o papel do intraempreededor na gestÃo da inovaÇÃo ... · empreendedorismo e inovação podem ser...
TRANSCRIPT
O PAPEL DO INTRAEMPREEDEDOR NA
GESTÃO DA INOVAÇÃO: REFLEXÕES A
PARTIR DE UM ESTUDO TEÓRICO
Viviane DBarsoles Goncalves Werutsky (UFSC)
Alvaro Guillermo Rojas Lezana (UFSC)
Janaina Renata Garcia (UFSC)
ALEXANDRE MEIRA DE VASCONCELOS (UFSC)
O presente artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o
papel dos intraempreendedores na gestão da inovação, a partir do
identificado em artigos com reconhecimento científico e alinhados com o
tema encontrados em bases de dados na internet na última década. Trata-
se de uma pesquisa exploratória, descritiva, onde se utilizou estratégias
bibliométricas para subsidiar a reflexão proposta. Foram identificados
sete artigos sobre o tema que formaram o referencial teórico utilizado
para o estudo. Conclui-se que os intraempreendedores são fundamentais
para a empresa inovar, pois possuem características semelhantes ao
empreendedor: assume riscos, é inovador, pró-ativo e focado na auto
renovação. Observou-se ainda que as empresas que estimulam os valores
propícios às atividades intraempreendedoras obtém resultados positivos
no desempenho, na criação de novos negócios e no crescimento.
Palavras-chaves: Intraempreendedorismo, gestão da inovação,
bibliometria.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
2
1. Introdução
Empreendedorismo e inovação podem ser vistos como processos indissociáveis quando se trata
de obtenção de vantagem competitiva nas organizações.
Schumpeter (1934), concebia o empreendedor como agente de inovação. Outros autores como
sinônimo de gestor, decisor, líder, executivo, aquele que assume riscos, fornece capital
financeiro, articula redes e outras tantas atribuições que proporcionam aos estudiosos inúmeros
desdobramentos e abordagens teóricas e empíricas (SCHUMPETER 1934; NAIR, PANDY,
2006; VALE 2005).
Observa-se que o construto intraempreendedor, objeto deste estudo, tem sua raiz no conceito de
empreendedorismo. Entretanto pesquisas que abordam a ação do empreendedor dentro das
organizações são recentes.
Dávila e Vasquez (2008), em uma revisão de literatura do construto teórico nos últimos dez anos
nos EUA e Europa, identificaram autores como Pinchot & Pellmann (1985) e Drucker (1986),
como pioneiros em introduzir o termo intraempreendedorismo. Pinchot & Pellmann (1985),
destacam que os indivíduos dentro das organizações com características empreendedoras podem
produzir novos produtos, processos e serviços, assim como mudança e evolução da organização.
Drucker (1986), define que a gestão é um conhecimento que pode ser exercido não apenas pelos
proprietários, mas também pelos funcionários especializados que podem alavancar os processos
de inovação e o desenvolvimento das empresas (PINCHOT & PELLMANN, 1985;
DRUCKER,1986 apud DÁVILA E VASQUEZ, 2008)
Denomina-se intraempreededor todo aquele funcionário ou colaborador que assume uma atitude
empreendedora diante das oportunidades em seu escopo de trabalho, departamento, função ou
empresa. Stevenson & Jarillo (1990), argumentam que se trata de um processo restrito ao qual
“funcionários perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm sob controle”.
Esses funcionários podem ser fundamentais no processo de inovação (STEVENSON &
JARILLO, 1990).
A inovação trata-se de um campo em consolidação, tendo em vista, sobretudo, as especificidades
das pesquisas que se dividem naquelas que abordam os níveis de análise (individuo, grupo,
empresa, indústria, consumidores, região e nação) e o tipo de inovação - produto, processo e
modelo de negócio - (CROSSNAN E APAYDIN, 2010).
No contexto das organizações, por sua vez, a gestão da inovação, percebida como um processo
que busca transformar oportunidades de negócios em produtos e serviços, e que deve fazer parte
da estratégia da empresa, sobretudo aquelas que buscam manter vantagem competitiva
sustentável, se apresenta como uma série de atividades multifuncionais envolvendo diferentes
competências tanto dentro como fora das fronteiras organizacionais (CLARK &
WHEELWRIGHT,1995).
Como todos os demais processos organizacionais, a gestão da inovação prescinde do ser humano.
Preferencialmente, supõem-se, de seres humanos participativos e engajados em tornar o processo
inovativo perene e perpassado por toda a organização.
Do exposto propõem-se a seguinte pergunta de pesquisa: Qual o papel do intraempreendedor no
contexto da gestão da inovação identificado em artigos relevantes encontrados em bases de dados
na internet?
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
3
Respondendo a esta questão, o objetivo geral deste trabalho é refletir, a partir de uma pesquisa
teórica, sobre o papel do intraempreendedor no contexto da gestão da inovação.
A motivação para o proposto foi ampliar os conhecimentos dos pesquisadores sobre os temas. A
entrada inicial para dar conta desta demanda por conhecimento é o pesquisador com ideia do
tema que pretende pesquisar e a saída é o pesquisador com o conhecimento necessário e
suficiente para iniciar sua pesquisa.
As informações contidas, principalmente em bases de dados baseadas na internet, podem se
constituir em uma estratégia significativa para servir de plataforma teórica para futuras pesquisas
(SANTOS & KOBASHI,2009).
Bases de dados configuram-se como dispositivos plurifuncionais muito utilizados para avaliar o
estado da arte da ciência, e podem ser identificados como sistemas de indexação de periódicos,
livros, teses relatórios, anais de eventos resenha e outros que possam ser identificados para
servirem de plataforma teórica para pesquisas (SANTOS & KOBASHI; 2009; LACERDA et.Al.,
2010).
Embora o método de pesquisa bibliométrica não seja indicado para realizar análises qualitativas
sofisticadas dos dados (Mattos, 2004), considerou-se adequado a amplitude do campo de
investigação ao objetivo e ao problema de pesquisa identificado.
Além desta introdução o presente trabalho está dividido em três partes. Em seguida abordamos o
enquadramento e o percurso metodológico que delineou os caminhos percorridos pelos
pesquisadores para identificar dos artigos de referência. Na próxima seção explicitamos as
reflexões advindas do estudo dos artigos selecionados. Encerrando o trabalho apresentamos as
considerações finais assim como as referências bibliográficas.
2. Enquadramento e percurso metodológico
Essa seção visa enquadrar o presente trabalho científico de forma a dar sustentação metodológica
ao mesmo e possibilitar uma contextualização de sob qual ótica a pesquisa foi delineada e
executada para atingir seus objetivos e resultados finais.
A opção por um determinado processo metodológico em pesquisa científica está relacionada ao
problema a ser pesquisado (MORGAN & SMIRCICH 1980; TRIVIÑOS 1987).
Sobre esse alinhamento da metodologia com o problema pesquisado Triviños (1987), denomina
como indisciplina o fato de um pesquisador usar um método de pesquisa que não seja coerente
com o objeto de estudo, tendendo a misturar autores, citações, metodologias de correntes de
pensamento desalinhados, não atentando para as bases do conhecimento científico e o problema a
que se propõe resolver.
A natureza do objetivo de pesquisa é exploratória porque visa construir conhecimento sobre um
determinado tema de pesquisa, por meio da seleção e análise de trabalhos científicos publicados
em periódicos e indexados em bases de dados (VIEIRA, 2002).
Pode-se enquadrar este trabalho como indutivo, visto que o objetivo foi gerar um conhecimento
para subsidiar uma reflexão sobre um determinado tema de pesquisa até então inexistente ou
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
4
obscurecido, via identificação de artigos alinhados com o contexto, as lacunas e oportunidades de
pesquisa (IUDÍBICUS, 2004).
A abordagem do problema é qualitativa e, quanto à coleta de dados do processo de pesquisa, este
artigo se vale de dados primários que advém das delimitações estabelecidas pelo pesquisador nas
etapas do processo, mas também utiliza dados secundários, decorrentes da obtenção de
informações em publicações científicas (RICHARDSON,1999).
Em relação aos seus resultados, esta pesquisa é aplicada, em face da utilização dos
conhecimentos gerados, principalmente, pela pergunta de pesquisa e pelos objetivos decorrentes
das lacunas e oportunidades identificadas (LAKATOS & MARCONI, 2006).
Os procedimentos técnicos utilizados são pesquisa bibliográfica e pesquisa-ação. Segundo Gil
(1999) e Sá-Silva et al (2009), a pesquisa bibliográfica é aquela elaborada a partir de material já
publicado, constituído, principalmente, de artigos em periódicos científicos. Dado que o
pesquisador interage durante todo o processo com o objeto de pesquisa, o presente trabalho
também é enquadrado como pesquisa-ação (GIL, 1999).
O processo para selecionar os artigos para formar o referencial bibliográfico é composto de três
etapas: Seleção das bases de dados; seleção de artigos alinhados com o contexto e análise dos
artigos alinhados. Definiram-se com palavras-chave os termos em língua inglesa:
Intraentrepreneurship and Innovation management. Estes tópicos foram buscados nos títulos,
palavras-chave e título das publicações.
O período de busca utilizado foi de dez anos, ou seja, de 2001 a 2011. Optou-se ainda por
capturar somente artigos completos publicados no idioma inglês, que estivessem disponíveis
gratuitamente para leitura nas bases de dados.
Foram selecionadas duas bases de dados que em sua descrição no campo “Coleções” do Portal da
CAPES apresentavam publicações nas áreas de interesse desta pesquisa, a saber: Multidisciplinar,
Engenharias, Gestão, Ciências Sociais Aplicadas. As bases de dados escolhidas foram: Scopus e
ISI of Knowledge.
Bases de dados configuram-se como dispositivos plurifuncionais muito utilizados para avaliar o
estado da arte da ciência, e podem ser caracterizados como sistemas de indexação de periódicos,
livros, teses relatórios, anais de eventos resenha e outros que possam ser identificados para
servirem de plataforma teórica para pesquisas (SANTOS & KOBASHI; 2009; LACERDA et.Al.,
2010).
Embora o método de pesquisa bibliométrica não seja indicado para realizar análises qualitativas
sofisticadas dos dados (Mattos, 2004), considerou-se adequado a amplitude do campo de
investigação ao objetivo e ao problema de pesquisa identificado.
Primeiramente iniciou-se a leitura dos títulos e resumos, em seguida foi feita a leitura do texto
completo dos artigos não repetidos para identificar aqueles cujo alinhamento com o tema da
pesquisa está expresso. Em seguida identificou-se o número de citações de cada artigo.
Determinou-se que número de citações não poderia ser inferior a 5, o número de citações foi
identificado a partir de uma consulta ao site Google Scholar. O número de citações dá conta do
quanto o trabalho está sendo estudado em outras pesquisas, sendo este um indicador aceito pela
academia para justificar o reconhecimento científico.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
5
Aqueles artigos que estiverem nestas condições formaram um portfólio, os demais foram
excluídos. Os livros e capítulos de livros também foram excluídos. Dos 29 artigos identificados,
22 foram descartados, 07 formaram o banco de artigos não repetidos com título, resumo e texto
completo alinhado. Abaixo Tabela 1 com os artigos identificados.
Autor Artigo
Ano Publicação
Antoncic, B. Intrapreneurship: a comparative structural
equation modeling study
2007 Industrial Management &
Data Systems Journal
Antoncic, B.
Hisrich, R. D.
Intrapreneurship: Construct refinement and
cross-cultural validation
2001 Journal of Business
Venturing
.Antoncic, J.
A.Antoncic, B.
Employee satisfaction, intrapreneurship and
firm growth: a model
2011 Industrial Management &
Data Systems
Benitez-Amado,
et al.
Information technology-enabled
intrapreneurship culture and firm performance
2010 Industrial Management &
Data Systems
Gapp, R.;Fisher,
R.
Developing an intrapreneur-led three-phase
model of innovation
2007 International Journal of
Entrepreneurial Behaviour
and Research
Menzel, H. C.
Altio, I.;Ulijn, J.
M.
On the way to creativity: Engineers as
intrapreneurs in organizations
2007 Technovation
Ribeiro,Soriano,
D.;Urbano, D.
Overview of Collaborative Entrepreneurship:
An Integrated Approach Between Business
Decisions and Negotiations
2009 Group Decision and
Negotiation
Tabela 1: Portfólio de artigos identificados
Na próxima seção apresentamos as principais reflexões – contribuições teóricas - propostas pelos
autores dos artigos identificados sobre o papel do intraempreendedor no contexto da gestão da
inovação.
3. Reflexões: principais contribuições identificadas na pesquisa
Dávila e Vasquez (2008), em uma revisão de literatura do construto teórico nos últimos dez anos
nos EUA e Europa, destacaram autores como Pinchot & Pellmann (1985) e Drucker (1986) como
pioneiros em introduzir o termo intraempreendedorismo. Pinchot & Pellmann (1985),
argumentaram que os indivíduos dentro das organizações com características empreendedoras
podem produzir novos produtos, processos e serviços, assim como mudança e evolução da
organização. Drucker (1986) assinala a autora, definiu que a gestão é um conhecimento que pode
ser exercido não apenas pelos proprietários, mas também pelos funcionários especializados que
podem alavancar os processos de inovação e o desenvolvimento das empresas (PINCHOT &
PELLMANN, 1985; DRUCKER,1986 apud DÁVILA E VASQUEZ, 2008)
A importância do intraempreendedor vem sendo pesquisada por diversos autores desde a década
de 80, sobretudo devido ao efeito positivo no desempenho das empresas de todos os tamanhos.
Segundo o que aponta Antoncic e Hisrich (2007), o intraemprendedor atua nas mesmas
dimensões do empreendedor : arriscar em novos negócios, inovação, pro atividade e auto
renovação. Os autores trazem uma abordagem comparativa entre empresas dos Estados Unidos e
da Eslovénia e verificam a relação positiva entre intraempreendedorismo e as características
organizacionais e ambientais. Nos resultados concluiram que empresas que estimulam os valores
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
6
propícios às atividades intraempreendedoras obtém melhores resultados de crescimento, se
envolvem em novos negócios, se renovam continuamente e são pró-ativas.
Outro trabalho identificado olha para a gestão de pessoas, e verifica que uma abordagem
inovadora das organizações, baseada no diálogo e na motivação podem estimular os
colaboradores ao intraempreendedorismo, embora não seja reconhecido como uma profissão,
função, emprego ou vocação Gapp e Fisher (2007), preconizam ainda que, apesar de ser um
fenômeno intangível, o intraemprendedorismo pode ser uma opção clara para o desenvolvimento
das empresas e das pessoas.
Já Antoncic & Antoncic, B.(2011), estudaram as relações entre a satisfação dos funcionários e o
intraempreendedorismo e argumentam que as quatro dimensões avaliadas a saber: satisfação
geral com o trabalho, remuneração, benefícios e cultura organizacional e lealdade do empregado,
são positivas para o crescimento das empresas e que as mesmas precisam adotar uma abordagem
sistemática na satisfação dos funcionários a fim de melhorar o empreendedorismo e manter o
crescimento. Os autores concluem que “as atividades relacionadas com a estimulação da
satisfação do empregado e intra-empreendedorismo podem ter também implicações sociais, uma
vez que podem aumentar a criação de nova riqueza na sociedade” (ANTONCIC & ANTONCIC.
B.,2011. tradução livre).
Analisando as relações entre dois tipos de recursos de tecnologia da informação (TI), e o
desempenho da cultura voltada ao intra-empreendedorismo, utilizando dados transversais de uma
amostra de 203 empresas líderes da Espanha, Benitez et al.(2010), mostraram que a cultura
voltada ao intraempreendedorismo é um recurso valioso, que tem um efeito e influência positiva
sobre o desempenho e geração de valor para a empresa, sendo implicações não menos
importantes, o verificado em relação aos resultados na implantação de inovações tecnológicas e
de gestão de TI, assim como os recursos investidos em TI , no aumento da capacidade das
empresas em desenvolver uma cultura de apoio a inovação.
Os processos de inovação necessitam de oferta abundante de boas ideias e de soluções, e os
engenheiros intraeemprendedores podem ser em muitos casos, a base para estas inovações,
principalmente tecnológicas, acontecerem (MENZEL, 2007).
Buscando responder a questões fundamentais em relação a este contexto, a saber: o que as
organizações deveriam fazer para promover o empreendedorismo entre os engenheiros? O que é
empreendedorismo e quem é o intraempreendedor de tecnologia em particular? Qual o tipo de
suporte organizacional necessário para facilitar o intraempreendedor e como educar e treinar para
a prática e o desenvolvimento do intraempreendedorismo? Menzel (2007) descreveu como fazer
engenheiros atuantes no domínio do intraempreendedorismo nas grandes empresas onde,
normalmente, são empregados em P & D.
São cinco os fatores organizacionais identificados por Menzel (2007). Primeiro a construção de
um ambiente físico para a cooperação, e ação intraempreendedora; segundo a redução da
hierarquia organizacional e da burocracia; terceiro o incentivo por parte da alta administração ao
sucesso do intraempreendedorismo, disponibilizando recursos humanos e financeiros para
gratificar os engenheiros; o quarto fator seria o apoio de stakeholders com ampla experiência e
conhecimento na condução dos projetos tanto politica quanto corporativamente, cuja missão
principal seria treinar o intraempreendedor e quinto recursos em termos de pessoas, tempo e
espaço, pois o intraempreendedorismo não pode ser criado a partir de um vácuo. A conclusão
fundamental trazida neste trabalho foca na questão do conhecimento.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
7
O autor salienta que intraempreendedorismo é relacionado “a pessoas em (inter) ação e é
orientada para o futuro”, e que “o conhecimento deve ser trazido de volta para o campo através
de intervenções e ferramentas que possam ser utilizadas para treinar o empreendedorismo nas
escolas universidades e nas empresas” (tradução livre) (MENZEL,2007).
Do estudo dos artigos identificados, observa-se que é recorrente entre os autores a valorização do
intraempreendedor no contexto das empresas que buscam inovar. Na próxima seção
apresentamos as considerações finais advindas do estudo dos trabalhos identificados.
5. Considerações
Tendo como motivação ampliar os conhecimentos dos autores sobre os temas
Intraempreendedorismo e Gestão da Inovação o objetivo deste trabalho foi refletir a partir de uma
pesquisa teórica, sobre o papel do intraempreendedor no contexto.
Verifica-se que o papel dos intraempreendedores é fundamental para a criação de novos produtos,
processos e serviços inovadores. Estes colaboradores possuem características semelhantes ao
empreendedor: assume riscos, é inovador, pró-ativo e focado na auto renovação. Observou-se
ainda que as empresas que estimulam os valores propícios às atividades intraempreendedoras
obtém resultados positivos no desempenho, na criação de novos negócios e no crescimento.
Muito embora o portfólio de artigos identificados não seja de grande monta, aja vista a
quantidade de estudos sobre o tema no contexto específico da gestão, do estudo inferiu-se que a
pesquisa empírica carece ainda de maior aprofundamento e robustez, com ênfase na identificação
das condições propícias que as empresas precisam estabelecer para estimular o comportamento
intraempreendedor.
Embora este estudo não tenha como propósito construir um referencial teórico propriamente dito,
destaca-se que foi possível avançar na construção dos conhecimentos, ainda que de forma
preliminar, sobre os temas identificados.
Como sugestão para pesquisas futuras considera-se interessante aprofundar estudos empíricos,
focados na identificação do papel do intraemprendedor no processo de gestão da inovação em
empresas de grande porte, tendo em vista a complexidade destas empresas inovarem em um
contexto cada vez mais competitivo.
Referências ANTONCIC, B. Intrapreneurship: A Comparative Structural Equation Modeling Study. Industrial Management &
Data Systems Journal, Vol.107, n.3,4, p.309-325, 2007.
ANTONCIC, B.,HISRICH, R. D. Intrapreneurship: Construct Refinement and Cross-Cultural Validation. Journal
of Business Venturing, Vol.16, n.5, p.495-527, 2001.
ANTONCIC, J. A; ANTONCIC, B. Employee Satisfaction, Intrapreneurship and Firm Growth: A Model. Industrial Management & Data Systems, Vol.111.n.3, 4, p. 589-607, 2011.
BENITEZ-AMADO, J., LORENS-MONTES, F.J.PEREZ-AROSTEQUI, M.N. Information Technology-
Enabled Intrapreneurship Culture and Firm Performance. Industrial Management & Data Systems Journal, Vol.110,
n.3, 4, p. 644 – 662, 2010.
CLARK, K.,WHEELWRIGHT,S. Leading Product Development. Free Press, New York, (1995)..
CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. “Portal Periódicos CAPES”.. Brasília
,2008. Disponível em: http://www.peridodicos.capes.org.br/,(Acesso em 15.05.2011).
CROSSAN, M. M.; APAYDIN, M. A Multi-Dimensional Framework of Organizational Innovation: A Systematic
Review of the Literature. Journal of Management Studies, Vol.9999, n. 9999, p. 1154–1191, 2010.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
8
DÁVILA & VASQUEZ. Intraemprendimiento: Una Revisión al Constructo Teórico, sus Implicaciones y Agenda de
Investigación Futura. Cuad. Adm. Bogotá (Colombia), 21 (35): 37-63, enero-junio de 2008.
GAPP, R.& FISHER,R. Developing an Intrapreneur-led Three-phase Model of Innovation. International Journal of
Entrepreneurial Behaviour and Research, Vol.13,n.13, p. 330 - 348,2007.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S. D. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2004.
LACERDA, R. T. O., ENSSLIN, L. & ENSSLIN, S. R. A Performance Measurement Framework in Portfolio
Management: A Constructivist Case. Management Decision, Vol.49, p.1-15, 2011.
NAIR, K.R.G.; PANDEY, A. Characteristics of Entrepreneurs: An Empirical Analysis. Journal of
Entrepreneurship, Vol. 15, n. 1, p. 47-61, 2006.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa: Planejamento e execução de pesquisas,
amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 2006.
MENZEL, H.; C.ALTIO,I.;ULIJN,J.M. On the Way to Creativity: Engineers as Intrapreneurs in Organizations.
Technovation, Vol.27, n.12, p. 732–743, 2007.
MORGAN, G. & SMIRCICH, L. The Case for Qualitative Research. The Academy of Management Review.
Vol.5, n.4, p.491, 1980.
PRAHALAD,C.K.; HAMEL,G. The Core Competence of Corporation. Harvard Business Review, Vol.68.n.3
,p.79-91, 1990.
RIBEIRO.S.;URBANO.D. Overview of Collaborative Entrepreneurship: An Integrated Approach Between
Business Decisions and Negotiations. Group Decision and Negotiation Journal.Vol.18,n.5, p 419-430, 2009.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
SANTOS & KOBASHI. Institucionalização da Pesquisa Científica no Brasil: Cartografia temática e de redes
sociais por meio de técnicas bibliométricas. TransInformação, Vol. 18, n. 1, p. 27-36, 2006.
SCHUMPETER, J.A. The theory of economic development. Cambridge: Harvard University Press, 1934.
STEVENSON, H.H. & JARILLO,J.C. A Paradigm of Entrepreneurship: Entrepreneurial Management. Strategic
Management Journal, Vol.11,n.5,p. 17-27, 1990.
TASCA, J., ENSSLIN, L., ENSSLIN, S. & ALVES, M. An Approach for Selecting a Theoretical Framework for
the Evaluation of Training Programs. Journal of European Industrial Training, Vol.34, n.7, p.631-655, 2010.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação: o positivismo,
a fenomenologia, o marxismo. São Paulo, Atlas, 1987.
VANTI, N. A. P. Da bibliometria à Webometria: Uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir
o registro da informação e a difusão do conhecimento. Ciência da Informação, Brasília, Vol. 31, n. 2, p. 152-162,
maio/ago, 2002.
VALE, G. M. V. O Empreendedor como um Articulador de Redes e Artífice do Crescimento. In: ENCONTRO
NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO, 29, Brasília. Anais ANPAD, 2005.
VIEIRA, V. A. As Tipologias, variações e características da pesquisa de marketing.Revista da FAE, Curitiba, Vol
5, n.1, p. 61-70, 2002.