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TEXTOS Editorial

O boletim eletrônico do XIX Encontro Brasilei-ro vai alcançando sua maturidade e, além de es-tender seus tentáculos às redes sociais, Twitter e Facebook, brevemente encontrará um espaço no recém-lançado site da Escola Brasileira de Psicaná-lise (www.ebp.org.br). Aguardem nosso link. Desse modo, são muitos os meios de acesso ao Boletim, edificando assim nosso Encontro. Nessa edição do Outras Palavras, a de número 9, publicamos os pa-cotes oferecidos pela Conquest, operadora de Tu-rismo do nosso evento, assim como os meios para inscrição no Encontro. Solicitamos a todos que an-tecipem sua vinda Salvador, pois sabemos que o desejo de vir à essa bela cidade, que é Salvador, é da ordem do necessário, não parando de se escre-ver em cada um de vocês.

É na dialética entre o necessário e o contingente que o amor feminino comparece nesse número, tanto através do texto de Graciela Bessa que descreve as condições da devoção ao amor na mulher como decor-rente não da fantasia de um homem, mas do efeito da inexistência de A Mulher, como no WiFi escrito por Marcia Stival que, recorrendo a Clarice Lispector no conto AMOR, aponta as afinidades entre o gozo nãotodo fálico e o sentimento do estranho inquietante próprio ao encontro com o real e com a “íntima desordem”. O fruto desse encontro é da ordem de uma reinvenção do ser de mulher. É também do inquietante que se trata no encontro com a arte contemporânea de Yayoi Kusama, artista japonesa, retratada no MMM por Wilker França. Cabe ressaltar que essa artista teve sua primeira retrospectiva francesa em janeiro de 2012 na qual foi possível acompanhar suas obras produzidas entre 1949 e 2011, período em que se deslocou entre o Japão e Nova York. Os neóns luminosos apaziguam o efeito de inquietante estranheza que sua obra desperta no visitante, ponto de conjunção com o gozo feminino? Confiram no texto de Wilker França.

Os responsáveis pelo Cien e pelo Cereda no Brasil convidam para seus respectivos Encontros, salientando os modos de inscrição e informando os temas que serão objeto de suas produções e discussões. No dia 25 de novembro no período da tarde, todo o Campo Freudiano tem encontro marcado com a questão do tratamen-to psicanalítico dos autismos, crucial, entre outras, para a solidificação do lugar da psicanálise no cenário do século XXI. Convidamos todos a agendarem sua estadia em Salvador incluindo esse evento. A Conversação sobre o Autismo será coordenada por Éric Laurent.

Convidamos mais uma vez a acompanharem o foco antenado da Comissão Científica que nesse número trata do declínio do viril, e reúne três textos bem interessantes: “Procuram-se homens!” de Gustavo Dessal (ELP-Madri), “Elas e ele” de Shula Eldar (ELP-Barcelona) e “Encantos da impotência; servidão amorosa ou do-cilidade mortificante?” de Vilma Coccoz (ELP-Madri), além de outras referências bibliográficas sobre o tema.Boa leitura!Tânia Abreu (EBP/AMP)

DIVULGAÇÃO (DO FILME PERSONA, INGMAR BERGMAN)

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OUTROS TEXTOS

“POTLATCH AMOROSO”: OUTRA VERSÃO PARA O MASOQUISMO FEMININOGraciela Bessa - EBP/MG

No campo amoroso, é possível a uma mulher enveredar pelo caminho de dar tudo para o homem amado, ser tudo para ele – ela vai muito lon-ge nisso. Ela busca fabricar seu “ser de mulher” – ser esse impossível de ser representado pelo significante – a partir de sua privação. Elas são decididas em se desfazerem de seus bens, em disporem de seus corpos na ilusão de que assim conquistam um lugar único, singular no campo do Outro. Sem recorrer ao suposto ma-soquismo feminino, Laurent1 se vale da lógica intrínseca à prática do Po-tlacth1 para repensar esses fenôme-nos clínicos. O primeiro passo consis-te em perder, tal qual na prática do Potlacth. Mas, por alguma contin-gência, ela pode se interrogar sobre o que quer nessa parceria e perceber que não é nada para o outro, que o lugar que lhe é reservado é o de ob-jeto maltratado, e assim sua posição subjetiva nessa parceria vacila. A questão feminina não é ser tudo ou nada para um homem, mas ser Outro para ele. Com o termo Potlacth amo-roso, supõe-se que Laurent coloca em pauta no campo da sexualidade feminina o gozo da privação. Uma mulher, ao se desfazer de seus bens, faz surgir um ser que não se sustenta no ter, mas na perda do ter.

Ao introduzir o gozo da privação como o que sustenta a corrente de devoção amorosa nas mulheres, pare-ce que Laurent liga esse gozo ao S(Ⱥ ) sem passar pelo objeto a. A devoção ao amor não depende da fantasia de um homem, é efeito da inexistência de A Mulher. O termo Potlacht amoroso se aproxima mais daquilo que está em jogo na sexualidade feminina do que o masoquismo feminino. Fabricar um ser pela subtração do ter nos envia para a solução proposta por Lacan (Mais, ainda) de que o ser da mulher há de ser abordado pela via do suplemento, um suplemento em relação ao significante e não através de uma pulsão parcial. A devoção ao amor não passa necessariamente em se fazer objeto-causa de desejo de um homem, não depende das condições do desejo deste, mas de S(Ⱥ ).

Nota:Segundo a antropologia, o objetivo de um Potlatch é jogar fora ou destruir mais riquezas que o rival. Se o oferente do Potlatch era um chefe poderoso, ele procurava humilhar seus rivais e ganhar a eterna admiração de seus homens destruindo alimentos, roupas e dinheiro. Nessa prática, o prestígio e o respeito do outro são obtidos através da priva-ção. Há uma satisfação que se extrai em fazer-se privado, nesse caso, de seus bens materiais.

1 LAURENT, Eric. Posiciones Femeninas del Ser.Ed : Tres Haches, Buenos Aires. 1999.157p.

Pedro Franz. Potlach - Promessas de amor a desconhecidos en-quanto espero o fim do mundo. In: sobreofim.wordpress.com

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“Se não fosse pela arte, eu teria me matado há muito tempo” diz Yayoi Kusama. A artista japonesa que ficou famosa em New York atra-vés de sua arte, mostra atributos do feminismo, minimalismo, surrealis-mo, pop art e expressionismo abstrato que tem como marca registrada vastos campos de bolinhas.

O primeiro trabalho onde ela incorporou sua marca foi um desenho produzido em 1939, aos 10 anos, da imagem de uma mulher japonesa vestindo um quimono, que se presume ser a mãe da artista, e é coberto por tais formas geométricas. Supõe-se que desde então, Kusama tem certo fascínio pelas bolinhas, fazendo-os onipresentes na sua arte e no seu dia-a-dia: a artista costuma cobrir seu corpo e suas roupas com elas. Em 1973, retornou ao Japão, fixou residência permanente no Hospital Psiquiátrico de Seiwa e seu ateliê localiza-se a poucos minutos do hospi-tal, onde ela ainda continua produzindo. Em uma citação, ela diz: “... as bolinhas são uma forma de infinito”. E revela que suas obras são representações das alucinações que sofre quando está em surto.

Mesmo não tendo indícios de apontar sua estrutura, sabe-se que as alucinações são fenômenos ele-mentares da estrutura da psicose. Assim, poderíamos articular com a questão da mulher que é “não-toda” inscrita na função fálica, apesar de não prescindir desta, experimentando um gozo que aponta para o sem limite. No campo da psicose, existe também um gozo que aponta para o sem limite, entretanto não inserido na norma fálica, pois está situado fora da partilha dos sexos. É o efeito diante desse gozo que Lacan nomeou de empuxo-a-mulher, e assim, pensando na famosa frase de que “A mulher não existe”, poderíamos nos es-tender e dizer que A mulher só existe no campo das psicoses.

WILKER FRANÇA - IPB/Ba

TEXTOS MM&M

TEXTOS WIFI

Um encontro e suas consequências parauma mulherMarcia M. Stival Onyszkiewicz1

Na atualidade é comum verificar o reforço ao narcisismo e o recha-ço do saber, sustentando os laços. Com base nesta constatação e no conto AMOR2, reflito sobre a necessidade e a contingência, destacan-do as consequências para uma mulher.

“Ana dava a tudo... sua mão pequena e forte”3, sempre precisando sentir a “raiz firme das coisas”4. Cultivava a aparência harmoniosa, os cuidados com o lar e a família, mesmo à revelia deles. Assim ancora-va-se, mantendo-se no anonimato e inquietando-se na hora em que sua força não era mais necessária. De algum modo procurava suplan-tar a íntima desordem. Esta construção de Lispector me remete ao necessário “que não pára de se escrever”5, destacando o gozo fálico que tem como pano de fundo a castração.

Numa hora perigosa Ana saíra às compras, mas, do bonde, viu um homem cego que mastigava chicles. Ela olhou-o “como se olha o que não nos vê.”6 Algo se rompeu e não sabia o que fazer com o que resta-

1 Analista praticante, Correspondente da Delegação Paraná.2 Este conto de autoria de Clarice Lispector foi escrito em 1982 e pertence à obra Laços de Família.3 LISPECTOR, C. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p 19.4 Ibid., p. 20.5 LACAN, J. O Seminário, livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985, p. 81.6 LISPECTOR, C. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 21. Shahar Bukra. Playing with eggs

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ra das compras. Neste ínterim recordo Lacan destacando o “pára de não se escrever”7, à medida que vislum-bro uma situação contingencial, evidenciando o real e o limite do semblante sustentado para uma mulher. Se o discurso que dizia de sua invenção até aquele momento a ancorava, a ruptura vem para explicitar um impossível. A impossibilidade de se manter neste tudo fazer dava espaço para a presença do gozo nãotodo, suplementar ao gozo fálico.

Passara anos apaziguando a vida, para que esta não explodisse. Agora se via em crise. Seu corpo expli-citava o impacto do real e a necessidade “de uma reinvenção que se faz presente: ‘a de não cessar de se escrever”8. Foi aí que desceu do bonde, pois já havia passado do ponto. Estava às voltas com “um trabalho secreto do qual ela começara a se aperceber.”9 Dava passos num mundo faiscante e sombrio, pois o cego a levara ao pior de si mesma. No entanto, amava-o. A aproximação da verdade lhe dava asco, mas nesta altura ela não era só piedade. Sentia vergonha e vontade de viver.

Nesta altura poderíamos pensar que o encaminhamento rumo ao feminino está atrelado ao que será pos-sível construir a partir das marcas no corpo, como fruto de uma reinvenção?

Já em casa, ao escutar um estouro no fogão saiu rapidamente. Falou ao marido que não queria que nada lhe acontecesse. Então ele lhe disse: “deixe que pelo menos me aconteça o fogão dar um estouro, respondeu sorrindo”.

Nesta direção, considero que um pedido pode estar marcando uma lógica do amor que comporta a falta e que pode introduzir uma outra dimensão na parceria, diferente da unidade fusional.

7 LACAN, J. Seminário XX Mais, Ainda. Op. cit., p. 126.8 BASSOLS, M. Invenção. EM: Scilicet A Ordem Simbólica no Século XXI. Belo Horizonte: Scriptum, 2011, p. 219.9 LISPECTOR, C. Laços de Família. Op. cit., p. 24.

Atividades PreparatóriasConversação Preparatória em Brasília para o XIX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano O FEMININO NA CLÍNICA CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS E PERSPECTIVASData: 22/06 Local: IESB Sul, auditório BB1, Brasília/DF.

Convidadas: Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros (EBP – AMP)

Ruskaya Rodrigues Maia (EBP - AMP) Simone dos Santos Abadia

Inscrições: femininonaclinica@gmail.com

III Encontro dos Núcleos da NRCEREDA - Brasil Tema: A angústia e seus efeitosLocal: Hotel Pestana,Salvador,BahiaData: 22/11/2012 (quinta-feira)Horário: 9:00h às 15:00h.Inscrições antecipadas com Sandra pelo telefone (71)32359020/ 32350080 - E-mail: ebpbahia@terra.

com.br - Valor inscrição: R$30,00.Convidadas: Cristina Drummond e Ana Lydia Santiago

A criança não desconhece o afeto que não engana: a angústia a acompanha em sua vida. Bússola do dese-jo e índice do real os psicanalistas por ela se orientam no tratamento que oferecem à criança.

Venha conversar conosco sobre esse tema.PROCEDIMENTOS PARA INSCRIÇÃODepósito - Bradesco: Ag. 3072-4 - C/C 75.599-0 - Titular: Instituto de Psicanálise da Bahia - CNPJ

01.425.789/0001-95 - Enviar comprovante de depósito via email: ebpbahia@terra.com.br ou Fax 71 3235 9020

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Conversação sobre Autismo Paula Borsoi - EBP/AMP

A questão sobre o tratamento psicanalítico dos autismos en-contra-se num momento crucial. Esta situação diz respeito tanto à sustentação do trabalho clínico com esses sujeitos e suas famílias, quanto à pertinência da presença da psicanálise no mundo hoje.

Buscando dar lugar a essa discussão em nossa comunidade faremos uma Conversação sobre o Autismo, que acontecerá do-mingo, dia 25 de novembro à tarde, sob a coordenação de Éric Laurent, a partir de 3 ou 4 casos.

Ela será a ocasião da demonstração das invenções singulares de cada sujeito, a partir do insuportável do significante em sua dimensão material, assim como dos efeitos de seu encontro com um analista.

Convidamos os colegas a enviarem casos clínicos para uma se-leção prévia para a conversação e a se organizarem em torno des-ses casos para prepará-los. Iremos recolhendo as questões até a data do evento, em cada Seção/Delegação, fazendo um trabalho preparatório, para que possamos extrair as melhores consequências deste evento.

Solicitamos uma inscrição prévia, pois se trata de uma discussão clínica e o grupo de trabalho não poderá ser aberto.

Novas informações serão divulgadas no boletim Outras Palavras.

III Manhã De Trabalho Do CIEN Brasil FURANDO ETIQUETAS – O TRAÇO DA POLÍTICA DO CIEN

“A criança hoje é uma questão de poder e nós temos que dizer onde nos inscrevemos diante desse espetá-culo” (MILLER, 2012).

Com esse tema e orientação, realizaremos a III Manhã de Trabalho do CIEN Brasil em Salvador - Hotel Pestana, no dia 25 de novembro de 2012, às 9 h., quando participaremos de uma grande conversação, com a presença de Éric Laurent, sobre a etiquetagem generalizada da criança em nossa época, a partir da trans-missão da experiência dos laboratórios do CIEN.

www.cien-brasil.blogspot.com.br Ana Martha Maia - EBP/AMP

Georges Hugnet, Untitled, 1947

COMISSÃO DE ACOLHIMENTOCaros Colegas,

Trazemos para vocês informações sobre Pacotes de Viagem. Assim, vocês podem ir organizando a vinda a Salvador, aproveitando os pacotes disponibilizados especialmente para o nosso encontro.* Apartamento TRIPLO acréscimo de 25% do valor do pacote ou da diária extra para os Hotéis Pestana (cama extra segundo disponibilidade dos hotéis).

FORMA DE PAGAMENTO:5 x para pgto até 15 JUNHO /124 x para pgto até 15 JULHO/ 123 x para pgto até 15 AGOSTO/12 2 x para pgto até 15 SETEMBRO/121 x para pgto até 15 OUTUBRO/12

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INSCRIÇÕES XIX EBCFInformamos que as inscrições podem ser feitas tanto no site www.mulheresdehoje.com.br/inscricoes.

asp, como na Seção Bahia: Rua Comendador José Alves Ferreira, 60, Garcia - Cep: 40100-160, Salvador/BA, Brasil.

Para maiores esclarecimentos, entrar contato com a Secretaria da EBP/BA pelos telefones: 71 3235.9020 e 71 3235.0080, ou pelo e-mail: ebpba@terra.com.br. Já é possível realizar as inscrições pessoalmente em cada uma das Seções e Delegações da EBP. Se preferir, efetue o depósito na conta abaixo e envie-nos o com-provante pelo e-mail: inscricoes@mulheresdehoje.com.br.

BRADESCO - AG: 3072-4 – C.C. 79.541-0.Titular: Escola Brasileira de Psicanálise–Seção Bahia. CNPJ: 01.033.326/000-88.Em caso de problemas com as inscrições através do site do Encontro (PagSeguro), favor entrar em contato

com Pablo Sauce através do e-mail: palblosauce@hotmail.com. Garanta já a sua inscrição!

COMISSÃO DE FINANCAS

Hotel Localização 3 noites Diária ExtraDist. até

o local do evento

SGL DBL SGL DBL

PESTANA LODGE Rio Vermelho R$ 1.524,60 R$ 1.524,60 R$ 508,20 R$ 508,20 Hotel do evento

PESTANA BAHIA HOTEL Rio Vermelho R$ 866,25 R$ 866,25 R$ 288,75 R$ 288,75 Hotel do

eventoGOLDEN TULIP Rio Vermelho R$ 693,00 R$ 850,50 R$ 231,00 R$ 283,50 5 minutosCATHARINA PARAGUAÇU Rio Vermelho R$ 564,00 R$ 606,00 R$ 188,00 R$ 202,00 7 minutosBAHIA PARK Rio Vermelho R$ 393,75 R$ 393,75 R$ 131,25 R$ 131,25 5 minutosPOUSADA PEDRA DA CONCHA Rio Vermelho R$ 390,00 R$ 450,00 R$ 130,00 R$ 150,00 5 minutos

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O declínio do viril PROCURAM-SE HOMENS. OS INTERESSADOSAPRESENTAREM-SE EM QUALQUER ESQUINA1

Gustavo Dessal (ELP-Madri)

Clique no botão ao lado para fazer o download dos textos abaixo.

CADÊ ELES?É o que dizem as mulheres jovens, as maduras, as coroas.Mulheres de toda condição coincidem em afirmar um fato que se repete em qualquer setor da vida social:

os homens têm fugido em retirada.A imagem é quase a mesma em toda parte. Aos sábados à noite, legiões de mulheres formam pequenos

grupos que povoam as boates, os restaurantes, as salas de lazer. São elas que assistem aos eventos culturais, se inscrevem em cursos, oficinas e saraus, por um lado para melhorar seus conhecimentos e por outro, para satisfazer a ingênua esperança de conhecer um homem.

Porém eles andam sumidos, desertado da conquista, abandonado a arte da sedução e parecem encontrar um gozo maior em seus sofisticados brinquedos eletrônicos. Seu olhar está demasiadamente pendente das telas de móveis, computadores, televisores e Play Stations e pouco disponível para o amor. A mulher-objeto, representação abominada pelas feministas, vai dando lugar ao homem-objeto, “caça” cada vez mais cobiça-da pela sua escassez.

As mulheres tomam posse dos diversos espaços da vida pública e são maioria em quase tudo. Os homens conservam ainda sua cota de poder na esfera política, porém, é só questão de umas poucas décadas para que as mulheres dominem também esse terreno que, durante milênios, foi patrimônio masculino. A legítima ascensão histórica das mulheres, celebrada publicamente como uma conquista da civilização ocidental, vem acompanhada de uma dúvida que as perpassa na intimidade: “Será que agora vivemos melhor que nossas avós ou nossas mães? Ter-nos liberado do jugo que assimilava nossa condição feminina à função de esposa e mãe, nos trouxe uma maior satisfação?”. Não há dúvida de que a possibilidade de escolher outro destino, que não o de suportar maridos incompetentes ou brutais, tem aberto a porta de um mundo que sempre lhes foi vedado, mas essa mesma porta as conduz a uma realidade na qual os homens ainda não concluíram a reprogramação dos seus esquemas mentais e fogem desnorteados de qualquer compromisso com o outro sexo, procuram consolo na homossexualidade, negam-se com obstinação a ser pais, agarram-se patetica-mente cada vez mais a uma prolongação da adolescência, ou simplesmente repudiam qualquer mulher aci-ma dos vinte e cinco anos. A custa de luta, dor e tenacidade, as mulheres vem aprendendo, pouco a pouco, a viver de acordo com os novos tempos, enquanto eles resistem a abandonar suas antigas posições e só a contragosto aceitam compartilhar com elas as tarefas que tradicionalmente foram consideradas femininas. Os defensores do progressismo cultural são otimistas e estão convencidos de que será necessária só uma

1 DESSAL, Gustavo. Se buscan hombres. Interesados presentarse en cualquier esquina. In : Mujeres, una por una. ELDAR, Shula (Compil.) España: Colección ELP; Editorial Gredos, 2009.pp. 25-36

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geração a mais, para que as diferenças de gênero se diluam definiti-vamente na grande paixão democrática da igualdade.

No entanto, as coisas não parecem tão simples assim, já que os homens não assimilam este processo sem apresentar, ao mesmo tempo, diversos sintomas, fundamentalmente inibições no campo da sua virilidade, que não somente afetam a eles mesmos mas também às mulheres. Uma mulher jovem dedica uma sessão de sua análise a expressar uma dupla queixa: por um lado, fica indignada quando na rua algum homem lhe dirige uma cantada, por outro, lamenta-se de que seu parceiro tenha se desinteressado quase por completo do sexo. Para além do que seus ditos revelam sobre seu inconsciente, não há dúvida de que os homens são cada vez mais censurados por praticar a sua masculinidade, sendo simultaneamente recriminados por não querer exercê-la. Encurralados, ambos os sexos, nesse pa-radoxo, os homens se movimentam na incerteza de não saber mais como ser, enquanto as mulheres tentam resolver uma equação que tem se tornado para elas a quadratura do círculo: conseguir que o gatinho que agora esfrega a louça e passa a roupa, continue sendo um tigre na cama.

Tradução: Marta Inés Restrepo (EBP-Bahia)

Elas e EleSHULA ELDAR (ELP-Barcelona)

O que sucede hoje nas praças públicas traz à memória os acontecimentos de outros fevereiros que pareciam esquecidos.

Recordei os diagnósticos que Lacan fez, nessa época, sobre a vida contem-porânea. Desde então, a vida sexual já havia deixado de ser do domínio privado para ser livre e de domínio público. Lacan registrava algo que se aprende apenas a partir da experiência analítica: que a liberdade sexual pode tomar a forma de defesa ante o encontro sexual.

“Nele” isto se manifestava como apatia diante o esforço de sedução, e “nelas” como desencanto diante do declínio da posição viril.

Darei algumas pinceladas sobre três momentos distintos que se sucederam desde começos do século XX.

Tradução: Roberto Dias (IPB-Bahia)

ENCANTOS DA IMPOTÊNCIA2: SERVIDÃO AMOROSA OU DOCILIDADEMORTIFICANTE?Vilma Coccoz (ELP-Madrid)

Os desfalecimentos do semblante viril e sua pregnância na transferência têm motivado a preocupação dos analistas desde Freud. Em muitos casos, uma inércia manifesta da impotência e de sua confissão reiterada em declarações de debilidade, medo, covardia e incapacidade (também para a análise) assediam as sessões. São os enigmas do autocastigo: o que pode fazer com que o sujeito adira, sem protestar, às suas inibições? Ou que, ainda rebelando-se, as perpetue? Por que o sujeito chega a preferir sua castração, como se de uma oferenda se tratasse, à decifração do inconsciente, à separação das identificações alienantes nas quais se forjou seu destino?

2 Expressão de Lacan em Función y campo de la palabra y del lenguaje en psicoanálisis. Escritos, I. Barcelona: Siglo Veintiuno Editores, 1984, p. 270.

Imagem © Maria Corte Maidagan

Homem e mulher, 1925 Joan Miró (Spanish, 1893-1983)

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A TESE SOBRE A CAUSA: O DILEMA ESTRUTURAL A dita oferenda pareceria contradizer o protesto viril, a rebeldia ativa: é uma modalidade de resistência

de transferência, na qual o sujeito atua – e não recorda – uma posição passiva, “feminilizante”, em sua rela-ção com o Outro, derivada do erro natural3 na interpretação da castração.

Segundo o dito erro, a diferença sexual só se dirime em termos de potência ou impotência, por ter ou não ter o atributo fálico. Longe de contradizer o protesto viril, esse comportamento constitui a outra face do dilema estrutural na relação do filho varão com o pai. É, portanto, essencial, a localização precisa da estru-tura, decisiva para a manobra na transferência: desta depende a eficácia da operação destinada a comover a defesa graças à qual o analisante pode recuperar ou conquistar sua capacidade de ação.

A exploração analítica que suscitara, em primeiro lugar, O Homem dos lobos, deu lugar a avanços subs-tanciais na dedução da estrutura do desejo de muitos sujeitos masculinos, nos quais os sintomas de inibição, mortificação, ruína, renúncia fálica, demonstravam estar vinculados, não tanto ao temor da castração, mas, pelo contrário, a um enigmático prazer ou desejo de castração4.

Tradução: Roberto Dias (IPB-Bahia)

3 Segundo os desenvolvimentos de Lacan no Seminário Ou pior (inédito).4 FREUD, S., “Una neurosis demoníaca del siglo XVII”. OC, volume III. Biblioteca Nueva Madrid, 1973, p. 1689.

MAIS SOBRE O ASSUNTOCOCCOZ, Vilma. Vous êtes un homme. http://www.letraslacanianas.com/revista-n2-letras-en-la-ciudad/64--vous-etes-un-hommeDESSAL, Gustavo. Se buscan hombres. Interesados presentarse en cualquier esquina. In : Mujeres, una por una. ELDAR, Shula (Compil.) España: Colección ELP; Editorial Gredos, 2009.pp. 25-36FORBES, Jorge. Mulheres insatisfeitas e alguns homens. http://www.jorgeforbes.com.br/br/artigos/mulhe-res-insatisfeitas-e-alguns-homens.htmlFORBES, Jorge. O vídeo integral da palestra A globalização é feminina? Está disponível no site da CPFL Cultura:http://www.cpflcultura.com.br/site/2009/10/17/integra-a-globalizacao-e-feminina-jorge-forbes/GUIMARÃES, Lêda. Mulher//Mãe nos tempos do declínio do pai. Revista Arteira, EBP-Seção Santa Catarina, n. 3, 2010.LONZI, Carla “Escupamos sobre Hegel”. Manifiesto, subtitulado “Escritos de ‘Rivolta Femminile’”. “La igual-dad de la que hoy disponemos no es filosófica, sino política. ¿Queremos, después de milenios, insertarnos con este título en el mundo que han proyectado otros? ¿Nos parece gratificante participar en la gran derrota del hombre?”.MERLIN, H., Les troubles du masculin en France au XVIIème siêcle. ln: Le Masculin. Paris, L’ Harmattan, 1999.MILLER, Jacques-Alain. “Buenos días, sabiduría”. In Revista Colofón - Boletín de la Federación Internacional de Bibliotecas del Campo Freudiano, n. 14. 1996, Valencia: EOL, p. 38. MILLER, Jacques-Alain. Cap. IV Las mujeres y el Outro. Cap. V Lo real y el sentido, (La feminización del mun-do). “El Otro que no existe y sus comités de ética”; Ed. Paidós, Buenos Aires, 2005.MUSACHI, Graciela. “La feminización del mundo”. In: Mujeres, una por una. ELDAR, Shula (Compil.) España: Colección ELP; Editorial Gredos, 2009, pp. 37-49.SANTIAGO, Jésus. E o homem existe na era do declínio viril, in Curinga n. 8, set /96.SINATRA, Ernesto. ¡Por fin HOMBRES al fin! Buenos Aires: Grama Editora, 2010.SOUTO OLIVEIRA, Simone. “O mais-gozar e seu efeito feminizante sobre o macho”. http://www.ebp.org.br/biblioteca/pdf_biblioteca/Simone_Souto_O_mais_gozar_e_seu_efeito_feminizante_sobre_o_macho.pdf

FILMESAmores perros, Alejandro Gonzalez Iñárritu (México, 2000) - http://www.imdb.pt/title/tt0245712/Boys Don’t Cry, Kimberly Peirce (EUA, 1999) - http://www.imdb.com/title/tt0171804/Chloe, (O preço da traição) Atom Egoyan (EUA/Canadá/França, 2009) - www.imdb.com/title/tt1352824/Closer, Mike Nichols (EUA, 2004) - http://www.imdb.com/title/tt0376541/Encontros e desencontros, Sofia Coppola (EUA/Japão, 2003). - http://www.imdb.com/title/tt0335266/

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Linhas de Investigação Bibliografia Filmografia

Para acessar as edições anteriores:http://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras008.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras007.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras006.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras005.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras004.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras003.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras002.pdfhttp://www.boletimoutraspalavras.com.br/op/outras_palavras001.pdf

ExpedienteTânia Abreu (Editora) Email: contato@boletimoutraspalavras.com.br Bruno Senna (Layout e editoração)

Elisa Monteiro (revisora)

Salvador, 13 de julho de 2012

Editora Comissão Científica Ajusta Foco e ResenhasMarcela Antelo

O incrível homem que encolheu, Jack Arnold, Richard Matheson (EUA, 1957) - http://www.imdb.com/title/tt0050539/newsNine, Rob Marshall (EUA/Itália, 2009) - http://www.imdb.com/title/tt0875034/Winter’s Bone, Debra Granik (EUA, 2010)Magnolia, Paul Thomas Anderson (EUA, 1999) - http://www.imdb.com/title/tt0175880/