o livro de enoque e a bíblia

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Estudo introdução

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Jesus Cristo

“Pois não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir á luz. Nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser sabido.” Lc 8:17; 12:2;

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SUMÁRIO

SIMILARIDADES ENTRE A BÍBLIA E O LIVRO DE ENOCH

O RENASCIMENTO DO LIVRO DE E NOQUE

PORQUE EXAMINÁ-LO?

JESUS O EXAMINOU

OS APÓSTOLOS FORAM INFLUENCIADOS PELO LIVRO

OS PAIS DA IGREJA CONCORDAM COM ENOCH

SIMILARIDADES ENTRE A BÍBLIA E O LIVRO DE ENOCH

O RETORNO DO LIVRO DE ENOCH

BIBLIOGRAFIA

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APRESENTAÇÃO

É fácil entender porque tantos tentaram ao longo da história do cristianismo ocultar este livro da grande massa, já que suas revelações apresentam um antagonismo à visão teológica predominante. Quando os rolos de Qumran, conhecidos também como rolos do Mar Morto, foram encontrados no final dos anos 40, muitas autoridades da igreja viram ali uma possibilidade de dar ainda mais ênfase a originalidade dos textos da Bíblia, no entanto o que mais chamou a atenção foram aqueles rolos que traziam textos de livros consagrados pela comunidade religiosa que guardara aqueles manuscritos, os essênios, e entre eles estava o livro de Enoch; tão venerado por aqueles. O mais fascinante é que a sua datação provou que se tratava de um texto anterior a era cristã. Isto é extremamente significativo, já que ficou provado que muitas das expressões tidas como originais do Novo Testamento, primeiramente apareceram no livro de Enoch, e se este livro não se enquadra no padrão canônico, imagine os outros que dele roubaram palavras, expressões e idéias. Mas desta vez as autoridades da igreja não puderam ocultar estas informações do grande público. Aí está mais um enigma que os interessados podem junto comigo decifrar neste saboroso estudo. Hoje em dia só permanece ignorante os que assim o desejam, com a internet a disposição qualquer um pode se tornar um grande pesquisador da história, basta ter tempo para leitura e reflexão, pois há uma quantidade fabulosa de dados disponíveis para os buscadores bem avisados, e eu estou certo que você é um deles. Saber de certos fatos ocultos relativo à história e a religião não agrada por certo os zeladores da tradição, entretanto, como somos todos seres em transformação cabe sempre a confrontação com novos e desafiadores argumentos. Muitos sábios gregos identificam Enoch com Hermes trismegistus. Ele descobriu o segredo dos astros e criou um calendário e o ensinou aos homens de acordo com a Royal Masonic Cyclopaedia e a tradição hermética. Hermes para os gregos; Mercúrio para os romanos; Toth para os egípcios. O Livro de Enoch conta-nos do seu contato com os filhos do deuses e as aventuras destes com as mulheres dos homens com as quais tiveram descendentes. Os apóstolos Pedro e Judas citam este livro, assim como os autores cristãos Orígenes, Procópio, Tertuliano, Lactâncio, Justino, Ireneu de Lião, Clemente de Alexandria e Eusébio. “Ao todo, a vida de Enoch foi de trezentos e sessenta e cinco anos: Enoch andou na presença de Deus, e desapareceu, pois Deus levou-o.” Gênesis 5:24; Tradução livre do final deste versículo: “...os deuses o levaram”. Afinal, Enoch (do hebraico: iniciado) teve contato com extraterrestres? Este tema está bem desenvolvido no livro “Aliens ou Anjos?”.

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O RETORNO DO LIVRO DE ENOCH

Datas importantes na sua história:

1773 – James Bruce, pesquisador britânico descobre na Etiópia três cópias do livro e os adquire.

1821 – Dr. Richard Lawrence – professor de hebraico de Oxford é responsável pela primeira versão do livro em língua inglesa.

1886 – Manuscrito esloveno é encontrado na biblioteca pública de Belgrado pelo professor Sokolov.

1947 – Entre os rolos de Qumran, vários fragmentos do livro são achados. No século XX, a descoberta de vários textos de Enoch em aramaico entre os manuscritos do mar Morto levou J. T. Milik, um estudioso do catolicismo, levou-o a elaborar um livro de quatrocentas páginas contendo todos os manuscritos já encontrados que fariam parte do livro de Enoch original, obra publicada pela Universidade de Oxford. Ele observa estreita relação entre a história dos anjos caídos, narrada por Enoch e a dos “filhos dos deuses (bene elohim)”, contida no livro do Gênesis. Milik afirma que o texto bíblico é um resumo do registro feito no livro de Enoch, o escriba do primeiro livro da Bíblia baseou-se nele e não o contrário.

O RENASCIMENTO DO LIVRO DE ENOCH

Este livro foi amaldiçoado pelos rabinos e por alguns pais da igreja que achavam que o mesmo por não fazer parte da lista de livros inspirados dos judeus deveria ser banido do meio cristão. Isto tudo devido ao seu profundo conteúdo de mistério no tocante a questão angelical e os bastidores do capítulo 6 do livro do Gênesis, o que torna a sua leitura um tanto inconveniente. Assim este livro outrora respeitado por cristãos e judeus caiu em descrédito justamente por suas afirmações sobre os anjos caídos. O rabino Simeon Ben Yohai, no século II, lançou uma maldição contra todos os que nele acreditavam. Tendo sido amaldiçoado, queimado, banido e perdido durante mil anos, o livro de Enoch voltou a circulação há dois séculos. Em 1773, rumores de uma cópia do livro levaram o explorador escocês James Bruce até a Etiópia. Lá ele encontrou um exemplar preservado pela igreja etíope que o coloca lado a lado com outros livros da Bíblia.

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PORQUE EXAMINÁ-LO

Em 1821 o Dr. Richard Lawrence, um professor de hebraico da Oxford, produziu a primeira tradução em inglês da obra e o mundo moderno pode vislumbrar pela primeira vez os mistérios proibidos do livro. O tema central do livro de Enoch é o julgamento final dos anjos caídos. Apesar de já ter sido considerado um livro pós-cristianismo – as semelhanças com terminologias e ensinamentos cristãos é flagrante – descobertas de cópias do livro entre os manuscritos do mar Morto em Qumran, provam que o livro data de um período anterior a época de Jesus. Muitos dos conceitos usados pelo próprio Cristo e pelos apóstolos parecem estar diretamente relacionados com os termos e idéias deste livro, o que nos faz pensar que Jesus não só lera o livro como também havia adotado algumas de suas expressões.

CRISTO O EXAMINOU

A versão atual do livro de Enoch foi escrita em algum momento do século II a.C., e teria sido popular durante pelo menos 500 anos. O mais recente texto etíope foi aparentemente escrito a partir de um manuscrito grego que, por sua vez, já seria uma cópia de um texto ainda mais antigo. O original foi provavelmente escrito na língua semítica (aramaico, hebraico). Apesar de já ter sido considerado um livro pós-cristianismo, devido as semelhanças com terminologias e ensinamentos cristãos, mas descobertas de cópias do livro entre os manuscritos do mar Morto, em Qumran, provam que o livro data de um período ainda anterior á época de Jesus.

O livro pode não ter sido escrito originalmente por Enoch, mas talvez seja o resultado de um conjunto de tradições, cuja origem se perderam no tempo. Esta é uma suposição, já que a verdadeira autoria do livro é um completo mistério. Muitos cristãos do primeiro século o consideravam como escritura inspirada. Muitos conceitos e termos usados pelo próprio Jesus estão diretamente relacionados com o livro, o que demonstra que ele não só o examinara como também o respeitara, a ponto de comentar descrições especificas relacionadas ao reino vindouro e o julgamento final do qual tomarão parte os inimigos de Deus. Em 1891, o reverendo William J. Deane protestou contra a associação entre os ensinos de Jesus e o recém-lançado livro de Enoch, afirmando com indignação:

”Somos obrigados a acreditar que o nosso Senhor e seus apóstolos, consciente ou inconscientemente, acrescentaram nas suas falas e escritos idéias e expressões tiradas do livro”.

Além das familiares citações do Antigo Testamento, Jesus pode até mesmo ter se referido ás profecias contidas em textos apócrifos não incluídos pelos pais da igreja e pelos rabinos que selecionaram os livros que fizeram parte da Bíblia cristã e das Escrituras Hebraicas. Muitos textos antes desconhecidos, descobertos em Qumran e Nag Hammadi, indicam que Jesus ensinou baseado em outras fontes escritas anteriormente. Charles Cutler

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Torrey, professor da Universidade de Yale, mostra evidencias de que Jesus usava citações de uma obra apócrifa perdida. Veja Lucas 11:49;

“Por isso diz a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei e eles matarão a uns e perseguirão a outros”.

A expressão “sabedoria de Deus”, indica que Jesus está citando diretamente uma fonte, obra apócrifa provavelmente, que hoje se encontra perdida. Além disso, Torrey nota que há outras referências no Novo Testamento das escrituras não mais existentes que foram conhecidas pelos apóstolos nos primeiros anos da era cristã. Uma destas referências pode ser encontrada em Mateus 27:9-10;

“Então se cumpriu o que predissera o profeta Jeremias: Tomaram trinta moedas de prata, o preço avaliado pelos filhos de Israel. E as deram pelo campo do oleiro, conforme me ordenou o Senhor”.

O texto de Jeremias do qual Mateus retirou a citação acima, não esta no atual livro do profeta do Antigo Testamento. Mas Jerônimo, um dos pais da igreja do século IV, escreveu um relato contando que um membro da seita dos nazarenos lhe mostrou um texto apócrifo de Jeremias em que esta citação de Mateus aprece na sua forma exata.

OS APÓSTOLOS FORAM INFLUENCIADOS PELO LIVRO

O Dr. R. H. Charles, estudioso do livro, escreveu na virada do século XX que a influência do livro de Enoch no Novo Testamento tem sido maior do que a de todos os outros livros apócrifos juntos. Todos os escritores do Novo Testamento estavam familiarizados com a obra e seus estilos e pensamentos foram de alguma forma influenciados por ele. Expressões que Paulo usa aparecem no livro. João também faz menção de algumas expressões chaves, como: “Senhor dos senhores, Rei dos reis, os anjos maus sendo punidos, a visão dos sete espíritos, os quatro animais ao redor do trono, e o livro da vida”.

As semelhanças entre o Apocalipse e a obra de Enoch são tantas que quase o impediu de ser considerado obra canônica. No século III, Dionísio de Alexandria, juntamente com muitos outros bispos das igrejas da Síria e da Ásia Menor (atual Turquia), rejeitou o Apocalipse como obra autêntica. No livro de Atos 10:34; apresenta uma citação de Pedro afirmando que “Deus não faz acepção de pessoas”, frase também usada por Paulo e encontrada no livro de Enoch, bem como do Deuteronômio, Crônicas e em diversas passagens do Velho Testamento. O livro de Enoch foi a origem desta citação.

As cartas de Pedro podem ser atribuídas a este livro. Ele fala do aprisionamento e do envio ao inferno dos anjos pecadores. Rendel Harris e M. R. James, especialistas em grego, além de outros estudiosos, argumentam que a primeira epístola de Pedro continha originalmente uma referência explicita ao livro. Judas cita Enoch diretamente e transcreve uma passagem completa no verso 14. O termo “eleito” é muito significativo no livro de Enoch e

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influenciou o seu uso entre os apóstolos. A expressão “ancião dos dias” ou “de dias”, como aparece no livro do profeta Daniel, também está presente no livro de Enoch, da mesma forma a expressão “filho do homem”, o que indica de forma absolutamente clara a influência desta obra na mente e corações dos apóstolos.

SIMILARIDADES ENTRE A BÍBLIA E O LIVRO DE ENOCH

Algumas passagens deste livro que apresentam semelhanças com as da Bíblia:

“...e o julgamento será para todos, até para os justos.” Enoch 1:6;

“Pois já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus...” I Pe 4:17;

“Vede, o Senhor vem com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram.” Enoch 2;

“Concernente a estes profetizou Enoch, o sétimo depois de Adão, Vede, o Senhor vem com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram.” Judas 14;

“Os eleitos possuirão luz, alegria e paz e herdarão a terra”. Enoch 6:9;

“Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra”. Mt 5:5;

“Quando naqueles dias os filhos do homem se multiplicaram, suas filhas nasceram elegantes e belas. E quando os anjos, os filhos do céu, contemplaram-nas ficaram enamorados, dizendo uns aos outros: Vamos, escolhamos para nós esposas entre a progênie dos homens para com elas gerarmos crianças. Tomaram esposas, cada um escolhendo a sua...As mulheres deram á luz os gigantes.” Enoch 7:1-2;10,11;

“Viram os filhos de Deuses que as filhas dos homens eram formosas e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Havia naqueles dias gigantes na Terra e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhe deram filhos”. Gn 6: 2,4;

“...Eles então se dirigiram ao Senhor, o Rei, o Senhor dos senhores, Deus dos deuses, Rei dos reis...” Enoch 9:3;

“...porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis...” Ap 17:4;

“Entre miríades e miríades que estavam diante dele”. Enoch 14:24;

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“Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono e dos seres viventes e dos anciãos e o número deles era milhões de milhões e milhares de milhares.” Ap 5:11;

“Oferecendo sacrifícios aos demônios como a deuses”. Enoch 19:2;

“Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, é aos demônios que sacrificam não a Deus.” I Cor 10:20;

“E aquela árvore de aroma agradável, cujo odor nada tem de carnal não poderá ser tocada até o tempo do grande julgamento...Ela será entregue aos justos e humildes; os frutos desta árvore deverão ser dados aos eleitos.” Enoch 24:9;

“No meio de sua praça, em ambas as margens do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês. E as folhas da árvore são para cura das nações.” Ap 22:2;

“...Ouvi desde o início e compreendi as coisas sagradas que proclamo na presença do Senhor dos espíritos.” Enoch 37:1

“...Não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos e não viveremos?” Hb 12;9;

“E qual será o local de descanso dos que rejeitaram ao Senhor dos espíritos. Seria melhor para eles que jamais houvessem nascidos”. Enoch 38:2;

“Mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Melhor lhe fora que não tivesse nascido”. Mt 26:24;

“Então farei o meu eleito habitar no meio deles...” Enoch 45:4;

“Aqui está o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito...justiça produzirá entre as nações.” Is 42:1;

“Naquele dia o eleito assentará num trono de glória...” Enoch 45:3;

“...então se assentará no trono da sua glória.” Mt 25:31;

“...este é o Filho do homem a quem pertence a justiça e que revelará os tesouros ocultos”. Enoch 46:2;

“...para conhecimento do mistério de Deus – Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. Colossences 2:2;

“Então vi o ancião de dos Dias enquanto se sentava no trono de sua glória, enquanto abria, na sua presença, o livro da vida e enquanto todos os poderes acima do céu postavam-se ao redor e diante dele.” Enoch 47:3;

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“Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos e um Ancião de Dias se assentou...Assentou-se o tribunal e abriram-se os livros”. Daniel 7:9;10;

“...pois está próximo o dia da sua salvação”. Enoch 50:2;

“...porque a vossa redenção está próxima”. Lucas 21:28;

“No dia dos pecadores, o dia será encurtado.” Enoch 79:3;

“Se aqueles dias não fossem abreviados...” Mt 24:22;

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OS PAIS DA IGREJA CONCORDAM COM ENOCH

Muitos amavam e respeitavam o livro. Convencidos de que os anjos do mal estavam em atividade no mundo, os primeiros pais da igreja citavam frequentemente o livro. Justino mártir, em sua “Segunda Apologia”, concorda com a história abordada pelo livro. Atenágoras, em sua obra “Legatio”, escrita no ano 170, apresenta Enoch como um verdadeiro profeta. Lactâncio (260-330) e Taciano (110-171), apologistas cristãos, especularam com detalhes sobre a encarnação dos anjos caídos. Irineu, bispo de Lyon no século III, faz referências a história de Enoch. Tertuliano (160-230) era um grande defensor do livro. Clemente de Alexandria (150-220) fala dos anjos que renunciaram á beleza de Deus em troca da beleza que desvanece, caindo do céu para a Terra. Origines (186-255), um aluno de Clemente e grande pensador da sua época, mais de uma vez chamou Enoch de profeta e citava livremente o seu livro.

A REJEIÇÃO DO LIVRO Os pais da igreja tiveram dificuldade para aceitarem o ponto de vista do livro de Enoch e procuraram outra explicação para encaixarem o capítulo 6 do Gênesis. Estes mestres da igreja acreditaram que o profeta Isaias 14:12-15; está descrevendo a queda de um arcanjo e seus aliados. Esta queda seria em função da sua soberba, ele queria ser igual a Deus. Para evitar a idéia de que os anjos haviam se materializado e mantido contato sexual com as mulheres humanas, eles seguiram a linha de raciocínio de um mestre da igreja, Julio Africano, que aceitava os “filhos de Deus” como sendo uma referencia aos filhos de Set que teriam tomado como esposas as filhas de Caim. No século IV, Ephraem, uma autoridade eclesiástica da Síria, também seguiu esta idéia. Jerônimo (348-420), doutor da igreja e especialista em hebraico, qualificou a obra de Enoch como apócrifa e declarou que seus ensinos eram iguais aos do maniqueísmo. O maniqueísmo foi uma religião que competiu com a igreja, foi fundada no ano 240 pelo profeta Mani, que se declarava um apóstolo de Jesus. Ele pregava uma síntese (budismo, zoroastrismo, cristianismo). Crisóstomo (346-407), concluiu que aceitar os “filhos de Deus” como anjos é uma idéia absurda. Santo Agostinho (354-430), rejeitou igualmente que os anjos jamais poderiam ter assumido um corpo e terem tido relações com mulheres, mesmo afirmando que há casos na Bíblia em que anjos aparecem aos homens em corpos que podiam não só ser vistos mas tocados. O rabino Simeon Bem Yohai lançou uma maldição aos que acreditassem serem anjos, “os filhos de Deus”, do Gênesis 6.Esta maldição proferida no século II A.D., colocou o mundo judeu contra o livro de Enoch. Como tinha conhecimento desta questão, Orígenes (séc. III), afirmava ser esta a razão principal pela qual o livro não era mais aceito pelos judeus.

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OS VERSOS MAIS OCULTOS DA BÍBLIA Dr. Julian Morgenstern do Hebrew Union College em 1939, fez uma exegese do capítulo 6 do Gênesis. Ele concluiu que, se Isaías registrou sobre a queda de um arcanjo e seus seguidores, o autor do referido capítulo do livro da Criação havia mencionado uma outra queda angelical. O verso 4 do capítulo 6 deste livro é na verdade uma síntese de duas histórias diferentes. “Os nephilins habitavam a Terra naquele tempo e também depois, quando os filhos de Deus recorreram as filhas dos homens e geraram criança; os mesmo se tornaram homens poderosos que foram homens de renome na antiguidade.” Esta tradução observou estritamente o que verteu o referido doutor em hebraico para o inglês. O texto coloca lado á lado dois fatos específicos: havia seres na Terra chamados “nephilins’; e eles ainda estavam por aqui quando “os filhos de Deus” desceram esse uniram as filhas dos homens. Afirma o Dr. Morgenstern que os nephilins seriam uma descendência de anjos caídos que se encontravam na Terra quando os outros anjos retratados por Enoch, também caíram devido a luxúria.

O COMEÇO DA CONFUSÃO Os autores da versão bíblica grega (septuaginta), que é a mais conhecida tradução em grego das Escrituras Hebraicas, traduziram o termo “nephilim”, como “gigantes”, eliminando qualquer ligação com ‘anjos caídos”. Originalmente a palavra para gigante entre os hebreus era “gibborim”, que literalmente significa, “heróis, homens poderosos”, gigante não propriamente no que se refere a altura, mas a capacidade de realizar grandes feitos. Para entender melhor esta questão relacionada aos gigantes, leia o meu estudo “Os Gigantes da Bíblia”, onde você verá diferentes palavras sendo usadas para designar este termo, dependendo da tribo e região a que estes pertenciam.

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ANÁLISE MODERNA DOS TEXTOS SAGRADOS O total desconhecimento da terminologia usada no texto bíblico original e as passagens contraditórias da Bíblia, torna as figuras angelicais, uma hora sendo a manifestação do Todo-Poderoso, outra sendo a de seres com aparência de homens normais que se alimentam e podem ser tocados. O termo “malach (sing.)” e “malachim (plural)”, quer apenas dizer, “enviados, mensageiros”. Os “filhos dos deuses” (bene ha elohim), do Gênesis 6 portanto, são anjos (enviados), mas não podem ser vistos como seres vindos de uma dimensão superior para se envolver com as mulheres humanas, já que seria improvável a possibilidade de haver uma relação carnal entre seres de dimensões físicas opostas que resultasse em fecundação de uma das partes. Precisamos buscar uma interpretação mais próxima da realidade, e lançarmos fora a nevoa de religiosidade que envolve a trama. Não seriam aqueles seres visitantes de outro sistema solar próximo ou mesmo distante do nosso? Sugiro outra interpretação para o caso á luz do conhecimento que hoje possuímos da cultura sumeriana, afinal, seus deuses aqui desceram vindo de outro planeta e instruíram os homens. Não podemos esquecer que o Gênesis bíblico é um desdobramento da mitologia suméria. Qualquer outra interpretação nos fará rodar em círculos para chegarmos em lugar algum permanecendo o enigma sobre a passagem mais oculta da Bíblia. Chegou a hora de olharmos além do que nos ensinou a ortodoxia teológica judaico-cristã.

“Pois não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir á luz. Nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser sabido.” Lc 8:17; 12:2;

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BIBLIOGRAFIA

Prophet,. Elizabeth Clare. Anjos Caídos e Origem do Mal – Editora Record/Nova Era – 2002 – Rio de Janeiro. Bamberger, Bernard Jacob. Fallen Angels. Philadelphia: Jewish Publication Society of América, 1962. Delange, Cicholas. Apocripha: Jewish Literature of the Hellenistic Age. New York: Viking Press, 1978. Lawrence, Richard. The Book of Enoch. London: Kegan Paul, Trench &Co., 1883. Milik, J. T. The Books of Enoch: Aramaic Fragments of Qumram Cave 4. Oxford Clarendon Press, 1976. Potter, Charles Francis. The Lost Years of Jesus Revealed. Greenwich, Conn. 1962. Torrey, Charles Cutler. The Apocriphal Literature: A Brief Introduction. New Haven: Yale University Press, 1945. Collins, Andrews. From the Ashes of Angels – The Forbidden Legacy of a Fallen Race – 1996. Gersh, Harry. The Sacred Books of the Jews.

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