padre pio e os anjos

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  • ORIGEM DA PUBLICAAO DESTE LIVRO NA INTERNET POR

    http: Iciturascatolicas.hlogxpot.cnnv

  • G I O V A N N I P . S I E N A

    PADRE PIO E OS ANJOS

    E D IT O R A E D U C A L O N A C I O N A L

    P O R T O

  • [\mm urlila8. ROBtfllO SIMOXSCH, 9(A/i T16 A mj* O CAR MO. 142)

    SAO PAULO

    ompcrttcA0 eT I P O G R A F I A M O D E S T A R. rie* C&UfeirfirO,

  • G I O V A N N I P. S I E N A

    PADRE PIOE O S A N J O S

    T R A D U A O

    DK

    Dr. !>.' G A S P A R P IZ A R R O DE P O R T O O A R R E R O

    E D IT O R A E D U C A

  • O A njo c o atnfto mais sincero e o mai* pel. ttsmcr quando (cmos a infclicc- dn.de de o drsgostuc com o rosso man comportamento.

    P a u r e P io

  • r i tm o do o r ig in a !

    1/ R A OF3CT.T A N G E L I

    i ArtAtcft Pofia &

    NADA OBSTA

    P o r t o , 5 JfA/>0 R E I R A

    JOD2 iXif'KIMI K- .K

    P o r lo , 0 de S e te n ib ro 7c /flsP

    >> FLOnKWTlKO Bi.^p Auxiliar

    D IR E ITO S RE SE R VA D O S P A R A P O R T U G A L E B K A S lli

  • IENTRE O CEU E A TERRA

    Quando observamos a Naturcza, o que mais nos irnpressiona e suscita a nossa admirado a sua ma- ravilhosa harmona, f: que nela, tudo est disposto com ordem e medida e notamos, entre os diversos gneros e especies que a compem, urna sbia e pro- grcssiva disposiqo sena nterinitneias abruptas nem absolutas, urna sucessao ordenada c sem falhas que, partindo do mundo mineral, passa pelo vegetal c animal para ter seu termo no homem inteligente.

    A natureza uo procede por saltos; nela tudo coordenado por elementos intermedinos que sao como que os ancis de urna extensa cadeia. No h espatos vazios, nao h solu^o de continuidade entre a materia inorgnica e o homem. Poderemos, no en- tanto, afirmar o mesmo quanto distancia que separa o homem de Deus? Existir tambm aqui a mesma gradaqao? A resposta afirmativa. Elos invi- siveis, mas nem por isso menos reais, unem o Cu e a Terra: sao os Anjos.

    Se assim nao fora, a harmona do Universo quebrar-se-ia inopinadamente c a CriaQao para logo cedera o lugar a um vacuo desolador, que repugna

  • e desnorteia( ' ) . Por outro lado, no se afigura pos- svel de concepgo, que Deus, na sua perfei$o infinita, no tenha criado seres espiritual e intelectual- mente mais desenvolvidos que o homem e imitando melhor a nature za divina, seres que, em si mesmos, tornam mais visvel o selo do Ser perfeito ; por outras palavras: seres mais bem feitos sua imagenu

    Para alm deste globo habitado pelos homens, outro reino floresce: o reino dos espritos invisveis,o WaJhaUa misterioso (2 ), como lhe chamavam os antigos normandos nos seus Sagas.

    Aos argumentos precedentes poderiamos ajuntar outras razoes colhidas as mltiplas tradiQcs dos povos antigos e actais e nos escritores retintamente gregos e latinos: desde os Genios dos Romanos aos demnlos de Thales; desde a especie alada do Timen de Plato aos imortais dos Trabalhos e Dias de Hesodo c que eram guardioes dos mortais por ordem de Zeus, vigilantes sobre as boas obras e as acQoes ms e que, invisveis (revestidos de ar), se espalham ]>or toda a parte sobre a Terra; desde as criaturas invisveis idnticas aos nossos Anjos e aos demnios, as quais (segundo S. Cipriano) acreditavam os Magos da Prsia, at aos espritos da Terra c do Ar (aqueles assemclhados) entre os Babilnios, os Celtas, os Hinds e os Chineses (3 ). Isto, porm, levar- nos-ia muito longe. Alias tais razoes, muito embora altamente significativas, nao deixam de ser insuficientes para se poder asseverar, eom certeza absoluta, a existencia de um mundo invisvel e espiritual intermedirio entre os homens c Deus,

    " G IOVANNI P. SIENA

  • PADRE PIO E OS ANJOS 9

    Por conseguinte, se a cren

  • nORIGEM E NOMERO DOS AN.TOS

    A existncia dos Anjos deve-se a um acto da vontade divina que os tirou do nada; tal a doutrina imposta pelo Dogma Catlico. Em contrapartida, assunto de controvrsia o momento aproximativo da oriago deles: ter sido antes ou depois do apareci- mento do mundo material ? Arrighini (5 ), apoiando-se cm Origines, sustenta como possvel que a cria

  • 1 '2 GIOVANNI P. SIENA

    vel. E assim todo o mundo visvel dos corpos feito para ser movido e dirigido pelo mundo invisvel dos espritos. No entanto, e mau grado o bem alicergado desta afirmaco, o argumento para ser discutido.O prprio Concilio IV de T,atrao longe de precisar a questo em debate parece, antes, querer lade-Ia: no inicio dos tempos e jx>r sua virtude omnipotente criou Deus simultneamente todas as criaturas espi- rituais e corpreas, anglicas e terrenas*. Ora, aqui, a exprcsso no infrio vaga e deixa o problema sem solugo, por motivo das dificuldades que o mesmo ofcrece.

    H outra questo de modo igual debatida, em que particularmente se empenharam os Escolsticos em longas e acesas disputas: a questo do Jugar onde os Anjos foram criados. Seguem-se logo, em conexo com a espiritualidade, outras controvrsias a que apenas faremos ligeira referencia: por exemplo. a diferente entre anjo e anjo (sero da mesma especie ou cada qual constituir espcie parte?); de que modo comunicam entre si e agem em determinado lugar; como excrcem a sua vontade, etc. Tais assun- tos, alm do seu carcter discutvel, sao tambm se- cundrios sob o ponto de vista dogmtico (6).

    Entretanto a questo em que todos sao unnimes c a do nmero extraordinario dos Anjos; e, dccerto, nao lhe falta atractivo nem interesse, mere- cendo, por isso mesmo, algo mais do que urna simples menoao.

    Afirmam uns que o nmero dos Anjos iguala o dos homens que ho-de existir desde Ado at ao fim

  • PADRE PIO E OS ANJOS

    os celestes. , pois, justo que as substncias imateriais cxcedam em nmero e sem comparago possivel as substncias materiais (9).

    Aos aduzidos testemunhos da Escritura e s argumentares dos Telogos vem juntar-se as reve- laQoes dos Santos.

  • 14 GIOVANNI P. SIENA

    Santa Francisca Romana, em xtase, viu os Anjos sairem das mos do Criador formando urna como neve densssima. Um pasmo indescritivel apoderarse dos privilegiados aos quais concedido abrir os olhos da alma sobre a mensa e inconcebvel reali- dade do mundo anglico. Com maravilhosa evidencia (conta a Beata ngela de Foligno (10), cu via Jess Cristo dcscer dos Cus cercado de inumeriveis coor- tes flamejantcs. de tal modo que, se eu nao soubesse que Deus tudo faz por medida, acreditara nao liaver conta para tais esplendores. Tamanho era o nmero que a vista e o espirito desnorteavam; a tal ponto era endiente de luz o que nos chamamos comprimento, largura, profundidade. O abismo pareca ter todas essas dimensdes para mais se alargar at ao infinito.

  • III

    ESP1 RITOS PURISSIMOS

    Independentes do spago, atravs do qual se des- locam com a rapidez da vibrago, do relmpago, do I * amento; libertos das influencias do tempo que 'li-Kconhecem, os Anjos nao sabem o que sejam infor- i vinios, calamidades, caducidade do homem e das coi-

    is. Tempo vir em que a Terra ser destruida e em que, extintas completamente, as estrelas se ho-de pulverizar (11). Os Anjos, porm, permanecero os -pintos que foram, sao e sero, conforme aquelas pulavras do Apstolo: as coisas visveis sao efme- i.i ;. as invisveis sao eternas (12). Ora os Anjos nao se veem, pois sao natureza simples, essencial- ini-ntc espiritual,-isenta da mais microscpica subs- meia material. Eles sao, tal qual o ponto imaginrio

  • GIOVANNI I*. S IENA

    pequenina, urna gotazinha; mas amontoando miriades do milhares de Anjos nem um tomo sequer obtere- nios...

    Entre os Telogos no existem opinies discordantes com referencia perfeita espiritualidade dos Anjos. certo que no verdade de F, mas, no ensino eclesistico, doutrina admitida e a nguagcm corrente faz-lhe frequentes alusSes, como o demons- tram frases como a seguintc: belo, puro como um Anjo. Nao se pode no entanto afirmar, em absoluto, que no tenha havido, aqui e ali, certa divergencia sobre o assunto.

    Efectivamente alguns chegaram a fazer da espiritualidade dos Anjos objecto de dvida c de viva discusso; outros negaram-na totalmente atribuindo as criaturas celestes no um corpo etreo, levssimo, mas sim um corpo de matria grosseira, necessitado de alimento especial embora desconhecido. Mas seme- lhantcs opinies no passam de outros tantos erros aparentados com o antropomorfismo pago e contra os quais no conseguiram imunizar-se homens como S. Justiniano, S. Basilio e Origines. Segundo este, os anjos precitos aglomerar-se-iam em redor dos sacrificios, vidos do sangue das vtimas e dos vapores jior ele exalados (13).

    Todava o erro mais grosseiro perfilhado pelos antigos foi o de admitirem nos Anjos a possibilidade de relagoes carnais com criaturas humanas. Atribui- -se tal erro a certos manuscritos dos Setenta nos quais os descendentes de Seth de que fala o Gnesis (V I, 2) como sendo filhos de Deua apaixona-

  • PA D R E P IO E OS ANJOS

    dos |>elas filhas dos homens e dcsposatida-as so chamados anjos por interpreta^o errnea. sobre- tudo surprcendente notar coni quanta frequneia os .intigos escritores cristos cometeram semelhante rro, nao obstante as explcitas aluses perfetta -spi ritual idade e pureza dos Anjos, como se ve, por cxemplo, em S. Mateus (X X II, 30) onde Jesus explica ios Saduceus que os homens c as mulheres depois da n\ssurreQo no se casaro, mas sero como os Anjos de Deus no Cu.

    Em oposiQo coni estas concepges erradas afir- mam-se diversos Padres e Doutorcs, entre eles S. Gregorio de Nazianzo, Dionisio Areopagita e S t" Ambrsio. Temos de convencer-nos afirma um deles ino nos Anjos nada h de material, nem sequer a mais tenue sombra de corpo, ainda a mais delicada e inipondervel que se queira imaginar. Um ponto i demasiado para indicar a simplieidade angelica; i relmpago rasgando as nuvens, o fogo mais subtil,o vapor mais voltil so outras tantas imagens ina- dequadas c imprprias (14).

    Entretanto ao anglico Santo Toms de Aquino que se deve a sentenza definitiva sobre esta quosto, de h sculos debatida. Estudante ainda, intcressou-se eie pelo estudo da espritu alidade das na turas celestes e defendeu-a tenazmente pela vida fora. O aeu genial tratado sobre os Anjos, pela sua

    i /uulvel sntese teolgica, o testemunho fiel do -pie afirmamos. Todos vo haurir a esse tratado como > fonte mais segura e autorizada, pois ele constitu, em sombra de dvida, um dos mais preciosos dons

    2

  • 18 GIOVANNI P. SIENA

    feitos Ciencia c Cristandade. i a mais bcla home- nagem de amor a esses seres invisveis, nossos inter- medirios e amigos, homenagem prestada por S. Toms que foi tambm na trra isento de pecado sensual, puro e anjo (15)-

  • A REVOLTA

    P. convicgo geral que, desde a sua aparigo, os Anjos gozaram de urna beatitude e perfeigo natu- ntiM, quer dizer conforme ao scu prprio ser, con- li;aii da sua natureza anglica, s propriedadcs e aos tributos constitutivos e distintivos com que Deus Om criou. Eles dominavam o universo sensvel, conhe-

    an a ordem que o govcmava, mas nao tinham . rihccimento perfeito da ordem sobrenatural. Os i -i uicipais mstrios sobrenaturais haviam-lhes sido n l.ido:. na obscuridade da f (16); viam a Deus i i h'Iihh como num espellio, reflectido pela prpria mit iirr/.i espiritual e pelas maravilhus da criago. i r outras palavras, eles conheciam a Deus i>elos u:i cfeitos, assim como um homem que, mcsmo n- ni crguer os olhos ao sol, faz dele urna idcia mais "u menos exacta, atravs dos efeitos da sua luz, do ni r que difunde e da vida que & trra comunica.

    O conhecimcnto dos Anjos diferia do dos ho- i'iiu p

  • GIOVANNI P . SIENA

    a razo disto: os Anjos ocupavam o lugar mais eminente da Criagao, estavam mais achegados a Deus, possuiam todas as qualidades requeridas para mais nitidamente lobrigarem a sua Omnipotencia, a sua Beleza e a sua Grandeza infinitas. Divergiam ainda dos homens no seguinte: os Anjos, conforme a feigo da sua natureza, viam e sentiam melhor; assim como, exemplificando, o mesmo objecto e o mesmo som podem ser percebidos mais ou menos perfeitamente de harmona com a melhor ou pior vista, o melhor ou pior ouvido que pcssa ter cada qual de ns.

    Depois de esclarecido o conceito do conhecimento dos Anjos com referencia sua natureza, devemos acrescentar que Deus, num acto de liberalidade e num excesso de infinito amor, quis tambm faze-los participantes do seu prprio modo de existencia, da sua prpria natureza divina, da sua prpria vida, clcvando-os da ordem naturai ordem sobrenatural, do estado de simples criaturas ao de filhos. E de que maneira? E:n virtude dum principio vital, tao misterioso como real e maravilhoso, principio vital que, insuflado no espirito deles, os sublimou, os tor- nou capazos duma actividade e dum poder superiores; quer dizer gratificou-os Deus com um dom de ondeo nome de dom gratuito o dom da graga santificante.

    Desta forma, elevando-os do estado de criaturas ao estado de filhos, Deus tornou-se para os Anjos Pai. Pai que, ternamente preocupado com o futuro de seus filhos, quis faz-los participantes do seu Ser; isto , permitira que O vissem, tivessem dEle urna

  • PAD RE PIO E OS ANJOS 31

    vmAo inefvel e embriagadora, no j na obscuridad la f e dos seus efeitos, mas directa e mediatamente mcrgulhados e como perdidos no oceano da sua luz. na imensidadc da sua Sabcdoria, nos caudais da sua a logria, no infinito da sua beleza e pcrfeigo. Que ilom Ihes no era feito!...

    O grande segredo deste dom souberam-no os Anjos mediante a benvola vontade do prprio Deus. Mas scr-lhcs-ia possivel um dia consegui-lo? Deus

  • 29 GIOVANNI P . SIENA

    fi provvel que, de inicio, tcnha havido por parte da massa global dos Anjos urna efuso espontnea e consciente, quase que urna chama sbita de reconhe- cimento e de amor quele que os tirou do Nada, dotando-os com existencia prpria, com maravilhosa e eminente personalidade. A seguir, porm, houve entre certos Anjos um arrefecimento, urna falta de amor que os levara por firn ruina.

    Acima de todes os espiritos anglicos achava-se um mais esplendido e poderoso, prottipo da seme- lhanga divina, chcio de sabedoria c de i>erfeita be- leza (17) : era Lucifer. Consciente de sua ppria digni- dade e nobreza naturai, nelas se dclcitou, admirando- -as, e, desvanecido de si mesmo, tornou-se orgulhoso: o teu corago ensoberbeceu-se com a tua beleza (18). Mas bem certo que, onde quer que a ponte complacencia e estima prpria, onde exista egoismo e orgu- lho, extingue-se a generosidade e diminu o amor a outrem. Foi assim que Lucifer comegou a no amar a Deus, opondo o amor prprio ao amor dAquele queo fizera nascer to privilegiado e to insigne para alm de todos os seres criados. O orgulho foi crescendo a par do amor prprio e f-lo esquecer a de- pcndncia de Deus. Persuadiu-sc que conseguira a bemaventuranga sobrenatural apoiado exclusivamente nos recursos da natureza sem a graga divina. De forma idntica que o homem, ensoberbecido pela ciencia c pela inteligencia que a si mesmo nao deve fica sujeito a desvos. Mas o estmulo de Deus persegue-o; e cnto que Deus se torna em sombra, que esmaga o homem c que este se esforga

  • PADRE PIO E OS A N JOS

    l volta, um corno claro sinistro incendiou o Cu. I':itrugiu grito horrfico, respondendo-lhe cm eco multitude de anjos cujo amor prprio, auto-sufi- lancia e orgulho igualmente haviam pervertido: h. i-dr escalar os Cus... Serei semelhante ao Altis-

    mmo! vociferavam eles.Como raio, surge ento um Espirito nobilissimo;

    1 pn nde-sc delc fora empolgante e irrcsistivel. Mtf .mdo-sc com toda a sua nobreza rcalada por umi m ItiIr generoso e um furor sagrado, irrompe entre

    multido presa as garras do tumulto e da perdi- Ao. oderoso, o Arcanjo So Miguel. E esse bradoi Mpassa como luz fulminante a extenso imensa dos mis, reboa por entre miriades de Anjos. Uns arre- piim-se pcrante a tragdia mnente; cobram nimo >utros c colocam-se a postos. As duas hostes antagnicas enfileiram frente a frente, cada qual com i- ti chefe. Trava-se por instantes conflito intenso dei 'usa montos e sentimentos (20). Instante fatal foi ie, que aos revoltosos gelou de modo e a todos arras-

    i com Lcifer, precipitado l do Cu como se forauni r.iio (21). De nada lhe presta ser o primeiro e o " us forte: Deus, conservando-lhe embora a naturels

    incorruptivel, degrada-o instantneamente, priva-ol i graa c da fora que da graa lhe advinha. Tal

  • 24 GIOVANNI P. SIENA

    qual o servo intil da parbola dos talentos, ficou privado do que possuia para logo ser lanzado as trevas onde h choro e ranger de dentes (22).

    4 Como caate Id d (23>

    Tal foi o trgico fim do Lucifer c dos outros aujos rebeldes: exclusa o do Paraso, condenaco sem termo e sem remedio. Castigo terrvel de que nao h exemplo na historia humana c ao lado do qual a tragedia universal do dilvio perde muito do seu horror. Por vez primeira se abriram os espantosos abismos do Inferno, sobre cuja porta o sublime Dante pode cscrever: (24)

  • PADRE PIO E OS AN'JOS 25

    mo os domis anjos fiis foram enriquecidos com grabas e prerrogativa, que Deus j nao podia

    l

  • VA QUEDA DO HOMEM E A ORIGEM DA GUARDA ANGLICA

    Pela sua expulso do Cu, lu c ife r e os outros r.jos precitos foram transmudados respectivamente m Diabo e Demonios. Todavia o nome que melhor pialifica o chefe da rebelio Satans, que significa mi ternario. Com efeito ele tornou-se inimigo decla- rado de Deus, autor de todo o mal, pai da mentira, nttese e negaQo da Verdade e do Bem; mima palavra, o grande perturbador da ordem divina. Degradado da dignidade de primeiro anjo, banido para empre e sem remdio, o furor c a raiva devoram-no, ;io mesmo tempo que a inveja aumenta os tormentos

  • GIOVANNt P. SIENA

    torna. Por isso bcm poda o Senhor dizer ao povo de Israel: amei-te com amor eterno* (27). Pelo mesmo excesso da Bcndade divina fora igualmente elevado, mediante a Grasa, da ordem natural ordem sobrenatural e adoptado por filho. Em virtude dos dons especiis (28) com que fora enriquecido, estava outrossm isento da raorte, da dor e de quaisquer sofrimentos, angustias c acidentes da vida. Como consequncia de tais dons, nao existia dcsarmonia entre o espirito e a carne. Os dois elementos fundiam- -se, no homem, numa perfeita harmona: nenhum sobrelevava o outro e as exigencias da carnc manti- nham-se em perfeita sujeico ao espiritual.

    Tanto a natureza vegetal como a animal estavam submissas ao homem, colocado no vrtice da Criago: era o rei, o dono do mundo; para ele c que Deus o criara: belo, rico, magnfico, tal como Lho inspirara o amor e solicitude patemais e o exiga a alta digni- dade do filho que o iria disfrutar, com a alegria nos olhos e no coraqo.

    Neste mundo, a magnificencia divina patenteava- -se vislvelmente perante o homem, cuja natureza terrena poda assim antever o Criador e, a unssono com as multldoes celestes, soltar o hio espontneo de louvor c reconhecimento: Santo, santo, santo o Senhor Deus dos exrcitos; cheios estao os Ccus c a Terra da Vossa Gloria. Hosana l as alturas!.

    K convicgo minlia que o primeiro homem rea- zava o sonho do poeta, aquele poeta crente que vibra e se comove ante as maravilhas da Criaqo, mas que chora a queda, origem de todas as preocupares e

  • PADRE PIO E OS AN JOS

    angustias da vida. Que feliz nao era o estado de Ado! Inocente, transfigurado pela Grasa, poda entreter-sc com os Santos An jos, travar com eles coloquios cor- diais e inefveis, ouvir as harmonas do Paraso, embriagar-se com a beleza que nele ia descortinando. Talvez que o prprio Deus se dignasse dcimbular no scu jardim e lhe dirigisse a fala, chamando-lhe doce- mente filho! No sen jardim dissemos. Efectivamente o lugar, que Deus dera a Ado para monda, era um paraso de delicias onde reinava luz quise celeste, onde a presenta de Deus se torna va tang.el pode- riamos dizer respirvel. Jardim ressonante de msicas e concertos misteriosos e suaves, deslumbrante de cores, saturado de perfumes. Ali, os animis de varie- dade surpreendente na espcie, no porte, na beleza, brincam e vagueiam mansos, deitam-se sombra do belo arvoredo carregado de frutas saborosas, atentos ao rnais leve snal ou palavra do seu doao. E neste lugar de delicias serpenteava um rio a inig-lo (29). Orlas ribeirinhas e montanhas irreais ian ]>erder-se no cu e reflectiam-se as aguas irisadas dos lagos; lelos vastos prados e pelas clareiras de encantados bosques, ouva-se o fumorejo de lmpidas nascentes; por toda a parte serpenteavam mrmuros arroios, emersos de fendas rochosas ou do flanco de colinas fecundas. Por aqui e por ali sendas amenes, caraman- chis, rccantos discretos propicios ao repoiso, aos desabafos e sonhos da inocencia... Quem{>oder des- crever as belezas e maravlhas do para de Ado! De)Ois nao era s ele a usufru-las; Deis havia-lhe dado urna companhcira: Eva. Com eh o homem

  • 80 GIOVANNI P. SIENA

    deveria guardar e cultivar esse lugar de delicias; mais ainda, tinha a incumbencia de o alargar, povoan- do-o e dominando a terra e suas energas: povoai a terra o dominai-a- Deveriam levar ao seu pieno desenvolvimcnto essa natureza salda, corno em esboQo, das mos do Criador (30), tornando-se assim prestrnosos cooperadores seus mediante um trabalho que, longc de os enfraquecer e cansar, lhcs aumentara a alegra de viver.

    Deste primeiro casal proviria urna civilizado, urna grande sociedade, rplica da ordem celeste na qual a caridade seria a lei suprema. Por firn despon- taria o dia grande, to suspirado e por Deus prometido, em que a Humanidade seria assunta glria e bemaventuranga do celeste Paraso.

    Tais eram as fascinantes e grandiosas perspectivas que o Senhor abrira ante os olhos de Ado e Eva. Entretanto, e como os Anjos anteriormente, eles ti- nham de merecer, era preciso que dessem provas de fidelidade, de submisso, de obedincia e de amor ao seu Bcnfeitor e Amo.

    Colocara Deus no Paraso terrenal urna rvore: a da ciencia do Bem e do Mal. Podis comer os frutos de todas as rvores que h no paraso, excepto os da rvore da cincia do Bem e do Mal; no dia em que deles comerdes, morrereis (31). Era assim o mandamento do Senhor e cuja observancia garantiria ao homem a posse do Cu. O Diabo, porm, csprcitava de longe a mnima oportunidade para transtornar a ordem divina; nao deixou fugir esta. Incitava-o nesta fria no tanto a felicidade presente do pri-

  • PADRE PIO E OS ANJTOS 31

    meiro casal, scno o destino ltimo, pois o demonio sabia de sobra que Ado e Eva com sua inumervel descendencia seriam elevados ao Paraso, para ali ocuparem os lugares outrora destinados aos anjos prevaricadores.

    Disfamado em serpente, rastejou at junto de Eva: nao morrereis, lhe diz; Deus sabe que, no dia em que provardes este fruto, se vos ho-de abrir os olhos e sereis como Deus conhecendo o Bem e o Mal (32). O demnio arma mulher un trplice laso: a desobediencia, a adulado de urna falsa cincia e o orgulho de, em certo modo, se igualar a Deus e emancipar-so da divina tutela (33). Eva repeliu a prinicira investida insidiosa do diabo; ccdcu, porm, segunda: ento, vendo que o fruto da rvore era belo e apetitoso, a mulher colheu-o, comeu e levou parte dele a seu marido, que tambm comcu (34).

    Depois de os ter impelido a cometer o delito com as mesmas armas que, a ele demnio, o haviam levado ruina, a serpente sumiu-se, deixando Ado e Eva na confuso e no pasmo. Com efeito, os ollios do pri- meiro homem tinham-se aberto, mas de forma bem distinta daquela que esperava. Que horrvel constata d o ! Num relance viram os progenitores do gnero humano o rasgo por eles aberto na C riado: entre Deus e o mundo abrira-se um abismo! Vcrificaram. sem demora, que do prprio ser desaparecera a harmona, surgindo em lugar dla as rcvoltas da concupiscencia e a rebelio da natureza externa, Rcconhe- ccndo por todos estes sntomas a clera de Deus, tive- ram medo e buscaram evadir-sc aos olhos do Senhor,

  • 32 GIOVANNI P . SIENA

    manifestando nisso mesmo o entenebrccimcnto da inteligencia* (53).

    Por que procedeste assim? perguntou Deus mulher. Multiplicarei os teus sofrimentos..., dars luz os fiLhos na dor. E logo voltando-se para Ado: Por tua causa est amaldigoada a trra... Ganhars o pao com o suor do teu rosto... s p... e em p te hs-de tornar (36).

    Quanto serpente, renovou Deus o eterno veredicto e maldigo: Maldita sers... Rastejars sobre ti mesma e comers trra todos os dias da tua vida* (37). Merecida condenar o esta, porquanto Lcifer tinha sido elevado a lugar de honra, fora dotado de grande inteligencia; determinara-se irre- vogvelmente, mas com plena lucidez. Tanto assim que se algum Ihe dissesse: nao pensaste no que fizeste..., ele respondera fojosamente: fi-lo com reflexo (38).

    A responsabilidade do homcm, cssa era de ordem totalmente distinta. Ele pecara sob a instigado do demonio, ao qual era inferior por natureza, e nao por d e t e r m i n a d o espontnea. Todava, cm contraste com a pequea fraeso de anjos que se perdeu, a irrevog- vel e plena condenado de Ado arrastou consigo a da Ilumanidadc inteira, pela transmisso do pecado or iginal. Neste ponto, dizem os Santos Padres (39), o hornera encontrou piedade do Corado de Deus que, em parte, lhe perdoou.

    Mas scmelhantc perdo implica um sacrificio para alm de toda a medida e que ser a prova suprema do amor infinito do Senhor. O abismo largo

  • PADRE PIO E OS ANJOS H

    liberto entre a criatura e o Criador ser terraplenado la Incarnago, a Paixo e a Morte do Verbo Divino, prego do perdo ser dado ao mundo e Justiga de Deus por urna mulher, humilde mas mais excelsa que outra criatura qualquor (40): a Virgem Senhora, Santa, Imaculada, que tambm h-de ter o nome de Mae de Deus. Porei inimizades entre ti e a mulher revela efectivamente o Senhor ao amal- digoar a serpente, ela te esmagar a cabega*.

    Entrementes, para que o espirito do mal nao abuse do homem, agora mais vulneravel em conse- quncia do pecado, eis que Deus multiplica a sua inesgotvel Bondadc, confiando a Humanidade nas- ccntc guarda e aos carinhosos desvelos dos Anjos fiis. Deu (o Senhor) ordem aos Anjos para vela- rem por ti em todos os teus caminhos; levar-te-o as prprias asas para evitar que firas os ps de encontr as pedras* (41).

    Um facto novo surge, portanto, na hera precisa da queda dos nossos primeiros pais: a guarda any- Ikx*. A propsito desta eis como fala S. Gregrio Niceno: Desde que a nossa Natureza cau no pecado, nao ficou a nossa queda sem o socorro de Deus; um Anjo foi destacado para assistir vida de cada qual (42). de tal importancia este facto que ele sor o assunto das pginas seguintes.

  • O R IG E M DA P L B L IC A A O DESTE L IV R N A IN T E R N E T PO R

    httD://ki t u r a s c a t o l i c i i s .b lo i s n o t .c o n i ;

  • V I

    O ARCANJO SAO MIGUEL GUARDIO DA CR1STANDADE

    Chegados ao assunto principal deste livro, como nao evocaramos, de inicio, o Chefe dos Anjos, aqucle que, demais disso, nos deu o mais belo exemplo de vigilancia na defesa, contra Lucifer, dos inviolveis dircitas divinos: o Arcanjo Sao Miguel?

    No decurso da sua rpida aparido as batalhas

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    Anjcs do Cu urna distribuido em Coros, de forma que os Coros inferiores rccebem luz e directivas dos Superiores (43), recordando aquela lei de gradado, atrs citada no captulo priineiro. Deste principio resulta que at as naces devera ter um Anjo protector que inspira e vai segurado o seu desenvolvi- mento (44). Nem faltam na Escritura e na Historia Elcsistiea argumentos comprovaiivos, em particular na pessoa do Arcanjo S. Miguel, que nesses documentos aparece sob a designado de guarda do poro liebre.

    De facto querem uns que seja ele quem infligiu as dez pragas ao Egipto, bcra como, disarqado em nuvera de fogo, quem milagrosamente conducili o povo eleito atravs do Mar Vermelho. Pretendem ter sido ele que ditou a Lei de Moiss no Monte Sinai; que defendeu os Hebreus contra Sennaeherib matan- do-lhe 185 000 soldados numa s noite; ele, por fim, quem encobriu aos Israelitas os despojos mortai de Moiss, para evitar que deles fizessem objecto de culto idoltrico (45).

    I/3-se em Daniel (X II, 1) um ptimo testemunho referido a Sao Miguel velando sobre o povo israelita: ento surgir Miguel, o grande Prncipe que guarda o teu povo*. Demais disto, conforme alguns intrpretes da Escritura, o mesmo Arcanjo teria transportado o profeta Ilabacueh da Judeia para Babilnia, animando e auxiliando Josu contra os Medos, por ocasio da tomada de Jeric. Eu sou o ehefe do exrcito do Senhor (40), disse o Arcanjo a Josu quando, antes do ataque cidadc, esplorava os arre-

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    lores. A sua vista o profeta cai de brugos, de rosto no chao e exclama: Que manda o Senhor ao seu servo? Ento Sao Miguel deu-lhe instruyes sobre :i forma como deveria eonduzir o ataque: todos es hoinens armados marcharo em tomo da cidade urna vez por da, durante seis dias; ao stimo os sacerdotes seguirao frente da Arca da Alianga, aps o toque das sete trombetas que se usam para o jubileu. Daris sote voltas em redor da cidade e os sacerdotes toca- ro as trombetas. Logo que o som das trombetas, prolongado e ntido, ecoc em vossos ouvidos, todo o l>ovo soltar gritos clamorosos; nessa altura as muralhas da cidade desmoronar-se-o e o povo entrar nela de roldaos (47). Assim se fez: ao som das trombetas ruiram os muros, como sacudidos por terrvel abalo ssmico, e Jeric foi invadida e destruida-

    Na qualidade de guardiao do povo eleito, Sao Miguel defendeu tambm a religio dele. Quando, porm, com a vinda de Cristo a Igreja sucede a Sinagoga, vemos o Arcan jo tomar sobre si a defesa e a guarda da nova Igreja. Ento o Prncipe dos Anjos deixa de ser o tutor de um pequeo povo para alargar a sua vigilancia a todo o mundo cristao. Intervm na luta contra as hordas brbaras que ameacam subverter a ordem civil e religiosa da Europa crista; extermina o flagelo da peste e derruba os dspotas...

    Sabc-sc pela historia que o estandarte dos exr- tos de Carlos Magno trazia gravada a imagem do Arcanjo e a divisa: Ecce Michael, Princeps Magnus,

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    vcnit in adjutorium milii (eis que Miguel, Grande Principe, acode em meu socorro). Segundo a tradiQo, esta divisa e a imagem comemoravam urna viteria alcangada pelos SaxSes gragas ao Arcanjo: tcndo-o o rei da Glia invocado, eie aparecera durante a bata- lha, montado num cavalo branco e sustentando um estandarte azul florido de lirios de ouro.

    Com o mesmo aspecto de guerreiro terrivcl e esplendente, crenga que apareceu ao lado de St.f Antonio de Lisboa, quando se atreveu a ir prcsenpa do tirano Ezzelino da Romano a firn de lhc exprobrar as atrocidades e cri mes, que o tornavam tristemente celebre. H ainda outra prova do zelo e solicitude do Arcanjo S. Miguel em favor dos cristos: o facto, absolutamente autntico, da sua aparigo sobre a Mole Adriana, em Roma, mais conhecida pelo nome de Gstelo SantAngelo.

    No ano de 590 da nossa era, urna terrfvel epide- V mia alastrou entre os Romanos. Para impedir o termo

    do flagelo, o Sumo Pontfice Gregorio Magno ordenou que se fizesse urna procisso de penitencia. Com as ras juncadas de cadverc-s, a procisso pcrcorrcu a cidade, tendo frente o Santo Padre, descalco e levando nas mos urna imagem de Nossa Senhora. De sbito o cimo da Mole Adriana, onde ia chcgando a procissSo, inflamou-se. Era S. Miguel Arcanjo. Viram-no fazer aquele gesto, que hoje se admira na esttua de bronzo erguida no prprio locai, em memria do prodigio: o Arcanjo repe a espada na bainha sinai de que a Virgcm. vencida pelas splicas dos fiis, conseguir de Deua o temi da peste.

  • VI r

    SAO MIGUEL NO MONTE GARGANO E OS ANJOS DA GUARDA DOS POVOS

    O prodigio, que melhor poe de relevo o Principo dos Anjos, na qualidade de defensor e guarda da lgreja e dos verdadeiros crentcs, o da sua apariQo por tres vezes no Monte Gargano.

    Em fins do sculo V, um rico senhor da ento florescente cidadezinha de Siponte prximo da actual Manfrednia martima, na Provincia de Foggia- - perder o mais vistoso e apreciado touro da manada. Indo com os boieiros procur-lo, encontra- ram-no l no Cimo do Gargano, ajoclhado no interior duma caverna funda e inacesstvel. O dono do animal tcntou por todos os meios fazc-!o sair para fora: tudo foi dcbalde. Ento, exasperado com a inutilidade de tantos csforqos, resolve ferir o touro com urna seta. Mas cis que esta, quando j prestes a atingir o alvo, retrocede inesperadamente e vem cravar-se no braco do archeiro, que a arremessara! Foi um alvoroco entre os moradores de Siponte, ao conhecerem o sucedido. Vo ter com o Bispo S. Lourenco Maiorano, em busca de urna explicado para o fenmeno. Nao sabendo adiar interpretado mediata, o Prelado manda fazer penitencias e oragoea pblicas; ao im

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    de tres dias, com jubilosa surpresa, aparece ao santo Bispo o vulto de um nobre cavaleiro envolto em cla- roes celestes. A apario declarou ser o Arcan jo Sao Miguel e disse: Sou eu o autor do prodigio da caverna. De futuro eia ser o meu santurio na terra*.

    Algum tempo depois desta apario, Sipontc foi assediada por um exrcito pago. Estando a cidade j no extremo de se render, surge a interveno de So Txjureno Maiorano: obteve dos sitiadores trs dias de treguas, durante os quais imps de novo preces pblicas e penitnclas. Ao terceiro dia volta a aparecer o Arcanjo reanimando-lhc a coragem c asse- gurando brilhante vitria aos sitiados. Assim foi. Numa tentativa de surtida em terreno descobcrto, mal os Sipontinos chegaram s mos do inimigo, o mar enfureeeu-se sbitamente ao mesmo tempo que o ar se escurecia e os raios fuzilavam, perseguindo o exrcito pago que fugia aterrado e era dizimado.

    Scmclhantcs factos, como e de ver, emociona- ram em extremo o povo e o clero de Ponillcs. S. Lou- reno Maiorano ps logo o Santo Padre Gelsio I ao corrente de tudo e da inteno, cm que estava, de honrar a dupla apario do Arcanjo coni urna solene procisso at gruta, que seria consagrada ao Prncipe dos Anjos. Entretanto o Prelado era advertido, numa terceira e ltima apario, e com referencia a este seu intento, que a gruta fora j consagrada por ele prprio, Arcanjo Sao Miguel. Bastaria, por conseguinte, que os Padres l afluissem para celebrar os Ritos Sagrados. Ento, conta o historigrafo de Gargano (18). o Prelado subiu em procisso mon-

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    tanha com mais sete Bispos, espressamente reunidos cm Siponte para o efeito. seguidos pelo clero c pela maioria do povo sipontino (49).

    O leitor desculpar-nos- estas digressoes com as quais nos desviamos algum tanto do assunto. A apre- sentago de So Miguel corno guardia da Cristan- dade - formada por mais de um povo ou naelo apoio de Migue!. Para tal empresa ningum vir cm meu auxilio, excepto o voseo Cliefe Miguel* (51).

    A importancia e o valor destes testemunhos so

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    considerveis. A guarda anglica dos povos don- trina consoladora, da qual jamais duvidaram os exe- getas insignes da Escritura, os Padres e Doutorcs da Igreja; doutrina de que tiraram proveito nao s os profetas como tambem os Santos e os Apstolos.

    Sao Francisco Xavier nela afirraava as maiores esperanzas de evangelizado do Japo; assim escre- via o Apstolo das Indias aos seus Trmaos de Goa: Vivo com a enorme esperanza de que Deus me conceder a graga da converso dcste pas, porque, desconfiado de mim mesmo, pus toda a minha confianza cm Jess Cristo, na Santfssima Virgem sua Mae e nos Nove Coros dos Anjos, de entre os quais escolhi para protector o Prncipe e Campeo da Igreja Militante, Sao Miguel. Muito espero deste Arcanjo a cujo particular desvelo foi confiado este grande reino do Japo. Todos os dias a ele me cncomcndo de modo particular assim como a todos os Anjos da Guarda dos Japoneses (52).

    Mas nao encontraremos ns testemunhos mais recentes e mais fceis de verificar a favor da mesma cren^a de um Anjo da Guarda para cada Na^o? A esta pergunta respondem os tres pastorinhos da Ftima: Lucia, Francisco e Jacinta.

    Na Primavera de 1916. os Videntes conduziram o rebanho para o sitio da T/)ca do Cabeqo. Surpreen- didos pela chuva acolheram-se a urna espcie de gruta ou lapa onde merendaram e rezaram o terco como era seu costume. Logo que o tempo escampou volta- ram aos jogos habituais. De repente urna nuvem mais branca do que a neve, com a forma de um vulto bri-

  • PARRE PIO E OS AN JOS

    Ihunte como o cristal atravcssado pelos raios do sol, aparecc-Ihes por sobre os ramos do arvoredo, l ao ienge. A medida que para ces vinha caminhando, mais se distinguiam as formas, at que. j bem junto deles, es videntes ouviram estas palavras: Nao vos assusteis; eu sou o Anjo da Paz. Orai contigo*. Ajoelhcu cno na terra, curvou a fronte rente ao chao c rezou por trs veres: Me Dcus. cu creio, adoro, espero c amo-Vos; peo-Vcs perdo para os que no crem, no adoram, no esperam e no V03 a- '.un .. Os Videntes ajoelharam (imitando o Anjo), curvaram-se por terra e foram repetindo a orao. Depols o Anjo levantou-se p disse: rezai assim; os Coraes de Jcsue e de Maria esto atentos s vossas splicas e desapareceu.

    Alguns meses mais tarde, ai por Agosto, num da de calor e hora da sesta, de novo llics aparece o Anjo quando os pequeos brincavam junto do poo, no quintal dos pais de Lcia. Que fazeis?... Orai, orai, orai muito. Revelou-lhes que Jess e Maria os haviam cscolhido para a real iza o dos seus designios misericordiosos; recomendou-lhes oracs c sacrificios em espirito de reparao, acrescentando: esforqai-vos por alcanzar a paz para Portugal; eu sou o scu Anjo da Guarda (53).

    Intil ser fazer largos comen t r ios a estas apa- ries; todava para que se Ihes d o justo valor, sempre diremos que a autenticidade dlas e das ltimas palavras do Anjo comprovada pela inocencia e simplicidade inegveis dos tres pastorinhos, pelos scus cscassos conhecimentos em doutrina religiosa,

  • visto que mal tinham as noca elementares do Catecismo e da piedade comum s familias cristas daque- lca meio8 serranos. Qucm se lembraria de imaginar neatas pobres crianzas quaisquer conhccimentos relativos aos Anjos da Guarda dos povos?! Alcm disso evidente prova da veracidade das aparies do Anjo de Portugal, em Ftima, o to breve espao de tempo decorrido entre o prenuncio dos acontecimen- tos e a sua realizao. Lucia, a mais ve'.ha dos trs Videntes e a testemunha mais importante dos fados, vive ainda num convento cm Portugal; ora tanto o s eu procedimento como as suas palavras, merecedoras de todo o respeito e admirao, so o tcstcmunho convincente da autenticidadc dos prodigios da Cova da Iria.

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  • V IH

    OS ANJOS E AS CASAS DE DEUS

    Urna das Epstolas de Sao Paulo recomenda s nmlheres que tenham a cabera cobcrta na Igrcja cm atengo aos Anjos (54). Que Anjos? E obvio: os preposto^ para guarda das igrejas. H, portanto, Anjos da Guarda das Casas de Deus, bem como os h para cada diocese. Cada diocesc vigiada por dois Bispos, un visvel, outro nvisvel; um homem, o outro anjo afirma Origines. Tudo est repleto de Anjos: opina St. Ambrosio O ar, a terra, o mar e as igrejas sujeitas sua vigilancia.

    Conta Paldio que, tendo S. Joo Crisstomo sido expulso da sua diocesc e quando ia pr-se a caminho do exilio, quis antes ir despedir-sc do Anjo da Guarda da sua greja episcopal. Ao descer a escadaria do Paco em companhia de outros bispos. disse-lhes: Vinde comigo, rezemos e digamos adeus ao Anjo desta igreja (55).

    S. Francisco de Sales, na Introduco Vida Devota, recomenda: Tende devoco habitual aos Anjos... Amai e reverencial o Anjo da vossa diocese*.O mesmo Santo cita o seguinte e belo exemplo de solieitude e de auxilio prestado pelos Anjos celestes

  • .a todos os que crem na sua existencia c os invocam. N o seu rcgresso da Alemanha, onde muito tra- balhara pela gloria de Nosso Senhor, o Beato Pedro Fabre, primeiro sacerdote, primeiro prgador da Companhia de Jess, c primeiro companheiro de St. Incio de Loiola, fundador da mesma Companhia de Jess, o Beato Pedro Fabre contava que, as suas pregagoes atravs de vros pases herticas, se sentir grandemente animado pelo facto de, logo entrada, ter o costume de saudar o Anjo da Guarda das diversas freguesias. Rcconhecia que ces, nvisivel- mente, lhe dispensavam o seu celestial favor ora de- fendendo-o dos insidiosos embustes dos herticos, ora insinuando-se as almas e tornando-as dceis a dou- trina da Salvado.

    Tainbm se conta de S. Joo Baptista Vianney que, ao ver por vez primeira a aldeia de Ars e ao avistar a igreja onde em breve iniciara a sua maravilhosa aeco de sacerdote e de apstolo o santo proco invocou os santos Anjos da Guarda e, com todo o fervor e lgrimas nos olhos, pediu-lhes a sua preciosa e benvola assistncia (56).

    A estes exemplos podemos ajuntar outros mais recentes. O simples e bom Padre Lamy, recentementc falecido em Franga, afirma va: ouvi, por vezes, tres e quatro Anjos juntos, na igreja de La Courneuve. Oigo-lhcs com frequcncia a voz sem os ver; reconhe- go-os pela voz exactamente como nos sucede com as pessoas conhccidas (57).

    Esta crcnga nos Anjos da Guarda das Igrejas nem por isso deveria ter-se na conta de menos fun-

    4 GIOVANN! P. SIENA

  • PAONI- PIO E OS A N JOS 47

    (lamentada se, pondo de lado os exemplos comprova -i ivo, eia se apoiasse apenas nuxna simples convicgao. Admite-se, corno doutrina comuni, que h Anjos destacados no s para a guarda das Nagoes mas tam- bm para a das provincias, das cidades, das comunidades ...Os Anjos encontram-se por toda a parte: no ar, na terra, no mar. Ncm St'1 Ambrsio o nico a defender semelhante doutrina. Por isso mesmo nao se compreende que os queiram excluir da guarda da asa de Deus, isto , do Santurio onde os crentes, chamados pela voz insinuante dos sitios, bSin as suas reunioes de santo amor, cumprindo nele os actos mais do aprego dos Anjos, qual a oragao, a acgo de gragas, o Iouvor do Senhor, da Virgem sua llainha e dos Bem-aventurados do Ceu.

    Nos meus passeios, ao aubir a urna colina ou percorrendo a planicie, sucedeu-me a miude topar com una dessas igrejas em ruinas ou com vestigios de mosteiros, reliquias do mistico fervor medievai em que abunda a minha abengoada terra. -me impos- 8vel exprimir as impressoes sentidas em face desses restos de muros esventrados e de antigas calgadas que, atravs de sculos, as intempries foram demo- lindo; escombros estes doridamentc postos em realce pela natureza ambiente, severa e nua: vertentes ro- chosas, pardieiros melanclicos, agras ressequidas e desertas. E tudo envolto no silncio de urna solido inumana onde a custo se afoita o pipi da avezinha ou o grasnido lgubre da ave de rapina-

    Foram sempre muito vivas as impressoes ento sentidas: um misto de pasmo e desnorteamento, de

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    nostalgia e tristeza, que eu procurei traduzir num cntico, especie de elegia apesar d03 meu8 fraeos meios de expresso , e que ser, nao obstante, urna das mais felizes e inspiradas da minha veia potica.

    Comegava assim:

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    ree, o grande Crucifixo e a vigilante chama da lmpada, simbolo da presenta continua do Divino Irisionciro de Amor no tabernculo dourado!... Pare- cia-mc ouvir os cnticos litrgicos por entre eflvios de incenso e a salmodia dos monges a unissono coni oh mrmuros ciprestes... A realidade desoladora aca- >k)u por impr-se, inexorvel, a os meus olhos vagos... f. perante um quadro destes que se compreende o segredo de certas atitudes de alguns homens. Chateaubriand esereveu que, tendo visitado as ruinas de urna celebre Cartuxa, de l saira com o coraqo triste. Sentia-se impelido a blasfemar de Deus por no ter impedido to lastimoso destino e, dominado l>or esta ideia, o poeta andou errante pelo crepsculo da noite* at se refugiar mima igreja onde se realizavam cultos religiosos nocturnos. Caiu de joe- ihos no lajeado exclamando j>or entre lgrimas: Perdoai, Senhor, a loucura da minha murmurago vista da deso la lo do vosso tempio; perdoai minha razo chocada (58).

    Realmente no h ruinas que tanta pena inspi- rem como as de urna igreja. Sentia-a S. Francisco, pois, segundo informa Celano, no se poupou a sacrificios para conseguir restaurar as que lhe foi possi- vel (59).

    Quando um lugar sagrado entregue ao abandono, quem mais se entristece so os Anjos encarre- gados da sua guarda. Santa Brigida foi visitar a Gruta de So Miguel, no Monte Gargano, quando o santurio estava em periodo decadente. Ao aproxi- mar-se viu que um exrcito de espiritos anglicos

    *

  • so GIOVANNI P. SIENA

    se diriga para eia dizendo: Bendito sejais, Senhor por nos terdes criado para mensageiros vossos. L nos Ccus Vs tornai sensvel esta dignidade, que tanto apreciamos, para que os homcns saibam dar valor ao nosso mistrio. Por desgrana, porm, at este santurio est hoje em declnio e os moradores destes sitios do preferencia aos anjos das tre- vas* (60).

    Fcil de ver o que acontece quando as igrejas sofrem a desonra do abandono e da profanado: os Anjos rctiram-sc. Aps a tomada de Jcrusalcm, os soldados de Tito e de Vespasiano invadiram o templo e comegaram e destru-lo; logo se ouviram vozes de Anjos clamar: fujamos daqui! (61). Paldio parece fazer-se eco do acontccimcnto ao narrar como, indo S. Joo Crisstomo igreja despedir-se do Anjo da Guarda, este nao pode sofrer a desolago em que eia ia ficar c afastou-sc dali tambm a exemplo do Santo Bispo (62).

  • IX

    O ANJO DA ORAAO

    Os Santos do Cu (Igreja Triunfante), as Almas do Purgatrio (Igreja Padccentc) e os Cristos da ten : (Igreja Militante) formam urna unidade, quase um iico imprio i menso, eujos diversos continente! so as trs igrejas. O Soberano Deus; a lei, que preside s mtuas relagdes e ao procedimento de todos os habitantes, a caridade, visto que o seu Chefc cssencialmcnte amor. Km virtude desta lei, os eleni, ntos da Igreja Militante pedem grabas aos clemen- t*H da Igreja Triunfante, e oram pelos da Igreja l*:idccente. socorrendo estes por sua vez os primeiros. Tul o sentido do artigo do Credo a Coinunho dos Santos*. Sobejo ser dizer que os Arijos tomam parte ru sta Comunho ou comunicago. De onde resulta que os Arijos no s ntervm providencialmente n1 assuntos humanos, mas interferem cm todas as :ic afirma sintticamente St." Agostinho *64).

  • GIOVANNI P. SIENA

    Os Anjos assister, por conseguinte, aos Sacramentos da Penitencia, do Matrimnio, consagrado das virgens, eleifio dos Bispos, ao Baptismo... (65). St. Ambrsio, no seu livro scbre es Misterios, S. Cirilo e S. Gregorio Nazianzeno (66) sustentam que a renuncia ao demnio no Sacramento do Baptismo se realiza na presenta dos Anjos. eoisa que no deve negar-se nem ignorar-se; o Anjo que anuncia o Reino de Deus e a Vida Eterna.

    Mas mormente nag oraos dos sacerdotes e dos fiis, na salmodia dos monges e na celebraqo eucaristica onde mais se afirma a participado dos Espritos Celestes. Assim o confirmam testemunlias e cxemplos numerosos.

    Clemente Alexandrino diz que o gnstico reza com os Anjos... mesmo quando reza szinho. porque o Coro dos Anjos permanece com ele> (67). St. Matilde (6S) conheeeu, por inspiracao divina, a forma exacta como os Santos Anjos asaistem ao cumpri- mento das ac^es segui ates: Quando algum l os salmos ou outros passos da Escritura; quando se ocupa em qualquer boa obra, os Anjos esto presentes*. Por seu lado, S. Bernardo, na sua Regra, lem- bra aos Monges que o Oficio Divino recitado na presenta do Deus e dos Anjos. A sua afirm ado apoia-a o Santo Fundador na prpria experincia. De facto, na Cartaxa de Clarava!, fora-lhe concedido ver os Espritos Anglicos salmodiando com os Religiosos. Tambcm S. Francisco foi privilegiado com semelhante favor; pelo menes tudo parece confirm- -lo: a sua extraordinria venera lo pelo? Anjos, cm

  • PADRE PIO E OS ANJOS 63

    < n|; as visftes de anjos que teve > mui frequncia, entre elas a do Serafim, que o estig- nmtizou no Monte Alverne, e a do Anjo que motivouii uru xtase mediante a maravilhosa harmona e a diilriKHiina melodia diuna lira. Muito peculiarmente, poivin, a passagem de Celano: visto que no Coro se cintava na presenqa do Anjos, Francisco desejava r alguns pormenores. Fundindo os dois textos t ica-nos o seguinte:

    Mal o sacerdote cometa a oficiar, logo multido

  • 54 GtOVANNI P. SIENA PADRE PIO E OS ANJOS

    fcio e que todos sao cheios do Espirito do Senhor?.

    Esta participar dos Anjos na Celebrago Eucarstica parece-me to natura! c indiscutvel que prescindo de mais citagoes. Que outra circunstncia mais importante do que a Santa Missa para justificar a prescnca deles? * O filho de Deus est sobre o altar... cercado por nmeros Anjos disse urna voz Beata ngela de Foligno (72) enquanto ela se dis- punha para comungar. Outro da, conta a Bem-avcn- turada, assistindo Santa Missa ...fui elevada em espirito e tive nova e clara intuigo da maneira como .Tesus Cristo se torna presente no Santissimo Sacramento. Vi cnto Jess descer do Cu rodeado de inu- merveis legioes refulgentes de luz....

    O Passionista Padre Incio da Scala Santa, director espiritual de Edviges Carboni inbsre.s- sante figura de mulher, nascida na Sardenha e fale- tida em Roma em 1952, com fama de santidade o Padre Incio escrcvcu, para o livro do Padre Basilio Rosati sobre a mesma Edviges Carboni, as seguintes palavras: Muitas vezes me disse ela que, ao celebrar a Santa Missa. olhassc para o alto e havia de ver os Anjos assistindo ao Divino Sacrificio (73).

    No mbito das revelagoes de S. Joo Crisstomo c da Beata ngela de Foligno. convm advertir que, durante o Santo Sacrificio, intervem duas especies distintas de Anjos: urna que se conserva ao lado do oficiante, desde o inicio do Rito Sagrado; a outra faz escolta a Jess no momento solene da Consagrado. Isto mesmo fo afirmado a Santa Brgida (74):

    A medida que o Sacerdote se aproximava da Consa- , i a

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  • IO TEU ANJO

    O que passo a contar sucedeu-me, na realidade, h una oito anos. Era meia noite. Na manh scguinte queria eu levantar-me as 4 horas, custasse o que custasse, para estar no Convento um pouco antes das cinco. Nao sei, agora, bem o motivo que me sugera essa deciso de nao faltar; talvez porque seria o meu tumo de ajudar Missa ao Padre Pi?... O facto que dccidi tomar todas as medidas possveis para evitar o acordar tarde. Acontece a alguns querercm acordar a tal hora, e acordam. Mas eu nao sou des- ses; durmo como urna pedra e precisamente ao meu sono pesado sou devedor da grande merc de nao ter sofrido as terrveis emo^oes e sobressaltos provocados por frequentes abalos ssmicos nocturnos, asss frequentes no Monte Santo do Gargano.

    Tinha, pois, de pedir a algum que me acordasse. Mas a quem? Os familiares j dormiam e eu nao quera incomod-los. N o despertador, nem pensar; tinha a campainha estragada... Lembrei-me, entao, do misterioso personagem que segundo me haviam garantido me fora dado desde o ber

  • ci a-ni e scntir-lhc a presenta c figura va-se-me v-io do olhos vigilantes corno cstrclas do firmamento, alheios ao doce peso do sono.

    Fazei, disse-lhe eu numa prece, fazci que eu aborde s 4 horas em ponto*. K adorinoci.

    A alturas tantas senti urna dorzita no lado di- reito e, numa espcie de meia sonolncia, vinha-me a idcia confusa da Missa a que eu queria assistir e, vagamente tambm, pensava na dor sentida, resultante de qualquer ma posigo tomada na cama. Vol- tei-me, aeoncheguei a roupa... mas a dor exquisita persista e ti ve de assentar-me no leito. Acendi a luze... o relgio marcava exactamente quatro horas! A dor, como por encanto desaparecera! Profundamente comovido, agradec ao invisivel personagem e, por vez primeira, comecei a ponderar com seriedadc a sua constante c reai presenta a meu lado.

    Sem demora se fizeram sentir as primeiras con- sequncias dcssa presenta benfica. Aquela apreen- so e inedo natural, que cu tinha ao caminhar atra- vs da ra escura que leva ao Convento, sumiram- se. A certeza de ter junto de mim um Anjo amigo, pronto a socorrer-me, afectuoso, seguindo por toda a parte os meus passos, esta certeza fonte de alegra indizvel. Que magnfica descoberta, a que eu fiz ncssa manh! Confesso que desde ento a minha forma de agir melhorou. Digo-o seni receio de faltar modstia, pois todo o mrito do progresso em mim ocorrido se deve ao meu Anjo da Guarda, bem como ao boni do Padre que me cnsinou tao til, tao bela e to inefvel verdade da nossa Santa Ucligio,

    GIOVANNI P. SIENA

  • PADRE PIO E OS ANJOS

    O Anjo de Deus! Que esplndido amigo descubriremos um dia, se a inda o nao conhecemos exclama o Padre Lamy. Todos o desconhecem, sem rxcluso dos catlicos praticantes que, muito emborao invoquem todos os dias com a oracao O Anjo do Senhor..., consideram-no, todava, como distante e ausente. Isto sem fajarnos dos espritos fortes; se vos atrevis a propr-lhes o assunto da existencia dos / ujos, c possvel que vos respondam com a inscri

  • 60 GIOVAKNI P . SIENA

    tlgicas... Os Padres, com o Papa a frente, precisam de actual i zar-se adaptando-se nossa poca !...

    Prctendem, pois, estes pseudo-mestres que a nossa Santa Religio (o Catolicismo) se obstina a ensinar estulticias, que a sua doutrina est cheia de erendices, absurdos, etc. Ora por demais evidente a grosseria deste erro, em si fcil de rebater, e esperamos. ao longo desta nossa exposigao, ser de utilidade aqueles crentes que, em especial, duvidam da existencia do seu Amigo celeste e o langam ao desdm. Nem vades julgar que nesta. a firm ado h exagero. Com efeito, resolv um dia fazer urna espcie de inqurito entre os peregrinos que, dia-a-dia, se suce- dem numerosos em S. Giovanni Rotondo. Jnterroguei de preferencia os praticantes... Ao perguntar-lhes: acreditis no Anjo da Guarda? reccbia respostas diversas, que se podem cifrar nesta: sim... acreditamos... porque doutrina da Igreja. Mas alguns responderam simplcsmente: ora... ora... acompa- nhado por um encolher de ombros, um torcer de cara, um risinho mal disfarqado, traduzindo talvez a sur- presa e ansiedade de quem, por seu turno, quereria perguntar: mas que vem a ser isso, o anjo da guarda?!.

    fi. portanto, esperanza nossa de que tudo o que fica exposto auxiliar os indecisos a chegarem con- viego de que nada do que ensille a Igreja pode ser bjccto de dvida, porque tudo nela verdade, mesmo aquelas crengas que a nossa parte sensitiva nos induz, por vezes, a relegar para o nmero das coisas absurdas e inverosimeis.

  • S.

    Geois de preso, confiou*o guarda de qua- tro escoltas de quatro soldados cada, na intengao deo mandar comparecer ante o povo aj)s a Pacoa. Entretanto a Igreja fazia preces continuas por Pedro encarcerado. Durante a noitc precedente ao dia em que Heredes o mandara comparecer na sua presenta, dorma Pedro, amarrado com duas cadeias e entre soldados. A porta da cadeia estavam sentinelas. Mas eis que un Anjo do Senhor aparece c urna luz fulge na prisao. O Anjo, tocando-lhc de lado, acordou Pedro e disse-lhe: levanta-te depressa*. No mesmo ponto as cadeias caram-lhe das mos. O Anjo pros- seguiu: pe o manto e as sandalias e segue-me. Pedro obedeceu viso, sem notar que o que suceda era realidade. Ultrapassada a primeira porta e a segunda, chegaram porta frrea que d para a cidade e se abriu s por si diante delea. Sairam e foram se- guindo ao longo de urna ra. Entremcntcs o Anjo desaparecen, e Pedro, voltando a si, exclamou: A go ra que eu vejo realmente que o Senhor enviou o

  • c i GIOVANNI P. SIENA

    sen Arijo o me libertou das mos de Herodea e da expectativa cm que eslava o povo judeu. Consciente j do sucedido, dirigiu-se a casa de Maria, me de Joo, cognominado Marco, onde estavam bastantes pessoas reunidas cm orao: Como d e batesse porta, acudiu urna criada por nome Roda. Reconhe- ceu esta a voz de Pedro e, coni a alegra, era vez de abrir, correu a anunciar que Pedro estava l fora. Ests louca, lhe disseram. Mas eia insista, assegu- rando que era Pedro. Eles, porm, diziam: E o seu Anjo (75).

    Pgina empolgante esta, repassada de intima e profunda emoo e na quai a ndole dramtica da narrao sublinhada por notria conciaio. Episdio comovente de onde emana urna fora de verdade que expele qualquer dvida, toda a suspeita de inveno ou artificio. Trouxemo-lo para aqui primeiramentte pela sua incomparvel bcleza.

    Oferece-nos a Sagrada Escritura mais uns qua- renta factos relacionados com os An jos da Guarda; longo seria exp-los todos. Referiremos sucintamente os principis.

    Um Anjo indica mulher de Abrao Agar una cisterna de onde eia poder tirar gua e matar a sede a seu filho Ismael, no deserto (76).

    Dois Anjos salvam Loth, niais a familia, da des- truio de Sodoma, anialdioada por Deus pela sua corrupo (77).

    Degolado Holofernes e j de regresso para junto do seu povo, Judite pede a Deus que se digne paten- tear a todos como o seu Anjo a guardara seni mancha

  • PADRE PIO E OS ANJOS S8

    no acampamento inimigo, desde que dexara Betlia t dt* novo regressar cidade (78).

    Ananias, Azarias, Misael, condenados por Nabu-

  • 64 GIOVANNI P. SIP-NA

    o Moqo, no Antigo Testamento, seguindo a enumeral o que desses favores nos d Tobias o Mo^o.

    Pai, que paga lhe poderemos dar? Que que poder igualar os beneficios que ele nos fez ? Levou- -me e trouxe-mc sao c salvo; disps tudo para que eu recebesse o dinheiro de Gabelo; conseguiu-me esposa e expulsou dela o demnio; salvou-me do monstro que me quera devorar; depois restituu-vos a vista. Por meio dele fomos cumulados de toda a sorte de bens. Que poderemos ns dar-lhe em pro porga con tantos favores? (81).

    A existencia do Anjo de Deus nao urna piedosa arenca destinada a enternecer os fiis, nem to pouco amorosa invongao potica, aprovada apenas no intuito de induzir a boas acqes o cora^ao das crianzas, l/mge de ns dar entrada a tais sentimentos s porque em livros infantis se encontrara referencias ao lindo unjinlio da (jxiarda, s porque os procos mal ehegaram a falar dele, s porque (salvo raras exceptes) as revistas e os livros catlicos dele nao fazem men^o.

    Cada homem tem o seu Anjo da Guarda. ver- dade referida e defendida pelos Profetas, j)elos Dou- tores e Padres da Igreja, pelos Santos de todas as pocas; verdade confirmada pela experiencia de quase todos. O prprio Jesus a ensina eom suas divinas palavras ao falar sobre a gravidade do escndalo dado as criancinhas. Asseguro-vos que os Anjos d

  • PADRE PIO E OS ANJOS

    S. Jernimo, pois que cada urna tem por guarda um /pinto celeste.

    Junto de cada homem, diz por seu turno Origc- iicm. h sempre um Anjo do Senhor que o ilumina, o Kii n.i l c o protege de todo o m al (83). E Santo i . ni explica esta verdadc mediante uma argumen- ' k.io feita, como sempre, de lgica e evidencia: Y vigilancia como que uma extenso e explicado la Providencia Divina; ora como nenhuma criatura

    ipa ao mbito da Providencia, assim tambm i.-las devem estar sujeitas guarda dos Anjos (84).

    Outros exemplos que, a seguir, aduziremos vo i..mecer materia para outras reflexoes e ensinamen- i->M teis. E notemos, antes de mais nada facto irpreendcnte c rico em conclusoes notemos quei Autigo ao Novo Testamento, dos escritos dos pri-

    iroa Apstolas aos nossos dias, esta doutrina sobre n Anjo da Guarda longe de enfraquecer ou obliterara foi-sc consolidando dia-a-dia, grabas florago def . to imprcssionantes que c impossvcl enumerar.

  • .

  • X II

    N A VIDA DOS SANTOS

    l Vrctt do ano 70 da nossa Era, viva em Esmrna i i-n-dosa o nobrc senhora por nomo Calista. Apa- tn-ru lh l

  • 6) GIOVANNI P. SIENA

    chegado dispensa, o jovem caira de joelhos sobre as lajes e fizera esta simples mas fervorosa prece: Pai celeste, que enchestcs o vaso com farinha e as vasilhas com azeite viva de Sarefta (85), renovai esse prodigio agora por meio do vosso Anjo. Imediatamente a f e a misericordia com os pobres foram recompensadas. O acusado mogo voltando-se para Calista disso-lhe: Eis que o Senhor, medianteo seu Anjo, vos restitu iodos os bens Para que nova- mente os possais distribuir pelos deserdados.

    Esse jovem chamava-sc Policarpo e veio a ser um dos discpulos favoritos de S. Joo Evangelista, que o consagrou Bispo de Ksmima. Homem santo e trabalhador, mereceu, pela pureza dos scus costu- mes, ter ntimidade com os espritos angelicais c coroou a vida com martirio edificante. Dele se conta outro episodio todo emogao e originalidade, no qual se manifesta a clara intervengo do Anjo da Guarda.

    Nomeado Bispo, sem delongas pos-se Policarpo a caminho da sua S em Esmima. Teve de pernoitar numa estalagem mais o companheiro, Camrio. Passada j a meia noite urna voz despertou Policarpo : Foge desta casa que vai desmoronar-se. Levan- ta-se o Santo e acorda o companheiro que, perdido de sono, resmunga va: H ! que pressa! Medite l as Escrituras, mas deixe os outros dormir....O Bispo dispunha-sc a voltar para o quarto; a mesma voz, porcm, insistia para que abandonasse a estalagem sem demora. Voltando a sacudir Camrio, Policarpo gritava-lhe: olha que se vai desmoronar a hospedara!. Torna-lhe o jovem tranquilamente:

  • PADRR PIO F. OS A N JOS 69

    I 'ilio t < In a confianga em Deus; a casa no cair flit i mtn Policarpo cstivcr c dentro. Est bem, |Vtori|ulu o Santo; mas Deus qucr-nos salvar e por Im - ' ni'"imo que enviou o seu Anjo a prevenir-nos do pwr iko m que nos achamos. No mesmo ponto o Anjo fot non mi* visive!, incitando-os a sair. Perante a realida I' Cumrio, com maior prontidSo ainda do queo ** ii I !h|)o, abandona a estalagem. Mal chegados l inni, ouviu-se um cstrondo medonho e os dois, ti ' li i, viram num instante a casa transformada nurn montode ruinas fumcgantcs (86).

    (Jmindo quer premiar urna pcssoa, que O serve fltiinrtiti- o se vai assemelhando aos Anjos do Paraso |M>k> . 'inpleto desapego do mundo e pelo ardente tri ' i divino, costuma Deus conceder-lhe o excelso prkv liccio de ver os mesmos Anjos, fruindo a sua comp. In : nsivel c beneficiando mais do seu auxilio. A mimi ucontoceu com a admirvel virgem romana fUru < V ii lia. Obrigada a desposar o nobre Valeriano, mi> i i' rondo salvaguardar a virgindade, que a Deus nnm> i n a, foi gragas aparigo visivcl do seu Anjo d* Cu irda que eia convenceu e converteu o marido r . i voii a respeitar-lhe a pureza.

    iuta Francisca Romana viveu em ntimos col- qiiloN . om o Anjo da Guarda. Esplendente de luz, A iluminava o quarto ao ponto de a Santa poder r*ri i .. Oficio e entregar-se aos seus afazeres. Tinha- -II nn-rrido, a Francisca, um filho piedoso e meigo, rh .m i i evangelista. Um ano aps a morte, o menino I .i. a Mac com as mesmas roupas que usava em ti i m.ih intensamente mais formoso. Ao lado dele

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    70 GIOVANNI P. SIENA

    via-se uni jovcm incomparvelmente mais belo. De inicio Francisca ficou deslumbrada, mas. medida que o fillio dela se acercava e a saudava respetosamente, invadiu-a urna extraordinria alegra, rergun- tou ao filho que lugar tinha no Cu e se l se recordava da Mae. Resposla do filho: *A nossa nica ocupago no Cu contemplar o abismo nsondvel da Rondado Divina e louvar a Divina Majestade coni a nossa imensa alegra e o nosso terno amor. O meu lugar no segundo Coro, ao lado desse jovem, que ai vedes, muito mais belo do que cu porque est mais acima na Glria. O Senhor o cnvia para que seja vosso fiel companheiro e consolador durante a vossa peregrinarlo terrena, podendo vs v-lo dia e noitc. Quanto a mim, venho chamar a minha irnm Ins para que venha fruir comigo as alegras do Cu. Ins, pequerrucha de cinco anos, adoeceu e finou-se uns dias mais tarde. No entanto, durante osta segunda provago, aquela santa mae teve o lenitivo da presenta continua do Anjo. Via-o sempre sua direita, quer estivessc no quarto ou na Igreja, quer andasse pela rua ou parasse a falar com algum. Quando se cometa qualquer falta, Francisca notava que o Anjo escondia o rosto com as mos. Irradiava tal luz que a Santa no poda fit-lo, a no ser as circunstancias seguintes: quando rezava; ao ser tentada pelos espritos impuros e quando falava dele ao confessor,o Padre Mattiotti (87).

    Se nos atemos s afirmagoes de Santa Francisca, este Anjo nao era prpriamente o Anjo da Guarda, mas sim um Anjo superior, do segundo Coro Ang-

  • PADRE PIO E OS ANJOS 71

    Para que eia pudesse fitar o Anjo sem ficar Irnlumbrada, o Padre Mattiotti punha-sc a falar dcle. f io diminua a irradialo luminosa e disso se apro-v il iva a Santa j>ara o admirar vontade com grande ! mura. Por obediencia ao confessor, Francisca atre-vi ii .le a j>r a mSo na cabcga do scu celeste comparii, ir. de onde resultava um efeito extraordinrio: .. m uto resplandecia-lhc como se eia prpria fora imi S. ialini. Era indizvcl nesses momentos a alegra .1. Padre Mattiotti.

    Poi um Anjo que tirou S. Flix de Nola da priso . .. restituii! sao e salvo ao Santo Hispo Mximo.

    A S. Raimundo de Pennafort era o Anjo dai inarda que o acordava para se entregar orad o (88).

    Certa noitc, S. Filipc de Neri foi levar o conforto : i < aridade crist a casa dimi nobre arruinado. Tendo Santo cado num barranco logo foi socorrido pelo en celeste companheiro (S9).

    Atravessava S. Camilo de Lellis um rio a vau, de noitc. Sbito ouve urna voz gritar: No fa?as isso! Niio atravesses! Camilo parou. fez a orago da noite i- idormeceu ao i> dum silvado. Ao romper do dia r ii avalli junto dele dois Capucliinhos que Ihe dissc- ram que ele teria, sem dvida, sido arrastado pela cm. nte se liouvesse tentado a travessia (90).

    Carlos, o mais novo dos principes Odcscalchi. In a levantar o reposteiro para entrar numa salai rvada da Pinacoteca de Vicna. Surge, porm. .. in|wdir-lhe a entrada um jovcm, todo refulgencia. \ i na.*! Carlos retrcccdeu, sumiu-sc a viso. Nero

  • 72 GIOVANNI P. SIENA

    tardou que o prncipe soubease por um cmpregado da Biblioteca que naquela sala esta va urna exposigo de quadros obscenos (91).

    O Anjo da Guarda faz-sc o guia visvcl de S. Domingos para o reconduzir ao convento; indica, na mesma, o caminho bom a S. Filipe Benizi depois de Ihe servir abundante e boa refeigo; reanima os Santos Trifon c Respcio, maltratados pelos verdugos na Betnia; aparece mltiplas vezes a Santa Ludo vina durante a longa e dolorosa doenga, que a consumiu, levantando-lhc o nimo c exortando-a paciencia e ao total abandono as mos de Deus (92).

    Citaremos apenas, sem mencionar factos, St. liosa de Lima, St." Joana de Lestonnac, St." ngela Mercia, Incs de Montepulciano, Catarina de Siena, Domingas di Pairadiso, Colomba de Rietl, Lourenga Lorini, Guilhcrmc de Narbona, Gauthier de Estrasburgo. Nicola di Ravena e tantos outros Santos e Santas.

    S. Joo Rosco todo se comprazia em falar do Anjo da Guarda aos seus rapazes: Queridos filhos, sede bons para agradar ao vosso Anjo da Guarda. as afliQcs, em quaisquer desgranas, mesmo espiri- tuais, recorrei a ole confiadamente c ele vos auxiliar.

    Viera a esposa dum embaixador portugus falar a Dom Bosco. Durante o colquio, nao compreendcra ola bem esta frase do Santo: encomende-se ao Anjo da Guarda, e nao se assustar com o que lhe vai acontecer. Bcm depressa tudo st: aclarou. J de regresso a casa, a carruagem esbarrou inesperada-

  • \ f'u p tU v iitft do un dot caralnho c a r ic t fH M lfo t
  • ORIGF.M DA PITBLICACAO DF.STF. LIVRO NA INTERNETPOR

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  • PADRI'. PIO F. OS ANJOS 73

    mente com um monto de pedregulhos e, com a violencia do choque, despedagou-se. Rclembrando, ento, iium relance, a recomendado de S. Joao Bosco, a Hcnhora acode ansiosa ao Anjo da Guarda. Saiu ilesa ilo desastre mais a filha e a criada que a acompa- nhavam.

    De modo semelhante escapou, sem a mais pequea arranhadela, um pedreiro cado do quarto nudar dum predio em construgo. Na queda, cm que prrdcram a vida dois companheiros de trabalho,o operrio lembrou-sc do Anjo da Guarda, sobre0 qual ouvira Dom Bosco falar, e, aflito, clamara: Meu bom Anjo, valei-mc (93).

    Queni nao ter ouvido falar da intima e continua familiaridade de Santa Gema Galgani com o seu celes- tial Amigo! Nem disso nos admiraremos se adver- tirmos que eia prpria era um Anjo de simplicidade

  • 74 GIOVANNI P . SIENA

    O Padre Germano de St." Estanslau, Passionsta, director espiritual da Santa, escreve: Frcquentes vezes, ao perguntar-lhe eu se o Anjo da Guarda permaneca sempre no seu posto, ao lado dla, Gema vol- tava-sc para ele com utn -vontade encantador e logo oc queda va num xtase de admragao todo o tempo que o fixava (94). Segundo urna expressiva pala- vra da santa donzela, o Anjo espiava-a sem interrup- (o: A o deitar, pedia ela que lhc fizesse o sinal da Cruz na fronte e que ficasse de vela cabcccira; i:erta de que ele assim faria, voltava-se para o outro lado c adormeca (05). Ao despertar, senta indi- zvel consolaco vendo-o al, junto dla. Esta manh, quando acordci, l o tinha junto de mim escreve ela ao P. Germano (96). Por vezes, tendo de se apressar para ir Sagrada Comunho igreja, finga amvel- mente que o punha de lado dizendo-lhe: Agora tenho c outra ideia... vou visitar Jess (97).

    Se precsasse de preparar por escrito a confis- so, o seu inseparvel coinpanhciro, sempre pronto a ser-lhe til, tambem nisso lhc presta va scrvQo; cTraz-me ao espirito as ideias, dita-me at algumas palavras, de forma que nao sinto dificuldade em cscrcvcr (98). Era tal o amor que Gema tinha ao Anjo da Guarda que um da nao se conteve e disse- -Ihe: meu bom Anjo, como eu vos amo!.

    E por qu?, perguntou ele.Porque me ensillis a ser humilde e conservis o

    meu coraqo em paz, respondeu (99).Ilouve outra santa mulher que saboreou tambem

    a presenta sensvel dos Anjos; foi Edviges Carboni,

  • rADRF. PIO E OS ANJOS 7ft

    A tr s citada e a quem chamam a mula da V ir geni de Luca. L-se no scu Dirio: Minha mc manda va-me ih vczcs fazcr recados, noite. Eu tinha medo de ridar szinha sobretudo na ruas mais escuras. Mas,

    de repente, via o meu Anjo da Guarda e eie dizia-me: no tenhas medo, ostou aqui para te fazer companliia. Se eu entrava na loja para comprar queijo, eie ficava IA fora; ao sa ir, voltava a aeompanhar-me at casa, desapareccndo porta. Eu sentia-me contentissima l>cla companhia que eie me fizera* (100).

    Estava um dia Edviges szinha, de cama e com febre. Sua irm Paulina tinha ido igreja comun- };ar; de regresso, notou que a casa esta va arrumada, (ucm veio c? perguntou com urna candura encantadora Edviges respondeu: Foi um menino vestido de branco e que tudo arrumou bem depressa > (101).

    No i>odemos omitir um episdio da intervengao anglica na vida dos Santos; episdio cujo interesse aumenta pelo facto de se relacionar com S. Miguel Arcanjo, no seu Mximo Santurio.

    Um grupo de seminaristas de Manfredonia subiu um dia ao Gargano, em peregrinalo Gruta de S. Miguel. Como cl\efe ia Frei Gerardo Maiella que, para mclhor honrar o Arcanjo, decidir fazer o cami- nho todo a p. Chegados ao Santurio, entretive- ram-se longamente orando com fervoroso recolhi- mento. Depois, acudiram ao chefe pedindo que lhcs procurasse qualquer coisa para enganarem a fome. Gerardo, porem, nem os via nem os sentia! De olhos no Cu, permaneca absorto em Deus... Innistiram a chamar por eie; mas eie conservava-se

  • 76 GtOVANNI P . SIENA

    mudo e imvol. Impressionados, comegam os seminaristas a recear que tivessc dado qualquer coisa grave ao Irmao. Por isso aproximam-se mais dele, saco- dcm-no, erguem-no. Tudo intil. Por fim, Gerardo sorri-se e, advertindo no que suceder, tranquiliza os companheiros: nao nada, nao 6 nada!... Vamos comer alguma coisa, e leva-os para urna estalagem, onde cearam, pagando eom dinheiro de proveniencia misteriosa.

    Na manh seguinte, aps o primeiro repasto, voltam ao Santuario a fazer as suas devoQoes c, de l, regressam ao Albergue. Entretanto Gerardo assentara-se uns segundos, ao mesmo tempo que os seminaristas se preocupavam com o al mogo, pois desta vez iam-se conveneendo que ficariam sem ele. Ncm valia a pena consumrem-ae, visto que o dinheiro se acabara. Bem no afirmava, l dum canto, Frei Ricardo, mostrando as mseras quatro moedas que haviam sobrado da vspera.

    Mas eis que surge Frei Gerardo: Vamos para a mesa, lhes diz. E, tirando do bolso vinte e quatro moedas, entrega-as a Frei Angelo para que v comprar o pao. Entrcolharam-se alegres, mas adniiradis- simos!

    gente de f remissa! continua o piedoso Irmo, ento c assim que se obedece?! Vamos para a mesa! E o certo que a mesa estava posta com peixe (era dia de abstinneia), peixe raro e de vrias especies! Os jovens mal podiam crcr no que os olhos viam... A t que Frei Angelo, j de regresso, e enquanto Frei Gerardo se mantinha algum tanto des-

  • PADRE PIO E OS A N JOS 77

    i ido, lhes explicou o mistrio, contando corno pouco unte surprccndera Frei Gerardo a rezar no aitar de

    ao Miguel. Enquanto reza va abeirou-se urna pessoa .l- u:onhecida e entregou-lhe um mago de moedas!

    Quem scria essa pessoa? Uni Anjo?... Um liomcm?... No sabemos; estamos, porm, convenidos de que, Anjo ou homem, fora enviado pela Pro

    videncia por intercesso do Santo Arcanjo. 102).J agora digamos alguma coisa desse santo

    .sacerdote de La Coumeuve, nos arredores de Paris,0 l'adre Lamy. O seu bigrafo dedica um captulo mteiro intimidade que ele mantinha com os Santos Anjos (103). Testemunhas fidedignas asseveram ter ouvido a voz desses espritos celestes com os quais o1 adre Lamy se habituara a conversar. O conde Paulo Hiver, seu bigrafo, conta o surpreendente episdio.

    Tendo-se ele, conde, hospedado urna noite em casa .lo Padre Lamy, intrigou-o, logo aps se ter deitado, una animada conversa no contiguo quarto do Padre. E rum dcz horas e o hospede notara, ao dar as boas noites ao reverendo amigo, que no estava l mais ningum. Entretanto o conde vai reparando queo Padre Lamy fala* de onde em onde, respondendo

    um interlocutor cuja voz era ntida, quente, de timbre viril e agradvel, cxprimindo-se autoritria n altos nem baixos. Percebiam-se algumas slabas. ni, contudo, distinguir palavras. Um terceiro inter-

    i." utor tinha a voz mais sumida e menos agradvel. rmbora normal, falava menos e sem nfase. Falava ni francs, tendo urna das vozes o acento regional

    irTastando o Padre os aa> e certas slabas. Ao firn

  • GIOVANNI P. SIENA

    duna sete minutos tudo voltou ao silencio. Sob um pretexto qualquer, Biver decidiu-se a entrar no quarto do Padre Lamy; encontrou-o s, como o dei- xara, virado para a parede c de joelhos diante duma estampa do Menino Jess. No dia seguinte, logo de manha, puxando conversa aquetas vozea da vsj>era,o Conde atreveu-se a perguntar: Eram os Santos Anjoa?*. Sorridentc, o Padre Lamy respondeu: natural; de noite sao eles a minha consolaso* e cxpiicou: as vozcs eram do Arcan jo S. Gabriel e do meu Anjo da Guarda. Para mim a tonalidadc de ambos a mesma; essa diferenga, que notastes, deve* -se com certeza ao facto de eles querercm fazer-se ouvir j>or vs e, tambm, julgo eu, , distancia diversa a que se encontravam. Quando o Santo Arcanjo fala confidencialmente, em tom baixo. Em todo o caso nao diga nada sobre o sucedido, antes de eu morrer.

    Um dia esteve quase a ser atropelado por um ciclista; fo i salvo milagrosamente pelo Arcanjo S. Gabriel. o padre quem conta: Nossa Senhora tinha dito a S. Gabriel: guardai-o, porque ele vai precisar de vs. E assim foi, de facto. Saira eu da igreja de Nossa Senhora dos Bosques, quase ao sol-- posto, e os raios do sol, muito inclinados, molesta- vam-me os olhos. Por isso ia caminhando com a cabera muito baixa para que a luz nao me ofuscasse, tanto mais que nessa altura eu j via muito pouco. De repente surge um ciclista e to ierto de mim que era inevitvcl o atropelamento. Nada aconteceu, porm. Muito delicadamente o Arcanjo agarra na bicicleta pelas duas rodas e poe-na, mais ao ciclista.

  • PADRE PIO E OS ANJOS 70

    tire a erva da berma da estrada. Para os Anjos |'-'lo nao se conta! Boquiaberto, o ciclista olhaI mi o Anjo e para mim... Que vontade de rir que n tive ao ver a cara de pasmo do pobre homem! TI re i o chapeu para saudar o Arcanjo e ia a afas-> i me quando outro ciclista se aproxima a toda a vrlo. idade. O priineiro, quase lougo, grita-lhc: Cui- dudo! Olha que sao dois!. Suponho que se refe-i i.i ao Arcanjo e a mim. Mas o segundo ciclista,i i< nada compreendera, retrocou: Nada, nao sao!. \ distancia a que ento estara o ciclista era a dai ii gura da sala, onde o Padre Lamy contava o sucedido, rematando assim:

  • xin

    AS A PA R igE S

    Os msticos distinguerli trs espcies de vises: uitclectuais, imaijinrias e corporais. As primeiras ixTtencem aquelas cujo objecto Cristo, a Virgem, iim Anjo, um Santo ou a alma dum defunto per- cebido pela inteligencia sera intermedio dos sentidos internos ou externos (a imaginado, os olhos...). Xeste caso nada se ve mas a alma... concbe claramente qual seja o objecto que se ofcrece (100).

    Mais ntidas c mais subtis que as outras, estas vises mantm-se mesmo que se fechem os olhos; imprimem-sc vivamente na memoria durante longo tempo e suscitam na alma a paz, a lu-/,, um regozijo celestial, suavidade, pureza, amor, tendencia e elevatilo do espirito para Dcus* (107).

    As visos imagiorias sao diferentes: menos no- bres que as intelectuais, produzem-se por via de imaginado quer no estado de vigilia quer no de sono; a sua aprccnso nao imediata nem perfeita (como as intelectuais) e tanto podem ser produzidas por um bom como por um mau espirito (108). Enfim< hamam-se corporais as vises cujo objecto, invisvel l>or natureza, atingido extenormente pelos olhos sob urna forma material sensivel. Neste caso as vi-

  • 82 CIOVANKI P . SIF.NA

    ses corpreas tomam o nome mais preciso e apro- priado de apariges. A estas ltimas pertencem os exemplos expostos as pginas precedentes e, tal qual as visoes imaginrias, podcm ser provocadas pelos espiritos maus.

    Habitualmente, ao estabelecerm contacto com os homens, os Anjos tomam forma humana, scm. todava, dcixar de transparecer na matria s ela aparente ou fugazmente real - a excelencia da natureza celeste. Por isso mesmo aparecem com aspecto juvenil, envoltos cm luz, com fisionoma maravilhosa, irradiando vigor c energa exeepcionais. No livro de Tobas (5,5) o Arcanjo Rafael surge como se fora um jovem esplendido; S. Joo (20,21) fala dos Anjos de vestes brancas*; cm S. Lucas c S. Mateus apresentam-se com aspecto fulgurante e roupagens alvas como a n e v o ; nos Actos dos Aps- tolos (1,10-1,30-12,7) mostram-se com vestes brancas esplendorosas*. E assim, na Sagrada Escritura e as Vidas dos Santos, a luz deslumbrante e a extraordinria brancura das roupas sao os sinais distintivos que se cncontram sempre aliados juven- tude e beleza.

    Santa Francisca Remana via o Anjo da Guarda sob a figura de um menino de nove anos, de olhos e rosto erguidos ao Ccu, raos cruzadas sobre o pcito c o cbelo descaindo sobre os ombros cm caracis doirados. Trazia um vestido de cor nivea e, por cima, urna tunicazinha de um branco anda mais ntido estriado de azul cerleo ou, por vezes, de prpura. A tnica dcscia at aos calcanhares deixando a dea-

  • PADRE PIO E OS ANJOS

    rolxTto oa pzinhos descalzos, cujo brilho no des- im.-recia nada mesmo ao pisar a lama dos cami- nltott (109).

    O Anjo da Guarda de St. Joana da Cruz tinha m/'iih, era mais fulgurante do que o sol e de beleza divinal. Os vestidos eram extremamente alvos e tra- na urna coroa na cabega, o sinai da Cruz na fronte,

    icriQcs simblicas e toda a esj>cie de imagcns da l aixo por todo eie (110).

    Santa Teresa de vila deixou-nos a seguinte des- i ir este pormenor que eu reeonhego um espirito de r.irgoria superior. Urna das coisas belas que eles > i. nl.un sao urnas placas de ouro, de forma irregu-ii i. dispostas em mosaico a revestir-lhes a parte u|MTor do corpo com refulgncia vria e sucessiva,

  • si

    O R IG E M D A P U B L IC A D O >ESTE L IV R O N A IN T E R N E T PO Rh ttp :/ / le itu ra sca to li | .b lo < !*p o t.co m .

    GlOVANNI P. SIENA

    numa especie de vaivem luminoso, Deus que Ihes vem todo o brilho. Os Anjos trazem aurolas de luz; trajam tnica at aos joclhos. de meia manga, por cima de um como saial que desee at baixo e de cor branca, suavssima, muito distinta do nosso branco e difcil de descrever (112).

    O assombro, a alegra, a admirago e o deslum- bramento sao as sensages espontneamente suscitadas pelas aparigoes descritas.

    Depois de narrar como Jess baixa ao altar no momento da Consagrago da Hostia cercado de incal- culveis legies de Anjos cintilantes de luz, a Beata ngela de Foligno continua: eu pasmava da alegra sentida com tal vi sao, aeostumada como estava a fruir tal alegria apenas quando va Jess (113).

    J vimos como Santa Gema Galgani caa em xtase sempre que fitava o seu celeste Cotnpanhciro. Que belo que ele !>, exclama va.

    Que lindo que o meu Anjo da Guarda!, dizia igualmente Mara de Santa Cecilia de Roma (falecida em 1929) (114).

    Mas voltemos a ouvir o Padre Lamy: Ao contemplar meio cento de Anjos ficamos maravilhados; nem j sequer nos acode a ideia de rezar! Aquclas placas de ouro, lucilando sem descanso, afiguram-sc- -nos outros tantos sois! Que empolgante espectculo ser, no Ccu, assistir ao vo de milhoes de Anjos ! (115).

    O pasmo, como cima dissemos, a alegria, a admirago e o deslumbramento sao a consequnca natural das aparees ; o que nao quer dizer, cla-

    PADR PIO E OS ANJOS 85

    i o, que sejam impressoes mediatas. Regra geral, sao ir. cedidas dum fugaz sentimento de perturbar c it de terror. Ao passar junto de mim algum espillo, erigavam-se-me os cbelos, dizia o ProfetaI I) (11G). E Daniel cau assombrado ccm o rosto no> bao; quando o Arcanjo lhe anunciou a libertago de Israel (117).

    Ave, chcia de grag-a, o Senhor est convosco. .'os bendita entre as mulheres! (118). Tais foram :is palavras do Arcanjo Gabriel ao aparecer futura Mae de Deus. Ora diz S. Lucas que a Virgcm se per- irbou*. No afirma que se perturbou devido viuao, mas sim pela saudago que a declara va cheia de graga. Por conseguinte a perturbado foi a reacco espontanea da sua humildade, ncm poderia ter origem na presenga de Gabriel, um dos espritos lestes, porquanto a Virgem tinha sido eleita Rainha deles desde a Eternidade e a todos exceda em grandeza e perfeigo. De nenhum outro modo se cxplicaria

    - julgo cu a serenidade de Mara em facc da apa- rigo. O evangelista Sao Lucas atribu claramente aquela perturbago saudago anglica. Esta passa- gem evanglica 'sintomtica, isto , parece certifi- ;ir a presenga do Espirito Santo guiando o escritor 'agrado na redaego do episdido da Anunciago.

    Todava, este facto constitu apenas um caso excepcional a favor da SS."-* Virgem, mas que no corre com as outras criaturas.

    Com efeito, e citando mais alguns exemplos, unos encontrar outras pessoas tomadas de temor

    mte a aparigo de Anjos. Recordemos os pastores

  • B6 GIOVAN'NI P. SIENA

    que vigiavam seus rebanhos as cercanas de Belm, na noite de Natal: e eis que ura Anjo do Senhor Ihes apareceu, envolvendo-os no scu claro. E ele fiearam rauito assustados (119). Da mesma forma aquelas Santas Mulhcrcs que foram ao sepulcro de Jess ressu8citado (120), bem como numerosos e idnticos acontecimentos com muitos Santos e San- tas. Baste-nos um exemplo: T i ve a visita do meu Anjo da Guarda, es ere ve Santa Gema ao Padre Germano. A o v-lo, perturbei-me um pouco e at sent medo (121).

    Segundo afirmam os msticos, tal perturbago um bom ndice, pois nos faculta ajuzar da proveniencia dcstas visoes que, dissemo-lo atrs, poden ser causadas por bons ou por maus espritos. Nem disso nos devemos admirar, visto que Sata se transfigura tambm em anjo de luz (122). Por tal motivo que S. Joo nos poe de sobreaviso: Caros irmos, nao deis crdito a quaisquer espritos; mas provai-os para saber se sio de Deus* (123). E como sabemos se um espirito de Deus? Quais sao os restantes sinais, alm da perturbado mencionada, que permitam ajui- zar da categora duma aparigao?

    Responderemos com as prprias palavras de Jess a Santa Catarina de Sena: Seria fcil iluminar-te a alma com urna inspiragao que te facilitasseo distinguir urna vso de outra. Mas, para bem teu e dos mais, quero ensinar-te que exacto o que dizem os Doutores, por mim instruidos. Quando aparego a algum, de eomego ficam assustados; pouco a pouco vo serenando e o amargor inicial vai-se dulcificando.

  • PADRE PIO E OS A N /OS 87

    I .''-.'ir precisamente o contrrio quando o inimigo I < aparece. Tem-se a imprcsso inicial de sentir e rto prazer; parece quasc verosmil e atrai. No< ntanto, logo gera na alma de quem o v urna sensato de pesar e de nusea. Quero ainda dar-te um sinai

    iiK'iilivel e certo. Visto que sou eu a Verdade, tem com certo que toda a alma deve tirar das minhas .ip.iries um maior conhecimento da Verdade.< ) conhecimento da verdade acerca de mim e da alma indispcnsvel a esta ltima. Com efeito, a alma deve conhecer-me e conhecer-se; conhecendo-me e> onhecendo-se, a alma despre/.a-se e honra-me, pois luto nasce espontneo da humildade. Por conseguinte preciso que, por fora das minhas aparics. a .Ima se torne mais humilde e que, simultneamente, ri conhea o seu nada e se desprezc. D-sc o contrrio nas aparics do inimico. Como ele o pai da mentira, o rei dos orgulhosos, que jamais poder daro que nao tem, faz nascer na alma, como conse- qtincia das suas aparioes, urna certa estima de si-prprla, urna presuno peculiar ao orgulho, ficando

    lutsim a alma inchada e cheia de vento (124).Todava, muito embora haja normas para dis

    tinguir um Anjo dum Demonio, as visoes corpo- m m ou imaginrias nem por isso deixam de constituir um perigo. Dai o estarem os msticos de i >rdo quando afirmam: 1." a necessidade de expor i'KrtnM visoes ao director espiritual (quer o Senhoriii1' se tenha em grande apreo a direco do Saccr-

    -l"te, om cujos lbios pe as palavras oportunas); que no se devem desojar tais visoes e se devem

  • ss GIOVANNI P. SIENA

    aceitar coni corta indiferenga e premunindo-se contra as fraudes cventuais do demnio, utilizando meios adequados como o uso da gua benta, o sinai da Cruz, a invoca lo dos nomes de Jesus e de Maria.

    Todas as vezes que Ihe apareca o prprio Alijo da Guarda ou o do Padre Germano, Santa Gema tinha por hbito, para se assegurar da sua identidade, obrig-lo a repetir a saudago: V iva Jess! Benditos aejam os nomes de Jesus e de Maria. Quando a aparigo responda apenas: V iva, Benditos, ento A Santa repeia-a enrgicamente, sem a minima hesi- tago, bem convicta de que se tratava de aparigSes diablicas. Um dia, aparecendo-lhe o seu Anjo, Gema fez-lhe esta ameaga: Se vens da parte do diabo, olha, escarro-te no rosto (125). E um dia escarrou a valer! Eis o que aconteceu: O Anjo nao se moveu e no local em que Gema escarrou, aos ps do Anjo, nasccu urna rosa branca em cujas ptalas se lia, escrito em letras de ouro: Tudo se aceita do Amor (126).

  • !; IMPRESCINDIVEL O AU X ILIO ANGLICO

    Na impossibilidade de realizar o projecto insen- ato de se igualar a Deus, Sata procurou e procura wnnpre parodiar as ac^oes divinas. Concede Deus aos Alijos que pcssam proporcionar jbilo aos homens, iparecendo-lhes belos e esplendorosos... Pois logo o >i ilio se esforsa por macaquear a luz, a graQa c as : ilavras dos seus antigos irmos. Em toda a parte em tudo o que Ihe possivel copia a Deus. Destina m Senhor Anjcs para a guarda dum continente, duma nago, duma cidade, duma comunidade ou dum homem? Imediatamente se esfor^a o espirito mau or fazer o mesmo. Tal procedimento deriva nro s da nsia desenfocada e tenaz de a Deus se assemelliar mas outrossim, e sobretudo, do desejo de prcjudicar a Humanidade. E por que permitir Deus tudo isso? Por que lhe consentir que tente os homens com risco de os ver precipitados no inferno e associados ao seu eterno c maldito destino? A tentago diablica a usta e inevitvcl heranca do pecado originai ou,

    :

  • Giovanni Papini publicou um livro sobre a objectiva, palpitante e terrvel realidade do Diabo; e, nao obstante algurnas opinides pcssoais nada conform