o processo de desenvolvimento do produto

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1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Texto elaborado por Marcos Vinícius de Barros, Whirlpool 2.1 - Conceitualização do Processo de Desenvolvimento de Produtos O desenvolvimento de novos produtos para o mercado tem se tornado um dos processos mais importantes para a competitividade industrial. O aumento da concorrência, as mudanças tecnológicas, a redução dos ciclos de vida dos produtos e a maior exigência por parte dos consumidores tem demandado das empresas agilidade, produtividade e alta qualidade que dependem da eficiência e eficácia da empresa neste processo (BARROS FILHO, 2008). Rozenfeld et al. (2006) definem desenvolvimento de produtos como “um conjunto de atividades por meio das quais busca-se, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa, chegar as especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo”. Outra definição para desenvolvimento de produtos é dada por Clark e Fugimoto (1991) como “o processo de desenvolvimento de produtos é o processo pelo qual uma organização transforma oportunidades de mercado e de possibilidades técnicas em informações à produção de um produto comercial”. Considera-se parte do desenvolvimento de produtos as atividades de acompanhamento em todo o ciclo de vida do produto, suas atualizações e mudanças até a sua descontinuidade perante o mercado, considerando inclusive a produção de peças de reparo após sua descontinuidade para o mercado, por um período pré-estabelecido. Importante salientar que o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) é uma atividade cross-functional na empresa, pois todas as áreas da organização se encontram envolvidas no processo, desde a área de marketing que coleta as oportunidades de mercado passando pela Engenharia, Área Financeira e Manufatura até a área de Vendas que comercializa o produto final. As atividades do PDP influenciam ou são influenciadas por todas as áreas da empresa. Neste sentido a integração das informações e decisões aumenta a importância de coordenação e comunicação entre as áreas. 2.1.1 - Tipos de Projetos de Desenvolvimento de Produtos

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O Processo de Desenvolvimento do Produto

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Page 1: O Processo de Desenvolvimento do Produto

1

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Texto elaborado por Marcos Vinícius de Barros, Whirlpool

2.1 - Conceitualização do Processo de Desenvolvimento de Produtos

O desenvolvimento de novos produtos para o mercado tem se tornado um dos

processos mais importantes para a competitividade industrial. O aumento da concorrência, as

mudanças tecnológicas, a redução dos ciclos de vida dos produtos e a maior exigência por

parte dos consumidores tem demandado das empresas agilidade, produtividade e alta

qualidade que dependem da eficiência e eficácia da empresa neste processo (BARROS

FILHO, 2008).

Rozenfeld et al. (2006) definem desenvolvimento de produtos como “um conjunto de

atividades por meio das quais busca-se, a partir das necessidades do mercado e das

possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de

produto da empresa, chegar as especificações de projeto de um produto e de seu processo de

produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo”.

Outra definição para desenvolvimento de produtos é dada por Clark e Fugimoto

(1991) como “o processo de desenvolvimento de produtos é o processo pelo qual uma

organização transforma oportunidades de mercado e de possibilidades técnicas em

informações à produção de um produto comercial”.

Considera-se parte do desenvolvimento de produtos as atividades de acompanhamento

em todo o ciclo de vida do produto, suas atualizações e mudanças até a sua descontinuidade

perante o mercado, considerando inclusive a produção de peças de reparo após sua

descontinuidade para o mercado, por um período pré-estabelecido.

Importante salientar que o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) é uma

atividade cross-functional na empresa, pois todas as áreas da organização se encontram

envolvidas no processo, desde a área de marketing que coleta as oportunidades de mercado

passando pela Engenharia, Área Financeira e Manufatura até a área de Vendas que

comercializa o produto final. As atividades do PDP influenciam ou são influenciadas por

todas as áreas da empresa. Neste sentido a integração das informações e decisões aumenta a

importância de coordenação e comunicação entre as áreas.

2.1.1 - Tipos de Projetos de Desenvolvimento de Produtos

Page 2: O Processo de Desenvolvimento do Produto

2

Clark & Wheelwright (1993) classificam os projetos de desenvolvimento em relação

às mudanças que o projeto representa em relação a projetos anteriores em:

Projetos Radicais (breaktrough): são os que envolvem significativas modificações no

projeto do produto ou do processo existente, podendo criar uma nova família ou nova

categoria de produtos para a empresa. Neste caso são incorporadas novas tecnologias e novos

materiais, os quais requerem um novo processo de manufatura.

Projetos plataforma ou próxima geração: Projetos que apresentam alterações

significativas no projeto do produto ou do processo, sem a introdução de novas tecnologias ou

materiais, mas representando um novo sistema de soluções para o cliente. Este novo sistema

pode representar uma nova geração de produto, ou família de produto para a empresa. Este

projeto representa uma estrutura básica modular padronizada que será comum a outros

produtos da empresa.

Projetos incrementais ou derivados: envolvem projetos que criam produtos e

processos que são derivados, híbridos ou com pequenas alterações em relação aos projetos

existentes. Estes projetos incluem versões de redução de custo de um produto e projetos com

inovações incrementais nos produtos e processos. Como partem de projetos existentes

requerem menos recursos.

2.1.2 - Fatores Críticos para o Desempenho do Desenvolvimento de Produtos

O impacto da capacidade técnica no desenvolvimento de produtos não é simplesmente

uma questão de boas práticas de manufatura. Também é relevante a integração dessa

capacidade com outras habilidades necessárias na empresa. Uma delas é a capacidade

gerencial para conduzir o projeto na empresa, que se refere às atividades envolvidas em todo

o processo de desenvolvimento de produto tais como organização e integração dos times de

projeto, liderança de projeto, gerenciamento sênior de projetos, integração com clientes e

fornecedores, integração das áreas da empresa e processos de tomada de decisão e alocação de

recursos.

Para Clark & Fujimoto (1991) e Clark & Wheelwright (1993), fatores tais como o

trabalho em equipe, a forma de liderança e condução do projeto na companhia, o

envolvimento de fornecedores e clientes, o desenvolvimento simultâneo e integrado, e a

capacidade da manufatura nas atividades de fabricação de protótipos, ferramental e início da

produção exercem uma influência significativa no desempenho do processo.

Page 3: O Processo de Desenvolvimento do Produto

3

Griffin (1997) cita outros dois aspectos que fazem parte do conjunto de boas práticas

das empresas bem sucedidas no desenvolvimento de produtos que são: a utilização de

processos formais e estruturados com revisões de fase e com um conjunto integrado de

ferramentas (por exemplo, o QFD) e a utilização de estratégias de desenvolvimento tanto no

âmbito de planejamento quanto de projeto.

Um dos primeiros passos do PDP deve ser formular a estratégia de desenvolvimento,

tanto para projetos individuais quanto para o processo como um todo e comunicá-la

claramente às pessoas da empresa.

Brown & Eisenhardt (1995) identificam quatro fatores críticos que influenciam o

gerenciamento e o desempenho do processo de desenvolvimento de produtos: time de projeto,

líder de projeto, gerência e envolvimento de fornecedores e clientes.

O grupo deve ser composto por pessoas de vários setores funcionais da empresa, deve

haver um facilitador atuante que integra e mantêm a comunicação entre os integrantes e os

outros setores da empresa. Assim como, não deixa de ser importante que os membros do time

tenham afinidade e atuem no sentido de cooperarem uns com os outros.

As atuais pesquisas indicam que a melhor forma de se organizar o trabalho do time de

projeto é no sentido de integrar as atividades, fazendo uma sobreposição das fases de

desenvolvimento e dando maior ênfase às fases inicias, tornando-as mais longas. Com relação

ao processo de trabalho, é importante que haja um grande fluxo de informações internamente,

entre os membros e processos do projeto e entre toda a empresa e também, desta com seu

ambiente externo. A comunicação é um fator positivo, pois facilita a relação entre os

integrantes do grupo de projeto e possibilita o surgimento ou mesmo absorção de novas

idéias.

Quanto à influência que o líder de projeto exerce na gestão do PDP, é importante

salientar que sua existência é de extrema importância pois, o líder funciona como uma ponte

entre o time de projeto e a alta administração da empresa, resolvendo conflitos e isolando o

time de problemas exteriores. É ainda responsável por prover recursos ao projeto, um bom

ambiente de trabalho e uma visão ampla sobre o caminho que todos integrantes devem seguir.

O líder de projeto deve ter poder, no sentido de ser responsável por tomadas de

decisões, ter autoridade organizacional e com isso, ter autonomia para resolver conflitos e

direcionar todos os membros do grupo do projeto. É importante que ele também tenha uma

visão ampla e global do projeto e consiga transmitir isto para os outros integrantes, além de

possuir habilidade em gerenciar pequenos grupos.

Page 4: O Processo de Desenvolvimento do Produto

4

A gerência é fundamental ao desempenho do processo pois além de providenciar

recursos ao time de projeto, sejam eles materiais ou políticos, ela sustenta as decisões do

grupo e procura apoio em toda a empresa, sendo também responsável pela geração do

conceito do produto já que auxilia no processo de comunicação e fluxo de informações.

Assim, a participação do gerente sênior afeta o desenvolvimento em termos de qualidade,

rapidez, produtividade e conceito do produto.

O envolvimento de fornecedores e clientes é outro fator que tem se revelado como de

extrema importância ao sucesso do processo de desenvolvimento. A participação de

fornecedores desde as fases iniciais do PDP diminui o lead time do projeto e aumenta a

produtividade já que alguns problemas podem ser antecipados devido à colaboração de uma

equipe de desenvolvimento dos fornecedores. Já o envolvimento dos clientes faz com que a

elaboração e geração do conceito do produto seja melhorada, atendendo de forma específica

as necessidades e expectativas do consumidor.

2.1.3 - O Escopo do Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP)

Como o Processo de Desenvolvimento de Produtos abrange atividades de praticamente

todas as áreas da organização e de suas cadeias de suprimentos e de distribuição, é muito

importante o enfoque da estruturação e gestão do desenvolvimento de produtos. Devem ser

considerados dois aspectos para o enfoque da estruturação e gestão de desenvolvimento de

produtos: o conceito de processo e o fluxo de informações.

O gerenciamento eficaz do fluxo de informações é muito importante para o processo

de desenvolvimento de produtos, pois o processo se inicia em marketing que identifica

necessidades não atendidas junto aos consumidores, e é gerado um fluxo que passa pela área

de design, engenharia, manufatura, vendas e serviços. Embora todas estas áreas estejam

envolvidas no projeto as informações de entradas e saídas de conhecimento são importantes

para o processo de desenvolvimento.

A visão do PDP como fluxo de atividades e de informações permite compreender as

ligações críticas entre as áreas da empresa, e entre a empresa e o mercado, os fornecedores, as

fontes de informações tecnológicas e as instituições de regulamento do produto.

Segundo Hansel & Lomnitz (1987), Litke (1991), Mbag apud Kienitz (1995),

O’connor (1994) e Rosenau (1990), existem três formas possíveis de organizar o

desenvolvimento de produtos: organização por influência ou funcional, organização matricial

e organização por projeto pura.

Page 5: O Processo de Desenvolvimento do Produto

5

a) Organização do Desenvolvimento de Produtos por Influência ou Funcional : Neste tipo

de organização, cada área de conhecimento (como por exemplo, projeto elétrico, projeto

mecânico, qualidade, manufatura, suporte ao cliente, etc.) é colocada em departamentos

diferentes. O planejamento e execução de projetos são comandados pelas funções de linha.

Assim, os profissionais de diferentes departamentos têm pouco contato entre si, resultando em

uma fraca integração, já que não existe a formação de uma equipe de projeto com um

responsável por todo o desenvolvimento. Em alguns casos, pode até existir um coordenador

de produto, entretanto sua responsabilidade é limitada como consultor, moderador ou

informador. Neste tipo de arranjo organizacional, não há alteração na estrutura funcional da

empresa. Entretanto, nota-se que existe uma carência quanto presença de um responsável

com poder diretivo. É comum a existência de problemas devido à necessidade deste tipo de

arranjo precisar lidar com diversos projetos simultaneamente e também, devido à falta de uma

visão global do projeto;

b) Organização do Desenvolvimento de Produtos Matricial: Este arranjo organizacional é

caracterizado pela sobreposição da organização estrutural tradicional à organização de projeto

da empresa, funcionando paralelamente ao fluxo do processo de desenvolvimento de

produtos. Existe uma equipe multidisciplinar de projeto que possui vida finita, planeja e

coordena suas atividades, sendo que seus integrantes continuam seu trabalho em suas funções

de linha. Ao final de cada projeto, o grupo se dissolve e seus membros voltam a se dedicar

apenas a seu trabalho na estrutural formal da empresa. Como vantagem pode ser citado a

existência de um fluxo de informações mais eficiente com decisões mais concretas, o não

comprometimento das funções de linha e a transferência de conhecimento entre a estrutura

tradicional e a estrutura de projeto já que as pessoas envolvidas atuam nas duas áreas.

Entretanto, os membros da equipe multidisciplinar podem ter acúmulo de serviço e podem

surgir atritos entre a gerência funcional e a de projeto;

c) Organização do Desenvolvimento de Produtos Pura: O arranjo organizacional por projeto

puro conta com uma equipe multidisciplinar que possui vida finita e permanece numa unidade

organizacional autônoma até se dissolver ao final de cada projeto. Todas as pessoas

envolvidas se dedicam exclusivamente ao desenvolvimento de produtos e abandonam suas

funções de linha. Existe um único responsável que é o gerente de projeto que coordena todas

as atividades, sendo responsável pelo sucesso do grupo e do projeto. Neste tipo, o fluxo de

informações e a comunicação entre os integrantes da equipe são facilitados já que não existem

barreiras interdepartamentais. Assim, a tomada de decisão é mais simples e não existem

conflitos. Outra vantagem é a não existência de comprometimento com outras tarefas, as

Page 6: O Processo de Desenvolvimento do Produto

6

pessoas trabalham apenas no projeto de desenvolvimento e se ocupam dele em tempo integral.

Como desvantagens têm-se a possibilidade da falta de recursos destinados apenas ao projeto,

assim como dificuldades políticas na realocação dos funcionários após a dissolução do grupo.

Rosenau (1990) ainda propõe mais duas outras formas organizacionais alternativas

chamadas híbridas e times dedicados de projeto. O arranjo organizacional híbrido pode ser

caracterizado como um arranjo funcional com algumas mudanças. A partir deste ponto de

vista, tem-se: arranjo organizacional híbrido com um gerente comercial e o arranjo

organizacional híbrido com um coordenador dos processos de engenharia e de produtos.

No primeiro tipo, há a presença de um gerente de desenvolvimento de produtos a

quem os gerentes da área comercial e de engenharia devem responder. Assim, esses

departamentos ficam mais integrados e aumenta a cooperação entre eles. Entretanto, a relação

destes com outros departamentos como o departamento de manufatura não sofre qualquer

melhora, prevalecendo a ausência de fluxo de informações e de comunicação. O arranjo

organizacional híbrido com um coordenador dos processos de engenharia e de produtos tem

como característica a fusão entre os departamentos de engenharia e de produto. Neste arranjo,

a desvantagem é a falta de integração com os departamentos de marketing e produção.

A última forma alternativa proposta por Rosenau (1990) é chamada de times

dedicados de projeto os quais não possuem vida finita e seus membros não possuem funções

de linha. Este tipo de arranjo é o menos prejudicial ao PDP, pois se dedica exclusivamente à

este e é eficiente se a empresa tiver grandes investimentos em P&D. Porém, a permanência

das mesmas pessoas no time é um fator negativo já que é interessante sempre a renovação do

grupo, gerando novas idéias. Outro ponto não favorável é o aumento nos custos.

2.1.4 - Metodologias e Ferramentas de Apoio à Gestão do PDP

Quanto aos recursos que auxiliam o processo de desenvolvimento, podem-se citar

diversas ferramentas e metodologias de apoio à gestão do desenvolvimento de produtos que

podem ser utilizadas por uma empresa visando alcançar um desempenho superior. As

metodologias estatísticas possuem a finalidade de auxiliar no diagnóstico de problemas da

qualidade de produto, na identificação das causas e no desenvolvimento de soluções, tendo

como base o uso de dados numéricos. Pode-se citar: Confiabilidade, FMEA (Failure Mode

and Effect Analysis) e Método Taguchi (Delineamento de Experimentos). Já as metodologias

organizacionais auxiliam na coordenação, gerenciamento e integração das atividades e

informações pertinentes ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos, tendo como base

Page 7: O Processo de Desenvolvimento do Produto

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dados de linguagem. Destacam-se: QFD (Quality Function Deployment), DFMA (Design for

Manufacturing and Assembly) e Engenharia Simultânea.

Além dessas metodologias, pode-se citar o Benchmarking, que permite posicionar a

capacidade competitiva do produto da empresa em relação aos concorrentes e os sistemas

CADAM (Computer Aided Design And Manufacture), uma ferramenta computacional de

projeto e auxílio nas atividades de projeto, de novos produtos ou de melhorias dos produtos já

existentes, bem como na realização de simulações, contribuindo, dentre outras coisas, para a

redução do ciclo projetar-construir-testar. A escolha e aplicação apropriada destas ferramentas

e metodologias, segundo as necessidades de cada empresa, é uma tarefa complexa por

envolver variáveis estratégicas, organizacionais, de tarefa, de características específicas do

produto e das pessoas diretamente envolvidas.

2.2 - Modelos de Processo de Desenvolvimento de Produtos - PDP

2.2.1 – Modelo de Desenvolvimento de Produtos Stage-Gate de Cooper

A visão do PDP como fluxo de atividades e de informações permite compreender as

ligações críticas entre as áreas da empresa, e entre a empresa e o mercado, os fornecedores, as

fontes de informações tecnológicas e as instituições de regulamento do produto. Na figura 1

Cooper (1993) mostra o modelo de desenvolvimento de produtos em fases.

Figura 1: Desenvolvimento de produtos. (Cooper,1993)

Segundo Valle e Bustelo (2009) as companhias tem reorganizado seus processos de

desenvolvimento de produtos em etapas seqüenciais, com o objetivo de existir uma mínima

interação através dos departamentos envolvidos e atividades requeridas para o

desenvolvimento de produtos.

A primeira concepção do processo de Fases e Gates foi desenvolvida após a segunda

guerra mundial pelo governo dos Estados Unidos da América. Na época existia uma

Page 8: O Processo de Desenvolvimento do Produto

8

necessidade forte de se gerenciar o imenso número de projetos de defesa. Um grupo grande de

consultores desenvolveu o complexo sistema de desenvolvimento dos mísseis Polaris, os

quais demandaram um método complexo de sincronização e gerenciamento de risco.

O processo Fase/Gate atinge a colaboração cross-functional pela criação e definição

de um grupo de tarefas que devem ser realizadas dentro de sucessivas fases como um esforço

de desenvolvimento. Estas tarefas requerem a participação de todas as disciplinas core, e

usualmente incluem atividades de redução de risco e outras essenciais considerações para

garantir o bom andamento do projeto.

Quando as tarefas dentro de cada uma das fases é finalizada, um revisão do status do

projeto é realizada com os gerentes superiores, nesta revisão são verificados os riscos do

projeto, bem como se os objetivos do projeto nesta fase foram alcançados. Se tudo estiver

indo bem, os objetivos financeiros e técnicos forem alcançados, a revisão com o grupo de

gerentes sênior autoriza o projeto a se mover para a próxima fase. Estas revisões acontecem

até o produto ser disponibilizado para comercialização.

Em alguns casos o projeto pára ou é morto se o risco for alto ou não atenda aos

objetivos financeiros da empresa. As fases representam um fluxo contínuo de esforço desde a

concepção e planejamento inicial do produto, passando pelo projeto detalhado, e finalmente

no teste de qualificação e produção do modelo finalizado.

2.2.1.1 – Considerações sobre o Modelo de Fase-Gate na fase inicial do projeto

O modelo apresenta um processo de decisão no final de cada fase do projeto, esta

decisão (gate) necessita de uma aprovação para se poder avançar para a fase seguinte no

desenvolvimento do projeto. Este processo de decisão e o fluxo de Fase-Gate tornaram-se

padrão em muitos dos modelos de PDP em uso atualmente.

O modelo proposto por Cooper et al (1986) foi baseado em pesquisa, através da

entrevista com gerentes de varias empresas, abordando as experiências e sugestões dos

mesmos dentro do processo de desenvolvimento de produtos. Contudo, se percebe uma

ausência de análise mais profunda das interações e informações no início do projeto, não

ficando claro a contribuição desta fase na melhoria do TtM do projeto. Porém o modelo serve

de base como conceito para que outros autores evoluíssem no uso da proposta Fase –Gate e

os desdobramentos e interações existentes dentro e entre estas fases.

2.2.2 - Modelo de Desenvolvimento de Produtos de Clark e Fujimoto

Page 9: O Processo de Desenvolvimento do Produto

9

Clark e Fujimoto (1991) desenvolveram um modelo baseado no modelo Fase-Gate de

Cooper et al (1986) que apresenta quatro estágios de desenvolvimento do produto, que são: a

geração de conceito, o planejamento de produto, a engenharia de produto e a engenharia de

processo como mostra a figura 2.

Figura 2: O Modelo de Clarck e Fujimoto. (Clarck e Fujimoto ,1991)

Na fase do conceito de produto, se tem as informações sobre a definição do produto.

Estas informações estão relacionadas à funcionalidade, estética e ergonomia e são

especificadas de acordo com a visão do consumidor. Esta fase utiliza informações sobre

mercados futuros, possibilidades técnicas e outros resultados de pesquisas. A fase seguinte

trata da definição dos parâmetros, materiais e componentes mais adequados por meio de

estudos de viabilidade física, econômica e financeira. O planejamento do produto define as

especificações para o Desenvolvimento de Produto detalhadamente. A fase referente à

engenharia de produto no modelo de Clark e Fujimoto (1991) traduz as informações do

desenvolvimento de produto de forma mais detalhada ainda. O produto é decomposto em

componentes que são desenhados e depois transformados em protótipos, e são testados até a

aprovação do produto.

Page 10: O Processo de Desenvolvimento do Produto

10

A fase de engenharia do processo no modelo de Clark e Fujimoto realiza projetos

compatíveis aos processos já existentes no chão-de-fábrica da empresa. Para tanto, é realizado

o projeto da planta, de software e do trabalho em si.

2.2.2.1 - Considerações sobre o Modelo de Clarck e Fujimoto na fase inicial do projeto

Clarck e Fujimoto (1991) argumentam que, mais que os investimentos e recursos

empregados, o que diferencia as empresas bem sucedidas no desenvolvimento de seus

produtos é a consistência do padrão global do sistema de desenvolvimento, o que envolve a

estrutura organizacional, a capacidade técnica, processos de resolução de problemas, cultura,

estratégia e também a gestão do nível de detalhes das atividades. Portanto, todos os pontos

abordados pelos autores são importantes para um bom andamento da fase inicial do projeto,

porém considera-se importante nesta fase também uma avaliação ampla e simultânea do

Conceito do Produto, Projeto de Produto e Projeto de Processo. Na visão dos autores o

modelo proposto é apresentado em fases seqüenciais e distintas, o que pode gerar a perda de

oportunidades de ganho de velocidade e custo no produto final devido a não abordagem

simultânea do projeto do produto e do processo fabril na fase inicial. A compatibilidade do

novo produto a ser desenvolvido aos processos fabris já existentes na organização proposto

pelos autores, pode reduzir também a possibilidade de ganhos no custo industrial do novo

produto a ser desenvolvido.

2.2.3 - Modelo de Desenvolvimento de Produtos de Clark e Wheelwright

Clark e Wheelwright (1993) desenvolveram um modelo de desenvolvimento de

produtos composto de cinco fases – o desenvolvimento do conceito, o planejamento do

produto, a engenharia do produto e do processo, a produção-piloto e o aumento gradativo de

produção. Nas duas primeiras fases, há uma combinação das informações sobre as

oportunidades oferecidas pelo mercado, os movimentos dos concorrentes, as possibilidades

técnicas e os requisitos de produção. Essa combinação tem como objetivo gerar a arquitetura

do novo produto.

No modelo os autores propõe testar o conceito antes da aprovação do mesmo. Com o

conceito aprovado, a próxima fase engloba a engenharia do produto e de processo e as suas

atividades (desenvolvimento do projeto, desenvolvimento de ferramentas necessárias à

produção e a construção de protótipos). A fase seguinte é a produção-piloto. Ela envolve a

Page 11: O Processo de Desenvolvimento do Produto

11

construção e os testes dos meios de produção, com o objetivo de preparar ferramentas,

equipamentos e fornecedores para a produção comercial.

A última etapa determina a produção comercial, e o aumento do volume de produção é

gradativo. A seguir na figura 3 é mostrado o modelo detalhado de Clarck e Wheelwright.

Figura 3: O modelo de Clark e Wheelwright. (Clarck e Wheelwright,1993)

2.2.3.1 - Considerações sobre o Modelo de Clarck e Wheelright na fase inicial do projeto

Segundo Clarck e Wheelwright (1993) um dos obstáculos para se alcançar a rapidez, a

eficiência e a qualidade é a complexidade e a incerteza que confronta os profissionais da

engenharia, marketing e manufatura, ou seja, a gestão do processo de desenvolvimento é

bastante complexa, pois durante o desenvolvimento de produtos, a empresa depara com

diversas escolhas e decisões. Além disso, a gestão do desenvolvimento engloba diversos

aspectos tais como a estratégia de desenvolvimento, a organização como um todo (cultura,

formas organizacionais, aprendizagem, liderança) habilidades técnicas, estrutura de etapas e

recursos que auxiliam o processo.

Outro ponto diz respeito à argumentação de Clarck e Wheelwright (1993) sobre

estratégia tecnológica, a qual segundo os autores deve contemplar o foco, as fontes de

capacitação e o momento e freqüência de implantação das inovações. Segundo PORTER

(1992), a estratégia tecnológica é o enfoque que a empresa adota para o desenvolvimento e

uso da tecnologia, constituindo um ingrediente essencial de sua estratégia competitiva. Ou

seja, objetiva orientar a empresa na aquisição, desenvolvimento e aplicação da capacidade

tecnológica para obtenção da vantagem competitiva.

Page 12: O Processo de Desenvolvimento do Produto

12

Primeiramente, é na fase inicial do projeto que deve ser definido o foco de mudança

ou desenvolvimento técnico. A tecnologia deve incluir o know-how necessário para a empresa

Esta pode ser desenvolvida internamente, através de investimentos em recursos

human

atégia tecnológica, e tem efeito direto na

fase in

das inovações, para que sejam respeitados os objetivos de custo,

qualida

atégica da empresa. Pensando

em doi

criar/desenvolver, produzir, vender seus produtos e distribuí-los aos consumidores. Uma

parcela deste conhecimento pode estar apoiada na experiência acumulada da empresa ou pode

ter origem no conhecimento científico ou nas atividades de P&D na área. Embora o

conhecimento técnico possa ter diferentes origens e assumir diferentes formas, o mais

relevante para a capacidade competitiva é a sua capacitação técnica da empresa - sua

habilidade em utilizar este know-how para obter resultados interessantes em seus produtos e

processos.

O segundo aspecto crítico da estratégia tecnológica diz respeito às fontes de

capacitação.

os, equipamentos, laboratórios e metodologias, ou através de projetos de

desenvolvimento avançado. Entretanto, a tecnologia pode também ser adquirida

externamente, através de contratos de pesquisas com universidades, joint ventures,

licenciamentos ou compras de pacotes tecnológicos.

Essas duas fontes não são mutuamente exclusivas e a definição do mix de fontes

internas e externas é um dos aspectos críticos da estr

icial do projeto. Ainda que uma das fontes possa ser dominante, a outra geralmente

também desempenha papel importante. Mesmo nos casos em que a fonte principal é externa, a

empresa necessita de capacitação interna para avaliar as tecnologias disponíveis no mercado e

integrá-las à sua realidade.

Após determinar estes dois aspectos, a empresa precisa definir o momento (timing) e a

freqüência de implementação

de e TtM. O momento envolve tanto questões referentes ao desenvolvimento da

capacidade tecnológica quanto à introdução das inovações no mercado. A empresa pode optar

em ser pioneira ou seguidora das demais empresas do mercado.

A freqüência de inovação e os riscos associados dependerão, em parte, da natureza da

tecnologia e dos mercados envolvidos e em parte da escolha estr

s extremos, uma empresa pode adotar uma estratégia de inovação baseada em saltos

pequenos e freqüentes, representada por mudanças incrementais na tecnologia que asseguram

melhoria contínua no desempenho. Num outro extremo estaria uma estratégia de grandes

saltos, que permite desenvolver mudanças pouco freqüentes, mas de grande escala e que

avançam substancialmente o estado da arte.

Page 13: O Processo de Desenvolvimento do Produto

13

2.2.4 – Modelo de Desenvolvimento de Produtos do Project Management Institute (PMBOK)

O desenvolvimento do projeto é realizado através da aplicação e da integração dos

seguintes processos de gerenciamento: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e

Proces

e o planejamento alimenta a execução, no início, com um plano do projeto

ocum

controle, e encerramento. Cada uma dessas fases tem seus objetivos particulares, sejam:

sos de iniciação possibilitam autorizar a execução do projeto ou fase; Processos de

planejamento servem para definir e refinar os objetivos e selecionar a melhor alternativa para

atingir aqueles objetivos de negócios que determinaram a existência do projeto; Processos de

execução possibilitam coordenar pessoas e outros recursos para realizar o plano; Processos

de controle asseguram que os objetivos do projeto estão sendo atingidos, através da

monitoração e medições regulares de progressos, para verificar existências de variações em

relação ao planejado, tomando ações corretivas quando necessárias e os Processos de

encerramento formalizam a aceitação do projeto ou etapa de forma a encerrá-lo de uma

forma organizada.

Os grupos de processos se ligam pelos resultados que produzem assim o resultado ou

saída de um grupo torna-se entrada para outro. Entre grupos de processos centrais, as ligações

são iterativas, aond

d entado, fornecendo, a seguir, atualizações ao plano, na medida em que o projeto

progride. Cada etapa do projeto é marcada pela conclusão de um ou mais produtos da fase

também chamados de entregas. Um subproduto é um resultado do trabalho, tangível e

verificável, tal como um estudo de viabilidade, um design detalhado ou um protótipo. Os

subprodutos do projeto e também as fases, compõem uma seqüência lógica, criada para

assegurar uma adequada definição do produto do projeto conforme se pode verificar na figura

4.

Figura 4: Interação entre as Fases do projeto. (PMBOK Guide ,2004)

Os subprodutos do projeto e também as fases, compõem uma seqüência lógica, criada

para assegurar uma adequada definição do produto do projeto.

Page 14: O Processo de Desenvolvimento do Produto

14

A conclusão de uma fase é geralmente marcada pela revisão dos principais

r e corrigir erros a um custo

o inclui a autorização da fase

subprodutos e pela avaliação do desempenho do projeto tendo em vista determinar se o

projeto deve continuar na sua próxima fase e também detecta

aceitável. Estas revisões de fim de fase são comumente denominadas “saídas de fase”,

“passagens de estágio” ou “pontos de término” (Toll Gates).

Da mesma forma, uma fase pode ser encerrada sem a decisão de iniciar outras fases.

Por exemplo, o projeto terminou ou o risco é considerado grande demais para que sua

continuação seja permitida. O término formal da fase nã

seguinte. Para um controle eficaz, cada fase é formalmente iniciada para produzir uma saída

dependente da fase do Grupo de processos de iniciação, especificando o que é permitido e

esperado para essa fase, conforme mostrado na Figura 5.

Figura 5: Fases do projeto. (PMBOK Guide ,2004)

organização ou os gerentes de projetos usualmente dividem projetos em fases para

as operações em andamento

a organização executora. Coletivamente, essas fases são conhecidas como o ciclo de vida do

O PMBOK 2004 descreve algumas técnicas listadas a seguir como processos que

necessidades e

xpectativas do conceito do início do projeto de um novo produto a ser desenvolvido. O

sucesso

A

oferecer melhor controle gerencial com ligações adequadas com

d

projeto. Muitas organizações identificam um conjunto específico de ciclos de vida para serem

usados em todos os seus projetos.

2.2.4.1 – Considerações sobre o modelo de PMBOK na fase inicial do projeto

estimulam a definição e documentação das funções necessárias para atender às

e

de projeto é diretamente influenciado pela atenção na captura e gerenciamento dos

requisitos do projeto e do produto. Os requisitos são expressos nas necessidades quantificadas

e documentadas, e as expectativas do sponsor, clientes, acionistas e outras partes interessadas.

Page 15: O Processo de Desenvolvimento do Produto

15

Estes requisitos precisam ser obtidos, analisados e registrados com detalhes suficientes para

serem medidos a medida que o projeto se inicie. Coletar os requisitos é definir e gerenciar as

expectativas do consumidor.

A seguir são listados alguns processos para identificação destes requisitos:

-Entrevistas: O processo é realizado através de perguntas a participantes especialistas,

experientes e formadores de opinião de uma forma individual ou com múltiplos

projeto.

de

• Brainstorming, técnica usada para coletar múltiplas idéias relacionadas a um

nica de grupo nominal, trata-se de um brainstorming adicionando a votação

iferenças de embasamento, gerando-se novas idéias;

-Técnicas de de múltiplas

alternativa n

gerar, classific

entrevistadores, visando a identificação de características e oportunidades no novo

-Dinâmicas de grupo: Se reúnem especialistas no assunto no sentido de aprender a respeito

das suas expectativas e atitudes sobre um produto. Se faz necessário um moderador para

otimizar os pontos e tornar o processo o mais natural possível para captação dos insights.

-Oficinas: Trata-se de sessões onde se unem partes interessadas multifuncionais para definir

os pré-requisitos de um novo produto. Neste processo é possível a descoberta de problemas

ainda não identificados e possibilidade de solução do mesmo através de uma discussão

consenso entre os participantes. O QFD (Quality Function Deployment) é um exemplo de

oficina onde se identificam as características críticas para o desenvolvimento de um novo

produto.

-Técnicas de criatividade em grupo: Podem ser aplicadas algumas técnicas de criatividade

em grupo como:

produto, sem bloqueio quanto a seu conteúdo;

• Téc

para ordenar as melhores idéias e as levando para um novo brainstorming

adicional;

• Técnica Delphi, um seleto grupo de especialistas responde questionários e

fornece comentários a respeito das respostas a cada rodada de coleta de

requisitos;

• Mapas Mentais, idéias criadas através de um brainstorming individual são

consolidadas em único mapa mental que reflete a existência de atributos

comuns e d

• Diagrama de afinidade: Esta técnica propõe a avaliação de idéias já

desenvolvidas por grupos, para revisão e análise;

tomada de decisão em grupo: É um processo de avaliação

s o de uma resolução com futuras ações é esperada. Este processo é usado para

ar e priorizar os requisitos do produto.

Page 16: O Processo de Desenvolvimento do Produto

16

• Unanimidade; há uma concordância geral dos envolvidos sobre a solução;

• Maioria: Mais de 50% dos membros do grupo concordam com a solução;

• Pluralidade: a decisão é tomada pelo maior bloco no grupo, mesmo sem

-Questioná

rapidamente o ormações a partir de um amplo número de entrevistados.

Este é o m ma análise rápida e estatística da

s

ossibilita o desenvolvimento progressivo do produto em questão, pois

desenvolvimento dos jatos ERJ – 170 da Embraer.

a maior especialização dos parceiros. A integração das tarefas em todo o PDP

alcançar a maioria;

• Ditadura: Um indivíduo decide pelo grupo;

rios e Pesquisas: São conjuntos escritos de questões planejadas pra acumular

maior número de inf

étodo apropriado para grandes audiências, para u

informação coletada;

-Protótipos: A construção de um protótipo é um método para se oferecer respostas iniciai

sobre os requisitos através de um modelo funcional do produto esperado, antes de construí-lo.

O uso de protótipos p

são usados em ciclos interativos de criação de modelos em tamanho natural, experimentos de

campo com usuários, geração de opiniões e revisão do protótipo. Estes ciclos de discussão e

feedback ajudam a lapidar a fase de concepção do novo produto. Em algumas empresas já se

usa o protótipo virtual, onde a geração de modelos eletrônicos possibilita economia e rapidez

no desenvolvimento deste novo produto.

Uma abordagem interessante sobre o PMI na fase inicial do projeto é feita por Freixo

(2004) quando o mesmo aborda o exemplo de gestão de projeto baseada no Project

Management Institute (PMI) aplicada ao

Segundo Freixo (2004) a empresa adotou uma estrutura baseada em método contido

no Project Management Institute – PMI, de acordo com a estrutura adotada as atividades de

um Projeto no modelo de Gestão dos Projetos de Desenvolvimento Tecnológico são

agrupadas em quatro etapas distintas: Concepção, Planejamento, Execução, Controle e

Fechamento.

No projeto do ERJ 170, Freixo (2004) descreve que a empresa decide formar parcerias

no desenvolvimento e produção das aeronaves. Esta decisão foi baseada em ganhos de

eficiência com

passa a ter uma grande importância com o envolvimento de terceiros. A Engenharia

Simultânea envolvendo diferentes áreas e pessoas externas a empresa passa a ser uma

preocupação e se decide pela formação das Equipes Integradas de Projeto, com o objetivo de

integrar o projeto.

O desenvolvimento do ERJ 170 constituiu-se de quatro fases, conforme figura 6.

Page 17: O Processo de Desenvolvimento do Produto

17

Figura 6: Fases do Desenvolvimento do ERJ 170. (Freixo, 2004)

No exemplo de desenvolvimento na aviação obtido na literatura, Freixo (2004)

salienta que o Anteprojeto é o responsável pela geração de idéias de produtos, o que

iente, e que trabalha em

onjunto com a Inteligência de Marketing. Nesta fase procura-se traduzir as necessidades de

ercad

ue engloba dois elementos distintos:

namento entre unidades de uma corporação, particularmente no desenvolvimento de

produto

é

realizado por um grupo de engenheiros altamente qualificado e exper

c

m o avistadas anteriormente em soluções tecnicamente viáveis e financeiramente

interessantes. Ainda na fase do Anteprojeto são realizadas reuniões com potenciais clientes

que visam o aprimoramento da proposta inicial e incorporação de sugestões. Também nesta

fase iniciaram-se os contatos com fornecedores e parceiros.

Na fase de Definições Iniciais (DI) são estipuladas, a partir dos estudos do

Anteprojeto, a configuração básica do produto e os requisitos de alto nível (mercado, cliente,

órgãos reguladores, manufatura, suporte ao cliente, etc.). Os resultados são o planejamento

geral do Programa e as definições básicas do produto.

2.2.5 – Modelo de Desenvolvimento de Produtos no Ambiente de Engenharia Simultânea por

Back

De acordo com Kahn (1996), a integração interdepartamental em uma empresa pode

ser definida como uma estrutura multidimensional q

interação e colaboração. Este conceito de integração é utilizado para a análise do inter

relacio

. A interação é o elemento que caracteriza a troca de informações e a comunicação

para a integração e inclui duas dimensões: a comunicação verbal, que corresponde a

atividades como reuniões de rotina, teleconferências programadas e chamadas telefônicas; e a

comunicação escrita, que corresponde à troca de documentos por meio físico ou eletrônico. A

colaboração, por sua vez, é caracterizada como um elemento afetivo e compartilhado da

integração e refere-se à disposição e à boa vontade das pessoas para o trabalho em conjunto.

Assim, a colaboração diferencia-se da interação, pois foca aspectos como trabalho em

Page 18: O Processo de Desenvolvimento do Produto

18

conjunto, entendimento e confiança mútua, compartilhamento de recursos e de uma visão

comum e busca de objetivos coletivos.

Observa-se que dentro da definição de integração Kahn (1996) considera dois

elementos, um que se caracteriza por ser estrutural e objetivo (interação) e outro que assume

aspectos mais subjetivos (colaboração). Essa diferenciação significa a aceitação de que a

integra

abordagem procura fazer com que as pessoas envolvidas no

desenv

do planejamento, projeto, produção e fases relacionadas.

e assegurar a

qualida

mal e sistemático, integrado aos demais processos

organiz

ção entre duas estruturas organizacionais não depende apenas da intensidade do

contato proporcionada pelo elemento interação, mas também de outras variáveis presentes no

contato que irão qualificá-lo.

“Engenharia Simultânea é uma abordagem sistemática para o desenvolvimento

integrado e paralelo do projeto de um produto e os processos relacionados, incluindo

manufatura e suporte. Essa

olvimento considerem, desde o início, todos os elementos do ciclo de vida do produto,

da concepção ao descarte, incluindo qualidade, custo, prazos e requisitos dos clientes.”

(PRASAD, 1996).

Prasad, Wang e Deng (1998), definem engenharia simultânea como uma abordagem

sistemática que considera todos os aspectos do gerenciamento do ciclo de vida do produto,

incluindo integração

Back et al (2008) define o processo de desenvolvimento de produtos se baseado na

metodologia de Engenharia Simultânea, visando a integração de diferentes recursos internos e

externos da organização num objetivo único, para otimizar tempo, custo

de do projeto. Os modelos iniciais de gestão de projeto foram estruturados em forma

de fluxo contínuo, ou seja, as atividades ocorrem de forma finish-to-start, a execução das

tarefas era de forma seqüencial (exemplo: só iniciar a pensar na fabricação após finalizar o

desenho), o que fazia com que o relacionamento entre as equipes sucessivas fossem muito

tênues ou até inexistentes. O resultado deste modelo eram os prazos de lançamento de um

projeto fossem muito longos, o que era e é uma ameaça para a competitividade de uma

empresa. Visando a redução do tempo de lançamento (time-to-market), os novos modelos

levaram em consideração o entrelaçamento de etapas e atividades, ou seja, atividades

poderiam acontecer simultaneamente.

O modelo de integrado de desenvolvimento de produtos descrito por Back , na figura

7 é decomposto em macro-fases, fases , atividades e tarefas e contribui para que as empresas

passem executar um fluxo mais for

acionais, com participantes da cadeia de fornecimento e clientes finais, e traz a visão

Page 19: O Processo de Desenvolvimento do Produto

19

de todo o processo de desenvolvimento do produto, através da representação gráfica e

descrição do fluxo das fases, atividades e tarefas.

Figura 7: Modelo de desenvolvimento integrado de produtos. (Back et al, 2008).

metodologia de

esenvolvimento integrado do produto, pois suas diretrizes e formulação são similares ao que

é enten

Back et al (2008) considera a engenharia simultânea como

d

dido por metodologia. O projeto integrado de produto compreende os aspectos de

planejamento e projeto, ao longo de todas as atividades da seqüencia do processo, desde a

pesquisa de mercado, o projeto do produto, projeto do processo de fabricação, plano de

distribuição e de manutenção até o descarte ou desativação do mesmo. O autor propõe que o

processo de transformação, geração de informações, deva ser realizado através de uma equipe

multidisciplinar em um ambiente cooperativo, ou seja, que a formatação de requisitos,

restrições do produto e soluções ao longo de todas as fases do projeto devam ser pensados

simultaneamente.

Page 20: O Processo de Desenvolvimento do Produto

20

Figura 8: Síntese dos principais elementos associados à engenharia simultânea. (Back et al, 2008)

2.2.5.1 – Considerações sobre o modelo de Desenvolvimento de Produtos no Ambiente de

Engenharia Simultânea por Back

Back et al (2008) fundamentam o modelo Projeto Integrado de Produto como um

processo de stage-gate, onde a engenharia simultânea funciona como a metodologia integrada

de desenvolvimento. Relativo ao uso da engenharia simultânea, ou seja, da participação nesta

fase inicial da Engenharia de produtos, da Engenharia de Processos, de Marketing e

Suprimentos, ela contribui para um melhor entendimento e resolução da complexidade

envolvida. Pois segundo Rozenfeld et al (2006) decisões tomadas no início de um novo

projeto dentro de um ambiente de engenharia simultânea, tendem a ser mais completas e

embasadas do que nos procedimentos tradicionais de projeto. Levando em conta que estas

decisões poderão afetar de maneira significativa os custos, a qualidade e a manufaturabilidade

de um novo produto, pode-se dizer que decisões não acertadas durante o início do projeto

podem comprometer o desempenho do produto nas demais fases do processo de

desenvolvimento.

Por fim o conhecimento de engenharia simultânea ajuda integrar todos os

departamentos envolvidos no projeto desde o início e é de suma importância para o bom

andamento do time de projeto.

2.2.6 - Modelo de referencia de Desenvolvimento de Produtos de Rozenfeld

O objetivo do modelo de referencia para PDP proposto por Rozenfeld et al (2006) é

fornecer uma visão completa do processo de desenvolvimento de produtos, nivelando os

conhecimentos entre as diferentes áreas de conhecimento. O modelo esta direcionado para as

Page 21: O Processo de Desenvolvimento do Produto

21

empresas de manufatura e bens materiais. O modelo é composto em macro-fases e trata o

PDP de maneira mais específica, enfatizando os aspectos tecnológicos correspondentes à

definição do produto, suas características e forma de produção. O que determina uma fase é a

entrega de um conjunto de resultados, que, juntos determinam um novo patamar de evolução

do projeto de desenvolvimento. Os resultados em cada fase permanecerão congelados a partir

do momento em que a fase é finalizada. A avaliação dos resultados da fase serve também

como um marco importante de reflexão sobre o andamento do projeto, antecipando problemas

e gerando aprendizado para a empresa.

As macro-fases segundo Rozenfeld et al (2006) do desenvolvimento de produtos são

desdobradas em 9 fases: o planejamento estratégico dos produtos, planejamento do projeto, o

projeto informacional, o projeto conceitual, o projeto detalhado, a reparação para a produção

o lançamento de produto, o acompanhamento pós lançamento e a descontinuidade do produto

ou fim do ciclo de vida do mesmo. As fases são representadas de forma seqüencial como

apresentado na figura 9, porém, em projetos distintos, certas atividades de uma fase podem ser

realizadas em outra fase.

Figura 9: Visão geral do modelo de referencia para o PDP (Rozenfeld, 2006).

2.2.6.1 - Planejamento estratégico dos produtos

O objetivo do Planejamento Estratégico de Produtos (PEP) é obter uma visão de

médio e longo prazo das tendências do mercado, definir a estratégia de produtos para alcançar

os objetivos da empresa e orientar os esforços de desenvolvimento de tecnologia e de

produtos para a empresa. Para os produtos em comercialização, esse portfólio de produtos

Page 22: O Processo de Desenvolvimento do Produto

22

deve incluir uma previsão de retirada do mercado. Os principais atores desta fase são os

membros da Diretoria (manufatura, logística, marketing, qualidade, finanças, etc..) e os

gerentes funcionais da organização (gerente de desenvolvimento de produtos e gerente de

marketing).

2.2,6.2 - Planejamento do projeto

Back et al (2008) define esta fase como planejamento de um novo produto em face as

estratégias de negócio da empresa e da organização do trabalho a ser desenvolvido. Nesta fase

segundo Rozenfeld et al (2006) realiza-se o planejamento macro de um dos novos projetos, de

um novo produto planejado no portfólio, já aprovado pelo time de planejamento estratégico.

Como mostra a figura 10, as atividades de planejamento de projeto, devem identificar todas as

necessidades de recursos e a melhor forma de integrá-los para que o projeto possa ser

desenvolvido, com um mínimo de erros.

Figura 10: Fluxograma da fase de planejamento do projeto. (Back , 2008).

O plano estratégico de produtos ou portfólio de novos produtos gera o input para o

planejamento do projeto. Nesta etapa o plano de marketing é iniciado e aprovado, liberando a

oficialização do projeto. Segue com a identificação das partes envolvidas no projeto dentro da

organização. Na fase seguinte é elaborado o plano de comunicação e escopo do projeto e risco

do projeto. São elaborados os planos de projeto, de suprimentos, qualidade e segurança para a

aprovação do plano de projeto.

Page 23: O Processo de Desenvolvimento do Produto

23

Existe a possibilidade de envolvimento de fornecedores no PDP. No caso estes

fornecedores devem possuir maior competência em determinada tecnologia que a empresa em

questão. Os mesmos poderão participar de parcerias estratégicas no desenvolvimento de

projetos desde que tenham um bom histórico de relacionamento, garantindo níveis suficientes

de sigilo e confiança, sendo definidas claramente as responsabilidades destes fornecedores no

projeto em questão. Neste caso poderá haver a necessidade de envolver um engenheiro para

participar do desenvolvimento do componente em questão. Este modelo é chamado de Early

Suplier Involvement (ESI), onde através de um contrato claro de confidencialidade e

fornecimento futuro, se incorpora fornecedores estratégicos na fase inicial do projeto.

2.2.6.3 – Principais problemas observados no planejamento do projeto

De acordo com o que foi relatado no capítulo1, sobre a “fase inicial confusa” podemos

destacar alguns pontos de atenção no fluxograma mostrado na figura 4, que podem contribuir

para atrasos e re-processos devido a possíveis desvios de custo e qualidade. Estes pontos estão

muito relacionados ao nível de comprometimento da alta direção, gestão do time de projeto e

qualidade da comunicação dentro do grupo de projeto e entre o grupo de projeto e alta

gerencia. Abaixo são listados alguns dos principais problemas encontrados no planejamento

do projeto.

- Plano de marketing não possui completude de informações sobre o que se pretende

desenvolver como novo projeto.

- As áreas participantes da engenharia simultânea não possuem total engajamento no

projeto, tendo participantes com pouca experiência e sem poder de decisão.

- Declaração do escopo do projeto incompleta ou não clara.

- Os planos do projeto estabelecidos pelas áreas possuem níveis diferentes de

profundidade gerando duvidas na fase seguinte (projeto informacional).

Esta fase precisa gerar um plano de projeto claro, conciso e com todas as informações

necessárias para se iniciar a fase do projeto informacional.

2.2.6.4 – Projeto Informacional

A fase de projeto informacional mostrado na figura 11 é a primeira etapa da macro-fase de

desenvolvimento. O objetivo desta fase é a geração das especificações meta do produto. Os

elementos obtidos ao final da fase de planejamento de produto fornecem uma definição do

escopo, descrevendo o produto que se pretende desenvolver e as definições básicas e as

Page 24: O Processo de Desenvolvimento do Produto

24

restrições que cercam o projeto. Para isso necessita-se entender qual é o escopo do produto,

quais as necessidades dos clientes que serão atendidas, quais requisitos dos clientes que serão

atendidos, quais as requisições do produto, quais as especificações meta e ciclo de vida do

produto no mercado após lançamento. As especificações orientam a geração de soluções,

fornecendo uma base sobre o qual serão montadas os critérios de avaliação e decisões nas

etapas posteriores.

Figura 11: Fluxograma da fase do projeto informacional. (Back, 2008)

Para concluir a fase do projeto informacional, as especificações de projeto do produto

são submetidas à aprovação, considerada como o critério que autoriza o progresso para a fase

seguinte, e são realizadas análises econômico-financeira e a atualização do plano do projeto.

O monitoramento do progresso do projeto é realizado simultaneamente às tarefas da

fase.

2.2.6.5 - Principais problemas observados na fase de projeto informacional

Page 25: O Processo de Desenvolvimento do Produto

25

Segundo o que foi relatado no capítulo 1 sobre a “fase inicial confusa” o projeto

informacional compreende a fase mais crítica para o projeto em questão, pois o nível de

incerteza envolvido neste momento tende a ser elevado devido a não qualidade da

informação em termos de completude, certitude e tempo, e não atributo da informação em

termos de importância, utilidade, novidade e exclusividade. Na figura 12 é mostrada uma

proposta de classificação da informação, visando à redução das incertezas durante esta fase

inicial do trabalho.

Qualidade da Informação Atributo da Informação 

Completude  Certitude  Tempo 

1)‐Utilidade / Importância   s  n   s  n   s  n 

2)‐Novidade  s  n  s  n  s  n 

3)‐Exclusividade  s  n  s  n  s  n 

Figura 12: Proposta de classificação da informação dentro do projeto informacional. (Barros,2010)

2.2.6.6 - Considerações sobre o modelo referência de Rozenfeld na fase inicial do projeto

Rozenfeld et al (2006) e Back et al (2008) abordam a complexidade da fase inicial do

PDP, através do elevado grau de incertezas e riscos das atividades e resultados; das decisões

importantes que devem ser tomadas no início do processo, quando as incertezas são ainda

maiores e das dificuldades de mudar as decisões iniciais. Sendo esta fase crucial para a idéia

do novo produto, visto que serão definidas nesta fase os requisitos a serem atendidos por este

novo produto, especificação de materiais e componentes e viabilidade econômica.

Segundo Rozenfel et al (2006), o segredo de um bom desenvolvimento de produtos é

garantir que as incertezas sejam minimizadas por meio da qualidade das informações, e que, a

cada momento de decisão, exista um controle constante dos requisitos a serem atendidos e

uma vigilância das possíveis mudanças do mercado, o segredo é gerenciar as incertezas.

Uma consideração importante é referente à curva de comprometimento de custo do

produto, pois segundo o autor, embora o projeto possa ser alterado mais adiante, 85% do

Page 26: O Processo de Desenvolvimento do Produto

26

custo do produto final se faz no início do desenvolvimento, ficando 15% dos custos do

produto final a serem definidos nas fases posteriores (produção).

O modelo de Rozenfeld et al (2006) é extremamente didático definindo claramente

todos os passos e pontos de decisão de passa não passa nas fases do processo de

desenvolvimento de produtos dentro do PDP. Muitos dos modelos de desenvolvimento em

uso na indústria seguem este modelo de referencia.

O modelo a ser apresentado a seguir de PDP o C2C ou Consumer-to-Consumer da

indústria de eletrodomésticos se assemelha bastante ao modelo de Rozenfeld et al (2006) nas

etapas da fase de desenvolvimento do projeto, no fluxo de tarefas e nas etapas de decisão das

fases de desenvolvimento.

2.2.7 - Modelo de Desenvolvimento de Produtos Consumer-to-Consumer (C2C) da Whirlpool

O modelo de PDP do C2C (Consumer to Consumer) é citado por Back et al (2008),

como uma metodologia precursora da engenharia simultânea ou desenvolvimento integrado

do produto. Três conceitos são importantes no C2C: simultaneidade, multifuncionalidade e a

identidade. A simultaneidade das atividades faz com as várias áreas estejam envolvidas,

facilitando a sinergia entre os membros da equipe, permitindo uma maior assertividade nas

entregas das etapas de desenvolvimento.

Na figura 14 são mostradas as fases do processo de desenvolvimento de produtos

(C2C): Concepção, Conversão e Execução dentro do chamado cronograma típico, bem como

os tollgates e milestones para tomada de decisão no processo de desenvolvimento.

Page 27: O Processo de Desenvolvimento do Produto

27

Figura 14: Cronograma Típico do modelo de desenvolvimento de produtos C2C . ( Whirlpool, 2007) .

O processo de desenvolvimento de um projeto esta dividido em fases: concepção,

conversão e execução, para estabelecer pontos de conferência em etapas importantes do

projeto, o que possibilita um melhor controle sobre o projeto em questão. Estes pontos de

verificação são os tollgates, onde os resultados totais e/ou parciais são analisados, os riscos

são avaliados e decisões são tomadas em relação à continuidade do projeto.

Na concepção, os vários conceitos são desenvolvidos e testados para atender os

requisitos do projeto assim como verificar sua exeqüibilidade. Na conversão, o conceito

escolhido é projetado e desenvolvido integralmente, o detalhamento do projeto é realizado, e

o conceito escolhido é testado. A fase de execução é a fase de implementação do projeto, do

produto e processos, incluindo o lançamento do produto no mercado e todos os sistemas de

suporte. Na figura15 são mostradas as principais características de cada uma das fases do C2C

Page 28: O Processo de Desenvolvimento do Produto

28

Figura15: Fases do PDP C2C. (Whirlpool, 2007).

Os tollgates são os pontos de verificação do projeto, neste avalia-se a execução do

projeto na respectiva fase conforme escopo definido, com foco no consumidor e outros

stakeholders, e decide-se sua passagem de fase ou não. Estes tollgates garantem o avanço do

projeto com redução de risco, que é inerente a um novo desenvolvimento. Estas verificações

permitem o gerenciamento de riscos mais eficaz, uma tomada de decisão baseada nos riscos

apresentados, ajuda a manter o foco nos requisitos de negócio, além de assegurar a

disponibilidade de recursos e o comprometimento da organização com a constante observação

da estratégia da organização e de sua priorização.

Os tollgates definidos no C2C são: IST (Idea Screening Tollgate), CET (Concept

Evaluation Tollgate), BET (Business Evaluation Tollgate) e PAT/KLT (Post Audit Tollgate /

Key Learning Tollgate). O IST é o marco de início do projeto, aprovação da idéia para o novo

produto para a fase de Concepção, negociação dos recursos necessários para a sua condução.

O CET é o momento da aprovação do conceito de produto e a viabilidade técnica / econômica

do projeto, com a aprovação de recursos para continuidade do projeto e início da fase de

Conversão. O BET é quando ocorre a aprovação dos investimentos para a execução do

projeto, neste momento, a viabilidade técnica / econômica do projeto é novamente avaliada

com maior nível de assertividade, pois o projeto passou pela fase de detalhamento

(conversão). Neste tollgate, há a passagem para a fase de Execução.

O projeto é finalizado na aprovação do tollgate PAT, quando há a verificação dos

resultados obtidos, uma análise comparativa com os resultados planejados, para aplicação de

eventuais ações corretivas, avaliação do desempenho do projeto em discussão assim como

avaliação do processo de desenvolvimento como um todo, registrando e divulgando as lições

aprendidas.

Page 29: O Processo de Desenvolvimento do Produto

29

O modelo de desenvolvimento Consumer-to-Consumer (C2C) vem sendo aprimorado

nos últimos anos, visando o atingimento do TtM, a redução de custos e assertividade no

lançamento de novos produtos. São relatados algumas das principais evoluções.

2.2.7.1 - Projeto Time-to-Market

Barros (2007) relata sobre a iniciativa desenvolvida na indústria de eletrodomésticos

com o objetivo de redução do tempo de desenvolvimento de produtos. O projeto nomeado de

Time-to-market teve como objetivo geral entregar projetos em curto prazo, possibilitando a

organização criar diferencial competitivo frente à concorrência. Na Figura 16 listam-se os

principais problemas identificados que guiaram o projeto Time-to-Market.

Figura 16 : Projeto Time-to-Market .(Whirlpool ,1997)

Focar nas Core competencies

Desverticalização da Ferramentaria

Tecnologia de produto disponível para aplicação em projetos

Preparação de Gestores eParticipantes de projetos

Utilizar tecnologia comodiferencial competitivo(infraestrutura)

BUSINESSPROCESSES

TECHNOLOGY

STRATEGY

BUSINESSINTEGRATION

PEOPLE

Com o objetivo de resolver os problemas identificados, foram criados vários objetivos

listados aseguir:

- Definir as Core Competencies: O principal objetivo desta ação foi identificar, quais as

competências chave (core) deveriam ser desenvolvidas na área de PDP para que este

conhecimento transforma-se em diferencial competitivo no PDP. O quadro mostra a situação

do PDP e a situação ideal que se deveria atingir.

Page 30: O Processo de Desenvolvimento do Produto

30

Situação Atual Proposta

Dificuldade de focalização nascompetências (sub-sistemas), que podemgerar diferenciais competitivos

core competences não claramentedefinidas dispersão de recursos

Baixo índice de sucesso de aplicação doEarly Supply Selection/ Involvement

Definição da “Matriz Futura de Competências” (subsistemas)

focalização no business tecnologias que gerem diferenciaiscompetitivosinput para o estabelecimento doroadmap de tecnologias alinhamento com a Whirlpool

Definição da estratégia de implantação doESS/I a partir da matriz acima

definição / utilização de fornecedoresworld-class / “estratégicos” para astecnologias definidas como “nãocore”milestones da implantação

Quadro 1 : Plano de Ação Core Competence . (Projeto Time-to-market,1997)

- Desenvolvimento e Disponibização do Processo de Idea–Shelf: Desenvolvimento e domínio

de Tecnologia antes do início de novos projetos.

Situação Atual Proposta

“Novas tecnologias”não totalmentedominadas são desenvolvidas durante afase de CONCEPÇÃO

não existe um “idea-shelf”

aumento significativo do time-to-market

A partir das competências definidas, desenvolver e disponibilizar soluções de prateleira para sub-sistemas (idea-shelf) integrado com o Portfolio Management

soluções para aplicação em projetos de novos produtos

detalhar o processo de desenvolvimento de tecnologia/design, com atenção especial à transferência de know-how para projetos detalhar a estrutura organizacional responsável (módulos) / modelo de gestão

Quadro 2 : Plano de Ação Desenvolvimento e Disponibilização do processo de Idea-Shelf .

(ProjetoTime-to-market,1997)

Page 31: O Processo de Desenvolvimento do Produto

31

- Desdobramento da Metodologia de Desenvolvimento de produtos (C2C): Criação de

critérios de priorização de projetos e desdobramento do processo staged-gate , em funções e

tarefas, definindo responsabilidades nas tarefas por departamento.

Situação Atual Proposta

Aperfeiçoamento do desdobramento da Metodologia C2C (desde a fase de ideation )

simultaneidades e interdependências inputs/outputs / responsáveis (análises/relatórios/informações) revisões mensais com a Diretoria ( status de mega projects)milestones de controle aumentar a efetividade das revisões de projeto entre tollgates avaliação da decisão de make or buy de produtos importados no idea - screening/concept evaluation tollgate em projetos que incluem investimentos fabris, deve-se otimizar o processo de análise e liberação de verba

Falta de critérios claros de priorização deprojetos em função de recursos

Processo de DPP não otimizado

como as revisões intermediárias doprojeto não são efetivas, gerandosobre carga nos tollgates retrabalho e/ou indefinições porcritérios de inputs /outputs não clarosnas atividades potencial de simultaneidades eintegração de atividades nãoexplorado falta de relatórios adequados para ogerenciamento de projetos

etc

Estabelecimento de políticas normas e metas para o desenvolvimento de projetos

% componentes padronizados (comunalidade)modularização

critérios de uso do DFMA/S/E Revisão de normas de testes (em andamento)etc

Implementação do Lab de Home economics e Usabilidade (em andamento)Metodologia de gestão de Design nos três negócios (formação das famílias Brastemp/Consul)

Falta de políticas/diretrizes claras deprojeto, gerando retrabalhos e baixando aprodutividade

% componentes padronizados( comunalidade ) modularização critérios de uso do DFMA/S/E

Revisão de normas de testes

etc

Quadro 3 : Plano de Ação Desdobramento da Metodologia de desenvolvimento de produtos C2C.

(Projeto Time-to-market,1997)

Page 32: O Processo de Desenvolvimento do Produto

32

- Preparação das Pessoas (gestores e participantes): Preparação dos gestores (gerentes) e

participantes (engenheiros de produto e processos, pessoal de marketing, manufatura e

suprimentos), para o novo modelo de PDP.

Desbalanceamento entreResponsabilidade e Poder de Decisão(autonomia) das equipes de projeto

Revisões não eficientes de projetossobrecarregando os toll-gates, que gerammodificações excessivasFalta de um padrão de gerenciamento deprojetos único e alinhado com asnecessidades futuras

Situação Atual Proposta

Plano de treinamentos e preparação paraos gestores e integrantes de equipes deprojetos

empowermenttomada de decisões

gerenciamento de consequênciasreconhecimento/recompensa

Implantação da estrutura de plataforma emódulos reforçando o suporte aos megaprojetosGarantir o uso do “Leading LargeProjects” da Whirlpool

método de gerenciamento

relatóriosrevisão de projetos

Quadro 4 : Plano de Ação Preparação de Pessoas .(Projeto Time-to-market,,1997)

- Suporte Tecnológico (Infra-estrutura): Criação de infra-estrutura de suporte ao PDP

Situação Atual Proposta

Acelerar a implantação da prototipagem rápida

Acelerar a implantação do PDM

Integração dos softwares de projeto

Monitorar /buscar soluções no mercado (àmédio prazo)

Necessidade crescente de prototipagemrápida

Necessidade crescente da implantação doPDM

Necessidade de integração dos softwaresde projeto ( Pro /E e CDRS, etc)

Falta de software de simulação digital

Quadro 5 : Plano de Ação Suporte tecnológico.( ProjetoTime-to-market,1997)

Page 33: O Processo de Desenvolvimento do Produto

33

- Suporte Tecnológico (Infra-estrutura): Criação de infra-estrutura de suporte ao PDP

Dar continuidade ao desenvolvimentotécnico da solução para produtos derefrigeração junto a Whirpool , investigar apossibilidade de sistemas semelhantespara produtos de cocção e lavanderia

Implantar sistema já desenvolvido paraeste objetivo

Pesquisar no mercado software que atendaestas expectat ivas e realizar benchmarkingpermanente pa ra escolha da solução

Necessidade de implantar sistema demonitoramento remoto para produtos emteste de campo

Necessidade de implantar um sistema depriorização de projetos

Necessidade crescente da aplicação desoftwares para simplificar os trabalhos deengenharia

Quadro 6 (cont.) : Plano de Ação Suporte tecnológico.( ProjetoTime-to-Market,1997)

2.2.7.2 – Projeto Time –to –Market)

Whirlpool (2008) relata a revisão do projeto Time-to-Market , que teve como objetivo

avaliar como estava a velocidade de lançamento de novos produtos e como evoluiu a

assertividade e produtividade do PDP perante o contexto atualizado das necessidades do

mercado e competitividade deste ramo industrial.

Na figura 17 são mostradas as oportunidades encontradas de melhoraria do TtM no

projeto de revisão .

Figura:17: Proposta final da revisão do Projeto TtM.(Whirlpool, 2008)

Page 34: O Processo de Desenvolvimento do Produto

34

A revisão proposta pelo projeto TtM abrangeu todas as fases do PDP, porém o

benchmarking interno realizado mostrou que nos últimos mega projetos que envolveram a

criação de novas plataformas e inovações radicais de produto e processo, o problema de atraso

na execução ocorreu na fase inicial de concepção, ou seja, a assertividade de Custo, Qualidade

e TtM ficaram comprometidos devido a dificuldade encontrada pelo project-team na fase

inicial do projeto. Esta constatação esta em consonância com o que foi discutido nos capítulos

1 e 2, onde a fase inicial confusa contribui como um dos principais fatores de complexidade

para atingir o TtM,

Conforme observado em Barros et al (2010) a falta do prévio conhecimento e domínio

de tecnologias são alguns dos fatores que podem retardar o lançamento de um novo projeto.

Neste trabalho os autores demonstram que mesmo diante de uma idéia inovadora a falta de

domínio do conhecimento envolvido na fase inicial confusa pode gerar retrabalhos no

desenvolvimento e aprovação do conceito do produto.

Analisando o modelo C2C em sua fase inicial e os trabalhos de TtM apresentados, se

constata que as principais dificuldades encontradas na assertividade das variáveis de

qualidade, custo e TtM de novos lançamentos esta relacionada com dificuldades de

gerenciamento da complexidade da fase de concepção inicial do projeto.

2.2.7.3 – Considerações sobre o Modelo C2C no início do projeto

O modelo C2C engloba muitas características dos outros modelos abordados

anteriormente, tais como o uso do processo de Fases-Gate, idealizado por Cooper (1993),

para a aprovação e passagem de uma fase para outra no PDP. O modelo do C2C também

incorpora o uso da Engenharia Simultânea, proposto por Back et al (2008), e possui um fluxo

de atividades muito similar ao modelo de referencia de Rozenfeld et al (2006).

Sendo um modelo adaptado pela indústria, através do uso de conceitos comprovados

pela literatura, é esperado que o seu uso como metodologia de PDP possa atender aos

objetivos de TtM, Custo e Qualidade no projeto, porém o que se constata é que o TtM não

tem sido atendido na velocidade demandada pelo mercado, visto que este modelo de PDP não

observa claramente a questão do desenvolvimento e implementação de novas tecnologias de

produto e processo, como observado por Clarck e Wheelwright (1993) no tópico 2.2.3.1. Por

isto foi desenvolvido um modelo de inovação, o qual propõe o desenvolvimento e aprovação

técnica antecipada destas tecnologias, para que se possa iniciar os novos projetos eliminando

esta complexidade.

Page 35: O Processo de Desenvolvimento do Produto

35

2.2.8 – Modelo de Desenvolvimento de Inovação

A proposta do Modelo de Desenvolvimento de Inovação foi de gerar um pipeline com

novas idéias e conceitos a serem desenvolvidos, visando a implementação em novos projetos

de produtos. O processo de inovação deve ser realizado antes do Processo de

Desenvolvimento de Produtos (C2C), e por isto é considerado como um estágio inicial do

processo de desenvolvimento de produtos. O Modelo de Desenvolvimento de Inovação inicia-

se com o processo denominado de Fuzzy-Front-End (FFE), que é mostrado a seguir.

O processo FFE é dividido em 3 etapas, onde diferentes áreas da organização discutem

as tendências de mercado, os hábitos dos consumidores, novas tecnologias, concorrentes com

o objetivo de gerar oportunidades de novos produtos a serem lançados.

A Figura 18 ilustra o processo, em que a primeira etapa da Fase 1 chamada de

Mercado e Consumidores, onde um grupo de especialistas em mercado, consumidores e

marca realiza um trabalho de definição do escopo do FFE, fundamentado nos conceitos das

marcas.

 

Figura 18: Processo Fuzzy-front-end para Inovação. (Whirlpool, 2009).

Page 36: O Processo de Desenvolvimento do Produto

36

Esta fase continua com a etapa de Necessidades e Benefícios, quando os participantes

do processo são escolhidos e então recebem o convite e uma pasta com dois conjuntos de

informações. Um deles é o material de estímulo descrito no parágrafo anterior, que deve ser

estudado para compreensão da estratégia da marca, características do mercado e do

consumidor. O outro contém uma programação de atividades de imersão para coleta de

informações sobre problemas, dificuldades, comportamento e anseios do consumidor.

Na Fase 2, Conceitos e Soluções, todo o aprendizado e as informações coletadas são

inicialmente utilizados para ambientar um local onde o grupo se reúne, chamado sala

sensorial.. É onde os participantes se inserem no contexto dos conceitos das marcas para

discutir os dados obtidos na Fase 1 e gerar idéias e maneiras de entregar respostas às

oportunidades que foram mapeadas. Ainda na Fase 2 as idéias são selecionadas e priorizadas

para cada um dos conceitos das marcas pelo próprio grupo, que usa uma árvore de decisão

construída a partir de critérios específicos como alinhamento com a estratégia das marcas e da

categoria de produtos, as oportunidades e fraquezas do portfólio, movimentos da

concorrência, valor para o consumidor, facilidade de implantação e potencial de retorno para a

empresa. As mais promissoras são descritas de uma forma abreviada, porém de forma que

caracterize integralmente sua proposta. A Fase 3 inicia com a Migração de Soluções, quando

as idéias geradas na Fase 2 são desenvolvidas ao ponto que se permita validar sua viabilidade

técnica e refinar as estimativas de custo, investimento, risco, previsão de venda e do valor

para o mercado. O monitoramento da evolução de cada uma destas idéias é realizado através

do grupo de desenvolvimento técnico e gerenciamento da implantação, chamado de IPT ou

Innovation Project Tracking, neste grupo participam as áreas de Marketing, Design Industrial,

Engenharia de Produtos e Manufatura, e cujo objetivo é o de evoluir no grau de entendimento

e execução da idéia para possibilitar sua correta inclusão no portfólio de produtos. O final da

Fase 3 é denominado Portfólio de Produtos e é quando as idéias que se mostram promissoras

passam a incorporar o escopo dos produtos em desenvolvimento.

2.2.9 - Modelo Integrado final com a Inclusão do Modelo de Inovação na fase inicial do

Modelo C2C

Na figura 19, é mostrado o fluxo final do PDP incluindo a fase de desenvolvimento de

Inovação, suas fases características e a transferência dos conceitos desenvolvidos para o inicio

de desenvolvimento de um novo produto.

Page 37: O Processo de Desenvolvimento do Produto

37

Figura 19: Modelo Integrado Inovação ao modelo C2C. (Whirlpool, 2009).

2.2.9.1 – Considerações sobre o Modelo Integrado Inovação/C2C

O modelo de inovação tem como objetivo criar um pipeline de inovação anterior ao

C2C, para que se permita a validação destas tecnologias previamente ao início do projeto.

Estas novas tecnologias aprovadas e testadas serão aplicadas nos futuros projetos. Esta

integração possibilitou resolver o problema de desenvolver tecnologia dentro do projeto, o

que na maioria das vezes, gera atrasos de lançamento.

O processo integrado permite uma maior assertividade dentro do PDP, porém as

incertezas da fase inicial não se resumem somente no desenvolvimento e domínio de novas

tecnologias previamente ao início do projeto, e mesmo sendo efetivo no desenvolvimento de

produtos o modelo integrado ainda não é a solução final para o problema de pesquisa, pois ele

não resolve a subjetividade da fase inicial do projeto.

Page 38: O Processo de Desenvolvimento do Produto

38

2.2.10 – Modelo de Desenvolvimento de Produtos Lean da Toyota

Segundo Womack et al. (1992), existem dois modelos básicos de organizações, que

são denominados pelos autores como organizações “burocráticas” (sistema de produção em

massa) e organizações “enxutas” (lean production).

Mascitelli, (2006) descreve a figura 20 como um processo de fluxo contínuo, descrito

pictoricamente como um túnel que estreita ao longo de seu trajeto, onde no início o produto

aparece ainda em seu estado soft ou fuzzy, ou seja, não completamente definido, o qual a

medida que percorre as diversas etapas do caminho de desenvolvimento atinge a sua forma

hard, ou seja, pronto para o lançamento. Os três pontos de estreitamento do túnel são

representados por etapas de congelamento do projeto onde são realizadas as revisões nesta

etapa do projeto com relação ao Business case, escopo e mudanças requeridas. Estas etapas

estão alinhadas com o caminho crítico do desenvolvimento do projeto e servem para

minimizar qualquer distorção que venha a impactar negativamente o tempo de lançamento do

mesmo. As etapas descritas no túnel representam as principais etapas de desenvolvimento em

um projeto lean, desde seu início onde são realizados os estudos de viabilidade econômica

(Business case) dos novos produtos, passando pelas etapas de Projeto Preliminar, Projeto

Detalhado, Produto Final e o seu lançamento para o mercado.

Figura 20: Lean product development: “Big Picture”. Lean Product Development Guide book, (Mascitelli,

2006).

Page 39: O Processo de Desenvolvimento do Produto

39

O grande desafio para se atingir excelência em desenvolvimento de produtos usando a

metodologia lean , pode ser ilustrada na figura 21. Buscando a competitividade, existem três

dimensões distintas do projeto e desenvolvimento que devem ser endereçadas, negligenciar

algumas destas dimensões pode significar uma falha do projeto quando o mesmo for

disponibilizado para o mercado no futuro.

Primeiro grande ponto a ser abordado é que este novo produto seja aceito pelo

mercado e que este consumidor aceite pagar um preço melhor por este produto. Obviamente

somente produtos diferenciados e inovadores possibilitam a aceitação de um preço maior que

os concorrentes. Esta primeira dimensão trata de desenvolver produtos que possam se

diferenciar através da inovação.

Diversas ferramentas incluindo o Brainstorming estruturado, métodos para capturar as

“vozes do consumidor”, e técnicas de projetos sistêmicas, tais como Set - Based Design , onde

são elaboradas múltiplas alternativas para um componente ou sistema, e as Trade-off Curves

onde através de gráficos se compara dados físicos de componentes e sistemas e economia.

(Ex: gráfico onde se mostra a economia de consumo de gasolina em um motor em

comparação com a especificação de seus componentes, visando a escolha da opção ideal de

custo x performance).

Segundo grande ponto a ser abordado é o custo do produto a ser desenvolvido, o qual

deverá prover um substancial lucro na empresa que se ira produzir o mesmo. Esta otimização

do custo é crítica no desenvolvimento de produto. Para isto existe uma série de ferramentas

que suportam uma excelente otimização do custo de um novo produto.

Figura 21: Atingir excelência em desenvolvimento de produtos, maximizar preço, reduzir custos e acelerar

time-to-market. (Mascitelli, 2006).

Page 40: O Processo de Desenvolvimento do Produto

40

Mascitelli (2006) salienta que ainda dentro do tema “ time-to-market” um efetivo

modelo de processo de desenvolvimento força essencialmente para a cooperação cross-

functional, enquanto vem a prover sucesso nas diversas etapas do desenvolvimento.

2.2.10.1- Considerações sobre a metodologia Lean na fase inicial do projeto

Do trabalho de (Clark e Fujimoto,1991) e (Womack, Jones e Roos, 1990) foi

concluído que existem quatro diferenças básicas nos métodos de projetar utilizados pelos

produtores em massa e enxutos. Estas diferenças podem contribuir tornando a fase inicial do

projeto mais clara e consistente. Consistem elas em diferenças na liderança, no trabalho em

equipe, na comunicação e desenvolvimento simultâneo. Técnicas enxutas nestas quatro áreas,

tomadas em conjunto, tornam possível um trabalho menor, mais rápido e com menor esforço.

Liderança: Os produtores enxutos, sempre empregam alguma derivação do sistema do

Shusa do qual a Toyota foi pioneira, ou da Honda. O Shusa é o grande responsável, o líder da

equipe incumbido de projeto e engenharia de um novo produto até a entrada deste produto em

produção. Esta é uma posição considerada de grande poder e valor e extremamente cobiçada

nas companhias. O Shusa é considerado um grande artesão, o qual domina a arte de dirigir

uma variedade ampla de qualificações, impossível para uma pessoa só dominar.

A diferença entre o conceito do Shusa e os líderes de equipe nas empresas ocidentais,

se dá em relação a carreira e o poder destas posições. Enquanto o Shusa tem poder e é uma

carreira aspiracional nas companhias japonesas, o líder de equipe ocidental não tem o mesmo

poder pois, normalmente é subjugado pela alta gerencia, quanto as especificações e aparência

do produto, durante seu desenvolvimento, gerando inúmeras vezes projetos sem personalidade

ou distinção. Embora esta seja uma atribuição da alta gerencia, devido às constantes

mudanças de mercado ainda assim trata-se de uma grande inferência no projeto, que na

maioria das vezes é catastrófica, principalmente em sua fase inicial.

Trabalho em equipe: Este tema trata de uma ligação estreita e integração entre os

membros da equipe. Como no processo de desenvolvimento enxuto, os times de projeto

reúnem um pequeno grupo de pessoas alocados por um determinado período de tempo. Estes

times de projeto são constituídos de representantes das diversas áreas da companhia, como

marketing , engenharia, industrial design e manufatura, é vital que se conservem os vínculos

com os departamentos funcionais dos quais fazem parte os integrantes do time de projeto,

porém durante todo projeto o grupo para ser controlado pelo Shusa, o qual tem como função

inclusive a avaliação de performance dos mesmos durante o projeto.

Page 41: O Processo de Desenvolvimento do Produto

41

“As organizações enxutas são capazes de administrar melhor o processo de inovação

tecnológica, pois há uma valorização e estímulo da iniciativa individual e aceitam-se erros

como normais. O estímulo à participação ocorre em todas as fases dos projetos, mas

particularmente no início ela é fundamental para que haja consenso sobre os parâmetros

básicos do projeto, evitando divergências posteriores. Desse modo, tomadas as decisões

básicas de modo consensual, o projeto transcorre de forma mais fluída sem divergências.

Como as informações fluem de múltiplas áreas, reduz-se o tempo de desenvolvimento pela

proximidade maior com a produção, pela orientação decisiva e maior sensibilidade da

atividade de P&D às necessidades do mercado ” (TOLEDO, 1993).

A diferença deste conceito para o conceito de líderes de equipes nas companhias

ocidentais é que estes participantes do time de projeto, incluindo-se o líder da equipe, são

emprestados por um curto período de tempo dos departamentos funcionais. As obrigações

destes participantes estão muito mais ligadas as necessidades de seus departamentos do que

no projeto em si, devido a percepção destas pessoas que sua carreira depende muito de sua

ascensão pessoal na área funcional. Às vezes um participante de uma área funcional esta

envolvido em diversos projetos, sendo muito difícil seu real envolvimento em prol deste

projeto. Muitas vezes os participantes são envolvidos em assuntos críticos do seu

departamento funcional durante um projeto, causando uma perda grandiosa dentro processo

de desenvolvimento do mesmo projeto.

Comunicação: No processo enxuto os membros do time de projeto assinam

compromissos formais de seguir o consenso do grupo. Os conflitos envolvendo recursos e

prioridades ocorrem no início do projeto e não no final. Existe um envolvimento maior de

pessoas no início do projeto, pois existe a necessidade de que todas as especialidades estejam

presentes, sendo tarefa do grupo a de confrontar todas as decisões espinhosas para haver

consenso em relação ao projeto. Com o desenrolar do projeto o número de pessoas começa a

decrescer, pois alguns estudos desenvolvidos pelos especialistas, já foram realizados e não se

faz mais necessário manter estes especialistas no time de projeto.

A diferença para o modelo ocidental é que o número inicial de participante é menor no

início, atingindo seu pico na fase de lançamento do produto. A diferença em relação a

filosofia enxuta, é que na filosofia enxuta o objetivo é corrigir os problemas no início

evitando a multiplicação dos mesmos no desenrolar do projeto.

Desenvolvimento Simultâneo: Já abordado no tópico 2.2.5 no Modelo de PDP com

Aderência da Engenharia Simultânea descrito por Back et al, (2008). Exemplificado como

processo de projetar componentes do produto em conjunto com o projeto e produção de seu

Page 42: O Processo de Desenvolvimento do Produto

42

molde ou ferramenta. Esta simultaneidade só é possível quando o projetista do componente e

o projetista do molde estão em contato direto. Os projetistas dos moldes conhecem o produto

final de modo que adiantam o processo e solicitam os blocos de aço para os moldes. Este

bloco começa a ser trabalhado a medida que os desenhos sejam finalizados. Todo este

processo supõe uma considerável previsão, pois o projetista dos moldes precisa conhecer

também o processo de projeto dos componentes do produto. Este processo diminui muito o

tempo de projeto, sendo que no Japão os melhores produtores enxutos conseguem produzir

um conjunto completo de moldes prontos para a produção de um carro em um ano,

exatamente a metade do tempo utilizado pelos produtores ocidentais.

Set Based Design: é uma importante ferramenta para o modelo de desenvolvimento

Lean, Mascitelli (2006) na figura 22, mostra que conceito do Set Based Design envolve a

consideração de múltiplas versões de um projeto de um produto , as quais competem entre

elas para se encontrar uma configuração otimizada do produto. Enquanto um conjunto de

oportunidades selecionadas poderão também se juntar numa solução única para o produto.

Figura 22: O conceito de múltiplas opções do Set Based Design. (Mascitelli , 2006).

Check – lists e Trade-off Curves : Na figura 23 é mostrada em gráfico os limites de

manufaturabilidade, economia básica do produto ou processo e limites serem quebrados.

Page 43: O Processo de Desenvolvimento do Produto

43

Figura 23: Check-lists e Curvas de Trade-off. . (Lean Institute,2006).

Matrizes de QFD: Uma grande contribuição para o PDP foi desenvolvida por Akao no

Japão (CHENG,1995), e batizada de QFD (Quality Function Deployment) onde através do

desenvolvimento de matrizes se desdobram as necessidades identificadas para satisfação do

cliente em requisitos do produto e do processo para satisfazer estas necessidades.

2.2.11 - Modelo de Desenvolvimento de Produtos de Cheng e Melo Filho

Este modelo de desenvolvimento de produtos é chamado de Sistema de

Desenvolvimento de Produtos (SDP). As etapas de desenvolvimento do modelo SDP, vão

desde a identificação de oportunidades até o lançamento do produto no mercado, passando

pela pesquisa, pela seleção de conceitos, pelo Desenvolvimento de Produto e Processo, até a

fase de pré-produção.

Page 44: O Processo de Desenvolvimento do Produto

44

Figura 25: Representação de um Sistema de Desenvolvimento de Produto (SDP) (Cheng e Melo Filho, 2007).

Cheng e Melo Filho (2007) dividem o SDP em sistemas: o primeiro sistema inclui o

mercado e os clientes e é o sistema de avaliação; o segundo, relacionado às estratégias,

engloba o planejamento estratégico do negócio e da empresa, novas idéias de produtos,

geração de novos projetos, e a revitalização de produtos pelo conceito de plataforma; o

terceiro subsistema ocorre em nível operacional, com o projeto de desenvolvimento.

A abordagem do SDP de Cheng e Melo Filho (2007) utiliza a ferramenta QFD –

Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade) como uma forma de

procedimento para a obtenção das informações do mundo da tecnologia – a linguagem técnica

da empresa – em função das informações do mundo dos clientes, em termos da qualidade

exigida e da qualidade planejada. O QFD organiza e dispõe os dados da tradução da voz do

cliente em informações de projeto. Durante o processo de obtenção das características da

qualidade, ou após o mesmo, é possível a mensuração, aquisição dos valores e a comparação

com a concorrência (CHENG e MELO FILHO, 2007).

Page 45: O Processo de Desenvolvimento do Produto

45

2.2.11.1 – Considerações sobre o Modelo de Desenvolvimento de Produtos de Cheng e Melo

Filho

O modelo contribui na abordagem feita no primeiro sistema, ou seja, na identificação

de oportunidades para os novos projetos através do mapeamento da tecnologia até o

lançamento do produto no mercado, passando pelo sistema a fase inicial do projeto.

Esta abordagem vem de encontro à identificação de um Road-Map de tecnologia que

deverá ser disponibilizado previamente ao início do projeto. Como já abordado no modelo

FFE esta identificação de novos conceitos e tecnologias qualificam o novo produto em

questão, sendo que o domínio de determinada tecnologia leva a organização a vantagem

competitiva (PORTER, 1992).

O modelo proposto por Cheng e Melo Filho (2007) tem como cerne o

desenvolvimento do QFD para captação da voz dos clientes pela extração e organização das

características da qualidade do produto. Estas características são correlacionadas com as

exigências dos consumidores; em seguida há a priorização das características de qualidade do

produto, depois se realiza o benchmarking com a concorrência para mensuração, e por fim, se

define os valores meta para as características de qualidade do novo produto.

Trata-se de um modelo de desenvolvimento com forte foco na qualidade onde a

obtenção das informações do mundo da tecnologia – a linguagem técnica da empresa – em

função das informações do mundo dos consumidores, em termos da qualidade exigida e da

qualidade planejada. Durante o processo de obtenção das características da qualidade, ou após

o mesmo, é possível a mensuração, a aquisição dos valores e a comparação com a

concorrência. (CHENG e MELO FILHO, 2007).

2.3 - Síntese dos Modelos Apresentados

No Quadro 7, proposto por Vieira (2010) e adaptado por Barros (2010), faz-se uma

comparação dos pontos de interesse, em relação aos modelos de PDP apresentados.

MODELO

CARACTERÍSTICAS

PONTOS DE DESTAQUE E DE INTERESSE

Fases e Gates Cooper, 1986

Atividades paralelas e inter-relacionadas;Difundido como modelo de inovação;Base em casos comerciais;

• Sistema de gestão de projetos passa /não passa de fase- foca na redução das incertezas e na assertividade

• Inovação (assertividade) Clark e Fujimoto,(1991)

Detalhamento Construção de protótipo na 3ª fase

• Detalhamento (redução das duvidas)

Page 46: O Processo de Desenvolvimento do Produto

46

Clark e Wheelwright, (1993)

Combinação de informações do Mercado, requisitos técnicos e de produção; Considera aprendizado

• Aprendizado (redução das incertezas)

Back et al (2008)

Dividido em macro-fases e subdividido em fases e atividades. Ênfase na Engenharia Simultânea

• Simultaneidade-discussão em grupo das incertezas e duvidas

Modelo de referência de Rozenfeld et al (2006)

Dividido em macro fases e subdivido em fases e atividades; Resultados são avaliados durante o PDP; considera a Gestão do Conhecimento; Utiliza equipes multidisciplinares.

• Projeto informacional foca na redução das duvidas

• Facilita a visualização de todo o processo (assertividade)

Modelo C2C

Dividido em macro –fases, com tollgates de aprovação , com foco na Engenharia Simultânea

• Facilita a visualização (assertividade)

• Foco na execução (assertividade)

Modelo Fuzzy-front-end

Modelo de desenvolvimento, teste e disponibilização de Inovação

• Disponibilização de tecnologia prévia ao projeto (assertividade)

Modelo PMBOK

Integração entre as fases do projeto

• Gestão (assertividade) • Anteprojeto (redução das

duvidas) Modelo Lean

Geração de mais opções de conceito de produto (Set Based Design) Escolha da opção mais adequada

• Assertividade (Set-Based-Design)

• Trabalho em equipe (redução de incertezas)

Cheng e Melo Filho (1987)

Parte da identificação de oportunidades até o lançamento do produto no mercado, passando pela pesquisa, pela seleção de conceitos, pelo Desenvolvimento de Produto e processo, até a fase de pré-produção.

• Acompanhamento da evolução da tecnologia (assertividade)

• Benchmarking com a concorrência (redução das incertezas)

Quadro 7: Síntese dos Modelos de PDP apresentados adaptado por Barros. (Vieira, 2010).

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