palestra sobre psicografia

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“Psicografia: a arte do além ou além da arte?” Prof. José Antonio Ferreira da Silva

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Page 1: Palestra sobre psicografia

“Psicografia: a arte do

além ou além da arte?”

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 2: Palestra sobre psicografia

“Existem tantas coisas entre o

céu e a terra que só os poetas

sonharam!”

Nietzsche – Assim falou Zaratustra (2012, p. 117)

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 3: Palestra sobre psicografia

Augusto dos Anjos

Homo Infimus

Homem, carne sem luz, criatura cega,

Realidade geográfica infeliz,

O universo calado te renega

E a tua própria boca te maldiz!

Homem-célula

Homem! célula ainda escravizada

Nos turbilhões das lutas cognitivas,

Egressa do arsenal de forças vivas

Que chamamos – estática do Nada.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 4: Palestra sobre psicografia

Augusto dos Anjos

Apóstrofe à carne

E o homem – negro e heteróclito

composto,

Onde a alva flama psíquica trabalha,

Desagrega-se e deixa na mortalha

O tato, a vista, o ouvido, o olfato, e o

gosto!

Homo

Ao meu tétrico olhar abominável,

O homem é fruto insólito da ânsia,

Heterogeneidade da Substância,

Argamassando um Todo miserável.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 5: Palestra sobre psicografia

Cruz e Sousa

Visão da morte

Olhos voltados para mim e abertos

Os braços brancos, os nervosos

braços,

Bens de espaços estranhos, dos

espaços

Infinitos intérminos, desertos...

Beleza da morte

Há no estertor da morte uma beleza

Transcendente, ignota, luminosa,

Beleza sossegada e silenciosa,

Da luz branca da Paz, trêmula e

acessa.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 6: Palestra sobre psicografia

Cruz e Sousa

Tortura eterna

Impotência cruel, ó vã tortura!

Ó Força inútil, ansiedade humana!

Ó círculos dantescos da loucura!

Ó luta, ó luta secular, insana!

Ansiedade

Todo esse anseio que tortura o peito,

Estrangulando a voz exausta e rouca,

Que em cada canto estruge e em

cada boca

Faz o soluço do ideal desfeito;

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 7: Palestra sobre psicografia

Psicografia

ALMA DO AMOR

(Cruz e Souza)

Alma do Amor, cansada, erma e fremente,

Arrastando o grilhão das próprias dores,

Sustenta a luz da fé por onde fores,

Torturada, ferida, descontente...

Nebulosas, estrelas, mundos, flores

Rasgam, vibrando, excelso trilho à frente...

Tudo sonha, buscando o lume ardente

Do eterno amor de todos os amores!

Alma, de pés sangrando senda afora,

Humilha-te, padece, chora, chora,

Mas bendize o teu santo cativeiro...

Não esperes ninguém para ajudar-te,

Ama apenas, que Deus, por toda a parte,

É o sol do amor para o Universo inteiro.

Do livro Antologia dos Imortais, de Espíritos diversos, por Chico Xavier e Waldo Vieira. Ed. FEB - Federação espírita Brasileira - Ed. FEB-Rio de Janeiro-RJ.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 8: Palestra sobre psicografia

O que é Psicografia ???

“De acordo com a doutrina, o discurso mediúnico

psicográfico é o conjunto de enunciados que

pertence aos Espíritos desencarnados.”

(GONÇALVES, 2010, p. 181)

“A psicografia faz parte, portanto dos jogos de

verdades utilizados pela doutrina Espírita para fazer

valer os seus ensinamentos, portanto, ela é parte

integrante do discurso Espírita.”

(GONÇALVES, 2010, p. 145)Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 9: Palestra sobre psicografia

Será verdade???

“Para o pesquisador, a questão central de análise

não é saber se o fenômeno observado é verdadeiroou falso, mas a busca de uma compreensão de

como as verdades são construídas e como sãovivenciadas, enquanto fenômeno religioso, dentro do

campo religioso em análise.”

(GONÇALVES, 2010, p. 73)

“Os discursos não são em si verdadeiros nem falsos”

(FOUCAULT, 2000, p. 13)Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 10: Palestra sobre psicografia

Finalidade da

psicografia...

“Além da finalidade educativa e doutrinária de que se

revestem os textos psicografados, para a doutrina

Espírita a escrita psicográfica, acima de tudo, se

constitui, na atualidade, como o maior meio de

divulgação dos fundamentos doutrinários”.

“A circulação dos princípios doutrinários Espírita é,

portanto, uma marca identitária da literaturapsicográfica Espírita.”

(GONÇALVES, 2010, p. 153)Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 11: Palestra sobre psicografia

Psicografia como

gênero

“Como qualquer outro discurso materializado, por meio

de elementos linguísticos, emerge sob os mais diversos

gêneros discursivos: poema, reportagem, carta familiar,

mensagem familiar, oração, música, romance,autobiografia, ensaios, artigos, crônicas, contos. Esses

gêneros, por sua vez, são veiculados nos mais diferentes

suportes textuais: livros, revistas, jornais, panfletos.”

(GONÇALVES, 2010, p. 182)

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 12: Palestra sobre psicografia

Gêneros e Bakhtin

“O emprego da língua efetua-se em forma de

enunciados (orais e escritos) concretos e únicos,

proferidos pelos integrantes desse ou daquele campoda atividade humana. Esses enunciados refletem as

condições específicas e as finalidades de cada

referido campo não só por seu conteúdo (temático)

e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos

recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da

língua mas, acima de tudo, por sua construção

composicional.”

(BAKHTIN, 2011, p. 261)Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 13: Palestra sobre psicografia

Gêneros e Bakhtin

“a língua passa a integrar a vida através de

enunciados concretos (que a realizam); é igualmente

através de enunciados concretos que a vida entra nalíngua.”

(BAKHTIN, 2011, p. 265)

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 14: Palestra sobre psicografia

Gêneros e Bakhtin

“Cada enunciado particular é individual, mas cada campo

de utilização da língua elabora seu tipos relativamente

estáveis de enunciados, os quais denominamos de gêneros

do discurso.”

(BAKHTIN, 2011, p. 262)

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 15: Palestra sobre psicografia

Que fique

Bem Claro!

Iremos tratar a psicografia como gênero

discursivo e/ou literário, sem nos

interessar a sua significação do ponto de

vista religioso ou filosófico.

O que nos interessa discutir é:

Se esse Gênero é literário ou não?

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 16: Palestra sobre psicografia

O que seria LITERATURA?????

O que seria

LITERALIDADE?????Qual a função da

LITERATURA ???

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 17: Palestra sobre psicografia

Literatura

é: "A literatura é um fenômeno estético."

“É uma arte, arte da palavra."

A literatura não é ‘documento’,

mas ‘monumento’."

"A literatura, como toda arte, é uma

transfiguração do real,

é a realidade recriada através do

espírito do artista e retransmitida

Através da língua para as formas que

são os gêneros e com os quais

ela toma corpo e nova realidade." Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 18: Palestra sobre psicografia

Literatura

é:“Literatura é a casa da palavra. E não é

casa por que se passe ileso. Por isso, aos

que se aventurarem pelas entranhas desse

caminho, peço que saibam não haver nele

nem céu claro nem mar aberto.”

“A literatura traga-nos a espaço

estranho, à Quarta dimensão de

universo inexistente. São tempo e

espaço paralelos. O mundo construído

sendo outro e nosso, num diálogo em

que a imagem é marca que legitima a

criação da existência inconcebível.”Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 19: Palestra sobre psicografia

Não existe uma definição única e unânime

para literatura.

“A arte literária é, portanto, a arte de escrever e representar a

realidade de forma artística, permitindo aos leitores que a interpretem

conforme a sua própria experiência.”

CAMPELELLI, Samira Yousseff

Literatura

é:

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 20: Palestra sobre psicografia

Características do texto

literário

Mundo Ficcional

Relação não-imediatista

Suspensão da convenções de significados correntes

Despreocupação com a sistematização

Despreocupação com o saber

Inexistência da utilidade prática

Predomínio da linguagem conotativaProf. José Antonio Ferreira da Silva

Page 21: Palestra sobre psicografia

Funções da LITERATURA

Mímese ou

Mimese

Catarse

"A literatura constrói mundos ficcionais

específicos. Essa característica está

relacionada à sua qualidade de obra de

arte, que estabelece uma união entre o

mundo real (vivenciado) e o mundo da

imaginação.”

CAMPELELLI, Samira YousseffProf. José Antonio Ferreira da Silva

Page 22: Palestra sobre psicografia

Funções da LITERATURA

A palavra “função” aqui

se refere ao papel que a

literatura desempenha

nas sociedades;

Papel atribuído pelospróprios leitores.

• Fazer sonhar;

• Provocar reflexão;

• Divertir;

• Ajudar a construir

nossa identidade;

• Ensinar a viver;

• Denunciar a

realidade.

(ABAURRE, 2005)

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 23: Palestra sobre psicografia

Funções da LITERATURA

Função Social da

literatura

“Chamarei de literatura, de maneira mais ampla possível, todas

as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos

os níveis de sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o

que denominamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais

complexas e difíceis da produção escrita das grandes

civilizações. Vista deste modo, a literatura aparece claramente

como manifestação universal de todos os homens em todos os

tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela,

isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma

espécie de fabulação.”

CÂNDIDO, Antonio. Vários escritos. São Paulo, Livraria Duas

Cidades, 1995.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 24: Palestra sobre psicografia

Analisando poemas

Psicografia

ALMA DO AMOR

Alma do Amor, cansada, erma e fremente,

Arrastando o grilhão das próprias dores,

Sustenta a luz da fé por onde fores,

Torturada, ferida, descontente...

Nebulosas, estrelas, mundos, flores

Rasgam, vibrando, excelso trilho à frente...

Tudo sonha, buscando o lume ardente

Do eterno amor de todos os amores!

Alma, de pés sangrando senda afora,

Humilha-te, padece, chora, chora,

Mas bendize o teu santo cativeiro...

Não esperes ninguém para ajudar-te,

Ama apenas, que Deus, por toda a parte,

É o sol do amor para o Universo inteiro.

Do livro Antologia dos Imortais, de Espíritos diversos, por Chico Xavier e Waldo Vieira. Ed. FEB - Federação espírita Brasileira - Ed. FEB-Rio de Janeiro-RJ.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 25: Palestra sobre psicografia

Analisando poemas

psicografados

Preciosismo

“Uma das características mais marcantes dos

parnasianos em geral e de Bilac em particular, é

o gosto por palavras raras, arcaicas, pouco

usuais mesmo na linguagem literária”

(CEREJA; MAGALHÃES, 2000).

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 26: Palestra sobre psicografia

Ressurreição

Extinga-se o calor do foco aurifulgente

Do sol que vivifica o Mundo e a Natureza;

Apague-se o fulgor de tudo o que alma presa

Às grilhetas do corpo, adora, anela e sente;

Tombe no caos do nada, em túrgida surpresa,

O que o homem pensou num sonho de demente,

Os mistérios da fé, fulcro de luz potente,

O templo, o lar, a lei, os tronos e a realeza;

Estertore e soluce exausto e moribundo,

Debilmente pulsando, o coração do mundo,

Morto à míngua de luz, ambicionando a glória;

O Espírito imortal, depois das derrocadas,

Numa ressurreição de eternas alvoradas,

Subirá para Deus num canto de vitória.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 27: Palestra sobre psicografia

Analisando poemas

psicografados

A métrica

‘A poética de Bilac não apresenta metros novos, nemcriações originais. A ser um talento poético, criador deritmos estranhos e de formas variegadas, preferiuamoldar-se às formas vigentes, aperfeiçoando os seuslavores e repolindo os seus esmaltes. A forma preferidade Bilac é o soneto. [...] As composições poéticas deBilac não surpreendem pela originalidade dos seus tipose, sim, pela perfeição dos tipos comuns, masadmiravelmente trabalhados.” (CARVALHO, 1942, p. 173-174).

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 28: Palestra sobre psicografia

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 29: Palestra sobre psicografia

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 30: Palestra sobre psicografia

Analisando poemas

psicografados

A rima

“Olavo Bilac, em que pesem todas as suas preocupaçõesestéticas, parnasianas, deu sempre à rima o seu justo valor. [...]Conservou-se sempre num virtuoso meio termo, distinto ediscreto, e que lhe valeu, em suma, hierática posição deserenidade, porque, nem se entregou a bizarrices de um merocaçador de rimas, nem lhe deixou de prestar uma atençãobenévola e austera.”

Quanto à colocação da rima, ainda segundo o crítico, onormal, em Bilac, é o uso da rima no final do verso (p. 226).Além disso, a rima toante não tem valor na obra do poeta,nunca sendo usada: todas as suas poesias fazem uso apenasde rimas consoantes.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 31: Palestra sobre psicografia

Em Ideal:

Beleza (substantivo) rima com Natureza

(substantivo): rima pobre

Ansioso (adjetivo) rima com Gozo

(substantivo): rima rica

Acesa (verbo) rima com Presa

(adjetivo): rima rica

Tenebroso (adjetivo) rima com Repouso

(substantivo): rima rica

Miserando (adjetivo) rima com Quando

(advérbio): rima rica

Desvelos (substantivo) rima com

Cabelos (substantivo): rima pobre

Aflito (adjetivo) rima com Infinito

(substantivo): rima rica

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 32: Palestra sobre psicografia

Analisando poemas

psicografados

Figuras de linguagem

Algumas figuras de linguagem que serviram de

recurso estilístico precioso para Bilac na feitura de

seus versos.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 33: Palestra sobre psicografia

Polissíndeto

Ruge, fere, destrói e se alteia e se ufana,

(apud XAVIER, p. 446).

Ideal

Luta, sofre e soluça, e sonha presa.

(idem, p. 448).

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 34: Palestra sobre psicografia

Antítese

Ressurreição

Morto à míngua de luz, ambicionando a glória;

O Espírito imortal, depois das derrocadas,

Numa ressurreição de eternas alvoradas,

Subirá para Deus num canto de vitória.

(apud XAVIER, 1978, p. 447).

Brasil

O anjo triste da paz chora e se desengana,

Em vão plantando o amor que o ódio despedaça,

Tribos, tronos, nações... tudo se esfuma e passa.

Mas o torvo dragão da guerra soberana (idem, p. 447).

Jesus ou Barrabás?

Sobre a fronte da turba há um sussurro abafado. “Jesus ou Barrabás?” – pergunta, inquire o brado

(idem, p. 444). Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 35: Palestra sobre psicografia

Na Terra um sonho eterno de beleza

Palpita em todo o espírito que, ansioso,

Espera a luz esplêndida do gozo

Das sínteses de amor da Natureza;

Sente o beijo de glória do Infinito!...

(apud XAVIER, 1978, p. 446).

Note-se que o último verso é uma metáfora para a

morte. Neste soneto são personificados o infinito, a

ansiedade e a natureza.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 36: Palestra sobre psicografia

Pode-se dividir os sonetos de Olavo Bilac mediúnico

em três temas:

O primeiro, de cunho existencial, no qual se encaixam

os poemas: Soneto, Aos descrentes, Ressurreição e

Ideal;

O segundo, de cunho religioso, no qual se encaixam

os sonetos: No horto, O beijo de Judas, Jesus ou

Barrabás? e A Crucificação. Note-se que o conjunto

formado por esses quatro poemas nos narra o drama

da Paixão de Cristo.

O terceiro, de cunho um pouco mais mundano, no

qual se incluem os sonetos: O Livro e Brasil. Veremos,

contudo, que, na mediunidade, estes temas revestem-

se de um caráter transcendente condizente com o

discurso global de Parnaso.Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 37: Palestra sobre psicografia

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 38: Palestra sobre psicografia

Ambos os sonetos têm como objetivo principal

fazer uma exaltação da terra brasileira,

colocando-a como uma espécie de oásis ou

“Terra Prometida” no mundo.

O Brasil é, em ambos os casos, uma nova luz no

mundo. Comparem-se os trechos:

Pára! Uma terra nova ao teu olhar fulgura! Este é

o reino da Luz, do Amor e da Fartura!

O Brasil (versos 1 e 4).

E

Eis, porém, que o Senhor, na América nascente,

Acende nova luz em novo continente

Brasil (versos 9 e 10).Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 39: Palestra sobre psicografia

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 40: Palestra sobre psicografia

Mais uma vez, o tema é significado de modos diversos em

Bilac “vivo” e “morto”. Em ambos os sonetos, o mundo é visto

como “o vale medonho” em que o Cristo é imolado em favor

da humanidade.

Os pontos de vista, contudo, divergem em relação à utilidade

do sacrifício. Em Jesus, o sofrimento do Cristo é tido como

inútil, uma vez que a fé, assim como a esperança, é ilusória:

Ó triste! A sombra imensa

Dos braços desta cruz espalha sobre o mundo

A utopia celeste, orvalho ao teu suplício.

Sou a misericórdia ilusória da crença:

Sobre a força, a fraqueza; e, sobre o amor fecundo,

A piedade sem glória e o inútil sacrifício!

A visão do martírio expressa em No Horto é oposta à

apresentada acima, como se vê no último terceto:

Sente a Mão Paternal que o guia na amargura,

E sublime na fé mais vívida, murmura:

– “Que se cumpra no mundo o arbítrio do Senhor!...”Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 41: Palestra sobre psicografia

Analisando poemas

psicografados

Mundo Ficcional

Relação não-imediatista

Suspensão da convenções de significados correntes

Despreocupação com a sistematização

Despreocupação com o saber

Inexistência da utilidade prática

Predomínio da linguagem conotativa

• Fazer sonhar;

• Provocar reflexão;

• Divertir;

• Ajudar a construir

nossa identidade;

• Ensinar a viver;

• Denunciar a

realidade.Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 42: Palestra sobre psicografia

A título de

“conclusão”

“Há um fenômeno estranho que se pode explicar de duas

maneiras, por meio de causas de tipo natural e

sobrenatural. A possibilidade de se hesitar entre os dois

criou o efeito fantástico.” (TODOROV, 1968, p. 31).

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 43: Palestra sobre psicografia

A título de

“conclusão”

Literatura fantástica é um gênero literário em que narrativas ficcionais

estão centradas em elementos não existentes ou não reconhecidos

na realidade, pela ciência dos tempos em que a obra foi escrita.

O fantástico se divide em vários subgêneros, entre eles ficção

científica, fantasia e o horror ou terror, o termo ficção especulativa

costuma ser usado para abrigar esses subgêneros.

É aplicável a um objeto como a literatura, pois o universo da literatura,

por mais que se tente aproximá-la do real, está limitado ao fantasioso

e ao ficcional.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 44: Palestra sobre psicografia

A título de

“conclusão”

A literatura mediúnica constitui-se um gênero literário

incomum, e tem grande aceitação dos mais diversos

públicos leitores, principalmente do não espírita.

Mas ainda é praticamente ignorada em nosso meio

acadêmico. Não é pretensão deste trabalho esgotar o

assunto.

Objetivou-se aqui constituir elementos para as primeiras

reflexões sobre essa desafiadora questão que é a análise

de textos da literatura mediúnica.Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 45: Palestra sobre psicografia

REFERÊNCIAS

AUBÉE, Marion; LAPLANTINE, François. A mesa, o livro e os espíritos: gênese, evolução e atualidade do movimento social espírita entre França e Brasil. Maceió: EDUFAL, 2009.

GONÇALVES, Iracilda Cavalcante de Freitas. Na discursivização de nosso lar: as verdades do espiritismo. João Pessoa: Ed. Universitária UFPB, 2011.

______. Psicografia: Verdade ou fé? João Pessoa: Ed. Universitária UFPB, 2010.

MAINGUENEAU, Dominique. Discurso Literário. São Paulo: Contexto, 2009.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 9ª. ed., Campinas, SP: Pontes Editores, 2010.

S. JÚNIOR, Alcides Mendes. Pa(lavras) em terra: forja e coifa de uma região. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2006.

XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-Túmulo. 10ª. ed., Rio de Janeiro: Ed. Federação Espírita Brasileira, 1978.

Prof. José Antonio Ferreira da Silva

Page 46: Palestra sobre psicografia

Obrigado!

Prof. José Antonio Ferreira da Silva