os maias síntese
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OS MAIAS
Episódios da Vida Romântica Eça de Queirós
OS MAIAS - EÇA DE QUEIRÓS Lina
Tavares
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O TÍTULOOS MAIASOS MAIAS
“… eram uma família antiga da Beira (…) agora reduzida a dois varões, o senhor da casa,
Afonso da Maia (…) e seu neto Carlos que estudava medicina em Coimbra.” (p. 6)
A história da família Maia contada ao longo de três gerações:
1ª geração – Afonso da MaiaAfonso da Maia (representante dos antigos valores, assinalada pela reacção contra o absolutismo – início do Romantismo )
2ª geração – Pedro da MaiaPedro da Maia (representante da fase da instauração do liberalismo – Romantismo)
3ª geração – Carlos da MaiaCarlos da Maia (simboliza a decadência dos ideais liberais – Regeneração – Ultra-Romantismo e Realismo)
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Passeio final
pela baixa(XVIII)
Sarau da Trindade
(XVI)
Jornal A TARDE
(XV)
Chás e jantares(X e XII)
Corrida no Hipódromo
(X)
Jantar doHotel
Central(VI)
Acção Principal
O SUBTÍTULOEpisódios da Vida Romântica (1)
A vida lisboeta da segunda metade do séc. XIX
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O SUBTÍTULOEpisódios da Vida Romântica (2)
Sociedade Portuguesa
TalentoNão
ReconhecidoCruges
Oratória “balofa”
Rufino
Administ.públicaSousaNeto
PolíticaCde de
Gouvarinho
Corrupção/Decadência
MoralDâmaso
Mulher Portuguesa
AltaSocied.
DiplomaciaSteinbroken Sousa Neto
filho
JornalismoPalma
“Cavalão” Neves
Alta FinançaCohen
Educação portuguesa
Eusebio-zinho
AristocraciaInglesaCraft
Literatura Portuguesa
Ega Alencar
Sociedade Portuguesa
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Estrutura (1)
2. Grande
Analepse (movimento
temporal retrospectivo)
1820-1875
Mais de 50 anos (1820-1875)
Cap. I a IVCap. I a IV1. Introdução (5 pp.) início da acção; o Ramalhete; Afonso (1875)
•Juventude de Afonso•Casamento de Afonso•Educação de Pedro•Casamento de Pedro•Suicídio de Pedro•Educação de Carlos •Juventude de Carlos
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Estrutura (2)
Intriga principal Intriga principal – acção fechada (história da família dos Maias, centrada nas vivências de Carlos da Maia) alterna com os episódios das “Cenas da Vida PortuguesaCenas da Vida Portuguesa” – acção aberta (os “Episódios da Vida Romântica” referentes ao ambiente em que as personagens vivem / à crónica de costumes) Cerca de dois anos (Outono de 1875 a Janeiro de 1877)
Cap. V a XVIICap. V a XVII 3. A Acção (cerca de 500 pp.)
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Estrutura (3)
Cap. XVIIICap. XVIII 4. Epílogo (cerca de 27 pp.)
Viagem de Carlos e de Ega (1877-78)
Cena da estada de Carlos em Lisboa, oito anos depois (1887)
Passados dez anos: 1887
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Introdução- marco inicial da acção
No passado Longos anos o Ramalhete permaneceu desabitado. (O procurador) aludia mesmo a uma lenda, segundo a qual eram
sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete.
No presente Restauro da casa por um arquitecto decorador de Londres Ocupação do Ramalhete
“A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na
vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela
Casa do Ramalhete, ou simplesmente, o Ramalhete.” (p. 5)
“… e foi só nas vésperas da sua chegada, nesse lindo dia de Outono de 1875, que
Afonso se resolveu deixar Santa Olávia e vir instalar-se no Ramalhete.” (p. 10)
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ANALEPSE (1) História de Afonso da Maia
Tem dois objectivos:
1º - apresentar dois espaços históricos, sociais e culturais:
o espaço miguelista – representado por Caetano da Maia
o espaço liberal – representado por Afonso da Maia
2º - mostrar Maria Eduarda Runa presa a um catolicismo retrógrado (Padre Vasques e Cartilha – catecismo antiquado) e ligada a uma misteriosa doença – religião e doença que a consumirão e marcarão o seu filho Pedro.
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ANALEPSE (2)
História de Pedro da Maia
Intriga secundária de índole naturalista
Percurso biográfico de Pedro só é explicável à luz doschamados factores naturalistas:raça (paralelismo de identidade entre mãe e filho)
educação (impede o desenvolvimento físico, moral e intelectual, tornando-o “um fraco em tudo”)
meio (após a morte da mãe frequenta um meio moralmente baixo)
Fica provada a tese de que o ser humano é um produto destes factores naturalistas que o condicionam irremediavelmente
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Vida de Pedro da Maia / Vida de Carlos da Maia intriga secundária intriga principal amores infelizes amores incestuosos
Vida dissoluta Encontro ocasional com
Maria Monforte Procura de Mª Monforte Encontro através de
Alencar Oposição real de Afonso à
“Negreira” Encontros e casamento Elemento desencadeador
do drama – o napolitano Infidelidade de Maria
Monforte – reacções de Pedro
Encontro de Pedro com Afonso e suicídio de Pedro
Vida dissoluta Encontro ocasional com
Maria Eduarda Procura de Mª Eduarda Encontro através de
Dâmaso Oposição potencial de
Afonso à “Amante” Encontros e relações Elemento desencadeador
da tragédia – Guimarães Descoberta do incesto –
reacções de Carlos
Encontro de Carlos com Afonso – morte de Afonso
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ANALEPSE (3)
Modelos Educacionais (em Santa Olávia)
Educação de Carlos da Maia
Privilégio dado: ao contacto com a natureza; ao exercício físico; à aprendizagem de línguas
vivas (inglês); à criatividade e juízo crítico; ao rigor, método e ordem; ao dever em detrimento da
vontade.
EDUCAÇÃO BRITÂNICA MODERNA
Símbolo: o TRAPÉZIOLema orientador:“alma sã em corpo são” (equilíbrio clássico)País voltado para o futuro
Educação de Eusebiozinho
Privilégio dado: à permanência em casa; ao contacto com velhos livros; à aprendizagem de línguas
mortas (latim); à valorização da memorização; à superprotecção; ao suborno da vontade pela
chantagem afectiva.
EDUCAÇÃO TRADICIONAL PORTUGUESA
Símbolo: a CARTILHALema orientador:“alma doente em corpo doente”(sentimentalismo romântico)País voltado para o passado
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ANALEPSE (4)
Juventude de Carlos (em Coimbra/nos Paços de Celas)
Estudante do liceu, Carlos deixara os seus compêndios de lógica e de retórica para se ocupar de anatomia (p. 88)
Carlos faz ginástica científica, esgrima, whist sério; havia ardentes cavacos, tudo flamejava no fumo do tabaco, etc.
Tinha nas veias o sangue do diletantismo (p. 90) Episódio romântico com Hermengarda – adultério Romance torpe com a espanhola Encarnación, prostituta a
quem monta casa Companheiros – dandis e filósofos, fidalgotes e revolucionários Em Agosto, no acto da formatura, houve alegre festa em Celas.
“Aí temos o nosso Maia, Carolus Eduardus ab Maia, começando a sua gloriosa
carreira… preparado para salvar a humanidade enferma – ou acabar de a matar, segundo as circunstâncias.” (p. 95)
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ANALEPSE (5) - fimViagem de Carlos pela Europa
“Carlos partira para a sua longa viagem pela
Europa. Um ano passou. Chegara esse Outono de 1875; e o avô, instalado enfim no Ramalhete, esperava
por eleansiosamente.” (pp. 95 e 96)
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A ACÇÃO (1)
O luxo:
•um criado de libré•plantas em vasos de Ruão
•quadros de muita cor•ricas molduras
•álbuns de actrizes seminuas•um piano
Carlos da Maia, médico, em Lisboa
O consultório O laboratório
•um grande pátio•a porta do casarão, ogival e
nobre•sala para estudos anatómicos
•a biblioteca•fornos para trabalhar químicos•as obras arrastavam-se sem
fim
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A ACÇÃO (2)
Os projectos (falhados) de Carlos vs a realidade
•o consultório deserto•o laboratório inútil
•a revista – mero projecto•o livro “Medicina Antiga eModerna” sempre adiado
Os projectos falhados
A realidade
•os cavalos, as carruagens,o bric-a-brac
•a atracção da Gouvarinho•a lembrança dos amores
passados
ERA UM DILETANTE
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A ACÇÃO (3)
Jantar no Hotel Central
OBJECTIVOS:. homenagear o banqueiro Jacob Cohen;
. proporcionar a Carlos um primeiro contacto com o meio social lisboeta;
. apresentar a visão crítica de alguns problemas;
. Proporcionar a Carlos a visão de Maria Eduarda.
INTERVENIENTES:. João da Ega, promotor da homenagem e representante do
Realismo/Naturalismo;. Cohen, o homenageado, representante das Finanças;. Tomás de Alencar, o poeta ultra-romântico;. Dâmaso Salcede, o novo-rico, representante dos vícios do novo-riquismo
burguês;. Carlos da Maia, o médico e o observador crítico;. Craft, o britânico, representante da cultura artística e britânica.
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A ACÇÃO (4)
Jantar no Hotel Central
A heroína da intriga principal aparece como uma deusa
… “ofereceu a mão a uma senhora alta, loira, com um véu muitoapertado e muito escuro que realçava o esplendor da sua
carnação ebúrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles,
comum passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita,deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos
de oiro, e um aroma no ar.” (pp.165/166)
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A ACÇÃO (5)
Jantar no Hotel Central
TEMAS DISCUTIDOS
1. A literatura e a crítica literária Tomás de Alencar / João da Ega.
2. As finanças
Cohen / João da Ega
3. A história política
Tomás de Alencar / João da Ega Cohen / Dâmaso Salcede
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A ACÇÃO (6)
Jantar no Hotel Central
CONCLUSÕES A RETIRAR DAS DISCUSSÕES
A falta de personalidade: . Alencar muda de opinião quando Cohen o pretende; . Ega muda de opinião quando Cohen quer; . Dâmaso, cuja divisa é «Sou forte», aponta o caminho fácil de
fuga.
A incoerência: Alencar e Ega chegam a vias de facto e, momentos depois, abraçam-se como se nada tivesse acontecido.
Acima de tudo: a falta de cultura e de civismo domina as classes mais destacadas, salvo Carlos e Craft.
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A ACÇÃO (7)
Três personagens em evidência
Carlos•Acentua-se nele o diletantismo. …”e sentia agora que as suas carruagens, os cavalos, o Ramalhete, os hábitos de luxo, o condenavam irremediavelmente ao diletantismo.” (pág. 187)
•Não sufoca a paixão pela “deusa” do Hotel Central que aparece no Aterro. (pág. 202)
Dâmaso• Dâmaso Cândido Salcede – Comendador de Cristo – assume-se discípulo de Carlos. (pp. 188/189)
•“E Dâmaso, o do chique a valer, era célebre, afinal, por pôr casa a espanholas…; tornara-se bem depressa o D. João V dos prostíbulos…” (pág. 192)
Ega
•Ega pede dinheiro emprestado e quer pôr o relógio no prego e a peliça (pág. 195)
•Ega empurra o Carlos para os braços da Gouvarinho: “Aquela senhora tem uma paixão por ti… (pág. 196)
•Ega defende a anarquia (pág. 199)
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A ACÇÃO (8)
Carlos e as suas paixões
A heroína no Aterro
•2ª visão da heroína:(Carlos descreve-a e
Manifesta a sua euforia.(pág. 203)
•3ª visão da heroína:“…voltou mais cedo e (…)
viu-a logo.” (pág. 204)
É a obsessão pela brasileira
A Condessa de Gouvarinho
A Gouvarinho vai ao médico com o seu filho único, Charlie,
e iniciam um flirt cheio de promessas (pp. 208/209)
A brasileira, a heroína, em Sintra
No Ramalhete discute-se o artigo do Ega na “Gazeta”, mas Carlos preocupa-se com os encontros do Dâmaso “com essa gente”- os Castro Gomes - , e mais ainda quando o Taveira lhe diz que teriam ido para Sintra (pp. 214/215)
•Carlos vai com o Cruges procurá-la.
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A ACÇÃO (9)
VIAGEM A SINTRA - Tema: A BUSCA (frustrada) DA FELICIDADE (capítulo VIII)
PARTIDA
Rua de S. Francisco8 da manhãA encomenda das queijadas
Quinta de Benfica
Porcalhota
•O bucolismo de Cruges
•Almoço campestre
•Conversa sobre a ignorância do país
Ramalhão
Portas da Serra No Nunes (pp. 224/231)
•Eusébio e Palma Cavalão com as espanholas
•O jogo como passatempo burguês
•O significado de Sintra
•O significado das espanholas
•Ela não está
Seteais
•Indícios (falsos) de aproximação: o cãozinho/a flauta
•Comparar a poesia de Cruges com os versos de Alencar
Na Lawrence
•Novos indícios (também falsos):
•a senhora alta
•a cadelinha
•o sujeito de pêra
•o bacalhau à “Alenquer”
Monólogo interior
•Carlos, frustrado, toma consciência da decadência para que o arrasta a paixão
•Sublimação da desconhecida: bela e boa mãe
CHEGADA
•Sem ela
•Sem queijadas
•Com a FRUSTRAÇÃO
Viagem circular
O círculo vicioso da VIDA… o eterno retorno
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A ACÇÃO (10)Os espaços e as personagens após a visita a Sintra
No RamalheteVisita de Vilaça por causa dos negócios“Quando Vilaça lhe apresentou os papéis, assinou-os com um ar
moribundo” (pág. 255)Visita do Ega“O Sr. Ega – anunciou Baptista…” (…)”Tu terás por acaso uma espada que me sirva?” (…) “É para esta noite, para o fato de Máscara” (baile dos Cohen – pág. 255)
Visita do DâmasoDâmaso pede a Carlos que vá visitar a filha de seis anos, Rosicler, da Brasileira – “É aquela gente brasileira?” (pág. 257)Dâmaso, após a visita à doente, conta o seu romance com a do Castro Gomes (pág. 265)
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A ACÇÃO (11)Os espaços e as personagens após a visita a Sintra
Em casa dos Cohen – o baile…Ega estava diante dela, caracterizado, vestido de Mefistófeles. “Cheguei mais cedo e, ao entrar na sala, o Cohen vem direito a mim e diz-me:
Você, seu infame, ponha-se já no meio da rua… Já no meio da rua, senão,
diante desta gente, corro-o a pontapés!” (pág. 269)
Na Quinta do Craft• Carlos e Ega fazem consulta ao Craft sobre duelos, já que Ega quer
desafiar o Cohen (pág. 271)• Jantam e bebem Borgonha e Chambertin. Ega apanha uma bebedeira
e balbucia: - “Raquelzinha! Racaquê, minha Raquelzinha! Gostas do teu bichinho?... (pág. 279)
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A ACÇÃO (12)Os espaços e as personagens após a visita a Sintra
Na Vila Balzac• Carlos, Craft e Ega à espera do duelo, mas nada aconteceu.
Chegou a Srª Adélia e contou a história da coça à Raquel. (pág. 283)
• Partem da Vila Balzac e vão jantar ao André, ao Chiado.• Ega tem uma reacção romântica (pág. 290)
No Aterro• Nova visão da Castro Gomes (pág. 291)
Em casa dos Gouvarinhos: - para tormar chá• Carlos continua na sua ambiguidade sentimental. (pág. 298)• No decorrer do chá fala-se do ensino e da educação (pág. 294)
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A ACÇÃO (13)As corridas – espaço físico e sócio-cultural (pág.
312-343) Corridas e sociedade
• As Corridas1ª Corrida: a do 1º prémio dos “Produtos”2ª Corrida: a do Grande Prémio Nacional3ª Corrida: a do Prémio de El-Rei4ª Corrida: a do Prémio de Consolação• Visão Caricatural- o hipódromo, improvisado, parecia um palanque real- as pessoas não sabiam ocupar o seu lugar- as senhoras traziam “vestidos sérios de missa”- o bufete tinha um aspecto nojento- a 1ª corrida terminou numa cena de pancadaria – por causa de
uma burla- As 3ª e 4ª corridas terminaram grotescamente
Em tudo um provincianismo snob : um verniz postiçoContradição flagrante entre o ser e o parecer
“Um sopro grosseiro de desordem reles passava sobre o hipódromo, desmanchando a linha postiça de civilização e a atitude forçada de
decoro…” (pág. 325)
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A ACÇÃO (14)As corridas – espaço físico e sócio-cultural (pág.
312-343) O espaço
Largo de Belém - deserto• tosca guarita• as pessoas:- um trabalhador com um filho ao colo- a mulher, ambos pasmando- um garoto apregoando programas de corridas que ninguém comprava
O hipódromo – desconsolado, provinciano• tribuna real forrada de baetão vermelho• duas tribunas públicas com o feitio de traves• palanque de arraial• fendas no tabuado• o bufete: suja taberna
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A ACÇÃO (15)As corridas – espaço físico e sócio-cultural (pág. 312-
343) As pessoas
Os jóqueis Os homens (O rei, o visconde de Darque, o marquês, o Conde de
Gouvarinho, o Taveira, o Steinbroken, o Teles da Gama, o Carlos, o Craft, o Clifford, o Mendonça, o Vargas, o Vilaça, o Alencar…)
As mulheres – visão caricatural da sociedade feminina
Em geral
. As que vêm no High Life dos jornais
. As dos camarotes de S. Carlos
. As das terças-feiras dos Gouvarinhos
Vestidos sérios de missa
Peles murchas, gastas, moles
Em particular.as duas irmãsdo Taveira, magrinhas….a viscondessa de Alvim, nédia e branca.a Joaninha Vilar, cada vez mais cheia
.as Pedrosas, banqueiras.a condessa de Soutal, desarranjada
.a condessa de Gouvarinho, a sensual.D. Maria da Cunha, desenvolta
.a ministra da Baviera, a vasta baleia.a Concha, a prostituta
.a Pinheiro, a mais magra
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A ACÇÃO (16)Início da verdadeira intriga
Carlos em casa de Maria EduardaO 1º encontro de Carlos e Maria Eduarda está repleto de indíciosindícios:. nomes semelhantes – destino semelhante (hipótese de
consanguinidade). três lírios (murchavam) – três gerações dos Maias prestes a acabar. a cor vermelha – o fogo da paixão. a pele de tigre – amor incestuoso. a coincidência do nome da cadelinha com o nome do galguinho de
Carlos. a coincidência de gostos . o acesso gradual ao interior do quarto – intimidade. a semelhança entre ela e o avô – consanguinidade. a sensação de uma felicidade ideal - desgraça
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A ACÇÃO (17)O Conflito
Adjuvante: Ega Oponentes: Dâmaso e Afonso da Maia Heróis da intriga: Carlos e Mª Eduarda
. Inicia-se o conflito: Dâmaso, o Don Juan ridiculamente covarde, no seu brio de macho enganado, pede explicações a Carlos, no Ramalhete e vinga-se, posteriormente, espalhando a notícia do romance, por toda a parte.
. Ao longo da intriga, a caricatura de Dâmaso é perfeita, ocupando um
espaço significativo do espaço social.
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A ACÇÃO (18)
Uma pausa – O Jantar dos Gouvarinhos (pp. 386-402)
ObjectivosObjectivos:.Reunir a alta burguesia e aristocracia.Reunir a camada dirigente do país.Radiografar a ignorância das classes dirigentes do país
Alvos visadosAlvos visados. Conde de Gouvarinho e Sousa Neto
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A ACÇÃO (19)
Uma pausa – O Jantar dos Gouvarinhos (pp. 386-402)
Conde de Gouvarinho Sousa Neto.voltado para o passado
.tem lapsos de memória
.comenta desfavoravelmente as mulheres.revela uma visível falta de cultura.não acaba nenhum assunto.não compreende a ironia sarcástica do Ega.vai ser ministro
.acompanha as conversas sem intervir.desconhece o sociólogo Proudhon.defende a imitação do estrangeiro.não entra nas discussões.acata todas as opiniões, mesmo absurdas.defende a literatura de folhetins de cordel.é deputado
CONCLUSÃO: Superficialidade dos juízos dos mais destacados funcionários do Estado; incapacidade de diálogo por manifesta falta de cultura
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A ACÇÃO (20)
Continuação da intriga - a Toca Da Rua de S. Francisco para os Olivais - “Não me seria possível arranjar por aí uma casinhola, um
cotage, onde eu fosse passar os meses de verão?” (p. 406)
- Carlos lembrou-se logo da bonita casa de Craft, nos Olivais, onde se chega numa hora de carruagem.
- Carlos dá a notícia a Maria Eduarda da “vivenda pitoresca, mobilada num belo estilo, deliciosamente saudável.” (p. 413)
A TocaA Toca – dimensão física de uma relação tão amorosaquanto trágica que, até este momento se mantinha nos limites de um certo platonismo.
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A ACÇÃO (21)
O Jornalismo (Tais jornais, tal País) ObjectivosObjectivos - Passar em revista a situação do jornalismo
nacional; - Confrontar o nível dos jornais com a situação
do país.A “Corneta do Diabo”. O director é o Palma Cavalão, um imoral. A redacção é um antro de porcaria.Publica um artigo contra Carlos mediante dinheiro.Vende a tiragem do número do jornal onde saíra o artigo.Publica folhetinzinhos de baixo nível
“A Tarde”. O director é o deputado Neves. Recusa publicar a carta de retractação de Dâmaso porque o confunde com um seu correligionário político. Desfeito o engano, serve-se da mesma carta como meio de vingança contra o inimigo político. Só publica artigos ou textos dos seus correlegionários políticos
O baixo nível; a intriga suja; o compadrio político
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A ACÇÃO (22)
O Sarau do Teatro da Trindade (pág. 586/613)
(Tal oratória, tal País)
Episódio de festa – retórica e músicaEpisódio de festa – retórica e música
Objectivos:Objectivos:. ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo;. apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a
oratória;. reunir novamente as várias camadas das classes mais
destacadas, incluindo a família real;. criticar o Ultra-Romantismo que encharcava o público;. contrastar a festa com a tragédia
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A ACÇÃO (23)
O Sarau do Teatro da Trindade (pág.586/613)
(Tal oratória, tal País)
Os Oradores
Rufino
. Tópicos de bacharel transmontano: a fé, a esmola, a sua aldeia, a imagem do “Anjo da Esmola”;
. Desfasamento entre a realidade e o discurso
. Falta de originalidade: recorre a lugares comuns, retórica oca e balofa
. Aclamação pelo público tocado no seu sentimentalismo, ainda muito romântico
Alencar
. Poeta ultra-romântico, propõe o tema da democracia romântica
. Desfasamento entre a realidade e o discurso
. Excessivo lirismo carregado de conotações sociais
. Exploração do público seduzido por excessos estéticos estereotipados
. Aclamação do público
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A ACÇÃO (24)
O Sarau do Teatro da Trindade (pág.586/613)
(Tal oratória, tal País)
Pianista - Cruges
. Toca a sonata patética de Beethoven, que o público desconhece e aborrece, à qual uma das Pedrosa chama “Sonata Pateta”, provocando um mar de riso.
. Fiasco total: preferiam um fadinho de Lisboa; a sala fica vazia (cultura do High Life!).
As classes dirigentes alheadas da realidade; uma sociedade deformada pelos excessos líricos do Ultra-
Romantismo
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O EPÍLOGO (1)
Lisboa revisitada – o passeio de Carlos e Ega(cap. XVIII)
Hotel Bragança
Carlos e Ega almoçam em amena cavaqueira. Destacam-se:
. A ociosidade voluntária de Ega e o seu envelhecimento
. A política, uma ocupação dos inúteis
. A visita do Alencar, mais velho, mas sempre com verve romântica
. A visita do Cruges, mais velho, mas sempre bom compositor
. O convite de Carlos para um jantarinho à Portuguesa
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O EPÍLOGO (2)
Lisboa revisitada – o passeio de Carlos e Ega(cap. XVIII)
A Romagem SagradaLargo de CamõesLargo de CamõesNada mudara. Camões triste.A mesmice. A estagnação. A ociosidade
Pelo ChiadoPelo ChiadoNada mudara.O Dâmaso, mais velho, mais nédio, casado e traído.O Craft, doente, alcoolizado.O Taveira sempre com espanholas.A besta do Steinbroken, em Atenas..
Pela AvenidaPela AvenidaO obelisco; os prédios velhos mas repintados; o castelo, sórdido e tarimbeiro.A nova geração, ajanotada, ociosa…O Eusébio, casado com uma mulher que o desancaO Cavalão, tornado político.O Alencar, o único português genuíno.
No RamalheteNo RamalheteA passagem pelo inferno: a catarseUm ar de claustro abandonado.Os móveis quebrados ou embrulhados em lençóis (morte).O famoso jardim: a ferrugem cobria os membros de Vénus Citereia; o cipreste e o cedro envelheciam juntos; a cascata – a água caía gota a gota.Ramalhete em ruína = Lisboa em ruína = Portugal em ruína
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O EPÍLOGO (3)
Lisboa revisitada – o passeio de Carlos e Egacap.(XVIII)
Conclusão…Completo fracasso de Carlos e Ega: o seu permanente Romantismo – indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento e não pela razão.
A teoria definitiva“Nada desejar e nada recear” (fatalismo muçulmano, estoicismo clássico)Na prática… os dois amigos romperam a correr desesperadamente
Contradição fundamental entre o pensar e o agir – tema fundamental que percorre toda a obra (Cf. Diletantismo)
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A ACÇÃO TRÁGICA d’ OS MAIAS(1)
. ProtagonistaProtagonista – de condição superior (Carlos e Mª Eduarda)
. Tema da intrigaTema da intriga – Incesto (tema clássico)
. FatumFatum – Agente de destruição do protagonista - “Todo dobrado sobre a bengala, vencida enfim por aquele implacável
destino que depois de o ter ferido na idade da força com a desgraça do filho – o esmagava ao fim da velhice com a desgraça do neto.” (cap. XVII)
- “Sentia-se profundo, absorvente, eterno, e para bem ou para mal tornando-se daí para diante e, para sempre, o seu irreparável destino.” (cap. XIII)
- Carlos vê na semelhança de nomes, Carlos Eduardo e Maria Eduarda “ a concordância dos seus destinos.” (cap. XI)
. PeripéciaPeripécia – encontro de Guimarães com Ega
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A ACÇÃO TRÁGICA d’ OS MAIAS(2)
. ReconhecimentoReconhecimento – Revelações de Guimarães a Ega sobre a identidade de Mª Eduarda – Revelações fatídicas contidas na carta de Mª Monforte . Catástrofe Catástrofe – Morte de Afonso – Partida de Mª Eduarda vestida de negro para França – Viagem de Carlos (abandona Lisboa) Separação definitiva dos dois irmãos . MensageiroMensageiro - Guimarães
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A ACÇÃO TRÁGICA d’ OS MAIAS(3)
. PresságiosPresságios – alguns exemplos, entre inúmeros:
- Quando Afonso vê Mª Monforte pela primeira vez “olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo – como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche” (cap.I) – a mancha de sangue é indício da consanguinidade entre Carlos e Mª Eduarda, isto é, da relação incestuosa.
- Vilaça, tentando demover a vontade de Afonso ir instalar-se no Ramalhete, “aludia (…) a uma lenda, segundo a qual eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete”. (cap. I)
- Mª Monforte escolhe para seu filho o nome de Carlos Eduardo, nome marcado pelo estigma da extinção de uma família, Carlos Eduardo Stuart, o último dos Stuarts. (cap.II)
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A ACÇÃO TRÁGICA d’ OS MAIAS(4)
- Em casa de Mª Eduarda, três lírios brancos (símbolo da pureza)
murchavam dentro de um vaso do Japão (cap. XI) – símbolo do aniquilamento/destruição dos três membros que restavam da Família (inocentes), devido à relação incestuosa entre Carlos e Maria Eduarda. - A semelhança de nomes Carlos Eduardo e Maria Eduarda – indicia a concordância dos seus destinos. (cap. XI) - Semelhança de Maria Eduarda com o avô (na perspectiva de Carlos) (cap. XI); Carlos parecido com sua mãe (na perspectiva de Maria Eduarda) (cap. XIV) - Na Toca (cap. XIII) “desmaiavam, na trama da lã, os amores entre Vénus
e Marte (irmãos) ; “uma cabeça degolada, lívida, gelada no seu sangue, dentro
de um prato de cobre” – Afonso sacrificado pela relação dos netos.
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SIMBOLISMO(1)
Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-se a ironia em forma de presságio.
O Ramalhete e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância "da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício" demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal.
Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a decoração cosmopolita, simbolizando uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega. Tal como o país, também eles caíram no "vencidismo".
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SIMBOLISMO(2)
O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. No primeiro capítulo a cascata está seca porque o tempo da acção d' Os Maias ainda não começou. No último capítulo, o fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz; mostra-nos também que o tempo está mesmo a esgotar-se e o final da história d' Os Maias está próximo. Este choro simboliza também a dor pela morte de Afonso da Maia.
A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no último capítulo, coberta de ferrugem, simboliza o desaparecimento de Maria Eduarda; os seus membros agora transformados dão-lhe uma forma monstruosa fazendo lembrar Maria Eduarda e a monstruosidade do incesto. Esta estátua marca, então, o início e o fim da acção principal.
Ela é também símbolo das mulheres fatais d' Os Maias - Maria Eduarda e Maria Monforte
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SIMBOLISMO(3)
Não é difícil lermos o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem; tudo tem um carácter lúgubre. Note-se que as paredes do Ramalhete foram sempre sinal de desgraça para a família Maia. O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família. Mas também, simbolizam a amizade inseparável de Carlos e João da Ega.
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SIMBOLISMO(4)
No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionada com o modo como Eça via o país, em plena crise do regime.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.
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SIMBOLISMO(5)
No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs.
Também o armário do salão nobre da Toca, tem uma simbologia trágica. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os troféus agrícolas, o trabalho: qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia). Os dois faunos simbolizam o desastre do incesto decorrido entre Carlos e Maria Eduarda. No final um partiu o seu pé de cabra e o outro a flauta bucólica, pormenor que parece simbolizar o desafio sacrílego dos faunos a tudo quanto era grandioso e sublime na tradição dos antepassados.
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MENSAGEM d’ “OS MAIAS”(1)
Intenção acentuadamente crítica, concretizada através do paralelo entre as duas personagens que, apesar de terem tido educações diferentes, falharam na vida:
- Pedro da Maia falha com um casamento desastroso que o leva ao suicídio;
- Carlos da Maia falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e apagada, em Paris, sem qualquer projecto seriamente útil.
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MENSAGEM d’ “OS MAIAS”(2)
Estas duas personagens representam também épocas históricas e políticas diferentes:
- Pedro, a época do Romantismo; - Carlos, seu filho, a Geração de 70 e das Conferências
do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso.
Mas não foi isso que sucedeu e é este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final – o fracasso da
Geração dos Vencidos da Vida.
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MENSAGEM d’ “OS MAIAS”(3)
Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das diferentes correntes estético-literárias.
Este fracasso parece dever-se, não às correntes em si, mas às características do povo português:
- a predilecção pela forma em detrimento do conteúdo; - o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e
interessante; - a atitude "romântica" perante a vida que consiste em
desculpar sistematicamente os próprios erros e falhas e dizer "Tudo culpa da sociedade".
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MENSAGEM d’ “OS MAIAS”(4)
Final pessimista do romance?Portugal não tem viabilidade de se tornar um país europeuA passagem pelo Ramalhete não constitui a catarse porque Carlos regressa aoponto de partida – o Hotel Bragança; o Ramalhete em ruínas prefigura um Portugal sem futuro.
Final optimista do romance?Portugal tem hipóteses de modificar a sua situaçãoNada há de definitivo, há que viver. O renascer de Carlos é significativo: corre
embusca da vida e para a vida. O que é necessário é que Portugal tenha a suacatarse (simbolizada pela passagem pelo inferno do Ramalhete) que, segundoEça afirma noutros textos, passará por uma catástrofe que purificará Portugal.(Cf. ideologia de Ega – “a revolução”, “ a invasão espanhola” – no Jantar do Hotel
Central)