Os 30 Anos do Centro de Divulgação da Astronomia

Por: Jorge Hönel

Centro de Divulgação Científica e Cultural

Universidade de São Paulo

09/Abril/2016

Em 10 de abril de 1986 iniciam as atividades de um "CENTRO PARA DIVULGAÇÂO DA ASTRONOMIA" de acordo com a placa inaugural dessa facilidade astronômica. Em conjunto há outra placa comemorativa por ocasião do ano em que o observatório comemorou 25 anos de existência na qual o observatório é batizado como "OBSERVATÓRIO DIETRICH SCHIEL". Uma homenagem em vida a uma pessoa dedicada as atividades de extensão universitária e que por longos anos foi diretor do Centro de Divulgação Científica e Cultural.

Para um observatório astronômico é necessário um telescópio e na ocasião os entendimentos, durante o ano de 1985, entre o antigo instituto de Física e Química de São Carlos e Coordenadoria de Divulgação Científica e Cultural conseguiram convencer o Instituto Astronômico e Geofísico a doar para o campus da USP de São Carlos o Telescópio Refrator Grubb 204/3000. Um telescópio de montagem alemã ou equatorial e equipado com um dubleto acromático espaçado de 204 mm de diâmetro e 3000 mm de distância focal. Um instrumento cuja fabricação antecede ao ano de 1925. Telescópio produzido pela renomada Grubb Dublim da Irlanda, a qual construiu diversos telescópios para observação astronômica tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul do planeta Terra.

A construção civil da facilidade astronômica inicial previu um espaço no qual 50% era destinado as pessoas e 50% destinado a arquitetura sem utilidade funcional para os operadores do observatório. Outro inconveniente do projeto é a existência de uma escada interna de acesso a área circular de operação do telescópio refrator. O setor do firmamento do céu de norte a leste ficou comprometido e igualmente uma observação segura aos visitantes do pequeno complexo. Na planta original de um croqui do Prof. Alypio Leme do Observatório São Paulo (futuro IAG), a escada de acesso ao telescópio ocorria pela área externa sem prejudicar o raio de operação do telescópio. No espaço do pavimento térreo era razoável e permitiu acomodar 50 carteiras universitárias e uma lousa verde de 3m de extensão.

uma cúpula - toda facilidade astronômica que tem um telescópio de porte acaba por precisar de uma cobertura de proteção para o instrumento e ao mesmo tempo que ela permita a entrada de luz. Alguém idealizou uma solução para o telescópio. Problema: a solução não era adequada para um observatório. A trapeira (porta de fechamento e abertura) na forma de gomo e articulada no ápice do hemisfério, não permitia ao Telescópio Refrator Grubb usufruir da melhor posição de observação astronômica - na direção do zênite. Não dá para entender!!! O telescópio foi removido em São Paulo de uma cúpula realmente de uso astronômico - bastava replicar. Para piorar as coisas a bibliotecas do IFQSC e do CDCC tem uma coleção de três livros sobre Construindo Telescópios Amadores da Scientific Americam com um capítulo especial como fazer A Cúpula de um OBSERVATÓRIO. A cúpula produzida em São Carlos permitia ainda o telescópio apontar abaixo da linha de horizonte; uma inutilidade astronômica. Devido a uma avaria mecânica nas trapeiras, a sua extensão foi reduzida, a fixação de articulação no ápice foi melhorada e foi fechada a parte inferior de uso desnecessário. A operação da cúpula dependia da força física humana.

Inauguração da Câmera Digital Image System Lynixx II da Spectrasource: Após 1988 o observatório teve suporte financeiro pela CAPES - PADCT - SPEC ao longo de alguns anos. Com isso conseguimos adquirir vários equipamentos entre os quais: a câmera CCD, duas máquinas fotográficas, material para montar uma sala escura e trabalhar com processamento de filmes em preto e branco, uma televisão, um videocassete e um projetor de slides. Mais outro financiamento do Banco Mundial e adquirimos acessórios astronômicos da Carl Zeiss - Jena da República Democrática da Alemanha e do Acordo do Café o Grupo de Óptica do IFSC cedeu dois telescópios: um motorizado - o Telescópio Amaetur 100/1000 e outro manual e menor o Telescópio Telementor 63/840. A CCD foi uma dificuldade operacional: primeiro ela demorava muito para processar e apresentar a imagem digital e o público não achou muito interessante; segundo: a Spectrasource prometeu no pacote um programa de Redução de Imagens Digitais, o qual não funcionava para essa versão de CCD. Resultado nós fomos enganados numa compra internacional. A inauguração foi importante. Ela era umas das primeiras CCDs de fabricação comercial e de uso astronômico destinado equipamentos telescópicos de pequeno porte

1999-2000 Ampliação das facilidades Astronômicas do CDA. Com o bom desenvolvimento das atividades oferecidas à Comunidade, o CDCC elaborou um pedido a Universidade de São Paulo para uma ampliação de suas instalações físicas iniciais. O pedido foi aceito e passamos a contar com sanitários internos, um auditório, uma sala de apoio áudio visual, uma perspectiva futura, ao criar uma sala para observação solar, uma escada de emergência para o último pavimento e através da qual, nós depois eliminamos a escada interna de acesso ao Telescópio Refrator Grubb, instalação de ar condicionado para o auditório e mais alguns ajustes para melhorar a ampliação. Com a reforma do Centro Cultural, ela causou alguns inconvenientes de obstrução do firmamento e por ter escondido o CDA da visão direta do público que circulava pelo calçamento das vias adjacentes ao perímetro do Campus, o CDCC fez mais uma pequena reforma ampliando ainda mais o espaço útil do CDA.

O Jardim do Céu na Terra - finalmente após 2004 surgiram financiamentos do CNPq e da Fundação Vitae para melhorias em unidades destinadas a divulgação científica. Assim conseguimos as nossas melhorias na sede do CDCC e no próprio CDA. A proposta "O Jardim do Céu na Terra" tem como objetivo trazer ao público as coisas mais usuais da Astronomia que estão imersas no nosso cotidiano: Rosa dos Ventos, Totem Lunar, Semiesfera Armilar, Sistema Solar em Escala, Semana, Constelação do Cruzeiro do Sul - 3D, Constelação de Orion - 3D, Telurio, Lunário, Diorama do Topocentrismo, Diorama do Geocentrismo, Parede Meridiana e finalmente a Sala Solar e o seu Heliostato.

A Sala Solar - O Heliostato: Finalmente a Sala Solar idealizada durante as ampliações do ano 2000 tomou forma e ficou uma ideia concreta. A montagem equatorial com o espelho móvel, a torre com espelho fixo direcionando o feixe de luz solar para o interior da sala e dentro dela o Telescópio Refletor Newtoniano 200/2000 equipado com uma ocular de quartzo fundido para projetar uma imagem de um disco solar com quase um metro de diâmetro. Melhorias futuras foi a aquisição de um filtro neutro para a objetiva do telescópio newtoniano e a aquisição de uma rede de difração de 600 linhas por milímetro para a construção de um Espectrógrafo Littrow. Com o espectrógrafo, nós podemos observar as linhas de absorção que ocorrem na fotosfera do Sol e reproduzir o arco íris. A Sala solar permitiu a elaboração de duas teses de doutorado voltadas ao sistema de ensino médio em decorrência do espectrógrafo.

29/01/2014 - Removendo Uma Cúpula; Com financiamento pela própia USP, com o intuito de preservar o patrimônio histórico do Telescópio Refrator Grubb 204/3000, nós conseguimos remover a cúpula inicial em nada adequada a um observatório astronômico. Desse modo nós ficamos livres das goteiras internas, posicionamento indevido do telescópio nas observações e alguns anos antes o CDCC teve que providenciar uma porta para acesso de portadores de necessidade especiais ao interior da área de operação do telescópio e com isso a escada de acesso interna teve que ser fechada. Passamos a poder utilizar toda a área disponível à operação do Telescópio Refrator Grubb.

11/02/2014 - A CÚPULA - Depois de remover a cúpula antiga, nós temos a oportunidade de colocar A CÚPULA; finalmente o observatório astronômico é detentor de uma cúpula para uso compatível com o Telescópio Refrator Grubb 204/3000 e com o ápice dela livre para observação na região próxima ao zênite. A CÚPULA atual é de abertura meridional e toda motorizada - tanto para a abertura e fechamento da trapeira meridional, bem como a rotação ao logo do azimute. O material é de fibra de vidro, um bom isolante térmico e com isso ela tem uma leveza estrutural. A cor externa segue os padrões oficiais de abrigos de telescópios - cor branca e o seu interior foi pintado na cor preto fosco por causa da poluição luminosa da cidade de São Carlos. Depois de 28 anos, o CDA afirma: Nós somos O OBSERVATÓRIO e nós somos um exemplo de inspiração a ser copiado para quem deseje construir uma instalação semelhante.

Reformando o Refrator Grubb 2015-2016. Apesar da cúpula nova, nós não conseguimos verba da USP para reformar o telescópio. No entanto, surgiu uma linha de suporte financeiro do CNPq para quem precisasse realizar novas implantações ou atualizações em unidades destinadas a divulgação científica. O CDA conseguiu um aporte próximo de R$500.000,00. Uma das metas são as reformas de telescópios do CDA e em especial o Telescópio Refrator Grubb. Nós conseguimos uma empresa na região central do Estado de São Paulo para proceder a reforma. O telescópio foi desmontado até e, inclusive, o seu eixo polar e todas as peças foram limpas, superfícies preparadas e foi escolhida como definitiva a cor branca para os seus componentes estruturais. Decidimos pela implantação de um sistema conhecido como PICGoto para robotizar o telescópio. Como o Telescópio Refrator Grubb é antigo é natural a ocorrência de desgastes. Na remontagem, alguns calços foram necessários para que os componentes mecânicos de acionamento tenham a posição correta de operação. Outra dificuldade é adaptar um telescópio fabricado antes de 1925 para operar como um robô. Os trabalhos de automação ainda estão em desenvolvimento e em breve serão finalizados.

Diversas efemérides estão associadas as fotos, um eclipse lunar parcial, um eclipse solar parcial, um eclipse lunar total, um trânsito de Mercúrio. Momentos de atividades regulares do CDA com estudantes e com a Comunidade. A última foto inferior direita ocorreu o descerramento da placa de homenagem ao Professor Doutor Dietrich Schiel e este ao lado direito da foto e por fim batizando dentro do CDA o Observatório Dietrich Schiel no ano em que o CDA atingiu 25 anos de idade, Nós somos o resultado do esforço de docentes, funcionários, estudantes (monitores) e da Comunidade em que todos contribuíram para a nossa evolução e contínuo aprimoramento de nossas atividades.

Vinte e nove de abril de dois mil e quatorze, condições atmosféricas perfeitas e iluminação adequada para registrar a fachada do Centro de Divulgação da Astronomia. Com a cúpula e o Telescópio Refrator Grubb, nós temos o Observatório Dietrich Schiel. A Sala Solar não está batizada. No ano de 2009 - Ano Internacional da Astronomia - o CDA recebeu verbas para a aquisição de mais equipamentos astronômicos. Um está em operação que é um telescópio de observação solar para a linha de emissão e absorção da transição Hidrogênio Alpha, o Sol aparece na observação vermelho. Mais dois equipamentos foram adquiridos um telescópio Maksutov e uma nova câmera CCD da Santa Barbara Instruments Group. Esse dois equipamentos serão adicionados ao Telescópio Refrator Grubb para realizar imagens digitais dos objetos astronômicos em conjunto com a observação romântica e visual que o refrator proporciona ao público que nos visita. A recente verba advinda do CNPq, além de mais melhorias em andamento, prevê a instalação de um planetário digital na configuração de tecnologia visual de imersão. Para essa meta ousada, nós precisaremos de uma contrapartida da Universidade de São Paulo para concretizar mais esta futura instalação. Nós sempre trabalhamos pensando no futuro, para oferecermos o que há de melhor na divulgação científica da Astronomia.