pavimentação rígida

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PRÁTICA RECOMENDADA PR - 5 Os Dez Mandamentos da Pavimentação Rígida PR - 5 - OS DEZ MANDAMENTOS DA PAVIMENTAÇÃO RÍGIDA 1 Fascículos Colecionáveis A partir da experiência nacional e internacional adquirida desde a execução do primeiro pavimento de concreto, em Bellefontaine, Ohio (EUA), em 1893, além da nossa visão específica sobre o assunto, apresentam-se os princípios básicos que regem a boa técnica da pavimentação rígida, podendo ser despretensiosamente chamados de “Os dez mandamentos da pavimentação rígida”. Ilustram-se os passos necessários e fundamentais para que se obtenha o sucesso desejado nas obras de pavimentação de concreto, o que pode ser traduzido como a seqüência ou a lista de procedimentos e atitudes sem os quais o bom resultado esperado sem dúvida não será alcançado. 1º Mandamento “Elaborar um bom projeto executivo de pavimentação, a partir de estudos detalhados de tráfego e da fundação” 2º Mandamento “Dosar adequadamente o concreto simples e o concreto rolado (se houver), a partir do estudo minucioso dos seus materiais constituintes”. 3º Mandamento “Especificar os materiais a serem utilizados na obra” 4º Mandamento “Definir os equipamentos a serem utilizados na obra” 5º Mandamento “Definir a logística da obra” 6º Mandamento Detalhar os procedimentos de execução e de controle da fundação (subleito e sub-base) 7º Mandamento “Detalhar os procedimentos de execução e de controle do concreto simples, com foco na durabilidade (condição estrutural) e no conforto de rolamento (condição funcional) do pavimento8º Mandamento “Executar a obra dentro dos padrões de qualidade exigidos” 9º Mandamento “Gerenciar a obra “ 10º Mandamento “Cuidar para que as empresas envolvidas na obra comprometam-se com a excelência da qualidade do produto final acabadoENUNCIADO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS OU MANDAMENTOS Autor: Engº Marcos Dutra de Carvalho

Author: reisferreira

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A D DA N PR ME - 5 O R EC P R TI C A

Os Dez Mandamentos da Pavimentao RgidaAutor: Eng Marcos Dutra de Carvalho

A partir da experincia nacional e internacional adquirida desde a execuo do primeiro pavimento de concreto, em Bellefontaine, Ohio (EUA), em 1893, alm da nossa viso especfica sobre o assunto, apresentam-se os princpios bsicos que regem a boa tcnica da pavimentao rgida, podendo ser despretensiosamente chamados de Os dez mandamentos da pavimentao rgida. Ilustram-se os passos necessrios e fundamentais para que se obtenha o sucesso desejado nas obras de pavimentao de concreto, o que pode ser traduzido como a seqncia ou a lista de procedimentos e atitudes sem os quais o bom resultado esperado sem dvida no ser alcanado.

ENUNCIADO DOS PRINCPIOS BSICOS OU MANDAMENTOSFascculos Colecionveis

1 Mandamento Elaborar um bom projeto executivo de pavimentao, a partir de estudos detalhados de trfego e da fundao 2 Mandamento Dosar adequadamente o concreto simples e o concreto rolado (se houver), a partir do estudo minucioso dos seus materiais constituintes. 3 Mandamento Especificar os materiais a serem utilizados na obra 4 Mandamento Definir os equipamentos a serem utilizados na obra 5 Mandamento Definir a logstica da obra

6 Mandamento Detalhar os procedimentos de execuo e de controle da fundao (subleito e sub-base) 7 Mandamento Detalhar os procedimentos de execuo e de controle do concreto simples, com foco na durabilidade (condio estrutural) e no conforto de rolamento (condio funcional) do pavimento 8 Mandamento Executar a obra dentro dos padres de qualidade exigidos 9 Mandamento Gerenciar a obra 10 Mandamento Cuidar para que as empresas envolvidas na obra comprometam-se com a excelncia da qualidade do produto final acabado

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PAVIMENTO DE CONCRETO - PRTICAS RECOMENDADAS

DESCRIO SUMRIA DOS MANDAMENTOS 1 Mandamento Elaborar um bom projeto executivo de pavimentao, a partir de estudos detalhados de trfego e da fundao O processo de execuo de um pavimento de concreto deve estar calcado num projeto executivo de pavimentao. Esse projeto deve contemplar as etapas descritas a seguir. Estudos geotcnicos. Estudos de trfego. Estudos de geometria e traado da via ou rodovia. Estudos de drenagem superficial, sub-superficial e profunda. Memria de clculo do pavimento com definio dos tipos, caractersticas tecnolgicas e espessuras das camadas constituintes da estrutura.

Projeto geomtrico planialtimtrico, com todas as informaes topogrficas necessrias perfeita locao da obra. Projeto geomtrico de distribuio de placas e detalhamento dos tipos de juntas: - planta, na escala 1:250 ou 1:500, com todos os dados de topografia necessrios perfeita locao das juntas no campo; - desenhos especficos com detalhes dos tipos de juntas; - sees transversais tpicas do pavimento com indicaes de drenagem superficial, sub-superficial e profunda. Recomendaes de execuo e de controle de obra, com as especificaes dos materiais utilizveis. Com relao ao concreto simples, so fundamentais os seguintes itens: - espessura das placas, definida em projeto; - resistncia caracterstica trao na flexo (fctM,k), medida aos 28 dias, definida como sendo a resistncia de projeto (eventualmente essaFascculos Colecionveis

Figura 1 Projeto geomtrico de distribuio de placas

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idade poder ser estendida para 60 ou 90 dias, dependendo da obra) ; - parmetros de dosagem do concreto, como relao gua/cimento, abatimento, consumo mnimo de cimento, teor mximo de ar incorporado, dimenso mxima do agregado grado e teor de argamassa;

- plano de controle tecnolgico do concreto no estado fresco e endurecido, ressaltando se a o controle do abatimento e do teor de ar (estado fresco) e o controle das resistncias mecnicas e da espessura das placas. Notas de servio e quantitativos de pavimentao.

As Figuras 1 e 2 ilustram um projeto geomtrico de distribuio de placas, mostrando os tipos de juntas.

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Figura 2 Detalhe do projeto geomtrico, mostrando os distintos tipos de juntas

2 Mandamento Dosar adequadamente o concreto simples e o concreto rolado (se houver), a partir do estudo minucioso dos seus materiais constituintes. Os principais objetivos dessa fase dos estudos tcnicos so: a) garantir a qualidade desejada do concreto; b) avaliar dentre as alternativas de materiais a que apresenta as melhores condies de: qualidade do produto final; melhores condies operacionais; menor custo por m3 de concreto. O clculo do trao do concreto levar em considerao os seguintes aspectos: especificaes do concreto: resistncia trao na flexo; resistncia compresso axial; relao gua/cimento(A/C); abatimento do tronco de cone; dimetro mximo do agregado; teor de ar incorporado; teor de argamassa; tempo de pega do cimento; caracterizao dos materiais; compatibilidade entre aditivo e cimento; equipamentos de dosagem e mistura; tempo de mistura; equipamentos de transporte e lanamento do concreto; distncia e tempo de transporte; equipamento a ser utilizado na execuo do pavimento; espessura do pavimento; sistema de cura; condies climticas regionais.

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Observaes: Estudos de laboratrio necessitam geralmente de um tempo mnimo de 45 dias. Alteraes de material ou de especificao devero ser sempre previamente analisadas, antes de serem implantadas na obra. Os traos especificados em laboratrio necessitam de ajustes na central. No caso do concreto simples, citam-se ainda: O concreto dever ser dosado por mtodo racional, de modo a obter-se, com os materiais disponveis, uma mistura fresca, de trabalhabilidade adequada ao processo construtivo empregado, e um produto endurecido compacto, de baixa permeabilidade e que satisfaa s condies de resistncia mecnica estabelecidas no projeto do pavimento. A consistncia determinada pelo ensaio de abatimento do tronco de cone, segundo a NBR NM 67/98, com valores situados geralmente entre 20 mm e 70 mm, dependendo do equipamento a ser utilizado na obra. Teor de ar incorporado ao concreto determinado pelo mtodo pressomtrico, conforme a NBR NM 47/98, com valores geralmente situados entre 2% e 4%. No caso do concreto rolado, como camada de sub-base, citam-se: O concreto a ser compactado por meio de rolos compressores (CCR) se destina execuo de sub-base e dever ser dosado por mtodo racional, de modo a obter-se, com os materiais disponveis, uma mistura fresca, de trabalhabilidade adequada para ser compactada com rolo, resultando num produto endurecido com grau de compactao e resistncia compresso simples estabelecidas no projeto do pavimento. Dever ser determinada, em laboratrio, a umidade tima que permita obter a massa especfica aparente mxima seca, considerada a energia normal de compactao. O consumo de cimento geralmente est compreendido entre 80 kg/m3 e 130 kg/m3, dependendo dos materiais utilizados e da resistncia mecnica especificada em projeto. O concreto rolado, depois de compactado e nivelado na cota de projeto, dever atingir um grau de compactao mnimo de 100%, considerada

a energia normal de compactao. O concreto rolado dever ter seu trao ajustado no campo. 3 Mandamento Especificar os materiais a serem utilizados na obra Depois de realizados os estudos tecnolgicos, os materiais a serem utilizados na obra devero ser claramente especificados, quais sejam: cimento (tipo e classe); agregado mido(areia); agregado grado(brita); aditivos; produtos de cura; material selante e corpo de apoio; pelculas isolantes e impermeabilizantes aplicadas sobre a sub-base; ao. importante ressaltar que qualquer mudana dos materiais no decorrer da obra dever ser notificada empresa gerenciadora, de modo que providncias possam ser tomadas no sentido de garantir a qualidade do produto final acabado. Caso seja necessrio, tanto o concreto simples quanto o concreto rolado (se houver) devero ter seus traos ajustados, tendo em vista eventuais mudanas no fornecimento dos materiais. 4 Mandamento Definir os equipamentos a serem utilizados na obra Os equipamentos a serem utilizados na execuo do pavimento de concreto simples devero ser capazes de produzir um produto final acabado de alta qualidade, com a produtividade esperada. Os equipamentos podem ser classificados em equipamentos de grande, mdio e de pequeno porte, em funo da sua produtividade. Os equipamentos de grande porte so as vibroacabadoras de frmas deslizantes, com produtividade maior ou igual a 400 m2/hora, acompanhadas de usinas dosadoras e misturadoras de concreto, necessrias para garantir o fornecimento de material frente da vibroacabadora; tambm, comum o emprego de texturizadoras e aplicadoras automticas de produtos de cura.

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As vibroacabadoras podem executar pavimentos com larguras de 2,0 m at 16,0 m, em uma nica passada, dependendo do modelo. Os equipamentos de mdio porte operam sobre frmas fixas, com dispositivos de adensamento e acabamento superficial constitudos de cilindros giratrios; necessitam de adensamento manual complementar do concreto, com vibradores de imerso, frente do equipamento. O emprego de desempenadeiras manuais metlicas (floats) e vassouras de piaava para a texturizao superficial clssico. Tm produtividade tpica variando entre 100 m2/hora e 150 m2/hora. Os equipamentos de pequeno porte so constitudos de rguas vibratrias, treliadas ou no, operando sobre frmas fixas, sendo necessrio tambm o emprego de vibradores de imerso para o adequado adensamento do concreto. Tambm clssico o emprego de desempenadeiras manuais metlicas (floats) para o acabamento superficial e de vassouras de piaava para a texturizao do concreto. A produtividade tpica desse de equipamento varia entre 40 m2/hora e 50 m2/hora. As Figuras 3 a 10 mostram equipamentos tpicos para obras de pavimentao rgida.

Figura 5 Usina de concreto transportvel, dosadora e misturadora (ARCMOV 100)

Figura 6 Rgua vibratria

Figura 7 BID-WELL - acabadora operando sobre frmas fixas Figura 3 Usina de concreto transportvel, dosadora e misturadora (Schwing M2)

Figura 4 Usina de concreto transportvel, dosadora e misturadora (Erie Strayer MG 11C)

Figura 8 Gomaco 2600 (4 esteiras)- vibroacabadora de frmas deslizantes

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alojamento; refeies; leo diesel; equipamentos para preparo do local; materiais de suporte, para instalao: cimento, areia, brita, concreto etc.; d) volume mnimo a ser executado diariamente; e) datas limites do cronograma para instalao e incio das atividades.Figura 9 CMI - 3004 F (4 esteiras) - vibroacabadora de frmas deslizantes

Escolha do Terreno para o Canteiro A escolha do terreno para a instalao do conjunto para produo e controle tecnolgico de concreto deve observar as seguintes prioridades: a) fluxo de recebimento dos materiais a serem utilizados; b) fluxo de sada dos caminhes para a frente de servio; c) planta planialtimtrica do terreno. Sempre que possvel, a opo deve ser por terrenos planos, preferencialmente com geometria retangular, de forma a permitir no mnimo dois acessos distintos. Na impossibilidade de locao em rea plana, a melhor opo a de rea constituda por at trs plats, de forma a possibilitar a instalao por conjuntos ou blocos operacionais. Locao dos Equipamentos no Canteiro Recomenda-se considerar a locao dos blocos operacionais em reas que permitam livre circulao de veculos, tendo em vista a necessidade de operao independente e constante das linhas de transporte de agregados, cimento, gua, aditivos e concreto, incluindo a passagem deste pelo laboratrio de controle tecnolgico. A casa de comando da central deve ser locada de forma a permitir: fcil acesso; ampla viso do carregamento de concreto; viso do ptio de agregados. Finalmente, importante cuidar da logstica do transporte do concreto da usina at a frente de servio, de modo a minimizar percursos e tempo de viagem, bem como aquele de manobra e descarga do concreto frente do equipamento vibroacabador.

Figura 10 Wirtgen SP 500 - vibroacabadora de frmas deslizantes

5 Mandamento Definir a logsitica da obra A definio da logstica da obra fundamental para o sucesso da empreitada, compreendendo desde a instalao do canteiro de obras e da usina de concreto at o transporte e a descarga do concreto frente do equipamento. O planejamento da instalao do canteiro de obras deve ser realizado com base em informaes especficas fornecidas pelo cliente e pelo projetista. A ttulo de exemplo, citam-se as informaes bsicas para a implantao do canteiro de uma usina dosadora e misturadora de concreto, quais sejam: a) extenso do trecho; b) locais possveis de instalao do equipamento: plantas do trecho, com acessos; inspeo prvia dos locais; c) facilidades possveis de fornecimento dos seguintes itens: energia eltrica; gua

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A Figura 11 ilustra essa fase.

Figura 11 Vista geral de um canteiro de obras

sub-base de brita graduada simples (BGS); sub-base de brita graduada tratada com cimento (BGTC); sub-base de solo-cimento (SC); sub-base de solo melhorado com cimento (SMC); sub-base de concreto rolado (CR). De qualquer forma, tanto os procedimentos de regularizao e conformao do subleito quanto aqueles de execuo e controle da sub-base devero estar de acordo com as normas brasileiras vigentes, atendendo sempre s especificaes de projeto. 7 Mandamento

6 Mandamento Detalhar os procedimentos de execuo e de controle da fundao (subleito e subbase) Deve-se cuidar para que a fundao do pavimento seja bem executada e controlada, conforme as especificaes de projeto. Nessa fase, deve-se cuidar para que o sistema de drenagem sub-superficial e profunda (se houver) seja executado adequadamente, de acordo com o projeto executivo de engenharia e atendendo s normas e especificaes dos organismos oficiais, como o DNIT, por exemplo. So consideradas operaes de preparo da fundao as correes da camada superficial do subleito e os acertos do leito resultantes das operaes de terraplenagem. Consistiro na substituio de solos inadequados e na remoo de blocos de pedra ou razes, pedaos de madeira ou quaisquer outros materiais putrescveis, bem como raspagens e aterros que visem colocar o leito de acordo com o greide e o perfil longitudinal projetado. Caso conste sub-base no projeto, esta ser excutada de acordo com prescries especiais nele fornecidas. Em qualquer caso, dever ser infensa aos fenmenos de expansibilidade e de bombeamento, entendido este como a expulso, sob a forma de lama fluida, e de baixo para cima, de solos finos plsticos porventura existentes no subleito do pavimento de concreto. As sub-bases podem ser granulares ou tratadas com ligantes hidrulicos e betuminosos. So os seguintes os tipos mais usuais de sub-bases utilizadas na pavimentao rgida:

Detalhar os procedimentos de execuo e de controle do concreto simples, com foco na durabilidade (condio estrutural) e no conforto de rolamento (condio funcional) do pavimento Devero ser detalhados os procedimentos de execuo e de controle de obra, de acordo com o tipo de equipamento a ser utilizado. No caso geral das obras de grande porte, como as pavimentaes rodovirias por exemplo, os equipamentos recomendados so as vibroacabadoras de frmas deslizantes, abastecidas por usinas dosadoras e misturadoras de concreto, transportveis, com capacidade nominal mnima compatvel com a produtividade desejada (no mnimo 120 m3 por hora). O emprego de distribuidoras de concreto frente da vibroacabadora pode ser considerado como um recurso para agilizar a execuo, aumentando a produtividade do conjunto. O objetivo do detalhamento minucioso dos procedimentos de execuo e de controle de obra garantir a excelncia da condio estrutural e funcional do pavimento. Com relao condio estrutural, ou seja, capacidade do pavimento suportar as cargas solicitantes ao longo do perodo de projeto, primordial o controle da resistncia trao na flexo do concreto no estado endurecido, bem como da consistncia e do teor de ar incorporado do concreto no estado plstico. Tambm, o controle da espessura do concreto simples definida no projeto crucial para a manuteno da desejada condio estrutural do pavimento ao longo do perodo de utilizao. Finalmente, deve-

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se garantir que o equipamento vibroacabador promova o completo adensamento do concreto, sem a ocorrncia de ninhos ou brocas no pavimento. Com relao condio funcional, que traduz o conforto de rolamento proporcionado pela superfcie do pavimento acabado, esta diretamente afetada, de forma negativa, pelos fatores descritos a seguir, no caso da execuo com vibroacabadoras de frmas deslizantes: paradas do equipamento vibroacabador; irregularidade da sub-base; desalinhamento ou catenrias nas linhas sensoras; excesso de concreto frente da vibroacabadora; grandes variaes na consistncia do concreto (abatimento); variaes nas caractersticas tecnolgicas do concreto; desuniformidade nos procedimentos de mistura, transporte e lanamento, adensamento e acabamento do concreto; desuniformidade no avano do equipamento; equipamento sujo e sem manuteno; equipe no treinada, desmotivada e sem compromisso com a qualidade do pavimento acabado. Em resumo, pode-se dizer que a palavra chave para a obteno de um pavimento de concreto confortvel a UNIFORMIDADE em todas as etapas da execuo. 8 Mandamento Executar a obra dentro dos padres de qualidade exigidos Mostram-se, a ttulo de exemplo, os passos necessrios boa execuo de um pavimento de concreto com vibroacabadoras de frmas deslizantes. Para garantia da produtividade necessrio que haja frente de servio, com camada de sub-base acabada, curada (quando cimentada) e nivelada na cota de projeto. No deve haver obstculos laterais e limitadores de altura no curso da vibroacabadora. O concreto dever ser produzido em usinas dosadoras e misturadoras, de grande capacidade, transportveis e instaladas estrategica-

mente no canteiro de obras; essas usinas devero dispor de dispositivos eletrnicos para controle da dosagem e pesagem dos materiais, incluindo os aditivos, capazes de produzir concretos homogneos e com as caractersticas especificadas em projeto. recomendvel que a vibroacabadora opere a uma velocidade mnima de 1,0 m/min, evitando ao mximo que o processo seja interrompido, sob pena de afetar o conforto de rolamento do pavimento. Deve-se dispor de uma quantidade de caminhes basculantes suficiente para a alimentao da vibroacabadora sem que haja interrupo na execuo do pavimento. Os dispositivos de transferncia de carga devem ser colocados com agilidade, atendendo ao posicionamento definido em projeto. Para a garantia da qualidade da superfcie acabada e do conforto de rolamento, os fiosguias, responsveis pelo controle planialtimtrico da vibroacabadora, devem estar perfeitamente alinhados atravs de controle topogrfico, evitando-se a ocorrncia de catenrias. A vibroacabadora dever estar perfeitamente ajustada e calibrada e os operrios orientados para evitar o deslocamento dos fios-guias pr-posicionados. importante que se tenha um controle rgido das cotas de projeto (sub-base e placas de concreto do pavimento), de modo a evitar que a camada final do pavimento tenha espessura menor ou maior que a projetada. Se a espessura de concreto aplicada for menor que a especificada em projeto a estrutura fica comprometida, gerando custos elevados de reparao desses trechos. Por outro lado, se a espessura de concreto aplicada for maior que a especificada em projeto, ocorrer desperdcio de concreto, com conseqente elevao dos custos de execuo do pavimento. O concreto deve ser lanado de maneira uniforme pelo caminho basculante, evitando a formao de pilhas de concreto muitos altas. Nessa fase deve-se evitar que o prprio concreto ou o caminho basculante desloquem as barras de transferncia pr-colocadas. importante que se garanta a constncia do abastecimento de concreto frente a vibroacabadora.

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O adensamento do concreto feito pela bateria de vibradores de imerso, com o auxlio de rgua tamper, frontal, ou rgua oscilante transversal, traseira, dependendo do tipo de equipamento. necessrio que os vibradores de imerso estejam corretamente posicionados e com a vibrao adequada ao tipo de concreto utilizado. Cuidados especiais devem ser tomados com os vibradores junto s frmas laterais, evitando-se, ali, o excesso ou a falta de vibrao. O acabamento do concreto dado pelas desempenadeiras mecnica (auto-float) e manual, em movimentos de vaivm, acompanhando o avano da vibroacabadora. necessrio que a desempenadeira esteja bem regulada com relao presso que ela exerce sobre o concreto fresco e distncia mnima a ser mantida das bordas do pavimento, de modo a evitar a ocorrncia de depresses ou abatimentos junto a essas bordas. Desempenadeiras metlicas de cabo curto, menores, so empregadas para o acabamento junto s bordas ou locais que necessitem de alguma correo. Para o acabamento das bordas propriamente ditas, as chamadas desempenadeiras de borda curva so muito teis. Aps o adensamento do concreto deve proceder-se rapidamente texturizao e aplicao do produto de cura qumica, na taxa especificada em projeto. desejvel a utilizao de texturizadora e sistema de asperso de produto de cura qumica mecanizado para que se evite, especialmente em dias quentes, o aparecimento de fissuras causadas pelo fenmeno da retrao plstica. importante que o processo de texturizao e cura seja executado adequadamente. Terminada a aplicao do produto de cura qumica o pavimento deve ser protegido para que a superfcie do concreto fresco no seja danificada pela ao de transeuntes, veculos ou animais. A abertura de juntas deve ser executada to logo a resistncia do concreto permita o trfego do equipamento de corte e a serragem sem desprendimento de material. Deve-se ter um controle rgido do tempo e profundidade de cor-

te, a fim de evitar o aparecimento de trincas estruturais. necessrio ainda que haja equipamentos em quantidade suficiente para a execuo dos servios, alm de equipamentos para substituio em caso de pane, bem como os insumos necessrios ao processo de corte de juntas, como discos de serra e fornecimento de gua e energia eltrica. No pode haver falha logstica nesse processo. As juntas devero ser seladas conforme os fatores de forma definidos em projeto e as recomendaes do fabricante com relao ao material selante. Nessa fase importante ressaltar a importncia de uma equipe bem treinada e imbuda do esprito da busca da excelncia. As Figuras 12 a 20 ilustram essa fase.

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Figura 12 Produo do concreto na obra (usina dosadora e misturadora)

Figura 13 Transporte e lanamento do concreto com caminhes basculantes

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Figura 14 Espalhamento do concreto executado pela rosca sem-fim da vibroacabadora

Figura 17 Texturizao do concreto

Figura 15 Adensamento do concreto feito com o auxlio de vibradores de imerso

Figura 18 - Cura qumica mecanizada

Figura 16 Acabamento do conceto

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Figuras 19 e 19a Serragem das juntas

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Figuras 20 e 20a Selagem das juntas

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9 Mandamento Gerenciar a obra de fundamental importncia o adequado gerenciamento da obra, feito por empresa competente e especialmente contratada para esse fim. Caber empresa gerenciadora analisar todos os dados e relatrios gerados pelo controle tecnolgico da obra, bem como gerar toda a documentao tcnica de acompanhamento da obra, necessria comprovao da adequao do produto final acabado s exigncias de projeto. Em resumo, caber gerenciadora aprovar ou rejeitar a obra, por partes e, no final, como um todo. A ttulo de ilustrao, a Figura 21 mostra uma ficha de controle de obra, parte integrante do sistema de gerncia. As Figura 22 e 22a ilustram o controle tecnolgico feito na obra.

Figura 21 Ficha de controle tecnolgico

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Figuras 22 e 22a Controle tecnolgico na obra

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10 Mandamento Cuidar para que as empresas envolvidas na obra comprometam-se com a excelncia da qualidade do produto final acabado Esse ltimo mandamento ou dogma na verdade um resumo dos anteriores, associado aos termos vontade e compromisso. Sem dvida, a excelncia da qualidade de um pavimento rgido funo da vontade e do comprometimento de todos os envolvidos na obra

(cliente, projetista, construtor e gerenciador) na busca dessa excelncia, associados ao emprego dos recursos tecnolgicos adequados e disponveis. Portanto, cuidar para que as empresas envolvidas comprometam-se com a qualidade , alm de despertar a vontade, criar ferramentas que estabeleam o compromisso entre elas, o que pode ser feito atravs de contratos de prestao de servios bem elaborados.

Finalmente, cabe ressaltar a importncia das PESSOAS envolvidas no processo. So pessoas que projetam. So pessoas que executam. So pessoas que controlam. NADA ACONTECE SE AS PESSOAS NO FIZEREM AS COISAS ACONTECEREM. AS PESSOAS SO AS PRINCIPAIS COMMODITIES DESSE NEGCIO

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As Figuras 23 a 31 ilustram algumas das principais obras de pavimentao rgida executadas no Brasil, a partir de 1998.

Figura 23 - Rodoanel Mrio Covas - So Paulo/SP

Figura 24 - Rodovia BR-232 - Recife - Caruaru/PE

Figura 25 - Marginais da Rodovia Castello Branco - So Paulo/SP

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Figura 26 - BR-290 Free-way Osrio - Porto Alegre/RS

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Figura 27 - Av. III Perimetral - Porto Alegre/RS

Figura 28 - Rodovia MT-130 - Primavera do Leste/MT

Figura 29 - Marginal da Rodovia Pres. Dutra - Guarulhos/SP

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Figura 30 - Rodovia dos Imigrantes - So Paulo

Figura 31 - Rodovia SE-430 - Aracaj/SE

Av. Torres de Oliveira, 76 05347-902 So Paulo - SP Informaes: 0800-555776 [email protected] www.abcp.org.br

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