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1 O Uso de Madeira na Construção Civil: Estudo de caso no Bairro Cidade Nova em Governador Valadares-MG. Jusciano Caio dos Santos Pereira. Tecnologia em Gestão Ambiental - Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais IFMG – Campus Governador Valadares. [email protected]. Outubro de 2013. Professora Orientadora: Msc. Daniela Martins Cunha. Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais IFMG – Campus Governador Valadares. [email protected] RESUMO A extração das florestas tem ocorrido de forma intensa e desordenada com o crescimento populacional e se intensifica proporcionalmente ao desenvolvimento, devido aos diversos usos da madeira na sociedade, principalmente na construção civil. O objetivo geral deste trabalho é realizar um diagnóstico sobre o uso dessas madeiras pela construção civil, especificamente no Bairro Cidade Nova em Governador Valadares - Minas Gerais. Para isto, montou-se um questionário semiestruturado para ser respondido nas construções sobre o uso da madeira, geração de resíduos, cuidados para evitar desperdícios, qualificação dos trabalhadores para lidar com esse material e destino final dos resíduos. Na área de estudo há geração de muito resíduo, predominância de mão–de-obra não qualificada e destinação inadequada, sendo necessário a qualificação dos trabalhadores, educação ambiental, política ou fiscalização para adequação às normas técnicas brasileiras para construtoras. PALVRAS-CHAVE: extração madeireira; construção civil; resíduos; uso consciente. ABSTRACT The extraction of forests has been so intense and disorganized population growth and intensified in proportion to development due to the different uses of wood in society, especially in construction. The aim of this work is to make a diagnosis on the use of these woods for construction, specifically in the Cidade Nova district in Governador Valadares - Minas Gerais. To do this, set up was a semi-structured questionnaire to be answered in the constructions on the use of wood, waste generation, care to avoid waste, qualified workers to handle this material and waste disposal. In the study area there is a lot of waste generation, predominantly unskilled labor allocation and inadequate, requiring the skills of workers, environmental education, politics or supervision to suit Brazilian technical standards for construction. KEYWORDS: wood extraction; building construction; waste; conscious use.

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O Uso de Madeira na Construção Civil: Estudo de caso no Bairro Cidade Nova em Governador Valadares-MG.

Jusciano Caio dos Santos Pereira. Tecnologia em Gestão Ambiental - Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais IFMG – Campus Governador Valadares. [email protected]. Outubro de 2013.

Professora Orientadora: Msc. Daniela Martins Cunha. Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais IFMG – Campus Governador Valadares. [email protected]

RESUMO

A extração das florestas tem ocorrido de forma intensa e desordenada com o crescimento populacional e se intensifica proporcionalmente ao desenvolvimento, devido aos diversos usos da madeira na sociedade, principalmente na construção civil. O objetivo geral deste trabalho é realizar um diagnóstico sobre o uso dessas madeiras pela construção civil, especificamente no Bairro Cidade Nova em Governador Valadares - Minas Gerais. Para isto, montou-se um questionário semiestruturado para ser respondido nas construções sobre o uso da madeira, geração de resíduos, cuidados para evitar desperdícios, qualificação dos trabalhadores para lidar com esse material e destino final dos resíduos. Na área de estudo há geração de muito resíduo, predominância de mão–de-obra não qualificada e destinação inadequada, sendo necessário a qualificação dos trabalhadores, educação ambiental, política ou fiscalização para adequação às normas técnicas brasileiras para construtoras.

PALVRAS-CHAVE: extração madeireira; construção civil; resíduos; uso consciente.

ABSTRACT

The extraction of forests has been so intense and disorganized population growth and intensified in proportion to development due to the different uses of wood in society, especially in construction. The aim of this work is to make a diagnosis on the use of these woods for construction, specifically in the Cidade Nova district in Governador Valadares - Minas Gerais. To do this, set up was a semi-structured questionnaire to be answered in the constructions on the use of wood, waste generation, care to avoid waste, qualified workers to handle this material and waste disposal. In the study area there is a lot of waste generation, predominantly unskilled labor allocation and inadequate, requiring the skills of workers, environmental education, politics or supervision to suit Brazilian technical standards for construction.

KEYWORDS: wood extraction; building construction; waste; conscious use.

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1.Introdução

Ao longo dos anos a extração vegetal das áreas de florestais não traziam

preocupações para o ser humano, por isso retirava-se o que era conveniente,

degradava-se e depois descartava, abandonando de forma inconsequente.

Ao passo que a população se desenvolvia e a mancha urbana e a área rural

expandia, a sociedade continuou extraindo recursos naturais, adequando às suas

necessidades e descartando de forma absurda. Esses atos trouxeram consigo um

grande problema, porque com o passar do tempo, já não se achava matas para retirar

matéria-prima como no passado e o local de descarte que antes era remoto e que

estava contaminado passou a estar ao alcance das vistas. Resultando na perda de

áreas que tinham alto potencial para ocupação da agricultura e da habitação.

O que hoje é recurso, ontem não o era, e alguns dos recursos de que somos

dependentes hoje, serão descartados amanhã, pois assim caminha o progresso [...]

(SACHS,2009. p.70). A história da humanidade há muito se caracteriza pela

modificação do ambiente natural com a finalidade de adaptá-lo às suas necessidades,

anseios e busca por condições seguras de se abrigar das intempéries ambientais

(PGIRCC,2009. p.7).

No Brasil a extração da madeira começou quando a família imperial chegou no

país, e a madeira foi o alvo, a qual ocorreu, na maioria das vezes, de forma

devastadora. Iniciava-se um período que comprometeria diversas espécies da Mata

Atlântica, começando então a supressão de uma das maiores florestas brasileiras. E o

pensamento era o mesmo retratado por Sachs (2009), que a Natureza era a despensa

de onde se tiraria, sem parcimônia, o máximo possível.

Segundo Prado (1998, p.25) era uma exploração rudimentar que não deixou

traços apreciáveis, a não ser na destruição impiedosa e em larga escala das florestas

nativas donde se extraia a preciosa madeira.

Os anos se passaram, e a extração continuou, pois esse recurso natural

apresenta variadas utilidades na sociedade, seja na produção energética, quanto na

habitação e tal exploração tem se intensificado à medida que a população se

desenvolve.

O uso da madeira na construção civil pode ser agrupado por seu perfil na construção civil como se segue:

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Construção civil pesada externa Engloba as peças de madeira serrada usadas para estacas marítimas, trapiches, pontes, obras imersas, postes, cruzetas, estacas, escoras e dormentes ferroviários, estruturas pesadas, torres de observação, vigamentos, tendo como referência a madeira de angico-preto (Anadenanthera macrocarpa). Construção civil pesada interna Engloba as peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura, onde tradicionalmente era empregada a madeira de peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Construção civil leve externa e leve interna estrutural Reúne as peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes empregados em usos temporários (andaimes, escoramento e fôrmas para concreto) e as ripas e caibros utilizados em partes secundárias de estruturas de cobertura. A madeira de pinho-do-paraná (Araucária angustifolia) foi a mais utilizada, durante décadas, neste grupo. Construção civil leve interna decorativa Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como forros, painéis, lambris e guarnições, onde a madeira apresenta cor e desenhos considerados decorativos. Construção civil leve interna de utilidade geral São os mesmos usos descritos acima, porém para madeiras não decorativas. Construção civil leve em esquadrias Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como portas, venezianas, caixilhos. A referência é a madeira de pinho-do-paraná (Araucária angustifolia). Construção civil assoalhos domésticos Compreende os diversos tipos de peças de madeira serrada e beneficiada (tábuas corridas, tacos, tacões e parquetes), (ZENID,2009,p.22).

Com os diferentes usos desse importante recurso natural, a construção civil

torna-se, cada vez mais, uma das grandes utilizadoras, consumindo cerca de 2/3 da

madeira natural extraída e a maioria das florestas não é manejada adequadamente e

algumas matérias primas tradicionais da construção civil têm reservas mapeadas e

escassas [...](JONH APUD BABILON ,2008).

A ascensão socioeconômica brasileira das classes a partir de 2006 acarretou o

desenvolvimento das cidades, contribuindo para um enorme aumento de construções

de casa e prédios. Outro marco brasileiro que corrobora para a elevação do número

de construções é o programa do Governo Federal em parceria com a Caixa

Econômica Federal, conhecido como “Minha Casa Minha Vida” que aqueceu o ramo

da construção civil em todo território nacional.

Essa crescente necessidade de construir e ampliar faz com que o homem

empregue a madeira, pois se encaixa em diversos ramos de atividades antrópicas pela

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sua beleza natural, sendo usado para decorar casas, nos móveis e edificações, sendo

o foco do presente trabalho a utilização na habitação.

A indústria da construção civil constitui uma das maiores fontes geradoras de

resíduos de toda a sociedade. Por outro lado, é também uma das maiores geradoras

de emprego, exercendo um peso considerável na macro economia (PINTO APUD

BABILON,2008). Segundo Hansen (2008) apud Beltrame, a construção civil é

responsável pelo consumo de 66% de toda madeira extraída e gera 40% de todos

resíduos na zona urbana[...].

Com o desenvolvimento constante, a indústria da construção civil vinha, ao

longo dos anos, gerando resíduos sem se preocupar com sua destinação adequada

(PGIRCC,2009.p7).

Segundo Pinto (1999) apud Babilon (2008) nos resíduos da construção civil

podem ser identificados em maior quantidade: rochas, solos, concreto armado ou não,

argamassa e base de cimento e cal, metal, madeira, plásticos diversos, materiais

betuminosos, vidro, gesso (pasta ou placa), tintas e adesivos, restos de embalagens,

resíduos de telha e tijolos, cerâmica branca e revestimento, cimento amianto, produto

de limpeza e terrenos.

De acordo com o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos da

Construção Civil - PGIRCC (2009) apesar de muito importante para a sociedade, a

construção civil é uma grande geradora de resíduos. E nos grandes centros urbanos,

onde a construção civil emerge em ritmo acelerado, os resíduos provenientes da

construção civil são, muitas vezes, depositados em locais impróprios e de maneira

inadequada, criando locais conhecidos como “bota-fora”. Uma solução para esse

problema é minimizar a quantidade do entulho gerado, somado à efetiva aplicação

pelos municípios das normas ambientais já existentes [...].

Por ser uma região muito populosa, a região Sudeste tem se destacado na

construção civil e consequentemente na geração de Resíduos da Construção e

Demolição-RCD ou Resíduos da Construção Civil-RCC. A tabela abaixo demonstra o

crescimento da coleta de Resíduos da Construção e Demolição na região Sudeste do

Brasil (Quadro 1).

Quadro 1: Coleta de RCD na Região Sudeste Fonte: ABRELPE e IBGE

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A quantidade coletada em (t/d) aumentou 5,88% em 2012 em relação ao ano

anterior, assim como a quantidade em (Kg/hab/dia), que foi de 5,12%.

Devido à alta geração de Resíduos da Construção Civil, existe uma resolução

do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002,

que visa em seu Art.1º: Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão

dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a

minimizar os impactos ambientais.

Ainda conforme a mesma resolução, em seu Art.2º, é apresentado o seguinte

conceito para Resíduos da Construção Civil:

“São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.”

Quadro 2: Classificação, Características e Destinação dos resíduos da Construção Civil.

Fonte: Resoluções 307/2002, 348/2004 e 448/2012 do CONAMA apud César,2012.

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No Art.3º são divididas as classes dos resíduos da construção civil, sendo

definidas como se apresenta na tabela posterior com suas alterações pelas resoluções

do Conama, nº 348 de 16 de agosto de 2004 e 448 de 18 de janeiro de 2012 (Quadro

2).

O Brasil tem avançado no controle da geração e destinação final de RCC. O

estado de Minas Gerais já possui seu Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos

da Construção Civil - PGIRCC para orientar os municípios quanto a gestão dos

mesmos, tendo em vista que os gastos com a limpeza urbana e os lixões são um dos

maiores problemas da administração pública.

Um dos maiores desafios das administrações municipais é a gestão dos

resíduos sólidos e, especialmente, após 2010, com a instituição da Política Nacional

dos Resíduos Sólidos - PNRS, a disposição ambientalmente adequada dos resíduos

sólidos passou a ser prioridade (BRASIL,2013.p.5).

Não sendo diferente em Governador Valadares - Minas Gerais, a cidade já

vem progredindo nesse sentido a algumas décadas, e ganhou mais expressão com a

crise dos Estados Unidos, que trouxe cerca de 5 mil cidadãos de volta, e com a

experiência alcançada, acharam um campo fértil para a construção civil (CSEM,2011).

E é perceptível a grande quantidade de novas construções e reformas que ocorrem na

cidade.

A cidade de Governador Valadares se encontra no leste do estado de Minas

Gerais, e é uma cidade polo, pois liga a Região Metropolitana de Belo Horizonte e

Vale do Aço ao Vale do Mucurí. Possui uma população de 263.689 habitantes e uma

área de 2.342,319 km² de acordo com o IBGE(2013).

O portal de notícias In360 prognosticou que Governador Valadares

acompanharia o crescimento da construção civil no Estado, e com dados da

Associação Brasileira de Material de Construção, o setor cresceria em 6% em

investimentos no estado de Minas em 2011.

E confirmando o que tem sido dito o Diário do Rio Doce afirmou em uma

reportagem que:

“A Caixa realizou no clube Filadélfia em Governador Valadares, a 8º edição do Feirão Caixa da Casa Própria, o que foi a oportunidade dos que sonham com a casa própria solicitarem crédito financeiro do imóvel, foram oferecidos 1.900 imóveis dentre estes, novos, usados, e na planta. Sendo 1.400 enquadrados no programa Minha Casa Minha Vida do governo federal” (Jornal Diário do Rio Doce ed.15/05/2012).

Assim, pelo alto índice de construções tem-se a necessidade de que se faça o

uso consciente de madeira na construção civil em Governador Valadares. Pois a

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madeira se apresenta basicamente de duas formas nas construções: uma parte pode

ser denominada de “madeira durável”, presente nos telhados, portas, portais, janelas,

pisos. Estes, uma vez instalados, requerem apenas manutenção para que sua vida

útil, seja prolongada.

E a outra é utilizada na base das construções, a qual podemos denominar

como “madeira não durável” na obra, sendo essa o foco do presente trabalho. E com

elas são feitas fôrmas para modelagem das estruturas e feito o enchimento de

concreto. Esse trabalho é realizado para montagem de lajes, colunas e escadas etc.

Após isso é descartado, ocupando espaço nas regiões adjacentes do local e criando

locais destinação inadequada, ou seja, áreas órfãs como define a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, uma área contaminada cujos responsáveis pela disposição não

sejam identificáveis ou individualizáveis (BRASIL,2010).

Portanto, devido ao crescimento exponencial do desmatamento no Brasil e a

grande quantidade empregada na construção civil devem haver alternativas de

preservação das florestas, além do manejo florestal adequado, como exemplo a

redução da supressão, porque o dano causado é brutal. Pois, o grande problema não

está somente no cortar, mas também na alteração do ambiente, que causa grandes

impactos.

De acordo com os problemas da extração são elencadas conforme se segue:

“O primeiro passo para o manejo da floresta é construir estradadas como meio de acesso e para a remoção de madeira. Mesmo as mais projetadas estradas que servem à exploração madeireira produzem efeitos danosos – a saber, aumento da erosão e escoamento de sedimentos para cursos d´água, fragmentação de habitats e perda de biodiversidade, além de expor à floresta a invasão de pragas, doenças e espécies de animais não nativos” (MILLER,2007, p.176).

Pela alta demanda de madeira na construção civil, o uso deve ser de maneira

consciente, e para que isso ocorra deve haver uma mudança de atitudes para

melhorar essa situação, fazendo as florestas exercerem seu real papel, atendendo as

necessidades da população, pois é um bem difuso. O mesmo autor afirma que:

“Uma das razões é que a economia proporcionada pela conservação das florestas (e outros componentes da natureza) beneficia a todos, hoje e no futuro, ao passo que os rendimentos obtidos com a exploração delas são imediatos e beneficiam um grupo relativamente pequeno de indivíduos” ( IDEM, 2007,p181).

Segundo Nalini (2010, p 73), “ocorre que, entre o ideal e o real, longa distância

e pouca ética há. Na realidade a extração de madeiras no Brasil tem sido feita de

maneira inconsciente e mesmo criminosa.”

Assim por ser muito impactante e devastador para o meio ambiente a utilização

da madeira na construção civil, a pergunta que se faz é: o uso pode ser de forma

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consciente? Ou seja, pode-se evitar o desperdício, reduzir a quantidade significante de

resíduos sólidos de madeira e evitar o desmatamento das florestas brasileiras?

Tem-se como hipótese para o problema da madeira na construção civil, o

despreparo dos profissionais que lidam diretamente com essa matéria-prima na obra,

pois a compra do material para as construções deve ser adequado ao uso, mas esse

pode ser sim realizado de maneira consciente, desde que, a madeira chegue do

tamanho exato ou bem próximo do tamanho e a quantidade que será utilizada.

De acordo com Azevedo et al (2006) para tornar-se sustentável do ponto de

vista ambiental e econômico, a construção deve estar baseada na prevenção e

redução dos resíduos gerados, o que pode ser obtido com a aplicação de

metodologias de Produção Limpa durante todo o processo de construção e vida útil de

uma edificação.

O objetivo geral do trabalho é realizar um diagnóstico sobre o uso de madeiras

na construção civil, especificamente no Bairro Cidade Nova em Governador Valadares

- Minas Gerais.

E como objetivo específico, sugerir práticas sustentáveis nas construções para

que se evite o desperdício de material, geração de resíduos sólidos da construção

civil, e identificar o destino final dos RCC`s. E diagnosticar as madeiras mais utilizadas

na construção civil no Bairro Cidade Nova, e saber a origem e risco de extinção das

espécies.

2. Procedimentos Metodológicos

2.1 Área de Estudo

O Bairro Cidade Nova é um prolongamento natural da zona urbanizada da

cidade de Governador Valadares, nitidamente definida como um dos principais vetores

de crescimento da atual mancha urbana (Figura 1). Possui um relevo acidentado,

constituído por aproximadamente 50% de encostas, cujas cotas altimétricas variam de

180 a 210 m, e as demais planas com altitude variando de 173 a 180 m. Contém uma

Área de Preservação Permanente com 14.234,48 m², onde se encontra uma nascente

localizada à margem da Avenida Minas Gerais, e outras nos locais de declividade

acentuada (SERTA,2000).

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Figura 1:Mapa de Localização do Bairro Cidade Nova Fonte: Cruz,2013

O sistema viário segue a legislação nº 3.959 de 29 de agosto de 1994 que diz

respeito ao parcelamento do solo urbano apoiado nas curvas de nível, sempre que

possível. E os lotes unifamiliares com 774 unidades de 240 m² e poucos com maiores

dimensões de 270 m². E a população estimada gira em torno de 6.500 habitantes, pois

85% dos lotes são de uso unifamiliar e 15% de uso coletivo (Idem) (Figuras 2 e 3).

Figura 2: Loteamento do Bairro Cidade Nova no início de sua estruturação. Fonte: Pedro André, ano desconhecido

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Figura 3: Situação atual do loteamento. Fonte: Google Maps ,2013

2.2 Recursos Metodológicos utilizados

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos, sites e demais

documentos. Com o intuito de diagnosticar o problema, foi feita uma abordagem

qualitativa, que é, segundo Oliveira (2005, p.39), uma tentativa de explicar-se em

profundidade o significado e as características do resultado das informações obtidas

através de entrevistas ou questões abertas, sem a mensuração quantitativa. Em

seguida elaborou-se um questionário semiestruturado a ser aplicado por amostragem

em um grupo de 15 pedreiros ou carpinteiros em 15 construções do Bairro Cidade

Nova contendo 6 perguntas sobre o método de uso da madeira na construção civil, a

saber: geração de resíduos provenientes da mesma, os cuidados para evitar

desperdícios, a qualificação e experiência dos trabalhadores para lidar com esse

material e qual o destino dado aos resíduos provenientes da madeira, informações

sobre a reutilização em outras obras. E se a obra é executada por construtora ou

trabalhador autônomo.

Foram confeccionadas seis tabelas para verificar o percentual de ocorrência de

cada situação. Foi utilizado o programa Microsoft Office Excel como ferramenta para

essa confecção, e quando a resposta de cada quesito era obtida, marcava-se na

respectiva coluna. Com as tabelas preenchidas, foi dada a porcentagem de ocorrência

de cada situação, e através delas, obtiveram-se gráficos, demonstrando como se

encontra a situação do uso de madeira na construção civil no Bairro Cidade Nova.

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3.Resultados e Discussão

Os trabalhadores que prestam serviço nas construções do Bairro Cidade Nova

são divididos em dois grupos, sendo um de prestadores de serviço para construtoras o

equivalente a 60%, também conhecidas como empreiteiras. E outro grupo 40%

constituídos de trabalhadores autônomos responsáveis pela execução das obras no

bairro.

No que diz respeito à geração de resíduos, pôde-se notar que a maioria dos

entrevistados disseram existir uma grande geração de resíduos, tanto por parte das

construtoras, onde 78% afirmaram que geram muito, e também por parte dos

autônomos, 83% confirmaram a alta geração, resultando numa média de 80% de

geração de muito resíduo de madeira na construção no bairro Cidade Nova (Figura 4).

Mas os resíduos de madeira gerados pelas construtoras e autônomos não são

de grandes dimensões, mas sim de médios e pequenos tamanhos principalmente de

tábuas e pontaletes, ripas e outros que foram cortados para o uso, tendo em vista que

uma tábua nova é vendida com 3 metros de comprimento. Em uma entrevista, um

trabalhador baseado em sua experiência no ramo, estimou que 30% da “madeira não

durável” é descartada ao fim da Construção.

Figura 4: Geração de Resíduos de Madeira Fonte: Pereira,2013

Com os resultados observou-se que tanto os funcionários da construtora como

os autônomos declararam realizar medidas para evitar o desperdícios, sendo por parte

dos autônomos 67% evitam e 33% não. Essa alta taxa dos que não evitam, pode ser

devido ao material utilizado ser do dono da obra e sabendo disso os autônomos

podem não se importar por terem ciência de que todo material será descartado na

conclusão da obra. Por parte das construtoras 100% dos entrevistados disseram evitar

desperdícios, pois de acordo com um encarregado, o desperdício é perda de dinheiro

22%

78%

17%

83%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pouco Muito

Construtora Autônomo

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para o dono da construtora, posto que deverá adquirir novos materiais para edificação

em outras obras. Dentre as medidas para evitar desperdícios pelos dois grupos

destaca-se: precisão nas medidas e na marcação dos cortes, e também

armazenamento do material cortado, para usos futuros (Figura 5).

Figura 5: Dados sobre a prevenção de desperdícios Fonte: Pereira,2013

Quanto a reutilização da madeira, todas as Construtoras reutilizam, haja vista

que economiza-se muito fazendo essa prática, ao invés de se comprar novos materiais

para cada construção que se inicia. Já por parte dos autônomos, 83% dos

entrevistados disseram reutilizar, mas, a garantia que isso ocorra é baixa, pois o

material é de responsabilidade dos proprietários das obras, podendo este vender ou

despejar nas vias públicas ao término (Figura 6). Numa média geral 91,5% dos

entrevistados afirmaram que acontece a reutilização da madeira em outras

construções.

Dessas madeiras reutilizadas destacam-se principalmente as madeiras do

grupo da Construção civil leve externa e leve interna estrutural, ou seja, reúne as

peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes empregados em usos

temporários (andaimes, escoramento e fôrmas para concreto) e as ripas.

Uma das construtoras se destacou, pois todo material é reutilizado em novas

construções e o que não pode ser reutilizado é destinado corretamente, posto que

busca adequação na Organização Internacional para Normatização da série de

Normas Brasileira ISO-9000, que constitui basicamente uma metodologia proponente

de um modelo de implementação de sistemas da qualidade, aplicável a qualquer tipo

de empresa, em qualquer lugar do mundo. Tem como enfoque a garantia da qualidade

e forma um conjunto consistente e uniforme de procedimentos, elementos e requisitos

para a garantia da qualidade (MOREJÓN, 2005). De acordo com o site Gestão de

Qualidade a ISO-9000 tem várias versões que expõem os fundamentos de sistema de

gestão de qualidade. O conjunto de normas e técnicas, é de aplicação em instituições

100%

67%

33%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Construtora Autônomo

Evita Disperdícios Não evita Disperdícios

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que buscam a gestão de qualidade, confiança nos fornecedores, qualidade do produto,

satisfação do cliente.

Brandstetter (2001) apud Depexe e Paladini (2012) apresenta uma pesquisa

realizada em quatro construtoras de Goiânia e afirma que entre os principais motivos

para a certificação, destaca-se a criação de um diferencial de marketing e o aumento

da competitividade. Entretanto, o cumprimento de exigências contratuais por parte dos

clientes também aparece entre os entrevistados como um forte desencadeador da

busca pela certificação.

Figura 6: Reutilização da Madeira Fonte: Pereira, 2013

Dos trabalhadores que atuam no bairro e que prestam serviço para

construtoras apenas 11% possuem curso profissionalizante e os demais apenas

experiência de campo. E dos autônomos todos possuem apenas experiência de

campo. Tal dado pode ser correlacionado ao desperdício e a geração de resíduos,

pois quanto mais qualificado é um profissional pressupõe-se que maior será o

aproveitamento do material e mais habilidade e rendimento terá na execução do

trabalho (Figura 7).

Figura 7: Formação Profissional dos Trabalhadores Fonte: Pereira,2013

100%83%

0%

17%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Construtora Autônomo

Reutiliza a Madeira Não reutiliza a Madeira

11%

89% 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Construtora Autônomo

Curso Profissionalizante Experiência de Campo

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Ao se analisar os anos de experiência observou-se que 11% dos trabalhadores

que prestam serviço para construtoras possuem até 1 ano de experiência e 89% dos

prestadores de serviço possuem mais de 5 anos de experiência profissional. Quanto

aos autônomos 100% possuem mais de 5 anos de experiência. Isso resulta em uma

média de 94,5%, demonstrando o perfil experiente dos profissionais (Figura 8).

Figura 8 : Tempo de Experiência dos Profissionais Fonte: Pereira,2013

Em relação à destinação final dos resíduos após a limpeza do local e durante o

período de construção, a maioria declarou que são queimados in situ. Alguns usam o

material descartado para economia, sendo feita a doação para moradores cozinharem

e aquecimento de fornos nas padarias, e outros lançam nas vias públicas. A maioria

das construtoras, o equivalente a 89% destinam inadequadamente e o restante 11%

destinam de maneira adequada atendendo as determinações da legislação específica.

Os autônomos em 100% dos casos destinam de forma ilegal. Obtendo-se uma

predominância de destinação inadequada por ambos, mas principalmente por parte

dos autônomos, pois não tem responsabilidade no que foi descartado. E pôde-se

observar que grande quantidade do material gerado (pedaços de tábuas, ripas,

pontaletes) são lançados nos lotes adjacentes até o término da obra, criando vários

focos de destinação inadequada (Figuras 9 e 10).

11%

89%100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Construtora Autônomo

Até 1 ano Mais de 5 anos

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Figura 9: Destinação Adequada Segundo o CONAMA Fonte: Pereira, 2013.

Figura 10: Resíduos Construção Civil em lote vago no Bairro Cidade Nova. Fonte: Pereira, 2013.

E isso compromete cada vez mais a já combalida saúde da população, bem

como degradam os recursos naturais, especialmente o solo e os recursos hídricos.

Pois, a interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e saneamento são

hoje bastante evidentes, o que reforça a necessidade de integração das ações desses

setores em prol da melhoria da qualidade de vida da população brasileira

(BABILON,2008).

Segundo a Sinduscon (2011) a destinação inadequada em áreas de “bota-fora”

além de servirem de pretexto para o depósito irregular de outros resíduos não-inertes,

propicia o aparecimento e a multiplicação de vetores de doenças, arriscando a saúde

da população vizinha. Essa situação vai contra a resolução 448 de 18 de janeiro de

2012 do Conama, pois, em seu Art. 4º define que uma das medidas que os geradores

devem tomar é a destinação final e os resíduos da construção civil não poderão ser

11%

89%100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Construtora Autônomo

Faz a destinação adequada Não faz a destinação adequada

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dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota-fora”, em encostas,

corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei.

De acordo com o Art.10 da resolução 307:2002 os resíduos de Classe B da

construção civil deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir sua utilização ou

reciclagem futura.

Segundo Babilon (2008) todo esse problema pode ser minimizado através da

capacitação da mão-de-obra e pelo uso de equipamentos com tecnologia adequada

aos processos construtivos e posteriormente, a redução, evitando os desperdícios.

Quanto a madeira utilizada nas construções, observou-se a presença de

tábuas do gênero Pinus que engloba mais de 100 espécies com grande potencial a ser

explorado. São distribuídos naturalmente pelas regiões árticas e subárticas da Europa,

Ásia e América do Norte, podendo ser encontradas espécies originárias de regiões

montanhosas, temperadas e até mesmo tropicais da América Central e Ásia (PINUS

LETTER,2008). No Brasil, espécies desse gênero vêm sendo plantadas há mais de

um século, e a partir da década de 1960 é que se iniciou o plantio de pinus em escala

comercial, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do País (EMBRAPA,2011).

Os pontaletes, observados eram do gênero Eucalyptus, pertencentes a família

Mirtáceas, originário da Austrália, onde cobre 90% da área do país, formando densos

maciços florestais nativos. O serviço florestal já identificou 670 espécies, sendo que

apenas duas ocorrem naturalmente fora do país, são elas Eucalyptus urophylla e

Eucalyptus deglupta (REMADE,2001). De acordo com Pereira et al (2000), algumas

das espécies plantadas em maior escala no Sul e Sudeste do Brasil são o Eucalyptus

grandis, Eucalyptus saligna devido à falta de florestas região.

Segundo Zenid (2009) na construção civil os principais centros demandantes

de madeira serrada se encontram na região Sudeste, e se abasteceram durante

décadas com o pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia) e a peroba-rosa

(Aspidosperma polyneuron), explorados nas florestas nativas dessas regiões. As

madeiras de pinus (Pinus spp.) e eucalipto (Eucalyptus spp.), ou seja, pinus e

eucalipto e suas múltiplas espécies, implantados nas Regiões Sul e Sudeste,

passaram a suprir a construção habitacional, substituindo, o pinho-do-paraná e a

peroba-rosa.

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4.Considerações Finais

Ao serem processados todos os dados e confeccionados os gráficos, pôde-se

observar que as madeiras utilizadas nas construções na parte não durável não

contradiz com o cenário da região Sul e Sudeste, prevalecendo a presença de Pinus e

Eucalipto. No Brasil essas árvores são plantadas principalmente nas regiões do Bioma

Mata Atlântica e não estão correndo risco de extinção, pois ocupam grande parte do

território nacional.

O uso da madeira na construção civil, é de extrema importância na execução

de uma obra, algumas pela maleabilidade e outras pela rigidez e resistência a grandes

pesos. E o Bairro Cidade Nova em Governador Valadares não foge à regra da região

quanto ao uso. O problema é a grande quantidade de resíduos gerados em cada obra,

devido a madeira não durável ou do grupo da Construção civil leve externa e leve

interna estrutural, ser usada para serviço de estruturação exige-se muitos cortes para

adequação do tamanho necessário.

Sugere-se também que as construtoras e aos autônomos devem sempre

reutilizar a madeira, abrigar o material em local seguro, contribuindo para que o

mesmo não esteja exposto à chuva e raios solares, para que haja um prolongamento

da durabilidade, evitar desperdícios, pois ao se levar em conta a quantidade de

material desperdiçado somado com o utilizado na obra, tem-se uma quantidade muito

significativa de resíduos, contribuindo para a criação vários pontos de disposição

inadequada, facilitando o esconderijo e a proliferação de vetores de doenças. É certo

que a não geração de resíduo é inviável e praticamente impossível, mas pode ser

minimizado.

A contratação de profissionais deve ser feita, sempre levando em consideração

a habilidade, zelo do material, seja madeira ou outros que constituem a alvenaria, pelo

trabalhador, mas principalmente os autônomos, porque o material ao término do

trabalho é de responsabilidade do contratante. Os mesmos cuidados devem ser

obedecidos também pelos prestadores de serviços das empreiteiras, haja visto que o

material é do empreiteiro.

Quanto aos profissionais sugere-se que devam passar por cursos de

atualização e capacitação, já que a maioria possuía apenas experiência e não curso

profissionalizante, sendo estes cursos de caráter obrigatório pelos funcionários das

construtoras, e voluntário por parte dos autônomos, em ambos com emissão de

certificado de capacitação e prevenção de danos ambientais ao findar do curso.

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Também é de fundamental importância realizar um programa de educação

ambiental no bairro sobre a destinação correta exigida pelo resolução nº 307 do

CONAMA, dos resíduos provenientes da construção civil.

Sugere-se também que haja um incentivo, por parte do poder público para que

as construtoras se adequem para o alcance da série ISO-9000, que é o Sistema de

Gestão de Qualidade e também se certifique com a ISO-14001 que busca a melhoria

da qualidade ambiental e certificação.

Com o método utilizado foi possível atingir os objetivos propostos, portanto

conclui-se que uma construção deve se basear na prevenção, minimização,

reutilização e na destinação final ambientalmente adequada.

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