odonto genes e

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Odontogênese FORMAÇÃO DA LÂMINA DENTÁRIA: Quando o embrião está com 6 a 7 semanas de V.I.U., certas áreas do epitélio bucal começam a proliferar numa proporção mais rápida do que as células das áreas adjacentes, formando uma faixa de epitélio, que será o futuro arco dentário. À medida que as células epiteliais da camada basal se multiplicam, invaginam em direção ao ectomesênquima, que começa a sofrer uma condensação. A borda dessa banda epitelial divide-se em dois processos: um direcionado mais para vestibular, recebendo a denominação de lâmina vestibular,e outro direcionado mais profundamente (para lingual ou palatina) conhecido como Lâmina Dentária. Ao longo do comprimento da lâmina dentária, a atividade proliferativa contínua levará a formação de uma série de tumefações epiteliais localizadas - 10 pontos no arco superior e 10 pontos no arco inferior - que correspondem às posições dos futuros dentes decíduos. Com a contínua proliferação e progressiva histodiferenciação das células ectodérmicas do órgão dental e ectomesênquima adjacente, as modificações que se processam na forma do germe dental em desenvolvimento pode ser dividido didáticamente, em três estágios: 1 - Botão ou broto dental 2 – Capuz ou casquete 3 – Campânula - ETAPAS DA LÂMINA DENTÁRIA: Classificação dos três tipos de lâmina dentária, de acordo com a atividade funcional e a sua cronologia. 1a. Lâmina Primária (6 - 7 semana V.I.U. até completar 2º mês

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Odontogênese

FORMAÇÃO DA LÂMINA DENTÁRIA:

Quando o embrião está com 6 a 7 semanas de V.I.U., certas áreas do epitélio bucal começam a proliferar numa proporção mais rápida do que as células das áreas adjacentes, formando uma faixa de epitélio, que será o futuro arco dentário. À medida que as células epiteliais da camada basal se multiplicam, invaginam em direção ao ectomesênquima, que começa a sofrer uma condensação. A borda dessa banda epitelial divide-se em dois processos: um direcionado mais para vestibular, recebendo a denominação de lâmina vestibular,e outro direcionado mais profundamente (para lingual ou palatina) conhecido como Lâmina Dentária.Ao longo do comprimento da lâmina dentária, a atividade proliferativa contínua levará a formação de uma série de tumefações epiteliais localizadas - 10 pontos no arco superior e 10 pontos no arco inferior - que correspondem às posições dos futuros dentes decíduos.

Com a contínua proliferação e progressiva histodiferenciação das células ectodérmicas do órgão dental e ectomesênquima adjacente, as modificações que se processam na forma do germe dental em desenvolvimento pode ser dividido didáticamente, em três estágios:

1 - Botão ou broto dental

2 – Capuz ou casquete

3 – Campânula

- ETAPAS DA LÂMINA DENTÁRIA:

Classificação dos três tipos de lâmina dentária, de acordo com a atividade funcional e a sua cronologia.

1a. Lâmina Primária (6 - 7 semana V.I.U. até completar 2º mês de V.I.U) - relaciona-se com a dentição decídua, e ocorre durante o 2º mês de vida intra-uterina.

2a. Lâmina Secundária (4º mês V.I.U. ao 10 mês idade) - responsável pela formação dos dentes permanentes de substituição, formada sempre do lado lingual do órgão dental do correspondente dente decíduo.

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Para os incisivos centrais permanentes forma-se a lâmina secundária no 5º mês de vida intra-uterina.

A lâmina do 2º pré-molar se forma na criança com 10 meses de idade.

3a. Lâmina Terciária (4º mês V.I.U até 5 anos de idade) - à medida que as arcadas dentárias se alongam, a lâmina primária cresce para distal, e com esta expansão forma-se a lâmina terciária, de onde surgirão os primórdios dos órgãos dentais dos molares permanentes, que não são dentes de substituição.

1º molar permanente: 4 meses de vida fetal (feto mais ou menos 160 mm).

3º molar permanente: 5º ano de vida

6 - LÂMINA VESTIBULAR: Logo após o início do período de formação da lâmina dentária, ocorre um espessamento epitelial, localizando-se por vestibular e paralelo a mesma, no futuro rebordo dos maxilares, também orientado em direção ao ectomesênquima.Esta segunda formação não é tão maciça como a lâmina dentária e as suas células centrais sofrem degeneração formando um sulco, chamado sulco labial. À medida que este sulco vai progredindo em profundidade e extensão, vai se delimitando o rebordo alveolar propriamente dito. A lâmina vestibular formará o vestíbulo oral entre a porção alveolar dos maxilares, os lábios e bochechas.

DESENVOLVIMENTO DO GERME DENTAL:

FASE DE BOTÃO OU BROTO:

Representa o esboço inicial da fase do desenvolvimento do órgão dentário. Nesta etapa, o ectoderma forma maciços celulares arredondados em 10 pontos diferentes da lâmina dentária, que correspondem a posição dos futuros dentes decíduos, em cada futuro arco dentário, superior e inferior.

A formação dos botões dentários tem início num embrião de 23 mm

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aproximadamente. Os botões correspondentes aos vários dentes, surgem em períodos diferentes na lâmina dentária.

Os primeiros a aparecerem são da região anterior da mandíbula, que corresponderão aos futuros incisivos inferiores.

Nos botões dentários, as células apoiadas na lâmina basal, estão em continuidade com as células da camada basal do epitélio da mucosa bucal.

Nesta fase o germe dentário aumenta de volume, pois, verifica-se uma atividade mitótica muito grande com rápida proliferação, tanto do epitélio como das células ectomesenquimais, que estão condensadas ao redor do botão dentário.

FASE DE CAPUZ OU DE CASQUETE (Embrião de 35 a 60 mm) - ProliferaçãoConforme o botão dentário se prolifera, aumenta de tamanho e muda de forma, devido ao crescimento desigual em diferentes áreas do botão. Este crescimento leva a formação da etapa de capuz, o qual se caracteriza por uma invaginação do epitélio no ectomesênquima subjacente. Nesta fase as células epiteliais são esferóides e estão ordenadas e separadas por pequena quantidade de substância intercelular.Nesta etapa de desenvolvimento, já começa a se esboçar todos os elementos formativos do dente e de seus tecidos de suporte. O conjunto de células ectodérmicas, que lembram um capuz, é denominado Órgão Dental, responsável pela formação do esmalte dentário, pela estabelecimento da forma da coroa, pelo inicio da formação da dentina e pelo estabelecimento da junção dento gengival. A população de células ectomesenquimais condensadas, localizadas na concavidade do órgão dental é chamada de Papila dentária, a qual formará a dentina e a polpa. As células ectomesenquimais que envolvem o órgão do esmalte e a papila dentária, constituem o folículo dentário ou saco dentário, incumbidas de formarem o cemento, ligamento periodontal e osso alveolar, estruturas de sustentação do órgão dentário.Em alguns germes dentários em desenvolvimento, ocorre nesta fase, um acúmulo de células justapostas no centro do órgão do esmalte, o nó ou nódulo do esmalte. Muitas vezes o nó de esmalte é contínuo com o cordão do esmalte, coluna de células que ligam o epitélio interno ao epitélio externo. Estas estruturas são temporárias e não estão necessariamente em todos os dentes.

FASE DE CAMPÂNULA OU SINO (Embrião de 70 mm)-Histo e morfodiferenciação)

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Nesta fase, observa-se um crescimento mais exagerado das bordas do capuz e concomitantemente há maior diferenciação das células epiteliais, definindo a fase de campânula ou fase de germe dentário propriamente dito.

A massa de células epiteliais até então semelhantes, por meio de modificações chamadas histodiferenciação, transformam-se em componentes morfologicamente distintos.

O órgão dental é constituído das seguintes partes:

a - epitélio dental interno

b - estrato intermediário

c - retículo estrelado

d - epitélio dental externo

a - EPITÉLIO DENTAL INTERNO: o epitélio interno do esmalte consiste de uma camada de células que se diferenciam em ameloblastos, tornando-se células cilíndricas altas. Possuem um diâmetro de 4 a 5 micrômetros e cerca de 40 micrômetros de altura. Vistos em corte transversal, apresentam a forma hexagonal. Os ameloblastos são células formadoras de esmalte e antes de sua total diferenciação, exercem uma influencia organizadora sobre as células ectomesenquimatosas da papila dentária que, por sua vez, se diferenciam em odontoblastos. O epitélio interno tem portanto, função formadora e indutora.

b - ESTRATO INTERMEDIÁRIO: é constituído de 2 a 3 camadas de células pavimentosas, situadas entre o epitélio dental interno e o retículo estrelado. Estão unidas entre si, com as células do retículo estrelado e com o epitélio dental interno por desmossomas. Esta camada de células é de grande importância para a formação do esmalte, elaboram fosfatase alcalina, enzima necessária para a mineralização da matriz de esmalte. Sendo assim, podemos considerar o estrato intermediário em conjunto com as células do epitélio interno, como uma única entidade funcional, responsável pela formação do esmalte.

c - RETÍCULO ESTRELADO: As células que estão situadas na parte central

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do órgão dental tornam-se afastadas entre si, pelo acúmulo de fluído intercelular. As células assumem uma forma estrelada, com longos prolongamentos que se anastomosam com diversos tipos de junções celulares.Os espaços entre as células estreladas, são preenchidos por um fluído mucóide, rico em albumina (glicosaminoglicanas), o que confere ao órgão dental uma consistência almofadada, a qual irá mais tarde proteger as delicadas células formadoras de esmalte.

d - EPITÉLIO DENTAL EXTERNO: As células do epitélio do órgão dental achatam-se tomando a forma de cubos baixos.

No final da fase em campânula, na etapa preparatória e durante a formação do esmalte, o epitélio externo do órgão dental que apresentava anteriormente uma superfície lisa, dispõe-se agora, em pregas. Entre essas pregas infiltram-se papilas provenientes do ectomesênquima adjacente do saco dentário, onde se acumulam capilares, que proporcionam um suprimento nutritivo rico, para a intensa atividade metabólica do órgão do esmalte, que como se sabe é avascular.Observação: a junção do epitélio interno com o epitélio externo na borda do órgão dental é conhecida como alça cervical.

PAPILA DENTÁRIA:

Sob a influência organizadora do epitélio proliferativo do órgão dental, o ectomesênquima desenvolve-se cercado parcialmente pela parte invaginada do epitélio interno do órgão dental. Em seguida condensa-se para formar a papila dentária que é o órgão formador de dentina e da polpa dentária.As diferenciações que ocorrem na papila dentária são concomitantes ao desenvolvimento do órgão dental.

Ainda que o órgão dental exerça uma influência indutora sobre o tecido conjuntivo adjacente, a condensação do último não deve ser considerada como uma reação passiva ao aglomerado decorrente do epitélio em proliferação.A papila dentária, no seu desenvolvimento oferece resistência em determinadas áreas dificultando a proliferação do órgão dental. Tem pois, função modeladora, pois cabe a ela a modelação da forma da coroa do futuro dente.Os ameloblastos induzem as células da papila dentária a se diferenciarem em odontoblastos.

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3 - SACO OU FOLÍCULO DENTÁRIO:

Concomitante ao desenvolvimento do órgão dental do esmalte e papila dentária, processa-se a condensação marginal do ectomesênquima que circunda a superfície do órgão epitelial do esmalte.

Inicialmente, esta região do ectomesênquima é distinguida do ectomesênquima da papila dentária pela presença das células do epitélio dental interno e externo na região da alça cervical do órgão dental que formará uma dupla camada celular, conhecida como bainha epitelial radicular de Hertwig.

A bainha epitelial de Hertwig, tem por função modelar e formar a dentina radicular.Quando as células do epitélio interno induzirem a diferenciação das células ectomesenquimais da papila dentária em odontoblastos, e a primeira camada de dentina for depositada, parte desta bainha epitelial de Hertwig se fragmenta, perdendo a sua continuidade e a sua relação íntima com a superfície do dente. Seus resíduos persistem como restos epiteliais de Malassez no ligamento periodontal.

IDADE CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO

42 a 48 dias Formação da lâmina dental

55 a 56 dias Estágio de botão: incisivos, caninos e molares

decíduos

14 semanas Estágio de campânula para os dentes decíduos e estágio de

botão para os dentes permanentes

18 semanas Dentina e ameloblastos funcionais nos dentes decíduos.

32 semanas Dentina e ameloblastos funcionais nos primeiros molares

permanentes

ESTRUTURAS - INICIO DA FORMAÇÃO

6 - 7 Semanas de V.I.U. Lâmina Dentária (11mm)

2º mês de V.I.U. Dentição Decídua Completa

4º mês de V.I.U. 1º molar Permanente

5º mês de V.I.U. Dentes Permanentes Sucessores

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10 meses de idade 2º Pré molar

1 ano de vida 2º molar

5 anos de vida 3º molar

OCORRÊNCIAS NOS ESTÁGIOS DA FORMAÇÃO DENTÁRIA

BOTÃO PROLIFERAÇÃO CELULAR

CAPUZ

 

ORGÃO DENTAL (Células Ectodérmicas)

PAPILA DENTAL (Células Ectomesenquimais).

INICIAÇÃO E PROLIFERAÇÃO CELULAR.

ANODONTIA, FUSÃO, SUPRANUMERÁRIOS.

DECÍDUOS PREMATUROS E GERMINAÇÕES.

CAMPÂNULA HISTODIFERENCIAÇÃO CELULAR.

AMELOGÊNESE IMPERFEITA, DENTINOGÊNESE IMPERFEITA

DESGASTE DENTINÁRIO, RAÍZES CURTAS E CONTRAÍDAS.

MORFODIFERENCIAÇÃ

O

DENTES CONÓIDES, INCISIVOS DE HUNTCHISON (SÍFILIS),

MICRO E MACRODONTIA.

APOSIÇÃO HIPOPLASIA DE ESMALTE

MINERALIZAÇÃO HIPOCALCIFICAÇÃO E DENTINA INTERGLOBULAR

ERUPÇÃO ANQUILOSE, IMPACTAÇÃO, RETARDO E ERUPÇÃO

PREMATURA

Dentinogênese Imperfeita: A dentina ocupa quase toda a câmara pulpar. A mineralização é deficiente. O limite amelodentinário é liso levando a perda prematura do esmalte. Ocorre desgaste dentinário. As raízes são curtas e contraídas.

Esmalte

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É o tecido que reveste e protege a coroa do dente, extremamente duro, é o tecido mais mineralizado encontrado no organismo. O esmalte define a coroa anatômica do dente. É avascular, branco, cinza azulado ou amarelo devido a dentina subjacente, tem espessura máxima de 2 a 3,0 mm tornando-se mais delgado à medida que alcança o colo dentário.

Constituído basicamente por uma massa firmemente compacta de cristais de apatita com um padrão altamente organizado e orientado. Assim temos que a unidade básica do esmalte é o prisma ou bastão, o qual é criado por diferenças na orientação dos cristais. Na superfície do esmalte a estrutura do prisma é irregular ou está ausente. Cada prisma é rodeado por uma bainha criada por diferenças na angulação do cristal, esses limites contém mais proteínas do que em outras regiões. A razão dos cristais assumirem essa configuração é devido a uma propriedade dos ameloblastos e seus prolongamentos celulares (processo de Tomes). Acredita-se que cada prisma seja formado por quatro ameloblastos, a maior parte da cabeça de cada prisma é formada por um único ameloblasto enquanto que os outros três ameloblastos contribuem para a formação da cauda do prisma. O esmalte adjacente à superfície da dentina é formado antes da existência do processo de Tomes e portanto perde a estrutura prismática, e os cristais estão grosseiramente alinhados perpendiculares à dentina, o mesmo acontece nos últimos 30 um externos superficiais. O prisma é contínuo desde o limite amelodentinário (L.A.D.) até a superfície livre. Num corte transversal o prisma tem a forma de um buraco de fechadura onde a parte mais volumosa chama-se cabeça e a outra, cauda do prisma.

NÚMERO DE PRISMAS

Aproximadamente de 5.000.000 a 12.000.000.

Propriedades Físicas

Extremamente duro, porém capaz de resistir a forças mecânicas que incidem sobre ele durante a mastigação, desde que tenha suporte dentinário. É quebradiço, sofre clivagem, e, daí a necessidade de uma camada sob o esmalte de um material mais resistente (dentina). É translúcido, radiopaco, fluorescente à luz ultra violeta.Tem espessura variável entre 2,5 mm (cúspides) até muito fina na região cervical. É permeável a ions e água, participa ativamente nas trocas químicas com a saliva, essa propriedade possibilita a transformação dos cristais de hidroxiapatita em fluorapatita (mais resistentes) quando se faz aplicações tópicas de fluoretos.

Resistência às forças mecânicas sobre ele aplicadas durante a mastigação. É quebradiço, daí a necessidade de uma camada sob o esmalte de um material mais resistente (dentina).

Translúcido - amarelo claro ao cinza.

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Espessura - 2,5mm (máxima) até muito fina na região cervical.

Interrelaçoes Prismaticas

A partir da junção amelodentinária, os prismas seguem um trajeto tortuoso até a superfície do dente. O tamanho da maioria dos prismas é maior que a espessura do esmalte, devido a direção obliqua e o trajeto ondulado dos mesmos.

Os prismas se dispõem em fileiras arranjadas circunferencialmente ao redor do longo eixo do dente. Em cada fileira, os prismas correm em direção perpendicular à superfície do dente. No topo das cúspides as fileiras tem uma área pequena e os prismas se colocam verticalmente. Na região cervical ao contrario, os prismas estão colocados no sentido horizontal e algumas fileiras estão inclinadas para apical.

4.Propriedades Químicas

Material inorgânico - 96% de fosfato de cálcio sob a forma de hidroxiapatita -

Ca10 (PO4)6 (OH)2

Material Orgânico - 4% e grande quantidade de água.

A hidroxiapatita é encontrada também nos ossos, cartilagem calcificada, dentina e cemento.

Durante a formação do esmalte, vários ions são incorporados aos cristais de hidroxiapatita, tais como: estrôncio, magnésio, carbonatos e fluoreto. Esse cristal sofre dissolução por ácidos, estes determinam as bases químicas das lesões de cárie. O cristal de apatita carbonatada que é inferior e sofre fácil dissolução por ácidos ocorre na região cervical e nas fissuras (locais de maior formação de cáries). Entre os cristais de hidroxiapatita há uma fina rede de material orgânico com muita proteína e polisacarídeos (gel amorfo).

Superfície de esmalte com pH baixo ocorre a desmineralização. Se houver flúor presente esta desmineralização não ocorre pois há deposição de apatita fluoretada. Quando o pH cai para 5.5 a camada de fosfato cai.

O flúor sistêmico promove a formação de hidroxiapatita semelhante a ideal em maior quantidade, com mais estabilidade e menor solubilidade. No meio do cristal existe um ponto mais fraco, com mineral solúvel chamado apatita_carbonatada que utiliza-se do flúor durante a formação do dente e assim tem-se menos apatita carbonatada nessa área. Além disso aparece uma fina camada de flúor

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apatita na superfície do cristal tornando o dente mais resistente a cárie.

Flúor tópico - forma o fluoreto de cálcio que promove uma proteção essencial contra as cáries. O fluoreto de cálcio se precipita na superfície do dente e em contato com a saliva ele vai embora. Entretanto, o flúor funciona independente da forma como é utilizado. É importante se ter flúor na boca durante toda a vida, ele perturba a colonização de bactérias, o seu crescimento e a sua fermentação.

Caracteristicas do esmalte

Devido ao trajeto ondulado dos prismas, mais ou menos em forma de “S”, sob luz refletida, ocorrem faixas claras e escuras denominadas linhas ou bandas de Hunter Schreger.

Linhas incrementares de Retzius, ocorrem devido a formação em camadas que vão se apondo umas às outras. Em média forma-se 4um de esmalte por dia. Estas linhas refletem variações na estrutura e mineralização do esmalte.

Linha Neo-natal, separa o esmalte dos dentes decíduos formado antes e depois do nascimento da criança.

Tufos e lamelas, são falhas geológicas, os tufos são hipomineralizados e projetam-se na junção amelodentinária, enquanto que as lamelas estendem-se para o interior do esmalte partindo da superfície.

Fusos, são considerados de origem dentinária, onde os prolongamentos odontoblásticos atravessam o limite amelodentinário penetrando no esmalte.

Limite amelodentinário, é a junção entre dois tecidos mineralizados, esmalte e dentina, é bem recortado, com trajeto sinuoso.

6.Alterações com a idade

Modificação na cor, permeabilidade e natureza da camada superficial.

Ligada a essas alterações está uma aparente redução da incidência de cárie.

Cor: torna-se mais escura. Menos permeável porque os poros diminuem a medida que os cristais incorporam mais ions e aumentam de tamanho.

AMELOGÊNESE

1.Introdução

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Esmalte é o tecido de origem ectodérmica que recobre a coroa do dente. É formado pelo órgão dental. Na etapa que precede a formação dos tecidos duros (dentina e esmalte), o órgão do esmalte originado do epitélio estratificado oral primitivo, consiste de quatro camadas: o epitélio externo do órgão dental, o retículo estrelado, o estrato intermediário e o epitélio interno do órgão dental (camada ameloblástica). As diferentes camadas epiteliais do órgão dental são denominadas de acordo com sua morfologia, função ou localização.

2.Orgão dental

2.1 - Epitélio Dental Externo: Pouco antes da formação das estruturas duras, essa única camada de células cubóides (epitélio externo) apresenta-se de forma irregular, não se distinguindo facilmente do retículo estrelado. Imediatamente antes de iniciar a formação de esmalte, as células do epitélio externo desenvolvem vilosidades e os capilares do tecido conjuntivo que envolve o órgão dental proliferam e invadem estas vilosidades, promovendo um suprimento nutritivo abundante para o epitélio interno do órgão dental.

2.2 - Retículo Estrelado: Essas células possuem longos prolongamentos unidos por desmossomos entre si e com as células do epitélio externo do esmalte e o estrato intermediário. A grande quantidade de substância intercelular torna-o resistente, elástico, atuando como um provável amortecedor contra as forças físicas.

2.3 - Estrato Intermediário: As células desse extrato estão situadas entre as células do retículo estrelado e as do epitélio interno e estão dispostas em uma a três camadas. Estão unidas por desmossomos entre si, e com as células contíguas do retículo estrelado e do epitélio interno do esmalte. Estas células são caracterizadas pela alta atividade de uma enzima: a fosfatase alcalina - que é de importância fundamental para a mineralização da matriz orgânica. Assim, as células do estrato intermediário juntamente com as do epitélio interno devem ser consideradas como uma unidade funcional responsável pela formação do esmalte.

2.4 - Epitélio Interno: Essas células, antes de começar a formação do esmalte, no estágio de campânula sofrem modificações quanto a forma: de células cúbicas (epitélio de revestimento) assumem a forma cilíndrica e se diferenciam em ameloblastos (epitélio secretor) que produzem a matriz do esmalte.

3.Processo de formação

O processo de formação do esmalte envolve 3 estágios:

1º - secreção da matriz

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2º - maturação

3º - deposição de maior quantidade de sais minerais e perda da porosidade.

1º - Secreção da matriz: é o estágio formativo executado pelos ameloblastos. A secreção da matriz orgânica ocorre numa proporção diária de 0,023 mm/dia. Essa matriz sofre mineralização de imediato com cerca de 65% de água, 20% de material orgânico(amelogenina e enamelina) e 15% de material inorgânico (cristais de hidroxiapatita). Essa secreção continua até quase a deposição de sua espessura total. Os cristais depositados nessa matriz são placas de hidroxiapatita finas e alongadas.

A matriz passa então ao segundo estágio.

2º - Maturação: consiste no crescimentos dos cristais minerais e perda de proteína e água. A maturação inicia-se no centro de crescimento praticamente ao mesmo tempo que o esmalte atingiu sua espessura máxima. A maturação prossegue na proporção de 0,04 a 0,05 mm/dia, portanto muito mais rápida que a secreção da matriz. Nesse estágio há remoção do material protéico onde se retira toda a amelogenina restando apenas a enamelina e parte da água também é perdida tornando o esmalte mineralizado mas ainda bastante poroso.

3º - Adição de mais minerais à matriz e perda da porosidade, após a erupção, quando o dente está na cavidade bucal, o esmalte continua incorporando minerais obtidos da saliva, permitindo o crescimento dos cristais e consequentemente perda da porosidade.

4.Fisiologia da amelogênese

As células do epitélio dental interno, durante sua diferenciação, passam pelas seguintes etapas:

4.1- Fase de células indiferenciadas ou etapa morfogenética: antes da completa diferenciação dos ameloblastos, ocorre uma interação com as células mesenquimais (células da papila dentária), determinando a forma da junção dentina-esmalte e da coroa. As células são curtas e cilíndricas, com núcleos grandes, ovais, que ocupam quase todo o corpo celular.

4.2 - Etapa organizadora ou de pré-ameloblasto: até esta fase, as células do epitélio interno recebem nutrição da papila dentária. estas células do epitélio interno (epitélio de revestimento) tem ação indutora sobre as células periféricas da papila que assim, acabam por diferenciarem-se em odontoblastos. Ocorre a deposição da primeira camada de matriz de dentina por estes odontoblastos. Então, as células do epitélio interno terão que buscar nutrição do saco dentário. Portanto, as células do

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epitélio interno sofrerão inversão de sua polaridade, ficando o núcleo voltado para o estrato intermediário que caracteriza a 3a. etapa.

4.3 - Etapa formadora ou de ameloblasto adulto: após a formação da 1a. camada de dentina e que os ameloblastos se tornam adultos, isto é, células secretoras, pois a presença da matriz de dentina é necessária para o início de formação da matriz do esmalte. A partir desse momento, os ameloblastos estarão em condições de começar a formar a matriz de esmalte. Os primeiros ameloblastos surgem ao nível da futura cúspide e os últimos pertencem a futura região cervical do dente. Cada ameloblasto formará um prisma e a sua bainha.

4.4 - Etapa de mineralização: durante a mineralização do esmalte, os ameloblastos são levemente reduzidos no comprimento, apresentam microvilosidades em suas extremidades distais e vacúolos citoplasmáticos e apresentam assim, função de absorção.

4.5- Etapa protetora: quando o esmalte se apresenta completamente formado, os ameloblastos juntamente com as células do epitélio externo, retículo estrelado e estrato intermediário formam então um revestimento epitelial estratificado do esmalte, o chamado epitélio reduzido do esmalte. Esse epitélio possui função de proteger o esmalte maduro, separando-o do tecido conjuntivo do saco dentário até a erupção do dente.

4.6- Etapa desmolítica: o epitélio reduzido do esmalte parece exercer uma ação desmolítica sobre o mesênquima do saco dental, permitindo que o dente avance em direção a cavidade bucal. Quando encosta no epitélio que reveste esta cavidade ocorre a fusão dos dois epitélios (epitélio reduzido e oral).

5.Desmineralização e Remineralização

O esmalte é freqüentemente desmineralizado, por exemplo:

refrigerante (pH ácido). Entretanto, o mesmo se remineraliza, cujos minerais são obtidos da saliva.

DENTINA

1 – GENERALIDADES:

A dentina é um tecido conjuntivo avascular, mineralizado, especializado que forma o corpo do dente, suportando e compensando a fragilidade do esmalte. A dentina (figuras 1 e 2) é recoberta pelo esmalte na sua porção coronária e pelo cemento na porção radicular. Sua superfície interna delimita a cavidade pulpar onde se aloja a polpa dentária (figuras 6 e 7). Por ser um tecido vivo, contém prolongamentos de células especializadas e substância intercelular.

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Dentina e polpa formam um complexo em íntima relação topográfica, embriológica e funcional, por isso têm características biológicas comuns.

2 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA

A dentina é constituída por:

1 Matéria inorgânica – 70%

1 Matéria orgânica – 20%

1 Água – 10%

Esta composição varia com a idade do dente, devido a sua mineralização progressiva, mesmo já estando totalmente formado.

A PORÇÃO INORGÂNICA consiste de sais minerais sob a forma de cristais de hidroxiapatita. Cada cristal é composto por vários milhares de unidades e cada ?unidade básica fundamental? tem como fórmula 3 Ca3(PO4)2.Ca(OH)2.

Contem também pequenas quantidades de fosfatos, carbonatos e sulfatos, além de elementos como F, Cu, Zn, Fe e outros.

Os grupos OH da hidroxiapatita podem se combinar com o flúor e formar a fluorapatita. Esta troca particular na composição da apatita tem importância clínica, pois a fluorapatita é menos solúvel que a hidroxiapatita, com maior resistência ao ataque ácido produzido por microorganismos cariogênicos.

A PORÇÃO ORGÂNICA consta de fibras colágenas (17%), dispostas em pequenos feixes ao redor e entre os prolongamentos odontoblásticos. Estas fibras são unidas e cimentadas pela substância amorfa de natureza glicoproteica (lipídios, glicosaminoglicanas e compostos protéicos).

3 – PROPRIEDADES FÍSICAS

COR – É uma estrutura branca amarelada. O tom do amarelo varia com a idade e de um indivíduo para outro.

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Quanto mais translúcido o esmalte, mais deixa transparecer a cor da dentina.DUREZA – A dentina é um tecido muito duro, mais que o osso e o cemento, embora seja mais mole e portanto mais radiolúcida do que o esmalte.RESILIÊNCIA – Apresenta considerável elasticidade, devido ao arranjo em rede das suas fibras colágenas, cedendo mediante pressões, e com isso, amortece as forças mastigatórias impostas sobre o esmalte, impedindo que o mesmo se frature.PERMEABILIDADE – A dentina é canalicular, e portanto permeável; substâncias podem penetrar através dos canalículos e atingir a polpa.

4- ESTRUTURA DA DENTINA

 

Os componentes estruturais básicos são:a – O prolongamento do odontoblasto (fibrila de Tomes)b – Canalículo da dentina (zona canalicular)c – O espaço periodontoblástico (líquido tissular)d – A dentina pericanalicular (parede)e – A dentina intercanalicular

 

a – PROLONGAMENTOS ODONTOBLÁSTICOSOs odontoblastos estão situados na periferia da polpa, e as suas projeções citoplasmáticas (prolongamentos) ocupam um espaço na matriz da dentina, que são os túbulos dentinários. A sua espessura é maior quanto mais próxima do corpo do odontoblasto. Os prolongamentos odontoblásticos ramificam-se próximo ao limite amelodentinário por toda a sua extensão. Essas ramificações se anastomosam com as vizinhas 

B – CANALÍCULOS OU TÚBULOS DENTINÁRIOSSão delicados cilindros ocos dentro da dentina, que alojam os prolongamentos odontoblásticos. Seu trajeto é curvo, assemelhando-se a um ?S?, sendo na raiz, na área dos bordos incisais e cúspides, praticamente retos. Emitem colaterais durante seu trajeto.O diâmetro e o volume desses canalículos variam, dependendo:a – da idade do denteb – da localização do canalículo na dentinaAlém disso, eles são mais largos junto a polpa (2,5 um)e se tornam mais estreitos em suas extremidades externas (1um).O número de canalículos por unidade de superfície varia segundo a região da dentina considerada:1 próximo da polpa – 65.000 túbulos/mm21 parte central – 35.000 túbulos/mm2

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1 na periferia – 15.000 túbulos/mm2A superfície pulpar da dentina (figuras 1 e 2) corresponde de 1/3 a 1/5 da superfície externa da dentina. A relação entre o número de canalículos por unidade de superfície peripulpar e nas superfícies externas da dentina é ao redor de 4:1, o que eqüivale a dizer que os canalículos estão mais separados entre si nas camadas externas da dentina do que próximo à polpa.Há mais canalículos por unidade de superfície na coroa do que na raiz.

C – ESPAÇO PERIODONTOBLÁSTICOÉ o espaço compreendido entre a parede do canalículo e o prolongamento do odontoblasto. É preenchido pelo líquido, tissular, e, onde ocorrem as trocas metabólicas com os prolongamentos odontoblásticos.

D – DENTINA PERICANALICULAR OU PERITUBULARÉ a dentina que constitui a parede do canalículo, e caracteriza-se pelo seu elevado conteúdo mineral (90%). Nos dentes recém irrompidos, está ausente na porção da dentina mais imediata à polpa, e também pode, dependendo da idade do dente, chegar a obliterar os túbulos dentinários. Quando a dentina peritubular é desmineralizada (descalcificada) resta da mesma uma pequena porção de matéria orgânica, que juntamente com a água, constitui 10% desta dentina.

E – DENTINA INTERCANALICULAR OU INTERTUBULARÉ a dentina situada entre os canalículos da dentina.A dentina intertubular é a massa principal da dentina. É altamente mineralizada, porém mais da metade do seu volume está formado por matriz orgânica com grande quantidade de colágeno.1 Composição: sais minerais – 70%material orgânico e água – 30%

5 – PRÉ-DENTINACamada de matriz não mineralizada de 25 a 30um de espessura, que está situada entre a camada de odontoblastos e a dentina mineralizada. Está presente durante a dentinogênese e permanece ao longo da vida do dente, depositando-se de forma lenta e contínua.

6 – LINHAS INCREMENTAISRefletem variações na estrutura e mineralização estabelecidas durante a formação de dentina. O curso das linhas corresponde aos períodos rítmicos de aposição de dentina. Na coroa varia de 4 a 8um a aposição diária de dentina. Na raiz, a aposição dentinária é mais lenta. Ocasionalmente algumas destas linhas estão acentuadas devido a distúrbios no processo de mineralização e são conhecidas como linhas de contorno de Owen (ver roteiro de dentinogênese).

7 – LINHA NÉO-NATALDurante o nascimento, o feto sofre alterações abruptas tanto no meio

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ambiente como na forma de nutrição, ocasionando nesta fase da vida, uma linha de contorno acentuado na dentina, resultado de uma calcificação incompleta (hipocalcificação), é a chamada linha néo-natal. Isto ocorre nos dentes decíduos e nos primeiros molares permanentes, onde uma parte da dentina é feita antes do nascimento.

TIPOS DE DENTINADENTINA DO MANTOÉ a primeira camada de dentina (figuras 1 e 2) produzida pelo odontoblasto, ela é constituída por fibras pré-colágenas imaturas que se enrolam em espiral ao redor do prolongamento.DENTINA PRIMÁRIAÉ aquela que se forma quando o dente ainda não está totalmente formado, apresenta muitos canalículos dentinários e a sua dentinogênese processa-se com grande velocidade (4 a 8um diários), ela é depositada até o término da formação da raiz.9.9 – DENTINA PRÉ-NATALÉ aquela formada antes do nascimento.9.10 – DENTINA PÓS-NATALForma-se depois que o indivíduo nasce.

DENTINOGÊNESE:

1 – GENERALIDADESA formação da dentina (figuras 1 e 2) precede e é essencial para a formação do esmalte.

2 – ETAPAS DA DENTINOGÊNESE

 

A formação da dentina realiza-se em duas etapas:- Matriz orgânica da dentina (pré-dentina) – 30%- Dentina (mineralização) – 70%A formação e calcificação da dentina começa na ponta das cúspides ou bordas incisais, e avança para dentro por uma aposição rítmica de camadas cônicas uma dentro da outra. Com a conclusão da dentina radicular, a formação da dentina primária chega ao seu final.

MATRIZ ORGÂNICANo início do desenvolvimento da matriz aparecem feixes de fibrilas entre os odontoblastos, que divergem num arranjo em forma de leque. São as fibras de Korff e sua origem e função na dentinogênese tem sido objeto de discussão. São constituintes importantes na matriz formada inicialmente, devido ao arranjo em leque de suas fibras, mas que mais

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tarde tornam-se compactos feixes de fibrilas paralelas. Os odontoblastos formam fibras colágenas e substância amorfa, e estas fibras se dispõem em espirais ao redor das fibrilas de Tomes e entre as mesmas, que foram deixadas pelos odontoblastos que se afastaram para o interior da papila. As fibras são unidas entre si pela matriz amorfa.

MINERALIZAÇÃO DA MATRIZDepois que várias camadas de pré-dentina foram depositadas, começa a mineralização das camadas mais próximas a junção dentina-esmalte. Forma-se então uma faixa de matriz dentinária e os odontoblastos elaboram fosfatase alcalina, dando ao meio condições ótimas de pH para que se processe a mineralização da matriz.Nesse ínterim, íons minerais transportados pelos capilares sangüíneos da papila depositam-se na matriz orgânica como sais, sob a forma de cristais de hidroxiapatita, sobre as superfícies das fibrilas colágenas e na substância fundamental. Posteriormente os cristais são depositados dentro das próprias fibrilas.O processo geral de calcificação e gradual, mas a região peritubular torna-se muito mineralizada em pouco tempo. Embora haja crescimento dos cristais enquanto a dentina amadurece, o tamanho final dos cristais permanece muito pequeno (até 0,1).

LINHAS INCREMENTÁRIASO crescimento aposicional da dentina é uma deposição de matriz em forma de camadas. O crescimento aposicional é caracterizado pela deposição regular e rítmica de material extracelular, incapaz de crescer mais por si próprio. Períodos de atividade e repouso se alternam em intervalos definidos. A matriz é depositada pelas células ao longo do local delineado pelas células formadoras.As junções dentina-esmalte e dentina-cemento são diferentes entre si e em cada tipo de dente.As linhas incrementares do Owen são linhas de implicação que refletem variações na estrutura e mineralização durante a formação de dentina. Correspondem as linhas incrementais de Von Ebner que estão acentuadas devido a distúrbios no processo de mineralização. As linhas de contorno de Owen representam, radiograficamente, faixas hipocalcificadas.

DENTINA RADICULARTem a mesma estrutura da dentina coronária. As linhas incrementares acham-se dispostas no sentido longitudinal em relação ao eixo do dente, demonstrando a deposição rítmica da dentina.Seus canalículos se apresentam menores, com ramificações e trajeto sinuoso discretos. Isto se deve ao fato de que os odontoblastos desta região, que são praticamente cubóides, apresentam menor atividade metabólica, elaborando dentina muito lentamente.Toda dentina radicular é envolvida externamente pelo cemento, que é uma estrutura pertencente ao periodonto de sustentação.

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LIMITE DA DENTINA COM O CEMENTOA dentina se relaciona com o cemento por meio da zona granular de Tomes. Percorrendo os canalículos da porção radicular em direção ao cemento, se comprova que a imensa maioria deles desaparece ao chegar nesta. Por este motivo se acredita que a zona granular de Tomes é a terminação natural da maior parte dos canalículos radiculares.

ESTRUTURA DA BAINHA RADICULAR EPITELIAL DE HERTWIGÉ formado pela fusão dos epitélios interno e externo do órgão do esmalte. É constituído por duas fileiras de células cúbicas ou poliédricas.As células do epitélio interno induzem a diferenciação das células do tecido conjuntivo (papila dentária) em odontoblastos, e assim que a primeira camada de dentina for depositada, a bainha de Hertwig perde a sua continuidade e a sua relação íntima com a superfície do dente.Alguns de seus resíduos podem persistir no ligamento peridontal, são os chamados restos epiteliais de Malassez, que não apresentam nenhuma função, mas, numa possível inflamação do ligamento peridontal podem desenvolver como reação os cistos dentais.É importante citar que a bainha de Hertwig é responsável pelos casos de rizogênese imperfeita que são encontrados em clínica.

MODELADO DA RAIZA forma da raiz é modelada pela Bainha de Hertwig.1 –Dentes unirradicularesA bainha de Hertwig contorna todo o colo do dente assumindo a forma de um tubo cônico simples que apresenta consequentemente, um único orifício.

2 – Dentes bi e multirradicularesA bainha de Hertwig forma lingüetas epiteliais que se dirigem para o longo eixo do dente fusionando-se entre si. Assim, estabelece a formação do soalho da câmara pulpar e agora aquele orifício único fica dividido em dois ou três orifícios que correspondem a base das futuras raízes.

FORMAÇÃO DA DENTINA RADICULAR1 – A bainha de Hertwig migra em direção apical.2 – As células do epitélio interno da bainha de Hertwig induzem a diferenciação dos odontoblastos, a partir das células periféricas da papila dentária.3 – Os odontoblastos recuam o seu corpo em direção centrípeta deixando seu prolongamento, e simultaneamente, depositam matriz de dentina.4 – Mineralização da matriz – Com a secreção da fosfatase alcalina elaborada pelos odontoblastos e células da camada sub-odontoblástica, ocorre a deposição de sais, principalmente de fosfato de cálcio, na forma

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de cristais de hidroxiapatita, cujos íons vieram dos capilares fenestrados da papila dentária.

CANAIS ACESSÓRIOSA raiz tem habitualmente um conduto amplo e central. Entretanto, pode ocorrer a presença de 2, 3 ou mais condutos menores que recebem o nome de canais acessórios. A definição desses canais ocorre provavelmente pela deposição de dentina ao redor do vaso sangüíneo da polpa, já preexistente.

 

POLPA

   

1 - CONCEITO:A polpa dentária é um tecido conjuntivo frouxo, envolvido pela dentina, exceto no forame apical, onde a mesma se comunica com o periodonto. Sua porção periférica é caracterizada pela sua participação na formação dentinária durante a vida do dente, além de manter a integridade da dentina. Em certos aspectos a polpa difere, estrutural e fisiologicamente, de outros tecidos conjuntivos. Desta maneira, ela dever ser considerada um tipo especial de tecido conjuntivo frouxo (figuras 6 e 7).Caracteriza-se por apresentar uma população variada de células, unidas por substância intercelular amorfa, constituídas principalmente de glicosaminoglicanas, ácido hialurônico, sulfato de condroitina, glicoproteínas e água. A substância intercelular fibrosa é principalmente de natureza colágena do tipo I e III. Apresenta também um amplo suprimento vascular e nervoso.

2 - DESENVOLVIMENTO:A proliferação das células da papila dentária de origem ectomesenquimal ocorre durante a odontogênese, e essa proliferação é responsável pelo molde da futura junção amelodentinária. As diferenciações citológicas associadas à histogênese da polpa ocorrem em primeiro lugar na periferia da papila dentária com o epitélio dental interno no início da dentinogênese. A papila dentária passa a ser denominada polpa dentária quando fica delimitada por dentina. Todavia a diferenciação celular continua a ocorrer lentamente por vários anos. É uma estrutura rica de células indiferenciadas e apresenta uma rica vascularização durante o desenvolvimento. Algumas dessas células se diferenciam em fibroblastos, elementos importantes na manutenção da substância intercelular 

 

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3 - ARRANJO ESTRUTURAL:No tecido conjuntivo pulpar (região coronária), do ponto de vista histológico, podemos distinguir quatro zonas nítidas:

3.1 - zona odontoblástica, na periferia da polpa estão localizados os odontoblastos, células formadoras de dentina (figuras 6 e 7).

3.2 - zona acelular, logo abaixo da camada de odontoblastos, também chamada de camada basal de Weil ou zona de Weil, é bem evidente na polpa coronária (figura 12).

3.3 - zona rica em células, abaixo da zona acelular, bem visível na polpa coronária, rica em fibroblastos, células mesenquimais e macrófagos.

3.4 - zona central, onde estão situados os vasos sangüíneos maiores e os nervos pulpares.

4 - COMPONENTES:

4.1 - CÉLULAS: Odontoblastos, fibroblastos, células mesenquimais indiferenciadas, macrófagos e linfócitos.

ODONTOBLASTOS: residem na periferia pulpar com os corpos celulares adjacentes à pré-dentina e os prolongamentos no interior dos túbulos dentinários. Na porção coronária estima-se que hajam cerca de 45.000 odontoblastos por mm2, e reduzindo na porção radicular. Na coroa são maiores, cilíndricos, com cerca de 35 um de altura, cubóides na polpa radicular e francamente achatados junto a porção apical. Podem também apresentar-se em franca atividade de síntese ou em estado de repouso.Quando ativos em fase secretora apresentam-se distendidos com citoplasma basófilo e quando em repouso são mais achatados e com citoplasma escasso.

Os prolongamentos dos odontoblastos cruzam a prédentina e alcançam a dentina mineralizada.Ainda surgem dúvidas com relação ao comprimento do prolongamento odontoblástico e há necessidade de comprovação com técnicas especiais para se afirmar se o prolongamento odontoblástico atinge ou não o limite amelodentinário.O odontoblasto é uma célula altamente diferenciada que não se divide mais, e assim sendo, quando o tecido pulpar é exposto pode ocorrer um reparo à custa da formação de uma ponte dentinária, porém deve-se lembrar que o odontoblasto, durante a odontogênese necessita da presença das células do epitélio interno ou das células da bainha radicular de Hertwig para se diferenciar. Sendo assim, não se conhece a procedência do estímulo responsável pela diferenciação odontoblástica numa polpa adulta que não possui células epiteliais (figuras 6 e 7).

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FIBROBLASTOS: São as mais numerosas principalmente na coroa. Têm a função formadora e de manutenção da substância intercelular amorfa e fibrosa. Possuem citoplasma dilatado com muitas organelas associadas à síntese e secreção de proteínas.Com a idade a capacidade de síntese diminui e a célula fica achatada, núcleo fusiforme, cromatina nuclear densa e quando devidamente estimulado possui a capacidade de degradar o colágeno.Acredita-se também que os fibroblastos possam dar origem a novos odontoblastos.

CÉLULA MESENQUIMAL INDIFERENCIADA: Células poliédricas, núcleo claro, centralmente colocado, citoplasma abundante, com inúmeros prolongamentos e são as células que dão origem às demais células da polpa. Assim sendo, dão origem aos fibroblastos, macrófagos ou odontoblastos. Muitas vezes as células indiferenciadas estão relacionadas com os vasos sangüíneos.

MACRÓFAGOS: Célula grande, oval ou fusiforme, núcleo com cromatina densa e citoplasma fortemente corado, possui muitos lisossomos que aparecem como áreas claras no citoplasma. O macrófago ativo elimina células mortas e material particulado, quando surge inflamação o macrófago remove bactérias e interage com as outras células do processo inflamatório.

LINFÓCITOS: Célula de defesa que ocasionalmente pode ser observada no conjuntivo pulpar.

4.2 - SUBSTÂNCIA INTERCELULAR AMORFA: É constituída por: glicosaminoglicanas (GAGS), ácido hialurônico, sulfato de condroitina, glicoproteínas e água. Envolve as células, as fibras, vasos e nervos da polpa, é incolor, de consistência viscosa e oferece resistência à penetração de partículas estranhas para o interior da polpa.

4.3 - SUBSTÂNCIA INTERCELULAR FIBROSA: As fibras são principalmente as colágenas, na polpa jovem ocorrem fibrilas colágenas e com o decorrer da idade essas fibras aumentam em número formando feixes de colágeno. Na porção apical a concentração de fibras é maior e ao redor dos nervos pulpares também são abundantes.

4.4 - VASOS SANGUÍNEOS, LINFÁTICOS E INERVAÇÃO: Esses elementos penetram e deixam a polpa através do forame apical e forames acessórios. Geralmente, entram pelo forame, um vaso do tamanho de uma arteríola, ao lado de feixes nervosos simpáticos. Os vasos linfáticos, recentemente identificados na polpa iniciam-se como pequenos vasos de fundo cego na região coronária e terminam desembocando em um ou dois vasos de maior diâmetro que abandonam a polpa pelo mesmo forame apical.

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Os nervos pulpares são representados por axônios mielínicos e amielínicos recobertos por uma bainha de tecido conjuntivo, o epineuro. Os axônios que inervam a polpa são na maioria, fibras sensitivas aferentes pertencentes ao nervo trigêmeo e ramos simpáticos do gânglio cervical superior (fibras amielínicas intimamente associadas aos vasos sangüíneos). As fibras sensitivas são amielínicas e a medida que os nervos vão se arborizando na região coronária aumenta o número de axônios amielínicos.A intimidade das fibras nervosas com o prolongamento odontoblástico é muito importante e a sensação predominante no complexo polpa dentina é a dor que na maioria das vezes é difusa, o que torna difícil sua localização clínica.

5 - FUNÇÕES DA POLPA:

5.1 - Formadora: devido a presença dos odontoblastos produtores da matriz orgânica da dentina e envolvidos também na mineralização da mesma. Essa função formadora ocorre durante toda a vida do dente.

5.2 - Nutritiva: a polpa é responsável pela nutrição da dentina através dos odontoblastos e seus prolongamentos e pelos elementos nutrientes contidos na substância intercelular amorfa.

5.3 - Sensorial: responsável pela sensibilidade dentinária, onde a maioria dos feixes nervosos termina no plexo subodontoblástico (plexo de Raschkow) na zona acelular, como pequenas terminações nervosas e fibras amielínicas mais espessas. Alguns túbulos dentinários possuem uma fibra nervosa no seu interior junto ao prolongamento odontoblástico, entretanto, o mecanismo da sensibilidade ainda não está perfeitamente explicado e possivelmente há vários fatores relacionados entre si.

6 - MODIFICAÇÕES COM A IDADE:A distribuição e a quantidade dos componentes da polpa variam segundo o período de desenvolvimento e do estado funcional da polpa.a) Polpa recém-formada: há equilíbrio entre as células e a substância intercelular. Nesta última a quantidade de fibras é menor. O tecido conjuntivo é do tipo mucoso.b) Polpas de dentes jovens: embora predomine a substância intercelular sobre as células, há um equilíbrio entre a quantidade de fibras colágenas e a substância amorfa caracterizando o tecido conjuntivo frouxo.c) Polpa senil: há um predomínio das fibras colágenas sobre os outros elementos - tecido conjuntivo denso.Isto tem implicações clínicas - uma polpa mais fibrosa é menos capaz de se defender contra as irritações quando comparada a uma polpa jovem, rica em células.

7 - ALTERAÇÕES REGRESSIVAS:

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1. Alterações celulares: numa polpa envelhecida além da presença de menos células, estas tem seu tamanho e número de várias organelas citoplasmáticas diminuídos. Seus fibroblastos exibem menor citoplasma perinuclear e possuem processos citoplasmáticos longos e finos. As organelas intracelulares são pequenas e reduzidas em número. As fibras intercelulares estão em abundância entre as células.

2. Fibrosas: as polpas mais senis mostram acúmulos de colágeno. O aumento das fibras no órgão pulpar é generalizado. Qualquer trauma externo, como a cárie dentária ou restaurações profundas, geralmente causam uma fibrose localizada.

3. Cálculos pulpares ou dentículos: são massas calcificadas nodulares, que aparecem nas porções coronárias ou radiculares da polpa, ou em ambas. Muitas vezes se desenvolvem em dentes que parecem normais em outros aspectos. Também podem ser encontrados em dentes inclusos.

Quanto à estrutura, os cálculos pulpares classificam-se em:dentículos verdadeiros, falsos dentículos e calcificações difusas.- Dentículos verdadeiros: são formados por dentina, mostrando traços de canalículos dentinários e odontoblastos. Ocorrem raramente e forma-se a partir de restos de bainha epitelial de Hertwig que teriam ficado incluídos na polpa dentária. Geralmente estão localizados junto ao forame apical.- Falsos dentículos: são formações calcificadas na polpa que não apresentam a estrutura da verdadeira dentina. Apresentam-se como camadas concêntricas de tecido mineralizado. O tecido pulpar circundante pode aparecer absolutamente normal. Estes cálculos pulpares podem eventualmente ocupar porções consideráveis da câmara pulpar.- Calcificações difusas: são depósitos irregulares de cálcio no tecido pulpar. São amorfos, não possuindo estrutura específica e geralmente ocorrem como conseqüência final de uma degeneração hialina do tecido pulpar. São geralmente encontrados no canal radicular.Quanto a localização: os cálculos pulpares são classificados de acordo com a sua localização em relação a parede dentinária circundante em:- Cálculos livres: são aqueles totalmente cercados por tecido conjuntivo pulpar.- Cálculos aderentes ou inseridos: parcialmente fusionados com a dentina.- Cálculos inclusos ou incluídos: totalmente cercados por dentina. Todos se originam livres na polpa e vão se tornando aderentes ou inclusos, conforme avança a formação de dentina.