notas de aulas (parte 1)

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1 Notas de aulas de Estradas (parte 1) Helio Marcos Fernandes Viana Tema: Considerações gerais (introdução ao estudo de estradas) Conteúdo da parte 1 1 Introdução 2 Estudos para construção de estradas 3 Fases do projeto geométrico 4 Fatores que influenciam na escolha do traçado 5 Desenvolvimento do traçado da estrada (ou ampliação do traçado) 6 Classificação das rodovias 7 Considerações finais

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    Notas de aulas de Estradas (parte 1)

    Helio Marcos Fernandes Viana

    Tema:

    Consideraes gerais (introduo ao estudo de estradas)

    Contedo da parte 1 1 Introduo 2 Estudos para construo de estradas 3 Fases do projeto geomtrico 4 Fatores que influenciam na escolha do traado 5 Desenvolvimento do traado da estrada (ou ampliao do traado) 6 Classificao das rodovias 7 Consideraes finais

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    1 Introduo 1.1 Conceito de projeto geomtrico de estrada O projeto geomtrico de uma estrada o resultado das relaes dos elementos fsicos (rampas, curvas, superelevaes, etc.) com as velocidades dos veculos, frenagem dos veculos, condies de segurana e conforto dos usurios, etc. 1.2 Caractersticas gerais do projeto geomtrico a) Os critrios para elaborao de um o projeto geomtrico de estradas baseiam-se em princpios de geometria, de fsica e nas caractersticas de operao dos veculos. b) O projeto geomtrico inclui: clculos tericos, resultados empricos (deduzidos de numerosas operaes), anlises do comportamento dos motoristas, anlises da capacidade das estradas, etc. c) A construo de uma estrada, com um dado projeto geomtrico, deve ser tecnicamente possvel, economicamente vivel e socialmente abrangente. 1.3 Escolha do melhor traado geomtrico da estrada Para estabelecer ligao entre dois pontos, possvel desenvolver vrios traados geomtricos. decisivo para escolher o melhor traado geomtrico de uma estrada: a) A experincia e bom senso do projetista; b) A comparao entre os diversos traados preliminares quanto aos elementos de projeto (raios mnimos de curvas horizontais, inclinaes mximas das rampas, curvas verticais, volumes de cortes e aterros, etc.). Um traado geomtrico de uma estrada pode se tornar invivel por apresentar grandes inclinaes de rampas e/ou raios de curvas horizontais menores que o mnimo e/ou obras de arte de grande extenso (ex. pontes). 2 Estudos para construo de estradas As principais atividades para elaborao de um projeto rodovirio so: -> Estudos do trfego; -> Estudos geolgicos e geotcnicos; -> Estudos hidrolgicos;

    Jair Santos Bastos JrVer inclinao para evitar fora centrfuga.

    Jair Santos Bastos Jr

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    -> Estudos topogrficos; -> PROJETO GEOMTRICO; -> Projeto de obras de terra; -> Projeto de terraplenagem; -> PROJETO DE PAVIMENTAO; -> Projeto de drenagem; -> Projeto de obras de arte correntes (estruturas de pequeno porte, tais como: bueiro, pontilho e muros); -> Projeto de obras de arte especiais (estruturas de grande porte, tais como: ponte, viadutos e tneis); -> Projeto de viabilidade econmica; -> Projeto de desapropriao; -> Projetos de intersees, retornos e acessos; -> Projeto de sinalizao; -> projeto de elementos de segurana (guarda-corpo nas bordas da pista); -> Oramento da obra e plano de execuo; -> Relatrio de impacto ambiental. OBS. Algumas atividades do projeto rodovirio se relacionam entre si (ex. O projeto geomtrico se relaciona com os estudos do trfego, hidrolgicos, topogrficos e geotcnicos). 3 Fases do projeto geomtrico O projeto geomtrico de uma estrada consiste de trs fases: reconhecimento (ou estudos preliminares), explorao (ou anteprojeto) e projeto (ou projeto executivo). 3.1 Fase de reconhecimento (ou estudos preliminares) O reconhecimento a primeira fase da escolha do traado da estrada. a) Objetivo principal do reconhecimento O objetivo principal do reconhecimento o levantamento e anlise dos dados da regio, que so necessrios para definio dos possveis locais por onde a estrada vai passar. b) Caractersticas da fase de reconhecimento Na fase de reconhecimento so definidos os principais obstculos topogrficos, geolgicos e hidrolgicos. Ainda, so escolhidos os locais para o lanamento dos anteprojetos (ou traados alternativos).

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    c) Diretriz geral e pontos obrigados de passagem Considerando a ligao entre dois pontos A e B de uma determinada regio como ilustra a Figura 3.1, tem-se que:

    Figura 3.1 - Diretriz geral e pontos obrigados de uma estrada i) A reta AB a diretriz geral da estrada. ii) A cidade C e o porto D sero servidos pela estrada, e so denominados de PONTOS OBRIGADOS DE PASSAGEM DE CONDIO. iii) A garganta G um ponto de passagem imposto pela topografia. G denominado de PONTO OBRIGADO DE PASSAGEM DE CIRCUNSTNCIA. iv) Cada uma das retas que liga dois pontos obrigados intermedirios denominada diretriz parcial. d) Tarefas desenvolvidas na fase de reconhecimento (ou estudos preliminares) As principais tarefas desenvolvidas na fase de reconhecimento so: -> Coletas de dados sobre a regio (atravs de: mapas topogrficos, fotos areas, estudos do trfego, estudos geolgicos e hidrolgicos, etc.). -> Observao do terreno dentro do qual se situam os pontos obrigados de passagem de condio (atravs de: observaes de campo, em mapas ou em fotografias areas). -> Escolha dos pontos obrigados de passagem de circunstncia. -> Seleo das diretrizes parciais que forneam o traado mais prximo da diretriz geral. -> Levantamento dos quantitativos e custos preliminares das alternativas de traado (ex. custos de terraplenagem dos diversos traados alternativos). -> Avaliao dos traados (avaliar: rampas mximas, raios mnimos horizontais, obras de arte e volumes de cortes e aterros).

    Jair Santos Bastos Jr

    Jair Santos Bastos Jr(Entre montanhas)

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    e) Trabalhos de escritrio da fase de reconhecimento Os trabalhos de escritrio consistem em: i) Preparar as plantas e os perfis (longitudinais e transversais) levantados no campo; ii) Comparar os diversos estudos realizados (ex. comparar os diversos traados alternativos); e iii) Indicar e justificar o traado mais conveniente. f) Escalas comumente empregadas nos desenhos na fase de reconhecimento Para desenho em planta a escala de 1 : 20.000 Para o perfil longitudinal da linha de reconhecimento tem-se: i) Escala horizontal de 1 : 20.000 ii) Escala vertical de 1 : 2.000 OBS. Escala de 1 : 20.000 significa que 1cm na planta equivale a 20.000cm (ou a 200m) no campo. 3.2 Fase de explorao (ou anteprojeto) a) Caracterstica da fase de explorao (ou anteprojeto) i) A explorao consiste no levantamento topogrfico de uma faixa limitada de terreno. ii) Na fase de explorao so empregados mtodos e instrumentos muito mais precisos que os utilizados na fase de reconhecimento. iii) Durante a fase de explorao so desenvolvidos outros estudos, alm dos estudos topogrficos, tais como: estudos de trfego, hidrolgicos, geolgicos, geotcnicos, entre outros. b) Anteprojetos da fase de explorao Os estudos realizados na fase de explorao possibilitam a elaborao dos seguintes anteprojetos: -> Anteprojeto de terraplanagem; -> Anteprojeto de drenagem; -> Anteprojeto de pavimentao; -> ANTEPROJETO GEOMTRICO; e -> Outros. OBS. A literatura possui indcios que podem ser desenvolvidos mais de um anteprojeto, para mais de um traado alternativo obtido na fase de reconhecimento.

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    c) Sequncia ordenada para lanamento do anteprojeto geomtrico A sequncia ordenada para lanamento do anteprojeto geomtrico a seguinte: i) Escolha dos pontos de intercesso das tangentes (PI) e determinao das suas coordenadas. OBS. As tangentes so as retas das estradas. ii) Escolha dos raios das curvas horizontais. OBS. A escolha do raio feita colocando-se diversos gabaritos sobre a planta, de modo que a curva traada tangencie os dois trechos retos ou tangentes. iii) Dimensionamento das curvas horizontais. iv) Estaqueamento do traado, geralmente de 20 em 20 metros. v) Levantamento do perfil do terreno relativo ao traado escolhido. vi) Escolha dos pontos de interseo das rampas (PIV). vii) Determinao das cotas e estacas dos PIVs. viii) Clculo das declividades das rampas. ix) Clculo do comprimento das rampas. x) Escolha das curvas verticais. xi) Dimensionamento das curvas verticais. d) Escalas comumente empregadas nos desenhos na fase de explorao i) As plantas devem possuir escalas de 1 : 2.000 ii) O perfil longitudinal do terreno feito nas seguintes escalas: -> Escala horizontal de 1 : 2.000 -> Escala vertical de 1 : 200 iii) As sees transversais, de preferncia, so desenhadas na escala de 1 : 100 e) O melhor anteprojeto geomtrico Antes do projeto geomtrico podem ser traados vrios anteprojetos. A definio do melhor anteprojeto feita com base no custo beneficio de cada um dos anteprojetos elaborados na fase de explorao. OBS. Anteprojeto - so definies alternativas, em nvel de preciso que permita a escolha do(s) traado(s) a ser(em) desenvolvido(s), e a estimativa de custo das obras.

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    3.3 Fase de projeto (ou projeto executivo) A fase de projeto a fase de detalhamento do(s) melhor(es) anteprojeto(s), ou seja, o clculo de todos os elementos necessrios perfeita definio do projeto em planta, perfil longitudinal e sees transversais. a) Caractersticas do projeto O projeto final da estrada constitudo pelo seguinte conjunto: i) Planta baixa, perfil longitudinal e sees transversais detalhadas; ii) Memoriais de clculo; iii) Justificativa de solues; iv) Descrio dos processos adotados (ex. processos de compactao da base, subbase, etc.); v) Quantificao de servios; vi) Especificaes de materiais; vii) Mtodos de execuo de oramentos (ex. clculos baseados na distncia mdia de transporte, no volume mdio de corte e aterro, etc.). b) Aspectos que devem ser evitados no projeto da estrada Uma estrada quando bem projetada no dever apresentar inconvenientes como: - Curvas fechadas (ou de pequeno raio de curvatura) e frequentes; - Greide muito quebrado; - Greide com declividades fortes; e - Visibilidade deficiente. c) Regras bsicas para elaborao de um projeto geomtrico As regras bsicas para elaborao de um projeto geomtrico so as seguintes: i) As curvas devem ter o maior raio possvel; ii) A rampa com inclinao mxima deve ser empregada em casos particulares e com a menor extenso possvel; iii) A visibilidade deve ser assegurada em todo o traado principalmente nos cruzamentos e nas curvas horizontais e verticais; iv) Devem ser minimizados ou evitados os cortes em rochas (a escavao de 1m3 de corte em rocha chega a custar de 10 a 12 vezes a escavao do mesmo volume de solo); v) Devem ser compensados os cortes e os aterros (o volume de corte deve ser igual ou prximo ao volume de aterro); e vi) As distncias de transporte de solo devem ser a menor possvel.

    Jair Santos Bastos JrInclinao mxima de 10% para cada 300 m

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    d) Elementos da planta ou da projeo horizontal da estrada (do projeto definitivo) A planta da estrada dever conter as seguintes informaes: i) O eixo da estrada com a indicao do estaqueamento, e a representao do relevo do terreno com curvas de nvel a cada metro; ii) Indicar as bordas da pista, os pontos notveis do alinhamento horizontal (PCs, PTs. PIs, etc.), e elementos das curvas (raios, comprimentos, ngulos centrais, etc.); iii) Localizao das obras de arte; iv) Linhas indicativas: -> dos offsets de terraplenagem; -> dos limites da faixa de domnio (faixa desapropriada para construo da estrada); -> das divisas de propriedades (fazendas ou stios); v) Dever indicar o nome dos proprietrios, culturas, e a indicao dos acessos s propriedades; vi) Dever indicar servios pblicos existentes (ex. posto de sade, escolas, aeroporto, etc.); OBS. Offset a estaca cravada a 2 m da crista do corte ou do p do aterro, que serve de apoio execuo da terraplenagem e para o controle topogrfico; vii) A escala da planta , geralmente, 1: 2.000; viii) Devero ser executados desenhos extras agrupados por assunto (drenagem, pavimentao, etc.). e) Elementos do perfil longitudinal do projeto Os desenhos do perfil longitudinal da estrada devero indicar: -> O perfil do terreno; -> A linha do greide; -> O perfil dever indicar as estacas dos PIVs, PCVs e PTVs; -> Dever indicar os comprimentos das curvas verticais de concordncia; -> Dever indicar as rampas em porcentagem; -> Os raios das curvas verticais; -> As ordenadas dos PIVs das curvas verticais;

    Jair Santos Bastos JrPC: Ponto de CurvaPT: Ponto de TangentePI: Ponto de Interseo

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    -> As cotas da linha do greide em estacas inteiras (o estaqueamento 20 em 20m); -> As cotas da linha do greide em locais de sees transversais especiais; -> A localizao e limites das obras de arte correntes e especiais (com dimenses e cotas); -> O perfil geolgico. OBS. O perfil longitudinal de uma estrada denominado greide. O greide constitudo de retas concordadas por curvas. Sempre que possvel o greide deve acompanhar o perfil longitudinal do terreno para diminuir os cortes (por questo economia). f) Escalas usadas no desenho do perfil longitudinal O desenho do perfil longitudinal, preferencialmente, e feito nas seguintes escalas: i) Escala horizontal de 1 : 2.000; e ii) Escala vertical de 1 : 200 g) Sees transversais da estrada na fase de projeto As sees transversais so projees da estrada sobre planos verticais perpendiculares ao eixo da estrada. OBS(s). a) EIXO DA ESTRADA a linha que representa em planta, o lugar geomtrico dos pontos mdios da plataforma da rodovia (ou simplesmente a linha do centro da plataforma da estrada). b) PLATAFORMA DA ESTRADA dada pela soma das larguras da pista, dos acostamentos e das sarjetas. Devem ser desenhadas vrias sees-tipo, em pontos escolhidos, que permitam a perfeita definio de todas as caractersticas transversais do projeto. As sees transversais devem conter: i) Dimenses e/ou inclinaes transversais dos acostamentos, faixas de trfego e demais elementos que constituem a plataforma da estrada; ii) Taludes de corte e/ou aterro; iii) Indicao e localizao de obras de arte, dispositivos de drenagem, obras de proteo e etc.; iv) reas de corte e aterro; v) Posio dos offsets de terraplanagem e faixa de domnio; e vi) Outras informaes complementares.

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    A Figura 3.2 ilustra uma seo transversal de uma rodovia executada com corte e aterro.

    Figura 3.2 - Seo transversal de uma rodovia com corte e aterro OBS. Banqueta uma elevao existente na extremidade da plataforma que tem a funo de reter e encaminhar longitudinalmente as guas. 4 Fatores que influenciam na escolha do traado da estrada So vrios os fatores que influem na escolha do traado de uma estrada. Dentre eles, destacam-se: i) Influncia da topografia da regio Regies topograficamente desfavorveis geralmente acarretam grandes movimentos de terra, elevando os custos da construo. ii) Influncia das condies geolgicas e geotcnicas do terreno As condies geolgicas e geotcnicas podem inviabilizar determinado traado de uma estrada, pois na maioria dos casos, so grandes os custos para estabilizao de cortes e aterros em terrenos desfavorveis (ex. cortes em rochas, aterros sobre solos moles, etc.). iii) Influncia da hidrologia e/ou hidrografia da regio A hidrologia e/ou a hidrografia de uma regio pode interferir na escolha do traado, pois os custos de obras de arte e drenagem geralmente so elevados.

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    Jair Santos Bastos Jr2 metros

    Jair Santos Bastos Jr2 metros

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    Jair Santos Bastos Jrestaca

    Jair Santos Bastos Jrestaca

    Jair Santos Bastos Jr

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    OBS(s). a) A hidrologia relaciona-se ao estudo das guas da regio, inclusive do volume de chuvas. b) A hidrografia relaciona-se ao conjunto das guas correntes ou estveis da regio. iv) Influncia da presena de benfeitorias ao longo da faixa de domnio (ou faixa desapropriada para construo da estrada) Os custos de desapropriaes ao longo da faixa de domnio da estrada (ou faixa de implantao) podem inviabilizar um determinado traado (ex. um traado de estrada cruzando um aeroporto, que implicar em um oneroso tnel ou na desapropriao total aeroporto). 5 Desenvolvimento do traado da estrada (ou ampliao do traado) Quando a declividade de uma regio for ngreme (ou com forte declive), de modo que no seja possvel lanar o eixo da estrada com as declividades admissveis de projeto, deve-se desenvolver (ou ampliar) o traado. As Figuras 5.1 at 5.4 mostram alguns exemplos de desenvolvimento (ou ampliao) do traado da estrada. A Figura 5.1 ilustra uma estrada em terreno ngreme com desenvolvimento de traado em ziguezague.

    Figura 5.1 - Estrada com desenvolvimento de traado em ziguezague

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    A Figura 5.2 mostra o esquema de um traado em ziguezague, observa-se que o traado tende a acompanhar as curvas de nvel para diminuir as declividades das rampas (ex. Serra do Maal, entre Vitria da Conquista e Itapetinga na Bahia).

    Figura 5.2 - Esquema de um traado desenvolvido em ziguezague Quando o eixo da estrada acompanha as curvas de nvel, h uma reduo do volume do material escavado. A Figura 5.3 ilustra o desenvolvimento do traado acompanhado as curvas de nvel.

    Figura 5.3 - Desenvolvimento (ou ampliao) do traado acompanhando as curvas de nvel

    A Figura 5.4 ilustra o desenvolvimento do traado fazendo a diretriz (ou eixo da estrada) cruzar uma garganta, evitando assim o pico da serra (ou espigo).

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    Figura 5.4 - Eixo da estrada cruzando uma garganta 6 Classificao das rodovias As rodovias so classificadas quanto: i) posio geogrfica; ii) funo; iii) jurisdio; iv) s condies tcnicas; e v) Quanto ao nvel de servio. OBS. A classificao quanto s condies tcnicas e quanto ao nvel de servio de interesse para projeto geomtrico. 6.1 Classificao da rodovia quanto posio geogrfica As estradas federais do Brasil recebem o prefixo BR, acrescido de trs algarismos. O primeiro algarismo, tendo Braslia como referncia, tem o seguinte significado: 0 quando a rodovia radial; 1 quando a rodovia longitudinal; 2 quando a rodovia transversal; 3 quando a rodovia diagonal; e 4 quando a rodovia de ligao.

    Os dois algarismos restantes da classificao indicam a posio da rodovia com relao Braslia e os limites extremos do pas. a) Rodovias radiais So as rodovias que partem de Braslia para qualquer direo, ligando Braslia as capitais e a pontos importantes do pas. As rodovias tm numerao de 010 a 080, obedecendo ao sentido horrio (ex. BR - 040, rodovia Braslia - Rio de Janeiro).

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    b) Rodovias longitudinais So as rodovias que tm direo norte-sul. Sendo que, a numerao varia da direita para esquerda, entre 100 e 199. Em Braslia, o nmero 150 (ex. BR - 135, rodovia So Luiz - Belo Horizonte). c) Rodovias transversais So as rodovias que tm direo leste-oeste. Sendo que, a numerao varia de 200 no extremo norte do pas, at 299 no extremo sul. Em Braslia, o nmero 250. (Ex. BR - 230, rodovia Transamaznica). d) Rodovias diagonais pares So as rodovias que tm direo noroeste-sudeste (NO-SE). Sendo que, a numerao varia de 300 no extremo noroeste do pas, at 398 no extremo sudeste. Em Braslia, o nmero 350. (ex. BR - 316, rodovia Belm - Macei). e) Rodovias diagonais mpares So as rodovias que tm direo nordeste-sudoeste (NE-SO). Sendo que, a numerao varia de 301 no extremo nordeste do pas, at 399 no extremo sudoeste. Em Braslia, o nmero 351. (ex. BR - 319, rodovia Manaus - Porto Velho). f) Rodovias de ligaes So as rodovias com traado que no se enquadram nas categorias anteriores. Sendo que, a numerao varia 400 a 450 se a ligao estiver a norte de Braslia, e de 451 a 499 se a ligao estiver a sul de Braslia. (ex. BR - 408, rodovia Campina Grande - Recife). A Figura 6.1 elucida a classificao das rodovias federais segundo a orientao geogrfica. 6.2 Classificao das rodovias rurais quanto funo Quanto funo as rodovias rurais classificam-se em: a) Rodovias arteriais So as rodovias que proporcionam alto nvel para movimentao dos grandes volumes de trfego, e tm a funo de atender ao trfego de longa distncia seja internacional ou interestadual (ex. Rodovia Rio - Bahia). b) Rodovias coletoras So as rodovias que atendem aos ncleos populacionais, que geram trfego de menor volume, e que no so servidos pelo sistema arterial. Estas rodovias tm a funo de proporcionar acesso dentro de uma rea especfica (ex. Rodovia Conquista - Barra do choa). c) Rodovias locais So as rodovias de pequena extenso destinadas a proporcionar o trfego intramunicipal de reas rurais, e de pequenas localidades para as rodovias mais importantes (ex. Rodovia Jos Gonalves - BR -116).

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    Figura 6.1 - Esquema para a classificao das rodovias federais segundo a

    orientao geogrfica 6.3 Classificao das rodovias quanto jurisdio Quanto jurisdio as rodovias classificam-se em: a) Rodovias federais So as rodovias, em geral, arteriais que interessam diretamente nao. Estas rodovias quase sempre percorrem mais de um estado, e so construdas e mantidas pelo governo federal. b) Rodovias estaduais So rodovias contidas no territrio do estado, e ligam ente si as cidades e a capital. Usualmente, estas rodovias tm a funo de arteriais ou coletoras.

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    c) Rodovias municipais So rodovias construdas e mantidas pelo governo municipal. Estas rodovias so de interesse de um ou mais municpios. d) Rodovias vicinais So, em geral, as rodovias municipais pavimentadas ou no, que possuem um padro tcnico modesto. So as rodovias que ligam as fazendas e os stios, e promovem a integrao territorial e demogrfica da regio. 6.4 Classificao das rodovias quanto s condies tcnicas Est classificao de interesse para o projeto geomtrico de rodovias. As principais caractersticas desta classificao so as que se relacionam com o trfego (Ex. velocidade, rampas, largura de pista, largura de acostamento, raios de curvas, nveis de servio, etc.). Recomenda-se adotar, como critrio para classificao tcnica da rodovia, o volume de trfego que dever atuar na rodovia no 10.0 ano aps a sua abertura. A Tabela 6.1 mostra a classificao das rodovias, quanto s condies tcnicas, para quatro classes de projeto distintas. Na Tabela 6.1 tem-se que: a) Os volumes de trfego (VMD e volume horrio) so bidirecionais (ou nas duas faixas), e referem-se a veculos mistos. OBS. Volume ou fluxo (de trfego) o nmero de veculos, que cruzam determinada seo de uma via, dentro de um dado intervalo de tempo. b) Acesso a intercesso da rodovia com ruas, avenidas, ou outras rodovias, ou entradas de moradias. c) Via expressa a via destinada ao trfego rpido, com separao de trnsito (ou sentido de trfego), e que possui acessos condicionados locais pr-determinados. Ex. de via expressa: rodovia Ferno Dias que liga Belo horizonte a So Paulo, que uma rodovia com duas pistas separadas quanto ao trfego, com canteiro central ou parte gramada entre as duas pistas; e ainda, com duas ou mais faixas de trfego em cada pista. d) Os nveis C ou D referem-se classificao da rodovia em nveis de servio que ser apresentado a seguir.

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    Tabela 6.1 - Classificao das rodovias quanto s condies tcnicas em classes de projeto

    6.5 Classificao das rodovias quanto ao nvel de servios O nvel de servio de uma rodovia estabelecido em funo: a) Da velocidade desenvolvida na via; e b) Da relao entre o volume de trfego e a capacidade da via. Qualquer seo da rodovia pode operar em diferentes nveis de servio, dependendo do instante considerado. Os nveis de servio so assim definidos: i) Rodovia de nvel A: -> Possui condio de escoamento livre, com baixo volume de trfego e alta velocidade; -> A densidade do trfego baixa; e -> A velocidade do veculo controlada pelo motorista, dentro dos limites de velocidade e das condies fsicas da via. ii) Rodovia de nvel B: -> Apresenta um fluxo estvel dos veculos; -> Os motoristas possuem uma razovel liberdade de escolha de velocidade; e -> Os motoristas ainda tm condies de ultrapassagem. OBS. O conceito de fluxo estvel e instvel ser apresentado mais adiante.

    Dever ser utilizada quando os volumes de trfego previstos ocasionarem nveis de servio, em rodovia de pista simples, inferiores aos nveis C ou D

    CLASSES DE PROJETO

    0

    A

    CARACTERSTICAS CRITRIO DE CLASSIFICAO TCNICA

    Pista dupla

    Dever ser utilizada por deciso administrativaVia expessaControle total de acesso

    IPista simplesControle parcial deacesso

    acessoControle parcial de

    IVPista simples

    Dever ser utilizada quando:VMD (no ano de abertura ao trfego) < 50

    Volume horrio de projeto > 200 veculosVolume mdio dirio (VMD) > 1400 veculosDever ser utilizada quando:

    B

    BDever ser utilizada quando:

    VMD entre 700 e 1400Pista simplesII

    Pista simplesIIIDever ser utilizada quando:VMD entre 300 e 700

    Pista simplesDever ser utilizada quando:VMD (no ano de abertura ao trfego) entre 50 e 200

    A

    Jair Santos Bastos Jr

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    iii) Rodovia de nvel C: -> Apresenta um fluxo de veculos, ainda estvel; -> As ultrapassagens j so controladas (ou impedidas) pelo alto volume de trfego; e -> Muitos motoristas no tem liberdade de escolher a faixa de velocidade. iv) Rodovia de nvel D: -> Apresenta um fluxo de trfego prximo ao instvel; -> Apresenta velocidades de operao, ainda tolerveis; e -> uma rodovia em que as variaes no volume de trfego, e as restries temporais (animais na pista, veculos quebrados, etc.) podem causar queda substancial na velocidade de operao. v) Rodovia de nvel E: -> uma rodovia que trabalha plena carga (o volume de trfego est na capacidade da rodovia); -> Apresenta um fluxo de veculos instvel; e -> uma rodovia sem condies de ultrapassagem. vi) Rodovia de nvel F: -> Apresenta volume de escoamento abaixo da capacidade da via; -> Apresenta extensas filas de veculos na rodovia; e -> Em situaes extremas a velocidade de fluxo pode reduzir-se a zero. OBS(s). a) Densidade de trfego o nmero de veculos que, em um dado momento, ocupam uma certa extenso da via, considerando-se as duas faixas da via. A densidade de trfego expressa em veculos por quilmetro; b) Velocidade de operao a maior velocidade mdia possvel em uma estrada; c) Fluxo ou volume (de trfego) o nmero de veculos (ou de veculos equivalentes), que cruzam determinada seo de uma via, dentro de um dado intervalo de tempo; d) O volume pode ser dado em veculos por hora (v/h), ou em veculo equivalente, por hora, e por faixa (veq/h/fx); e e) O veculo equivalente o carro de passeio (automveis, pick-ups, furges ou similares); Assim sendo, os veculos que trafegam na rodovia so transformados em um nmero de carro de passeio equivalente. Para vias expressas tem-se: i) Fluxo livre quando baixo o volume de trfego na rodovia, ou de at 32% da capacidade da via, ou de at 700 (veq/h/fx) nas condies ideais. ii) Fluxo estvel quando o volume de trfego chega at 75% da capacidade da via, ou menor que 1.640 veq/h/fx nas condies ideais. iii) Fluxo instvel caracterizado por apresentar volume de trfego na capacidade da via, ou 2.200 (veq/h/fx) nas condies ideais.

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    Condies ideais de trfego As condies ideais de trfego apresentam as seguintes caractersticas: -> Dia claro sem chuva, sem vento, etc.; -> Condio de visibilidade sem neblina, sem fumaa, etc.; -> Largura da faixa de trfego com um mnimo de 3,5m; -> Pavimento em bom estado; e -> Etc. 7 Consideraes finais 7.1 Velocidade mxima permitida nas rodovias rurais

    Nas rodovias rurais a velocidade mxima permitida ser: i) 110 km/h para automveis e camionetes; ii) 90 km/h para nibus e micronibus; e iii) 80 km/h para demais veculos (caminhes, motocicletas e tratores). OBS(s). a) A velocidade para uma rodovia pode ser fixada por meio de sinalizao prpria pela entidade responsvel pelo trfego (Prefeitura, DNIT, DER-BA, etc.), e podem ser superior ou inferior as apresentadas anteriormente; b) Transitar em velocidade, medida por radar, superior a 20% (vinte por cento) da velocidade permitida e sinalizada para o local, e resulta em perda imediata carteira de habilitao e multa; e c) Em caso de chuva diminua a velocidade, em caso de chuva forte estacione o veculo. 7.2 Velocidade mxima permitida nas rodovias urbanas

    Nas rodovias urbanas a velocidade mxima permitida ser: i) 80 km/h nas vias urbanas de trnsito rpido; ii) 60 km/h nas vias urbanas arteriais; iii) 40 km/h nas vias urbanas coletoras; e iv) 30 km/h vias urbanas locais. OBS(s). a) A velocidade para uma rodovia pode ser fixada por meio de sinalizao prpria pela entidade responsvel pelo trfego (Prefeitura, DNIT, DER-BA, etc.), e podem ser superior ou inferior as apresentadas anteriormente; b) Transitar em velocidade, medida por radar, superior a 20% (vinte por cento) da velocidade permitida e sinalizada para o local, e resulta em perda imediata carteira de habilitao e multa; e

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    c) Em caso de chuva diminua a velocidade, em caso de chuva forte estacione o veculo. 7.3 Velocidade mnima permitida nas rodovias rurais e urbanas

    De acordo com o Cdigo de Trnsito Brasileiro (artigo 62) a velocidade mnima em rodovias rurais e urbanas no dever ser inferior metade da velocidade mxima estabelecida para rodovia. Caso se trafegue com veculo e com velocidade inferior a velocidade mnima o usurio da rodovia ser multado. OBS. Em caso de condies meteorolgicas adversas (por exemplo: chuva intensa), pode-se trafegar com velocidade inferior a mnima permitida para rodovia. 7.4 Classificao das vias urbanas quanto funo

    Quanto funo as vias urbanas classificam-se em: i) Vias urbanas de trnsito rpido; ii) Vias urbanas arteriais; iii) Vias urbanas coletoras; e iv) Vias urbanas locais.

    As vias urbanas apresentam as seguintes caractersticas: a) Vias urbanas de trnsito rpido No apresenta intersees em nvel, no apresenta semforos, ou seja, o trnsito livre, no permite acessibilidade direta a moradias ou lotes, no apresenta locais para travessia de pedestres em nvel. b) Vias urbanas arteriais Apresenta intersees em nvel, apresenta semforos nas intersees, permite acessibilidade direta a moradias ou lotes; Alm disso, permite o trnsito entre as regies (ou bairros) da cidade. c) Vias urbanas coletoras Coleta e distribui o trnsito oriundo das vias arteriais e/ou de trnsito rpido; Alm disso, permite o trnsito entre as regies (ou bairros) da cidade, apresenta semforos nas intersees, permite acessibilidade direta a moradias ou lotes, e apresenta locais para travessia de pedestres em nvel. d) Vias urbanas locais Apresenta intersees em nvel, no apresenta semforos, apresenta baixo volume de trfego, permite acessibilidade direta a moradias ou lotes, so muito comuns no interior dos bairros.

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    Referncias bibliogrficas Apostila de renovao da C.N.H. (Carteira Nacional de Habilitao). Vera Cruz -

    SP: Editora So Jos. 98p. CARVALHO, C. A. B.; LSS, Z. V.; LIMA, D. C.; SOUZA, A. C. V. Estradas -

    Projeto (introduo, concordncia horizontal, superelevao e superlargura). Apostila 336. Viosa - MG: Universidade Federal de Viosa, 1993. 64p.

    COMASTRI, J. A.; CARVALHO, C. A. B. Estradas (traado geomtrico). Apostila

    112. Viosa - MG: Universidade Federal de Viosa, 1981. 71p. COSTA, P. S.; FIGUEIREDO, W. C. (2001) Estradas estudos e projetos. Salvador

    - BA: Coleo pr-textos, 2001. 408p COMASTRI, J. A.; CARVALHO, C. A. B. Estradas (traado geomtrico). Apostila

    112. Viosa - MG: Universidade Federal de Viosa, 1981. 71p. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS E RODAGEM. Manual de

    implantao. 2. ed., Rio de janeiro, 1996. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS E RODAGEM. Manual de projeto

    geomtrico de rodovias rurais. Rio de janeiro, 1999. OLIVEIRA, J. Cdigo de trnsito brasileiro. So Paulo - SP: Cromosete. 1997.

    230p. PIETRANTNIO, H. Engenharia de trfego - 2. Introduo teoria do fluxo de

    trfego. EPUSP - Departamento de Engenharia de Transportes. http://www.poli.usp.br/d/ptr5803/ET2-Teoria.pdf. 45p.

    PIMENTA, C. R. T.; OLIVEIRA, M. P. Projeto geomtrico de rodovias. 2. ed.. So

    Carlos - SP: Rima, 2004. 198p. (2.o Bibliografia principal) PONTES FILHO, G. (1998) Estradas de rodagem projeto geomtrico. [S.I.]:

    Bidim, 1998. 432p. (1.o Bibliografia principal)