odonto magazine nº 39 - abril/2014

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www.odontomagazine.com.br Saúde bucal do bebê Reportagem Ano 4 - N° 39 - Abril de 2014

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Apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas.

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www.odontomagazine.com.br

Saúde bucal do bebêReportagem

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3Abril de 2014

Editorial

A Copa do Mundo e a Odontologia brasileira

Augusto Roque NetoMembro de Conselho Científico

Presidência & CEOVictor Hugo Piiroja

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7732

Publicidade - Gerente ComercialChristian Visval

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7740

Publicidade - Gerente de ContasIsmael Pagani

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7724

Publicidade - Gerente de ContasRosana Alves

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7723

Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385)

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7734

FinanceiroRodrigo Oliveira

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7727

Assistente AdministrativoMichelle Visval

e. [email protected]

MarketingTomás Oliveira

e. [email protected]

DesignersCristina Yumi

e. [email protected]. + 55 (11) 2424.7737

João Corityace. [email protected]

Felipe Barrose. [email protected]

Flávio Bissolottie. [email protected]

Web Designer

Robson Mouline. [email protected]

Analista de SistemasFernanda Perdigão

e. [email protected]

SistemasWander Martins

e. [email protected]

Conselho CientíficoAlice Granthon de Souza, Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre.

A RevistaA Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal infor-mações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comer-ciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. A distribuição é gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor.

Odonto Magazine Onlines. www.odontomagazine.com.br

Tiragem: 37.000 exemplaresImpressão: HR Gráfica

Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500

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Edição: Ano 4 • N° 39 • Abril de 2014

Olá, amigos!O título parece um tanto futebolístico demais para uma revista profissional odontológica, porém, tem tudo a ver.Se pararmos para pensar, vamos perceber que ambos os citados possuem um ponto em co-mum: a falta de planejamento. “Como assim?”, dirão os profissionais. Então, vamos avaliar! Muito foi falado sobre a Copa do Mundo 2014. Os brasileiros contariam com novos ae-roportos, novos metrôs, facilidades de locomoção, etc. O que enxergamos? Aeroportos fazendo ‘puxadinhos’, estádios sem infraestrutura para acomodar o torcedor. Investimen-tos em telecomunicações e transportes? Bem, ‘vão’ estipular feriados nos dias de jogo, do contrário, corremos o risco de as cidades se tornarem um caos total. Isso se não chover.Bem, e o que o cirurgião-dentista tem a ver com isso tudo?Percebemos que a maioria dos profissionais está “migrando” para áreas mais rentáveis da Odontologia. Em uma rede social, uma colega se queixava que não havia mais perio-dontistas confiáveis, pois todos estão migrando para a Implantodontia, assim como para o segmento bucomaxilofacial.Muitos clínicos partem para a Ortodontia, pois os custos iniciais são menores. Fazem cur-sos com a duração de um final de semana e saem colocando aparelhos ortodônticos ‘a torto e a direito’. Perguntamo-nos: qual é a diferença dos aparelhinhos da famosa Rua 25 de março? O consultório?E os “Implantodontistas” resolvem tudo com uma panorâmica.O que, a nosso ver, está faltando é um planejamento que deve começar dos bancos acadê-micos. Melhor base teórica das cadeiras básicas, histologia, farmacologia, fisiologia, mate-riais dentários e demais, muito bem ministrados e com ênfase na área odontológica.Os cursos de especialização só deveriam aceitar alunos com alguma experiência clínica. O que observamos são cursos de aperfeiçoamento, atualização e especialização, algumas vezes de qualidade discutível, formando profissionais com profundas deficiências. É co-mum o endodontista só fazer Endodontia mecanizada, pois é moda; o implantodontista fazer emprego de técnicas minimamente invasivas em todos os casos; o especialista em Dentística Restauradora só se preocupar com estética, e assim vai.O que falta, e, cada vez mais faltará, é o planejamento, desde a orientação de sua vida pro-fissional, desde os bancos escolares, até a sua formação mais especializada.Em um curso ministrado de lentes de contato dentais, todos já tinham pacientes em seus consultórios com indicação de tal procedimento técnico. Fomos avaliar alguns alunos e, como resultado, obtivemos:» A maioria nunca havia realizado procedimentos específicos, como preparo e moldagem

de tais técnicas.» Não se preocupavam em fazer os preparos em moldagens do caso e os famosos mock-ups.» Não possuíam laboratórios habilitados para tais procedimentos.» Não contavam com conhecimento do tipo de material a ser utilizado.» Não tinham a mínima ideia das técnicas/materiais de cimentação.Consegue imaginar o resultado, não é?Então, a necessidade primeira é o planejamento, não só de sua vida profissional, mas tam-bém da sua vida pessoal. Pensem e avaliem muito antes de tomarem qualquer medida profis-sional. Os custos pessoais, de tempo e econômico são elevados, e a volta, muitas vezes, é bem difícil.Um grande abraço e até a próxima!

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Reportagem Saúde bucal dos bebês

EntrevistaSaúde bucal dos brasileiros: edentulismo em focoSérgio Ricardo Moura Saraiva

Espaço EquipeO papel do cirurgião-dentista no tratamento de indivíduos obesosAfonso Luis Puig Pereira

Ponto de VistaSituação atual da Odontologia em transplantes de órgãos e tecidosHéliton Spíndola Antunes e Paulo Sérgio da Silva Santos

Colunistas EstéticaRuth Andia-Merlin e Elcio Magdalena Giovani OdontopediatriaRubia Garcia Lopes e Sandra Kalil Bussadori GestãoPlínio Augusto Rehse Tomaz

Casos Clínicos

Remoção cirúrgica de paramolar em maxilaLarissa Barros Silva e Bruna César Dantas

Comparativo entre aparelho intraoral e CPAP no tratamento do ronco e apneia do sonoEdna A. Khoury, Luiz Roberto Godolfim, Karinne Alano Feuser e Ana Valesca Lothhammer Machado

Normas para publicação

pág. 20

pág. 34

Editorial

Programe-se

Notícias

Odontologia Segura

Produtos e Serviços

SumárioAbril de 2014 • Edição: 39

4 Abril de 2014

Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.

6 Abril de 2014

Abril22º COPEO - Congresso Pernambucano de Odontologia03 a 06 de abril de 2014Com um novo desenho, que congre-gará profissionais e estudantes da Odontologia e áreas afins de todo país, o Copeo trará atividades cien-tíficas interativas, onde serão abor-dados assuntos que vão do foco das especialidades à atuação generalista e multiprofissional, com discussões nas arenas científicas, cursos de cur-ta duração, encontros de especiali-dades, eventos paralelos, bem como a apresentação e premiação de pôs-teres digitais, bancadas clínicas e fó-runs científicos.

Recife – PE www.copeo.com.br

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Implante In Rio04 e 05 de abril de 2014O grupo Implante in Rio surge com o objetivo de disseminar a informa-ção da Implantodontia para den-tistas e acadêmicos. Servirá, ini-cialmente, como uma página para discussão de casos, divulgação de eventos e produtos da área de Im-plantodontia.

Rio de Janeiro – [email protected]

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2ª Odonto Management Brazil 28 e 29 de abril 2014A OMB 2014 é a principal conferência de Gestão Estratégica na Odontologia com foco executivo-estratégico para gestores, sócios e proprietários de clínicas e consultórios de Odontolo-gia no Brasil. O evento tem a missão de prover con-teúdo de alto nível para equipar, de-senvolver e profissionalizar o mercado odontológico com melhores práticas e ferramentas de gestão.

São Paulo – SPwww.odontomanagementbrazil.com.br

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MaioDental Meeting - Niterói 20148 de maio de 2014Renomados profissionais reunidos em um único dia para apresentar novas técnicas da Odontologia brasileira.

Niterói - RJwww.odontoimersao.com.br

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2º Meeting Internacional de Ortodontia29 a 31 de maio de 2014O evento contará com grandes nomes da Ortodontia, como Jorge Ayala, Al-berto Consolaro, Liliana Maltagliati, Eduardo Santana e Mauricio Sakima.

Barra da Tijuca – RJwww.meetingortodontiaiom.com.br

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JulhoXX CORIG – Congresso Odontológico Rio-Grandense09 a 12 de julho de 2014A comissão organizadora já começou a planejar a grade científica do evento, que terá a participação de ministrantes nacionais e internacionais. O evento contará com a temática “Odontologia: abrindo novos horizontes”.

Porto Alegre – RSwww.corig.com.br

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XXII Congresso Brasileiro de Estomatologia e Patologia Oral23 a 26 de julho de 2014Com o tema principal “Avanços bio-lógicos e tecnológicos no contexto do diagnóstico oral”, o evento visa opor-tunizar a estudantes, profissionais e pesquisadores, discussões acerca dos avanços e práticas integrativas em saúde; fomentar a divulgação científica e o intercâmbio entre estu-dantes, profissionais e pesquisado-res e instituições interessadas na te-

mática central do evento; e estimulara produção de conhecimento na pers-pectiva da transdisciplinaridade.

Campina Grande – PBwww.sobep2014.com.br

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Agosto8º SBO Ortopremium13 a 16 de agosto de 2014A programação científica do evento foi elaborada visando a oferecer um evento diversificado e inovador com cursos de treinamento prático (han-ds on), cursos de credenciamento, curso internacional, simpósio multi-disciplinar e palestrantes nacionais renomados.

Rio de Janeiro – RJwww.sbo.org.br

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17º Congresso Latino-Americano ALOP21 a 23 de agosto de 2013A realização da 17ª edição do Congresso ALOP está a cargo da Associação Pau-lista de Odontopediatria (APO-SP), filia-da a ABO-Odontopediatria. O congresso contará com uma progra-mação científica que abrange todas as necessidades atuais dos profissionais, com a presença de ministradores envol-vidos com a ciência e com o ensino.

São Paulo – SPwww.congressoalop2014.com.br

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Setembro19º Congresso Brasileiro de Ortodontia 25 a 27 de setembro de 2014Durante três dias serão oferecidas aos participantes visões, ciências e experi-ências clínicas com o melhor da tecno-logia mundial.

São Paulo – SPwww.ortociencia.com.br/Orto2014

Programe-sePrograme-se

Uma década de Programa Brasil SorridenteLançado em março de 2004, o Programa Brasil Sorridente já beneficiou quase 80 milhões de brasileiros nos seus 10 anos de existência. Considerado o maior programa de saúde bucal do mundo, em uma década, 1.000 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO’S) foram inaugurados e outros 205 estão em fase de construção. Além dos centros, a população tam-bém é atendida em Unidades Básicas de Saúde que possuem equipes de saúde bucal.Primeira política nacional feita especificamente para tratar de saúde bucal no país, o programa mudou a realidade do acesso da população ao tratamento odontológico gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo, além das ações de prevenção e tratamento básico, o atendimento es-pecializado e a reabilitação em saúde bucal. Em 2013, mais de 415 mil próteses dentárias foram entregues, por meio dos Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias, presentes em 1.465 municípios.Para prestar atendimento à população tanto nos CEOs como nas Unidades Básicas de Saúde, o programa conta com 23.150 Equipes de Saúde Bucal (ESB) espalhadas em 4.971 municípios – o que corresponde a uma cobertura de 89,2% dos municí-pios. Os mil CEOs implantados estão distribuídos em 808 mu-nicípios. Somente em 2013, o Ministério da Saúde investiu R$ 1 bilhão, em todo o país, em recursos destinados às Equipes de Saúde Bucal e também em investimentos nestes centros.O número de equipes trabalhando aumentou 543%, desde 2002. Atualmente, são 23.150, sendo que em 2002 eram 4.261 equipes. O SUS também emprega 30% dos dentistas do país: são 63.584 profissionais atuando na rede pública. Em 2002, este número era de 40.205, o que significa um aumento de 49%.A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – SB Brasil 2010 demons-trou queda de 26% na incidência de cárie na faixa etária de 12 anos, entre 2003 e 2010, fazendo com que o Brasil passasse a fazer parte do grupo de países com baixa prevalência de cá-rie dentária, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Também houve redução no número de dentes afetados por cá-ries e ampliação no acesso aos serviços de saúde bucal para as faixas etárias de 15 a 19 anos; 35 a 44 anos; e 65 a 74 anos.Fonte: Ministério da Saúde

8 Abril de 2014

Notícias

10 Abril de 2014

A 17ª edição do Congresso Latino-Americano de Odontopediatria acontece em São Paulo, nos dias 21 e 23 de agosto de 2014.Apoiado pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP, o evento será realizado pela Associação Paulista de Odontopediatria (APO), Associação Brasileira de Odontopediatria (abo-odontopediatria) e a Associação Latino americana de Odontopediatria (ALOP).Com o tema “Odontopediatria - um olhar latino-americano”, a grade científica abrange todas as necessidades atuais do clínico, com a presença de ministradores envolvidos com a ciência e ensino. Para a Dra. Adriana Mazzoni, especialista em Odon-topediatria, a participação dos colegas une opini-ões e renova os trabalhos executados nos consultó-rios. “A parceria com a América-Latina nos atualiza em relação a todo o continente, fazendo com que a Odontopediatria se desenvolva para todos e na mesma direção”. Para obter mais informações, envie um e-mail para [email protected]

Atualização odontológica

Saúde bucal das crianças

Entre os dias 14 e 17 de maio, a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP promove a 27ª edição do Congresso Odontológico de Bauru (COB) e a segunda edição do Meeting Erosion, com pesquisadores nacionais e internacionais.Com o tema “Qualidade de vida: a importância de atender inte-gralmente o seu paciente”, o objetivo do COB é chamar a aten-ção do profissional da área odontológica sobre seu papel de contribuir com a qualidade de vida a partir de procedimentos que vão do diagnóstico, prevenção ao tratamento e controle da saúde bucal. A coordenação científica do congresso é da professora Linda Wang.Os eventos integram a programação de aniversário da FOB, que comemora 52 anos no mês de maio. Também está pre-vista a realização de um encontro de profissionais que par-ticiparam do Programa de Educação Tutorial (PET), desde sua criação.As inscrições devem ser realizadas pelo site até dia 7 de maio. A partir do dia 8 de maio, só poderão ser feitas pessoalmente na FOB. Os preços variam de acordo com a categoria do inte-ressado e a data de inscrição.A FOB está localizada na Alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75, Bauru, SP.Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone (14) 3235-8000 ou pelo e-mail [email protected]

Notícias

Odontologia Segura

12 Abril de 2014

Apesar da profissão de ASB (Auxiliar em Saúde Bucal) ter completado sete anos de regulamentação, muitos ques-tionamentos têm ocorrido acerca da qualidade da mão

de obra e formação desses profissionais.Entendo que se faz necessário, novamente, um esclarecimento pautado nas leis e resoluções recentes do CFO. Acompanhe um resumo que objetiva esclarecer uma série de questões a res-peito do assunto.A Lei nº 11.889, de 24 de dezembro de 2008, que regulamenta a profissão do ASB - Auxiliar em Saúde Bucal, sancionada há 18 meses, modificou, totalmente, o panorama dos serviços odon-tológicos no território nacional e, sobretudo, nos grandes cen-tros urbanos, como São Paulo.Era uma luta dos profissionais auxiliares que atuavam como membros da equipe odontológica sem o devido reconheci-mento legal. Foram mais de duas décadas de reivindicações e, finalmente, aconteceu, por conta de fatores relacionados à saúde ocupacional, biossegurança e outros.Para se habilitar à profissão de ASB, o interessado deve ter, no mínimo, um curso de qualificação de 300 horas registrado no CFO, segundo prevê a Resolução CFO-85 de 30 de janeiro de 2009, que complementa a lei nº 11.889. Esse conjunto de leis faz com que o mercado de trabalho do ASB cresça a cada dia, pois todo profissional auxiliar que atua dentro da sala clínica deve ter o registro no CFO.

Muitos esforços têm sido feitos pelos governos federal, estadu-al e municipal no sentido de ampliar a assistência em saúde bu-cal. Desta forma, centenas de vagas são abertas, anualmente, para o ASB no PSF (Programa de Saúde da Família).A cobertura da população brasileira por equipes de saúde bucal é cinco vezes maior desde 2002, passando de 7% para os atuais 37%. A capacidade de oferecer procedimentos especializados aumentou quatro vezes no mesmo período: de seis milhões de atendimentos por ano - em 10 anos - para mais de 30 milhões hoje. De acordo com o Ministério da Saúde, esses resultados se devem ao programa Brasil Sorridente, que ampliou os recursos anuais para a área em 13 vezes: dos R$ 58 milhões em 2002 para cerca e 1 bilhão em 2013.A cada mês são abertas inúmeras oportunidades para o ASB no PSF, sendo muito comum que o processo seletivo termine sem o preenchimento das vagas, tamanha falta de profission-ais qualificados na praça. Isso se agrava, ainda mais, na escas-sez de profissionais gabaritados na área privada.Vale a pena investir na qualificação de nossos auxiliares ainda não credenciados no CRO e que trabalham de forma irregular. Lembrando que é uma exigência do CFO, desde 2009.O ASB é o nosso ‘braço direito’ e necessita de informações téc-nicas específicas para que o nosso trabalho tenha mais eficiên-cia e qualidade.Até a próxima edição!

Equipe auxiliar: carência de mão de obra qualificada

Lusiane BorgesBiomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização - FAMESP. Pós-Graduanda em  Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www.portalbiologica.com.br.

14 Abril de 2014

Com a Lava™ Ultimate, a 3M ESPE conseguiu combinar as características das resinas compostas com as caracte-rísticas das cerâmicas, criando, assim, uma nova e inova-dora categoria de material. O Lava™ Ultimate é uma resi-na nano cerâmica em bloco para a confecção de próteses dentárias em fresadoras CAD/CAM. O diferencial do produto é a inovadora tecnologia nano cerâmica, exclusividade da 3M ESPE. Este novo material é constituído por cerca de 80% de partículas nanocerâmi-cas, incorporadas em uma matriz orgânica altamente poli-merizada, através de um processo exclusivo e patenteado. Essa combinação resulta em um desempenho único com alta resistência à flexão (200 MPa), resistência ao desgas-te, retenção do brilho e do polimento e alta resistência ao manchamento.A resina possui um módulo de elasticidade comparável ao apresentado pela dentina, o que permite absorver melhor as cargas mastigatórias, de modo a reduzir a tensão sobre as restaurações, evitando, assim, o lascamento e a fratura da coroa. Esta característica é importante, principalmente para coroas sobre implantes, uma vez que, nesses casos, não há ligamento periodontal.www.3mespe.com.br

Resina nano cerâmica

“Odontologia para o Músico de Sopro”, de autoria do Dr. Alexandre de Alcântara, é o lançamento da Keyboard Editora.O livro traz, pela visão do dentista, questões importantes sobre a saú-de e estética bucal para o bem-estar físico e eficiência do profissional de sopro. Estudos comprovam que todos os movimentos realizados repetida-mente e com muita frequência podem gerar algum tipo de dano ou lesão ao corpo humano. Com os instrumentos musicais bucais não poderia ser diferente. Estas observações e o interesse em entender a relação entre os mú-sicos sopro-instrumentistas, seus instrumentos e a fisiologia bucal, levaram o Dr. Alexandre de Alcântara a escrever a obra, não objeti-vando ensinar técnicas ou protocolos, mas, sim, chamando a aten-ção dos cirurgiões-dentistas para os músicos sopro-instrumentistas e vice-versa, mostrando que a classe odontológica precisa de pro-fissionais interessados em aprender e desenvolver procedimentos que ajudem no equilíbrio bucal dos referidos profissionais, já que a grande maioria vive em situações de pressão constante e dedica-se a horas de estudo estafantes. Uma obra importante e madura, possuidora de ingredientes necessá-rios para torná-la uma recomendação de leitura indispensável, tanto para o profissional da música, quanto para a classe médica odontoló-gica, ocupando lugar de destaque na pesquisa e na difusão de infor-mações sobre as interações entre a saúde bucal e a funcionalidade dos dentes na atuação dos instrumentistas de sopro, revelando, assim, a importância da aproximação desses dois universos.www.keyboard.art.br

Música e saúde bucal

Produtos

16 Abril de 2014

Produtos

A obra “Dentística: uma abordagem multidisciplinar” foi escrita e organi-zada pelo professor da Universidade Anhanguera Educacional, Camillo Anauate Netto, e pelos professores José Carlos Pereira e Silvia Alencar Gonçalves, com mais de 60 renomados colaboradores em 16 capítulos e 324 páginas. Os organizadores contaram com a participação dos docen-tes do Programa de Mestrado de Biomateriais da Universidade Anhan-guera e de pesquisadores renomados que produziram uma obra didáti-ca, ilustrada e acessível.Editado pela Artes Médicas, o livro aborda, de forma atual e inovadora, a Biologia Molecular aplicada a Dentística, o manejo da dor em Dentística, a remoção parcial da dentina cariada, as novas perspectivas dos prepa-ros cavitários para restaurações diretas, a intervenção ortodôntica aliada aos procedimentos restauradores, os princípios e procedimentos perio-dontais aplicados a Dentística, dentre outros assuntos. A obra é referência para estudantes de Odontologia, professores e pro-fissionais em seu dia a dia. www.grupoa.com.br

O ResinBox é a mais nova aposta da Coraldent. Trata-se de um dispenser para seringas de resinas utilizadas em estética restauradora.Com nada parecido no mercado, o ResinBox tem entre suas utilidades, armazenar, transportar e organizar as seringas de resinas de diferentes marcas e cores em um só lugar. Não se limitando apenas nas seringas, a escala de cores, recipiente de adesivos e até pinceis possuem o seu lugar certo no ResinBox. A empresa ainda desenvolveu um broqueiro projetado especialmente para o ResinBox, que se adapta perfeitamente na frente ou parte poste-rior do produto, ficando mais próximo ou mais distante do profissional, que decidirá em qual situação lhe será mais conveniente.Pode ser levado para a geladeira ou armário, sem que as seringas de dife-rentes marcas se misturem, ou se preferir, pode ser disposto na bancada de trabalho, pois é de excelente estética e combina com a decoração.www.coraldent.com.br

Mais sobre Dentística

Tempo e qualidade de trabalho

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VIPI apresenta o Duolay Gel, o gel de resina vermelha fotopolimerizável pronto para usar. O gel chegou para melhorar o tempo de trabalho no laboratório ou no consultório. Os bicos dosadores de metal dão a pos-sibilidade de aplicação direta no trabalho a ser executado, garantindo ao profissional flexibilidade e agilidade no preparo de modelos para fundição, além de uma concentração mínima de polimerização e cura rápida. Duolay Gel apresenta, após a moldagem, uma superfície lisa que pode ser queimada sem deixar resíduos no anel.As aplicações podem ser realizadas em contorno anexo de precisão telescópica; contorno de pilares de implantes indivi-duais; contorno de pontes adesivas, inlays e onlays; contorno de elementos para a transmissão pantográfica; coping para confecção de próteses fixas; casquetes para prótese fixa; estruturas para cerâmica prensada, como laminados inlays; etc.Entre os diferenciais do produto, estão: mínima contração; mais seguro, evita retrabalho; queima sem deixar resíduos; rápi-do para modelar; alta precisão; fácil manuseio para iniciantes; não tem cheiro.O tempo de trabalho poderá variar, dependendo do fotopolimerizador utilizado.www.vipi.com.br

Flexibilidade e agilidade

18 Abril de 2014

Produtos

A promessa para junho deste ano é que os sorrisos estarão estampados nos rostos dos brasileiros, torcedores ou não. Afinal, a vitória nas parti-das de futebol é esperada e não há nada mais gostoso do que comemorar com um sorriso e o grito de gol.Para participar do evento e trazer para dentro de casa as cores do Brasil, entra em campo a versão Curaprox Brasil de 5460 cerdas ultramacias, que passa a fazer parte da seleção escalada para mandar as cáries para escanteio. A nova versão vem em pares, pois, quando juntas, formam a bandeira nacional. Os cabos continuam anatômicos, fashion e coloridos, prestigiando as cores da bandeira. “O cabo oitavado possibilita a angulação correta durante o ato da esco-vação, onde a escova deve ficar inclinada em um ângulo de 45° (metade das cerdas apoiada sobre a coroa dental e metade apoiada sobre a mar-gem gengival). Sempre vale destacar que, a grande quantidade de cerdas possibilita desorganizar a placa bacteriana de forma atraumática e sem prejudicar o brilho do esmalte dos dentes”, garante o cirurgião-dentista e professor, mestre e doutor em Odontologia pela USP, Hugo Lewgoy.www.curaprox.com.br

Editora Santos apresenta a obra “Tratamento das Complicações em Cirurgia Bucomaxilofacial”.O livro, escrito por Michael Miloro e Antonia Kolokythas, apresenta o conteúdo abrangente e atualizado acerca da melhor conduta e tratamento nos casos de complicações resultantes de procedimentos realizados por cirurgiões bucomaxilofaciais. A especialidade de Cirurgia Bucomaxilofacial é uma das mais diversificadas em Odontologia e, por isso, requer atualização constante. Sendo assim, a obra apresenta uma abordagem sis-temática do reconhecimento, da complicação e da conduta para residentes em treinamento e cirurgiões que já realizam a cirurgia bucomaxilofacial. Cada capítulo apresenta as possíveis complicações encontradas durante a prática da cirurgia bucomaxilofacial, das mais comuns às mais raras, dos problemas simples aos mais complexos com os quais cada cirurgião bucomaxilofacial deve estar familiarizado. Além de ser uma fonte de consulta, é um ótimo recurso durante o preparo para exames, já que o reconhecimento da complicação e a conduta são essenciais na prática clínica. Nesta obra, os especialistas Miloro e Kolokythas dedicam-se às possíveis complicações de cada aspecto da cirurgia, incluindo anestesia, cirurgia do terceiro molar, cirurgia implantar, trauma-tismo maxilofacial, cirurgia ortognática, cirurgia da articulação temporomandibular, cirurgia de fenda labiopalatina, cirurgia oncológica de cabeça e pescoço, reconstrução de tecidos moles e duros, transferência de tecido livre e cirurgia estética facial.www.grupogen.com.br

Brasil e a saúde bucal

Sobre Cirurgia Bucomaxilofacial

O compressor Max Press Cristófoli possui um design compacto, desem-penho estável, grande capacidade de fluxo, além de propiciar fácil opera-ção e manutenção, oferecendo também um ano de garantia. O equipamento é adequado para consultórios com consumo de ar até 170 litros por minuto, e possui sistemas de segurança que garantem grande estabilidade no funcionamento, tornando-o mais eficiente e confiável. Max Press é isento de óleo, proporcionando um ar mais puro e limpo, garantindo grande eficiência nos procedimentos. O compressor ainda conta com reservatório de ar com pintura interna e dreno de alta eficiên-cia localizado na parte inferior central do reservatório.www.cristofoli.com

Novidade Cristófoli

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20 Abril de 2014

21Abril de 2014

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Saúde bucal dos bebês

Por: Vanessa Navarro

Cuidados bucais básicos durante a primeira infância podem fazer toda a diferença no decorrer da vida.

* Maria Salete Nahás Pires Corrêa é especialista, mestre, doutora e livre docente. Professora associada da disciplina de Odontopediatria do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Autora do livro “Conduta Clínica e Psicológica na Odontopediatria”, Editora Santos.

Estudos apontam que o ideal é que o bebê comece a frequentar o consultório odontológico antes mesmo de nascer, ainda no aconchego do ventre da futura ma-

mãe. Afinal, é no período de vida intrauterina que os dentes decíduos e outras estruturas bucais da criança são forma-dos. Segundo a Odontopediatra Maria Salete Nahás Pires Corrêa*, neste mesmo período, quaisquer problemas sistê-micos apresentados pela mãe podem prejudicar e alterar a correta formação dessas estruturas. “A saúde bucal da gestante é de suma importância, desde os primeiros meses de gestação, pois evita problemas perio-dontais, instalação da doença cárie e erosão dentária. Isso faz com que a gestante se mantenha alerta à saúde oral e crie hábitos e rotinas saudáveis, além de já começar a receber orientações de cuidados com o bebê”, explica a especialista em Odontopediatria e professora associada da disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universida-de de São Paulo.Após o nascimento, os cuidados com a saúde do pequeno devem ser intensificados. O bebê deve “se sentar” na cadeira do Odontopediatra antes mesmo do nascimento do primeiro dente, para que a mãe receba orientações detalhadas quanto às reais atenções com a saúde bucal do filho. “Além disso, o bebê pode apresentar problemas em tecidos moles, como freio lingual curto, hematomas de erupção, epúlide, entre outras al-terações que necessitam de cuidados específicos do Odonto-pediatra”, esclarece a especialista. Diferente do documento destinado às crianças, jovens e adul-tos, o prontuário odontológico do bebê deve apresentar as in-formações completas e abrangentes sobre a saúde geral e bu-cal da mãe e de outros familiares. Segundo a Dra. Maria Salete, a ficha clínica se baseia no exame dos tecidos moles e gengiva. Neste momento, evidentemente, a famosa seção Odontogra-ma não será completada. “Com o crescimento e o desenvolvi-mento da dentição decídua, essas informações serão, gradati-vamente, preenchidas, e o prontuário odontológico do bebê se ‘transformará’ no prontuário da criança”. Para os profissionais de saúde bucal, a criança pode ser consi-derada bebê até os três anos, período em que acontece a erup-ção dos 20 dentes decíduos, porém, antes mesmo de nascer o primeiro dentinho, o pequeno paciente precisa contar com cuidados específicos.A higiene oral antes da erupção dentária deve ser realizada com gaze, fraldas ou lenços umedecidos indicados pelo profissional

de saúde bucal. A limpeza deve ser realizada uma vez ao dia. “Esta higienização deverá ser realizada após a amamentação noturna, para a remoção somente dos restos de leite estagna-dos nas comissuras labiais e na cavidade oral, ou nos casos em que ocorrer regurgitação”, aconselha a Odontopediatra.Após a erupção do primeiro dente, a higiene bucal precisa ser realizada com a utilização de escova dental. “O Odontopediatra deve orientar os responsáveis pela criança a realizarem a hi-gienização dos dentes com escova dental adequada após cada refeição”, acrescenta. A Dra. Maria Salete ainda indica o uso de escova infantil asso-ciado à pasta fluoretada, desde o nascimento do primeiro dente decíduo do bebê. O ideal é que a escova usada seja de cabeça pequena, cerdas extramacias e de tamanho compatível com a cavidade bucal do bebê. Recomenda-se o uso de pasta fluore-tada com concentração de F entre 1,000 a 1,500 PPM, sendo que para encontrar o melhor equilíbrio entre evitar o risco de fluorose e prevenir a cárie dentária, o ideal é usar uma peque-na quantidade de pasta até os três anos de idade. “A frequên-cia de escovação em bebês sem atividade de cárie é de duas vezes por dia, sendo a escovação noturna a mais importante. Os responsáveis sempre devem ser aconselhados a escovar os dentes dos seus filhos e os únicos a dispensarem a pasta na escova até, aproximadamente, os sete anos de idade”, orienta. Segundo a especialista, a escolha da escova dental é extre-mamente importante para obter os resultados esperados com uma eficaz higienização oral. “A escova dental ideal deve pos-suir cerdas flexíveis, extramacias e arredondadas; cabo longo (10 a 13 cm) e cabeça pequena (1 a 1,5 cm), suficiente para cobrir de dois a três dentes por vez. Escovas unitufos ou bitufos também podem ser indicadas”. A Dra. Maria Salete ressalta a importância da fase que vai do nascimento até um ano de idade, momento de grandes desco-bertas. “A criança explora o corpo e os arredores por meio da boca. Com a erupção dos dentes, o bebê aprende a mastigar; e, a partir de um ano, já está mais seguro em relação às suas escolhas. Aos três anos, em média, o pensamento se completa, e a criança tem condições de colaborar e se comunicar com o profissional”.

Nutrição e cuidados específicosOs hábitos e as escolhas dos pais influenciam, e muito, no de-senvolvimento do bebê. Decisões sábias, no momento correto, podem fazer toda a diferença não só na saúde bucal, mas na

22 Abril de 2014

Reportagem

O melhor atendimento odontológico se baseia em uma relação mútua de confiança entre o profissional e os pais

saúde geral da criança, é neste momento que o cirurgião-den-tista deve entrar em cena. Influenciar positivamente também é uma maneira de cuidar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saú-de recomendam aleitamento materno exclusivo por seis me-ses e complementado até os dois anos ou mais, se possível; e ainda frisa que o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora-oral. “A amamentação desenvolve corretamente os ossos da face e favorece uma dentição mais saudável. Além disso, as crianças resistem melhor às infecções e se tornam mais seguras emo-cionalmente”, aponta a Odontopediatra. Durante a amamentação são realizados movimentos muscu-lares de avanço e retração. Com isso, a articulação da maxila e mandíbula - articulação têmporomandibular (ATM) - recebe estímulos neuronais constantes, o que promove o crescimento da mandíbula, fazendo com que se encontre em posição ideal para a erupção dos dentes de leite.A Dra. Salete afirma que o papel da alimentação é importante não só como função nutricional, mas também pela sua grande influência no desenvolvimento das funções orais. Todo bebê, ao nascer, está preparado para sugar. Ele possui rebordos gen-givais e o impulso natural da sucção. Com o crescimento e de-senvolvimento, os dentes irrompem, preparando-o para uma alimentação diferente daquela que recebia. Aos seis, sete meses de idade ocorre a erupção dos incisivos inferiores e, com isso, o impulso da sucção diminui, o qual é substituído pelo impulso da apreensão. Nessa fase, a criança se encontra em um período de transição alimentar, que com-preende uma alimentação mista, com suco e papas de frutas,

cereais e tubérculos, além de papinhas com acréscimo de pro-teínas (carne, frango e peixe). “É importante que, nessa nova fase, a criança receba alimen-tos para começar a morder. Aos oito e nove meses, a dieta po-derá ser a mesma, aumentando a consistência dos alimentos, de amassados para aos pedaços. Após a erupção dos incisi-vos, inicia-se a modificação do tônus muscular, ou seja, toda a musculatura da boca vai se fortalecendo e se desenvolven-do para a mastigação com modificação da dieta. O primeiro molar decíduo erupciona por volta dos 16 meses, alterando o padrão mastigatório, tornando a mastigação mais eficiente, permitido a criança ingerir alimentos mais sólidos”, esclarece. Vale ressaltar que, neste período, recomenda-se diminuir a frequência diária de ingestão de sacarose em até quatro vezes por dia.Em relação às mamadeiras e chupetas durante o período da primeira infância, a especialista defende que o uso de tais ar-tifícios pode influenciar, de forma negativa, na saúde bucal do bebê. “A mamadeira é um fator predisponente para a instala-ção de hábitos de sucção não-nutritiva, tais como sucção de dedo e chupeta, já que as necessidades psicoemocionais do bebê não estão sendo supridas quando o bebê não faz alei-tamento materno. Por tal motivo, recomenda-se, sempre que possível, o uso de aleitamento materno exclusivo e o uso de canecas de transição depois de desmame. Além disso, quando do uso de chupetas, a recomendação é que a mesma seja re-movida junto com o desmame, depois do primeiro ano de vida do bebê, quando cessa a sucção fisiológica; ou, no máximo, até os quatro anos de idade, quando ainda há possibilidade de resolução fisiológica de possíveis mordidas abertas ante-riores. O uso das chupetas deve ser restringido aos momentos de sono e soneca da criança, e não de forma indiscriminada”, alerta a Odontopediatra.

23Abril de 2014

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A doença cárie De acordo com a Federação Dentária Internacional (FDI), 90% da população mundial terá alguma doença bucal ao longo de sua vida, de cárie a doenças periodontais e câncer bucal. De todos esses problemas, a cárie é o que mais afeta a população brasileira. Segundo dados do Ministério da Saúde, 56% das crianças com 12 anos de idade têm a doença. Bebês de 18 a 36 meses já têm, em média, um dente cariado. Aos cinco anos de idade mais de 53% das crianças têm mais de dois dentes de leite cariados.O atual panorama já foi muito pior, se comparado à última dé-cada. Hoje, é possível afirmar que medidas preventivas, entre elas a visita periódica ao cirurgião-dentista, podem reduzir em 69% a incidência da doença entre os pequenos pacientes na faixa etária de zero a três anos. Embora a cárie dentária seja considerada uma doença infeccio-sa, pesquisas apontam que não existe a transmissão de uma pessoa para a outra. “Durante muito tempo, acreditou-se na teoria de que a cárie dentária era causada pelo Streptococcus Mutans, uma bactéria presente na cavidade bucal do biofilme dentário. Entretanto, estudos nessa área têm mudado o paradigma da doença e, hoje em dia, sabemos que a cárie é uma patologia que não depende apenas da bactéria, mas de vários fatores biológicos e ambientais. Esses fatores influenciam o indivíduo e a pre-sença de desequilíbrio entre a placa bacteriana (formada por vários tipos de bactérias produtoras de ácidos fermentáveis da sacarose, entre elas o S. Mutans), o hóspede (dente) e os demais fatores, ocorrendo assim, o processo de desminera-lização do tecido dentário, conhecido como cárie dentária. Esse desequilíbrio pode ser interrompido, principalmente, pela desorganização dessa placa por meio da escovação, possibilitando controlar e paralisar a doença”, elucida a Dra. Maria Salete. “Porém, é importante ressaltar que existe a transferência de micro-organismos da saliva, como o S. Mu-tans ou Lactobacillus, da mãe para o bebê, sem que isso sig-nifique que o bebê desenvolverá a doença. O que muitas vezes acontece é uma transferência de hábitos de higiene, principalmente de pais para filhos, o que faz com que a criança possa desenvolver lesões de cárie, devido ao dese-quilíbrio já mencionado, pela aquisição de maus hábitos de higiene bucal”, complementa. Para um exame clínico adequado da cavidade bucal, de forma mais padronizada e confiável, sistemas de diagnóstico, como os índices para observar lesões de cárie têm sido propostos. Os mais conhecidos e utilizados são ceo-d, que observam o número de dentes cariados, extraídos por cárie e\ou obtura-dos no bebê ou em crianças que possuem dentes decíduos. No caso dos dentes obturados, atualmente, esses são reconhe-cidos como restaurados. Entretanto, esse índice se limita ao tamanho, profundidade e presença ou ausência de cavidade, sem levar em consideração a atividade da lesão.“Sendo assim, outro índice visual para diagnóstico de cárie tem sido difundido entre pesquisadores e clínicos, denominado In-ternational Caries Detection and Assessment System (ICDAS). Esse índice detecta as lesões cavitadas e não cavitadas. Além disso, juntamente com ele, existe um critério para atividade das lesões, favorecendo um plano de tratamento mais adequa-do ao paciente, visto que a Odontologia tem sofrido uma mu-dança nos últimos tempos, criando-se um pensamento voltado para prevenir e não para remediar”, evidencia a especialista em

cuidados bucais infantis. É importante ressaltar que a doença cárie é um processo alta-mente dinâmico e que o diagnóstico é muito mais complexo, devendo-se levar em consideração vários fatores.Para a especialista, dentro do contexto de controle da cárie como doença, o uso profissional de produtos fluoretados é uma grande ajuda. Estudos têm demostrado que os dentifrí-cios de baixa concentração de flúor (500ppmF) não oferecem nenhuma proteção contra a cárie dentária. Os dentífricos fluo-retados com 1100 ppmF têm comprovado efetividade contra a cárie e estão sendo recomendados para crianças em quantida-de pequena (tamanho de um grão de arroz). Já para crianças com cinco anos ou mais, a indicação é a quantidade equivalen-te a um grão de ervilha. “O flúor de aplicação profissional (géis, vernizes e espumas fluoretadas) é recomendado para pacien-tes que apresentam atividade de cárie ou algum risco de apre-sentar a mesma, e devem ser especificamente recomendado para pacientes que não estão conseguindo controlar cárie com o uso de apenas dentifrício fluoretado”, informa.Ações governamentais de prevenção também se tornam es-senciais para manter a saúde bucal das crianças, dos adoles-centes, dos adultos e dos idosos. A fluoretação das águas pode ser umas das saídas para chegarmos à saúde bucal ideal, con-servando todos os dentes até o final da jornada.

Bebês especiaisA saúde bucal do bebê com necessidades especiais pode se apresentar comprometida ou não. Uma situação bastante co-mum observada por profissionais que atendem esse grupo de pacientes é o fato de que, devido a maior preocupação dos pais e/ou responsáveis com a saúde geral do bebê, os cuidados bu-cais acabam sendo secundários. “Quando comprometida, pode variar em função da intensidade com a qual uma determinada patologia ou síndrome afeta esse paciente. Daí, a importância do bom cuidado com a higieniza-ção da cavidade bucal”, ressalta a Odontopediatra. “Podemos citar como exemplo, as diversas alterações em cavidade bucal de um paciente com síndrome de Down, como hipotonia de lábios e língua, menor desenvolvimento do maxilar e hipofun-ção de mandíbula. Dentre as alterações dentárias, também é possível citar oligodontia, microdontia, hipodontia, fusão, etc. Assim sendo, devido ao grande espectro de alterações bucais possíveis em bebês com necessidades especiais, o tratamento desses pacientes deve ser individualizado, considerando-se as manifestações físicas e sistêmicas de cada um”, acrescenta.Na visão da Dra. Maria Salete, é importante lembrar que o trabalho em equipe é de grande valia quando do atendimen-to ao bebê, seja ele um paciente saudável ou portador de necessidades especiais, pelo fato de englobar experiências de outros profissionais e enxergar a criança na sua integra-lidade, na busca pela eficácia do tratamento. “No caso dos bebês sindrômicos, é importante o contato do Odontope-diatra com o médico geneticista, por exemplo, para melhor elucidar as causas das possíveis manifestações bucais pre-sentes nesses pacientes. Algumas patologias bucais podem estar associadas a uma dieta não adequada, uso de diver-sas medicações (nos casos de bebês nefropatas) e hábitos deletérios, sendo necessário o contato com o nutricionista, médico nefropediatra e fonoaudiólogo, o que auxiliará no delineamento de um plano de tratamento adequado para esse paciente”.

24 Abril de 2014

Reportagem

Cuidado humanizadoO Odontopediatra tem um importante papel de educador na fase da primeira infância. É preciso entender, motivar, conven-cer. O profissional vai introduzir a criança à Odontologia, mo-nitorar o seu crescimento e desenvolvimento, tanto no aspecto psicológico como no bucal.O ambiente tranquilo e acolhedor auxilia no desenvolvimento de um tratamento odontológico eficaz. “Cores fortes, como ver-melho, laranja e amarelo denotam agressividade, nervosismo e ansiedade. São cores estimulantes. Enquanto que as cores frias, como azul e verde, trazem serenidade e acalmam o ambiente. O consultório precisa ser um ambiente acolhedor, ao mesmo tem-po em que a criança está sendo cuidada pelo cirurgião-dentista”, justifica a especialista em saúde bucal do bebê.Cabe lembrar, que o melhor atendimento odontológico se baseia em uma relação mútua de confiança entre o profis-sional e os pais. A Odontopediatria visa à prevenção, seja da

doença cárie, seja de doenças bucais, além de acompanhar o desenvolvimento e crescimento dessas crianças, promo-vendo saúde bucal.Os encontros não se resumem somente aos cuidados preven-tivos e à realização de um tratamento de boa qualidade, mas também criam oportunidade de construir com a criança, por meio de consultas sucessivas, um relacionamento de confian-ça, despertando atitudes positivas, evitando dificuldades psi-cológicas relacionadas à Odontologia, inserindo bons hábitos de higiene bucal, para que essa criança se torne um adulto livre da doença cárie e com o mínimo de intervenções ao lon-go da vida.“Os pais e a criança precisam saber como cuidar da boca e dos dentes para mantê-los saudáveis, livre da doença cárie, doen-ça periodontal e outras complicações. Não existe gratificação maior para os pais e profissionais do que visualizar seus filhos e pacientes adultos sem problemas bucais”, finaliza.

“O Odontopediatra tem um importante papel de educador na fase da primeira infância. É preciso

entender, motivar, convencer”Maria Salete Nahás Pires Corrêa

Teste da língua em pauta

A avaliação de frênulo lingual, mais conhecida como tes-te da linguinha, visa diagnosticar possíveis problemas que possam comprometer o aleitamento. O teste foi aprovado recentemente pela Comissão de Assun-tos Sociais, devendo ir ao plenário para decisão final e, a se-guir, para sanção da Presidente da República, Dilma Roussef.Desenvolvida e publicada em 2012, pela fonoaudióloga Ro-berta Lopes Castro Martinelli, a avaliação segue um proto-colo com verificações da anatomia e função da língua, de forma detalhada. “A apreciação da morfologia, inserção e as funções do freio lingual, assim como outras características anatômicas da cavidade bucal são muito importantes e fazem parte da pri-meira consulta ao Odontopediatra, dos bebês ainda edên-tulos”, afirma Maria Salete. A anquiloglossia é uma anomalia que pode estar presente e representa a redução na mobilidade da língua em grau vari-ável. Causada por uma membrana que une a parte inferior da língua e o assoalho bucal de forma anteriorizada, pode estar associada a limitações funcionais, como dificuldade na amamentação, deglutição atípica, problemas na fala en-

tre outros. A maioria dos casos em que há indicação para frenectomia lingual em recém-nascidos é dada por proble-mas na amamentação: alimentação insuficiente, pouco ga-nho de peso do bebê, má pega e ferimentos no mamilo da mãe (Argiris et al., 2011; Berryet et al., 2012; Griffiths - 2004). O procedimento cirúrgico, realizado por um profissional ca-pacitado, sob anestesia local, é seguro e apresenta baixas taxas de complicações. “É importante salientar que os estudos na literatura ain-da não são conclusivos e, nem todas as crianças com an-quiloglossia terão problema na amamentação. Algumas se adaptam à condição, sendo necessário reavaliá-las durante o desenvolvimento quanto às outras funções mecânicas, como autólise, deglutição e fala, determi-nando a necessidade e melhor oportunidade cirúrgica”, finaliza a autora da obra “Conduta Clínica e Psicológica na Odontopediatria”.O teste da língua, assim como a avaliação de toda a cavi-dade bucal, é importante, e deve ser realizado - de acordo com o protocolo - e aliado a outras informações, para obter o correto diagnóstico e indicação cirúrgica.

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Entrevista

Por: Vanessa Navarro

Sérgio Ricardo Moura SaraivaCirurgião-dentista graduado pela Universidade Federal do Ceará. Especialização em Saúde da Família. Especialização em Prótese Dentária. Mestrado em Saúde da Família. Supervisor de Saúde Bucal da 11ª Coordenadoria Regional de Saúde, em Sobral – CE. Atua em consultório particular nas áreas de Odontologia Estética, Reabilitação Oral e DTM.

Saúde bucal dos brasileiros:edentulismo em foco

Entrevista

O edentulismo é considerado, por muitas pessoas, algo comum nos lares brasileiros. A entrevista com o Dr. Sérgio Ricardo Moura Saraiva, cirurgião-dentista especialista em Saúde da Família, mostra que é possível - com muito empenho - reverter esse quadro na saúde bucal brasileira.

Odonto Magazine - O Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas. 80% da população têm algum nível de doença pe-riodontal e 40 milhões de pessoas já perderam seus dentes. Como é possível modificar esse panorama? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Esse quadro é muito bem explicado pelo modelo de assistência praticado no Brasil até o início da década passada. Era um modelo centrado em práticas curativas, de baixa complexidade e que privilegia-va o atendimento dos escolares (0 a 12 anos). Adultos e ido-sos estavam excluídos nesse sistema e tinham dificuldade de acesso aos serviços odontológicos, só lhes restando as práticas mutiladoras (exodontia). Acredito que a situação vem melhorando desde a implantação da Política Nacional de Saúde Bucal, em 2004. A partir de então, vem-se cons-truindo uma rede de serviços de atenção em saúde bucal, com as Equipes de Saúde Bucal (ESB) da Estratégia Saúde da Família (ESF) como primeiro nível de assistência e os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), represen-tando o nível de assistência especializada. Os investimentos aumentaram consideravelmente, e o acesso aos serviços também. A dívida histórica é muito grande, e faz -se neces-sário que essa rede funcione efetivamente, principalmente em sua porta de entrada, que são as unidades básicas de saúde, onde cerca de 90% dos problemas podem ser resol-vidos. Ao mesmo tempo, devemos investir, fortemente, em prevenção, para que as gerações futuras possam experi-mentar uma realidade diferente dessa apresentada.

Odonto Magazine – Há uma década, apenas 3% de proce-dimentos odontológicos realizados no país eram procedi-mentos especializados. Hoje, não vivemos a mesma rea-lidade, mas, ainda assim, 7 milhões de idosos brasileiros

necessitam de prótese total. Como o Brasil pode quitar essa dívida com a saúde bucal? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - O Ministério da Saúde (MS) publicou, em 2004, duas portarias na tentativa de diminuir essa enorme dívida. Na portaria 74, a reabilitação protética deixou de ser um procedimento especializado e foi incluí-do no rol de procedimentos da Atenção Básica (AB), e por meio da Portaria 2373 foram instituídos os Laboratórios Re-gionais de Prótese Dentária (LRPD), que dariam o suporte técnico para a realização desses procedimentos. O objetivo era aumentar o acesso da população a esse tipo de trata-mento. Mas, aí eu pergunto: quantos de nós conhecemos municípios onde essa realidade está presente? A verdade é que, apesar da boa intenção, essa realidade não está pre-sente em muitos municípios do país, por diversos motivos, como a falta de entendimento do gestor municipal sobre essa problemática, ou ainda, muitos profissionais da AB não se sentem motivados ou devidamente preparados para realizarem esse tipo de tratamento. Dados recentes do MS falam em 674 LRPD em atividade no país, com uma capa-cidade máxima para produzir 480 mil próteses por ano. Se lembrarmos de que existe um déficit de mais de 10 milhões de próteses totais, somente na faixa etária dos idosos, pre-cisaríamos de algo em torno de duas décadas para pagar a dívida atual. A sensibilização dos gestores e profissionais de saúde nos municípios e um programa de capacitação continuada para a formação de profissionais aptos a reali-zar esses tratamentos seriam um bom começo.

Odonto Magazine - Apesar de recebermos o título de me-lhor Odontologia do mundo, também somos reconhecidos

26 Abril de 2014

EntrevistaEntrevista

ainda como o país dos desdentados. Qual é a opinião do senhor em relação a essa grande e triste contradição?Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Essa é mais uma das gran-des contradições existentes no nosso país. De um lado te-mos grandes profissionais, incansáveis na busca da exce-lência. Temos excelentes cursos, congressos e publicações. Somos reconhecidos internacionalmente, em especial na área da Odontologia Estética, como profissionais (CDs e TPDs) de um talento diferenciado. Por outro lado, temos as consequências da ausência, em até pouco tempo, de uma política pública em saúde bucal. Dados do mais recente es-tudo epidemiológico em saúde bucal de base nacional (SB Brasil 2010) mostram-nos bem as consequências disso: in-divíduos na faixa etária de 35 a 44 anos possuem um CPO--D médio de 16,75, ou seja, metade dos dentes dos adultos brasileiros foi atingida pela doença cárie, e desses, aproxi-madamente a metade teve como tratamento a sua exodon-

tia. Quando vamos para a faixa etária de 65 a 74 anos, a situação é ainda mais alarmante, existe um índice médio de 27,53 dentes atingidos pela cárie, e destes, mais de 90% fo-ram extraídos. A Organização Mundial da Saúde estipulou para o ano 2000 uma meta em que, pelo menos a metade dos idosos deveriaa possuir pelo menos 20 dentes funcio-nais em boca. Dados de 2003 nos mostraram que apenas 10% dos nossos idosos apresentavam essa condição. Hoje, 7 milhões de idosos brasileiros necessitam de prótese total, sendo 4 milhões monomaxilar e 3 milhões bimaxilar, ge-rando um déficit, só nessa faixa etária, de 10 milhões deste tipo de prótese. Mas, os dados atuais nos mostram também uma queda continuada do índice CPO-D em crianças (2,07 aos 12 anos) e adolescentes (4,25 dos 15 aos 19 anos), fru-to do investimento em saúde bucal dos últimos anos, mas também de um maior acesso da população à informação e aos meios preventivos (água fluoretada, escova de dentes

27Abril de 2014

28 Abril de 2014

Entrevista

e dentifrícios). Falando em prevenção, apesar de ser o meio mais eficaz e menos oneroso de se promover saúde, o que vemos ainda, em muitos locais, é um predomínio das ações curativas.

Odonto Magazine - Quais são as consequências clínicas oca-sionadas pelo edentulismo? Como o profissional de saúde bu-cal pode auxiliar seus pacientes?Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Complicações decorrentes da perda dos dentes incluem menor eficiência mastigatória, desordens da articulação temporomandibular e estruturas associadas; comprometimento estético por perda de tônus muscular, além de atrofia óssea alveolar e do osso basal dos maxilares. Problemas sistêmicos podem ser exacerba-dos devido a restrições alimentares. Além disso, o aspecto psicológico e a qualidade de vida podem ser comprometi-dos quando a perda de dentes afeta a estética e a expressão facial, uma vez que os dentes são importantes para a co-municação interpessoal e para a habilidade de falar clara-mente. O paciente desdentado pode ser considerado então não só um mutilado funcional, mas também um mutilado social. Apesar de todos esses problemas, para algumas pessoas o fato de perder os dentes é culturalmente aceito como um processo natural do envelhecimento. O profissio-nal que se propõe a reabilitar esse tipo de paciente deve possuir extrema empatia pelo problema e conhecer todas essas nuances. Deve entender que se trata de muito mais do que apenas devolver dentes.

Odonto Magazine - No caso de uma possível reabilitação bucal, como o profissional de saúde bucal deve agir sobre as questões do alcance e das limitações técnicas, ou seja, no gerenciamento das expectativas do paciente? Sérgio Ricardo Moura Saraiva - É fundamental que se faça uma excelente consulta inicial. Nela, o profissional deve-rá realizar uma boa anamnese, buscando conhecer o seu paciente, inclusive em seus aspectos psicológicos. Nesse momento, devemos tentar estabelecer uma relação de con-fiança, pois esse é um dos aspectos mais importantes para o sucesso de qualquer tratamento. Devemos questionar a respeito da experiência com reabilitações anteriores. Isso pode nos dar informações preciosas sobre erros e acertos de trabalhos passados. Também devemos perguntar qual o conceito que o paciente faz sobre a sua prótese atual e co-piar aquilo que o agrada. Os exames clínicos e de imagens irão complementar os dados necessários para que se possa sugerir as possibilidades reabilitadoras (idealmente mais de uma opção) e traçar um prognóstico para o caso. Este deverá ser apresentado de forma clara e sincera. Nessa eta-pa, um dos pontos cruciais é conhecer a expectativa do pa-ciente em relação ao tratamento. Jamais devemos começar um tratamento sem que o paciente entenda o alcance e as limitações da opção escolhida. Devemos sempre trilhar pe-los caminhos mais seguros e cientificamente comprovados. Isso, com certeza, irá poupar muitas frustrações.

Odonto Magazine - Quais são as opções de tratamento mais in-dicadas e as mais utilizadas para reabilitar um desdentado total?

Sérgio Ricardo Moura Saraiva - Existem basicamente três op-ções de tratamento para o paciente desdentado total: a prótese total removível convencional, a prótese total removível sobre implantes (overdenture) e a prótese total fixa retida por implan-tes. É indiscutível o valor das opções em que os implantes são utilizados. Mas, daí, devemos lembrar os milhões de brasileiros que se encaixam nesse perfil de pacientes: será que todos eles desejam e podem ser reabilitados com implantes? Sem dúvi-das, o fator econômico ainda é o maior obstáculo, o que nos faz pensar que, por muito tempo ainda, a prótese total conven-cional continuará sendo a única opção de tratamento para mui-tos desdentados. Importante lembrarmos também que, desde 2010, existe uma portaria do Ministério da Saúde (Portaria 718/SAS) que trata do financiamento de implantes dentários e pró-teses sobre implantes nos Centro de Especialidades Odontoló-gicas e Centros de Tratamento da Má Formação Labiopalatal, mas essa ainda é uma realidade vista em poucos municípios. Vale a pena compartilharmos essa informação.

Odonto Magazine - A Odontologia brasileira está preparada para o iminente crescimento da população idosa e para o con-sequente indicador de edentulismo?Sérgio Ricardo Moura Saraiva - O envelhecimento da popula-ção brasileira é uma realidade. Dados do IBGE mostraram que havia 23,5 milhões de brasileiros com mais de 60 anos em 2012, mais que o dobro do registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas. Quanto mais longa é a vida média da população, mais importante se torna o conceito de qualidade de vida, e a saúde bucal tem um papel relevante nesse contexto. Existe uma falta de percepção quanto à neces-sidade de tratamento odontológico, tanto por parte do paciente idoso como pelos seus familiares, cuidadores e demais profis-sionais de saúde. Os idosos devem ser conscientizados de que existe uma necessidade contínua de cuidados bucais, mesmo que apresentem poucos ou nenhum dente remanescente. O cirurgião-dentista deve estar atento a essa realidade. O aten-dimento a esses indivíduos requer atenção diferenciada tanto no diagnóstico como na execução do tratamento. Deve-se ter em mente que os idosos, geralmente, apresentam uma grande variação no que se refere às condições sistêmicas, psicológicas e sociais, além de serem portadores de várias alterações decor-rentes do processo natural de envelhecimento. Acredito que, embora esse quadro já venha sendo discutido há algum tem-po, não estamos ainda preparados para essa realidade, e faz -se necessária, não só uma maior atenção na formação dos nossos estudantes, mas também uma busca de qualificação por parte dos profissionais já em atividade. Necessitamos, também, ampliar a nossa capacidade de trabalhar interdisci-plinarmente, uma vez que esses pacientes, geralmente, são acompanhados por outros profissionais de saúde. Com rela-ção ao edentulismo, o mais recente estudo epidemiológico de base nacional (SB BRASIL 2010) mostrou um discreto de-clínio no indicador com relação aos dados de 2003 (a propor-ção de idosos que necessitam de próteses totais caiu de 24% para 23%). Embora esse estudo mostre melhoras impactan-tes nas faixas etárias mais jovens, é provável que aconteça a necessidade de reabilitar pacientes desdentados totais por mais algumas décadas.

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Vanessa NavarroEditora Odonto Magazine

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Aceitamos casos clínicos de todos os segmentos odontológicos.

Os trabalhos, que não precisam ser inéditos, serão

publicados após a aprovação do conselho cientí�co.

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O papel do cirurgião-dentista no tratamento de indivíduos obesos

Afonso Luis Puig PereiraCirurgião-dentista no Instituto de Responsabilidade Social do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Professor universitário no curso de Odontologia da Universidade Ibirapuera, em São Paulo. Professor dos cursos Selo Biológica. Especialista em Dentística pela Universidade de São Paulo.

30 Abril de 2014

Espaço Equipe

Em saúde pública, a obesidade é um quadro importante de ser ob-servado, uma vez que o aumento da prevalência da mesma na po-pulação representa um complexo desafio para os profissionais de

saúde e para a sociedade, pois, uma vez instalada, predispõe a uma série de morbidades, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, questões socioculturais e comportamentais, além de afetar, de forma expressiva, a qualidade de vida dessas pessoas. Em função disso e focando o trata-mento do indivíduo como um todo, uma equipe com psicólogo, médico, nutricionista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, educador físico e, tam-bém, cirurgião-dentista ajudará a prevenir e a tratar a obesidade e suas consequên cias, objetivando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo.Psicologicamente, podemos encontrar indivíduos obesos com baixa au-toestima, problemas relacionados à autoimagem, sentimento de rejeição, sintomas de ansiedade e/ou depressão e isolamento social, o que pode gerar dificuldades emocionais e sociocomportamentais, as quais os psi-cólogos poderão contribuir para o tratamento destas questões. Educado-res físicos e nutricionistas ganharam muita importância no tratamento da obesidade, porque nas últimas décadas, principalmente em nações em desenvolvimento, as mudanças dos padrões alimentares e sociais provo-caram aumento calórico per capita, devido ao declínio no gasto energético, dietas ricas em gorduras, açúcares e alimentos refinados, além de pobres em carboidratos complexos e fibras. Médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, apesar da abrangência do tratamento da obesidade, tratarão dos efeitos deletérios ao organismo.Desta forma, não dissociando a cavidade bucal do restante do corpo, deve-mos conhecer a influência do acúmulo de gordura corporal nos processos infecciosos bucais. Os cirurgiões-dentistas não devem negligenciar sua importância no tratamento de indivíduos obesos. Há evidências científicas de que substâncias secretadas por células de gordura provocam um au-mento na resposta inflamatória gengival e, a própria inflamação, estimula ainda mais a secreção destas substâncias nas células gordurosas. O pro-cesso inflamatório se torna, então, cíclico.Existe uma relação direta entre resposta imunológica exacerbada e indi-víduos obesos. O tecido adiposo é um órgão endócrino ativo que secreta uma variedade de enzimas pró-inflamatórias (citocinas), que podem ser chamadas de adipocinas. Entre elas, estão TNF-α, IL-6 e IL-8 (Fator de Necro-se Tumoral - alfa, Interleucina 6 e 8, respectivamente), que são prevalentes na resposta inflamatória e secretadas em uma quantidade proporcional ao tecido adiposo existente. Devido ao alto nível destas citocinas liberadas, a obesidade influencia na resposta inflamatória e imunológica do paciente, resultante da agressão causada pelo biofilme bacteriano periodontopatogênico, o que sugere que a obesidade contribui para a exacerbação das doenças periodontais. Ou seja, na presença de periodontite, a gordura corporal aumentada pode es-timular a ocorrência de uma hiper-resposta inflamatória nos tecidos perio-dontais pela liberação dessas citocinas em maior quantidade.É fundamental frisar que, as periodontopatias são biofilme dependentes, portanto, se o indivíduo fizer o controle do biofilme dental adequadamen-te, não desenvolverá doença periodontal. As condições sistêmicas contri-buem, porém, não desencadeiam doenças periodontais.Desta forma, o cirurgião-dentista pode desenvolver um papel importante em uma equipe multiprofissional, inclusive na atenção de indivíduos obe-sos cujas morbidades e sequelas são cada vez mais complexas.

Espaço Equipe

31Abril de 2014

32 Abril de 2014

Situação atual da Odontologia em transplantes de órgãos e tecidos

Héliton Spíndola AntunesStaff da Divisão de Ensaios Clínicos e Desenvolvimento de Fármacos do INCA. Coordenador da Medicina Bucal das Clínicas Oncológicas Integradas (COI).

Paulo Sérgio da Silva SantosDepartamento de Estomatologia - Disciplina de Radiologia e Estomatologia - Faculdade de Odontologia de Bauru - Universidade de São Paulo.

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Os transplantes de órgãos e tecidos são procedimentos in-dicados em situações clínicas específicas e vêm crescendo nas últimas décadas. De acordo com o Registro Brasileiro

de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2012 foram realizados 7.426 transplantes de órgãos e 40.275 transplantes de tecidos. Entende -se por transplante de órgãos sólidos os de coração, fígado, pâncreas, pulmão; e rim e transplante de tecidos, os de córnea, células-tronco hematopoéti-cas (TCTH), ossos e pele. Considerando que, atualmente, o Brasil tem 254.427 dentistas registrados no Conselho Federal de Odontologia (CFO- http://cfo.org.br/servicos-e-consultas/Dados-estatisticos), e alguns hospi-tais transplantadores não têm dentistas na equipe multiprofis-sional, faz-se necessária à inserção do profissional na equipe, tornando a participação da Odontologia de forma mais ativa nos hospitais transplantadores. Em 2010, junto à Associação Brasi-leira de Transplantes de Órgãos (ABTO), foi formada a Comissão de Odontologia em Transplantes, e, hoje, a ABTO conta com 12 cirurgiões-dentistas como membros. A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) tem em seu rol de membros 32 cirurgiões-dentistas e um Comitê de Odonto-logia que se reúne há 15 anos nos congressos de Hematologia. Em uma menor proporção, a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) conta com somente três cirurgiões-

-dentistas como membros em seu quadro, o que é um número muito reduzido de profissionais que têm algum vínculo docu-mentado com as equipes transplantadoras. Essas comissões e comitês têm o objetivo de agregar profissionais que estudam, publicam e elaboram protocolos para o suporte dos pacientes transplantados e para os profissionais da Odontologia que aten-derão estes pacientes. Como a Odontologia é inserida neste contexto?Os protocolos de atendimento são importantes, pois os pacientes com indicação de transplante de órgãos ou TCTH serão submetidos à imunossupressão sistêmica e existe uma preocupação com as infecções prévias ao transplante que podem exacerbar durante o período de imunossupressão. Devemos considerar, também, que os pacientes que possuem indicação de transplante de órgão ou TCTH são portadores de doenças de base, portanto, apresentam morbidades específicas e, em alguns casos, comorbidades que re-querem uma atenção especial.Em atenção aos pacientes que têm indicação do TCTH, precisa-mos fazer algumas considerações. Primeiramente, evidenciamos a doença de base e suas comorbidades, pois os pacientes portado-res de linfomas, leucemias, síndromes mielodisplásicas e anemia aplástica que têm indicação do TCTH, são pacientes que, na maioria das vezes, estão em tratamento com quimioterapia antes do TCTH. Temos também que considerar o tipo de transplante: autólogo, alo-

Ponto de Vista

33Abril de 2014 33

gênico aparentado e não aparentado; e a fonte de célula: medula óssea, sangue periférico, sangue de cordão umbilical e placentário. Por fim, independente dos fatores supracitados, todos os pacien-tes, antes da infusão da medula óssea, passarão por um período chamado condicionamento, onde receberão doses altas de quimio-terapia associada ou não à radioterapia. Além disso, os pacientes que serão submetidos ao TCTH alogênico farão uso de imunossu-pressores durante um longo período.A Odontologia é inserida neste contexto quando fazemos a asso-ciação entre a imunossupressão, risco de infecção sistêmica e in-fecção odontogênica. Portanto, atualmente, temos evidência cientí-fica que sinaliza que é fundamental o preparo da cavidade oral dos pacientes antes do TCTH, com atenção para eliminar os focos de infecção e, por conseguinte, infecções futuras.Durante o período de internação para o TCTH, a Odontologia tem posição de destaque na equipe multidisciplinar, na condução da prevenção da mucosite oral, reduzindo a morbidade durante este período. Por fim, ressaltamos que, após o TCTH, o pacien-te deve ficar em acompanhamento odontológico para prevenir quaisquer intercorrências. Assim como no TCTH, no transplante de órgãos sólidos também existe a preocupação com a adequação bucal prévia ao transplan-te, com a remoção e a redução de focos infecciosos bucais. Nas pessoas que serão submetidas ao transplante, os critérios são os mesmos, lembrando que a abordagem para procedimentos invasi-vos deve respeitar a limitação de cada doença crônica, a condição clínica e laboratorial destes grupos de pacientes, sejam eles com doença renal crônica, doença hepática e cardíaca terminal.Diferente dos TCTHs, os transplantados de órgãos, geralmente, re-cebem drogas imunossupressoras para a prevenção da rejeição do órgão transplantado pelo o resto da vida. Essas drogas desenca-deiam alterações bucais diretas, como úlceras bucais e alterações

indiretas relacionadas às infecções oportunistas, como infecções virais, fúngicas e bacterianas. Dentre essas, as mais comuns são a candidíase oral e as infecções por herpes simples vírus, que, fre-quentemente, têm a primeira manifestação em boca, portanto, de diagnóstico e terapêutica do cirurgião-dentista.A grande preocupação com as infecções oportunistas é a possibi-lidade de disseminação sistêmica associada à imunossupressão a que esses pacientes estão submetidos, o que exige acuidade diagnóstica do profissional de saúde bucal e trabalho em conjun-to com o médico transplantador, na decisão de tipo de antimicro-biano e dose para tratamento dessas infecções, principalmente pelo fato desses pacientes já utilizarem muitas outras medica-ções, e a preocupação com interações - tanto antagônicas quanto sinérgicas – pode ocorrer.A participação do cirurgião-dentista no atendimento aos trans-plantados deve ocorrer desde o momento em que há a indicação médica para o transplante, para que possa providenciar, em tem-po hábil, a adequação bucal dos pacientes. Essa participação se estende durante o transplante, para o suporte às possíveis altera-ções bucais que possam ocorrer decorrentes do início da terapia imunossupressora. E, também, após o transplante, na manuten-ção de saúde bucal e no diagnóstico e tratamento das manifes-tações bucais, fatos que podem ocorrer decorrentes do uso das medicações imunossupressoras.Há uma preocupação quanto ao preparo do cirurgião-dentista para o atendimento correto do paciente transplantado, pois são exigidos cuidados especiais. Para essa formação, sugerimos a lei-tura de artigos científicos na área de Odontologia em transplan-tes, a participação em eventos que abordem a temática, assim como a adesão às entidades médicas que possuam grupos de Odontologia dedicados ao estudo e atendimento aos transplanta-dos de órgãos e tecidos.

Ponto de Vista

Devolvendo a estética do sorriso após clareamento dental interno

Coluna - Estética

Do ponto de vista estético, existe uma grande procura pelos pacientes por dentes brancos saudáveis, bem ali-nhados, outorgando-lhes sorrisos perfeitos, sendo este o

indicador de um padrão de beleza e rejuvenescimento. A busca por essas exigências estéticas faz com que o cirurgião-dentista procure alternativas restauradoras mais eficientes.Existem vários problemas estéticos que afetam nossos pacien-tes, entre eles, o escurecimento dos dentes despolpados, que pode ser causado pelos seguintes fatores etiológicos: trauma-tismos, materiais restauradores, hemorragia intracoronária, decomposição de detritos intrapulpares, tratamento endo-dôntico incorreto, medicamentos de uso intracanal ou, ainda, pela doença cárie. Resíduos destes podem penetrar através dos túbulos dentinários, resultando em um quadro de desco-loração dental. Antigamente, quando esse problema existia, o cirurgião-dentista recorria a técnicas restauradoras indiretas que, muitas vezes, resultavam em soluções questionáveis, de-vido à necessidade de remoção de estrutura dental íntegra. Na atualidade, a técnica de clareamento dental interno baseada na ação do oxigênio, obtido a partir da decomposição do peróxido de oxigênio, é uma alternativa econômica e conservadora, se comparada com alternativas mais invasivas.Para executar a técnica de clareamento dental interno com total segurança, o clínico deve realizar um exame minucioso, verifi-cando a integridade da coroa e dos tecidos periodontais, bem

como o estado das restaurações. O exame radiográfico deve constatar o tratamento endodôntico satisfatório. A presença de recidivas de cáries, fraturas, trincas, reabsorção radicular e outras alterações da estrutura dental podem contraindicar o clareamento.O mecanismo de ação dos agentes clareadores ocorre por rea-ção de oxidação. Estes apresentam baixo peso molecular e são capazes de desnaturar proteínas, possibilitando o trânsito de íons através da estrutura dental. Geralmente, o agente clarea-dor é o peróxido de hidrogênio, ou produtos que se desdobram em peróxido de oxigênio, entre eles o perborato de sódio, pe-róxido de carbamida e peróxido de ureia. Este peróxido de oxi-gênio se dissocia, formando radicais livres, oxigênio e água. Por serem fortes agentes oxidantes, estas substâncias reagem com as macromoléculas responsáveis pelos pigmentos e, por um processo de oxidação, os materiais orgânicos são converti-dos em compostos com menor peso molecular, eventualmente em dióxido de carbono e água, removendo os pigmentos da estrutura dental por difusão.Existem várias técnicas para a execução do clareamento dental interno sendo feitas no consultório durante a sessão de con-sulta e/ou como um curativo de demora. Entre elas, a técnica termocatalítica, que preconiza o uso de calor, através de ins-trumentos aquecidos ou aparelhos de fontes de luz, reduzindo o tempo de tratamento e potencializando seu efeito clareador;

34 Abril de 201434

Ruth Andia-MerlinProfessora adjunta das áreas de Clínica Integrada, Dentística e Pacientes com Necessidades Especiais. Professora do curso de Pós-Graduação em Pacientes com Necessidades Especiais - Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista FOUNIP – São Paulo. Especialista e Mestre em Dentí[email protected]

Elcio Magdalena GiovaniProfessor Titular das disciplinas de Clínica Integrada e Pacientes com Necessidades Especiais e do Curso de Pós-Graduação e Pesquisa – Mestrado em Odontologia - Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista FOUNIP – São Paulo. [email protected]

entretanto, esta técnica tem sido questionada por ser um fator de risco para o desenvolvimento de reabsorção radicular externa. A técnica Walking Bleach, indicada para clareamento de dentes pou-co escurecidos, usa uma mistura de pasta de perborato de sódio ou peróxido de ureia e água destilada. A técnica Walking Bleach modificada emprega uma mistura de perborato de sódio e peróxi-do de hidrogênio a 30% e tem resultados muito satisfatórios para dentes mais escurecidos. A técnica Power Bleaching aplica peró-xido de hidrogênio ou de carbamida a 35% na cavidade, ativada com diferentes fontes de luz, podendo ser colocado na superfície vestibular. Ainda, dependendo a dificuldade de resposta ao clare-amento, podem ser associadas duas técnicas, de forma tal que, entre as sessões da aplicação de Power Bleaching, o dente tam-bém recebe a técnica de Walking Bleach, ou vice-versa. Terminado o tratamento, o dentista deve realizar proservação do caso com acompanhamento clínico e radiográfico.O clareamento interno representa uma solução terapêutica conservadora para restabelecer a cor natural do dente após tra-tamento endodôntico, porém, pode apresentar alguns efeitos adversos, entre eles: diminuição da resistência à fratura, reco-mendando-se que o dente clareado seja submetido a uma res-tauração que permita a reconstituição das estruturas perdidas. A longevidade do tratamento não é previsível, podendo resul-tar, em longo prazo, recidiva do manchamento. Muitas vezes, essa recidiva responde a uma infiltração marginal causada pela execução de uma restauração insatisfatória. O desenvolvimen-

to de reabsorção radicular externa como efeito adverso ao clare-amento é outro item indesejável. O agente clareador difunde-se da câmara pulpar através dos túbulos dentinários em direção aos tecidos periodontais, iniciando uma reação inflamatória no liga-mento periodontal, em função de uma queda do pH, cuja resposta acarretaria a reabsorção radicular externa. Por isso, é importante o diagnóstico correto, a eleição da técnica e o agente clareador a ser utilizado. Assim como a correta execução dos procedimentos clínicos para cada caso, é importante enfatizar que a embocadu-ra do conduto deve ser hermeticamente selada, primeiramente com um selamento biológico com hidróxido de cálcio, mantendo a alcalinidade, e neutralizando o meio, mediante seu pH eleva-do. Posteriormente, deve ser feito selamento mecânico da entra-da do conduto até a junção amelo-cementária com ionômero de vidro resino modificado. Esse tampão cervical evitará a difusão do agente clareador por meio dos túbulos dentinários no sentido apical e nos tecidos periodontais.Os resultados satisfatórios imediatos proporcionados pelos agentes clareadores outorga ao paciente segurança, confiança no tratamento e no cirurgião-dentista. Porém, o paciente deve ser conscientizado que os resultados podem variar de acordo com as características individuais de cada paciente e a etiologia da descoloração dental, bem como da possibilidade de retrata-mento em caso de recidiva. É importante informar ao paciente dessas possibilidades, juntamente com as orientações básicas de rotina pós-clareamento.

35Abril de 2014

Coluna - Estética

Halitose em crianças e jovens

Rubia Garcia LopesCirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Especialista em Odontopediatria. Mestranda em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde pela Universidade Nove de Julho. [email protected]

Sandra Kalil BussadoriaCirurgiã-dentista. Mestre em Materiais Dentários. Doutora em Ciências Odontológicas (Odontopediatria). Pós-Doutorado em Pediatria. Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde da Universidade Nove de Julho [email protected]

Coluna - Odontopediatria

36 Abril de 2014

A halitose, também conhecida como mau hálito, é conside-rada um problema comum que afeta grande parte da po-pulação mundial (25%) e causa constrangimento tanto para

quem a possui como para as pessoas com as quais o indivíduo convive. É um fator negativo importante na comunicação social, com impacto direto na qualidade de vida1, que está, frequentemen-te, associado a adultos e problemas estomacais. Porém, estudos sobre etiologia da halitose mostram que 80-90% dos casos estão diretamente ligados às condições da cavidade oral, principalmente pela presença da saburra lingual, 8% por alterações respiratórias e otorrinolaringológicas, e 2% gastrointestinais, renais e síndromes metabólicas. É comum encontrar um grande número de crianças e adolescentes acometidos pelo mesmo problema, e, no entanto, a queixa principal parte dos pais, que, muitas vezes, erroneamente, acabam buscando soluções no profissional errado2. O mau hálito é provocado, principalmente, por compostos sulforados voláteis (CSV), produzidos pela ação de bactérias Gram-negativas anaeróbias sobre substratos, contendo enxofre encontrado na boca. Recentemente, a bactéria Gram-positiva anaeróbia Solobacterium moorei, conhecida como Bulleidia moorei, também foi associada à halitose, pela produção sulfidreto (SH2) na presença de diferentes suplementações com aminoácidos, em especial, a cisteína3. Os CSV produzidos a partir desse metabolismo são sulfidreto (SH2) - encontrados principalmente em dorso lingual; metilmer-captana (CH3SH) - presentes no sulco gengival; e dimetilsulfeto (CH3SCH3) - tanto pode ser de origem periodontal como de origem sistêmica (intestinal, hepática, pulmonar), sendo possí-vel fazer a distinção entre o dimetilsulfeto de origem bucal e o de origem sistêmica, através da comparação dos resultados da halimetria feita com e sem o desafio da cisteína.A concentração desses gases é usada como indicador da severi-dade da halitose. Em 2013, foram descobertos 1840 compostos orgânicos voláteis provenientes do corpo humano e atribuídas a respiração (872), saliva (359), sangue (154), leite (256), secreções da pele (532), urina (279), e fezes (381) em indivíduos aparente-mente saudáveis.Pesquisas vêm demonstrando que a presença destas bactérias no dorso lingual, saliva e sulco periodontal podem desenca-dear, além da halitose, problemas sistêmicos, como complica-ções na gravidez, doenças cardiovasculares e principalmente doenças respiratórias - consideradas a terceira causa mais co-mum de mortalidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization)4.A falta de controle da higiene lingual e as alterações do fluxo salivar, também estão relacionadas com o aumento da saburra

lingual, onde a baixa produção de saliva e consequente aumen-to da viscosidade e mucina favorecem o acúmulo de bactérias. Essas alterações podem estar relacionadas a diversos fatores, como: utilização de medicamentos, estresse, radioterapia de cabeça e pescoço, diabetes e alterações hormonais. Sendo assim, nos adolescentes, as intensas transformações hormonais - que influenciam nas características normais do periodonto e, muitas vezes, favorecem o processo inflamatório gengival - corrobora com a formação de biofilme lingual pelo aumento da descamação do epitélio gengival, e associado ao sangramento gengival, piora o quadro de halitose.A halitose matinal é resultado da associação entre diminuição do fluxo salivar e relaxamento da musculatura perioral durante o sono, o que viabiliza a multiplicação bacteriana, portanto, crianças e ado-lescentes com mau hálito persistente ao longo do dia, na maioria dos casos, está relacionado com a respiração oral pelo aumento de ressecamento da cavidade oral e alteração de pH salivar5.Pouco divulgada no Brasil, contudo, mundialmente conhecida e utilizada na área médica e odontológica, a mensuração dos CSV pode ser realizada por meio de cromatografia gasosa (Oral Chro-ma®), que é o método mais apropriado para detectar a halitose de diferentes origens e considerado padrão ouro na literatura. A avaliação organoléptica (através do olfato) foi a primeira forma de análise do hálito, porém, a capacidade olfatória pode ser influen-ciada pelo estado emocional do examinador e por condições cli-máticas; o monitor de sulfeto, como o Halimeter®, que determina a quantidade de CSV em partes por bilhão (ppb) no ar expirado, não permite diferencia-los quanto ao tipo e origem6,7.Desenvolvido no Japão, no ano de 2004, o Oral ChromaTM (Abi-lit Corporation) utiliza um sensor de gás semicondutor altamen-te sensível para mensuração individual dos três principais gases (sulfidreto, metilmercapitana e dimetilsulfeto), permitindo avaliar a intensidade do hálito e sua origem. Em São Paulo, o Centro de Ex-celência no Tratamento de Halitose (CETH), empresa representante no Brasil do equipamento, capacita profissionais da saúde e realiza exames para colaborar com o planejamento e orientar quanto ao tratamento adequado da halitose. A coleta do exame é rápida, o Orall Chroma®, conectado ao computador (com software especí-fico), permite a captura de um gráfico correspondente aos picos e valores de concentração dos gases, medindo os limiares dos CSV (de 0 a 1000 ppd), com muita precisão após oito minutos. Dra. Olin-da Tarzia, uma das pioneiras no estudo da halitose e precursora do uso da cromatografia gasosa no Brasil, associa o uso de bochecho com cisteína antes da halimetria para um resultado mais preciso, o que permite diferenciar o dimetilsulfeto quanto a sua origem e ativar as bactérias Gram-positivas anaeróbias Solobacterium moorei,

Coluna - Odontopediatria

37Abril de 2014

que liberam o sulfidreto apenas na presença de aminoácidos. Sen-do assim, na ausência da cisteína a halimetria pode apresentar um resultado falso negativo8. O tratamento convencional para halitose proposto pela lite-ratura está relacionado ao controle do nível de acidez e fluxo salivar, por meio de medicamentos, estimulador químico e/ou mecânico, aumento do consumo e até utilização de ultrassom, tens e laser. Na fase puberal, indica-se um maior controle dos cuidados com a higiene oral, aumentando o número de escova-ções ao dia, uso adequado do fio dental e evitar o uso de enxa-guatórios com álcool. Em se tratando de paciente adolescente e com respiração oral, o tratamento passa a ser multidiscipli-nar. De modo geral, quando relacionado à presença de biofilme no dorso de língua, o tratamento consiste na redução mecânica e química da saburra por meio de raspadores linguais e en-xaguatórios específicos, no entanto, a grande dificuldade na redução da carga bacteriana - devido às características irregu-lares da superfície do dorso lingual, tem motivado o desenvol-vimento de novas pesquisas para tratamentos não invasivos, rápidos e duradouros da halitose9.

Referências1. Kizhner V, Xu D, Krespi YP. A new tool measuring oral malodor

quality of life. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2011 Aug;268:1227–32.

2. Marocchio LS, Conceição MD da, Tárzia O. Remoção da sabur-ra lingual: comparação da eficiência de três técnicas. RGO. 2009;57:443–8.

3. Haraszthy VI, Gerber D, Clark B, Moses P, Parker C, Sre-enivasan PK, et al. Characterization and prevalence of Solobacterium moorei associated with oral halito-sis. J Breath Res [Internet]. 2008 Mar [cited 2013 Oct 25];2(1):017002.

4. World Health Organization [Internet]. 2013. Available from: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/.

5. Motta LJ, Bachiega, Joanna Carolina Guedes, Carolina Car-doso Laranja, Lorena Tristão BussadoriI SK. Association be-tween halitosis and mouth breathing in children. Clinics. 2011;66(6):939–42.

6. Rosenberg M. Bad breath, diagnosis and treatment. Univ Tor Dent J. 1990;3(2):7–11.

7. Tangerman a, Winkel EG. The portable gas chromatograph OralChromaTM: a method of choice to detect oral and extra--oral halitosis. J Breath Res. 2008 Mar;2(1):doi: 10.1088/1752–7155/2/1/017010.

8. Tarzia O. Halitose: um desafio que tem cura. 1st ed. São Pau-lo: EPUB; 2003.

9. Bollen CML, Beikler T. Halitosis: the multidisciplinary approa-ch. Int J Oral Sci. 2012 Jun;4(2):55–63.

38 Abril de 2014

A força dos adjetivos

Plínio Augusto Rehse TomazCirurgião-dentista. Master em Empreendedorismo e Inovação (B.I International). Pós-graduação em Marketing (ESPM), com especialização em Saúde Pública (Unaerp) e Administração Hospitalar (IPH). Conferencista internacional. Articulista de jornais e revistas voltados aos profissionais de saúde. Professor de diversas instituições de ensino. Diretor da Tomaz Gestão e [email protected]

Coluna - Gestão

Fulana é feia. Cicrano é gigante. Já reparou como temos o hábito de rotular as pessoas por suas características mais marcantes?

Pensando nisso, passei a observar como as pessoas se deno-minam e como “classificam” seus dentistas. Cheguei a per-guntar para mais de 100 pessoas. Muito interessante! Reparei que enquanto alguns se referem a si mesmos como “fracos”,

“quietos”, “pobres” (ouvi vários destes), “moles”, “inseguros” ou “tontos”, outro grupo o faz com adjetivos, como “vencedo-res”, “lutadores”, “espertos”, “eficazes”, “líderes”, “seguros”, etc. Preciso perguntar qual grupo é bem-sucedido e qual está recla-mando da vida?Autoestima baixa! Foi isso que observei no primeiro grupo, o das pessoas que reclamavam de tudo. Ao tratarem a si mesmas

39Abril de 2014

Coluna - Gestão

como derrotadas, acabam conhecendo a derrota mesmo. Por outro lado, o grupo dos bem-resolvidos acredita mais em seu potencial e é mais ousado. Que eles não me ouçam, mas ainda que se achem, nem todos são tecnicamente tão maravilhosos assim. No grupo dos que se consideram “fraquinhos”, por sua vez, tem muita gente boa, com mestrado, doutorado e habilidades clíni-cas invejáveis. O que muda, então? Muda a forma como veem a si mesmos e mudam as habilidades paralelas que dominam. Os bem-sucedidos são muito melhores em questões relacio-nais, pessoais, comerciais e administrativas.Com isso tudo, podemos concluir que o nosso maior inimigo ao sucesso é nossa própria percepção do “eu”. Quando nos apropriamos de adjetivos ruins, acabamos acreditando neles e nos colocamos nesta posição. O remédio é fazer de tudo para acreditar em seu potencial e ter certeza de que pode mudar qualquer situação.Um exercício: visualize a si mesmo em uma situação de su-cesso dentro de um ou dois anos. Veja seu sonho em deta-lhes, o consultório, o tipo (e quantidade) de clientes que es-tão lhe procurando, como você os trata, etc. Diga para você mesmo todos os dias: “eu posso”, “eu estou construindo o meu lindo futuro com meu melhor presente”. Entregue seus projetos nas mãos de Deus.Os adjetivos nos aprisionam ou nos libertam. Faça sua escolha!Mas, não quero falar apenas de como nos adjetivamos,

mas também de como somos adjetivados. Quando obser-vei como as pessoas adjetivam seus dentistas, encontrei o seguinte: “forte”, “careiro”, “rápido”, “lerdo”, “bom”, “simpá-tico”, “divertido”, “interessado”, “tranquilo”, “ultrapassado”, “atualizadíssimo”, “ansioso”, “agitado”, “tagarela”, “ultratí-mido”, “estranho”, e etc.Como você acha que seus clientes o rotulam quando falam a seu respeito? Se você pudesse ouvi-los, que adjetivo será que usariam para descrevê-lo? Será que algum lhe agrada?Precisamos pensar e planejar como queremos ser adjetiva-dos por nossos clientes. Essa palavra-chave deve ser a ma-triz da construção de sua marca, ou seja, de como você ficará conhecido e percebido na comunidade. Se você pretende ser conhecido como o “tecnológico”, tudo que gira em torno de seu nome, o trabalho e o consultório devem reforçar essa ideia. Isso vai dos aspectos visuais aos itens e equipamentos que possui e utiliza. Se pretende ser a “atenciosa”, sua marca será a forma carinhosa e interessada como você e sua equi-pe atendem aos clientes.Só para constar: este negócio de “adjetivo” possui um nome técnico em marketing muito importante. Chamamos a isso de posicionamento de mercado, ou seja, como o mercado o vê e classifica, posiciona, considera, adjetiva.Sugiro que faça uma avaliação de sua marca atual e passe a agir de acordo com o adjetivo que quer receber. Comece ago-ra! Você pode, “vencedor”!

40 Abril de 2014

Caso Clínico

Remoção cirúrgica de paramolar em maxilaLarissa Barros SilvaGraduada em Odontologia pela Universidade Nilton Lins de Manaus - AM. Pós-graduanda em Prótese Dentária pela Escola Superior de Ciências da Saúde - Universidade do Estado do Amazonas.

[email protected]

Bruna César DantasGraduada em Odontologia pela Universidade Nilton Lins de Manaus - AM. Pós-graduanda em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic de Fortaleza - CE.

Os supranumerários são dentes que se desenvolvem além da série normal nos ossos gnáticos do indivíduo¹. Podem estar presentes em qualquer região das arcadas, tanto na denti-

ção decídua quanto na permanente². Ocorrendo de maneira única ou múltipla; unilateral ou bilateral; parcial ou totalmente impacta-dos; parcial ou totalmente erupcionados ou não-erupcionados³.As nomenclaturas têm sido aplicadas aos dentes supranume-rários, de acordo com o local de sua origem. Um supranumerário na região do incisivo central superior é de-nominado mesiodente; um quarto molar acessório é chamado distomolar; e, um supranumerário posterior situado lingual ou vestibularmente a um dente molar, ou em situação interproxi-mal entre o primeiro e o segundo ou terceiros molares superio-res é denominado paramolar1.Estes dentes extranumerários são também classificados de acordo com sua morfologia. Na dentição decídua é, usualmente, normal ou cônica. Já na permanente há uma grande variedade de formas. Eles são divididos em dois tipos: suplementar (tamanho e forma normal) e rudimentar (tamanho menor e forma anormal). Os rudi-mentares são ainda classificados em conóides (pequenos e côni-cos), tuberculados (anterior, em forma de barril com mais de uma cúspide) e molariformes (semelhante a pré-molares e molares)¹.Alguns autores afirmam que os supranumerários, quando pre-sentes, podem acarretar diversas complicações clínicas, como: impactação e posicionamento inadequado, reabsorção radicu-lar, desvitalização de dentes vizinhos e má formação dos mes-mos, apinhamento, giroversões, diastemas, formação de cistos com destruição óssea significativa, e também predispõem a área à pericoronarite subaguda, gengivite, formação de abs-cessos e tumores odontogênicos¹.O diagnóstico precoce dos supranumerários e a elaboração de um plano de tratamento correto são de extrema importância, visando evitar complicações posteriores já mencionadas. Como a presença dos supranumerários é geralmente assintomática e apenas em 25% dos casos eles erupcionam, deve-se ressaltar a relevância da solicitação dos exames complementares, como ra-diografias panorâmicas e, quando diagnosticado tal anomalia, so-licitar radiografias periapicais utilizando a técnica de Clark como método de localização. Outras radiografias que podem ser úteis no diagnóstico são respectivamente a oclusal e cefalométrica4. A etiologia dos dentes supranumerários ainda não é bem evi-denciada. Algumas teorias citadas são: a teoria da hiperativida-de da lâmina dentária na fase de iniciação, resultando em um novo germe dentário; a teoria atávica, que seria regressão aos padrões de ancestrais primitivos do Homo sapiens; a associa-

ção a distúrbios do desenvolvimento, por exemplo, síndrome de Gardner, disostose cleidocraniana e fissuras labiopalatais; a teoria da hereditariedade, e ainda a teoria da dicotomia do bo-tão dental, que consiste na divisão, por razões desconhecidas, de um único germe dental em dois germes gêmeos5. Os dentes supranumerários são mais frequentes na dentição perma-nente do que na decídua. Entre os ossos gnáticos, há uma maior predominância na maxila em relação à mandíbula, e uma proporção de 9:16. Existe uma forte predileção pela região anterior da maxila7, porém, quando múltiplos dentes estão envolvidos (mais que cinco), a região de pré-molar na mandíbula é o local mais afetado8. O gênero masculino é mais acometido, e uma proporção de 2:1¹.Quando diagnosticada a presença de supranumerários, o trata-mento adequado será proposto mediante uma avaliação indi-vidual. Desta maneira, os autores afirmam que todo e qualquer procedimento dependerá do tipo, da posição do dente e do seu efeito potencial sobre o dente adjacente9. Para outros, a remo-ção ou manutenção do elemento supranumerário vai depender do discernimento do profissional, que deve levar em conta os riscos que a sua permanência poderá acarretar10.Quando não interferem na cronologia de erupção, deve-se optar por uma abordagem mais conservadora, remover o dente supranumerá-rio somente após a completa formação das raízes dos dentes perma-nentes adjacentes. Todavia, se esse estiver irrompido ou retido, interfe-rindo no processo normal da oclusão, deve ser removido, desde que não prejudique o desenvolvimento radicular dos dentes vizinhos11.

Caso clínicoPaciente V.C.P., de gênero masculino, melanoderma, 46 anos e sete meses de idade, não sindrômico, compareceu a clínica odon-tológica da Universidade Nilton Lins, em Manaus, para realização de uma triagem, com finalidade de fazer o tratamento odontológi-co que fosse necessário para estabilizar sua saúde bucal.Durante a anamnese, o paciente relatou ter feito uma cirurgia cardiológica há sete anos, devido a um defeito congênito, uma comunicação intra-atrial. No exame clínico intrabucal foi obser-vada a presença de um elemento supranumerário erupcionado na região dos molares pela face palatina no lado direito.Foram solicitados exames complementares de imagem para comprovação do diagnóstico: radiografia panorâmica, oclusal e periapical. Ao confirmar a hipótese, foi proposta ao pacien-te a cirurgia para remoção do supranumerário em questão e foram solicitados, ainda, os exames pré-operatórios, como he-mograma, coagulograma, glicemia em jejum, e ainda, o risco cirúrgico, junto ao seu cardiologista.

41Abril de 2014

Caso Clínico

Figura 3 Foto inicial demonstrando a condição bucal do paciente.

Figura 1 Radiografia panorâmica inicial - identificando o elemento supranumerário.

Figura 4 Identificando a localização do elemento supranumerário.

Figura 2 Radiografia periapical inicial - identificando o elemento supranumerário.

Nenhuma medicação pré-operatória foi necessária, pois no ris-co cirúrgico, o cardiologista que o assistiu, comunicou que não seria necessária profilaxia antibiótica, devido a cirurgia de cor-reção que o paciente fez há sete anos ter sido um sucesso, e o meio bucal se encontrava em perfeitas condições, propiciando procedimento com baixo risco de infecção.No dia da cirurgia, procedeu-se a preparação do paciente com colocação dos EPI’s, a antissepsia intraoral com bochecho de clorexidina a 0,12%, a antissepsia extraoral foi feita com clore-xidina degermante (Digluconato de Clorexidina a 2%). A técnica da anestesia local utilizada no caso clínico foi infiltrativa no fundo de vestíbulo na região do terceiro molar (nervo alveolar superior posterior) e no palato (nervo palatino maior). O anesté-sico de escolha utilizado foi a articaína com epinefrina 1:100.000. Foi feita a sindesmotomia com o sindesmótomo, luxação e avulsão com fórceps número 69. Em seguida, foi realizada a curetagem do

alvéolo com cureta de Lucas, por conseguinte irrigação com soro fisiológico 0,9%, e, por fim, a sutura em ponto simples, fazendo a coaptação dos bordos com fio de nylon 5.0.A prescrição pós-operatória foi apenas para analgesia: Dipiro-na 500mg, oito comprimidos, tomar um comprimido de seis em seis horas, por dois dias (se existisse dor).Na avaliação do supranumerário extraído, o mesmo foi classifica-do como paramolar unilateral, devido à sua localização, estando palatinamente na região dos molares. E, de acordo com sua mor-fologia, foi considerado um dente rudimentar – molariforme, com forma anormal e tamanho pequeno, semelhante a um pré-molar.Após sete dias, o paciente retornou a clínica cirúrgica odontológi-ca da Universidade Nilton Lins, para remoção do ponto e avalia-ção da cicatrização.Foi realizada outra tomada radiográfica, para confirmar a au-sência de estruturas remanescentes.

Figura 5 Mesa cirúrgica.

Figura 6Antissepsia intraoral com clorexidina 0,12%.

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Caso Clínico

Figura 11 Luxação com fórceps 69.

Figura 7 Antissepsia extraoral com digluconato clorexidina a 2%.

Figura 9Anestesia infiltrativa do palato (nervo palatino maior).

Figura 12Avulsão do supranumerário (paramolar).

Figura 8Anestesia infiltrativa do nervo alveolar superior posterior.

Figura 10Sindesmotomia.

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Caso Clínico

Figura 13 Morfologia e tamanho do paramolar extraído.

Figura 15Pós-operatório com sete dias.

Figura 14Sutura com fio de nylon 5.0 (ponto simples).

Figura 16Pós-operatório com 21 dias.

Figura 17Radiografia periapical final, mostrando ausência de estruturas remanescentes.

44 Abril de 2014

Caso Clínico

DiscussãoA etiologia dos supranumerários é um fator questionável e de muitos desencontros entre os estudiosos. Alguns de-les acreditam na hereditariedade como causa da existên-cia desses elementos, podendo, também, estar associado a síndromes, como disostose cleidocraniana, síndrome de Gardner, entre outras5, contrapondo o caso clínico em questão, uma vez que constatamos a ausência de síndro-mes associada ao paciente, e o mesmo relatou na anam-nese que nenhum familiar, até então, tinha apresentado elementos supranumerários, sendo descartadas as duas hipóteses anteriores.Já outros autores1,12,13 concordam com a teoria de que os supranumerários provem da hiperatividade da lâmina den-tária. Dizem que um dos fatores responsáveis por tal hiper-desenvolvimento é a mobilidade do processo facial durante o desenvolvimento da face, que pode resultar na ruptura da lâmina dental. Os prolongamentos epiteliais da lâmina dental são responsáveis pelo desenvolvimento do órgão do esmalte e, algumas vezes, eles sofrem uma proliferação exagerada. Se essas estruturas penetrarem em uma região que permita o seu desenvolvimento, haverá a formação de um órgão do esmalte e, assim, teremos a formação de um dente supranumerário.Diversos autores1,14,15 concordam com relação à prevalência dos supranumerários ser maior na maxila; a dentição per-manente ser a mais afetada; o gênero masculino ser o mais acometido; corroborando com o caso clínico relatado. Em relação à localização dos supranumerários, o caso re-latado contraria a literatura pesquisada. Pois autores16 des-crevem a incidência maior na região anterior da maxila. No entanto, no caso clínico em questão, encontrava-se na re-gião posterior do palato. Além deste fator da localização, outro aspecto que foge do padrão, defendido pelos estu-diosos, é o que se refere à faixa etária de maior prevalên-cia. A maioria dos dentes supranumerários desenvolve-se durante as duas primeiras décadas de vida, entre 12 e 20 anos1,17. No caso, o paciente em questão, encontra-se na 4º década de vida.A respeito da morfologia do paramolar, encontramos auto-res18 que em seus estudos relatam variações anatômicas inte-ressantes nos supranumerários. Foram analisados por esses autores 23 elementos, dos quais 13 eram distomolares, que apresentavam morfologia multicuspídea e conoide. Os outros 10 eram paramolares de morfologia normal e tamanho reduzi-do, contestando o que se notou no supranumerário do relato de caso, que se trata de um paramolar que apresenta dimen-sões menores e aspectos rudimentares.

ConclusãoCom base no que foi descrito, fica evidente a importância de um diagnóstico precoce e preciso sobre os elementos supranumerários, visando evitar complicações tardias ao paciente. Sendo necessária uma avaliação criteriosa no exame clínico e a solicitação rotineiramente de exames complementares, como radiografias panorâmicas, mesmo em pacientes que não apresentem alterações patológicas, para que seja possível obter o diagnóstico correto e, con-sequentemente, realizar o tratamento mais adequado para cada caso.O tratamento proposto para o caso relatado foi a remoção do paramolar, sendo o procedimento mais adequado para a reso-lução do mesmo, devolvendo, assim, ao paciente, a sua oclu-são normal, evitando que o elemento permanente da arcada sofra algum tipo de agressão, como a sua reabsorção.

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de Janeiro: Elsevier, 2009. 972 p.2. Fardin AC, et al. Quarto molar retido: a importância do

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3. Moruzzi-Lima PD, et al. Quarto e quinto molares em ma-xila: Relato de um raro caso clínico. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, São Paulo, ano III, nº6, jul/dez 2005.

4. Lobato AMR, et al. Hiperdontia na região de incisivos su-periores. J Bras Ortodon Ortop Facial, Curitiba, v.7, n.41, p.389-396, set./out. 2002.

5. Tommasi AF. Diagnóstico em patologia bucal. 3 ed. São Paulo: Pancast, 2002.

6. Regezi JA, Sciubba JJ. Patologia bucal: correlações clini-co patológicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

7. Watanabe PCA. Estudo radiográfico (ortopantográfico) da incidência das anomalias dentais de número da região de Piracicaba. São Paulo. ROBRAC, 1997; 6(21); 32-8.

8. Yusof Wz. Non-syndrome multiple supernumerary teeth: literature review. J Can Dent Assoc, 1990 Feb; 56(2): 147-9.

9. Garvey, M. T.; Barry H. J.; Blake M. Supernumerary theeth na overview of classification, diagnosis and management. Journal of the Canadian Dental Association, 1999.

10. Cancio, A. V., et al. Quarto molar retido: revisão de li-teratura e relato de caso clínico. Rev. Int. Cir. Traumatol. Bucomaxilofacial, v.2, n.8, p. 225-229, 2004.

11. Couto Filho, C. E. G.; Santos, R. L.; Lima, A. R. G. Su-pranumerários: uma revisão de literatura – relato de ca-sos clínicos. BCI, Curitiba, v.9, n.34, p.150-155, abr./jun., 2002.

12.Bertollo, R. M. et al. Dente supranumerário: tomografia computadorizada: método de localização: relato de caso clínico. Rev. Odonto. Ciênc., Porto Alegre, v.15, n.30. p.97-109, ago. 2000.

13.Cal Neto, J. O. A. P.; Cunha, D. L; Miguel, J. A. M. Dias-temas interproximais superiores associados a dentes su-pranumerários: considerações clínicas e relato de caso. J. Bras. Ortodop. Ortop. Facial, Curitiba, v.7, n.39, p.239-244, 2002.

14.Almeida, T. E., et al. Hiperdontia: relato de caso com 8 elementos supranumerários. Rev. de Odon. da Uni. Cid. de São Paulo. v.22, n.1, p. 78-84, jan./abr. 2010.

15.Abreu E Lima, F.; Motisuki, C.; Bordin, M. M. Mesiodens: detecção e intervenção cirúrgica precoce. RGO, Porto Alegre, v.50, n.2, p.69-73, abr./jun. 2002.

16.Casttilho, J. B. et al. Estudo sobre a prevalência de den-tes supranumerários numa população infantil na faixa etária de 6 a 12 anos com vista à prevenção de futuras maloclusões. Ver Paul Odont, São Paulo, v.22, n.1, p.26-29, jan./fev. 2000.

17. Corrêa, et al. Prevalência de dentes supranumerários – estudo retrospectivo. Int J Dent, Recife, jan./mar., 2009.

18. Casetta M., Pompa G., Stella R., et al. Hyperdontia: na epidemiological survey. J. Dent. Res. 2001.

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Caso Clínico

Comparativo entre aparelho intraoral e CPAP no tratamento do ronco e apneia do sono

Edna A. KhouryCirurgiã-dentista.

Luiz Roberto Godolfim Cirurgião-dentista. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares. Certificação em “Tratamiento de la Roncopatia y la Apnea Obstructiva del Sueño” pela Academia de Odontologia Integral e Sociedad Española de Medicina Oral Del Sueño. Idealizador do aparelho PLG para tratamento do ronco e apneia do sono. Autor do livro “Distúrbios do Sono na Odontologia”, Editora Santos. [email protected]

Karinne Alano Feuser Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Mestranda em DTM e Dor Orofacial. Professora convidada do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Cruzeiro do Sul.

Ana Valesca Lothhammer Machado Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Especialista em DTM e Dor Orofacial.

Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, a Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é um dis-túrbio respiratório do sono caracterizado por episódios

recorrentes de obstrução total ou parcial das vias aéreas supe-riores durante o sono, pelo colapso das paredes da faringe1,2. É uma condição comum, afetando cerca de 2% das mulheres adultas e 4% dos homens adultos1-3. A SAOS é um problema multifatorial envolvendo fatores anatômicos, neuromuscu-lares, a obesidade, fatores hormonais e alterações craniofa-ciais2,4. As consequências desse distúrbio envolvem maior risco de acidentes de trabalho e de trânsito, bem como de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral, além de alterações neuroendócrinas e neurocognitivas5-7. Os sinais e sintomas mais comuns da SAOS são ronco, sonolência excessiva diurna e a presença de pausas respiratórias durante o sono (1.2.3.8). Além desses achados clínicos, o diagnóstico deve ser auxiliado pelo exame físico e polissonografia, de acordo com a Acade-mia Americana de Medicina do Sono2.

A classificação da gravidade da SAOS depende do grau de sono-lência diurna e do índice de apneia e hipoapneia (IAH), o qual se refere ao número de cessações da respiração por hora de sono, avaliado durante o exame polissonográfico. A doença é conside-rada leve quando a sonolência diurna ocorre durante atividades que exigem pouca atenção, com discreta alteração da função so-cial, associado à IAH com valores entre 5 e 15. Quando moderada, os episódios involuntários de sono ocorrem em atividades que requerem alguma atenção, como eventos sociais. O IAH varia en-tre 16 e 30. Na SAOS grave, ocorre marcada alteração da função social e o indivíduo tem dificuldade em se manter acordado mes-mo em atividades que exigem maior atenção, tais como: comer, conversar, andar ou dirigir. O IAH é habitualmente maior que 30 eventos por hora de sono2,4,8,9.Os pacientes com SAOS moderada a grave, ou com sonolên-cia excessiva diurna em consequência da SAOS, independente da sua gravidade, têm indicação para tratamento, como reco-mendação padrão. Os casos de SAOS leve, ronco primário ou

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Caso Clínico

para tratar hipertensão arterial e outras comorbidades cardio-vasculares associadas ou agravadas pela SAOS podem ter o tratamento indicado, de acordo com a opção do paciente ou indicação médica8,9.O tratamento clínico geral da SAOS inclui redução de peso, hi-giene do sono, e investigação de doenças endócrinas. O tra-tamento farmacológico apresenta resultados controversos, envolvendo diversos grupos farmacológicos, e ainda não há evidências clínicas sobre sua efetividade10.

CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) A pressão positiva contínua em via aérea durante o sono é atu-almente o tratamento de escolha para os pacientes com SAOS moderada e grave, tendo nível de evidência I11. O principal fa-tor limitante é a aceitação e adesão do paciente, que pode re-latar rinorreia, congestão nasal, epistaxe, abrasão da pele pela máscara, desconforto e claustrofobia11-16.

Aparelho intraoral (AIO)Os aparelhos que têm os melhores resultados no tratamen-to da SAOS são os que usam o avanço mandibular atra-vés do qual afastam os tecidos da garganta e aumentam a tonicidade da musculatura da região, principalmente do genioglosso. Eles também devem estabilizar a mandíbula impedindo que ela “caia”, pois a boca se abrindo faz com que a língua se posicione posteriormente, estreitando a passagem do ar e reduzindo a eficiência dos músculos di-latadores da faringe17. São indicados para tratamento de ronco primário e apneia leve ou moderada17,18, podendo ser utilizados em pacientes com apneia grave, quando não há possibilidade ou aceitação pelo paciente dos tratamentos de primeira escolha (CPAP ou cirurgias). Alguns relatos mostram sucesso no uso dos aparelhos orais no tratamento de apneia grave19-21. Os aparelhos orais de avanço mandibu-lar de confecção laboratorial têm sido os que apresentam melhor eficiência, na avaliação dos diversos autores, com várias revisões sistemáticas22-25, tendo ampla evidência científica de seus resultados positivos.

AIO X CPAPVários estudos na literatura comparam o uso de aparelhos de pressão positiva e aparelhos orais nos tratamentos da SAOS. Foram encontrados resultados igualmente satisfatórios no con-trole da SAOS, tanto para uso do CPAP quanto para AIO26-29. Em longo prazo, porém, o CPAP mostrou maior eficácia nos parâ-metros respiratórios30, enquanto alguns aspectos da pressão arterial noturna tiveram melhoras apenas com AIO26. Os resul-tados mostram que o uso do AIO pode aumentar a qualidade de vida e o funcionamento neurocognitivo em pacientes com SAOS tão bem quanto o CPAP29. Em uma revisão de literatura, Chan e colaboradores31 encon-traram, em 2007, sete estudos transversais, realizados a partir de 1996, que comparavam o uso do CPAP e do aparelho oral para tratamento da SAOS, e concluíram que o CPAP alcança um maior grau de melhoria do IAH e de saturação de oxigênio. Por outro lado, os aparelhos orais têm um maior índice de acei-tação pelo paciente, o que pode resultar em maior adesão ao tratamento. Além disso, a melhora de índices subjetivos, como diminuição da sonolência diurna excessiva, foi encontrada tan-to para o uso do CPAP quanto para os aparelhos orais. Desta forma, os autores concluem que, salvo em SAOS grave e/ou

com importante nível de dessaturação de oxigênio, os apare-lhos orais podem ter excelentes resultados aliados a um maior conforto do paciente.A adesão ao tratamento também foi estudada por outros auto-res, os quais mostram maior aceitação ao uso do AIO em relação ao CPAP31,32. A não adesão ao CPAP é encontrada especialmente em pacientes com SAOS leve e moderada32.O número de horas necessárias para um bom resultado com o CPAP é em torno de quatro a cinco horas por noite, porém, alguns trabalhos mostram um número significante de pacientes com uso reduzido de horas por noite, o que compromete a eficácia do tratamento com pressão positiva em longo prazo14-16. Em estudo com mais de 500 pacien-tes, usuários de CPAP por mais de cinco meses, Palau et al(2006)16 verificou que apenas 20% usavam o número de horas recomendado, e que mais de 60% usavam um núme-ro de horas insuficiente para o tratamento. Alguns estudos que avaliam a eficácia do CPAP e AIO favo-recem o CPAP31,33,34, enquanto a preferência por tratamen-to mostra-se favorável ao AIO31. Milmann e Rosemberg36 comentam o estudo de Smith e Stradlin34, o qual mostrou baixa tolerância aos AIO e alto índice de efeitos colaterais, justificando estes achados pela escolha do tipo de apare-lho, que era um aparelho simples, tipo monobloco, não ajustável, recobrindo dentes e gengiva, o que difere dos aparelhos mais modernamente utilizados, que permitem um ajuste gradual da protrusão mandibular, apresentam menos efeitos colaterais e têm vários relatos de sucesso na literatura19-25,29,36.

Caso clínicoO paciente GAK, caucasiano, sexo masculino, 43 anos de idade, compareceu ao consultório com queixa de sonolên-cia e reclamação do cônjuge dos roncos altos que dificulta-vam o sono e o relacionamento do casal. No exame clínico odontológico, o paciente apresentava classe I de Angle com dentes em boas condições, boa mobilidade mandibular, sem desvios de abertura ou protrusiva significativos. Apre-sentou IMC de 30,6 (peso 106 kg e altura 1,86m). A avalia-ção polissonográfica basal foi realizada em clínica de sono, com tempo total de registro (TTR) de 07hs e 06min. Apre-sentou SAOS moderada com IAH de 24 eventos por hora, fragmentação do sono com 3,7 despertares por hora duran-te o tempo de sono, dessaturação de O2 leve - com mínimo de 89% - e alteração acentuada na arquitetura do sono com ausência de sono de ondas lentas (fases III e IV) e redução do tempo de sono REM (17% do tempo total de sono). O paciente apresentou, também, movimentos periódicos de pernas (MPP) de grau leve (5,9 MPP/h) Na avaliação cefalométrica, o paciente mostrou redução das medidas da faringe média e inferior, padrão facial meso e medidas esqueléticas dentro dos padrões cefalométricos normais, estando dentro das características indicadas ao uso de AIO. Para confecção do AIO foi determinada a protrusão mandibu-lar com o uso de instrumento próprio (George Gauge® - Great Lakes Orthodontics), onde obtivemos as medidas de protrusão máxima de 08 mm e determinamos, como medida inicial para montagem do aparelho, 50% (4 mm) da protrusão máxima e, 07mm como medida máxima para posterior avanço (titulação) do aparelho.

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Caso Clínico

FATOR PADRÃO M PADRÃO F MEDIDA AVALIAÇÃO

Base anterior do crânio (SN) 80,0 ± 2 73,0 ± 3 80,0 Normal

Comprimento maxilar (ENA-ENP) 62,5 ± 4 54,0 ± 3 50,0 Diminuído

Comprimento mandibular (Goc-Me) 84,5 ± 5 74,0 ± 5 79,0 Diminuído

Distância atlas-maxila (A-Enp) 36,0 ± 3,5 36,0 ± 3 53,0 Aumentado

Espaço Faringeu superior (upphw-PP1) 26,0 ± 4 24,0 ± 3,5 28,5 Normal

Espaço posterior palatal médio (PP2-PP2’) 12,0 ± 3,5 14,0 ± 2 13,5 Normal

Comprimento do palato mole (Enp-P) 34,0 ± 5 35,0 ± 4,5 54,0 Aumentado

Espaço faríngeo médio (Mpphw-Maphw) 22,0 ± 4,5 21,0 ± 3,5 7,3 Diminuído

Espaço faríngeo posterior (PAS) 15,5 ± 3,5 13,0 ± 2,5 9,5 Diminuído

Distância Hioide - vértebra C3 (H-C3) 41,0 ± 3,5 36,0 ± 3 52,0 Aumentado

Distância Hioide – plano mandibular 19,0 ± 6 15,0 ± 3 28,5 Aumentado

Comprimento da língua (TGL) 79,0 ± 5 72,5 ± 3 81,0 Normal

Altura da língua (TGH) 29,5 ± 3 24,0 ± 3 17,0 Diminuído

Espaço aéreo inferior (LAS) 17,5 ± 4 13,5 ± 2 8,0 Diminuído

IAH SO2 MPP DESPERTARES SONO III/IV REM

BASAL 20,93 89% 5,9 3,7 0% 17,4%

c/ AIO 1,45 95% 0 1 17,7% 22%

c/CPAP 0 95% 0 0 17,7% 22%

IAH: índice de apneia e hipopneia; SO2: saturação da oxiemoglobina; MPP: movimentos periódicos de pernas; Sono III/IV: sono profundo, tempo nas fases III e IV do sono não REM; REM: tempo em sono REM.

Após a colocação do aparelho, o paciente passou por duas consultas de titulação, onde o aparelho foi ajustado até 07 mm, sendo titulado em 1 mm, a cada 15 dias. Após os ajus-tes finais serem realizados, o paciente foi encaminhado para a segunda polissonografia, onde se optou pela realização de uma polissonografia dividida em duas partes (split night). Na primeira metade da noite foi utilizado o aparelho oral e

na segunda metade, realizou-se a titulação de um aparelho de pressão positiva (CPAP). O quadro 2 apresenta os resul-tados dos dois tipos de terapia para SAHOS (AIO e CPAP), que tiveram comportamentos semelhantes, sendo os dois eficientes e obtendo a resolução completa do caso, apesar do IAH residual de 1,45 com o uso do AIO (Padrão de norma-lidade: IAH < 5).

Quadro 1 – Valores obtidos após o traçado cefalométrico para apneia do sono

Quadro 2 - Dados dos estudos polissonográficos - Basal, com AIO e com CPAP

48 Abril de 2014

Caso Clínico

Figura 6 Fotografia inicial do paciente.

Figura 5 Máxima intercuspidação habitual, vista lateral direita.

Figura 7 Máxima intercuspidação habitual, vista lateral esquerda.

Figura 8 Aparelho PLG instalado, vista frontal.

Figura 3 Aparelho PLG instalado, vista lateral direita.

Figura 1 Máxima intercuspidação habitual, vista frontal.

Figura 4 Telerradiografia lateral com traçado cefalométrico para avaliação de vias aéreas superiores.

Figura 2 Aparelho PLG instalado, vista lateral esquerda.

49Abril de 2014

Caso Clínico

DiscussãoNo caso clínico apresentado, o paciente apresentava SAOS moderada e características morfológicas favoráveis ao uso do AIO. Foi constatada eficácia semelhante no controle dos índices avaliados na polissonografia, tanto com uso do CPAP quando com uso do AIO, em curto prazo. Esse resul-tado concorda com outros citados na literatura26-28. Quando avaliados o funcionamento neurocognitivo e melhora na qualidade de vida, AIO e CPAP também mostram resultados semelhantes29.Em avaliação de longo prazo, CPAP mostrou maior efici-ência no controle dos índices da polissonografia após seis semanas de tratamento comparando com AIO30. Quanto à adesão ao tratamento, os AIOs ajustáveis mos-tram-se mais facilmente toleráveis pelo paciente em rela-ção ao CPAP31,32. Alguns artigos mostram que um alto ín-dice de pacientes não usa o CPAP pelo número de horas suficientes16,26, e a gravidade da SAOS parece ter influência na adesão ao uso do CPAP32, sendo mais tolerado por pa-ciente com SAOS grave do que pelos pacientes com SAOS leve e moderada, provavelmente, pela maior percepção de melhora nas complicações da SAOS grave. A maior aceita-ção ao uso dos AIOs, mesmo com resultados pouco mais limitados em relação ao CPAP, resulta na sua indicação para tratamento da SAOS, salvo em casos graves31. Porém, em alguns estudos e em apresentação de caso clínico, já foi constatada alta eficiência do AIO mesmo em pacientes com SAOS grave19-21.Alguns resultados diferentes foram encontrados, em que o CPAP mostrou eficiência maior no controle da SAOS em re-lação ao AIO aliado à mesma aceitação do paciente33 ou até preferência pelo CPAP34. Porém, nestes estudos, foram uti-lizados AIOs monobloco, os quais não permitem ajustes e individualização da protrusão, sendo mais desconfortáveis do que os aparelhos com liberdade de movimentos laterais e possibilidade de regulagem do avanço. A escolha do tipo de aparelho influencia tanto nos seus resultados terapêuti-cos quando nos efeitos colaterais que interferem na adesão ao tratamento, sendo que os aparelhos que permitem um ajuste gradual da posição mandibular (titulação) mostram resultados superiores aos AIOs monobloco36.

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50 Abril de 2014

Caso Clínico

A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínico-gerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas.Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www.odontomagazine.com.br

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Editora e Jornalista ResponsávelVanessa Navarro (MTb: 53385)e. [email protected]. + 55 (11) 4197.7506

NORMAS PARA PUBLICAÇÂO

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