o Ânus solar - falomagazine.com
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O Ânus Solar*por DUOCU
“...E quando a mim próprio exclamo: SOU O SOL, disto resulta uma ereção integral porque o verbo ser é veículo do frenesi amoroso.”
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“Assim notamos que a terra a dar voltas faz coitar animais e homens (e, como aquilo que resulta também é a causa que o provoca), animais e homens quando coitam fazem dar voltas à terra.”
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“Deitado no leito, ao pé de uma mulher que ele ama, esquece que não sabe a razão por que é ele
próprio, em vez do corpo em que toca.”
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“O movimento é figura do amor, incapaz de estacionar neste ou naquele ser para passar, com rapidez, de um ser a outro.
E o esquecimento que vai condicioná-lo mais não é do que subterfúgio da memória.
O homem, como um espectro, é ligeiro a levantar-se de um caixão, e como ele sossobra.
Horas mais tarde levanta-se outra vez e sossobra, e sempre assim, dia após dia: grande coito com a atmosfera do céu que a rotação da terra, perante o sol, dirige.”
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“Apesar disto, não há vibração que não vá conjugar-se em movimento circular contínuo; como a locomotiva que anda à superfície da terra, imagem da metamorfose contínua.
Os seres só morrem para voltarem a nascer, como os fatos que saem dos corpos para entrarem outra vez dentro deles.
(...)
Coito polimorfo que no entanto está ligado à uniforme rotação da terra.”
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“O anel solar é o ânus intacto do seu corpo adolescente, e nada há tão ofuscante que se lhe possa comparar; a não ser o Sol, e apesar de ter um ânus que é a noite.”
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Os trechos d’O Ânus Solar aqui inseridas fazem parte da edição do livro homônimo de Georges Bataille publicado pela Hiena Editora, com tradução de Anibal Fernandes, em 1985, Lisboa, Portugal.
“Se o meu rosto se injeta de sangue, fica vermelho e obsceno.
Com reflexos mórbidos denuncia ao mesmo tempo a ereção sangrenta e uma exigente sede de impudor e orgia criminal.
Por isto afirmo sem medo que o meu rosto é escândalo e só o JESÚVIO exprime as paixões que tenho.
O globo terrestre está coberto de vulcões que lhe servem de ânus.
E ainda que este globo nada coma, às vezes deita fora o conteúdo das entranhas.
(...)
Na verdade, o movimento erótico do solo não é fecundo, como o das águas, mas muito mais rápido.
Às vezes a terra masturba-se com frenesi, arruinando por completo a sua superfície.”
concepçãoartística:DUOCU
fotos:Bruno Novadvorski