no limiar da paz

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NO LIMIAR DA PAZ Uma Compilação das Escrituras Bahá'ís sobre a Paz

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NO LIMIAR DA PAZ

Uma Compilação das Escrituras Bahá'ís sobre a Paz

NO LIMIAR DA P A Z

NO LIMIAR DA

P A Z Compilado pelo Departamento de Pesquisa da

Casa Universal de Justiça

1987 EDITORA BAHÁ'Í

© Copyright Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Brasil Rio de Janeiro — RJ

Tradução dos textos ainda não publicados em português: Foad Shaikhzadeh Revisor: Washington Araújo Capa: Flávia Sales

1986 — Ano Internacional da Paz (ONU)

Editora Bahá'í R. Eng. Gama Lobo, 267 20551 — Rio de Janeiro — RJ

EXTRATOS DOS ESCRITOS DE BAHÁULLÁH

Este é o Dia em que mais excelentes fa­vores de Deus manaram sobre os homens, o Dia em que Sua graça suprema se infundiu em todas as coisas criadas. Todos os povos do mundo devem reconciliar suas diferenças e, em paz e união perfeitas, se abrigar à som­bra da Árvore de Seu cuidado e Sua benevo­lência. É mister aderirem a tudo o que, nes­te Dia, lhes possa elevar a condição e promo­ver os melhores interesses.

(Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", pág. 17)

O desígnio de Deus em enviar Seus Pro­fetas aos homens é duplo. O primeiro é livrar da escuridão da ignorância os filhos dos ho-

mens, e guiá-los à luz da verdadeira compre­ensão. O segundo é assegurar a paz e tran­qüilidade do gênero humano provendo todos os meios pelos quais podem ser estabelecidas.

("Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", págs. 58/59)

Ó vós que habitais na terra! A feição dis­tintiva que assinala o preeminente caráter desta Revelação Suprema consiste em haver­mos. .. estabelecido os requisitos essenciais da concórdia, da compreensão, da união com­pleta e duradoura. Bem aventurados aqueles que guardam Meus estatutos.

("Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh'', pág. 69)

O Grande Ser, desejando revelar os re­quisitos da paz e tranqüilidade do mundo e do progresso de seus povos, escreveu: Há de vir o tempo em que se compreenda universal­mente a necessidade imperiosa de se convo­car uma vasta assembléia de homens — as­sembléia essa que a todos abranja. Os go-

vernantes e reis da terra devem forçosamente assisti-la e participando de suas delibera­ções, considerar tais meios e métodos que pos­sam lançar entre os homens os alicerces da Grande Paz no mundo. Tal paz exige que as Grandes Potências resolvam, para a tran­qüilidade dos povos da terra, reconciliar-se plenamente entre si. Se algum rei empregar armas contra outro, todos unidos deverão le­vantar-se e impedi-lo. Se isto for feito, as na­ções do mundo não mais precisarão de ar­mamentos, exceto a fim de preservar a segu­rança de seus domínios e manter a ordem in­terna dentro de seus territórios. Isto assegu­rará a paz e sossego de cada povo, governo e nação. Esperaríamos que os reis e governan­tes da terra, espelhos que são do benévolo e onipotente nome de Deus, possam atingir es­te grau e proteger a humanidade contra a in­vestida da tirania... Aproxima-se o dia em que todos os povos do mundo terão adotado um idioma universal e uma escrita comum. Quando isto for realizado, não importa a que cidade um homem possa viajar, será como se estivesse entrando em sua própria casa. Es­tas coisas são obrigatórias e absolutamente essenciais. Incumbe a todo homem de per­cepção e compreensão esforçar-se por tradu­zir para a realidade e ação aquilo que foi es-

crito.. . É homem, verdadeiramente, quem hoje se dedica ao serviço da humanidade in­teira. Diz o Grande Ser: Bem-aventurado e feliz é aquele que se levanta para promover os melhores interesses dos povos e raças da terra. Em outra passagem, Ele proclamou: Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem; ama o mundo inteiro. A terra é um só país, e o gênero humano, seus cidadãos.

("Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", pág. 158)

Ó vós governantes da terra! Por que anu-viastes o esplendor do Sol e o impedistes de se irradiar? Escutai o conselho que vos foi da­do pela Pena do Altíssimo, para que talvez tanto vós como os pobres, possam atingir tranqüilidade e paz. Suplicamos a Deus que ajude os reis da terra a estabelecerem nessa terra, a paz. Ele, verdadeiramente, faz o que deseja.

Ó reis da terra! Nós vos vemos aumen-tardes, todos os anos, vossos gastos, cujo pe­so pondes sobre vossos súditos. Isso, em ver­dade, é flagrante e inteiramente injusto. Te-

S

mei os suspiros e as lágrimas deste Injuria­do e não ponhais encargos excessivos sobre vossos povos. Não lhes roubeis a fim de er-guerdes palácios para vós; não, antes, esco­lhei para eles o que escolheis para vós mes­mos. Assim desdobramos ante vossos olhos o que vos é proveitoso — se apenas o percebes-seis. Vossos povos são vossos tesouros. Acau-telai-vos para que vosso governo não viole os mandamentos de Deus, e não entregueis vos­sos tutelados às mãos do ladrão. Por eles é que governais, por meio deles subsistis, pela sua ajuda ganhais vossas vitórias. No entan­to, com que desdém olhais para eles! Que es­tranho, muito estranho!

Agora que recusastes a Paz Maior, segu­rai-vos a essa, a Paz Menor, a fim de que tal­vez possais melhorar em algum grau vossa própria condição e a daqueles que de vós de­pendem .

Ó governantes da terra! Sede reconcilia­dos entre vós, para que não mais necessiteis de armamentos, salvo na medida precisa a fim de proteger vossos territórios e domínios. Guardai-vos de desatender o conselho do Onisciente, do Fiel.

Uni-vos, ó reis da terra, pois assim a tem­pestade da discórdia se aquietará entre vós e vosso povo encontrará sossego — se sois dos

que compreendem. Se alguém dentre vós lan­çar mão de armas contra outro, levantai-vos todos contra ele, pois isso nada mais é que justiça manifesta.

("Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", págs. 160/161)

O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança, são irrealizáveis, a não ser que pri­meiro, se estabeleça firmemente sua unidade. E essa unidade jamais será atingida enquan­to se deixar de atender aos conselhos que a Pena do Altíssimo revelou.

("Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", pág. 180)

Oramos a Deus — exaltada seja Sua Gló­ria — e nutrimos a esperança de que Ele pos­sa benevolamente ajudar as manifestações de afluência e poder e os alvoreceres da sobera­nia e glória, os reis da terra — que Deus possa, auxiliá-los através de Sua graça forta-lecedora — a estabelecer a Paz Menor. Isto, em verdade, é o maior de todos os meios para

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assegurar a tranqüilidade das nações. In­cumbe aos Soberanos do mundo — que Deus os ajude — manterem-se firmemente unidos a esta Paz, a qual é o principal instrumento para a proteção de toda a humanidade. É nossa esperança que eles se levantem para obter aquilo que conduz ao bem-estar do ho­mem. É dever deles convocarem uma vasta assembléia, onde eles próprios ou os seus mi­nistros estarão presentes, e decidirão quais­quer medidas que sejam necessárias para se estabelecer a unidade e concórdia entre os ho­mens. Eles devem abandonar as armas de guerra, e se dirigirem para os instrumentos da reconstrução universal. Caso um rei ve­nha a se levantar contra qualquer outro, to­dos os outros reis devem se levantar para de­tê-lo. Então armas e armamentos não serão mais necessários, além daqueles necessários para se garantir a segurança de seus respec­tivos países. Se eles obterem esta suprema bênção, os povos de cada nação com tranqüi­lidade e alegria, executarão seus próprios de-veres, e os gemidos e lamentos da maioria dos homens serão silenciados. Nós suplicamos a Deus que os ajude a fazer a Sua vontade e prazer. Verdadeiramente, Ele é o Senhor do trono na terra e no céu, e o Senhor deste mundo e do vindouro.

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Seria preferível e mais adequado que os próprios mui honrados reis presenciassem tal assembléia, e proclamassem os seus éditos. Qualquer rei que se levante para executar es­ta tarefa, verdadeiramente será, aos olhos de Deus, a cinosura de todos os reis. Feliz é Ele, e grande é sua bem-aventurança!

("Epístola ao Filho do Lobo")

A sexta Boa-Nova é a realização da Paz Menor, da qual os detalhes foram anterior­mente revelados por Nossa Mais Exaltada Pe­na. Grande é a bem-aventurança daquele que a sustenta e que observa qualquer coisa que tenha sido ordenada por Deus, o Onisciente, o Sapientíssimo.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", pág. 31)

Em todos os assuntos a moderação é de­sejável. Se uma coisa for levada ao excesso provará ser fonte de mal. Consideremos a ci­vilização do Ocidente, quanto tem agitado e alarmado os povos do mundo. Inventou-se uma máquina infernal que se tem mostrado

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ser arma de destruição tão cruel como jamais se viu outra semelhante, nem se ouviu fa­lar em outra igual. A fim de efetivarem sua purificação de corrupções tão profundamente arraigadas e sobrepuj antes, os povos do mun­do deverão se unir em seus esforços por atin­girem um objetivo comum e abraçarem uma fé universal. Inclinai vossos ouvidos ao Cha­mado deste Ser Oprimido e aderi firmemen­te à Paz Menor.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", pág. 80)

Primeiro: Incumbe aos ministros da Ca­sa de Justiça promoverem a Paz Menor, de modo que o povo da Terra seja aliviado do peso de desembolsos exorbitantes. Esse as­sunto é imperativo e absolutamente essencial, desde que hostilidade e conflito são a origem da aflição e das calamidades.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", pág. 102)

Na abundância de Nossa graça e benevo­lência, temos revelado especialmente para os governantes e ministros do mundo aquilo que

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conduz à segurança e proteção, à tranqüili­dade e paz; talvez possam os filhos dos ho­mens ser protegidos dos males da opressão. Ele, em verdade, é Quem protege, ampara e concede vitória. Incumbe aos homens da Ca­sa de Justiça, instituída por Deus, fixarem o olhar, dia e noite, naquilo que irradiou da Pena da Glória para o ensino dos povos, a edi­ficação das nações, e a fim de proteger o ho­mem e lhe salvaguardar a honra.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", pág. 138)

Os que possuem riqueza e são investidos de autoridade e poder devem mostrar a mais profunda consideração para com a religião. Em verdade, a religião é uma luz radiante e uma inexpugnável cidadela para a proteção e o bem-estar dos povos do mundo, pois o te­mor a Deus impele o homem a segurar-se àquilo que é bom e a evitar todo o mal. Se a lâmpada da religião se obscurecesse, caos e confusão sucederiam e as luzes da eqüida­de e justiça, da tranqüilidade e paz, deixa­riam de brilhar. Disso dará testemunho to­do homem de verdadeira compreensão.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", pág. 139)

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Temos ordenado a todo gênero humano que estabelecesse a Paz Menor — o mais se­guro de todos os meios para a proteção da humanidade. De comum acordo, devem os so­beranos do mundo a isso assegurar, pois é o instrumento supremo que pode garantir a segurança e o bem-estar de todos os povos e nações. São eles, realmente, as manifesta­ções do poder de Deus e os alvoreceres de Sua autoridade. Suplicamos ao Todo-Podero-so que benevolamente os ajude naquilo que conduza ao bem-estar de seus súditos. Uma explicação completa desse assunto foi dada anteriormente pela Pena de Glória; felizes aqueles que agem desta maneira.

("Epístolas de Bahá'ulláh", pág. 139)

O objetivo da religião, assim como é re­velado do céu da santa Vontade de Deus, é estabelecer unidade e concórdia entre os po­vos do mundo; não a façais a causa de dis-sensão e contendas. A religião de Deus e Sua lei divina são os mais poderosos instrumen­tos e os mais seguros de todos os meios pa­ra o alvorecer da luz da unidade entre os ho­mens. O progresso do mundo, o desenvolvi-

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mento das nações, a tranqüilidade dos povos, e a paz de todos os que habitam na terra, fi­guram entre os princípios e preceitos de Deus. A religião confere ao homem a mais preciosa de todas as dádivas*, oferece o cáli­ce da prosperidade, concede a vida eterna e sobre a humanidade faz manarem benefícios imperecíveis. Cumpre aos dirigentes e gover nantes do mundo e, em especial, aos Mem­bros da Casa de Justiça instituída por Deus, envidarem os máximos esforços para salva­guardar a posição da religião, lhe promover os interesses e exaltar o prestígio aos olhos do mundo. De modo igual lhes incumbe in­formarem-se das condições de seus súditos e se familiarizarem com os interesses e as ati­vidades das diversas comunidades em seus domínios. Apelamos para as manifestações do poder de Deus — os soberanos e gover­nantes na terra para que se esforcem e tudo a seu alcance façam, a fim de que, porven­tura,, possam banir deste mundo a dissensão e iluminá-lo com a luz da concórdia.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", págs. 143/ 144)

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Nossa esperança é que os dirigentes re­ligiosos e os governantes do mundo se levan­tem, unidos, para a reforma desta era, e a reabilitação de seus destinos. Que eles, de­pois de meditarem sobre aquilo que isso exi­ge, consultem em conjunto, e mediante ple­na e assídua deliberação, administrem a um mundo enfermo, penosamente aflito, o remé­dio que necessita.

Diz o Grande Ser: O céu da sabedoria divina recebe a luz de dois luminares: a con­sulta e a compreensão. Consultai-vos em to­dos os assuntos, pois a consulta é a lâmpada que guia, que mostra o caminho e confere compreensão.

("Epístolas de Bahá'u'lláh", pág. 197)

Deliberai em conjunto, considerando so­mente aquilo que possa trazer benefício ao homem e lhe melhorar a condição... Vede o mundo como o corpo humano, o qual, embo­ra fosse criado íntegro e perfeito, foi por vá­rias causas vítima de doenças e males graves. Nem por um só dia teve repouso; antes, suas enfermidades tornaram-se mais severas, des­de quando foi tratado por médicos inábeis,

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que se deixaram levar pelos seus desejos mun­danos e erraram gravemente. E se em al­gum tempo, através dos cuidados de um mé­dico perito, um membro desse corpo foi cura­do, os outros continuaram aflitos como an­tes. Assim vos informa o Onisciente, o Sá­bio. . . Aquilo que o Senhor tem ordenado co­mo o remédio soberano e o mais poderoso ins­trumento para a cura de todo o mundo é a união de todos os seus povos em uma Causa universal, uma Fé comum. Isto não pode, de modo algum, ser alcançado, a não ser atra­vés de um médico capaz, inspirado e todo po­deroso. Isto é verdadeiramente o certo, e tu­do o mais é o erro. . .

Considerai estes dias nos quais a Antiga Beleza, Aquele que é o Maior Nome, foi envia­do para regenerar e unir a humanidade. Ob­servai como com espadas desembainhadas eles se levantaram contra Ele, e cometeram aquilo que fez o Espírito Fiel tremer. E sem­pre que nós lhes dissemos; "Eis que o Refor­mador do Mundo já veio", eles nos responde­ram: "Ele é em verdade, um dos causadores de discórdia".

(Trechos da Epístola, à Rainha Vitória, "The World Order of Bahá'u'lláh" — A Ordem Mundial de Bahá'u'lláh).

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EXTRATOS DAS PALAVRAS DE BAHAULIAH

Louvado seja Deus por teres atingido... Vieste ver um prisioneiro e exilado... Só de­sejamos o bem do mundo e a felicidade das nações; não obstante, consideram-nos provo-cadores de luta e sedição, dignos de cativei­ros e exílio... Que todas as nações se unam em uma mesma fé e todos os homens se tor­nem irmãos; que os laços de unidade e afei­ção entre os filhos dos homens sejam forta­lecidos; que cesse a diversidade de religião, e as diferenças de raça sejam anuladas — que mal há nisso?... E assim há de ser; essas lu­tas infrutíferas, essas guerras arruinadoras hão de passar e a "Paz Máxima" há de vir . . . Vós na Europa não precisais disso também? Não foi o que Cristo predisse?... Vemos en­tretanto, vossos reis e governantes gastarem os tesouros mais livremente com os meios da

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destruição da humanidade, do que com aqui­lo que lhe pudesse proporcionar felicidade... Essas lutas, carnificinas e discórdias devem cessar, e todos os homens serem como uma fa­mília. . . Que o homem não se vanglorie pelo amor à sua espécie..."

(Palavras proferidas a E. G. Browne, da sua descrição de Bahá'ulláh, "Bahá'u' lláh e a Nova Era", pág. 44)

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EXTRATOS DOS ESCRITOS DE ABDUL-BAHÁ

Sabe tu que todos os poderes conjugados são impotentes para estabelecer a paz uni­versal e tampouco têm o poder de resistir ao domínio subjugador e ininterrupto dessas guerras infindas. Em breve, todavia, haverá o poder do céu, o domínio do Espírito Santo, de hastear nos elevados pináculos os estan­dartes do amor e da paz, que sobre os caste­los de majestade e poder tremularão ao sabor dos ventos impetuosos emanados da terna mercê de Deus.

("Seleção dos Escritos de <Abdu'l-Bahá">

texto n.° 146)

Tem tu certeza de que, nesta era do es­pírito, o Reino da Paz içará seu tabernaculo

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nos píncaros do mundo, e os mandamentos do Príncipe da Paz tanto dominarão as ar­térias e nervos de cada pessoa, que atrairão todas as nações da, Terra ao abrigo de Sua sombra. É dos mananciais de amor, da ver­dade e da unidade que o verdadeiro Pastor dará de beber às Suas ovelhas.

Ó servo de Deus! A paz tem de ser, pri­meiro, estabelecida entre indivíduos, até re­sultar, afinal, na paz entre as nações. Con­seqüentemente, ó vós bahá'ís, lutai com to­das as vossas energias para criardes, median­te o poder do Verbo de Deus, amor genuíno, comunhão espiritual e laços duradouros en­tre as pessoas. Eis a vossa tarefa.

("Seleção dos Escritos de 'Abdu'1-Bahá", texto n9 201)

Presentemente, a paz universal é uma questão de grande importância, todavia, pa­ra que se torne seguro seu alicerce, firme seu estabelecimento e robusto seu edifício, a unidade de consciência é essencial.

Destarte, há cinqüenta anos, Bahá'u'lláh esclareceu esse assunto — a paz universal — num tempo em que se encontrava confinado

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na fortaleza de 'Akká', vítima de iniqüidade e mantido cativo...

Entre Seus ensinamentos figurava a pro-clamação da paz universal... os princípios de Bahá'u'lláh não se limitavam ao estabele­cimento da paz universal, compreendiam muitos preceitos que suplementavam e sus­tentavam o da paz universal...

Em suma, tais ensinamentos são numero­sos. Esses múltiplos princípios, que consti­tuem a maior base para a felicidade da hu­manidade e incluem-se entre as dádivas do Misericordioso, têm de ser adicionados à questão da paz universal, e com esta combi­nados, a fim de se obter resultados. Do con­trário difícil é a concretização da paz univer­sal no mundo se tomada isoladamente. Os ensinamentos de Bahá'u'lláh combinados com a paz universal, assemelham-se a uma mesa provida de toda espécie de alimentos deli­ciosos. Toda alma pode encontrar, nessa me­sa de generosidade infinita, o que deseja. Restringindo-se a questão à paz universal de per si, os notáveis resultados esperados não serão atingidos. O escopo da paz universal deve ser tal que todas* as comuni­dades e religiões nela vejam a realização de sua mais elevada aspiração. Os preceitos de Bahá'u'lláh são tais que todas as comunida-

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des do mundo, quer religiosas, políticas ou éticas, quer antigas ou modernas, neles en­contrem a expressão de sua mais alta espe­rança . . .

Consideremos, por exemplo, a questão da paz universal, acerca da qual Bahá'ulláh afirma ser imperioso o estabelecimento do Supremo Tribunal; conquanto já tenha sido instituída, a Liga das Nações é incapaz de es­tabelecer a paz universal. O Supremo Tribu­nal que Bahá'u'lláh descreveu, porém, leva­rá a cabo essa tarefa sagrada com a máxi­ma pujança e poder. Eis o Seu plano: as As­sembléias Nacionais, de cada país e nação — ou seja os parlamentos — devem eleger duas ou três pessoas que sejam as mais excelentes da nação — homens que estejam bem infor­mados no que concerne às leis internacionais e às relações entre os governos e conscientes das necessidades essenciais do mundo atual. O número desses representantes deve ser pro­porcional à população de cada país. A elei­ção dessas almas escolhidas pela Assembléia Nacional, isto é, pelo Parlamento, tem de ser confirmada pela Câmara Alta, pelo Congres­so e pelo Ministério, bem como pelo Presi­dente ou Monarca de modo que essas pessoas sejam os eleitos de toda a Nação e do Gover­no. O Supremo Tribunal será constituído

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dessas almas e assim toda a humanidade ne­le terá participação, pois cada um desses de­legados é plenamente representativo de sua Nação — Ao tomar o Supremo Tribunal, uma deliberação sobre qualquer questão interna­cional, seja por unanimidade ou maioria, não mais haverá pretexto para o querelante, nem fundamento para objeto por parte do réu. Se qualquer Governo ou Nação for negligente ou dilatorio no cumprimento da irrefutável decisão do Supremo Tribunal, contra ele er-guer-se-ão as demais Nações, portanto todos os Governos e Nações do mundo são susten-táculos dessa Corte Máxima. Considerai que alicerce firme, esse! Todavia, a uma Liga li­mitada e restrita não será possível levar a efeito o propósito como se almeja e é necessá­rio . Eis a verdade a respeito da situação, aqui exposta...

("Seleção dos Escritos de 'Abdu'1-Bahá", texto n.° 227)

A verdadeira civilização içará sua ban­deira no próprio âmago do mundo em qual­quer ocasião em que certo número de seus soberanos eminentes e magnânimos — os bri-

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lhantes exemplares de devoção e determina­ção — se levante, com resolução firme e vi­são clara, para o bem e a felicidade de todo o gênero humano, a fim de estabelecer a Causa da Paz Universal. Devem fazer da Causa da Paz objeto de consulta geral e ten­tar por todos os meios a seu alcance estabe­lecer uma União das Nações do mundo. De­vem concluir um tratado irrevogável e esta­belecer um convênio cujas cláusulas sejam sãs, invioláveis e bem definidas. Devem pro­clamá-la ao mundo inteiro e obter para esse convênio a sanção de toda a raça humana. Esse supremo e nobre empreendimento — verdadeira fonte da paz e do bem-estar do mundo todo — deve ser considerado sagrado por todos aqueles que habitam na Terra. To­das as forças da humanidade dever ser mo­bilizadas para garantir a estabilidade e per­manência desse Supremo Convênio. Nesse tratado tão compreensivo, os limites e as fronteiras de cada nação seriam claramente fixados, os princípios que baseiam as relações dos governos entre si seriam definitivamen­te estabelecidos, e todos os convênios e obri­gações internacionais seriam averiguados. De igual modo, a quantidade dos armamentos de cada governo deve ser estritamente limitada, pois se fosse permitido que qualquer nação

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aumentasse seus preparativos para guerra, suas forças militares, isso incitaria suspeita nas outras. O princípio fundamental que ba­seia esse pacto solene deve ser de tal modo fixado que se qualquer governo viesse a vio­lar mais taxde uma de suas provisões, todos os governos da terra se levantariam para se­duzi-lo à completa submissão — sim, a raça humana como um todo resolveria, com to­dos os poderes a seu dispor, destruir esse go­verno. Se este, o maior de todos os remédios, for aplicado ao corpo enfermo do mundo, sa-nar-lhe-á os males, seguramente, e o fará permanecer por todo o sempre salvo e seguro.

Observe que se tal feliz situação fosse es­tabelecida, nenhum governo necessitaria con­tinuar amontoando armas de guerra, nem se sentiria obrigado a produzir cada vez mais novas armas militares com as quais, pudesse conquistar a raça humana. Uma pequena força com o propósito de segurança interna, a correção dos elementos desordeiros e crimi­nosos e a prevenção de distúrbios locais, se­ria o suficiente e nada mais. Deste modo, to­da a população, em primeiro lugax, ficaria li­vre dos pesados encargos atualmente impos­tos pelos propósitos militares, e em segundo lugar, um grande número de pessoas deixa­ria de devotar o seu tempo para o contínuo

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desenvolvimento de novas armas de destrui­ção — aquele símbolo de ganância, de cruel­dade, — tão inconsistentes com a dádiva da vi­da — e ao invés disto esforçar-se-iam na pro­dução de tudo aquilo que fomentasse a paz, o bem-estar da existência humana, e que se tornasse a causa do desenvolvimento univer­sal e da prosperidade. Então cada Nação na Terra prevaleceria com honra, e todos os po­vos seriam educados com tranqüilidade e con­tentamento.

Alguns, que ignoram o poder latente no esforço humano, consideram isso como intei­ramente impraticável, além do alcance das mais sinceras tentativas. Isso, porém, não é a verdade. Ao contrário, graças à Mercê in­falível de Deus, à benevolência de Seus elei­tos, aos esforços incomparáveis de pessoas sá­bias e capazes, e aos pensamentos e idéias dos líderes proeminentes desta era, nada de­ve ser considerado como irrealizável. Neces­sita esforço, reiterado esforço. Só uma indo­mável determinação poderá efetivar isso. Mais de uma causa que em épocas passadas se considerava puramente visionária, tornou-se, no tempo presente, muito fácil e praticá-vel. Por que considerar como inatingível es­ta causa tão grande e sublime, o sol do fir-mamento da verdadeira civilização e a causa

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da glória, do progresso, do bem-estar e su­cesso de toda humanidade? Certamente, dia virá em que sua radiante luz iluminará a as­sembléia dos homens.

Os aparatos de conflito alcançarão um ponto, do modo pelos quais eles estão se de­senvolvendo atualmente, onde a guerra tor-nar-se-á algo intolerável para a humanidade.

É claro pelo que já foi dito até agora, que a glória e grandeza do homem não resi­dem em ele ser ávido por sangue e ter gar­ras afiadas, em derrubar cidades e espalhar destruição, em abater forças armadas ou pes­soas civis. O que significaria um futuro bri­lhante para ele seria a sua reputação pela justiça, a sua gentileza para com toda a po­pulação, seja ela eminente ou humilde, a edi­ficação de países e cidades, vilas e distritos, o seu esforço em tornar a vida mais fácil, pa­cífica e feliz para os seus companheiros, em estabelecer princípios fundamentais para o progresso, em elevar os padrões e aumentar a riqueza de toda a população...

Nenhum poder na terra pode prevalecer contra os exércitos da justiça, e toda cidade­la deve sucumbir perante eles; pois os ho­mens submetem-se praseirosamente aos gol­pes triunfantes desta arma decisiva, e os lu-

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gares desolados vicejam e florescem sob a mancha desta hoste.

Há duas poderosas bandeiras que, quan­do lançarem a sua sombra sobre a coroa de qualquer rei, farão com que a influência do seu governo se espalhe rápida e facilmente por toda a terra, como se fosse a própria luz do sol; a primeira destas bandeiras é a sabe­doria; a segunda é a justiça. Contra estas duas forças mais poderosas, as montanhas de ferro não podem prevalecer, e o muro de Ale­xandre cairá perante elas. É evidente que a vida neste mundo passageiro é tão fugaz e inconstante como a brisa matinal, e assim sendo, quão afortunados são os grandes que deixam um bom nome, e a memória de uma vida despendida no caminho da boa von­tade de Deus.. .

Uma conquista pode ser uma coisa lou­vável, e há ocasiões em que a guerra se tor­na poderosa base da paz, e a ruína, o próprio meio da reconstrução. Se, por exemplo, um soberano magnânimo dispuser suas tropas pa­ra obstruir a investida do insurreto e agres­sor, ou também, se entrar no campo e se dis­tinguir numa luta para unificar um Estado, um povo dividido, se, em suma, estiver tra­vando guerra para um fim justificável, en­tão essa aparente ira é a própria misericór-

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dia, e o que parece ser tirania é a própria substância da justiça, essa guerra é a pedra angular da paz. Hoje a tarefa que convém aos grandes governantes é o estabelecimento da paz universal, pois nesta se encerra a li­berdade de todos os povos.

("The Secret of Divine Civilization" — O Segredo da Civilização Divina — págs. 64 — 67, 70 — 71)

Em ciclos passados, se bem que fosse es­tabelecida alguma harmonia, a unidade de todo o gênero humano, entretanto, por falta de meios, não poderia ter sido atingida. Os continentes estavam separados por grandes distâncias e até entre os povos de um mes­mo continente, a associação e o intercâmbio de idéias eram praticamente impossíveis. Em conseqüência disso, intercurso mútuo, en­tendimento, e união entre os povos e raças da Terra eram irrealizaveis. Hoje, porém, os meios de comunicação têm se multiplicado e os cinco continentes da Terra estão virtual­mente unidos em um só . . . Da mesma ma­neira, todos os membros da família humana, quer povos ou governos, cidades ou aldeias,

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têm se tornado cada vez mais interdependen­tes. Não é mais possível que qualquer comu­nidade subsista por si própria, desde que lia-mes políticos unem todos os povos e nações, e laços de comércio e indústria, de agricultu­ra e educação dia a dia mais se fortalecem. Assim, pois, na época atual a unidade de to­do o gênero humano é realizável. Em verda­de, isso é senão uma das maravilhas desta época admirável, deste século glorioso. Disso, os tempos passados ficaram privados, pois es­te século — o século da luz — foi dotado de glória, poder e iluminação incomparáveis, sem precedentes. Daí a miraculosa revelação de uma nova maravilha todo dia.

Finalmente se verá com que intensidade ardem suas velas na Assembléia do homem.

Vede agora como sua luz está alvorecen-do no horizonte enegrecido do mundo. A pri­meira vela é a unidade no reino da política, da qual podem ser agora discernidos os pri­meiros clarões. A segunda vela é a unidade de pensamento nos projetos mundiais, cuja consumação dentro em breve se verificará. A terceira vela é a unidade na questão da liber­dade, a qual seguramente há de ser realiza­da . A quarta vela é a unidade de religião, sen­do esta a pedra principal do próprio alicerce; através do poder de Deus será esta revelada

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em todo seu esplendor. A quinta vela é a uni-dada das nações — uma unidade que, neste século, será seguramente estabelecida, fazen­do com que todos os povos do mundo se con­siderem como cidadãos da mesma pátria. A sexta vela é a unidade das raças; todos que habitam a terra haverão de se tornar povos de uma única raça. A sétima vela é a unida­de de língua; isto é, a escolha de um idioma universal em que todos os povos serão instruí­dos e poderão assim conversar.; Tudo isso há de suceder, inevitavelmente, desde que o po­der do Reino de Deus promoverá e facilitará sua realização.

("O Dia Prometido Chegou" — págs. 146/ 147)

. . . toda grande causa neste mundo da existência encontra-se visível através de três meios; primeiro, intenção; segundo, confir­mação; terceiro, ação. Hoje nesta terra há muitas almas que são promotoras da paz e reconciliação e que estão desejando o esta­belecimento da união do mundo da hu­manidade mas esta intenção necessita de

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um poder dinâmico, de modo que ela se pos­sa manifestar no mundo do ser. Neste dia as instruções divinas e exortações senhoris pro­mulgam este objetivo máximo, e as confir­mações do Reino também apoiam e aju­dam a realização desta intenção. Deste modo, embora as forças e pensamentos conjuntos das nações do mundo não possam alcançar este exaltado propósito, o poder da Palavra de Deus está penetrando em todas as coisas e a assistência do Reino divino é contínua. Logo se tornará evidente e claro que a in­sígnia da Paz Máxima são os ensinamentos de Bahá'u'lláh, e a tenda da união e harmonia entre as nações é o Tabernáculo do Reino Di­vino, pois nela a intenção, o poder e a ação, todos os três, estão reunidos. A realização de qualquer coisa no mundo do ser depende des­tes três elementos.

(Extrato de uma Epístola recém traduzi­da de 'Abdu'1-Bahá)

Tanto quanto possível, não descansa nem por um momento, viaja para o Norte e Sul do país e convoca todos os homens para a uni-

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dade do mundo da humanidade e para a paz universal, dizendo: Ó povo! Bahá'u'lláh es­tabeleceu a base da paz universal há cinqüen­ta anos atrás. Ele até mesmo dirigiu Epís­tolas aos Reis nas quais declarou que a guer­ra destruiria o alicerce do mundo da huma­nidade, que a paz conduz à vida eterna e que um terrível perigo aguarda a raça huma­na. Também, três anos antes do início da guerra mundial, 'Abdu'1-Bahá viajou pela América e a maior parte da Europa, onde Ele ergueu sua voz perante todas as reuniões, so­ciedades e igrejas, apelando: Ó Vós, Assem­bléias de homens! O continente da Europa tem se tornado virtualmente um arsenal re­pleto de explosivos. Há vastos depósitos de material destrutivo escondidos em subterrâ­neos, capazes de incendiarem com uma sim­ples faísca, fazendo toda a terra tremer. Ó vós homens de entendimento! Movei-vos para que talvez este acúmulo de material volátil não possa explodir. Mas o apelo foi desper­cebido e deste modo esta guerra assassina eclodiu.

A maioria da humanidade agora com­preende que grande calamidade é a guer­ra e como ela transforma o homem em um animal feroz, fazendo com que prós-

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per as cidades e vilas sejam reduzidas a ruí­nas e que os alicerces do edifício humano de­sintegrem-se. Agora uma vez que todos os homens foram despertados e os seus ouvidos estão atentos, é a hora para a promulgação da paz universal — uma paz baseada na re­tidão e justiça, que a humanidade não possa ser exposta a mais perigos no futuro. Agora é o amanhecer da paz universal, os primei­ros lampejos de sua luz estão começando a aparecer. Nós sinceramente esperamos que a sua orbe efulgente possa brilhar amplamente e inundar o Oriente e Ocidente com a sua ra-diância. O estabelecimento da paz universal não é possível salvo através do poder da Pa­lavra de Deus...

(Extrato de uma Epístola de 'Abdu'1-Bahá não traduzida anteriormente)

O caos e a confusão estão aumentando diariamente no mundo. Eles alcançarão tal intensidade que farão com que o corpo da hu­manidade não possa suportá-los. Então o ho­mem despertará e perceberá que a religião é a fortaleza inexpugnável e a luz manifesta do

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mundo, e as suas leis, exortações e ensina­mentos a fonte da vida na terra.

(Palavras de 'Abdu'1-Bahá citadas em uma carta da Casa Universal de Justiça. datada de 10 de fevereiro de 1980)

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EXTRATOS DAS PALAVRAS DE 'ABDUL-BAHÁ

Hoje o mundo da humanidade precisa de unidade internacional e conciliação. Para es­tabelecer estes importantes princípios funda­mentais um poder propulsor é necessário. É auto-evidente que a unidade do mundo hu­mano e a Paz Máxima não podem ser reali­zadas através de meios materiais. Elas não podem ser estabelecidas através de poder po­lítico das Nações pois estes interesses são di­versos e as políticas dos povos são divergentes e conflitantes. Elas não podem ser obtidas através do poder racial ou político, pois estes são poderes humanos, egoístas e fracos. A pró­pria natureza das diferenças raciais e precon­ceitos patrióticos impede a realização desta unidade e entendimento. Deste modo, é evi­dente que a promoção da unidade do reino da humanidade, que é a essência dos ensinamen-

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tos de todas as Manifestações de Deus, é im­possível exceto através do poder divino e dos sopros do Espírito Santo. Os outros poderes são muitos fracos e incapazes de obter isso.

("The Promulgation of Universal Peace". — A Promulgação da Paz Universal págs. 11-12)

Nós oramos para que a insígnia da paz in­ternacional possa ser elevada e que a unida­de do mundo da humanidade possa ser al­cançada e estabelecida. Tudo isto se torna possível e viável através de seus esforços. Que esta democracia americana possa ser a primeira nação a estabelecer a base da con­córdia internacional. Que ela possa ser a pri­meira nação a proclamar a universalidade da humanidade. Que ela possa ser a primeira a erguer a insígnia da Paz Máxima, e através desta nação de democracia possam estas in­tenções e instituições filantrópicas ser divul­gadas através do mundo. Em verdade, esta é uma grande e respeitada nação. Aqui a liber­dade tem alcançado o seu mais alto grau. As intenções de seu povo são dignas de louvor. Eles são dignos, em verdade, de serem os pri-

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meiros a construir o Tabernáculo da Paz Má­xima e proclamar a unidade da humanida­de. Eu suplicarei a Deus por vocês, por ajuda e confirmação.

("The Promulgation of Universal Peace'\ págs. 36-37)

Hoje a maior necessidade do mundo da humanidade é que se acabem os atuais mal-entendidos entre as nações. Isto pode ser obtido através da unidade de idioma. A me­nos que a unidade de idiomas seja alcançada, a Paz Máxima e a unidade do mundo huma­no não podem ser efetivamente organizadas e estabelecidas porque o papel do idioma é re­tratar os mistérios e segredos dos corações humanos. O coração é como uma caixa, o idioma é a chave. Apenas usando a chave nós podemos abrir a caixa e observar as jóias que ela contém. Deste modo, a questão de uma língua, auxiliar internacional tem a máxima importância... É minha esperança que ela possa ser solucionada através das graças de Deus e que homens inteligentes possam ser escolhidos dos diversos países do mundo para organizar um congresso inter-

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nacional cujo principal objetivo seja a pro­moção deste meio de comunicação universal.

("The Promulgation of Universal Peace", págs. 60-61)

.. .por achar a nação americana tão ca­paz, o seu governo o mais auspicioso dos go­vernos ocidentais, as suas instituições supe­riores às outras, é meu desejo e esperança que a bandeira da reconciliação internacional possa ser erguida em primeiro lugar neste continente e que o emblema da Paz Máxima seja aqui estabelecido. Que os povos ameri­canos e seu governo possam se unir em seus esforços de modo que esta luz venha a nascer deste ponto e se espalhe por todas as regiões, pois este é um dos maiores favores de Deus. De modo que a América possa se aproveitar desta oportunidade, eu lhes peço que se esforcem e orem de coração e alma, devotando todas as suas energias para este fim; que a bandeira da Paz internacional possa ser erguida aqui e que esta democracia possa ser a causa do fim da guerra em todos os outros países.

("The Promulgation of Universal Peace". pág. 84)

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Em eras passadas a humanidade tem sido defeituosa e ineficiente por ter sido incom­pleta. A guerra e suas ruínas tem feito o mundo ficar enfermo; a educação da mulher será um poderoso passo em direção ao seu fim e abominação, pois ela utilizará toda a sua influência contra a guerra. A mulher amamenta a criança e educa a juventude até a maturidade. Ela recusará dar seus filhos para o sacrifício no campo da batalha. Em verdade, ela será o maior fator para o esta­belecimento da paz universal e arbítrio inter­nacional. Certamente, a mulher abolirá a guerra do meio da humanidade.

("The Promulgation of Universal Peace". pág. 108)

Todos nós sabemos que a paz internacio­nal é boa, que ela conduz ao bem-estar hu­mano e à glória do homem, mas vontade e ação são necessárias antes que ela seja esta­belecida. Ação é essencial. Uma vez que este é o século da luz, a capacidade de ação é assegu­rada ao homem. Necessariamente os princí­pios divinos serão divulgados entre os ho­mens até que chegue o tempo da ação, lenta-

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mente assim tem sido e em verdade, a hora e as condições são agora apropriadas para ação.

("The Promulgation of Universal Peace", pág. 121)

E assim acontecerá. Os poderes da Terra não podem suportar os privilégios e favores que Deus ordenou para este grande e glorioso século. É uma necessidade e uma exigência da época... Que este século seja o sol dos sé­culos anteriores, cujas efulgências devem du­rar para todo o sempre, de modo que em épo­cas futuras eles glorifiquem o século vinte, dizendo que o século vinte foi o século das luzes, o século vinte foi o século da vida, o século vinte foi o século da paz internacional, o século vinte foi o século dos favores divi­nos, e o século vinte deixou sinais que have­rão de durar para sempre.

("The Promulgation of Universal Peace", págs. 125-126)

O assunto mais importante deste dia é a paz e o arbítrio internacionais e a paz univer-

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sal é impossível sem o sufrágio universal. As crianças são educadas pelas mulheres. A mãe suporta os problemas e ansiedade de criar uma criança, ela sofre com o seu nascimen­to. Deste modo, é muito difícil para as mães enviarem para o campo de batalha aqueles para quem dera tanto amor e carinho. Con­sidere um filho criado e educado durante anos por uma devotada mãe. Quantas noites sem sono e descanso, quantos dias de ansiedade ela passou! Tendo-o trazido à idade da ma­turidade através de perigos e dificuldades, quão agonizante então deve ser sacrificá-lo no campo de batalha! Deste modo, as mães não apoiariam a guerra nem ficariam satis­feitas com ela. E assim quando as mulheres participarem plena e igualmente nos afaze­res do mundo, quando elas entrarem confian­te e capazmente na grande arena das leis e políticas, a guerra cessará; pois a mulher será o obstáculo e o impedimento para ela. Isto é verdade sem dúvida alguma.

("The Promulgation of Universal Peace", págs. 134-135)

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Agora alvoreceu o glorioso e brilhante sé­culo vinte, e a bondade divina está sendo ir­radiada universalmente...

. . . em verdade, este pode ser chamado o século dos milagres, pois está repleto de ma­nifestações miraculosas. Chegou a época em que toda a humanidade deve ser unida, quan­do todas as raças devem ser leais a uma pá­tria, todas as religiões tornar-se uma reli­gião, e, desaparecerem as diferenças de raça e religião. É um dia em que a unidade da humanidade deve erguer a sua bandeira e a paz internacional inundar o mundo com a sua luz, como numa verdadeira manhã.

("The Promulgation of Universal Peace", pág. 153)

Ele promulgou a adoção do mesmo nível de educação para o homem e a mulher. As filhas e filhos devem seguir o mesmo currí­culo de estudos, e assim promoverem a uni­dade dos sexos. Quando toda a humanidade receber a mesma oportunidade de educação e a igualdade entre homens e mulheres for es­tabelecida, as bases da guerra serão expres-

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samente destruídas. Sem eqüidade isto será impossível porque todas as diferenças e dis­tinções1 conduzem à discórdia e luta. A igual­dade entre os homens e mulheres conduz à abolição da guerra porque as mulheres nun­ca desejariam sancioná-la. As mães não da­riam os seus filhos como sacrifício no campo de batalha após vinte anos criando-os desde a infância com ansiedade e devoção amoro­sa, não importando para que causa eles fos­sem convocados a defender. Não há dúvida de que quando as mulheres obtiverem igual­dade de direitos, a guerra entre a humanida­de cessará totalmente.

("The Promulgation of Universal Peace", pág. 175)

O mundo precisa muito da paz interna­cional. Até que ela seja estabelecida, a hu­manidade não poderá ter serenidade e tran­qüilidade, É necessário que as nações e gover­nos organizem um tribunal internacional para o qual sejam dirigidos todos os seus problemas e diferenças. A decisão daquele tribunal deve ser final. As questões internacionais serão le-

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vadas perante um. tribunal universal e assim as causas da guerra desaparecerão.

("The Promulgation of Universal Peace", pág 301)

Eu vejo estas duas grandes nações ame­ricanas (os Estados Unidos e o Canadá) alta­mente capazes e desenvolvidas... é minha esperança que estas respeitadas nações tor­nem-se fatores proeminentes no estabeleci­mento da paz internacional e da unidade do mundo da humanidade...

("The Promulgation of Universal Peace". pág. 318)

O mundo da humanidade possui duas asas: o homem e a mulher. A não ser que estas duas asas tenham a mesma força, o pássaro não voará. Até que as mulheres alcancem o mes­mo grau do homem, até que ela compartilhe da mesma arena de atividade, não serão al­cançadas extraordinárias realizações para a humanidade; ela não poderá alçar o seu vôo

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às alturas da verdadeira realização. Quando as duas asas ou partes tornarem-se equiva­lentes em força e desfrutarem das mesmas prerrogativas, o vôo do homem será muito suave e extraordinário. Deste modo, a mulher deve receber a mesma educação do homem e toda diferença ser ajustada. Assim, imbuí­da com as mesmas virtudes do homem, ele-vando-se através de todos os graus de realiza­ção humana, as mulheres tornar-se-ão os pa­res dos homens, e até que esta eqüidade não seja estabelecida, o verdadeiro progresso e avanço da raça humana não serão facilitados.

As razões evidentes que fundamentam isto são as seguintes: A mulher por natureza é contrária à guerra; ela é uma defensora da paz. As crianças são educadas e criadas pe­las mães que lhe dão os primeiros princípios de educação e trabalham por eles fervorosa­mente. Considere, por exemplo, uma rqãe que amorosamente criou um filho durante vinte anos até a idade da maturidade. Cer­tamente ela não concordará em ter aquele fi­lho morto e estraçalhado no campo de bata­lha. Deste modo, enquanto a mulher avança em direção ao grau do homem emj poder e privilégio, com o direito de votar e controlar o governo humano, certamente a guerra ces-

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sara; pois, a mulher naturalmente é a mais leal e devota defensora da paz internacional.

("The Promulgation of Universal Peace", pág. 375)

Um Supremo Tribunal será eleito pelos povos e governos de todas as nações, no qual membros de cada país e governo se reunirão em unidade. Todas as disputas serão subme­tidas a esta Corte, cuja missão será evitar a guerra.

("Palestras de 'Abdu'1-Bahá" pág. 107)

Um Supremo Tribunal será estabelecido pelos povos e governos de todas as nações, composto de membros eleitos de cada país e governo. Os componentes desse Grande Con­selho reunir-se-ão em unidade. Todas as disputas de caráter internacional serão sub­metidas a essa Corte, cuja tarefa será conci­liar por arbitragem tudo quanto, de algum modo, possa ser a causa de guerra. A missão desse Tribunal será prevenir a guerra.

("Palestras de 'Abdu'1-Bahá", pág. 125)

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"Quanto à questão do desarmamento, to­das as nações devem se desarmar ao mesmo tempo. Não adiantará nada, e não se espera isso, que algumas nações desarme-se enquan­to outras, seus vizinhos, continuem armados. A paz do mundo deve ser obtida por meio de um acordo internacional. Todas as nações devem concordar em se desarmar simulta­neamente. . . Nenhuma nação pode ter uma política de paz enquanto o seu vizinho per­manecer belicoso... Não há justiça nisto. Ninguém sonharia em sugerir que a paz do mundo pudesse ser executada por tal linha de ação. Ela deve ser alcançada através de um acordo internacional e geral de compreen­são e de nenhum outro modo. . ."

"Ação simultânea", ele continuou, "é ne­cessária, em qualquer esquema de desarma­mento. Todos os governos do mundo devem transformar os seus navios de combate e fro­tas de guerra em navios mercantes. Mas ne­nhuma nação pode iniciar tal política por si só e seria tolice se alguma tentasse fazê-lo... ela simplesmente convidaria a destruição..."

"Há algum sinal de que a paz permanen­te do mundo será estabelecida em um perío­do de tempo razoável?", foi perguntado a 'Abdu'1-Bahá.

"As pressões econômicas determinarão?"

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"Sim, as nações serão forçadas a chegar à paz e concordar com a abolição da guerra. Os terríveis encargos de impostos com o pro­pósito de guerra ultrapassarão os limites hu­manos. . . "

"Não", disse 'Abdu'1-Bahá concluindo, "Eu repito que nenhuma nação pode se de­sarmar nestas circunstâncias. O desarma­mento certamente está chegando, mas ele deve vir, e virá, através da concordância uni­versal das nações civilizadas da Terra. Por um acordo internacional eles abandonarão as suas armas e a grande era da paz será inau­gurada."

"Por este e por nenhum outro meio a paz poderá ser estabelecida na Terra."

("Extratos de uma entrevista com um re­pórter de jornal citado em "'Abdu'1-Bahá in Canada", págs. 50-51)

Uma vez que o Parlamento esteja estabe­lecido e as suas partes constituintes organi­zadas, os governos do mundo tenham entra­do em um convênio de amizade eterna, não haverá mais necessidade de se manter gran­des exércitos e marinha. Uns pequenos ba-

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talhões para preservar a ordem interna, e uma Polícia Internacional para manter os ca­minhos do modo aberto, são tudo o que será necessário. Então estas altas somas serão re­digidas para outros canais mais benéficos, a miséria desaparecerá, o conhecimento aumen­tará, a sabedoria melhorará as condições de vida e a humanidade estabelecer-se-á em um berço de alegria e felicidade. E então, qual­quer governo, seja constitucional ou republi­cano, monarquia hereditária ou democracia, terá os seus governantes devotando o seu tempo para a prosperidade de suas nações, a legislação de leis justas e sábias e a promoção de relações mais íntimas e cordiais com os seus vizinhos — assim o mundo da humani­dade tornar-se-á um espelho refletindo as vir­tudes e os atributos do Reino de Deus.

. . . Por um acordo geral todos os gover­nos do mundo devem se desarmar simulta­neamente . . . Não adiantará se um depuser as suas armas e outro se recusar a fazê-lo. As nações do mundo devem concordar umas com as outras sobre este assunto de suprema importância, assim elas poderão abandonar juntas as mortíferas armas de destruição hu­mana. Enquanto uma nação estiver aumen­tando o seu orçamento militar e naval, outra nação será forçada a permanecer nesta louca

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competição devido aos seus supostos interes­ses naturais. . .

Agora a questão do desarmamento deve ser posta em prática por todas as nações e não apenas por uma ou duas. Consequente­mente os defensores da paz devem se esfor­çar dia e noite, de modo que os indivíduos de todos os países possam se tornar amantes da paz, que a opinião pública possa ter uma base forte e permanente, e que dia após dia possa aumentar o exército da Paz internacional, que o desarmamento completo seja estabele­cido e que a Bandeira da Conciliação Univer­sal possa tremular no cume das montanhas da terra.

. . . Os ideais de Paz devem ser nutridos e divulgados entre os habitantes do mundo; eles devem ser instruídos na escola de Paz sobre os males da guerra. Primeiro: os finan­cistas e banqueiros devem desistir de empres­tar dinheiro para qualquer governo que ten-cione empreender uma guerra injusta sobre uma nação inocente. Segundo: os presiden­tes e gerentes de estradas de ferro e compa­nhias de navegação devem se recusar a trans­portar munições de guerra, máquinas infer­nais, armas, canhões e pólvora de um país para outro. Terceiro: os soldados devem re­querer através de seus representantes, aos Mi-

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nistros de Guerra, políticos, congressistas e generais quais tem sido as razoes e causas que os têm levado à beira de tal calamidade nacional. Os soldados devem pedir isto como uma de suas prerrogativas. "Demonstrem-nos", eles devem dizer, "que esta é uma guer­ra justa, e então nós iremos para a batalha, caso contrário, nós não tomaremos nenhum passo... Saiam dos seus esconderijos, entrem no campo de batalha se vocês querem atacar um ao outro e se despedacem entre si, se vocês desejam fomentar as suas contendas.

A discórdia e a disputa são entre vocês, porque vocês fazem de nós, pessoas inocen­tes, uma parte dela? Se a luta e o derrama­mento de sangue são coisas boas, então ve­nham nos guiar para o combate com sua pre­sença!"

Em resumo, todos os meios que produ­zem a guerra devem ser reprimidos e as cau­sas que impedem a ocorrência de guerra de­vem ser estimuladas — de modo que um con­flito físico possa ser impossível. Por outro lado, todo país deve ser devidamente delimi­tado, suas fronteiras exatas marcadas, sua integridade nacional garantida, a sua inde­pendência permanentemente protegida e os seus interesses vitais honrados pela família das nações. Estes serviços devem ser executa-

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dos por uma comissão internacional impar­cial. Deste modo, todos os motivos de confli­to e diferença serão removidos. E no caso de surgirem algumas disputas entre eles, eles poderiam apresentá-las ao Parlamento do Homem, cujos representantes seriam escolhi­dos entre os homens mais sábios e mais jus­tos de todas as nações do mundo.

("Star of the West" volume V, págs. 115-117)

Cada século tem a solução para um pro­blema predominante. Embora possam haver muitos problemas, ainda um dos inúmeros problemas haverá de se tornar grande e ser o mais importante de todos... Neste século luminoso a maior dádiva do mundo da huma­nidade é a Paz Universal, que deve ser esta­belecida de modo que o reino da criação pos­sa ter felicidade, que o Oriente e o Ocidente, os quais tem em seus exércitos os cinco con­tinentes do globo, possam se abraçar um ao outro, que a humanidade possa descansar sob a tenda de unidade do mundo e que a bandeira da paz universal possa tremular sobre todas as regiões...

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Hoje o verdadeiro dever de um poderoso rei é estabelecer a paz universal, pois verda­deiramente ela significa a liberdade de todos os povos do mundo. Algumas pessoas que são ignorantes do mundo da verdadeira humani­dade e de suas elevadas ambições pelo bem-estar geral, crêem que tão gloriosa condição de vida seja muito difícil, ou ainda mais, até impossível de se alcançar. Mas não é assim, longe disto.

("Star of the West", volume VII, pág. 136)

Ó vós indivíduos da humanidade, encon­trai meios para terminar esta matança e der­ramamento de sangue indiscriminados. Ago­ra é a época indicada! Agora é a época opor­tuna! Levantai-vos, mostrai esforço, apresen­tai uma força extraordinária e desfraldai a Bandeira da Paz Universal e impedi a fúria irresistível desta torrente selvagem que está espalhando ruína e destruição por todos os lugares.

("Star of the West", volume XVIII, pág. 345)

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"Por que processo", continuou o inquisi­dor, "esta paz será estabelecida na Terra? Ela chegará logo depois de uma declaração uni­versal da Verdade?"

"Não, ela virá gradualmente", disse 'Abdu'1-Bahá. "Uma planta que cresce muito rápido dura pouco tempo. Vocês são a minha família", e ele olhou ao redor com um sorri­so, "meus novos filhos! Se uma família vive unida, grandes resultados são obtidos. Abram o círculo; quando uma cidade vive em íntimo acordo, maiores resultados aparecerão, e um continente que estiver completamente unido irá do mesmo modo unir todos os outros con­tinentes. Então virá a época do maior de to­dos os frutos, pois todos os habitantes da Ter­ra pertencem a uma mesma terra natal."

(" 'Abdu'1-Bahá in London", pág. 106)

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EXTRATOS DOS ESCRITOS DE SHOGHI EFFENDI

Mui queridos amigos! A humanidade, quer vista à luz da con­

duta individual do homem, quer nas relações existentes entre as comunidades e nações or­ganizadas, já se desviou demais, infelizmente, e sofreu um declínio muito grande, para se redimir, sem outro apoio, simplesmente através dos esforços dos melhores entre seus reconhecidos governantes e estadistas, por mais desinteressados que sejam seus motivos, por mais unida que seja sua ação e ainda que seu entusiasmo e devoção à sua causa sejam incondicionais. Nenhum plano ainda realizá­vel através dos cálculos da mais alta esta­tística; nenhuma doutrina que os mais ilus­tres expoentes de teorias econômicas possam ter esperança de promulgar, nenhum princí­pio que o mais ardente dos moralistas se pos-

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sa esforçar por incluir, pode, em último recur­so, fornecer alicerces adequados para susten­tar o fruto de um mundo desvairado.

Por mais persuasivo e insistente que seja qualquer apelo para a tolerância mútua feito pelos versados nos assuntos do mundo, isso não conseguirá lhe acalmar as paixões ou fa­cilitar a restauração do vigor. Acrescente-se a isso a invalidez de todo esquema geral de simples cooperação internacional que se or­ganizasse — em qualquer esfera de atividade humana, por mais engenhoso que fosse em concepção ou extenso em alcance — para re­mover a causa radical do mal que tão brus­camente destruiu o equilíbrio da sociedade ho-dierna. E, mais, aventuro assegurar, para o veneno que constantemente mina o vigor das nações e povos organizados, o antídoto não seria fornecido nem mesmo pelo simples ato, em si, de inventar os mecanismos necessários para a unificação política e econômica do mundo — princípio esse cada vez mais advo­gado em tempos recentes.

De nenhum outro modo — poderíamos afirmar com confiança — senão pela adoção incondicional do Programa Divino, que há sessenta anos passados, foi enunciado por Bahá'ulláh com tanta simplicidade e força e que, em sua essência, incorpora o plano de-

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lineado por Deus para a unificação do gêne­ro humano nesta era — acompanhado por uma indomável convicção de que todas as suas providências são de uma eficácia infalí­vel — poderemos resistir, finalmente, às for­ças de desintegração interna, as quais, se não forem detidas, haverão de continuar a cor­roer as vísceras de uma sociedade desespe­rada. É para esta meta — a meta de uma Nova Ordem Mundial, divina em origem, de âmbito irrestrito, eqüitativo em seus princí­pios e de características desafiadoras — que a humanidade atribulada deve dirigir seus esforços.

Alegar alguém que se haja integrado de todos os significados implícitos no prodigioso plano de Bahá'u'lláh para a solidariedade humana universal, ou tenha penetrado no âmago de seu intuito, seria presunção até por parte dos declarados aderentes de Sua Fé. Tentar concebê-los em todas as suas pos­sibilidades, estimar seus futuros benefícios, descrever sua glória, seria prematuro até mes­mo em uma etapa adiantada como a presente, na evolução da humanidade.

Tudo o que podemos razoavelmente aven­turar-nos a empreender é esforçarmo-nos por obter um pálido vislumbre dos primeiros tra­ços da prometida Aurora, a qual, na pleni-

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tude dos tempos, há de dissipar as trevas que envolvem a humanidade. Tudo o que pode­mos fazer é assinalarmos, em seu mais am­plo esboço, o que nos parecem ser os princí­pios norteadores que alicerçam a Ordem Mundial de Bahá'u'lláh.

Que o desassossego e sofrimento que afli­gem a generalidade da raça humana são em grande parte as conseqüências diretas da Guerra Mundial e causados também pela fal­ta de sabedoria e visão daqueles que formu­laram os Tratados de Paz, só uma mente par­cial pode negar. . . Seria fútil, entretanto, alegar que a guerra, mesmo com todos os pre­juízos que causou, todas as paixões por ela in­citadas e todos os desgostos que deixou em seu rasto, tivesse sido a causa única da con­fusão sem precedentes em que quase todo o mundo civilizado está atualmente submerso. Não será um fato — e esta é a idéia princi­pal que desejo focalizar — que a causa fun­damental dessa inquietação que prevalece no mundo não seja tanto a conseqüência daquilo que se há de reconhecer, cedo ou tarde, como um desequilíbrio transitório nos assuntos de um mundo sempre em transformação, mas, antes, a inabilidade daqueles em cujas mãos foram entregues os destinos imediatos dos povos e nações — sua incapacidade de adap-

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tar seus sistemas de instituições econômicas e políticas às necessidades imperativas de uma era em rápida evolução? Essas crises intermitentes que convulsionam a sociedade hodierna — não serão elas devidas primeira­mente ao fato de serem os reconhecidos lí­deres do mundo lamentavelmente incapazes de lerem com acerto os sinais dos tempos, de se livrarem de uma vez para sempre, de suas idéias preconcebidas e seus respectivos go­vernos de acordo com aquelas normas que são implícitas na declaração suprema de Ba-há'u'lláh, a da Unidade do Gênero Humano — a, característica principal e distintiva da Fé por Ele proclamada?

Dignos de lástima são, de fato, os esfor­ços daqueles líderes das instituições huma­nas que, não levando em consideração o es­pírito da época, lutam para aplicar processos nacionais — próprios dos tempos antigos quando cada nação se sustentava a si mes­ma — nesta época que tem ou de atingir a unidade do mundo, assim como Bahá'u'lláh a pressagiou, ou perecer. Numa hora tão crí­tica na história da civilização, cumpre aos lí­deres de todas as nações do mundo, tanto pequenas como grandes, orientais como oci­dentais, quer vencedoras quer vencidas, aten­derem ao chamado de clarim que Bahá'u'lláh

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soou e, inteiramente imbuídos de um senso de solidariedade mundial — o sitie qua non de lealdade à Sua Causa — se levantarem co­rajosamente para pôr em prática integral­mente o plano único, remediador, que Ele, o Médico Divino, prescreveu para uma huma­nidade enferma. Que afastem de si uma vez para sempre, toda idéia preconcebida, todo preconceito nacional, e atendam ao conselho sublime de 'Abdu'1-Bahá o autorizado Expo­sitor de Seus ensinamentos. A um alto oficial no serviço do governo federal dos Estados Unidos da América, que lhe havia interroga­do a respeito da melhor maneira de promover os interesses de seu governo e do povo, 'Abdu'1-Bahá respondeu; "Podeis melhor ser­vir a vosso país se, em vossa capacidade de ci­dadão do mundo, vos esforçardes por facili­tar a aplicação, afinal, do princípio do fede­ralismo que baseia o governo de vosso pró­prio país, às relações que atualmente existem entre os povos e nações do mundo."

.. .Alguma forma de super-estado mun­dial há de ser evoluída, a cuja autoridade to­das as nações do mundo cederão de boa von­tade todo e qualquer direito de fazer a guer­ra, certos direitos de cobrar impostos e todos os direitos de ter armamentos além do ne­cessário para a manutenção da ordem inter-

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na em seus respectivos domínios. Tal estado terá que incluir dentro de sua órbita um Executivo Internacional capaz de exercer au­toridade suprema e inquestionável no caso de qualquer membro recalcintrante da comuni­dade mundial; um Parlamento Mundial cujos membros serão eleitos pelos povos de seus respectivos países, e cuja eleição será confir­mada pelos respectivos governos; e um Supre­mo Tribunal cuja decisão será válida mes­mo em casos em que os envolvidos não con­sultam voluntariamente em submeter seu caso à sua consideração. Uma comunidade mundial em que todas as barreiras econômicas tenham sido permanentemente demolidas, emj que se haja reconhecido definitivamente a interdependência do Capital e do Trabalho; em que o clamor do fanatismo e da contenda religiosa tenha cessado para sempre; em que a chama da animosidade da raça esteja fi­nalmente apagada; em que um só código de lei internacional — o produto do juízo consi­derado dos representantes federados do mun­do — tenha como sua garantia a intervenção instantânea e coerciva das forças combinadas das unidades federais; e finalmente, uma co­munidade mundial em que a fúria de um na­cionalismo caprichoso e militante tenha sido mudada emí uma compreensão duradoura

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das obrigações de cidadão do mundo — isto, de fato, parece ser, em seu esboço mais com­preensivo, a Ordem antecipada, por Ba-há'u'lláh, uma Ordem que virá a ser tida como o fruto mais belo de uma era que pou­co a pouco vai amadurecendo...

Não haja dúvida quanto ao propósito animador da Lei Universal de BaháVlláh. Longe de mirar à subversão das alicerces da sociedade, ele visa a lhe alargar a base, re­modelar as instituições de maneira consoan­te com as necessidades de um mundo sempre em transformação. Não pode estar em con­flito com nenhuma obrigação legítima, ou minar nenhuma lealdade essencial. O seu fim não é abafar a chama do patriotismo são e inteligente no coração do homem, nem abolir o sistema da autonomia nacional que é tão indispensável como freio aos males da centralização excessiva. Não deixa de tomar em consideração, nem tenta suprimir, a di­versidade de origem étnica, de clima, de his­tória, de idioma e tradição, de pensamento e hábito, que diferencia os povos e as nações do mundo. Clama por uma lealdade mais ampla, uma aspiração maior que qualquer outra que já tenha animado a raça humana. Insiste em que os impulsos e interesses nacionais sejam subordinados às necessida-

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des imperativas de um mundo unificado. Re­pudia a centralização excessiva por um lado e, por outro, rejeita todas as tentativas de uniformidade. O seu lema é a unidade na di­versidade, como o próprio 'Abdu'1-Bahá tem explicado...

. . . Ele (o princípio da unidade da Hu­manidade) significa algo mais profundo, pre­tende algo mais do que qualquer dos profetas da antigüidade pode avançar. Sua mensagem não só é aplicável aos indivíduos, mas tam­bém trata primariamente da natureza da­quelas relações essenciais que hão de ligar to­dos os estados e todas as nações como mem­bros de uma única família humana. Este princípio não constitui a simples enunciação de um ideal; está inseparavelmente associa­do à uma instituição capaz de incorporar sua verdade, demonstrar sua validez e perpetuar sua influência. Este princípio compreende uma transformação orgânica na estrutura de nossa sociedade hodierna — transformação como o mundo jamais presenciou. Constitui um\ desafio, a um tempo audaz e universal, aos critérios absoletos de credos nacionais — credos que já tiveram seu dia e devem, no curso usual dos acontecimentos, assim como a Providência os determina e controla, ceder seu lugar a um novo evangelho que difere

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fundamentalmente de qualquer conceito que já existe no mundo, e lhe é infinitamente su­perior. Exige nada menos que a reconstrução e desmilitarização do inteiro mundo civiliza­do — um mundo organicamente unificado em todos os aspectos essenciais de sua vida — seu mecanismo político, sua aspiração es­piritual, seu comércio e suas finanças, sua escrita e língua, e que é, no entanto, de uma diversidade infinita no que diz respeito às características de suas unidades federadas.

Este princípio representa a consumação da evolução humana — uma evolução que teve seus primórdios no despontar da vida de família, seu desenvolvimento posterior ao al­cançar a solidaridade de tribo, a qual por sua vez lembrou à constituição da cidade-estado, cuja expansão subseqüente resultou na insti­tuição das nações independentes e soberanas.

Para se dar apenas um exemplo. Quão seguras eram as afirmativas feitas nos dias an­teriores à unificação dos estados do continente norte-americano acerca das insuperáveis bar­reiras que impediam o estabelecimento final daquela federação! Não se comentava ampla e enfaticamente que os conflitos de interes­ses, a desconfiança mútua, as diferenças de governo e hábito que dividiam os estados eram tais que nenhuma força, fosse ela se-

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cular ou religiosa, podia estabelecer a harmo­nia ou o controle? E ainda quão diferentes eram as condições que prevaleciam há cento e cinqüenta anos atrás daquelas que caracte­rizam a sociedade atual! Não seria realmente exagero dizer que a ausência daquelas facili­dades que a ciência moderna colocou ao ser­viço da humanidade em nossa era fizeram com; que o problema de fundir os estados americanos em uma única federação, embora eles fossem similares em algumas de suas tra­dições, uma tarefa infinitamente mais com­plexa do que aquela com que se confronta uma humanidade dividida em seus esforços de alcançar a unificação de toda a raça hu­mana.

Para a realização de tão elevado concei­to, quem sabe se a humanidade não terá que passar por um sofrimento mais intenso que qualquer outro que até agora lhe tem sobre­vivido? Poderia algo menos que o fogo de uma guerra civil com toda sua violência e todas as suas vicissitudes — uma guerra que quase destruiu a grande república norte-ame­ricana — ter fundido os estados, não apenas em uma União de unidades independentes e sim, em uma Nação, apesar de todas as dife­renças étnicas que caracterizavam suas par­tes componentes? Parece-nos pouco provável

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que uma revolução tão fundamental, acarre­tando mudanças de tão grande alcance na estruturada sociedade, possa ser realizada pelos processos comuns da diplomacia e da educação. Basta contemplarmos as páginas sangrentas da história da humanidade para verificarmos que nada, a não ser uma ago­nia intensa, tanto mental como física, tem podido precipitar aquelas transformações que constituem os mais conspícuos indícios, mar­cando as épocas na história da civilização hu­mana.

Por grandes que tenham sido essas trans­formações no passado, e por maior seu âm­bito, não podem ser consideradas, quando vistas pelo seu prisma próprio, senão como ajustes subsidiários que preludiam a trans­formação sem paralelo em sua majestade e seu alcance, pela qual a humanidade nesta época atual haverá de passar. Torna-se infe­lizmente, cada vez mais claro que só as forças de uma catástrofe mundial podem precipitar tal fase nova do pensamento humano. Os acontecimentos futuros haverão de demons­trar, cada vez mais, que nada, senão o fogo de uma tribulação severa, sem paralelo em sua intensidade, poderá fundir e soldar as en­tidades discordantes que constituem os ele­mentos de nossa civilização hodierna, de tal

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modo que venham a formar os componentes integrais da comunidade mundial do futuro.

A voz profética de Bahá'u'lláh, nas pas­sagens finais das "Palavras Ocultas", adver­tindo os povos do mundo de que uma calami­dade imprevista os segue e penosa retribui­ção os espera, revela, realmente, em uma luz lúgubre, o destino imediato dessa humanida­de aflita. Nada, senão uma provação fogosa, da qual a humanidade emergirá, castigada e preparada, conseguirá implantar a compre­ensão da responsabilidade que os líderes de uma era recém-nascida deverão tomar aos ombros.

Eu desejaria chamar a vossa atenção no­vamente para aquelas palavras ominosas de Bahá'u'lláh que já citei: "E quando soar a hora marcada, aparecerá de repente aquilo que fará tremerem os membros do gênero humano."

Não foi o próprio 'Abdu'1-Bahá que asse­gurou em uma linguagem inequívoca de que "uma outra guerra, mais selvagem do que a última, haveria certamente de romper"?

A realização final daquele milênio, o qual os poetas de todas as eras têm descrito e os videntes há muito sonham, depende basica­mente da consumação deste empreendimento colossal e indeseritivelmente glorioso — um

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empreendimento pelo qual lutaram em vão os estadistas romanos e que os desesperados esforços de Napoleão falharam em alcançar. Dele depende o cumprimento das profecias feitas pelos profetas do passado de que as es­padas serão transformadas em arados e que o leão e o cordeiro viverão juntos. Somente ele pode acelerar a vinda do Reino do Pai Celestial como foi predito na Fé de Jesus Cristo. Somente ele pode estabelecer a base para a Nova Ordem Mundial visualizada por Bahá'u'lláh — uma Ordem Mundial que de­verá refletir neste plano terreno, embora va­gamente os indescritíveis esplendores do Rei­no de Abhá.

Ainda uma palavra em conclusão. A pro-clamação da Unidade do Gênero Humano — pedra fundamental do domínio tão compre­ensivo de Bahá'u'lláh — não pode, em abso­luto, ser comparada com as expressões de es­perança piedosa que foram pronunciadas no passado. Não é um mero apelo feito por Ele, só, sem apoio, em face da implacável oposi­ção de dois dos mais poderosos potentados orientais de Seu tempo, conjuntamente, em cujas mãos Ele estava preso e exilado. Muito mais do que isso, é, a um tempo, uma ad­moestaçao e uma promessa, a admoestaçao de que nela se encontra o único meio de sal-

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vação para um mundo severamente atribu­lado, e a promessa de que está próxima a sua realização.

Embora, no tempo em que essa procla-mação foi feita, se não tivesse concebido ainda, em parte alguma do mundo, a possi­bilidade de sua realização, agora, em virtude daquela potência celestial de que foi revestida pelo Espírito de Bahá'u'lláh, um sempre crescente número de homens pensadores vem finalmente a reconhecê-la, não só como uma possibilidade que se aproxima, mas sim, como a conseqüência inevitável das forças que atualmente operam no mundo.

Certamente o mundo, contraído e trans­formado em um só organismo altamente complexo em conseqüência do admirável pro­gresso realizado no reino da ciência física e da expansão universal do comércio e da in­dústria — e lutando, sob a pressão de forças econômicas mundiais, ameaçado pelas em­boscadas de uma civilização materialista — tem urgente necessidade de uma nova expo­sição da Verdade que baseia todas as Reve­lações do passado e em uma linguagem adaptada às suas necessidades essenciais. E qual a voz, senão a de Bahá'u'lláh — Porta-Voz de Deus para esta era — que será capaz de efetivar na sociedade uma transformação

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tão radical como aquela que Ele já conseguiu nos corações dos homens e mulheres, diver­sificados no extremo e aparentemente irre-conciliáveis, os quais constituem o corpo de Seus declarados seguidores no mundo in­teiro?

Poucas pessoas, em verdade, podem duvi­dar do fato de que esse tão poderoso conceito esteja rapidamente germinando nas mentes dos homens, ou de que vozes se levantem em seu apoio, ou ainda de que suas caracterís­ticas salientes breve haverão de se cristalizar na consciência dos que possuem autoridade. Somente quem tiver o coração poluído pelo preconceito deixará de perceber que seu co­meço modesto já se manifestou na Adminis­tração Mundial à qual se associam os aderen­tes da Fé de Bahá'u'lláh...

("The Goal of a New World Order", 28 de novembro de 1931, publicado em "The World Order of Bahá'u'lláh" págs. 33-37, 40-43 e 45-48)

Nenhum mecanismo que os esforços cole­tivos do gênero humano talvez possam ainda inventar, a não ser que se conforme com as

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normas inculcadas pela Revelação Bahá'í e esteja em harmonia com o padrão sublime ordenado em seus ensinamentos, poderá es­perar jamais conseguir algo acima e além da­quela "Paz Menor", à qual o próprio Autor de nossa Fé se tem referido em Seus escritos. "Já que tendes recusado a Paz Máxima", es­creveu Ele, admoestando os reis e governan­tes da Terra, "segurai-vos firmemente a essa, a Paz Menor, para que possais talvez em al­gum grau melhorar vossa própria condição e a de vossos dependentes". Estendendo-se sobre esse assunto da Paz Menor, Ele, na mes­ma Epístola, assim se dirige aos governantes da terra: "Sede reconciliados entre vós mes­mos, para que não necessiteis de mais arma­mentos, salvo em uma medida adequada para salvaguardar vossos territórios e domínios... Sede unidos, ó reis da terra, pois assim a tem­pestade de discórdia entre vós se aquietará e vossos povos encontrarão sossego — se sois dos que compreendem. Se qualquer um den­tre vós armar contra outro, levantai-vos todos contra ele, pois isto não é senão justiça ma­nifesta" .

A Paz Máxima, por outro lado, assim como Bahá'u'lláh a concebeu — uma paz que, inevitalmente, há de suceder como conse­qüência prática da espiritualização do mun«

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do e da fusão de todas as suas raças, cren­ças, classes e nações — sobre outra base, não pode se apoiar, nem por outro meio ser pre­servada, senão pelos preceitos divinamente designados, implícitos na Ordem Mundial que se associa com Seu Santo Nome...

O advento da revelação de Bahá'u'lláh. cuja missão suprema outra não é senão a realização dessa unidade orgânica e espiri­tual de todas as nações, deve ser considerado se quisermos ser fiéis àquilo que ela implica — como indício do amadurecimento da intei­ra raça humana. Deve essa Revelação ser vista não simplesmente como ainda outra renas­cença espiritual destinada ao homem em sua incessante transição, nem apenas como mais uma etapa em uma sucessão de progressivas Revelações ( nem mesmo como a culminân­cia de um da série de ciclos proféticos perió­dicos, mas, antes, como assinalando a última e mais alta etapa na estupenda evolução da vida coletiva do homem neste planeta. A for­mação de uma comunidade mundial, a percep­ção do conceito de cidadão do mundo e o iní­cio de uma civilização e cultura mundiais — devendo tudo isso sincronizar com as etapas iniciais no desenvolvimento da Idade Áurea da Era Bahá'í — devem; ser consideradas, em virtude da sua própria natureza, no que diz

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respeito à vida neste planeta, como os limites extremos na organização da sociedade huma­na, embora o homem como indivíduo possa, ou melhor, deva, em conseqüência de tal con­sumação, continuar indefinitivamente a pro­gredir e se desenvolver.

Toda a humanidade geme, anseia por ser conduzida à unificação e assim terminar seu martírio secular. E todavia, obstinadamente, recusa-se a aceitar a luz e reconhecer a au­toridade soberana do único Poder de livrá-la de seus embaraços e dela desviar a trágica ca­lamidade que ameaça engolfá-la.

Ominosa em verdade é a voz de Bahá'u'lláh que soa através destas proféticas palavras: "Ó vós do mundo! Sabei verdadeiramente que uma calamidade inesperada vos persegue e que um doloroso castigo vos espera. Não pen­sai que o que vós tendes cometido tem sido oculto de Minha vista." E novamente, "Deter­minamos um tempo para vós, ó povos! Se, na hora designada, vos volverdes para Deus, Ele em verdade vos apreenderá com violência e fará atacarem-vos, de todos os lados, penosas aflições. Quão severo, em verdade, é o casti­go com o qual Vosso Senhor então vos pu­nirá!"

Será que a humanidade, atormentada como ela está agora, deve ser afligida por tribula-

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ções ainda mais severas para que a sua in­fluência purificadora possa prepará-la para entrar no Reino Celestial destinado a ser esta­belecido na Terra? Será que a inauguração de tão vasta, única e iluminada era da his­tória humana deve ser precedida por tão gran­de catástrofe que venha a lembrar, ou me­lhor, ultrapassar o terrível colapso da civi­lização romana nos primeiros séculos da Era Cristã? Será que uma, série de profundas con­vulsões devem abalar e agitar a raça huma­na até que Bahá'u'lláh possa ser entronizado nos corações e consciências das massas, até que a Sua indiscutível ascendência seja uni­versalmente reconhecida, e até que o nobre edifício de Sua Ordem Mundial seja erguido e estabelecido?

Os longos períodos de infância e menini­ce, através dos quais a raça humana tinha que passar chegaram ao seu fim. A humani­dade agora está passando pelas comoções in­variavelmente associadas com o estágio mais turbulento de sua evolução, o estágio da ado­lescência, quando a impetuosidade da juven­tude e o seu ardor atingem o seu clímax e devem gradualmente ser substituídos pela cal­ma, sabedoria e maturidade que caracterizam um adulto. Então a raça humana atingirá o estado de maturidade que a capacitará a ad-

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quirir todos os poderes e faculdade dos quais depende o seu desenvolvimento final.

A unificação da humanidade inteira é o distintivo da etapa da qual a sociedade hu­mana atualmente se aproxima. A unidade de família, a de tribo, a de cidade-estado e a de nação, fora sucessivamente tentadas e com­pletamente estabelecidas. A unidade do mun­do é agora a meta à qual a, humanidade, em sua aflição, dirige seus esforços. O processo de formar nações já chegou ao fim. A anar­quia inerente à soberania estatal aproxima-se de um clímax. Um mundo marchando para a maturidade deve abandonar esse fetiche, reconhecer a unicidade e a integridade das relações humanas e estabelecer, de uma vez por todas, os instrumentos que melhor possam concretizar este princípio fundamental de sua vida...

A unidade do gênero humano, assim como Bahá'u'lláh a concebeu, compreende o estabelecimento de uma comunidade mundial em que todas as nações, raças, crenças e clas­ses estejam estreita e permanentemente uni­das, e em que a autonomia dos estados que a compõem, e a liberdade e iniciativa pessoal dos seus membros individuais, sejam garan­tidas de um modo definitivo e completo. Tal comunidade mundial, deve abranger, segun-

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do nosso conceito, uma legislatura mundial, cujos membros, os representantes de todo o gênero humano, virão a controlar todos os recursos das respectivas nações componentes e criar as leis que forem necessárias para re­gular a vida, satisfazer as necessidades e ajustar as relações de todas as raças e povos entre si. Um executivo mundial, apoiado por uma força internacional, executará as deci­sões dessa legislatura mundial, aplicará as leis por ela criadas, e protegerá a unidade or­gânica da inteira comunidade mundial. Um Tribunal mundial deverá adjudicar toda e qualquer disputa que surja entre os vários ele­mentos que constituem esse sistema univer­sal, sendo irrevogável a sua decisão. Um sis­tema de inter-comunicação mundial será ado­tado que abranja todo o planeta e, livre de qualquer embaraço ou restrição nacional, fun­cionará com admirável rapidez e perfeita re­gularidade. Uma metrópole mundial será o centro de uma civilização mundial, o foco para que convergirão as forças unificadoras da vida e da qual hão de irradiar suas in­fluências vigorantes. Um idioma mundial será criado ou escolhido dentre as línguas existentes e será ensinado em todas as esco­las de todas as nações federadas como auxi­liar à língua nativa. Uma escrita mundial,

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uma literatura mundial, um sistema unifor­me de moeda, de pesos e medidas simplifica­rão e facilitarão o intercâmbio e entendimen­tos entre as nações e raças da humanidade. Em tal sociedade mundial, a ciência e a re­ligião, as duas forças mais potentes da vida humana, serão reconciliadas, assim coope­rando e desenvolvendo-se harmoniosamente. Não mais será a imprensa, sob tal sistema, per­niciosamente dominada por interesses, quer particulares, quer públicos, embora dê plena expressão às várias opiniões e convicções do gênero humano; e será livrada da influência de governos e povos querelentes. Os recursos econômicos do mundo serão organizados, suas fontes* de matérias primas serão exploradas e completamente utilizadas, seus mercados serão coordenados e desenvolvidos e a distri­buição de seus produtos será regulada de um modo eqüitativo.

As rivalidades entre as nações, os ódios e as intrigas, cessarão, e os preconceitos e ani-mosidades de raça serão substituídos por ami­zade, entendimento mútuo e cooperação. Não mais existirão os motivos da contenda reli­giosa; abolir-se-ão as barreiras e restrições econômicas e a desmedida distinção entre as classes será eliminada. Desaparecerão a po­breza extrema, por um lado, e, por outro, a

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excessiva acumulação de bens. A quantida­de enorme de energia que se desperdiça com a guerra, quer econômica ou política, será de­dicada a fins como estes; a extensão do alcan­ce das invenções humanas e do desenvolvi-vimento técnico, o aumento da capacidade produtiva da humanidade, o extermínio das moléstias, a ampliação das pesquisas cientí­ficas a adoção de mais altos padrões de saúde física, a refinação do cérebro humano, a ex­ploração dos recursos do planeta que ainda não foram utilizados ou descobertos, o pro­longamento da vida do homem, a promoção de qualquer outro meio de estimular a vida intelectual, moral e espiritual da humanida­de inteira.

A meta para a qual a força unificadora da vida impele a humanidade é um sistema federal mundial que regerá a Terra, exercen­do uma autoridade inquestionável sobre seus recursos inimaginavelmente vastos, harmoni­zando e incorporando os ideais de Leste e Oeste, liberto do flagelo da guerra e suas tris­tes conseqüências, esforçando-se por aprovei­tar todas as fontes de energia existentes na superfície do planeta — um sistema em que a Força se subordina à justiça, e cuja vida é sustentada por seu reconhecimento universal

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de um só Deus e sua lealdade a uma Revela­ção comum.

("The Unfoldment of World Civilization", 11 de março de 1936, publicado em "The World Order of Bahá'u'lláh", págs. 162-163, 201-204)

A tribulação que há de abalá-la ( nação americana) tão graficamente profetizada por Bahá'u'lláh — como citamos nas páginas pre­cedentes — talvez a veja repuxada para seu vórtice, num grau sem precedentes. Do con­trário de suas reações ao último conflito mun­dial, emergirá — é provável — consciente­mente determinada a aproveitar sua oportuni­dade de aplicar o pleno peso de sua influên­cia aos problemas gigantescos que tamanha tribulação haverá de deixar em seu rasto e, em conjunto com suas nações irmãs, tanto do Oriente como do Ocidente, exorcismar para sempre a maior maldição que, desde os tempos imemoriais, afringe e degrada a es­pécie humana.

Então, e somente então, a nação ameri­cana, amoldada e purificada no crisol de uma guerra comum, habituada a seus rigores e dis-

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ciplinada pelas suas lições, estará na posição de poder levantar sua voz no concilio das na­ções, lançar, ela mesma, a pedra angular de uma paz universal e duradoura, proclamar a solidariedade, a unidade e a maturidade do gênero humano e ajudar a estabelecer o pro­metido reinado da justiça na terra. Então, e somente então, a nação americana — en­quanto a comjunidade dos bahá'ís americanos em seu seio estiver consumado sua missão que Deus lhe determinou poderá cumprir o destino indizivelmente glorioso que lhe foi designado pelo Onipotente e que os escritos de 'Abdu'1-Bahá consagraram imortalmente. Então, e somente então, a nação americana atingirá "aquilo que há de adornar as pági­nas da história", e tornar-se-á "objeto da in­veja do mundo, abençoada tanto no Oriente como no Ocidente".

("O Advento da Justiça Divina", 25 de dezembro de 1938, págs. 137-139)

O mundo, em verdade, move-se para seu destino. A interdependência dos povos e na­ções da terra — não obstante o que digam ou façam os que incentivam as forças divisoras

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do mundo — já é fato consumado. Com­preende-se e reconhece-se agora sua unidade na esfera econômica. O bem-estar da parte significa o bem-estar do todo, e o sofrimento da parte traz sofrimento ao todo. A Revela­ção de Bahá'u'lláh — para usarmos Suas pró­prias palavras — "prestou um novo impulso e fixou uma direção nova" a esse vasto proces­so que opera presentemente no mundo. Os fo­gos ateiados por essa grande provação são as conseqüências da falha dos homens, por não havem-na reconhecido. Ainda mais, apres­sam sua consumação. A longa adversidade mundial, aflitiva, aliada aos caos e à destrui­ção universal, há de convulsionar as nações, despertar a consciência do mundo, desiludir as massas, precipitar uma transformação ra­dical no próprio conceito da sociedade, e co­ligar, afinal, os membros desunidos e san­grentos da humanidade num só corpo organi-camente unido e indivisível.

Ao caráter geral, às implicações e feições dessa comunidade mundial, destinada a emer­gir, cedo ou tarde, da carnificina, agonia e destruição dessa grande convulsão, já me refe­ri em comunicações anteriores. Basta dizer que esta consumação, por sua própria natu­reza ,há de ser um processo gradativo e deve primeiro como o próprio Bahá'u'lláh anteci-

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pou, levar à realização daquela Paz Menor que as nações da Terra por si mesma estabele­cerão, pois embora despercebendo ainda Sua Revelação estão executando, no entanto, os princípios gerais por Ele enunciados. Esse passo momentoso e histórico, envolvendo a re­construção da humanidade, em conseqüên­cia do reconhecimento universal de ser ela uma só, de formar um todo, conduzirá à es-piritualização das massas, uma vez reconhe­cido o caráter da Fé introduzida por Ba-há'u'lláh e admitida a verdade de suas decla­rações — condição essa, essencial àquela fu­são final de todas as raças, crenças, classes e nações, o que deve assinalar o surgir de Sua Nova Ordem Mundial.

Então o amadurecimento da inteira espé­cie humana será proclamado e celebrado por todos os povos e nações da terra. Içar-se-á, então, a bandeira da Paz Máxima. Então a soberania mundial de Bahá'u'lláh — aquele que estabeleceu o Reino do Pai predito pelo Filho e antecipado pelos Profetas de Deus an­tes e depois Dele — será reconhecida, acla­mada e firmemente estabelecida. Nascerá então, uma civilização mundial, fadada a flo­rescer e perpetuar-se, uma civilização com uma plenitude de vida que o mundo jamais viu nem pode ainda conceber. Então se cum-

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prirá completamente o Convênio eterno. Re-dimir-se-á a promessa encerrada em todos os livros de Deus, cumprindo todas as profecias pronunciadas pelos Profetas de antanho e sendo assim realizada a visão de videntes e poetas. Então o planeta, galvanizado pela crença universal de seus habitantes em um só Deus1, e pela sua lealdade a uma Revelação comum, espelhará, dentro dos limites que lhe forem impostos, as fulgentes glórias da sobe­rania de Bahá'u'lláh, brilhando na plenitude de seu esplendor no Paraíso de Abhá, e se fará o escabelo de Seu Trono no alto; será aclama­do como o céu terrestre, capaz de cumprir aquele destino inefável que lhe foi determina­do desde tempos imemoriais, pelo amor e sa­bedoria de seu Criador.

("O Dia Prometido Chegou", 28 de março de 1941, págs. 149-151)

Ele (Bahá'u'lláh) encarece sem reservas o princípio da segurança coletiva, recomenda a redução dos armamentos das nações, e pro­clama como necessária e inevitável a convo­cação de uma assembléia mundial em que os

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reis e chefes de estados deliberem sobre o es­tabelecimento da paz entre as nações.

("A Presença de Deus", 1944, pág. 299)

Durante esta Idade Pormativa da Fé, e durante o presente período e os futuros, o último estágio e o clímax da ereção da estru­tura da Ordem Administrativa da Fé de Bahá'u'lláh — a eleição da Casa Universal de Justiça — terá sido realizada, o Kitáb-i-Aqdás, o Livro Mater da Sua Revelação, terá sido codificado e as suas leis promulgadas, a Paz Menor terá sido estabelecida, a unidade da humanidade terá sido alcançada e a sua maturidade atingida, o Plano concebido por 'Abdu'1-Bahá terá sido executado, a emanci­pação da Fé dos grilhões da ortodoxia religio­sa terá sido obtida, e o seu status de inde­pendência religiosa terá sido universalmente reconhecido.

. . . Nós não podemos falhar em perceber o trabalho de dois processos simultâneos, ge­rados desde os anos finais da idade Heróica de nossa Fé, cada um claramente definido, cada um bem distinto, ainda que intimamen­te relacionados e destinados a culminar no

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final dos tempos, em uma única consumação gloriosa.

Um destes processos associa-se com a mis­são da Comiunidade Bahál Americana, o ou­tro com o destino da nação americana. O pri­meiro serve diretamente os interesses da Or­dem Administrativa da Fé de Bahá'ulláh...

O outro processo data do romper da pri­meira Guerra Mundial a qual lançou a gran­de república do Ocidente no vórtice do pri­meiro estágio de um levante mundial. Ele re­cebeu o seu ímpeto inicial através da formu­lação dos Quatorze Pontos do Presidente Wil­son, os quais pela primeira vez associaram in­timamente aquela República com o destino do Velho Mundo. Ele sofreu o seu primeiro revés recém do desligamento daquela repúbli­ca da recém nascida Liga das Nações, cuja criação foi devida aos esforços daquele presi­dente. Ele cresceu com o romper da Segunda Guerra Mundial, infligindo sofrimentos sem precedentes naquela república, e envolvendo-a ainda mais nos afazeres de todos os continen­tes do globo. Ele foi reforçado através da de­claração existente na Carta do Atlântico, como apresentado por um de seus principais criadores, Franklin D. Roosevelt. Ele assu­miu um delineamento definitivo através do nascimento das Nações Unidas na Conferên-

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cia de São Francisco. Ele adquiriu um signi­ficado ainda maior com a escolha da própria Cidade do Convênio como a sede da recém criada organização, através das declarações feitas recentemente pelo presidente america­no na Grécia e Turquia, com relação às res­ponsabilidades de seu país como também atra­vés da discussão pela Assembléia Geral das Nações Unidas do desafiante e espinhoso pro­blema da Terra Santa, o centro espiritual como também administrativo da Fé Mundial de Bahá'u'lláh. Porém, ele deve atravessar um caminho longo e tortuoso até atingir, atra­vés de uma série de vitórias e reveses, a união política dos hemisférios ocidental e oriental o nascimento de um governo mundial e o es­tabelecimento da Paz Menor, como prenun­ciado por Bahá'u'lláh e predito pelo Profeta Isaias. Ele deve finalmente culminar no des­fraldar da bandeira da Paz Maior, na Idade Áurea da Dispensação de Bahá'u'lláh.

("Citadel of Faith", 05 de junho de 1947, pág. 6, págs. 32-33)

A construção deste edifício (o Arquivo Internacional Bahá'í) por sua vez anunciará

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a construção, no decorrer dos sucessivos pe­ríodos da Idade Formativa da Fé, de diversos outros períodos que servirão como sedes ad­ministrativas daquelas instituições divina­mente indicadas como a Guardiania, as Mãos da Causa, e a Casa Universal de Justiça. Es­tes edifícios envolverão em uma forma de arco aberto e com um estilo arquitetônico harmonioso os túmulos da Folha Mais Sagra­da, distinta como a pessoa mais proeminente do seu sexo na Dispensação Bahá'í, do Irmão dela, oferecido como um resgate por Ba-há'u'lláh para o despertar do mundo e a sua unidade e da Mãe deles, proclamada por Ele como a sua consorte escolhida "em todos os mundos de Deus". O término deste estupen­do empreendimento marcará a culmânação do desenvolvimjento de uma Ordem Adminis­trativa Mundial divinamente indicada, cujo início pode ser determinado nos anos finais da Idade Heróica da Fé.

Este vasto e irresistível processo, inigua­lável na história espiritual da humanidade, e que será sincronizado com dois outros desen­volvimentos não menos significativos — o estabelecimento da Paz Menor e a evolução das instituições Bahá'ís locais e nacionais — atingirá a sua consumação na Idade Áurea da Fé, através do hasteamento da bandeira

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da Paz Máxima e da emergência na plenitude de seu poder e glória do Centro focai das instituições que constituem a Ordem Mun­dial de Bahá'u'lláh. O estabelecimento final desta sede da futura Comunidade Mundial Bahá'í assinalará imediatamente a procla-mação da soberania do Fundador de nossa Fé e o advento do Reino da Paz, repetidamente enaltecido e prometido por Jesus Cristo.

Esta Ordem Mundial, por sua vez, duran­te as sucessivas dispensações do Ciclo Ba­nal , dará o seu mais belo fruto através do nascimento e desabrochar de uma civilização divinamente inspirada em suas caracterís­ticas, de âmbito mundial em sua abrangência, e fundamentalmente espiritual em seu cará­ter — uma civilização destinada durante o seu desenvolvimento a derivar o seu impulso inicial do espírito animador das próprias ins­tituições que agora, em seu estado embrioná­rio, estão em movimento no ventre da atual Idade Formativa da Fé.

("Messages to the Bahá'í World, 1950-1957" 27 de novembro de 1954, págs. 74-75)

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EXTRATOS DE CARTAS ESCRITAS EM NOME DE SHOGHI EFFENDI

O mundo está muito agitado, e o que é mais patético é o fato de ele ter aprendido a se manter longe de Deus, que é o único que pode salvá-lo e aliviar os seus sofrimentos. É nosso dever, nós que fomos incumbidos de ministrar o remédio divino dado por Ba-há'u'lláh, concentrar nossa atenção na reali­zação desta tarefa, e não descansar até que a paz predita pelos Profetas de Deus tenha sido permanentemente estabelecida.

(09 de dezembro de 1931)

Shoghi Effendi escreveu a sua última carta geral ("The Goal of a New World Or-der" — A Meta de uma Nova Ordem Mun­dial) para os amigos ocidentais porque ele

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sentia que se deveria esclarecer ao público a atitude mantida pela Fé Bahá'í em relação aos atuais problemas econômicos e políticos. Nós devemos fazer o mundo conhecer qual era o verdadeiro objetivo de Bahá'u'lláh. Até agora a Unidade da Humanidade era um as­sunto de importância apenas acadêmica. Agora ele está se tornando cada vez mais um tema de interesse dos governantes. Conse­qüentemente esta é uma oportunidade mara­vilhosa paxá que nos destaquemos e apresen­temos o ensinamento que é o objetivo e a me­ta dos preceitos sociais de Bahá'u'lláh. Shoghi Effendi espera que os amigos façam ressonar este chamado pela união orgânica da huma­nidade até que ele seja parte da consciência de cada ser humano no mundo. Porém um grande cuidado deve ser tomado para que não sejamos mal entendidos e a nossa Fé não seja classificada como um movimento radi­cal.

(28 de janeiro de 1932)

Shoghi Effendi pediu-me que informasse o recebimento de sua carta datada de 26 de fevereiro de 1932 a qual tinha em anexo uma

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cópia impressa da sua última carta geral ("The Goal of a New World Order" — A Meta de uma Nova Ordem Mundial).. . Ele ficou muito feliz em saber que os amigos a acharam suficientemente interessante para fazê-la o tema de sua campanha de ensino. Ele também espera sinceramente que isto desperte alguns dos amigos para a importân­cia deste ensinamento da Causa e que os es­timule a uma maior aprofundação e estudo sobre este assunto. Pois ele é indubitavel­mente o objetivo dos preceitos sociais da Fé. Não há nenhuma razão porque os baháls não deveriam ser os primeiros a pleitear tal Federação Mundial, para a qual o mundo es­tá sendo dirigido por forças que ele não pode controlar.

(16 de fevereiro de 1932)

As diversas nações do mundo nunca atin­girão a paz a não ser que reconheçam o signi­ficado dos ensinamentos e os observem de todo o coração pois através daqueles preceitos todos os problemas internacionais serão re­solvidos e todo homem terá o ambiente espi-

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ritual no qual a sua alma poderá evoluir e produzir os seus ensinamentos.

(15 de janeiro de 1933)

O Guardião também leu com muito in­teresse todos os papéis anexos. Ele está fir­memente convencido de que através de per­severança e ação contínua a causa da Paz fi­nalmente triunfará sobre todas as forças ne­gras que ameaçam o bem-estar e o progresso do mundo atual. Porém certamente tais ações puramente humanas não terão nenhum efeito caso não sejam inspiradas e guiadas pelo poder da fé. Sem a ajuda de Deus, que foi dada através da mensagem de Bahá'u'lláh, a paz nunca poderá ser segura e adequada­mente estabelecida. Desconsiderar a solução bahá'í para a paz mundial é construir em cima de alicerces de areia. Aceitá-la e aplicá-la é fazer com que a paz não seja apenas um sonho, ou um ideal, mas uma realidade ati­va. Este é o ponto que o Guardião deseja que você desenvolva, que enfatise sempre e que apoie através de argumentos convincentes. O programa bahá'í de paz não é, em última ins­tância, o único instrumento efetivo para o

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estabelecimento do reino da paz neste mundo. Esta atitude não implica em um repúdio ge­ral das outras soluções apresentadas por di­versos filantropistas. Ela apenas mostra a ineficácia delas perante o Plano Divino para a unificação do mundo. Nós não podemos es­capar do fato de que qualquer coisa mun­dana não pode durar para sempre, a menos que seja apoiada e mantida pelo poder de Deus.

(25 de setembro de 1933)

Não importa quais possam ser nossas li­mitações e quão formidáveis sejam as forças da escuridão que nos sitiam atualmente, a unificação da humanidade como prescrita e assegurada pela Ordem Mundial de Ba-há'u'lláh será no devido tempo firme e per­manentemente estabelecida. Esta é a pro­messa de Bahá'u'lláh, e nenhum poder na terra pode por muito tempo impedir ou até mesmo retardar a sua devida realização. Des­te modo, os amigos não devem perder a es­perança, e bem cientes de seu poder e res­ponsabilidade eles devem perseverar em seus grandes esforços para a extensão e consolida-

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ção do domínio universal de Bahá'u'lláh na Terra.

(06 de novembro de 1933)

Quanto ao Executivo Internacional men­cionado pelo Guardião em seu "Goal of a New World Order" (A Meta de uma Nova Ordem Mundial), deve-se destacar que isto não se re­fere de modo algum à Comunidade Bahá'í do futuro, mas sim ao governo mundial que anunciará o advento e conduzirá ao estabe­lecimento final da Ordem Mundial de Ba-há'u'lláh. A formação deste Executivo Inter­nacional, que corresponde ao chefe ou con­selho de estado dos atuais governos nacionais é apenas um passo em direção ao governo mundial Bahá'í do futuro, e assim não deve ser identificado com a instituição da Guar-diania ou da Casa Universal de Justiça.

(17 de março de 1934)

O que o Guardião deseja, com relação ao seu trabalho de ensino, é que você em todas as suas palestras enfatise particularmente a

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suprema necessidade de todas as nações e in­divíduos adotarem neste dia em sua integri­dade o programa social dado por Bahá'u'lláh para a reconstrução da vida religiosa, econô^ mica e política da humanidade. Ele deseja que você explique e analise os elementos que ajudam a erguer esta Ordem Mundial Divina à luz dos eventos e condições atuais do mun­do. Ele crê que deve ser dada ênfase especial à preemente necessidade de se estabelecer um estado mundial soberano e supra-nacional conforme descrito por Bahá'u'lláh. Quanto mais o mundo torna-se sujeito a tumultos e convulsões nunca vistos anteriormente, a compreensão de tal necessidade não é so­mente percebida pelos sábios e instruídos, como também, pelo povo em geral. Os crentes deveriam portanto aproveitar esta oportuni­dade e fazer um esforço para apresentar em uma linguagem convincente e eloqüente, aqueles ensinamentos sociais e humanitários da Fé que acreditamos serem a única pana-céia para as inúmeras doenças que afligem o nosso mundo atual.

(15 de novembro de 1935)

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Com referência à sua pergunta em rela­ção à mjenção de 'Abdu'1-Bahá sobre a "uni­dade no campo político"; esta unidade deve ser claramente distinguida da "unidade das nações". A primeira é uma unidade obtida en­tre estados soberanos e politicamente inde­pendente; enquanto que a segunda é realiza­da entre nações. A diferença entre um estado e uma nação é que o primeiro, como você sa­be, é uma entidade política que não necessa­riamente tem homogeneidade racial, enquan­to que a segunda implica tanto em homoge­neidade política quanto nacional.

(26 de julho de 1936)

O Guardião já lhe aconselhou, quanto ao seu trabalho de ensino, em enfatizar em suas palestras a idéia de um super-estado mun­dial, e o conceito da Unidade da Humanidade que o fundamenta. Além disso, ele deseja que você enfatise também o fato de que a huma­nidade, como um todo, entrou no período mais crítico e no estágio mais importante de sua evolução, o estágio da maturidade. Este conceito do amadurecimento da humanidade constitui o núcleo central dos ensinamentos

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baháls e é a característica mais distintiva da Revelação de Bahá'u'lláh. Uma devida com­preensão deste conceito dá-nos a chave para uma adequada apreciação da soberba procla-mação feita pelo Autor da Fé, tanto com re­lação à Sua própria posição, quanto sobre a incomparável grandeza de Sua Dispensação.

(12 de outubro de 1936)

Com referência à pergunta que você fez em relação à época e os meios pelos quais a Paz Menor e a Paz Máxima, mencionados por Bahá'u'lláh, seriam estabelecidas após a vin­doura Guerra Mundial. Sua visão é de que a Paz Menor virá através dos esforços políticos dos estados e nações do mundo, e indepen­dente de qualquer plano ou esforço bahá'í di­reto, e de que a Paz Máxima será estabele­cida por meio dos crentes e pela execução di­reta das leis e princípios revelados por Ba-há'u'lláh e o funcionamento da Casa Univer­sal de Justiça como o órgão supremo do Su­per Estado Bahá'í — sua visão sobre este assunto está completamente correta e em total acordo com o pronunciamento do Guardião apresentados no "Unfoldment of

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World Civilization" (O Despontar da Civili­zação Mundial).

(14 de março de 1939)

Embora seja prematuro tentar prever em que bases as diversas nações seriam repre­sentadas em um Conselho Internacional, ou em qualquer forma internacional de Gover­no, é claro que do ponto de vista bahá'í isto só pode ser executado sobre uma base de ver­dadeira justiça; e a justiça, não implica em uma raça ter um voto preponderante sobre quaisquer representantes de outras raças, e assim estar em uma posição de poder domfi-ná-las.

(12 de abril de 1942)

O que 'Abdu'1-Bahá queria dizer sobre as mulheres erguerem-se pela paz é de que este é um assunto vital que as afeta diretamente, e que quando elas formarem uma massa uni­versal de opinião pública consciente contra a guerra não pode haver nenhuma guerra. As mulheres bahá'ís já estão organizadas atra-

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vés de sua participação como membros da Fé e da Ordem Administrativa. Nenhuma orga­nização maior é necessária. Mas elas devem, através do ensino e do ativo apoio moral que elas dão a todo movimento dirigido à paz, procurar exercer uma forte influência nas mentes de outras mulheres com relação à este assunto essencial.

(24 de março de 1945)

As Sete Luzes da Unidade não aparece­rão necessariamente na ordem apresentada. Um produto da segunda pode muito bem ser a cultura universal.

(19 de novembro de 1945)

Os ensinamentos de Bahá'u'lláh estabe­lecerão um novo modo de vida para a huma­nidade. Aqueles que são bahá'ís devem se es­forçar para estabelecer este novo modo de vida tão logo quanto seja possível. Agora que está chegando a hora em que a Fé Bahá'í es­tá ganhando proeminência, e está sendo con­siderada e reconsiderada por tantas pessoas,

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é necessário que os crentes da Fé vivam de acordo com os altos ideais da Fé sob todos os aspectos. Deste modo eles podem demonstrar que a Fé Bahá'í cria um novo modo de vida, que leva o indivíduo a uma completa asso­ciação com a vontade de Deus, e deste modo para o estabelecimento de uma sociedade pa­cífica e universal. Ações divisórias são coisas do homem, enquanto que o serviço universal é de Deus.

O Guardião está agora ansioso para qúe todos os amigos obtenham uma consciência universal e um modo de vida universal.

(20 de novembro de 1955)

O governo mundial virá, mas nós não sabemos quando.

(15 de agosto de 1957)

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EXTRATOS DAS CARTAS DA CASA UNIVERSAL DE JUSTIÇA

Quando Bahá'u'lláh proclamou a Sua Mensagem para o mundo no século dezeno­ve, Ele tornou bem claro que o primeiro pas­so essencial para a paz e o progresso da hu­manidade era sua unificação. Como Ele dis­se: "O bem-estar da humanidade, a sua paz e segurança são inatingíveis a menos que, e até que a sua unidade seja firmemente estabe­lecida", ("The World Order of Bahá'u'lláh". A Ordem Mundial de Bahá'u'lláh — pág. 203). Porém, vocês encontrarão a maior parte da humanidade indo na direção contrária deste dia; eles consideram a unidade como um objetivo final quase inatingível e se concen­tram primeiramente em remediar todas as ou­tras doenças da humanidade. Se eles apenas soubessem que estas doenças são apenas sin­tomas e efeitos colaterais da doença básica —

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a desunião. Além do mais, Bahá'u'lláh afir­mou que a reivindicação da humanidade e a a cura de todos os seus males só podem ser obtidas por meio de Sua F é . . .

Nos é dito por Shoghi Effendi que dois grandes processos estão ocorrendo no mundo: o grande Plano de Deus, tumultuoso em seu progresso, trabalhando com toda a humani­dade, derrubando as barreiras para a unida­de mundial e fundindo a humanidade em um corpo unido através dos fogos do sofri­mento e experiência. Este processo produzi­rá, no tempo determinado por Deus, a Paz Menor, a unificação política do mundo. A hu­manidade naquele tempo pode ser comparada a um corpo que é unido mas que não tem vida. O segundo processo, a tarefa de soprar a vida neste corpo unificado, de criar a verdadeira unidade e espiritualidade, culminando na Paz Máxima — é relativo aos baháls que estão trabalhando conscientemente, com ins­truções detalhadas e contínua guia divina, para erguer a estrutura do Reino de Deus na Terra, para o qual eles convocam o resto da humanidade, conferindo-lhes assim a vida.

("Wellspring of Guidance" 8 de dezem­bro de 1967, págs. 131-134)

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É verdade que 'Abdu'1-Bahá fez comentá­rios relacionando o estabelecimento de unidade das nações com o século vinte. Por exemplo: " . . . A vela é a unidade das nações — uma unidade que, neste século, será segu­ramente estabelecida, fazendo com que todos os povos do mundo se considerem como ci­dadãos da mesma pátr ia . . ." . E em O Dia Prometido Chegou, após uma citação similar feita em O Esplendor da Verdade Shoghi Ef-fendi faz o seguinte comentário: "Este é o es­tágio para o qual o mundo está se aproximan­do agora, o estágio da unidade mundial, o qual comp 'Abdu'1-Bahá nos assegura será certa­mente estabelecido neste século".

Há também esta citação de uma carta escrita em nome do amado Guardião pelo seu secretário em 1946 para um crente individual:

" . . . Tudo o que nós sabemos é que a Paz Menor e a Paz Máxima virão — as suas da­tas exatas nós não sabemos. O mesmo é ver­dade quanto à possibilidade de uma guerra fu­tura; nós não podemos afirmar dogmatica­mente que ela ocorrerá ou não — tudo o que sabemos é que a humanidade deve sofrer e ser punida suficientemente até se voltar a Deus." (29 de julho de 1974)

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EXTRATOS DE CARTAS ESCRITAS EM NOME DA CASA UNIVERSAL DE JUSTIÇA

. . .A Fé Bahá'í tem por objetivo eliminar qualquer tipo de guerra, incluindo a nuclear. O propósito fundamental de nossa Pé é a uni­dade e o estabelecimento da paz. Esta meta, que é a esperança do povo através de um mundo cada vez mais inseguro, somente pode ser alcançada através dos Ensinamentos de BaháVlláh. Uma vez que apenas os baháls podem dar estes Ensinamentos à humanida­de, os amigos devem considerar cuidadosamen­te como eles gastarão o seu tempo e energia e evitarem associar-se com atividades que os distrairão indevidamente de sua principal res­ponsabilidade, que é compartilhar a Mensa­gem de Bahá'u'lláh.

(04 de julho de 1982)

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Na época atual, o assunto do desarma­mento nuclear tornou-se muito mais um tema político, com demonstrações ocorrendo não apenas nos Estados Unidos como também na Inglaterra e em alguns países da Europa Oci­dental. Destacar apenas o desarmamento nuclear seria limitar a posição bahál e en­volveria a Fé na atuais controvérsias entre as nações. É evidente que os bahá'ís acreditam que o desarmamento, não apenas de armas nucleares, como também de armas biológicas, química e de outras formas, é essencial.

(12 de janeiro de 1983)

Em relação à transição do atual sistema de soberania nacional para um sistema de governo mundial, a Casa de Justiça concor­da plenamente com a sua opinião de que os bahá'ís devem fazer tudo o que puderem para promover esta transição. Isto requer diver­sas atividades correlacionadas, todas as quais são metas do atual Plano de Sete Anos. Uma é a formação tão rapidamente quanto possível de Assembléias Espirituais Locais firmemen­te estabelecidas e eficientemente funcionando em todas as partes do mundo, de modo que as

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pessoas que procuram possam ter em todos os lugaxes um ponto de referência para onde elas possam se dirigir para obter guia e os Ensinamentos da Fé. Uma segunda é a apro-fundação dos crentes, de todas as idades na sua compreensão e obediência dos Ensinamen­tos. Uma terceira é a proclamação da Fé a todas as camadas da sociedade e em particu­lar às autoridades e líderes de pensamento de modo que aqueles que dirigem ao povo possam conhecer precisamente a natureza e os obje­tivos da Fé e aprender a respeitá-la e imple­mentar os seus princípios. Uma quarta é a promoção da escolaridade bahá'í, de modo que um maior número de crentes possa analisar os problemas da humanidade e todas as áreas e demonstrar como os ensinamentos podem re­solve-los .. Uma quinta é o desenvolvimento das relações entre a Comunidade Internacio­nal bahá'í e as Nações Unidas, tanto direta­mente com as mais elevadas instituições da ONU quanto no nível elementar em áreas de desenvolvimento rural, educação etc.

Como você certamente sabe, o Guardião explicou que o desenvolvimento da humianida-de da sua atual condição caótica até o estágio da Comunidade Mundial Bahá'í seria longo e árduo. Trazer à existência uma Autoridade Mundial e o início da Paz Menor, é uma das

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maiores transformiaçoes deste processo, e será seguida por outros estágios do desenvolvimen­to da Fé conforme descrito por Shoghi Effen-di em seus escritos. Sem dúvida enquanto estas etapas estiverem! ocorrendo, o conselho que instituições da Fé podem dar aos gover­nos, o padrão de administração mundial ofere­cido pela Comunidade Bahá'í e os grandes pro­jetos humjanitários que serão lançados sob a égide da Casa Universal de Justiça, exercerão umia grande influência no seu devido pro­gresso .

(19 de janeiro de 1983)

. . . É verdade que os bahá'ís não são pa­cifistas uma vez que apoiamos o uso da força no serviço da Justiça e manutenção da lei. Mas nós não cremos que nenhuma guerra possa ser necessária e a sua abolição é um dos propósitos essenciais e uma das maiores promessas da Revelação de Bahá'u'lláh. A sua instrução específica aos reis da terra é: "Se alguém dentre vós lançar mão de arma con­tra outro, levantai-vos contra ele, pois isso nada mais é que justiça manifesta." (Epísto-

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Ia à Rainha Vitória em "A Proclamação de Ba-há'u'lláh", pág. 26). O amado Guardião ex­plicou que a unidade da humanidade implisa no estabelecimento de uma comunidade mun­dial, um sistema federativo mundial " . . .liber­to do flagelo da guerra e suas misérias... no qual a força subordina-se à justiça..." cujo executivo mundial "apoiado por uma Força Internacional... Salvaguardará a unidade or­gânica de toda a comunidade." Isto evidente­mente não é guerra, mas a manutenção da lei e da ordem em uma escala mundial. A guerra é a tragédia final da desunião entre nações onde não há nenhuma autoridade internacio­nal suficientemente poderosa para impedi-los de perseguirem os seus limitados interesses pessoais. Deste modo, os bahá'ís pedem para servir os seus países durante tais guerras através de atividade fora do combate; e sem dúvida alguma, servirão nesta Força interna­cional predita por Bahá'u'lláh, quando ela vier a existir.

A principal missão de Bahá'u'lláh em aparecer neste período da história humana é a realização da unidade da humanidade e o estabelecimento da paz entre as nações; des­te modo todas as forças envolvidas na reali­zação destes fins são influenciadas por sua Revelação. Porém, nós sabemos que a paz

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virá em etapas. Primeiro virá a Paz Menor, quando será obtida a unidade das nações, en­tão gradualmente a Paz Máxima — a unidade tanto espiritual quanto política e social da humanidade, quando a Comunidade Mundial Bahá'í operando estritamente de acordo com« as leis e mandamentos do Livro Mais Sagra­do da Revelação Bahá'í, tiver sido estabeleci­da através dos bahá'ís.

Quanto à Paz Menor, Shoghi Effendi ex­plicou que ela será uma unidade política obtida através da decisão dos governos de diversas nações; ela não será estabelecida pela ação di­reta da Comunidade Bahá'í. Porém, isto não significa que os bahá'ís estão esperando que a Paz Menor venha antes que eles façam algo pela paz da humanidade. Em verdade, ao pro­moverem os princípios da Fé, que são indis­pensáveis para a manutenção da paz, e ao mo­delarem, os instrumentos da Ordem Adminis­trativa Bahá'í, que como nos é dito pelo ama­do Guardião, é o padrão da sociedade futura, os bahá'ís estão constantemente envolvidos em lançarem os alicerces para uma paz permanen­te, sendo a Paz Máxima o seu objetivo Final.

A própria Paz Menor passará por etapas; na etapa inicial os governos agirão inteira­mente por si próprio sem o envolvimento cons­ciente da Fé; posteriormente, no devido tem-

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po de Deus, a Fé terá influência direta nos seus afazeres conforme indicado por Shoghi Ef-fendi em "The Goal of New World Order" (A Meta de uma Nova Ordem Mundial). Com pas­sos conduzido a esta última etapa, a Casa Uni­versal de Justiça certamente determinará o que deve ser feito, de acordo com a guia nas Escrituras, tais como a passagem que você ci­tou de "Tablets of Bahá'u'lláh", pág. 102). Enquanto isso, os bahá'ís indubitavelmente farão tudo o que estiver ao seu alcance para promover o estabelecimento da paz.

(31 de janeiro de 1985).

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A Grande Paz — para a qual as pessoas de boa vontade orientaram os seus corações atra­vés dos séculos, acerca da qual inúmeras gera­ções de profetas e poetas expressaram as suas vi­sões, e cuja promessa foi continuamente reafir­mada ao longo das eras nas escrituras sagradas da humanidade — encontra-se agora, finalmen­te, ao alcance das nações. Pela primeira vez na História, é agora possível a todos ver o planeta em sua totalidade, com os seus mil e um povos diversificados, a partir da mesma perspectiva. A paz mundial não é somente possível, mas inevi­tável. É o próximo estágio na evolução deste pla­neta— ou, conforme disse um grande pensador, "a planetização da humanidade".

Se essa paz será alcançada somente depois de horrores inimagináveis, precipitados pelo ape­go obstinado da humanidade a velhos padrões de comportamento, ou se será concretizada ago­ra através de um ato de vontade coletiva — eis a escolha que se oferece a todos os que habitam a Terra.