o consumo alimentar e a economia: um regresso ao passado? (apresentação)

100 ANOS. COMPROMISSO COM O FUTURO

O consumo alimentar e a economia: um regresso ao passado?

Mestrado em Ciências do Consumo e NutriçãoTendências do Consumo AlimentarCláudio Carvalho; Leandra Neto.

14 de junho de 2014


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Cláudio Carvalho; Leandra Neto. Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição. 14 de junho de 2014.

Índice

Introdução/Objetivo

A oferta alimentar e as relações na cadeia agroalimentar- Relações entre produtores/fornecedores e distribuidores- Balança comercial nacional de produtos agroalimentares

Determinantes e tendências do consumo alimentar- Desenvolvimento económico e consumo alimentar- Sociedade do Hiperconsumo, a crise e o desafio da sustentabilidade global- A disponibilidade alimentar em território nacional

Alterações no atual contexto de crise- Consumo: análise agregada- Consumo alimentar: análise segmentada

Conclusões e considerações finais

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Introdução/Objetivo

Análise crítica e sintética ao exposto ao capítulo “Consumo Alimentar: um regresso ao passado?” da publicação “O futuro da alimentação - ambiente, saúde e economia” de Filomena Duarte.

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A oferta alimentar e as relações na cadeia agroalimentar:Relações entre produtores/fornecedores e distribuidores

Indústria de processamento alimentar (não concentrada)Indústria da distribuição (concentrada) -> Nove grupos de retalhistas nacionais representam:• 72,4% do mercado da oferta alimentar• 83,5% do mercado de comércio retalhistas (dois grupos empresariais

dominam quase metade do mercado)

• Crescimento de marcas de distribuidores com crise potencia concentração.• Potenciais preços mais elevados para consumidores e pagamentos mais

baixos a produtores (Schaffner et al. 2003).

• (i) Será que Karl Marx teria razão quando inferia que a concentração capitalista é uma tendência inerente ao capitalismo (ou pelo menos que tal se verifica no setor agroalimentar)?

• (ii) Que papel terão as “autoridades” públicas nacionais e transnacionais na diminuição das assimetrias de poder entre retalho/distribuição e produção e na diminuição da concentração empresarial na cadeia agroalimentar?

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A oferta alimentar e as relações na cadeia agroalimentar:Balança comercial nacional de produtos agroalimentares

Balança comercial portuguesa de produtos agroalimentares tem melhorado, apesar de deficitária.

Mercado espanhol mantém-se como o mercado geográfico preferencial:36,7% do total das exportações.

Agrupamento com maior crescimento (de valor) nas exportações: gorduras e óleos (+97,2 milhões de euros)Agrupamento com maior decréscimo nas exportações: peixe, crustáceos e moluscos (-9,9 milhões de euros)(dados que comparam apenas os primeiros 11 meses de 2012 e 2013)

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Determinantes e tendências do consumo alimentar:Desenvolvimento económico e consumo alimentar

Fonte: Kearney (2010).

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Determinantes e tendências do consumo alimentar:Desenvolvimento económico e consumo alimentar

Crítica à globalização e liberalização dos mercados...Shiva (2004), sobre realidade indiana:

Papel negativo de organizações transnacionais e os programas de ajustamento económico-financeiro aplicados e que prejudicaram os produtores agrícolas nacionais e trabalhadores, assim como o ambiente, tem sido conduzidos programas de privatização e liberalização de recursos comuns (e.g. setor das águas).

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Determinantes e tendências do consumo alimentar:Sociedade do Hiperconsumo, a crise e o desafio da sustentabilidade global

“Sociedade do hiperconsumo”: interesses individuais por bem-estar, prazer e lazer > motivações por prestígio ou status

Entendimento: A força das circunstâncias, nomeadamente as aliadas à escassez de recursos, ditarão a necessidade de um maior equilíbrio entre hiperconsumo e sustentabilidade, não só á escala nacional, como à escala global.(vd. relatório “Foresight (2011). The Future of Food and Farming: Challenges and choices for global sustainability. Londres, The Government Office for Science.”)

Curiosamente em "A Felicidade Paradoxal - Ensaio sobre a Sociedade do Hiperconsumo" assinala-se que apenas “um cataclismo ecológico ou económico” (Lipovetsky 2007) poderá colocar em causa o curso da sociedade do hiperconsumo. Pressuposto para esta sociedade: “novo pluralismo de valores”; “um novo tipo de consciência” que divirja da centralidade do consumo.

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Determinantes e tendências do consumo alimentar:A disponibilidade alimentar em território nacional

2008-2012: Disponibilidades alimentares per capita atingiram em média 3963 kcal (+2,1% face a 2003-2008).

Depois da tendência de decréscimo do índice de adesão à dieta mediterrânica, entre 1992 e 2006, tem vindo a ocorrer uma recuperação desde aí.

Fonte: INE (2014a).

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Alterações no atual contexto de crise:Consumo: análise agregada

Crise teve um enorme impacto no consumo privado.

Afetação das medidas de política sobre os padrões de consumo alimentar: escasseia informação e a existente não é plenamente fiável.

Reservas quanto aos dados apresentados e quanto à interpretação efetuada por Duarte (2013).

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Variação

2008-2012

Variação

2011-2012

Alimentos e bebidas não-alcoólicas 100,0 100,0

Bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos 0,0 -100,0

Vestuário e calçado 0,0 0,0

Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis 100,0 0,0

Mobiliário, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação -100,0 0,0

Saúde 0,0 0,0

Transporte -300,0 -200,0

Comunicações 0,0 0,0

Lazer e cultura -100,0 0,0

Educação 0,0 0,0

Restaurantes e hotéis 0,0 0,0

Bens e serviços diversos -300,0 -100,0

Total -400,0 -300,0

Evolução da despesa de consumo final das famílias, por finalidade de consumo (euros per capita). Fonte: Eurostat (2014c).

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Variação

2008-2012

Variação

2011-2012

Alimentos e bebidas não-alcoólicas 1,6 1,3

Bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos 0,3 -0,2

Vestuário e calçado 0,3 0,4

Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis 2,0 0,3

Mobiliário, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação -0,6 0,0

Saúde 0,4 0,1

Transporte -2,5 -1,9

Comunicações 0,1 0,1

Lazer e cultura -0,1 0,2

Educação 0,1 -0,1

Restaurantes e hotéis 0,6 0,0

Bens e serviços diversos -1,9 -0,1

Evolução da despesa de consumo final das famílias, por finalidade de consumo (% do total). Fonte: Eurostat (2014c).

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Variação no consumo de leite e produtos lácteos 2008-2012

Leites e produtos lácteos Leite Leites acidificados (incluindo iogurtes) Manteiga

-4,1% -5,8% 5,7% 26,7%

Variação no consumo de leite e produtos lácteos 2011-2012

Leites e produtos lácteos Leite Leites acidificados (incluindo iogurtes) Manteiga

-0,8% 0,8% -4,7% 0,0%

Consumo humano de leite e produtos lácteos per capita (kg/hab.) por tipo de leites e produtos lácteos. Fonte: INE (2013), Balanço de Aprovisionamento de Produtos Animais.

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1993 /1994

1994 /1995

1995 /1996

1996 /1997

1997 /1998

1998 /1999

1999 /2000

2000 /2001

2001 /2002

2002 /2003

2003 /2004

2004 /2005

2005 /2006

2006 /2007

2007 /2008

2008 /2009

2009 /2010

2010 /2011

2011 /2012

2012 /2013

Consumo humano de vinho per capita (l/ hab.)

Consumo humano de vinho per capita (l/hab.). Fonte: INE (2014b), Balanços de Aprovisionamento de Produtos Vegetais.

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Variação no consumo de carnes 2008-2012

Total de carnes

e miudezas

Carne de

bovinos

Carne de

suínos

Carne de animais de

capoeiraMiudezas

-6,2% -15,3% -8,9% 5,3% -14,5%

Variação no consumo de carnes 2011-2012

Total de carnes

e miudezas

Carne de

bovinos

Carne de

suínos

Carne de animais de

capoeiraMiudezas

-5,0% -8,8% -6,7% -0,3% -8,6%

Consumo humano de carne per capita (i.e. kg/ hab.) por tipo de carnes. Fonte: INE (2013), Balanço de Aprovisionamento de Produtos Animais.

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Frutos

Total de

gorduras

e óleos

vegetais

Azeite Margarinas Cereais Batata Açúcar

Variação

2007/08-2012/13-18% 2% -6% -11%

Variação

2010/11-2012/13-14% -1% 1% -12%

Variação 2008-2012 -3% 1% -6%

Consumo humano de vários categorias de produtos alimentares - i.e. frutos; gorduras e óleos vegetais; azeite; margarinas; cereais; batata; açúcar - per capita (i.e. kg/hab.) por espécie frutícola. Fonte: INE (2014b), Balanços de Aprovisionamento de Produtos Vegetais.

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Alterações no atual contexto de crise:Consumo alimentar: análise segmentada

Parece existir uma tendência para a deterioração das dietas alimentares, mas é necessário cautela na análise!

Importa alertar que o padrão avaliativo de despesas de consumo usado por Duarte (2013), não parece ser mais adequado, visto que:

(i) A variação das despesas de consumo pode ser diferente da variação em volume/quantidade;(ii) Os dados não contemplam todos os espaços onde os produtos alimentares são adquiridos;(iii) Os dados relativos às despesas com cereais que aparecem dispostos em Duarte (2013) não parecem estar corretos e alinhados com a evidência disponível;(iv) Dados mais atuais dão um panorama diferente do exposto por Duarte (2013).

Relatório "The Economist Intelligence Unit“ (2014): Portugal ocupa o 12º lugar no ranking europeu de segurança alimentar; 1º lugar na categoria de Q&S.

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Conclusões e considerações finais

Consumo alimentar: dificilmente haverá um "regresso ao passado“!

A. Relações na cadeia agroalimentar: concentração a jusante é cada vez maior. B. Ao nível da balança comercial nacional de produtos agroalimentares, a balança tem

vindo a melhorar, apesar de continuar deficitária.C. Determinantes e tendências do consumo alimentar: atentar para os países em fase

de ocidentalização dos seus padrões de consumo inerente ao seu desenvolvimento económico e, ainda, para os processos de liberalização das economias nacionais.

D. Fortes alterações climáticas ou económicas podem despertar um "novo tipo de consciência" nos indivíduos, diferente da atual fase em que o hiperconsumismo é reinante.

E. Disponibilidade alimentar: Portugal tem vindo a aproximar-se do padrão de dieta mediterrânica mas os níveis de disponibilidades, do ponto de vista calórico, são ainda elevados.

F. Crise: há necessidade de mais informação e de informação mais fiável, sendo que os dados e a interpretação de Duarte (2013) merecem reservas.

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«O consumo alimentar e a economia: um regresso ao passado?» Cláudio Carvalho ([email protected]); Leandra Neto ([email protected]).

Tendências do Consumo Alimentar. Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição.

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (sede administrativa)Rua do Campo Alegre, s/n4169-007 PortoPortugal

Telefone: (+351) 220 402 000Fax: (+351) 220 402 009

[email protected]

Obrigado pela atenção!

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