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O PAPEL DO INTRAEMPREEDEDOR NA

GESTÃO DA INOVAÇÃO: REFLEXÕES A

PARTIR DE UM ESTUDO TEÓRICO

Viviane DBarsoles Goncalves Werutsky (UFSC)

[email protected]

Alvaro Guillermo Rojas Lezana (UFSC)

[email protected]

Janaina Renata Garcia (UFSC)

[email protected]

ALEXANDRE MEIRA DE VASCONCELOS (UFSC)

[email protected]

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o

papel dos intraempreendedores na gestão da inovação, a partir do

identificado em artigos com reconhecimento científico e alinhados com o

tema encontrados em bases de dados na internet na última década. Trata-

se de uma pesquisa exploratória, descritiva, onde se utilizou estratégias

bibliométricas para subsidiar a reflexão proposta. Foram identificados

sete artigos sobre o tema que formaram o referencial teórico utilizado

para o estudo. Conclui-se que os intraempreendedores são fundamentais

para a empresa inovar, pois possuem características semelhantes ao

empreendedor: assume riscos, é inovador, pró-ativo e focado na auto

renovação. Observou-se ainda que as empresas que estimulam os valores

propícios às atividades intraempreendedoras obtém resultados positivos

no desempenho, na criação de novos negócios e no crescimento.

Palavras-chaves: Intraempreendedorismo, gestão da inovação,

bibliometria.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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1. Introdução

Empreendedorismo e inovação podem ser vistos como processos indissociáveis quando se trata

de obtenção de vantagem competitiva nas organizações.

Schumpeter (1934), concebia o empreendedor como agente de inovação. Outros autores como

sinônimo de gestor, decisor, líder, executivo, aquele que assume riscos, fornece capital

financeiro, articula redes e outras tantas atribuições que proporcionam aos estudiosos inúmeros

desdobramentos e abordagens teóricas e empíricas (SCHUMPETER 1934; NAIR, PANDY,

2006; VALE 2005).

Observa-se que o construto intraempreendedor, objeto deste estudo, tem sua raiz no conceito de

empreendedorismo. Entretanto pesquisas que abordam a ação do empreendedor dentro das

organizações são recentes.

Dávila e Vasquez (2008), em uma revisão de literatura do construto teórico nos últimos dez anos

nos EUA e Europa, identificaram autores como Pinchot & Pellmann (1985) e Drucker (1986),

como pioneiros em introduzir o termo intraempreendedorismo. Pinchot & Pellmann (1985),

destacam que os indivíduos dentro das organizações com características empreendedoras podem

produzir novos produtos, processos e serviços, assim como mudança e evolução da organização.

Drucker (1986), define que a gestão é um conhecimento que pode ser exercido não apenas pelos

proprietários, mas também pelos funcionários especializados que podem alavancar os processos

de inovação e o desenvolvimento das empresas (PINCHOT & PELLMANN, 1985;

DRUCKER,1986 apud DÁVILA E VASQUEZ, 2008)

Denomina-se intraempreededor todo aquele funcionário ou colaborador que assume uma atitude

empreendedora diante das oportunidades em seu escopo de trabalho, departamento, função ou

empresa. Stevenson & Jarillo (1990), argumentam que se trata de um processo restrito ao qual

“funcionários perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm sob controle”.

Esses funcionários podem ser fundamentais no processo de inovação (STEVENSON &

JARILLO, 1990).

A inovação trata-se de um campo em consolidação, tendo em vista, sobretudo, as especificidades

das pesquisas que se dividem naquelas que abordam os níveis de análise (individuo, grupo,

empresa, indústria, consumidores, região e nação) e o tipo de inovação - produto, processo e

modelo de negócio - (CROSSNAN E APAYDIN, 2010).

No contexto das organizações, por sua vez, a gestão da inovação, percebida como um processo

que busca transformar oportunidades de negócios em produtos e serviços, e que deve fazer parte

da estratégia da empresa, sobretudo aquelas que buscam manter vantagem competitiva

sustentável, se apresenta como uma série de atividades multifuncionais envolvendo diferentes

competências tanto dentro como fora das fronteiras organizacionais (CLARK &

WHEELWRIGHT,1995).

Como todos os demais processos organizacionais, a gestão da inovação prescinde do ser humano.

Preferencialmente, supõem-se, de seres humanos participativos e engajados em tornar o processo

inovativo perene e perpassado por toda a organização.

Do exposto propõem-se a seguinte pergunta de pesquisa: Qual o papel do intraempreendedor no

contexto da gestão da inovação identificado em artigos relevantes encontrados em bases de dados

na internet?

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Respondendo a esta questão, o objetivo geral deste trabalho é refletir, a partir de uma pesquisa

teórica, sobre o papel do intraempreendedor no contexto da gestão da inovação.

A motivação para o proposto foi ampliar os conhecimentos dos pesquisadores sobre os temas. A

entrada inicial para dar conta desta demanda por conhecimento é o pesquisador com ideia do

tema que pretende pesquisar e a saída é o pesquisador com o conhecimento necessário e

suficiente para iniciar sua pesquisa.

As informações contidas, principalmente em bases de dados baseadas na internet, podem se

constituir em uma estratégia significativa para servir de plataforma teórica para futuras pesquisas

(SANTOS & KOBASHI,2009).

Bases de dados configuram-se como dispositivos plurifuncionais muito utilizados para avaliar o

estado da arte da ciência, e podem ser identificados como sistemas de indexação de periódicos,

livros, teses relatórios, anais de eventos resenha e outros que possam ser identificados para

servirem de plataforma teórica para pesquisas (SANTOS & KOBASHI; 2009; LACERDA et.Al.,

2010).

Embora o método de pesquisa bibliométrica não seja indicado para realizar análises qualitativas

sofisticadas dos dados (Mattos, 2004), considerou-se adequado a amplitude do campo de

investigação ao objetivo e ao problema de pesquisa identificado.

Além desta introdução o presente trabalho está dividido em três partes. Em seguida abordamos o

enquadramento e o percurso metodológico que delineou os caminhos percorridos pelos

pesquisadores para identificar dos artigos de referência. Na próxima seção explicitamos as

reflexões advindas do estudo dos artigos selecionados. Encerrando o trabalho apresentamos as

considerações finais assim como as referências bibliográficas.

2. Enquadramento e percurso metodológico

Essa seção visa enquadrar o presente trabalho científico de forma a dar sustentação metodológica

ao mesmo e possibilitar uma contextualização de sob qual ótica a pesquisa foi delineada e

executada para atingir seus objetivos e resultados finais.

A opção por um determinado processo metodológico em pesquisa científica está relacionada ao

problema a ser pesquisado (MORGAN & SMIRCICH 1980; TRIVIÑOS 1987).

Sobre esse alinhamento da metodologia com o problema pesquisado Triviños (1987), denomina

como indisciplina o fato de um pesquisador usar um método de pesquisa que não seja coerente

com o objeto de estudo, tendendo a misturar autores, citações, metodologias de correntes de

pensamento desalinhados, não atentando para as bases do conhecimento científico e o problema a

que se propõe resolver.

A natureza do objetivo de pesquisa é exploratória porque visa construir conhecimento sobre um

determinado tema de pesquisa, por meio da seleção e análise de trabalhos científicos publicados

em periódicos e indexados em bases de dados (VIEIRA, 2002).

Pode-se enquadrar este trabalho como indutivo, visto que o objetivo foi gerar um conhecimento

para subsidiar uma reflexão sobre um determinado tema de pesquisa até então inexistente ou

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obscurecido, via identificação de artigos alinhados com o contexto, as lacunas e oportunidades de

pesquisa (IUDÍBICUS, 2004).

A abordagem do problema é qualitativa e, quanto à coleta de dados do processo de pesquisa, este

artigo se vale de dados primários que advém das delimitações estabelecidas pelo pesquisador nas

etapas do processo, mas também utiliza dados secundários, decorrentes da obtenção de

informações em publicações científicas (RICHARDSON,1999).

Em relação aos seus resultados, esta pesquisa é aplicada, em face da utilização dos

conhecimentos gerados, principalmente, pela pergunta de pesquisa e pelos objetivos decorrentes

das lacunas e oportunidades identificadas (LAKATOS & MARCONI, 2006).

Os procedimentos técnicos utilizados são pesquisa bibliográfica e pesquisa-ação. Segundo Gil

(1999) e Sá-Silva et al (2009), a pesquisa bibliográfica é aquela elaborada a partir de material já

publicado, constituído, principalmente, de artigos em periódicos científicos. Dado que o

pesquisador interage durante todo o processo com o objeto de pesquisa, o presente trabalho

também é enquadrado como pesquisa-ação (GIL, 1999).

O processo para selecionar os artigos para formar o referencial bibliográfico é composto de três

etapas: Seleção das bases de dados; seleção de artigos alinhados com o contexto e análise dos

artigos alinhados. Definiram-se com palavras-chave os termos em língua inglesa:

Intraentrepreneurship and Innovation management. Estes tópicos foram buscados nos títulos,

palavras-chave e título das publicações.

O período de busca utilizado foi de dez anos, ou seja, de 2001 a 2011. Optou-se ainda por

capturar somente artigos completos publicados no idioma inglês, que estivessem disponíveis

gratuitamente para leitura nas bases de dados.

Foram selecionadas duas bases de dados que em sua descrição no campo “Coleções” do Portal da

CAPES apresentavam publicações nas áreas de interesse desta pesquisa, a saber: Multidisciplinar,

Engenharias, Gestão, Ciências Sociais Aplicadas. As bases de dados escolhidas foram: Scopus e

ISI of Knowledge.

Bases de dados configuram-se como dispositivos plurifuncionais muito utilizados para avaliar o

estado da arte da ciência, e podem ser caracterizados como sistemas de indexação de periódicos,

livros, teses relatórios, anais de eventos resenha e outros que possam ser identificados para

servirem de plataforma teórica para pesquisas (SANTOS & KOBASHI; 2009; LACERDA et.Al.,

2010).

Embora o método de pesquisa bibliométrica não seja indicado para realizar análises qualitativas

sofisticadas dos dados (Mattos, 2004), considerou-se adequado a amplitude do campo de

investigação ao objetivo e ao problema de pesquisa identificado.

Primeiramente iniciou-se a leitura dos títulos e resumos, em seguida foi feita a leitura do texto

completo dos artigos não repetidos para identificar aqueles cujo alinhamento com o tema da

pesquisa está expresso. Em seguida identificou-se o número de citações de cada artigo.

Determinou-se que número de citações não poderia ser inferior a 5, o número de citações foi

identificado a partir de uma consulta ao site Google Scholar. O número de citações dá conta do

quanto o trabalho está sendo estudado em outras pesquisas, sendo este um indicador aceito pela

academia para justificar o reconhecimento científico.

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Aqueles artigos que estiverem nestas condições formaram um portfólio, os demais foram

excluídos. Os livros e capítulos de livros também foram excluídos. Dos 29 artigos identificados,

22 foram descartados, 07 formaram o banco de artigos não repetidos com título, resumo e texto

completo alinhado. Abaixo Tabela 1 com os artigos identificados.

Autor Artigo

Ano Publicação

Antoncic, B. Intrapreneurship: a comparative structural

equation modeling study

2007 Industrial Management &

Data Systems Journal

Antoncic, B.

Hisrich, R. D.

Intrapreneurship: Construct refinement and

cross-cultural validation

2001 Journal of Business

Venturing

.Antoncic, J.

A.Antoncic, B.

Employee satisfaction, intrapreneurship and

firm growth: a model

2011 Industrial Management &

Data Systems

Benitez-Amado,

et al.

Information technology-enabled

intrapreneurship culture and firm performance

2010 Industrial Management &

Data Systems

Gapp, R.;Fisher,

R.

Developing an intrapreneur-led three-phase

model of innovation

2007 International Journal of

Entrepreneurial Behaviour

and Research

Menzel, H. C.

Altio, I.;Ulijn, J.

M.

On the way to creativity: Engineers as

intrapreneurs in organizations

2007 Technovation

Ribeiro,Soriano,

D.;Urbano, D.

Overview of Collaborative Entrepreneurship:

An Integrated Approach Between Business

Decisions and Negotiations

2009 Group Decision and

Negotiation

Tabela 1: Portfólio de artigos identificados

Na próxima seção apresentamos as principais reflexões – contribuições teóricas - propostas pelos

autores dos artigos identificados sobre o papel do intraempreendedor no contexto da gestão da

inovação.

3. Reflexões: principais contribuições identificadas na pesquisa

Dávila e Vasquez (2008), em uma revisão de literatura do construto teórico nos últimos dez anos

nos EUA e Europa, destacaram autores como Pinchot & Pellmann (1985) e Drucker (1986) como

pioneiros em introduzir o termo intraempreendedorismo. Pinchot & Pellmann (1985),

argumentaram que os indivíduos dentro das organizações com características empreendedoras

podem produzir novos produtos, processos e serviços, assim como mudança e evolução da

organização. Drucker (1986) assinala a autora, definiu que a gestão é um conhecimento que pode

ser exercido não apenas pelos proprietários, mas também pelos funcionários especializados que

podem alavancar os processos de inovação e o desenvolvimento das empresas (PINCHOT &

PELLMANN, 1985; DRUCKER,1986 apud DÁVILA E VASQUEZ, 2008)

A importância do intraempreendedor vem sendo pesquisada por diversos autores desde a década

de 80, sobretudo devido ao efeito positivo no desempenho das empresas de todos os tamanhos.

Segundo o que aponta Antoncic e Hisrich (2007), o intraemprendedor atua nas mesmas

dimensões do empreendedor : arriscar em novos negócios, inovação, pro atividade e auto

renovação. Os autores trazem uma abordagem comparativa entre empresas dos Estados Unidos e

da Eslovénia e verificam a relação positiva entre intraempreendedorismo e as características

organizacionais e ambientais. Nos resultados concluiram que empresas que estimulam os valores

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propícios às atividades intraempreendedoras obtém melhores resultados de crescimento, se

envolvem em novos negócios, se renovam continuamente e são pró-ativas.

Outro trabalho identificado olha para a gestão de pessoas, e verifica que uma abordagem

inovadora das organizações, baseada no diálogo e na motivação podem estimular os

colaboradores ao intraempreendedorismo, embora não seja reconhecido como uma profissão,

função, emprego ou vocação Gapp e Fisher (2007), preconizam ainda que, apesar de ser um

fenômeno intangível, o intraemprendedorismo pode ser uma opção clara para o desenvolvimento

das empresas e das pessoas.

Já Antoncic & Antoncic, B.(2011), estudaram as relações entre a satisfação dos funcionários e o

intraempreendedorismo e argumentam que as quatro dimensões avaliadas a saber: satisfação

geral com o trabalho, remuneração, benefícios e cultura organizacional e lealdade do empregado,

são positivas para o crescimento das empresas e que as mesmas precisam adotar uma abordagem

sistemática na satisfação dos funcionários a fim de melhorar o empreendedorismo e manter o

crescimento. Os autores concluem que “as atividades relacionadas com a estimulação da

satisfação do empregado e intra-empreendedorismo podem ter também implicações sociais, uma

vez que podem aumentar a criação de nova riqueza na sociedade” (ANTONCIC & ANTONCIC.

B.,2011. tradução livre).

Analisando as relações entre dois tipos de recursos de tecnologia da informação (TI), e o

desempenho da cultura voltada ao intra-empreendedorismo, utilizando dados transversais de uma

amostra de 203 empresas líderes da Espanha, Benitez et al.(2010), mostraram que a cultura

voltada ao intraempreendedorismo é um recurso valioso, que tem um efeito e influência positiva

sobre o desempenho e geração de valor para a empresa, sendo implicações não menos

importantes, o verificado em relação aos resultados na implantação de inovações tecnológicas e

de gestão de TI, assim como os recursos investidos em TI , no aumento da capacidade das

empresas em desenvolver uma cultura de apoio a inovação.

Os processos de inovação necessitam de oferta abundante de boas ideias e de soluções, e os

engenheiros intraeemprendedores podem ser em muitos casos, a base para estas inovações,

principalmente tecnológicas, acontecerem (MENZEL, 2007).

Buscando responder a questões fundamentais em relação a este contexto, a saber: o que as

organizações deveriam fazer para promover o empreendedorismo entre os engenheiros? O que é

empreendedorismo e quem é o intraempreendedor de tecnologia em particular? Qual o tipo de

suporte organizacional necessário para facilitar o intraempreendedor e como educar e treinar para

a prática e o desenvolvimento do intraempreendedorismo? Menzel (2007) descreveu como fazer

engenheiros atuantes no domínio do intraempreendedorismo nas grandes empresas onde,

normalmente, são empregados em P & D.

São cinco os fatores organizacionais identificados por Menzel (2007). Primeiro a construção de

um ambiente físico para a cooperação, e ação intraempreendedora; segundo a redução da

hierarquia organizacional e da burocracia; terceiro o incentivo por parte da alta administração ao

sucesso do intraempreendedorismo, disponibilizando recursos humanos e financeiros para

gratificar os engenheiros; o quarto fator seria o apoio de stakeholders com ampla experiência e

conhecimento na condução dos projetos tanto politica quanto corporativamente, cuja missão

principal seria treinar o intraempreendedor e quinto recursos em termos de pessoas, tempo e

espaço, pois o intraempreendedorismo não pode ser criado a partir de um vácuo. A conclusão

fundamental trazida neste trabalho foca na questão do conhecimento.

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O autor salienta que intraempreendedorismo é relacionado “a pessoas em (inter) ação e é

orientada para o futuro”, e que “o conhecimento deve ser trazido de volta para o campo através

de intervenções e ferramentas que possam ser utilizadas para treinar o empreendedorismo nas

escolas universidades e nas empresas” (tradução livre) (MENZEL,2007).

Do estudo dos artigos identificados, observa-se que é recorrente entre os autores a valorização do

intraempreendedor no contexto das empresas que buscam inovar. Na próxima seção

apresentamos as considerações finais advindas do estudo dos trabalhos identificados.

5. Considerações

Tendo como motivação ampliar os conhecimentos dos autores sobre os temas

Intraempreendedorismo e Gestão da Inovação o objetivo deste trabalho foi refletir a partir de uma

pesquisa teórica, sobre o papel do intraempreendedor no contexto.

Verifica-se que o papel dos intraempreendedores é fundamental para a criação de novos produtos,

processos e serviços inovadores. Estes colaboradores possuem características semelhantes ao

empreendedor: assume riscos, é inovador, pró-ativo e focado na auto renovação. Observou-se

ainda que as empresas que estimulam os valores propícios às atividades intraempreendedoras

obtém resultados positivos no desempenho, na criação de novos negócios e no crescimento.

Muito embora o portfólio de artigos identificados não seja de grande monta, aja vista a

quantidade de estudos sobre o tema no contexto específico da gestão, do estudo inferiu-se que a

pesquisa empírica carece ainda de maior aprofundamento e robustez, com ênfase na identificação

das condições propícias que as empresas precisam estabelecer para estimular o comportamento

intraempreendedor.

Embora este estudo não tenha como propósito construir um referencial teórico propriamente dito,

destaca-se que foi possível avançar na construção dos conhecimentos, ainda que de forma

preliminar, sobre os temas identificados.

Como sugestão para pesquisas futuras considera-se interessante aprofundar estudos empíricos,

focados na identificação do papel do intraemprendedor no processo de gestão da inovação em

empresas de grande porte, tendo em vista a complexidade destas empresas inovarem em um

contexto cada vez mais competitivo.

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