painel - edição 183– jun.2010

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Ano XII nº 183 junho/2010 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto painel AEAARP ASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO ELEIÇÕES Pela primeira vez, AEAARP participa de campanha educativa para a população ART AEAARP lança campanha de conscientização Reportagem especial debate o futuro do ramal da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro inaugurado por Pedro II, em 1886, como alternativa de promoção do turismo e preservação da história. Viação Férrea Campinas-Jaguariúna TREM

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Revista oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto.

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Ano XII nº 183 junho/2010 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

painel A E A A R PASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO

ElEIçõEsPela primeira vez, AEAARP participa de campanha educativa para a população

ARTAEAARP lança campanha de conscientização

Reportagem especial debate o futuro do ramal da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro inaugurado por Pedro II, em 1886, como alternativa de promoção do turismo e preservação da história.

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na

Trem

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Como tem feito há mais de seis décadas, a AEAARP novamente se posiciona frente a mais um assunto de interesse da cidade. Repor-tagem especial desta edição da Painel debate o futuro do ramal da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro que resta na cidade.

Não se trata de saudosismo, mas de olhar a história com respon-sabilidade e isso não implica prejuízo ao desenvolvimento da cidade. Pelo contrário, o reaproveitamento do ramal pode e deve dar voz à história, mas, também, promover turismo, empregos, receita para o município, educação para as novas gerações. Por isso, defendemos a manutenção dos trilhos e, se possível, com estudos técnicos perti-nentes, sua ampliação para que atendam tanto ao turismo quanto ao transporte coletivo, quem sabe!

Além disso, a AEAARP está envolvida em outras campanhas. Uma delas é a conscientização dos profissionais de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia e meteorologia para a importância da indicação da entidade representativa da categoria profissional na ART. O documento garante segurança para o profissional, para o contratante e, através dele, a AEAARP pode desenvolver muito mais atividades técnicas para os associados.

Outra bandeira nossa, neste momento, é a Campanha Civilidade nas Eleições. Ao lado do Ministério Público e entidades de respeito, como CIESP, OAB, ACI, estamos empenhando nossos esforços em nome de uma causa que interessa a todos: a conscientização do eleitor sobre a importância do processo eleitoral.

Fora isso, estamos encerrando mais uma edição da Semana do Meio Ambiente, que foi riquíssima em conteúdo e estará reportada na pró-xima edição da Painel e, além dela, estamos organizando a Semana da Arquitetura que, ao lado de todas as demais semanas técnicas que realizamos, também vai trazer temas inovadores e palestrantes de renome com conteúdo para profissionais e estudantes.

Eng. civil Roberto MaestrelloPresidente da AEAARP

Eng. civilRoberto Maestrello

Editorial

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AssociAçãode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

Índice

Expediente

Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

EspEcial 05É para ficar aqui

OpiniãO 14Legislação Ambiental: a torcida pelo bom senso

agrishOw 15Diretoria da AEAARP conhece novas tecnologias na Agrishow

sanEaMEnTO 16Ranking de saneamento inclui RP entre as 10 melhores cidades

agrOEnErgia 18IV Workshop Agroenergia começa em 30 de junho

EnErgia 19BRASIL é líder em energias limpas

OpiniãO 20PROJETO MORADIA LEGAL desfavelizando Ribeirão Preto

pEsQUisa 21Na UFSCar resíduo de cana vira argamassa

crEa 22ABNT dá desconto para profissionais do CREA

caMpanha 23AEAARP lança campanha de conscientização sobre ART

ciViliDaDE 24Campanha Civilidade nas Eleições recebe adesão de entidades

inDicaDOr VErDE 24

paTriMÔniO hisTÓricO 25AEAARP entrega cartilha sobre patrimônio histórico ao Conppac

nOTas 26

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

roberto maestrello Geraldo Geraldi Junior Presidente Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: Hugo Sérgio Barros RiccioppoDiretor Financeiro: Ronaldo Martins TrigoDiretor Financeiro Adjunto: Luis Carlos Bettoni NogueiraDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Anibal Laguna

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: Newton Pedreschi ChavesDiretora de Comunicação e Cultura: Maria Ines CavalcantiDiretor Social: Paulo Brant da Silva Carvalho

DIRETORIA TÉCNICAEngenharia Agrimensura e afins: José Mario SarilhoAgronomia, Alimentos e afins: Calil João FilhoArquitetura, Urbanismo e afins: Luis César BarillariEngenharia Civil, Saneamento e afins: Edison Pereira RodriguesEngenharia Elétrica, Eletrônica e afins: Tapyr Sandroni JorgeGeologia, Engenharia de Minas e afins: Caetano Dallora NetoEngenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e afins: Giulio Roberto Azevedo PradoEngenharia Química e afins: Paulo Henrique SinelliEngenharia de Segurança e afins: Luci Aparecida SilvaComputação, Sistemas de Tecnologia da Informação e afins: Orlean de Lima Rodrigues JuniorEngenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e afins: Gustavo Barros Sicchieri

DIRETORIA ESPECIALUniversitária: Hirilandes AlvesDa Mulher: Nadia Cosac FraguasDe Ouvidoria: Arlindo Antonio Sicchieri Filho

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Luiz Gustavo Leonel de Castro

Arlindo Clemente Filho José Fernando Ferreira VieiraDilson Rodrigues Caceres José Roberto Scarpellini Edgard Cury Luis Antonio BagatinEduardo Eugenio Andrade Figueiredo Manoel Garcia FilhoElpidio Faria Junior Marco Antonio PinheiroEricson Dias Melo Nelson Martins da CostaFernando Ferrucio Rivaben Pedro Ailton GhideliGilberto Marques Soares Ricardo Aparecido DeBiagiHideo Kumasaka Sergio Luiz Coelho Wilson Luiz Laguna

CONSELHEIROS TITULARES DO CREA-SP REPRESENTANTES DA AEAARPCâmara Especializada em Engenharia Civil: Wilson Luiz LagunaCâmara Especializada em Engenharia Mecânica: Giulio Roberto Azevedo PradoCâmara Especializada em Engenharia Elétrica: Tapyr Sandroni Jorge

REVISTA PAINELConselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Giulio Roberto Azevedo Prado e Hugo Sérgio Barros Riccioppo - [email protected]

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Joaquim Antonio Nascimento 39, cj. 24, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14024-180Fones: 16 3916.2840 | 3021.0201 - [email protected]

Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Georgia Rodrigues

Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - [email protected] Pajolla Júnior / Jóice Alves

Tiragem: 2.500 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - [email protected] Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.Fotos: Fernando Battistetti.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

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É para ficar aquiExecutivo municipal já foi questionado oficialmente pela Procuradoria Federal

A cidade se levantou no dia 24 de maio, contra o anúncio feito pela prefeitura de que pretende retirar o que resta dos tri-lhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em Ribeirão Preto. Durante audi-ência pública convocada pelo Ministério Público Federal e Estadual, a AEAARP, ao lado de outras entidades e cidadãos (veja lista dos apoiadores ao lado), resumiu o sentimento coletivo: “Não podemos ter a irresponsabilidade de não preservar mais esse patrimônio”, disse Roberto Maes-trello, presidente da Associação.

Preocupados com a declaração da prefeita Dárcy Vera na reportagem “Dnit e Ribeirão negociam troca de área”, de 11

de abril de 2010, publicada pelo Jornal A Cidade, de Ribeirão Preto, o procurador da República André Menezes encami-nhou ofício à prefeita, no dia 16 de abril, pedindo explicações sobre as declara-ções. O secretário de Planejamento Ivo Colichio respondeu no dia 22 de abril que a questão dependerá de estudos. A reportagem informa que a “prefeitura vai disponibilizar local no Anel Viário para li-nha de trem e governo vai entregar malha desativada para corredores de ônibus”.

No dia 24 de maio, o procurador André Menezes e o promotor de Justiça Naul Felca convocaram a audiência pública para debater o assunto. Compareceram,

“Hoje, com a liquidação dos trens de passageiros, as estações foram abandonadas tornando-

se alvos de invasores e vândalos que destroem o patrimônio

histórico. As estações são marcos da chegada do progresso e

desenvovimento nas cidades e deveriam ser respeitadas

e preservadas pelos poderes públicos, diz Geraldo Godoy da Associação Brasileira de

Preservação Ferroviária.

especial

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representando o município, os secretários da Cultura, Adriana Silva, e do Turismo, Humberto Pereira Lima. Representando a sociedade civil, com opinião unânime, estavam: AEAARP, Instituto História do Trem, Associação Brasileira de Preser-vação Ferroviária, Sindicato Mogiana (trabalhadores em empresas ferroviárias na Zona Mogiana), Associação Ribeirão-pretana de Ferreomodelismo, Sindtur-Sindicato de Turismo e Hospitalidade de Ribeirão Preto e ONG Vivacidade.

A secretária Adriana Silva disse que, ao saber da declaração, questionou o próprio governo. Segundo ela, “a posição da Secretaria do Planejamento é de que havia projeto de retirada dos trilhos, mas não de todos. Há estudos, mas não se sabe qual área será retirada e qual vai permanecer”. Silva disse que iria relatar à prefeita o conteúdo da audiência e terminou informando que não tem poder de decisão. “Vamos aguardar o posicio-namento do governo. O que entendo é que o diálogo está aberto”.

Já o secretário de Turismo, Humberto Pereira Lima, foi incisivo e tomou posi-

ção: “A Secretaria de Turismo tem por obrigação ajudar a preservar a história de Ribeirão Preto. Não é nosso interesse destruir o patrimônio. Ribeirão Preto não tem um atrativo que traga turistas para lazer. Não serei eu um instrumento de destruição do patrimônio. Serei um aliado a essa causa”. E reforçou dizendo que a Secretaria tem um grande interes-se na preservação do ramal que resta da ferrovia.

O procurador André Menezes infor-mou que a Procuradoria da República está no processo por conta de bens federais envolvidos – como mobiliário, carros, cofres etc. – que se encontram no prédio da Estação Barracão, no bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto.

Na audiência, o promotor Naul Felca ressaltou que houve um tombamento do patrimônio relativo à antiga ferrovia. “Foi tombado o Barracão e outras áreas correlatas e que englobam a ferrovia. Então, não sei, sinceramente, como a administração municipal vai tratar isso”, enfatizando que a Procuradoria e Mi-nistério Público estão coesos em uma única posição – a de defesa inconteste do patrimônio da cidade. Segundo ele, a intervenção do Ministério Público foi motivada pela “situação absurda de di-lapidação” do referido patrimônio.

Felca reclamou que a movimentação da administração pública é “enorme-mente letárgica” e que, apesar das difi-culdades, municípios vizinhos, menores e com menos recursos, estão muito à frente nesse processo, recebendo o pa-

A linha férrea que parte da Estação Barracão é a mais

antiga e única da época do Império na região nordeste

paulista. Mais de 700 km foram modificados e restam apenas 4 km sem alteração – único

trecho original da Companhia Mogiana inaugurado pelo

imperador D. Pedro II em 1886. Hoje o trecho está abandonado com entulho, lixo e mato alto

em toda sua extensão.

especial

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trimônio relativo às antigas ferrovias. A Prefeitura Municipal de Pontal realizou uma cerimônia para assinatura da con-cessão de Termo de Guarda Provisória e Posse da estação, armazém e entorno da FEPASA Pontal, no dia 28 de maio. Felca finalizou: “Queremos uma posição defi-nitiva, senão o Ministério Público Federal e Estadual vão tomar providências. O que for possível para tirarmos da discussão jurisdicional nós faremos. Se não houver possibilidade, vamos tomar as providên-cias para defesa desse patrimônio”.

André Menezes conclamou a socie-dade civil a se mobilizar pela causa e, referindo-se à apresentação feita pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que veio a Ribeirão Preto especialmente para a audiência pública e mostrou exemplos de prefeituras em todo o país que transformaram sucatas em trens autosustentáveis, reforçou: “Gostaria de ver em Ribeirão Preto inicia-tivas como essas de outras prefeituras”.

A PropostaO Instituto História do Trem, criado

em 2009 pelo arquiteto ribeirão-pretano Denis Esteves, propõe a reutilização do conjunto da Estação Barracão e de seu sítio, instalando o Museu Ferroviário de Ribeirão Preto e implantando uma pequena linha ferroviária turística. O projeto prevê a reabertura da Praça Conselheiro Antônio Prado – caso raro de praça pública lacrada – e recuperação da região ao redor da estação. O plano começou a ser de-senvolvido há oito anos.

O arquiteto Esteves defende que a Estação Barracão tem condições de abrigar todo o acervo documental existente, além de peças de mobiliário e equipamentos de pequeno e médio porte, permitindo inclusive a remon-tagem do escritório da estação, com o mobiliário e aparelhagem de acordo

com seu aspecto original. O acervo de grande porte, composto principalmente por locomotivas, carros de passageiros, vagões e maquinário de manutenção, poderá ser acondicionado no próprio pátio de manobras da estação, conser-vando suas vias e permitindo o acesso do público. Visando proteger o acervo das in-tempéries, parte do pátio poderá receber uma cobertura especial que não interfira no projeto arquitetônico do edifício.

O projeto do Instituto História do Trem contempla, ainda, uma proposta de promoção da cultura ferroviária, com o intuito de consolidar os laços culturais da ferrovia, promovendo e incentivan-do atividades com temática ferroviária.

Como exemplo de atividades possíveis, pode-se citar a prática do ferreomode-lismo, o uso de simuladores ferroviários, recursos audiovisuais e a disponibilização do acervo documental para consulta. “O acervo poderá ainda incluir documenta-ção relativa à imigração ocorrida durante o ciclo do café, uma vez que o prédio já foi ponto de recepção de imigrantes que vieram trabalhar nas lavouras cafeeiras”, explica o presidente da entidade.

Além disso, o auge da proposta é a implantação de uma linha férrea turístico-pedagógica, destinada à circu-lação de composições tracionadas por locomotivas a vapor. “Nossa proposta é chamar de Trem do Café esse pequeno

trem turístico, em referência ao ciclo econômico que garantiu a riqueza da cidade e o motivo principal da construção da ferrovia, que era es-coar a produção da região”, sugere Esteves. Ele ressalta que a linha tem por objetivo aproveitar o trecho inativo entre as estações Barracão e Ribeirão Preto-Nova, com percurso aproximado de 8 km. O trecho em questão segue grande parte do traçado original da linha-tronco da Companhia Mogiana.

Praça Conselheiro Antônio Prado: portões fechados

A imagem mostra a linha do trem a ser utilizada no projeto, ligando a Estação Barracão à estação Ribeirão Preto - Nova, localizada na Avenida Mogiana. A linha azul é a linha original de 1886, inaugurada por D. Pedro II, e o traçado vermelho é a linha inaugurada em 1964, junto com a estação da Avenida Mogiana.

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A Estação Barracão, apesar de ser um bem tombado pelo CONDEPHAAT, não recebeu qualquer atenção visando à sua preser-vação. É vítima de cupins e goteiras. A estação se encontra desa-tivada e despojada de seu mobiliário, tendo parte de seu edifício,

assim como a casa de turma, antigamente ocupada por fun-cionários, ocupados irregularmente. Apesar de todas

as degradações o edifício de mais de um século se conserva sólido. Muita coisa ainda é passível

de recuperação. Vários documentos e ma-teriais ferroviários já foram perdidos – parte foi doada ao Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto, mas parte dos objetos foi sucateada ou furtada e o restante está na Estação Barracão aguardando restauro.

Situação do patrimônio

ABF - Associação Bebedourense de Ferreomodelismo e Memória Ferroviária, ABOTTC - Associação Brasileira dos Operadores de Trens Turísticos e Culturais, ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, ACIRP - Distrital Oeste - Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, AEAARP - Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, AFA - Associação de Ferreomodelismo de Araraquara, AFPF - AssociaAção Fluminense de Preservação Ferroviária, APFMF - Associação Paranaense de Ferreomodelsimo e Memória Ferroviária, ARF - Associação Ribeirãopretana de Ferreomodelismo, Cartel Caipira - Comunidade de Ferreomodelismo, Faixa Branca - Clube do Carro Antigo de Ribeirão Preto, GRUSCFER - Grupo Sãocarlense de Ferreomodelismo, IFPPC - Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural, Ministério Público do estado de São Paulo, Ministério Público Federal, Movimento de Preservação Ferroviária, ONG VIVACIDADE, Ribeirão Preto e Região Convention & Visitors Bureau, SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas, SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Sindicato Mogiana - Sindicato de Empregados em Empresas Ferroviárias da Zona Mogiana, SINDTUR - Sindicato de Turismo e Hospitalidade, Sociedade de Pesquisas para Memória do Trem, Venerável Ordem Primeira da Confraria do Trem

Entidades que até o momento manifestaram apoio ao projeto

Revitalização da regiãoO Instituto História do Trem entende

que a recuperação do entorno da Esta-ção Barracão é de vital importância para a revitalização do bairro. O arquiteto Denis Esteves denuncia que atualmente a área ao redor da estação é utilizada por usuários de drogas, principalmente no período noturno. “A necessidade de eliminar estes usos nocivos é reforçada pela existência de uma escola municipal

a apenas alguns metros do local. A causa dessa degradação é a não utilização da área, por parte da população, que aliada a pouca visibilidade, constitui um atrativo para os usuários de drogas e vários mar-ginais que ali se refugiam”, alerta.

Para ele, na implantação dessas pro-postas, existe ainda a preocupação de dar subsídios ao turismo regional através da própria infraestrutura do Museu Ferro-viário, de grande apelo turístico. Com a

implantação do complexo do museu e das intervenções propostas, passará a ocorrer uma reutilização da área pela sociedade, o que é de fundamental importância para a preservação do patrimônio. “Consideran-do-se o grande potencial cultural e turístico do museu ferroviário, pode-se presumir que ocorrerá um fomento da atividade tu-rística na região, o que por sua vez, significa um aumento do número de empregos e da capacidade de geração de renda”.

Segundo o engenheiro civil Roberto Maestrello, o ramal deve ser preservado pela sua importância histórica e turística, além de poder se tornar o leito para um futuro veículo leve sobre trilhos que poderá beneficiar toda a população da zona norte, usando a mesma linha. “Não que não tenhamos a pretensão de achar que nossa

cidade precise agora de um tipo de metrô de superfície, mas não podemos ser irresponsáveis de não estudar o assunto para um futuro que pode ser próximo. Acima de tudo não podemos perder aquele leito permanente, como fizemos com os demais”, enfatiza. Para ele, a falta de reserva de sítios estratégicos poderá fazer falta no futuro. “Exemplos existem pela cidade toda que hoje se vê muitas vezes tendo que partir para soluções viárias mesquinhas ou mesmo inoportunas por falta de espaços que deveriam ter sido planejados e reservados no passado”, resume.

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O Brasil já foi um país que teve como produto turístico a exposição do cor-po e a exploração sexual. Essa política equivocada trouxe sérios problemas sociais e econômicos para todos nós.

Por outro lado, temos diferenciais espetaculares para todo tipo de turis-ta – desde o turista de lazer até o de negócios. O país abriu os olhos para um nicho que o mundo já está ex-plorando e com resultados altamen-te positivos para o desenvolvimento econômico e cultural.

Um elemento que o Brasil tem como grande impulsionador do turismo é o espólio de sua história. É o caso dos trilhos que cortam centenas de muni-cípios e que estão sendo dilapidados ao invés de serem transformados em

O turismo brasileiro nos trilhosreceita para os municípios, empregos para a população, educação para as crianças, jovens e famílias, reintegração de comunidades inteiras, revitalização de regiões, preservação da memória e dignificação de uma história.

Inúmeros exemplos mostram que to-dos esses bens estão virando atrativos em várias regiões do mundo. No Brasil mesmo temos estações autosustentá-veis e muitos museus históricos que pro-vam o que não é mais teoria apenas.

Sem sombra de dúvida são essas ini-ciativas que têm refletido na imagem do país lá fora: acaba de ser divulgado o ranking da ICCA – entidade interna-cional que classifica os países, confor-me inúmeros itens, para receberem eventos mundiais – e o Brasil chegou à

7ª posição. Há anos a rede brasileira de Convention & Visitors Bure-aux vem lutan-do para valorizar a posição brasileira. Afinal, essa classificação é fundamen-tal para atração de investimentos in-ternacionais em eventos e o turismo de eventos é um grande gerador de empregos, sem poluição, turismo limpo e projeção da nossa imagem como uma potência não mais de tu-rismo sexual.

Marcio Santiago é presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux do Estado de São Paulo

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10 especial

Viação Férrea Campinas-Jaguariúna

Com 25km de extensão, a viação parte de Campinas (estação Anhumas) até Ja-guariúna, passando por quatro estações. O trem é conduzido por autênticas loco-motivas a vapor, de várias estradas de ferro brasileiras. Aos sábados, domingos e feriados, a operação é realizada com várias locomotivas a vapor.

Trem do Imigrante

O visitante tem um bonde para pas-sear e um ramal ferroviário reativado. A nostalgia fica por conta da estação, de uma maria-fumaça, dos bilhetes para embarcar e funcionários vestidos a caráter. Mais informações em www.memorialdoimigrante.org.sp.br.

Trem dos Ingleses

A Vila de Paranapiacaba em Santo André-SP abriga o Museu do Casteli-nho, caminhadas na Serra do Mar com monitoria e guias especializados e res-taurantes para todos os paladares. Os passeios no Trem dos Ingleses funcionam com monitoria de terça-feira a domingo, partindo do Pátio do Museu Funicular.

Trem das Águas

A autêntica locomotiva a vapor per-corre o trecho entre a Estação de São Lourenço e a Estação de Soledade de Minas. Aos sábados e domingos o pas-seio de trem oferece também música com violeiros e degustação de produtos típicos da região. Os vagões de madeira foram restaurados, com vidros decora-dos, pisos e lustres.

Trem da Serra da Mantiqueira

O trem parte da estação de Passa Qua-tro com destino a Coronel Fulgêncio, no alto da Serra da Mantiqueira. Os passa-geiros podem visitar uma exposição foto-gráfica no hall da estação, além da feira de artesanato e culinária. A viagem revela locais onde foram filmadas as minisséries Mad Maria e JK, da Rede Globo.

Trem da Serra do Mar

Associação preserva história

Fundada em 1977 pelo francês Patrick Henri Ferdi-nand Dollinger, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, ABPF, reúne os interessados em preservar e divulgar a história da ferrovia brasileira. Sediado em Cam-pinas, o Museu Ferroviário, mantido pela entidade, exibe imagens de antigos trens e mantém um acervo com mais de 15 locomotivas a vapor, sendo 11 em operação. Veja abaixo os nove trens turísti-cos e culturais operados pela Associação no Brasil.

Em parceria com o poder público, a entidade está de-senvolvendo o projeto do Museu Aberto da Ferrovia. A proposta quer chamar a aten-ção para o tratamento do pa-trimônio cultural ferroviário (acervo documental , material rodante e equipamentos fer-roviários, via permanente e edificações ferroviárias).

Além de difundir os as-pectos históricos relativos ao transporte ferroviário, vai oferecer subsídios para suscitar a reflexão em torno dos problemas e desafios con-temporâneos para questões envolvendo desenvolvimento de tecnologia, industrializa-ção, urbanismo, transporte, logística e meio ambiente.

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São 45km percorridos de trem entre Rio Negrinho e Rio Natal, em Santa Cata-rina, passando por quatro túneis, pontes em grande altura e rios. Inaugurado em 1995, o trem percorre um trecho fer-roviário construído em 1910 e leva os passageiros até o museu da estação.

Trem das Termas

Com 20 mil turistas todos os anos, o

Trem das Termas foi instalado em 2003. O modelo belga, a vapor, de 1906, tem duas composições para fazer o trajeto de 25km entre os municípios de Marcelino Ramos e Piratuba, em Santa Catarina.

Trem do Contestado

O passeio no Trem do Contestado resgata a história de municípios de San-ta Catarina. Para resgatar os conflitos

vividos pela população cabocla, durante a Guerra do Contestado, entre 1912 e 1916, os passeios são promovidos pelas cidades às margens do Rio Do Peixe.

Trem do Natal

Sua operação é comemorativa e be-neficente na época do Natal, entre São Paulo (Estação da Luz) e Mogi das Cruzes (Sabaúna), com tração diesel.

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12 especial

Os primeiros tempos da urbanização de Ribeirão Preto, impulsionados pela expansão cafeeira, deram-se no exato momento de modernização das ideias no Brasil que vinham se consolidando desde a libertação das amarras com a Corte portuguesa e que dominaram as relações sociais e econômicas durante três séculos: a constituição fundiária da cidade seguiu a lei que instituiu o sistema aquisição de terras exclusivamente por meio de compra e venda; a mão-de-obra empregada nas lavouras de café já se deu a partir de um sistema baseado no trabalho livre e assalariado, que alavan-caria o desenvolvimento de um mercado consumidor interno; a formação do povo constituiu-se da miscigenação dos primeiros entrantes mineiros criadores de gado com novos imigrantes de várias nacionalidades, sobretudo a italiana. Soma-se aos acontecimentos de final de século o fim da soberania do Império e autonomia em relação à Igreja advindos com a República.

Com esse novo cenário, a cafeicultura se desenvolveu e garantiu à cidade um grande destaque na economia nacional ainda no final do século 19, pois gerou um complexo de atividades interdepen-dentes, incluindo comércio de importa-ção, intermediação financeira, comércio atacadista, fábricas e serviços de apoio à produção, que induziram o crescimento de comércio varejista e construção de infraestrutura urbana. Portanto, o café permitiu que Ribeirão Preto tivesse con-dições para se desenvolver sem depen-der exclusivamente desse produto, como outrora ocorrera nos auges da cana-de-

açúcar, borracha e cacau no Brasil. Portanto, a riqueza gerada pela cidade

não é resultado unicamente de uma elite cafeeira, mas de um conjunto de pessoas, migrantes brasileiros, imigrantes estran-geiros, que trabalharam na cidade ou no campo, em atividades diversas e que impediram a estagnação após o “crack” de 1929 nos Estados Unidos, que cessou as importações de café.

Sendo assim, é completamente restrita a ideia de que o “patrimônio arquitetô-nico” de Ribeirão Preto seja represen-tado apenas por meio dos exemplares que integram o centro da cidade, onde outrora residiam os grandes barões de café. Pesquisas em arquitetura, história, economia têm contribuído nas duas últimas décadas para revelar “outras histórias” da cidade, além daquelas já consagradas que envolviam os primeiros criadores de gado ou fazendeiros de café. São histórias de pessoas que trabalha-ram na construção da infraestrutura da cidade, nas primeiras fábricas, comércios e serviços oferecidos, bem como nas primeiras estações ferroviárias.

Essas histórias materializam-se por meio de resquícios, de ruínas que mis-turam-se ao cotidiano de moradores da cidade, como antigas, fábricas, trilhos e estações, constituindo o que o filósofo alemão Walter Benjamin chamou de “fio de Ariadne” que possibilita o res-gate de histórias no “labirinto” da vida moderna.

Os “lugares” que evocam a memó-ria não se localizam nos centros, nos monumentos erguidos para imortalizar personalidades ilustres, pelo contrário, encontram-se junto às pessoas comuns, nos bairros de imigrantes, operários e o tempo só lhes confere maior honestida-de, uma vez que não foram ainda “reto-cados” com restaurações ou reformas, nem transformados em “espetáculos”.

“Apagar os rastros” de um passado construído pelas pessoas comuns é uma estratégia bastante conhecida entre

governos autoritários e tementes da força de sua população, que se utiliza de projetos “em nome do progresso” para promover o esquecimento conveniente de fatos e pessoas. Cabe aqui retomar “A exceção e a regra”, de Bertold Brecht:

“Estranhem o que não for estranho. Tomem por inexplicável o habitual. Sintam-se perplexos ante o cotidiano. Tratem de achar um remédio para o abuso. Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra”.

Ribeirão Preto vem seguindo um caminho econômico memorável, fruto do esforço de sua gente. Entretanto, as raízes das pessoas que fazem a cidade próspera não vêm sendo respeitadas. Tornou-se comum aniquilar todos os ves-tígios da história em nome do progresso, enquanto deveríamos estar unidos para lutar pelo pouco que nos resta. Não se trata da defesa de se preservar tudo, pois para a cidade continuar viva, também é preciso saber desconstruir. Entretanto, é preciso escolher, com técnica, inteligên-cia e respeito, aquilo que será mantido.

Preservar exemplares representantes de uma única classe social é promo-ver uma mentira, é contribuir para a consolidação de um “mito” que não corresponde à realidade. Os habitantes precisam conhecer seu patrimônio, mas sobretudo têm que reconhecer-se como parte dele. Casarões, sedes de fazendas, igrejas e teatros constituem parte do patrimônio arquitetônico, mas não a totalidade. Trilhos, fábricas, chaminés e estações ferroviárias representam a outra parte que também precisa ser mantida, pois remete ao cotidiano das pessoas comuns.

E ao escolher o que deve ser preser-vado, é importante a contextualização: uma estação ferroviária não tem sentido sem os trilhos. Se ela vem a abrigar um museu, uma escola ou um memorial,

geraçõesO que restará às

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13

perderá completamente sua ligação com a origem se não forem mantidos elementos que permitam sua inserção na paisagem.

Ribeirão Preto deveria seguir exemplos de países europeus, que respeitam seu patrimônio e valorizam as ferrovias, seja para transporte de massa seja para bucólicos passeios turísticos – e que movimentam a economia. Ao contrário, a cidade segue a lógica consumista ameri-cana, que descarta e substitui tudo o que é velho (incluindo pessoas!), sendo que o ambiente, incluindo o patrimônio edi-ficado e o natural, sempre sucumbe aos projetos de expansão da malha viária.

A característica progressista de Ribei-rão Preto tem nos dificultado a perceber que no interior dos bairros, sobretudo

os antigos, longe dos “holofotes”, que as práticas cotidianas genuínas ainda são preservadas, embora modificadas e modernizadas, pois a história não é estanque, passada, mas se mantém viva no presente.

No setor de crescimento centro-sul, direção para onde têm se expandido rapidamente os condomínios fechados verticais e horizontais, observa-se que as calçadas e praças não são apropriadas pelos moradores da mesma forma que nos bairros tradicionais, e o patrimônio histórico rapidamente é substituído por novos empreendimentos. Para essa população, são criados os “lugares” de convivência urbana – teatros, espaços para shows, complexos de bares e res-taurantes, shopping centers, grandes

parques urbanos e outras atividades de lazer, necessariamente associadas ao consumo. Todos esses espaços, aces-sados exclusivamente de carro, apenas realizam sua função de convívio urbano quando seus usuários consomem o que lhes é oferecido. Estes “lugares” de consumo não envelhecem, não deixam marcas da passagem do tempo.

Por isso, cabe-nos a reflexão: para mantermos nossa cidade viva temos que matar nossa história? Às gerações futuras restarão apenas as fotografias?

Adriana Capretz Borges da Silva Manhas é arquiteta de Ribeirão Preto, desenvolveu pesquisas sobre o Núcleo Colonial Antônio

Prado e atualmente coordena o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal de Alagoas.

futuras?

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14 opinião

O primeiro Código Florestal brasileiro foi criado em 1934. Não se tratava de preocupação ambiental, mas um Decre-to de proteção de florestas objetivando reserva de madeira para fonte de energia (calor), construções e até mesmo embar-cações. Foi estabelecido, à época, que nenhum proprietário rural poderia aba-ter mais do que três quartas partes das florestas existentes em sua propriedade; ou seja, 25% das florestas deveriam ser mantidas.

Em 1965 foi elaborado o Novo Código Florestal, Lei 4.771, que em seu texto ori-ginal também determinava que porcen-tagens das áreas de florestas existentes na propriedade deveriam ser mantidas a título de reserva legal, sendo 50% na Amazônia Legal e 20% no restante do país. Porém o texto original foi alterado, e a porcentagem de preservação passou a ser exigida sobre a área da propriedade, independentemente de a cobertura ser floresta e excetuando-se as áreas de preservação permanente. Esses percen-tuais foram definidos sem a adoção de nenhum critério técnico-científico. Modi-ficações no Código Florestal foram feitas principalmente pela Lei 7.803/89 e por medidas provisórias.

Contrariando o princípio constitucional da irretroatividade das leis, principal-mente em estados de ocupação mais antiga como São Paulo, proprieda-

Legislação Ambiental: a torcida pelo bom senso

des convertidas para uso agrícola antes da vigência da mesma, muitas com mais de um século de história, foram coloca-das na ilegalidade, gerando importante insegurança jurídica. Como se isso não bastasse, a MP 2.166 em uma de suas 67 reedições, alterou os percentuais de RL, que no caso da Amazônia Legal passou de 50% para 80% da área de floresta, e de 20% para 35% na área de cerrado de transição, novamente sem nenhum critério técnico. O inacreditável é que, no passado, o governo exigia o desmatamento de 50% da área da pro-priedade situada na Amazônia Legal, sob a ameaça de não conceder o título de posse da terra. Da mesma forma houve incentivo governamental para ocupação de APP’s, como o Pró-Várzea, ou mesmo a exigência de limpeza da vegetação no entorno de corpos hídricos, para controle de insetos vetores de doenças, como a malária e a febre amarela.

As dificuldades para cumprir a atual legislação ambiental são inúmeras. Exis-tem 16.000 normas (federais, estaduais e municipais) em vigor, muitas contradi-tórias entre si. O cumprimento do atual Código Florestal exigirá a conversão de áreas atualmente em franca produção. O custo da exigência para aquisição de mu-das, plantio e cuidados por três anos está estimado em R$ 14 mil por ha. A prática tem ganho ambiental questionável, mas traz a certeza de significativos impactos negativos na renda, na produção, nos empregos e na arrecadação de impostos. Serão necessários 2,8 milhões de ha em São Paulo. A exigência ainda contraria o disposto na Constituição Federal, pois imputa todo o ônus da preservação sobre o proprietário rural, enquanto o diploma determina que o dever da preservação

ambiental caiba ao poder público e a toda a sociedade. Além do mais, não existem garantias de que a Lei não será modificada novamente, e que os produtores que se adequarem agora não sejam jogados na ilegalidade novamente em um futuro muito próximo. Isso inibe investimentos.

Já para aqueles que desmataram de-pois da vigência da Lei, o tratamento deve ser diferenciado. A estes talvez caibam medidas compensatórias. Talvez porque o ideal é que a Lei seja rediscutida à luz da ciência e da tecnologia. Preservar, pro-teger, recompor, conservar, mantendo o equilíbrio entre os aspectos econômicos, ambientais e sociais. Independente-mente do fato de quem preservou, ou quem recompôs, é necessário valorizar a floresta em pé. Deve haver uma com-pensação financeira para aqueles que as mantêm. Toda a sociedade se beneficia dos serviços ambientais prestados. Os produtores devem ser remunerados por isso. Já começa a haver concordância neste ponto, no entanto o mecanismo para que os recursos cheguem de fato às mãos dos proprietários, bem como a fonte dos mesmos, são ainda de difícil equacionamento.

Mas, admitindo que todas as arestas sejam aparadas, restarão ainda gran-des dificuldades: elevados custos para georreferenciamento, projetos, implanta-ção e averbação; excesso de burocracia; ausência de profissionais habilitados para os trabalhos de levantamento e implanta-ção; para citar alguns. A expectativa em torno da mudança do Código Florestal é grande. Que prevaleça o bom senso!

Mônika BergamaschiDiretora executiva ABAG/RP

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15

Diretoria da AEAARP conhece novas tecnologias na Agrishow

A diretoria da AEAARP visitou a edição 2010 da Agrishow. Dentre as novidades, o estande da Secretaria da Agricultura. Tradicionalmente, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), atra-vés do Departamento de Sementes de Mudas exibe mudas e plantios de varie-dades de sua produção. O Departamen-to de Produção possui, como objetivo maior, oferecer opções para o agricultor paulista (agricultura familiar, pequeno e médio proprietário) no plantio de uma agricultura de subsistência e mesmo a oferta de fruteiras para a implantação de pomares caseiros, ou mesmo essên-cias de recomposição florestal, infor-

mou o vice-presidente da AEAARP, engenhei-ro agrônomo Geraldo Geraldi Junior, do Nú-cleo de Produção de Sementes de Ribeirão Preto.

Na Agrishow, alem de uma bem montada cobertura que abriga-va uma enorme coleção destas mudas , foram implantados canteiros demons-trativos de milhos e girassóis.

“O grande objetivo desde Departa-mento da Secretaria, é desenvolver e oferecer sementes de plantas varie-

dades, sem o objetivo de estabelecer concorrência com o que existe, mas sim como uma opção a mais na oferta de uma semente que dará origem a uma lavoura rústica e de produtividade satis-fatória com baixo custo”, concluiu.

agrishow

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16 saneamento

Um estudo do Instituto Trata Brasil avaliou os serviços prestados de coleta e tratamento de esgoto em 81 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitan-tes. O ranking mostra que, no conjunto dos indicadores avaliados, Ribeirão Preto ocupa a sexta posição entre as melhores cidades do país, com operação municipal em parceria com o setor privado. O estu-do revela ainda, o que é feito com esgoto gerado por 72 milhões de brasileiros nas maiores cidades do país.

De acordo com Raul Pinho, conselhei-ro do Trata Brasil, a conclusão é que os maiores avanços no período de obser-vação ocorreram nas cidades que pro-curaram desenvolver alternativas para antecipar as metas de universalização através de parceria com empresas priva-das. “Ribeirão Preto foi a pioneira e entre 2007 e 2008 passou da 19ª posição para o sexto lugar no ranking tratando 70% da água consumida na cidade”, afirmou.

O estudo revelou que entre os anos de 2003 e 2008 houve um avanço de 11,7% no atendimento de esgoto nas cidades observadas e de 4,6% no tratamento. Ainda assim são despejados no meio ambiente todos os dias 5,9 bilhões de litros de esgoto sem tratamento algum,

gerados nessas localidades, contami-nando solo, rios, mananciais e praias do país, com impactos diretos à saúde da população.

A base de dados consultada para apontar esse avanço foi extraída do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgado anual-mente pelo Ministério das Cidades, e que reúne informações dos serviços de água e esgoto fornecidas espontaneamente pelas empresas prestadoras dos serviços nessas cidades. A série se encerra em 2008, sendo a última e mais atualizada informação oficial que o país dispõe, divulgada pelo Ministério das Cidades, neste ano.

Outra constatação do estudo é de que o Brasil conseguiu melhorar o alcance da prestação dos serviços de coleta e de tratamento de esgoto com a retomada dos investimentos no setor, desde a criação do Ministério das Cidades, em 2003, mas não atingirá a universalização dos serviços sem um maior engajamen-to das prefeituras. “São as cidades que apresentam os maiores problemas so-ciais decorrentes da falta dos serviços e que concentram cerca de 72 milhões de pessoas no país”, afirmou Pinho.

Ribe

irãoinclui RP entre as 10 melhores cidades

Ranking de saneamento

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), iniciativa de responsabilidade socioambiental que visa a mobilização dos diversos segmentos da sociedade para garantir a universa-lização do saneamento no Brasil. Criado em julho de 2007, o Instituto Trata Brasil conta com o apoio de empresas e entidades de todo o país.

Confira o resultado completo do estudo do Instituto Trata Brasil no site http://www.tratabrasil.org.br/

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17

O ranking mostra que, no conjunto dos indicadores avaliados, estão entre as melhores cidades do país: Jundiaí (SP), primeira colocada, Franca (SP), em segundo, Niterói (RJ), em terceiro, Uberlândia (MG), em quarta posição, Santos, litoral paulista, em quinta posi-ção; Ribeirão Preto (SP), Maringá (PR), Sorocaba (SP), seguida de Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), 10ª colocada.

O volume de investimentos e a redução de perdas de água tratada foram os principais motivos para que os dez primeiros colocados em 2008 melhorassem sua posição em relação a 2007. Dentre os municípios que en-traram para o grupo dos dez melhores, o avanço de Ribeiro Preto, que passou da 19ª para a 6ª posição, se deve ao aumento da cobertura de tratamento de esgoto de 38% para 70%, segundo o estudo.

O estudo considerou a população total atendida com água tratada e com rede de esgoto, tratamento de esgoto por água consumida, índice total de perda de água tratada, o que demonstra a eficiência do operador, calculado com base nos volumes totais de água produzida e de água faturada, tarifa média praticada nos serviços, que corresponde a relação entre a receita operacional direta do presta-dor do serviço e o volume faturado de água e de esgoto na cidade, além do volume de investimentos em rela-ção à geração de caixa dos sistemas, compreendendo a arrecadação sem despesas operacionais.

De acordo com o estudo, as dez últimas cidades no ranking refletem a falta de investimentos nos serviços avaliados. Nova Iguaçu (RJ), com po-pulação de 855 mil habitantes e sem

*Veja as movimentações das 10 melhores e 10 piores cidades na comparação 2007/2008.

coleta de esgoto, Belém (PA), Canoas (RS), Rio Branco (AC), Jaboatão do Guararapes (PE), Ananindeua (PA), São João do Meriti (RJ), Belford Roxo (RJ), Duque de Caxias (RJ) e Porto Velho (RO).

Confira o resultado completo do estudo do Instituto Trata Brasil no site http://www.tratabrasil.org.br/

O Instituto Trata Brasil é uma Orga-nização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), iniciativa de respon-sabilidade socioambiental que visa a mobilização dos diversos segmentos da sociedade para garantir a universa-lização do saneamento no Brasil. Cria-do em julho de 2007, o Instituto Trata Brasil conta com o apoio de empresas e entidades de todo o país.

As 10 melhores e 10 piores

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18 agroenergia

IV Workshop Agroenergiacomeça em 30 de junho

O ‘IV Workshop Agroenergia: matérias-primas’ está confirmado para os dias 30 de junho e 1º de julho. A programação vai debater as questões da produção de etanol, biodiesel, bioetanol, cultura da cana-de-açúcar e culturas agroenergé-ticas, com enfoque na fotossíntese. O evento traz painéis, formação de mesas de debates, espaços para patrocinado-res, pôsteres e estandes.

Os principais temas apresentados serão: potencial dos biocombustíveis para o Brasil; a fitossanidade e as bar-reiras comerciais; avanços tecnológicos na cultura da cana-de-açúcar e culturas agroenergéticas, com ênfase na conser-vação dos solos e fitossanidade; pesquisa e desenvolvimento de matérias-primas para produção e uso de biocombustíveis; biocombustíveis e a questão ambiental; consorciação de culturas, alimentos e energia.

Promovido pela APTA Regional Centro Leste e IAC (Instituto Agronômico de Campinas), o Workshop conta com o apoio da AEAARP. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected] e pelos telefones 19.3014.0148, 19.8190.7711 e 19.9112.1952. Mais informações podem ser obtidas no site http://www.infobibos.com/agroener-gia. O evento será realizado nas sedes da APTA e do IAC (Anel Viário KM 321 Ribeirão Preto-SP).

30 de junho – quarta-feira

12h00 Credenciamento e entrega de material13h00 Abertura13h30 Painel 1: Agroenergia e matérias-primas Miguel Joaquim Dabdoub – LADETEL - USP - Cenário dos biocombustíveis no

Brasil, com ênfase às matérias-primas. Pedro Castro Neto (UFLA, Lavras) – Biodiesel x alimentos e sustentabilidade

agrícola. José Eduardo Marcondes de Almeida (Instituto Biológico) – Pragas da cana –

controle com responsabilidade ambiental. Coffee-break 15h30 Painel 2: Sistemas de produção sustentável Denizart Bolonhezi (APTA Centro Leste, SAA) – Plantio direto e

sustentabilidade dos agroecossistemas. Edmilson José Ambrosano (APTA Centro Sul) – Coberturas verdes para

proteção solo. Leonardo Afonso A. Menegatti (Apagri-Farmsat Brasil) – Agricultura de

precisão Depoimento de profissionais de usinas. Debate: Moderador Dílson Rodrigues Cáceres – DSMM-CATI, SAA.

1º de julho – quinta-feira 08h00 Painel 1: Avanços tecnológicos da pesquisa em cana-de-açúcar Marcos Andrade G. Landell (Centro de Cana-IAC-APTA, SAA) – Variedade,

fator que faz a diferença! Tadeu L. Colucci de Andrade (Centro de Tecnologia Canavieira, Piracicaba) –

Novas tendências no setor canavieiro. Walter Maccheroni Júnior (Canavialis – Monsanto) Panorama atual da

ferrugem alaranjada da cana.Coffee-Break 10h00 Painel 2: Integração Lavoura-Pecuária e produção sustentável Fábio L. F. Dias (Centro de cana – IAC-APTA, SAA) – tendências de nutrição

da cana-de-açúcar. Luiz Gustavo Nussio (Esalq-USP) – A cana de açúcar para alimentação animal Ramon Costa Alvarenga (Embrapa Milho e Sorgo) – Integração lavoura-

pecuária-floresta. Perguntas e Debate - Moderador Márcio A. P. Bidoia (Centro de cana, IAC).

Programação

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19energia

BRASILO Brasil é líder mundial no uso de

fontes de energia renováveis. Hoje, 46% da energia consumida vêm de fontes alternativas. A média em outros países é de apenas 13%. Os dados estão no Boletim de Economia e Política Internacional do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O país só alcançou este estágio graças à produção de eletricidade por hidrelétricas, que corresponde a 15% do total de energia renovável, uso de lenha e carvão vegetal (comum nas termelétricas), com 12%, e, sobretudo, pela utilização de produtos da cana-de-açúcar, com 16%. Outras formas de energia renovável respondem por 3%.

Já o etanol representa, hoje, mais de 90% do fornecimento mundial de

é líder em energias limpas

biocombustíveis líquidos e é produzido, fundamentalmente, a partir da cana-de-açúcar. Temas como esses serão amplamente debatidos no 5º Congresso Internacional de Bioenergia, que acontece de 10 a 13 de agosto de 2010, em Curitiba. Neste período, palestrantes e painelistas do Brasil e de diversos países do mundo estarão transmitindo informações importantes sobre o atual estágio e perspectivas de energias renováveis em nosso planeta. O 5º Congresso Internacional de Bioenergia é o principal fórum brasileiro de tecnologia e uso de energias renováveis. Reúne empresários, técnicos e profissionais da área de biomassa, biocombustíveis, geradoras de energia e energias alternativas.

BioTech FairJuntamente com o Congresso

acontece a 3ª BioTech Fair – Feira Internacional de Tecnologia em Bioenergia e Biocombustível. O programa completo do evento e detalhes da feira estão disponíveis no site www.bioenergia.net.br. A promoção é da Remade, com coordenação técnica da Renabio (Rede Nacional de Bioenergia). Informações pelo telefone (41) 3329-0860 ou e-mail [email protected].

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20 opinião

Assumindo, em 2005, uma das varas de Fazenda Pública, constatamos a existência de vários problemas (pedidos de fornecimento de medicamentos à população carente, ineficiência do sistema de arrecadação fiscal, assentamentos precários (favelas), cuja solução não deveria ser objeto apenas de processos, mas de políticas públicas. Ao buscarmos por elas, não as encontramos.

No que toca aos assentamentos precários, a nossa experiência como juiz em Jaboticabal, há mais de 20 anos, já tinha demonstrado ser possível uma parceria da sociedade com o poder público, pois, lá, já tínhamos contribuído para a erradicação da então única favela existente na cidade. Utilizamo-nos, aqui, de métodos e determinação semelhantes e procuramos pessoas e as posicionamos em núcleos temáticos e constituímos um Grupo Gestor.

Obtida essa mínima organicidade, passamos à ação. Sobrevoamos a cidade e fotografamos todos os assentamentos precários. Em seguida, fotos e mapa da cidade na mão, elencamos as comunidades para intervenção prioritária, elegendo a favela Monte Alegre, com cerca de 420 famílias, e os assentamentos (5) do entorno do aeroporto, onde moravam outras 1.000 famílias. Para o primeiro, elaboramos um projeto de reurbanização, traçando um sistema viário e viabilizando a construção de casas para onde seriam transferidas as famílias que não poderiam mais permanecer no local; fizemos projetos de água, esgoto, asfalto etc. E mãos à obra! Hoje, aquela comunidade, que mudou até de nome, pois não é mais uma favela, conta com água encanada, esgoto recolhido, guias de sarjeta, asfalto, praças etc. e, muito brevemente, receberá equipamentos sociais

(públicos, mas não do poder público), que serão utilizados e administrados por ONGs, igrejas, clubes de serviço etc., onde haverá cursos (alfabetização de jovens e adultos, pedreiro, eletricista, manicure, corte e costura etc.), possibilitando o aumento da renda e das perspectivas daquelas famílias. Trata-se, portanto, da promoção daquelas pessoas que, ao passo em que ganham um endereço, elevam-se em dignidade e cidadania.

Para as famílias das favelas do entorno do aeroporto, já construímos 29 casas e estamos construindo outras 692, já em fase de acabamento. Retiramos 11 famílias da favela da barragem de Santa Tereza e as levamos para as 102 casas construídas no bairro Paulo Gomes Romeo. Outras 484 unidades estarão sendo construídas, pelo CDHU (R$ 16.000.000,00), para atendimento das famílias que ocupam a favela das Mangueiras e, numa parceria, provavelmente inédita, com a iniciativa privada, vamos iniciar a construção de 44 casas em Bonfim Paulista, para atendimento das famílias que compõem a favela Faiane.

Temos como prioridade as áreas de risco como a favela do brejo (ou Tanquinho), que é vítima de inundações quase todos os anos, e a da Várzea, nas quais residem cerca de 700 famílias.

No início, era apenas o verbo, fácil nas vésperas das eleições; agora, atitudes, estas sim capazes de resgatar a cidadania e a dignidade de milhares de pessoas. Sete milhões de pessoas moram em favelas no Brasil. Ribeirão Preto está dando um pequeno passo para mudar essa realidade. Quiçá esse exemplo se espalhe por aí.

João Gandini é Juiz de Direito e coordenador do Projeto Moradia Legal

[email protected]

ião

PROJETO MORADIA LEGAL desfavelizando Ribeirão Preto

Na UFSCar

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21

Na UFSCar

Substituir parte da areia utilizada na preparação de argamassa e concreto pela cinza do bagaço de cana é a proposta de uma pesquisa desenvolvida na Univer-sidade Federal de São Carlos (UFSCar). A equipe, coordenada pelo engenheiro civil Almir Sales, professor da UFSCar, mostra que esse resíduo poderá ter um destino ambientalmente adequado e se transformar em um importante insumo na fabricação de argamassa e concreto para a construção civil. Os resultados foram apresentados em um artigo publicado na versão on-line da revista norte-americana

Waste Management. A pesquisa, iniciada há três anos com

apoio da Fapesp, mostrou que a substi-tuição de 30% a 50% em massa da areia natural pelas cinzas não apenas preserva as características físicas e mecânicas de um concreto de boa qualidade, mas traz ganhos de resistência. “Nessa faixa de subs-tituição, o concreto feito com cinzas pode ter resistência 20% superior à do concreto convencional”, afirma Sales. Esse tipo de concreto também reduz a necessidade de áreas para destino dos resíduos e, ao mesmo tempo, utilizará menos areia, dimi-

argamassaresíduo de cana vira

pesquisa

nuindo o impacto ambiental sobre os leitos dos rios, de onde a areia é retirada.

O tratamento para que a cinza do bagaço possa ser utilizada na substituição da areia, de acordo com Sales, é simples e de baixo custo. O próximo passo é a realização de testes de durabilidade do concreto. Nesses ensaios, com prazo previsto de 12 meses, também será verificado se o concreto feito com cinzas possui características adequa-das para proteger armaduras – ou seja, se, além de durável, ele pode resguardar o aço empregado nas construções de concreto do processo de corrosão.

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22 crea

O Sistema CONFEA/CREA/Mutua e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) se juntaram para disponibilizar as Normas Técnicas Brasileiras para os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia do Brasil.

Os profissionais do sistema podem consultar as normas técnicas em mais de 700 pontos de atendimento. Em Ri-beirão Preto a consulta está disponível no escritório regional do CREA-SP, que fica na sede da AEAARP.

Todos os profissionais do sistema terão direito a desconto de 50% na aquisição das normas. Aqueles que são associados à Mutua terão desconto de 60%.

“As normas mudam acompanhando os avanços tecnológicos. A consulta é eficaz justamente para o profissional checar se

ABNT dá desconto para profissionais do CREAaquela norma que ele procura atenderá à sua necessidade. Dessa maneira o investimento que fará valerá a pena”, explica José Galdino Barbosa da Cunha Junior, chefe da unidade do Conselho em Ribeirão Preto.

As normas serão disponibilizadas em formato digital e a ABNT vai oferecer um software de visualização. O usuário terá a opção de imprimir o conteúdo. A aquisição pode ser feita no site www.abntcatalogo.com.br/confea/.

Eng. civil José Galdino Barbosa da Cunha JúniorChefe da UGI - Ribeirão Preto - CREA - [email protected] João Penteado 2237Jd. São Luis - Ribeirão Preto -SP 16 3623.7627

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23nononon

Ao preparar sua ART, não se esqueça de preencher o campo 31 com o código 046. Assim, você destina 10% do valor recolhido para a AEAARP. Com mais recursos poderemos fortalecer, ainda mais, as categorias representadas por nossa Associação.

Contamos com sua colaboração!

AEAARP lança campanha de conscientização sobre ART

Fazer a manutenção de um jardim, desenvolver um projeto paisagístico, fazer ampliação de um imóvel, cons-trução ou reforma de uma calçada são serviços que exigem mais do que um profissional com conhecimento prático – pedreiro ou jardineiro. De acordo com o CREA-SP, os usuários de trabalhos considerados menos com-plexos, como a instalação de uma caixa d’água, por exemplo, desconhecem que os serviços devem ser executados sob a coordenação de profissionais habili-tados pelo Conselho.

A ART (Anotação de Responsabilida-de Técnica) é o documento que atesta a responsabilidade sobre os projetos desenvolvidos por esses profissionais. Foi criada pela Lei 6.496, de 07 de de-zembro de 1977, e regulamentada pela Resolução 425, de 1998, com o objetivo de definir, para efeitos legais, a autoria e os limites da responsabilidade técnica pela execução de obra ou prestação de qualquer serviço de engenharia, arqui-tetura, agronomia, geologia, geografia e meteorologia.

As ARTs devem ser registradas junto ao CREA. O documento compõe o acer-vo técnico do profissional e é a garantia de que o trabalho é executado por profissional habilitado. “Caso ocorra al-gum imprevisto o contratante tem seus direitos assegurados”, explica Roberto Maestrello, presidente da AEAARP (As-sociação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto).

Ao registrar a ART junto ao CREA, o profissional recolhe uma taxa sobre o valor do projeto declarado e 10% des-sa taxa podem ser repassados a uma

entidade que represente a categoria profissional. Em Ribeirão, a AEAARP é a entidade credenciada a receber esse valor, quando indicada pelos pro-fissionais na ART. Por determinação da legislação, a receita repassada às entidades representativas da categoria profissional deve ser aplicada em ações de aprimoramento profissional.

Um levantamento do escritório re-gional do CREA-SP em Ribeirão Preto revela que apenas 40% das ARTs indi-cam a AEAARP como beneficiária dos 10% recolhidos compulsoriamente. A Associação é a única entidade local credenciada a receber esse recurso.

Em 2009 o CREA-SP bateu o recorde em registros de ARTs. 60 mil documen-tos foram protocolados no Conselho. De acordo com o Conselho, no ano passado R$ 18 milhões foram desti-nados às entidades de classe – o valor contempla várias fontes de recursos do CREA-SP, incluindo ARTs.

Neste ano, a AEAARP completou 62 anos de fundação e é uma das três maiores associações do setor no Brasil. A partir da próxima semana, a Associação inicia uma campanha para divulgação da importância da ART. “A responsabilidade técnica é um ins-trumento que valoriza o profissional e dá segurança para a sociedade. Os trabalhos que envolvem as engenha-rias, a arquitetura e a agronomia são de risco. Leigos não podem executar esses serviços. Nós sabemos que muitas vezes essa é a opção econo-micamente viável. Porém, evoca o dito popular: o barato que sai caro”, explica Maestrello.

campanha

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24

Tels: (16) 3630.1818Fax: (16) 3630.1633R. Roque Nacarato, 81 Ribeirão [email protected]

Tudo em material elétrico

Ligada em você

civilidade

Indicador verde

Lixo espacialO aumento da quantidade do “lixo espacial” - restos de foguetes, satélites desativados e até ferramentas perdidas por astronautas - pode provocar um colapso no sistema de comunicação da Terra. Segundo um relatório do Pentágono, os “poluidores espaciais” em órbita podem destruir importantes satélites ao redor do planeta, provocando a interrupção do funcionamento de telefones, aparelhos de GPS, transmissões de redes de televisão e impedindo as previsões meteorológicas. Bharath Gopalaswamy, astrônomo indiano do Stockholm International Peace Research Institute, acredita que, atualmente, haja mais de 370.000 destroços vagando pelo espaço, ante 1.100 satélites em funcionamento na órbita terrestre.Fonte: Veja

Óleo vegetalO Inmetro e a Fiat apresentaram um projeto que transforma motores a diesel em motores para tratores movidos a óleo vegetal puro. O objetivo é desenvolver tecnologia para melhorar o desempenho dos tratores. Como não há necessidade de transformar o óleo vegetal puro em biodiesel, o custo seria menor para o produtor, chegando até 30% de economia nos gastos com a compra de combustível. O uso do óleo vegetal no motor pode reduzir em torno de 20% as emissões de gases poluentes. De acordo com o Inmetro, a ideia é trabalhar com vários tipos de oleaginosas - entre elas o girassol - e não somente com a soja, que é a primeira matéria-prima utilizada no projeto. No futuro, a meta é trabalhar com oleaginosas características do país, como o dendê e a andiroba. Fonte: Agência Brasil

O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), ACIRP (Associa-ção Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil – Ribeirão Preto) fizeram sua ade-são oficial à Campanha Civilidade nas Eleições. A campanha, iniciada pelo Mi-nistério Público e AEAARP terá debates, cartilha, exibição de filmes, divulgação em escolas e atividades para alertar a população sobre a importância do voto consciente durante o processo eleitoral que acontece neste ano no país.

Já está pronta a Cartilha do Eleitor, que será lançada nos próximos dias, trazendo várias informações. O mate-rial traz informações sobre os cuidados que o eleitor deve tomar para escolher seu candidato nas próximas eleições, com orientações sobre como denunciar fraudes ou ações que violem as leis elei-torais e listagem dos canais idôneos de informações para o eleitor.

O novo mascote da Campanha Ci-vilidade nas Eleições já está pronto. É assinado pelo artista visual, Cordeiro de Sá. O desenho tem as cores da Bandeira Nacional e mostra o “Bandeirinho” to-mando banho numa alusão ao conceito de transparência. “Devemos lavar Brasil nessas eleições. Tomara que o mascote ajude muita gente se conscientizar so-bre a importância do voto e, ao mesmo tempo, que os políticos façam campa-nhas limpas, tanto em suas propostas quanto no respeito às vias públicas”,

Campanha

Civilidade nas Eleições

afirma Sá.Leandro de Oliveira Stoco, coorde-

nador da Comissão de Direito Político e Eleitoral da OAB, confirmou o apoio da entidade e destacou a importância da campanha como espaço de debate e participação popular. “É com otimismo e determinação que a Ordem dos Ad-vogados do Brasil de Ribeirão Preto une forças com outras entidades de peso a fim de fomentar o exercício da cidadania através da Campanha Civilidade nas Eleições”, afirmou Stoco. O movimento já conta com apoio das torcidas organi-zadas do Botafogo e Comercial Futebol Clube entre outros.

“O momento é de congregação de forças para mobilizar o maior número de cidadãos em prol da democracia e atitude cívica. Em outubro teremos um importante processo eleitoral que envolverá todo o país. É papel de toda a sociedade contribuir para a transparên-cia desse processo”, defende Roberto Maestrello, presidente da AEAARP.

Carlos Cezar Barbosa, promotor e um dos idealizadores da campanha, diz que “a campanha ganha força com a adesão da sociedade e esperamos que o mo-vimento conquiste mais espaço com o lançamento do mascote e da cartilha”.

Todo cidadão e representantes de entidades podem encaminhar novas sugestões para a Campanha e participar pelo e-mail: [email protected].

recebe adesão de entidades

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25patrimônio histórico

Tels: (16) 3630.1818Fax: (16) 3630.1633R. Roque Nacarato, 81 Ribeirão [email protected]

Tudo em material elétrico

Ligada em você

legenda da foto: Roberto Maestrello e Cláudia Morrone (o centro) junto com diretores da AEAARP e membros do Conppac

AEAARP entrega cartilha sobre patrimônio histórico ao Conppac

O presidente da AEAARP, Roberto Maestrello, entregou ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto (Conppac) 300 exemplares da Cartilha Patrimônio Histórico: como e por que preservar. O material trata da memória, preservação e tombamento, feita pelo CREA-SP, ppor meio da Câmara Especializada de Arquitetura e do seu Grupo de Trabalho Patrimônio Histórico e Arquitetônico – 2008, aprovado pela Plenária do Conselho e instituído pelo presidente do CREA, José Tadeu da Silva. Trata-se de excelente texto de fundo técnico, elaborado de maneira acessível e didática, que vem contribuir de maneira substancial no esclarecimento do assunto aos cidadãos em geral.

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Avenida Meira Junior, 314 | Ribeirão - SPTel: (16) 3441-0100 | Nextel: 7* 44632

AÇO ARMADO - TRELIÇA TELA - PREGO - ARAME

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A AEAARP arrecadou 286 quilos de alimentos e agasalhos, que foram entregues para a Creche Lar Irmã Izolina e Carib (Centro de Abrigo e Apoio à Adoção de Ribeirão Preto).A arrecadação aconteceu durante a Semana de Tecnologia da Construção, realizada pela AEAARP, no mês de abril. As duas entidades beneficiadas atuam na proteção e amparo de crianças carentes da comunidade.

AEAARP arrecada mais de 280 quilos de alimentos para entidades

EngEnhAriA CivilMaria Aparecida Ferrari Bronzatti

Mariangela Maito SostenaAlberto de Barros Filho

Alexandre Augusto Barbosa DacanalAlexandre Marcelo Silva Duarte

Artur Papa MazerDanilo Borges de Oliveira

Decio Rosa NetoEraldo Garcia Cortez

Itamar dos Santos CunhaJesuino Tadeu Aparecido Pipoli

Rafael Biagioni VieiraRafael Pires Magalhaes

Reinaldo Andruccioli

EngEnhAriA AgronôMiCARubens Ferracioli Peres

EngEnhAriA DE MinASNilton Isobata

EngEnhAriA DE SEgurAnçA Do TrABAlhoRicardo Lazarin

EngEnhAriA MECâniCAFelipe Simonini de Oliveira

ESTUDANTE - ENgENhAriA AmbiENTAlRenan Gritti de Carvalho

ESTUDANTE – ArqUiTETUrA E urBAniSMo

Andrea Correa Valim

ESTUDANTE - ENgENhAriA Civil E AfinS

Andre da Silva ParejoDione da Silva Luz

Marcos Ferreira de MeloWeber Philip Dantas Araujo

ESTUDANTE - ENGENHARIA DA COMPUTAçãO

Diego Antonio Sales

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