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ISSN 2176-1396 OS MEDOS VIVENCIADOS PELOS PROFESSORES E POSSIBILIDADES DE SUPERAÇÃO 1 Clenio Lago 2 - UNOESC Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: CAPES/OBEDUC Projeto “Estratégias e ações ultidisciplinares...” Resumo Rompidas as certezas do mundo moderno, a utopia da subjetividade autônoma emergem ansiedades constantes, inseguranças, medos. Desde então, o medo parece estar presente no cotidiano do ser humano contemporâneo como algo assolador, como a própria condição da existência. Além do mais, é uma sensação alimentada, projetada, sentida, vivida, que não é muito diferente em meio aos professores, no cotidiano escolar e nos constantes apelos do reinventar-se. É como se fossemos obrigados a viver na liberdade, num cenário e que tudo flutua. Para tal procuramos entender a origem dos medos e ansiedades vivenciados por um dado grupo de professores que cursam Sociologia pelo PARFOR no oeste catarinense, colocando-os como os sujeitos frente a diversas situações de insegurança. Por isso, esse artigo apresenta os resultados de uma revisão bibliográfica e investigação empírica realizadas com os objetivos de identificar e refletir sobre a identidade do professor, no horizonte do discurso pós- moderno, os medos vivenciados no cotidiano escolar e seus enfrentamentos desde as concepções pedagógicas. Palavras-chave: Identidade; Medo; Professores; Ação pedagógica. Introdução O contexto atual caracteriza-se por mudanças significativas provocadas e vividas, pelo homem, gerando uma crise sem precedentes. Esta crise surgiu da desconstrução de princípios metafísicos da cultura ocidental, conceitos e sistemas constitutivos da modernidade, imprimido 1 Texto, desenvolvido e aqui apresentado com base em pesquisa de campo realizada sobre os medos de um grupo de professores e reflexões inicias realizadas por Eliane Ana Witt, Mestre em Engenharia Ambiental - FURB/SC, Licenciada em Biologia e acadêmica do curso de Sociologia PLAFOR - UNOESC São Miguel do Oeste. Professora da rede pública estadual de Santa Catariana, que para a apresentação na forma de comunicação o Educere: XII Congresso Nacional de Educação, gentilmente disponibilizou. E-mail: [email protected]. Professora Eliane, agradeço a gentileza. “Estratégias e ações multidisciplinares... OBEDUC”. 2 Doutor em Educação PUCRS; Mestre em Educação UFSM; Graduado em Filosofia UNIFRA; Professor Mestrado em Educação Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) Joaçaba, SC Brasil. Coordenador Institucional do projeto Estratégias e ações multidisciplinares... OBEDUC”. E-mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

OS MEDOS VIVENCIADOS PELOS PROFESSORES E

POSSIBILIDADES DE SUPERAÇÃO1

Clenio Lago2 - UNOESC

Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente

Agência Financiadora: CAPES/OBEDUC – Projeto “Estratégias e ações ultidisciplinares...”

Resumo

Rompidas as certezas do mundo moderno, a utopia da subjetividade autônoma emergem

ansiedades constantes, inseguranças, medos. Desde então, o medo parece estar presente no

cotidiano do ser humano contemporâneo como algo assolador, como a própria condição da

existência. Além do mais, é uma sensação alimentada, projetada, sentida, vivida, que não é

muito diferente em meio aos professores, no cotidiano escolar e nos constantes apelos do

reinventar-se. É como se fossemos obrigados a viver na liberdade, num cenário e que tudo

flutua. Para tal procuramos entender a origem dos medos e ansiedades vivenciados por um

dado grupo de professores que cursam Sociologia pelo PARFOR no oeste catarinense,

colocando-os como os sujeitos frente a diversas situações de insegurança. Por isso, esse artigo

apresenta os resultados de uma revisão bibliográfica e investigação empírica realizadas com os

objetivos de identificar e refletir sobre a identidade do professor, no horizonte do discurso pós-

moderno, os medos vivenciados no cotidiano escolar e seus enfrentamentos desde as

concepções pedagógicas.

Palavras-chave: Identidade; Medo; Professores; Ação pedagógica.

Introdução

O contexto atual caracteriza-se por mudanças significativas provocadas e vividas, pelo

homem, gerando uma crise sem precedentes. Esta crise surgiu da desconstrução de princípios

metafísicos da cultura ocidental, conceitos e sistemas constitutivos da modernidade, imprimido

1 Texto, desenvolvido e aqui apresentado com base em pesquisa de campo realizada sobre os medos de um grupo

de professores e reflexões inicias realizadas por Eliane Ana Witt, Mestre em Engenharia Ambiental - FURB/SC,

Licenciada em Biologia e acadêmica do curso de Sociologia PLAFOR - UNOESC – São Miguel do Oeste.

Professora da rede pública estadual de Santa Catariana, que para a apresentação na forma de comunicação o

Educere: XII Congresso Nacional de Educação, gentilmente disponibilizou. E-mail: [email protected].

Professora Eliane, agradeço a gentileza. “Estratégias e ações multidisciplinares... – OBEDUC”. 2 Doutor em Educação – PUCRS; Mestre em Educação – UFSM; Graduado em Filosofia – UNIFRA; Professor

Mestrado em Educação – Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) Joaçaba, SC – Brasil.

Coordenador Institucional do projeto “Estratégias e ações multidisciplinares... – OBEDUC”. E-mail:

[email protected].

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a ausência de referenciais universais e absolutos na mediada que lançou os desafios da

diversidade, da efemeridade, ante a atemporalidade dos referenciais. Passou-se do âmbito da

atemporalidade para temporalidade, da certeza para a constante necessidade de reprojeção, pois

valores tidos como essenciais e referenciais ruíram, com grandes impactos no horizonte de vida

dos sujeitos comuns.

Para Silva (2004, p. 2) ante a modernidade a Pós-Modernidade é traçada como a época

das incertezas, do vazio, do niilismo, da deserção, do imediatismo, da efemeridade, do

hedonismo, da substituição da ética pela estética, do narcisismo, da apatia, do consumo de

sensações e do fim dos grandes discursos. E contra uma época que postulava certezas,

segurança, certo otimismo, emergem incertezas, discursos que apostam mais no medo como

forma de controle, a única certeza. Nesse sentido, muitos questionamentos têm sido levantados

sobre a postura do professor diante destes medos e da responsabilidade com o

ensino/aprendizagem, na medida em que colocam em questão o papel do professor? Qual o

horizonte de suas ações? As proposições tradicionais ainda servem? E mesmos as supostas

novidades constituem-se em possibilidades de resposta a tais desafios? O horizonte das ações

pedagógicas turvou-se, as bases solar anunciada pela ciência e suas promessas esmaecem. Em

que medida estas podem constituir limitadores e ou possibilidades? E, o maior problema

parecer ser o da incapacidade de gerar unidade de sentido, como compreensão do horizonte e

finalidade da educação. É certo que verdades absolutas não são mais possíveis e emerge a

necessidades de revisão dos fins, dos meios educacionais, mas também a relação entre estes, na

exigência da pergunta: para que educar? Quais as condições ao educar? Qual horizonte? Falar

de medos significa certa incapacidade de perguntar pelo sentido da educação, agravada pela

retomada, medíocre do medo como dispositivo de controle, potencializados por concepções e

proposições educacionais.

Também, não é nenhuma novidade dizer que a educação é um dos mais importantes

elementos de transformações sociais, impulsionador do desenvolvimento humano integral, com

capacidade de promover a humanidade do homem. Assim, a educação tem a finalidade de

formar pessoas capazes de analisar, compreender, ser crítica e ter responsabilidade diante da

sociedade com as gerações atuais e futuras, com a natalidade, algo que se esquece. Deste

modo, foram levantados os seguintes problemas: O que é medo? Quais são os medos

vivenciados pelos professores no espaço escolar? Quais são suas estratégias de enfrentamento?

Como as tendências pedagógicas respondem/propõem alternativas ou encaram tais medos?

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Os professores exerceram e ainda exercem significativa influência na formação, nos

mais diversos níveis, seja no âmbito da formação acadêmica, refletindo em sua posterior

atuação profissional, estruturando um a experiência de formação, de relação, de processos que

passa a constituir o habitus educacional formal. Por isso, os objetivos que nortearam esta

pesquisa foram: conhecer os medos vivenciados pelos professores no espaço escolar, suas

estratégias de enfrentamento destes. Para tal fez-se um estudo bibliográfico a fim de identificar

e inferir como as diferentes tendências pedagógicas abordam/encaram tais medos.

Buscar explicações para o porquê da existência dos medos, a relação destes com sua

prática pedagógico-didática, foi o que despertou o interesse pelo desenvolvimento desta

reflexão.

O professor no horizonte do discurso da pós-modernidade

Na atualidade percebemos que ocorrerem alterações no sistema de ensino, mudanças

significativas na função e identidade do professor, bem como quanto aos conceitos e

finalidades da educação. Para Bauman (2011, p. 54) “o supervisor, o capataz, o professor,

todos desaparecem - com seus poderes de coagir, mas também de libertar da responsabilidade.

Agora, é uma questão de autocontrole, autoexame e autoaprendizagem. O indivíduo é seu

próprio guarda e professor.” Mas, o que se deve evidenciar é que o autocontrole, a

autorreflexão, autoaprendizagem, entre outros autos..., efetiva-se como dispositivos pessoais

subvertidos um contexto em que o medo constitui um dos maiores extratos do ambiente, o

“clima ambiental” a gerar, impulsionar decisões, com um espectro que nos persegue, nos

impele, sem, o tempo e condições à pergunta pelo sentido da educação e horizonte da ação

pedagógica, que dirá sobre o planejar.

Na sociedade globalizada o professor é imerso em um sistema que espera que a escola

seja capaz de preparar novos trabalhadores adaptáveis à regimes de trabalho flexíveis,

empregáveis em empregos transitórios e que busquem constantemente a autoformação e

autoafirmação no seu posto exigindo um constante resignificar de si, num processo sem tempo

para isso. De outra maneira, capturados na lógica do sistema de trabalho por constantes

exigências projetadas no horizonte do medo, o trabalhador é levado a viver na lógica do

mercado, dispensando suas energias. O problema é que não há mais sossego. De outra maneira,

onde tudo é belo, nada mais é belo, perdendo-se a capacidade crítica sinaliza Welsch (1995),

citando Adorno e a dimensão ética da ação.

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Assim, educação escolar é redirecionada para um projeto cuja finalidade básica é

preparar para o trabalho deixando de lado a natalidade nos termos colocados por Arendt, ou

perversamente valendo da natalidade do humano, o que é mais grave. Deste modo, a escola

passou a ter que preparar a força de trabalho qualificada ao mesmo tempo em que a educação

deixou de ser assumida como direito para se assumida como serviço, e compreendida

essencialmente como ensino. Diria, está desfocada do real objetivo. Tal formação tem ênfase

na formação de caráter geral, na qual o domínio de técnicas e linguagens de informática é

indispensável, de ser competente e hábil. Não bastando, precisam ser trabalhados aspectos

cognitivos e afetivos enfatizando a capacidade de trabalho cooperativo e relações interpessoais

para a produção. A multidisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinariedade, a

criatividade são tomadas como estratégias produtivas no âmbito do mercado, os problemas

ambientais resolvem-se com a artificialidade da cor, como um esteticismo. De outra maneira, a

questão ambiental, as proposições interdisciplinares, transdisciplinares são assumidos como

problema e bandeira, quando passa ser usurpada e distorcida, expropriadas de suas condições

tensionadoras e assumidas como estratégia de sobrevida de mercado (capitalismo verde).

Algumas análises, também estão, soam distorcidas na medida em que apresentam-se com

algumas verdades, num viés crítico-reprodutivista. Vejamos,

em contraste o professor não aprende o que deverá ensinar e não aprende como

fazer. Os professores dos professores tem diplomas de pós-graduação, mas, em sua

maioria, jamais ensinaram o que os alunos irão ensinar. Diante disso, os professores

entram em sala de aula sem a devida preparação (CASTRO, 2009, p. 161).

Enquanto isso, à formação dos profissionais da educação fica jogada de um lado para

outro, pouco mudou. Conforme (CASTRO, 2009, p. 161) “na a maioria dos cursos para formar

professores, há uma presença excessiva de teorias pedagógicas e de concepções de mundo.

Pior, pratica-se uma falsa ciência, pois raramente há verificação empírica do que é afirmado. O

conhecimento vale pela sedução das ideias e pelo prestígio do proponente”. Ainda, existe uma

série de outras deficiências além da formação profissional recebida pelos educadores no espaço

acadêmico, pois as lacunas existentes são complexas e delicadas, na medida em que permeadas

por uma série de questões ideológicas, pois sujeitos, entidades pouco compromissadas com o

horizonte e bem comum ficam a interferir nos processos, dizendo dos fins, dos meios e das

articulações entre estes. Conforme Castro (2009, p. 161) “os professores aprendem pouco do

conteúdo, quase nada de como manejar uma sala de aula e gastam muito tempo com teorias

pedagógicas e ideologias. Segundo uma pesquisa, apenas 8% dos professores acha que o mais

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importante é ensinar a matéria” (CASTRO, 2009, p. 161), isso falando em termos de Educação

Básica.

Seguindo a linha de Castro (2009) indica-se a percepção de outras mudanças no

contexto escolar. Uma delas foi à adição do adjetivo "político" acrescenta ao pedagógico no

Projeto Pedagógico. Segundo alguns autores, não haveria necessidade do acréscimo, uma vez

que o conceito pedagógico já o contempla, pois toda a proposta pedagógica é voltada a ações

transformadoras.

Retomando a abordagem sobre o professor, há algumas décadas a profissão era

sinônimo de status e uma alternativa profissional para mudança de classe social. A

escolarização era vista como o único patrimônio que muitas famílias podiam deixar a seus

filhos. Contudo, hoje o número de jovens que ingressam na atividade ou tem aspiração de ser

docente é insignificante.

O status do professor no sistema públicos sofre de uma disjunção cognitiva. De um

lado, como mostram as pesquisas, eles são valorizados pela sociedade e pelos pais.

Contudo, sentem-se desprestigiados e desmoralizados, diante da administração

escolar. Sua insatisfação deriva-se de uma relação mal resolvida com seus

superiores. Possivelmente, tal situação reduz a atratividade da profissão para jovens

academicamente mais talentosos (CASTRO, 2009, p. 161).

Mas, as denúncias trazidas por Castro (2009), embora possam significar um impulso

crítico, constitui-se num impulso fraco, pois não traz a questão em sua abrangência. Preso no

paradigma cientificista não reconhece a necessidade de formar espíritos livre capazes de

perguntar pela finalidade da educação, no diálogo com outras formas de acesso e produção do

conhecimento que não apenas a verificação empírica.

Evidenciamos assim, representações cada vez mais negativas do professor neste período

de tempo de mudanças, de movimento e dispersão. Inserido em tal contexto, o professor tomou

aspecto de uma figura poliédrica e multifacetada. A visão clássica de seu papel como agente

social restrito ao espaço escolar adquire um aspecto mais abrangente como indivíduos, cidadão

e profissional. O professor é uma pessoa única, individualizada, não podendo ser definida ou

rotulada, determinada ou reduzido a um esquema simbólico. Como pessoa, é dimensionada na

sua natureza, paixões, sentimentos e valores, com direitos e deveres com sua liberdade e com

sua visão de vida e de mundo. Ser permeado por medos, angústias, fé e esperança.

De acordo com Esteve (1999, p. 97) uma nova encenação pós-moderna, colorida e

florescente, culpa a anterior clássica e severa. A primeira reação dos atores seria a surpresa e

num segundo momento a tensão e desconcerto. Certamente tal tensão e desconforto geram

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medos e ansiedades que culminam nos medos “pós-modernos”. Por outro, acrescenta-se que,

os ditos modernos, também acusam os pós-modernos, ficando-se num jogo de acusações que

pouco ou quase nada serve para compreender a condição histórica da educação, de seus fins e

de seus meios, ficando os primeiros sem reconhecer seus limites e possibilidades que se abrem

no encontro com os segundos e os segundos se perdem em si achando que podem e precisam

inventar a roda. Tal disputa, embora evidencie os limites das duas proposições, ou dos pais ou

dos filhos, impossibilitam o questionar mesmo sobre a finalidade da educação perdendo-se em

acusações.

O que não pode se perdido do horizonte das atitudes e das ações é a noção de

contemporâneo, é aquele que estabelece certa relação de proximidade e de distanciamento para

com seu tempo, uma relação de reconhecimento, não ficando apenas jogado no tempo. Assim,

Pertence verdadeiramente ao seu tempo, é verdadeiramente contemporâneo, aquele

que não coincide perfeitamente com este, nem está adequado às suas pretensões e é,

portanto, nesse sentido, inatural; mas, exatamente por isso, exatamente através desse

deslocamento e desse anacronismo, ele é capaz, mais do que os outros, de perceber e

apreender o seu tempo (AGAMBEN, 2009, p. 58).

Entretanto, é preciso compreender3 os propósitos de sua época para não aderir

totalmente ao que ela propõe como forma de “enquadrar” o sujeito às suas pretensões. Nesse

sentido, “pode dizer-se contemporâneo apenas quem não se deixa cegar pelas luzes do século

e consegue entrever nessas a parte da sombra, a sua íntima obscuridade. [...] Contemporâneo é

aquele que recebe em pleno rosto o facho de trevas que provem seu tempo” (AGAMBEN,

2009, p. 63-64), mas não se rende, na media que estabelece “[...] uma singular relação com o

próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo, dele toma distancias; mais precisamente,

essa é a relação com o tempo que a este adere através de uma dissociação e um anacronismo”.

(AGAMBEN, 2009, p. 59).

Os professores e os seus medos

Normalmente, sentimos medo do desconhecido, daquilo que não sabemos ao certo o

que é e, portanto, não sabemos como devemos agir e enfrentar ameaça. Descrever o medo é

uma atividade complexa. Esse medo do desconhecido e do incerto denota a incerteza de como

agir e enfrentar a ameaça. Como o medo é um sentimento conhecido de toda a criatura vida.

3 Oliveira (2011, p. 413) referindo-se à Verdade e Método indica que “[...] a compreensão não é entendida

apenas como uma forma e comportamento do sujeito diante de um objeto dado, mas como uma dimensão

constitutiva do próprio ser do eis-aí ser (DASEIN)”.

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“O medo não é uma novidade” (BAUMAN, 2011, p. 143), pois a humanidade o

conheceu desde o principio de sua existência e em cada época de sua história teve seus

próprios temores e incertezas. Assim, Bauman em seu trabalho faz uma tentativa de procurar as

fontes dos medos e o encontra, atualmente, como expressão da liquidez das relações, no

isolamento e enclusuramento em si vai perdendo a capacidade de relação em que o eu e o outro

é interlocutor (LÉVINAS, 2004). No estar sozinho, tudo parece assombrar, se agigantar por o

humano estar fragilizado enquanto humanidade na individualidade homem que se hierarquiza,

se fecha em relações de poder. Aprisionado, perde-se enquanto acontecimento ético. Isso

porque, “o humano só se oferece a uma relação que não é poder” (LÉVINAS, 2004, p. 33). Por

outro com indica Schiller (1991) o homem só é livre, pleno enquanto joga. Isso porque,

no jogo, os participantes vêem-se referidos, por assim dizer, enlaçados uns aos

outros, sendo que jogo exige a entrega de cada um a um processo não dominável por

nenhum dos participantes. Quem estiver, inicialmente, certo de ter elaborado o

caminho mais adequado à vitória, vê-se surpreendido, de repente, por um lance

inesperado do outro, ao qual não consegue, mas corresponder à altura. [...] O sentido

nasce do “vir ao encontro” de um outro, eu-tu, eu-texto, eu-obra de arte, etc.”

(FLICKINGER, 2003, p. 173).

Tais elementos aqui dispostos incitam a reflexão sobre o horizonte já indicado quanto

aos medos, como adensamento da incapacidade de compreensão do homem cotidiano, do

próprio horizonte, como extrato da perda da humanidade do homem que o impede de

compreender-se como ser de relação e de compreender a educação como autoformação no

horizonte das relações: um medo de si e do outro. Medo de sua própria condição.

Para o momento, nos asseguremos de que,

a educação é um acontecimento temporal, complexo incontrolável e necessário. Não

há garantia possível da ação correta que assegure a obtenção do fim desejado,

porque não há mais um modelo de natureza humana para orientar a ação, como

ocorre na tradição clássica (HERMANN, 2001, p. 129).

Isso fará toda a diferença no momento de analisar se as concepções, proposições

pedagógicas e, em que medida, se constituem alternativas à superação dos medos

contemporâneos, os ditos pós-modernos dos professores.

Medos vivenciados pelos professores entrevistados

De acordo com Reis et al, (2006), Lipp, (2002), Batista e Codó (1999, apud POMPEU;

ARCHANGELO, 2011) o papel do professor tem sido foco de discussão em diversas pesquisas

relacionadas às áreas de educação, psicologia, sociologia e também da psicanálise. Algumas

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dessas pesquisas apontam que o professor, cada vez mais, atua sozinho em um cenário

inseguro e, na maioria das vezes, violento. Falta um salário digno, falta reconhecimento do seu

papel, faltam condições mínimas de trabalho, de prestígio, de valorização. Ele tem assumido

responsabilidades novas e luta diariamente com o “não desejo” dos alunos de estarem em sala

de aula e ao aprendizado.

Não se pode negar ser esse um cenário desconfortável, que torna o exercício da

profissão docente cada vez mais difícil. É notável o quanto os professores,

principalmente os que estão ligados ao ensino público, estão desamparados tanto

profissional, como emocionalmente, o que amplifica suas incertezas e inseguranças.

Diante disso: estaria o medo presente no cotidiano do professor? De que medos

falam os professores? (POMPEU; ARCHANGELO, 2011, p. 04).

Visando realizar um estudo exploratório descritivo para identificar quais são os medos

vivenciados pelos professores no cotidiano escolar e no âmbito pessoal realizamos uma

pesquisa por meio da aplicação de um questionário composto por cinco (5) questões de

múltipla escolha referentes às características dos entrevistados e duas (2) questões

dissertativas sobre o tema da pesquisa. A população amostral compreendeu doze (12)

professores, que hoje são acadêmicos do Curso de Sociologia da UNOESC – Campus de São

Miguel do Oeste – SC.

Para preservar a identidade dos entrevistados identificamos as citações das respostas

dos mesmos por meio de letras alfabéticas. A amostra representa um estrado dos professores

do extremo-oeste do estado de Santa Catarina e do sudoeste do Paraná, visto a procedência

dos acadêmicos as múltiplas primeiras formações e atuações, o que constitui um estrato

significativo.

Dentre a população amostrada quanto ao nível de formação observamos que a maioria

já possui nível acadêmico de pós-graduação (58,3%). O tempo de atuação no magistério ficou

assim distribuído: 41,6% atuam de 0 a 05 anos, 41,6% de 05 a 10 anos e 16,6% de 15 a 20

anos. No que se refere ao número de unidades escolares em que atuam 25% trabalha em uma

(1) só unidade, 50% em duas unidades, 16,6% em três (3) unidades e que um (8,3%) atua em

quatro (4) unidades escolares distintas. Quanto à rede de atuação 50% dos professores são

servidores da rede pública estadual, 41% atuam da rede municipal e um (8,3%) é servidor

público em ambas as esferas (municipal e estadual). Destes, 66,6% dos professores atuam em

mais do que um nível de escolaridade, 25% atua do 1º ao 4º ano e um (1) no 5º ao 8º ano.

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Tais dados nos permitem inferir a necessidade do professor em garantir sua

subsistência e atendimento aos apelos cotidianos, por atuarem em mais do que uma unidade

escolar o que dificulta o conhecimento e inserção na realidade escolar.

Quanto ao tema da pesquisa, foi solicitado que os professores comentassem sobre os

principais medos/ansiedades vivenciados no espaço escolar e no âmbito pessoal.

As informações coletadas foram diversas. A análise das citações deixa evidente que no

espaço escolar os professores mencionam como entre os principais medos encontra-se a falta

de limite e respeito para com eles por parte dos alunos, o desinteresse dos educandos pelos

conteúdos abordados, a desvalorização profissional, a violência e o medo de não saber avaliar.

Com menor freqüência de citações está a falta de concentração dos alunos, de não saber se

está fazendo sua parte no processo educativo, falta de materiais, de cometer os mesmos erros

que percebe no sistema educacional, de ser obrigado de aceitar normas com as quais nem

sempre concorda e do processo de municipalização dentre outros.

Tais aspectos citados pelos professores entrevistados indicam semelhança com os as

afirmações feitas por Pompeu e Archangelo (2011, p. 07) e Soares e Nogueira (2008, p. 10)

que mencionaram em seus trabalhos dentre os medos elencados pelos professores está a crise

da autoridade docente (insegurança e não clareza dos papéis), enfrentamento com os alunos,

medo de perder o controle em sala de aula, de não conseguir ensinar ou de não saber o

conteúdo, da violência e de ficar desempregado. Os relatos transcritos abaixo reafirmam tais

medos:

Alunos com muita informação e rebeldia, o trabalho torna-se difícil. Desinteresse

do aluno, visto que a tecnologia da informação cria o comodismo (PROFESSOR E);

Violência – pois as leis mais amparam o delinquente do que o professor e o aluno

que realmente se interessa pela produção do conhecimento (PROFESSOR L);

Medo de não conseguir contribuir nas transformações que deveriam acontecer na

formação de cada indivíduo e na sociedade e de repetir os mesmos erros que

atualmente percebo no sistema de educacional brasileiro (PROFESSOR G);

O professor cada vez atua mais sozinho, em um cenário muitas vezes violento. Falta

salário digno, falta reconhecimento de seu papel, faltam condições mínimas de

trabalho, de prestígio e valorização (PROFESSOR D);

Medo [...] é o professor que não está conseguindo fazer a sua parte ou o sistema

está em desarmonia? (PROFESSOR M).

Nos relatos também ficam explícitos a insegurança do professor frente à violência e à

qualidade do trabalho que está realizando, em uma sociedade em contradição e que

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discursivamente acusa, que quem está em desarmonia são os professores como é o caso dos

discursos neoliberais (SILVA, 1995). Mesmo os professores que são habilitados e já tem certa

experiência na docência demonstram insegurança e falta de clareza quanto ao seu papel no

contexto escolar e social.

No âmbito pessoal, os relatos apontam, principalmente, o medo da incerteza de não

estar fazendo certo, da acomodação, da solidão e de ficar desatualizado não conseguindo

acompanhar as tecnologias e mudanças da sociedade. Neste aspecto, percebemos uma

diferença dos resultados obtidos se comparados com os de Pompeu e Archangelo (2011, p. 7)

e Soares e Nogueira (2008, p. 10), cujos entrevistados mencionaram medo da própria morte e

ou de familiares e da solidão. Na pesquisa o medo da morte não foi citado por nenhum

professor. Contudo, o medo da solidão e do futuro foi evidente. Devemos lembrar que grande

parte dos sujeitos de pesquisa são mulheres e existindo, mais enfaticamente, a preocupação da

figura materna com o futuro e segurança dos seus filhos.

Medo da solidão e que meu filho não alcance sucesso ou seus objetivos de vida

(PROFESSOR J);

Não me realizar como profissional, pelo fato de ser podados em certos conteúdos,

situações e atitudes (PROFESSOR F);

Medo de não ser capaz de mostrar o que realmente sou e viver a mercê das idéias

alheias e de não me desenvolver intelectualmente e socialmente (PROFESSOR G);

Medo de sermos substituídos por máquinas e assim esquecermos que somos seres

humanos, que possuímos valores, princípios, direitos e sonhos [...] da solidão, do

contato físico, do diálogo, dos laços afetivos (PROFESSOR C);

Medo de ser julgada por algo que talvez eu não esteja fazendo corretamente por

falta de experiência (PROFESSOR A);

Ficar desatualizado da mídia e não poder acompanhar os comportamentos e as

tendências do mundo dos adolescentes, impossibilitando uma linguagem de igual

para igual, para assim entender o mundo dos educandos, e a partir daí, chegar até

eles (PROFESSOR E);

Não tenho certeza de estar fazendo corretamente o meu trabalho [...]. Omissão por

não conseguir atingir realmente o que quer (PROFESSOR B).

Neste aspecto ficou evidente que os medos pessoais não se distanciaram ou se

separaram completamente daqueles citados anteriormente vinculados à profissão, revelando

um medo mais essencial, o medo da vida enquanto abertura, num contexto em que não existes

mais certezas de se atingir dados fins. Portanto, os medos não são alheios e distintos do eu

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pessoal e do eu profissional do professor, senão que compões a identidade do ser docente.

Assim,

[...] é difícil desmembrar um modo de ser pessoal – crenças, valores morais, posturas

ou aspectos do caráter – de tudo aquilo que compõe o modo de ser professor –

crenças a respeito da educação, valores pedagógicos e posturas didáticas. Por

maiores que sejam as semelhanças entre as trajetórias profissionais de professores e

as suas origens de classe, cada um desenvolve uma forma própria (pessoal) de

organizar as aulas, de movimentar-se em sala, de dirigir-se aos alunos, de abordar

didaticamente certo tema ou conteúdo e de reagir diante de conflitos (GOMES,

2008, p. 11).

Por outro lado, os relatos deixam transparecer a ânsia dos profissionais por feedback

e que os mesmos esperam/necessitam de diálogo e apoio dos outros segmentos da unidade

escolar, como da direção, do corpo pedagógico e dos demais educadores, da comunidade em

geral. Com indicativo que escola está fragmentada, o professor sente-se sozinho e alguns

medos vividos, são amplificados, desencadeando problemas de ordem emocional e

profissional. As relações pessoais também são comprometidas pelo medo, na medida em que

a mecanização dos indivíduos, o excesso de informações e o mercado de trabalho competitivo

distanciam os indivíduos e agravam a sensação de insegurança.

No contexto escolar, os professores se sentem ameaçados pelos mais diversos tipos de

medo. Pompeu e Archangelo (2011, p. 7) e Soares e Nogueira (2008, p. 10), que mencionaram

em seus trabalhos dentre os medos elencados pelos professores à crise da autoridade docente

(insegurança e não clareza dos papéis), “enfrentamento” com os alunos, medo de perder o

controle em sala de aula, de não conseguir ensinar ou de não saber o conteúdo, da violência e

de ficar desempregado. O medo do novo e de não conseguir acompanhar os avanços

tecnológicos também existe. Por questões econômicas por vezes é impossível acompanhar as

inúmeras mudanças tecnológicas. Assim, o professor não consegue manter um diálogo de

igualdade com o aluno a respeito do assunto, sentindo-se inferiorizado e ultrapassado, que dirá

ser proponente, se antes era, praticamente, tudo por suas mãos e agora suas mãos constituem-se

uma entre tantas outras.

O processo de mudança e de crise é vivenciado também no ambiente escolar. Os relatos

dos problemas vivenciados são inúmeros (ameaças, indisciplina, violência). Frente a tal

realidade, os professores sentem-se ansiosos e com medo, se acham deslocados, sem

autoridade e muitas vezes sem competência para atender as necessidades/funções que lhe são

designadas. Portanto, o clima de medo também está presente dentro das instituições escolares

e,

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[...] infelizmente, as instituições tornam-se, cada vez mais, maus modelos de

identificação. Isso pode ser observado nas relações básicas entre os seres humanos,

na falta de cooperação de uns com os outros, nas dificuldades e ansiedades que toda

mudança gera, nos excessos de defesas pessoais. Atacamos as instituições, porque

somos traídos e abandonados por elas (MENZIES; LYTH, 1990 apud POMPEU;

ARCHANGELO, 2011, p. 8).

Em crise, não somente as institutuições escolares, destacamos ainda a necessidade de

reflexão sobre o sentimento de isolamento, de desamparo, falta de apoio, prestígio e

valorização do professor como pessoa e como profissional. Existe uma crise na identidade do

professor, ou seja, na sua atuação e na sua interação social, uma crise de sentido que perpassa

tanto as identidades sociais como institucionais.

Para Gomes (2008), os fatores geradores de medo e que provocam mudanças na

identidade estão os conflitos na instituição de trabalho; baixos salários; falta de

reconhecimento social; sentimentos de incerteza ou insegurança. Além disso, existem os medos

pessoais associados às crenças, valores morais, posturas ou aspectos do caráter – de tudo aquilo

que compõe o modo de ser professor – crenças a respeito da educação, valores pedagógicos e

posturas didáticas.

A análise das citações permite a associação dos medos com a construção da identidade

do professor, às novas estratégias de divulgação de gestão do conhecimento, em que o

professor como transmissor do conhecimento não tem mais sentido, ao novo contexto:

expressa a crise de identidade em que está envolto o ser professor e pessoa exige uma

reconfiguração do ser professor concomitante ao ser pessoa no qual a disciplinarização dos

conhecimentos e das subjetividades não mais dão conta tanto dos processos de conhecimento,

nem dos processos educativos. A situação é agravada com a crise do ensino, precisando o

processo de profissionalização do docente o domínio básico de dois aspectos.

[...] o domínio de um conjunto de conhecimentos que atribui ao sujeito o status de

expert em determinada área de conhecimento; de outro, a crença na autoridade

moral do professor e as expectativas de que o indivíduo que exerça a profissão

docente goze de um “status moral” que assegure aos demais sujeitos, a confiança em

sua competência (GOMES, 2008, p. 8).

Mas, associados a estes, deve estar a capacidade para o diálogo. Esta, enquanto

proposição epistêmica e pessoal, entre as áreas do conhecimento, entre os sujeitos do

conhecimento, a autoridade moral precisaria reconfigurar-se em autoridade ética, num vinculo

com o espaço e horizonte comum, como uma atitude de fé, de aposta nos que “chegam ao

mundo como promessa” (ALMEIDA, 2013, p. 235), sem perder a finalidade da educação. Do

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37068

contrário, a educação deixa de fazer sentido, perde seu compromisso com a relação entre o

singular e o mundo comum, perde-se o horizonte da natalidade. Por isso,

a educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para

assumirmos a responsabilidade por ele e, como tal gesto, salvá-lo da ruína que seria

inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é,

também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las

de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de

suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós,

preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo

comum (ARENDT, 2011, p. 247).

Nesse sentido, sustenta Arendt (1990, p. 239, apud ALMEIDA, 2013, p. 227) que

“qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo mundo, não deveria

ter crianças e, é preciso proibi-la de tomar parte na educação”.

Mas em que medida os medos se vincula às proposições e concepções pedagógicas? E

em que perspectivas, além de outras medidas, tais proposições constituem-se ou não em

alternativa de superação dos medos e de retomada do horizonte comum?

Considerações

A crise é mais ampla, é uma crise social (Arendt) em que está em crise o próprio

sentido de humano (GORGEN, 2012), e da finalidade da educação, uma crise que está

exigindo um voltar-se às questões mesmas4, perguntando pelo que nos faz humanos, pelo

sentido da educação e horizonte da ação pedagógica. Frente a tal situação como as tendências

pedagógicas podem oferecer respostas aos medos vivenciados pelos professores?

A fim de não incorrer na explicitação das inúmeras concepções tendências

pedagógicas em seus delineamentos mínimos e corrermos o risco de nos cansar, expomos as

bases epistêmicas que dão suporte à análise das mesmas, desde o horizonte da Hermenêutica

Filosófica, nosso pano de fundo, em que.

4 Arendt (2005, p. 223) dizer que “uma crise nos obriga a voltar às questões mesmas e exige respostas novas ou

velhas, mas de qualquer modo julgamentos diretos. Uma crise só se torna um desastre quando respondemos a ela

com juízos pré-formados, isto é, com preconceitos. Uma atitude dessas não apenas aguça a crise mas como nos

priva da experiência da realidade e da oportunidade por ela proporcionada à reflexão.”

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mesmo a percepção tida como a mais adequada jamais seria um simples reflexo

daquilo que é. Pois continuaria sendo sempre um apreender enquanto... Todo

apreender enquanto... articula o que está ali, abstraindo de... vendo na perspectiva

de... vendo em conjunto com...; e tudo isso pode, novamente, encontrar-se no centro

de uma observação ou meramente “visto junto com outra coisa” (mitgesehen), à

margem ou como pano de fundo. Não há dúvida portanto de que o ver enquanto um

ler articulador daquilo que está aí acaba abstraindo muita coisa que está aí, de

maneira que já não está mais lá para o olhar; mas, guiado por suas antecipações, o

ver também pode “pôr” o que não está aí.

Por isso, assumimos a proposição do diálogo em quanto diálogo autêntico, àquele que

por não se obliterar em dificuldades, ao colocar em jogo, as especificidades, as subjetividades,

transforma quem dele participa, emergindo como natalidade. E isso é possível, na medida em

que o ser humano “tem o caráter de obra, do ‘ergon’ e não somente da ‘energia’”

(GADAMER, 2005, p. 165).

Nesse sentido, há de ser destacado que, ao lado da ciência e da experiência filosófica,

“[...] a experiência da arte é a mais clara evidência de que a consciência científica dever

reconhecer os seus limites (GADAMER, 2005, p. 31), isso porque “[...] todo aquele que faz a

experiência da obra de arte acolhe em si a plenitude dessa experiência, [...] acolhe-a no todo de

sua autocompreensão, onde a obra significa algo para ele” (GADAMER, 2005, p. 16-17, v. I),

emergindo a diversidade de olhares. De outra maneira, “el encuentro con una gran obra de arte

[com um outro] es siempre, diría yo, como un diálogo fecundo, un perguntar y un responder, o

un ser perguntado y tener que responder; un diálogo verdadero, del cual algo ha salido y

‘permanece’.” (GADAMER, 2006, p. 193). “A pergunta abre o horizonte do outro, conduz o

participante do diálogo a ultrapassar suas próprias reservas” (HERMANN, 2002, p. 59), abre o

humano enquanto obra em obra (LAGO, 2014).

Portanto, para compreender não podemos nos entregar de antemão ao arbítrio de nossas

próprias opiniões prévias, mas deve estar disposto a deixar que estas lhe digam algo. Nesse,

contextos, tanto epistêmico quanto ontológico, “[...] o diálogo, [...] a arte de perguntar [...]”.

(GADAMER, 2005, p. 479, v. I), é a capacidade de, constantemente, voltar ao diálogo, “[...]

parece-me ser a verdadeira elevação do homem a sua humanidade” (GADAMER, 2004, p. 251,

v. II) e, as proposições e tendências pedagógicas que não dialogam, se perdem em conflitos,

fechamento, se obliteram em dificuldades, não só não constituem possibilidades de superação

dos medos como são propositivas dos medos. Por isso, um bom começo seria o

reconhecimento da diversidade e a educação como um processo dialógico que deveria se

efetivar como experiência de alteridade. Tal propósito implica uma revisão e resignificação

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profundas, não só das práticas pedagógicas, como dos processos de gestão, das políticas e

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