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ORATÓRIA JURÍDICA: A COMUNICAÇÃO VERBAL NA PRÁTICA Elson de Mello A todo o momento surge uma oportunidade de falar ao público. Ora darão a palavra mais ou menos inesperadamente, numa reunião festiva, ou em uma solenidade. Ora para agradecer em nome do homenageado. Ou até mesmos pela própria posição, impõe-se a dizer algumas palavras sobre o ato que estão presente. Aquele que exerce qualquer função pública, como professor, jornalista, advogado, representante de entidade e principalmente o político, tem a obrigação inata de falar em público frequentemente. Muitas vezes, inesperadamente, uma manifestação de caráter diverso, ouvido o gestor um discurso se faz necessário responder-lhe, com total segurança. Modernamente, como o uso frequente dos meios de comunicação, rádio, jornal, televisão, internet, teleconferências, dentre outros, mais se acentuam as oportunidades de falar em público, para um auditório invisível de milhões de ouvintes. Direta ou indiretamente, há sempre um líder ou gestor a influenciar nas escolhas e destino. Os homens são essencialmente iguais, assim quis o criador em sua infinita justiça. E o liderado num setor, pode transformar-se em líder, e o medíocre pode ascender (elevar-se), ao excesso, desde que se utilize de suas faculdades, e se sobreleve no grupo social. Observe um líder em qualquer setor, e verá que a sua preeminência, principalmente pelo recurso da fala. Vejam o poder da autoridade de Napoleão Bonaparte, apenas na frase memorável: “ Soldados, do alto daquelas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”. Winston Churchill; primeiro ministro Inglês, ao dirigir-se a toda nação Britânica em pleno momento de crise social (durante a segunda guerra mundial). Ele fala especialmente aos pilotos que defendem bravamente os céus de seu País. Seus soldados bravos pilotos enfrentam a armada aérea nazista em superioridade dez vezes. A armada nazista ferozmente estava aterrorizando a Europa, transformando tudo em destroços. “Bravos pilotos, nunca tantos dependeram de tão poucos”. Em diversas épocas e circunstâncias, a comunicação interpessoal tem sido o clamor das ruas, o anseio da liberdade, a convulsão social e política. Em reuniões no sindicato, na equipe de trabalho, no núcleo político e cultural, nas conferencias religiosas, etc. impõem-se aquele que sabe exprimir bem o seu pensamento. Em inúmeras eventualidades, precisa o cidadão advogar seus próprios direitos e evidenciar seus méritos. Portanto adquirir certa facilidade de palavra deveria ser um fator indispensável em todos os planos de educação pessoal. Pois viver em pleno reino da palavra e será inevitavelmente um marginal desse reinado, um profissional que não se credenciando nem mesmo para o mais simples dos afazeres, quem não souber expressar-se com acerto e conveniência.

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ORATÓRIA JURÍDICA: A COMUNICAÇÃO VERBAL

NA PRÁTICA

Elson de Mello

A todo o momento surge uma oportunidade de falar ao público. Ora darão a palavra mais ou menos

inesperadamente, numa reunião festiva, ou em uma solenidade. Ora para agradecer em nome do homenageado. Ou até

mesmos pela própria posição, impõe-se a dizer algumas palavras sobre o ato que estão presente.

Aquele que exerce qualquer função pública, como professor, jornalista, advogado, representante de entidade e

principalmente o político, tem a obrigação inata de falar em público frequentemente.

Muitas vezes, inesperadamente, uma manifestação de caráter diverso, ouvido o gestor um discurso se faz

necessário responder-lhe, com total segurança.

Modernamente, como o uso frequente dos meios de comunicação, rádio, jornal, televisão, internet,

teleconferências, dentre outros, mais se acentuam as oportunidades de falar em público, para um auditório invisível de

milhões de ouvintes.

Direta ou indiretamente, há sempre um líder ou gestor a influenciar nas escolhas e destino. Os homens são

essencialmente iguais, assim quis o criador em sua infinita justiça. E o liderado num setor, pode transformar-se em

líder, e o medíocre pode ascender (elevar-se), ao excesso, desde que se utilize de suas faculdades, e se sobreleve no

grupo social.

Observe um líder em qualquer setor, e verá que a sua preeminência, principalmente pelo recurso da fala.

Vejam o poder da autoridade de Napoleão Bonaparte, apenas na frase memorável:

“ Soldados, do alto daquelas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”.

Winston Churchill; primeiro ministro Inglês, ao dirigir-se a toda nação Britânica em pleno momento de crise social

(durante a segunda guerra mundial). Ele fala especialmente aos pilotos que defendem bravamente os céus de seu País.

Seus soldados bravos pilotos enfrentam a armada aérea nazista em superioridade dez vezes. A armada nazista

ferozmente estava aterrorizando a Europa, transformando tudo em destroços.

“Bravos pilotos, nunca tantos dependeram de tão poucos”.

Em diversas épocas e circunstâncias, a comunicação interpessoal tem sido o clamor das ruas, o anseio da

liberdade, a convulsão social e política.

Em reuniões no sindicato, na equipe de trabalho, no núcleo político e cultural, nas conferencias religiosas, etc.

impõem-se aquele que sabe exprimir bem o seu pensamento.

Em inúmeras eventualidades, precisa o cidadão advogar seus próprios direitos e evidenciar seus méritos.

Portanto adquirir certa facilidade de palavra deveria ser um fator indispensável em todos os planos de educação

pessoal.

Pois viver em pleno reino da palavra e será inevitavelmente um marginal desse reinado, um profissional que não

se credenciando nem mesmo para o mais simples dos afazeres, quem não souber expressar-se com acerto e

conveniência.

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II

VOZ

Qual é o fim visado pelo orador? O orador deseja dar expressão a sentimentos e ideias, por intermédio de sua

voz, e da melhor maneira possível, que seja capaz de percorrer o espaço, isto é, alcançar a maior distância possível.

Além de alcançar a maior distância possível o orador, deve ter modulação, sonoridade e suavidade na voz,

sem se cansar, e menos ainda, sem prejudicar o órgão vocal.

A mais linda peça oratória, a mais sublime ideia, mesmo que o orador sinta o que está falando, perde na sua

transmissão quando exprime com voz rouca, aguda, ou áspera, ofendendo nosso ouvido.

Quando a palavra falada, que deveria convencer e cativar causa uma dor de garganta, um pigarro, e convida o

orador a beber um pouco de água, então, é claro, o resultado esperado não é conseguido, e os ouvintes se sentem mal

em vez de motivados.

O que é que nos cativa quando ouvimos grandes oradores, após suas primeiras palavras, quando ainda nada

sabemos do teor de suas palavras? Não é outra coisa senão o poder acústico da voz, sua expressão, capacidade de

modulação e disciplina. Às vezes não é tanto a quantidade de voz que impressiona, mas o seu uso certo.

A ideia errônea de muitos oradores que pensam que quando falam em público devem elevar a voz; ou então,

falando num tom mais baixo, pode forçar os ouvintes a escutá-lo mais atentamente. Porém em ambos os casos, o

público cansa-se com rapidez, fica inquieto, começa a mexer os pés e a pigarrear sem más intenções, porém,

inconscientemente. Mas para o orador isto significa o fim do mundo.

2.1 A QUALIDADE DA VOZ

Artur Majada, na obra Oratória forense, diz com propriedade sobre a voz do advogado:

“O tom oratório deverá ser semelhante a uma conversação interessante e animada, com toda a

naturalidade. É absurdo que se abandone o tom natural de falar e expressar-se no Tribunal de maneira

artificial e estudada, com uma cadência estranha, falsa, diferente da voz que se usa no dia a dia”

Para usar a voz de maneira correta e apropriada na comunicação, é preciso conhecer bem suas características e

seu funcionamento. O aparelho fonador é uma adaptação de partes dos aparelhos digestores e respiratório. Portanto,

quando o orador fala, não apenas ele, mas todo o organismo passa a funcionar e a expressar, por meio da voz, seu

comportamento físico e emocional. Por esse motivo, a voz identifica o que ocorre no interiro do comunicador. Ele

revela se está alegre, triste, apressado, calmo, nervoso, hesitante, convicto. Nem é preciso ressaltar a importância para

a profissão do advogado do fato de revelar ou não esses sentimentos pela voz. No estudo da voz serão analisados os

seguintes itens:

A respiração;

O funcionamento do aparelho fonador;

A voz do orador , essa desconhecida;

Aprender a colocar a sua voz;

Pronunciar bem as palavras;

Ajuste do volume;

Encontrar a velocidade;

Por ênfase nas palavras;

A pausa na comunicação;

O que fazer com o sotaque;

Como usar o microfone.

A voz humana, para bem impressionar, tem que atender às exigências estéticas e auditivas. O orador deve ter,

pelo menos, certo aperfeiçoamento vocal. Consideremos em primeiro lugar:

2.1.1 A Respiração

A boa voz depende fundamentalmente de uma respiração adequada. Sem a respiração, o comunicador poderá ter

dificuldade para falar bem. Em uma sustentação oral, por exemplo, quando o advogado precisa falar por tempo

prolongado, a boa respiração será fundamental para que a comunicação se mantenha equilibrada e consistente.

A respiração é constituída de duas fases distintas: a Inspiração e a respiração.

Na inspiração, os pulmões se enchem de ar, as costelas se elevam, o diafragma (um músculo localizado embaixo

dos pulmões) desce, e a caixa torácica se alarga. Na expiração ocorre o inverso: O diafragma sobe, as costelas descem,

e o ar sai dos pulmões, como consequência desse processo é usado na fonação.

A respiração correta para falar é realizada com a região abdominal, como fazem as pessoas quando estão

dormindo. Veja a seguir um exercício simples para treinar e melhorar a respiração:

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Ficar em pé, distribuir naturalmente o peso do corpo sobre as duas pernas, e com a postura um pouco

relaxada;

Posicionar a cabeça como se estivesse equilibrando um pequeno livro;

Colocar as mãos sobre o abdômen, sem forçar – elas servem apenas para que o orador se conscientize do

procedimento correto ao respirar (o abdômen deverá estar contraído, apoiando a emissão; observar durante o

processo de inspiração, como o abdômen se eleva); Considerando que a respiração da contração e liberação

do ar ocorre no diafragma. Atenção: a caixa torácica deverá ficar praticamente imóvel. Se ela se expandir, a

inspiração para falar não está correta.

Expirar com os lábios levemente cerrados, produzindo um fluxo de ar continuado, e observar como o

abdômen se contrai;

Repetir este exercício várias vezes até desenvolver a respiração na região abdominal e usar corretamente o

diafragma;

Depois de conseguir o domínio da técnica da respiração, deverá repetir o exercício e, ao expirar pronunciar as

vogais a, e, i, o, u uma de cada vez. Posteriormente em forma de canto, depois ao inverso com a mesma

forma de canto ou tonalidade musical.

2.1.2 O funcionamento do aparelho fonador

O ar expirado dos pulmões passa pela traqueia até chegar à laringe, onde o som é produzido. As pregas vocais

(popularmente denominadas cordas vocais), localizadas na laringe, possuem papel preponderante na produção da voz.

São as duas pregas vocais utilizadas na fonação, constituídas pelo músculo da mucosa. O som produzido pelas pregas

vocais ressoa então pela faringe (a laringe também participa desse processo, pois, com a passagem do ar, as pregas se

aproximam e vibram, produzindo um som primário), pela cavidade bucal e nasal. Finalmente, entra em funcionamento

a última parte do aparelho fonador – os articuladores. Depois que o som ressoa, ele é articulado para a formação das

palavras. Participam desse processo de articulação o palato(palato mole, localizado na parte posterior da boca, e palato

duro, à frente), também a língua, os dentes, os lábios, e a mandíbula.

2.1.3 A voz nem sempre é conhecida por seu emitente

Geralmente o emissor não gosta de sua voz, quando ouve após gravar. Ela parece estranha, tanto o som como a

forma e começa até a duvidar. Por que? É simples, o emissor quando fala, ouve a sua própria voz dentro de sua cabeça

com toda a ressonância produzida pelos ossos. Entretanto, as outras pessoas e, obviamente gravador capta a vibração

de uma onda de ar, isto é, um som diferente daquele que o emissor está acostumado a ouvir. Entretanto com o passar

do tempo, a comunicador vais se familiarizando com o som da própria voz gravada e passa a aceitá-la com

naturalidade.

2.1.4 Aprenda a colocar a sua voz

Para comunicador, ou emissor descobrir qual é a sua melhor voz, deve cantar, com a boca fechada, uma melodia

que conheça bem. Cantando assim, sentirá a vibração no nariz e próxima da boca. Sim, esse é o efeito da ressonância.

Por a ponta dos dedos no nariz e próximo dos lábios da boca, até que a ressonância fique equilibrada. Normalmente as

pessoas usam a voz incorreta, por na maioria das vezes não se valem da ressonância nasal. Ao contrario disso, forçam

as cordas vocais. Verificar se esse não está sendo o caso de muitos do leitor. Desta forma repita o que foi escrito

acima. Sempre cantando com a boca fechada, aos poucos colocar o som na área nasal é importante para evitar a

produção de uma voz excessivamente nasalada.

3.1 O TIMBRE

É a qualidade sonora da voz humana. É o resultado da constituição natural das cordas vocais, da laringe; quer

isto dizer que todos nascem com certo timbre, assim como têm os olhos pretos, e cabelos castanhos.

O timbre é algo personalíssimo. Mesmo nas categorias idênticas de voz, varia fundamentalmente, dá o caráter

pessoal de cada voz, da mesma maneira que cada pessoa possui uma expressão própria no rosto. Reconhecemos à

distância quem nos fala, sem mesmo lhe divisar as afeições.

É muito lógico que o timbre de uma voz não pode ser alterado ou influenciado radicalmente. Existe muito de congênito

no timbre da voz, mas a educação também exerce nele a sua influência.

3.2. ALTURA

Um defeito frequente ocorre com o orador novato, que consiste na inadequação da altura da voz, com as

conveniências do recinto ou circunstância.

É propenso falar baixo demais. Isso quando se adentra pela gritaria que ensurdece, cuidado se ela é sinônimo de

eloquência mas em assim agindo, ou perde a voz ou perde os ouvintes.

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Se for necessário elevar a voz á altura demasiada, para alcançar a todos os ouvintes, perde-se a naturalidade,

aparecem os berros e a eloquência deixa de existir. Se falar numa altura mais baixa, somente os ouvintes numa

distância razoável poderão ouvir.

A oratória mantida em voz sussurrante também perde os seus atrativos. Consegue a atenção ás primeiras palavras do

orador, mas, com a continuação do ornamento discurso cheio de murmúrios o interesse desaparece.

1) O ritmo

É de muita conveniência estabelecer-se adequadamente relação entre a quantidade das palavras proferidas e o

tempo empregado para tanto. O orador “metralhadora” não pode propiciar aos ouvintes a assimilação das palavras, das

ideias, dos argumentos, em suma, do discurso como um todo.

Também aborrece ao extremo o orador “conta-gota”, cujas palavras pingam como água em torneira fechada.

Dos dois, é preferível ser o orador “metralhador” que pelo menos conserva os ouvintes despertos. Cada um tem

uma velocidade própria para falar. Ela dependerá da sua emoção, de como respira e articula os sons, pois, quando a

pronúncia das palavras é boa o orador poderá ser compreendido mesmo que um pouco rapidamente. Ao passo que, se

estiver tiver deficiência na dicção, precisará falar mais devagar para ser entendido.

Outro fator que influencia a velocidade da fala é a característica da mensagem a ser. “A criminalidade se

descontrolou e subiu rápido como um raio”, pronunciará o orador, rapidamente a informação, para interpretar de forma

adequada o seu sentido. Entretanto, se o orador disser: “O dia demorou a passar e ele, hesitante, caminhou várias vezes,

cabisbaixo e sem pressa, em frente ao portão da sua casa”, pronunciará lentamente a mensagem para melhor identificá-

la.

Se todavia falar rapidamente e deseja permanecer com essa velocidade, faz se necessário, pronunciar bem as

palavras e criar o hábito de repetir as informações importantes pelo menos mais uma vez, com termos

diferentes, para que o público entenda bem a mensagem. Mesmo falando depressa, será possível fazer pausas

no final de um pensamento ou de uma informação importante. Essas pausas expressivas ajudarão os ouvintes a

refletir sobre o que acabou orador de falar.

Se todavia, falar lentamente nas conversas com clientes, com os colegas advogados nas reuniões do escritório

ou com os jurados no Tribunal do Júri, sente-se bem com esse estilo e pretender continuar assim, é importante

olhar para os ouvintes durante as pausas mais prolongadas para não perder o contato com eles. Especialmente

depois das pausas mais longas, ao reiniciar, faz bem pronunciar com ênfase e energia as primeiras palavras.

Esse recurso indicará que o orador não ficou em silêncio porque houve falta de vocabulário e ajudará a

valorizar a maneira como se expressa.

Portanto, observados esses itens com cuidado, poderá o orador continuar falando depressa ou devagar e aproveitar

sua característica para construir um estilo positivo de comunicação.

Lembrar todavia que na oratória a balança do bom senso deve funcionar, para que os vocábulos não se atropelem

a saída ou na lentidão da tartaruga.

No público, deve-se falar devagar, com moderação, ou depressa? Isto depende de seu temperamento e, mais ainda da

sua mensagem.

Francis L. Patton revelou parte de seu segredo de orador genial, dizendo:

“Só um tolo discursaria todo o tempo em um mesmo ritmo. Comesse pausadamente e depois caminhe mais

confiante. Quando chegar a algo que pretenda fazer o ouvinte relembrar, diga-o lentamente.”

A velocidade do discurso deveria basear-se no conteúdo e no estilo pessoal de falar. Em média a velocidade do

discurso varia entre cento e dez a cento e quarenta palavras por minuto. Quando ao conversar uns com os outros, a fala é mais devagar, ora mais depressa. E isto se faz com naturalidade, sem

notarmos, inconscientemente.

O mesmo deve-se fazer com nossos discursos. Maior rapidez ao enunciar as palavras de importância secundária,

maior lentidão e mais ênfase nas palavras que desejamos acentuar, destacar. Faça esta experiência: Fale depressa, sem

dar-lhes maior importância, as palavras: “setenta e quatro bilhões de reais”. Fale agora, bem devagar, destacando bem:

“Dez milhões de reais”.

Embora esta segunda quantia seja radicalmente menor, em relação à primeira, a maneira de falar dá-lhe muito

mais importância, muito mais destaque! O ouvinte fica fortemente impressionado com o total desta, e em nada se

impressiona com o imenso total da primeira. Portanto o ritmo, a velocidade com que se fala, tem grande importância no

realce no destaque de certas palavras.

2) A inflexão

As modulações que a voz humana atinge num discurso devem assemelhar-se ao concerto instrumental. De início

é a abertura que se faz ouvir, em que se destaca, sem muitas pretensões, o tema.

O entusiasmo do orador desperta-lhe as reservas vocais. Eleva-se a voz em altura, aperfeiçoa-se no timbre,

exprimindo, em diversidade de tons e ritmos, alcançando a grandiosidade da eloquência. E decresce. Tornando-se

apenas o solo pianíssimo que nos reconduz às notas do tema, e tudo recomeça.

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Não é somente quando impulsionado por um grande auditório que deve-se tornar eloquentes. É insuportável uma

conversa sem variações naturais de expressão.

J.J.Rousseau diz:“dá-lhe sentimento e dignidade” A inflexão é a alma do discurso.

Durante todo o discurso deve-se procurar obter variedade de tons. Como a voz e o sentimento tendem a aumentar

com a continuação do discurso, o melhor é começar com tons mais baixos que são agradáveis para os outros e fáceis o

próprio orador.

Ênfase requer tons mais baixos do que altos, e mais nitidez do que volume. Um orador competente percorre toda a

escala de tons agradáveis; quando pretende fazer sobressair qualquer parte de sua mensagem, diminui o tom,

abrandando o ritmo e aumenta a intensidade.

Aqui reside um dos maiores segredos da fala Ao se manifestar nos processos, nas palestras, ou em qualquer outra

circunstância, atuando ou não como advogado, o emissor deverá alternar o volume da voz e a velocidade da fala. Em

certos momentos, poderá falar com o volume de voz elevado; em outros, reduzi-lo, quase sussurrando. Poderá também

falar rapidamente e, logo em seguida, de maneira mais lenta, chegando até a promover pausas prolongadas. Essas

alternâncias do volume e da velocidade proporciona um colorido especial à fala, e, com esse ritmo agradável, será

possível motivar e envolver mais facilmente os ouvintes. Uma vez que o comunicador falar com o mesmo volume e a

mesma velocidade, a comunicação vai se transformar em um tipo de cantilena aborrecida (tipo de canção natalina

medieval inglesa, com texto em latim). Isso com certeza, vai tirar o interesse do público sobre o tema abordado e, pior

que isso em alguns casos fazê-los dormir. Advogado que se expressa com esse tom monocórdio não pode reclamar da

sonolência dos juízes ou dos jurados.

Deve-se regular, igualmente, o volume do som. A capacidade do orador de se fazer ouvir depende muito mais

da articulação do que do volume. O murmúrio de um orador que sabe falar é mais claro que a declamação de um que

berra. Sempre que variar o volume deve evitar a brusquidão, aumentando ou diminuindo a voz gradualmente.

Na prática, é raro, quase impossível mesmo, encontrarmos duas pessoas que falem sem modificar o tom da voz.

Prestemos atenção às conversas das mulheres, dos homens, das crianças, em sociedade ou em família. A tonalidade

varia de instante a instante, ora aguda, ora grave, ora média. Assim é a palavra humana, a palavra viva.

Se for monótono é bom fazer uma rápida pausa e mudar o tom. Mudar depressa! Lembrar se é bom de que o

orador, não está falando às pedras, mas sim a seres humanos. Falar de modo humano é falar naturalmente.

Pela inflexão correta da voz, o discurso, alcança as paragens da beleza e transmite “os recados” propostos.

IV

DICÇÃO

A mesma frase, idênticas palavras, pode tornar significado diferente, conforme a dicção empregada.

A pronúncia correta evidencia boa educação, suscita a simpatia dos ouvintes, na agradável musicalidade que

ornamenta a voz humana. Interessa sobremaneira ao orador conhecer, praticar e cuidar da pronúncia das sílabas, das

palavras, das frases e dos contextos, para exprimir o que realmente desejaria.

4.1 DAS SÍLABAS

Denota desleixo no falar, impressiona muito mal a quem ouve a articulação defeituosa das sílabas. Diz-se: “tá

por está”, “poblema, por problema”; abisoluto”, por absoluto, dentre outros.

Costuma-se sacrificar os “ss” finais: “as casa”, “os menino”, etc.

Há defeitos regionais, isto é, peculiaridades e uma região do país, isso devem ser evitados.

4.2 DAS PALAVRAS

Tem se observado que, quase sempre, alguns advogados pronunciam mal as palavras por simples negligência.

Como conseguem ser compreendidos pelos familiares e por outras pessoas de seu relacionamento mais próximos,

como outros advogados com quem durante anos trabalham no mesmo escritório., acomodam-se e passam a omitir sons

de sílabas e até de palavras inteiras. Pronunciando bem as palavras o emissor atingirá dois objetivos:

Será bem compreendido pelos ouvintes. Um dos motivos da desatenção das pessoas é a dificuldade para

compreender a mensagem por causa da dicção defeituosa.

Aumentará a credibilidade. Freud fez uma afirmação muito interessante: “o inconsciente de um ser humano

pode reagir ao inconsciente de outro sem passar pelo consciente”. Alguns aspectos da comunicação

transmitem ao inconsciente dos ouvintes quem é o emissor, que tipo de educação ele recebeu, qual a

formação que teve. Por esse motivo, normalmente o advogado será julgado também pela forma como

pronuncia as palavras de forma correta, poderá ser visto com um advogado bem preparado, com boa

formação, ou identificado como alguém que conviveu com pessoas de bom nível.

Como sugestão existe um exercício que ajudará o profissional da comunicação desenvolver ainda mais sua

capacidade de pronunciar bem as sílabas e as palavras.

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Usar um pedaço de rolha cortada e prendera entre os dentes, fazer leitura de um texto, procurando articular bem

as palavras da melhor forma que puder. Prenda o obstáculo entre os dentes, sem imprimir nele força, apenas o

suficiente para que ele não escape. Para dar uma ideia de como o obstáculo deve ser usado, dobre o indicador e ponha-

o entre os dentes, como o nó do dedo dentro da boca. Também pode usar um lápis e coloca-lo de forma horizontal na

boca, (lá no fundo na curva dos lábios e morda com os dentes molares). Fazer o exercício todos os dias de dois a cinco

minutos, com o auxílio do textos de jornais, revistas, ou livros e de um gravador. Com certeza ajudará o emissor a

descobrir defeitos de pronúncias e corrigi-los.

4.2.1 Por a ênfase nas palavras

O sentido das palavras deve estar associado à forma como são pronunciadas. Se o comunicador quer algo

grande tem que pronunciar “graaaaande”, de maneira tal que possa exprimir seu verdadeiro significado. Desta forma,

deverá dizer “amor” com a suavidade que a palavra merece! Ao pronunciar “raiva” com veemência, e ter o mesmo

cuidado com as outras expressões que sejam relevantes na interpretação da mensagem. Precisará portanto pronunciar

as palavras com a entonação e o sentimento que caracterizam o sentido que trazem.

Dentro de cada frase o emissor encontrará sempre uma ou algumas palavras de têm valor mais expressivo para a

mensagem comunicada. O destaque que deverá a elas informará ao público o que deseja expressar. Por isso, ser

ressalta uma palavra, a frase terá o um sentido; se destacar outra, poderá mudar totalmente o significado do que estiver

falando.

Os processos foram levados ao escritório pelos estagiários.

É importante observar como o sentido da mensagem seria modificada se o destaque fosse dado à palavras

diferentes.

Para ler uma frase, mudar o volume de voz nas palavras e fazer pausas expressivas antes ou depois de pronunciar:

Os processos foram levados ao escritório pelos estagiários.

Os processos foram levados ao escritório pelos estagiários.

Os processos foram levados ao escritório pelos estagiários.

Os processos foram levados ao escritório pelos estagiários.

Nem todas as palavras são anunciadas igualmente. Umas, pela sua importância na frase, devem ser sublinhadas,

ressaltadas, para dar efeito enfático. Vejamos este trecho:

“ A felicidade de cada um depende das condições da família que pertence e no seio da qual vive.”

Que palavra destacaria neste texto? Deveriam ser: de cada um – das condições. Elas são as chaves do texto, as

que realçam o pensamento.

Essa oração se tornaria inexpressiva se fosse dita de um jato, sem as pausas convenientes, para elas

emergirem, com alguma energia, a palavra significativa.

4.2.2 Pronunciar a palavra com mais ou menos intensidade

Quando o emissor coloca mais ou menos intensidade na pronuncia de uma palavra, ela se destaca das demais.

Embora seja mais comum destacar uma ou duas palavras na frase, pode ocorrer também de a frase toda ser importante

dentro da mensagem e, por isso, a sentença inteira precisa ser destacada. Se o emissor pronunciar a frase toda com

mais ou menos intensidade, ela se destacará no contexto da mensagem.

4.2.3 Pronunciar mais pau-sa-da-mente as sílabas da palavra

Quando também o emissor pronuncia pau-sa-da-men-te as sílabas da palavra, ela se destaca dentro da frase. Vale

ressaltar que, para destacar uma frase inteira dentro da mensagem, este recurso de pronunciar pausadamente todas as

sílabas de todas as palavras, de maneira geral apresenta melhores resultados que o uso de mais ou menos intensidade

menos intensidade sugerido há pouco. Eis o exemplo se o emissor desejasse enfatizar que as metas necessariamente

precisariam ser cumpridas, poderia pronunciar a frase toda de maneira pausada. As me-tas pré-ci-sam ser cum-pri-das

cus-te o que cus-tar. Assim, a frase se destaca dentro da mensagem.

4.2.4 Destacar a palavra entre pausas

Fazer uma pequena pausa antes e outra depois, da palavra, ela se destacará naturalmente. Por exemplo:

Nós queremos implementar um novo programa de (pausa) avaliação (pausa) dos novos advogados. A palavra

avaliação será ressaltada

4.3 DAS FRASES

A enunciação das frases tem que exibir a vivacidade adequada, os afetos e sentimentos ligados a elas.

Exemplificando:

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“ Condenados as discórdias, as divisões, e as perseguições, tudo quanto venha a ferir a constituição

brasileira”.

Esse trecho reclama convicção, firmeza; deve traduzir os sentimentos de quem adverte, sem ódio, mas com vigor

e severidade.

Ao citar um pensamento sublime, uma poesia, emprega uma de sentimento de amor e ternura, num misto de

misticismo. Não deve ser proferida com a energia da frase anterior, ma brandamente, como se fora meiga prece.

4.4 DO CONTEXTO

Conforme as ideias explanadas no texto, assim a interpretação. O orador tem que viver a mensagem que está

proferindo. Deve demonstrar sentimento ou sorrir, sentir esperança ou desespero.

Se o orador vibra intensa e adequadamente, o auditório então vibrará com ele, no mesmo diapasão sentimental e

afetivo, havendo uma sintonização em busca da verdade e razão do tema.

Quebrar o hábito nunca é fácil. Isto deve ser fruto de um trabalho paciente e constante. Logo, se uma pessoa não

possui um defeito físico do mecanismo da fala, e o problema é questão de má articulação, é possível vencer esse

defeito.

A primeira coisa a ser feita, é tomar um bom livro, fazer uma boa leitura, gravando-a. Ao ouvir você mesmo, se

não gostar da dicção, procure alguma coisa para melhorar.

V

A POSTURA E A IMAGEM DO ORADOR

O que o homem é intimamente, demonstra-o seu aspecto exterior. A referência aos característicos inerentes ao

corpo humano: alto, baixo, magro, gordo. A essa alusão, isto sim, à aparência adotada segundo disposições especiais

pessoais, ou estados de espírito. A luta íntima, ela estampa-se no rosto, apesar das tentativas de disfarce. Alguém diz

cautelosamente: “parece que minha cara não ajuda”. Seria o mais correto se dissesse: “Não me ajuda o caráter”.

Não é perceptível às vezes, mas as vibrações desagradáveis são sentidas, elas não se omitem. Conhece-se o

tímido à distância; distingue-se o mal educado; identifica-se o covarde, no mais insignificante traço facial.

O orador, em grande parte, depende do aspecto físico, para influenciar as pessoas. Daí se lhe recomendar muito

zelo no compor a atitude interna e externa. Devemos aceitar a seguinte afirmação: “Nisi bonus vir.” Só o homem de

bem pode ser orador.

A sua figura física deve demonstrar entusiasmo e convicção; deve dizer da honestidade de seus propósitos e da

sua competência; deve manifestar, o requisito essencial do porte oratório: naturalidade.

5.1 P0STURA

A postura é da maior importância para o orador. Quando ele ocupa um lugar em público, deve manter-se em

uma atitude que seja, ao mesmo tempo, digna e cortês.

Corpo ereto, sem a fixidez das estátuas;

Braços caídos com naturalidade, ao longo do corpo;

Mãos abertas e dedos frouxos unidos;

Cabeça e ombro levantados, demonstrando confiança e serenidade;

Eis a postura fundamental do orador.

É fato que o orador, deve durante o discurso conservar todo o corpo sob controle perfeito, não significa que deva

permanecer rigidamente na mesma posição. De quando em quando, não freqüentemente, deve dar passos para frente e

para trás, ou para os lados do local pré-determinado (plataforma). Esses passos parecem mais naturais quando feitos na

transição ou fim do pensamento.

Não basta estar bem, é preciso, a todo custo, não ficar, em todo momento, pegando na roupa, pondo a mão no

bolso, retirando-a daí; torcendo a ponte do paletó, torcendo botões, arrumando gola, sacudindo os ombros. Muito

menos ficar brincando com objetos como: Olhar o relógio a todo o momento, acertar o nó da gravata e outras coisas

semelhantes.

Causa má Impressão os que se apóiam em mesas, no púlpito, curvam-se ou se põem a caminhar em vaivém

constante.

A postura é a colocação física do orador em face ao público, mas, na verdade traduz a atitude mental e

emocional de quem fala. Portanto, a postura deve ser elegante, sem afetação; sóbria sem vulgaridade; natural sem

pieguice. E o discurso valorizar-se-á.

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5.2 GESTICULAÇÃO

A gesticulação é a moldura que aplica à manifestação oral, para se reforçarem períodos, sublinharem-se

vocábulos deferindo ao discurso maior expressividade. O termo “gesto” se aplica não somente aos movimentos das

mãos, mas também a todos do corpo, que auxiliam na expressão do pensamento.

É o gesto a própria palavra que se reflete, ou se antecipa, enfaticamente. O homem consegue transmitir seu

pensamento, apenas através dos gestos. Prova disso é a linguagem dos surdos-mudos. Entendem-se, perfeitamente,

pela gesticulação convencional. E, no entanto, por timidez, inexperiência, alguns oradores omitem os gestos!

O que fazer com as mãos e com os braços? Existem livros inteiros, ou inteiros capítulos de livros, ensinando

uma série de posições, aconselháveis para as mãos e para os braços, enquanto se fala em público. É muito normal, há

muitas pessoas que falam em público, principalmente nas primeiras vezes, não sabem o que fazer com as mãos, onde

colocá-las, o que fazer com elas.

Com as mãos podemos dar uma ordem, prometer, chamar, despedir, suplicar, pedir, indicar alegria, tristeza,

sobre os lábios, e uma injunção ao silêncio; sobre a cabeça, é uma indicação de dor ou de “tensão”.

O que deve ser evitado:

1) Evitar colocar a mão ou as mãos nos bolsos das calças ou do paletó;

2) Um dos gestos mais banais em oratória é o de estender um dedo indicador, em forma acusadora, o braço

estendido, ou demais dedos fechados;

3) Evitar punhos serrados;

4) Dar socos na mesa;

5) Colocar as mãos nas costas;

6) Colocar as mãos na calça, segurando o cinto.

7) Abotoar e desabotoar o paletó;

8) Ficar arrumando a gravata;

9) Tirar o lenço do bolso da calça, e ficar dobrando na frente de todos;

10) Não ficar limpando os óculos, ou arrumando-o, fixando nos olhos;

11) Passar, a toda a hora, as mãos nos cabelos. Cair sobre os olhos e começar a colocá-lo a trás;

12) Maneira brusca de pegar ou jogar livros (Constituição, Lei orgânica do Município, a Constituição

Estadual ou Federal, dentre outros), depois de lidos.

13) Ficar brincando nervosamente com a gola do paletó ou a ficar segurando;

14) Ficar tirando, pondo ou olhando a cada momento para o relógio;

15) Gestos indecorosos, com significados de possíveis deturpações;

16) Gesticulações violentas.

Para se transmitir realismo ao discurso, não há que se prescindir dos gestos. Todavia, para a gesticulação ser

eficiente, precisa apresentar-se expressiva, adequadamente e variada.

1) Natural

A naturalidade é a regra de ouro em comunicação. Os gestos devem coordenar-se com as palavras, sem

artificialismo. Ser natural é ser honesto, e a vitória obtida honestamente não e transitória, mas eterna como a verdade.

Não há necessidade expressa, ou obrigatória de estar lendo e fazendo curso sobre dramatização, e gesticulação.

O ponto principal é não fazer gestos artificiais. Deixar a sua personalidade, dar lugar ao que é natural.

Qualquer pessoa, numa conversa informal, gesticula bem. Algumas talvez, por temperamento, são mais ou

menos exuberantes na gesticulação. Mas todas as pessoas fazem gestos satisfatoriamente. Em contato com o público,

todavia, perdem a naturalidade se inibem na gesticulação. E vão as mãos para as costas ou para os bolsos.

Quando o orador sente o que está falando, os seus gestos o acompanharão. Sejam quais forem jamais, será alvo

de crítica do auditório.

2) Expressiva

O gesto precisa significar alguma coisa. De nada adiantaria, seria mesmo contraproducente, um levantar e descer

de braços, sem qualquer objetivo definido. Braços e mãos podem dizer, juntamente com os lábios, o coração e a

inteligência, as mais sublimes e comovedoras frases.

3) Adequada

O gesto, opondo-se à palavra, é o grotesco e prejudicial, confunde e leva ao gracejo. A gesticulação deve

corresponder às particularidades do discurso, aplicando-se como moldura ao quadro.

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4) Variada

Na variedade atinge-se a beleza, desvia-se da monotonia. É fastidiosa e deselegante a repetição dos mesmos

gestos, que nada significam. A gesticulação não precisa nem deve ser constante. Em tudo deve haver moderação.

Sugestão para as maneiras do orador em público:

A entrada para o público deve ser deliberada e dignificante. Deve ter, evidentemente, uma compostura

própria.

Não mostrar nenhuma ansiedade. Mostrar-se sem preocupação. Numa atitude de repouso. A sua calma

se comunicará aos ouvintes.

Ao entrar no respectivo local, e se assentar, não deve parecer distraído, por nada que acontece ou existe

no edifício, ou na plateia.

Não ficar olhando para uma coisa outra, com curiosidade, fazendo um exame das pessoas e das coisas,

das janelas e dos móveis, ou do edifício. Não deve evidenciar preocupação com o seu olhar para

algumas pessoas em particular.

Ao entrar para o local onde realizará o discurso, aí deverá permanecer. Não deverá atender a

telefonemas.

Não deverá sair para atender a uma pessoa ou outra coisa que esqueceu. Tudo deverá ter sido

providenciado antes de entrar para o local onde a platéia aguardar. Pode usar alguns sinais

convencionais com os seus assistentes.

Evitar a saída e entrada de pessoas, e, muito menos, do orador que se encontra diante do público, como

se fosse um menino de recado.

Maneira de assentar. Nunca se deve sentar deitado na cadeira. Tampouco conservar as pernas abertas

(tanto para o sexo masculino, bem como para o feminino isso é desconcertante); os joelhos devem

ligeiramente estar juntos. Muito raramente deve cruzar os joelhos. E nunca dever colocar os tornozelos

sobre os joelhos.

Do princípio ao fim do discurso, deve se manter a posição de um líder.

Não dever conversar com outro diante do público (cochichar) e ainda ficar rindo.

Ser pontual, tanto para começar como para terminar.

Sair com dignidade e elegância, firmeza e segurança.

5.3 FISIONOMIA

Nem rosto aberto em sorriso, o que dá a idéia de leviandade; nem fisionomia fechada e carrancuda, o que faz

lembrar a ameaça. A fisionomia deverá ter expressão nobre. A nobreza é um misto de calma e serenidade. Tudo deverá

ser natural. A naturalidade é o segredo do sucesso.

5.4 APARÊNCIA

A aparência de quem fala deve ser agradável, pois para sua pessoa convergem todos os olhares; é alvo de todas

as análises e exames. Nunca aparecer com roupas mal arranjadas, gravata fora do lugar, (se houver necessidade de usá-

la) barba crescida (ou seja, não fez no dia anterior, se tem por hábito, sempre andar barbeado). Sapatos cambaios,

cabelos caindo na testa. Qualquer que sejam os fatores que ocasionarão repulsa imediata, gerando sentimento de

hostilidade; é como uma ofensa ao auditório.

5.5 SABER SORRIR

O orador que inicia cumprimentando o auditório e sorrindo, está já meia vitória ganha. Aquele sorriso diz muita

coisa. É como se dissesse: “Que satisfação em vir falar aos senhores e senhoras”!

O sorriso é sempre contagioso. Imediatamente, o auditório adquire predisposição favorável, fica nas melhores

condições possíveis de receptividade às palavras do orador.

Qual a razão do sucesso de certos oradores e da relativa dificuldade de outros em conquistar a simpatia e

aprovação? Se procurar com acuidade, encontrará o “poder mágico do sorriso”. O sorriso proporciona,

instantaneamente, a boa vontade dos outros.

Se o sorriso indica que o orador está bem disposto, em relação à sua audiência, desta forma, torna-se, no mesmo

instante, bem disposta a audiência em relação ao orador. Está o orador aprovado antes de iniciara a fala!

VI

QUALIDADES INDIPENSÁVEIS AO BOM ORADOR

Conheça as suas qualidades e as potencialize.

1) Deve estar apto para ensinar com eficiência e em ordem.

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2) Deve ter bom raciocínio (rapidez de pensamento).

3) Domínio da linguagem.

4) Uma boa voz.

5) Uma boa memória.

6) Deve saber quando parar.

7) Deve saber o que vai dizer.

8) Disposto colocar o corpo, a alma, os bens e a reputação, no que fala.

9) Deve estudar diligentemente.

10) Suportar o vexame e a crítica de quem quer que seja.

6.1 VALORES QUE AGREGAM AO CONTEÚDO DO DISCURSO

a) Caráter - Credibilidade

1) Piedade – Sem aridez espiritual, sem demagogia;

2) Vida condizente – como sustentação e tornar efetivo o que fala;

3) Demonstração e exemplificação;

O bom comunicador, não pode dar o que não tem. Jamais poderá o orador desejar que façam o melhor, se o

mesmo não fizer disso exemplo em suas atitudes. Isso se resume em palavra credibilidade!

A impressão que o orador causa sobre a audiência é sumamente importante. Os ouvintes formam no pensamento,

uma imagem do orador. Cada coisa que os observadores ouvem, colocam em xeque com o que eles conhecem a

respeito do orador. A imagem projetada pelo orador nos ouvintes vai decidir a aceitação ou não do que ele está

dizendo.

O poder do comunicador, principalmente, está em ele ser aquilo que fala ou professa! Os ouvintes devem ter a

certeza de que esse orador é o que quer que cada um seja.

b) Sinceridade

Sinceridade é um poder persuasivo do orador. Os seus ouvintes devem crer que ele crê naquilo que está falando.

O orador é um comunicador. Os seus ouvintes aceitam de maneira extraordinária, suas convicções políticas,

filosóficas, cientificas, dentre outras, passando de cérebro em cérebro. Porventura ele duvida do que está falando, isto

passa para os ouvintes.

O orador transmitindo uma verdade, a primeira coisa é fazer com que os ouvintes acreditem que ele é sincero no

que está dizendo. É espantoso como rapidamente os ouvintes captam, quando algumas palavras procedem somente dos

lábios. Quando isto acontece, a mensagem, por mais poderosa que seja, perde a sua aceitação.

Existem oradores que simulam certos sentimentos ou emoções, que se tornam atores podem ser bem sucedidos

uma vez, mas não sempre.

O orador precisa ser mais do que suas palavras, porque se não for, elas voam no ar e ele não passa demais um

falsário no mundo da comunicação.

A concepção meramente legal da do que está sendo apresentado é intolerável. Basta um vislumbre de

insinceridade para esterilizar a influência de um bom orador e muito mais de um profissional.

c) Entusiasmo

Entusiasmo é uma qualidade bem achegada à sinceridade. Sinceridade de convicção é o fundamento do

entusiasmo. Há muitos oradores sinceros que não tem entusiasmo, necessários para mover seus ouvintes.

Quando um orador sincero transmite as suas convicções com entusiasmo, não há quem possa resistir. O orador

cheio de entusiasmo leva os seus ouvintes com ele. Se você tem a sinceridade, sabe transmiti-la e é cheio de

entusiasmo, o povo é inoculado e não tem saída, senão aceitar.

Estando toda a mensagem preparada e todas as notas do discurso em ordem, então, tem esse discurso de sair do

papel para a alma do orador.

Assim o fogo deve ser acesso depois o combustível. “o discurso só mexerá com os outros, se primeiro mexeu

com o orador.”

A perfeita formula para os oradores: Falar quando o coração “arder em fogo”.

d) Inteligência

È necessário, pois que disponha, antes de tudo, de talento oratório. Um comunicador está diante do auditório

como um réu diante do juiz. De fato, todos vão ouvi-lo para criticar ou elogiar depois.

Cada qual encontra um ponto fraco, um defeito, um nada qualquer que lhe não agradou, e pelo qual julga poder

censurar o orador.

O comunicador deve saber fazer, imediatamente, a idéia justa do auditório, das opiniões circulantes neste meio,

dos obstáculos que encontrar, empregando os meios adequados para vencê-los, um a um. Nunca esquecer que o

objetivo principal da oratória é convencer e levar à ação.

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O orador tem que ser inteligente, quer na disposição dos argumentos, quer na habilidade oral de se apresentar

ao público. Do seu talento vai depender a sua atitude. Não vai desafiar orgulhosamente, nem bajular com servilismo o

seu auditório. Pelo contrário, procurará captar as simpatias, impondo-lhes gradativamente, ora agindo sobre sua

inteligência, ora sobre o coração.

O talento do comunicador se evidencia na apresentação da sua peça oratória, dando a cada palavra, a cada

frase, o justo valor que merecem. Fazendo ressaltar aquelas que encerram o ponto principal que quer proferir, sem cair

em excesso de vozes e de gesticulação.

A apresentação do discurso deve ser de tal maneira que os inteligentes sintam a força convincente do orador,

que as vontades se deixam emocionar pelos seus argumentos.

e) Conhecimento

Ligado à inteligência, o comunicador deve ter um bom conhecimento. Primeiro do assunto que está a discutir

ou apresentando. Saber os pós os contras. Como escreveu o padre Antonio Vieira, considerado um dos maiores

oradores de nossa língua, tinha uma receita para ser um grande orador:

“ Há-de tomar o pregador uma só matéria; há-de defini-la, para se conheça; há de dividi-la, para que se

distinga; há-de prová-la com a Escritura; há de declará-la com a razão; há de confirmá-la com o exemplo; há-de

amplificá-la com as causas, como os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que hão de seguir, com

os inconvenientes que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há-de satisfazer as dificuldades; há-de

impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários; e depois disto há-de colher, há-de

concluir, há-de persuadir, há-de acabar. Isto é pregar; e o que não é isto, é falar mais alto”.

Deve ter olhos para ver, ouvidos para ouvir, “coração” para compreender; o orador (a) deve ser o homem ou a

mulher mais bem informado. “Ele deve se informar de tudo e interessar-se por tudo”.

f) Memória

A memória é a faculdade do comunicador, que pode elevá-lo à culminância da glória, também confundi-lo, até à

humilhação mais profunda.

Não se pode confiar inteiramente nela, tampouco desprezá-la. É indispensável que o orador possua boa e

fidelíssima memória para as datas, nomes, textos e circunstâncias principais de um fato.

Para desenvolver todos os pontos do seu discurso de acordo com o plano traçado de antemão, dando ao

auditório a impressão de um trabalho completo e bem desenvolvido de uma peça inteiriça e perfeito.

A memória é de grande auxílio para o vocabulário e para as frases e expressões exigidas no momento da

elocução. Aqui está, quer-nos parecer, o maior perigo dos que confiam demasiadamente na memória, tornando-se

escravos dela.

Decoram em casa o discurso, memorizam exatamente como escreveram, com as mesmas expressões, com as

mesmas palavras. Acontece que no momento de falar, por uma perturbação qualquer se desmemoriam, não podendo

recordar-se da palavra que decoraram ou da expressão que, a custo, colocaram na cabeça. Engasgam-se, perdendo por

completo, sucedendo que, muitas vezes, não conseguem continuar, ou quando o conseguem, já nada mais podem fazer

para apagar no público a má impressão causada.

Os oradores escravos da memória tornam-se autômatos, sem espontaneidade alguma. O receio de que o

material não venha a ser apresentado no momento preciso, impedem que os gestos sejam naturais e adequados, que o

olhar pouse espontaneamente pela assistência, porque o orador está olhando para dentro de si mesmo, está fitando,

constantemente, a memória, com pavor de que possa traí-lo.

Ter boa memória e desenvolvê-la, sem ficar, no entanto, escravos!

g) Imaginação

A imaginação constitui-se no maior tesouro do comunicador. A imaginação é quem sugere as mais lindas

comparações, as mais formosas e adequadas figuras para os pensamentos, as transposições elegantes, as descrições

empolgantes.

A imaginação é que dá colorido. O comunicador sem imaginação é o mesmo que um cantor sem voz, que um

pintor cego, ou um músico completamente surdo. Os seus melhores pensamentos são frios, e inertes, não terão forças

de persuadir e muito menos de comover. As melhores idéias aparecerão nuas e sem efeito.

O comunicador tem o dever de ser imaginoso, de saber revestir os seus pensamentos velhos com roupagem

nova. Cuidado com as frases soltas, chavões que fogem ao natural. O auditório percebe logo a falta de naturalidade.

Não empregar comparações inteiramente desconhecidas no lugar, fora do alcance cultural da assistência.

“Píncaros nevados”. A imaginação deve fazer os fatos vivos e reais.

h) Originalidade

Como um comunicador pode trazer um assunto que é interessante e atualizado? Quando o mesmo consegue

apresentar o seu discurso de maneira nova, com aplicações adequadas, despertando os interesses dos ouvintes, ele é

considerado como sendo original.

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O que é originalidade? Deve-se distinguir entre originalidade absoluta e relativa. Originalidade absoluta existe

muito pouco. Alguns autores do assunto são tentados a dizer que não existe.

Diz Edinbug Review que: “os antigos roubaram as nossas melhores idéias.”

Goethe disse:“Poucos de mim resta, sou devedor aos meus predecessores e meus contemporâneos.”

Confúcio, já dizia, há cinco séculos antes de Cristo, proclamando que era um simples estudante de

antiguidades.

E o “sábio dos sábios” disse que “... nada há, pois novo debaixo do sol” (Sábio Salomão em o livro de

Eclesiastes 1:9).

Contudo, ainda há lugar para alguma coisa nova. Ocasionalmente uma idéia é expressa, uma teoria é proposta,

que são inteiramente novas no mundo.

Esses relances de originalidade, nem sempre vêm através de pesquisas, de estudos, de muito trabalho. Se

assim não fosse, muitos ficariam lunáticos, estúpidos.

Os homens que são dotados dessa originalidade, eles mesmos ficam surpresos quando a encontrar. É como

descobrir a América. Colombo não estava à procura de descobrir um novo mundo, mas sim, um velho. Descobrir a

América, procurando um caminho para a Índia.

Assim tem sido com muitas invenções e descobertas, que têm surpreendido os seus próprios autores. Por esse

motivo, persista, estude, não pare!

O que fazer então?

Dormir o sono do cérebro preguiçoso não é possível. O comunicador, deve ser original em descobrir os

conceitos velhos e transformá-las para os dias atuais. É buscando essas coisas velhas originais, que, quem sabe

encontre coisas novas e será original absoluto.

O orador tem que devotar a sua atenção para uma originalidade relativa. E esta originalidade relativa não é

nova em sim mesma, mas deve ser nova na sua relação e aplicação.

Os meios básicos da oratória, e o assunto que será transmitida são mais velhos que a nossa república brasileira.

Contudo, a população brasileira é renovada de geração a geração, com seus costumes, trocando as suas condições e,

assim, o velho assunto é revestido de novos significados, sendo usado diferentemente. Lembre-se:

O velho absoluto é insípido; o novo absoluto não apela. O velho no novo é que chama a atenção. Não gostam

os ouvintes de uma preleção (dissertação), de algum assunto completamente novo, desconhecido, que não tenham certo

conhecimento. Entretanto, precisam uma dissertação que podem relacionar com o que já conhecem.

A boa apresentação de um orador, em qualquer outro lugar ou circunstância, é o tema antigo, transmitido com

novas interpretações, novas combinações, novas ilustrações e novas aplicações, fazem com que o orador seja

considerado como um orador original.

Quando tomar um assunto velho, e o revestir de uma roupagem nova, Poderá disser: “isto é meu.”

i) Sensibilidade

A sensibilidade é um dote natural que devemos encontrar no orador, principalmente no formador de opinião.

Consiste na facilidade espontânea de perceber e de reproduzir os sentimentos, dando-lhes um cunho

pessoal, inconfundível. Para que o comunicador tenha sensibilidade completa, deve dispor de um grande poder de receptividade. Deve

ser como certas flores que se transformam com o sopro quente de ar. Como aquela planta que com o mais leve toque,

ela se encolhe.

Quem não dispuser desse caráter sensível, nunca poderá ser bom comunicador. Se o ambiente, a oportunidade

da hora, não consegue impressionar a sua personalidade, como haverá de, por sua vez, impressionar os ouvintes?

Se o indivíduo é dotado de uma natureza fria, impassível, sobre a qual nada valem as impressões do público,

de júbilo ou de tristeza, a sua palavra também não vai dispor de nenhuma vibração. Os temperamentos calculados, que

não se emocionam, pode ser que consigam alguma coisa numa palestra científica; porém nunca serão homens de

palavra arrebatadora e eloquente.

Entretanto, necessário se faz, prevenir os perigos do excesso de sensibilidade. Há oradores que são

sensíveis em demasia, que transformam em grandes catástrofes os acontecimentos comuns da vida. São os nervosos e

impressionáveis ao extremo. São como palha seca; ao primeiro contato com o fogo, produzem imediatamente as

maiores labaredas, extinguindo-se rapidamente.

São comunicadores ótimos para brindes, pequenas saudações, respostas breves, que podem falar brevemente e

até agradável por quinze minutos, esgotando-se logo depois.

Os gestos são sempre denunciadores da sensibilidade humana sendo por isso necessário vigiá-los. “As mãos

não andem a cata-vento,” como “aspas de moinho doido”, em luta com sombras e fantasmas. O corpo não entre em

contorções desesperadoras. A cabeça se mantenha naturalmente, não sendo atirada para trás, tampouco se lhe

imprimam movimentos giratórios.

Em todas as circunstâncias, o orador deve mostrar-se equilibrado. Ele não pode perder sua majestade e

imponência, a fim de que o ouçam com respeito e acatamento.

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j) Paciência

O comunicador às vezes fica desencorajado consigo mesmo e com seu auditório, e, consequentemente, se

torna intolerante. Quando ele está nesse estado de ânimo, facilmente pode chamar seus ouvintes de negligentes, por

alguma coisa não realizada.

Acusar e repreender a todos por causa da indiferença e pequenas faltas, é um erro imperdoável do orador.

Quando está indignado, deve ser muito cuidadoso no seu falar. Possivelmente tem que chamar a atenção por alguma

falta; há necessidade de reprovação, todavia, deve tudo ser feito com respeito, cuidado e inteligência.

O orador deve encontrar alguma coisa para louvar nos seus ouvintes, em vez de acusá-los. Para censurar,

necessita-se somente de um cérebro pequeno, uma língua pesada; mas para louvar, requer uma penetração

sistemática de um coração fraternal.

Ao apresentar uma critica a oposição, por favor; apresente os pontos negativos, as oportunidades apresentadas

e ao mesmo tempo negligenciadas, depois disso apresente uma solução inteligente. Se não for apresentada uma solução

inteligente; por gentileza, o público entenderá, ou terá a percepção que você está criticando, apenas por “dor de

cotovelo”. Ou até pior “critica, porque não esta fazendo parte do jogo”, e não por ou em defesa da causa.

k) Satisfação

O público ou a tribuna deverá ser o lugar de conforto, uma fonte de encorajamento para os seus ouvintes. O

homem público, o gestor deveria ser para os seus ouvintes, um homem forte, bravo, confidente, cheio de fé, confiante

em si mesmo, absolutamente bem controlado.

O mundo está cheio de pessoas cansadas, solitárias, coração partido, cheias de ansiedades, em busca de

alguém que as possa ajudar. Contudo, essas pessoas não gostam de exibir as suas próprias fraquezas e dores. Não

querem que os seus amigos sofram simplesmente por simpatia.

É verdade que temos que chorar com os que choram, mas isto não chorar por fraqueza. O orador deve na

medida do possível, confortar, animar, trazer alegria e alimentar a esperança, nunca iludir. Uma atitude pessimista

nunca deve ser admitida em público.

Ele deve ter uma visão de um futuro melhor, caso contrário nunca deveria ser um líder, porque você é um

profissional, para trazer soluções, ser o braço dos fracos, a voz do cansados e oprimidos e a esperança dos

desanimados.

Portanto nunca fale em público de suas dúvidas, de suas dores, faça isso ao cônjuge ou a um profissional de

psicanálise, nunca em público!

l) Coragem

Requisito indispensável para um verdadeiro líder, legítimo representante da sua classe. Um líder tímido é tão

ruim quanto um médico tímido com o bisturi na mão. A coragem é indispensável em qualquer lugar; mas aqui ela é

mais do que necessária. Se você tem medo de pessoas, é escravo de suas opiniões, é bom que faça outra coisa. Quem

sabe é melhor fazer coisas que possa agradá-los em vez da lidera-los.

Não fique fazendo discurso para agradar aos seus liderados, por medo ao invés de trazer soluções.

São as soluções, o que as massas precisam e esperam. Candura (transparência, sinceridade), é uma virtude do

orador. Ele não será bem sucedido sem ela, por que mais cedo ou mais tarde perderá a coerência e acabará se

contradizendo. Contudo ele deve ter a convicção e essa convicção deve ser o motivo da sua coragem.

m) Saúde

A saúde física é um importante requisito para o sucesso. Os hábitos profissionais do comunicador não são

como os de outras profissões que robustecem o físico.

Um orador que está com dor de cabeça, com distúrbios estomacais, está doente, os seus olhos não têm

luminosidade que comunica favoravelmente. Pelo contrário, ele deixa uma sombra de tédio sobre seus ouvintes. As

suas palavras são emocionalmente enfraquecidas. O semblante transmite o que está sentindo.

É evidente que a letargia do corpo produz uma letargia de pensamento. E o orador tem que possuir uma saúde

em condições favoráveis para ser bem sucedido em seu trabalho.

O trabalho do profissional da comunicação, que tem consciência de suas responsabilidades, é árduo e

constante. Por isso ele deve ter boas condições físicas. Fazer discursos, ouvir pessoas, atender demandas coletivas,

articular, preparar discursos e pronunciamentos, trazem muitos desgastes.

É preciso arranjar tempo para descontrair, refazer as energias, o que não significa dormir e dormir.

O homem deve ir ao descansado, com os nervos plenos de vida. Nestes tempos agitados, em que comunidades

estão na contingência de se comporem de homens e mulheres fatigados e desanimados, há uma razão especial para o líder estar fisicamente recuperado e sobejamente vitalizado.

Sugestões úteis ao Orador:

1) Ter o seu estudo recarregado de oxigênio;

2) Dormir com a janela aberta, quando for possível;

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3) Caminhar pelo menos quatro a seis quilômetros por dia;

4) Pratica esportiva pelo menos uma vez por semana;

5) Ter seis semanas de férias por ano.

Antes do discurso deveria:

1) Evitar um trabalho pesado;

2) Dormir bem preferível às oito horas recomendadas;

3) Comer moderadamente e comida leve antes do discurso;

4) Preferível ficar sem comer;

5) Não exaurir a sua vitalidade com conversações excitantes;

6) Estar com controle emocional.

VII

A FORMAÇÃO DO ORADOR

Em sendo uma pessoa normal e possuir em ordem o aparelho de fonação, ter inteligência, vontade,

imaginação, sentimentos e afetividade, por que não poder falar, e falar bem?

Tremedeiras, esquecimentos, timidez, vacilações, silêncios embaraços, tudo que prejudica ou impossibilita a

oratória, é preciso admitir, são apenas falhas por ignorar princípios de oratória, por desconhecer algumas coisas,

mas nunca, jamais, por falta de recursos físicos ou psíquicos.

Só o conformismo (não é possível, não dá jeito, nasci assim...), a preguiça (amanhã, depois), ou a ignorância,

levar a negar a afirmação de Horacio (orado grego):

“Poeta nascitur, orator fit”.

“ O poeta, nasce, o orador se faz.”

Não há nenhum exagero nesta revelação. São os próprios intelectuais que confessam:

Thomas Édson:

“Em todo o gênio há noventa e nove por cento de transpiração e um por cento de inspiração.”

Alexandre Hamilton:

“Todos me julgam, um gênio; o caso porém, é muito

Simples, porque qualquer assunto que me surja, estudo a fundo. Penso nele de dia e de noite. Examino-o em

todos os aspectos, até que o meu espírito se apodere dele. O público julga, mais tarde, uma manifestação de gênio,

aquilo que é fruto de trabalho e do pensamento.”

Dom Pedro II:

“Sou dotado de algum talento; mas, o que sei devo-o sobremodo à minha aplicação, sendo o estudo, a leitura

meus principais divertimentos.”

Para o dia de glória, quantas noites não dormidas, quantas recreações, foram calculadamente suprimidas! O

indivíduo que se entrega aos prazeres, numa vida de ociosidade, ao ver os feitos gloriosos de alguém, exclama:

“... Ah se eu possuísse a sua inteligência...” Aos vitoriosos em qualquer setor da vida, não há milagres. O que existe é muito sacrifício, trabalho, sem o

qual nada se consegue.

“Santo Agostinho” disse: “O que um homem faz, outro pode fazer”.

A formação do orador é fácil e difícil. É difícil para o indolente e é fácil para os estudiosos, que se dedicam

sabiamente aos exercícios por ela exigidos. Sendo assim, há muito a ser feito, bastante a se corrigir e aperfeiçoar;

Contudo dentro de cada um de existe um grande potencial a ser exercitado e que finalmente será liberado, com calma e

determinação.

7.1 ORATÓRIA E O COMPORTAMENTO HUMANO

O bom comunicador precisa de equilíbrio emocional, naturalidade, para poder falar bem. Caso ele tenha, o

cérebro bem ordenado conservado o perfeito ajustamento de suas emoções será mais eficiente.

De nada adiantaria aprofundar-se em conhecimentos, saber o minuciosamente a técnica do discurso se em

face do público ou do simples interlocutor, descontrolar-se e falar mal.

Com facilidade percebe-se o orador embaraçado, nervoso, que treme e transpira e desenvolve esforços

intermináveis tentando dizer o que sente e sabe.

O auditório para ele é um campo de batalha renhida;

Cada ouvinte é um inimigo;

Cada olhar petrifica-o de medo;

O sorriso amigo torna-se um crítico e zombeteiro;

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A tosse acidental é interrupção propositada e malévola;

“Se alguém se levanta, se uma cadeira é arrastada; se a porta bate, são punhaladas”, sensação de pânico, de

pavor, de angústia;

Tem vontade de fugir, e de nunca mais falar em público.

Isto é um estado emocional.

Devo alertar ao comunicador que à frente, se encontram seres humanos. Não habitantes de outros

planetas, de outras galáxias, com atributos intelectuais de alta perfeição. Apenas seres humanos, iguais a todos, com

defeitos e virtudes, altos e baixos, gordos e magros, brancos, negros, morenos, com diplomas e sem diplomas, mas

sempre seres humanos, lamentavelmente imperfeitos em busca de crescimento.

Contudo o orador que ainda não se domina face ao público, decididamente não ainda trava relações com

a lógica. Cria ele um mundo de fantasia, a sua imaginação descontrolada. Supõem ouvintes pacíficos como super-

homens a ameaçá-los. Antevê o fracasso, considera-se vaiado e tímido.

7.1. 2 De Onde Nasce o Medo

O medo de falar em público não combina com o advogado. Por esse motivo, é importante verificar como

funciona o mecanismo do medo, quais são as suas causas, como agir agora para combatê-lo e, a partir daí, conquistar

confiança.

O medo é um mecanismo natural de defesa que foi aperfeiçoado pelo homem desde os tempos primitivos.

Naquela época por exemplo quando as pessoas viam um raio caindo, com receio de serem atingidos, fugiam para se

proteger. Com o tempo, o organismo foi aprendendo a se proteger para fugir mais depressa. Então, quando o homem

via caindo um raio e ficava com medo , antes que começasse a fugir ocorria uma descarga de adrenalina que

aumentava a pressão sanguínea, fortalecia os músculos e o preparava para uma fuga mais rápida.

O ser humano herdou esse mecanismo de defesa. Hoje, quando alguém sente medo, sofre esta descarga de

adrenalina para que possa se movimentar mais depressa, enquanto ela vai sendo metabolizada. Só que, no caso de falar

em público, ou até mesmo em situações mais reservadas, como diante de um juiz, o advogado sente medo, sofre a

descarga de adrenalina – para que possa se movimentar mais rápido durante a “fuga” - , mas não pode fugir. Por esse

motivo, a adrenalina permanece um tempo maior no organismo e provoca a confusão que todos conhecem: as pernas

tremem, as mãos suam, o coração bate mais forte. A voz enrosca na garganta e até os pensamentos maravilhosos que

eram tão claros antes de falar desaparecem nessa circunstância.

7.1.3 As causas do medo

Agora que são conhecidos os mecanismos do medo, fica mais simples compreender as suas causas na hora de

falar em público. São três os motivos do medo de falar em público.

Falta de conhecimento sobre o assunto, isso é de todos os detalhes do processo em que está

envolvido, durante a apresentação estará sempre seguindo por um caminho desconhecido, com receio

de esquecer algum dado importante ou até de que apareça uma questão para a qual não teria resposta

apropriada. Temendo que esse fato possa mesmo ocorrer, entra em funcionamento o mecanismo do

medo e, com consequência, a descarga de adrenalina para “proteger” o comunicador que fica nervoso.

A falta de prática no uso da palavra em público é também muito comum entre os comunicadores

iniciantes. Desenvolver uma atividade desconhecida diante de pessoas e, muito provavelmente, ficará

temeroso de fazer mal esse trabalho, pois, se não se sair bem, sua imagem também poderá ser

prejudicada. Com receio de que o resultado possa ser esse, mais uma vez entra em funcionamento o

mecanismo do medo e, como consequência, a presença da adrenalina para “proteger” o orador com

medo.

A falta de autoconhecimento – O conhecimento completo do ser humano é matéria de estudos que

tem encantado e surpreendido os especialistas. Em uma determinada situação o ser humanos age de

uma forma,contudo em outras situações, varia o seu comportamento. Principal quando está diante de

uma plateia é que ele não sabe mesmo quem é (isso se não estiver preparado). Tem-se dito que existe

dentro do emissor, dois oradores distintos: um real e outro imaginado. O real é o verdadeiro, aquele que

as pessoas veem efetivamente. O imaginário é fruto da imaginação, aquele que imaginado é construído

principalmente pelos registros negativos que recebe da plateia ou público – os momentos de tristeza, de

derrota, de cerceamento pelos quais se passa ao longo da vida. Esses registros forma uma autoimagem

negativa, distorcida, diferente da imagem verdadeira que se possui.

Isto é auto sugestão A auto sugestão é a implantação de uma idéia de si mesmo, por si mesmo. Sendo que quando disser “tenho medo

de falar em público”, esta fortalecendo e entronizando um pensamento negativo.

Certas expressões como; “eu queria muito”, significa “eu não posso”, e desta forma nada se consegue, porque perde a

luta antes mesmo de havermos lutado.

O homem é o que pensa.

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Trazer à imaginação, as mensagens de inteligência:

Sentirei calma, tranquilidade;

O ser que me intimida é apenas uma pessoa humana; Tenho algo a dizer, fruto de estudos, de experiência, e direi tudo com confiança e naturalidade;

Posso dizer! É claro que se receber da inteligência a mensagem “não fale nada, você não estudou o assunto”, nesse caso, o

medo do fracasso tem suas raízes na realidade. O remédio é ir à busca dos conhecimentos necessários.

É inteligente ter a consciência das próprias imperfeições, das falhas, para que seja possível corrigi-las. Mas tudo

em suas reais proporções.

1.1.4 O Aperfeiçoamento Pessoal do Orador

O homem é um ser que aperfeiçoa. Pela instrução conhece a vida, pela educação, adapta-se à vida, e pela cultura

e o trabalho, eleva-se na vida.

A oratória exige aperfeiçoamento pessoal. É a leitura, principalmente, o estudo e interpretação, que oferece ao

homem a preciosa oportunidade de se aprimorar física, intelectual e moralmente.

Nos livros e pesquisas é que se recolhe o material a ser utilizado nas palestras, nos discursos eventualmente ou

frequentemente proferidos.

O homem silencioso, (aquele que não expressa suas concepções), não é suficiente útil no grupo social. Falar,

sim, mas sempre para dizer alguma coisa útil.

Todas as profissões de todas as categorias necessitam de leituras, quer para o aprendizado, quer pela constante

atualização. Sendo o interesse concentrado no livro, no assunto, esquece-se do mundo. Se o pensamento desvia-se

esquece do livro. Com o hábito do exercício, aumenta-se o poder de concentração, com metodologia bem

desenvolvida, não se perde o foco.

Entretanto, ler uma vez é pouco. Por maior atenção que tenha, escapam-se, preciosos pormenores e sutilezas de

estilo. Deve-se fazer funcionar o velocímetro do bom senso, para acusar o excesso de velocidade. Ler e reler

cuidadosamente para assim se usufruir ao máximo. É importante que se acrescente: Ler, reler e para reter!

Ao lado ter a caneta ou o computador, para gravar, recortar, colar os apontamentos, as notas marginais. A

melhor memória é a caneta ou o arquivo no seu computador ou banco de dados.

Conhecer o assunto com profundidade

Participar de cursos de aperfeiçoamento é uma necessidade, e há muito, muito tempo, deixou de ser uma

despesa, mas tornou-se um investimento.

Disse Rui Barbosa:

“Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O

saber não está na ciência alheira, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias, que se geram dos

conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila.”

Oração aos Moços, págs. 39 e 40.

Isaque Newton dizia: “O que sei é uma gota d’gua; o que ignoro um oceano.”

A escola da vida tem uma só disciplina: A observação.

A observação racional, disciplinada, metódica, é que confere resultados apreciáveis, propicia a interpretação

correta.

1) Ver

Muitos olham, mas não vêem, desprezam pormenores, contentam-se com as aparências.

2) Escutar

Muitos ouvem, mas não escutam. Apenas percebem os sons do ambiente, as vibrações que a voz humana

produz no ar atmosférico. Bom e razoável é selecionar os sons, distinguir o que há de certo e errado nas palavras

humanas.

O envaidecido, pretensioso, nem mesmo dá oportunidade que se lhe fale. Tagarela o tempo todo, como se fora,

porta voz da sabedoria universal.

Tão importante quanto falar bem, é escutar bem. Escutando, aprende-se, e muito. Uma frase bem ouvida, bem

assimilada, pode mudar o curso de vida. Calar para escutar, escutar para aprender. A reflexão constitui-se em

poderosa concentração com intuito determinado. O orador busca na reflexão os motivos e o roteiro de seus discursos. E

é nela que os líderes plasmam.

Quais são as qualidades que um homem ou uma mulher deve possuir para ser um orador eficiente? Acontece

que, às vezes, um orador é fraco em um ponto, contudo compensa em outro.

Praticar e adquirir experiências é de suma importância, não ter medo de errar e refazer e pagar o preço. O

medo não desaparece, mas domina-lo é indispensável.