outrolhar - edição 40

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LE PAR KOUR JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ANO 12 - EDIÇÃO Nº 40 MAIO DE 2015 OPINIÃO Papa Francisco representa um novo olhar sobre os velhos muros do Vaticano página 3 SOM ALTO, NÃO! Shayene Martins/ Taiane Souza COMPRAR É A NOVA REGRA Falta de cuidado com volume causa perda precoce de audição página 14 QUANTAS CALORIAS VOCÊ CONSUMIU? Benefícios de um aplicativo que ajuda a não perder controle na hora da refeição página 4 DONA CORA CONTA HISTÓRIA Preservação de construções antigas mantém viva a história da cidade para as próximas gerações e rendem incentivos do governo página 8 Evento tradicional de Viçosa, a “Procissão do Encontro” tem público modificado com passar dos anos página 12 MAIS OU MENOS FÉ? Thalison Oliveira Esporte que convida a encarar os desafios, superar os limites e ultrapassar as barreiras página 15 E O NOSSO LIXO? Entenda como os aterros sanitários funcionam e suas vantagens em relação ao lixão página 10 Jovens de diferentes classes são responsáveis por movimentar comércio local e se transformam nos ditadores da moda ao saírem das lojas com mãos cheias página 6 Jonathan Fagundes

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Edição de número 40 do Jornal Laboratório OutrOlhar, lançada em maio de 2015.

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Page 1: OutrOlhar - Edição 40

LE PAR KOUR

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 12 - EDIÇÃO Nº 40 ● MAIO DE 2015

OPINIÃO Papa Francisco representa um novo olhar sobre os velhos muros do Vaticano página 3

SOM ALTO, NÃO!

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So

uza

COMPRAR É A NOVA REGRA

Falta de cuidado com volume causa perda precoce de audição

página 14

QUANTAS CALORIAS VOCÊ CONSUMIU?

Benefícios de um aplicativo que ajuda a não perder controle na hora da refeição página 4

DONA CORA CONTA HISTÓRIA

Preservação de construções antigas mantém viva a história da cidade para as próximas gerações e rendem incentivos do governo página 8

Evento tradicional de Viçosa, a “Procissão do Encontro” tem público modificado com passar dos anos página 12

MAIS OU MENOS FÉ?

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Esporte que convida a encarar os desafios, superar

os limites e ultrapassar as barreiras página 15

E O NOSSO LIXO?

Entenda como os aterros sanitários funcionam e suas vantagens em relação ao lixão

página 10

Jovens de diferentes classes são responsáveis por movimentar comércio local e se transformam nos ditadores da moda ao saírem das lojas com mãos cheias página 6

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OUTROLHARMAIO DE 2015OPINIÃO

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AO LEITORO presente semestre é

marcado pela experimenta-ção e pela compreensão da operacionalidade oriunda dos procedimentos edito-riais utilizados no jornalis-mo e que são colocados em prática pelo corpo redacio-nal do jornal OutrOlhar.

A disciplina Jornal-Labo-ratório II, oferecida sempre no primeiro semestre dos anos letivos, é a responsável pela produção e edição des-te veículo e de seus produ-tos correlatos, como o jor-nal esportivo, o fotográfico e os “macarrões” que encar-tam as edições. Nela, tenta-mos preencher as lacunas da reflexão sobre as técni-

cas de edição ainda existen-tes no Brasil. Editar jornais impressos é uma tarefa que exige atenção e dedicação dos responsáveis para de-tectarem e impedirem as ar-madilhas contrárias ao jor-nalismo de qualidade. Dos editores são exigidas, entre outras habilidades, a admi-nistrativa, o planejamento editorial e a capacidade de estabelecer e obedecer cri-térios que tornem a leitu-ra agradável, informativa, atraente e fácil.

Uma boa leitura para to-dos.

Joaquim LannesEditor

MEU CORPO, EU DECIDOPoder fazer algo não sig-

nifica que isso deva ser feito, muito menos que irá. Mas é muito válido defender que o direito de escolha exista, e que cabe a cada um fazê--la. Legalizar o aborto nada mais é que defender esse di-reito. Dar às mulheres o po-der sobre o seu próprio cor-po, oferecer a elas o direito de ter uma criança ou não, de terminar uma gravidez indesejada com segurança e sem colocar sua vida e saú-de em risco.

Defender que a legali-zação causará abortos em massa é um equívoco enor-me. Se pararmos de ser hipócritas e analisarmos a situação tal como ela re-almente é, vamos perce-ber que o fato do aborto ser proibido não impede ninguém de fazê-lo. Uma mulher que não quer real-mente uma gravidez vai dar seus jeitos, e das formas mais bizarras e insalubres possíveis. Partindo desse ponto, por que não propor-

cionar à essas mulheres um mínimo de segurança?

Legalizar não é fazer com que o aborto se torne mais um método contraceptivo e chega a ser idiotice pensar algo assim. Uma mulher que tem um mínimo de condição de criar um filho e tenha al-gum senso de humanidade jamais verá o aborto como opção. Mas uma mulher que esteja desamparada, em uma gravidez indesejada, muitas vezes abandonada pelo pai da criança, vai pro-curar uma forma de se livrar dessa gravidez, o que em muitos casos acaba resul-tando na morte não só do bebê mas da mãe também. E o pai sai ileso nessa.

Mas um filho não é res-ponsabilidade de ambos os pais? Então por que dar a um deles a possibilidade de negar essa responsabi-lidade e obrigar o outro a assumi-la sozinho? Para o homem é muito simples fu-gir das suas responsabilida-des e jogá-las todas em cima

da mulher, e a sociedade vai cobrar é dela, a vida que vai ser virada de cabeça para baixo é a dela. Mas ela não tem o direito de escolher que isso não aconteça.

E volto a dizer, não é o fato de ser ilegal que impe-de alguém de abortar. Di-zer isso seria o mesmo que dizer que o consumo de drogas é impedido por ser ilegal, e todos sabemos que definitivamente não é o que acontece. Partindo da mes-ma lógica, posso afirmar que não acredito que legalizar o aborto vá fazer com que o número aumente, tampouco vai diminuí-lo. Mas acredito que muitas mortes mater-nas poderão ser impedidas. Também não sou a favor do aborto, mas acho mais do que justo garantir a todas as mulheres um mínimo de dignidade e respeito às suas escolhas em relação ao seu corpo. “Meu corpo, minhas regras”.

Patrícia Freitas

O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma 2013, na dis-ciplina COM 452 - Jornal- Laboratório II.

EDITORProf.º Joaquim Sucena Lannes

MONITORIAAna Cláudia Richardelli

DIAGRAMAÇÃOCleomar Marin, Jésus Dias, Mateus Dias, Núbya Fontes, Robson Filho e Ronan dos San-tos, Taiane Souza

REVISORESIngrid Carraro e Karina Mendes

APOIOCentro de Ciências Humanas Letras e Artes - CCH

REITORAProf.ª Nilda de Fátima Ferreira

DIRETORA DO CCHProf.ª Maria das Graças Floresta

CHEFE DO DCMProf.º Joaquim Sucena Lannes

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMOProf. Henrique Mazetti (suplente)

ENDEREÇOVila Giannetti, casa 39

Campus Universitário 36570-000Viçosa - MGTel.: [email protected]

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).

VIRA-LATAS OU CACHORRINHOS DE MADAMEcia europeia devessem ser usadas no forte calor tro-pical, como fazemos ainda hoje com o terno e a grava-ta. O Brasil cresceu, se de-senvolveu, mas ainda hoje ouvimos coisas como: “se é importado é melhor”, “bra-sileiro não tem cultura”, “em país de primeiro mundo a coisa é diferente”. Aí eu per-gunto: importado de onde? Algum lugar sem leis traba-lhistas? Dizer que brasileiro não tem cultura é confessar que não é culto o suficien-te para conhecer o próprio país, que dirá dos outros. E “a coisa” é diferente sim no primeiro mundo, ou em qualquer outro país do ter-ceiro também, mas quem disse que isso significa que no Brasil é sempre pior?

O Brasil, como qualquer outra nação, enfrenta pro-blemas e tem muito a desen-volver. No entanto, acreditar

que a “República das Bana-nas” deve desesperadamen-te se espelhar nas culturas que conhecemos apenas pela TV é pura ignorância. O Brasil foi o primeiro país a erradicar o sarampo em 2000, e os Estados Unidos sofreram uma epidemia da doença em 2013. Após uma jazida de petró-leo ser descoberta são necessários 15 anos, em mé-dia, para o início da produção. Brasileiros iniciaram a produção no pré-sal em apenas seis. E os exemplos se estendem em diversas áreas. Repetir o estig-ma de que o Brasil é atrasado é se negar a enxergar o pano-rama todo. Talvez devêssemos ado-tar a atitude dos verdadeiros vi-

ra-latas, sendo mais livres e felizes por conta própria, ao invés de ficarmos presos a coleira de aprovação alheia como cachorrinhos de ma-dame.

Leonardo Gonçalves

1958, na Suécia, os brasilei-ros tinham pudor de acredi-tarem no próprio futebol. O sentimento de inferioridade aos demais países foi bati-zado por Nelson Rodrigues como “Complexo de Vira--latas”. O termo, criado na ocasião do mundial esporti-vo, relata uma questão que

se estende muito além do universo futebolístico.

Apesar do nome “Complexo de Vira-latas” ter apenas algu-mas décadas, a síndrome tem

origens desde os tempos coloniais. A

Europa não era vis-ta apenas como um

lugar mais desenvolvi-do, mas algo que devia

ser imitado, mesmo que para isso as

pesadas roupas da aristocra-

Após a derrota na final da Copa de 1950 para o Uruguai, em um Maracanã lotado, uma onda de bai-xa estima cobriu o Brasil. Apesar de vice-campeões, nos sentíamos os piores do mundo. Até conquistarem o campeo-nato em

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ERRAMOS: Na última edição do OutrOlhar, na matéria “Era uma vez”, o nome da professora Maria Lígia Rodrigues, idealiza-dora do projeto Contação de Histórias, foi grafado erroneamente, assim como o nome da atual coordenadora Márcia Onísia. E na matéria sobre a dança do ventre, a professora entrevistada foi Marcela Oliveira e não Roberta Ladeira, que, na verdade, é dona da academia mostrada na foto.

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OUTROLHARMAIO DE 2015OPINIÃO

CORRUPÇÃO, MORALISMO E HIPOCRISIA

Nesta edi-ção, o OutrOlhar

traz você, leitor, para dentro do j o r n a l ! We n d e l Leal, 18, é estu-dante do Esedrat e foi convidado a

conhecer a nossa redação e bater um

papo com nossos repórteres sobre di-

versos assuntos da atua-lidade, como maioridade penal, segurança, política, educação e cultura. Confi-ra no ping-pong a seguir:

OutroOlhar: O que você sabe sobre a redução da maioridade penal? O que você acha sobre?

Wendel Leal: Eu sou contra porque eu acho que isso não seria a forma de resolver o problema, ba-sicamente. Acho que deve investir em educação, cul-tura... Se a redução da maio-ridade acontecer, a criança vai ter sempre um profes-sor dentro da prisão que só vai ensinar sobre crime.

OO: Você disse que uma

solução, ou pelo menos uma tentativa de melhorar a situação, seria investir em educação. Você acha que o que tem hoje ainda não é o suficiente?

WL: Eu, por exemplo, almejo Engenharia de Ali-

mentos e no caso só com a base do meu colégio eu não consigo, entendeu? Acho que desde o 1º ano eu não sei o que que é Física. Eu não tenho base nenhuma de Física porque a gente não tinha professor. Eu acho

que falta investimento, sim, na educação.

OO: Essa educação que você fala é somente a for-mal ou, por exemplo, deve-ria ter outros tipos de ati-vidades fora matemática, português, etc?

WL: Acho que devia ter um maior in-

vestimento para os salários dos professores e para cul-tura. Acho que no Peru ou na Colômbia, junto com o Ensino Médio tem atividade de malabarismo, tem crian-ça desde cedo fazendo ma-labarismo como atividade extra, é bem bacana. Você desenvolve uma personali-dade, você conhece, evolui como pessoa. Eu enxergo isso, a função dessas ativi-dades culturais e tal.

OO: Se tivesse alguma atividade pra você escolher, qual escolheria?

WL: Cara, como eu fa-lei, malabarismo, novos esportes, atividades ou por exemplo o professor usar a criatividade também na hora de passar a aula, tipo mini gincanas ou campeo-natos e tal, eu imagino isso.

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Eleito após uma situação atípica na Igreja Católica, o Papa Francisco comple-tou em março de 2015 dois anos no governo do Vatica-no. Neste curto período, Jor-ge Mario Bergoglio, nome de batismo de Sua Santida-de de 78 anos, fez mais do que pregar dogmas e trans-mitir sermões aos milhões de fiéis. O primeiro papa la-tino-americano, e primeiro não-europeu em 1200 anos, conquistou imensa popula-ridade e aceitação graças às suas atitudes desde o início: se apresentando de maneira humilde (Francisco dispen-sou o luxo excessivo que se costumava atribuir ao seu cargo), carismática, sorrin-do mais e ficando mais per-to de seus seguidores.

Para além dos muros do Vaticano, Francisco tem sua representatividade e lide-rança política reconheci-da e respeitada mesmo em territórios que não são de maioria católica. Seus posi-cionamentos já trataram de questões como o casamen-to gay, o programa nuclear do Irã, os conflitos arma-

dos na Síria e Iraque, entre outros muitos assuntos de interesse global. Suas falas frequentemente condenam o “silêncio cúmplice” e a in-diferença dos governantes diante de problemas econô-micos e sociais:

- Endurecer penas não leva à diminuição da de-linquência e pode levar a graves problemas para as sociedades, como prisões superlotadas - escreveu o papa em carta à Associação Latino-americana de Direito Penal e Criminologia.

Tais posturas revelam que Francisco tem se mos-trado como o sopro de mo-dernidade de que a Igreja Católica precisava para se adaptar às realidades do mundo globalizado e atrair a juventude para o rebanho, o que aparentemente tem funcionado: ele foi eleito a Pessoa do Ano de 2013 pela revista Time, foi capa da edição de janeiro de 2014 da Rolling Stone (revista sobre cultura popular) e até tira selfies com seus fiéis. Mais do que nunca, o Papa é Pop e atual.

Cleomar Marin

Muitas vezes já foi dito por aí que o povo brasilei-ro é um povo corrupto. Não sejamos hipócritas de ne-gar isso. Mas não apenas no Brasil, ela está presente em todo o mundo. Corrupção não é coisa de nacionalida-de, é coisa de ser humano! Talvez seja por causa dessa frequente afirmação sobre o nosso país, e das presentes “descobertas” dos atos dos nossos eleitos governantes, que a população brasileira está cada vez mais falando do assunto.

Sair por aí carregando faixas nas quais o principal foco é o fim da corrupção se tornou um ato frequente da população brasileira nos úl-timos anos. Uma população que anos atrás lutou pelo fim da ditadura militar vai às ruas pedir a volta dela, a palavra impeachment caiu no gosto e na boca do povo. Mas será que esse mesmo povo, que diz ser totalmen-te contra a corrupção, não acaba esquecendo de suas próprias ações e se tornan-do hipócrita ou falso mora-lista?

Não existe oposição ao ato de manifestação con-tra a corrupção. Óbvio. O que existe é um recorrente fortalecimento do ato com nossas próprias ações. A corrupção é associada, na maioria das vezes, apenas aos feitos dos governantes. Estamos excluindo aquelas “pequenas corrupções” que praticamos no nosso dia-a--dia. E com isso, sem perce-ber, nos tornando hipócritas ao debater o tema e acaban-do por fortalecer aquilo que tanto lutamos contra.

Falsificar carteira de identidade, atestado mé-dico, diploma, assinatura; furar filas; estacionar em lo-cais proibidos ou em vagas de deficientes; fazer ‘gatos’ em instalações públicas; sonegar impostos ou ale-gar falsamente uma doença para justificar uma falta ao trabalho ou a aula são al-gumas poucas das inúme-ras atitudes que nos fazem corruptos. Atitude que para muitos é definida como uma maneira de facilitar as coi-sas, e para os olhos do ex-terior é o famoso “jeitinho

brasileiro”. Mas que na defi-nição correta é desonestida-de, desvirtuamento, devas-sidão de costumes mesmo.

Não tem problema ne-nhum ir ali manifestar con-tra a corrupção e na volta entrar em um carro com carteira comprada, esta-cionado em uma vaga para deficiente se estava fazendo uma boa ação, lutando pelo país. A não ser que você queira ser considerado um corrupto, moralista e hipó-crita, tem problema sim, e muito!

A corrupção e a hipocri-sia caminham lado a lado na história do nosso país, e vai ser assim por muito tempo se não mudarmos nossas atitudes. A luta contra a cor-rupção começa dentro de nós mesmos. Ou mudamos nossas atitudes ou seremos apenas mais uns moralistas por aí, lutando por algo que nunca terá fim.

Ana Leão

O PAPA É POP E ATUAL

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OUTROLHARMAIO DE 2015CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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O ALARME TOCA, ESTÁ NA HORA DE COMERAplicativos para celulares auxiliam usuários no controle de calorias ingeridas na hora de se alimentar

EQUIPAMENTOS MEDEM CHUVA EM VIÇOSAPor Mateus Dias

Você já ouviu falar em pluviômetro? Imagina para o que ele serve e como fun-ciona este aparelho? Este nome diferente ao nosso dia-a-dia é dado ao equi-pamento que faz o reco-lhimento e a medição, em milímetros (mm), da quan-tidade de chuva que caiu em uma determinada região e período de tempo.

Usando de uma escala matemática, os pluviôme-

tros fornecem o volume da lâmina de água gerada pela chuva em um metro qua-drado (1m2). Assim, se o equipamento registrou 100 mm de lâmina d’água em seu interior, significa que houve uma precipitação de 100 litros em 1m2. Todos esses dados e medidas são observados por serviços de monitoramento climático e de prevenção de desastres ambientais e socioeconômi-cos (deslizamentos de ter-ras e enchentes), como faz a

Defesa Civil, com o objetivo de orientar seus trabalhos.

Em Viçosa (MG), cujo re-levo, segundo o site da Pre-feitura, é do tipo acidenta-do, sendo 85% montanhoso, 12% ondulado e apenas 3% plano, saber a quantidade de chuva que cai na cidade é ainda mais importante em função de sua ocupação ter-ritorial. Para isso, a região possui cinco pluviômetros automáticos, sendo um de responsabilidade da Uni-versidade Federal de Viçosa

(UFV) e os demais da Prefei-tura. Eles foram instalados, além do centro, nos bairros Laranjal, Cachoeira de Santa Cruz (Fundão) e Nova Viço-sa.

Segundo o chefe do De-partamento da Defesa Civil de Viçosa, Rodrigo de Souza, os pluviômetros automáti-cos utilizam uma bateria recarregável com energia solar, e enviam via mensa-gens de texto (SMS), a cada dez minutos, as informa-ções captadas para o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Natu-rais (Cemadem), em Brasília (DF). O serviço, disponível em diversas cidades do Bra-sil, passou a funcionar em janeiro de 2015 em Viçosa.

O diretor técnico do Ser-viço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (SAAE), Edson Bhering, explica que os aparelhos são importan-tes para saber a quantidade exata de chuva que alimenta a bacia do Rio São Barto-lomeu. E, assim, melhorar a administração do uso da água.

Se você tem curiosidade e deseja entender mais so-bre essa ferramenta, dados atualizados, gráficos e his-tóricos de chuvas, orienta-ções e informações de cada pluviômetro ficam disponí-veis por meio do site cema-den.gov.br/pluviometrosau-tomaticos/

Por Jonathan Fagundes

Você sabia que uma pes-soa deve consumir até 3000 calorias diariamente? Essa é a quantidade recomenda-da por alguns nutricionis-tas, mas muitas pessoas têm dificuldade para controlar a ingestão diária de alimen-tos. Pensando nisso, recur-sos tecnológicos fáceis de serem carregados em qual-quer lugar podem ajudar em sua dieta alimentar.

Diversos aplicativos de-senvolvidos para celulares

e tablet’s prometem ajudar no controle do peso. Basta regular quantos quilos se deseja perder, depois é fei-to um calculo informando quantas calorias você pode ingerir diariamente. Eles funcionam como um diário alimentar, no qual fica re-gistrada cada refeição feita pelo usuário.

A nutricionista Camila Neves destaca que os apli-cativos podem auxiliar na perda de peso como prome-tem, porém é preciso que estajam aliados a uma die-

ta alimentar e à prática de exercícios físicos.

O objetivo de cada usu-ário pode ser tanto perder peso quanto ganhar massa muscular. A cada refeição o celular apita como se fosse um despertador avisando que é hora de se alimentar. Depois disso, é só selecio-nar os alimentos que vão ser ingeridos e esperar o aplicativo exibir as calo-rias contidas. A estudante Tábhata Valentin utiliza o aplicativo Boa Forma há um ano. Ela realiza atividades

físicas diariamente e afirma que ele é um complemento, já que exercício físico não é nada sem dieta.

A estudante do Ensino Médio, Bárbara Sampaio, utilizou o aplicativo por pouco tempo e não ficou fe-liz com o resultado:

- Fiquei motivada a usar por achar que seria um jeito fácil de regular o que comia e assim perder peso. Mas não notei diferenças no meu corpo, e se eu comia uma maça o nível de açúcar já es-tourava. Como não pratica-

va atividades físicas, acabei interrompendo o uso - afir-ma a estudante.

Os aplicativos não subs-tituem o acompanhamento especializado feito por um nutricionista:

- Toda dieta precisa ser prescrita por pessoas aptas a acompanhar cada pacien-te. Além disso, há a neces-sidade de fazer atividades físicas, sempre sob orienta-ção de um profissional da área, e o risco de ignorar o alarme depois de um tempo - finaliza a nutricionista.

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A cada 10 minutos, os pluviômetros enviam as informações da quantidade de chuva para a central de dados em Brasília, via SMS. Eles são equipados com dois chips de operadoras de celular diferentes, para caso alguma delas fique indisponível no momento. Mesmo que não esteja chovendo, o registro desta condição climática pelos aparelhos é importante para compor o histórico de chuva de cada região de Viçosa

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ENTENDER A TEMPERATURA DO NOSSO CORPO AJUDA NA PREVENÇÃO DE LESÕES

Departamento de Educação Física da UFV lidera pesquisas sobre a aplicação da termografia em atletasPor Lucas Moura

Uma câmera digital que registra toda a temperatu-ra da sua pele. Parece coisa de filme de ficção científica, não é mesmo? Mas já existe! Com uma maior precisão na imagem, a chamada câmera termográfica dispõe de uma lente infravermelha especial que consegue captar as on-das de calor emitidas pelo nosso corpo, esteja ele para-do ou em movimento.

A esta técnica de capta-ção da temperatura nós atri-buímos o nome de termogra-fia. A fim de facilitar a visão noturna dos soldados, a tec-nologia foi criada a partir de sua aplicação na área militar e há aproximadamente 15 anos vêm sendo utilizada na área médica esportiva. De acordo com o professor do Departamento de Educação Física da UFV e especialista no assunto, João Carlos Bou-zas Marins, sua aplicação pode evitar o aparecimento

de lesões musculares ou ar-ticulares em atletas:

- Os dois lados do nosso corpo, esquerdo e direito, têm a mesma temperatu-ra em condições normais. Quando ocorre um processo inflamatório em um desses lados, há uma geração de ca-lor, e a câmera termográfica é tão sensível que consegue captar exatamente o ponto onde esse calor está sendo gerado. Há um desequilíbrio na temperatura dos dois la-dos. É nele que a lesão pode vir a se desenvolver – expli-ca.

A palavra de ordem aqui é a prevenção. Antes que o problema se alastre e im-peça o atleta de jogar por muito tempo, o ideal é tra-tar o quanto antes a região apontada pela câmera. Em grandes clubes de futebol, tais como o Botafogo e o Cruzeiro, em linhas gerais, as pesquisas apontam que

este procedimento já ajudou a prevenir mais de 80% das lesões dos jogadores.

Além disso, vale lembrar que a termografia também pode ser utilizada em ou-tros espaços, como no de-senvolvimento de roupas mais adequadas a cada clima especifico ou mesmo para quantificar e verificar as diferenças na temperatura corporal sob diversos aspec-tos e esportes. A pesquisa de mestrado do estudante Alis-son Gomes da Silva, do Curso de Educação Física da UFV, por exemplo, investiga as mudanças de temperatura após exercícios de remo só com o braço, só com a perna ou com ambos juntos.

- É uma área de pesquisa relativamente nova, existem poucos trabalhos publicados sobre o assunto. A experiên-cia está sendo muito boa. Já tenho até ideia do que fazer para o doutorado – encerrou. Câmera termográfica registra calor corporal de voluntário

DREAM:ON – TECNOLOGIA PARA SONHARPor Karina Mendes

Se sonhar ainda é um dos poucos prazeres que não custam nada, já ima-ginou poder controlar os seus sonhos? Pois é quase isso que pretende o apli-cativo para smartphone Dream:ON. Pensado pelo psicólogo inglês Richard Wiseman, e lançado em 2012, o aplicativo prome-te influenciar os sonhos do usuário, por meio de sons que reproduzem ambien-tes e cenários enquanto ele dorme. Dentre os vários estímulos sonoros dispo-níveis, pode-se escolher entre sons de praia, chuva, restaurante, florestas e ou-tros que até mesmo reme-tem a pesadelos.

Baseado nos movimen-tos do usuário na cama, o aplicativo identifica em que fase do sono o mes-mo se encontra. Ao entrar na fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), etapa em que a maior parte dos sonhos ocorre, o aplicativo emite sons relacionados à escolha pré-programada do usuário, isso geraria um processo de indução em seu cérebro. Para a psicó-loga Luciana Lopes, mais

do que induzir de maneira fisiológica ao sonho, o apli-cativo pode funcionar por meio da expectativa criada ao ser usado:

- Quando você deita pensando em alguma coi-sa, às vezes sonha com aquilo. Então, se você pro-gramou para ouvir sons de praia, por exemplo, já foi estimulado pensan-do na praia, e aquilo pode

aparecer como um desejo de fato. Você entra na ex-pectativa, que pode gerar o sonho, e ela interfere. O sonho é uma transforma-ção da realidade, no qual o objetivo é trabalhar com o que acontece no nosso dia a dia. – explica a psicóloga.

Segundo as pesquisas realizadas pelos desenvol-vedores, pelo menos 30% das pessoas que usam o

aplicativo conseguem con-trolar seus sonhos. O pro-fessor de inglês Gabriel Matos testou o Dream:ON por uma semana. Para ele, a ideia do aplicativo é boa principalmente por auxi-liar no sono:

- Não chegou a funcio-nar todas as noites que testei. Os sons mais com-plexos, como os que ten-tam fazer você sonhar com

cheiros de campos de flo-res, por exemplo, são mais difíceis de acertar. Acho que o mais legal é que os sons parecem fazer você relaxar mais profunda-mente. - declarou.

Ficou curioso para tes-tar o aplicativo? Ele pode ser baixado gratuitamente pela internet. Mas, por en-quanto, só está disponível para Iphone e em inglês.

OUTROLHARMAIO DE 2015CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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Aplicativo Dream:ON promete estimular o subconsciente por meio de sons e influenciar sonhos do usuário

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OUTROLHARMAIO DE 2015COMPORTAMENTO

Em tempos de crise, eles seriam a esperança de mui-tos dos comerciantes. Com a movimentação de mais de 30 bilhões de reais por ano em renda própria, os jovens bra-sileiros ainda podem exercer influência no consumo dos pais, aumentando esse va-lor para mais de 94 bilhões de reais por ano só em pro-dutos que os agradam. E se engana quem imagina que nessa amostra estão apenas os jovens de classe média.

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Data Favela (RJ) em parce-ria com o Data Popular (SP) e a Central Única das Fave-las (Cufa-RJ) divulgou que, aproximadamente, 12,3 mi-lhões de pessoas vivem nas comunidades brasileiras e que eles são responsáveis por 68,6 bilhões de reais gas-tos anualmente. Os jovens entre 14 e 29 anos que mo-ram em favelas formam um dos grupos responsáveis por esse consumo, que está liga-do ao aumento da escolari-dade: 73% deles estudaram mais que os próprios pais.

Viçosa se torna um ce-nário interessante, já que é uma cidade voltada para o público de estudantes. A

maioria vive condições inde-pendentes. Por isso, a região possui segmentos comerciais especializados. A revolução das marcas, o aumento do poder aquisitivo do brasi-leiro nos últimos anos e a garantia de qualidade por

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um preço acessível tem atra-ído os clientes desse nicho. É o que explica a vendedora Joice Ferreira Teixeira, que trabalha em uma loja de rou-pas na cidade. Segundo ela, as meninas compram mais que os meninos e possuem

ELES VIVEM COM O BOLSO CHEIOJovens têm maior poder aquisitivo e movimentam lojas em Viçosa

Por Guilherme Pimenta

Por Laryssa Cristina

maior interesse em calçados e blusas mais básicas, para o dia a dia. Essa característica ajuda a definir o ritmo dos vendedores que garantem, de acordo com Joice, vendas médias de 35 mil reais men-sais para o estabelecimento.

Estamos vivendo em uma era tecnológica. A cada semana nos é apresentado um novo tipo de aplicativo e celulares mais moder-nos. Em um único aparelho obtemos diversas funções antes atribuídas a outros meios tecnológicos. Com isso, a recorrência de estar-mos conectados fica maior, atitude esta que notamos principalmente entre os jo-vens. O uso excessivo dos celulares, além de preju-dicá-los em seus estudos, também vem lhes trazendo riscos de vida, segundo a psicóloga Andreza Lopes.

Andar digitando virou um hábito e o tempo todo que estamos nas ruas nos deparamos ou trombamos com alguém manusean-do seu celular. Muitos até preferem se arriscar mais, quando utilizam de forma

incorreta este aparelho em seus veículos, como em au-tomóveis e bicicletas. De acordo com Andreza, “este é um hábito que pode ser

considerado vicioso, já que o usuário passa a não ter controle do seu uso ao pon-to de arriscar a própria vida em um acidente. Tudo por-

que vivemos em uma socie-dade que sempre tem pres-sa. As pessoas acabam não notando a importância de parar e analisar que estão

sendo levadas por esse vício que, além de riscos, pode lhes distanciar dos contatos sociais que na juventude são de suma importância”.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, apesar do va-lor da tecnologia e de ser um meio que facilita cada vez mais nossas vidas, ela pode se tornar preocupante. Isso porque o foco passa a ser os aparelhos que carregamos e acabamos nos esquecendo de olhar o que está ao redor.

O correto a se fazer é pa-rar para usar o seu celular e, após o uso guardá-lo para prosseguir seu trajeto. Mi-nutos em que paramos para fazer uma ligação, mandar uma mensagem, baixar um aplicativo, tirar fotos, curtir o perfil do amigo, adicionar alguém no facebook dá mais tempo do que se gastaria em um hospital ou pedindo desculpas a todas as pesso-as com as quais se esbarra.

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Todo esse poder nas mãos dos mais jovens permite que eles ditem a moda e faz com que o mercado se renda aos seus caprichos. Afinal de con-tas, a regra para o comércio é arrecadar com os gastos de quem está disposto a pagar.

ANDAR E DIGITAR AO MESMO TEMPO PODE SER PERIGOSO

É comum encontrar pessoas andando enquanto utilizam seus aparelhos celulares

Entre os jovens, elas são as que consomem mais e saem cheias de sacolas, inclusive quando é para comprar para eles

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‘PAVÃO’ É CENTRO DAS ATENÇÕES NA ESCOLA

Ser “aparecido” é característica existente em todo colégio, o que pode ter relação com mudanças psicológicas

Popular, nerd, falante, quietinho, piadista, bagun-ceiro. Esses são alguns dos adjetivos utilizados para alunos, desde o Ensino Fun-damental até o Ensino Su-perior. Porém, é no Ensino Médio que as características pessoais se completam e aparecem com mais clareza. Luciana Oliveira é psicólo-ga e afirma que, apesar da personalidade ser forma-da desde quando se está na barriga da mãe, a adoles-cência é um período impor-tante para essa formação:

- Como na adolescência existe a busca pela interação, a necessidade de estar com o outro, essa fase acaba sendo um momento importante para se afirmar como pessoa, perceber sua identidade pes-soal e social, como ela gosta-ria de ser de fato – explica.

Mesmo existindo carac-terísticas que são imutáveis, como as genéticas, Luciana entende que “o ambiente

Todos as salas têm alunos com características distintas. Apesar disso, muitos tipos de comportamentos se repetem nas escolas.

OUTROLHARMAIO DE 2015COMPORTAMENTO

Por Gustavo Pires

pode favorecer questões para um lado ou para o ou-tro, ficando mais ou menos evidentes”. E esse ambien-te geralmente é o colégio, que tem um papel muito importante ao dar refe-

rências de comportamen-to, de normas e condutas.

Buscando autoafirmação e passando por mudanças na autoestima, surgem os que Luciana define como “pavão, que gosta de apare-

QUANDO A GRAMA DO VIZINHONÃO É TÃO VERDE

Por Robson Filho

O cachorro que late sem parar e a goteira pingando na casa ao lado, o arrastar de móveis e o salto alto que perturbam no apartamen-to de baixo, as músicas e as conversas exageradas. São vários os barulhos que po-dem incomodar a vizinhan-ça e até causar conflitos.

José Luciano dos San-tos é porteiro há quase dez anos em um residencial lo-calizado na Avenida Santa Rita, em Viçosa – MG, e con-ta que recebe, com frequên-cia, várias chamadas de mo-radores reclamando de seus vizinhos. Segundo ele, as

reclamações são principal-mente referentes a barulhos provocados por morado-res que voltam bêbados de madrugada e ficam batendo portas. Outros ficam gritan-do, sem pudor, em momen-tos de suas intimidades.

Luciano explica que a cada reclamação é feita uma notificação e, quando um morador acumula três advertências, o caso é pas-sado para a administrado-ra do condomínio, que faz uma carta de ocorrência e aplica uma multa. Entretan-to, o porteiro adverte que, no tempo em que trabalha no prédio, jamais ficou sa-bendo de alguém que tenha sido multado realmente.

De acordo com o defen-sor público Glauco Rodri-gues de Paula, a relação entre vizinhos é regulada pelo Código Civil, pensan-do na função social de cada propriedade, ou seja, no uso que dela é feito respeitan-do os direitos dos demais, como o do sossego. Segun-

do ele, muitas das normas de prédios e condomínios são tiradas desse código, comum a todo o território nacional, e que, em Viçosa, estão presentes no Código de Posturas do município, que, determina, inclusive, até que horas são permiti-dos barulhos. No caso das residências, o limite é 22h, embora haja níveis permi-

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cer”. Quando essa atenção é forçada acaba sendo algo negativo. Porém, quando vem naturalmente é positi-vo, pois isso prepara o jovem para o que virá no mundo, já que sempre existem pes-

soas diferentes, que podem se destacar mais ou menos em determinadas áreas.

Para completar, a estu-dante do Colégio de Aplica-ção da UFV (Coluni), Iasminn Gomes (16) concorda que a sala de aula acaba sendo uma forma de preparo para o que será vivido pelos alunos, pois além de toda educação e aprendizado transmitido pelos professores, é lá que “aparecem os primeiros con-flitos, onde temos a primeira experiência com a responsa-bilidade. Acho que a forma que lidamos com isso e con-ciliamos com o restante da nossa vida (família, amigos) é um grande reflexo de como lidaremos com os conflitos no futuro, seja no trabalho ou na nossa vida pessoal”.

tidos de ruídos de acordo com os horários e que va-riam no decorrer do dia.

Segundo Glauco, a lei existe, mas o problema é que em Viçosa há apenas cinco fiscais, número in-suficiente para atender a demanda. Ele conta ainda que, além dessa fiscaliza-ção da prefeitura, pode-se recorrer a outras medidas,

como acionamento da polí-cia, em caso de perturbação coletiva, e ação judicial, em um caso mais drástico, para obrigar a propriedade a se adequar às regras e cumprir a multa. No caso policial, muitas vezes a polícia não consegue atender a ocor-rência em razão de outros acontecimentos conside-rados por eles prioritários.

Placas, como essa no hall de um prédio de Viçosa, são usadas como aviso aos moradores

“As normas dos prédios e

condomínios são tiradas do Código Civil, que rege a

relação entre vizinhos quanto ao uso de

suas propriedades, que devem se

adequar à finalidade social.”

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OUTROLHARMAIO DE 2015CIDADE

local. É uma atitude contem-porânea estabelecer uma interface entre a memória histórica e as necessidades atuais advindas do cresci-mento natural das cidades.

Edificações como a Casa Dona Cora são, em sua maio-ria, bens tombados. A chefe do Departamento de Cultura e Patrimônio Cintia Fontes Ferraz explica “que a partir de um decreto municipal, tudo que for feito em rela-ção a este bem, tanto mate-rial ou imaterial, precisa ser autorizado pelo poder mu-nicipal”. Cintia diz não ver desvantagens em se manter

estes bens, que, além da pre-servação histórica da cidade, rendem incentivos vindos do governo.

Cora Ferreira da Silva Cas-tro, uma das filhas do casal, conta que a casa não está exa-tamente como era antes e que é muito triste ver as mudan-ças que o imóvel sofreu. Mas ela também se emociona ao falar de sua infância no local. Segundo ela, muitos amigos frequentavam a residência, entre eles P.H Rolfs e Arthur Bernardes, figuras ilustres e conhecidas da cidade.

Cora Castro ainda diz que sua mãe foi amiga de Carlos

Drummond de Andrade du-rante a faculdade, com o qual, anos depois, dividiu o mesmo amor pela poesia, chegou a publicar um livro intitulado Nostalgia, que, como relata a arquiteta Denise Bittencourt “contou em versos o solar verde onde sempre viveu”.

Construções antigas agregam grande valor histórico para a cidade e embelezam as ruas

Por Ricardo Almeida

Os moradores mais an-tigos sabem que não é a primeira vez que Viçosa é assolada por uma onda de violência. Gangues, que durante certos períodos, conseguem coexistir paci-ficamente, entram em con-fronto, e a partir daí, vários assassinatos acontecem. Basta um atrito pra reascen-der a chama do ódio entre elas, que é alimentada pela morte de seus integrantes.

Após esses acontecimen-tos, a rotina é a mesma: Po-liciais de outras cidades vêm em comboio. Várias viaturas com suas sirenes ligadas chamando a atenção de to-dos, desfilam pelas ruas, e

como se não bastasse a ba-rulheira produzida por elas, um helicóptero vem de brin-de. Então traficantes são presos, drogas e armas são apreendidas e a cidade vive, mais uma vez, um período de “paz”.

Esse ano Viçosa conta-bilizou 12 assassinatos, até o presente momento. Não todos, mas a maioria deles, oriunda do conflito entre as quadrilhas. A população, como era de se esperar, fica assustada e boatos come-çam a surgir.

Uma suposta carta de recomendação na qual a Polícia Militar orientava à população que evitasse sair à noite, circulou entre as ro-das de conversa da cidade,

até chegar às redes sociais. Ivone Barbosa Sargento da Polícia Militar de Viçosa confirma que essa carta não passa de um boato. Segundo ela, a PM afirma que Viço-sa está segura e que não há motivos pra temer sair de casa.

Entretanto, para os mo-radores a situação é vista de outra forma. Walesca Rodri-gues, estudante de biologia e viçosense, diz que mesmo sendo boato a recomenda-ção da polícia, ela tem evi-tado sair à noite. Segundo a estudante, a insegurança e o medo falam mais alto, ul-timamente, prefere ficar em casa e quando sai, tenta vol-tar o mais cedo possível.

Assim como Walesca, ou-

dia para o médico Sebastião Ferreira da Silva. Juntamente com seus nove filhos e es-posa, viveu a farmacêutica e poetisa Cora de Araújo Mo-reira Ferreira da Silva, que dá nome ao edifício.

A arquiteta Denise Bitten-court foi a responsável pelo projeto do prédio. Ela ressal-ta a importância de se pre-servar as construções antigas como forma de manter viva a história para as próximas ge-rações, mas adverte:

-Não podemos, entretan-to, impedir novas constru-ções, nem inibir o potencial construtivo comercial do

Por Thalison Oliveira

Uma casa antiga em con-traste com um moderno edi-fício. Essa é a visão de quem passa pela travessa Dr. João Carlos Bello Lisboa, também conhecida como balaústre, centro da cidade de Viçosa (MG). O Residencial Dona Cora foi construído entre os anos de 2005 e 2010, e en-tre suas paredes guarda uma informação curiosa: o hall de entrada é uma casa antiga, datada de 1917, construída pelo então deputado Emí-lio Jardim de Rezende e que, mais tarde, serviu de mora-

tras pessoas têm medo de circular pela cidade no perí-odo noturno. O famoso Bar do Leão, ponto de encontro de diversos estudantes e vi-çosenses, principalmente na

madrugada de quinta pra sexta-feira, tem ficado muito mais vazio do que o habitu-al. Reflexo do medo e inse-gurança causados pela onda de assassinatos na cidade.

polícia indiscreta, ruas desertas

No lugar onde antes era quase impossível andar, hoje os carros circulam com facilidade

Em destaque, a farmcêutica e poetisa Dona Cora e o poeta Carlos Drummond de Andrade aparecem juntos em foto de turma da faculdade

Quer saber mais sobre a Dona Cora?

Use o QR Code acima ou entre no link http://j.mp/DonaCora

e confira tudo na íntegra!

PASSADO E PRESENTE SE ENCONTRAM NO EDIFÍCIO DONA CORA

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LEI ALTERA DINÂMICA DO COMÉRCIO DE VIÇOSA

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OUTROLHARMAIO DE 2015CIDADE

PREFEITURA ESTUDA REVISÃO DO PLANO DIRETOR

Por Érick Coelho

Cidades democráticas que permitam a convivência de todos os grupos sociais em harmonia, e totalmente sustentáveis, ainda podem ser consideradas uma uto-pia - especialmente distante de nós, no nosso país com tantos problemas a serem resolvidos. Um fato que é de se espantar porém, é que Vi-çosa (MG), cidade que abri-ga uma universidade com um campus impecável em tantos aspectos – incluindo o urbanístico - sofra na sua área comum de problemas tão básicos a qualquer cida-de brasileira. Uma situação grave que desagrada a nati-vos, a quem veio de fora, de ciclistas a pedestres, passan-do ainda pelos motoristas.

É pensando no longo pra-zo que a prefeitura e o Ins-tituto de Planejamento do Município (IPLAM), em par-ceria com a Universidade Fe-deral de Viçosa por meio do Departamento de Arquite-

tura, vem promovendo uma série de reuniões públicas com o objetivo de revisar o atual Plano Diretor da cida-de.

Plano Diretor é um ins-trumento de planejamento

que delineia como será o crescimento e define as di-retrizes que orientarão o desenvolvimento socioeco-nômico da cidade. O atual plano e primeiro, que entrou em vigor em 2000, é consi-

derado defasado pelo arqui-teto e professor da UFV Ítalo Stephan, que lidera a elabo-ração da revisão:

- Desde 2005 já há a ne-cessidade de se atualizar o Plano Diretor - explica.

As reuniões, que ocorre-ram por setores da cidade, buscaram ouvir as queixas e sugestões da população de cada bairro. Elas serão analisadas e após isso apre-sentadas a câmara junto a propostas de correções que serão votadas no ple-nário. Entretanto, aprovar um novo Plano Diretor não é garantia da resolução de problemas. Colocá-lo em prática exigirá vontade po-lítica e verbas por parte do poder executivo.

As reuniões públicas já ocorreram, mas o proces-so de revisão seguirá pelos próximos meses e o esfor-ço em tornar nossa cidade melhor não tem data para acabar. Informações sobre a realização das próximas reuniões podem ser obtidas com a prefeitura. Se esclare-ça, participe das próximas reuniões, procure saber o que foi discutido sobre o seu bairro. Sua ajuda é es-sencial.

Grupo de especialistas se reúne em diversas regiões da cidade para consultar a população sobre propostas para nova versão do plano que define políticas para o desenvolvimento do município

houve grande mobilização por parte dos representantes dessa categoria para que continuem funcionando aos domingos e feriados, movendo ações e conseguindo liminares. Porém, desde janeiro essas liminares venceram, e aqueles que entraram com a ação foram obrigados a acatar a mudança e dispensar funcionários nos dias estabelecidos.

Antes da alteração, alguns empregados não ganhavam nada extra aos domingos, trocando apenas esse dia de trabalho por uma folga semanal. Abilene e Vanúsia, que são caixas do supermercado Escola, comemoram rindo a decisão. Segundo elas, o novo código possibilitou um maior convívio familiar, regulamentando o dia de folga, que agora pode ser aproveitado com descanso e lazer. Para a população nativa em geral, também foi notícia boa. Carmem Lúcia (67) diz ser mais justo para os trabalhadores, além de defender que “mercado não é pra ser feito em dia de domingo”, pois seria um dia reservado para o descanso.

A medida é certamente conflitiva, e gera atritos de interesse. Para o universitário, por exemplo, a notícia não é bem vinda. Talvez a camada social mais contrária ao fechamento aos domingos e feriados, o estudante tem um horário diferen-ciado. Cleiton Gomes cursa Engenharia Civil na UFV, e para ele essa é uma medida sem visão de mercado, pois não defende de maneira concreta melhorias para o trabalhador. Ao mesmo tempo, seria responsável por prejudicar quem emprega e quem compra, que agora fica obrigado a fazer mercado em dia de semana, que seria justamente quando o estudante tem menos tempo.

Por João Negrelli

Desde o início do ano de 2015, uma alteração na lei municipal proíbe merca-dos, açougues, mercearias e demais varejistas de fun-cionar aos domingos e fe-riados. A salvo disso estão os estabelecimentos que funcionam em regime de economia familiar, ou seja, sem a contratação formal de empregados. Aprovada na câmara dos vereadores no final do ano passado, essa nova conduta do comércio viçosense tem refletido em vários setores da sociedade de maneira diferente. Nos pequenos comércios das periferias, onde o número de familiares trabalhando é maior, os clientes que dei-xam para fazer suas com-pras nesses dias continuam bem amparados.

José Antônio é o gerente do Sacolão Center, hortifrúti do centro de Viçosa, e afir-ma que essa mudança no código de postura era uma tendência já esperada para a cidade. Não foi por isso, no entanto, que os donos de comércio a receberam bem. Segundo ele, o sentimento geral é de descontentamen-to. Apesar de ser relativo,

Calçadas em desnível, degraus, buracos e obstáculos como lixo, postes e bueiros são alguns dos desafios que o pedestre tem que enfrentar em Viçosa hoje

Alteração no horário de funcionamento impede supermercados de abrirem aos domingos e feriados

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OUTROLHARMAIO DE 2015MEIO AMBIENTE

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ATERRO É IMPORTANTE PARA MEIO AMBIENTE

Mais de 200 residências são equipadas com sirenes e placas de alerta no bairro Ramos

Por Ana Prates

A lei nacional de nº12.305, vigente desde 2010, determina o fim dos lixões a céu aberto e solicita a implantação de aterros sa-nitários. Apesar disso, mui-tos municípios ainda não os operam. Viçosa não está entre eles, o município cum-pre a lei desde 2011.

Os lixões a céu aberto são espaços em que se de-positam o lixo gerado pelo ser humano de qualquer parte. Estes contaminam facilmente o solo por não possuir nenhuma estrutu-ra de proteção. Se tornam, também, um ambiente de trabalho para muitas pesso-as carentes que ficam vulne-ráveis a adquirirem alguma doença ou a se ferirem. Por esta razão, a lei foi criada. Para evitar que pessoas se machuquem ou adoeçam e para preservação do meio ambiente:

- O aterro sanitário é um espaço destinado ao depósito final de resíduos sólidos gerados pelas pes-soas. Esses resíduos vêm de residências, indústrias, hospitais, construções e são dispostos em camadas al-ternadas de lixo e terra que

evitam mau cheiro e a pro-liferação de animais. Além de evitar que o chorume contamine os lençóis freáti-cos. São colocadas, também, saídas para que o gás gera-do na decomposição seja liberado. - explica Mariana Filder, engenheira civil.

O chorume é um líquido gerado pelo lixo e possui componentes tóxicos que prejudicam o meio ambien-te. Existem regras que obri-gam a impermeabilidade dos aterros, não permitindo que ele contamine o solo. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “45% das cida-des brasileiras ainda não possuíam aterro sanitário em 2014.”

O órgão responsável pela destinação e manutenção do aterro é o SAAE (Serviço Au-tônomo de Água e Esgoto). Ele faz o dreno do gás que é liberado da reação química do lixo e possui lagoas que armazenam, tratam o cho-rume e fazem a sua triagem. Mas para que o SAAE traba-lhe bem, precisa do auxílio dos viçosenses, que devem separar o orgânico do reci-clável, supervisionar a co-leta e ficarem atentos com o consumo exagerado, que gera mais lixo.

Por poluirem os solos, lixões não são as formas mais eficazes de tratamento do lixo que descartamos

O SAAE possui lagoas que reservam o chorume, líquido composto por ele-mentos tóxicos liberados pelo lixo, e o trata. Também é liberado um gás tóxico, que é capturado por tubos. Estes fazem a drenagem e liberam um ar mais puro.

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OUTROLHARMAIO DE 2015MEIO AMBIENTE

Por Núbya Fontes

O Brasil é o maior consumidor de agro-tóxicos do mundo, segundo o site do Minis-tério do Meio Ambiente. Essas substâncias são consideradas extremamente relevan-tes no modelo de desenvolvimento da agri-cultura no país. É difícil acreditar que antes da década de 50, com a chamada Revolução Verde, nós nem usávamos essa palavra.

Os agrotóxicos, também conhecidos como defensivos agrícolas, pesticidas, pra-guicidas, desinfestantes, biocidas ou agro-químicos, são produtos utilizados na agri-cultura para controlar insetos, doenças, ou plantas daninhas que causam danos às plantações. Ou seja, esse produto possui grande importância no quesito rendimen-to e aproveitamento da produção agrícola brasileira, possibilitando a produção de alimentos em grande escala a um custo mais baixo:

- Nosso país é um dos maiores expor-tadores agroindustriais. Se não fosse pelo uso de agroquímicos para controlar pragas ou doenças, seriam inviáveis as plantações, afetando assim o suprimento de alimento das grandes populações urbanas. Mas é importante lembrar que o uso dessas subs-tâncias deve ocorrer somente sob a super-visão de um agrônomo - afirma o estudante de agronomia Arthur Fontes.

Então, onde estão os danos? O pecado está no excesso. A média em litros de ve-neno utilizado por ano está na casa do bi-lhão. O uso intenso de agroquímicos leva à degradação de longa duração dos recursos naturais (como o solo, água, flora e fauna), irreversível em alguns casos, levando a de-sequilíbrios biológicos e ecológicos. Segun-do o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a utilização de agrotóxicos é a 2ª maior causa de contaminação dos rios no Brasil, perdendo apenas para o esgoto doméstico.

Por Ingrid Carraro

Frutas fresquinhas, verduras e legumes sem agrotóxicos e que passaram longe dos conservantes real-mente são muito melhores para a saúde e para o meio ambiente. Porém, muitas vezes não sabemos onde encontrá-las e acabamos continuando a comprar em lugares tradicionais.

Acabou essa desculpa! Aqui em Viçosa há lugares muito agradáveis e bem localizados que oferecem esses produtos. Um deles é a sede do projeto Raízes da Mata . O outro é a feira de Viçosa, que ocorre há 30

anos e hoje é realizada na Rua Gomes Barbosa, ao lado do Colégio Viçosa nas manhãs de sábado.

O agricultor Raimundo Lopes, o Dico, trabalha lá vendendo produtos sem agrotóxicos há tantos anos que já até perdeu a conta. Ele explica que planta mais para a subsistência da família, mas vende o excedente e consegue um bom dinheiri-nho com isso:

- Planto com carinho e vendo com carinho também. Por ser um tipo de produto específico, sem agrotóxico, tenho uns clientes fixos. Alguns já foram até lá na minha horta conhecer como eu faço tudo – conta Dico sorrindo.

Seu cliente, o aposentado Marcos Lima, que procura consumir apenas alimentos orgânicos no dia a dia, confirma a qualidade dos produtos en-contrados na feira. Além disso, destaca que “não há grande diferença de preço entre os produtos com agrotóxicos e os sem. É mito pensar que os naturais são mais caros, pelo contrário, às vezes na feira o preço é mais baixo que nos grandes su-permercados.”.

Mais que um lugar para a venda de produtos, a feira é um espaço característico de Viçosa e, por isso, tem grande valor cultural para a cidade. Além de frutas, verduras e legumes, podemos en-contrar por lá diversos doces, roupas, bijuterias, lembrancinhas e, para finalizar, o típico pastel com caldo de cana.

Por Camila Santos

Eles nos sustentam, nos fornecem água, alimentos e materiais de construção. Filtram e armazenam a água e o ar e guardam ves-tígios da nossa história. Por isso e muito mais, os solos exercem um importante pa-pel em nossas vidas. Mas, como muitas vezes são es-quecidos, a Organização das Nações Unidas instituiu 2015 como o Ano Interna-cional do Solo, para desta-car a importância desse re-curso.

- Os solos são essen-ciais para a vida porque garantem a biodiversidade, que é responsável pela de-composição de materiais. Tem mais vida abaixo da superfície do que acima, mas a maior parte dela é microscópica - explica Cris-

tine Muggler, professora do Departamento de Solos e curadora do museu de Ci-ências da Terra Alexis Do-rofeef.

Apesar de sua importân-cia, a saúde do solos enfren-ta constantes e crescentes desafios. De acordo com a

Organização para Alimen-tação e Agricultura (FAO), 33% das terras do planeta são degradadas por razões físicas, químicas ou biológi-cas. Por não ser um recurso renovável, a deterioração tem um impacto negativo em muitas de suas funções,

como a produção de ali-mentos e a manutenção de serviços ecossistêmicos.

Essa degradação está di-retamente associada com a fome, já que 40% das terras mais degradas do mundo estão em zonas com altos índices de pobreza. Por

isso, o cuidado e a preser-vação dos solos são funda-mentais para a erradicação da fome no mundo. Com a implantação do ano inter-nacional do solo, a ONU tra-balhará com os governos, organizações, setor privado e toda a sociedade para di-vulgar e reconhecer as im-portantes contribuições dos solos para toda a sociedade.

O Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, da Universidade Federal de Viçosa, também terá uma programação especial para tratar desse tema. Durante a campanha O Solo é vivo! Investigando a vida nos so-los, que tem como foco os colégios públicos de Viçosa, serão distribuídos, gratuita-mente, kits e cartilhas com orientações que estimula-rão o estudo e observação dos solos

2015 É O ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

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PRECISAMOS FALAR SOBRE AGROTÓXICOSA substância essencial para o desenvolvimento em larga escala da agricultura pode ser um risco

PLANTANDO ORGÂNICOS, COLHENDO SAÚDE

É dia de feiraquarta-feira, sexta-feiranão importa a feira.É dia de feiraquem quiser pode chegar.

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OUTROLHARMAIO DE 2015CULTURA

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‘PROCISSÃO DO ENCONTRO’ MOVIMENTA RELIGIOSOS Festividade da terça-feira santa reúne pessoas de todas as idades e diferentes religiões

ARTE E CULTURA AO ALCANCE DAS MÃOSPor Jorge Oliveira

Toda cidade tem sua his-tória, o que muda são apenas os personagens. Em Viçosa não é diferente, e uma das atividades que vem ganhan-do mais espaço no municí-pio é o artesanato. Seja como forma de terapia, hobby ou trabalho o artesanato além de proporcionar produtos atrativos, só traz benefícios para quem produz e também para própria natureza.

A Associação dos Ar-tesãos de Viçosa (Ativarte)

tem procurado expandir cada vez mais os produtos de seus associados, um exem-plo disso é a recente inaugu-ração de um ateliê na cidade que dá mais uma opção de compra de produtos arte-sanais regionais. A Ativarte expõe produtos como vasos de flores, abajures, escultu-ras e móbiles feitos a partir do aproveitamento de lixo, fibras de árvores e semen-tes, além de usar terra para a produção de tinta, o que é benéfico se tratando de meio ambiente.

Além do ateliê, a cida-de ainda conta com a tradi-cional Feira Artesanal, que acontece nas manhãs de sábado na Praça Silviano Brandão. A estudante Lívia Leal (18) destaca da feira os assessórios feitos para meninas, como os chinelos coloridos e confeccionados, e explica “Dão um destaque diferente para os pés”. Ela exalta, ainda, o preço aces-sível, pois segundo a estu-dante, sai mais em conta que produtos de grandes lojas.

Cléia Firmino, uma das

integrantes da associação e vendedora na feira, evidencia que o artesanato é uma importante atividade da cidade porque pode contar com pessoas de todas as idades, apesar da maioria adulta. Além disso é um serviço prazeroso que ajuda famílias do município e privilegia muitos clientes com produtos de ótima qualidade.

A Ativarte foi criada em 2012 e tem atualmente cerca de 20 artesãos. Com o intui-to de incentivar a produção e

aumentar essa prática arte-sanal, a associação oferece, ainda, cursos em Viçosa para quem tiver interesse nesse tipo de atividade. Nele de-senvolve técnicas que ensi-nam, por exemplo, a produ-ção de puff com garrafa pet, que além de ser muito práti-ca e útil, ajuda no reaprovei-tamento do lixo. Exposições e visitas técnicas também são outras iniciativas feitas com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentá-vel e a comercialização justa e solidária.

Por Ronan dos Santos

No calendário religioso cristão há várias datas im-portantes, como o Natal, Corpus Christi e a Semana Santa. Essa última marca o final do período chamado de quaresma, onde Jesus foi crucificado e posteriormen-te ressuscitou.

Em viçosa, na terça-feira da Semana Santa, acontece a procissão do encontro, mo-vimento religioso que reúne vários fiéis do Cristianismo, principalmente os católi-

cos. Esse evento tem como abertura duas missas. Uma acontece na Igreja de Nossa Senhora de Fátima (situa-da no bairro de Fátima) e a outra na Igreja de São João Batista (localizada no bair-ro Nova Era), posteriormen-te acontece a procissão que tem como símbolo o encon-tro entre a imagem de Nos-sa Senhora e seu filho Jesus Cristo. A primeira parte da Igreja de Fátima e a segunda da Igreja de São João Batis-ta, ambas encontram-se na Travessa Tancredo Neves,

onde acontece o sermão do encontro.

A Procissão do Encon-tro, ao longo dos anos, apa-renta diminuir o número de participantes. Isso é credi-tado um pouco à violência, mas o principal motivo se-gundo a pedagoga, cate-quista e coordenador da catequese do Santuário da Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, Madalena Jacovi-ne, é a pouca importância que as famílias dão ao mo-vimento religioso. Mesmo que, segundo Madalena. Os

jovens estejam procurando mais a Igreja. Já os ‘’Irmãos do Santíssimo’’(Pessoas que carregam os estandar-tes da procissão) Antônio Estevão, Sebastião Daniel e José do Rosário, afirmam que houve aumento no acompanhamento da pro-cissão, porém nas missas que antecedem a mesma, houve decréscimo, muito por causa da criação de no-vas paróquias.

Padre Paulo Dione Quin-tão é paróco da Igreja Ma-triz de Santa Rita de Cássia

e participa da Procissão do Encontro desde 2004 de forma ininterrupta.

Padre Paulo retifica as opiniões dos ‘‘Irmãos do Santíssimo’’ que a partici-pação no evento aumentou, isso se deve a outras Pro-cissões que acontecem em paralelo no bairro de Nova Viçosa e no distrito de São José do Triunfo.

O Paróco afirma que a situação tende a melhorar, pois vê cada vez maior a participação dos jovens na Igreja.

Público enche a Travessa Tancredo Neves para acompanhar o sermão do encontro que encerra a procissão

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Chamada de cidade universitária Viçosa abre espaço para o artesanato regional com variados produtos, gostos e tudo com um bom preço

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‘RODA DA LUA CHEIA’ É ATRAÇÃO NA UFVUma mistura de cultura e lazer na dança circular que acontece no gramado universitário

ACAMPAR É UMA BOA PEDIDA NOS FERIADOSPor Vinícius Sant’Anna

O ano de 2015 está per-feito para quem curte um feriado. Pode conferir aí no calendário: são sete datas, de maio até dezembro, para po-der relaxar. E o melhor: só um desses feriados vai cair num domingo.

Para quem está a fim de aproveitar um feriadão pro-longado – como corpus Chris-ti , no dia 04 de junho, que cai numa quinta-feira – uma óti-ma opção pode ser acampar. Pertinho de Viçosa (60 km de distância para ser mais exa-to), na Serra do Brigadeiro, o que não falta são belas paisa-gens, trilhas, cachoeiras, e o sossego que só o contato com a natureza pode oferecer.

Para quem já fez o rotei-ro, como o estudante Fabrí-cio Souza, 22, cada folga no calendário é uma oportuni-dade de voltar lá. O jovem quase sempre está na com-panhia dos amigos quando está acampando, e garante: alguns dias junto à natureza, sem nenhuma tecnologia por perto, não fazem mal a nin-guém:

-Nós vivemos numa época em que todo mundo depende de tecnologia. Mas ir para o meio do mato na companhia de alguns amigos, e esquecer de tudo, ao menos por alguns dias, é essencial.

Acampar, para ele, é a oportunidade perfeita para juntar a companhia diverti-da dos amigos, com a opor-tunidade de estar em con-tato com belas paisagens naturais, e também um mo-mento de descanso para fu-

gir do stress do dia a dia: -Sempre que eu volto de

uma trilha, ou de um mer-gulho na cachoeira eu sinto como se minhas energias es-tivessem recarregadas. Para mim, o contato com a natu-reza, na companhia de bons

amigos, sempre foi algo pra-zeroso.

Se você se interessou pelo passeio, mas a ideia de dormir em uma barraca não te agrada, há opções de pou-sadas que oferecem chalés com camas, televisão, frigo-

bar e banheiro com chuveiro. No site do Circuito Turístico Serras de Minas (www.ser-rasdeminas.org.br) há várias opções de roteiro e hospeda-gem, além de guias com os principais pontos turísticos da região.

OUTROLHARMAIO DE 2015CULTURA

Por Weliton Pereira

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Em meio a belas paisagens a Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, é uma alternativa boa e barata para uma reunião de amigos

Ao longo dos anos, várias atividades fora do âmbito acadêmico são oferecidas dentro da universidade Fe-deral de Viçosa (UFV). E uma delas é roda da lua cheia. Essa dança circular tem a intenção de promover a integração e alegria interna nas pessoas. Várias músicas de diversos ramos culturais, como dança escocesa e sertanejo de raiz,

são praticadas por dezenas de crianças, jovens, adultos e idosos nas noites de lua cheia. Os encontros são ofe-recidos gratuitamente ao pú-blico e acontecem uma vez por mês na praça de Vivência (Gramado do Restaurante Universitário - RU) no cam-pus da universidade.

Rubens Calegari é focali-zador de danças circulares.

Ele é quem media a roda. Ru-bens explica que a manifesta-ção faz parte do movimento de danças circulares e folcló-ricas que surgiu na década de 70, com o coreografo e baila-rino alemão Bernard Wosien. Segundo Rubens, Bernard fez uma pesquisa com os seus alunos em alguns países da Europa e percebeu que as pessoas que dançavam em

grupo nas suas comunida-des eram muito felizes, elas dançavam nos nascimentos, colheitas, aniversários, ca-samentos, plantio e demais acontecimentos da localida-de. O focalizador expressa da sua realização pessoal e pro-fissional ao fazer esse tipo de trabalho na cidade de Viçosa:

-A gente tem que servir, grandes mestres que passa-

ram aqui na terra já diziam isso ‘ Ame a todos e sirva a todos’.

Laura Pronsato é profes-sora e coordenadora do curso de dança da UFV. Ela acredita que essa é uma ótima iniciati-va, ainda mais por ser gratui-ta. A professora afirma que o departamento de artes e hu-manidades também oferece vários cursos de extensão que se relacionam com as danças circulares e, respectivamente, com dança brasileira, alvo de estudo do curso.

A estudante Débora Ro-drigues participa sempre da dança. Ela revela sua satisfa-ção de estar ali: _É mágico, é um momento em que as pes-soas estão prontas para rece-ber e doar energias positivas. ‘’A correria do dia a dia não deixa você se aproximar das pessoas e aqui isso acontece naturalmente, de uma manei-ra muito pura”.

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A dança ajuda a interação entre as pessoas que as vezes não têm tempo para descontrair devido ao dia corrido

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PREVINA-SE! MÚSICA ALTA É PREJUDICIAL À SAÚDE

OUTROLHARMAIO DE 2015VIDA E SAÚDE

Perda auditiva tardia faz com que cuidados com o volume sejam ignorados na adolescência

Por Matheus Filipe

Conforme divulgado pela Organização Mundial da Saú-de (OMS) em fevereiro deste ano, mais de 43 milhões de jovens entre 12 e 35 anos possuem deficiências auditi-vas causadas por exposição a barulho excessivo. Princi-palmente aqueles que usam fones de ouvido, prática cor-riqueira entre os jovens.

Neste momento, uma pergunta deve surgir: como saber qual o volume adequa-do? Para o Dr. Eduardo José Ferreira Lopes, otorrinola-ringologista na Clínica Otor-rino Viçosa, “ao colocar fones de ouvido, você os está usan-do para escutar algo do seu interesse, mas lembre-se: a pessoa ao lado não precisa saber o que você está ouvin-do. Esse parâmetro costuma funcionar. Se alguém ao seu lado ouve o que está no seu fone, saiba que o som está muito alto e que isso não é saudável”.

Para evitar maiores da-nos, a OMS sugere que sejam tomadas medidas preventi-vas, como limitar o tempo de exposição ao barulho, estar atento a sinais de perda au-

ditiva, como zumbidos, e baixar o volume dos dispositivos, deixando-os a um máximo de 60% de sua capacidade. Dr. Eduar-do Ferrera ressalta que se deve evitar contato repetitivo com ruído:

- Quando você estiver animado, ponha música mais alta. Mas no outro dia pegue mais leve e deixe o som baixo – explica.O padrão de ruído que começa a ser lesivo é a partir de 85 decibéis (dB). Nesse ponto já se sente o incômodo. O limiar

de desconforto deve ser visto com cuidado: se estiver incomodando um pouquinho, abaixe o som antes que cause perdas auditivas, conforme informa o Dr. Eduardo Ferreira.

Essa perda de audição é proporcional à intensidade do som e ao tempo de exposição. À medida que sobe a intensidade, diminui o tempo que se pode ficar exposto. Um paciente poderia escutar um som de até 85 dB por 8 horas (veja tabela). Acima disso começa a prejudicá-lo, e, uma vez que se tem a lesão, ela é IRREVERSÍVEL, afirma o Dr. Flávio Cassemiro, da Otoclínica Cassemiro.

Indicativo de tempo máximo de exposição de acordo com níveis de ruído

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OBESIDADE INFANTIL PREOCUPA ESPECIALISTAS

Por Júlia Moreira

Desde 1998 a Obesida-de Infantil e a adulta já são consideradas pela Organi-zação Mundial da Saúde um problema de saúde pública. As consequências do apare-cimento dessa doença logo cedo podem trazer distúr-bios mais sérios como de-pressão, hipertensão, diabe-tes, trombose e outros.

Os especialistas aler-tam que várias podem ser as causas que influenciam o aparecimento dessa do-ença em crianças. As mais comuns, porém, são a falta de exercícios físicos e de alimentação equilibrada. O IBGE divulgou que quase metade das crianças brasi-leiras de 5 a 9 anos (47,6%) tem obesidade ou sobrepe-so.

Para que essa doença seja evitada, basta que algu-mas medidas simples sejam tomadas pelos pais e fami-liares. Medidas como esti-mular a prática de esportes, diminuir o tempo na televi-são, vídeo game e compu-

tador, oferecer alimentos saudáveis para a criança e servir de exemplo para ela.

Ainda segundo especia-listas, a obesidade infantil, se não for bem tratada, ten-de a se estender para a ida-de adulta em 40 a 70% dos casos. O que não aconteceu com M.G., que já está em sua fase adulta:

- Durante a infância mi-nha mãe me levou em um especialista que passou um regime. Quando cheguei à minha adolescência meu peso foi diminuindo. Talvez estivesse ligado ao meu me-tabolismo – disse.

Para que isso seja evi-tado, deve-se procurar o quanto antes um acompa-nhamento médico, pois a obesidade infantil pode le-var a um comprometimento maior não somente à saúde física do menor. Uma pes-quisa realizada pela Uni-versidade de Michigan, nos Estados Unidos, apontou que crianças obesas tem 60% mais chances de sofrer bullying.

Nesses casos, ele pode

acarretar isolamento social, depressão e dificuldade de enfrentar brincadeiras com seu peso corporal. M.G con-ta que sofreu bullying, mas não ligava para as zoações:

- Naquele tempo as pes-

soas levavam mais na espor-tiva. Se eu fosse levar a sério tudo o que me falavam po-deria ter tido um problema de saúde maior – finalizou.

Em muitos casos a obesi-dade, quando diagnosticada

logo no início, pode ser re-versível. A procura por aju-da de um especialista se faz necessária tão logo a doen-ça se manifeste. Vida saudá-vel e equilibrada é necessá-ria desde cedo.

Uma em cada três crianças sofre dessa doença, que deve ser tratada como problema de Saúde Pública

Números da Última Pesquisa Realizada Pelo Ministério da Saúde

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OUTROLHARMAIO DE 2015ESPORTE

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DIFERENÇA EM QUADRA

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EXERCITE-SE EM CASAPor Mariana Diniz

A onda fitness está cada vez mais forte. Afinal, que exercícios fazem bem para a saúde todo mundo já sabe. Apenas 15 minutos de exercícios diários são capazes de melhorar a disposi-ção e o condicionamento físico. Algumas pessoas relutam em iniciar e manter um treino, com

desculpas variadas girando em torno da falta de paciência para academias tradi-cionais.

Uma solução para esse público é fa-zer seus exercícios em espaços abertos ou em casa. Segundo Ana Luiza Margon, personal trainer, nesse caso podemos aderir às atividades livres ou funcionais: subir e descer escadas, correr, fazer ab-dominais, agachamentos e flexões em casa. A profissional afirma que:

- Esse tipo de atividade é uma ten-dência hoje em dia, nelas não são utili-zados pesos e por isso não apresentam um grau de dificuldade, usando somen-te o peso do corpo. É ideal para manter o corpo em movimento.

É possível usar alguns acessórios que aumentem o grau de intensidade dos exercícios. Podemos achar facil-mente em lojas esportivas materiais para ginastica, como elásticos e bolas plásticas. Caso não queira comprar, al-guns materiais que temos em casa po-dem muito bem ser usados no lugar dos tradicionais, como: cabo de vassoura, garrafas d’agua, pneus velhos de carro e, até mesmo, pacotes de açúcar e arroz.

Ana Luiza reforça que para o treino ter resultado é necessário ter muita dis-ciplina e persistência. Não adianta espe-rar que o sucesso seja imediato. Reforça ainda que para atividades que envolvam um grau maior de dificuldade, como as que utilizam uma maior carga de peso, é necessária orientação de um profis-sional.

Por Mariana Balducci

As aulas de Educação Física estão sendo chatas? Não para os alunos da Es-cola Municipal Raul de Le-oni. Lá o professor Carlos Antônio dos Santos, mais conhecido como professor Carlão, ministra as aulas de Educação Física de um jeito bem diferente do que conhecemos. Peteca, ginás-tica rítmica, tênis de mesa e badminton são alguns dos exemplos de atividades di-ferenciadas que o profes-sor aplica aos seus alunos.

As atividades físicas são importantes para o desen-volvimento do jovem por-que o ensina a trabalhar em equipe e desenvolver uma lógica de grupo. O espaço da Educação Física é fun-damental para a formação estudantil, pois trabalha esses valores com o aluno. O problema dos dias de hoje é que as aulas ficaram monótonas com a divisão usual entre futebol para os meninos e vôlei para as meninas. Existem inúme-ras maneiras de aproveitar a aula de uma forma dife-rente, mas sem deixar de se exercitar.

O professor Carlos é um exemplo de como podemos colocar esta ideia em práti-ca. Usando a criatividade e um pouco de improviso ele transformou a quadra de esportes em um ambiente completamente inusita-do. Na a antiga árvore do pátio o professor fez uma gangorra de corda com um pneu velho, comprou mate-riais para usar na ginástica rítmica e já gastou o equi-valente a cinco salários mí-nimos em raquetes de tênis

para oferecer novas moda-lidades aos alunos. Tudo sem o auxílio do município, ou seja, tudo com o dinhei-ro do próprio bolso.

Segundo Carlos, o im-portante de suas aulas é resgatar o interesse de seus alunos pelos esportes, mostrando que é possível sair do básico feijão com arroz. Os desafios da inclu-são social estão presentes em sua rotina de trabalho, pois os alunos com neces-sidades especiais são aten-didos da mesma forma nas suas aulas de Educação Fí-sica.

João Paulo Sabino Fer-reira tem 11 anos e está cursando o sexto ano no Colégio Nossa Senhora do Carmo. O esporte que ele mais gosta de praticar nas aulas de Educação Física é o vôlei, mas confessa que se praticassem outros es-portes, iria demonstrar mais interesse pelas aulas. João Paulo diz que praticar esportes na escola faz com que aprenda de maneira correta as modalidades esportivas que já conhece, por isso é tão apaixonado pelo horário de Educação Física.

Carlão é um exemplo inspirador pois, mesmo sem incentivo, continua acreditando na educação pública e no poder trans-formador da educação. Muitos professores brasi-leiros vivem em situações precárias e mantém sua luta dando o melhor que podem para seus alunos. Esses são exemplos conce-bidos no anonimato do dia a dia, mas que, com certe-za, são geradores de muita esperança.

PULA SAI DO CHÃO

Por Shayene Martins

Correr, saltar, escalar. Esses movimentos, que são utilizados desde o início da humanidade, viraram arte nos anos 80 em Lisses, na França, onde um gru-po de crianças brincando resolveu levar a sério o “estilo militar” de cruzar obstáculos, dando origem ao Le Parkour. Desde então, o esporte vem sendo propagado e praticado em diversos lugares do mundo e Viçosa não ficou fora dessa.

O Parkour, que além de esporte é considerado um método de treinamento físico e mental, começou a ser praticado na cidade em 2007 com o grupo Pa-rkour Viçosa. Danilo Brustolini, que faz parte do grupo há 7 anos, se empolga ao contar:

- Conheci o esporte numa aula no ensino médio, me interessei muito pela prática e o Parkour foi uma das principais coisas que me incentivaram a cur-sar Educação Física.

Atualmente, o grupo Parkour Viçosa, além dos treinos, também oferece aulas para interessados acima de 10 anos de idade. Danilo, que hoje é um dos instrutores, também teve a oportunidade de fazer um curso específico na Academia de Londres Parkour Generation, o que o deixou mais apto para direcionar essas aulas. Elas acontecem na UFV, às 19h, segundas e quartas, entre o espaço dos prédios no Centro de Vivência e o Bernardão.

A aluna Thaís Cabral, de 16 anos, vem toda semana de Paula Cândido, distrito próximo a Viçosa, participar das aulas e mostrar que esporte radical também é lugar para mulher:

- Estou gostando muito, além de me sentir mais ágil e forte no dia a dia estou mais saudável – conta ela.

O grupo não cobra pelos treinos, tendo apenas o intuito de passar a prá-tica do Parkour de forma saudável e correta. Então, se você se interessa ou gostaria de saber mais sobre esse esporte, não perca a oportunidade de dar uma passadinha por lá.

Parkour vem conquistando as ruas de Viçosa Educador físico inova em suas aulas

Tênis de mesa é um dos esportes dados pelo prof. Carlão

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OUTROLHARMAIO DE 2015ESPORTE

Mesmo dentro do apartamento, o esporte continua sendo uma aventura para Bruno

SUBINDO OS MUROS DE MINAS GERAIS Escalada ganha novos adeptos e exige garra e determinação

Por Taiane Souza

Minas Gerais é um es-tado muito conhecido por suas belas paisagens, ca-choeiras, montanhas e ro-chas. E não é à toa que em uma cidade mineira como Viçosa esportes radicais ligados à natureza, sejam praticados. É o caso da es-calada.

Escalar, segundo o di-cionário Michaelis, consis-te em “entrar por cima de muros ou janelas em espa-ço vedado”. O esporte, en-tão, é a arte de subir tanto em muros artificiais como naturais. É pura aventura para quem o pratica.

Em Viçosa, a escalada ganhou maior visibilidade a partir do analista de técni-ca informática da empresa Plamhuv, Bruno Monteiro. Há quinze anos, ele conhe-ceu e passou a praticá-la com o irmão em um muro da academia Núcleo, na cidade. Mas, com a desis-tência de algumas pessoas, a academia abandonou o

exercício e, então, um muro foi instalado na casa de Bruno. Desde esse aconte-cimento, o analista oferece o espaço residencial para qualquer interessado.

- Quando fizemos o muro não era com intuito comer-cial; era pra não perder a

galera da escalada, que é a turma que a gente sempre teve – diz Bruno.

O grupo foi crescendo com a frequente participa-ção tanto de viçosenses e estudantes como de estran-geiros mestrandos da UFV. A colombiana Karen Sala-

zar conta que já conhecia o esporte antes de vir para o Brasil. Depois de quatro meses estudando em Vi-çosa, estabeleceu contato com Bruno e chamou vá-rios amigos para escalar no muro. Ela já está envolvida há quatro anos.

O esporte possui duas categorias: a escalada in-door, feita na rocha, e a bolder, que consiste em pe-quenas rotas criadas numa rocha, feitas geralmente sem proteção de corda e com segurança só na mão e colchões em baixo. Bru-no reforça que não é um esporte perigoso quando praticado com os equipa-mentos corretos e, princi-palmente, acompanhado.

Mas como o treino exige muita coragem e audácia, os escaladores de Viço-sa não ficam presos a um só muro. Eles saem quase todos os finais de sema-na para cidades próximas, como Muriaé e Guiricema, e depois de muito prepa-ro, participam também de competições nacionais.

Ao som de muito rock n’ roll, as reuniões acontecem todas as noites de segunda à quinta feira. Para partici-par, basta entrar no grupo do Facebook “Escalada Vi-çosa” e aparecer por lá.

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TORCIDA É UM DOS PRINCIPAIS INFLUENTES NO ESPORTEPor Laira Carnelós

Quem nunca se pegou tor-cendo pela vitória, seja dos amigos em uma pelada no bairro, do filho num campe-onato de natação, ou mesmo ao ligar a TV e notar algum time brasileiro enfrentando um internacional, em qual-quer modalidade que seja? O esporte está cercado por

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Composto por 21 pessoas, os treinos das Cheerleaders são baseadas em 2 fatores: ginástica artística e coreografia

uma mística e esse instinto de defesa e apoio já vem no sangue dos brasileiros. Pra-ticamente todos nós, com algumas exceções, temos um time e torcemos. No futebol isso fica bastante visível, gra-ças a esse status de esporte nacional.

Apaixonada por espor-tes, Letícia Miranda (19), estudante de Engenharia

de Alimentos, é fundadora da equipe de torcida da As-sociação Atlética Acadêmi-ca das Engenharias da UFV (AAAE-UFV):

- Eu fui ao campeonato Engenharíadas ano passado e me identifiquei. Ser Cheer-leader, daquelas americanas, sempre foi um sonho! Logo, trouxe essa ideia para a AA-AE-UFV - conta a estudante.

Ponderadas as diferenças entre as duas realidades (EUA e Brasil), não deixa de ser inspirador. Letícia acredita muito no incentivo que a torcida representa para o atleta, especifican-do sua função:

- Eu faço com que o time flua, correndo atrás de tudo que precisamos, como visibilidade, crescimento, pessoas qualifi-cadas, ginástica, eventos e afins. Mas nada disso seria pos-sível se não fosse pela ajuda do time. Somos muito unidos! – explicou a líder de torcida.

O diretor de esportes da AAAE-UFV, Íkaro Tosatti (23), es-tudante de Engenharia Agrícola e Ambiental, afirma como a relação com as “Cheers” é ótima e destaca a importância da

presença da torcida. - A torcida com certeza é um com-

bustível, um estimulante. Jogar com a torcida a favor é muito melhor, sentir que a vitória em quadra não é impor-tante somente pra quem joga - diz Íka-ro.

Um fator muito importante é saber lidar com essa torcida, principalmente em relação aos adversários. Íkaro co-menta que cada atleta reage de uma maneira:

- Quando o time em campo não cor-responde e a torcida cobra, pode ser complicado. Cabe ao jogador saber ab-sorver as críticas. Sem falar que exis-tem tipos de atletas que até preferem jogar com torcida contra, se sentem mais motivados dessa forma – comen-ta o diretor.

Para ele, o atleta deve ter a consci-ência de que na torcida estão pessoas que querem ganhar tanto quanto ele e ainda assim não se abater, eles devem estar preparados para este tipo de si-tuação.

Tênis de mesa é um dos esportes dados pelo prof. Carlão