituições aqui presentes são parceiras no esforço de disseminação e consolidação dessa tecnologia. O segundo com respeito aos projetos para avaliar todos os coeficientes relacionados às emissões dos gases de efeito estufa, considerados importantes para os trabalhos em curso no Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), principalmente pelo fato arriscado da pecuária ser apresentada como a vilã ambiental.

Por fim, temos de destacar e fortalecer a necessidade de apresentarmos estudos com a abrangência de integral da cadeia produtiva nos fóruns internacionais. A nossa estratégia, portanto, passa por uma sintonia cada vez mais próxima da Embrapa com o GTPS.

Quando cheguei em São Paulo, no início dos anos setenta, recém formado em veterinária na Universidade Estadual do Norte Fluminense, tive a oportunidade de participar de um evento na Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAEASP), para discutir um plano estratégico sobra a

pecuária nacional. Naquela conjuntura era prioritário reverter a nossa situação de grande importador de alimentos. Para sanar a falta de uma estrutura institucional para organizar e produzir conhecimento foi criada a Embrapa, sendo que para disseminá-las foram montadas as rede de EMATER´s ( Empresas

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15GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

de Assistência Técnica e Extensão Rural). Tínhamos de sair da agricultura litorânea, para ocuparmos outras áreas centrais de trópicos úmidos, cerrados e semi-áridos. Assim, começou uma forte migração em direção as essas regiões. Paralelamente, houve também muito investimento na infraestrutura física para a formação da indústria de transformação e de insumos.

Passados quatro décadas, chegamos ao quinto posto na produção de alimentos. No cenário da geopolítica mundial para as próximas décadas, os Estados Unidos se consolidam como fornecedores de informação, as áreas indústrias e serviços vão para a China e Índia, o turismo para a Europa e a produção de alimentos para o Brasil.

Com muita discussão democrática aprovamos o Código Florestal, temos agora que discutir estrategicamente as novas tecnologias no caminho das condições sustentáveis. O Programa da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) faz parte de um trabalho conjunto entre o MAPA e o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Avançamos na parte sanitária, com a conquista do status livre da aftosa com vacinação para 90% do rebanho. Positivamente, com formação de mão obra e parceira pública e privada o Brasil cumprirá o seu desiderato no agronegócio.

Francisco de Oliveira Filho

Somos membros e consideramos apropriado o modelo de trabalho conjunto adotado pelo GTPS para o Brasil desenvolver a atividade produtiva de forma sustentável. O seu nascimento aconteceu em 2007, justamente quando se firmava as discussões sobre a moratória da soja. Esses são dois marcos importantes de integração de trabalho entre a área de produção e a ambiental. Com posições isoladas e radicais não chegamos a nenhum lugar. O Código Florestal, por exemplo, foi fruto de uma discussão intensa, mas conjunta. Contamos agora com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que constitui um instrumento poderoso, a ser agregado a outros existentes.

Os esforços para o controle do desmatamento na Amazônia podem ser considerados de resultados positivos, pois a produção continuou a crescer, mesmo com a retração na área desmatada. O trabalho envolve o governo federal, os estados, a sociedade civil e o setor produtivo. Estamos no começo de uma estrada de desafios a ser percorrida. Esse seminário faz parte, sem dúvida, desses passos na direção correta. Temos de começar com projetos pilotos, sem perder de vista a busca da escala de produção em função da dimensão enorme do país.

Estamos com o plano de mudanças climáticas, com uma postura ambiental diferente sobre o

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desenvolvimento da agropecuária. O Ministério de Ciência, Cultura e Inovação acaba de divulgar um trabalho sobre as emissões setoriais. A área de floresta e do uso da terra mostra uma redução significativa de 2004 para cá, de 57% para 22%. Isso reflete em grande parte o trabalho realizado na Amazônia, cuja região possui características bem distintas. Já a área de agricultura traz preocupação, pois as emissões aumentaram.

O MMA, em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), no produto TerraClass, desenvolvido junto com a EMBRAPA, em levantamentos efetuados na Amazônia Legal, mostram que 66 % das áreas são ocupadas com pastagens, 21% com vegetação em regeneração e 5% com agricultura. Uma parte enorme dessas pastagens está associada às ações de grilagens de terras. Esse era o pensamento predominante em décadas anteriores, de invasão desenfreada e sem cuidado ambiental, que desde o evento da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, busca-se ser erradicada.

Para conseguirmos resultados suficientemente sólidos, precisamos continuar os investimentos em capacitação, levar assistência técnica e facilitar o acesso ao crédito da população local. O monitoramento e o acompanhamento desses trabalhos, com a organização de espaço para discussões, com nesse seminário, são fundamentais. Dos sete projetos a serem aqui apresentados, quatro deles estão em Estados do Bioma Amazônia. Ainda longe do ideal, a governança melhora na região. O cerrado é outra área sensível para as nossas análises e observações.

Com ética e transparência, com a disponibilização de dados para a sociedade, o Brasil vem conquistando o reconhecimento internacional na questão ambiental. Estamos tratando de um setor extremamente importante para o país, de forma aberta e franca, para sabermos e analisarmos os desafios postos a nossa frente. Certamente, as gerações mais novas terão elementos para julgarem as contribuições do GTPS neste período.

“Pela relevância da pecuária no Brasil

não podemos ser conduzidos no

cenário global e sim conduzir e liderar a

discussão de sustentabilidade “

- Presidente Eduardo Bastos

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17GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

São Félix do Xingu/PA - Foto: João Ramid

“São nossas ações que vão fazer a

grandeza desse grupo”

Eduardo Brito Bastos – Presidente do GTPS

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Programa GTPS Pecuária Sustentável na Prática

Eduardo Bastos

Esse programa nasceu de uma demanda dos próprios membros do GTPS, muitos que já são investidores cotidianos na pecuária, mas as vezes com ações isoladas e, por isso a dificuldade de alcançar escala.

Com a possibilidade de captação de recursos junto a um fundo do governo holandês (FSP) por meio da Fundação Solidaridad, tivemos a oportunidade de sair do discurso e ir para a prática com investimento em projetos no campo.

Iniciamos com sete projetos, em cinco estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Bahia), com presença forte no Bioma Amazônia. Envolvemos 900 produtores numa área próxima de

um milhão de hectares. São projetos pilotos e de sucesso. Como é sabido, como as nossas dimensões no Brasil são de alta escala, teremos de extrapolá-los. Apenas a título de comparação, a Colômbia possui 1,1 milhão de hectares e somente o estado do Pará totaliza 1,2 milhão. O mais importante é criar um modelo de compartilhamento de boas experiências, que estão dando certo em outras regiões e aproveitar para aprender com os erros e

Coordenador do Painel: Maurício Campiolo – Vice presidente do GTPS

Apresentadores:Eduardo Brito Bastos – Presidente do GTPS

Fernando Sampaio – Diretor Executivo da Associação Brasileira dos

Exportadores de Carne Bovina (ABIEC) e Coordenador da Comissão

Técnica do GTPS

Ivens Domingos – Analista Sênior do WWF - Brasil e Coordenador da

Subcomissão de Indicadores do GTPS

Isabella Vitali – Coordenadora da América Latina da Proforest

“APrOVEITAr PArA APrEnDEr

COM OS ErrOS E COM OS ACErTOS

unS DOS OuTrOS, DESSA FOrMA

A TãO DESEJADA ESCALA PODE SE

TOrnAr rEALIDADE”

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19GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

com os acertos uns dos outros, dessa forma a tão desejada escala pode se tornar realidade. É isso que estamos almejando.

Fernando Sampaio

Muitas vezes não nos damos conta do quanto o Brasil avançou em curto espaço de tempo no que se refere à produção agropecuária. A interiorização da produção é bem recente, enquanto a expansão enorme nas exportações de carne aconteceu praticamente depois de 2000. Em busca por novos mercados, estivemos em Missão Comercial nos países asiáticos que nos revelaram descobertas surpreendentes.

Na Indonésia, por exemplo, consome-se apenas três quilos de carne bovina per capta ano, enquanto no Brasil o consumo per capita é de 38 quilos ao ano. Nos supermercados são ofertadas pequenas bandejas com cabeça e pé de frango, produto conhecido por “walk talk” que atende à demanda da população de baixo poder aquisitivo. Este produto é consumido cozido e serve como alimentação básica do dia-a-dia. O Brasil também possui bolsões de pobreza cujo perfil do consumidor se assemelha a esse exemplo

A pecuária brasileira passou por um longo período de descapitalização e muitas áreas de pastagens foram abandonadas entrando em processo de degradação. Existe uma elite de produtores cuja atividade é rentável, porém as classes média e baixa ainda demandam assistência técnica e extensão rural.

Inicialmente, o foco e a preocupação do GTPS eram no desmatamento da Amazônia, tanto que se trabalhava com as comissões de rastreabilidade, monitoramento da floresta, incentivos econômicos

e princípios e critérios da pecuária sustentável. Essa estrutura foi mudada a partir de um trabalho da APPS (Associação Profissional da Pecuária Sustentável), que recomendava identificar os problemas e as soluções para a atividade pecuária, o financiamento das resoluções e a disseminação dos resultados.

Hoje, na comissão técnica do GTPS discutimos as questões relacionadas à rastreabilidade, sanidade, pastagem, nutrição, genética, reprodução e gestão financeira e administrativa das propriedades. Há um leque de tecnologias em cada um desses itens possíveis de serem incorporados aos sistemas produtivos. A oferta de crédito existe, porém, para fechar a equação, a resposta está em como facilitar o acesso ao crédito e à tecnologia. A elite da produção tem acesso à assistência privada. Como a extensão pública foi desativada e direcionada para outras áreas além da pecuária, como a agricultura familiar, as classes baixa e média ficaram desassistidas. Então, identificamos como gargalo para a sustentabilidade da pecuária no país a dificuldade de acesso à assistência técnica de qualidade para pequenos e médios produtores e propusemos levar um pacote tecnológico pronto para qualificar o produtor. Para a disseminação do projeto, serão montadas unidades demonstrativas em diversas regiões do país, visando influenciar os produtores do entorno.

Temos experiências similares de sucesso em outras atividades, como o programa “Balde Cheio” na produção de leite, desenvolvido pela Embrapa.

A oportunidade de utilização do fundo FSP (Farmer Support Program) pelo GTPS, possibilitou a integração de seus parceiros em regiões importantes para a pecuária no país.

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Isabella Freire Vitali

Com escritórios na Europa, Malásia, África e no Brasil, o Proforest é uma organização nascida em 2000, para trabalhar com gestão de recursos naturais ao longo das cadeias produtivas de várias commodities, em cima de quatro pilares:

1º. Criar um ambiente propício para a sustentabilidade na gestão dos recursos naturais, com apoio à governança e estruturação de iniciativas de sustentabilidade, como é o caso do GTPS;

2º Ajudar produtores ou compradores de artigos que utilizam recursos naturais a adotarem políticas e práticas que atendam às exigências de sustentabilidade em surgimento no mercado;

3º Treinar e capacitar governos, empresas, ONG´s, iniciativas de sustentabilidade, auditores e produtores, com relação aos sistemas de sustentabilidade;

4º Manter uma relação estreita com a academia e formadores de políticas para levar essas experiências práticas de relações multi stakehloders e sistemas operacionais, para informar essas decisões.

A primeira conversa com o GTPS foi entender os trabalhos, as ideias e os objetivos propostos pelas suas comissões, para estruturar e colocar as suas ferramentas na prática.

Começamos em maio de 2012, com uma conversa junto a um possível financiador, o FSP, do governo holandês, administrado pelo Solidaridad. De lá para cá, tivemos diversas instâncias e abrimos o conceito daquilo que se

queria alcançar. A grande riqueza do GTPS está na multiplicidade e variedade das experiências desenvolvidas pelos seus membros em suas áreas de atuação.

Como resumo dessa história relativamente longa, em junho de 2013 conseguimos a aprovação do programa e passamos à coordenação dos parceiros ao GTPS para executá-lo. O desafio é de superar barreiras como a percepção de que a sustentabilidade não é rentável, a falta de capacidade em gestão da propriedade e a falta de extensão rural.

A estratégia do programa é desenvolver as ferramentas para o GTPS identificar e replicar as experiências de sucesso em larga escala. Estamos no primeiro passo, a fase de teste para juntar os retalhos e montar a colcha até 2015. O programa tem quatro elementos principais:

1º Apoiar e compilar as boas práticas, com a criação de um guia;

2º Desenvolver um modelo de capacitação e identificar os multiplicadores em cada região;

3º Desenvolver e testar critérios e indicadores de melhoria contínua;

“A GrAnDE rIquEzA

DO GTPS ESTá nA

MuLTIPLICIDADE E VArIEDADE

DAS ExPErIênCIAS

DESEnVOLVIDAS PELOS SEuS

MEMBrOS EM SuAS árEAS

DE ATuAçãO.”

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21GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

4º Capacitar o GTPS para ser gestor de programas.

Paralelamente, estamos começando um projeto específico em parceria com o GTPS e financiamento da Fundação Moore para revisar o planejamento estratégico do GTPS daqui para frente, rever e adequar sua governança com base nisso e esclarecer o propósito e uso dos critérios e indicadores do GTPS. Para completar, levantaremos e sistematizaremos as iniciativas de pecuária sustentável no país para divulgação.

Ivens Domingos

Se identificarmos os problemas existentes, apresentarmos soluções para implantar os projetos pilotos e buscarmos incentivos econômicos, resta medir os resultados e os impactos das nossas ações de sustentabilidade.

O desafio então passa pela definição e aplicação de um conjunto de indicadores que seja capaz de mostrar esses resultados. Esperamos chegar a um primeiro esboço para apresentação até o meio de 2014, de modo que possa servir para uma discussão mais ampla, inclusive no âmbito internacional com a Mesa Redonda Global sobre Carne Sustentável (GRSB).

O programa Pecuária Sustentável na Prática conta com financiamento disponibilizado pela Fundação Solidaridad, por meio do Farmer Support Programme (FSP), fundo do governo holandês.

“O GTPS não é um clube fechado ou uma

panelinha, é um caldeirão de tampa

aberta e pula para dentro quem quiser!

Está aberto, quem tiver coragem e

disposição e muita vontade de trabalhar

proativamente vem com a gente!”

Mauricio Campiolo – Vice-Presidente do GTPS

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Paragominas/PA Foto: Rafael Araujo

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23GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Painel 1Pecuária Sustentável na Prática – Rondônia

Coordenador do Painel: Marcos Reis – Diretor Geral da Aliança da Terra

Apresentadores:Mathias Almeida – Gerente de Sustentabilidade do Grupo Marfrig

Eduardo Trevisan – Secr. Executivo Adjunto - Instituto de Manejo e

Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)

Marcos Reis

Existe uma demanda grande em Rondônia nas questões ambientais e sociais. Trata-se de um estado com um alto potencial produtivo e com uma relevante logística principalmente neste momento em que o Brasil começa a diversificar rotas de exportação. O Rio Madeira representa uma hidrovia de grande potencial para o escoamento da produção estadual. Muitas iniciativas já ocorreram na região, mas foram interrompidas e desativadas. Isso abre oportunidades.

Mathias Almeida

Esse projeto é importante, pois demonstra o prosseguimento de um trabalho que já realizamos no âmbito do Programa Marfrig Club, com foco no relacionamento com o produtor. A busca do pilar econômico da sustentabilidade é um desafio constante em nossa gestão, assim como o cuidado

especial com os recursos naturais, tão importantes em nossas operações industriais e cadeia de suprimentos.

Voltado para três pilares básicos: o ambiental, o social e o bem estar animal, o programa é uma mescla de Boas Práticas Agrícolas (BPA), Rainforest Alliance, EurepGap, assim como demandas específicas de clientes como Tesco e McDonald´s. Buscamos no primeiro momento compliance nas questões socioambientais, sempre avançando continuamente pelos níveis de atendimento ao protocolo.

Após passar por um checklist, o produtor é classificado de iniciante a platinum (150 produtores que atendem 95% do protocolo e são habilitados para a Europa, com prêmio de incentivo pela boa prática correspondente a 15% do preço da arroba por boi - apesar disso não temos diferencial de preço na venda). Acreditamos que o papel da

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indústria não se limita em pagar mais a quem tem a melhor gestão, deve também gerar incentivos através de assistência técnica.

A parceria com o produtor, na verdade, vai além do Programa Marfrig Club ao focar a parte técnica, como o manejo de pastagem. Os resultados podem ser melhorados numa atuação conjunta com o IMAFLORA em nosso projeto de Rondônia, com ações focadas em pontos deficientes, tais como divisão e recuperação de pastos. Precisamos ir além do comando e controle e buscar maior produtividade e lucro ao produtor. A certificação é uma opção aos melhores produtores, porém nossa intenção é nivelar por cima toda cadeia, promovendo a melhoria contínua de acordo com a realidade de cada produtor.

Eduardo Trevisan

Além da Marfrig possuir escritório e Frigorífico no município, Rolim de Moura foi escolhido para implantar o projeto porque na região há poucos exemplos de pecuária sustentável. Isso possibilita que o projeto possa ganhar escala no futuro. Este projeto começa praticamente do zero, mas sempre com intenção de avaliar os impactos das nossas ações. Importante destacar que na região os produtores estão bastante interessados em novas tecnologias.

O objetivo do projeto é desenvolver unidades demonstrativas junto aos produtores ligados ao Programa Marfrig Club com foco, mas não limitado, nos pequenos produtores através de uma equipe técnica de campo do Imaflora, Marfrig e a Consultoria Via Verde

Partimos das premissas de demonstrar que através da assistência técnica de qualidade, o produtor da Amazônia pode ser competitivo e responsável e que a experiência de outros projetos são importantes. Vale destacar que este não é um projeto de certificação (pelo menos não é prioridade no primeiro momento pela falta de estrutura e capacitação) e que uma das premissas do trabalho é que que “agricultor no vermelho não pensa no verde”.

ExEMPLOS DO PErFIL DE PrODuTOrES DO PrOJETO:

Fazenda Bacopari

• Médio/Grande porte (1.700 animais – cria / recria / engorda);

• Pontos fortes: Boa tecnologia (divisão de pastos, IATF, Creep-feeding);

• Pontos que podem ser melhorados: Reforma de pastagens sem orientação técnica e aplicação dos insumos sem amostras de solo.

ACrEDITAMOS quE O PAPEL

DA InDúSTrIA nãO SE LIMITA

EM PAGAr MAIS A quEM TEM A

MELhOr GESTãO, DEVE TAMBéM

GErAr InCEnTIVOS ATrAVéS DE

ASSISTênCIA TéCnICA.

uMA DAS PrEMISSAS DO

TrABALhO é quE quE

“AGrICuLTOr nO VErMELhO nãO

PEnSA nO VErDE”.

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25GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Fazenda Santa Maria

• Médio / Grande porte (2.200 animais – cria / recria / engorda);

• Pontos fortes: Boa tecnologia (divisão de pastos, IATF, semi-confinamento);

• Pontos que podem ser melhorados: Pouca aplicação de calcário e falta de planejamento na reforma e recuperação de pastagens

Sitio Pedra Branca

• Pequeno porte (185 vacas – cria);

• Pontos fortes: Disponibilidade para inovação;

• Pontos que podem ser melhorados: Pouca aplicação de tecnologia e pastagens com poucas divisões

rESuLTADOS ESPErADOSPrimeiro ano

• Estabelecimento de confiança com produtores através de visitas regulares e transparência nos processos;

• Soluções customizadas: cada produtor tem sua necessidade especifica;

• Definição das primeiras propriedades modelo & demonstrativas

Segundo ano

• Fortalecimento das propriedades modelo & demonstrativas – ampliação das tecnologias aplicadas;

• Planejamento ambiental das propriedades;

• Ações de mitigação emissões de gases GEE;

• Publicação dos resultados;

A expertise da Imaflora é o desenvolvimento de cadeias produtivas mais responsáveis, em clientes como a Firmenich, Mercur, Nespresso (programa AAA, com 1000 produtores envolvidos no Brasil; borracha, copaíba e castanha, com dezenas de comunidades extrativistas).

Na pecuária, além deste projeto estamos trabalhando em conjunto com a Solidaridad e Rainforest Alliance com boas práticas na produção de carne no Uruguai e em São Felix do Xingu (PA), desde 2010 com agropecuaristas familiares. Já desenvolvemos 25 unidades modelo incluindo planos de adequação ambiental e pretendemos chegar a 100 unidades até 2016.

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma Organização Não Governamental, sem fins lucrativos, que trabalha para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e para gerar benefícios sociais nos setores florestal e agropecuário.

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Foto: Pantanal - Arquivo ABPO

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27GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Painel 2Pecuária Sustentável na Prática – Bahia

Coordenador do Painel: Luiz Amaral: Diretor da Divisão de Responsabilidade Social

Corporativa do Rabobank

Apresentadores:Márcio dos Santos Oliveira – Engenheiro Agrônomo da Profissional

Agronegócios

Peter Sijbrandij: Responsável pelo Setor da Pecuária da Solidaridad

Network

Moderador

O Rabobank é um banco de origem cooperativo voltado exclusivamente para a agropecuária. Estamos muito satisfeitos com o desempenho do GTPS. Agradecemos o papel prestado pela Acrioeste e Profissional Agronegócios neste projeto da Bahia.

Marcio Oliveira

Com sede em Barreiras, o nome do projeto é “Modelo para a Pecuária Sustentável – Diagnóstico da Pecuária de Corte no Oeste da Bahia”. O seu objetivo é avaliar a situação atual da pecuária regional. A partir daí, apontar as lacunas (GAP’s) existentes nos critérios de sustentabilidade, diagnosticar os efeitos dos diferentes sistemas de produção de carne e levantar informações

relevantes para suportar a análise da dinâmica do carbono relacionada com o uso de pastagens.

Com 85% do rebanho bovino dirigido à produção de carne, de um modo geral, as explorações apresentam baixo índice tecnológico. Não obstante, os produtores foram receptivos à possibilidade de melhores resultados devido à aplicação de boas práticas agropecuárias.

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PECuárIA nO OESTE DA BAhIA

Área de pastagens - 2,25 milhões de hectares

Rebanho bovino - 2,13 milhões de cabeças

Cabeças por hectare - 0,95

Propriedades pecuárias - 50.115

A iniciativa conta com o apoio financeiro do governo da Holanda, através da Solidaridad, uma organização não governamental que fomenta iniciativas de comércio justo, criando cadeias de abastecimento equitativas e sustentáveis.

Em resumo, o cronograma do projeto passa pelo:

• Planejamento do projeto

• Elaboração do questionário para o diagnóstico

• Aplicação do diagnóstico nas fazendas

• Processamento e análise dos dados

• Palestra para divulgação dos resultados

Aplicado entre o final do ano de 2012 e início de 2013, o guia de auto avaliação foi dividido em cinco grandes blocos: gestão, produção, trabalho, meio ambiente e comunidade. Essa etapa corresponde à fase I, chamada de Bahia Beef I.

A próxima etapa consiste em fornecer ao pecuarista, através da implantação de unidades demonstrativas, os requisitos e soluções necessárias para permitir o devido engajamento do produtor dentro de um cenário competitivo e dinâmico de negócios, a partir de modelos de produção sustentáveis no longo prazo.

O trabalho também será caracterizado pela capacitação do pecuarista no que concerne às questões de gestão da propriedade associadas às

práticas sustentáveis de produção, respeitando-se o ambiente e as pessoas envolvidas no processo de produção, tanto quanto à sociedade como um todo.

Parcerias firmadas e potenciais parcerias:

Fundação Solidaridad, GTPS, Proforest, Banco do

Nordeste, Agência de Fomento do Estado da Bahia,

Banco do Brasil, Federação da Agricultura e Pecuária do

Estado da Bahia, Associação dos Criadores do Cerrado

Baiano, Agência Estadual de Defesa Agropecuária da

Bahia, Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras,

Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães Sindicato

Rural de Wanderley, Fazenda Paredão

Fribarreiras – Frigorífico Regional de Barreiras,

Frigorífico Boi do Cerrado – Santa Maria da Vitória

Frijoa – Frigorífico Jaime Oliveira do Amor, Oeste

Agrícola e Pecuária, Confinar Produtos Agropecuários,

Grama Agronegócios Rural Pec, Antonio Balbino

Empreendimentos Agropecuários, Agropecuária

Jacarezinho, Confidência Agropecuária, Japaranduba

Fazendas Reunidas.

Peter Sijbrandij

A certificação e a melhoria contínua tem sido objeto de muito trabalho no campo.

Para ajudar os produtores passo a passo, a Solidaridad desenvolveu uma ferramenta especial chamada Horizonte Rural, para que o mesmo possa auto avaliar o seu sistema de produção, não somente na ótica social e ambiental, mas ainda da produção animal e na gestão da fazenda. É necessário conhecer o quanto a exploração é rentável. Começamos com a soja e fomos para a cana-de-açúcar. Com o envolvimento de mais parceiros, propusemos a desenvolver o projeto na Bahia junto com a Acrioeste.

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29GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Foto: Maracaju/MS - Foto: Sheila Guebara

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Painel 3Pecuária Sustentável na Prática - São Felix do Xingu (PA)

Coordenador do Painel: Christopher Wells – Head da Área de Risco Socioambiental do

Santander

Apresentadores:Francisco Fonseca – Coordenador de Produção Sustentável na The

Nature Conservancy - TNC

Mathias Almeida - Gerente de Sustentabilidade do Marfrig

Tatiana Trevisan – Gerente de Sustentabilidade do Walmart

Wilson Costa – Sindicato Rural de São Felix do Xingu

Francisco

Todos que estão estudando e trabalhando com o tema Pecuária Sustentável tem a dimensão exata dos gargalos para se chegar nesta meta. O grande desafio é de como implementar uma pecuária sustentável na região amazônica. Levar para prática os conceitos e colocá-los no chão, de forma que sejam viáveis e tenham ganhos reais de escala. Assim, para superar esses desafios trazemos uma proposta de testar um modelo de colaboração no âmbito da cadeia de suprimentos da pecuária, associando produção, indústria e varejo à uma parceria público-privada, desenhada e desenvolvida como solução para os principais gargalos, seja: um cluster de integração sustentável da Pecuária em São Félix do Xingu, no sul do Pará.

O município de São Félix do Xingu abrange uma área de 8,5 milhões de hectares, correspondendo a duas vezes e meia o tamanho da Bélgica. Nessa área mantem em torno de 73% da sua cobertura original de floresta com 60% destas como áreas protegidas ambientalmente entre Unidades de Conservação e Terras Indígenas. O município abriga o maior rebanho nacional, com 2 milhões de cabeças, tem 80% de áreas privadas no Cadastradas Ambiental Rural – CAR, e 1,4 Milhão de ha com solos com potencial de regular a bom para intensificação sustentável da produção pecuária com meta de passar no Projeto do 0,8 de hoje para 3 a 4 cabeças por hectare em dois anos.

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31GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

São Felix do Xingu: Redução do desmatamento

Fonte: The Nature Conservancy

Ano

2006

2007

2008

2009

2020

2011

2012

Quilômetros quadrados

782

878

761

442

354

140

166

Em 2011 foi firmado o Pacto Municipal para a Redução do Desmatamento, considerado um grande avanço de governança nos Programa Municípios Verdes (PMV). Mas, esse problema é sistêmico, pois envolve a superação de uma série de barreiras. A situação ambiental é indefinida, com passivo ambiental e incerteza quanto à viabilidade econômica. Por sua vez, o acesso a crédito e à informação e tecnologia em melhores práticas é insuficiente. Consideramos que faltam exemplos locais de sucesso. E aqui que atuaremos para sermos este exemplo.

Vemos a solução como colaborativa, com o envolvimento do MMA, Secretarias Estaduais do Meio Ambiente (SEMA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), órgão estadual de terra, Embrapa, SEBRAE, Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Sindicatos Rurais, ONG´s e setor privado (Marfrig e Walmart), dentre outras. Partimos do pressuposto que a coalizão no âmbito da

cadeia produtiva, com ações colaborativas entre os produtores, as indústrias, as redes varejistas e a sociedade civil, fará a diferença. Como cada um desses elos possuem ações e parcelas nos resultados, serão parte das soluções e foram estabelecidos dois objetivos integrados:

1º Da intensificação e aceleração sustentável;

2º Testar os ganhos de eficiência e incentivos na cadeia, de modo a melhorar a rastreabilidade e o monitoramento.

O arranjo institucional do projeto está definido, apesar de lançado bem recentemente, em agosto último. Estamos com 20 pilotos dotados de BPA´s, plano de negócios e propostas de acesso a crédito. Contamos com 50 técnicos treinados em BPA e materiais preparados para divulgação massiva. São 150 propriedades apoiadas diretamente e 500 com extensão e monitoramento. Pretendemos chegar a um plano municipal de negócios sustentáveis na pecuária.

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Como resultados obtidos na cadeia produtiva podemos destacar as eficiências e incentivos identificados e testados entre Walmart e Marfrig e os produtores. Chegamos ao sistema integrado de monitoramento da cadeia verificado e aprimorado, bem como o Sistema integrado de identificação e monitoramento animal, testado e integrado em 30 fazendas (CAR, Guia de Transporte Animal – GTA, brinco, marca de fogo). Vamos verificar quais desses meios de verificação animal terá maior eficiência e testaremos utilizando todos juntos.

As deficiências e as vantagens serão verificadas nas ações e testadas nas parcerias no resultado integrado de monitoramento. Como resultado, esperamos em dois anos obter um White Paper das lições aprendidas e das recomendações.

O projeto de bem estar animal, principalmente no transporte é uma demanda forte identificada. Temos um plano de disseminação e de integração das iniciativas privadas e governamentais. Será um grande mutirão nesse cluster.

Mathias Almeida

Quando o GTPS começou em 2009, como estávamos na mira e pressão do Ministério Público Federal e o Greenpeace, o foco era nas tarefas de compliance, direcionado ao comando e controle. Agora falamos em projetos de assistência e melhoria de produtividade. É uma grande mudança de paradigma. Deixamos de apontar erros da produção e partimos para as soluções.

Como o foco do projeto é desenvolver a cadeia de valor, existe o envolvimento dos produtores, indústrias, ONG e varejo, que buscam em conjunto alternativas que sejam ambientalmente corretas e principalmente atendam o aspecto econômico, tão importante

para a sustentabilidade do negócio. Sozinhas, a indústria e a sociedade civil não conseguem resolver tudo, é preciso engajar mais atores para ganhar escala e relevância.

Em São Félix do Xingu podemos montar o business case sustentável, para ser replicado em outros locais, com diferentes realidades, porém com desafios semelhantes. A preocupação com o bem estar animal, componente do projeto, é cada vez mais importante e relevante, gerando resultados positivos em pouco tempo.

O projeto também nos traz a oportunidade de desenvolver este aspecto, já que contamos com equipe especializada no tema que vem trabalhando junto aos atores locais, objetivando melhorias nas áreas de transporte e manejo, com controle dos hematomas e treinamentos aos produtores sobre as oportunidades existentes.

Tatiana Trevisan

Como uma empresa varejista, temos o papel de trabalhar com os nossos fornecedores para oferecer produtos mais sustentáveis aos nossos clientes. No caso da carne bovina, contamos com uma Plataforma de Pecuária Sustentável que trabalha desde a Gestão de risco dos produtos comprados através de um sistema de monitoramento baseado em dados de georeferrenciamento e informações públicas, até o fomento ao desenvolvimento da cadeia, por meio do projeto Carne Sustentável em São Félix do Xingú, em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) e Marfrig.

Esse projeto tem possibilitado conhecer os produtores e sua realidade no campo para que possamos atuar de forma mais contributiva em relação aos desafios encontrados nesta cadeia.”

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33GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Foto: Acre - Sheila Guebara

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Painel 4Pecuária Sustentável na Prática - Painel Paragominas (PA)

Coordenador do Painel: Vagner Giomo – Grupo Pão de Açúcar

Apresentadores:Mauro Lucio Costa – Presidente do Sindicato Rural de Paragominas

e Diretor executivo do Projeto Pecuária Verde

José Benito Guerreiro – The Nature Conservancy e Coordenador da

Comissão de Disseminação do GTPS

Roberto Risolia – Líder de Sustentabilidade da Dow Agrosciences

Coordenador

O varejo tem a missão de levar toda essa tradução dos trabalhos do GTPS aos clientes, que nem sempre sabem o que está por trás da sua produção. É importante, então, estarmos bem alinhados com essa cadeia produtiva, e ao lado dos clientes - compradores da carne e anônimos financiadores disso tudo - providenciando meios para que conheçam essa realidade.

Mauro Lucio Costa

Estamos muito impressionados com a evolução do GTPS e esse estágio de compromisso que estamos assistindo aqui. Estamos nesse trabalho da sustentabilidade desde 2002. Até 2007, nós não éramos bem compreendidos e até considerados irracionais. Desde então, o contexto passou a mudar.

No caso da pecuária brasileira, fica a lição da dificuldade de nascer grande, como é o parto do elefante. Muitas vezes é mais interessante começar pequeno e crescer rápido. A criança precisa engatinhar para andar e depois correr. Cabe cautela em cada um desses estágios.

Quando começamos o BPA, faziam parte do grupo vinte propriedades. Na primeira seleção, caímos para treze. Chegamos à conclusão junto ao Professor Moacyr Corsi de que tínhamos pernas para levar adiante o projeto em apenas seis, de acordo com os critérios do programa. Tínhamos feito dois checklist, em 2007 e 2008, durante dezoito meses. Para serem integrantes do Projeto de Pecuária Verde, essas fazendas passaram por três pentes finos e foram escolhidas aquelas que apresentaram as maiores evoluções.

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35GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

A questão não é volume e nem quantidade, mas sim qualidade. Só assim conseguiremos êxito no trabalho de disseminação. Desde o princípio, fazer muito bem feito, com muita seriedade e dedicação.

As pressões ambientais se fizeram mais forte em fevereiro de 2008, quando governo criou a primeira lista dos 36 municípios que mais desmatam, para a realização da Operação Arco de Fogo. Foi um período difícil, com o Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério do Trabalho (MT) investigando fazendas, constatando irregularidades e aplicando corresponsabilidade às cadeias produtivas.

Em 2009, veio o relatório A Farra do Boi, do Greenpeace, com o embargo de fazendas pelo MPF, o varejo amplia exigências e ameaça cortar fornecedores. Houve a aplicação dos termos de conduta e o BNDES determina diretrizes socioambientais para o financiamento. Nesse cenário de turbulência foi criado o Projeto de Pecuária Verde, quase que um desdobramento de um programa executado em Paragominas e denominado Projeto Município Verde.

Roberto Risolia

Nessa visão de sustentabilidade da pecuária através da manutenção de toda a legalidade ambiental e social não tínhamos uma avaliação real dos ganhos auferidos pelo produtor. Queríamos através de sua eficiência produtiva e da adequação de gestão, com números e valores, mostrar que havia viabilidade econômica.

Então, depois de dois anos de projeto, como está o produtor? Nas seis fazendas selecionadas

trabalhamos em três frentes: na adequação ambiental (separação das Áreas de Preservação Permanente e de acordo com a aptidão técnica, a escolha do local das Reservas Legais e de produção), no bem estar e a ética na produção e na importância da produtividade, que é o nosso tema a ser abordado.

Em média, a taxa de intensificação inicial foi de apenas 10,0%. O processo de melhoria leva tempo. Não adianta querer realizar tudo no primeiro ano. Podemos trabalhar nas áreas de não produção com a regeneração e enriquecimento da vegetação (inclusive com plantas que possam ser extraídas no futuro dentro da legalidade e preservação do meio ambiente) e nas áreas de produção no controle e manejo de plantas invasoras e a limpeza dos pastos.

O projeto modelo com o uso do CAR e estudo de aptidão e manutenção das APP´s é importante para ser usado nos seus pontos de acertos e de melhorias, inclusive para outras regiões. A dimensão do Brasil é muito grande para termos a pretensão de uma mudança rápida. Quando atingem a maturidade, os projetos ajudam muito como referência.

De acordo com os primeiro resultados, a produção das fazendas passaram de 7 @/ha a 30 @/ha dentro das áreas intensificadas (10%). Existe ainda melhoria a ser adotada no manejo. Como um todo, a produção subiu para, na média 9,48 @/ha. Pensando nas fazendas como um todo tivemos uma melhoria de margem de 0,8 @/ha para 1,44 @/ha, com melhoria de 78% na rentabilidade. Então, mantendo 90% da área, aumentamos a produtividade em 33% e a rentabilidade em 78%.

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Se tivermos a intensificação em 20% da área, no segundo ano, a produtividade aumentaria em 65% e a rentabilidade em 156%.

Resultados estimados com a intensificação de 20% da área

Com a intensificação de 10%, a margem de lucro de 2012 para 2013 cresceu, dentro desta área e em termos de sacas de soja, de 5 para 10. Em 2014 chegará a 18 sacas. Esse impacto é realmente válido, pois mede a produtividade e tecnologia para o produtor. É garantia para o suprimento da cadeia de forma bastante responsável no que diz respeito à sustentabilidade.

Resultados estimados com a intensificação na pecuária

Item Extensiva Intensivo Fazenda Melhoria Intensivo Fazenda Melhoria

Suporte (UA/ha) 1,14 2,55 1,28 12,3% 3,6% 1,39% 21,9%

GMD 0,43 0,43 0,64 0,45 4,6% 0,67% 0,45% 4,6%

Produtividade 7,15 23,99 8,83 23,5% 30,40% 9,48% 32,6%

Custo (@/ha) 6,34 20,31 7,74 22,1% 23,29% 8,04% 26,8%

Margem (@/ha) 0,81 3,67 1,10 35,8% 7,11% 1,44% 77,8%

Margem (%) 12,80 18,10 13,00 4% 30,50% 15%

Resultados com a intensificação de 10% da área no segundo ano

Item Extensiva 2012 Intensivo 2013 Fazenda 2013 Melhoria

Suporte (UA/ha) 1,14 3,60 1,63 43%

GMD 0,43 0,43 0,67 0,48 11%

Produtividade 7,15 30,40 11,80 65%

Custo (@/ha) 6,34 23,29 7,74 43%

Margem (@/ha) 0,81 7,11 2,07 156%

Margem (%) 12,1 30,50 0,16 28%

Item 2011 2012 2013 2014

1. Área Intensiva

Produtividade 23,99 30,40 40,00

Margem Líquida

@/ha 3,66 7,1 12

R$/ha 347,7 674,5 1.140

Eq. sacos de soja/ha 5 10 18

2. Área Intensiva 0,81 1,10 1,44 2,07

R$/ha R$ 77 R$ 110 R$ 137 R$ 197

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37GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Os próximos desafios são de continuar o aumento da lotação das pastagens, com melhoria nas forrageiras e no desempenho animal e precisamos desenvolver estratégias para os períodos de estiagens. A pecuária sustentável na prática está sendo pautada na produtividade e rentabilidade com a visão da cadeia produtiva. Tudo isso muda percepção dos funcionários, vizinhos, clientes e visitantes com relação à condução da técnica e a gestão da propriedade.

José Benito Guerreiro

Ficamos felizes por sair da discussão focada no desmatamento ilegal e entrarmos na área de desenvolvimento de projetos de sustentabilidade. Como especialista de agropecuária, somos curiosos e temos uma missão institucional. Tivemos uma escola anterior em trabalhos na região de Santarém, com 205 produtores determinados a mostrar a possibilidade de se cumprir o Código Florestal (CF), sob uma pressão ambiental muito forte. Não sabíamos como começar.

Paragominas representou uma oportunidade para darmos escala àquele fértil aprendizado. A adequação ambiental não é apenas o cumprimento do código florestal, mas sim uma oportunidade de demonstrar como o produtor pode ser eficiente dentro daquilo que lhe sobra para produzir, cumprindo a lei e sabendo o quanto é rentável a sua atividade. Usando as mesmas palavras do meu amigo Mauro Lucio “Município verde com produtor roxo não funciona”.

Como por detrás de tudo isso, há uma relação de custo e benefício, cabe atentar para o CAR como uma ferramenta não apenas de cumprimento de lei. A sua importância é vital para o planejamento e a gestão, na avaliação do ativo, passivo e do potencial para a intensificação, modificação e melhoria da propriedade rural.

A situação do agricultor em relação ao Código Florestal não é tão ruim quanto parece e podemos ajudar na solução dos seus principais problemas. Usamos imagens de satélites de alta resolução para atender e responder boa parte das perguntas, tanto na parte ambiental como produtiva. Um diagnóstico mal feito na elaboração do CAR pode significar no bloqueio no Cadastro da Pessoa Física (CFP) e infração com multa do Ibama pela identificação errada de uma Área de Preservação Permanente (APP), ou cálculo impreciso da Reserva Legal (RL) e o bloqueio de um patrimônio Ambiental.

Uma área de cobertura vegetal não atualizada pode gerar um relatório ambiental impreciso, além requerer diversas e seguidas correções. Começamos o trabalho em 2009. A partir de 2010, tomamos a consciência da necessidade de melhorar a produtividade e a rentabilidade para tornar a pecuária mais sustentável ao longo do tempo. Focamos nossas ações naquilo que sabemos fazer, na identificação do passivo ambiental, a RL e APP, para regularizar os passivos ambientais, e recuperação das áreas degradadas com resultados positivos em função da resiliência da floresta ainda depois de muito tempo de ter sido alteradas.

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Paragominas/PA - Foto: Ami Vitale

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39GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Painel 5Pecuária Sustentável na Prática - Pecuária de Baixo Carbono – MT

Coordenador do Painel: Hilton Salomão – Gerente de Novos Negócios da Stoller

Apresentadores:Vando Telles de Oliveira: Coordenador da Iniciativa da Pecuária

Integrada ICV - Instituto Centro de Vida

Daniela Teston: Coordenadora de Sustentabilidade da JBS

Wagner Ferraresi: Pecuarista de Alta Floresta do Estado de Mato Grosso

Milton dos Santos de Souza: Pecuarista de Alta Floresta do Estado de

Mato Grosso

Vando Telles de Oliveira

A ideia da pecuária integrada parte de uma visão sistêmica da propriedade, buscando o equilíbrio entre os recursos naturais (solo, água e floresta), produtivos (pastagem e animal) e, o mais importante deles, o ser humano.

Mato Grosso: Dados da pecuária

Fonte: IMEA - 2010

Item

Número de propriedades - unidades

Rebanho – milhões de cabeças

Pastagem – milhões de hectares

Quantidade

109.498

29

24

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Atualmente a pecuária em MT é pautada em um conhecimento tradicional que vem sendo transmitido ao longo das gerações, esse fator vem ocasionando sérias consequências para a atividade, tais como: degradação do solo, degradação dos recursos hídricos e degradação das pastagens, tornando os sistemas produtivos insustentáveis.

Diante desse cenário temos um grande desafio pela frente quando analisamos as dinâmicas de uso do solo das áreas abertas e as projeção de crescimento Agropecuário do MT para 2021/22. Estima-se que haverá um crescimento de 4 milhões de hectares para plantio de soja, esse incremento está relacionado a necessidade do aumento de produção. Devido ao alto nível tecnológico já adotado na agricultura, será necessário mais área para aumentar a produção de grãos. Em contrapartida as projeções apontam que as

Mato Grosso: Dados da pecuária

Mato Grosso: Projeções de crescimento em soja e milho

IntervaloPropriedade - unidades Rebanho - Milhões de Cabeças

Quantidade Participação % Quantidade Participação %

Até 300 91.980 84 6.960 24

De 301 a 1000 4.380 4 6.960 24

De 1001 a 3000 12.043 11 7.250 25

Acima de 3001 1.095 1 8.830 27

Fonte IMEA - 2010

IndicadoresSoja Milho

2012/13 2021/22 Var% 2012/13 2021/22 Var%

Área: milões de ha 7,9 11,9 51,8 2,9 24 68,6

Produtividade: t/ha 3,1 3,3 6,7 4,8 24 21,8

Produção em Milhões 24,1 39,1 61,9 13,9 25 105,6

Acima de 3001 1.095 1 8.830 27

Fonte: IMEA

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41GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

No passado, a atividade era considerada como fácil, pois bastava derrubar as florestas, jogar capim, fazer algumas divisões e colocar o gado em cima. Mas, quando passamos a observar com mais detalhe o uso equilibrado dos recursos envolvidos, notamos uma complexidade muito maior neste sistema para ser sustentável. Com base no cenário visto e nas projeções de demandas, entendemos que o caminho para ser desenvolvida uma pecuária sustentável é através da adoção das boas práticas. Diante disso temos o Manual de Boas Práticas Agropecuárias da Embrapa que norteia nossas ações em campo. O manual é composto em 11 pontos principais que segue abaixo:

A estratégia da iniciativa Pecuária Integrada do ICV, tem como objetivo macro contribuir para desenvolver uma Pecuária Sustentável na Amazônia, e está alicerçada na recuperação e conservação dos recursos naturais, aumento da produtividade e rentabilidade, melhoria na qualidade da carne e um produto com origem garantida.

A estratégia está dividida em 2 fases, sendo a primeira um piloto local no município de Alta Floresta e a segunda fase disseminação em Mato Grosso. Na fase 1 (2013/14), as ações são implantação dos projetos de BPAs em 10 propriedades, monitoramento dos resultados, com os indicadores de produção, qualidade, econômicos e o balanço de carbono e a disseminação das experiências através de dias de campo e palestras.

Na fase 2 (2014/15), com a disseminação, esperamos aumentar o número de propriedades e estimularemos também a Associação de Produtores, pois quando os pecuaristas se juntam, a força coletiva fica enorme. Outra ação estratégica para disseminar as técnicas a mais produtores é o Núcleo de Assistência Técnica Integrada (NATI), um projeto entre o ICV e o GTPS para fomentar a formação de profissionais na região norte de MT, para atuarem como agentes de assistência técnica e extensão rural (ATER) na pecuária de corte. Fizemos uma parceria para desenvolver um curso de pós-graduação sobre Produção de Gado de Corte

Gestão integrada da propriedade

Gestão da Propriedade

Gestão Recursos Humanos

Gestão Ambiental

Bem Estar Animal

Pastagens

Suplementação Alimentar

Instalações rurais

Identificação animal

Manejo reprodutivo

Controle sanitário

Manejo pré-abate

IndicadoresSoja Milho

2012/13 2021/22 Var% 2012/13 2021/22 Var%

Área: milões de ha 7,9 11,9 51,8 2,9 24 68,6

Produtividade: t/ha 3,1 3,3 6,7 4,8 24 21,8

Produção em Milhões 24,1 39,1 61,9 13,9 25 105,6

Acima de 3001 1.095 1 8.830 27

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com a Rehagro e na conclusão cada técnico entregará um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que é um projeto de viabilidade técnica/econômica de uma fazenda que eles irão acompanhar durante os 18 meses.

O produtor sozinho costuma dizer que a assistência técnica é cara. Agora, quando em grupo, a conta fica diluída e mais barata. Estão, vamos estimular a união de fazendas para a contratação de assistência técnica. O recado é de que não basta tecnologia e a informação, é que preciso que elas cheguem ao campo.

Ainda na fase 2 iremos desenvolver duas ações que estão relacionadas a solução de rastreabilidade para cadeia de pecuária e buscar envolver os elos indústria e varejo em acordos comerciais pautados na adoção das BPAs.

Os primeiros resultados já são sentidos, depois de quase um ano e meio de trabalho, com gestão na propriedade, acompanhamento com o produtor, reunião de planejamento, dias de campo, orientação aos colaboradores. Tivemos recuperação das APP´s, retiramos os animais dos cursos d´água, reforma das pastagens com correção e adubação do solo. Chegamos às boas práticas de sanidade, sombreamento, identificação animal, reprodução e suplementação na seca.

O caminho para uma pecuária sustentável só é possível quando construímos soluções compartilhadas que promovam a sustentabilidade do uso da terra e dos recursos naturais. Uma parte valiosa desse projeto consiste na relação de confiança estabelecida com o produtor, no dia a dia. A solução não se impõe, mas se conquista.

O rECADO é DE quE nãO BASTA

TECnOLOGIA E A InFOrMAçãO, é

quE PrECISO quE ELAS ChEGuEM

AO CAMPO

Indicadores pecuários para análise comparativa

Local Taxa de Lotação Produtividade

Estado (MT) 0,76 3,36

Microrregião - Alta Floresta 1,12 4,76

URT 2,23 13,00**

Fonte: Projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono

* 9 meses

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43GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

é FAnTáSTICO VEr OS

PrOJETOS EM AnDAMEnTO E OS

rESuLTADOS APArECEnDO

Wagner Ferraresi

Sou filho e neto de produtor. Trabalho em Alta Floresta há mais de trinta anos. Passamos muitas fases difíceis. A morte súbita, por exemplo, nos pegou de surpresa e causou uma grande descapitalização. Fizemos ações custosas não bem planejadas e sem assistência técnica. Desanimados, pensávamos em vender a propriedade e abandonar a atividade. O projeto do ICV chegou nessa boa hora. Apenas temos a agradecer. Com informação e bom relacionamento conseguimos dar a volta por cima.

Milton dos Santos de Souza

Estou na região há 35 anos. Estava na mesma situação do Wagner. Com a chegada do projeto pelo ICV, os ânimos voltaram e estamos dispostos a continuar na labuta.

Daniela Teston

É fantástico ver os projetos em andamento e os resultados aparecendo. Convidada pelo ICV para fazer parte da iniciativa, a JBS, analisou a proposta, que veio ao encontro com aquilo que a empresa acredita e aplica nos protocolos das suas atividades. O projeto foca muito a questão da produtividade e a conservação ambiental. A parceria da JBS é importante na parte da comercialização, mas também na capacitação do que é necessário para que o pecuarista produza e seja valorado pelo mercado.

Falamos muito na sustentabilidade em termos do social e ambiental, embora as pessoas comentem que sem o econômico o projeto não para em pé. Diante dessa realidade, as portas dos frigoríficos da empresa foram abertas para mostrar aos pecuaristas os resultados de seus trabalhos de

campo. Muitos não ficaram satisfeitos com o que viram. Eles esperavam um produto com qualidade superior. Quando entenderam a exigência do mercado, houve certa decepção, pois desconheciam o ponto que deveriam chegar.

O papel da indústria, então, é levar informação sobre os aspectos da agregação de valor na bonificação de um produto, desde que haja qualidade. A sustentabilidade é primordial para a questão da conservação e preservação do meio ambiente, o protocolo é não estar em terras indígenas, em unidades de conservação e não ter desmatamento. Tudo isso precisa vir envelopado num produto de qualidade e ser colocado no mercado com valorização e retorno para o pecuarista.

A capacitação no campo é um aspecto importante. No entanto, os técnicos precisam entender aquilo que acontece dentro das indústrias. Precisamos fazer uma parte prática lá dentro. Estamos em processo de avaliação de um protocolo específico para atender uma bonificação de qualidade para os produtores da região. Estamos animados para continuar o projeto. Contamos com os pecuaristas, o frigorífico e falta ainda um elo importante da ponta final da cadeia, ligado à rede varejista.

Para encerrar, gostaríamos de apresentar os produtores aqui presentes, que são os verdadeiros e reais atores dessa história: Robinson Junqueira, Avaro Zaneti e Gustavo Zanetti, Arnaldo Campos Filho, Daniel Carlos Lima, Gilberto Siber Filho e Florentino Martins.

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45GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Painel 6Pecuária Sustentável na Prática - Carne Sustentável no Pantanal/MS

Coordenador do Painel: Gisele Surjus – Diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil

Apresentadores:Ivens Domingos - Analista de Programa de Conservação do WWF

Brasil

Urbano Gomes Pinto de Abreu: Pesquisador da Embrapa Pantanal

Luiz Carlos Demattê Filho: Diretor industrial Korin Agropecuária Ltda

Urbano Gomes Pinto de Abreu:

Aprecio observar que o processo do GTPS está sedimentado. Trabalho há 26 anos no Pantanal na parte de sistema de produção de pecuária de cria extensiva. Tive oportunidade de trabalhar com diversos parceiros como a Embrapa Gado de Corte, Banco do Brasil e WWF, dentre outros.

Dos seis biomas existentes no país (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal), o Pantanal é o menor deles, mas com relato da atividade pecuária desde 1737, como fator de ocupação da fronteira. Possui um terço da planície no estado do Mato Grosso (MT) e dois terços da planície, em Mato Grosso do Sul (MS).

Dos vinte maiores municípios de maior concentração do rebanho pecuário, quatro deles estão localizados em áreas pantaneiras (Corumbá, Aquidauana, Porto Murtinho e Cáceres). Depois de São Félix do Xingu (PA), o maior efetivo bovino no país e é em Corumbá (MS). Trata-se de atividade consolidada na região.

Quando se olha os mapas de concentração do rebanho bovino, desenvolvido em parceria com a Embrapa Sensoriamento Remoto, o bioma do Pantanal mostra uma baixa taxa de lotação, com grande efetivo bovino, o que caracteriza o sistema de criação extensivo pantaneiro.

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Brasil: Ranking da concentração de rebanho bovino por município

Nas últimas décadas, diversos relatórios são publicados mundialmente, com estatísticas e projeções de consumo e demanda de alimentos, em função do crescimento econômico e da população global. Por outro lado, diversos estudos multidisciplinares, nos mais diferentes setores produtivos, buscam o equilíbrio no Triple Bottom Line (3 PL´s – People, Planet and Profit), chamado em português como o tripé da sustentabilidade.

Como esse equilíbrio é muito dinâmico, exige metodologias especiais, que levem em consideração o tempo e o espaço, com métricas que possibilitem sínteses para dar suporte a tomada de decisão, principalmente no setor agrícola, cujo desafio consiste na capacidade de transferir a teoria para a prática. A abordagem da pecuária sustentável não é algo que dispense o uso de tecnologias devido a alguma razão ideológica. Pelo contrário, a atividade precisa utilizar práticas para melhorem a produtividade e não causarem danos ao meio-ambiente. O uso da terra deve ser multifuncional e economicamente viável, sendo ajustada a cada situação específica.

O Pantanal, em média, abriga 1 (uma) unidade animal (UA) em 3 hectares. A taxa de lotação é um indicador importante na dinâmica da pecuária. O gado convive com as estações bem secas e de muita água. É, portanto, uma terra de contraste tanto em termos de regime hídrico como de clima, com amplas amplitudes térmicas.

A Embrapa Pantanal desenvolve projeto de validação e transferência de tecnologia para a pecuária orgânica no Pantanal, em parceria com a Aliança da Terra, IBD, WWF e ABPO. Obtivemos resultados, utilizando análise de energia (metodologia que quantifica nos sistemas de produção a necessidade de energia não renovável), taxa de renovabilidade de 98,81%. A metodologia foi desenvolvida para a indústria, e vem sendo adaptada para sistemas agrosilvopastoris no Brasil.

Temos ainda os projetos de Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, e da Fazenda Pantaneira Sustentável, com indicadores de sustentabilidade em fase de validação. Com relação ao Programa ABC, existem estudos sobre as tecnologias para financiamento e aplicação na região.

1° São Félix do Xingu (PA) 9° Aquidauana (MS) 17° Água Clara (MS)

2° Corumbá (MS) 10° Nova Crixás (GO) 18° Marabá (PA)

3° Ribas do Rio Pardo (MS) 11° Cumaru do Norte (PA) 19° Três Lagoas (MS)

4° Juara (MT) 12° Porto Murtinho (MS) 20° Pontes e Lacerda (MT)

5° Cáceres (MT) 13° Vila Rica (MT)

6° Vila Bela S. Trindade (MT) 14° Porto Velho (RO)

7° Alta Floresta (MT) 15° Novo Progesso (PA)

8° Novo Repartimento (PA) 16° Altamira (PA)

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47GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

OuTrOS PrOJETOS

• Sistema de manejo de pastagens nativas – rotação e vedação de pastagens. Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);

• Formação de pastagens exóticas. Tecnologia requer licença ambiental expedida pelo IMASUL, devendo projeto ser encaminhado ao mesmo;

• Controle de invasoras nas pastagens. Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);

• Suplementação proteica-energética de matrizes no pré-parto e de animais em recria. Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);

• Suplementação mineral de matrizes. Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);

• Recuperação de pastagens exóticas e investimentos estruturais. Tecnologias e investimentos considerados isentos de licença, devendo, entretanto serem comunicados eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);

• Desmama precoce (suplementação de bezerros e recria). Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);

• Sistemas Agroflorestais. Tecnologia em desenvolvimento;

• Guia de capacidade de suporte das pastagens;

• Critérios de redução de uso de queimadas.

Luiz Carlos Demattê Filho

Fundada no Brasil em 1994, a Korin é uma empresa pioneira na produção de frango e ovos livres de antibióticos, quimioterápicos, anticoccidianos e promotores de crescimento. Também produzimos frangos e ovos certificados orgânicos e frangos caipiras. Uma das líderes no país na produção orgânica de frutas, legume e verduras (FLV’s), a empresa segue os princípios e conceitos da Agricultura Natural.

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O conceito da Agricultura Natural passa por:

• Respeito pela força dos processos naturais, em que o homem os auxiliam, mas não os criam;

• Ter os mecanismos e funções naturais como padrão de comparação para a ação tomada;

• Assimilar os mecanismos da natureza para produzir com saúde, prosperidade e sucesso.

A missão da empresa é produzir e comercializar alimentos que promovam a saúde e o bem-estar do consumidor, assim como a prosperidade do produtor, utilizando métodos produtivos que gradativamente concretizem a Agricultura Natural preconizada por Mokiti Okada, através de um modelo social, ambiental e economicamente sustentável.

(*) Nós integramos valores sociais, éticos e ambientais para uma produção sustentável de alimentos.

É a primeira empresa no Brasil certificada em bem estar animal para a produção de frangos e ovos pelo protocolo americano Humane Farme Animal Care (HFAC). Existem também outras duas certificações. Um pelo não uso dos antibióticos, promotores de crescimento e ingredientes de origem animal na ração das aves e outro para a produção do frango orgânico.

No arroz orgânico, temos parceria com uma cooperativa de produtores assentados da reforma agrária do Rio Grande do Sul para resgatar a cultura do agricultor, e mais os selos de orgânico, livre de agrotóxicos e aditivos químicos, e de compromisso

com a sustentabilidade. Essa prática de produção também segue para sopa instantânea e na linha de insumos naturais Bokashi.

Há alguns anos fomos procurados pela Associação Brasileira dos Produtores Orgânicos (ABPO), com a apresentação de suas parcerias com a Embrapa e a WWF. Fizemos um protocolo de produção, que passou a servir de norma de produção, com:

• Uso de novilhas – 4 dentes – até 3 anos;

• Free-Range, acima de 70% de pastagens nativas;

• Não uso de antibióticos e ureia;

• Manejo estratégico de Vermífugos;

• Cobertura de 3 milímetros de gordura periférica;

• Promover a inclusão e avanço social;

• Preservação do Bioma;

• Economicamente viável, em cumplicidade do consumidor.

A produção de carne bovina com sustentabilidade envolve dois pilares:

1º Norma de criação, o abate e processamento Korin;

2º Monitoramento e controle dos processos.

• Origem controlada: pantanal do Mato Grosso do Sul;

• Manejo natural de pastagens, sem queimadas e adubação química solúvel.

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49GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Entre os benefícios auferidos relacionamos: a preservação da cultura do homem pantaneiro, a responsabilidade social (mão de obra contratada de acordo com a legislação trabalhista), a manutenção dos ecossistemas e a proteção contra o desmatamento.

Entre os aspectos importantes destacamos a sanidade do rebanho (atingir equilíbrio e reduzir/eliminar gradualmente controles químicos e medicamentos); animais de cruzamentos industriais, até 3 anos (preferencialmente novilhas) e bem estar animal na criação, transporte e abate.

Para dar maciez da carne, o processo envolve a embalagem à vácuo de cortes desossados, com processo de maturação submetida à temperatura controlada. O objetivo é chegar ao consumidor final com produtos abandejados. Os rótulos levarão informações a respeito de uma produção realizada com total respeito à natureza e ao bem estar animal, com foco na saúde humana. Pretendemos estar o mais breve possível com essa proposta no mercado.

Gisele – Banco do Brasil

Se pudéssemos escolher duas palavras para esse painel, primeiramente, a parceria em toda a cadeia produtiva fica bem clara, depois, o conhecimento com a fundamentação proporcionada pela Embrapa. Um sistema como o Pantanal requer práticas especiais para ser explorado de forma sustentável

Ivens Domingos – WWF Brasil

Consideramos fundamental ressaltar a importância da pecuária Bovina para o Pantanal, suas características, e como atores importantes

como a Embrapa Pantanal, a Korin, a Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO), e o WWF – Brasil, tem feito a diferença na busca da pecuária sustentável e pela valorização da Cultura do Homem Pantaneiro, desde o aprendizado com a pecuária orgânica certificada até a nova parceria comercial entre Korin e ABPO, com o apoio da Embrapa Pantanal, WWF – Brasil e do Instituto Biodinâmico, também ator de destaque na região.

Embora o Pantanal seja considerado um dos Biomas mais conservados do país, ele está ameaçado por mudanças no perfil dos produtores que estão adentrando a região que buscando reverter problemas de baixa eficiência produtiva e baixa rentabilidade, passa a utilizar práticas produtivas, como o aumento da taxa de lotação, que trazem impactos severos.

Essa nova parceria entre ABPO e Korin, e a promoção da “Carne Sustentável do Pantanal” dentro do Programa Pecuária Sustentável na prática, trará contribuições para a capacitação e disseminação de boas práticas produtivas para Pecuária Sustentável para o Pantanal e outros biomas, e também irá demonstrar que a Agroecologia também traz alternativas tecnológicas que aumentam a eficiência produtiva com um menor impacto para o meio ambiente.

“uM SISTEMA COMO O PAnTAnAL

rEquEr PráTICAS ESPECIAIS

PArA SEr ExPLOrADO DE FOrMA

SuSTEnTáVEL”

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Assentamento Mata Azul - Novo Santo Antônio-MT - Sheila Guebara

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51GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Painel 7Pecuária Sustentável na Prática – MS

Coordenador do Painel: Sergio Rocha - Agrotools e Fazenda Lagoa Bonita

Apresentadores:Alexandre Scaff Raffi: Presidente da Associação Brasileira do Novilho

Precoce

Ezequiel Rodrigues do Vale: Embrapa Gado de Corte

Moderador:

Com o chapéu de fazendeiro, rodei o Brasil em 2004, e identifiquei uma interessante região no Tocantins, que, na época, apesar de muito rústica apresentava atrativos importantes como: topografia plana, muita água e o principal, ainda não havia sido descoberta pelos fundos e grandes investidores.

Comprei algumas áreas, me envolvi com a cultura local, entendi o ritmo do centro-oeste e seus costumes. Participei de muitas experiências inovadoras, envolvendo novas tecnologias e práticas sustentáveis para o agronegócio, mas o principal foi respeitar as práticas da região.

Considero que este respeito a cultura local é a chave do sucesso da pecuária moderna e empresarial, que além de trazer inovação e

tecnologia de ponta para o campo, é preciso entender o processo e adaptá-lo para uma solução prática, simples e viável na região e no momento.

Além de fazendeiro, sou um entusiasta do uso de fertilização in vitro, transferência de embrião, produtor de Brahman e um usuário dos sistemas de informação geográfica para a gestão dos meus territórios.

Represento também a empresa Agrotools Tecnologias Geo-Espaciais, que provê serviços e soluções de monitoramento e gestão de riscos, desde 2007 para a cadeia agroalimentar e energias renováveis, usamos geotecnologias para a cadeia pecuária, realizamos o monitoramento da rede de fornecedores de bovinos dos principais frigoríficos, e também atuamos em outras commodities, como soja e floresta.

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Após a pressão mercadológica e do MPF sobre a cadeia pecuária, no ano de 2009, a ABIEC convidou a AgroTools à apresentar uma solução para o monitoramento da pecuária. A questão era como prestar esse serviço, visto que o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) estava mal das pernas, o Geo do INCRA não tinha decolado, o CAR era uma promessa, e havia muita dúvida dos frigoríficos de como lidar com este novo momento e novas exigências.

Apresentamos uma solução, que combinava o nosso entendimento das raízes nacionais e dos desafios do agronegócio, relacionados aos aspectos fundiários, ambientais, ao difícil acesso à dados e estatísticas públicas, e a integração de ferramentas de controle aos processos operacionais e dia a dia do Grupo de Frigoríficos associados à ABIEC.

Desenvolvemos uma solução que correlacionava diversos dados estatísticos (big data), com os insumos de geotecnologia, calibrados para a realidade de cada Empresa e sua necessidade de gestão de risco, adotando um conceito que não visava o indivíduo bovino, mas sim com um olhar no território de onde origina-se a matéria prima bovina para o frigorífico, e esta foi a lógica aplicada para o entendimento, gestão e controle do supply chain.

Com o suporte da PwC, aplicamos uma metodologia que atendia as necessidades de diversos frigoríficos simultaneamente, blindando as informações de cada empresa, esta solução à época foi denominada de “Oscar”, visto que usava conceitos de segurança da informação similares às utilizadas no consagrado prêmio do cinema.

O objetivo era de disponibilizar para todos frigoríficos uma mesma solução tecnológica, com cruzamento de dados comuns e informações qualificadas do território, de onde se originava a matéria prima bovina, garantindo sigilo e eficácia nos processos técnicos e operacionais.

Saímos daquela experiência com a sensação de que a proposta estava bem à frente do tempo. A fórmula era muito complexa e faltava entendimento do setor para conseguir aplicar na prática da solução desenvolvida.

Recuamos com o projeto complexo e transformamos a solução em sistemas individuais, mais simples e adaptados as necessidades de cada frigorifico, e assim possibilitamos gerar resultados práticos individualmente para cada Empresa.

Então, hoje, quando falamos de Sustentabilidade na Prática, vemos nitidamente o quanto o mercado da pecuária amadureceu em todos os aspectos, inclusive no entendimento da gestão territorial, percebendo o que era possível e o que não era possível ser feito, em decorrência das limitações que a infraestrutura de dados do Brasil e as incertezas fundiárias e ambientais geravam na utilização das soluções.

Estamos exportando conhecimento inovador brasileiro, para diversos países que estão, e ou que pretendem estar inseridos no agronegócio (tropical) moderno.

Atendemos diversos participantes da cadeia do agronegócio, de forma objetiva e aplicável à sua realidade, mesmo em situações que demandam soluções da dimensão da escala de países, de modo a atender a produção em grande escala e ou as necessidades de enormes parques industriais.

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53GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Alexandre Scaff Raffi

A Associação do Novilho Precoce está localizada em Mato Grosso do Sul e possui mais de 304 produtores associados, responsáveis por um rebanho estimado em mais 800 mil cabeças. Nos 15 anos de existência da entidade (fundada em 1998), abatemos mais de 700 mil animais, todos com registro de peso, idade, acabamento e produtor. É importante frisar que os produtores associados possuem direito de acesso aos dados do protocolo de abate.

Nossa entidade é de caráter comercial, nosso representante político é a Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul). A associação se especializou em formar parcerias com frigoríficos e supermercados.

A distribuição das fazendas dos associados se espalha por todo o Mato Grosso do Sul. Existe uma estrutura e organização para a venda e acompanhamento dos abates dos animais dos associados. As escalas são feitas no escritório da Associação por nossa gestora. Só ela faz as escalas, ninguém vende direto aos frigoríficos. Uma vez abatidos gera-se um relatório com tudo o que aconteceu no abate. Isso ajuda o produtor a ver se está fazendo o trabalho corretamente. Caso haja algum problema, a associação ajuda o mesmo a resolvê-la.

Essas alianças permitem a oferta de matéria prima em qualidade (animais precoces bem acabados com peso adequado) e quantidade (abatemos 150 mil cabeças por ano). Temos sete técnicos em visita constante às fazendas, de modo a acompanhar a engorda e os apartes. Isso dá um grau de confiança muito grande

para os frigoríficos e supermercados, no atendimento das encomendas. A regularidade das entregas é contínua (abatemos toda a semana, durante o ano inteiro) e padronizada (programa remunera de acordo com a classificação e linhas de premiação).

O início das parcerias foi em 2000, para atender o programa de garantia de origem (GO) do Carrefour. Essa relação, que existe até hoje, derruba a tese sobre a impossibilidade de rastrear o animal do começo ao fim. Todas as carnes colocadas nas gôndolas possuem código de barra com a idade de abate, origem dos produtos, datas de vacinação e a localização da fazenda.

Criamos um corpo técnico e com o apoio gratuito das empresas privadas, principalmente da área veterinária, desde 2000 estabelecemos Normas e Padrões aos associados: obrigações sociais e trabalhistas, respeito ao meio ambiente, manejo sanitário, bons tratos animais, manejo alimentar, instalações rurais e gestão.

A partir de 2009, novas parcerias foram criadas, sem as obrigações que o GO tinha, porém a ideia de produção sustentável já fazia parte da nossa filosofia. Assim, as Boas Práticas Agropecuárias (BPA) passaram a ser a ferramenta adotada pelos associados. Consideramos esse o verdadeiro protocolo brasileiro, pois foi feito junto com o produtor brasileiro.

Em 2010 convidamos 20 produtores que espontaneamente adotaram o BPA. Houve um envolvimento de todas as atividades que ocorrem dentro das fazendas. Oferecemos cursos e desenvolvemos capacitação.

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Princípios básicos

Uma das nossas maiores dificuldades é a falta de infraestrutura devido ao seu custo, que sai do fluxo da caixa e não volta mais. Você é incentivado a fazer encanamento na fazenda para preservar os açudes naturais a as APP’s, mas, depois vem a cobrança da Secretaria do Meio Ambiente sobre a outorga da água e a licença para usar o açude. Difícil acreditar, mas acontece. Exigem que cerquem as APP’s, porém impedem o uso da aroeira nativa e duradoura. Ou seja precisamos “importar” madeira. O nosso dia a dia é difícil

As vantagens do Programa do Novilho Precoce passam pelo aumento nos índices de produtividade, diminuição dos riscos de acidentes, gestão econômica mais eficiente, consciência ambiental e a valorização do produto na venda. Somos uma entidade de vanguarda e andamos na frente. Quem chega primeiro bebe água limpa. O espírito de união entre os pecuaristas é fundamental para avançarmos. Trabalhamos junto com a Associação dos Produtores da Pecuária Sustentável (APPS) e fazemos parte do Programa Pecuária Sustentável na Prática do GTPS.

Ordem Pontos de verificação Item

1 Gestão econômica e financeira 10

2 Função social do imóvel 5

3 Responsabilidade sócial 13

4 Gestão ambiental 23

5 Instalações rurais 39

6 Bons tratos de produção 13

7 Formação e manejo de pastagens 19

8 Suplementação alimentar 8

9 Identificação animal 11

10 Controle Sanitário 13

Total 154

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55GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Comissões do GTPS

Eduardo Bastos

Francisco Beduschi: Comissão de Incentivos Econômicos e Financeiros – CIEF e Analista de Economia e Política Agropecuária do ICV

José Guerreiro: Comissão de Disseminação e Sustainable Agriculture Specialist da TNC

Marcio Caparroz: Subcomissão Científica e Corporate Affairs & Market Access da Elanco

Fernando Sampaio e Rodrigo Paniago: Comissão Técnica

Francisco Beduschi

A nossa agenda aborda seis prioridades, que pautam as nossas reuniões bimestrais. Esta agenda ajuda a dar um corpo e divulgar todas essas atividades.

Primeiro: Na questão da desoneração e incentivos fiscais o foco está no case de sucesso do Programa do Novilho Precoce, no estado do Mato Grosso do Sul, com ações de acompanhamento e sugestão de melhorias. Apoiaremos também o desenvolvimento de outros estudos em outros estados, como no Acre, Pará (ICMS Verde), MT (Fundo Estadual de Transporte e Habitação – FETHAB) e até mesmo a reaplicação do Programa do Novilho Precoce.

Segundo: Ajudar na implementação do Plano ABC, que não está efetivamente chegando ao chão. Fizemos reunião com o Professor Sergio Túlio, da Fundação Getúlio Vargas, que participa do Observatório do ABC e foi responsável pelo segundo relatório. Vamos apresentar os nossos pontos de vistas com observações e indicações. Buscaremos apoio da secretaria de Política Agrícola para a implementação dos Planos em cada estado e apoiaremos a divulgação do Programa ABC em diversos estados.

Terceiro: Apoiar o desenvolvimento e a implementação da linha de crédito Intensifica Pecuária. Tivemos reunião com o Pedro Arraes na SAE, nossa parceira no desenvolvimento da linha. Estamos encaminhando uma nota técnica com a recomendação de se manter a essência diferencial do programa, em termos do planejamento na propriedade rural, com assistência técnica e o incentivo de melhoria contínua.

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Quarto: No acompanhamento do Plano Agrícola e Pecuário da Safra 2014/15, o trabalho é mais político, reforçando a necessidade da implementação de políticas de incentivo à pecuária sustentável.

Quinto: Com a Cota de Reserva Ambiental (CRA), tivemos encontro de nivelamento para entender como é o seu funcionamento. Em 2014 realizaremos um wokshop específico, para o qual convidaremos os associados do GTPS, para tratar deste assunto. Também continuaremos no esforço de incentivar parcerias locais com a BV Rio.

Sexto: apoiar todas as iniciativas para o desenvolvimento do mecanismo REDD+, com desenvolvimento e sugestões de propostas vinculadas a pecuária sustentável.

José Benito Guerrero

Para compor a comissão, a nossa sugestão é envolver representante do setor produtivo, como os sindicatos rurais, da indústria, de instituições financeiras (BASA), de varejo (Carrefour, Pão de Açúcar, Wal-Mart), serviços (Dow, Syngenta, Tortuga e Matsuda), sociedade civil (IPAM, Aliança da Terra e WWF) e pesquisa (unidades da EMBRAPA e Universidades) .

Como proposta de trabalho, propomos:

• Consultas e seleção dos membros;

• Elaboração do plano de trabalho;

• Seleção dos projetos GTPS (FSP – concluído, Piloto MT, MS*);

• Identificação dos municípios nas regiões prioritárias;

• Capacitação de Produtores, extensionista e trabalhadores rurais;

• Identificação das unidades demonstrativas de referência;

• Promoção e troca de experiências entre os grupos e projetos.

Com base nos resultados e experiências da TNC temos o Manual de restauração florestal – Um Instrumento de Apoio à Adequação Ambiental de Propriedades Rurais do Pará ;O Relatório sobre a experiência de produtores de leite de Pinhalzinho – no Uso do Sistema de Pastoreio Voisin; O Projeto Piloto ICT Paragominas (TNC, SPRP, Embrapa Amazônia Oriental e EnsoAg) – no desenvolvimento de uma ferramenta de suporte e sistema de informações como suporte à transferência de tecnologia e extensão na gestão de propriedades rurais em Paragominas e a Geo-espacialização de informações relevantes da localização e ações dos membros do GTPS, Regiões de Atuação, experiências de sustentabilidade e com um grande potencial de aplicação no monitoramento e rastreabilidade (TerraVision)

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Para disseminar os resultados de projetos com ações de agricultura sustentável, existe a necessidade de poder contar com uma boa infraestrutura e o desenvolvimento de um Sistema de Comunicação e Informação tecnológica (ICT) disponível aos Produtores Rurais. Esse é o principal objetivo do projeto piloto de Paragominas/PA, no qual participam a TNC, o Sindicato Rural e a EnsoAg. Que está avaliando uma plataforma de comunicação entre produtores para permitir a entrada e intercâmbio de informações através de aplicativo de smartphones, e que também pode ser utilizada para monitoramento e acompanhamento dos projetos do FSP.

O funcionamento envolve uma interface Web e as aplicações para telefonia móvel, que interagem via banco de dados, com um gateway e envia via um SMS com informações armazenadas no Banco de Dados e as transforma em mensagens instantâneas de texto. Os produtores podem solicitar informações técnicas, bem como custos e disponibilidade de insumos via SMS. Integrados ao sistema, os fornecedores apresentam as cotações, participam de pregões, enviam notícias (controladas por um moderador) e interagem com os produtores e sindicatos.

Com mapas e produtos, junto com a parceria de terceiros, pretendemos que cada estado tenha um responsável para fazermos esses trabalhos de disseminação. Pensamos em divulgar os indicadores de critérios técnicos, as guias elaboradas, as entidades envolvidas com a extensão rural e capacitação, e indicar os locais das fazendas modelos ou unidades de referência tecnológicas - URT.

Nilton

Vamos mostrar o trabalho realizado pela TerraVision para sabermos da sua capacidade em ajudar a desobstruir alguns gargalos enfrentados pelo GTPS. A empresa faz parte da Promon, que possui cinco grupos (engenharia, logicalls, trópico, novos negócios e meio ambiente).

Crida em 2007, a TerraVision é especializada em geotecnologia e geoprocessamento, com atuação em todo o Brasil em diversos segmentos como: meio ambiente, mineração, siderurgia, agronegócio, engenharia, energia e óleo e gás. Em parceria com a Brandt Meio Ambiente, elaboramos bases cartográficas para mais de mil projetos de licenciamento ambiental no país. Já desenvolvemos mapeamentos de uso e ocupação do solo para aproximadamente 600 mil quilômetros quadrados no Brasil em escala 1:25.000, isso corresponde ao tamanho do estado de Minas Gerais.

Fornecemos imagens de satélite em diversas resoluções. Realizamos o processamento e a ortorretificação de imagens e elaboramos as bases cartográficas, que é a cobertura e uso do solo, drenagem e geração de APP´s.

O grande diferencial da TerraVision no momento é o ArcGis On line. Até então, o geoprocessamento era um atividade bem específica e técnica. O ArcGis é uma ferramenta fácil utilização para qualquer pessoa criar mapas e realizar análises espaciais. O conteúdo pode ser organizado e compartilhado de forma controlada e segura, com os dados disponibilizados na nuvem (hospedado ou local).

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A vantagem de usar o ArcGis está na capacidade de juntar muitas informações (planilha, foto, relatório, trabalho de campo, etc) e organizá-las na forma Web. Desenvolvemos o sistema para Paragominas junto com a TNC, com base nas informações levantadas em 2007. O município estava na lista negra daqueles que mais desmatavam no Brasil, mas hoje está fora. Podemos juntar todas as informações da propriedade (cobertura do solo, APP´s preservadas ou não, piquetes, drenagens, etc) e disponibilizá-los na Web para acesso de terceiros. O aplicativo georeferenciado facilita a tomada de decisão porque a informação não aparece fragmentada.

Márcio Caparroz

Muito se fala sobre as emissões do Brasil relacionadas a pecuária, mas o país, por si, muito pouco trata essa questão. Assim, a FAO e o IMS (International Meat Secretariat – IMS) estabeleceram uma cooperação para elaborar benchmark global de métricas e indicadores, com os quais pretende ter um LCA (analise de ciclo de vida) global para pecuária.

A nossa missão é ser a plataforma para elaborar estratégias para validar localmente conceitos científicos internacionais através de intercâmbio de pesquisas e publicações sobre pecuária, com o objetivo de alinharmos com relação:

1. Emissões e sequestro de carbono

a) Uso da Terra

b) Emissões de gases de efeitos estufa por fermentação entérica e resíduos

c) Uso de Água – Pegada Hídrica

2. Estudar o que mais influencia como mudar o hábito dos consumidores

3. Adequado uso adoção de tecnologias

Pretendemos definir uma posição do GTPS, após levantamento e análise dos estudos sobre as emissões brasileiras relacionadas as pecuária, revisarmos cientificamente as publicações existentes para:

1. Criarmos um Position paper: Relatório elaborado a ser publicado e a criação de um banco de dados de estudos científicos no site GTPS;

a. com isso montarmos o link com a política Nacional, com o inventário nacional de emissões de GEE e com as negociações internacionais – interação com o Embrapa/ MAPA/ MMA e MRE – a partir dos resultados do trabalho.

2. Estudar o ciclo de vida de consumidores e produtores em relação a sustentabilidade para identificar como atender essa expectativa

3. Desenvolvermos modelos sustentáveis (Uso de tecnologia): Compilar informações científicas existentes sobre o impacto na produção ao se usar tecnologias de gado leiteiro e em bovinos de corte.

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Com isso esperamos definir as próximas tarefas para validar informações localmente, e elaborar plano de Comunicação com a Sociedade. Em 2013, fizemos o alinhamento metodológico de medição do projeto SALSA; fechamos o protocolo sustentável de produção na cadeia de lácteos; envolvemos projetos de redução de emissão de GEE em confinamentos através do tratamento dos dejetos. Vamos trabalhar na percepção dos consumidores.

Fernando Sampaio: Comissão Técnica

Um trabalho empírico de diagnóstico da pecuária brasileira, elaborado pelo Francisco Villa, revelou que no Brasil há cerca de mil fazendas tecnificadas, com acesso a assistência técnica privada; 150 a 200 mil fazendas semi tecnificadas e sem assistência técnica e um milhão de produtores não tecnificados sem assistência.

Existe uma área da pecuária a ser consolidada no país na qual precisamos colocar o nosso foco de trabalho. No GTPS desenvolvemos um projeto para agregar conhecimento e capacitar pessoas para realizar a transformação desejada. Temos que arrumar recursos para isso e criar centros de disseminação, onde uma fazenda possa ser exemplo da aplicação de tecnologia e influenciar a região em seu entorno.

Estamos realizando workshops com outros temas técnicos como pastagens, nutrição e bem estar, genética e reprodução, sanidade, administração e gestão financeira e adequação legal. Gostaríamos de condensar todas essas informações para produzirmos um guia, onde o produtor e o extensionista pudessem consultar e optar por alguma tecnologia.

No primeiro workshop temático realizado pela comissão técnica do GTPS foram abordados os conceitos de rastreabilidade, identificação e certificação da cadeia da carne bovina. Mostramos as experiências vivenciadas pelas redes de varejo e as iniciativas de cada um deles para atender às demandas de controle da cadeia, tanto do ponto de vista das empresas e indústrias, como dos consumidores finais, para os quais se têm desenvolvido mecanismos de verificação da origem dos produtos. Falamos da plataforma da gestão agropecuária (PGA) da Confederação Nacional da Agricultura e o MAPA, das modificações do Sisbov. Apresentamos outras propostas de rastreabilidade, como a do estado do Pará e de Santa Catarina, o único estado com 100% de rebanho certificado (CIDASC).

Todas as informações e experiências trocadas durante os workshops temáticos irão compor o Guia da Pecuária Sustentável, produto que a Comissão Técnica do GTPS deverá entregar até o final de 2014. Em geral, as informações de consulta disponíveis possuem foco “no que deve ser feito” e não no “como fazer”. Há uma dependência de cada fazenda, diagnóstico e situação. Convidamos profissionais especialistas de cada área para debater sobre as tecnologias aplicáveis a cada situação e a forma mais sustentável para sua aplicação ao sistema produtivo. Pretendemos listar as tecnologias de maior importância em cada tema e os tópicos relacionados que devem ser descritos no guia. A classificação será feita quanto ao investimento, tempo de “repagamento”, impacto na produtividade, tempo de implantação e complexidade tecnológica.

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Programas do BnDES de apoio a Bovinocultura de Corte

Tiago Peroba – Gerente dos programas agropecuários do BNDES

O BNDES é principal provedor de recursos para investimentos de longo prazo, tendo como foco as grandes indústrias e empresas, inclusive na agroindústria e a agropecuária. Quando andamos pelo Brasil, sentimos a importância da instituição para fornecer funding para os produtores de pequeno, médio e grande porte. Essa relevância tem sido intensificada nos últimos anos.

Em 2011 foi criada a área de agropecuária e inclusão social. Isso mostra a importância que o governo e o BNDES dão cada vez mais para com o setor. Nas operações diretas com o produtor somos financiadores das políticas do governo federal, com as regras definidas pelo Manual do Crédito Rural, que são resoluções publicadas pelo Banco Central.

O papel do BNDES é de gerir, operar acompanhar o crédito agropecuário. Temos os programas da agricultura familiar do Ministério de desenvolvimento Agrário (MDA) e da agricultura empresarial do MAPA (Programa da Agricultura de Baixo Carbono – ABC, Moderagro, Modeinfra, Moderfrota, Prodercoop, Pronamp, Programa da Capacidade de Armazenagem -PCA e o Inovagro – voltado a capacitação tecnológica do produtor rural.

Nas safras 2011/12 e 2012/13, liberamos, respectivamente, R$ 9,4 bilhões e R$ 14,0 para os programas do MAPA.

O Banco do Brasil é um dos agentes financeiros que operam com o BNDES, junto com os bancos das montadoras, os comerciais, das cooperativas. Com isso, atingimos uma capilaridade na distribuição do crédito rural acima de cinco mil municípios.

A análise e aprovação dos projetos, em plataforma eletrônica, acontecem em tempo mais curto.

Possuímos três programas para atender os produtores interessados em tomar crédito para a bovinocultura: Programa ABC, Inovagro e o Pronaf Mais Alimentos. Itens financiáveis: consultoria, aparelhos de computação

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PLAnO ABC - FInAnCIAMEnTO DE PráTICAS SuSTEnTáVEIS

O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, também denominado de Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) foi instituído na safra 2010/11 pela Resolução BACEN nº 3.896, de 17/08/2010. A sua criação representa uma iniciativa do Governo Federal de estímulo ao desenvolvimento de práticas sustentáveis na agropecuária.

Coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (MAPA) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), esta iniciativa é orientada para o compromisso de redução das emissões de GEE entre 36,1% e 38,9% até 2020, conforme compromisso assumido pelo Brasil na 15ª Conferência das Partes (COP-15), realizada em 2009, em Copenhague, na Dinamarca.

Com vigência até 2020 e sujeito a revisões periódicas, o plano é composto por sete programas relacionados a tecnologias de mitigação e ações de adaptação às mudanças climáticas:

(1) Recuperação de Pastagens Degradadas;

(2) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);

(3) Sistema Plantio Direto (SPD);

4) Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN);

(5) Florestas Plantadas;

(6) Tratamento de Dejetos Animais;

(7) Adaptação às Mudanças Climáticas.

Inicialmente o plano foi constituído com recursos do Sistema BNDES. No entanto, atualmente conta com recursos da Caderneta de Poupança Rural (MCR 6-4) do Banco do Brasil e de outros fundos.

Em relação a dotação orçamentária, no ano safra 2010/11, o programa ABC teve R$ 2 bilhões em 2011/12, R$ 3,15 bilhões em 2012/13, R$ 3,4 bilhões e no atual Plano Safra 2013/14, lançado em junho de 2013, teve um aumento orçamentário para R$ 4,5 bilhões, com juros de 5% ao ano. Deste montante, 500 milhões estão sob gestão do BNDES.

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DESEMBOLSOS DO PrOGrAMA ABC – BnDES

Desde seu início, no ano safra 2010/11 até outubro de 2013, o BNDES desembolsou cerca de R$ 690 milhões e efetuou pouco mais de 2 mil operações no âmbito do Programa ABC. As regiões Sudeste e Centro Oeste corresponderam, cada uma, por 31% do total desembolsado, seguidas pela região Sul (27%), e, com menores participações, as regiões Norte (8%) e Nordeste (3%).

Programa ABC: Desembolsos por região e ano em R$ mil

Distribuição regional dos desembolsos Programa ABC.

Entre os estados onde foram efetuadas mais operações do Programa ABC, destacam-se Minas Gerais, com 579 operações e R$ 148 milhões desembolsados, Rio Grande do Sul (323 operações e cerca de R$ 112 milhões desembolsados) e Goiás (311 operações e aproximadamente R$ 109 milhões desembolsados).

Região 2011 2012 2013(*)

Sudeste 18.437 112.082 85.402

Centro Oeste 14.174 93.937 103.505

Sul 20.092 93.959 73.963

Norte 6.872 28.759 119.190

Nordeste 2.31 9.759 8.963

Total 61.808 291.025 291.025

Fonte: BNDES

(*) janeiro e outrubro

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Programa ABC: Número de operações e valor liberado pelas principais UFs.

Programa ABC: Número de operações e valor liberado por linha específica

Além da linha genérica do Programa ABC, que apoia empreendimentos cujo objetivo é a redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades agropecuárias, o BNDES opera com algumas linhas específicas.

Dentro do escopo de promoção da pecuária sustentável, estas linhas são: ABC Recuperação (investimentos destinados a projetos de recuperação de pastagens degradadas), ABC Integração (implantação e melhoramento de sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta e de sistemas agroflorestais), e ABC Tratamento de Dejetos (implantação, manutenção e melhoramento de sistemas de tratamento de dejetos e resíduos oriundos de produção animal para geração de energia de compostagem).

Unidade da federação Operações Valor Liberado (R$ 1.000)

MG 579 148.533

RS 323 111.820

GO 311 108.749

MS 171 88.459

PR 275 61.511

SP 136 57.948

Demais 319 114.259

Total 2.114 691.281

Fonte: BNDES

Linha Específica Operações Valor Liberado (R$ 1.000)

Genérica 787 268.985

Recuperação 539 173.173

Florestas 545 146.441

Integração 129 48.887

Plantio Direto 84 39.335

Silvicultura 16 9.038

Recomposição 8 4.458

Tratamento de Dejetos 5 902

Orgânico 1 62

Total 2.114 691.281

Fonte: BNDES

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BnDES e a Pecuária Sustentável

A atividade pecuária brasileira possui uma importância que remonta ao período de colonização, quando a criação de gado exercia o duplo papel de complementar a economia da cana-de-açúcar e iniciar a penetração e povoamento do interior do Brasil. A despeito dos ciclos de retração e expansão que se seguiram, a atividade manteve uma participação de destaque na economia brasileira.

Entre dezembro de 2012 e novembro de 2013, o setor pecuário gerou US$5.2 bilhões em divisas, correspondendo a 2,2% das exportações nacionais. Além disso, de acordo com o Censo Agropecuário de 2006, a pecuária foi a atividade que ocupou a maior extensão de terras nacionais (26% do território). Vale observar ainda, que o efetivo nacional representa o maior rebanho em escala global com finalidade comercial.

Apesar da sua relevância econômica, a atividade pecuária, quando realizada sem o uso de práticas sustentáveis, pode provocar diversos efeitos não desejados para o meio ambiente.

Em publicação da FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations – “A Grande Sombra dos Rebanhos” O setor pecuário foi o responsável por 18% das emissões dos gases de efeito estufa, por 9% de todo gás carbônico emitido por fontes antrópicas (desmatamentos para áreas de pastagem ou produção de grãos), 37% da emissão de metano (maior parte devido à fermentação ruminal) e 65% de todo o gás nitroso emitido.”

De acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal, do IBGE, entre 1992 e 2010, a participação da região Norte no total do rebanho nacional aumentou de 10% para 20%. Por outro lado, a Região Centro-Oeste, que já possuía a maior participação no rebanho bovino (32%) em 1992, também apresentou um crescimento bastante expressivo, passando a representar 35% do rebanho bovino do Brasil em 2010.

Uma vez que predomina no Brasil a pecuária bovina de corte extensiva, o estímulo à expansão da pecuária, sobretudo no Norte, se explica parcialmente pelo baixo preço das terras. Além disso, a pecuária bovina exige pouca mobilização de capital por área ocupada, o que estimula o uso da atividade como forma de legitimar a ocupação de terras onde não existe um direito de propriedade bem definido.

O cenário que se desenha é a de que a maior parte da pecuária brasileira se estabelece e se expande em direção das regiões onde se encontram os maiores biomas brasileiros. Isso exige do país um conjunto de políticas públicas para desenvolver uma pecuária cada vez mais produtiva e menos dependente da extensão territorial.

Há diversas práticas tecnológicas economicamente viáveis que podem ser estimuladas para promover a sustentabilidade na pecuária. Notavelmente, é imprescindível que se estimule a recuperação e a renovação de pastagens em detrimento da expansão da área ocupada. Ademais, há grande potencial para a redução da

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65GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

emissão dos gases do efeito estufa (GEE), que são gerados pela fermentação entérica e pelos dejetos animais. Para isso, cabem melhorias nas pastagens e nas técnicas de manejo, como a vedação e a suplementação das pastagens.

Outra proposta sustentável é a integração da atividade pecuária com outras atividades econômicas como a agricultura ou a silvicultura – prática conhecida como sistema de integração – de forma que integradas estas atividades sejam mais sustentáveis e eficientes do que seriam se

funcionassem de maneira segmentada. O que se espera dos sistemas de integração é que estes consigam fazer com que as atividades funcionem com alguma complementaridade de forma que as duas ou mais atividades favoreçam umas às outras de maneira simbiótica.

Para fomentar a difusão da agropecuária sustentável, o governo vem desenvolvendo diversas políticas públicas, dentre as quais, aquelas voltadas para acesso ao crédito para emprego de práticas sustentáveis.

São Félix do Xingu/PA - Foto: Haroldo Palo Jr.

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Maracaju/MS - Foto: Sheila Guebara

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Cases de sucesso

www.acrimat.org.br

MANUAL DE APLICAÇÃO DA MARCA

Associação dos Criadores de Mato Grosso

Case 1: “ACRIMAT em Ação”

Associado: Associação dos Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT )

Período: De 18/03/2013 a 27/05/2013

Localização:

Cuiabá, Poconé, Cáceres, São José dos 4 Marcos, Porto Esperidião, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade, Nova Lacerda, São José do Rio Claro, Sinop, Marcelândia, Colíder, Guarantã do Norte, Alta Floresta, Nova Monte Verde, Apiacás, Brasnorte, Juara, Juína, Castanheira, Juruena, Aripuanã, Rondonópolis, Paranatinga, Barra do Garças, Água Boa, Ribeirão Cascalheira, Cocalinho, Confresa e Vila Rica.

Investimento:

R$ 673.540,00 (seiscentos e setenta e três mil, quinhentos e quarenta reais.)

Oportunidade:

A atividade da pecuária de corte passa por transição cultural, com mudanças nas praticas de produção e gestão. Este processo é lento e requer persistência. Nessa direção, ações facilitadoras de como levar informações ampliam o acesso ao conhecimento e ajudam a adaptação para uma nova situação por parte dos produtores.

Para tanto, foram organizadas palestras técnicas sobre temas diretamente ligados a produção pecuária. O conteúdo tratou sobre o impacto das novas tecnologias para incrementar os índices de produtividade, a taxa de rentabilidade e o desenvolvimento da exploração. A ênfase era transmitir a importância de se buscar a melhoria continua no processo de produção sustentável.

Solução:

Desenvolvido durante três anos, o objetivo foi disseminar informações técnicas de qualidade em todas as regiões do Estado. As mensagens transmitidas foram elaboradas pela equipe técnica da ACRIMAT, com base em pesquisa nos municípios polos na produção de carne, para identificar as principais demandas dos pecuaristas de porte pequeno, médio e grande.

Então, montado a partir da realidade presente na atividade, o diagnóstico serve de fundamentação para a elaboração do conteúdo programático, que é formulado e apresentado aos parceiros colaboradores.

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Uma equipe multidisciplinar de profissionais percorre as quatro rotas para apresentar em todos os municípios o mesmo conteúdo. Além de palestrantes, também participam o corpo técnico economistas, médicos veterinários, analistas de marketing, jornalistas, engenheiros agrônomos e o superintende para coordenação dos eventos.

Resultado:

O número de participantes nas palestras aumenta a cada ano. De 2011 a 2012 passou de 900 para 3000 pecuaristas. Em 2013, houve outro aumento, para 4000 produtores. Todos eles são contemplados com mudas de árvores nativas.

O projeto também apresenta para cada região um diagnóstico sobre a situação econômica, social, sanitária e de infraestrutura. Um relatório final é confeccionado, com a indicação e apontamento das soluções para cada um dos problemas detectados.

Nesses 40 anos de atuação, a ACRIMAT promove ações com o objetivo de defender os interesses dos produtores, com posições firmadas na busca de uma pecuária forte, promissora e sustentável.

Parceria:

Além da colaboração de lideranças locais, como representantes regionais da Acrimat e presidentes de Sindicatos Rurais, participaram empresas como Grupo JBS, Biogénesis Bagó, Dow Agrosciences, Concessionárias Volkswagem Trescinco e Ariel e Instituto Ação Verde.

Case 2: Modelo para a Pecuária Sustentável - Diagnóstico da Pecuária de Corte no Oeste da Bahia.Associado: Acrioeste – Associação dos Criadores do Oeste da Bahia

Período: De 06/02/2012 a 27/11/2015

Localização: Barreiras, Bahia

Oportunidade:

Desde a sua pioneira até o final do século XX, a pecuária brasileira foi marcada pela expansão territorial, abertura de áreas e uso pouco significativo de tecnologia. O resultado desse processo foram índices de produtividade modestos.

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69GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

A partir de meados da década de 1990, pressões econômicas forçaram os pecuaristas a se tornarem mais eficazes na geração de lucros para a sobrevivência do negócio. Por sua vez, por razões sociais e ambientais, com o uso cada vez mais eficiente das áreas abertas e exploradas, a modernização tecnológica chegou na produção da pecuária de corte.

Apesar desse avanço, a abertura de novas áreas para pastagens ainda é apontada como uma das causas do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Daí, a necessidade de recuperação das glebas ocupadas pela pecuária com baixa produtividade. Isso será fundamental na liberação de áreas para acomodar a expansão de alimentos, fibras e biocombustíveis, sem a necessidade de novos desmatamentos.

Solução:

O projeto tem como propósito auxiliar no diagnóstico da situação de sustentabilidade e sugerir soluções para serem aplicadas pelos produtores. O trabalho serve para orientar a execução das políticas regionais e apoiar os esforços das entidades representativas dos produtores, de modo inserir os agricultores em modelos de produção mais sustentáveis no longo prazo.

Dada a sua semelhança histórica, cultural e o formato de desenvolvimento adotado, a região oeste da Bahia foi usada como modelo para retratar outras regiões do nordeste brasileiro,

Primeiramente, além de conhecer o perfil do produtor rural, cabe identificar as lacunas nos sistemas utilizados de produção e compreender os principais gargalos existentes na atividade. Em seguida, apresentar soluções apropriadas e incentivar a adoção de processos tecnológicos minimizadores dos impactos ambientais negativos causados pela exploração.

Resultado:

Com versão adaptada aos produtores do Oeste da Bahia, um questionário foi elaborado e aplicado em 76 propriedades rurais, para captar as lacunas existentes em prol de uma melhor sustentabilidade.

Os dados coletados foram processados, analisados e revisados através de um sistema automatizado de processamento de dados. O relatório com os resultados do diagnóstico aponta as principais lacunas existentes e as recomendações individuais baseadas em análise de benchmark.

A próxima etapa é preparar o pecuarista para gerir a propriedade como uma empresa rural. Para tanto, serão selecionadas algumas fazendas para receber assistência técnica especializada e servir como unidades demonstrativas. Ao mesmo tempo, treinamentos serão ministrados com o intuito de capacitar os pecuaristas do oeste da Bahia em diversas áreas como: gestão, produção, meio ambiente, trabalho e comunidade.

Parceria:

Solidaridad Network (Suporte Financeiro), GTPS/FSP (Suporte Financeiro),Acrioeste (Coordenação do Projeto e Apoio Operacional Profissional) e Agronegócios (Suporte Técnico)

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Case 3 - A (Geo)Revolução da Pecuária Brasileira: maior programa mundial de monitoramento e gestão de riscos da matéria prima de origem animal

Associado: AgroTools

Período : De 01/07/2010 a 31/12/2020

Localização: Foco na Amazônia Legal

Oportunidade:

Devido sua importância para a biodiversidade global, a Amazônia Legal merece cuidados especiais, principalmente em relação à exploração dos recursos naturais, enquanto a agricultura e a pecuária avançam sobre suas fronteiras.

Nos últimos 20 anos, o crescimento do rebanho bovino nessa região passou de 30 milhões de cabeças para 79,7 milhões em 2011, correspondente a 38% do rebanho nacional. Esse crescimento deveu-se ao aumento das áreas de pastagens e do desmatamento. Além disso, mais de um terço das libertações de escravos realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em 2012, ocorreram em fazendas de gado dentro dos limites da Amazônia.

O enorme desafio dos frigoríficos é garantir o suprimento da carne bovina proveniente de aproximadamente u milhão de propriedades rurais na Amazônia, de acordo com critérios sociais e ambientais.

A AgroTools foi a empresa selecionada para desenvolver a solução: garantir carne ao consumidor em conformidade com o protocolo de produção sustentável.

Solução:

Centrada no conceito de “Identidade Geográfica”, em cima de metodologia desenvolvida pela AgroTools, com o emprego de imagens de satélite e aparelhos de GPS, milhares de fazendas de gado foram localizadas.

O segundo passo foi delimitar a área de influência dessas fazendas e garantir a acurácia dessas localizações. Quanto mais informações o produtor fornecia (ex. mapa digital) mais precisa foi a delimitação do território da fazenda.

O terceiro passo foi fazer duas verificações. O primeiro se havia sobreposição entre o território da fazenda e as áreas de proteção ambiental ( unidades de conservação, terras indígenas e polígonos de desmatamento). O segundo se o produtor não constava em quaisquer listas negras (áreas embargadas e trabalho escravo).

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Produtores com qualquer inconformidade em pelo menos um destes dois critérios não estavam habilitados para fornecer matérias primas. Dessa maneira, as indústrias de carne bovina garantiam aos seus consumidores estavam a compra produtos que “preservavam” a Amazônia.

Resultado:

Com a adesão de novos frigoríficos e fazendas de pecuária ao programa de geomonitoramento, bem como pressão do Ministério Público Federal (MPF), Organizações Não Governamentais (ONGs) e os consumidores, as taxas de desmatamento continuarão estão em queda ao longo dos anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa espacial (INPE), de 2008 a 2012, a taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal caiu 65%, saindo de 12.911 para 4.571 km² por ano. O “Programa de Geomonitoramento” contribuiu positivamente. No início, em 2010, o monitoramento abrangia de 3 milhões de hectares e pouco mais de 7.000 fazendas. Hoje em dia, esse número está perto de 100 mil propriedades, com a adesão de novas indústrias e fazendas ao uso das ferramentas e metodologias desenvolvidas pela AgroTools.

Diariamente, a área monitorada representado por fazendas de pecuária na região da Amazônia Legal é igual a área da Alemanha e França combinadas. Trata-se do maior programa de acompanhamento de carne bovina no mundo.

Parceria:

ABIEC, Marfrig, JBS, BRF, Minerva, Walmart, McDonald’s e GTPS.

Case 4: Análise da sustentabilidade de sistemas de produção pecuarista na região do cerrado, em Ipameri, estado de Goiás.

Associado: Fundação Espaço ECO

Período: De 03/02/2014 a 13/01/2015

Localização:Ipameri, estado de Goiás

Oportunidade Na década de 1970 a ocupação do Cerrado, por meio da expansão de fronteiras agrícolas e do aumento da produtividade, trouxe também a degradação das pastagens e prejuízos ambientais e econômicos.

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Para a recuperação ou formação de pastagens, as rotações de culturas e os manejos de solo são técnicas desenvolvidas para a maior sustentabilidade da agropecuária, Algumas delas fazem parte atual programa da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), do governo federal, com destaque para o sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).

O iLPF consiste no plantio da forrageira, ou pastagem, concomitante com uma cultura de grãos e plantio de linhas espaçadas de espécies arbóreas. Entretanto, faltam estudos de avaliação dos aspectos e impactos ambientais, sociais e econômicos desses sistemas.

Solução:

O objetivo é comparar a sustentabilidade do ILPF frente ao cultivo em pastagem pelo método convencional. O trabalho será realizado em parceria com a Fundação Espaço ECO, Centro de Excelência em Socioecoeficiência, instituído pela BASF AS, em parceria com a GIZ, que aplica a metodologia de análise AgBalanceTM, desenvolvida pela BASF SE.

Os centros de ecoeficiência da BASF desenvolvem e atualizam constantemente um acervo de dados de avaliação de ciclo de vida de produtos (bens e serviços).

A Fazenda Itapevi apresenta sistema iLPF e iLP consolidados (com mais de 5 anos), mas as propriedades vizinhas apresentam pastos sob plantio convencional. Essa proximidade física permite a comparação entre os dois sistemas. Os dados servirão de entradas para a análise de indicadores em termos de socioecoeficiência

Resultado:

Os resultados esperados permitirão além de uma comparação dos sistemas produtivos em termos de socioecoeficiencia, o mapeamento dos fatores mais impactantes de cada sistema, de modo a contribuir para a busca de soluções e melhoria contínua.

Parceria:

Fazenda Santa Brigida, Embrapa, BASF SA e Fundação Espaço ECO

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73GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Case 5: Programa Mais Inovação

Associado FAMASUL

Período De 12/03/2014 a 12/03/2017

Localização Mato Grosso do Sul

Oportunidade:

Segundo dados pesquisados da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande), das 18 milhões de hectares de pastagens existentes em Mato Grosso do Sul, pelo menos a metade está degradada.

O pesquisador Armindo Neivo Kichel conjectura a possibilidade, para os próximos 10 anos, uma perda na produção de carne de 40% em razão do processo de degradação das pastagens, e de 7% por conta da substituição das áreas por outras culturas.

Parte desse problema se deve aos próprios pecuaristas, que herdaram práticas incorretas, atualmente inadequadas, de manejo do solo. Como exemplo, toma-se a adoção da exploração intensiva, sem rotatividade ou adubação, com a insuficiência de pasto e tendência a diminuição do rebanho.

O programa Mais Inovação visa estimular por meio de orientação a produção sustentável no agronegócio, com estruturação na forma de consultoria, nas diversas áreas dos conhecimentos voltados a produção do campo. Entre elas se destacam as orientações na aptidão de uso do solo, oportunidades de negócios regionais, treinamentos, educação não formal de caráter continuado para promover processos de gestão, produção, beneficiamento, comercialização, logística, construção de planos de negócios das atividades e serviços agrosilvopastoril.

Solução:

Focada em resultados na produção, prestar consultoria e assistência técnica, com a difusão de inovações tecnológicas no agronegócio e influencia assertiva para a tomada de decisão, de modo a melhorar os processos produtivos e aumentar a lucratividade.

Resultado:

Benefícios técnicos e econômicos para 500 produtores rurais do norte do estado, onde estão os maiores problemas de degradação da pastagem.

Parceria:

GTPS

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Case 6: Falando de Pecuária

Associado Minerva S.A.

Período De 11/04/2011 a 31/12/2020

Localização Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grasso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Tocantins e Rondônia

Oportunidade

No Brasil, a pecuária de corte, além da concorrência por espaço de outras atividades agrícolas, sofre também pressão ambiental, com restrição à abertura de novas áreas. Isso provoca redução nas áreas de pastagem do país.

Ciente da extrema importância desse processo de sensibilização ambiental, Minerva desenvolveu soluções e ferramentas para ajudar seus fornecedores a dar continuidade às suas atividades, além da necessidade de constantes atualizações quanto às legislações ambientais e trabalhistas vigentes no país.

Solução

O objetivo de debater assuntos pertinentes à indústria e aos pecuaristas, como sustentabilidade, cenário de oferta e demanda de insumos, qualidade de carne, exigências do público consumidor, novas tendências e também aproximar o pecuarista da indústria.

Parra isso, o Frigorífico Minerva criou eventos palestras para tratar assuntos ligados às exigências da legislação e de mercado, como:

- “Boi gordo, cenário e modalidade de negociação”;

- “Exigências de Mercado”;

- “Sustentabilidade: esclarecimentos sobre a legislação”.

Uma equipe técnica formada por 14 extensionistas, capacitados levarão informação até o campo e trarão as perspectivas dos pecuaristas das regiões visitadas. Ao final de cada “Falando de Pecuária” será realizada uma avaliação e, aos interessados, visitas dos técnicos às propriedades. ficarão agendadas

Resultado

Em 2013, foram agendadas durante os eventos 69 visitas aos pecuaristas interessados em receber a equipe da Minerva nas suas fazendas. O público presente em todas as etapas totalizou 320 participantes, entre pecuaristas e familiares.

O perfil dos pecuaristas variou de “muito pequeno” a “muito grande”, principalmente pela diferença no

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padrão das propriedades em cada região. Além das palestras fixas dos colaboradores das áreas específicas da Minerva Foods como Sustentabilidade, Pesquisa e Desenvolvimento, Business Intelligence e Mesa de Boi a Termo, foram elaboradas palestras de parceiros, divididas de acordo com as necessidades de cada região.

Parceria

FAMASUL, SENARMS, GTPS, Zoetis (ex-Pfizer), Phibro, Prodap e Dupont.

Case 7: Plataforma Pecuária Sustentável

Associado Walmart

Período 2009 a 2015

Localização Região do Amazonas

Oportunidade

Desde 2005, a empresa assumiu a sustentabilidade como parte integrante do seu negócio, com a definição de metas globais, estruturadas em três pilares: Clima e Energia, Resíduos e Produtos.

Dentro do pilar Produtos, atua para assegurar aos consumidores a garantia de origem da carne bovina comprada nas lojas da rede. Até 2015, o compromisso é de não realizar nenhuma operação que contribua para o desmatamento na Amazônia.

Solução

Adoção do Sistema de Monitoramento e Gestão de Riscos da Cadeia da Pecuária Bovina, com a utilização de informações geográficas sobre as áreas de desmatamento (PRODES e DETER), as terras indígenas (FUNAI) e das unidades de conservação (ICMBio e MMA), além de bancos de dados públicos sobre trabalho escravo (MTE) e áreas embargadas (IBAMA).

O foco do trabalho é o primeiro elo da cadeia, junto ao frigorífico. Os é pedidos comerciais de carne passam pela análise de risco do Sistema. Isso possibilita o monitoramento da origem dos produtos e ciência por parte do Walmart no caso de algum de seus fornecedores estar associado às restrições estabelecidas.

A construção do Sistema teve como base o entendimento das diferentes relações ao longo do processo produtivo da pecuária. Assim, a companhia pode tomar conhecimento das atividades além daquelas que lhes cabem na cadeia de valor.

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Resultado

Maior indústria do setor no país, a JBS foi o primeiro frigorífico a aderir ao projeto foi a JBS, ainda na fase de desenvolvimento do Sistema para realização de um piloto, com o fornecimento de informações sobre suas plantas e fazendas na Amazônia.

Em relação aos demais fornecedores, a equipe de Sustentabilidade do Walmart Brasil realizou sessões de treinamentos com cada um deles, durante o segundo semestre de 2013, para que os mesmos estejam aptos a operar o Sistema.

A proposta é futuramente ampliar a aplicação do Sistema para todos os seus fornecedores de carne bovina em outros biomas, podendo inclusive ser extensivo também a outras cadeias produtivas

Parceria

Agrotools

Case 8: Programa de Certificação do Couro Brasileiro com Ênfase em Sustentabilidade

Associado Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)

Período Em vigência desde setembro de 2012

Localização Todo território nacional

Oportunidade

Reconhecer as empresas brasileiras do setor curtidor com as melhores práticas dentro das três dimensões da sustentabilidade: ambiental, econômico e social. A intenção é estabelecer os princípio e critérios para uma produção de couros sustentável e de forma consistente no Brasil.

Solução

Montagem da Comissão de Estudo Especial (CEE) – formada por empresários, técnicos, representantes de indústrias transformadoras, pesquisadores acadêmicos e membros da sociedade.

Esta composição deu credibilidade e o reconhecimento para se discutir as normas que servem de base ao

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77GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

Programa de Certificação do Couro com Ênfase em Sustentabilidade

Resultado

O grande engajamento da cadeia produtiva do couro no programa, com as reuniões da CEE, deu origem os Projetos de Norma que servirão de base para o programa. O próximo passo é a elaboração do Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) junto ao Inmetro.

Nesse contexto, inclui-se também a preparação das empresas para adequação interna e a recepção à auditoria. Ao final, os curtumes serão certificados por seus produtos em nível nacional e internacional.

Parceria

Membros da Comissão de Estudo Especial, ABNT e INMETRO

Case 9: Design na Pele

Associado Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)

Período Fevereiro de 2013 a abril de 1014

Localização Em todo território nacioal

Oportunidade

Desenvolver nos curtumes brasileiros a cultura e a diferenciação do design. As empresas com senso estético mais apurado olham para os couros e as peles com infinitas possibilidades de uso e aplicação. Isso aprimora o trabalho dos curtidores e eleva o conceito do couro nacional no mercado interno e externo.

Solução

Convite a duas importantes personalidades da arte da moda no Brasil – a artista plástica Heloísa Crocco e o estilista Ronaldo Fraga – para se juntarem ao projeto e promoverem sua execução.

Cada um deles ficou responsável por desenvolver o projeto com um determinado número de curtumes. Foram montadas oficinas, com prestação de consultorias individuais, avaliação do trabalho in loco e as possibilidades de cada empresa. Com isso, foram desenvolvidos couros – chamados dentro do projeto de superfícies – com características especiais, em grande sintonia com tendências em design e características estéticas específicas.

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Resultado

Realizada junto aos curtumes participantes, pesquisa qualitativa, captou uma aprovação foi de 100%. Os relatos revelaram a importância do trabalho para ampliar a cultura do design na empresa, entre outros aspectos.

No âmbito da mídia, o Design na Pele teve um alcance surpreendente em conteúdo espontâneo: a iniciativa foi retratada em publicações como Casa Vogue, Casa Cláudia, Folha de São Paulo, Fotoshoe (Itália), ARS Sutoria (Itália), Alternativa Moda (Argentina), entre outras.

A mostra itinerante Design na Pele passou por cidades como Bento Gonçalves (RS), Novo Hamburgo (RS), São Paulo (SP) e Brasília (DF), além de seu agendamento para exposição em Hong Kongs, tendo sido vista por milhares de pessoas.

Dos couros oriundos do projeto Design na Pele nasceram peças físicas para moda e decoração. A iniciativa gerou também um livro e vídeos sobre o projeto, traduzidos em cinco idiomas.

Parceria

CICB, Maurício Medeiros, Ronaldo Fraga, Heloísa Crocco e Apex-Brasil. Curtumes participantes: Aplic Colour, Arte da Pele, Coming, Couros Bom Retiro, Courovale, Indústria de Peles Minuano, JBS Couros, Moderno, Natur, Romeu Couros, Schmechel Peles Exóticas, Soubach Special Leathers e Tre Anytry Marine & Exotic Leathers

São Félix do Xingu/PA - Foto: Erik Lopes

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79GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

A JBS tem o compromisso público de garantir a origem responsável do gado utilizado como matéria-prima, por isso, não adquire animais de fazendas envolvidas com desmatamento, invasão de terras indígenas ou unidades de conservação, violência no campo e conflitos agrários, e uso de trabalho escravo.

Para garantir esse compromisso, desde 2010 a JBS tem um sistema de monitoramento socioambiental de seus fornecedores de gado que utiliza imagens de satélite, mapas georreferenciados das fazendas, dados de desmatamento do INPE e informações oficiais de órgãos públicos de áreas embargadas (IBAMA) e de trabalho escravo (MTE).

O sistema de monitoramento é composto por dois processos de análises que atuam de forma integrada. O primeiro processo refere-se à verificação diária e sistemática das listas publicadas pelo IBAMA e pelo Ministério do Trabalho em comparação com o cadastro integral dos fornecedores de gado bovino da JBS no Brasil.

O segundo processo consiste num sistema tecnológico baseado em informações geográficas que realiza diariamente o monitoramento territorial das propriedades fornecedoras de gado bovino da JBS localizadas nos estados da Amazônia Legal (RR, AP, AC, RO, AM, PA, MA, TO MT).

O sistema faz a sobreposição de camadas digitais dos mapas georreferenciados das propriedades fornecedoras de gado com os mapas da evolução das áreas de desmatamento desde 2009 publicados pelo INPE, além dos mapas oficiais das áreas de terras indígenas e unidades de conservação ambiental na região da Amazônia Legal.

A finalidade desse sistema é identificar e bloquear fazendas fornecedoras que apresentem qualquer não conformidade com esses critérios socioambientais da empresa.

O Sistema de Monitoramento Socioambiental de Fornecedores de Gado da JBS é anualmente auditado, de forma independente por empresas de terceira parte, de modo a garantir o cumprimento dos compromissos da empresa com a sustentabilidade. Atualmente são mais de 2.500 fazendas bloqueadas no cadastro da empresa, por não estarem em conformidade com os critérios socioambientais da JBS. Com o cumprimento dos critérios a JBS garante que toda a sua cadeia de valor, incluindo todos os produtos e subprodutos derivados das operações com bovinos, seja sustentável.

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