nova escola edição 222

107

Upload: gabriel-kaiza-schmidt

Post on 13-Dec-2014

113 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Nova Escola Edição 222
Page 2: Nova Escola Edição 222
Page 3: Nova Escola Edição 222

Quem ama o ensino sabe a importância desse momento.

Page 4: Nova Escola Edição 222

Chegou a hora de escolher os livros do PNLD 2010.

[)I-

I HOJE É DIA de Pe><tuguês I HOJE É DIA de MaIomâNco

I HOJE É DIA de HislórioI HOJE É DIA de Geogr<lfío

Page 5: Nova Escola Edição 222
Page 6: Nova Escola Edição 222

BRASILSORRIDENTEA SAÚDE BUCAL LEVADA A S~RIO

A sua saúde bucal merece todo o cuidado. Você pode não saber, mas muitos problemas dentários podem trazer riscos

à sua saúde. Por isso, acompanhe de perto, previna-se e faça os tratamentos necessários. Cuide da sua saúde bucal

diariamente. Informe-se sobre as ações do Brasil Sorridente na sua região e onde obter atendimento odontológico gratuito.

sus • Secretarias Estaduaise Municipais de Saúde

Ministérioda Saúde " DGOVERNO FEDERAL

Page 7: Nova Escola Edição 222

8 MA102009www.ne.org.br

52 AVALIAÇÃO A Prova Brasil em detalhesNOVA ESCOLA abre a caixa-preta do exame nacional.Conheça as habilidades essenciais, as orientações didáticase a análise da prova de Ungua portuguesa para a 4a série Capa

Pâblo Dias

Seçoes10 CARO EDUCADOR

14 CAIXA POSTAL

240NLlNE

28 NA DÚVIDA?34 PENSADORES Walter Benjamin

40 FALA, MESTRE! Antonieta Ceiani

46 EMDIA

50 RETRATO

98 ESTANTE

102 ERA UMA VEZ104 GESTÃO EM FOCO Fernando José de Almeida

106 PENSE NISSO Luis Carlos de Menezes

Sala de aula60 EDUCAÇÃO FíSICA Vamos à luta!

Jogos de combate trabalham equilfbrlo, regras, força e respeito

64 CIÊNCIAS Bichos injustiçadosExplique a função de animais como o urubu e seres como os fungos

68 MATEMÁTICA Solução na medidaDesafios reais são a melhor forma de ensinar relações entre grandezas

72 CUIDADOS Eu e você, você e euSaiba como incentivar o cuidado com os colegas entre os pequenos

74 ARTE Pesquisa com ritmoMostre como a música e a dança são ricas manifestações culturais

78 LÍNGUA PORTUGUESA O que e para que(m)Na série sobre produção de texto, a importãncia dos projetos didáticos

82 CRIANÇA E ADOLESCENTE Será que elas são...Sim, as escolas são hornofóbícas. Informação é a arma contra o precono

86 FORMAÇÃO Direto na fonteProfessores vão ao exterior pesquisar com os maiores experts da atualic

90 POLiTICAS PÚBLICAS Superando o atrasoRedes e escolas adaptam o currkulo e o ensino para alunos em defasag

94 PESQUISA DIDÁTICA As buscas via internetEstudo mostra como os estudantes procuram informações na rede mur

97 PRÊMIO VICTOR CIVITA Uma gestão planejadaConheça os principais critérios de seleção na categoria Gestor Nota 10

Page 8: Nova Escola Edição 222

• • .Awww.t.\GZ.GZ~~.com.br

iNfânciao futuro eStá em nossas mãos.

A primeira marca de roupas brasileira a levar um conteúdo especial para o iPhone.Em poucos meses, o aplicativo da Zig Zig Zaa já é um sucesso, virando um dos mais baixados na loja

ITunes Brasil. Além de dois jogos, você também recebe informações sobre as faixas-etárias dascrianças, curiosidades e muito mais! Para baixar, você tem duas possibilidades. No nosso síte, clique no

link especial e siga os passos. Pelo seu telefone, acesse a loja iTunes e busque por Zig Zig Zaa.Depois, basta fazer o download gratuitamente.

Page 9: Nova Escola Edição 222

Caro educador• •• ••

~ -._ •••••••••••••••••• ,110 ••••'--_ ..-

A forca da internet3

Desde que estreou sua nova versão,em 17 de março, o site de NOVA

ESCOLA vem acumulando importantesconquistas. De um lado, a audiência nãopara de crescer. No próprio mês de mar-ço, batemos nosso recorde histórico, com420 milu111qlle visitors (expressão em in-glês que é usada para indicar a quantida-de de pessoas que, usando computadoresdiferentes, acessaram nossas páginas). Éum número expressivo, se considerarmosque o Brasil tem perto de 1,5 milhão de

professores e muito serala nas dificuldades parapopularizar ainda mais ouso das novas tecnologiasentre esse público. Bastalembrar que a revista im-pressa tem pouco mais

JUNHO

8

de 1 milhão de exemplares de tiragemtodo mês - e que o número de visitantesde nossas páginas na internet já é quasemetade disso.

Mas tão importante quanto a audiên-cia é a qualidade (e o impacto) de nossotrabalho. E também nesse quesito NOVAESCOLA na web vem dando importan-tes amostras de vigor. Em apenas quatrodias, 222 pessoas ("provocadas" por ume-rnail) enviaram questões sobre comolidar com a homossexualidade na escola.Uma pequena parte delas está respondi-da na página 82. Da mesma forma, a sé-rie de reportagens sobre a produção detextos vem incentivando leitores de todoo país a enviar perguntas aos consultorescitados em nossas páginas (Cláudio Baz-zoni, formador de professores e autor do

diagnóstico de produção textual aprsentado em março, recebeu pedidos (ajuda até de colegas do Ensino MédicNesta edição, a série ensina a trabalh,por projetos. Vá à página 78.

Outro caso recente de sucesso na irternet foi a publicação online de UIT

bela e sensível reportagem em abril. EIVale Mais Que um Trocado, o editor R,drigo Ratier conta como, em vez de d.dinheiro a crianças e adultos em sinade trânsito, passou a oferecer livros. Achegar às "ondas" da internet, provocoum tsunami de troca de informações (OI

como se diz na rede, uma "febre viral"Gente do Brasil inteiro enviou o textpara amigos e parceiros das chamadas ndes sociais. Rodrigo recebeu mais de 12e-rnails - e, no momento em que escrevestas linhas, a página online já tem 6comentários. Exemplos assim, de integr.ção entre a revista impressa e a versão nweb, mostram que, se o futuro é mesmdigital, estamos cada vez mais preparadcpara chegar lá, junto COm você.

Um grande abraço,

Éodiaemque: _nossa próxima edu;ao

estará nas bancas.•••••

10 MAI02009 www.ne.org.br

/GABRiEl PILLAR GROSSIDiretor de Redação

Page 10: Nova Escola Edição 222

PrêmioFundação Banco do Brasilde Tecnologia Social 2009

Em todo o Brasil, instituições semfins lucrativos implementam soluções efetivas

para problemas relacionados à àgua,alimentação, educação, energia, habitação,

saúde, renda e ao meio ambiente, que podemser transferidas para óutras comunidades. São as

chamadas tecnologias sociais. O PrêmioFundação Banco do Brasil de Tecnologia Social

tem como objetivo identificar, reconhecer e difundirestas soluções. As tecnoiogias que são certificadaspassam a compor o Banco de Tecnoloqias Sociais,

disponivel no site da Fundação Banco do Brasil,e poderão ser reaplicadas em futuras parcerias.

As 8 melhores tecnologias sociais receberão umprêmio de R$ 50 mil para seu aperfeiçoamento

ou expansão, totalizando R$ 400 mil em premiação.Vamos fazer um Brasil meihor!

Compartilhe sua solução com todo o país!

Page 11: Nova Escola Edição 222
Page 12: Nova Escola Edição 222

• • • •

Educação em valores paraa construção da cidadania!

•.•

Page 13: Nova Escola Edição 222

Caixa l20stalE-mails,cartas etc.

liA reportagemmostra com

cIareza os fatosque Darwin

teve dificuldadepara provar e as

ilustraçõesfacilitam o

entendimento daevolução. "

FLÁVIA MOURA DIAS,Belo Horizonte, MG, por e-rnail

TEORIA DA EVOLUÇÃOViva Darwin! Educação é ciência, nãosacerdócio (Evolução: A 1deia QueRevolucionou o Sentido da Vida, abril).ANDERSON ALVES MORGADO,Cabo Frio, RJ. via site

É uma pena percebermos o posicionamentoparcial da imprensa com relação à Teoriada Evolução, sendo que nem a comunidadeclentffica está em consenso. Onde estãoas ideias criacionistas?CLAUDEMIR NAKONIECZNI BELOTTO,Hortolândia, sr, via stre

Uma gama de escolas tem adotado a Teoriada Criação como base teórica. Penso que ésempre proveitoso, tanto para o professorcomo para o aluno, quando abre-sea possibilidade de vários olhares acercade um mesmo assunto.FERNANDA LIMA, Manaus, AM, por e-mal!

ml\!!l

A origemda vi~~_'~I,",

d Evolução, o ing'~s Ch,::"e~m organismOCom a Teoria a res vivos surgIram e ele chegou a essa

que todos os :bactéria. Entenda com~alade aula. pág.32semelhante a um

jpo~'ncia disso para a

• i Q' , ,lIImlll_IIlIi'."" _

o comentário do mês"Na parceria entre professores e bibliotecários,ambos aprendem, os alunos só ganham GANHE' LIVRe

e a biblioteca se torna um espaço mais Todo mês, °autordo comentáriO

importante (Recanto do Saber., abril):' selecionado receboseu presente em cwww.ne.org.brCAMILA OLIVEIRA CORREA, Rio Grande, RS, via site

Parabenizo pela reportagem sobre Darwin.Como crtactontsta, não deixo de ler nemde apresentar também a Teoria daEvolução aos meus alunos.META GRIGULL, Tfrnbô, se, por e-mau

Deve-se pensar em um dedo divino nacriação do mundo, mas ninguém podenegar o fato de que a Ciência tem uma

fFáiecõnõ-ãg-êniê------------------------------------]: ATENDIMENTO PARA ASSINAR ATENDIMENTO AO ASSINANTE II AO lEITOR Sâo Paulo: (11)3347-2121 são Paulo: (11) 5087-2112.I (lI) 30n·4553 (de segunda Outras cidades: 0800-775-2828 Outras cidades: 0800-775·2112: a sexta, das 10h30 h 12h30 (de segunda a sexta, das 8 ãs 22 horas) (de segunda a sexta, das 8 h22 horas)I e das 1611s18horas, www.assineabril.com wwwabrüaec.com;I com Marina Simeoni) [email protected]: [email protected], PACOTES DEI www.novaescoíe.orq.br ASSINATURAS PUBLICIDADEI Av.das Nações Unidas, 7221, (11)3037-4411 (11) 3037-2320: 6<'andar, 05425·902, Sâo Paulo, SP [email protected] www.publiabril.com.br/novaescola~----------------------------------------------------POR MOTIVOS DE ESPAÇOOU CLAREZA, AS MENSACENS PODEM SER RESUMIDAS.

14 MAI02009 www.ne.org.br

contribuição grandiosa na história daevolução das espécies. Todo aquele comsenso crítico entende que os estudos deDarwin revolucionaram o sentido da vida.ANIELLis DE SOUSA AZEVEDO,Graça, CE, via site

Faço Ciências Biológicas na universidadee o texto sobre a Teoria da Evolução meajudou a entender melhor o tema.LORRAINE CRISTINA RIBEIRO,Catalão, GO, por e-rnail

BRINCADEIRA DE GIZAdorei as sugestões de jogoscom giz (Riscar e Aprender, abril), poistrabalhar o equilíbrio e desenvolvera agilidade corporal é imprescindível paraos pequenos da creche e da pré-escola.VERA LUCIA FRANCO E FRANCO,Feira de Santana, BA, por e-mal!

Page 14: Nova Escola Edição 222

0800 77 11 909www.objefivo.br

Page 15: Nova Escola Edição 222

caixa (2ostalE-mails,cartas etc.

ifpA reportagem mostra como asimplicidade pode vencer obstáculose fazer a criançada se movimentar.Vou colocar em prática já!ELENICE VIDAL PRATA,Belo Horizonte, MG, via sue

É no momento da brincadeira queacontece a aprendizagem de fato,pois a criança exterioriza o que temdentro de si e aprende a conviver comos colegas de turma.EDINA ACORDI SOETHE,joinville, se, via site

BIBLIOTECA DA ESCOLAA reportagem Recanto do Saber (abril)mostra que o bibliotecário é um parceiropara o professor e essencial para um bomprojeto pedagógico.MARIA DAS MERCES APCSTOLO,Sào Paulo, sr, via site

PRÁTICA DA GESTÃOCom certeza, a coluna de Fernando José deAlmeida (Gestão em foco, abril) veio paraficar. Assuntos tão importantes precisamser mais acessíveis.FATIMAREGINA BANDEIRA,Arroio do Tigre, RS, via slte

ENSINO DE SURDOSA reportagem sobre inclusão (Falar Comas Mãos, abril) foi extremamente útil.Como educadora, sei que as crianças comnecessidades especiais são marginalizadas.CHRISTIANE APARECIDA BALDO NADODE FREITAS,São Carlos, SP, por e-mau

CORREÇÃOO e-mal! de Eliana Braga Atihé, consultorada reportagem Educar Sem R6tulos (março),é [email protected]

r------------------------------ ,o tema do mês

leitura em cada esquinaA reportagem sobre a distribuição delivros em semáforos (Retrato, abril)chamou a atenção dos leitores. Até odia 14 de abril, 183 comentários so-bre o tema chegaram à redação. Paramuitos, ela motivou a reflexão sobre arelação que moradores de rua, pedin-tes e ambulantes têm com a leitura.Outros ainda se mobilizaram para dis-

16 MAt02009 www.ne.org.br

.

seminar a proposta apresenta-da pelo editor Rodrigo Ratier.FABIANE VITIELLO DE OLlVEI·RA,da capital paulista, informaque a partir de agora terá co-mo acompanhante uma caixade livros. "Não podemos ficarà espera de milagres, mas de-vemos levar cultura a faróise esquinas de nosso Brasil."PATRICIA FRANCO MARINSDE OLIVEIRA, da mesmalocalidade, completa coma ide ia de que "um trocadoacaba rápido e muitas vezesnão ajuda, enquanto umsimples livro pode criar ohábito da leitura e causarimpressões que podem du-

rar a vida toda!" MARIANA COES, deBelo Horizonte, declarou ser impres-sionante que a máxima "brasileirosnão gostam de ler" ainda seja aplica-da. "Espero que esse relato sirva parailustrar como atitudes simples podemcomeçar a mudar a realidade." ROBER-TACORIA, de Franca, 5p, comentou que"essa iniciativa pode distanciar muitaspessoas da miséria".

• Abril !liGERDAUFundação Victor cívna

fundador: vtcron CIVlTA(1907-1990)

Presidente: Roberto CivilaDiretor Executivo: David Saad

Conselheiros: Roberto Cívita, Giancarlo Prancesco Clvita.Victor Cívíte, Roberta Anamaria Clvita.

Maria Antonia Magalhães Civita, Claudio de Moura Castro.Jorge Gcrdau [ohannpetrr, JOSéAugusto Pinto Moreira

e Marcos Magalhães

escolaDiretor de Rl!da~ão: Gabriel PiJJarGrossi

gedatora-chete: Denise PellegriniDiretora de Arte: Manuela Novais

Coordenadora Pedagógica: Regina ScepaEditor. Rodrigo Ratier

Editores-assistentes: Arthllf Guimarães e Beatriz VichesslRepórteres: Ana Rita Martins, Anderson Moço

c Beatriz SantomauroEstagiária: Bianca Bibiano

Designers: Fernanda Vidale Julia BrowneAtendimento ao leitor: Marina Simeoni

Colaboraram nesta edj~ão:Paulo Kaíser (revisao) e Renata Borges (edíçãe de arte)

NOVA ESCOLA EDIÇAo WEBEditor: Ricardo Falzetta

Rep6rter: Thais Gurgel Editor de Arte: Vilrnar OliveiraWebmaster: Thiago Barbosa de Moura

NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAREditora: Paola Gentile Repórter: Gustavo Heidrich

PROJETOS ESPECIAISEditor: Ronaldo Nunes

COMERCIALGerente de Publicidade: Sandra Moskovicb Publicidade:

Fernanda Sam'Anna Rocha Gerente de Marketing ePublica~ões: Mirian Di Nízo Gerente de AsSinaturas:

Rcsana Berbe! Analista de (ircula~:io e Marketing:Elizabeth Sachcui Pacotes de Assinaturas: Cynthia

Vasconcellos Processos Gráficos: Vitor Nogueira Analista dePlanejamento e Controle Operacional: Kátia Glmcnes

NOVA ESCOlA 222 (ISSN Q\(}J.(I1l6), ano XXIV. t uma puh~ daFunda(ãD \'iClOrCi\ila. As5inatura: $Wlsalisfaçio t a sua garaJltla Vocêpode Inlell'OOlpef a asslnalllta a qlllllquer nlOlOOIlo sem sofrer nenhum ônus.MtdianlC sua solicíl3ÇàO.. \'()Cê lt'ri dlreilQ à devlllução (!(I va1l)f OOTTt:$pIHldco-te aos oemplares I recdler. devidamente ooni&ido de oom!o rom (l indkeo6ciaI apliail'cl. Ed~ IntenOJeS: n-nda e:c1usin em bancas pelo preçoda üllima tdlção em banca mais despesa de remessa Solicite ao sttl jornaleiro.Disttibuida em IOdoo pais peL1Dislribuldol8 NadonaJ de Publialções {DinapSAj, São Paulo. NOVA ESCOLA Jlio admite publicldacle rtdadOllil1.

IMPRESSA NA DMSÃo GRÁfICA DA EDITORA ABIUL S.A.A_. Ol.1I'{aM AII'eli de Uma. .1400. CEP 029lJ9..900.

Frrglle5la dII Ó, ~o Paule, SP

rlPpo que você precisa sabersobre a revista NOVA ESCOLAe a Fundação Victor Civita

NOVA ESCOLA, a maior revista de Educação do Brasil,circula em todo o pafs desde março de 1986e é uma publicação da Fundação Victor Civita.~ vendida a preço de custo - você s6 paga o papel,a impressâo e a distribuição porque a rundeçêcVictor Civita, entidade sem fins lucrativos criadaem setembro de 1985, tem como objetivo contribuirpara a melhoria da qualidade da Educação Básica,produzindo publicações, sues, material pedagógico,pesquisas e projetos Queauxiliem na capacitaçãodos professores, gestorese demais responsáveispelo processo educacional.

Page 16: Nova Escola Edição 222
Page 17: Nova Escola Edição 222

J

ESCOLHA A COLEÇÃO QUE TE

TUDO A VER COM OS MELHORE

PROFESSORES E SEUS ALUNO

NOTA 10 EM TODAS AS MATÉRIA

Consistência metodológica, interatividade, exercícios Que expiar

a criatividade e atividades práticas Que estimulam a interal

social. A coleção Aprendendo Sempre reune tudo o que VI

precisa para desenvolver um grande trabalho em tOI

as disciplinas. E para fazer uma excelente escolha no PNLD 20

tf'Abril EDUCAÇÃ

Page 18: Nova Escola Edição 222

FORMANDO

O CONHECIMENTO

PASSO A PASSO

Ciências - 2G ao 5° anoCódigo: 15632COL04

História - 2° ao 5° anoCódigo: 15634COL06

ALFAlStTlZAÇÃOMAT6MATICA

. Luiz Roberto Dante 2°

letramento e Alfabet. Ling. - 10 e 2° anoCódigo: 15635COL31Lingua Portuguesa - 30 ao 5° anoCódigo: 15636COL01

Alfabetização Matemática - 10 e 2° anoCódigo: 15631 COL32Matemática· 3C1 ao 5° anoCódigo: 15637COL02

Page 19: Nova Escola Edição 222

NO PNLD 2010, ESCOL

A COLEÇÃO QUE TEM TUDO A V

COM VOCÊ: OFERECE ENSII

DE ALTA QUALlDA[

A coleção Asas para voar foi elaborada para você desenvolve

trabalho de altfsslma Qualidade. A linguagem é acessível, o conn

é consistente, o projeto gráfico é diferenciado e o material de ape

diversificado e abrangente. Ou seja, é uma excelente escolha pEPNLD 2010 e para você conseguir os melhores resultados no proc

ensino-aprendizagem dos seus alu

~Abril EOUCAÇi

betizaçãática

Page 20: Nova Escola Edição 222

ALIANÇA ENTRE OBJETIVIDADE E LUDICIDADE

Ciências - 2° ao 5° anoCódigo: 15651 COL04 História ~ 2° ao 5° ano

Código: 15653COL06

••~~m3iIlo ICO

I:l

Lingua Portuguesa - 3° ao 5° anoCódigo: 15655COL01

Alfabetização Matemática· 10 e 2° anoCódigo: 15650COL32

Matemática· 3G ao 5° anoCódigo: 15656COL02

Page 21: Nova Escola Edição 222

NO PNLD 2010, TIRE SEU PROJETOPEDAGÓGICO DO PAPEL COM OS TíTULOS DA ABRIL EDUCAÇÃO.Além de atender a todos os conteúdos exigidos e avaliados pelo MEC, os títulos da Abril Educação têm a mais alta qualidadeeditorial. São propostas diferenciadas, elaboradas por grandes autores e assinadas pelas editoras mais conceituadas domercado: Atica e Scipione. Enfim, são obras que trabalham com diversas abOrdagens e metodoiogias didáticas para oferecera melhor opção de escolha no PNLD 2010 e o material mais adequado para você tirar seu projeto pedagógico do papel .

• Abril EDUCAÇÃO111111

edltOl1l sclplone

Ciências História

Educação comconteúdo

de qualidadee inovação

Marcia Paganini OavéquiaFábio Vieira dos SantosJackson RibeiroKarina Alessandra Pessôa

Leonel Delvai FavalliElisangela AndradeRogério Martinez

Wanessa Pires Garcia VldalMaria Eugênia Bellusci CavalcantiRosemeire Alves

Page 22: Nova Escola Edição 222

Inovação nos temas e aprendizado integradoMaria Uma

Conquista cognitiva baseada nas vivênciasEllzabeth Auricchio

Desenvolvimento comparticipação ativa do aluno

Carmen Silvia Carvalhonéncran Panachão

Silvia Maria de Almeida Salmaso

••••• •: .LIROMUNDO• ••••••••

Aprendizado interativoe preocupação com aformação do professor

Júlio Rõcker Márcia Aidartuctane Lunedo Conceição Oliveira

A organização de conteúdos mais conhecida do professor

Maria do CarmoMaria ElisabeteMaria TeresaAna CláudiaElisabete UrizziLuci BoniniMaria SilviaWilson Roberto PaulinoMaria do Carmo CunhaMaria Elisabete Martins AntunesMaria Teresa MarsicoKelly Cristina G. Castro

• Praticidadee dinamismona sala de aula

As teorias mais atuais aliadas à praticaPilar Espi

Jaquellne Grammont

Cláudia MirandaEliete PrestaAntonietaSelma

Ana MariaFrancisco TeixeiraRosaly Chianca

Page 23: Nova Escola Edição 222

GESTÃOLivros no semáforo

Editado por RICARDO FALZETTA [email protected]

A reportagem

)

Vale Mais Queum Trocado (abril)teve repercussãoviral na internet .

•••• -' Em dez dias, o relato

do editor Rodrigo Ratier, que passou a doar livrosnos semáforos de São Paulo, foi lido por mais de 30 milpessoas, que deixaram dezenas de comentários na páginae enviaram a ele mais de 120 mensagens por e-rnail.Como muitos leitores se dispuseram a seguir o exemplode Rodrigo, transformamos a página em um espaço parao relato de experiências semelhantes. Clique por lá e contea sua história (www.ne.org.br/deleitura).

ViDEOSAs representações que a criança fazA professora Monique Deheinzelin, mestre em História eFilosofia da Educação pela Universidade de São Paulo (USP),analisa, em vídeo, representações formuladas por criançassobre conceitos cientfficos (www.ne.org.br/crianca).

lutas na Educação FísicaAssista à aula sobre esgrima ministrada pela professora Luclan.Venâncio, na EMEF Antônio Carlos de Andrada e Silva, emSão Paulo, e saiba como é possível ensinar diversos tiposde luta nas suas aulas (www.ne.org.br/edfisica).

limites na adolescênciaA psicóloga lídia Aratangytraz, em artigos ..exCiüs'v·os;··· ..·····..·uma reflexão sobre os limitesna adolescência e a faltade sintonia entre o joveme a escola. Sobre essesegundo tema, a autoravai trocar comentários comos leitores que acessarem apágina de 5 a 12 de maio(www.ne.org.br/gestao).

BUSCAPesquisa refinadaVocê já reparou na nova ferramentade busca do site de NOVA ESCOLA?Agora, quando você procuraum termo, pode filtrar os resultadospor tema ou por tipo de conteúdo(texto, plano de aula, vídeo, galeriade imagens, animação ou jogo).Clique na home e confira(www.ne.org.br).

REDE SOCIALSiga a NOVA ESCOLAescola

no

Seja um "seguidor" de NOVA ESCOLAe receba as novidades do stte pelosistema de mensagens instantâneasque mais cresce no mundo.Acesse e cadastre-se já!twitter.com/NOVA_ESCOLA

24 MAID2009 www.ne.org.br

No Ponto de Encontro, a bióloga luciana Hubner,especialista em ensino de Ciências, é moderadorade uma comunidade sobre a investigação cientfficana escola. Participe e seja coautor de umasequência didática a respeito do tema(www.ne.org.br/pontodeencontro).

ENQUETEProvas a favor da escolaAvaliações externas à escola, comoo Saeb e a Prova Brasil, abordadana reportagem de capa desta edição,deveriam ser utilizadas para orientara melhoria da qualidade do ensino.Mas nem todas as instituições utilizambem essas ferramentas. As respostaspara a questão sobre o tema, publicadano slte, mostram que quase 40% delasapenas divulgam os dados aosprofessores, mas sem propor nenhumtipo de discussão. Mais preocupanteainda é a postura de 13%, que nadafazem com essa informação.Veja os resultados ao lado.

"O que a sua escola faz com os resultadosdas avaliações externas?"*

13%.Nada

38%·Apenasdivulga paraos professores 49% .

Divulga e discutamplamente osnúmeros na hor:de fazer ourevisar o projetepedagógico-.ut 16 D~ ABRIL D~:lOO9

Page 24: Nova Escola Edição 222

Tudo•••oquevoce

faz de'positivo volta

•••para voce.

Fazerdiferença

na vida dascomunidades,

por exemplo.

56 Toneladas de lixo cofetados no Dia Mundial deLimpeza de Rios e Praias em 2008, com a ajuda de12 mil voluntários em mais de 50 cidades pelo Brasil.64 mil estudantes beneficiados nos programas educa-cionais: Valorização do Jovem e Educação Campeã, emparceria com o Instituto Ayrton Senna.

Estimular a reciclagem criando empregos e oportunidades, participarda vida das comunidades em que atua. São ações que fazem partedo dia a dia da Coca-Cola Brasil. Saiba como nós estamos vivendopositivamente e como você também pode fazer a diferença. Acesse:

www.vlvapasltivamente.com.br VIVA e POSITIVAMENTE

Page 25: Nova Escola Edição 222

g010 EscoltE~~a.bWrv

~ o- o.n.o- fodc,.!

, , • • . . • . . , .

SOLUÇÕES DIDÁTICAS COMPLETAS:• Publicações criteriosamente editadas, ilustradas e revisadas por

Profissionais Especializados.

• Dezenas de Assessores Pedagógicos garantindo apoio e orientaçãosobre o uso das obras aos professores, para obtenção do máximo deresultados.

• Disponibilização permanente de Portais de Apoio Educacional.

• Um eficiente Centro de Atendimento ao Professor sempre prontopara ajudar o educador.

• Fichas de avaliação disponíveis no site, que tornam a escolha das obrasmais fácil e objetiva.

Page 26: Nova Escola Edição 222

SoIuções saraiva Atual

• • , .. .. ... . "

Saiba tudo sobre nossas obras e o PNLD 2010! Visite:

www.editorasaraiva.com.br/pnldl010ligue Escreva

Assessoria Pedagógica 0800-0117875 [email protected] Atendimento ao Professor: Hoririodcotendi_

De I' i" da 1bJ0/os ''''10

('\1. Editora R\,.--l Saraiva ~ ~~

Page 27: Nova Escola Edição 222

L

Na dúvida?NOVA ESCOLA responde Editado por BEATRIZ SANTOMAURO [email protected]

HISTÓRIAQual foi a maior batalhanaval de todos os tempos?APARECIDA DE FÁTIMA RAMOS,Neves Paulista, SP

estreitode Luzon

• 3 At'"'itllihm.1No estreito de Luzon, uma

esquadra japonesa foi praticamenteaniquilada, obrigando ossobreviventes a fugir.Nesse mesmo dia, navios japonesessurpreenderam tropas norte-americanas no desembarque emterra, chegando a provocar a perdade cruzadores. Sem forçassuficientes, os japoneses recuaram.Estava encerrada a batalha edeclarada a vitória aos EUA.

1.500 norte-americanos

10m iIjaponeses

Foi a Batalha do Golfo de teyte, entreos norte-americanos e os japoneses,em 1944, durante a Segunda GuerraMundial (1939-1945). O palco da disputafoi a área de 400 mil milhas entreas ilhas Filipinas) no oceano indico.Foram apenas três dias de batalha) mas osuficiente para registrar o maior númerode navios) soldados e aviões da história.

Manila •

~2 tn"'··II'11: No estreito: de Surigato, part.: das esquadras: japonesas foi. duramente ataca

por navios eporta-aviõesnorte-americano:

•..... : sofrendo pesadasbaixas e sendoobrigada a se reu

245 navios

1.600 aviões

185 mil soldados

marde Sulu,ConsultoriaRICARDOPEREIRACABRAL,professorde HistóriaContemporâneada UniversidadeGama Filho, noRio de Janeiro, RJ.

MAIS NOSlTEPlanos de aulasobre a Primeira ea Segunda Guerra~w.ne.org.br/ .hlstorJa

1 1"ltil.li'lilnd·'; Após avistarem a segunda

'esquadra nipônica seguindo paraj o mar de Sulu, dois submarinosl norte-americanos lançaram! .torpedos, afundando parte dos

~ navios inimigos. Os japonesescontra-atacaram com 210 aviões.

r----------------- _5.0.5. Português Qual é a diferença entre a norma gramatical, a padrão e a culta?

RAFAEL COSTA MARQUES, Juiz de Fora, MG

A norma gramatical é aquela relacio-nada à gramática normativa: só o queestá de acordo com ela é correto. Porémela incorpora muitas regras que nãosão usadas cotidianamente. A norma-padrão, por sua vez, está vinculada auma língua modelo. Segue prescri-ções representadas na gramática, masé marcada pela língua produzida emcerto momento da história e em umadeterminada sociedade. Como a línguaestá em constante mudança, diferentes

formas de linguagem que hoje não sãoconsideradas pela norma-padrão, comO tempo, podem vir a se legitimar. Porfim, a norma culta é a que resulta daprática da língua em um meio socialconsiderado culto - tomando-se comobase pessoas de nível superior comple-to e moradoras de centros urbanos. NoBrasil.ela foi estudada por meio de pes-quisa de campo realizada há quase 50anos) tomando-se como base falantesde algumas capitais. Como desde então

não foram realizados novos estudenorma culta caiu em desuso. Odessas regras varia de acordo corrsituações e condições de vida de cum. Em muitos casos, é na escola (ocorre o único contato das criancom a gramática normativa e cornorma-padrão.

Consultoria ENI ORLANDI) professorado Instituto de Estudos da Linguagemda Universidade Estadual deCampinas (Unicamp).

28 MAID2009 www.ne.org.br

Page 28: Nova Escola Edição 222

L VROS FTD PARA O PNLD 2010.O RAS QUE SÃO SUCESSOSPROVADOS E APROVADOS.

É hora de pensar no futuro. Ou melhor, é hora de agir pelo futuro.As obras FTD para o PNLD 2010 são a escolha de quem sabe que, quando o assunto éeducação, não dá para arriscar. A melhor combinação de conteúdo, qualidade gráfica,autores conceituados e garantia de bons resultados você só encontra nos livros FTD.Faça como milhares de professores em todo o Brasil: adote e comprove.

~~, FTD Maif eáluafÃb} HUtitfuturD. www.ftd.com.br

Page 29: Nova Escola Edição 222

Na dúvida?NOVA ESCOLA responde

ARTEComo trabalhar a Arte Contemporânea com os alunosdo Ensino Fundamental? ANA PAULA DUTKA DE MIRANDA, ltapoá, SC

Uma boa maneira de introduzir~:E o assunto é permitir que as crianças.E tenham contato com produções de~ artistas contemporâneos. Depois disso,•~ pode-se desenvolver discussões sobre~ o que cada obra comunica, estimulando-as

a formular hipóteses que digam respeitoàs ideias que os artistas quiseramapresentar com seus trabalhos. Apósas primeiras impressões, é fundamentalestudar as possibilidades de compreensãoda obra: procedimentos empregados)materiais utilizados, elementosconstitutivos, poética e conceitos.Ao mesmo tempo, é essencial proporlaboratórios de criação com desafiosnos quais os alunos experimentema linguagem que os artistas estudadosjá utilizaram, encontrando espaço paraa expressão pessoal. O ideal é orientara turma para que perceba os conteúdose as singularidades das obras, buscandotrazer a inquietude que há nelas.Não adianta querer c1assificá-las,jáque as modalidades da arte atualnão têm características delimitadasnem uma linha divisória tão clara quantoas de épocas anteriores,o que dificulta essa tentativa.

Consultoria STELABARBIERI,artista plástica, educadora e diretorada Ação Educativa do Instituto TomieOhtake, em São Paulo, 5P.

EDUCAÇÃO INFANTILDesde quando e por que os pequenos devem usar cadernosnas tarefas de casa? ADRIANA SANTOS SilVA, Camaragibe, PE

Em escolas de Educação Infantil das formalizações tão rígidas quantoredes municipais e estaduais, em geral, o as exigidas no Ensino Fundamenta1.uso de caderno de tarefas não é comum. O professor pode pedir desenhosOs conteúdos são construídos em sala de ou pesquisas ligados ao que aaula, de acordo com os temas os projetos a turma ouviu em sala, por exemplo.previstos no planejamento. A criança As cobranças em relação ao materialpode ser estimulada a colher mais entregue devem ser sempre negociadas,informações em casa, com o auxílio dos e a lição pode ser quinzenal ou semanal.pais. De qualquer forma, essas atividades Trabalhar na criança o senso desão complementares e não dependem responsabilidade e o exercíciode registros. Já nas escolas particulares, de autonomia em relação ao próprioé maior o número de professores que material escolar colabora para

indica o uso de que ela aprenda a se organizar.cadernos de tarefaspara crianças a partirde 4 anos. Ainda assim,as atividades de casanão precisam seguir

GANHE 1 LIVROTodo mês, os autoresdas perguntasselecionadas recebemseu presente em casa.www.ne.org.br

30 MA102009 www.ne.org.br

Consultoria VERACRISTINA FIGUEIREDO,formadora de professores da EducaçãoInfantil, e DENISE MILANTONEllO,orientadora pedagógica do Colégio Miguelde Cervantes, ambas em São Paulo, SP.

r-----------------------Assim não dá!

Culpar a família pelodesempenho do alunoA ligação entre o mau desempenheescolar e "famllias desestruturadasnão é automática. Todos têm condiçôes de se desenvolver e aprende:mesmo os que são criados por parentes, são filhos de pais separadoou os de baixa renda - situaçôenormalmente vistas como definidoras para o fracasso. Se dinhein

I no bolso e pais morando em ummesma casa fossem garantias de srcesso, os estudantes de classe médie alta, sem exceção, deveriam ter urdesempenho excepcional.

Relacionar uma questão externaescola ao desempenho dos alunos s

I é válido quando existe uma vulncII rabilidade real e é necessário o prcII fessor fornecer orientação à criençII Essas situações são as que envolverII riscos devido à ualidade da meII radia ou à vi uando o prc1 fessor idenf.~. 1 dos aluncI sofrendo co emas no ccII tidiano, deve entação COII: seus colegas, para que UI

I encaminhamento reto seja feitI: junto a outros órgâçs.I Se não são essas as questões et1I frentadas pelo aluno, a responsabiII dade pelo aprendizado e pelo consII quente bom desempenho recai, sirI: sobre a escola. Para que ela dê con: de alcançar resultados satisfatórlc: pode promover um apanhado (: ajustes, como a formação contin: ada de professores, o entrosamen: entre a equipe de educadores, dir: tores e coordenadores) a melhoria I

: estrutura física, a aplicação das pr: postas previstas e ainda o constan: intercâmbio com a família.IIIIIIII

Consultoria ClEUZA REPUlHO,secretária de Educação e Cultura domunidpio de São Bernardo do Campcna Grande São Paulo.

Com reportagem de RITATREVI

Page 30: Nova Escola Edição 222

IS DIFERENCIAIS. I ENVOLVIMENTO.· Material didático para todos os níveis da educação básica• Soluções educacionais que enriquecem a prática pedagógica· Encontros de educadores I Mais informação e aprimoramento• Portal Seja Ético [lnteratlvidade e conhecimento 24 horas• Revista Ético Atualiza I Ampliação do conhecimento• Simulados bimestrais, provas e banco de questões· + Enem I Habilidades e competências para o exame· Assessoria pedagógica integral• Kits pedagógicos e de laboratório· Credibilidade da marca Saraiva

./ O sistema de ensirda Editora Saraiv

I Educaçio InfantilI Ensino FundamentalIEnsino MédioI Pré-Vestibular

ÉTICOVAMOS SOMAR

sistema de ensino

www.sejaetico.com.brI0800 770 1996

Page 31: Nova Escola Edição 222

I

Prova Bra~

naEd aç

I

III

." "f..• ·• .•

• • •• ••

. ..'

· .· .

~..".. ~ ""... ..... .....· . . ..' .· .· ... . ...:.•. .'· ".. ..· '.

.., .· '

.' o',

· . . .· .

•· ... .· .

. .. .· . .'. ,,• . .. , '

• • . . . .. .'. '. ."..

""

••

• ••.'

Page 32: Nova Escola Edição 222

I. Compromisso de todos .

•o IDEB mede a qualidade da educação pública. É formado pela combinação dos dados de aprovaçãoe pelas notas da Prova Brasil. Desde 2005 melhoramos, mas ainda há muito que avançar parachegarmos à nota 6, média dos países desenvolvidos. ~ por isso que os resultados das provas deL1ngua Portuguesa e Matemática da Prova Brasil são importantes. Com eles, a qualidade doensino fica mais evidente.

Todas as escolas públicas brasileiras receberão material de orientação sobre a Prova Brasil, queserá aplicada em outubro deste ano. Garantir a aprendizagem de todos os alunos assegura maiseficiência para a escola pública brasileira.

Diretores: é Importante que sejam ministradas aulas de recuperação durante oano letivo para alunos de menor rendimento. É um direito e está previsto na lei.

PARA A EDUCAÇÃO MELHORAR, TODOS DEVEM PARTICIPAR.

Acesse www.mec.gov.br Ministérioda Educação

PDE

Page 33: Nova Escola Edição 222

Pensadores

Repensar a história.Rever a crianca

;)

Filósofo conferiu peso à memória individuale criticou concepções racionalistas da infânciaMÁRCIO FERRARI [email protected]

O filósofo alemão Walter Benjamin(1892-1940) é um dos teóricos mais

estudados hoje, e sua obra, consideravel-mente aberta a interpretações, interessaa pesquisadores e profissionais de váriasáreas. "Asquestões levantadas por ele noinício do século passado ainda são muitoatuais", diz Celina Fernandes} mestre emSociologia da Educação pela Universida-de de São Paulo (USP) e assessora educa-cional. "Benjamin trata de certo entorpe-cimento dos homens- diante da vida, doenfraquecimento dos laços entre gera-ções, do estranhamento de um mundoque muda num ritmo que não consegui-mOS acompanhar e diante do qual nâosabemos nos orientar."

34 MAI02Q09www.ne.org.br

Seus ensaios sobre temas como litera-tura, história e cinema foram escritosnuma linguagem pessoal, densa e muitasvezes poética. Grande parte dos textosmais instigantes são artigos de poucaspáginas. As análises de Benjamin enfati-zam a recuperação de tradições e formasde pensar deixadas de lado pelo registrohistórico hegemônico para fornecer ins-trumentos possíveis de crítica social dopresente. "Nada do que um dia aconte-ceu pode ser considerado perdido para ahistória", escreveu num texto célebre, So-bre o Conceito da História, de 1940.

Benjamin viveu a efervescência cul-tural da Berlim dos anos 1920, mastambém o horror do nazismo, que o

r-------------------------·•••III Uma vida interrompidaI: pela força nazista: Filho de uma rica família judia, Wal-: ter Benjamin nasceu em 1892, em: Berlim, onde voltou a morar, em: 1920, depois de estudar Filosofia em: várias cidades alemãs e na Suíça. Pas-: sou a trabalhar como crítico literário: e tradutor. Em 1928, a Universidade: de Frankfurt rejeitou sua tese A Ori-: gem do Drama Barroco Alel11ão por sua: linguagem e pelos métodos nâo-con-: vencionais, o que encerrou sua carrei-: ra acadêmica. Publicado em livro, o: estudo é considerado hoje um de seus: grandes trabalhos. Benjamin fixou-se: em Paris após deixar a Alemanha,em: 1933, por causa da ascensão do nazis-: mo. Com a ocupação da França pelos: alemães, em 1940, foi para o sul do: país com a intenção de viajar aos Es-: tados Unidos. Foi detido e soube que: seria entregue à Gestapo (a polícia: secreta nazista). Acuado, Benjamin: se suicidou aos 48 anos com uma: dose de morfina. Boa parte de seus: escritos foi publicada postumamente,: alcançando repercussão na segunda: metade do século 20.!

perseguiu por ser judeu e também petrabalho intelectual contestador e de (querda (feia biografia acima).

Numa perspectiva que marca o trailho da chamada Escola de Frankfurtqual esteve ligado (confira quadro na Igina 36), Benjamin questiona por queracionalismo iluminista (herdeiro cideias que fundamentaram as revoluçêdemocráticas do século 18), assim cora racionalidade científica, não foi capde impedir a barbárie representada petotalitarismos do século 20.

Benjamin não foi um pensadorEducação na mesma amplitudeassiduidade com que foi um pensadorcultura, por exemplo. "Sua obra nâo I

Page 34: Nova Escola Edição 222

PITAGORAS-NAO EXISTEMFRONTEIRAS PARA-A EDUCACAO

Com a Rede Pilágoras, sua escola só tem a ganhar: são produtos eserviços inovadores e de alta qualidade, ideais para quem busca

oferecer o melhor da educação. Conheçaalguns dos nossos diferenciais:Nova Coleção de Livros para 2010: a cada 5 anos é publicada umacoleção lotalmente inédita, além de garantirmos uma atualização

anual de pelo menos 30% do conteúdo. Projetos para a comunidadeescolar: visando preparar todos os envolvidos no processo educacional,

a Rede Pitágoras possui uma repleta variedade de programas, cursos

e produtos voltados para a capacitação dos professores e equipeadministrativa, além de projetos exclusivos para os pais e alunos.

Produtos Adicionais: preocupados em formar cidadãos cada vez maiscompletos e com múltiplas habilidades, desenvolvemoscoleções voltadas

para a educação financeira, musical, alimentar entre outras. Programade Avaliação Educacional PAERP: disponibilizado gratuitamente,

este programa minucioso e sério foi criado para identificar e fortaleceros pontos fortes e aqueles que precisam ser revistos. Além de medir

o desempenho acadêmico, o programa disponibiliza inlormaçõescontexluais que auxiliam na interpretação e na análise do desempenho

da sua escola. Saiba mais sobre a RedePitágoras.Entre em contato comnossos consultores e conheça mais sobre nossas vantagens.

31 2126030011 55055737www.pitagoras.com.br PITAGORAS

REDE

Page 35: Nova Escola Edição 222

PensadoresOlhares sobre o ensino

•• traz uma proposta educacional", dizCelina Fernandes. Talvez tenha sidoexatamente à ideia de uma propostaeducacional que Benjamin reagiu,supôeela. Sua crítica se dirige ao que chama deprograma de remodelação dahumanidade, nascido com o Iluminismo."No seu entender, ao pretender fazer dacriança 'um ser supremamente piedoso,bom e sociável', a Educação burguesafechava as portas para uma formaçãoaberta, que permitiria a pais e filhos e aeducadores e alunos se recriarem noprocesso de ensino", diz Celina.

Benjamin buscava a possibilidade deuma experiência tçtal e concreta do co-nhecimento e, por isso, criticava a Edu-cação direcionada para a especializaçãoou para a prática profissional. Desconfia-do da institucionalização do saber, o fi-lósofo alemão encontrava nos artistas enas crianças formas inspiradoras de en-tender o mundo.

O pensador criticava os abusos dequem tentava "entender" a infância ecom isso tentar enquadrar a criança emparâmetros psicológicos, como se fossem"seres tão diferentes de nós, com umaexistência tão incompatível com a nossa,que precisamos ser muito inventivas pa-ra conseguir distrai-las". Benjamin opõea isso a figura da criança como uma pes-soa inserida na história e numa cultura,da qual é também criadora.

Brinquedo, brincadeira,símbolo e significado110 mundo perceptivo da criança estámarcado pelos traços da geração anteriore se confronta com eles; o mesmo ocorrecom suas brincadeiras", escreve Benjaminno ensaio Brinquedo e Brincadeira. E pros-segue: "Sabemos que a repetição é paraa criança a essência da brincadeira, quenada lhe dá tanto prazer como brincaroutra vez:' Benjamin observa o interesseespontâneo que os pequenos têm pelosresíduos dos trabalhos manuais dos adul-tos, como a costura e a marcenaria.

Para ele, isso demonstra que elas têmmenos interesse em imitar os mais ve-lhos do que em criar um mundo próprio

36 MA102009www.ne.org.br

r---------------------------------------------------Os caminhos de Benjamin

I Arte, misticismo e política, em uma obra únicaA vida de Walter Benjamin foi marca- do proletariado prevista pelo filôs:da por relações com outros pensado- alemão parecia estar se desviando eres e artistas alemães, do dramaturgo perdendo. Sua relação com os cole~Bertolt Brecht (1898-1956) ao estu- porém, não era livre de tensões: sedioso do misticismo judaico Gerhard pre sustentava sua posição de for

I Scholem (1897-1982). Benjamin é vin- firme e não dogmática. Embora cculado à chamada Escola de Frankfurt siderado pessimista, ele via com b_ conjunto de intelectuais que criou a olhos os novos meios de cornunicatTeoria Crítica. Tratava-se de uma linha como o cinema de seu país, que emde pesquisa que, apesar de fundamen- época produzia obras como O Gabitada na obra de Karl Marx (1818-1883), do Dr. Coligori, tido como ícone dcse perguntava por que a emancipação pressionismo alemão.

_ preferem construir seus brinquedos,mas os adultos parecem sempre tentarignorar essa evidência. O fil6sofo tam-bém ressalta que não é o brinquedo quedetermina a brincadeira, mas exatarnen-te o contrário. "A criança quer brincar eressignifica o mundo e as coisas do mun-do para atender a seus propósitos", dizCelina Fernandes. Benjamin critica o tra-tamento dado aos menores por grandeparte da literatura infantil. "As criançasexigem dos adultos explicações claras einteligíveis, mas não explicações infantise muito menos o que o adulto concebecomo tal", escreveu.

Segundo Celina Fernandes, o retornoà obra de Benjamin no campo educacio-nal tem sido marcado frequentementepor sua teoria da narração. Para o autor,num mundo em que ainda era possível

partilhar experiências e valores, talhavia interesses comuns do narr,do ouvinte em preservar o que seva. Isso teria se perdido na moderrSó seria possível retomar os sentinarrativa por meio dos fragmenmemória, do compartilhamentotórias pessoais e de uma relaçãorada com a linguagem. E a escol:lugar propício para isso.

QUER SABER MAIS?

BlbliogrilflaArte, potrtíca e Educação em WalterBenjamin, Martha D'Angel0, 120 pãqs.,Ed. Loyote, tel. (11) 2914-1922,14,30 realObras Escolhidas, Vol. 1 - Magia e TélArte e Polftica, Walter Benjamin, 256 pEd. Brasiliense, tet. (11) soszoooo, 42,20Reflexões sobre o Brinquedo, a Crial1e a Educação. walter Benjamin, 176 páEd. 34, tel. <11) 381 &-6777,34 reais

Page 36: Nova Escola Edição 222

Ligue0800 121444 ou acesse wwwitautecshOpcombrOfertas válidas até 31/512009 ou enquanto durarem os estoques, Celeron, Celeron Inside, Cenurno, o logotipo Centrtoo, Corei Inslde, Inlel,o loçoupo Intel, Intel Core, Intel Inside, o logotipo Intel Inside, Intel Viiv, Intel vPro, ttaruurn ltanurrn msce. Pentium, Perrtturn lnsjõe,xeoe e Xeon tnslde sáo marcas comerciais ou marcas registradas da Imel Coepoeenon ou de suas subsid~rfas nos Estados Unidos ou em outrospaíses. Microsoft eW!ndO"Ns sao marcas reginradas da Microsoft Corpcraton. A velocidade de comunicação de 56 Kbps depende e cede vere-de ecoroc com o tipo e a qualidade da linha telefOnica utilizada O Windows· Vista" AU1~ntlc:oé um sorrware Windows· genuíno, licenciadode forma adequada e Instalado legalmente. saiba mais sob/e os cenesoos espectals reservados aos clientes do Windows· AutêntICO visitandowwwmicrosoft.cemlgenulne "Garantia bakáo de um ano para partes, peças e serviços. "Sujeito a aprovaç.kl de crédito. Consulte outrasopções de financiamento em nosso televeooes, Preços com Impostos meioses para Sâc Paulo. Frete incluso. nernais caecretsuces técnicase de romeroahzação esuc disponÍllels em nosso televeocas, Fica ressewede eventual retificaÇâO das ofertas aqui veccleoes. Quantidade:10 unldedes de cada. Empresa/produto beneficiado pela lei de InforrrotiCa. Fotos meramente ncstreuves,

Windows Vista'Home Premium

~

Itautec

Page 37: Nova Escola Edição 222

.

..........................................................................1::)0

PETROBRAS ,..,~ ) PLAN_TAapresenta: s U s t e n t a v e \

......................................................................r\' COf\heCimenlO

por um mundo me''''''

Exercício de cidadaniéo programa De Olho no Ambiente ajuda as comunidades

a discutir a sustentabilidade e planejar o seu futuro

Com base nos prjncípios da Agenda 21 Brasileira, o programa De Olho no

Ambiente tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável

em mais de 350 comunidades de baixo índice de inclusão social localizadas

em áreas de influência das unidades da Petrobras A intenção é garantir

o crescimento a partir de metodologia que favoreça a proteção ambiental,

a justiça social e a eficiência econômica.O trabalho fortalece a participação direta dos integrantes da comunidade,

sem interferências externas. Inclui uma pesquisa de campo e um diagnóstico

socioambiental que revelam a realidade local, com base na análise de suas

dificuldades e potencialidades. Os grupos constroem as Agendas 21 Comunitárias,

além de criar e implementar Planos de Ação Comunitários relacionados a elas.

Tanto por sua metodologia quanto por seus objetivos, o programa

De Olho no Ambiente estimula a valorização da comunidade e a articulação

entre governo, sociedade civil e empresas.É um exercício de cidadania. E um exemplo de participação democrática.

CONHEÇA O PROGRAMA DE OLHO NO AMBIENTE

OBJETIVOS

Apoiar comunidades de baixainclusão social a construir suas

Agendas 21 Comunitárias

Incentivar a integraçãodas Agendas 21 Comunitárias

com as Agendas 21 Locais

Fomentar a construçãoda Agenda 21 Local

nos municípios

ABRANGtNCIA (até fevereirof2009)

14 estados 144 municípiosPessoas envolvidas indiretamente: aproximadamente

Pessoas envolvidas diretamente: aproximadamente 7 mil

o

o QUE ~ A AGENDA 2

A Agenda 21 surgiu durantea conferência Rio-92 como objetivo de estabelecercompromissos para a mudado padrão de desenvolvlrrupara o século 21. A intençãé que cada pais, estado,munidpio ou região realizlprocesso participativo par.discussão e o planejamentseu crescimento sustentá\lTodos os setores sociais di

ser envol\lidos nos diâloglAgenda 21 Brasileira, apnem 2002. estabelece umade compromissos em rela

ao desenvolvimento nacil

Firmar parcerias para Vi

a execução dos Planosdas Agendas 21 Comu

352 comunidades envo'

Page 38: Nova Escola Edição 222

.... . .....JA I1L" F<T "", ClEOr.JE QC °f i F',: •

www.planetasustentavel.com.br

Page 39: Nova Escola Edição 222

aNão há uma receita noensino de língua Estrangeira';Pesquisadora brasileira alerta para a importância de refletir sobre aprática em sala para substituir definitivamente os "métodos milagreiros"DANIELA ALMEI DA [email protected]

A formação deficiente de professoresem faculdades sem qualidade que

se proliferam pelo país e a escassez deprogramas de Educaçào continuada bemorganizados são apenas dois dos desafiosenfrentados no ensino de Língua Estran-geira. Outra questão, somada a essas, tor-na o cenário ainda mais desafiador: aausência de uma política clara - em nívelnacional-,oque leva a disciplina a umaposição secundária dentro do currículo.Na avaliação da professora AntonietaCelani, fundadora, em 1970, do Progra-ma de Estudos Pós-Graduados em Lin-guística Aplicada - o primeiro do gênero

40 MA102009 www.ne.org.br

no Brasil- e atual coordenadora do Pro-grama de Formação Contínua do Profes-sor de Inglês da Pontifícia UniversidadeCatólica (PUC) de São Paulo, existe umadescrença geral no meio educacional emrelação à área.

Para ela, no entanto) a situação ten-de a se reverter com o fim da crença demuitos educadores na existência do quecostumam chamar de "o melhor méto-do"."Já baseamos as aulas em gramáticae em tradução, por exemplo) mas hojesabemos que cabe ao professor analisara turma para atuar bem", afirma. Nestaentrevista, a pesquisadora explica por

que acredita que a busca por receitasmudará com a formação reflexiva - a 1

pacitação que prepara cada docente paavaliar a realidade em que atua e aplicprincípios de ensino e aprendizagem qfuncionem para o grupo de estudamque tem em cada sala de aula.

o que mudou nas aulas de línglEstrangeira no Brasil desde queprimeiro curso de pós-graduação Iárea foi criado, em 1970?ANTONIETA CELANI Antes, o focotava no ensino de línguas em si. Hojeconceito de linguística aplicada) guar- I

Page 40: Nova Escola Edição 222

Page 41: Nova Escola Edição 222

Fala mestre'Entrevista

"da-chuva do curso que ajudei a criar,é muito mais amplo. Naquele tempo, apreocupação era o que e como ensinar.Hoje há outras perguntas: para quecrianças e jovens precisam do Inglês? Porque ele é necessário no currículo?

Por quais concepções de ensino dadisciplina o país já passou?ANTONIETA Primeiro, tivemos aquelabaseada em gramática e tradução. De-pois, caminhamos para o método áudio-lingual, embasado na repetição oral ecom orientação behaviorista. Daí emdiante, apareceram iniciativas soltas: mé-todo funcional (conteúdo determinadopor funções, cornq pedir desculpas ecumprimentar), método situacional(conteúdo pautado por eventos como"no aeroporto", Una loja" etc.). Todos, nofundo, se tratavam de audiolinguais dis-farçados, já que a condução em sala tam-bém se dava pela repetição. Mais tarde,surgiu a abordagem comunicativa, pormeio da qual não se pode usar a primei-ra língua, só a estrangeira. Essa foi a gran-de revolução do fim do século 19.

Não houve a influência do sociointe-racionismo?ANTONIETA Sim, as ideias do psicólogobielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934)vieram paralelamente, focadas na ques-tão do desenvolvimento e do ensino e daaprendizagem como um processo único.Nesse contexto, são usadas formas demediação - pelo professor, pelo colegaou pelo próprio material didático - paralevar o outro a aprender.

E atualmente, como estamos?ANTONIETA Hoje, atuamos em umaera que os especialistas chamam de pós-método. Falamos em princípios e emdiferentes possibilidades de implementá-los. De certo modo, para a questão daformação docente, isso complica a situa-cão, já que é muito mais fácil pegar umareceita e aplicá-Ia. Agora, dependemos daanálise do professor em relação ao quefazer diante da realidade em que estãoinseridos seus alunos.

42 MAI02Q09 www.ne.org.br

ANTONIETA CELANI

llNão existeum método

perfeito. A saídaagora é entender

A Apor que, para que,como e o que

ensinar - nessaexata ordernjj

O que cabe a ele, afinal?ANTONIETA Ele precisa dominar o con-texto por meio de princípios básicos deensino e aprendizagem que independemde metodologia. Existem alguns nosquais o professor acredita e aos quais éfiel. Se ele aposta na mediação, por exern-pio, não vai exigir que a garotada repitamilhares de vezes uma palavra.

Não é possível falar, portanto, em ummodelo que seja mais eficaz.ANTONIETA Exatamente. Não existeum método perfeito, até porque a eficá-cia depende do objetivo da pessoa aoaprender um idioma. A saída agora é en-tender por quê, para quê, como e o queensinar - nessa exata ordem. A primeiraresposta pode ser: porque a língua con-fere uma formação global ao indivíduo.Para quê? Até o 9° ano, ainda não háuma certeza. Então) a formação deve serbásica para permitir direcionamentosespecíficos posteriores. O como vai de-pender dos objetivos. Só então é possíveldefinir os conteúdos a ensinar.

É importante que esses conteúdos es-tejam relacionados às práticas sociaisde leitura e escrita?ANTONIETA Sim. Nos Parâmetros Cur-riculares Nacionais (PCNs) de Língua Es-trangeira, lançados em 1998, do qual soucoautora, recomendamos a ênfase em lei-tura e escrita, considerando as situações

do contexto brasileiro. Fomos massa:dos. Diziam que a proposta era elitipois excluía a possibilidade de acedo estudante ao desenvolvimento I

quatro habilidades - ler, falar, escree compreender. Mas como, sem prepso professor pode desenvolver a habilide de fala com 50 crianças por classeduas horas semanais? Agora, justameas práticas de leitura e escrita apareccomo uma necessidade social.

Como levar esses dois conteúdosra a sala de aula?ANTONIETA Ligando aquilo que actece em classe com objetos de usoLíngua Estrangeira que existem foraambiente escolar. Vale trabalhar ctextos de jornal (disponíveis inclusiveinternet), rótulos de produtos, a estarde uma camiseta ou letras de rruisDessa forma, o professor encontralink com os jovens.

Com o desenvolvimento de novasdias e tecnologias, como a interma TV a cabo, mudam os conteüdta maneira de lecionar Inglês?ANTONIETA Com certeza. Existem.ás, iniciativas muito interessantes nsentido, como a chamada You'ue Got APor meio desse programa, os professopromovem a troca de e-mails entrenos brasileiros e de outros países. O cputador é um recurso que deve ser uspara fazer tarefas que despertem o iresse dos estudantes. Usar essas rutecnologias é outro meio de estabelum relação com a realidade.

Muitas escolas brasileiras aindacam apenas a gramática e a decba. Como mudar isso?ANTONIETA É preciso valorizar (gundo idioma, entender qual a irntância de aprendê-lo para a Educaçãindivíduo- o que permite a ele enteo outro e as diferenças e estar inseridcontexto mundial atual. E tambéiclaro, dando formação inicial e comada para os professores. Elesapenas I

tem o que aprendem.

Page 42: Nova Escola Edição 222

A DeU recomenda o Windows Vista® Business.

SEU DIA PRECISADE MAIS ALGUMAS HORAS?

(!íÍt~}Centrin

Inslde

Você MereCiIntel

Insidee

Com um design mais fino e mais leve, o Latitude'" E4200 foi desenvolvido para oferecer o máximoem mobilidade para você, que precisa de conectividade em qualquer hora e lugar"'. Além da beleza por fora,seu interior traz toda a performance da Tecnologia de Processador Intel~ Cantrino" 2 que você necessitapara os seus trabalhos e bateria de longa duracão'", fazendo o seu dia render muito mais.

Ligue para o seu representante de vendas DeU:0800 7011284ou acessewww.dell.com.br

1 -Para util1za~ da coomivldade sem fio ('wirel!'Ss') f nems.1ria a aquisiç!o de um loteador 'wileleu' e do serviço de banda larga no Io<alde artsso ou da di\ponlbllid~de deste ler'lilo em locais publicol. 2· Adural!o da batelia polle variar ee acordo com a corullliza~o euratwlsl!Cils de cada modelo. Ieleren, Celeroo Insidt, (entrino, LogOfipo(entrino, (ore loslde,lntel, logotipo Inlel,lnlel (ore, Inlelln~de.logotlpo !nltllnside, Intel Viiv,Intel vl'ro, Itanium, Ilaníum Inlide, Pentium, Pentlum lnlide, Xeon,e XtOfllnside'r~~tradill da Intel Corporatlon 00$budos Unidl» e em outros p.l(m. MIcrosofte Windowssão m~rm 1f9llUadas d~ Micros.Dft(Ofporatlon nos EUA.Empresabenefidada pela Leide Informillu. fotl» meramente ilusuali'las. C 2009 ~lIln(. TodOIDldlleill» muv,

Page 43: Nova Escola Edição 222

., Quais os problemas da formaçãodocente nessa área?ANTONIETA Primeiro, há a questão dalicenciatura dupla em Português e In-glês, por exemplo. Com o repertório pro-porcionado pela Educação Básica, não hácomo dar conta das duas em tão poucotempo. Além disso, hoje se proliferamfaculdades que não têm corpo docenteadequado nem desenvolvem pesquisa edão cursos baseados na gramática. O ide-al é que a graduação ofereça a prática eo uso da língua, de várias maneiras, alémde formação reflexiva e não receitas.

Como os professores recém-formadoschegam à escola?ANTONIETA Eles se sentem perdidos, jáque a própria institurçào muitas vezes

desvaloriza a disciplina. Al-guns se perguntam porque estão ensinando aqui-lo. Eles não têm noção dacapacidade de inclusãoque o idioma tem.

MAIS NOSITEArtigosde breAntonieta 50 lês. de 109 .o ensino brlWWW·ne.org.lestra.ngeira

o que é essencial numa boa aula?ANTONIETA A conversação. O únicomomento real de comunicação se dácom ordens: abram seus livros. Em sala,continua·se falando em português e issoacontece pela falta de naturalidade como idioma. O medo de a turma não enten-der não é desculpa. Senão vira um círcu-lo vicioso. É possível usar os dois idiomas,pelo menos, ou traduzir na primeira vezque empregar determinados termos.

Que outras habilidades e conheci-mentos o professor deve ter?ANTONIETA Além de ser capaz de falarna língua que leciona em sala, ele preci-sa escrever de maneira simples e corretasintaticamente, ler um artigo e entenderfalantes nativos - que não devem ser en-carados como modelo, nem em relaçãoà pronúncia. Mesmo porque essa ideiaestá superada hoje pela falta de fronteirasproporcionada pelo avanço da tecnolo-gia e por causa da expansão do inglês.Afinal, quem é o falante, nesse caso, umavez que os não-nativos superam absolu-

44 MAJ02009 www.ne.org.br

ANTONIETA CELANI

cc O professorprecisa estar

preparado parase enxergar comoum pesquisador

da própria prática.A reflexão. .

proporciona ISSO."

tamente os que o têm como primeiralíngua? O princípio é se comunicar deforma correta e compreensível.

O que a formação continuada podeoferecer ao docente da área?ANTONIETA Ele precisa estar preparadopara se enxergar e atuar como um pes-quisador da própria prática. A reflexãoproporciona isso a ele. Um dos grandesproblemas do professor é a solidão. Mui-tas vezes, ele não tem colegas com quemtrocar experiências na escola. Por isso, éimportante estar sempre alerta paraOportunidades em centros de recursos eusar a internet para pesquisar e travarcontato com o idioma.

Qual o currículo do programa de Edu-cação continuada para professores deInglês do qual a senhora participa?ANTONIETA No programa para forma-ção gratuita de professores da PUC, emparceria com a Cultura Inglesa, os edu-cadores primeiro têm aulas de aperfeiço-amento Jinguístico. Terminada essa eta-pa, eles fazem um curso de extensãochamado Reflexão Sobre a Ação, duran-te o qual gravam suas aulas e analisam oque funcionou ou não. Além de estuda-rem os aspectos didáticos (a organizaçãodo sistema fonológico do inglês, a relaçãocom textos etc.), refletem sobre questõesda prática em sala de aula. Depois, elespreparam unidades didáticas e testam

esse material nas escolas em que traIham porque a intenção é multiplic<:formação pelas escolas.

Como a rede pública encara o enside um segundo idioma?ANTONIETA Como uma das últirrpreocupações. Não há meios para qele avance porque não existe uma políca nacional para a disciplina. Isso é resitado da exclusão da Língua Estrangeido núcleo comum na Lei de DiretrizesBases da Educação Nacional (LDB), c196]. Na época, ela passou a ser trataoCOmoatividade. Depois, a LDB de ] 99menciona "uma língua Estrangeira". t

escolha é da escola. Independemementdisso, um decreto do governo, de 200:estabeleceu a obrigatoriedade de a escol.se oferecer o Espanhol, apesar de ele seoptativo para os aJunos. Só que na prática não acontece nada. Mesmo porqueainda nâo existem professores suficientespara preencher essas vagas.

Que resultados os estudantes colhe-riam se as aulas de um segundo idio-ma fossem priorizadas?ANTONIETA Eles passariam a entenderas diferenças e a conviver melhor comelas. Aprende-se isso por meio do conta-to COm outras culturas. No aspecto social,temos as questões do acesso ao mercadode trabalho e da inclusão e da participa-ção do sujeito no mundo. Hoje, quemnão tem um nível de inglês que permitaentrar nessa grande roda está excluído.Bom ou ruim, esse é um fato. Ci

QUER SABER MAIS?

BiblJogr.lfl.lProfessores e Formadores em Mudança:Relato de um Processo de Reflexão eTransformação da Prática Docente, MariaAntonieta Alba Celani, 232 péçs., Ed. Mercadode Letras, tel. (19) 3241-7514, 46 reaisESP in Brazi': 25 Years of Reflectionand Evolution, Antonieta Alba Celani,Prancts Deyes.john testíe HoJmese Mtchae! Rowrand Scott,416 pãçs.,Ed. Mercado de Letras, 4S reaisInternetEm www.culturainglesasp.com.br/content/redepublica.mmp, informações sobreo programa de aprimoramento de inglêsda Cultura Inglesa em parceria com a PUc.

J

Page 44: Nova Escola Edição 222

Coloque mais tecnologia em sua escola,de forma simples e moderna.

o J.Piaget é um Sistema de Ensino inovador. O único que interliga total-mente o material eletrônico ao material impresso em todos os segmentos.

São mais de 1.500 aulas eletrônicas, com imagens, sons e movimentos, tra-zendo uma nova, interativa e motivadora forma de educar. Elas podem serusadas por professores e alunos, em lousas eletrônicas ou computadores.

Sua escola terá acesso ao que há de melhor e mais atualizado no mercadoeducacional.

iI Fundamental· MédioReformulados para 2010

• • • •• ••

www.jpiaget.com.br11 4367.8303 0800.771.3009

Page 45: Nova Escola Edição 222

: Notas sobre Educação

AVALIAÇÃORede pública avançamais que a privadaA comparaçào entre os resultadosdo Índice de Educaçào Básica (Ideb)em 2005 e 2007 mostra que são asescolas públicas as responsáveis pelaelevação do desempenho no Brasil (vejao gráfico Crescimento). A análise dosíndices que compõem o ldeb - ProvaBrasil e taxa de aprovação - revela, porexemplo, que as notas das públicas de t-a 4" série na Prova Brasil subiram 6

19296

e as das privadas 0,22%. enquanto aelevação das taxas de aprovação ficouem 4,95% nas públicas e 0,94% nasparticulares. Esses avanços sãoexplicados por Heliton Ribeiro Tavares,diretor de Avaliação da Educação Básicado Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anfsio Teixeira(Inep);((É mais comum o crescimentode redes abaixo da média do quea melhoria das já boas, que tendema variar pouco" As projeções apontam,entretanto, que os dois grupos terão, em2021, uma diferença de 29% nas sériesiniciais e 40% nas finais (veja o gráficoEvolução). A igualdade entre públicase particulares s6 deve Ocorrer em 2040.

r---- ,

tmm :De 20 a 24 de junho, Ocorre a 173 edi-ção do Congresso de Leitura do Brasil(Cole), em Campinas, a 100 quilôme-tros de São Paulo. Entre os temas dasmesas-redondas e dos debates estão aspolíticas públicas em leitura e o ensi-no de língua e literatura. O evento éorganizado pela Associação de Leitura :do Brasil e pela Faculdade de Educa- :ção da Universidade Estadual de Carn- :pinas (Unicarnp), Mais informações:em www.alb.com.brj17cole. :Confiraa agenda em www.ne.org.br :

Editado por BEATRIZ SANTOMAURO [email protected]

IDEB DAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS

CRESCIMENTOENTRE 200S E 2007

1" a 4" série

Ideb

10,5 .i1

Ij~It •

lO - 1,7%

EVOLUÇÃO DA DIFERENÇADE 2007 A 2021*

1" a 4" sérieldeb a Privadas

129%

oBrasil Públicas Privadas 2007 2021

5" a 8" sérili" 5a a 8a séri~Ideb Ideb a Privadas 140%•

66%1·

0%oBrasil Públicas Privadas 2007 2021

TELEVISÃOEscola no fim de semanaEm maio, estreia um novo programadirecionado a educadores, paise gestores. É o Globo Educação, quevai ao ar semanalmente durante 20minutos nas afiliadas da TV Globoe no Canal Futura. Na pauta, visitasa escolas públicas bem-sucedidasem diferentes estados, reflexãoe acompanhamento dos indicadoresde qualidade da Educação e aindaentrevistas com personalidades querelembram a vida escolar.ONDEEQUANDOA exibição será feitana TV Globo (aos sábados, às 6h1O)e no Canal Futura (aos domingos,às 13h30, com reapresentação nosábado seguinte, às 10h30).

NA INTERNET

www.revistadehistoria.com.brSite da Revista de História, da Biblioteca Nacional,com entrevistas, artigos e informações publicados na versãoimpressa sobre eventos e personagens que marcaram época.

46 MAI02009 www.ne.org.br

'* Projeção com base nas metas do Inep/fI,o

GENTECálculos pelo tato

..IlU.ij,~~Sf.mROf.jI.\IQ,professori de Matemática em Cascavel, a 521i quilômetros de Curitiba, se dedicoui a ensinar a disciplina a deficientesi visuais. Em 2000, inventou um! instrumento chamado multi plano paraiQue os alunos pudessem compreenderi gráficos, equações e funções pelo tato.i O equipamento é uma placa perfurada,i composta de quadriculados, elásticos ei pinos. O estudante cego ouve o enunciaii do professor, resolve as operações noI multiplano e registra a resposta em brai

Page 46: Nova Escola Edição 222

MAIS NOslTEToda semana,Uma nova tirinhasobr~ Educaçào comCalvlO e seus amigos.WWW.ne.org.br

CAlVIN

SAI PRA LÁ, CALVIN!VAI SENTAR EMOUTRO LUGAR!

U NÃO QUERO SAB~QUE NOJEIRA VOCETROUXE PRO LANCHE

HOJE.

RELAXA, SUSr.EU NÃO VOUTE CONTAR O

QUE EUTROUXE.

1;UDO QUE POSSO DIZERE QUE ESTOU COM PENA

DA MINHA LOMBRIGA.É BOM,

MESMO.

24 3'*é O índice de aumentosalarial de mulheres

, O~~:: ::::~~Zi~:d:~tre

Fonte Pesquisa Efeitos da Alfabetizaçâo de Adultos sobre Salário

e Emprego, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo

r----------------------------------------------------~~Ig

III----------------------------------------------------~

ILINHA DO TEMPOQuarenta anos da chegadado homem à lua1969 o astrona~ta ~eil Armstrong,

um dos tres tripulantes danave norte-americanaApollo 71, foi o primeirohomem a pisar em solo lunar.Naquele 20 de julho, ele disseuma frase que entraria paraa história:"Este é um pequenopasso para um homem,mas um salto gigantescopara a humanidade".

1970 Um acidente na Apollo 73chocou o mundo: o sistema deoxigênio explodiu, mas os trêsastronautas a bordo voltaramcom segurança à Terra.O episódio inspirou umfilme norte-americano Quelevou o nome da nave.

1972 Na última ida à lua, feita pelaApolJo 17/houve coleta derochas para a pesquisa sobrea composição da superfície eparadas em crateras para oregistro de imagens. Depoisde seis missões, estavaencerrado o programa Apeno,iniciado em 1967.

2006 Mar~o~ Pon~es é o primeirobrastlelro a Ir ao espaço-é o único falante da línguaportuguesa e morador doHemisfério Sul a alcançaro feito. Seu objetivo coma viagem foi realizarexperimentos emmicrogravidade e promovero Programa Espacial do país.

12009 A Agência Espacial Americana

(Nasa) apresentou em marçoa nave Orion, projetada paralevar astronautas à lua e aMarte. O ano previsto para aspróximas viagens é 2020.

Colaborou RODRIGO RATIER

Page 47: Nova Escola Edição 222

.

Page 48: Nova Escola Edição 222
Page 49: Nova Escola Edição 222

Retrato

Domingo no parqueCom curiosidade típica dos alunos, professoresfazem da visita ao zoa mais do que um passeioBIANCA BIBIANO [email protected]

CCA tenção, silêncio aí no fundo. Ago-ra, vamos entrar no zoológico.

Fiquem juntos. Não quero perder nin-guém!" Parecia o roteiro clássico dos pas-seios extraclasse: uma turma de alunosrecebe orientações e sai correndo anima-da, feliz pelo simples fato de estar forado ambiente da sala. Mas não era umpasseio clássico. Um detalhe diferenciavaaquela visita dominical ao Zoológico deSão Paulo. Os alunos eufóricos eram, naverdade, professores. Preocupada com oencontro dos 35 integrantes da excursãocom as outras 1 O mil pessoas que lota-vam o espaço, a zootecnista Bianca Dog-nini, que dividia COm a bióloga SabrinaRomano a coordenação da atividade,deixava claro o objetivo do encontro:

- Com esse curso, queremos que vocêsfaçam do parque mais do que uma ativi-dade ao ar livre com suas turmas.

50 MAIQ2009 www.ne.org.br

Caminhando pelas alamedas som-breadas no maior zoológico da AméricaLatina (são 3 mil animais em quase 900mil metros quadrados), a turma passavapor lontras, siriemas e lobos. A maio-ria começou apenas prestando atençãonos dados de identificação das espécies- geralmente, a informação científicadisponível e também a única coisa queos docentes exigem dos estudantes nosquestionários de observação. Tanto queuma professora confessou:

- Quando venho com meus alunos,não explico mais do que o que está es-crito nas placas e nos folhetos.

A bióloga Sabrina pontuou que erapossível ir além. No ambiente da ele-fanta Teresita, contou que as plantas nosespaços de cada animal reproduzem ohabitat natural deles (no caso de Tere-sita, a vegetação das savanas africanas,

continente de onde vinha sua espéciTambém mostrou as características qdistinguiam aquele grande mamíferoseus primos asiáticos: orelhas pontiajdas, presas de marfim, mandíbulas cure tamanho maior. Em meio às novidaduma pergunta que soa natural para ququer faixa etária:

- Ela é marrom mesmo?- Não, a cor vem dos banhos de lar

que ela toma para se refrescar, conteibióloga para um mar de olhos atento

Bicho por bicho, as descobertassucediam. Na área dos macacos, expli

~ ções sobre a bem-sucedida reproduçem cativeiro, que evita que os anim

~~ precisem ser trazidos da natureza.frente das araras-azuis, um debate sola preocupante situação inversa. Morgâmicas, as aves não conseguem procrno Zoológico - tanto que, no Brasil, [tam apenas os três espécimes que viwpor lá. Finalmente, na área protegida10 aviso "somente pessoas autorizad,uma exploração exclusiva para visitanespeciais: grupos de porquinhos-da-dia, pintinhos e gafanhotos que, dende instantes, comporiam o banquetediversos animais maiores. A essa alttuma das docentes do grupo verbalizoipensamento coletivo:

- Quanta informação! Isso vai aju:muito na próxima vista com os peq.nos. Fora o que podemos agregar ccenciclopédias e internet...

A tarde já entrava quando a visterminou, em meio a lamentos de"nem passamos pelo leão e pela girafA semelhança com uma excursão de anos, porém, se desfez na saída do parqquando uma estudante de Pedagoprotestou aos que se referiam à viscomo um "passeio":

- Opa, passeio, não! Agora, sim, Idemos dizer que sabemos o que é li

visita monitorada de verdade.

QUER SABER MAIS?

ContatoFundação Parque zoológico deSão Paulo, Av.Miguel Stéfano, 4241,04301-905, São Paulo, SP,teto(11) 507Hl81 1

Page 50: Nova Escola Edição 222

Cidadania é um ciclo; tudo o que você faz em prol do outro volta também para vocé. Imagine, então, uma escola que faz, juncom seus alunos, ações voluntárias em benefício da comunidade. Essa é a idéia do Prêmio Escola Voluntária; reconhecerescolas que apóiam alunos com grande vontade de melhorar o mundo. Se a sua escola tem um projeto social assim, partici

Inscrições abertas.Funu(ao ltaú

SocialRÁDIO BANDEIRANTES

Page 51: Nova Escola Edição 222

A Prova Brasilem detalhesNOVA ESCOLAabriu a caixa-preta desse exame nacionale mostra como ele checa habilidades essenciais aos alunosAs páginas seguintes trazem a análise da prova de LínguaPortuguesa para a 4a série, além de orientações didáticasANDERSON MOÇO [email protected]

MAIS NOSIColetânea de tsobre a Provawww.ne.org.brpoliticas .De 19 a 30 de outubro, os mais que têm de ser repetidas continuarão res- desmistifica o exame

de 6 milhões de estudantes de tritas. As demais serão divulgadas. e aponta como de-4a e sa séries (5° e 9° anos) do A Prova Brasil é baseada nos cu rrf- senvolver nas crian-

Ensino Fundamental farão a Prova Bra- cu los propostos por redes estaduais e ças as habilidadessil, principal avaliação do rendimento municipais, já que no país não há um básicas", explica Gisele Gama, dadas escolas públicas do país. Parte inte- currículo nacional. Uma comissão do Abaquar Consultores, a coordenadcgrante do Índice de Desenvolvimento MEC examinou o material, identifi- do estudo. Focado na prova da 4a séda Educação Básica (Ideb), a prova - que cando pontos convergentes - o que deu (5° ano), ele será divulgado em junlcheca as habilidades essenciais em Lín- origem a uma matriz de referência (en- assim como os modelos de questões.gua Portuguesa e Matemática - é consi- tregue a todas as escolas pelo MEC em NOVA ESCOLA teve acesso ao cderada pelos especialistas um instrumen- abril), que não elenca conteúdos, mas cumento em primeira mão e foi alétto essencial para o avanço da qualidade competências e habilidades. Preparou um material exclusivo que I

do ensino. Apesar disso, a maioria dos Essas capacidades são apresentadas na minuirá sensivelmente o mistério qprofessores a vê como uma caixa-preta: prova por meio de descritores, que, como envolve a avaliação. Você verá, a seguirafinal, o que ela avalia e como trabalhar o nome indica, descrevem o que a garo- análise didática de questões da provaessas competências em sala de aula? tada precisa dominar (veja os de Língua Língua Portuguesa (que foca a leitura).

A dúvida é o resultado da estratégia Portuguesa na ilustração à direita}. "Essas amostra é representativa por esclarecusada até agora pelo Instituto Nacional habilidades sâo o mínimo que os alunos um ponto crucial: como as habilidadde Pesquisas Educacionais Anísio Teixei- precisam saber. Sem isso, não podem ser indicadas pelos descritores são avaliadra (Inep) e pelo Ministério da Educação considerados aptos nas duas disciplinas", em relação a diversos gêneros (veja(MEC) de não divulgar todas as questões. ressalta Maria Inês Pestana, diretora de explicações sobre isso /la página 54) e a teOs educadores tinham acesso apenas à estatística da Educação Básica do Inep e tos de níveis de complexidade diferentdescrição de habilidades e competências responsável pela Prova Brasil. (na página 56). Para efetivamente ajudavaliadas, mas não sabiam como eram Para fazer valer os objetivos da ava- você, mostramos C01110 ensinar as habiabordadas. A razão é a metodologia usa- liaçâo, o lnep, a Fundação Victor Civita dades que os alunos devem dominar (leda: a Teoria da Resposta ao Item (TRI), e O Todos pela Educação - com o apoio as orientações didáticas na página 58). !'que exige a repetição de perguntas para do ltaú BBA- passaram uma revista nas próximo mês, uma nova reportagem ique haja uma série de comparação. As questões dos últimos anos. "O trabalho abordar a prova de Matemática. 4I....... * Leitores que sugeriram a reportagem: DENISE MORAIS, Ataleia, MG, DIÓGENES HENRIQUE RODRIGUES DA SILVA, ltaplpoca, CE,L-./ KEZYA BERNARDINO, Acarau, CE, e PRISClLA SANTANA SUETU, Ptanalrlna, DF

Page 52: Nova Escola Edição 222

D4 - Inferirumainformaçãoimplícita emum texto

D5 - Interpretartexto comauxílio dematerialgráfico diverso(propagandas,quadrinhos,foto etc)

Dll-Distinguirum fatoda opiniãorelativadeste fato

Dl - Localizarinformaçõesexplícitas no texto

D6-Identificaro terna deum texto

D3 -Inferiro sentido deuma palavraou expressão

D2 - Estabelecerrelações entrepartes de umtexto,identificandorepetições ousubstituições quecontribuem para acontinuidade dele

D15 - Reconhecerdiferentes formasde tratar ainformação nacomparação detextos que trata mdo mesmo temaem função das )condições em queele foi produzidoe daquelas em queserá recebido

D7 - Identificaro conflltogerador doenredo e oselementos queconstroema narrativa

D9 - Identificara finalidade detextos dediferentesgêneros

D13-Identificarefeitos deironia ouhumor emtextosvariados

D8 - Estabelecerrelação de causae consequênciaentre partese elementosdo texto

D12-Estabelecerrelações 16gico-discursivaspresentes notexto, marcadaspor conjunções,advérbios etc

Dl0 - Identificaras marcasIinguísticasque evidenciamo locutore o interlocutorde um texto

Page 53: Nova Escola Edição 222

As questões exigem a compreensãode textos variados - quadrinhos,fábulas, notícias, verbetes etc.-e a familiaridade com a leituradeles. A definição de qualquerum dos tipos nunca é pedida

• A Prova Brasil de Língua Portugue-sa avalia somente a leitura, e o texto ésempre a menor unidade de sentido. Àcriança, nunca é propbsta a leitura de pa-lavras ou frases isoladas - e isso desde osníveis iniciais. O exame exige a familia-ridade com diferentes gêneros- artigo deopinião, notícia, verbete, fábula, conto,quadrinhos etc. -', sempre apresentadosantes de cada uma das 39questões. Todascontêm quatro alternativas de resposta(apenas uma é correta) e se refere a umdescritor (entre os 15 apresentados naabertura desta reportagem).

Uma ideia básica norteia toda a prova:as habilidades que um aluno mobilizapara dar sentido a uma leitura estãodiretamente relacionadas ao materialque ele lê. "A tarefa terá uma complexi-dade diferente, dependendo do gêneroapresentado à garotada e da linguagemutilizada, além da familiaridade com oassunto tratado", explica Maria TeresaTedesco, do Colégio de Aplicação daUniversidade do Estado do Rio de Janei-ro, coautora do estudo do Inep.

A seguir, analisamos questões domesmo tipo que as contidas na ProvaBrasil para que você compreenda comoela checa as habilidades que todos deve-riam possuir na 4a série. Por causa doespaço, relacionamos vários exemplos aapenas uma notícia e um verbete.

Algumas perguhtas pedem para"Identificar o tema de um texto" de-cntor . Quando elas se referem a umanotícia, quem já está familiarizado como gênero sabe que ela anuncia um evento

54 MAI02009 www.ne.org.br

a ser re-alizadono futuro pró-ximo ou relata umfato já acontecido. Conhece também ou-tra característica dele: o título sintetizaas informações, como em Festividades daSemana do Descobrimento Começam AI1/Q-

nhã (leia na página ao lado). Dessa forma,fica mais fácil responder corretamente.

A mesma tarefa, se referente a umverbete (confira na página ao lado O exem-plo Há 500 Anos ...), implicaria outrotipo de conhecimento. A garotada queé frequentemente apresentada a esse gê-nero sabe que, por vezes, é necessá riorelacionar segmentos para compreendê-10. O título não indica que o conteúdo serefira às caravelas, o que se revela com aleitura dos tópicos seguintes. Nesse caso,a tarefa se mostra mais complexa.

Encontrar informaçõesexplícitas exige leitura atentaEm outro tipo de pergunta da ProvaBrasil, pede-se para a criança "Locali-zar uma informação explícita no texto"(descritor 1). A dificuldade também aíserá variável. Se, com base no verbeteHá 500 Anos."1 fosse indagado quandoas caravelas foram criadas, a informa-cão seria encontrada no segu ndo tópico.Tomando novamente a notícia Festivi-dades ... , o desafio poderia ser indicar olocal das comemorações. No começo,é relatada a programação de Porto Se-guro e só no último parágrafo cita-se afesta de Cabrália. Para acertar, é preciso

encontrar informações em pontos ditintos. Portanto, mesmo que o descrttcpareça abordar uma habilidade bastansimples, nem sempre é isso o que se vi

Outro exemplo: quando a tarefa drespeito à habilidade de "Inferir o sendo de uma palavra ou expressão"O' 3 uma indagação possível com bana notícia Festividades ... seria referenà expressão "passar em branco". O qo autor deu a entender com ela? Coreferência ao texto Há 500 Anos..; taresemelhante poderia abordar causara"a ma ior sensação". Responder a arnlnão é fácil. Para descobrir o sentido (las, a criança precisa ficar atenta ao cctexto e às pistas Iinguísticas. "Sornerao ativar os conhecimentos que já tesobre o gênero, ela vai encontrar O sigficado da expressão", ressalta a linguiKátia Brâkling, professora do InstinSuperior de Educação Vera Cruz, em ~Paulo, e coautora do estudo do Inep.

Nos casos aqui abordados - assimmo em todo o exame -, nunca é pedque se identifique a que gênero um tepertence. Isso porque o mais importte é compreender qual a finalidademunicativa de cada um deles. Umahabilidades requeridas na prova é jumente esta: "Identificar a finalidadetextos de diferentes gêneros"9). Nos dois exemplos que utilizamrresposta é a mesma: trazer informaç"Não há outra maneira de os estuda"recon hecerem isso senão tendo o mcontato possível com diferentes gên.e suas características", diz Kátia.

Page 54: Nova Escola Edição 222

LEITURA DE TEXTOS DE GÊNEROS DIFERENTES

Festividaaes da Semanado DescobrimentoComeçam Amanhã· '8/°4/06

~ais urna. e): aJeuaJlo scobrímento ch a este anoae cornemo,aç6e$., prometen o se firmar como

um dOs m;l 5 mportantes eoventos ocalend no da CqJla do oescõbnmento.

Em Porto Seguro, prefeitura e iniciativa privadapromovem uma grande variedade de eventos,com shows, apresentação teatral, missa campal, jogos,danças indígenas, queima de fogose festival de cinema e vfdeo.

o prefeito de Porto Seguro, )ânio Natal (PL),adianta que vai investir cada vez mais na celebração daSemana do Descobrimento, pela importância da data,não apenas para o munidpio, mas para todo•o Brasil. "'Porto Seguro é a única cidade do paísque possui certidão de nascimento, registradaatravés da histórica carta de Pera Vaz de Caminha.E não podemos deixar de comemorar a data donascimento do Brasil em alto estilo, aqui, ondetudo começou", enfatiza.

Cabrália também promete não deixar a festaas r c com os jogos indígenas

patax6s, de 19 a 23 de abril; e no dia 26, missacom o padre Antônio Maria e a presença dacantora Fafá de Belém, que cantará a Ave Mariae o Hino Nacional.

fONTE WWW.PORTOSECURONOTIClAS.COM.SRITURISMQ'MAT09_ TURISMO.HTML

Dl - localizarinformaçõesexplícitas no textoNa notícia, há ummesmo tipo deinformação localizadoem dois parágrafose no verbete, em apenasum ponto do texto.

D3- nmiroentido de umaalavra ou ex~ressão

Nos dois textos, hálocuções que exigemdo aluno descobrirseu significado pelocontexto e por pistaslinguísticas.

D6 - Identificar otema de texto

9 - Identificara finalidade detextos de diferentgên ros

Ambos os exemplos,apesar de se referirema gêneros diferentes,têm como objetivocomunicativo trazerinformações.

No primeiro caso,é mais fácil reconhecero assunto geralabordado, pois eleestá no título.Já no sequndo,é necessário buscarmais dados no corpodo texto.

Page 55: Nova Escola Edição 222

A prova pede a compreensãode textos de diferentescomplexidades - dadas pelacoerência, pela organização,pelo vocabulário etc. -, aindaque com gênero e enredo iguais

.>A complexidade dos textos apresen-tados na Prova Brasil é outro fator queinfluencia o grau de dificuldade das ta-refas. A causa disso é a escolha pelo au-tor dos termos, da organização das fra-ses, dos recursos de coesão e coerênciae, enfim, da forma de tratar o conteúdo.Essa diferenciação pode ocorrer dentrode um mesmo gênero. Isso fica claro nasperguntas que exigem a leitura de umafábula. Apesar de todos os textos dessegênero possuírem características iguais,cada um deles apresenta uma textualida-de. Uma mesma fábula, portanto, podeter diferentes versões em função de sualinguagem. Por isso, os estudantes quetêm contato em classe com um variadorepertório de leitura conseguem acertaro que se pede com mais facilidade.

Uma das obras do gênero trabalhadasna Prova Brasil é O Galo e a Raposa (leiana página ao lado), de ESOPOlfabulistagrego do século 6 a.C. Considere a ques-tão: por que a raposa queria que o galodescesse da árvore? Ela mobiliza a ca-pacidade relativa a "Estabelecer relaçãode causa e consequêncta entre partes eelementos dele" (descritor 8).

A resposta certa é a seguinte: para quepudesse pegá-lo e comê-lo, pois raposascomem galos. Chegar a essa conclusão éfundamental para compreender a narra-tiva, pois ela remete às relações de causali-dade entre as ações dos bichos e tambémà natureza da relação entre eles - preda-dor e vítima -1 sem a qual o desenvolvi-mento da trama não seria possível. Damesma forma, quando não há o entendi-

56 MAI02009 www.ne.org.br

menta des-ses aspectos)alguns recursos lin-guísticos - como a ironiana fala da raposa - tambémnão podem ser compreendidos.

Para responder à questão "por que ogalo disse que viu cachorros vindo aolonge?", os alunos precisam "Inferiruma informação implícita em um tex-to"@escritor4), Dessa forma, concluemque o galo percebeu o estratagema daraposa para pegá-lo, já que ela é preda-dora dele e, da mesma formal o cachorroé inimigo da raposa. Outros meios dechegar a essa constatação seriam eles játerem isso em seu repertório prévio ourecuperarem o dado em algum trecho.Para ambas as habilidades, a familiari-dade com leituras variadas é essencial.

Diferentes habilidades paraentender o mesmo enredoCom outra versão da mesma fábula, acomplexidade da tarefa muda. Vamosestabelecer como exemplo a escrita porMonteiro Lobato (1882-1948),nomeadaO Gola Que Logrou a Raposa (leia 110 páginaao lado). Do mesmo modo que no exem-plo anterior, as informações requeridasnão são apresentadas explícita e direta-mente. Para responder por que a raposaqueria que o galo descesse da árvore, oaluno pode recorrer a noções que já pos-suí sobre a relação entre galo e raposa eraposa e cachorro.

Caminhos alternativos são ler o pri-meiro parágrafo, recuperar o sentido da

expressão "te c\e, depois, artic

isso aos dados contno segundo parágrafo,

especial o trecho "acabou-guerra entre os animais".Para dar conta da segunda pergi

(Por que o galo disse que viu cachevindo ao longe?), ao contrário, nãinforrnaçôes explícitas, sendo neces:tanto "Inferir uma informação ..."crltor 4 como articular as que ~nos últimos quatro parágrafos. !'sentido, podemos dizer que, quancconsidera a segunda fábula - aindaela ten ha o mesmo enredo e este]gan izada dentro do mesmo gênercesforço do leitor para indicar a alteiva certa da mesma tarefa é maior drse a base for a primeira. Isso ocorrsuas características de linguagem.

Outro tipo de desafio comurProva Brasil é o que leva o estuda"Estabelecer relações entre partes dtexto, identificando repetições ou stuições que contribuem para a condade de um texto" escrito 2· Se,fosse a primeira fábula (O Galo e asa), uma tarefa poderia ser deterra quem se refere a expressão "suaA complexidade dela não é grandeo sujeito ao qual ela se liga está naanterior. Já se problema semelhanse dado à criança após a leitura drativa de Lobato - identificar a qurefere "raspou-se" -, a dificuldademaior. Caberia a ela localizar a rdois parágrafos acima.

Page 56: Nova Escola Edição 222

LEITURA DE TEXTOS DE COMPLEXIDADES DIFERENTO Galo e a RaposaNo meio dos galhos de uma árvore bem atta um galoestava empoleirado e cantava a todo o volume." ;avoz esganiçada ecoava na florest4. Ouvindo aquelesom tão conhecido, uma raposa que estava caçandose aproximou da árvore. Ao ver o galo láno alto, a raposa começou a im~nar algum jeitoele fazer o outro descer. Com a voz mais boazinhado mundo, cumprimentou o galo,dizendo:

_ Ó meu querido primo, por acaso vocêficou sabendo da proclamaçJo de paz e hannoniauniversal entre todos os tipos de bichos da terra, daágua e do ar? Acabou essa história de ficar tentandoagarnr osoutrosparaco~ Agoravaisertudona base do amor e da amizade. Desça para a genteconversar com calma sobre as grandes novidades'

O galoJ

que sabia que nto dava pan acmIilarem nada do que a raposa cflZia, fingiu que estavavendo uma coisa ti longe. Curiosa, a raposa quissaber o que ele estava olhando com ar Uio preocupado.

_ Bem- disse o galo -, acne ue estou vendOuma mati Iii êIe CIes ãIl iiliinte.

_ Nesse caso, é mêIhor eu Ir emdisse a raposa.

_ O que é isso, prima? - disseo galo.-Por favor, não vá ainda! Já estou descendo!Não vá me dizer que está com medo doscachorros nesses tempos de paz?!

_ N20, não é medo - disse a raposa - mas-. e seeles ainda não estiverem sabendo da proclamaçãO?

MORAI; CUIDADO COM AS AMIZADES MUITO

REPENTINASFONTE FÁ8UlAS DE ESOPO,ED.COMPANHIA DAS LETRINHAS

08 - Estabelecerrelação de causa econsequência entrepartes e elementosdo textoÉ necessário perceber,por meio das pistasdo primeiro texto, queraposas e galos sãoinimigos naturais.

04 - Inferir umainformação implicitae xtoNas duas fábulas, asinformações sobrea relação entre raposae galo não estãoexp1fcitas. Os alunosprecisam encontrá-Iaspelo contexto.

02-Esta,;erelaçõe lecerParr s entr

es de"Identific "' textorepet,"ç _ ando 'oesos"bstlt"i - "cOntrib,,:oes q"ec0!lti id "' Para a

a edeleA Proximidtermos t ade dosr orna'Igar, no pro mais fácil

"sua" à vo Imeiro textoqUe "r zdogalod'Ra aspou-se" à o

Posa nI o segUndo,

Page 57: Nova Escola Edição 222

"0 trabalho com leitura começa aindana Educação lnfanjil e vai se tornandomais complexo com o passar dos anos.Para levar a garotada a dominar as habi-lidades básicas avaliadas pela Prova Bra-sil, é necessário incluir algumas ações narotina, de acordo com Kátia Bràkling eBeatriz Gouveia, coautoras do estudo doInep sobre a avaliação. Confira.

1Oferecer bons textospara qualquer atividade

O material disponibilizado ao aluno de-ve ter boa qualidade, ser coeso e coeren-te, possuir uma linguagem adequada aocontexto de produção, utilizar critérioscorretos de paragrafação e pontuação eestar registrado dentro da língua-padrão.É importante, portanto, selecionar tex-tos de escritores nacionais reconhecidose traduções bem feitas.

2Fazer um diagnóstico dascapacidades das crianças

A primeira tarefa é elaborar uma pautade observação que considere as habilida-des de leitura já apropriadas pela classee por cada aluno individualmente paraver o que precisa ser ensinado. É possívelse basear nas capacidades dos descritorese organizar o planejamento por meio deperguntas (veja uma.tabela de acompanha-mento na página ao lado).

3Daratividades abordandodiferentes habilidades

Nem todo texto suscita boas atividadespara desenvolver determinadas habili-

58 MAID2009 www.ne.org.br

Para que os estudantes de4a série dominem habilidadesessenciais de leitura cobradasna Prova Brasil, o professor de"trabalhar algumas atividadessistematicamente

dades. Há os que são mais adequados aotrabalho com tipos de inferência, comopiadas e anedotas. Outros se prestammais ao estabelecimento de relações en-tre linguagem verbal e não verbal, comoreportagens - quese articulam a infográ-ficas, gráficos e outras imagens.

4propor a leiturade gêneros variados

É preciso trabalhar todos os gêneros (oua maioria deles) em um mesmo ano deescolaridade, pois eles mobilizam noleitor diferentes capacidades, que s6 sàoaprofundadas por meio da familiaridadecom eles. A ideia é propor a leitura e ainterpretação de diversos textos de ummesmo gênero. O que importa não é sa-ber que as narrativas apresentam umaorganização temporal, por exemplo, masqual a finalidade delas.

SPlanejar a progressãode desafios

Para aprofundar e ampliar a proficiênciae a autonomia leitoras, o ideal é organi-zar a progressão, com critérios bastanteclaros de seleção do material. Dessa for-ma, é possível trabalhar fábulas tanto na2a quanto na 4a série, por exemplo, assimcomo contos literários, aumentando acomplexidade dos textos.

6propor a leitura emcolaboração periodicamente

Ler em conjunto com os estudantes éfundamental para que eles aprendam ainterpretar um texto. O trabalho começa

MAIS NOSITEReportagens eplanos de aulasobre leitura .

•www.ne.org.brlportuguesa

com o levanta-menta de algu-mas questões,localizando-asno texto e pre-vendo possíveis respostas. No iníciideal é estimular as crianças a realantecipações a respeito do que serácom base no título. Conforme a hria avança, elas respondem a pergusobre o que vai ocorrer - sempre sustando as respostas com marcas e reculinguísticos presentes no texto ou icando conhecimentos prévios.

7Realizar leituras emdupla ou individualmente

No caso de textos informativos, essavidade pode vir acompanhada de qtões a serem respondidas por escritoque se possa avaliar o que foi apropriO educador informa que será realí:uma discussão coletiva sobre o teorientando para que todos façam arçôes, que poderão ser consultadas. N,cíalização do trabalho) são explicitadpistas linguísticas utilizadas para reseos problemas de compreensào. A circção das informações traz a possibilicde apropriação das estratégias por qlainda não as domina.

80rganiZar as aulas de moda dar a autonomia leitora

Quando se apresenta um gênero naturma, o professor deve iniciar o trlho no coletivo antes de propor leitindividuais, que podem gerar diflci

Page 58: Nova Escola Edição 222

Pauta de observação de capacidade de leitura

Atividade: leitura individual de texto informativo com perguntas paraserem respondidas por escritoTexto lido: Data: ..... I.....I.....

Capacidades de leituraAlunos

João Mônica Andréia Carlos Juliana

Localiza informações no texto? Sim Sim Sim Sim Sim

Consegue inferir informações Nem Sim SimNem Sim

implfcitas no texto? sempre sempre

É capaz de inferir o significado de Sim Sim Sim Sim Simexpressões/palavras do texto?

Com Com Com ComIdentifica o tema do texto lido? Não dificuld. dificuld. dificuld. dificuld.

des de compreensão. À medida que osalunos se familiarizam com o gênero, épreciso que leiam de forma cada vez maisautônoma, mas com supervisão.

9contemPlar empréstimosde livros na rotina semanal

Os alunos precisam ter autonomia paraescolher as obras que querem ler. Assim,eles descobrem o prazer da leitura, umcomportamento comum aos leitoresproficientes. Além da biblioteca da esco-la, as do bairro e da cidade devem ser umambiente familiar para eles. Para isso, or-ganizar visitas e estimular a frequência aesses ambientes é essencial.

1 ODesenvolver Ocomportamento leitor

Esse é um conteúdo de ensino que podeser abordado de diversas maneiras: alémde o professor socializar os próprios cri-térios de escolha e apreciação estética detextos, ele pode pedir que o estudanteprocure obras literárias regularmente,comente com os colegas o que se está len-do, leia trechos de que gostou para eles erecomende a todos os materiais diversosque são de seu interesse.

11Trabalhar diferentespropósitos e

modalidades de leituraNo ato de ler, há objetivos diversos: estu-dar, se informar, revisar um texto escritopelo próprio aluno ou simplesmente pe-lo prazer. O professor necessita explicitarpara a turma essas diferentes finalidadese trabalhar as modalidades próprias decada uma delas. Diferentemente da leitu-ra extensiva de um romance, por exem-plo, a leitura para identificar uma infor-mação deve ser realizada de maneira quese possibilite encontrar coisas pontuaisno texto.

121ncluir a leituraprogramada

no planejamentoSão essenciais as atividades que levam àampliação da proficiência na compreen-são de textos mais extensos ou complexos.Isso é feito com uma programação paraque um livro de contos ou romance, porexemplo, seja lido em partes. O professorlê as obras selecionadas e as divide emtrechos com coerência semântica para se-rem lidos pela classe sequenciadamente,em prazos combinados - fora da sala de

aula. Terminada cada etapa, cabe ao edu-cador levantar aspectos sobre a materiali-dade linguística: recursos gráficos utiliza-dos e efeitos de sentido produzidos pelasua utilização, pela pontuação ou pelodiscurso indireto livre, por exemplo. Emdata prevista, em uma discussão coletivados aspectos priorizados, são explicita-dos procedimentos de leitura utilizados,assim como pistas Iinguísticas que per-mitiram a mobilização das capacidadesutilizadas. G1

QUER SABER MAIS?ContatosBeatriz Gouveia, [email protected] Gama,9tsetegebaquarconsultores.corn.brKátia Brãkling, [email protected] Teresa 'redesco,teresatedescoguoi.corn.brBibliografiaEstratégias de leitura, Isabel Solé, 194 péçs.,Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 52 reaisler e Escrever na Escola: o Real, o possívele o Necessário, Detla temer, 128 págs.,Ed. Artmed, 36 reaisSequênclas Oldáticas para o Orale a Escrita: Apresentação de umProcedimento, Bernand Sctmeuwlye Joaquim Dolz, 278 págs., Ed. Mercadode letras, te!. (19) 3241·7514, 58 reaisInternetEm provabrasil.inep.gov.br/, exemplosde questões, a matriz de referênciae informações sobre a prova

Page 59: Nova Escola Edição 222

--------=---~=====- -_...=---- -

Vamos à luta!Além de trabalhar equilíbrio, regras e força, jogos de combate permitemdiscutir a violência e mostram a importância do respeito ao adversário

BIANCA BIBIANO [email protected]

Na EMEF Antônio Carlos de An-drada e Silva, na capital paulista)

a turma do 8° ano luta. esgrima. As espa-das e os floretes são pequenas lanças fei-tas de jornal, o tablado é o chão do pátioe marcam-se com tinta os golpes. Mas aconcentração e o respeito ao adversáriosão iguais aos de um esgrimista profis-sional. Enquanto isso, na EEEM SantoAugusto, em Santo Augusto, a 512 qui-lômetros de Porto Alegre, os alunos do70 ano experimentam o judô. Eles apren-

clero as noções de equilíbrio e desequi-líbrio de joelhos no chão, em combatesadaptados para evitar quedas. Não é aarte marcial como se vê nas Olimpíadas,mas cumpre o mais importante: com-preender os princípios de movimentoque estruturam a modalidade.

Esses dois casos ilustram bem comoas lutas devem ser trabalhadas no am-biente escolar. Como sugerem os Parâ-metros Curriculares Nacionais (PCNs)de Educação Física, elas são conteúdos

que ajudam os estudantes a ampliar (universo cultural e a conhecer outramanifestações corporais. uÉ uma per:pectiva bem diferente, por exemplo, dabordagem de academias e do esporte dalto rendimento, em que a ênfase recna competição e no aperfeiçoamento cgolpes e estratégias de combate", explicFábio D'Angelo, coordenador pedagójco do Instituto Esporte e Educação, e'São Paulo, e selecionador do Prêmio Vtor Civita - Educador Nota 10.

Page 60: Nova Escola Edição 222

Por isso, esse trabalho com lutas nadisciplina não precisa, necessariamente,incluir atividades físicas.Ensinar a filoso-fia e os valores de uma modalidade podemostrar muito aos alunos. O ato de lutaré algo próprio da cultura humana, tantopor questões de sobrevivência quanto delazer. Nessa tarefa, é importante mostrarem qual contexto uma determinada lutasurgiu e como ela se insere na culturade sua época. Ao trabalhar a esgrima,por exemplo, o professor pode observaraspectos históricos anteriores à formali-zação dela, por volta do século 19 (leia asequência didática na página 62)

Sedecidir trabalhar pelo viés do movi-mento.é preciso considerar a inclusão dealunos com deficiência física (a sequênciadidática traz sugestões de como adaptaras atividades para esses estudantes). Paraque participem de forma ativa das aulas,você deve, primeiramente, conhecer aslimitações deles. Por exemplo, se um alu-no não possuir mobilidade nos membrosinferiores, pode-se privilegiar atividades

que tenham o foco no movimento dosbraços. Para que o trabalho de adaptaçãofuncione, é importante que o médico ouo fisioterapeuta responsável mantenha aescola informada a respeito do potenciale das limitações dos jovens.

Três habilidades são comunsà maioria das modalidadesQualquer que seja o tipo de luta esco-lhido, você deve enfatizar o trabalhocom as três habilidades que estruturama maioria delas: equilíbrio e desequilí-brio (o que inclui as quedas e o desloca-mento do adversário da área da dispu-ta), noções básicas de golpes e técnicasde força e resistência (veja os exemplosda esgrima e dojudô nasfotos que ilustramesta reportagem). Uma boa alternativapara trabalhar o movimento sem pre-cisar avançar no caráter estritamentetécnico é apresentar os chamados jogosde luta. Pelo caráter mais lúdico, algunspodem parecer brincadeiras de criança,como O cabo-de-guerra. Mas a turma

A FORÇAOs alunos percebem que,para ganhar, é precisoter resistência paraatacar e defender

vai se surpreender ao descobrir que elejá foi um esporte olímpico. Também é adeixa para desmistificar a idéia de que omaior e mais forte sempre vence - como cabo-de-guerra, vai ficar claro que nãobasta puxar mais para ganhar, mas quea posição de pernas e braços e o esforçocoordenado também são essenciais.

Discussões com a turma devem fazerparte de todas as au las. É por meio delasque todos entendem que a luta é regi-da por regras e é uma representação docombate, com valores que remetemà cultura em que foicriada. "Ainda assim, oenfrentamento diretonào deve ser excluído,desde que abordando orespeito às regras e aoscolegas", afirma Edu-ardo Augusto Carreiro, especialista emmotricidade humana e gerente de espor-tes e lazer do Serviço Social da lndústria(Sesi), em São Paulo. São ressalvas, po-rém, O jiu-jítsu e O boxe. Por estarem"

"AIS NO SITE1V1 os sobreReportage JOgOSoutras lutaS ede c.ombate. b Iw'IH\N.oe.org. rensica

>

Page 61: Nova Escola Edição 222

• relacionados à violência, é impor-tante que sejam abordados de maneira

bastante cuidadosa, focan-do mais as discussões doque os movimentos. Sea opção for essa última,a prática deve evitar oconfronto direto, comofez a professora Luciana

Venâncio na EMEF Antônio Carlos deAndrada e Silva. Lá,os alunos do 90 anoestudaram o boxe, mas, na hora adaptaros movimentos, utilizaram bexigas e col-chonetes para praticar golpes, em vez delutarem uns com os outros. ~

r---- .Sequência didática Esgrima adaptada ®

MAIS NOS1TEVídeo com opasso-a-passo deuma aula de lutas.WW'oN.ne.org.brJeftsica

Objetivos• Apresentar aos alunos a esgrimae seus principais movimentos.• Relacionar a história da luta coma cultura em que ela foi criada.

da palavra esgrima e em quaismomentos ela foi praticada apenecomo esporte. Você pode debateressas questões ao longo de todas;aulas, trabalhando o conteúdo te6junto com a parte prática.

Adaptação - Deficiência fi!Investigue as capacidades

e limitações dos alunos e incluatambém o texto presente no sítedo Comitê Paraolfrnpíco Brasileira(www.cpb.org.br/area·tecníca/modalidades/esgrima). Leve osalunos a comparar os dois textos eobservar quais são as adaptações ~lutadores com deficiência.

Conteúdo• Lutas.

Anos 60 ao 8°.

Tempo estimado 12 aulas.

Material necessárioBolas de tênis (ou de borracha)pequenas, jornal e giz branco.QUER SABER MAIS?

ContatosDaniela Alonso, dantetaetonsog'terra.corn.orEduardo Augusto carretro,[email protected] Santo Augusto, R. Professor RomalinoTorres, 108, OO,Santoס-ס9859 Augusto, RS,tel. (55) 3781-1412EMEF Antônio Carlos de Andrada e Silva,R. Baltazar Santana, 365, 08040-420,São Paulo, Sp,ter, (T 1) 2054-1899Fábio D'Angefo, [email protected]ção rfstca na Escola: Implicaçõespara Prática Pedagógica, SurayaCristina Darido e trene Conceição AndradeRangel, 316 págs., Ed. Guanabara Koogan,tel. (21) 3543-0770, 77 reais

Desenvolvimento.la etapaPergunte se alguém conhece umaluta que utilize espadas e o que sabesobre ela. Quando a esgrima forcitada, peça que os alunos contemmais sobre o que conhecem. Combase nessa conversa inicial, sugiraque procurem no texto disponívelno site da Confederação Brasileirade Esgrima (www.brasilesgrima.com.br/historia.htm) questõesrelacionadas aos momentoshistóricos dessa luta e à origem

.20' etapaHora de trabalhar a defesa e osgolpes iniciais. Metade da turmadeve formar um círcuto, deixandoos demais dentro dele. Os que estâiformando o círculo não podem sairdo lugar, e o objetivo de quem estádentro é tocar o ombro de quem esparado. Quem for tocado troca delugar com quem tocou. Os alunospoderão se proteger utilizando asmãos e evitando ser atingidos.

Adaptação - Deficiência físiPara alunos em cadeira de

Page 62: Nova Escola Edição 222

--------------------------------------------------------------------------------------~rodas com mobilidade nos membrossuperiores, por exemplo, é possívelrealizar as atividades com todossentados, como ocorre nos JogosParaolfrnpicos. O grupo todo podecolaborar com sugestões de como incluiro colega nessa atividade.

• la etapaJá com todos em duplas, um em frenteao outro, peça para um aluno encostaro pé direito com o pé direito do colegae a palma da mão direita com a palmada mão direita do colega. O objetivoé encostar no ombro do colega apenascom a mão esquerda. Experimentedepois também com mãos e pésesquerdos. Essa atividade trabalhaa agilidade de ataque.

Adaptação - Deficiência tisicaNessa etapa, é possível dividir

a classe em dois grupos com funçõesdistintas. Um deles faz a atividadecompleta e o outro fica sentado,treinando s6 com membros superiores.

• 4a etapaAgora, a dupla deve estabelecer umapista de luta imaginária de mais oumenos 5 metros. Dê para cada um umabola de tênis. Cada um fica de um lado

dessa pista e deve encostar a bola emum local determinado do corpo do outro.É importante que a turma estabeleçaas regras de toque em conjunto e quefique atenta a elas ao longo da luta.Uma possibilidade de pontuação: aotocar (ou ser tocado), o aluno deve pararimediatamente e voltar para o seu lado,começando o jogo de novo. Tambémdefina com a turma o número de toquesque deverão ser dados para depois trocarde dupla. Outros materiais podem serutilizados, como o giz branco (se osalunos usarem camisetas pretas), o gizcolorido (se estiverem com camisetasbrancas) ou até mesmo uma espadaadaptada com jornal e tinta guache.

Adaptação - Deficiência físicaDurante as atividades, o jovem

com deficiência não precisa ficar nopapel de observador, mas pode participarativamente. Ainda assim, nos momentosque a participação dele não for possível,explique a situação sem desmotivá-Ioe trabalhe outros aspectos importantesna luta, como o debate.

• sa etapaConverse com os estudantes emuma roda final sobre as principaisdificuldades encontradas, enfatizando se

foram respeitadas as regras tanto peloadversário como pelo juiz, que pode servocê ou um aluno. Pergunte a relaçãocom os textos lidos, se conseguiramadaptar as regras da esgrimainstitucionalizada e como poderiamadaptar outras lutas.

Adaptação - Deficiência físicaA conversa com o aluno com

deficiência física deve ser juntamentecom a turma, pois ele também foiincluído nas etapas anteriores.Contando sobre sua experiência eaprendizado na atividade, ele se sentirápertencente ao grupo.

Av~lI~çaoAnalise aspectos como participação,envolvimento e respeito aos colegase às regras. A sugestão é montar, logonos primeiros encontros, uma tabela deavaliação. Ela deve ser compartilhadacom a turma, que conhecerá os critériosde forma objetiva.Consultoria EDUARDOAUGUSTOCARREIRO,professor de Educação Ffsica,especialista em motricidade humanae gerente de esportes e lazer do Sesi,em São Paulo, e DANIELAALONSO,psicopedagoga especialista em inclusãoe selecionadora do Prêmio VictorClvita -Educador Nota 10.

Page 63: Nova Escola Edição 222

BichosinjustiçadosAnimais necrófagos e decompositores realizanuma incrível limpeza do meio ambiente. Mostà turma a importância deles na cadeia alimenTATIANA PINHEIRO [email protected]

Urubu, camarão, fungo e bactéria.À primeira vista, os quatro são se-

res vivos bem diferentes entre si. Masisso fica s6 na aparência. Na natureza,eles desempenham papéis semelhantes:

aproveitam restos animais e ve]em sua alimentação, transformane devolvendo-os em forma de nutes para a cadeia alimentar. Porda atuação desses seres, o que nãc

Ave com menu de mata

~1No Brasil, existem seis espécies: de urubu. O cabeça-preta é o mal

comum: pode voar a até 5 mil metnde altitude, mas prefere ficar a 1,5 rmetros do solo, planando em correide ar quente para poupar energia.

2Sua principal arma para localizacomida é o olfato: ele é capaz de

cheiro de carniça ou de lixo a 3 milmetros. Outra forma de buscar aliné observar o comportamento das caves do bando e segui-las até o ai"

3Para encarar o menu (animais ragonizantes), o sistema digestó

...... ave produz um poderoso suco gás"capaz de neutralizar as toxinas pnna carne em decomposição, bllndao organismo contra vírus e bactér

Page 64: Nova Escola Edição 222

MAIS NOslTEPlano de aulasobre necr6fagoS

araoreo8°ano.~~w.ne.org.brlcienclas

mais serventia ganhanova forma e utilida-de, entrando de novono ciclo da vida (vejao infográfico que ilus-tra estas páginas).

Junto de tatus e hienas, urubus e ca-marões são classificados como necrófa-gos ou detritívoros. São chamados assimporque se alimentam de animais mortos,em estágio pouco avançado de decompo-sição. Na falta de carcaças frescas, algunsdeles variam o cardápio com frutas evegetais. Mas O fato de se servirem sem-pre de restos fez com que esses bichosganhassem tão má fama que os livrosdidáticos praticamente não falam deles."Tudo o que se relaciona à morte, emCiências ou em outras disciplinas, aca-ba ficando meio de lado", aponta SueliFurlan, bióloga, professora de Geografiada Universidade de São Paulo (USP) eselecionadora do Prêmio Victor Civita-.Educador Nota 10.

É possível acabar com esse preconcei-to. Em sala de aula, mostre aos alunos de3° e 4° anos - e, mais adiante, ao 7° e ao80 ano (leia o quadro acima) - que os há-

Conteúdo retomado no 7° e no 8° ano -,Mais adiante, o conteúdo sobre animaisnecr6fagos e decompositores podeser retomado com turmas de 7° e8° ano, etapas em que os currículosde Ciências voltam a trabalhar ascadeias alimentares e a classificaçãode seres vivos. Dessa vez, é possívelaprofundar e complexificar ainda maisas investigações sobre o tema. "Dá parair além e discutir, por exemplo, a relaçãoentre necr6fagos e decompositores-ao expor partes dos animais mortos,os necrófagos aumentam a superfíciena qual os decompositores poderãoagir", exemplifica Marcos Engelstein,biólogo, professor de Biologia docolégio M6bile e assessor de Ciências

•do Colégio Anqlc-Brasilelro, ambosem Sào Paulo. A retomada com esse

enfoque é ideal porque, nessa fase, osmaiores já percebem as classificaçõescomo importantes formas de organizaro conhecimento, porém entendem queelas não são definitivas nem consensuais.Convém citar, por exemplo, que algunsfungos e bactérias têm destaque naprodução de alimentos. Uns são usadospara fazer as massas crescerem. Outrosagem no processo de fabricação dequeijos e iogurtes. Mas um tipo de fungoque sempre desperta o interesse dagarotada é o cogumelo, ou champignon.Por ser um dos poucos fungos visíveisa olho nu, pode ser um excelente objetode investigação para o trabalho decampo. lembre à turma que, além dedecompositor de madeira, o cogumeloé apreciado por seu sabor e sua textura.

bitos um tanto estranhos dos necrófagosconstituem) na verdade, uma prestaçãode serviço de grande valor ecológico parao meio ambiente (leia o plano de aula napágina seguinte). Ao consumir carcaças,os necrófagos impedem a proliferaçãoexagerada de bactérias e insetos. Evitam,assim, contaminações e desequilíbriosmais sérios, principalmente quando um

surto ou uma epidemia mata muitosexemplares de uma mesma espécie.

No esforço para derrubar falsos este-reótipos, vale destacar para os pequenoso quanto somos influenciados pelas apa-rências. Ao lado do camarão, o urubu éum dos representantes mais conhecidosdessa turma de "limpadores da natureza".No entanto, é só falar nele que muita.

Iguaria feita de restos

1Um dos poucos fungos visíveis a olhonu, o cogumelo se prolifera na mata.

A reprodução se dá principalmente pormeio de esporos presentes no chapéu.Carregados pelo vento, pela chuvaou por insetos, eles se espalham.

2 Por não possuírem clorofila, oscogumelos não são capazes de

produzir o próprio alimento. Porisso, liberam enzimas para poderaproveitar restos de organismos mortos,de animais a troncos de madeira caídos.

3As enzimas têm função digestiva,decompondo três componentes

da madeira: a celulose, a hemicelulosee a Iignina. Absorvidos por meio dosmicélios (filamentos semelhantes ao dasraízes das plantas), eles nutrem os fungos.

CONSULTOIUAANEUSAfERREIRA DE ALMEIDAMAG"lHÃES E ANA MARIABRISCHI, BIÓLOCAS DASECRETAR!A MUNICIPALOEVEROE E MEIO AMBIENTE,EM s,l.oPAULO(lNFOCRÃFICO URUBU~E MARlNACAl'ELIlRI,BIOLOGA E PESQUISADORADO INSTITUTO OE BOTÂNICA.EM SÃO PAULO(INFOCWICO COCUMELO).

Page 65: Nova Escola Edição 222

Ciências~....

r--------------------------------------------------·• gente torce o nariz. Mas ... surpresa:essa ave tem hábitos alimentares seme-lhantes ao da garça. O problema é que ourubu é sempre feioso, meio gorducho edesengonçado) enquanto a garça é esguiae cheia de elegância no seu caminhar.

Quanto aos organismos decomposito-res, grupo formado principalmente porfungos e bactérias, um primeiro passoé reafirmar a sua existência: como amaioria desses seres não é visível a olhonu, passam despercebidos em nosso dia-a-dia, exceto em situações em que nosdeparamos com um pão mofado ou umafruta passada. Mostre que esses seres vi-

vos precisam de alimentopara crescer e se reprodu-zir. Em nossa casa, quan-do encontram condiçõesideais de umidade e

~A15 NO 51íf.comunidades sooreensino de CiênCJ

13S.

www·ne.or9·brpontodeencontfO

temperatura, estragamos alimentos que não

guardamos de maneira correta. Na na-tureza, trabalham silenciosamente paratransformar grandes porções de matériaorgânica ou inorgânica em substânciassimples, como água e gás carbônico -além de outros compostos que resultamem odores pouco agradáveis. Tanto po-dem ser encontrados em um punhadode folhas caídas como em cadáveres deanimais que se desfazem em poucos dias.No caso desses últimos, são os responsá-veis por acelerar o processo de decom-posição da matéria orgânica, ou seja, aputrefação. Nesse processo, muitas vezescontam com a ajuda inicial de animaisnecrófagos, encarregados de dar cabo degrandes porções de carne. (j

QUER SABER MAIS?

ContatosMarcos Engelstein, [email protected] Furlan, [email protected]ção Ambiental: as Ameaçasao Planeta Azul, José Carlos LopesSariego, 208 páqs., Ed. Scipione,teI.OSOO-161-700,73 reaisGuia de Campo - Aves da Grandesão Paulo, Edson Endrigo e Pedro F.Develey,95 oãcs., Ed.Aves & Fotos, 50 reais295 cãqs., Ed. Aves & t'mu:',:lU ";;c""

InternetEm www.vulturesociety.homestead.com.informações sobre o ciclo de vida do urubu(em inglês)

66 MA102009 www.ne.org.br

Plano de aula Animais "faxineiros"Objetivos• Aprender a importância deanimais detritívoros e necrófagos.• Debater a noção de"nojento":ela se aplica aos animais?

Conteúdo• Decomposição.

Tempo estimado Uma aula.

Material necessário Imagensde animais necr6fagos.

Desenvolvimento.la etapaComece perguntando aos alunosquem gostaria de ter um urso pandaou um cachorro como bicho deestimação. É bem possfvel que todosos alunos respondam que gostariam.Agora, faça uma provocação: eum urubu, quem gostaria de ter?provavelmente, você verá caretas eouvirá vaias. Aproveite a reação paraquestionar: o que esses animais têmde tão terrível? Certamente o nojo eo fato de eles não brincarem devemser as respostas mais frequentes.

• 2a etapaContinue a discussão perguntandosobre qual o papel do urubu.Distribua aos estudantes areportagem Como os UrubusConseguem Comer Carne Podre?, darevista Mundo Estranho, disponfvelno stte de NOVAESCOlA.Peça queeles encontrem no texto a razão deas aves preferirem esse cardápioe da função que elas acabamcumprindo com sua alimentação.Com base nas respostas, aponteque, diferentemente do que sepensa, urubus são inofensivose desempenham um papelfundamental: comendo restos deanimais mortos e de lixo, ajudam atransformar o que parecia perdido,sem utilidade, em nutrientesimportantes que vão para o solo (omaterial que sai na excreção sãosubstâncias orgânicas mais simples. • __ .. " •••h ..••.••..•••..•

do que aquelas que compunham oser vivo que morreu, pois já passoupor digestão). Assim, ajudam

outros grupos de seres vivos comfama ruim: fungos e bactérias.Esse nfvel de aprofundamento já ésuficiente, pois, nessa faixa etária,ainda não é necessário enveredarpelas definições de necr6fago,decompositor ou detritívoro (comoas minhocas, que se alimentam derestos de vegetais na terra).

• 3~etapaExplique que outro animal comfunção semelhante é o camarão.Por isso, ele recebe o nome de"lixeiro do mar". Peça aos alunosque descrevam o trabalho do lixeirrecolher o lixo e acondicioná-lo errum local adequado, ou encaminhálo para a reciclagem. Conhecendoo trabalho desse profissional, elese parece com o feito por urubuse camarões? Mostre que são maisrecicladores do que lixeiros.

• 4i1 etapaHora de mostrar que até mesmoas estratégias de reprodução dessgrupo de animais podem ajudar I

tarefa da decomposição. Expliqueque muitas moscas e besouroscolocam seus ovos em matéria endecomposição. Desses ovos salrã.larvas, que também terão umpapel de necrófagos. Outrogrupo de besouros que se alimende restos são os famososrola-bosta, nome popular de umbesouro que rola pequenas esfer,de fezes, nas quais coloca seus 0\cujas larvas se nutrem da rnatértem decomposição.

AvaliaçãoPor meio de perguntas, verifiquese o olhar da turma sobre necr61e decompositores mudou com bno novo conhecimento adquiridEm termos de conteúdo,o fundamental é que os alunostenham entendido o conceitode que os nutrientes presentesnos seres que morrem são reclcpor organismos na natureza.

Consultoria MARCOS ENGELSTEIbiólogo, professor de Biologia• aó c\Sie\j1J \~ biW,e c\.<Jó''''"·

de Ciências do Colégio Anglo-Brêambos em São Paulo.

Page 66: Nova Escola Edição 222
Page 67: Nova Escola Edição 222

=--===.- --

Solucão na medidCl,Desafios reais com unidades de comprimento, massa, capacidadee tempo colaboram para explicar equivalências e relações entre qrand:BEATRIZ SANTOMAURO, de Pirangi, SP [email protected]

Suponhamos que você, professor deMatemática, chegou ao ponto do

currículo em que precisa ensinar quan-tos mililitros cabem em 1 litro. Qualestratégia é a mais eficaz: anotar noquadro a equivalência "l I = 1.000 ml" epedir que os alunos a memorizem? Oulevá-los a perceber qua 1é a relação entreas unidades por meio de uma atividadeque envolva, digamos, copos de 250 rni-

68 MA102009 www.ne.org.br

litros e uma jarra de 1 litro? Nunca é de-mais lembrar que a melhor alternativa éaquela em que o aluno tem a oportuni·dade de testar hip6teses para construir oconhecimento. Só mostrar as regras semconsiderar o raciocínio que levou à suaconstrução não ajuda a aplica r o que foiaprendido em outras situações.

Foi pensando na necessidade de mos-trar como o conhecimento pode ser ge-

ncralizado que a professora Elainenha Mattioli Coviello, da EE joacAbreu Sampaio Vidal, em Piraruquilômetros de São Paulol dese:uma sequência didática sobre gre medidas para alunos de 3a sérquadro na página seguinte). Baseem problemas concretosl relacioconsumo de ãgua, ela envolveuem atividades que exigiam a COJ1

Page 68: Nova Escola Edição 222

das unidades de medidas mais usuais -comprimento (metros, centímetros equilômetros), massa (gramas e quilogra-mas) e capacidade (mililitros e litros) - ea análise de diversos procedimentos decálculo - área, perímetro e vazão.

O projeto, que mobil izou a classe erendeu avanços no aprendizado do con-teúdo, foi um dos vencedores do PrêmioVictorCivita - Educador Nota 10."O tra-balho indica que é interessante abordar

um problema específicoe depois propor outrosusos para ampliar aabrangência do quefoi aprendido", explicaPriscila Monteiro, co-ordenadora da forma-

ção em Matemática da prefeitura de SãoCaetano do Sul, na Grande São Paulo, eformadora do projeto Matemática É 0+,da Fundação Victor Civita. "Nesse senti-do, ele pode ser replicado em outras salasde aula por todo o Brasil."

MAIS NO SITE - svreecs e informaçoesobre O trabalho daEducadora Nota 10.

o<M'.ne.org.brfmatematic.a

Copos, calendários e metrospara apresentar as medidasPara a turma entender que é possívelusar uma situação particular de estudopara generalizar e extrapolar o mesmoraciocínio para outros casos, a interven-ção do professor é essencial (leia a sequên-cia didática na página 7]). No bloco deconteúdo de grandezas e medidas, paraintroduzir o conceito de equivalência,por exemplo, uma opção é pedir que osestudantes levem diversos tipos de reci-piente: copos de lanchonete, patinhosde supermercado, vasilhames com gra-duação de mililitros, baldes grandes egarrafas de refrigerante. Medir quantasgarrafas cabem em um balde já permitea primeira aproximação com a idela decomparação de capacidades. A familia-ridade aumenta se a garrafa tiver, porexemplo, um rótulo que indique o con-teúdo que suporta: a garotada descobreque é preciso examinar bem os recipien-tes para encontrar informações que pos-sibilitem a comparação numérica.

O mesmo processo vale para apresen-tar as unidades de tempo: trabalhar.

Um projeto que não fez águaElaine Terezinha Mattioli Coviellonasceu em Vista Alegre do Alto,a 385 quilômetros de São Paulo. Casadae mãe de um filho, é docente há 20 anos.Formada em Pedagogia, atua comoprofessora polivalente na EEJoaquimde Abreu Sampaio VidaI, masaprofundou-se em matemática depoisde cursar uma especialização na área."Os conhecimentos que aprendi no cursoe apliquei em minha prática certamenteme ajudaram a conceber o projetopremiado", afirma.

• OBJETIVOA meta principal era fazer com queas crianças, em vez de apenas montaralgoritmos e aplicar fórmulas semcompreender a questão, resolvessemproblemas de grandezas e medidasentendendo o porquê dos cálculos. Umdesafio impulsionou a investigaçãoda turma de 3" série:"Quanta águagastamos para lavar o pátio da escola?"

• PASSO-A-PASSONa primeira etapa. Elaine propôs que ascrianças comparassem a quantidade deágua presente em diversos recipientes,com e sem graduação de mililitros, epercebessem as relações de equivalênciaexistentes entre eles. Na fase seguinte,incentivou que a turma usasse o mesmoprocesso para entender outras unidadesde medida, como as de tempo e as

de comprimento. O terceiro passojá envolvia cálculos que juntavamduas grandezas diferentes. Comrelóqio, baldes, mangueiras e canecasgraduadas, os estudantes anotaramquanta água era despejada duranteum minuto. Também aprenderam que,para encontrar a quantidade de litrosacumulados em 3 minutos, precisariammultiplicar o valor encontrado por 3.Por fim, aplicaram os conhecimentospara avaliar a forma mais econômicade lavar o pátio. Enquanto um grupomedia a quantidade de água usadacom uma mangueira para lavar umaárea de 4 metros quadrados, outrousava a mesma estratégia para aferir ogasto de água em baldes em uma áreasemelhante. No fim, todos perceberamque gastam mais com a mangueira,o que significa desperdfcio, e puderammudar o comportamento no usoda água na escola e em casa.

• AVALIAÇÃOElaine acompanhou o desempenhode cada aluno tendo em mãos váriosregistros, o que permitiu a mudançade rumos nas propostas e a retomadade temas pouco compreendidos. Ao fimde cada etapa, as crianças produziramtextos que formaram portfólios,cartazes que resumiram o aprendido,e gráficos construfdos no computadorpara organizar os novos conhecimentos.

www.ne.org.br MAID2009 69

Page 69: Nova Escola Edição 222

o uso do calendário e ensinar a verhoras são maneiras de entender as equi-valências entre minutos, horas e segun-dos. Entre as atividades possíveis estão,por exemplo, localizar datas importantesdentro de um mês específico e calcularquanto tempo falta para chegar lá.

Já para pensar nas medidas de com-primento, o professor contrapõe formasde estimar as distâncias até a escola. En-quanto um aluno pode ter a noção deque percorre 1 quilômetro, outro diz quesão dez quadras, enquanto um terceirodá a resposta em metros. Essa pode ser

70 MA102009 www.ne.org.br

uma excelente ocasião para explicadiferença entre medidas convencior(nesse caso, metros ou quilômetronão convencionais (quadras).

Mais que apenas fórmulas,a generalização exige desafio,A partir desse ponto, você já podetimular o desenvolvimento de ocompetência bastante importante: iltificar qual medida utilizar para estiuma grandeza. Será quilograma? MeLitro? Minutos? Mostre que a respdepende do que se deseja medir - mcomprimento (ou cálculos como árdistância), volume ou tempo. Parauma dessas características, existe urrtrumento adequado. É essencial deisso claro porque nem sempre é evite para as crianças dessa faixa etámaneira de usar cada instrumentmedida. Por outras palavras, não Sf

ta apenas de saber que a quantidaclíquido se mede em litros, mas tamque medir a capacidade de uma cd'água, por exemplo, com baldes f

com xícaras, vai deixar o cálculo rrtrabalhoso, embora menos preciso.

Finalmente, chega a hora de 1ralizar a explicação, trazendo par.contexto mais amplo os exemplo:

.

Page 70: Nova Escola Edição 222

ticulares. Nesse ponto, é importante,sim, mostrar as relações de equivalência(coisas como 1 1= 1.000 ml, para voltarao exemplo do início do texto) e os al-goritmos que colocam as unidades emrelação, caso das regras para o cálculode área, perímetro, volume e vazão. Maso que se espera, pelo próprio caminhode pesquisa propiciado pela sequênciadidática, é que esse conhecimento façasentido e não seja apenas mais uma frasepara decorar. A tarefa, agora, é abastecera turma com novas situações problemapara aplicar as fórmulas, mostrando suavantagem principal: facilitar o cálculo,levando ao resultado correto indepen-dentemente dos números envolvidos eda questão proposta.

Como último lembrete, vale dizerque, nesse percurso do particular ao ge-rai, é preciso ficar atento para não cairna armadilha de que tudo que se ensinaprecisa ser aplicável no cotidiano. A ver-dade é que o conhecimento matemáticonão pode ser reduzido meramente a finsinstrumentais - conteúdos como núme-ros primos e equações de 2° grau têm,em tese, pouca relação com a realidadeconcreta. Nem por isso devem ser aban-donados: ao contrário, são essenciais aodesenvolvimento do pensamento ma-temático e lógico. Mas o caminho paratrabalhar tanto as questões ligadas aodia-a-dia como as abstratas é o mesmo:desafiar o aluno com situações proble-ma, deixando-o pensar e encaminhandoseu raciocínio de modo que ele possa en-contrar a melhor solução. ~

QUER SABER MAIS?

ContilltosEEJoaquim de Abreu Sampaio Vidal,R. Prudente de Moraes, 993, 15820-000,Pirangi, Sp,tel. (17) 3386-3332Elaine Terezinha Mattioli covteuo,[email protected]ção ao Estudo das SituaçõesDidáticas - Conteúdos e Métodos deEnsino, Guy Brousseau, 128 págs., Ed.Ática,tel. 0800-115-152, 32,90 reaisInternetEm abc.gov.ar/lainstitudon/siste m aeducativo/ed ucpri maria/defa u11.cfm, sequênctas didáticas sobre grandezase medidas (em espanhol)

Sequência didáticar----------- ,

Relações entre unidadesObjetivo• Aprender equ ivalênciasentre unidades de medida decomprimento (metros, centímetrose quilômetros), massa (gramase quilo) e capacidade (mililitrose litros) utilizando as relaçõesde proporcionalidade entre elas.

Conteúdos• Relações entre unidadesde medida, sistema de numeraçãoe proporcionalidade.

Anos 4° e 5° ano.

Tempo estimado 12 aulas.

Material necessário Reci pientesde diversos tamanhos, com e semgraduação, fita métrica, régua,e balança (uma por turma).

Desenvolvimento.1<11 etapaProponha aos alunos situaçõesque envolvam medições efetivas,como a quantidade de águaem recipientes e a altura doscolegas, para que adquiram certafamiliaridade com os instrumentosde medida e com os valores obtidosnas medições realizadas.

.201 etapaInicie o estudo das unidadesconvencionais de medida(comprimento, capacidade e massa)propondo problemas que abordema equivalência. Alguns exemplos:-"Tenho duas ripas de madeira,uma mede 126 centímetros e outramede 1 metro e 20 centímetros.Qual é a mais comprida?"-"Em um copo cabe mais ou menosque meio litro de água? E que200 mililitros?"Em seguida, levante questõesque envolvam quantidadesrepresentadas em númerosdecimais ou frações - esse desafioé importante, pois os númerosracionais são importantes nasmedições. Algumas possibilidades:-"Este quadro mede 2 metros e 45centímetros. Qual das seguintesescritas representa o comprimentodele: 245 centímetros, 2,45 metros,

24,5 metros ou 245 metros?"-vjoão caminha meio quilômetropara chegar à escola. Quantosmetros ele percorre nesse trajeto?"

.3<11 etapaTrabalhe, agora, outra habilidade:a realização de estimativas decomprimento, capacidade e massaem situações que exijam selecionaruma unidade de medida (convencionalou não) para fazer a comparação.Nessa fase, o objetivo é a turmaconstruir uma imagem mental dequanto ocupa) aproximadamente,cada unidade de medida. Você podepropor problemas como:- "Qual é a altura aproximada daárvore que a gente vê da sala?"- "Anote ao lado de cada quantidadeo nome de um objeto que possa tera medida indicada em cada caso:1 quilograma, 50 centímetros, 10 litros,75 gramas, 500 mililitros,1/4 quilograma e 3/4 litro:'

.401 etapaMomento de aprofundar o trabalho:proponha aos alunos que elespróprios construam as relaçõesentre as diferentes unidades demedida. Recordando as atividadesde equivalência realizadas nas etapasanteriores, eles devem preenchertabelas como esta:

Repita o mesmo procedimento paraunidades de massa e de comprimento.Peça, ainda, para que cada alunoexplicite os argumentos das respostas.

AvaliaçãoCom novos problemas, verifique seos alunos compreendem e utilizam asrelações entre as diferentes unidades:- "Quantos tomates pesam,aproximadamente, 1 quilo?"-"Estime: o peso de sua mochila,o comprimento do mastro da bandeirae a quantidade de leite que cabe numajarra da cozinha da escola."

Fonte Atividades adaptadas do materialOrientaciones Didáeticas sobre laEnseiíama de la Medida en 20 Ciclo,do governo da Provfncia de Buenos Aires.

www.ne.orq.br MAlü2009 71

Page 71: Nova Escola Edição 222

Eu e você, você e elDesde cedo, as crianças percebem as outras. Imitando as ações dosadultos, desenvolvem a empatia necessária para cuidar dos colegasAMANDA paLATO [email protected]

Um bebê está chorando e outracriança logo coloca uma chupeta

na boca do pequenino. Mais que umatentativa de silenciar a gritaria, a inten-ção é cuidar dele - assim como a própriacriança foi e é cuidada. Trata-se de umadas primeiras manifestações de preo-cupação com o bem-estar alheio. Reco-nhecer o outro e cuidar dele, portanto,são atitudes que a creche deve trabalhar

permanentemente.Não é um processo rápido. O psicólo-

go e filósofo francês Henri Wallon (1879-1962) descreveu a evolução da relaçãoentre o "eu" e o "outro" em etapas. No

início da vida, o bebê está em simbiosecom o meio: ele e tudo ao seu redor são amesma coisa. Só depois de 2 anos e meio,essa distinção começa a ficar mais clara,com a criança aumentando a percepçãosobre sua própria personalidade. Para is-so, ela experimenta vários papéis e imitacolegas, pais e educadores.

É nesse jogo de representações queaparecem as ações de cuidado. "Os pro-fessores podem até propor situações coma intenção de trabalhar essas questões,mas nem sempre as crianças irão respon-der. Nessa faixa etária, isso é normal", dizMárcia Fiori, coordenadora do Centro de

Formação profissionale Educacional (Ceduc),na capital paulista. Mes-mo assim, é necessáriofazer convites para favo-recer o reconhecimentoe o cuidado com o colega: chamalevar uma fralda, oferecer uma rdeira, tocar o outro com carinho eatividades que promovam o estamento de vínculos e a interaçãoplano de trabalho na página seguiideal é que essas atividades façate da rotina. Na UDI PatrimônUberlândia, a 555 quilômetros c

MAIS~comunilEducaçàwww·neeinfanti

72 MAI02009 www.ne.org.br

Page 72: Nova Escola Edição 222

r----------------------------------------------------.,

Horizonte, os bebês ficam juntos comos maiores da creche, o que favorece ocontato. "Mordidas e empurrões acon-tecem, mas em proporção bem menorque abraços e carinhos", conta a diretoraLeila Maria Cardoso Santos. Em umatarde, uma criança de 1 ano e meio viu aprofessora brincando com um colega me-nor no escorregador e correu para avisar:"Pega ele. Vai machucar!"Quando a pre-ocupação com o bem-estar é trabalhadano dia-a-dia, a garotada aprende rápido a.importância que o outro tem. ti

QUER SABER MAIS?Contotosíris Franco, [email protected] Patrimônio, R.Tenente Rafaelde Freitas, 801,38411-066, Uberlândia, MG,tel. (34) 3216-5490•••••••••••• 1IaA linguagem Corporal da Criança,5amy Molcho, 224 péqs., Ed.Gente,tel. (11) 367(}2500, 34,90 reaisSaber Cuidar: Ética do Humano,Compaixão pela Terra, Leonardo Boff,200págs., Ed.Vozes, tet, (24) 2233-9000, 35 reaisIn_Em www.ced.ufsc.br.a dtssertaçãode mestrado Ser Professora de Beb€s,de Fernanda Carolina Dias Tristão

Plano de trabalhoObjetivos• Favorecer o cuidado com o outroe regras de convivência.• Resgatar a história de cadacriança.• Aprender a confiar no processode dar e receber.

Anos Creche.

Tempo estimado Um dia.

Material necessárioBolinhas de plástico (maior doque a boca dos bebês), tinta atóxtcae não solúvel, cola, pedaçosde pano, revistas de bebês,cartolina, tesoura e lápis de cor.

Desenvolvimento.13 etapaProponha uma atividadeàs crianças maiores de 2 anospara que conheçam a vidados menorzinhos: coloque váriasrevistas de bebês no chão e sugiraque escolham algumas imagens.Recorte-as e cole numa cartolina.Enquanto isso, perguntea cada uma por que escolheuaquela figura (aos que nãoresponderem, indague comoestá o bebê na foto: sorrindo,chorando, comendo, se parecefeliz ou triste etc.). Deixe o painelde fotos de bebês expostoaté o fim da atividade.Diga às crianças que irá pedirà farnflia uma foto delas quandobebês. Ao fazer o pedido, sugiraque os pais escrevam algumacaracterfstica marcante,um fato interessante ou algoque o filho fazia ou de que gostavaquando era menor.

.2" etapaApresente ao grupo as fotose as histórias encaminhadaspelos pais. Proponha quecada criança cole sua fotonuma folha e faça uma moldurapintada com lápis colorido.É fundamental que você expliquea elas que já foram bebê um dia-uma boa estratégia é comentaras semelhanças físicas quea imagem revela.

Visita aos amigos.3" etapaConte para aos maiores de2 anos que eles farão uma visitaao berçário e sugira queconstruam um presente paradar aos bebês. Para confeccioná-los,entregue duas bolas de plástico paracada criança, explicando que umaserá para ela brincar e a outra deveráservir de base para o presentedos bebês. Utilize tinta misturadaà cola branca ou pedaços de panopara decorá-Ias.

• 4" etapaAs professoras do berçáriodevem organizar os bebês emgrupos para receber a visita.Em um que reúna bebêsde 4 a 8 meses, as auxiliarese professoras precisam permanecerao lado para ajudar aqueles queainda não seguram a bola. Aoreceber os presentes dos maiores,elas devem pegá-lo e agradecê-lo.Em outro grupo, com bebês de 9meses a 1 ano, deve-se dizer paraeles que estão recebendo umpresente, feito pelo seu arniqo,e que poderão brincar com ele.É muito comum que o bebêdevolva a bola. Nesse momento,é fundamental que o professorexplique o ato, dizendo à criançaque deu o presente que o bebê querbrincar de dar e receber. Nãose esqueça de monitorar O toquedas crianças nos bebês, pontuandoa cada gesto que se deve tercuidado, "traduzindo" as expressõesde satisfação ou desprazerdo bebê para as crianças.

Anll~çãoAnalise a atividade em conjuntocom a equipe do berçário,identificando a forma comocada um interagiu comos outros e como foi a qualidadedas trocas afetivas do encontro .Verifique, ainda, o nfvelde confiança do processo de dare receber para cada pequeno.

Consultoria íRIS FRANCO, psicólogada Clfnica Infans, e VITORIAREGISGABAYDE SÁ, coordenadorapedagógica da Escola Jacarandá,ambas em São Paulo, SP.

www.ne.orq.bt MA102009 73

Page 73: Nova Escola Edição 222

Pesquisa com rltrruExplorando a habilidade dos pequenos para tocar instrumentos e dançaleve-os a descobrir como as manifestações artísticas expressam a culturANA RITA MARTINS [email protected]

Dançar, batucar e cantar são formasde manifestação que fascinam

desde que o homem é homem. Ao lon-go de pelo menos 130 mil anos da traje-tória humana no planeta, combinaçõesde gestos, ritmos e sons foram capazes

de exprimir, a um só tempo, costumes,tradições e visões de mundo de incontá-veis povos e grupos sociais. Em poucaspalavras, tanto a música como a dançatransmitem cultura. É papel do profes-sor mostrar essa ligação - sem deixar de

lado, claro, o aspecto lúdico que seencanta "quem é ruim da cabeça oente do pé", como diz o histórico 5de Minha Terra, de Dorival Caymrr

As crianças, você sabe, encontrabrincadeira uma poderosa ferramer

74 MAI02009 www.ne.org.br

Page 74: Nova Escola Edição 222

experimentação e co-nhecimento. Em ge-rai, adoram músicae dança. Era assimcom os pequenos

da pré-escola do CEISanta Escolástica, na capital paulista.Atenta a essa empolgaçào, a professoraLuciana do Nascimento Santos fez o Ób4

via: pôs a meninada para tocar, cantar edançar. Mas foi além. Primeiro, estabele-ceu um foco para sua atuação, exploran-do influências da cultura africana como aprendizado de instrumentos comoagogô, caxixi e alfaia e de danças comojongo, maracatu c coco. Em segundo lu-gar, encarou essas práticas como meiosde pesquisa cultural, conduzi~do a tur-ma na descoberta da história da África esuas ligações com o Brasil.

O resultado desse trabalho rendeu àprofessora o troféu de Educadora Nota10 do Prêmio Victor Civita de 2008 (leiao quadro ao lado). "O que me entusias-mau foi o fato de os pequenos teremaprendido muito sobre a África ao fimdo projeto", afirma Karina Rizek, coorde-nadora de projetos da Escola de Educa-dores, em São Paulo, e selecionadora doPrêmio Victor Civita - Educador Nota10."Além disso, Luciana colheu os frutosde ter apostado na capacidade artísticada meninada. Nunca vi crianças daquelaidade dançando e tocando tão bem."

Pesquisar em fontes variadaspara conectar arte e históriaResultados tão impressionantes nãosurgem por acaso. Para que a música e adança se tornem objetos de pesquisa - econduzam, de fato, ao alargamento dorepertório cultural da turma -, você nãodeve se restringir apenas ao ensino dosinstrumentos e movimentos rítmicos(leia a sequência didática na página 77).O.k., o desenvolvimento dessas habilida-des específicas não fica de fora (vamosfalar sobre isso mais adiante). Mas épreciso, ainda, estimular pesquisas quelevem a garotada a 'entender as raízesculturais das práticas artísticas. Nessaperspectiva, algumas perguntas fun-"

Construindo a ponte Brasil-África

Quando pequena, a professorapaulistana luciana do NascimentoSantos ouvia, maravilhada, o pai tocarsanfona. O amor pela música cresceujunto com a menina. Hoje, aos 26 anos,trabalhando com os pequenosna Educação Infantil há nove,transforma os sons em aprendizagem.Em seu projeto na CEI Santa Escolástica,na favela de Paralsópolis, na capitalpaulista, as crianças passaram a tocarcaxixi, agogõ, alfaia e pandeiroe a dançar coco, maracatu e jongo.Tudo aliado a uma extensa pesquisasobre as relações entre Brasil e África"diferencial que rendeu elogios da equipeselecionadora do Prêmio Victor Civita -Educador Nota 10.

• OBJETIVOSTrabalhando durante seis meses comcrianças de 5 e 6 anos, luciana levou-as areconhecer a influência cultural africanana cultura brasileira. Ao investigar eaprender manifestações culturais-especialmente a dança e a música -. elasaumentaram seu repertório e passarama valorizar essas contribuições.

• O PASSO-A-PASSOA sequêncta didática de ampliaçãocultural é de tirar o fôlego: incluiu ouso do globo terrestre (para localizar oBrasil, a África e a distância geográficaque os separa), a leitura de reportagens,textos e de um dicionário de palavrasafricanas, rodas de conversa e de

contos africanos, visita de especialistas,idas ao museu e a confecção de umpainel fotográfico com as informaçõesaprendidas. Para ensinar música, Lucianaofereceu inicialmente instrumentoscaseiros feitos com embalagensdescartáveis e sucata.Assim que os pequenos perceberamos sons e aprenderam a usarcuidadosamente os objetos, elespuderam explorar os instrumentosprofissionais. Depois que cada umescolheu o seu, a professora sugeriuque todos acompanhassem músicasgravadas para aprimorar o ritmoe a visão de conjunto. No caso dadança, as marcaçôes serviram de basepara o ensino dos passos, apoiadoposteriormente em OVOs espedficos .

• AVALIAÇÃOA professora analisou a evolução dacompreensão nas situações de leiturade imagens e de contos africanos. Aavaliação do trabalho de ampliaçãocultural atentou para a evolução dacapacidade das crianças em pesquisar-escolhendo fontes, coletando material esintetizando-o. No caso da música e dadança, Luciana privilegiou não apenaso conhecimento espedfico mas tambémo trabalho em grupo, sem se preocuparse estavam todos tocando ou dançandobem. "Tocar e dançar são atividadeslúdicas por natureza. Não se podeperder isso de vista, principalmentena Educação Infantil", explica.

www.ne.org.br MAI020Q9 75

Page 75: Nova Escola Edição 222

• damentais, que podem vir juntapresentação de danças e instrumerescolhidos, são: de que países eles vêComo estão ligados às condições de \do grupo estudado?

Das respostas, surgem as pistas Iprosseguir na atividade. Escolher o mrlal de acordo com a faixa etária é escial para a ampliação do conheci meComo em todos os projetos de pesqivale investir na diversidade de fontesEducação Infantil, o ideal é que livtrevistas tenham figuras ricas em detamas incluam também pequenos tee legendas para desde cedo premo-contato com a escrita. Rodas de cque focalizem lendas e histórias solpaís estudado (e, se possível, em cdança e a música também sejam corpiadas) são opções interessantes.

Para ensinar a cantar e dançinstrumentos de verdadeSe o trabalho de ampliação cuguarda semelhanças com a pesquíoutras áreas, a tarefa de ensinar ainstrumentos e a dançar exige um ccimento específico. O exemplo dena dá a dimensão do esforço: didois anos, ela fez cursos e participoficinas para aprender as danças emos que queria ensinar na sala di

76 MA102009 www.ne.org.br

Page 76: Nova Escola Edição 222

A professora aprendeu, por exemplo, queos instrumentos de percussão são os maisindicados para trabalhar na Educação In-fantil,já que não exigem a compreensãodas notas musicais. Também descobriuque a qualidade do som é diretamenteproporcional à do equipamento. Portan-to, nada de pandeiros, tambores e batu-ques "de mentirinha", desses de lojas debugigangas. O investimento é maior, maso resultado final compensa.

Já o trabalho prévio à execução mu-sical tem custo zero. A marcação, ativi-dade essencial para compreender o rit-mo, exige apenas que o professor cante.Você pode orientar os pequen'i's a baterpalmas para acompanhar uma música,

ressaltando os intervalos regulares quecompõem o ritmo. Em seguida, entraem cena a percussão corporal. Ao pedira cada criança que faça um barulho comuma parte do corpo (mãos batendo naspernas, pés batendo no chão e sons com aprópria boca), você mostra que o própriocorpo pode ser produtor de ruídos.

Na dança, antes de mergulhar no en-sino dos passos das modalidades escolhi-das, as marcações com os pés e as mãostambém são essenciais para que a turmaperceba que elas estabelecem uma inten-sa conversa com o ritmo. Não se esqueça,porém, de que apenas ensinar a tocar cdançar restringe a riqueza do trabalho.Luciana entendeu o recado. Ciente do

papel da cultura nas práticas artísticas,aproveitava para relembrar a todo mo-mento a origem dos instrumentos e dadança, fazendo a turma entender o realsignificado do som e da ginga que viven-ciavam na escola. [g

QUER SABER MAIS?ContatosCEI Santa Escolástica,R. ltapanhaú, 170, São Paulo, Sp,05665-060, tet. (11) 3742-0399Karina Rizek,ka ri na ri zekgescotadeeducadores.com.brlucia na do Nascimento Santos,[email protected]úsica na Educação Infantil,'reca Alencar de Brito, 204 págs.,Ed. Petrôpotts, tel. (1 1) 3816-0699,46 reais

r--------------------------------------------------------------------------------,Sequência didáticaObjetivos• Conhecer e vivenciar produçõesculturais brasileiras cominfluências africanas.

Conteúdos• Heranças culturais africanase brasileiras.• Música, dança e brincadeiras.

Anos Pré-escola.

Tempo estimado Dois meses.

Material necessárioLivros, revistas, imagens, materialpara registro, CDs com músicasafricanas e brasileiras, tecidos,instrumentos musicais e mapas.

Desenvolvimento.1a etapaApresente músicas brasileiras deritmos de origem africana (comoo samba e o maracatu) e conversecom as crianças sobre elas: jáconhecem? Se parecem com algoque já ouviram? Gostam ou não?Por quê? Explique que essas músicastêm origem em um continentechamado África, separado do .Brasil pelo oceano Atlântico. Paracomparar, escute com o grupo outramúsica (escolha, agora, uma cançãotradicional africana em www.acordacultura.org.br). Questione:

Influências culturais da Áfricaela se parece com a que ouvimosantes? Peça1 ainda, que a turmaleve livros, fotos e outros registrosdo continente. Você também devepreparar a mesma pesquisa.

.23 etapaExplore os materiais trazidos emuma roda de conversa. Foque adiscussão nos costumes dos gruposque serão estudados: vesti rnentas,alimentos, música, dança,brincadeiras etc. Lembre-se demostrar o globo terrestre para quese aproximem da ideia do que é umcontinente ou país.

.3a etapaForme grupos e sugira que cada umaprofunde a pesquisa em um dostemas levantados. Explique que oobjetivo é obter mais informaçõessobre costumes dos povos africanose que cada grupo deve mergulharem um assunto especffico,procurando mais informaçõesem livros, internet, vídeos e outrasfontes de informação. Peça aindaque reflitam: quais das práticaslevantadas também acontecemno Brasil? De que jeito? Comoforma de registro, proponha acriação de um painel coletivo parareunir as informações, garanti ndoque possam ser consultadas portodos sempre que necessário.

.4a etapaLeve para a sala instrumentosmusicais de origem africana, comoagogô, caxixi e alfaia e mostre àscrianças as maneiras de tocá-los.Apresente também coreografiasde danças africanas, como o jongo,para que a turma possa praticar- o uso de OVOs de referênciacom os principais passos é umbom recurso didático. Lembre-sede que essa etapa, que deve duraralguns dias, exige que você seprepare previamente para conhecerinstrumentos e danças.

AvaliaçãoPara avaliar o aprendizado dosprocedimentos de música e dança,observe o desempenho da turmaao longo das atividades, prestandoatenção especialmente na evolução,na parte rítmica. Para verificarconteúdos conceituais (como é aÁfrica, onde se localiza etc.), avalie aparticipação da classe nas rodas deconversa e na construção do painelcoletivo, procurando perceber secada criança levanta hipóteses, ouvea contribuição dos outros e registrano mural suas descobertas.

Consultoria KARINA RIZEK,coordenadora de projetos da Escolade Educadores, em São Paulo, Sp,eselecionadora do Prêmio Victor Ctvita-Educador Nota la.

www.ne.orç.br MAI02Q09 77

Page 77: Nova Escola Edição 222

o que e para queúnPropostas de escrita devem ter intenção comunicativa, gênero edestinatário claros. Projetos didáticos ajudam a conjugar esses fatoresTATIANA PINHEIRO [email protected]

-

Seus alunos acham que escrever éuma chatice? Sofrem para rabiscar

uma ou duas linhas e desistem? Nãodizem nada com nada? Misturam gêne-ros - ou, pior, ficam sempre no mesmo,ou, pior ainda, não têm a menor noçãodo que se trata? Para resolver isso, umcaminho é refletir sobre sua prática emsala. Mais especificamente, sobre suaspropostas de produção de textos. É bemprovável que esteja nelas a raiz da maiorparte das queixas citadas.

O argumento é simples: uma boaproposta de texto precisa ter propósitoscomunicativos claros. Trata-se, segundoos estudiosos, de garantir as chamadascondições didáticas da escrita: o que es-crever? Para que escrever? E, finalmen-te, para quem escrever? Somente res-pondendo a essas perguntas é possíveldeterminar como escrever (aqui entramos gêneros específicos: conto, fábula, re-ceita, reportagem etc.).

Textos de tema livre costumam des-considerar esses requisitos básicos. O re-sultado, quase sempre, é desastroso. Emseu livro Passado e Presente dos VerbosLer e Escrever, a pesquisadora argentinaEmilia Ferreiro demonstra claramentea diferença que uma boa proposta deescrita faz. Enquanto uma redação detema livre sobre o frango (por incrívelque pareça, a proposta era essa) gerouuma composição pobre de conteúdoe de forma indefinida, outra - em quedestinatários, tema e 'motivo da escritaestavam explicitamente definidos - deuorigem a um texto com diversas marcasdo gênero, muito mais coerente e coeso(veja a ilustração ao lado).

78 MAI02009 www.ne.orq.br

6 7 anos- TAALUNO Rarn n, L!NGUA ESCRl _CON1ATO COM A 'dade rura\ pequen,

cOO1unlVive e01 uma I sua professora

d Na esco a,e isola a. ° leracha perda de t~~R1T~Escrever u01 tePROPoSTA DElivre sobre o frangO.

Page 78: Nova Escola Edição 222

o ArcQ

ALUNA Teresa 6 anosCONTATO COM A f .Constante tant l NGUA ESCRITA

, o em casa coNas aulas, escuta a leitura mo na escola.P~OPOSTA DE ESCRITA de contos todo dia.Cnar um contonum livrinho que será transformado

para os Colega TiComo tema o arCO-friso s. eresa escolhe

Essa clareza de propósitos precisa estarpresente em todas as propostas de escrita.Mas há alternativas de trabalho que acen-tuam essas características. A princ!pal de-las é o projeto didático, uma modalidadeorganizativa composta de sequências eatividades que culminam num produtofinal com destinatário definido. "O pro-jeto é a melhor forma de realizar o queos especialistas chamam de transposição

didática dos usos sociais da escrita por CO~

locar o aluno diante de uma prática queconsidera a função comunicativa da lin-guagem", diz Beatriz Gouveia, pedagogae formadora de professores do InstitutoAvisa Lá, na capital paulista.

Um exemplo ajuda a esclarecer doque estamos falando. Vamos supor quea intenção seja propor um projeto didá-tico sobre a vida dos dinossauros para

alunos de 4° ou 5° ano. O produto finalpode ser um livro, com uma coletâneade textos informativos, que ficará dispo-nível na biblioteca da escola. Nesse caso,os propósitos didáticos - aprender a re-conhecer e a produzir textos expositivos- e o propósito social ou comunicativo- produzir um livro sobre dinossaurospara a consulta dos demais alunos - sãodo conhecimento de todos desde o iníciodas atividades. Isso aumenta o entusias-mo para participar das tarefas. Quandosabem que aquela produção terá leitoresreais,o empenho e o cuidado em todas asetapas da produção são redobrados.

Outro aspecto que diferencia o pro-jeto didático é a dura-ção. De acordo com aquantidade de conteú-dos, ele pode ser feitodurante um bimestre

MAIS NOSITEAs reportagens jápublicadas na sérieProdução de Textos.WWW.ne.org.br/Iportuguesaou um semestre, se-

guindo um planeja-mento detalhado das atividades: comoserão feitas, quanto tempo levarão, quala meta de cada uma e como serão avalia-das. Nos projetos de produção de texto.éessencial considerar que cada etapa deveconter práticas de leitura e escrita ou deanálise e reflexão sobre a língua (leia oprojeto didático na página 80).

Interdisciplinaridade eculminância, palavrões a evitar

Se a intenção principal for trabalharprodução de texto, é preciso tomar cui-dado para não exagerar na interdiscipli-naridade, A tentação de querer ensinarde tudo um pouco, forçando a barra paramisturar diversas áreas, não costuma darbons resultados. Para ficar no exemplodos dinossauros, não precisa quebrar acabeça para inserir a qualquer custo umconteúdo de Matemática, por exemplo.

Também não vale pedir tarefas que aturma já sabe e achar que a missão estácumprida. Voltando aos dinos mais umavez, imaginemos que os estudantes jápossuem alguma familiaridade com a lei-tura de mapas. Pedir a eles que localizemos bichos num mapa-múndi, definitiva-mente, não é um bom exemplo de.

www.ne.org.br MAI02009 79

Page 79: Nova Escola Edição 222

.II

como abordar Geografia nesse pro-jeto didático. Não se pode perder de vistaque um bom projeto deve levar o alunoa aprender coisas que antes desconhecia.Trata-se de fazê-lo colocar em jogo seusconhecimentos para resolver um desafio,perceber que o que sabe é insuficiente e,com a ajuda do professor, encontrar ca-minhos para reorganizar suas hipótesese seguir avançando.

Outro pecado muito comum nos pro-jetos é a atenção demasiada à chamada"culminância", o produto final das ativi-dades. A ideia é que a apresentação ou aentrega do projeto concluam uma cami-nhada permeada pelo aprendizado, naqual as crianças parúram de um estágio

menor de conhecimento e chegaram aum maior. "Em nenhum momento daexecução do projeto o propósito social ea culminância devem superar os propó--sitos didáticos. Não se pode perder noitesde sono pensando no que servir de lan-chinho no dia do sarau ou matutandoem que tipo de papel o livro de poesiasdas crianças será impresso", alerta SilviaCarvalho, especialista em Educação e co-ordenadora do Instituto Avisa Lá.

E é sempre bom lembrar que não va-Ie apostar apenas nos projetos didáticos.Apesar de bons, é preciso mesclá-los a ou-tras modalidades organiaativas para queos alunos escrevam mais. O ideal é queescrevam todo dia, em todas as situações

que surgirem e complementem o pro]to principal: tomar nota em situação I

estudo, escrever cartas e bilhetes, tratIhar outros gêneros e assim por diarrEm todas elas, vale a regra de ouro: vodeve deixar bem claro para a turmaperguntas essenciais - o quê, para quee para quê escrever.

iUIIJilti4UiSf.itIJc n tBeatriz Gouveia,[email protected]'Débora Rana, [email protected] Carvalho, [email protected]

~ rflaPassado e Presente dos Verbos Lere Escrever, Emilia Ferreiro, 96 páqs.,Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616,15 reais

r-------------------------------------------- ~---------------- ----------------Projeto didático Mural de animais em extin -o

Objetivos• Familiarizar-se com o gêneroexpositivo.• Aprender procedimentos de revisão.• Reconhecer as característicasde fichas técnicas e produzi-Ias paraum mural a ser exibido na escola.

Conteúdos• Produção textual (textosinformativos).• Procedimentos de pesquisa.• Revisão.

Anos 10 ao 5°.

Tempo estimado Três meses.

Material nKPS5 rio Enciclopédiase revistas de informação, tesoura,cola, cartolina, canetinhas e papéis.

Desenvolvimento• la etapaInicie compartilhando com a turmacomo será o produto final. É omomento de dividir com 05 alunos oque vão aprender, a razão de estudaro conteúdo, o que vão produzir e paraquem vão apresentar. No caso domural de animais em extinção,conteque o desafio é organizar, em fichastécnicas, o que sabem sobre o assuntopara apresentá-los à comunidadeda escola e às famflias.

• 2a etapaPara que os estudantes escrevam umtexto informativo, precisam antesse familiarizar com ele. Aborde esseaspecto pedindo que eles levemlivros, fotos e reportagens quejulgue interessantes sobre animaisem extinção. Amplie esse acervocom enciclopédias, livros, revistas esites sobre o assunto, cuidando paraincluir fichas técnicas, pois elas serãouma referência para o trabalho daturma. Organize situações de leitura,conversando sobre como O texto éescrito, qual tipo de informação ele traz,de que modo os dados são descritos equais os termos mais usados.

• 3a etapaDepois da familiarização com osmateriais, é hora de se debruçar sobreeles para selecionar informações.Divida a garotada em grupos edistribua os materiais para pesquisa .Aborde procedimentos como busca,seleção e anotação das informaçõesrelevantes, rediscutindo-os até que Oresultado da pesquisa seja satisfatório.

li4a etapaMomento de usar as informaçõeslevantadas para a elaboração das fichastécnicas. Para isso, preveja momentosde escrita tanto em grupo comoindividualmente. A comparação e a

referência a bons exemplos de fichastécnicas, assim como o retornoaos textos para recuperar e ampliaras informações são sempre úteis.

• sa etapaOrganize uma ou mais sessões derevisão coletiva que sirvam de modelopara a atuação dos alunos. Destaquetodos os aspectos que podem serrevisados: organização da linguagem,ortografia e informações.

• 6a etapaTraga exemplos para que a turmasaiba como montar um mural. Alertepara a necessidade de ilustração, detítulo e do tamanho das letras dasfichas para a leitura, tendo sempre emvista as especificidades do público.

Produto final• Mural de fichas técnicas.

Avallaç oDurante todo o projeto, avalie,nas falas e nas produções dascrianças, se elas conseguiram obterinformações corretas e suficientes emtabelas e esquemas, transpondo-asadequadamente para o mural.

Consultoria BEATRIZ GOUVEIAe DÉBORA RANA, formadorasde professores do Instituto Avisa Lá,em São Paulo, SP.

NO PRÓXIMO~~.-..- _. _. - - .....Reescrita80 MA102009www.ne.org.br

,

Page 80: Nova Escola Edição 222

EWLÇa seu &úteLW e, pM&ipe,d.G P!lf)CUliG &e, UCGeJta...EDITORA do BRASIL

08007701055

Page 81: Nova Escola Edição 222

\

I

Page 82: Nova Escola Edição 222

Será que elas são......Homofóbicas? Sim, pesquisas indicam que as escolas brasileiras sãopreconceituosas com os gays. Informação é a arma para reverter o quadroTATIANA PINHEIRO [email protected]

Doaluno que desmunheca ao grupi-nho de meninas que brinca de bei-

jar na boca,a escola convive diariamentecom situações que colocam a orientaçãosexual dos alunos em discussão. Os jo-vens que apresentam comportamentosheterossexuais, condizentes com O sexobiológico, não preocupam. Meninos secomportam dentro das regras para o gê-nero masculino e meninas seguem ojeito predefinido das garotas.

,Ii':"'~;' nr_§"'i~"

COMO LIDAR COM UMA,ALUNA GAVASSUMIDA?

* •.

Ao iniciar qualquer diálogo,o professor deve aceitara autodefinição da aluna,sem a questionar. A estudantetem o direito de proteçãoa reações hostis para se vere se julgar pela sinceridadedos seus desejos, sempreconceitos. Outrosestudantes poderão reagirnegativamente à presençade um gay na sala de aula,mas lembre-se de que elestambém estão preocupadosem tentar construir a própriaidentidade (e pode serperturbador observar esseconfronto com alguém quenão siga o caminho damaioria). Grande partedos homossexuais descobreseu desejo sexual na idadeescolar, como acontece comos heterossexuais. Durante

o termo heteronormatividade resumeesse conjunto de atitudes preconceituo-sas e compulsórias. "O conceito embasaa ideia de que a heterossexual idade é asexualidade natural", diz Maria CristinaCavaleiro, pedagoga do Grupo de Estu-dos de Gênero, Educação e Cultura Sexu-al da Universidade de São Paulo (USP).

Nesse cenário, a homossexualidade ea bissexualidade são consideradas desviosda norma. Uma pesquisa da Fundação

PERGUNTA DO LEITORA. S., São Luis, MA

a adolescência, jovens podemter experiências com colegasdo mesmo sexo, o que nãoé a comprovação irrefutávelda orientação de alguém.Pode ser um meio de buscar'conhecer certas formasde satisfação. Mas podetambém ser o momentode uma descoberta, caso ojovem se sinta confortável coma experiência. O problema nãoé o aluno ser declaradamentegay, mas como podemosaprender (e também ensinar)que são múltiplas as formasde vivenciar os afetose a sexualidade. A Educaçãodeve desmontar estereótipos,veicular conhecimentosobjetivos e fomentarnos jovens a capacidadede defender a si própriosde forma não violenta.

Perseu Abramo publicada este ano mos-tra que, quando perguntados sobre pes-soas que menos gostam de encontrar, osentrevistados classificaram em quartolugar os homossexuais (16%). Foram dei-xados para trás somente por usuários dedrogas, pessoas que não acreditam emDeus e ex-presidiários.

Quando o olhar se volta para a escola,o panorama não é diferente. Outro estu-do, divulgado em 2004 pela Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura (Unesco), revela quequase 40% dos alunos entrevistados nãogostariam de ter homossexuais como co-legas e mais de 35% dos pais não gosta-riam de tê-los como amigos dos filhos.

Antes de tudo, o que deve ficar claropara todos é que ninguém escolhe sergay. "Essa orientação tem relação diretacom o desejo, a atração física por alguémdo mesmo sexo. E não é premeditado.Ocorre espontaneamente", diz o profes-sor Luiz Ramires Neto, mestre em Edu-cação pela USP e um dos diretores daorganização não-governamental Cidada-nia, Orgulho, Respeito, Solidariedade eAmor (Corsa), de São Paulo.

Segundo ele, até hoje não há análisesconclusivas sobre o assunto, nem nocampo da genética nem nos estudos so-bre o impacto do ambiente social (leia asdúvidas respondidas nos destaques destareportagem). O fato é que, no ambienteescolar, comportamentos desviantes danorma muitas vezes são encarados comoproblemas. "O professor tem de entenderque não vai mudar a orientação sexualde um jovem, mas tem como despertarna turma o respeito pela diversidade.

www.ne.org.br MAI02009 83

Page 83: Nova Escola Edição 222

, II

Primeiramente, trate essafamília como qualquer outra.A maioria das escolas aindasó entende uma organização:a heteropatriarcal, em quehá o pai, a mãe e os filhos.A questão é que hoje existemvárias configurações possíveisna sociedade: mães solteirasou separadas que criamos filhos sozinhas, avósque cuidam dos netosintegralmente, homense mulheres separadosque se casam novamentee passam a criar juntos osfilhos de outros casamentos,casais homossexuais quese unem e, juntos, cuidamdos filhos de relacionamentosheterossexuais que tiverame assim por diante. Essasdiferentes constituiçõesde família, aos poucos,vão sendo assimiladas pordiretores, coordenadorespedagógicos e professores.

84 MAI02009 www.ne.org.br

PERGUNTA DA LEITORAB. P., Ilhéus, BA

Esse movimento, porém,se dá de fora para dentroe, muitas vezes, ocorrelentamente. É só pensar que,há 30 anos, ninguém ousavacomentar nas unidadesde ensino quando umacriança era filha de paisdivorciados. Aos poucos,a comunidade escolar vaise acostumar com a condiçãoda aluna que tem duas mães,por exemplo. Uma das formasde auxiliar esse processoé abordar a questão. Sempreque houver oportunidadede falar sobre a famíliae suas possíveis constituições,inicie um debate sempreconceito nem viésreligioso. A reunião de paisé outra oportunidade dea escola conhecer quemsão os responsáveis por cadacriança e saber que ti posde arranjo familiarexistem naquele momento.

• sexual", aconselha Maria Helena'leia, diretora do Instituto Kaplan, esjcializado em Educação e sexualidade.educador pode debater com base na rtória de homossexuais que desern]nham funções de destaque ou aproveium debate sobre a família para tratartipos de arranjo, especialmente os qvão além de pai, mãe e filhos;'

Preconceito contra alunos,parentes e educadoresNo dia-a-dia da escola, uma das situaçmais incômodas é a manifestação exarada da homossexualidade. "Assuruma postura de enfrentamento é u

;:! tática de reação muito comum do jOV(

_ ~ que pode se dar por meio de atitudeso~ mo afinar a voz, rebolar (se menino).~o agir de maneira bem agressiva e engl~ sar a fala (se menina)", descreve L~" .;: Facco,doutora em Literatura Cornpar.

pela Universidade do Estado do RioJaneiro (Uerj) e estudiosa do assur"Quem chama a atenção dessa formatá defendendo seu jeito de ser, da rnesmaneira que o faria um aluno esquerta que vai à aula vestindo uma cami:com a estampa de Che Guevara", dizmirez Neto, da ONG Corsa,

Mas nem todos extravasam os sementos. Alguns ficam quietos. São eos que mais sofrem. "Desenvolvempressão e até abandonam a escola",menta a professora e pesquisadoradiversidade de gênero Edith ModeAngela Moysés Nogueira RodriguesBrasília, observou que a sua filha nvelha, Thaís, parecia ser muito tímEnquanto todos brincavam no pátirescola de Ensino Fundamental emestudava aos 13 anos, ela se sentava rcanto para ler. Até que, com O tennuma conversa franca, a menina assuser lésbica. Não havia política na essobre o tema, mas, com a ajuda dedireção passou a orientar os professpara trabalhar a temática.

E quando os pais de alunos são horsexuais? jéssíca Gutierrez e Carina R;res, da capital paulista, criam juntafilhas biológicas de outros casamer

Page 84: Nova Escola Edição 222

uma de 8 anos e outrade 10. "Hoje, as duasnão enfrentam difi-

culdades. Todos sabemque elas têm duas mães", fala jéssica, Ocasal de mulheres participa de reuniõese de eventos sem constrangimentos. Umavez, uma das professoras perguntou qualera a formatação da família, pois precisa-va preparar atividades para o dia dos pais."Explicamos naturalmente e todos en-tenderam", lembra [éssica.

Pena que a clareza e o entendimentonem sempre dão o tom. Há casos em quemanter a discrição sobre a homossexua-lidade poupa sofrimento - e, em últimainstância, garante o emprego. Renato*,professor do Ensino Fundamental da re-de estadual paulista, é gay e procura dei-xar esquecer isso na escola. "Nem todosos alunos sabem. A maioria gosta de es-tar comigo. E os jovens podem se afastarao saber. Não vejo professores homosse-xuais assumidos sendo abraçados pelosalunos com carinho ou afetividade", diz.

Levar uma vida de fingimento, porém,é cansativo. No tempo livre com os cole-gas, por exemplo, Renato se vê obrigadoa passar por situações constrangedoras,como omitir detalhes do seu último fimde semana. Em pesquisas sobre o tema)a escritora Lúcia Facco presenciou casossemelhantes e orienta: "Primeiramente,o gay precisa entender que não é ne-nhum ser especial. Além disso.cabe a elebuscar apoio na direção, já que um tra-balho isolado pode ser mal entendido evisto como uma espécie de apologia. Évital saber que essas atitudes funcioname vão ajudar outras pessoas". C3•o NOM~ FOI TROCAOO PARAPRES~RVARo PERSONAGEM.

QUER SABEIt MAIS?ContatosEdith Modesto, edtthrnodestog'uot.corn.brLuiz Ramires Neto, [email protected] Cristina Cavaleiro,cri [email protected] Uma Vez um Casal Diferente,Lúcia Facco, 296 péqs., Ed. 5ummusEditorial, tet (11) 3872-3322, 60 reaisMãe Sempre Sabe? - Mitos e VerdadesSobre Pais e Seus Filhos Homossexuais,Edith Modesto, 334 páçs., Ed. Record,tel. <11) 3286-0802,45 reais

COMO DEVE SE PORTARUM PROFESSOR GAV?Nada pode forçá-loa manifestar seus desejose nada o obriga a calar sobreas próprias vontades. Decidircomo se posicionar, contandoou não sobre sua orientaçãosexual, vai depender de umasérie de fatores. Um delesé o contexto. Às vezes,assumir a homossexualidadeacarreta consequênciasreais, como o preconceitoaberto e a perseguição porparte de algum integranteda equipe. Fora isso, épossível que os adolescentessejam invasivos ao fazerperguntas muito pessoais.O educador decide se entrano assunto ou não. Quantomais a escola lida abertamentecom a questão da sexualidade,mais condição o professortem de responder francamente

PERGUNTA DO LEITORP. N., Guajara-Mirim, RO

às colocações da turma,mesmo as mais ousadas.A não discriminação sexualé garantida pela Constituição,mas em um ambientehomofóbico esse direitofica prejudicado. Nesse caso,autoridades como promotoresde Justiça e até a políciadevem ser acionadas. Poroutro lado, o docente quese sentir confortávelpode assumir sua opçãosexual. É recomendado quese busque apoio na direçãoou na coordenaçãopedagógica, já que umtrabalho isolado corre o riscode ser visto como apologia.Em todas as situações,o educador precisa terconsciência de que, quantomaior a visibilidade das ações,mais avanços se conquistam.

QU~STOES REPQNDIDAS POR; MARIA CRISTINA CAVALEIRO,DA USP, E lU'Z.RAMIR~5 NETO, DA ONGCORSA

Page 85: Nova Escola Edição 222

Di retona fonteI

Instigados por dilemas profissionais, professoresvão ao exterior pesquisar e responder a dúvidascom os maiores experts da atualidadeRITA LOIOLA [email protected]

Não satisfeitos em pesquisar nos li-vros, educadores brasileiros bus-

cam aperfeiçoamento cara a cara com osgrandes pensadores da Educação atual.São professores que, para obter respostaspara problemas vividos no Brasil, procu-ram cursos de mestrado e doutorado noexterior, em centros acadêmicos especia-lizados em seus temas de interesse.

Além de aprender teorias consagradasna origem, quem embarca nessa viagempassa a ter intimidade com os habituésdas bibliografias dos cursos de formação,assimila novos modos de estudo e conhe-ce pesquisas que demorariam para serpublicadas em português. "Saí uma pro-fessora de escola pequena e hoje voltopodendo ajudar a pensar a Educação domeu país",diz a pedagoga Carolina Brisa,que deixou de trabalhar no Espaço Brin-car, em São Paulo, para cursar em Barce-lona, Espanha, um mestrado com a ar-gentina Ana Teberosky, renomada pes-quisadora da psicogêncse da língua escri-ta e da teoria sociocultural.

Ela queria estudar a relação entre fa-mília e escola, pois lidava com isso tododia. "Aquelas conversas de fim de aulacom os pais eram sempre delicadas e eunão sabia até onde podia ir com eles. Pormais que buscasse ajuda com a orientaçãoeducacional ou nos livros, não encontra-va as respostas",conta. Ela concluiu, então,que um bom caminho seria ir atrás das

86 MA102009www.ne.org.br

soluções com os especialistas no assunto.Ignorando distâncias e dificuldades emlínguas estrangeiras, procurou os melho-res cursos de Psicologia da Educação.Quando encontrou, pegou as economias,fez as malas e foi atrás de seu sonho.

A formadora de professores Flávia Sar-ti, de Rio Claro, a 184 quilômetros de SãoPaulo, e a alfabetizadora e professora dedidática Cristiane Aros de Oliveira, deCuritiba, tiveram trajetórias parecidas.Flávia buscou alguém que pudesse lheajudar a entender como os professoresassimilam os textos acadêmicos, já que aoatuar como formadora de docentes refle-tia sobre o tema. Usou parte da sua bolsade doutorado da Fundação de Amparo àPesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)para um estágio com Anne-Marie Char-tier, renomada estudiosa dos processosde escrita e leitura, em Paris.

Já Cristiane começou tendo aulas defrancês. Ela supunha que, nas entrelinhasdos textos originais, deveriam existir al-ternativas para as dificuldades de apren-dizagem e para a evasão escolar. Depois,vendeu o que tinha, conseguiu uma bol-sa do governo su íço e hoje estuda emGenebra com Philippe Perrenoud, soei-ólogo conhecido por análises sobre com-petências profissionais e avaliação."Apren-di que existe um sistema de relações quefavorece ou não a aprendizagem. O pro-fessor não é o único culpado:'

Ao unir a experiência de nomesbres aos desafios brasileiros cotidi:Carolina, Flávia e Cristiane inovareatualmente, procuram aplicar na pro que aprenderam no exterior, inclem programas de formação docentdepoimentos delas você lê a seguir.

QUER SABER MAIS?

ContatosCarolina Briso, [email protected] Arns de Oliveira,cristi anea rnsol tveí[email protected]ávia Sarti,[email protected]

Page 86: Nova Escola Edição 222

CCSou o pedagoga Caro/inoBriso, tenho 27 anos e, até2003, trabalhova no Espaço

Brincar, uma escola de EducaçãoInfantil em São Paulo. Sempre noteicomo era complexa a relação entreescola efamüia. Os professores, alémde contar para 05 país se a criançacomeu ou caiu, também tentam umdiálogo para discutir os dificuldadesde aprendizagem e possíveis causas ...Só que, independentemente do temada conversa, achava sempre essemomento delicado porque nem o

contexto da escola nem o da fcrniliopodem ser 'invadidos'. Mas nãoencontrava respostas que abordassemo tema como eu gostaria. Sabia queem Barcelona havia um grupo dedicado

às práticas educativas nos contextosfamiliar; social e educacional e, comojá tinha vontade de sair do país para

um mestrado/fiz minhas ma/as.

A Universidade de Barcelona estavaabrindo um mestrado em Psicologiada Educação com participação dedocentes como Ana Teberosky. Concorrie passei no exame de admissão. Em um

dos cursos, desenvolvi com outrasduas alunas um trabalho soba orientação dela. Um dospressupostos da teoria sociocultural>linha seguida pela Ana - é queé essencial que a leitura e a escritafaçam sentido para a criançaantes que ela aprenda a ler.Mesclando minhas angústias iniciaiscom as linhas de pesquisa disponíveis,decidi estudar como as relaçõesfamiliares que acontecem pelaliteratura podem influenciarna aprendizagem. Frequentei umcentro educacional público de umacidade vizinha que oferece atividadeslúdicas desenvolvidas por educadorespara crianças de até 3 anos eseus pais. Lá, elas podem brincare aprender com outras criançase com a família} sempre orientadaspor um psicólogo e um educadorinfantil. Aproveitei para

ver como eram as relaçõesentre pais efilhos durantea narração de textosde literatura infantil.Queria saber quemecanismos entramem jogo durontea narração, pois partiado pressuposto de queas relações desenvolvidasentre os pais e as criançasem torno da escritasão importantes paraa aprendizagem. Propushistórias, pesquisei

critérios para a escolha dos livros,conversei com mães e fitbos, sempresob a orientação dos meus orientadores,que me sugeriam novos pontosde visto e biblioqrafias. No fim,elaborei um material de consulta paraas mães, além de estabelecer algunscritérios importantes para a escolhade livros infantis e a forma de narrarhistórias. Cheguei à conclusãode que, entre outros fatores} a qualidadedo contato entre pais efilhosao redor das histórias é crucial paraa aprendizagem das crianças." .,.

www.ne.orq.br MAI02009 87

Page 87: Nova Escola Edição 222

--~--- ---~

CC Meu nome é Flóvia Sorti,tenho 34 cnos, trabalho comformação de docentes e, em

2001,fiz um doutorado pelaUniversidade de 5ão Paulo (U5P) comestágio em Paris, no Instituto Nacionalde Pe5qui5o pedagógica, 50b a tutelade Anne-Marie Chartier. Minha pesquisabuscava identificar a maneira como05 professores dos anos iniciais leemos textos educacionais produzidosna universidade, pois trabalhavana formação de professore5 e semaretentei entender como se dá esse processo.Por isso, eu e minha orientadora fizemoscontato com Anne-Maríe. Em uma carta,apresentamos Q pesquisa e dissemos queo trabalho de campo e5tava sendo feitoem um curso de qualificação docente.

Elaficou interessada porque não é

88 MAI02009 www.ne.org.br

comum encontrar pesquisas assim,em que os adultos são acompanhadosnesse momento, porque isso geralmenteocorre em ambientes privados, ou, pelocontrário, em espaços públicos onde nãoé possível monitorar a prática de leitura.E5tive em parís de açosto de 2004a janeiro de 2005. Em nossas reuniõessemanais, tínhamos longas discussõesa respeito de aspectos teóricose metodológicos. Ela me incentivou, porexemplo, a explorar mais atentamenteo conceito de tática de consumodo hi5toriador jroncês Michel de Certeau(1925-7986) para abordar a51eitura5d05 professore5. Elefala 50bre como 05pessoas se apropriam da cultura,alterando-a individualmente. pudeperceber com maior clareza a dimensãocriativa das leituras dos educadores.

Anne-Marie me aconselhou, ainda,a cursar disciplinas ligadas à sociotona Escola de Estudos em CiênciasSociais, com os professores RogerChartier e Jean Hébrad. Fiz a discip!de Sociologia das Práticas Culturais,especialidade de Chartier, em queestudei, entre outros temas, Sociologda Leitura. Sem o apoio dela, meutrabalho provavelmente não teriachegado aoS mesmos resultados.

Percebi que a leitura queos professores fazem tem característbem específicas e algumas aindadesconhecidas. Eles leem com baseuma perspectiva ligada à práticadocente, e esse ponto de vista muitcvezes atribui novos significadosaos textos. Hoje, uso o que aprendicurso deformação em que atuo."

Page 88: Nova Escola Edição 222

FRACASSO ESCOLAR,COM PERRENOUD

CC Na minha carreira comoalfabetizadora em AlmiranteTamandoré, na grande

Curitiba, eu! Cristiane Arns de Oliveira)37 anos) sempre carreguei um dilema.Muitos alunos chegavam à 4° série semsaber organizar um textoe sem apresentar interesse e motivaçãopela leitura. Se eles não têm problemaspatológicos, por que não aprendem?A dúvida me incomodava.

Em 2004, comecei um curso defrancês para ver se, no original,.os textosde Philippe Perrenaud me ajudariam.No ano seguinte, em uma viagemà Europa, gostei da relação das pessoascom a Educação, preparei um projetopara apresentar à Escolade Doutorado de Genebra e concorria uma bolsa do governo suíço, quefinancia projetos de estudantesestrangeiros. Deu certo.

Aqui, não só bebo das teorias noidioma dos professores como tambémconverso com eles. Os debates são sobretemas específicos}escolhidosconjuntamente. Quando definidas,viajo até onde Perrenoud estáe discutimos pessoalmente - ou porcartas. Há também seminários maisgerais. No último, ele abordouo abismo entre academia e escola.

Ofoco dos meus estudos, de todamaneira, é analisar comoa fomtlia, a escola e a comunidadeinterferem no processo deaprendizagem escolar.A minhahipótese é que, entre todos essesfatores, o modo como afamília vêa escola - efala dela - é um dasprincipais fatores no processo. O valorque ela dá à unidade de ensino, aformacomo os pais vivenciaram a própriaescolarização e as expectativasem relação aosftlnos influem muitono sucesso das crianças.

Osprimeiros dados trabalhadosem minhas análises apontam que o

trabalho com asfamüias é urgente paraobtermos o êxito escolar.Como meudoutorado ainda está na metade, vouestudar durante os dois anos que aindafaltam as medidas e as linhas diretoras.

Faço uma abordagem interdisciplinarque ainda é novidade para mim. Nuncaimaqinei fozer algo tão abrangente,tocando desde a Sociologia dafamília

até as políticas públicas. já sabia queo importante não é apenas o currículoou aformação do professor, mas todo osistema social. O que não sabia eracomo pensar tudo conjuntamente.

Agora, tenho algumas pistase a convicção de que um professor bempreparado pode ser capaz de mudartodo um sistema." [g

www.ne.org.br MAI02009 89

Page 89: Nova Escola Edição 222

-r Dtl(5SET( DEZOITO loeZEN---'----2728

VINTE VINTE JsETE, -.-9110

Superando o atraseRedes e escolas fazem adaptações nos currículos e planejamestratégias de ensino para atender os alunos com defasagensAMANDA POLATO [email protected]

No Brasil, há mais de 8,7 milhões dealunos do Ensino Fundamental

em série incompatível com a idade, se-gundo dados do Censo Escolar 2007. Sãocrianças e jovens que entraram tarde naescola ou foram reprovados. Há ainda

aqueles que as estatísticas não mostram:os que estão na série correta sem saber oque deveriam. O que fazer? Melhoriasnas turmas regulares são fundamentaispara evitar futuras distorções, mas não dápara deixar para trás quem não apren-

deu. Para muitas redes e escolas, a sção passa pela formação de turma:correção de fluxo e por au las de refoque, programadas ainda no prirneircmestre, evitam o fracasso dos alunos

Os programas de aceleração nasce

90 MAlQ2Q09www.ne.orç.br

Page 90: Nova Escola Edição 222

como uma política pública nos anos1990, mas só com a cobrança em tornodo índice de Desenvolvimento da Edu-cação Básica (Ideb) - criado em 200S - odebate sobre a distorção idade-série ga-nhou força. Isso porque o Ideb é calcula-do pela nota que o município obteve naProva Brasil, pela taxa de aprovação dasérie avaliada e pelo tempo que os alu-nos levam para concluí-Ia. Com O Planode Desenvolvimento da Educação (PDE),as cidades passam a ter direito, caso pre-cisem, a apoio para a implantação de umprograma de correção de fluxo.

O PDE também prevê o investimentoem programas de reforço no contratur-no. Não existem estatísticas sobre o as-•sunto, mas são poucas as redes que ado-tam o reforço como política. O interes-sante é que, além de ajudar no avanço doaprendizado das crianças, a iniciativa po-de representar uma economia para oscofres públicos - afinal, ter alunos pormuitos anos na mesma série custa caro.

Iniciativas exigembom planejamentoAntes de definir as características do pro-grama - de apoio pedagógico ou de cor-reção de fluxo -, é essencial identificar oque os alunos não sabem e quantos pre-cisam de uma atenção maior. Depois oplanejamento deve ser afinado de acordocom as necessidades detectadas, sem dei-xar de ter como referência o projetopolítico-pedagógico da escola e as diretri-zes da rede e do MEC.

O Centro de Estudos e Pesquisas emEducação, Cultura e Ação Comunitária(Cenpec), em São Paulo, foi uma das pri-meiras organizações não-governamenta isa implementar projetos de aceleraçãoem parceria com secretarias de Educação."A ação sempre começou com o estudodo currículo da rede", explica Regina Es-tima, coordenadora de projetos em vá-rios estados. "A correção de fluxo requer

uma mudança peda-gógica, mas a referên-cia de disciplinas econteúdos permane-ce",complementa.

MAIS NOSIíEd edese

PianoS e r melhoraresco'a~ pad

rado ensino.a qua\lda e ryr,Iyr,Iyr,I.ne.C' _

politicas

A principal diferença entre as turmasregulares e as que devem superar defasa-gens está na metodologia de ensino. Sãoraras as alterações nas expectativas deaprendizagem. Em geral, mudanças sósão feitas quando o projeto prevê que,em pouco tempo, o aluno aprenda o su-ficiente para pular uma ou mais séries.Nesse caso, costuma haver a seleção dosconteúdos considerados principais. Asexpectativas de aprendizagem e a formade ensinar os conteúdos básicos do 1° ao5° ano você pode ver no especial NOVAESCOLA O Que e Como Ensinar (leia oquadro abaixo).

"Não havia tempo para ensinar tudo,então escolhi o mais significativo", contaMaria do Carmo Soares de Souza, profes-sora do CEF 04, de Guarã, cidade-satélitede Brasília. Lecionando História parauma turma de aceleração de 5a série for-mada por alunos com idade entre 13 e17 anos, Maria do Carmo aboliu o livrodidático e usou materiais diversos, comorevistas e jornais. Para falar sobre as capi-tanias hereditárias, por exemplo) abria adiscussão com notícias sobre a ocupaçãodo solo na cidade. "Sempre procurei tra-çar paralelos entre os temas e as questõesda realidade dos jovens", diz.

Adaptações são essenciaispara o aprendizadoNa rede municipal de São Paulo, 30%dascrianças do 3° ano ainda não sabiam lere escrever em 2003, segundo o Sistemade Avaliação da Educação Básica (Saeb).Para reparar a falha) a prefeitura criou o

Para saber as expectativasAinda há poucas redes e escolas no Brasiltrabalhando com expectativas bemdefinidas. Para ajudar o professor, NOVAESCOLAestá lançando o especial O Que eComo Ensinar, que oferece detalhes sobre oque se espera que os alunos aprendam.

É preciso explicitar essas expectativaspara poder pensar nas melhores formasde trabalhar cada um dos conteúdos,definindo o que ensinar (aonde se querchegar), o conjunto de estratégias deensino (como fazer isso), por quantotempo usar cada uma delas e com que

Projeto Intensivo no Ciclo (PIC), queforma turmas de 3° e de 4° anos com alu-nos que têm mais defasagens no apren-dizado ou estão com distorção idade-sé-rie.A ideia é que.em classes menores (deaté 25 alunos) e aplicando estratégias va-riadas, a garotada aprenda o que falta eretome os estudos em salas regulares.

Segundo a diretora do Ensino Funda-mental da Secretaria de Educação, Suze-te de Souza Borelli, nas salas do PIe, osconteúdos são os mesmos previstos parao níveL "As principais mudanças estãonos materiais) adequados para alunosmais velhos e com interesses diferentesdas crianças", explica.

Adriana Mafra da Silva leciona emuma turma de PIC de 4° ano na EMEFProfessora Cândida Dora Pino Pretini eaposta em projetos para dar conta de to-do o conteúdo. "Matemática e LínguaPortuguesa são prioridades) mas as ou-tras disciplinas não ficam de fora",garan-te. O projeto da escola que trata de diver-sidade étnico-cultural, por exemplo)contempla temas de História e Ceogra-fia. Trabalhos com o apoio do projetoMão na Massa, da Estação Ciência) têmcomo base os conteúdos de Ciências.

Em Minas Gerais, a metodologia deprojetos está prevista nas orientaçõescurriculares da Secretaria da Educação.A rede estadual tem um programa decorreção de fluxo, o Acelerar para Ven-cer)que permite que o aluno reprovadotenha um ano de aulas e possa avançaraté duas séries. Os conteúdos são desen-volvidos de forma interdisciplinar .•

profundidade trabalhar os conteúdos.A publicação traz umpanorama de cadadisciplina - incluindohistórico, metodoloqlasmais utilizadas e mitospedagógicos -. umalista de situaçõesdidáticas essenciais eoito planos de aula.

A revista chega àsbancas dia 18 de maio,por 4,90 reais.

www.ne.org.br MAI02009 91

Page 91: Nova Escola Edição 222

•• "A proposta é difícil porque os pro-fessores não estão acostumados, mas 90%dos que concluíram o ano foram aprova-dos", diz Maria das Graças Pedrosa Bit-rencourt, superintendente de EducaçãoInfantil e Ensino Fundamental.

Na EE Trancredo Neves, em Almena-ra.a 744 quilômetros de Belo Horizonte,a professora de Língua Portuguesa San-dra Maria Ferraz Machado Araújo seguea proposta da rede, mas busca ampliar aquantidade de conteúdos e os materiaisoferecidos. "Para ensinar a leitura e a es-crita, procuro trabalhar com o máximode gêneros possível", explica. Ela se valede revistas, jornais, histórias em quadri-nhos e filmes e usa estratégias mais pró-ximas do cotidiano dos jovens, comoprodução de vídeos e jogos.

Manter turmas menores é quase umaregra tanto em projetos de aceleraçãocomo de apoio pedagógico. "Alunos comgrande defasagem de aprendizado preci-sam de maior atenção", defende juliana

92 MA102009www.ne.org.br

Zantut Nutti, professora do Centro Uni-versitário Central Paulista (Unicep), emSão Carlos, a 231 quilômetros de SãoPaulo, com doutorado sobre classes deaceleração pela Universidade Federal deSão Carlos (Ufscar).

Escolas de Florianópolis seguem a re-comendação à risca. Na EEB Lauro Mül-ler, as turmas de reforço não passam detrês alunos. "A proximidade faz muitadiferença. A atenção a cada uma das di-ficuldades permite que o aprendizadodeslanche", comenta Marilisa MoraesGo-rnes, orientadora pedagógica.

Em Campo Grande, a rede oferece re-forço escolar em contraturno estrutura-do em dois programas: Alfabetiza (paraalunos do primeiro ciclo) e GruposAvançados de Estudo (para 2° ciclo). Oobjetivo é preencher as lacunas de apren-dizado, principalmente em alfabetização.Os conteúdos e objetivos são os mesmosdas turmas regulares, mas as estratégiasdiferem. "Há trabalhos individuais e em

grupos usando a diversidade a favor deaprendizado", conta Tânia Vital da SilvíGomes, diretora da EM Professor FaUZIScaffGattass Filho, onde há duas turma

do Alfabetiza.

Formação de docentestem de ser permanenteAs ações na escola de Campo Grande sãacompanhadas de perto pela Secretaride Educação, com reuniões todas as setas-feiras para avaliação e planejament"Além de receber orientações, tiro dúvdas e falo sobre minhas dificuldadeTem ajudado bastante", relata a professra Simonete Dantas de Medeiros.

Em São Paulo, os docentes do PIC têduas aulas mensais. "Discutimos modde ensinar cada uma das expectativasaprendizagem", atesta Adriana Mafra.

Segundo a pesquisa de [uliana Nuprofessores de aceleração ou reforço qtêm mais sucesso são os que conseguetraduzir bem a política da rede paudia-a-dia. "É importante que o doceitenha flexibilidade, capacidade de cre de inovar, acrescente coisas da suaperiência profissional e frequente avde formação continuada", enumera.

Uma questão difícil para quem ie(na para jovens e crianças com defasagde aprendizado ou reprovações no hirico é a discriminação. "Os alunos t

uma visão negativa de si mesmos. Nãsentem capazes de aprender", come[uliana. Qualquer que seja a estranadotada pela rede ou pela escola, esum paradigma a ser quebrado.

QUER SABER MAIS?

ContatosCEF 04 do Guará, QE 12 Área Espacial A,71010-310, Guará, DF,te!. (61) 3901-3703EE8 Lauro Müller, R. Marechal Guilherme134,88015-000, Florianópolis, se,te'. (48) 3223-2013EETrancredo Neves, R. uvío próes Otoni,sinO,39900-000,Almenara, MG,tet. (33) 3721-2502EMEF Professora Cândida Oora PinoPretini, R.ctnlra Polônia, 100, 08395-320,São Paulo, Sp, tet. <11) 2752-'007EM Professor Fauze ScaffGattass Filho,Av.Dois, sInO,79008-972, Campo Grande, Mtet. (67) 3314-7469Juliana Zantut Nutti, [email protected]

Page 92: Nova Escola Edição 222

1

Apoio Reolimção

••••••

Page 93: Nova Escola Edição 222

As buscasvia internetEstudo realizado pela Universidade de BuenosAires, na Argentina, mostra como os estudantesprocuram informações na rede mundialGABRIEL PILLAR GROSSI, de La Plata, Argentina [email protected]

A tecnologia está cada vez mais pre-sente na vida de todos. Tanto é

assim que pela primeira vez na históriao Pisa (sigla em inglês para ProgramaInternacional de Avaliação Comparada,a famosa prova realizada com jovens de15 anos pela Organização para a Coope-ração e Desenvolvimento Econômico, aaCDE) vai incluir, neste mês de maio,um teste para ser respondido com o au-xílio do computador. As 27 questões se-rão aplicadas apenas em 17 países (dosquase 60 que fazem o Pisa), justamentepara medir a capacidade de encontrarinformações e construir conhecimentoutilizando a rede mundial.

No entanto, o uso de computadoresna escola ainda não está tão disseminadoem nosso país (e em muitos de nossosvizinhos). Pesquisa divulgada no mêspassado mostrou que 63%dos estudantesbrasileiros dizem que o lugar mais habi-tua) para acessar a internet é a escola.Porém esses mesmos jovens afirmam quemetade dos professores não utiliza nemrecomenda a rede. E apenas um em cadadez entrevistados aprendeu a usar a fer-ramenta com um educador.

Cientes dessa falta de familiaridade dosprofessores com a internet, pesquisadoresda Universidade de Buenos Aires vêm sededicando a entender como os alunosbuscam informações na rede. "Muita gen-te acha que, pelo fato de terem mais aces-

94 MA102009 www.ne.org.br

50 às máquinas desde cedo, as criançassabem tudo o que precisam fazer, o quenão é verdade", destaca Flora Perelman,a coordenadora do estudo, que foi apre-sentado em março durante as Jornadas30 Anos de Leitura e Escrita na AméricaLatina, em La Plata, "Temos um papelfundamental na hora de ajudar essa tur-ma a usar as novas tecnologias."

O estudo, feito com alunos do equiva-lente ao nosso 7° ano em 400 escolas daprovíncia de Buenos Aires, indica que hácinco pontos essenciais a considerar antesde colocar a garotada na frente da tela:compreender que a busca na rede é umaprática social de leitura, tomar consciên-cia de que a máquina deve ser usada aonosso favor, aprender a escolher os sitesque têm o que se procura, saber selecionarinformações confiáveis e entender o pesoda imagem no processo.

o que o aluno deve buscarna rede, onde e comoo primeiro problema que se coloca paraos estudantes ao pesquisar na internet éonde encontrar o que se quer. Em geral,acessam um site de busca (do tipo Google)e digitam uma ou mais palavras. Há trêscomportamentos-padrão. Quando querapenas se divertir, o jovem dica no pri-meiro resultado de busca e vai para onovo site. Na hora de buscar conhecimen-to geral, ele dica em no máximo dois

sites, até achar o tema em questão. Finamente, quando tem de localizar algo (pecífico para uma tarefa escolar, a corplexidade aumenta: o aluno faz a busclê o site, tenta avaliar a qualidade d.dados oferecidos e refaz o processo várivezes, até ter alguma certeza de que nmes, números e datas conferem. Masprocesso é eficaz? "Isso prova que buscinformação na internet é altamente COI

plexo, é uma prática social de leituraportanto, requer o auxílio constante,professor", explica Flora Perelman.

Mariana Ornique, também da equique realiza o estudo, conta que, quano professor não orienta o trabalho,o m

Page 94: Nova Escola Edição 222

comum é a turma digitar qualquer coisana tela, sem pensar muito. "Só que a pá-gina de busca não é capaz de interpretarnada." Por isso,é fundamental discutir oque exatamente se quer encontrar - antesde clicar. Em outras palavras, é precisolevar os alunos a entender a diferençaentre pedir informação a alguém e à má-quina. Só assim a tecnologia é usada afavor do usuário e da aprendizagem.

Na hora de escolher,confiança é a chaveo terceiro passo é aprender a selecionaros sites, "Na dúvida, as crianças muitasvezes optam por um .org ou .gov porque

acreditam que páginas não comerciaistêm mais credibilidade", afirma outrapesquisadora, Vanina Estévez. "Será? Du-vidar das informações é essencial e é pre-ciso ensinar a turma a fazer isso?'Segun-do a pesquisa, os jovens acreditam muitona objetividade dos fatos hist6ricos. Masé essencial que eles compreendam quequalquer ponto de vista carrega consigocerta parcialidade - conhecimento, aliás,que deve ser explorado também em ati-vidades sem o computador. Daí a impor-tância de saber selecionar as informaçõesconfiáveis (a quarta conclusão do estudo).Afinal, nem tudo o que está disponívelna internet é verdadeiro.

Como, então, levar a turma até dadosconfiáveis? "Essa é a questão quando setrata de explorar a tecnologia na escola",diz a pesquisadora Emilia Ferreiro.conhe-cida por seus estudos em alfabetização,mas que coordena trabalhos sobre o usodo computador em classe. "Quando al-guém nos pergunta algo, imediatamentepensamos para que essa pessoa quer saber,aonde quer chegar. E a máquina não fazisso. Nenhum síte de busca consegue in-terpretar como n6s fazemos."

Aforça das imagense como não se enganarFinalmente, María Rosa Bivort, tambémda equipe de Buenos Aires, chama a aten-ção para a importância da imagem nabusca via internet. "Numa das tarefas pro-postas, os alunos tinham de encontrarfotos de imigrantes que vieram da Euro-pa no século 19", conta ela. "Ao colocarpalavras-chave nas ferramentas de busca,como 'navio' e 'século 19',algumas crian-ças encontraram fotos recentes de embar-cações antigas em festas em homenagemaos imigrantes, por exemplo." Isso serviupara os professores explicarem que nemtodas as imagens em sépia (aquele tomamarelado que as fotos em preto-e-bran-co ganham com O tem-po) são velhas de verda-de, pois esse efeito podeser obtido hoje justa-mente graças à informá-tica.Sem falar no própriovisual dos sites - um maisatraente pode "parecer" mais confiável,sobretudo para crianças menores.

Tudo isso s6 reforça a importância decruzar informações e checar antes desimplesmente comprara que aparece natela. "A confiabilidade é mesmo o aspec-to crucial", analisa Emilia Ferreiro. "Agrande vantagem é que a máquina nospermite experimentar infinitamente.Podemos voltar, refazer, trocar tudo. Eisso não causa nenhum problema ao tra-balho, pois ele é 100% reversível. No en-tanto, precisamos ensinar a interpretar.Pois só assim vamos ajudar os alunos aconstruir o conhecimento de fato." [Q

MAIS NOSITEReportagens sobreo uso da internetna esc.ola.INlNw.ne.oTg.br

www.ne.org.br MAl02009 95

Page 95: Nova Escola Edição 222

--- - - -

NOTíCIAS DA FVCA Fundaçao Victor civua edita NOVA ESCOLA

Palestras de gestão em lançamento de revista: Novo site alcança: recordes de audiência: Desde que entrou no ar, no dia 17: de março, o novo site de NOVA ESCOLA

: (www.ne.org.br) vem batendo: recordes de audiência. Todo o material: publicado na internet passou por umaI grande reformulação visual e editorial.

Ficou mais fácil localizar os conteúdos,que estão divididos em grandes blocostemáticos. Além disso, você podeacessar conteúdos exclusivos da ediçãodo mês, mais o arquivo de especiais eedições anteriores. A nova organização

I fez com que em março a audiênciaalcançasse 417 mil visitantes, a melhormarca de NOVAESCOLAna web.•A secretária de Educação Básica do Mi-

nistério da Educação, Maria do Pilar La-cerda Almeida e Silva, e o vice-presidenteda Fundação Padre Anchieta, FernandoJosé de Almeida, falaram sobre as carac-terísticas da boa gestão escolar no eventode lançamento da revista NOVAESCOLAGESTÃOESCOLAR,no auditório do No-vo Edifício Abril, em São Paulo. Nas

palestras, a discussão sobre o papel dediretores, vice-diretores, coordenadorespedagógicos e orientadores educacionaispara garantir um ensino com qualidadepara todos. "Contribuir para aperfeiçoar aqualificação dos gestores, assim como dosprofessores, é parte fundamental da mis- I

são da Fundação Victor Civita", explicaDavid Saad, diretor-executivo da FVC.

Escolasganham 910 OVOsNo fim de março, a Fundação VictorCivita doou à Secretaria Municipal deEducação de São Paulo 910 cópias dodocumentário sobre o Projeto Entorno,realizado pela FVC desde 2006 em esco-las da rede paulistana com o objetivo de ~incentivar a leitura entre professores, alu- lS

~nos e comunidades. A iniciativa permitirá ...que outros estabelecimentos de ensinocopiem o bem-sucedido modelo e possamadaptá-lo à sua realidade. Como o Projetonão foi criado para se expandir muito,o documentário é uma alternativa para

a Fundação disseminar o conhecimentoadquirido ao desenvolver ações de leituraem ambientes escolares.

EscolaVictor Civita vibracom resultados do SarespNa EE Victor Civita, em Guarulhos,região metropolitana da capitalpaulista, os resultados do programa deformação de professores Matemática É0+, projeto da FVCque contemplatodas as áreas da disciplina até o 4'série, se fizeram sentir no Sistema deAvaliação de Rendimento Escolar doEstado de São Paulo, o Saresp. Na 2'série, a nota média de 2007 melhorou7,7% em relação a 2005 - o munidpiosubiu 4,4% e o estado ficou na mesma.Na 4a série, a melhora foi de 8%, contracerca de 4% do estado e do município."O que mais deu orgulho foi a reduçãodo total de alunos em nível abaixo dobásico. Na 4' série, a queda foi de 33%.E na 2a série, não há mais ninguémnessa faixa", comemora PriscilaMonteiro, coordenadora do projeto.

Iniciativas da Fundação Victor Civita

PRÊMIO VICTOR ClvnEducador Nota 1'fAbril ftlGERDAU ~'] P1I

Fundação Viclor Civila ~ - wwww.fvc.org.br

Page 96: Nova Escola Edição 222

Prêmio Victor Civita

AGENDA COMPLETAo trabalho do gestorprecisa ser pensadocom antecedência, eos registros, guardados

Uma gestãoplanejadaA intencionalidade é um dos fatores de peso ,naseleção de projetos na categoria Gestor Nota 10BrANCA BIBIANO [email protected]

Desde 2007, o Prêmio Victor Civita- Educador Nota 10 passou a sele-

cionar trabalhos não só de professoresmas também de gestores escolares. Naestreia, a então chamada categoria Esco-la teve como vencedora a EMEIEF CataPreta, em Santo André, na Grande SãoPaulo. No ano passado, entre 739 inscri-tos, a ganhadora foi a EMEF Serafina deCarvalho, em ltupiranga, a 572 quilôme-tros de Belém, com um projeto de forma-ção continuada de professores em leiturae escrita liderado pela coordenadora pe-dagógica Adilma de Sousa.

Em comum, as duas experiências tive-ram uma característica determinante: aatenção ao planejamento. Este ano, oprocesso de seleção passará por mudan-ças (leia o quadro acima), mas os princf-pios que orientam a escolha das melho-res propostas continuam os mesmos.Segundo Ana Amélia Inoue, seleciona-dora da área, é muito importante mos-trar que a aprendizagem veio como de-corrência de uma ação pensada da escola."É preciso ter uma intencionalidade de-finida. O eixo deve ser seguido, e o pro-cesso, registrado".

A clareza para preencher o formulárioé fundamental para demonstrar que asatividades levaram em conta os cuidadosnecessários. Na justificativa, descrever asmotivações que levaram à realização doprojeto, um histórico da escola, seu con-texto e o perfil da comunidade atendidapor ela. Nos objetivos, indicar os avançosbuscados pela equipe escolar e os objeti-vos para os envolvidos. Diretor, coorde-nador, professores, alunos e pais, assimcomo organizações não-governamentais,precisam ser especificados.

Na hora de falar sobre os conteúdoscurriculares, é necessário escrever sobreos principais conteúdos trabalhados paraatingir os objetivos, enfatizando o que foiaprendido e dando menos valor a outrosbenefícios, como a melhora na convivên-cia. A metodologia deve ser apresentada,com o passo-a-passo das atividades, osrecursos humanos e os materiais utiliza-dos, sem esquecer a articulação entre asações. A avaliação também é importante,com a descrição dos mecanismos usadospara medir a aprendizagem dos alunos eo trabalho pedagógico da equipe. Valedetalhar inclusive o que poderia ser mu-dado ou aperfeiçoado na proposta. [g

Coordenadores e diretoresAs mudanças no regulamento:

• A categoria passaa se chamar Gestor Nota 10.

• Foi criada uma fase intermediáriade seleção. Cinco projetos serãopré-selecionados e receberão mençãohonrosa e uma assinatura anualde NOVAESCOLA,além de umretorno qualitativo sobre o trabalhorealizado. Em seguida, será definidoo vencedor.que virá a São Paulopara a festa de premiação e receberá10 mil reais. A mesma quantia serádepositada na conta da escolaou da Associação de Pais e Mestres.

• O regulamento já se encontraem www.fvc.org.br.Del0 de junhoa 12 de julho, faça a sua inscrição(nessa edição, ° processo seráexclusivamente online). Procurea ficha de inscrição da categoriaGestor Nota 10. E boa sorte!

www.ne.org.br MAI02009 97

Page 97: Nova Escola Edição 222

------

EstanteResenhas

Editado por BEATRIZ SANTOMAURO [email protected]

o tempo e a históriaSanto Agostinho nos coloca uma

questão interessante: "O que éo tempo? Se ninguém pergunta isso,eu não me pergunto, eu o sei; mas, sealguém me pergunta e eu quero ex-plicar, eu não sei mais". É citando essapassagem que François Dosse inicia olivro A História (322 págs., Ed. Edusc,tel. 14/2107·-7252,47,30 reais), de 2000,traduzido para o português e publicadono Brasil em 2003. Ao longo do texto,ele completa a ide ia: "Se o passado nãoexiste mais e o futuro ~inda não é, comoapreender o que pode ser o tempo?"

Tempo e história são apresentadoscomo duas noções relativamente fáceis

de compreender, mas muito difíceis deexplicar. "O que é o tempo?" ou "o que éhistória?", segundo o autor, são pergun-tas a que muitos já se dedicaram desdeque se desenvolveu a ciência histórica,

no século 19.Com base nesses questionamentos, o

autor procura revisitar muitas das teo-rias produzidas por pesquisadores dediferentes linhagens intelectuais e quecompuseram o conjunto das formas depensar que mudaram ao longo do tem-po. Essas informações são essenciais paraentender a história, já que ela não é ape-nas uma coleção de datas, fatos, nomes,personagens e ações. Aquilo que acon-

teceu no passado é parte do co-nhecimento histórico que temossobre a nossa sociedade.

A importância fundamentaldesse livro para um professor deHistória recai sobre conhecer

98 MAIQ2009www.ne.org.br

TRECHO DO LIVRO ----------CC A perda de um bom

número de certezas e arenúncia a desmedidasambições hegemônicasmodificaraml

profundamente, a situaçãohistoriográfica para darlugar a novas interrogaçõessobre as noções utilizadaspelos historiadores, que se

voltam sobre o passado desua disciplina e para osfilósofos, que pensaramas categorias dahistoricidade. O objeto

desta obra não visa apreconizar um sistemade história nem pretendeesgotar o assunto.

s Modestamente, ele se~ quer como um convite ài leitura dos historiadores~ pelos filósofos, e dali filosofia da história pelos

melhor esses sistemasde pensamento, oque poderíamos cha-mar de um conjuntomais ou menos organizado deformas de pensar. Ele inclui noções detemporalidade, processo, diversidade.identidade, complexidade e causalida-de. Essas maneiras diferentes de ver cmundo mudaram ao longo do tempo f

não deixaram de ser objeto de reflexãoSabendo disso, passamos a tomar essa:ide ias como parte fundamental de lecicnar para alunos de qualquer idade.

Sobre o autor Francêsl historiadore teórico da Histórial escreveu tambémA História em Migalhas.

DANIEl VIEIRA HElENE, autor destaresenha, é professor da Escola da Vila,em São Paulo, e selecionador dos trabalhosde História do Prêmio Victor Civita-Educador Nota 1Q.

historiadores. A conjuntura parecefavorável a essa nova configuração Ol

nova aliança entre esses dois dcmfnl

conexos porqueo historiador de hoje, conscienteda singularidade de seu ato deescritura, tende a fazer Clio passarpara o outro lado do espelho,numa perspectiva essencialmentereflexiva. Disso resulta um novoimperativo categórico que se expres:pela exigência, de um lado, de umaepistemologia da história concebid2como interrogação constantedos conceitos e noções utilizados pehistoriador de ofício e, de outro lad(de uma atenção historiográfica nasanálises empreendidaspelo historiador de outrora. IIr-----------------------II De 29 de abril a 31 de maio, quem entrar: em contato com a Editora Edusc e meneio!I a parceria com NOVAESCOLAganha 30%: desconto na compra de um exemplar.~-----------------------

Page 98: Nova Escola Edição 222
Page 99: Nova Escola Edição 222

Estante, Resenhas

JUVENIL----------------

Tluonttt DEsoaeeue

A VIDA NA ARVORE

I'I!

A vida na florestaTobias Lolness tem 5613 anos, mas, agora queestá sendo perseguido,junto com seu povo,precisa agir como gente grande. Bem, nãoexatamente grande. Afinal, ele não mede maisque alguns milímetros, assim como todos oshabitantes da Árvore. O lugar, onde joaninhaspodem ser comparadas a elefantes e uma folhaem queda pode devastar um bairro inteiro, nãopode mais ser o lar de Tobias e de sua família.Todos são obrigados a viver no exílio após seu paidizer uma dura verdade: a Árvore está morrendoe é preciso conhecer outros lugares distantesdaqueles familiares ramos retorcidos.Sobre o autor Com esta saga de estrela naliteratura, ganhou o Prêmio Hans ChristianAndersen, o mais importante dos livros infantis.

Tobias lolness, Timothée de Fombel1e, 352 páqs.,Ed, aocco, tet. (21) 3525-2000, 54,50 reais

A peste vermelhaDurante a Primeira Guerra Mundial, LordeBaltimore esfaqueia um vampiro que sealimentava em uma vala cheia de mortos.Assim, uma peste cruel e devastadora começaa atingir em cheio os homens. Cabe aBaltimore encontrar uma cura para a pragae reencontrar o vampiro assassino. Narradocom todos os detalhes de uma novela gótica,essa disputa entre vivos e mortos é perfeitapara quem gosta de histórias macabras comboas doses de suspense e terror.Sobre os autores Mignola é quadrinhistae criador do herói Hellboy. Goldenescreve romances.

Baltimore e o vampiro, Mike Mignola e ChristopherGolden, 304 págs., Ed. Manole, tet. (11) 4196-6000, 48 reais

Enquanto a puberdade não vemElza Petita não vê a hora de ficar grande,de usar maquiagem e ter seios, como suasamigas mais velhas do colégio. Ela se achauma garotinha desinteressante, mas Lufs Robertonão esconde uma quedlnha por ela.Sobre os autores tévy é escritora, eCatherine, a ilustradora.

Elza Entre as Mais Velhas, ptdler Lévy e catnertneMeurisse, 64 pâqs., Ed. Girafinha, tet. (1') 3258-8878, 28 reais

INFANTIL _

Page 100: Nova Escola Edição 222

o lado Bdo LoboA obra apresenta outra versão datradicional história dos três porquinhos.Contada pelo Lobo Mau, chamadoAlexandre T. Lobo, revela que a morte dotrio foi provocada por inocentes espirrosdo mamífero peludo e carnfvoro.A cada página virada, ele faz questão dereforçar seu papel de vftirna, a ponto deargumentar que a história conhecida atéentão por todos teria sido distorcida edisseminada por repórteres que nãoacharam a versão dele interessante.Quem recomenda JACQUELlNE DEMOURA ALVES, professora de EnsinoFundamental, Goiânia, CO

A Verdadeira História dos Três Porquinhos!,)on Scieszka, 32 págs., Ed. Companhia dastetrlnhas, tel. (11) 3707-3500, 28,50 reais

o príncipe está nu!Na frente de toda a corte, o prfncipearranca as roupas, se esconde debaixode uma mesa e passa a ciscar grãosde milho no chão. O rei se desesperacom a atitude do filho e pede ajudaa magos, médicos e curandeiros, masninguém é capaz de curar o nobre, queacredita piamente ser um frango.Até que um sábio resolve tirar a roupa,se mete embaixo da mesa e começaa ciscar ao lado do prfncipe.Sobre o autor Búlgaro, é formado emCiências Políticas e iniciou a carreiracomo cantor e músico.

o Prfncipe e o Frango, Moni Ovadia, 28 págs.,Ed. Biruta, ter, (11) 3081-5739, 30 reais

Assim nasceu o sorvete?Neste simpático livro quase sempalavras e muito bem ilustrado, umesquimó cava com tanta determinaçãoum buraco no gelo que o chão se parte,abrindo-se em dois blocos. De um lado,seu iglu quentinho, com cama e sofáconfortáveis. De outro, o esquimóe um surpreso pinquirn.juntosnuma ilhota de gelo que se afasta docontinente e vai derretendo pouco apouco, a dupla sobrevive graças à'invenção do ... sorvete!Sobre o autor Arquiteto francês,trabalha com design de móveis.

Esquimó. Olivier Douzou, 42 págs.,Ed. Hedra, tel. (11) 3097-8304, 25 reais

Com resenhas de NINA PAVAN

Confira esses e outros produtos damarca NOVA ESCOLA na loj aabr il.corn.br

eSCOla lojaAbril.çom. ......-_ .•.•.

Page 101: Nova Escola Edição 222

o rande EncontroEra uma vez um Autor com

uma vaga ideia para umanova história. E como nessa históriatinha vaga de verdade paraum grande Personagem, pensouem começar sua busca colocandoum anúncio no jornal.

"Procura-se um Personagemdisposto a viver aventuraseletrizantes. Não é necessárioter experiência no tema,mas algumas caracterlsticasserão especialmente consideradas:um certo preparo f1sico,racioclnio rápido epersonalidade carismática."

O primeiro candidato a seapresentar foi logo dizendo:

- Participei de passagensimportantes de muitos livrosfamosos, imortalizados porpersonagens estrelados.

- Ah, parabéns! O senhor temrazão. Os grandes personagensnão envelhecem. Mas, se entendibem, o senhor nunca foi oprotagonista desses enredos, certo?Enfim ... É uma pena, mas umcoadjuvante de idade avançadanão é O que busco. Desculpe!

Dois dias e muitas páginasamassadas depois, o Autor recebeoutro candidato - um tipo muitosincero, mas bastante imaturo.

- Já passei por muitasimaginações, mas...

- Mas?- Nunca cheguei ao papel ...-Ah...- Tenho muito potencial, mas ...- Mas?- Preciso de alguém que acredite

em mim, que me decifre e me revelecom todas as letras, entende?

- Você é muito interessante. Mas ...Na semana seguinte, com a cabeça

embaralhada e ainda sem um heróià vista, o Autor começaa pensar em outras possibilidadese, repentinamente, tem uma grandeideia: e se o narrador transformassea própria aventura em Personagem?Animado, ele já ia colocar o textoem ação quando o telefone toca.

- Bom dia. Posso falarcom o Autor?

- E o senhor é...?- O Personagem.- Ah, claro, o anúncio ...- Exato, o anúncio. Muito bem

escrito, por sinal.- ...?- Quantos livros o senhor publicou?- ..• !?I- Alô? Alô, o senhor está na linha?- Sim ... Claro, estou ouvindo ...

Continue, por favor!- Desculpe! Espero que não

me leve a mal, mas preciso saberum pouco mais sobre o seu estilo,como é o seu processo criativo,quais gêneros o senhor domina,se tem livros premiados ... É quenão me enca ixo com naturalidadeem qualquer texto. Tenhoque sentir alguma consistêncialiterária, entende?

O Autor experimentou váriosestados de esplrito. No inicio,ficou atônito. Mais que isso,catatônico! Depois, a palavracerta seria "irritado". Mas, poucoa pouco, foi se sentindo, comodizer?, impressionado! Pois,à medida em que respondiaàs perguntas do Personagem, foise surpreendendo mais e maiscom suas próprias palavras.

No dia seguinte, conversaramde novo. E no outro, outra vez.

Trocaram ideias durantetanto tempo que acabaramse tornando grandes amigos.Anos depois, eram tão intimasque um logo adivinhavao que o outro tinha acabadode pensar e, juntos,inventaram histórias fabulosas.

Sllvana Tavano, autora deste conto,é jornalista, autora de livros infatis e juvenfe escreve no blog Di~riosda Bicicleta(dlariosdablcicleta.blogspot.com).

Page 102: Nova Escola Edição 222
Page 103: Nova Escola Edição 222

FERNANDO JOSÉ DE ALMEIDA

,E ele quem faz oscraques brilharemCom atuação voltada à aprendizagem eà formação dos educadores, o coordenadorpedagógico afina o time de docentes da escola

Não sei se você gosta de futebol. Eusou um grande fã e, por mais que a

ideia pareça um pouco gasta, resolvi ini-ciar este texto cometendo a imprudênciade comparar a escola com uma equipe doesporte. Começo pelos jogadores - alu-nos, professores, funcionários - e pelatorcida - os pais, a comunidade, todosos dirigentes da Educação e a sociedade,muitas camisas incentivando para que ogol da aprendizagem aconteça.

Esse timaço não joga sozinho. Precisade um presidente - no caso da escola, odiretor. Referência de reflexão e planeja-mento geral, é quem define as decisõesmais gerais (o presidente negocia patro-cínios, o diretor constrói o Projeto Polí-tico Pedagógico e estabelece parcerias),dialoga com a torcida (se o presidenterecebe as organizadas, o diretor cuida daarticulação com a comunidade) e zelapela agremiação (em seu "clube", o dire-tor faz a gestão administrativa, de apren-dizagem, do espaço e da equipe).

Mas um time s6 com presidente seriameio capenga. Equipes de sucesso exigemum profissional que não apenas mergu-lhe na história do esporte, mas que estejaantenado com as principais novidades naárea. Que domine a arte e a ciência dojogo não apenas para chamar a equipeà unidade, estimule-a quando toma umgol inesperado - "Exatamente quandoestávamos jogando tão bem!"- ou a mo-dere quando algum jogador se exalta. Nofutebol, essa pessoa é o técnico. Na esco-la, é o coordenador pedagógico.

Para ser bem exercida, a função decoordenador supõe um enorme conhe-cimento do conjunto da escola. Quem

104 MAI02009 www.ne.org.br

são os alunos? Quais turmas apresentammaior dificuldade (e em quais discipli-nas)? Como trabalham os professores?Quais necessitam de maior auxílio naformação em serviço? O que os estudan-tes estão aprendendo - e o que estamosfazendo para ajudar aqueles que aindanão chegaram ao nível desejado?

Como se vê, o foco desse profissio-nal aponta fortemente para a gestão daaprendizagem e para a formação dosprofessores. Isso inclui dominar algumascoisas que nenhuma faculdade ensinou aele: saber como o currículo foi desenha-do, quando e como se articulam as áreasdo saber e quais os modelos de avaliaçãodisponíveis. Apesar de não ser uma tarefafácil, ela é indispensável. É justamente oconhecimento das diferentes disciplinas,de seus objetivos, de suas propostas de re-cuperação, da bibliografia adotada e dasmetodologias propostas que conferirá a

ttA funçãoprimordial docoordenador é

procurar formasde ajudar os

professores de todasas disciplinas

a avançar."

ele a respeitabilidade dos professores. Is-so exige muito estudo.

Vejo duas grandes perguntas a respei-to da atuação do profissional. A primei-ra: o que, exatamente, ele tem de saber?Eu diria que a boa notícia é que ele nãoprecisa entender de tudo. Sua funçãoprimordial é procurar formas de ajudaros professores de todas as disciplinas aavançar. A primeira edição da revistaNOVAESCOLAGESTÃOESCOLARtrazum excelente exemplo de como esseauxílio acontece na vida real. A reporta-gem Documentos em Ordem mostra comoa coordenação pedagógica pode orientara equipe de professores na produção emontagem de portfólios, registros, pau-tas de observação, diários de aula e notas:registros fundamentais para o trabalhode qualquer docente.

A segunda pergunta: como (e onde)conseguir esses conhecimentos? Os ca-minhos são diversos: uma boa visita àslivrarias da cidade, uma exploração aten-ciosa do acervo pedagógico na bibliotecado bairro, programas de formação ofe-recidos pelas Secretarias e outras insti-tuições e a participação em seminários econgressos - com o compromisso eviden-te de socializar as informações principaispara os demais profissionais da escolaAssim, o coordenador vai constituindcsua figura como um parceiro e um orien-tador do trabalho docente.

Para isso tudo, o coordenador temmeios de atuação difusos: a presençanas atividades pedagógicas que alunos f

professores promovem, a conversa indi-vidual com os docentes e a direção, asapresentações de trabalhos, as organiza

Page 104: Nova Escola Edição 222

ções de estudos do meio, as visitas e asfestas, o material que ele torna disponí-vel na sala dos professores, os avisos quedeixa no quadro e até mesmo a sala docafezinho. Mas ele conta ainda com ummomento privilegiado. É o chamadoHorário de Trabalho Pedagógico Cole-tivo (HTPC), período de formação emserviço durante o qual seu "jeitão" apa-rece e se consolida. Ali, o coordenadordesenvolve seu máximo trabalho: fazercom que os professores, os verdadeiroscraques do time escolar, brilhem (porquesão as estrelas e, afinal, cabe a eles pre·parar as aulas, trabalhar duramente comcentenas e centenas de aluno? corrigirprovas e trabalhos, extenuar a voz paraser ouvido e ainda readequar suas aulasao seu plano inicial).

No HTPC, o coordenador iluminao trabalho dos docentes, colocando-oscomo O centro do processo de ensino eaprendizagem: o que cada um deles fazde melhor? O que precisa aprofundar,estudar mais, trocar com os colegas? Épossível, por exemplo, levar para essehorário uma prova tão boa, concebidapor um dos integrantes da equipe, quemereça ser estudada pelos colegas.

Atitudes assim põem em relevo a lide-rança do coordenador pedagógico. Nãose trata, aqui, de liderança como irnposi-ção, mas como prestação de serviço, quejunta as partes dispersas, evidencia ascoisas boas, participa do dia-a-dia, avaliarumos, dá ideias com base nas necessida-des, estimula práticas criativas de alunose professores e apoia o diretor para cum-prir sua tarefa de construir caminhos pa-ra a escola junto com a comunidade. Pararetornar à metáfora futebolística, ele éum dos que mais ajudam a bola a cor-rer bem redonda no gramado. Como otécnico, pode até não entrar em camponem levantar o troféu, mas, sem ele, nãoexiste time campeão. [g

FERNANDO JOSÉ DE ALMEIDA([email protected])éfilósofo,docenteda Pontifícia Universidade Católica (PUC)de São Paulo e vice-presidente daTV Cultura - Fundação Padre Anchieta.

o gestor é a almada escola.

E essa revista é acara do gestor.

U- I ""'O l..,nrnon .•••, ~__ T......- _....,... ~ ....• --.....••.•••••••. H9- li' • w-a.. •••.a

Gestão Escolar

Chegou NOVA ESCOLA Gestão Escolar,uma publicação para diretores, coordenadorespedagógicos e orientadores educacionais.

• Gestão da aprendizagem• Gestão do espaço• Gestão da equipe• Gestão administrativa• Articulação com a comunidade

• Parcerias• Legislação

• Abril !!IGERDAUFmdação _ Clvila

www.ne.org.brjgestao

Page 105: Nova Escola Edição 222

Pense nissolUIS CARLOS DE MENEZES

o aprendizado dotrabalho em grupoo professor pode ensinar a turma a cooperar,

ª escolher e decidir ao mesmo tempo em queldá conta dos conteúdos das disciplinas

Na família e na vida profissional esocial, é preciso saber se expressar,

consultar, questionar, fazer planos, to-mar decisões, estabelecer compromissose partilhar tarefas. Essas <ições, envolven-do aspectos práticos, éticos e estéticos, po-dem ser relativamente simples, como é O

caso de escolher o que preparar para umarefeição ou um trajeto. Outras vezes, sãocomplexas, como estabelecer prioridadesnum orçamento e atribuir responsabili-dades na realização de um projeto. Na es-cola, atividades em grupo qualificariampara desafios como esses, tão necessáriosna vida social. Mas isso frequentementeesbarra em obstáculos.

Quem acha que o papel do professoré só "passar" conhecimentos talvez vejaa aprendizagem ativa e interativa comoum devaneio te6rico ou como ilusõesde certas propostas pedagógicas. Isso, naprática, reduz o ensino à instrução indi-viduai em massa, quando as classes nãosão coletivos de trabalho cooperativo. Es-sa visão leva a uma prática em que s6 oprofessor tem a palavra e a interação dosestudantes é desprezada. Por isso, as tur-mas são simplesmente reunidas - não sepensa em construí-las. Atitudes dessa na-tureza, aliás, têm o respaldo de famíliasque veern um convite à diversão quandose abre espaço à participação dos filhos.

Já quem reconhece a importânciadessa participação ativa e interativa e sedispõe a promovê-Ia em situações reaisenfrenta bem o desafio de colocá-la emprática mesmo em classes numerosas -como mostrou a reportagem Como Agru-po Meus Alunos?, capa da edição de marçode NOVA ESCOLA. Para promover a au-

106 MAI02009 www.ne.org.br

tonomia, não bastam materiais didáticose um professor protagonista. É precisopropor à classe atividades coletivas maisestruturadas do que as aulas expositivas,pois todos devem estar motivados e cons-cientes do sentido delas.

Para isso, cabe ao professor atuar comseus colegas e com a coordenação peda-gógica, aliás, com a mesma dinâmica quepretende propor em sala de aula. Alémde se perguntar "de que forma a ativida-de em grupo melhora o ensino da minhadisciplina?", é necessário formular outra:"De que forma minha disciplina podepromover nos grupos a aprendizagemcooperativa?" Sim, é possível tambémter a disciplina a serviço dessa formaçãocoletiva e não apenas o inverso. Com is-so, tem-se o foco na aprendizagem e nodesenvolvimento da turma, não somenteno ensino de conteúdos.

É claro que nem tudo deve ser feitode forma coletiva, pois são igualmenteessenciais a exposição do professor etarefas individuais de crianças e jovens,mas é preciso compor esses momentosarticulando com coerência as ações pes-soais e coletivas. Essa construção concei-tual e afetiva depende do trabalho emgrupo, em que se desenvolvem afinidadee confiança, identificam-se potencialida-des e aprende-se com os demais. Coma diversificação do planejamento, sãocontempladas as diferentes necessidadese propensões dos alunos. Não s6 na redepública, mas especialmente nela.os maisbeneficiados por essa construção são osque vêm de contexto cultural limitado,sem outras oportunidades que não as daescola para a sua emancipação.

ttpara promovera autonomia, é. ,

precrso propor aclasse atividades

coletivas maisestrutu radas

do que as aulasexpositivas. "

As boas escolas desenvolvem práticasapropriadas a cada faixa etária. Isso por-que é bem diferente desenvolver conte-údos de instrução em atividades coope-rativas se for uma classe de alfabetizaçãocom professora única ou se for uma salade adolescentes com vários professoresde disciplinas. Mas a prática faz senti-do desde a Educação Infantil até a pós-graduação. Aliás, Jogo mais estarei comquase 40 mestrandos, que não esperamminha chegada para começar a aula. Jáestarão discutindo as leituras da semanaem seus grupos de referência. Atitudessemelhantes podem ser encontradas emdiferentes cursos, famílias e empresas,mas sempre em coletivos que valorizema autonomia e a cooperação. ~

LUIS CARLOS DE MENEZES(pensen [email protected])é físico e educador da Universidadede São Paulo (USP).

Page 106: Nova Escola Edição 222

~ A/Y1'Ul. twuma, ~ a. 1« t ~i·~Utl'Yt ~. aimdA. YI14V> ~ caeLa wm. ~ ~ km ,WYYt

I YLVvd cl..e ~ JJf~ J., M, ~ &v" A'\'VlA- <x.Uo.""f(l.wm

~~clt,~M.~ QK.a. a. ~ cI.... t J,i;w. Cf'U O- ~~ PA~

~ ~ wt 2008 1'ta ~ B..atvk ~ ~\ ~,vm ~, raxÁ e W>t »(A e~ dJ. ~~ F-A ~&.~J.lt ~.Oh~ck~,.p~~~ ~ MA ~ clt ~ cU ilUk, Wo CerM ~

Apeio e ~ ~ aQ,woo~.Cfu. ~ clt ~ ~ 'f'l!\ (l ~ 1'tW>Q 44. .

_ GEROAU j & ~ f~~ MJ> adM. (k ~ dt .wm_ o,'YW d.J. ~ ~, :ted..M M ::2 5 ~ ~

~, ~ & alwno cmn ~Jo..c1v, ~ ch

~.~~$~p4nA~~

Icunw- p"W.: ~.vJ;;,cle, ~ e a- ~ cU cru.e ~

9'> ~ ~ e tW.e ~.

www.todospelaeducacao.org.br

Page 107: Nova Escola Edição 222

- . , t. :, ••.

A Undlme, em parceria com a FundaçãoSantlllana e com aModerna Formação, desenvolveu um curso de capacitaçãosobre o tema A criança de 6 anos no Ensino Fundamental.

Com carga horária de ao horas, este curso é todo ministradoa distância e permite que os educadores realizem as aulas deacordo com a sua disponibilidade.

Vagas limitadas. Inscrições abertas. Curso gratuito.

Informações e inscriçõeswww.fundacaosantillana.com.br