pavimentação rígida

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PRÁTICA RECOMENDADA PR - 5 Os Dez Mandamentos da Pavimentação Rígida PR - 5 - OS DEZ MANDAMENTOS DA PAVIMENTAÇÃO RÍGIDA 1 Fascículos Colecionáveis A partir da experiência nacional e internacional adquirida desde a execução do primeiro pavimento de concreto, em Bellefontaine, Ohio (EUA), em 1893, além da nossa visão específica sobre o assunto, apresentam-se os princípios básicos que regem a boa técnica da pavimentação rígida, podendo ser despretensiosamente chamados de “Os dez mandamentos da pavimentação rígida”. Ilustram-se os passos necessários e fundamentais para que se obtenha o sucesso desejado nas obras de pavimentação de concreto, o que pode ser traduzido como a seqüência ou a lista de procedimentos e atitudes sem os quais o bom resultado esperado sem dúvida não será alcançado. 1º Mandamento “Elaborar um bom projeto executivo de pavimentação, a partir de estudos detalhados de tráfego e da fundação” 2º Mandamento “Dosar adequadamente o concreto simples e o concreto rolado (se houver), a partir do estudo minucioso dos seus materiais constituintes”. 3º Mandamento “Especificar os materiais a serem utilizados na obra” 4º Mandamento “Definir os equipamentos a serem utilizados na obra” 5º Mandamento “Definir a logística da obra” 6º Mandamento Detalhar os procedimentos de execução e de controle da fundação (subleito e sub-base) 7º Mandamento “Detalhar os procedimentos de execução e de controle do concreto simples, com foco na durabilidade (condição estrutural) e no conforto de rolamento (condição funcional) do pavimento8º Mandamento “Executar a obra dentro dos padrões de qualidade exigidos” 9º Mandamento “Gerenciar a obra “ 10º Mandamento “Cuidar para que as empresas envolvidas na obra comprometam-se com a excelência da qualidade do produto final acabadoENUNCIADO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS OU MANDAMENTOS Autor: Engº Marcos Dutra de Carvalho

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Page 1: Pavimentação Rígida

PRÁTIC

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Os Dez Mandamentos

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A partir da experiência nacional e internacional adquirida desde a execução do primeiro pavimento deconcreto, em Bellefontaine, Ohio (EUA), em 1893, além da nossa visão específica sobre o assunto,apresentam-se os princípios básicos que regem a boa técnica da pavimentação rígida, podendo ser

despretensiosamente chamados de “Os dez mandamentos da pavimentação rígida”.Ilustram-se os passos necessários e fundamentais para que se obtenha o sucesso desejado nas obrasde pavimentação de concreto, o que pode ser traduzido como a seqüência ou a lista de procedimentos

e atitudes sem os quais o bom resultado esperado sem dúvida não será alcançado.

1º Mandamento

“Elaborar um bom projeto executivo depavimentação, a partir de estudosdetalhados de tráfego e da fundação”

2º Mandamento

“Dosar adequadamente o concretosimples e o concreto rolado (se houver), apartir do estudo minucioso dos seusmateriais constituintes”.

3º Mandamento

“Especificar os materiais a seremutilizados na obra”

4º Mandamento

“Definir os equipamentos a seremutilizados na obra”

5º Mandamento

“Definir a logística da obra”

6º Mandamento

“Detalhar os procedimentos de execuçãoe de controle da fundação (subleito esub-base)

7º Mandamento

“Detalhar os procedimentos de execuçãoe de controle do concreto simples, comfoco na durabilidade (condição estrutural)e no conforto de rolamento (condiçãofuncional) do pavimento”

8º Mandamento

“Executar a obra dentro dos padrões dequalidade exigidos”

9º Mandamento

“Gerenciar a obra “

10º Mandamento

“Cuidar para que as empresas envolvidasna obra comprometam-se com aexcelência da qualidade do produto finalacabado”

ENUNCIADO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS OU MANDAMENTOS

Autor: Engº Marcos Dutra de Carvalho

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PAVIMENTO DE CONCRETO - PRÁTICAS RECOMENDADAS

DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS MANDAMENTOS

1º Mandamento

“Elaborar um bom projeto executivo depavimentação, a partir de estudosdetalhados de tráfego e da fundação”

O processo de execução de um pavimento deconcreto deve estar calcado num projeto execu-tivo de pavimentação. Esse projeto deve contem-plar as etapas descritas a seguir.

• Estudos geotécnicos.

• Estudos de tráfego.

• Estudos de geometria e traçado da via ou ro-dovia.

• Estudos de drenagem superficial, sub-superfi-cial e profunda.

• Memória de cálculo do pavimento com defini-ção dos tipos, características tecnológicas eespessuras das camadas constituintes da es-trutura.

• Projeto geométrico planialtimétrico, com todasas informações topográficas necessárias à per-feita locação da obra.

• Projeto geométrico de distribuição de placas edetalhamento dos tipos de juntas:- planta, na escala 1:250 ou 1:500, com todos

os dados de topografia necessários à perfei-ta locação das juntas no campo;

- desenhos específicos com detalhes dos tiposde juntas;

- seções transversais típicas do pavimento comindicações de drenagem superficial, sub-su-perficial e profunda.

• Recomendações de execução e de controle deobra, com as especificações dos materiais uti-lizáveis. Com relação ao concreto simples, sãofundamentais os seguintes itens:- espessura das placas, definida em projeto;- resistência característica à tração na flexão

(fctM,k), medida aos 28 dias, definida como sen-do a resistência de projeto (eventualmente essa

Figura 1 – Projeto geométrico de distribuição de placas

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idade poderá ser estendida para 60 ou 90 dias,dependendo da obra) ;

- parâmetros de dosagem do concreto, comorelação água/cimento, abatimento, consumomínimo de cimento, teor máximo de ar incor-porado, dimensão máxima do agregadograúdo e teor de argamassa;

- plano de controle tecnológico do concreto noestado fresco e endurecido, ressaltando seaí o controle do abatimento e do teor de ar(estado fresco) e o controle das resistênciasmecânicas e da espessura das placas.

• Notas de serviço e quantitativos de pavimen-tação.

Figura 2 – Detalhe do projeto geométrico, mostrando os distintos tipos de juntas

2º Mandamento

“Dosar adequadamente o concreto simplese o concreto rolado (se houver), a partir doestudo minucioso dos seus materiaisconstituintes”.

Os principais objetivos dessa fase dos estudostécnicos são:

a) garantir a qualidade desejada do concreto;

b) avaliar dentre as alternativas de materiais aque apresenta as melhores condições de:• qualidade do produto final;• melhores condições operacionais;• menor custo por m3 de concreto.

O cálculo do traço do concreto levará em consi-deração os seguintes aspectos:

• especificações do concreto:• resistência à tração na flexão;• resistência à compressão axial;• relação água/cimento(A/C);

• abatimento do tronco de cone;• diâmetro máximo do agregado;• teor de ar incorporado;• teor de argamassa;• tempo de pega do cimento;• caracterização dos materiais;• compatibilidade entre aditivo e cimento;• equipamentos de dosagem e mistura;• tempo de mistura;• equipamentos de transporte e lançamento

do concreto;• distância e tempo de transporte;• equipamento a ser utilizado na execução do

pavimento;• espessura do pavimento;• sistema de cura;• condições climáticas regionais.

As Figuras 1 e 2 ilustram um projeto geométrico de distribuição deplacas, mostrando os tipos de juntas.

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Observações:

Estudos de laboratório necessitam geralmentede um tempo mínimo de 45 dias.Alterações de material ou de especificação de-verão ser sempre previamente analisadas, an-tes de serem implantadas na obra.Os traços especificados em laboratório necessi-tam de ajustes na central.

No caso do concreto simples, citam-seainda:

O concreto deverá ser dosado por método racio-nal, de modo a obter-se, com os materiais dis-poníveis, uma mistura fresca, de trabalhabilidadeadequada ao processo construtivo empregado,e um produto endurecido compacto, de baixapermeabilidade e que satisfaça às condições deresistência mecânica estabelecidas no projeto dopavimento.A consistência é determinada pelo ensaio deabatimento do tronco de cone, segundo aNBR NM 67/98, com valores situados geralmenteentre 20 mm e 70 mm, dependendo do equipa-mento a ser utilizado na obra.Teor de ar incorporado ao concreto é determina-do pelo método pressométrico, conforme aNBR NM 47/98, com valores geralmente situa-dos entre 2% e 4%.

No caso do concreto rolado, como cama-da de sub-base, citam-se:

O concreto a ser compactado por meio de roloscompressores (CCR) se destina à execução desub-base e deverá ser dosado por método racio-nal, de modo a obter-se, com os materiais dis-poníveis, uma mistura fresca, de trabalhabilidadeadequada para ser compactada com rolo, resul-tando num produto endurecido com grau decompactação e resistência à compressão sim-ples estabelecidas no projeto do pavimento.Deverá ser determinada, em laboratório, a umi-dade ótima que permita obter a massa específi-ca aparente máxima seca, considerada a ener-gia normal de compactação.O consumo de cimento geralmente está compre-endido entre 80 kg/m3 e 130 kg/m3, dependendodos materiais utilizados e da resistência mecâ-nica especificada em projeto.O concreto rolado, depois de compactado e ni-velado na cota de projeto, deverá atingir um graude compactação mínimo de 100%, considerada

a energia normal de compactação.O concreto rolado deverá ter seu traço ajustadono campo.

3º Mandamento

“Especificar os materiais a serem utilizadosna obra”

Depois de realizados os estudos tecnológicos,os materiais a serem utilizados na obra deverãoser claramente especificados, quais sejam:• cimento (tipo e classe);• agregado miúdo(areia);• agregado graúdo(brita);• aditivos;• produtos de cura;• material selante e corpo de apoio;• películas isolantes e impermeabilizantes apli-cadas sobre a sub-base;• aço.

É importante ressaltar que qualquer mudança dosmateriais no decorrer da obra deverá ser notifi-cada à empresa gerenciadora, de modo que pro-vidências possam ser tomadas no sentido degarantir a qualidade do produto final acabado.Caso seja necessário, tanto o concreto simplesquanto o concreto rolado (se houver) deverão terseus traços ajustados, tendo em vista eventuaismudanças no fornecimento dos materiais.

4º Mandamento

“Definir os equipamentos a serem utilizadosna obra”

Os equipamentos a serem utilizados na exe-cução do pavimento de concreto simples de-verão ser capazes de produzir um produto fi-nal acabado de alta qualidade, com a produti-vidade esperada.Os equipamentos podem ser classificados emequipamentos de grande, médio e de pequenoporte, em função da sua produtividade.Os equipamentos de grande porte são asvibroacabadoras de fôrmas deslizantes, comprodutividade maior ou igual a 400 m2/hora,acompanhadas de usinas dosadoras emisturadoras de concreto, necessárias para ga-rantir o fornecimento de material à frente davibroacabadora; também, é comum o empregode texturizadoras e aplicadoras automáticas deprodutos de cura.

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As vibroacabadoras podem executar pavimen-tos com larguras de 2,0 m até 16,0 m, em umaúnica passada, dependendo do modelo.Os equipamentos de médio porte operam sobrefôrmas fixas, com dispositivos de adensamentoe acabamento superficial constituídos de cilin-dros giratórios; necessitam de adensamentomanual complementar do concreto, comvibradores de imersão, à frente do equipamento.O emprego de desempenadeiras manuais metá-licas (floats) e vassouras de piaçava para atexturização superficial é clássico. Têm pro-dutividade típica variando entre 100 m2/hora e150 m2/hora.Os equipamentos de pequeno porte são consti-tuídos de réguas vibratórias, treliçadas ou não,operando sobre fôrmas fixas, sendo necessáriotambém o emprego de vibradores de imersãopara o adequado adensamento do concreto. Tam-bém é clássico o emprego de desempenadeirasmanuais metálicas (floats) para o acabamentosuperficial e de vassouras de piaçava para atexturização do concreto. A produtividade típicadesse de equipamento varia entre 40 m2/hora e50 m2/hora.As Figuras 3 a 10 mostram equipamentos típi-cos para obras de pavimentação rígida.

Figura 3 – Usina de concreto transportável, dosadora emisturadora (Schwing M2)

Figura 4 – Usina de concreto transportável, dosadora emisturadora (Erie Strayer MG 11C)

Figura 7 – BID-WELL - acabadora operando sobre fôrmasfixas

Figura 5 – Usina de concreto transportável, dosadora emisturadora (ARCMOV 100)

Figura 8 – Gomaco 2600 (4 esteiras)- vibroacabadora defôrmas deslizantes

Figura 6 – Régua vibratória

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PAVIMENTO DE CONCRETO - PRÁTICAS RECOMENDADAS

5º Mandamento

“Definir a logísitica da obra”

A definição da logística da obra é fundamentalpara o sucesso da empreitada, compreendendodesde a instalação do canteiro de obras e da usi-na de concreto até o transporte e a descarga doconcreto à frente do equipamento.O planejamento da instalação do canteiro deobras deve ser realizado com base em informa-ções específicas fornecidas pelo cliente e peloprojetista. A título de exemplo, citam-se as infor-mações básicas para a implantação do canteirode uma usina dosadora e misturadora de con-creto, quais sejam:

a) extensão do trecho;b) locais possíveis de instalação do equipamento:

• plantas do trecho, com acessos;• inspeção prévia dos locais;

c) facilidades possíveis de fornecimento dos se-guintes itens:• energia elétrica;• água

Figura 10 – Wirtgen SP 500 - vibroacabadora defôrmas deslizantes

Figura 9 – CMI - 3004 F (4 esteiras) - vibroacabadora defôrmas deslizantes

• alojamento;• refeições;• óleo diesel;• equipamentos para preparo do local;• materiais de suporte, para instalação: cimen-

to, areia, brita, concreto etc.;d) volume mínimo a ser executado diariamente;e) datas limites do cronograma para instalação e

início das atividades.

Escolha do Terreno para o Canteiro

A escolha do terreno para a instalação do con-junto para produção e controle tecnológico deconcreto deve observar as seguintes prioridades:

a) fluxo de recebimento dos materiais a seremutilizados;

b) fluxo de saída dos caminhões para a frentede serviço;

c) planta planialtimétrica do terreno.

Sempre que possível, a opção deve ser por ter-renos planos, preferencialmente com geometriaretangular, de forma a permitir no mínimo doisacessos distintos.Na impossibilidade de locação em área plana, amelhor opção é a de área constituída por até trêsplatôs, de forma a possibilitar a instalação porconjuntos ou blocos operacionais.

Locação dos Equipamentos no Canteiro

Recomenda-se considerar a locação dos blocosoperacionais em áreas que permitam livre circu-lação de veículos, tendo em vista a necessidadede operação independente e constante das linhasde transporte de agregados, cimento, água,aditivos e concreto, incluindo a passagem destepelo laboratório de controle tecnológico.A casa de comando da central deve ser locadade forma a permitir:

• fácil acesso;• ampla visão do carregamento de concreto;• visão do pátio de agregados.

Finalmente, é importante cuidar da logística dotransporte do concreto da usina até a frente deserviço, de modo a minimizar percursos e tempode viagem, bem como aquele de manobra e des-carga do concreto à frente do equipamentovibroacabador.

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• sub-base de brita graduada simples (BGS);• sub-base de brita graduada tratada com

cimento (BGTC);• sub-base de solo-cimento (SC);• sub-base de solo melhorado com cimento

(SMC);• sub-base de concreto rolado (CR).De qualquer forma, tanto os procedimentos deregularização e conformação do subleito quantoaqueles de execução e controle da sub-basedeverão estar de acordo com as normas brasi-leiras vigentes, atendendo sempre àsespecificações de projeto.

7º Mandamento

“Detalhar os procedimentos de execução ede controle do concreto simples, com focona durabilidade (condição estrutural) e noconforto de rolamento (condição funcional)do pavimento”

Deverão ser detalhados os procedimentos deexecução e de controle de obra, de acordo como tipo de equipamento a ser utilizado. No casogeral das obras de grande porte, como as pavi-mentações rodoviárias por exemplo, os equipa-mentos recomendados são as vibroacabadorasde fôrmas deslizantes, abastecidas por usinasdosadoras e misturadoras de concreto, transpor-táveis, com capacidade nominal mínima compa-tível com a produtividade desejada (no mínimo120 m3 por hora). O emprego de distribuidorasde concreto à frente da vibroacabadora podeser considerado como um recurso para agilizara execução, aumentando a produtividade doconjunto.O objetivo do detalhamento minucioso dos pro-cedimentos de execução e de controle de obra égarantir a excelência da condição estrutural efuncional do pavimento.Com relação à condição estrutural, ou seja, àcapacidade do pavimento suportar as cargassolicitantes ao longo do período de projeto, é pri-mordial o controle da resistência à tração naflexão do concreto no estado endurecido, bemcomo da consistência e do teor de ar incorpora-do do concreto no estado plástico. Também, ocontrole da espessura do concreto simples defi-nida no projeto é crucial para a manutenção dadesejada condição estrutural do pavimento aolongo do período de utilização. Finalmente, deve-

Figura 11 – Vista geral de um canteiro de obras

6º Mandamento

“Detalhar os procedimentos de execução ede controle da fundação (subleito e sub-base)”

Deve-se cuidar para que a fundação do pavimen-to seja bem executada e controlada, conformeas especificações de projeto.Nessa fase, deve-se cuidar para que o sistemade drenagem sub-superficial e profunda (se hou-ver) seja executado adequadamente, de acordocom o projeto executivo de engenharia e aten-dendo às normas e especificações dos organis-mos oficiais, como o DNIT, por exemplo.São consideradas operações de preparo da fun-dação as correções da camada superficial dosubleito e os acertos do leito resultantes dasoperações de terraplenagem. Consistirão nasubstituição de solos inadequados e na remo-ção de blocos de pedra ou raízes, pedaços demadeira ou quaisquer outros materiaisputrescíveis, bem como raspagens e aterros quevisem colocar o leito de acordo com o greide e operfil longitudinal projetado.Caso conste sub-base no projeto, esta será ex-cutada de acordo com prescrições especiais nelefornecidas. Em qualquer caso, deverá ser infensaaos fenômenos de expansibilidade e debombeamento, entendido este como a expulsão,sob a forma de lama fluida, e de baixo para cima,de solos finos plásticos porventura existentes nosubleito do pavimento de concreto.As sub-bases podem ser granulares ou tratadascom ligantes hidráulicos e betuminosos. São osseguintes os tipos mais usuais de sub-bases uti-lizadas na pavimentação rígida:

A Figura 11 ilustra essa fase.

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se garantir que o equipamento vibroacabadorpromova o completo adensamento do concreto,sem a ocorrência de “ninhos” ou “brocas” no pa-vimento.Com relação à condição funcional, que traduz oconforto de rolamento proporcionado pela super-fície do pavimento acabado, esta é diretamenteafetada, de forma negativa, pelos fatores des-critos a seguir, no caso da execução comvibroacabadoras de fôrmas deslizantes:• paradas do equipamento vibroacabador;• irregularidade da sub-base;• desalinhamento ou catenárias nas linhas

sensoras;• excesso de concreto à frente da vibroacaba-

dora;• grandes variações na consistência do concreto

(abatimento);• variações nas características tecnológicas do

concreto;• desuniformidade nos procedimentos de mistu-

ra, transporte e lançamento, adensamento eacabamento do concreto;

• desuniformidade no avanço do equipamento;• equipamento sujo e sem manutenção;• equipe não treinada, desmotivada e sem com-

promisso com a qualidade do pavimento aca-bado.

Em resumo, pode-se dizer que a palavra chavepara a obtenção de um pavimento de concretoconfortável é a UNIFORMIDADE em todas asetapas da execução.

8º Mandamento

“Executar a obra dentro dos padrões dequalidade exigidos”Mostram-se, a título de exemplo, os passos ne-cessários à boa execução de um pavimento deconcreto com vibroacabadoras de fôrmasdeslizantes.• Para garantia da produtividade é necessário que

haja frente de serviço, com camada de sub-baseacabada, curada (quando cimentada) e nivela-da na cota de projeto. Não deve haver obstácu-los laterais e limitadores de altura no curso davibroacabadora.

• O concreto deverá ser produzido em usinasdosadoras e misturadoras, de grande capaci-dade, transportáveis e instaladas estrategica-

mente no canteiro de obras; essas usinas de-verão dispor de dispositivos eletrônicos paracontrole da dosagem e pesagem dos materi-ais, incluindo os aditivos, capazes de produzirconcretos homogêneos e com as característi-cas especificadas em projeto.

• É recomendável que a vibroacabadora opere auma velocidade mínima de 1,0 m/min, evitan-do ao máximo que o processo seja interrompi-do, sob pena de afetar o conforto de rolamen-to do pavimento. Deve-se dispor de uma quan-tidade de caminhões basculantes suficientepara a alimentação da vibroacabadora sem quehaja interrupção na execução do pavimento.Os dispositivos de transferência de carga de-vem ser colocados com agilidade, atendendoao posicionamento definido em projeto.

• Para a garantia da qualidade da superfície aca-bada e do conforto de rolamento, os fios–guias,responsáveis pelo controle planialtimétrico davibroacabadora, devem estar perfeitamente ali-nhados através de controle topográfico, evitan-do-se a ocorrência de catenárias. A vibroaca-badora deverá estar perfeitamente ajustada ecalibrada e os operários orientados para evitaro deslocamento dos fios-guias pré-posicionados.

• É importante que se tenha um controle rígidodas cotas de projeto (sub-base e placas de con-creto do pavimento), de modo a evitar que acamada final do pavimento tenha espessuramenor ou maior que a projetada. Se a espessu-ra de concreto aplicada for menor que aespecificada em projeto a estrutura fica com-prometida, gerando custos elevados de repa-ração desses trechos. Por outro lado, se a es-pessura de concreto aplicada for maior que aespecificada em projeto, ocorrerá desperdíciode concreto, com conseqüente elevação doscustos de execução do pavimento.

• O concreto deve ser lançado de maneira uni-forme pelo caminhão basculante, evitando aformação de pilhas de concreto muitos altas.Nessa fase deve-se evitar que o próprio con-creto ou o caminhão basculante desloquem asbarras de transferência pré-colocadas. É im-portante que se garanta a constância do abas-tecimento de concreto à frente a vibro-acabadora.

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• O adensamento do concreto é feito pela bate-ria de vibradores de imersão, com o auxílio derégua “tamper”, frontal, ou régua oscilantetransversal, traseira, dependendo do tipo deequipamento. É necessário que os vibradoresde imersão estejam corretamente posicionadose com a vibração adequada ao tipo de concre-to utilizado. Cuidados especiais devem ser to-mados com os vibradores junto às fôrmas la-terais, evitando-se, ali, o excesso ou a faltade vibração.

• O acabamento do concreto é dado pelasdesempenadeiras mecânica (“auto-float”) e ma-nual, em movimentos de vaivém, acompanhan-do o avanço da vibroacabadora. É necessárioque a desempenadeira esteja bem reguladacom relação à pressão que ela exerce sobre oconcreto fresco e à distância mínima a ser man-tida das bordas do pavimento, de modo a evitara ocorrência de depressões ou abatimentos jun-to a essas bordas. Desempenadeiras metáli-cas de cabo curto, menores, são empregadaspara o acabamento junto às bordas ou locaisque necessitem de alguma correção. Para oacabamento das bordas propriamente ditas, aschamadas desempenadeiras de borda curvasão muito úteis.

• Após o adensamento do concreto deve proce-der-se rapidamente à texturização e à aplica-ção do produto de cura química, na taxaespecificada em projeto. É desejável a utiliza-ção de texturizadora e sistema de aspersão deproduto de cura química mecanizado para quese evite, especialmente em dias quentes, o apa-recimento de fissuras causadas pelo fenôme-no da retração plástica. É importante que o pro-cesso de texturização e cura seja executadoadequadamente.

• Terminada a aplicação do produto de cura quí-mica o pavimento deve ser protegido para quea superfície do concreto fresco não sejadanificada pela ação de transeuntes, veículosou animais.

• A abertura de juntas deve ser executada tãologo a resistência do concreto permita o tráfe-go do equipamento de corte e a serragem semdesprendimento de material. Deve-se ter umcontrole rígido do tempo e profundidade de cor-

te, a fim de evitar o aparecimento de trincasestruturais. É necessário ainda que haja equi-pamentos em quantidade suficiente para a exe-cução dos serviços, além de equipamentos parasubstituição em caso de pane, bem como osinsumos necessários ao processo de corte dejuntas, como discos de serra e fornecimentode água e energia elétrica. Não pode haver fa-lha logística nesse processo. As juntas deve-rão ser seladas conforme os fatores de formadefinidos em projeto e as recomendações dofabricante com relação ao material selante.

Nessa fase é importante ressaltar a importânciade uma equipe bem treinada e imbuída do espí-rito da busca da excelência.

As Figuras 12 a 20 ilustram essa fase.

Figura 13 – Transporte e lançamento do concreto comcaminhões basculantes

Figura 12 – Produção do concreto na obra (usina dosadorae misturadora)

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Figura 14 – Espalhamento do concreto executado pelarosca sem-fim da vibroacabadora

Figura 16 – Acabamento do conceto

Figura 17 – Texturização do concreto

Figura 15 – Adensamento do concreto é feito com o auxíliode vibradores de imersão

Figura 18 - Cura química mecanizada

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Figuras 20 e 20a – Selagem das juntas

Figuras 19 e 19a – Serragem das juntas

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9º Mandamento

“Gerenciar a obra “

É de fundamental importância o adequadogerenciamento da obra, feito por empresacompetente e especialmente contratada paraesse fim.Caberá à empresa gerenciadora analisar todosos dados e relatórios gerados pelo controle tec-nológico da obra, bem como gerar toda a docu-mentação técnica de acompanhamento da obra,

necessária à comprovação da adequação do pro-duto final acabado às exigências de projeto. Emresumo, caberá à gerenciadora aprovar ou rejei-tar a obra, por partes e, no final, como um todo.A título de ilustração, a Figura 21 mostra umaficha de controle de obra, parte integrante do sis-tema de gerência.As Figura 22 e 22a ilustram o controle tecnoló-gico feito na obra.

Figura 21 – Ficha de controle tecnológico

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Figuras 22 e 22a – Controle tecnológico na obra

10º Mandamento

“Cuidar para que as empresas envolvidas naobra comprometam-se com a excelência daqualidade do produto final acabado”

Esse último mandamento ou dogma é na ver-dade um resumo dos anteriores, associado aostermos vontade e compromisso.Sem dúvida, a excelência da qualidade de umpavimento rígido é função da vontade e do com-prometimento de todos os envolvidos na obra

São pessoas que projetam.

São pessoas que executam.

São pessoas que controlam.

NADA ACONTECE SE AS PESSOAS NÃO FIZEREM AS COISAS ACONTECEREM.

AS PESSOAS SÃO AS PRINCIPAIS COMMODITIES DESSE NEGÓCIO

(cliente, projetista, construtor e gerenciador) nabusca dessa excelência, associados ao empre-go dos recursos tecnológicos adequados e dis-poníveis.Portanto, cuidar para que as empresas envolvi-das comprometam-se com a qualidade é, alémde despertar a vontade, criar ferramentas queestabeleçam o compromisso entre elas, o quepode ser feito através de contratos de prestaçãode serviços bem elaborados.

Finalmente, cabe ressaltar a importância das PESSOAS envolvidas no processo.

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Figura 24 - Rodovia BR-232 - Recife - Caruaru/PE

Figura 25 - Marginais da Rodovia Castello Branco - São Paulo/SP

As Figuras 23 a 31 ilustram algumas das principais obras de pavimentação rígida executadas no Brasil,a partir de 1998.

Figura 23 - Rodoanel Mário Covas - São Paulo/SP

Page 15: Pavimentação Rígida

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isPAVIMENTO DE CONCRETO - PRÁTICAS RECOMENDADAS

Figura 26 - BR-290 Free-wayOsório - Porto Alegre/RS

Figura 28 - Rodovia MT-130 - Primavera do Leste/MT

Figura 29 - Marginal da Rodovia Pres.Dutra - Guarulhos/SP

Figura 27 - Av. III Perimetral - Porto Alegre/RS

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PR - 5 - OS DEZ MANDAMENTOS DA PAVIMENTAÇÃO RÍGIDA16

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PAVIMENTO DE CONCRETO - PRÁTICAS RECOMENDADAS

Av. Torres de Oliveira, 76 • 05347-902 • São Paulo - SP

Informações: 0800-555776 • [email protected] • www.abcp.org.br

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Figura 30 - Rodovia dos Imigrantes - São Paulo

Figura 31 - Rodovia SE-430 - Aracajú/SE