nº 1 – edição: jan/fev/mar 2013

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Geriatria & Gerontologia Revista ARTIGOS ORIGINAIS ARTIGOS DE REVISÃO Avaliação do programa público brasileiro de tratamento da doença de Alzheimer no ano de 2008 Desempenho funcional em idosas de uma Universidade Aberta à Terceira Idade em área urbana do Nordeste Índice de complexidade de famacoterapia do idoso dependente para Perfil, estresse e necessisades de cuidadores familiares e profissionais autocuidado na atenção primária de idosos/acamados na atenção primária em saúde na cidade de São Paulo em Belém, Pará moderate chronic kidney disease in elderly Brazilians Comparando resultados de aplicações de questionário QI-AASI em idosos protetizados Volume 7 Número 1 Jan/Fev/Mar Efeitos do condicionamento físico sobre a imunossenescência Grupos de utilização de recursos ISSN 1981-8289 Sociedade Brasileira de Geriatria & Gerontologia Órgão Oficial de Publicação Científica

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Page 1: Nº 1 – Edição: Jan/Fev/Mar 2013

Geriatria & Gerontologia

Revista

ARTIGOS ORIGINAIS

ARTIGOS DE REVISÃO

Avaliação do programa público brasileiro de tratamento da doença de Alzheimer no ano de 2008

Desempenho funcional em idosas de uma Universidade Aberta à Terceira Idade em área urbana do Nordeste

Índice de complexidade de famacoterapia do idoso dependente para

Perfil, estresse e necessisades de cuidadores familiares e profissionais

autocuidado na atenção primária

de idosos/acamados na atenção primária em saúde na cidade de São Paulo

em Belém, Pará

moderate chronic kidney disease in elderly Brazilians

Comparando resultados de aplicações de questionário QI-AASI em idosos protetizados

Volume 7Número 1

Jan/Fev/Mar

Efeitos do condicionamento físico sobre a imunossenescência

Grupos de utilização de recursos

ISSN 1981-8289

Sociedade Brasileira de

Geriatria & Gerontologia

Órgão Oficial de Publicação Científica

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Referências bibliográficas: 1. Price R, Daly F, Pennington CR, McMurdo ME. Nutritional supplementation of very old people at hospital discharge increases muscle strength: A randomised controlled trial. Gerontology. 2005;51:179-185. 2. Fabian E, Bogner M, Kickinger A, Wagner KH, Elmadfa I. Vitamin status in elderly people in relation to the use of nutritional supplements. J Nutr Health Aging. 2012;16(3):206-12. 3. Morley JE. Sarcopenia in the elderly. Fam Pract. 2012;29 Suppl 1:i44-i48.

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EDITORIALDemandas, como equacionar?

ARTIGOS ORIGINAISAvaliação do programa público brasileiro de tratamento da doença de Alzheimer no ano de 2008 | Edgar Nunes Moraes, Marco Túlio Gualberto Cintra, Dinah Belém, Flávia Lanna Moraes

Desempenho funcional em idosas de uma Universidade Aberta à Ter-ceira Idade em área urbana do Nordeste | Ana Elizabeth dos Santos Lins, Karen Argenti Simon, Luiz Roberto Ramos

Índice de complexidade de farmacoterapia do idoso dependente para autocuidado na atenção primária | Janicéli Rosa Lisboa, Márcia Regina Martins Alvarenga, Rogério Dias Renovato

Perfil, estresse e necessidades de cuidadores familiares e profissionais de idosos/acamados na atenção primária em saúde na cidade de São Paulo | Ana Beatriz Ayroza Galvão Ribeiro Gomes, Ana Carolina Mayor de Carvalho, Carolina Puglia de Andrade, Flávia de Souza Oliveira Penido, Ingrid Cardoso Couto, Maurício Karakida Hashimoto, Priscila Biancalana, Regina Maria Giffoni Marsiglia

Perfil de idosos atendidos pelo programa de atenção à saúde do idoso em Belém, Pará | Jefferson de Abreu Monteiro, Manuela Lima Carvalho da Rocha, Rita de Cássia Gaspar da Silva

Accuracy of glomerular filtration rate estimation formulas for detecting mo-derate chronic kidney disease in elderly Brazilians | Jose Roberto de Almeida, Vinicius Daher Alvares Delfino,Rejane Tavares de Lima, Maria Emília Favero, Mar-celo Tatit Sapienza, Tiemi Matsuo

Comparando resultados de aplicações de questionário QI-AASI em idosos protetizados | Ângela Ribas, Giselle Massi, Bianca Zeigelboim

ARTIGOS DE REVISÃOEfeitos do condicionamento físico sobre a imunossenescência | Márcia Cristina Gomes dos Anjos, Luiz Fernando de Souza Passos, Adriana Malheiro

Grupos de utilização de recursos | Hélder Fernandes, Ignácio Martin

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

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Revista GeRiatRia & GeRontoloGia

Editora-chefeMaysa Seabra Cendoroglo – São Paulo, Brasil (Unifesp)

CONSELHO EDITORIAL NACIONAL

Editores AssociadosJoão Macêdo Coelho Filho – Fortaleza, Brasil (UFC)Júlio César Moriguti – Ribeirão Preto, Brasil (USP-RP)Milton Luiz Gorzoni – São Paulo, Brasil (FCMSC-SP)Rosângela Correa Dias – Belo Horizonte, Brasil (UFMG)Wilson Jacob Filho – São Paulo, Brasil (USP)

Editores ExecutivosJoão Senger – Novo Hamburgo, BrasilKarla Cristina Giacomin - Belo Horizonte, BrasilMaria do Carmo Lencastre Lins – Recife, BrasilMônica Rodrigues Perracini – São Paulo, Brasil

Adriano César B. S. Gordilho – SalvadorAna Amélia Camarano – Rio de JaneiroÂngelo Boss – Porto AlegreAnnette Leibing – Rio de JaneiroAnita Libetalesso Néri – CampinasCláudia Burlá – Rio de JaneiroClineu de Mello Almada Filho – São PauloEdgar Nunes de Moraes – Belo Horizonte Eduardo Ferriolli – Ribeirão PretoEliane Jost Blessmann – Porto AlegreElisa Franco de Assis Costa – GoiâniaElizabete Viana de Freitas – Rio de JaneiroEmilio H. Moriguchi – Porto AlegreEmilio Jeckel Neto – Porto AlegreFlávio Chaimowicz – Belo HorizonteGuita Grib Debert – CampinasIvete Berkenbrock – CuritibaJoão Carlos Barbosa Machado – Belo HorizonteJoão Marcos Domingues Dias – Belo HorizonteJoão Toniolo Neto – São PauloJohannes Doll – Porto AlegreJosé Elias S. Pinheiro – Rio de JaneiroKarla Cristina Giacomin – Belo HorizonteKátia Magdala L. Barreto – RecifeLaura Mello Machado – Rio de JaneiroLeani Souza Máximo Pereira – Belo HorizonteLigia Py – Rio de Janeiro

Luiz Eugênio Garcez Leme – São PauloLuiz Roberto Ramos – São PauloMaira Tonidandel Barbosa – Belo HorizonteMarcella Guimarães A. Tirado – Belo HorizonteMarcos Aparecido Sarria Cabrera – LondrinaMaria Fernanda Lima-Costa – Belo HorizonteMaurício Gomes Pereira – BrasíliaMaurício Wajngarten – São PauloMyrian Spínola Najas – São PauloMônica Rodrigues Perracini – São PauloNewton Luiz Terra – Porto AlegrePaulo Hekman – Porto AlegreRenato Maia Guimarães – BrasíliaRenato Moraes Fabbri – São PauloRicardo Komatsu – MaríliaRoberto Dischinger Miranda – São PauloRômulo Luiz de Castro Meira – SalvadorSérgio Márcio Pacheco Paschoal – São PauloSilvia Maria Azevedo dos Santos – FlorianópolisSônia Lima Medeiros – São PauloTereza Loffredo Bilton – São PauloToshio Chiba – São PauloTulia Fernanda Meira Garcia – FortalezaUlisses Gabriel Vasconcelos Cunha – Belo HorizonteVânia Beatriz M. Herédia – Porto AlegreWilson Jacob Filho – São Paulo

CONSELHO EDITORIAL INTERNACIONAL

Andrea Caprara – Roma, ItáliaAntony Bayer – Cardiff, Reino UnidoDavid V. Espino – San Antonio, EUAJay Luxenberg – San Francisco, EUAJeanne Wei – Little Rock, EUA

Masatoshi Takeda – Osaka, JapãoPaulo Henrique M. Chaves – Baltimore, EUARoberto Kaplan – Buenos Aires, ArgentinaSergio Ariño Blasco – Barcelona, Espanha

Indexada na LATINDEX (Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal).

Direção executiva e comercial: Silvio Araujo | André Araujo

Coordenação editorial: Natalie Gerhardt

Contatos: [email protected] | www.acfarmaceutica.com.br

São Paulo – (11) 5641-1870 | Rio de Janeiro – (21) 3543-0770

Esta é uma publicação

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet e outros), sem permissão expressa da editora.Todo o desenvolvimento, fotos e imagens utilizadas nesta publicação são de responsabilidade dos seus autores, não refletindo necessariamente a posição da editora nem do laboratório, que apenas patrocina sua distribuição à classe médica.Esta publicação contém publicidade de medicamentos sujeitos a prescrição, sendo destinada exclusivamente a profissionais habilitados a prescrever, nos termos da Resolução RDC Anvisa nº 96/08.

2013 © AC Farmacêutica® LTDA. Todos os direitos reservados.

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8 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIA

DiRetoRia nacional Da sBGGPresidente Nezilour Lobato Rodrigues (PA)1o Vice-PresidentePaulo Renato Canineu (SP)Pres. Depto. GerontologiaMariana Asmar Alencar (MG)Secretária GeralAna Lúcia de Sousa Vilela (RJ)Secretária AdjuntaLeila Auxiliadora José Sant’Ana (MT)TesoureiroDaniel Kitner (PE)Diretora CientíficaMaria Alice Vilhena de Toledo (DF)Diretora de Defesa ProfissionalSilvia Regina Mendes Pereira (RJ)Conselho ConsultivoMaria Angélica dos Santos Sanches (RJ)Marcos Aparecido Sarria Cabrera (PR)Paulo Roberto Cardoso Consoni (RS)Conselho Consultivo PlenoAdriano Cesar Gordilho (BA)Antonio Jordão Neto (SP)Eliane Jost Blessmann (RS)Elisa Franco de Assis Costa (GO)Elizabete Viana de Freitas (RJ)Flavio Aluizio Xavier Cançado (MG)João Carlos Barbosa Machado (MG)Jussara Rauth (RS)Laura Melo Machado (RJ)Margarida Santos (PE)Maria Auxiliadora Cursino Ferrari (SP)Marianela Flores de Hekman (RS)Myrian Spínola Najas (SP)Paulo Cesar Affonso Ferreira (RJ)Renato Maia Guimarães (DF)Silvia Regina Mendes Pereira (RJ)Sonia Maria Rocha (RJ)Tereza Bilton (SP)Zally Pinto Vasconcelos Queiroz (SP)Representantes no Conselho da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia (IAGG)Nezilour Lobato Rodrigues (PA)Mariana Asmar Alencar (MG)Marianela Flores de Hekman (RS)Comissão de NormasPresidente: Marianela Flores de Hekman (RS)Adriano Cesar Gordilho (BA)Eliane Jost Blessmann (RS)Elisa Franco de Assis Costa (GO)Elizabete Viana de Freitas (RJ)Jussara Rauth (RS)Silvia Regina Mendes Pereira (RJ)

Comissão de Ética e Defesa ProfissionalPresidente: Silvia Regina Mendes Pereira (RJ)Adriano Cesar Gordilho (BA)Carlos Roberto Takayassu (MT)Cristiane Ribeiro Maués (PA)Emylucy de Paiva Paradela (RJ)Gelson Rubem A. Almeida (MG)Janaína Alvarenga Rocha (ES)João Senger (RS)Jussimar Mendes de Aquino (MS)Katíuscia Karine Martins da Silva (AL)Marcelo Azevedo Cabral (PE)Marcelo de Faveri (DF)Mariste Mendes Rocha (PB)Rangel Osellame (SC)Rodolfo Augusto Alves Pedrão (PR)Rosina Ribeiro Gabriele (CE)Tassio José D. Carvalho Silva (SP)Yara Maria Cavalcante de Portela (MA)Comissão de ComunicaçãoPresidente: Salo Buksman (RJ)Fabio Falcão de Carvalho (BA)Ivete Berkenbrock (PR)Leila Auxiliadora José Sant’Ana (MT)Leani de Souza M. Pereira (MG)Marcela Guimarães Assis (MG)Renato Moraes A. Fabbri (SP) Comissão de Cuidados Paliativos Presidente: Daniel Lima Azevedo (RJ)Isadora Crosara Alves Teixeira (GO)Claudia Burlá (RJ)Johannes Doll (RS)José Francisco Pinto de Almeida Oliveira (RJ)Josecy Maria S. Peixoto (BA)Laiane Moraes Dias (PA)Ligia Py (RJ)Lucia H.Takase Gonçalves (SC)Maristela Jeci dos Santos (SC)Toshio Chiba (SP)Comissão de Título de GeriatriaPresidente: Elisa Franco de Assis Costa (GO)Adriano Cesar Gordilho (BA)Karlo Edson Carneiro Santana Moreira (PA)Livia Terezinha DEVENS (ES)Maira Tonidandel Barbosa (MG)Maria do Carmo Lencastre de M.E C. D.Lins (PE) Paulo José Fortes Villas Boas (SP)Rodolfo Augusto Alves Pedrão (PR)Veronica Hagemeyer Santos (RJ)Comissão de Título de GerontologiaPresidente: Cláudia Fló (SP)Jordelina Schier (SC)Marisa Accioly R. da C. Domingues (SP)

Tulia Fernanda Meira Garcia (CE)Viviane Lemos Silva Fernandes (GO)Comissão de Formação Profissional e Cadastro Geriatria Veronica Hagemeyer Santos (RJ)Gerontologia Maria Celi Lyrio Crispim (RJ)Comissão de InformáticaCoordenador: Rodrigo Martins Ribeiro (RJ)Representante Institucional COMLAT-Diretora da Área de Educação Marianela Flores de Hekman (RS)CNA Elizabete Viana de Freitas (RJ)CNDI Jussara Rauth (RS)Comissão Científica de GeriatriaPresidente: Maria Alice Vilhena de Toledo (DF)Ana Beatriz Galhardi Di Tommaso (SP)Ana Lúcia de Sousa Vilela (RJ)Daniel Apolinário (SP)Edgar Nunes de Moraes (MG)Einstein Francisco de Camargos (DF)Jacira do Nascimento Serra (MA)Juliana Junqueira M. Teixeira (GO)Jussimar Mendes de Aquino (MS)Luiz Antonio Gil Junior (SP)Maisa Carla Kairalla (SP)Marco Polo Dias Freitas (DF)Marcos Aparecido Sarria Cabrera (PR)Maria Fernanda Coelho Moreira Costa (PA)Monica Hupsel Frank (BA)Rubens de Fraga Junior (PR)Comissão Científica de GerontologiaPresidente: Leila Auxiliadora José Sant’Ana (MT)Ana Elizabeth dos Santos Lins (AL)Leonor Campos Mauad (SP) Ligia Py (RJ)Márcia Carrera Campos Leal (PE)Maria Angélica dos S.Sanchez (RJ)Maria Izabel Penha de o. Santos (PA)Otávio de Toledo Nobrega (DF)Rosângela Corrêa Dias (MG)Vania Beatriz M. Herédia (RS)Comissão de Avaliação de Divulgação de Assuntos e Eventos CientíficosLeila Auxiliadora José Sant’Ana (MT)Ligia Py (RJ)Maria Alice Vilhena de Toledo (DF)Marianela Flores de Hekman (RS)Comissão de Políticas Públicas Marilia Anselmo V. da S. Berzins (SP)Comissão de PublicaçõesEditora-Chefe: Maysa Seabra Cendoroglo (SP)

ALAGOAS Presidente: Helen Arruda Guimarães2o Vice-Presidente: Ana Elizabeth LinsDiretor Científico: Oswaldo da Silva Liberal

BAHIA Presidente: Rômulo Meira2o Vice-Presidente: Fábio FalcãoDiretor Científico: Lucas Kuhn Prado

CEARÁ Presidente: João Bastos Freire Neto2a Vice-Presidente: Lucila Bonfim Lopes PintoDiretor Científico: Jarbas de Sá Roriz Filho

DISTRITO FEDERAL Presidente: Marco Polo Dias Freitas2o Vice-Presidente: Vicente de Paula FaleirosDiretor Científico: Leonardo Pitta

ESPÍRITO SANTO Presidente: Roni Chaim Mukamal2o Vice-Presidente: Neidil Espinola da CostaDiretora Científica: Daniela Souza Gonçalves Barbieri

GOIÁS Presidente: Isadora Crosara Alves Teixeira2a Vice-Presidente: Viviane Lemos Silva FernandesDiretora Científica: Ricardo Borges da Silva

MARANHÃOPresidente: Jacira do Nascimento Serra2o Vice-Presidente: Adriano Filipe Barreto GrangeiroDiretores Científicos: Herberth Vera Cruz Furtado Marques Júnior e Margareth de Pereira de Paula

MATO GROSSO DO SUL Presidente: José Roberto PelegrinoDiretora Científica: Marta Dreimeier

MATO GROSSO Presidente: Roberto Gomes de Azevedo2a Vice-Presidente: Roseane MunizDiretora Científica: Janine Nazareth Arruda

MINAS GERAIS Presidente: Rodrigo Ribeiro dos Santos2a Vice-Presidente: Marcella Guimarães AssisDiretora Científica: Maria Aparecida Camargos Bicalho

PARÁ Presidente: Karlo Edson Carneiro Santana Moreira2a Vice-Presidente: Maria Izabel Penha de O. SantosDiretor Científico: João Sergio Fontes do Nascimento

PARAÍBA Presidente: Arnaldo Henriques Gomes Viegas2a Vice-Presidente: Mirian Lucia TrindadeDiretor Científico: João Borges Virgolino

PARANÁ Presidente: Debora Christina de lacantara Lopes2a Vice-Presidente: Rosemary RauchbachDiretor Científico: Breno Barcelos Ferreira

PERNAMBUCO Presidente: Alexsandra Siqueira Campos2a Vice-Presidente: Luisiana Lins LamourDiretor Científico: Sergio Murilo Fernandes

RIO DE JANEIRO Presidente: Rodrigo Bernardo Serafim2a Vice-Presidente: Maria Angélica dos S. Sanchez Diretor Científico: Tarso Lameri Sant’Anna Mosci

RIO GRANDE DO SUL Presidente: Ângelo José Bos2a Vice-Presidente: Vania HerediaDiretor Científico: Paulo Roberto Cardoso Consoni

SANTA CATARINA Presidente: Paulo Cesar dos Santos Borges2a Vice-Presidente: Silvia Maria Azevedo do SantosDiretora Científica: Nagele Belettini Hahn

SÃO PAULO Presidente: Renato Moraes Alves Fabbri2a Vice-Presidente: Valmari Cristina AranhaDiretora Científica: Maisa Carla Kairalla

DiRetoRias Das seções estaDuais Da sBGG

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Page 9: Nº 1 – Edição: Jan/Fev/Mar 2013

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Geriatria &Gerontologia

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VASTIGMA® (Hemitartarato de rivastigmina). INDICAÇÕES: USO ADULTO, USO ORAL: tratamento de pacientes com demência leve a moderadamente grave tipo Alzheimer, também conhecida como doença de Alzheimer provável ou doença de Alzheimer. Tratamento de pacientes com demência leve a moderadamente grave associada à doença de Parkinson. CONTRAINDICAÇÕES: o uso em pacientes com conhecida hipersensibilidade à rivastigmina, a outros derivados do carbamato ou a qualquer componente da fórmula, também é contraindicado em pacientes com insuficiência hepática grave por não ter sido estudado nesta população. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: assim como outros colinomiméticos, deve-se ter cuidado ao utilizar VASTIGMA® em pacientes com doença do nó sinusal ou defeitos na condução (bloqueio sinoatrial, bloqueio atrioventricular). A estimulação colinérgica pode causar aumento da secreção ácido-gástrica e pode também exacerbar obstruções urinárias e precipitar convulsões. Recomenda-se precaução ao tratar pacientes predispostos e essas patologias. Como com outros colinomiméticos, deve ser utilizado com precaução em pacientes que já tiveram crises asmáticas ou alguma doença de obstrução pulmonar. O tratamento deve sempre ser iniciado com a dose de 1,5mg, duas vezes ao dia, e ser ajustado à dose de manutenção do paciente. Se o tratamento for interrompido por vários dias, deverá ser reiniciado com a menor dose diária a fim de se minimizar a possibilidade de reações adversas (por exemplo, vômitos graves). Titulação da dose: como com outros colinomiméticos, efeitos adversos foram observados logo após o aumento da dose e esses podem responder a uma redução da dose. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: é metabolizada principalmente pela hidrólise por esterases. Não foram observadas interações farmacocinéticas com digoxina, varfarina, diazepam ou fluoxetina em estudos com voluntários sadios. Não foram observados efeitos desfavoráveis na condução cardíaca após a administração concomitante de digoxina. A administração com medicamentos prescritos comumente, tais como antiácidos, antieméticos, antidiabéticos, anti-hipertensivos de ação central, betabloqueadores, bloqueadores de canal de cálcio, drogas inotrópicas, antianginosos, anti-inflamatórios não esteroídais, estrógenos, analgésicos, benzodiazepínicos e anti-histamínicos, não foi associada às alterações na cinética de VASTIGMA® nem ao aumento do risco de efeitos desfavoráveis clinicamente relevantes. Tendo em vista seus efeitos farmacodinâmicos, a rivastigmina não deve ser administrada concomitantemente com outras drogas colinomiméticas e pode interferir na atividade de medicações anticolinérgicas. Como um inibidor da colinesterase, a rivastigmina pode potencializar os efeitos de relaxantes musculares do tipo succinilcolina durante a anestesia. REAÇÕES ADVERSAS: as reações adversas relatadas mais comumente são gastrintestinais incluindo náuseas (38%) e vômitos (23%), especialmente durante a titulação. As pacientes dos estudos clínicos foram mais susceptíveis às reações adversas gastrintestinais e perda de peso. As seguintes reações adversas mais comuns: náusea, vômito, diarreia, perda de apetite, dor abdominal e dispepsia, agitação, confusão, cefaleia, sonolência, tremor, fadiga e astenia e indisposição. Registros MS nº 1.3569.0644 / 1.3569.0644.005-1 / 1.3569.0644.013-0 / 1.3569.0644.021-1 / 1.3569.0644.029-7. Detentora: EMS SIGMA PHARMA LTDA. Fabricado por: EMS S/A – Hortolândia/SP. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. ESTE MEDICAMENTO SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA.Referências bibliográficas: 1) Birks J, Grimley Evans J, Iakovidou V, Tsolaki M, Holt FE. Rivastigmine for Alzheimer’s disease.Cochrane Database Syst Rev. 2009 Apr 15;(2). 2) Aguglia E, Onor ML, Saina M, Maso E. An open-label, comparative study of rivastigmine, donepezil and galantamine in a real-world setting. Curr Med Res Opin. 2004 Nov;20(11):1747-52. 3) Laudo de Bioequivalência VASTIGMA®. 4) ABCFarma de maio/2013.

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VASTIGMA® (Hemitartarato de rivastigmina). INDICAÇÕES: USO ADULTO, USO ORAL: tratamento de pacientes com demência leve a moderadamente grave tipo Alzheimer, também conhecida como doença de Alzheimer provável ou doença de Alzheimer. Tratamento de pacientes com demência leve a moderadamente grave associada à doença de Parkinson. CONTRAINDICAÇÕES: o uso em pacientes com conhecida hipersensibilidade à rivastigmina, a outros derivados do carbamato ou a qualquer componente da fórmula, também é contraindicado em pacientes com insuficiência hepática grave por não ter sido estudado nesta população. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: assim como outros colinomiméticos, deve-se ter cuidado ao utilizar VASTIGMA® em pacientes com doença do nó sinusal ou defeitos na condução (bloqueio sinoatrial, bloqueio atrioventricular). A estimulação colinérgica pode causar aumento da secreção ácido-gástrica e pode também exacerbar obstruções urinárias e precipitar convulsões. Recomenda-se precaução ao tratar pacientes predispostos e essas patologias. Como com outros colinomiméticos, deve ser utilizado com precaução em pacientes que já tiveram crises asmáticas ou alguma doença de obstrução pulmonar. O tratamento deve sempre ser iniciado com a dose de 1,5mg, duas vezes ao dia, e ser ajustado à dose de manutenção do paciente. Se o tratamento for interrompido por vários dias, deverá ser reiniciado com a menor dose diária a fim de se minimizar a possibilidade de reações adversas (por exemplo, vômitos graves). Titulação da dose: como com outros colinomiméticos, efeitos adversos foram observados logo após o aumento da dose e esses podem responder a uma redução da dose. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: é metabolizada principalmente pela hidrólise por esterases. Não foram observadas interações farmacocinéticas com digoxina, varfarina, diazepam ou fluoxetina em estudos com voluntários sadios. Não foram observados efeitos desfavoráveis na condução cardíaca após a administração concomitante de digoxina. A administração com medicamentos prescritos comumente, tais como antiácidos, antieméticos, antidiabéticos, anti-hipertensivos de ação central, betabloqueadores, bloqueadores de canal de cálcio, drogas inotrópicas, antianginosos, anti-inflamatórios não esteroídais, estrógenos, analgésicos, benzodiazepínicos e anti-histamínicos, não foi associada às alterações na cinética de VASTIGMA® nem ao aumento do risco de efeitos desfavoráveis clinicamente relevantes. Tendo em vista seus efeitos farmacodinâmicos, a rivastigmina não deve ser administrada concomitantemente com outras drogas colinomiméticas e pode interferir na atividade de medicações anticolinérgicas. Como um inibidor da colinesterase, a rivastigmina pode potencializar os efeitos de relaxantes musculares do tipo succinilcolina durante a anestesia. REAÇÕES ADVERSAS: as reações adversas relatadas mais comumente são gastrintestinais incluindo náuseas (38%) e vômitos (23%), especialmente durante a titulação. As pacientes dos estudos clínicos foram mais susceptíveis às reações adversas gastrintestinais e perda de peso. As seguintes reações adversas mais comuns: náusea, vômito, diarreia, perda de apetite, dor abdominal e dispepsia, agitação, confusão, cefaleia, sonolência, tremor, fadiga e astenia e indisposição. Registros MS nº 1.3569.0644 / 1.3569.0644.005-1 / 1.3569.0644.013-0 / 1.3569.0644.021-1 / 1.3569.0644.029-7. Detentora: EMS SIGMA PHARMA LTDA. Fabricado por: EMS S/A – Hortolândia/SP. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. ESTE MEDICAMENTO SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA.Referências bibliográficas: 1) Birks J, Grimley Evans J, Iakovidou V, Tsolaki M, Holt FE. Rivastigmine for Alzheimer’s disease.Cochrane Database Syst Rev. 2009 Apr 15;(2). 2) Aguglia E, Onor ML, Saina M, Maso E. An open-label, comparative study of rivastigmine, donepezil and galantamine in a real-world setting. Curr Med Res Opin. 2004 Nov;20(11):1747-52. 3) Laudo de Bioequivalência VASTIGMA®. 4) ABCFarma de maio/2013.

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hemitartarato de rivastigmina

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AO DIMINUIR O DECLÍNIO COGNITIVO, TRATA A SÍNDROME DEMENCIAL, MELHORANDO A TAXA DE AVALIAÇÃO GLOBAL.1

DESACELERAR A EVOLUÇÃO DA D.A. É PRESERVAR A QUALIDADE DE VIDA.1,2

43

Contraindicações: pacientes alérgicos ao hemitartarato de rivastigmina, bem como pacientes com problemas graves no fígado. Reações Adversas: reações gastrintestinais como náusea, vômito e diarreia. Interações Medicamentosas: a Rivastigmina pode exacerbar o efeito de relaxantes musculares durante a anestesia pré-cirúrgica; pode interagir com medicamentos anticolinérgicos.

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Base Editorial

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DemanDas, como equacionar?

Os perfis populacionais que vêm sendo identificados em diferentes cenários têm surpreendido pelo grau de risco de comprometimento funcional, pela crescente demanda e pela insuficiência e despreparo do sistema de saúde para alcançar os mais necessitados. A dispen-sação de medicações para pacientes demenciados ain-da necessita ser ampliada e mais bem gerenciada para melhorar seu alcance. Assim como outros idosos de-pendentes, particularmente os institucionalizados tam-bém têm sido insatisfatoriamente atendidos, e um dos recursos a ser utilizado pode ser o Resource Utilization Groups. A grande demanda desse perfil de idosos são os cuidadores formais ou informais, muitas vezes familia-res expostos a um cotidiano de estresse físico e emocio-nal que precisa ser equacionado para que ofereçam um cuidado de qualidade. A avaliação da qualidade, seja do cuidado, seja, principalmente, da vida do indivíduo, deve abranger os cuidadores e os idosos, em particular para aqueles que apresentam potencial de desenvolver dependência. A qualidade do cuidado e de vida deve ser priorizada para que consigamos um equilíbrio entre investigação, tratamento e resultados a serem alcança-dos. Particularmente esses pacientes, quando não são bem avaliados, estarão mais sujeitos a iatrogenias, re-ações adversas e interações medicamentosas. O índice de complexidade da farmacoterapia e as fórmulas utili-zadas para estimativa da função renal do idoso poderão compor parte dos instrumentos que devemos adotar para compreender a condição e a reserva funcional de nossos pacientes.

Maysa Seabra CendorogloEditora-chefe

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resumo Introdução: O Programa de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer estabeleceu, em 2002, o fornecimento gratuito da medicação anticolinesterásica no Brasil. Objetivos: Avaliar a estimativa de co-bertura do programa, com base nos dados de fornecimento dos anticolinesterásicos, nas diversas regiões e estados do Brasil. Metodologia: Foi estimado o número de idosos com demência por unidade da fede-ração, com base nos estudos epidemiológicos brasileiros (7,1%). Projetou-se que 60% desses idosos teriam doença de Alzheimer (DA) provável ou possível. Estabeleceu-se como meta o fornecimento de anticoli-nesterásicos (IChEs) para 50% dessa população. Foram utilizados dados do Sistema de Informações Am-bulatoriais do SUS, da Superintendência de Assistência Farmacêutica/SES/MG e do IBGE. Resultados: A prevalência de síndromes demenciais foi de 1.332.034 pessoas. Destas, 799.220 eram portadoras de DA. Em 2008, o Ministério da Saúde dispensou IChEs para 47.886 pacientes, com custo anual de R$ 99.747.356,53. A cobertura do programa foi de apenas 12% dos pacientes com indicação para uso de IChEs. Essa taxa va-riou de 1,2%, no Amazonas, a 22,3% em São Paulo. O anticolinesterásico mais prescrito foi a rivastigmina (71,4%). Conclusão: A cobertura do programa, em 2008, foi baixa e extremamente variável, possivelmente devido ao subdiagnóstico da DA e às diferenças regionais no acesso ao programa.

evaluation oF tHe BRaZilian PuBlic alZHeiMeR’s

Disease tReatMent PRoGRaM in 2008

aBsTracTIntroduction: The Healthcare Program for Alzheimer’s Disease Carriers established in 2002 that anticholi-nesterasic drugs should be provided on a free basis in Brazil. Objectives: To evaluate the estimates for the program coverage based on data regarding the delivery of anticholinesterasics in several regions and states of Brazil. Methodology: It was estimated the number of elderly individuals with dementia per state based on Brazilian epidemiological studies (7.1%). It was predicted that 60% of these individuals had probable or possible Alzheimer’s disease (AD), and the delivery of anticholinesterasics (IChEs) to 50% of this population was established as the major goal by the Brazilian program. Brazilian Health System as well as the Superinten-dence of Pharmaceutical Aid of Minas Gerais State Secretary of Health and IBGE provided data on outpatient care. Results: The prevalence of dementia symptoms was of 1,332,034 cases. Of these, 799,220 patients had AD. In 2008, the Ministry of Health provided IChEs to 47,886 patients at a yearly cost of R$ 99.747.356,53. The program coverage reached only 12% of the patients who were eligible for receiving IChEs. This rate varied from 1.2% in Amazon state to 22.3% in São Paulo state. The most prescribed anticholinesterasic drug was Ri-vastigmine (71.4%). Conclusion: The program coverage was found to be low and extremely variable in 2008, possibly because of both poor diagnosis of AD and regional differences in the access to the program.

avaliaçÃo Do PRoGRaMa

PÚBlico BRasileiRo De tRataMento

Da Doença De alZHeiMeR

no ano De 2008

edgar nunes Moraesa, Marco túlio Gualberto cintrab,

Dinah Belémb, Flávia lanna Moraesb,c

a Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).b Instituto Jenny de Andrade Faria de Atenção à Saúde do Idoso do Hospital das Clínicas da UFMG.c Prefeitura Municipal de Belo Horizonte/MG.

Dados para correspondência Marco Túlio Gualberto Cintra – Rua Kátia Teodoro Aguiar 90, apto 404, Bairro Padre Eustáquio, Belo Horizonte, MG. CEP: 30730-250 Tel: 31- 9636-6108 ou 3646-6108

Palavras-chave anticolinesterásicos,

doença de Alzheimer, demência

Keywords Anticholinesterasics, Alzheimer’s disease,

dementia

artigo or iginal

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Anticolinesterásico no Brasil em 2008 | 15

inTroDuçãoA demência é definida como uma síndrome clínica ca-racterizada pela deterioração progressiva de múltiplos domínios da cognição, capaz de comprometer a funcio-nalidade do indivíduo. Representa causa importante de incapacidade, institucionalização e redução de sobrevida na população idosa.1

A prevalência de demência aumenta de forma impor-tante com a idade, dobrando a cada 5 anos, variando de 1,5%, entre 60-64 anos, a quase 40% nos nonagenários. No Brasil, varia entre de 6,0-7,1%. A incidência mundial anual é estimada em 7,5 casos a cada 1.000 habitantes idosos (idade ≥ 60anos).1-5

Em 2001, estimou-se a população mundial com de-mência em 24 milhões de pessoas. A expectativa atual é que esse número dobre a cada 20 anos, alcançando 81 milhões de pacientes em 2040. Estima-se que 50-70% dos quadros demenciais sejam secundários à doença de Alzheimer (DA).1

A prevalência real da DA no Brasil é desconhecida. Herrera et al. (2002) encontraram prevalência de de-mência no Brasil de 7,1% em pacientes com idade igual ou superior a 65 anos, sendo 55,1% de DA provável ou possível e 14,4% de DA associada à demência vascular.2 Lopes et al. (2005) demonstraram prevalência de 6,2% e 6,6% entre homens e mulheres idosos com idade igual ou superior a 60 anos, respectivamente, e que 60,8% de-les apresentavam DA provável ou possível ou demên-cia mista com DA.5 Bottino et al. (2008) observaram prevalência de 6,8% entre sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos, sendo que 59,8% apresentavam diagnóstico de DA provável ou possível.4 A prevalência de demência na América Latina foi recentemente esti-mada em 7,1%.3

Até o momento, não existe cura disponível para a DA, e os fármacos disponíveis têm efeito modesto na sinto-matologia e provável ação modificadora da evolução da doença. A U.S. Food and Drug Administration indica o uso dos anticolinesterásicos donepezila, galantamina e rivastigmina nos estágios iniciais e intermediários da doença, com poucas diferenças entre os efeitos das dro-gas. Recentemente, o uso de donepezila foi liberado para o estágio avançado.6 Essas medicações apresentam custo elevado, limitando o seu uso em países subdesenvolvi-dos. Todavia, representam o principal recurso terapêuti-co atualmente disponível.

Em 2002, o Ministério da Saúde, através do Programa de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer, estabelecido nas Portarias GM/MS n.º 703 (Programa de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer, 2002) e SAS/MS n.º 843 (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Doença de Alzheimer, de 31 de outubro de 2002), iniciou o fornecimento gratuito da medicação anticolinesterásica a pacientes com diagnóstico de DA em fases leve a moderada.

Até o momento, no Brasil, não há registro de estu-dos visando avaliar a cobertura e os custos do programa, desde sua implantação. Este é o primeiro estudo brasi-leiro que avalia a cobertura e o custo do programa no Brasil.

oBjeTivosAvaliar a cobertura do Programa de Tratamento da Doença de Alzheimer no Brasil e nas diversas unidades da federação, bem como investigar o seu custo no ano de 2008.

meToDologiaNeste estudo, optou-se por utilizar o valor de 7,1% como a prevalência de demência no Brasil, o mesmo valor esti-mado para a América Latina.2-5 Inicialmente, realizou-se a estimativa de prevalência da doença de Alzheimer no Brasil e nas diversas unidades da federação, utilizando--se os dados da população idosa (60 anos ou mais), for-necidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008.7

Entre os pacientes com demência, admitiu-se que 60% são portadores de doença de Alzheimer provável ou possível, como observado por Herrera et al. (2002), Lopes et al. (2005) e Bottino et al. (2008). É oportuno destacar que essa mesma metodologia foi utilizada por Chaimowicz (2009) para estimar quantos brasileiros apresentarão demência entre 2010 e 2050.8

Adotou-se como meta do programa o fornecimen-to de drogas anticolinesterásicas para, pelo menos, 50% dos pacientes com doença de Alzheimer. Admitiu-se que metade dos pacientes apresentava DA em fase avançada, intolerância aos anticolinesterásicos9-12 e/ou critérios de exclusão para o uso da medicação, conforme estabeleci-do pela Portaria 843, do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Doença de Alzheimer.

O número de pacientes em uso de anticolinesterási-cos e o custo do tratamento foram obtidos no Ministério da Saúde via Departamento de Informática do SUS (Da-tasus), consultando-se a base de dados consolidada para 2008 (Sistema de Informação Ambulatorial do SUS).13 Inicialmente, foi calculada a quantidade anual de com-primidos que cada paciente necessitaria tomar de cada medicamento e, posteriormente, realizada a divisão da quantidade total de medicação dispensada pelo resul-tado do cálculo anterior. Os dados do estado de Minas Gerais foram obtidos por meio da Gerência de Medica-mentos Excepcionais (Superintendência de Assistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais).

Para avaliação da taxa de cobertura do Programa de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer no país e em cada estado, comparou-se a prevalência esti-mada da doença com o número de pacientes em uso da medicação fornecida pelo Ministério da Saúde, em 2008,

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por unidade da federação, tendo como meta a cobertura de 50% dos pacientes com doença de Alzheimer.

Utilizando-se essa metodologia, em 2008 a popu-lação idosa no Brasil era de 18.761.039 pessoas. A es-timativa da prevalência de demências foi de 1.332.034 de idosos (7,1%). Destes, 779.220 têm DA provável ou possível. Dessa forma, a meta do programa seria o for-necimento da medicação anticolinesterásica para, pelo menos, 399.610 desses pacientes (50% dos pacientes com DA).

O custo do programa foi avaliado diretamente em 2008 e feita uma estimativa do custo total, caso todos os pacientes com indicação de anticolinesterásicos fossem incluídos no programa.

resulTaDosA medicação anticolinesterásica foi distribuída para ape-nas 47.886 pessoas, resultando em taxa de cobertura de 12%. Além da baixa cobertura, observou-se grande hete-rogeneidade nas unidades da federação e regiões demo-gráficas do país. A menor taxa de cobertura foi na Região Norte, com 2,3%. As menores taxas de cobertura foram observadas no Amapá (1,2%) e Amazonas (1,3%). A maior cobertura foi observada na Região Sudeste (16,9%), com destaque para os estados de São Paulo (22,3%), Es-pírito Santo (22,1%) e Minas Gerais (18,4%) – Tabela 1. Merecem destaque os índices baixos observados em es-tados com renda per capita alta, como Rio Grande do Sul (1,6%), Rio de Janeiro (2,5%) e Distrito Federal (3,6%).

Tabela 1 Taxa de cobertura de anticolinesterásico por unidade da federação em 2008

unidade da Federação

População ≥ 60 anos

População com Demência (7,1%)

População com Da (60%)

meta do Programa (50%)

Pacientes em uso de iches

Taxa de cobertura (%)

Rondônia 94.714 6.725 4.035 2.018 103 5,1%Acre 40.832 2.899 1.739 870 24 2,8%

Amazonas 181.883 12.914 7.748 3.874 49 1,3%Roraima 18.378 1.305 783 392 12 3,1%

Pará 479.857 34.070 20.442 10.221 180 1,8%Amapá 27.801 1.974 1.184 592 7 1,2%

Tocantins 100.462 7.133 4.280 2.140 88 4,1%NORTE 943.927 67.019 40.211 20.106 463 2,3%

Maranhão 483.624 34.337 20.602 10.301 483 4,7%Piauí 270.882 19.233 11.540 5.770 832 14,4%Ceará 786.096 55.813 33.488 16.744 2.404 14,4%

Rio Grande do Norte 296.671 21.064 12.638 6.319 1.054 16,7%Paraíba 401.674 28.519 17.111 8.556 982 11,5%

Pernambuco 852.311 60.514 36.308 18.154 735 4,0%Alagoas 242.848 17.242 10.345 5.173 380 7,3%Sergipe 165.313 11.737 7.042 3.521 385 10,9%Bahia 1.358.430 96.449 57.869 28.935 1.188 4,1%

NORDESTE 4.857.849 344.907 206.944 103.472 8.443 8,2%

Minas Gerais 2.140.618 152.000 91.200 45.600 8.397 18,4%

Espirito Santo 327.991 23.287 13.972 6.986 1.543 22,1%Rio de Janeiro 1.947.003 138.237 82.942 41.471 1.033 2,5%

São Paulo 4.362.402 309.731 185.839 92.920 20.693 22,3%SUDESTE 8.778.014 623.239 373.943 186.972 31.666 16,9%

Paraná 1.099.274 78.048 46.829 23.415 3.249 13,9%Santa Catarina 605.037 42.958 25.775 12.888 2.013 15,6%

Rio Grande do Sul 1.367.604 97.100 58.260 29.130 459 1,6%

SUL 3.071.915 218.106 130.864 65.432 5.721 8,7%

Mato Grosso do Sul 214.344 15.218 9.131 4.566 553 12,1%Mato Grosso 214.708 15.244 9.146 4.573 294 6,4%

Goiás 503.616 35.757 21.454 10.727 435 4,1%Distrito Federal 176.666 12.543 7.526 3.763 135 3,6%

CENTRO-OESTE 1.109.334 78.762 47.257 23.629 1.417 6,0%

BRASIL 18.761.039 1.332.034 799.220 399.610 47.886 12,0%

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Anticolinesterásico no Brasil em 2008 | 17

Tabela 2 Tipos de anticolinesterásicos distribuídos no Brasil em 2008unidade

da FederaçãoPcts em uso de iacHe

Donepezila(%)

rivastigmina(%)

galantamina(%)

Rondônia 103 6,8% 93,2% 0,0%Acre 24 4,2% 95,8% 0,0%

Amazonas 49 0,0% 100,0% 0,0%Roraima 12 0,0% 100,0% 0,0%

Pará 180 17,8% 82,2% 0,0%Amapá 7 0,0% 100,0% 0,0%

Tocantins 88 2,3% 97,7% 0,0%NORTE 463 9,1% 90,9% 0,0%

Maranhão 483 7,5% 92,5% 0,0%Piauí 832 35,8% 64,2% 0,0%Ceará 2.404 29,5% 70,5% 0,0%

Rio Grande do 1.054 16,9% 83,1% 0,0%Paraíba 982 5,1% 94,9% 0,0%

Pernambuco 735 13,1% 86,8% 0,1%Alagoas 380 1,3% 98,7% 0,0%Sergipe 385 26,5% 73,5% 0,0%Bahia 1.188 8,2% 81,8% 0,0%

NORDESTE 8.443 18,6% 81,4% 0,01%

Minas Gerais 8.397 29,6% 70,3% 0,1%Espirito Santo 1.543 13,2% 86,7% 0,1%Rio de Janeiro 1.033 21,9% 78,1% 0,0%

São Paulo 20.693 32,2% 62,4% 5,4%SUDESTE 31.666 30,3% 66,2% 3,5%

Paraná 3.249 21,5% 78,5% 0,0%Santa Catarina 2.013 20,9% 79,1% 0,0%

Rio Grande do Sul 459 12,4% 87,4% 0,2%SUL 5.721 20,6% 79,4% 0,02%

Mato Grosso do Sul 553 2,7% 97,3% 0,0%Mato Grosso 294 28,6% 71,4% 0,0%

Goiás 435 7,6% 92,4% 0,0%Distrito Federal 135 32,6% 67,4% 0,0%

CENTRO-OESTE 1.417 12,4% 87,6% 0,0%

BRASIL 47.886 26,2% 71,4% 2,4%

Tabela 3 Previsão de custos para cobertura de 100% da meta do Programa Público de Tratamento da Doença de Alzheimer em 2008

unidade da Federação

custo da cobertura em 2008

custo para 100% de cobertura

Rondônia R$ 182.523,30 RS 3.578.888,24Acre R$ 44.813,20 R$ 1.600.471,43

Amazonas R$ 82.704,08 R$ 6.361.852,31Roraima R$ 21.540,86 R$ 694.866,45

Pará R$ 396.782,37 R$ 22.043.465,00Amapá R$ 13.151,60 R$ 1.095.966,67

Tocantins R$ 166.277,85 R$ 4.055.557,32NORTE R$ 907.793,16 R$ 39.431.067,42

Maranhão R$ 910.221,90 R$ 19.366.423,40Piauí R$ 1.976.087,87 R$ 13.722.832,43Ceará R$ 5.289.234,98 R$ 36.730.798,47

Rio Grande do Norte R$ 2.300.423,60 R$ 13.774.991,62Paraíba R$ 1.844.181,67 R$ 16.036.362,35

Pernambuco R$ 1.624.722,73 R$ 40.618.068,25Alagoas R$ 839.272,74 R$ 11.496.886,85Sergipe R$ 829.748,86 R$ 7.612.374,86Bahia R$ 2.601.813,95 R$ 63.458.876,83

NORDESTE R$ 18.215.708,33 R$ 222.817.615,06

Minas Gerais R$ 12.312.686,82 R$ 110.349.551,69Espirito Santo R$ 3.099.364,60 R$ 14.024.274,21Rio de Janeiro R$ 2.406.228,26 R$ 96.249.130,40

São Paulo R$ 47.618.612,83 R$ 213.536.380,40SUDESTE R$ 65.436.892,51 R$ 434.209.336,70

Paraná R$ 7.069.802,93 R$ 50.861.891,58Santa Catarina R$ 4.233.651,05 R$ 27.138.788,78

Rio Grande do Sul R$ 920.482,29 R$ 57.530.143,13REGIÃO SUL R$ 12.223.936,27 R$ 135.530.823,49

Mato Grosso do Sul R$ 1.119.302,44 R$ 9.250.433,39Mato Grosso R$ 632.855,45 R$ 9.888.366,41

Goiás R$ 891.237,55 R$ 21.737.501,22Distrito Federal R$ 319.630,82 R$ 8.878.633,89

CENTRO-OESTE R$ 2.963.026,26 R$ 49.754.934,91

BRASIL R$ 99.747.356,53 R$ 881.743.777,58

A medicação mais prescrita no país, assim como em todos os estados da federação, foi a rivastigmina (71,4%), seguida pela donepezila (26,2%) e galantamina (2,4%). A donepezila foi mais prescrita na Região Sudeste (30,3%), assim como a galantamina (3,5%). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, não havia nenhum paciente em uso de ga-lantamina, como pode ser observado na Tabela 2.

Quando o Programa de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer iniciou em 2002, o custo do pri-meiro ano foi de R$ 315.759,01, que foi aumentando pro-gressivamente ao longo dos anos alcançando, em 2008, R$ 99.747.356,53 (Gráfico 1). O valor estimado para tratar todos os pacientes com DA provável ou possível incluídos como meta em 2008 seria de R$ 881.743.777,58 (Tabela 3).

gráfico 1 Evolução dos gastos com os anticolinesterásicos dispensados pelo setor público brasileiro entre 2002 e 2008.

Custo da medicação R$99.747.356,53

R$ 100.000.000,00

R$ 80.000.000,00

R$ 60.000.000,00

R$ 40.000.000,00

R$ 20.000.000,00

R$ 0,00

2002 2003 2004 2007 2008

R$74.167.816,53

R$ 8.108.565,58

R$20.715.734,28

R$ 315.759,01

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DiscussãoA taxa de cobertura do Programa de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer, no ano de 2008, foi baixa e bastante heterogênea nas diversas regiões do país e estados da federação (Tabela 1). Provavel-mente, essa baixa cobertura deve-se ao subdiagnós-tico da doença, que ainda pode ser atribuída ao pro-cesso de envelhecimento normal. As desigualdades econômicas e sociais do país também poderiam estar contribuindo para limitar o acesso ao programa e jus-tificar a maior cobertura do tratamento da DA na re-gião Sudeste.

Todavia, tal justificativa não explica por que o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal, incluídos entre as unidades federadas com as maio-res rendas per capita do país, apresentam coberturas baixas. Uma hipótese deriva do fato de cada unidade da federação ter autonomia para determinar a forma de dispensação da medicação. Alguns estados exigem preenchimento de protocolos específicos, outros exi-gem realização de exames pouco disponíveis no SUS (ressonância magnética de encéfalo, eletroencefalo-grama etc.), e determinados estados somente liberam a medicação aos pacientes atendidos em centros de refe-rência à pessoa idosa. Portanto, níveis variados de exi-gência na liberação dos anticolinesterásicos poderiam justificar a significativa variação de cobertura entre as unidades da federação.

Estudos para avaliar se pacientes com DA têm aces-so adequado aos anticolinesterásicos são escassos na literatura. Baldini et al. (2007) avaliaram, no ano de 2002, o uso dessas medicações entre os beneficiários com demência do Medicare, um programa governa-mental de assistência à saúde aos idosos dos Estados Unidos. Os resultados apontaram taxa de cobertura de 24,7% entre os idosos da comunidade e 26,3% entre os institucionalizados.14 Essas taxas representam mais do que o dobro da taxa brasileira observada no ano de 2008, confirmando que nosso índice de cobertura é consideravelmente baixo.

A rivastigmina foi a medicação mais utilizada no Brasil, responsável por 70% das prescrições de an-ticolinesterásicos. Em outros países, a donepezila é também bastante utilizada,9,10 da mesma forma que a galantamina. Essa última foi pouco utilizada, pro-vavelmente, pela sua inclusão tardia no programa. Entre os idosos em uso de anticolinesterásicos as-sistidos pelo Medicare entre os anos de 2001-2003, 62,8% estavam em uso de donepezila.9 Em um estudo realizado na província canadense de Ontário, entre os anos de 2000-2005, 87,2% dos pacientes utilizavam donepezila.10

Em relação aos custos, a DA ocupa a terceira colo-cação entre as doenças que causam maiores despesas à sociedade nos Estados Unidos, valor estimado entre

80-100 bilhões de dólares americanos ao ano, perdendo apenas para o câncer e a doença arterial coronariana. Esses custos não estão associados somente com a me-dicação anticolinesterásica, mas também com os gastos com o cuidador formal, institucionalizações, consultas médicas, perda de produtividade do cuidador informal, entre outros.15

Mucha et al. (2008) não demonstraram diferenças significativas de custos entre os anticolinesterásicos, porém evidenciaram redução de 1,02% ao mês nos gas-tos globais com a saúde durante o uso da medicação.9 Suh et al. (2008) revelaram que o uso de galantamina na Coreia do Sul, após 52 semanas, representou redução significativa de custos quando comparada ao placebo (p = 0,0089).16 Trabalhos de Feldman et al. (2004),17 Caro et al. (2004),18 Fagnani et al. (2004),19 Sano et al. (2003),20 Wimo et al. (2003)21 e Hill et al. (2002)22 também demonstraram que a medicação anticolines-terásica reduz o custo do tratamento de pessoas com DA, resultados que não foram confirmados por Cour-tney et al. (2004),23 Fillit et al. (1999)24 e Small et al. (1998).25 Apesar dessas divergências, muitos trabalhos demonstram que o uso dos anticolinesterásicos reduz o custo global do tratamento dos pacientes com DA, justificando a utilização de R$ 99.747.356,53 dos recur-sos da área da saúde, no ano de 2008, para dispensação gratuita desses medicamentos.

Em relação à metodologia empregada neste estudo, utilizaram-se dados do SIA-SUS, uma base de informa-ções que depende exclusivamente dos dados enviados por municípios e estados brasileiros, portanto sujeito a falhas, principalmente de não envio de informações dessas esferas do SUS. Todavia, essa última representa a única base atualmente disponível que oferece infor-mações acerca da dispensação de anticolinesterásicos pelo setor público em todo o país. No estado de Minas Gerais, foram utilizados dados obtidos da Gerência de Medicamentos Excepcionais (Superintendência de As-sistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais), devido ao detalhamento das infor-mações oferecidas, incluindo a discriminação do tipo de medicação e a dose por paciente.

Outra limitação do estudo é que a base de dados do SIA-SUS não oferece informações fidedignas sobre as doses de anticolinesterásicos utilizadas, o que poderia subestimar o número de pacientes em uso correto da medicação anticolinesterásica.

Por último, não há informações confiáveis que abor-dem a dispensação da medicação pelo setor privado. Por isso, as taxas de cobertura encontradas neste estu-do refletem apenas a realidade do setor público. Toda-via, admite-se que a maior parte das medicações seja proveniente dos programas governamentais, de forma semelhante às outras drogas incluídas no Programa de Drogas Excepcionais do Ministério da Saúde.

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Anticolinesterásico no Brasil em 2008 | 19

conclusãoA taxa de cobertura do Programa de Assistência aos Por-tadores de Doença de Alzheimer foi baixa (12%) e extre-mamente variável entre as unidades da federação. Obser-vam-se maiores índices na região Sudeste e os menores na região Norte. Os estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais apresentam as melhores taxas de cober-tura, enquanto as coberturas mais baixas localizam-se no Amapá e Amazonas. Três unidades da federação com

renda per capita alta – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal – apresentaram índices de cobertura consideravelmente baixos. Atribuem-se esses resultados ao subdiagnóstico da DA, ao desconhecimento sobre a existência do programa, assim como à presença de regras diferentes de dispensação da medicação em cada unida-de da federação. O anticolinesterásico mais prescrito foi a rivastigmina, e o custo para tratar os 47.886 pacientes em uso da medicação foi de R$ 99.747.356,53 no ano de 2008.

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DeseMPenHo Funcional eM iDosas

De uMa univeRsiDaDe aBeRta à teRceiRa

iDaDe eM áRea uRBana Do noRDeste

ana elizabeth dos santos linsa,

Karen argenti simonb, luiz Roberto Ramosc

a Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Escola Paulista de Medicina. Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. Ana Elizabeth dos Santos Lins trabalhou na concepção do estudo e seu delineamento, na consecução da metodologia, na análise e interpretação dos resultados e na redação do manuscrito.

b Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Escola Paulista de Medicina. Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. Karen Argenti Simon trabalhou na metodologia e na revisão crítica.

c Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Escola Paulista de Medicina. Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. Luiz Roberto Ramos trabalhou na meto-dologia, na análise dos resultados e na revisão crítica.

dados para correspondênciaAna Elizaberth dos Santos Lins – Rua Jorge de Lima 113, 3.º andar, Trapiche da Barra 57010-300 Maceió, AL Brasil E-mail: [email protected]

resumoObjetivo: Avaliar se a população que frequenta a Unati (universidade aberta à terceira idade) é representativa da população geral em relação à capacidade funcional e características sociodemográficas. Método: Trata-se de um estudo de delineamento trans-versal com amostra de 115 mulheres idosas. O desempenho funcional foi mensurado pelos instrumentos: miniexame do estado mental (MEEM); escala Functional Brazilian Older American Resources and Services Multidimensional Functional Assessment Questionnaire (BOMFAq) e International Physical Activity Questionnaire (IPAq). Foi utilizada análise descritiva, qui-quadrado e o teste exato de Fisher, sendo o nível de significância adotado p < 0,05. Resultados: A amostra foi de mulheres idosas; 67,16 ± 5,5 anos; bom nível cognitivo (27,92 ± 2,3 no MEEM); boa escolaridade (74,7% com ≥ 9 anos de estudo); 63,5% sem vida conjugal; 64,3% com renda > 4 salários mínimos; 51,4% relataram apenas uma doença crônica. Os fatores que se associaram com com-prometimento moderado/grave nas AVD foram ter ≥ 75 anos, menor escolaridade, menor renda, relato de duas ou mais doenças crônicas e ser solteira. Em relação ao nível de atividade física, as idosas foram consideradas ativas em geral, entretanto a preva-lência de idosas insuficientemente ativas no domínio lazer foi de 49,6%. Conclusão: As idosas que participam da Unati parecem ser uma população especial, apresentando-se mais saudáveis, ativas, com melhores condições socioeconômicas (maior renda e melhor nível de escolaridade), boa saúde (menos comorbidades) e boa capacidade funcional. Esse perfil é semelhante aos idosos de outras Unatis, enquanto, em muitos aspectos, não reflete a realidade da população idosa do município de Maceió, Alagoas.

Functional PeRFoRMance in elDeRly woMen FRoM

an oPen univeRsity FoR tHe elDeRly in a noRtHeast uRBan aRea

aBsTracTObjective: The aim of this study is to evaluate if people who assist UNITAI is representative in general population related to the sociodemographic characteristics and functional capacity. Method: This is a transversal study with a sample of 115 elderly women. The functional performance was measured through the instruments Mini-Mental State Examination (MMSE); the Brazilian Older American Resources and Services Multidimensional Functional Assessment questionnaire (BOMFAQ) and International Physical Activity questionnaire (IPAQ). Descriptive analysis, chi-square, and Fischer’s exact test were used, and the significance level that was adopted was p < 0,05. Results: The sample consisted of elderly women; 67.16 ± 5.5 years; with good cognitive level (27.92 ± 2.3 in MMSE) and with good educational status (74.7% with ≥ 9 years of study); 63.5% without a conjugal relationship, 64.3% with an income > 4 minimum wages; 51.4% reported only one chronic disease. The features that were more associated with moderate/severe dependency were: age over 75 years lower education, being unmarried, having lower income, report two or more chronic diseases. Related to the level of physical activity was considered active elderly women in general, however the prevalence of elderly women with insufficientactive level in leisure time was 49.6%. Conclusion: The elderly women who participate in the Open University seems to be a special population, were healthy and active, with a good socio-economic status (higher income and better-educated) were health (fewer comorbidities) and able to perform daily activities without any difficulty. This profile is similar to the elderly from other universities for elderlies, while in many aspects it reflects the reality of the elderly population in the city of Maceió, Alagoas State.

Palavras-chave idoso,

funcionalidade, cognição, atividades

cotidianas, escolaridade.

Keywords elderly,

functionality, cognition,

daily activities, educational status.

artigo or iginal

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Desempenho Funcional em Idosas | 21

inTroDuçãoO fenômeno do envelhecimento é uma realidade inegá-vel, e as projeções indicam que esse crescimento conti-nuará de forma mais rápida, especialmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Esse fato deve-se à diminuição das taxas de natalidade e aos avanços científicos e tecnológicos, que têm ajudado a prolon-gar cada vez mais a vida do ser humano, proporcionan-do à expectativa de vida um ganho jamais visto, com ampliação da sobrevida, principalmente a feminina.1-3 Atualmente, 11,3% da população tem 60 anos ou mais, sendo 55,8% de mulheres.*

Nesse contexto, essas pessoas precisam ser acom-panhadas para se manterem ativas e preservarem sua capacidade funcional, o que envolve múltiplos fatores, desde como decidir e atuar em sua vida de forma inde-pendente no cotidiano até fatores associados às ques-tões sociodemográficas e de saúde, como idade, esco-laridade, renda, doenças crônicas e sedentarismo, que podem levá-las a limitações e incapacidades.1,4-9

O Brasil é um país com evidentes contrastes entre suas regiões no que se refere aos aspectos de oportu-nidades sociais e de saúde para os indivíduos em pro-cesso de envelhecimento. Nesse contexto, o estado de Alagoas é considerado um dos mais pobres do Nordes-te: apresenta elevado índice de pobreza (52,5%), maior taxa de mortalidade infantil do Brasil (41,2%), grande concentração de renda (0,569) e a menor expectativa de vida do país.** A capital, Maceió, apresenta imensas desigualdades sociais e escassos serviços especializados para assistência aos idosos. No que se refere à capacida-de funcional, estudo recente realizado no município10 mostra alta prevalência de comprometimento mode-rado/grave nos idosos, associado a fatores sociodemo-gráficos e de saúde, apontando os potenciais impactos sobre os serviços de saúde.

Entre os serviços que prestam assistência ao idoso na cidade de Maceió, destacamos o Programa de Exten-são Interdisciplinar Pró-Idoso, o qual desenvolve o pro-jeto Universidade Aberta à Terceira Idade (Uncisati), na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). O projeto foi criado em agosto de 2006; é uma microuniversidade temática que desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão, e assistência às pessoas com 50 anos ou mais, integrando a universidade e a comuni-dade, com o objetivo de atingir metas de envelhecimento ativo e com dignidade.

Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo foi enten-der se a população que frequenta a universidade aberta à terceira idade é representativa da população geral em relação à capacidade funcional e características socio-demográficas.

* Brasil. IBGE Censo de 2010.** Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio: Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Rio de Janeiro. 2009.

meToDologiaO delineamento do estudo foi do tipo transversal descri-tivo e analítico, e a amostra foi constituída por todas as idosas que se matricularam na única universidade aberta à terceira idade na área urbana do município de Maceió no ano de 2009. A variável dependente foi o desempe-nho funcional obtido nesse estudo por meio do estado cognitivo (provável déficit cognitivo – Mini-Mental Sta-te Examination – MMSE ≥ 24). Do comprometimento funcional nas atividades de vida diária foi utilizada a es-cala funcional Brazilian Older American Resources and Services Multidimensional Functional Assessment Ques-tionnaire (BOMFAQ), previamente utilizada em estudos transversais com idosos residentes em São Paulo.7

O BOMFAQ avalia a dificuldade referida na realiza-ção de 15 atividades cotidianas, sendo oito relacionadas às atividades de vida diária (AVD): deitar/levantar da cama, comer, pentear o cabelo, andar no plano, tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro em tempo e subir um lance de escada; e sete relacionadas às atividades ins-trumentais de vida diária (AIVD): medicar-se na hora, andar perto de casa, fazer compras, preparar refeições, cortar as unhas dos pés, sair de condução e fazer lim-peza de casa. Considerou-se para cada um dos itens in-vestigados dois tipos de respostas possíveis – “sem di-ficuldade”, “com dificuldade” (com ajuda e sem ajuda). Depois foram construídas categorias de acordo com o número de AVD/AIVD comprometidas. Através do ní-vel de atividade física, foi utilizado o International Phy-sical Activity Questionnaire (IPAQ),4 forma longa, ver-são 8, que permite estimar o tempo semanal gasto na realização de atividade física de intensidade moderada a vigorosa em diferentes domínios (trabalho, tarefas domésticas, transporte e lazer). As idosas consideradas ativas foram aquelas que, no somatório das atividades físicas nos diferentes domínios, praticaram 150 minu-tos ou mais de atividades moderadas ou vigorosas por semana; foram consideradas insuficientemente ativas aquelas cujo somatório ficou abaixo desse valor.

Investigou-se a associação entre o desempenho funcio-nal e as seguintes variáveis independentes: socioeconômi-cas – renda per capita (< 1 salário, 1-3, 4-5 e > 6), valor do salário mínimo de R$ 510,00; escolaridade (analfabeta, até 4 anos, 5-8 anos e > 9 anos); demográficas – idade (60-64, 65-69, 70-74, 75-79 e 80 anos ou mais); estado civil (casa-da, viúva, separada/divorciada e solteira); composição fa-miliar (uma geração, duas gerações, três gerações e morar sozinha). Morbidades referidas (relato de nenhuma doen-ça, uma doença, duas doenças e três ou mais doenças).

Os dados provenientes dos questionários MMSE, BOMFAQ e IPAQ foram analisados no programa SPSS 13.0. Após análises descritivas, realizou-se análise com

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o teste qui-quadrado e o teste exato de Fisher para as variáveis categóricas. Os dados da amostra do presente estudo foram comparados com dados recentes de estu-dos de base populacional realizados no município de Maceió em 2009. Para realizar a comparação dos grupos utilizou-se o teste Mann-Whitney.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-quisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Uncisal (protocolo n.º 800/07).

resulTaDosA amostra foi composta por 115 mulheres idosas que se matricularam na Uncisati em 2009, com média de idade de 67,3 (± 5,5 anos), entre 60-87 anos de idade. Quan-to ao estado civil, 36,5% eram casadas, havendo maior predominância de idosas sem vida conjugal (63,5%); conviviam em domicílios multigeracionais (58,3%). Em relação à escolaridade, a maioria relatou 9 anos ou mais de estudos (74,7%) e, destas, mais de 1/3 (34,8%) tinha

nível superior. Sobre a renda (64,3%) relataram receber 4 ou mais salários mínimos. Na análise da saúde, 51,4% referiram ter apenas uma doença crônica, e 21,7%, ne-nhuma doença. No que se refere à capacidade funcional em nosso estudo, as idosas apresentaram bom nível cog-nitivo (27,92 ± 2,3 no MMSE).

A prevalência de comprometimento funcional mo-derado/grave na execução das AVD/AIVD foi de 20%. Mesmo não apresentando significância estatística entre as variáveis demográficas e socioeconômicas, as que in-fluenciaram no maior risco de perda funcional nas ido-sas foram: ter idade acima de 75 anos, entre 75-79 anos (42,9%) e 80 anos ou mais (50,0%); menor nível de esco-laridade entre 5-8 anos (27,3%), menor renda entre 1-3 SM (31,7%), ser solteira (44,4%) e possuir três ou mais doenças crônicas (66,7%).

Em relação ao nível de atividade física, as idosas fo-ram consideradas ativas em geral, entretanto a prevalên-cia de idosas insuficientemente ativas no domínio do la-

Tabela 1 Distribuição das variáveis sociodemográficas, de saúde, desempenho funcional nas AVD e nível de atividade física no fazer das idosas da Uncisati, 2009

BomFaq iPaq (lazer)

Variáveis Total n (%) Sem comp./ n (%) leve

Mod./ grave n (%) p-valor Ativo n (%) Ins. Ativo n (%) p-valor

Faixa etária

60-64 41 (35,6) 34 (82,9) 7 (17,1) 0,177* 22 (53,7) 19 (46,3) 0,487*65-69 40 (34,8) 35 (87,5) 5 (12,5) 23 (57,5) 17 (42,5)70-74 23 (20,0) 17 (73,9) 6 (26,1) 9 (39,1) 14 (60,9)75-79 7 (6,1) 4 (57,1) 3 (42,9) 2 (28,6) 5 (71,4)

80 ou mais 4 (3,5) 2 (50,0) 2 (50,0) 2 (50,0) 2 (50,0)escolaridade

Até 4 anos 18 (15,7) 15 (83,3) 3 (16,7) 0,851* 7 (38,9) 11 (61,1) 0,561**5-8 anos 11 (9,6) 8 (72,7) 3 (27,3) 6 (54,5) 5 (45,5)

9 anos ou mais 86 (74,7) 69 (80,2) 17 (19,8) 45 (52,3) 41 (47,7)renda

1-3 SM 41 (35,7 ) 28 (68,3) 13 (31,7) 0,060** 18 (43,9) 23 (56,1) 0,550**4-5 SM 32 (27,8) 27 (84,4) 5 (15,6) 18 (56,3) 14 (43,8)

6 ou mais SM 42 (36,5) 37 (88,1) 5 (11,9) 22 (52,4) 20 (47,6)estado civil

Solteira 18 (15,7) 10 (55,6) 8 (44,4) 0,029* 5 (27,8) 13 (72,2) 0,112**Casada 42 (36,5) 36 (85,7) 6 (14,3) 26 (61,9) 16 (38,1)Viúva 38 (33,0) 30 (78,9) 8 (21,1) 19 (50,0) 19 (50,0)

Divorciada/separada 17 (14,8) 16 (94,1) 1 (5,9) 8 (47,1) 9 (52,9)composição familiar

Sozinha 22 (19,1) 18 (81,8) 4 (18,2) 0,744** 11 (50,0) 11 (50,0) 0,699**1 geração 26 (22,6) 19 (73,1) 7 (26,9) 14 (53,8) 12 (46,2)2 gerações 45 (39,2) 36 (80,0) 9 (20,0) 20 (44,4) 25 (55,6)3 gerações 22 (19,1) 19 (86,4) 3 (13,6) 13 (59,1) 9 (40,9)

Doenças referidas

Nenhuma 25 (21,7) 21 (84,0) 4 (16,0) 0,041* 12 (48,0) 13 (52,0) 0,595*1 doença 59 (51,4) 50 (84,7) 9 (16,0) 33 (55,9) 26 (44,1)2 doenças 25 (21,7) 19 (76,0) 6 (24,0) 10 (40,0) 15 (60,0)

3 ou mais doenças 6 (5,2) 2 (33,3) 4 (66,7) 3 (50,0) 3 (50,0)

* Teste exato de Fisher. ** Teste qui-quadrado.

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zer foi de 49,6% associada àquelas de maior faixa etária, menor renda, relatar ter duas doenças crônicas ou mais e ser solteira (Tabela 1).

Quando fazemos a comparação do presente estudo com o estudo recente realizado em Maceió10-11 (Tabe-la 2), verificamos que houve diferença significativa em relação à capacidade funcional e características socio-demográficas, principalmente no que se refere ao nível cognitivo, escolaridade e renda. O nível educacional da amostra revelou que 74,7% tinham 9 ou mais anos de estudos, enquanto no estudo em Maceió encontrou-se quase a mesma prevalência, porém de idosos analfabe-tos ou com até 4 anos de estudos (74,0%). Sobre a ren-da da amostra, 64,3% referiram ter 4 ou mais salários mínimos; no estudo em Maceió, 85,9% informaram ter menos de um salário mínimo ou até 3.

Em relação à capacidade funcional, o nível de cogni-ção, a amostra do estudo apresentou melhor nível, sendo a média no MMSE de 27,92 (DP± 2,3); apenas 1,7% apre-sentou sugestão de déficit cognitivo, enquanto na amos-tra de Maceió11 64,8% foram consideradas com déficit cognitivo. As mulheres analfabetas obtiveram a média no MMSE de 16,4 (DP± 5,7), e aquelas com 8 anos ou mais de escolaridade, 25,2 (DP± 3).

A prevalência de perda funcional moderada/grave foi maior nas idosas do estudo em Maceió (51,4%), represen-tando mais que o dobro de comprometimento funcional encontrado na amostra do presente estudo (20,0%).

O nível de atividade física geral revelou que as idosas da universidade aberta foram consideradas mais ativas (> 150 min./semana – 97,4%) do que as idosas do estu-do em Maceió12 (64,4%). Entre os domínios contidos no IPAQ, destacamos o domínio lazer (atividades de espor-tes, caminhadas, ginástica, dança, entre outras). As duas amostras apresentaram valores elevados de idosas insu-ficientemente ativas nesse domínio, sendo que as idosas do estudo em Maceió12 apresentaram maior prevalência (80,6%), quase o dobro em relação às idosas da universi-dade aberta (49,6%).

Discussão Neste estudo e em experiências análogas realizadas em universidades abertas à terceira idade, nacionais e es-trangeiras, observa-se maior proporção de mulheres idosas na faixa etária considerada jovem (60-70 anos). A pouca participação de homens idosos nos programas de universidade aberta justifica-se pelo fato de os ho-mens procurarem menos esse tipo de participação em programas de educação permanente.13-15

Ao analisarmos as características sociodemográficas das idosas que participam da UNCISATI, verificamos semelhanças quando comparadas a estudos realizados no mesmo tipo de programa, ou seja, programas para a chamada terceira idade. Entretanto, foram observa-das diferenças marcantes, principalmente em relação à

Tabela 2 Distribuição das variáveis sociodemográficas, saúde, estado cognitivo e comprometimento funcional nas AVD/AIVD e nível de atividade física no lazer em idosas da Uncisati e nos estudos de Maceió, 2009

variávellocal

p-valor*uncisati maceió

Faixa etária az

60-64 41 35,6 75 23,5 < 0,001

65-69 40 34,8 65 20,3

70-74 23 20,0 64 20,1

75-79 7 6,1 51 16,0

80 ou mais 4 3,5 64 20,1

escolaridade

Analfabeta 0 0,0 94 29,5 < 0,001

Até 4 anos 18 15,7 142 44,5

5-8 anos 11 9,6 43 13,5

9 a 12 anos ou mais 86 74,7 40 12,5

renda

<1 SM 0 0,0 97 30,4 < 0,001

1-3 SM 41 35,7 177 55,5

4-5 SM 32 27,8 18 5,6

6 ou mais SM 42 36,5 27 8,5

estado civil

Solteira 18 15,7 26 8,2 0,008

Casada 42 36,5 148 46,4

Viúva 38 33,0 121 37,9

Divorciada/separada 17 14,8 24 7,5

composição familiar

Sozinha 22 19,1 34 10,7 < 0,001

1 geração 26 22,6 127 39,8

2 gerações 45 39,2 122 38,2

3 gerações 22 19,1 36 11,3

Doenças referidas

Nenhuma 25 21,7 60 18,8 0,017

1 doença 59 51,4 128 40,1

2 doenças 25 21,7 82 25,7

3 ou mais doenças 6 5,2 49 15,4

estado cognitivo (mmse)

≥ 24 113 98,3 74 35,2 < 0,001

< 24 2 1,7 136 64,8

BomFaq

Sem comp./leve 92 80,0 102 48,6 < 0,001

Moderado/grave 23 20,0 108 51,4IPAQ Geral (ativo)

(Domínio lazer) 112 97,4 143 64,6 < 0,001

Ativo 58 50,4 43 19,4 < 0,001

* Teste qui-quadrado.

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escolaridade e à renda, quando nos referimos a idosos residentes na população em geral, tanto em estudos re-alizados no Nordeste como em outras regiões do Brasil.

De acordo com dados da PNAD,** o Nordeste é a região brasileira com o maior índice de analfabetismo (50,48%) entre pessoas acima de 60 anos. Esse dado re-vela uma das mais importantes desigualdades entre as regiões do Brasil, mostrando que o nível educacional afeta o estado de saúde e contribui para a qualidade de vida do idoso.1,2,16

O nível de escolaridade encontrado na amostra de-monstra diferença significante, quando comparamos com o nível de instrução da população idosa do muni-cípio de Maceió. As idosas de nossa amostra apresenta-ram cerca de 5 anos a mais de instrução (11,7 anos) em relação aos idosos do estado de Alagoas (2,3 anos).** Os estudos15,17,18 apontam resultados semelhantes à nos-sa amostra, revelando maior nível de escolaridade entre idosos que participam de universidades abertas.

Essa situação educacional encontrada na amostra difere de estudos recentes realizados no município de Maceió.10-12 Os autores10 encontraram baixo nível edu-cacional entre as idosas do município: 29,5% eram anal-fabetas e 44,5% tinham até 4 anos de estudos. Observa-ram que muitas dessas idosas sabiam apenas escrever o próprio nome, ou seja, eram analfabetas funcionais. Os autores mostraram preocupação pelo fato de essas ido-sas apresentarem chance 2 vezes maior de ter compro-metimento funcional moderado/grave, revelando que, para as idosas analfabetas, a chance era maior (56,4%) e, para aquelas com até 4 anos de estudos, era de 50,0%. No estudo11 constataram que a baixa escolaridade e a baixa renda são fatores associados a déficit cognitivo.

Outros estudos apontam associação entre incapa-cidade funcional e menor nível educacional. O estudo de Maciel19 realizado no RGN encontrou associação entre incapacidade funcional, idade (OR = 1,18), sexo feminino (OR = 4,30) e analfabetismo (OR = 3,78). No estudo de Rosa et al.,9 realizado no município de São Paulo, encontrou-se a chance, cerca de 5 vezes maior, de dependência moderada/grave nos idosos com ní-vel mais baixo de escolarização (apenas lê e escreve ou analfabetos).

Outro fator que merece destaque é a renda. Observa-mos que as idosas da universidade aberta apresentaram renda familiar mais alta (64,3%) com 4 ou mais salários mínimos, enquanto, entre as idosas de Maceió,10 85,9% vivem com menos de 1 salário mínimo ou entre 1-3 salários mínimos. Os autores observaram que grande parte dessas idosas era responsável pelo sustento de sua família. Essa diferenciação no padrão socioeconômico apresentada no grupo de idosas da universidade aberta pode ser explicada pelas características do programa,

ou seja, os tipos de cursos que são oferecidos, como línguas estrangeiras, informática, meditação, biodança, violão, entre outros, não devendo suprir as expectativas da população em geral.

Dessa forma, a baixa renda per capita de idosos do município de Maceió,10,11 associada a um suporte de saú-de ineficiente, os priva de adequada assistência, da com-pra de alimentos nutritivos e medicamentos, de moradia adequada ou mesmo para manter a mensalidade de um plano de saúde, tendo reflexos diretos no desempenho funcional, visto que ter condições financeiras é essencial para a preservação da autonomia e para a manutenção ou recuperação da saúde1,19 ou a possibilidade de fre-quentarem programas como os da universidade aberta.

O analfabetismo impede o acesso à cultura e a um conjunto de informações necessárias ao exercício da ci-dadania e à saúde. Em virtude disso, existem importan-tes diferenças e grande diversidade nos níveis de saúde de idosos, em função de fatores socioeconômicos.4,20

Por isso, ações políticas devem ser desenvolvidas em vários níveis, e serviços de saúde devem ser emergen-ciais para essa população.

Em relação à estrutura familiar, tanto no nosso estudo como no de Maceió,10 prevaleceu a convivência em do-micílios multigeracionais e de idosas casadas, como em outros estudos,13-15,21 porém chamamos a atenção para o grande números de idosas viúvas na Uncisati (33,0%) e em Maceió (37,9%). Estudos14,17 ressaltam que o estado de viuvez pode influenciar negativamente na capacidade funcional se houver fatores de risco, como ser portadora de doenças crônicas sem os devidos controles.7

A condição de morar só chama a atenção. No nosso estudo, 19,1% das idosas residem sozinhas. De acordo com Camargos,1 essa condição pode refletir as transfor-mações ocorridas na estrutura familiar dos últimos anos, não significando, necessariamente, abandono ou isola-mento. Porém, à medida que essa população vai enve-lhecendo, pode estar sujeita a algum tipo de risco, sendo necessário haver uma rede de suporte social. Mesmo a velhice não sendo considerada doença, sabemos que essa população está mais vulnerável a ter comorbidades que causam diferentes impactos na vida cotidiana, causando de certa forma perda gradativa da independência e da autonomia.

As idosas da UNCISATI apresentaram menos co-morbidades, 51,4% relataram apenas uma doença, en-quanto o estudo13 realizado com participantes de duas universidades abertas no estado de São Paulo registrou que 57% dos idosos possuíam 4-6 doenças crônicas. Estudo no município de Maceió10 revelou maior pre-valência de comorbidades: 65,8% dos idosos indicaram possuir uma ou mais doenças crônicas e apenas 18,8% relataram não apresentar nenhuma doença.

** Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio: Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Rio de Janeiro. 2009.

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Estudo20 realizado com dados da PNAD revela que as mulheres reportam número maior de doenças crô-nicas do que os homens. Por outro lado, há os aspectos comportamentais, que mostram maior fidelização da mulher a programas preventivos e educacionais, par-ticipando mais intensamente de atividades de centros de convivência, além de demandarem mais os serviços ambulatoriais de saúde do que os homens.

As idosas deste estudo mostraram ser autônomas e independentes em relação à capacidade para desempe-nharem sozinhas e sem ajuda a maioria das atividades cotidianas; resultados semelhantes foram encontrados em estudos realizados em outras universidades aber-tas.13,14 A prevalência de comprometimento moderado/grave foi de 20%, isto é, a dificuldade em realizar quatro ou mais atividades cotidianas associada aos seguintes fa-tores sociodemográficos: ter 75 anos ou mais, ser solteira, ter menor nível de escolaridade, menor renda, possuir 3 ou mais doenças crônicas, como no estudo.19 O estudo de Maceió10 revelou maior prevalência de comprometimen-to funcional moderado/grave entre as mulheres (51,4%) do que nos homens (48,6%), sendo aproximadamente, 1,4 vez maior a chance de incapacidade funcional para as mulheres. O estudo20 também destaca maior prevalência de incapacidade funcional entre as mulheres e alerta que isso deve aumentar com a idade.

De acordo com Ramos,7 idosos com maior depen-dência para o desempenho das atividades cotidianas apresentam risco 3 vezes maior de morrer do que aque-les mais autônomos e independentes.

Estudo20 confirma que os indicadores mais forte-mente associados com o aumento da prevalência de in-capacidade funcional foram o baixo nível de educação e o baixo rendimento familiar.

Outro aspecto relevante a ser levantado é a falta de motivação ou interesse que os idosos têm para aderir à prática de atividades físicas, especialmente no lazer, levando-os a ter hábitos mais sedentários, como assistir à televisão; essa atitude é mais prevalente nas mulheres idosas e tende a aumentar com o avanço da idade.22,23

Em relação ao nível de atividade física em geral, as idosas do estudo foram consideradas ativas (97,4%). Ou-tros estudos apresentaram menor prevalência de idosas ativas em comparação ao nosso. O estudo12 realizado com idosas do município de Maceió encontrou 64,4% de idosas ativas. No estudo5 com idosas que frequentavam grupos de convivência na cidade de Florianópolis, 66,2% foram consideradas ativas. Outro estudo4 na mesma ci-dade, porém com idosos da comunidade, detectou que a maioria (59,3%) também era ativa.

Em estudos realizados no Nordeste (utilizando ou-tros instrumentos de pesquisa), encontrou-se alta pre-valência de idosas consideradas inativas ou insuficiente-mente ativas na realização de atividade física. Em estudo realizado na cidade do Recife21 com uma amostra de 100

mulheres idosas, 86% foram consideradas inativas ou in-suficientemente ativas. Em Salvador,6 encontrou-se alta prevalência de idosos sedentários (77%).

No Brasil, elevados índices de idosos insuficiente-mente ativos no lazer têm se mostrado uma constante nos estudos atuais, verificando pouca adesão de idosos em praticar exercícios no tempo livre. A falta de prá-tica de exercícios no lazer (atividades de esportes, ca-minhadas, ginástica, dança, entre outras) pelos idosos pode ser justificada nos dias atuais pelo fato de as ci-dades apresentarem tráfego intenso, pouca quantidade de parques e locais de recreação, aumento no índice de violência, fazendo com que os idosos optem por ativi-dades mais sedentárias, como na cidade de Maceió. De acordo com Benedetti,4 o maior nível de sedentarismo das mulheres é atribuído à redução do seu tempo livre e a questões culturais, que restringem sua participação em atividades de lazer, desde a fase adulta, e que pode se estender até a idade avançada.

A alta prevalência de sedentarismo na sociedade mo-derna tem sido apontada como importante problema de saúde pública. Nesse sentido, recentemente, o governo federal, através da Portaria n.º 719, de 7 de abril de 2011, criou o Programa Academia da Saúde para incentivar a população a realizar atividade física como promoção da saúde. Agora resta os governos municipais favorecerem a população com essa política.

A prática de exercícios no tempo livre deve ser in-centivada pelos programas sociais e de saúde, sendo essa prática considerada um indicador de estilo de vida sau-dável e que mantém a capacidade funcional e a autono-mia do idoso.

Entre as idosas do estudo, 49,6% foram consideradas insuficientemente ativas no domínio lazer (atividades li-vres), sendo os fatores associados maior faixa etária, me-nor nível de escolaridade e menor renda, ser solteira e ter duas ou mais doenças crônicas. Verificou-se que a falta da prática dessas atividades é influenciada por fatores so-cioeconômicos, de saúde e das condições ambientais que não favorecem a prática de exercícios ao ar livre.

Estudo realizado na cidade de Maceió12 revela tam-bém alta prevalência de idosas insuficientemente ativas no lazer (80,6%), quase o dobro em relação à nossa e ainda associada a menor renda (72,0%). Dos idosos da cidade de Florianópolis,4 74,3% foram considerados inativos ou insuficientemente ativos no lazer.

Em 2006, o Sistema Vigitel (vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico) revelou a frequência de adultos que pratica-vam atividade física suficiente no lazer, indicando baixa prevalência em todas as cidades brasileiras estudadas, variando entre 10,5% em São Paulo a 21,5% no Distrito Federal.

A literatura4,9,19,23,24 ressalta a importância de os idosos manterem-se ativos. Os estudos indicam que a realização

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de atividades físicas regulares previne problemas de saú-de física e mental, amplia o convívio social e melhora o desempenho durante as atividades cotidianas. Estudo23

enfatiza que uma caminhada realizada com duração, fre-quência e intensidade adequada torna-se um exercício benéfico para a saúde e pode ser um meio acessível e de baixo custo para prevenir várias doenças. A participa-ção em programas de atividade física tem demonstrado beneficiar a saúde de idosos, aumentando a interação social, podendo gerar hábitos de vida mais saudáveis,9,22

melhorando a qualidade de vida. Ao analisarmos os fatores de risco para incapacidade

funcional encontrados em estudo de revisão sistemáti-ca,8 podemos afirmar que a amostra do presente estudo, quando comparada com os idosos do município de Ma-ceió, apresenta de certa forma alguns fatores de “prote-ção”, como: as idosas são mais ativas em relação ao nível de atividade física, têm bom nível de escolaridade e de cognição, possuem melhor renda, têm boa interação so-cial, por se encontrarem engajadas no programa univer-sidade aberta, exercem sua autonomia e independência, bem como “preenchem certos papéis na vida”.9

Uma das limitações deste estudo foi o fato de não ter avaliado os homens idosos do projeto, mesmo sendo poucos. Esse parâmetro poderia contribuir para melhor característica da amostra, ficando a recomendação para futuros estudos.

conclusão As idosas que participam da universidade aberta pare-cem ser uma população especial, apresentando-se sau-dáveis, ativas, com melhores condições socioeconômi-cas, maior renda familiar e alto nível de escolaridade, boa saúde (menos comorbidades), melhor capacidade funcional, bom desempenho nas atividades cotidianas

e melhor nível cognitivo. Esse perfil é semelhante ao de idosos de outras universidades para a terceira idade, enquanto, em muitos aspectos, não reflete a realidade da população idosa do município de Maceió e mesmo do Nordeste.

Visto que as condições socioeconômicas e de saú-de da maioria dos idosos do município de Maceió são precárias e sujeitas à influência de inúmeros fatores, são considerados preditores de déficit funcional, como a bai-xa renda e a baixa escolaridade. Essa situação revela os potenciais impactos sobre os serviços de saúde, já precá-rios, sendo necessárias medidas abrangentes na atenção à saúde do idoso.

Nesse sentido, podemos sugerir a implantação de medidas focadas na prevenção e na promoção da saúde, por meio do incentivo à realização de atividades físicas, valorização de atividades no trabalho e no lazer, bem como educação para o autocuidado e melhora no supor-te da rede social, visando melhorar o estilo de vida para gerar melhor qualidade.

As ações devem ser elaboradas por vários setores sociais e de saúde, incluindo as instituições de ensino superior, através da utilização de estratégias bem esta-belecidas, que possam atingir um número mais abran-gente de indivíduos idosos, visando torná-los mais ati-vos e saudáveis, sendo que essas ações devem ser em caráter emergencial na cidade de Maceió.

agraDecimenTosOs autores deste trabalho agradecem a todos que fazem parte do Programa de Extensão Interdisciplinar Pró- -idoso, principalmente as idosas do Projeto Universida-de Aberta à Terceira Idade da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, que se dispuseram a fazer parte desta pesquisa.

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Desempenho Funcional em Idosas | 27

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resumo Introdução: Com o aumento do envelhecimento populacional, cresce o número de idosos com doenças crônicas degenerativas que, geralmente, são de desenvolvimento lento e de longa duração, e muitas vezes influenciam na capacidade funcional e mental do idoso, fazendo com que ele tome vários medicamentos por dia. Assim, este estudo objetivou pesquisar o índice de complexi-dade de farmacoterapia do idoso dependente para o autocuidado. Metodologia: estudo transversal, desenvolvido em Dourados (MS), com idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF). Foram utilizados questionário para os dados sociodemo-gráficos, a Medida de Independência Funcional (MIF), para avaliação da dependência para o autocuidado, e o Índice de Comple-xidade da Farmacoterapia (ICFT). Resultados: foram entrevistados 302 idosos de 29 ESF e identificados 38 idosos (12,6%) com algum grau de dependência. A locomoção foi a dimensão mais comprometida. O consumo médio de medicamentos por dia, pelos idosos dependentes, foi 4,1, sendo o máximo de 10 medicamentos diferentes por dia. O Índice de Complexidade da Far-macoterapia (ICFT) entre os 302 idosos obteve média 8,5. Ao analisar os 38 idosos com algum grau de dependência observou-se que a média do ICFT subiu para 10,3. Conclusão: Foi concluído que os idosos dependentes para o autocuidado possuem um esquema farmacológico mais complexo e isso evidencia o papel do enfermeiro quanto ao acompanhamento desses pacientes idosos, bem como a orientação e o trabalho conjunto com os demais profissionais da equipe para a educação em saúde.

inDex oF coMPlexity oF tHe DePenDent elDeRly PHaRMacotHeRaPy selF-caRe in PRiMaRy attention

aBsTracTIntroduction: With increasing aging population grows the number of elderly people with chronic diseases which generally are in slow development and long term which often influence the functional capacity and mental of the elderly, causing them taking multiple medications per day. So, this work aimed to study the index of complexity of the dependent elderly pharmacotherapy self-care. Methodology: transversal study, developed in Dourados (MS), with elderly registered in the Family Health Strategy (FHS). questionnaire administered for the sociodemographic data, the Functional Independence Measure (FIM) for evaluation of dependence to the self-care and the Index of Complexity of Pharmacotherapy (ICP). Results: were interviewed 302 aged from 29 FHS and identified 38 (12,6%) aged with some dependence degree. The locomotion was the most compromised dimen-sion. The average use of medicines per day by the dependent aged was 4,1 being the maximum 10 different medicines by day. The Index of Complexity of Pharmacotherapy (ICP) among the 302 aged was obtained an average of 8.5. Analyzing the 38 aged with any dependence degree observed that the average of ICP rose to 10.3. Conclusion: It was concluded that the dependent aged to the self-care have a pharmacologic scheme more complex and this evidence the nurse role as the attendance of these aged patients, as well as the orientation and the teamwork with other professionals of the team to the health education.

ÍnDice De coMPlexiDaDe

De FaRMacoteRaPia Do iDoso

DePenDente PaRa autocuiDaDo

na atençÃo PRiMáRia*

Janicéli Rosa lisboaa, Márcia Regina Martins alvarengab,

Rogério Dias Renovatoc

a Acadêmica do Curso de Enfermagem da UEMS, Unidade Universitária de Dourados; Bolsista de Iniciação Científica Pibic/Ações Afirmativas. Membro do Grupo de Pesquisa em Necessidades de Saúde da Pessoa Idosa. b Professora Doutora do Curso de Enfermagem da UEMS, Unidade Universitária de Dourados; Orientadora do Projeto. Líder do Grupo de Pesquisa em Necessidades de Saúde da Pessoa Idosa.c Professor Doutor do Curso de Enfermagem da UEMS, Unidade Universitária de Dourados; Co-orientador do Projeto e Membro do Grupo de Pesquisa em Necessidades de Saúde da Pessoa Idosa.

Dados para correspondência Janicéli Rosa Lisboa Alencastro – Ramona da Silva Pedroso, 835, Vila Santa Catarina, Dourados, MS – [email protected]

*Parte dos resultados da pesquisa “Implantação de um sistema de informação para avaliação e monitoramento das necessidades sociais e de saúde de idosos em situação de vulnerabilidade social” foi financiada pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul – Fundect. Protocolo TO n.º 082/2009.

Palavras-chave Saúde do idoso,

assistência farmacêutica,

cuidados de enfermagem,

atenção primária à saúde, idoso.

Keywords Health of the elderly,

pharmaceutical services, nursing

care, primary health care, aged.

artigo or iginal

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inTroDuçãoO Brasil passa pelo processo de envelhecimento popula-cional, sendo a queda da fertilidade e a diminuição da taxa da mortalidade infantil alguns dos fatores determinantes que resultaram no aumento gradativo de pessoas idosas.¹

Com o aumento do envelhecimento populacional cresce o número de idosos com doenças crônicas não transmissíveis que, geralmente, são de desenvolvimento lento e de longa duração, como, por exemplo, problemas de visão, hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteo-porose, depressão, incontinência urinária, osteoartrose, sequelas de acidente vascular encefálico, problemas de coluna, entre outras.¹,² Destaca-se, ainda, que muitos idosos possuem mais de uma doença crônica.

As doenças crônicas não transmissíveis, às vezes, influenciam na capacidade funcional e mental do ido-so, ocasionando incapacidade funcional com limitações para a realização de atividades da vida diária, dificultan-do o autocuidado.³

A capacidade funcional pode ser entendida como “a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma”, como tomar banho, vestir-se, realizar higiene pessoal, transferir-se, alimentar-se, manter a continência, prepa-rar refeições, manter seu controle financeiro, tomar re-médios, arrumar a casa, fazer compras, usar o transporte coletivo, usar o telefone e caminhar certa distância.4

Com os agravos das doenças crônicas não transmissí-veis, muitos idosos fazem uso de múltiplos medicamen-tos, podendo chegar a cinco ou mais medicamentos di-ferentes por dia. Esse elevado número de medicamentos, que recebe o nome de polifarmácia (prescrição simultâ-nea de cinco ou mais medicamentos diferentes), altera o funcionamento do organismo. Muitos idosos procuram mais de um médico que dá prescrições diferentes, fazen-do com que aumentem os riscos de reações adversas, po-dendo provocar interações medicamentosas.5,6

O número de doenças, muitos medicamentos dife-rentes por dia, a frequência das doses e dos horários, as instruções para administração, a complexidade das bu-las, além de outros fatores, como baixas escolaridade e renda familiar, contribuem para a dificuldade de adesão ao tratamento medicamentoso pelos idosos, bem como influenciam na saúde deles. Segundo Acurcio et al.,7 essa situação se agrava quando o idoso é dependente para o autocuidado.

Com o aumento da população idosa faz-se neces-sário que a Atenção Primária em Saúde se reorganize, para prestar cuidado integral e integrado direcionado às necessidades de saúde da pessoa idosa, atendendo às diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Ido-sa.8 Assim, para prestar esse tipo de assistência, a enfer-magem, como parte essencial da Estratégia da Saúde da Família, precisa conhecer as particularidades da pessoa idosa através da consulta de enfermagem e usando ins-

trumentos de medida que permitam identificar a capa-cidade funcional do idoso, bem como a capacidade de adesão ao tratamento medicamentoso.9

Por isso é importante enfatizar o papel do enfermeiro na equipe de saúde, pois sua prática também está ligada ao processo de educação, motivando o portador de do-enças crônicas não transmissíveis a realizar o autocui-dado, utilizando estratégias de ensino e aprendizagem, incentivando a comunicação do paciente e a verbaliza-ção dos seus problemas. Na maioria das vezes, os idosos com algum grau de dependência desejam não só escla-recimentos para suas dúvidas, mas, também, de alguém que amenize seus anseios. Dessa forma, cabe ao enfer-meiro contribuir para o uso correto dos medicamentos, atuando de modo colaborativo com outros profissionais de saúde, como o farmacêutico e o médico.

Portanto, este estudo teve por objetivo investigar o índice de complexidade da farmacoterapia do idoso de-pendente para o autocuidado.

meToDologiaTrata-se de estudo exploratório e de corte transversal. A população da pesquisa foi constituída por idosos assis-tidos por 29 equipes da Estratégia da Saúde da Família (ESF) do município de Dourados, Mato Grosso do Sul.

sujeitos do estudoConsideraram-se como critérios de inclusão idosos (60 anos ou mais), de ambos os sexos, assistidos pela Estra-tégia da Saúde da Família (ESF). O tamanho inicial da amostra foi calculado em 300 idosos, considerando o ní-vel de significância de 5%, a proporção de 7,6% de idosos com incapacidade funcional10 e margem de erro de 3%.

instrumentos de medidaOs instrumentos utilizados foram um questionário para os dados sociodemográficos, a Medida de Independên-cia Funcional (MIF), para avaliação da dependência para o autocuidado, e o Índice de Complexidade da Farmaco-terapia (ICFT), para avaliar a complexidade da farmaco-terapia para os idosos.

A Medida de Independência Funcional (MIF) foi uti-lizada para avaliação do grau de dependência para o au-tocuidado. Essa escala avalia 18 atividades referentes aos domínios: autocuidado, controle esfincteriano, transfe-rências, locomoção, comunicação e cognição social. A pontuação varia de 1 a 7, em que 1 é o maior nível de dependência e 7 caracteriza independência total. O esco-re total da MIF é obtido somando os escores de cada do-mínio. Obtém-se escore total mínimo de 18 e máximo de 126 pontos, que caracterizam: 18 pontos, dependência completa (assistência completa); 19-60 pontos, depen-dência modificada (dependência até 50% das tarefas); 61-103 pontos, dependência modificada (assistência de até 25% das tarefas); 104-126 pontos, independência

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modificada/completa. Adotou-se o critério de MIF total até 103 pontos como algum grau de dependência e 104 ou mais como independente para o autocuidado.10

O Índice de Complexidade da Farmacoterapia (ICFT) consiste em várias características do regime terapêutico, incluindo o número de diferentes medicações no esque-ma, o número de unidades de dosagem por dose, o núme-ro total de doses por dia e os cuidados na administração dos medicamentos. O Medication Regimen Complexity Index (MRCI) é um instrumento específico, traduzido e validado para o português do Brasil, que apresentou bom desempenho de validade e confiabilidade. É indicado na prática clínica e em pesquisas e dividido em três seções: a primeira corresponde às informações sobre as formas de dosagens, a segunda sobre as frequências das doses, e a última é para informações adicionais, como horários específicos, alimentos, entre outras. Cada seção é pontu-ada e o índice de complexidade é obtido pela soma dos pontos das três seções.2

Para caracterização da amostra, as variáveis pesqui-sadas foram: sexo, idade (categorizada em 60-69, 70-79 e 80 anos ou mais), escolaridade (iletrados e alfabetiza-dos), renda mensal per capita (até 0,5 salário mínimo [SM], de 0,6-1,0 SM e acima de 1,0 SM), arranjo fami-

liar (mora acompanhado ou sozinho), número e nome das doenças autorreferidas, grau de dependência para o autocuidado (dependente e independente), número de medicamentos por dia e índice de complexidade da far-macoterapia.

aspectos éticosEste estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesqui-sa com Seres Humanos, da UFMS, conforme Protocolo n.º 1415/2009.

Tratamento e análise dos dadosA análise dos dados foi feita por meio da apresentação em frequência absoluta e relativa, média, desvio-padrão, mediana e valores mínimo e máximo.

resulTaDos Foram entrevistados 302 idosos das 29 ESF que partici-param da pesquisa e identificados 38 (12,6%) idosos com algum grau de dependência, sendo que as características sociodemográficas encontram-se descritas na Tabela 1. Destaca-se que a média de idade dos idosos com depen-dência para o autocuidado foi de 77,8 anos com desvio-pa-drão de 9,6 e a amplitude de idade variou entre 60-99 anos.

Tabela 1 Distribuição dos idosos assistidos pela Estratégia Saúde da Família, segundo características sociodemográficas (Dourados, 2011)

variáveisindependentes (miF ≥104) Dependentes (miF <104)

número % número % Total %

sexo masculino 77 29,2 16 42,1 93 30,8

Feminino 187 70,8 22 57,9 209 69,2

Faix

a et

ária

60-69 anos 110 41,7 08 21,0 118 39,1

70-79 anos 118 44,7 15 39,5 133 44,0

80 anos ou mais 36 13,6 15 39,5 51 16,9

arra

njo

fam

iliar acompanhado 230 87,1 36 94,7 266 88,1

sozinho 34 12,9 02 5,3 36 11,9

esco

larid

ade

analfabeto 120 45,5 24 63,2 144 47,7

alfabetizado 144 54,5 14 36,8 158 52,3

rend

a pe

r ca

pita

(sm

*)

até 0,5 sm 45 17,1 02 5,3 47 15,6

0,6-1,0 sm 158 59,8 28 73,7 186 61,6

>1 sm 59 22,3 07 18,4 66 21,8

não informado 2 0,8 1 2,6 3 1,0

ToTal 264 100,0 38 100,0 302 100,0

* R$545,00 era o valor do salário mínimo em 2011 (Lei n.º 12.255, de 15/6/2011).

A classificação dos idosos segundo o grau de depen-dência avaliado pela MIF revelou que a maioria apresen-tava independência modificada/completa para as ativi-dades da vida diária. Dentre as 38 (100,0%) pessoas que apresentaram algum grau de dependência, 20 (52,6%)

precisavam de assistência de até 25% para realização das tarefas (61-103 pontos), enquanto 16 (42,1%) apresenta-ram dependência de até 50% (19-60 pontos) e dois ido-sos (5,3%) tinham dependência total. A locomoção foi a dimensão mais comprometida.

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A média de doenças autorreferidas pelos idosos de-pendentes foi de 3,2 (desvio-padrão de 1,4). Entre elas destacam-se a hipertensão em 29 pessoas (76,3%), seque-la de acidente vascular encefálico em 17 idosos (44,7%), 12 (31,6%) com incontinência urinária, 11 com diabetes (28,9%) e também o mesmo quantitativo para problemas de coluna. O máximo de doenças autorrelatadas foi seis, sendo que 25 (65,8%) idosos referiram ter 1-3 patologias, e o restante, quatro ou mais.

O consumo médio de medicamentos por dia pelos idosos dependentes foi 4,1 (mediana 3,5 e desvio-padrão 2,5), sendo o máximo de 10 medicamentos diferentes por dia. Somente dois (5,3%) idosos dependentes não usavam nenhum medicamento.

O Índice de Complexidade da Farmacoterapia (ICFT) entre os 302 idosos obteve média 8,5 (desvio-pa-drão de 5,6), mediana igual a 8,0, e a amplitude variou entre 0-29,5. Ao analisar os 38 idosos com algum grau de dependência observou-se que a média subiu para 10,3 (desvio-padrão de 7,4), com mediana 9,5 e mantendo a mesma amplitude.

Na seção A, que corresponde às informações sobre as formas de dosagens, 32 idosos (84,2%) do total de dependentes fizeram uso de cápsulas e comprimidos na forma oral, e três (7,8%) idosos se submeteram ao uso tópico de cremes e pomadas. Apenas um idoso (2,6%) fez uso de nebulizador através da inalação. A Tabela 2 apresenta a distribuição da pontuação em cada seção do ICFT para os idosos dependentes.

Tabela 2 Distribuição da pontuação de cada seção do Índice de Complexidade da Farmacoterapia para os idosos com algum grau de dependência (Dourados, 2011)

seções do icFT Pontos n (%)

seção a

Nenhum137

2 (5,2)28 (73,7)7 (18,4)1 (2,7)

seção B

0-4,04,5-8,5

9,0-13,013,5 ou mais

18 (47,4)13 (34,2)4 (10,5)3 (7,9)

seção c

0-23-56-9

19 (50,0)12 (31,6)7 (18,4)

icFT total

0-9,09,5-18,5

19,0-29,5

19 (50,0)14 (36,8)5 (13,2)

Total 38 (100,0)

A seção B refere-se às frequências diárias das doses, sendo que 18 idosos (47,4%) marcaram 0-4,0 pontos, 13 (34,2%) pontuaram entre 4,5-8,5 e o restante dos idosos

marcou 9,0 ou mais pontos. Quanto maior a pontuação, mais vezes por dia os idosos precisam tomar os seus me-dicamentos.

Na seção C, observa-se que cinco idosos (13,1%) re-alizaram partição ou trituração dos fármacos em sua ad-ministração, quatro (10,5%) praticavam o uso de múlti-plas unidades de fármacos ao mesmo tempo, 24 (63,2%) consumiam os medicamentos em horário específico. Vinte e um entrevistados (55,3%) usavam medicamentos que tinham relação com alimentos.

Discussão A amostra deste estudo, composta apenas por pessoas com algum grau de dependência, também se revelou predominantemente feminina. A feminilização da velhi-ce, quando associada à viuvez, pode implicar risco para a autonomia financeira e independência, além da possi-bilidade de a mulher assumir novos papéis, como chefiar uma família.11

Lima-Costa e Camarano11 afirmam que o aumento relativo da população idosa, além de mudanças somáti-cas e de alterações psíquicas, próprias da idade, tem leva-do o idoso a enfrentar outras situações, entre as quais se destacam: aposentadorias precárias, diminuição dos re-cursos econômicos, perda de entes queridos, diminuição da capacidade física, alterações da autoestima e perda da posição social.

Na amostra estudada em Dourados, a maioria dos idosos dependentes possui baixa escolaridade, menor renda familiar e maior número de doenças crônicas. Pesquisas nacionais destacam que os idosos mais pobres têm maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde, mesmo quando a cobertura desses serviços é adequa-da.11-13 O fator econômico adquire especial importância no acesso aos medicamentos por idosos. Muitos traba-lhadores informais, ao envelhecer, deixam de possuir qualquer rendimento, e a aposentadoria, na maior parte das vezes, reduz o poder econômico e rebaixa a condição social dos idosos que possuíam emprego formal, o que diminui significativamente sua capacidade de comprar medicamentos.14

Outros autores15,16 destacam também hipertensão, diabetes, acidente vascular encefálico, artrite, osteoar-trose e problemas de coluna como as condições crôni-cas mais referidas pelos idosos. Em geral, as doenças dos idosos, além de crônicas e múltiplas, exigem acompa-nhamento constante, cuidados permanentes, medicação contínua e exames periódicos.11

A prevalência de doenças crônicas não transmissíveis nesse grupo etário implica tratamentos que exigem alto consumo de fármacos, assim como mudanças de com-portamento e de hábitos de vida. Isso pode dificultar a adesão, levando a problemas relacionados aos medica-mentos, a baixo controle de sintomas e redução da capa-cidade funcional.14

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Neste estudo foi utilizado o Índice de Complexidade da Farmacoterapia como um dos instrumentos de avalia-ção que traduz a complexidade do regime medicamento-so, considerando a frequência das doses, as ações mecâ-nicas necessárias a cada dose e as informações adicionais inerentes a cada medicamento, que garantam utilização segura e eficaz dos medicamentos prescritos, de acordo com as indicações dos profissionais de saúde.17

Assim, por ser um instrumento preenchido pelo pro-fissional da saúde e não pelo paciente, seu formato per-mite que vários medicamentos e informações adicionais entrem na avaliação, tornando-a mais ampla. Alguns instrumentos publicados na literatura não permitem a avaliação completa da complexidade18 ou avaliam outros conceitos alheios aos de complexidade da farmacotera-pia.19 Os principais pontos divergentes foram quanto à frequência das doses e necessidade de utilização de al-guns medicamentos com alimentos, solucionáveis a par-tir da literatura, e ao uso em horários específicos, consi-derados mesmo quando a frequência é fixa.

Estudo desenvolvido por Melchiors20 sobre hiperten-são arterial e qualidade de vida, realizado em Araucária, Curitiba, entrevistou 191 pacientes adultos (72,8% mu-lheres), com hipertensão diagnosticada há 9,9 anos (DP = 9,1) e média de idade de 58,4 anos (DP = 11,4). A média de anti-hipertensivos por paciente foi de 1,7 (DP = 0,7) e 45,5% utilizavam monoterapia. Mulheres e pacientes com diagnóstico de insuficiência cardíaca apresentaram piores índices de qualidade de vida. A complexidade da farmacoterapia foi maior nos pacientes com diagnóstico de insuficiência cardíaca e obesidade. Pacientes com ICFT mais elevado apresentaram níveis maiores de pressão sis-tólica. Resultados do ICFT ≥11 foram melhores preditores do controle pressórico quando comparados a idade, sexo, índice de massa corporal, tempo diagnóstico e número de anti-hipertensivos.

Estudo clínico sobre atenção farmacêutica em farmá-cias comunitárias de Curitiba e região avaliou os prontu-ários farmacoterapêuticos de 105 pacientes com diabetes do tipo 2, que utilizavam hipoglicemiantes orais ou insu-lina.20 A média de medicamentos por paciente foi de 4,5 (desvio-padrão de 2,5), e o ICFT obteve média de 15,7 pontos (desvio-padrão de 8,36). O valor máximo obtido foi de 45,5 pontos em um tratamento com 12 medica-mentos, e o mínimo foi de quatro pontos em tratamento com um único comprimido por dia. Houve correlação significativa entre o número de medicamentos e o ICFT encontrado (r = 0,86; p <0,001), demonstrando conver-gência entre esses parâmetros.

Diante dos resultados apresentados, fica evidente a importância do enfermeiro, pois ele comunica e facilita o desenvolvimento de atividades com as pessoas que lhes permitem ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem,17 ajuda na gestão do regime medicamen-toso, promove a adesão, informa e ensina sobre medica-

mentos através de consulta de enfermagem. São tempos, formas ou modos de concretizar as intervenções, que, reunidos em um conjunto de competências específicas, permitem aos enfermeiros prestar cuidados aos idosos de forma a monitorar a medicação e os resultados de saúde. Por fim, a enfermagem contribui com o manejo correto do medicamento no cotidiano, o que necessita ser visto sob um olhar interdisciplinar, isto é, é preciso perceber o déficit de autocuidado na gestão dos medica-mentos e implementar ações de cuidado.2

conclusão Esta pesquisa identificou 38 idosos com algum grau de dependência, sendo a maioria mulheres, com baixas es-colaridade e renda, além de múltiplas patologias e uso de múltiplos medicamentos.

Mostrou que hipertensão, diabetes, acidente vascu-lar encefálico, problemas de coluna e osteoartrose são as doenças que mais acometeram os idosos, contribuindo para o uso de vários medicamentos, e identificou que a média da complexidade da farmacoterapia ficou em 8,5.

Sendo assim, os enfermeiros na equipe de saúde po-derão ser o elo entre o médico e o farmacêutico porque, pela experiência de trabalho em equipes de saúde na co-munidade, têm uma visão integrada dos cuidados.

Ser enfermeiro implica estar sempre se atualizando e buscando melhorias na área da saúde em relação às condições que favorecem o desenvolvimento da saúde das pessoas, tendo em vista a prevenção e a eliminação da doença. Isso estabelece uma interação enfermeiro--paciente, em que o ambiente de desenvolvimento é fun-damental, ajudando a pessoa a habituar-se, procurando desenvolver nela novas habilidades para manter e pro-mover uma vida saudável.

Sendo assim, é imprescindível a educação continu-ada dos profissionais de saúde, já que os idosos de pior condição socioeconômica e maior grau de dependência no autocuidado parecem estar mais expostos a regimes terapêuticos mais complexos.

Este estudo serve para identificar a dificuldade que os idosos têm em cumprir o tratamento farmacológico, servindo como base para novas intervenções de enfer-magem, tornando-as mais efetivas conforme as necessi-dades.

Ficam abertos os espaços para novas pesquisas.

Conflitos de interesse: Não há conflitos de interessesSubvencionado pelas agências financiadoras: Fun-

dect, CNPq/AAF.

agraDecimenTos À Fundect, pelo financiamento da pesquisa. Ao CNPq/Pibic/AAF, por ter proporcionado a bolsa de iniciação científica. E ao professor Nazir José Salomão, por ter me ajudado na elaboração do Abstract.

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Farmacoterapia do Idoso Dependente | 33

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34 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIAartigo or iginal

PeRFil, estResse e necessiDaDes

De cuiDaDoRes FaMiliaRes e PRoFissionais

De iDosos/acaMaDos na atençÃo PRiMáRia

eM saÚDe na ciDaDe De sÃo Paulo

ana Beatriz ayroza Galvão Ribeiro Gomesa, ana carolina Mayor de carvalhoa, carolina Puglia de andradea, Flávia de souza oliveira Penidoa, ingrid cardoso coutoa, Maurício Karakida Hashimotoa, Priscila Biancalanaa, Regina Maria Giffoni Marsigliab

a Acadêmico(a) da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalhou na concepção, pesquisa e redação final do artigo. b Doutora, professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Orientadora.

dados para correspondênciaAna Beatriz Ayroza Galvão Ribeiro Gomes – Rua Nebraska, 361, apt.º 61 Brooklin – São Paulo, Brasil CEP: 04560-011 [email protected]

resumoIntrodução: Entre os residentes em áreas metropolitanas, 15% têm mais de 60 anos. Parte deles é dependente de cuidados de profissionais ou familiares, que também necessitam de atenção especial. Objetivo geral: Conhecer o perfil, nível de estresse e ne-cessidades de cuidadores familiares e profissionais de idosos/acamados atendidos em 2 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da área central da cidade de São Paulo. Objetivos específicos: Avaliar morbidade referida, interesse por capacitação e grupos de discus-são e o grau de dependência do idoso/acamado. Metodologia: Foram aplicados 4 tipos de questionários em 18 cuidadores fa-miliares e 8 profissionais de 2 UBS: perfil do entrevistado, inventário de sintomas e estresse, versão brasileira da Burden Interview e escala de avaliação funcional do idoso/acamado. Resultados: A maioria dos cuidadores profissionais (85,3% mulheres) tem 36-55 anos; 40,7% dos familiares têm mais de 60 anos; 100% dos familiares referiram patologia; 88% dos profissionais desejam mais capacitação e 88,9% querem participar de grupos de discussão sobre o trabalho; 22,2% dos familiares foram capacitados, 38,9% gostariam de receber capacitação e 83,3% querem participar de grupos de discussão. Estresse: cuidadores profissionais, nenhuma ou pequena sobrecarga; familiares, leve a moderada, mas severa em uma das UBS. Inventário de sintomas de estresse: 44,4% dos familiares; fase de alerta: 14,8% de resistência e 40,8% de exaustão. Avaliação funcional dos idosos/acamados: 77,8% dos cuidados pelos profissionais apresentam alta dependência e 75-100% dos seguidos pelos familiares. Conclusões: O cuidado de idosos/acamados causa estresse nos cuidadores, especialmente nos familiares. Todos valorizaram a capacitação e a participa-ção em grupos de discussão. Recomendação: Atenção especial aos cuidadores familiares de idosos/acamados.

evaluation oF PRoFessional anD non-PRoFessional caReGiveRs oF elDeRly Patients in PRiMaRy caRe HealtH units in sÃo Paulo

aBsTracTIntroduction: 15% residents of urban areas are over 60. A part of them rely on caregivers who often need special attention themselves. Primary objectives: To assess the profile, level of stress and needs of professional and non-professional elderly patients caregivers of 2 primary care health units of São Paulo, Brazil. Secondary objectives: To assess their morbidity, their interest in capacitation courses and discussion groups, as well as the level of disability of the patients under their care. Methods: 8 professional and 18 non-professional caregivers of 2 primary care units in São Paulo, Brazil, underwent an interview where 4 questionnaires where applied: Profile of participant, Inventory of Symptoms & Stress, The Brazilian Version of the Burden Interview and Functional Evaluation Scale of the Elderly Patient. Results: 85,3% of patients where women between the ages of 36-55; 40,7% of the non-professional caregivers where over the age of 60; 100% of them re-ferred suffering from some form of disease. 88% of the professional caregivers showed interest in capacitation courses and 88,9% in belonging to support groups. Stress: Professional caregivers where mostly under light burden, non-professional caregivers where subjected to light/moderate burden. Inventory of Symptoms & Stress: 44,4%, 14,8% and 40,8% of non-professional caregivers where in the alert, resiliency and exhaustion phases, respectively. Functional Evaluation Scale of the Elderly Patient: 77,8% and 75-100% of the professional and non-professional caregivers patients were classified as highly dependent. Conclusions: The care of elderly patients is stressful and debilitating for caregivers, especially for non-professional ones. Most of the caregivers showed interest in capacitation courses and support groups. Recommendation: It is recommended that a better attention be paid to elderly patients caregivers.

Palavras-chave Cuidadores de

idosos/acamados, estresse, perfil de

saúde.

Keywords Elder/ill caretaker.

Stress, health profile.

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Estresse de Cuidadores Familiares e Profissionais de Idosos | 35

inTroDuçãoO Brasil tem, hoje, 17,7 milhões de idosos (IBGE, 2007), correspondendo a 8,5% da população, 27% dos quais necessitam de ajuda diária.1,2 Oitenta por cento são cuidados por mulheres da família, também com idade avançada.3

Nos distritos da área central da cidade de São Pau-lo, quase 15% da população é constituída por idosos de 60 anos ou mais, número bastante expressivo, princi-palmente se comparado a todo o Brasil (8,5%; IBGE, 2007).

Existem dois tipos de cuidadores: o profissional, em geral técnico em enfermagem, pago para realizar o serviço, e o familiar, que ajuda o idoso nas atividades diárias, mas, muitas vezes, não sabe ao certo como pro-ceder.3

Segundo autores como Hileman et al. (1992), Lee et al. (2003), Schulz & Beach (2001) e Cruz (2008),4-7 os principais aspectos a serem considerados ao se estudar a sobrecarga do cuidador são: rotina familiar, relações familiares, relações sociais, lazer e profissão, finanças, saúde e estresse, incluindo sentimentos e emoções ne-gativas geradas pela experiência. O impacto sobre o cuidador está relacionado, também, ao nível de depen-dência física do paciente, à ocorrência de mudanças comportamentais no paciente, ao tempo despendido no seu cuidado e ao grau de parentesco que se tem com o paciente.8 As principais razões que geram a sobrecar-ga são o isolamento social, as mudanças e insatisfações conjugais, as dificuldades financeiras, o impacto psico-lógico, a falta de informação e o impacto na saúde do cuidador.

A Secretaria Municipal de Saúde implantou, a partir de 2006, algumas Unidades de Referência para a Saú-de dos Idosos (URSI) em UBS, contando com equipes multiprofissionais que desenvolvem atividades de aten-dimento em promoção e educação em saúde. Desde 2009, essas UBS e as URSI passaram a desenvolver tam-bém o Programa de Acompanhantes de Idosos (PAI), contando com acompanhantes, pessoas que receberam capacitação para a atenção aos idosos no domicílio. Nesta pesquisa, nós os denominaremos acompanhan-tes. A inclusão desse grupo foi realizada com o objetivo de comparar sua sobrecarga com a de cuidadores não profissionais (cuidadores).

Este trabalho teve por objetivo geral conhecer o per-fil, as condições de saúde e o grau de estresse de cuida-dores e acompanhantes de idosos/acamados, atendidos em UBS da área central da cidade de São Paulo. Teve por objetivos específicos levantar o perfil, condições físicas, psicológicas e necessidades dos cuidadores de idosos/acamados atendidos pelas equipes de saúde da família atendidos pela URSI e dos acompanhantes contratados para integrar a equipe do PAI. Visou, ainda, determinar o grau de dependência dos idosos/acamados.

meToDologiaTrata-se de um estudo exploratório definido a partir das experiências de visita domiciliar de acadêmicos da Facul-dade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo no Programa de Reorientação da Formação dos profissionais de Saúde-Pró-Saúde (SGTES-MS/MEC, 2008). Obser-vou-se nessas visitas que os cuidadores também neces-sitavam de cuidados, havendo carência de suporte e de estrutura para prestar cuidado efetivo ao idoso/acamado.

O projeto foi aprovado no CEP/SMS, CAE: 0116.0.162.000-09, sendo assinado o TCLE pelos entre-vistados.

universoOs cuidadores somavam 71 pessoas nas duas unidades estudadas, e os acompanhantes inseridos no PAI eram 12 pessoas.

amostraA amostra dos cuidadores foi calculada em aproximada-mente 30%. Foram sorteadas 20 pessoas para a entrevis-ta domiciliar, considerando-se os critérios de inclusão. Destas, entrevistaram-se 18 pessoas, tendo havido duas recusas em participar, sem possibilidade de reposição, pois os demais não preenchiam os critérios de inclusão.

A amostra dos acompanhantes baseou-se na sua dis-ponibilidade em responder aos questionários, uma vez que, dos 12 inseridos no programa, dois encontravam-se de férias e outros dois em licença médica.

Ao final, a amostra foi constituída por 26 entrevista-dos: 18 cuidadores de idosos/acamados atendidos pelas equipes de saúde da família de uma UBS e da URSI, e 8 acompanhantes do PAI.

critérios de inclusão na amostraConforme documento norteador do Programa Acom-panhante de Idosos da SMS/SP (2009), tópico 14, p. 24, foram entrevistados cuidadores de idosos/acamados que apresentavam:

• Idade igual ou superior a 60 anos.• Dependência funcional nas atividades da vida diá-

ria, decorrente de agravos à saúde.• Dificuldades de deambulação. • Dificuldades de acesso aos serviços de saúde.• Insuficiência de suporte familiar e social.• Isolamento ou exclusão social.• Risco de institucionalização.• Residência na área de abrangência das duas unida-

des selecionadas.

instrumentos de pesquisaForam utilizados um questionário para caracterização do perfil dos cuidadores/acompanhantes, um inventário de sintomas de estresse (ISS),9-11 a versão brasileira da Burden Interview12,13 para avaliar o impacto psicológico

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do cuidado nos cuidadores/acompanhantes e um último questionário para avaliação do perfil, patologias e grau de dependência do idoso/acamado, segundo os cuida-dores/acompanhantes. Todos esses questionários foram aplicados pelos estudantes após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelo indivíduo que seria entrevistado.

resulTaDosEm relação aos dados do perfil dos entrevistados, le-vantou-se que 85,3% dos entrevistados são mulheres e 14,8% são homens, todos eles cuidadores. Idade e graus de parentesco dos cuidadores/acompanhantes podem ser observados nas Figuras 1 e 2.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

81-85

76-80

71-75

61-65

56-60

51-55

46-50

36-40

31-35

21-25

UBS 2Acompanhantes UBS 1

Figura 1 Distribuição etária de cuidadores/acompanhantes de idosos/acamados. UBS 1, UBS 2, cidade de São Paulo, 2009.

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0

Amizade

Em br

anco

Home C

are Irmã

Sobrin

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Sem pa

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Espo

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arido

Filho

Profis

siona

l

UBS 2Acompanhantes UBS 1

Figura 2 Grau de proximidade entre os cuidadores e idosos/acamados nas UBS 1 e 2, cidade de São Paulo, 2009.

Entre os acompanhantes, 77,8% têm escolaridade de nível médio. Os cuidadores se distribuem entre ensino médio, fundamental completo ou incompleto, com pre-dominância deste último.

As patologias referidas pelos entrevistados podem ser verificadas na Figura 3. Entre os entrevistados com patologias, 66,7% alegaram receber tratamento. A maio-ria dos cuidadores e acompanhantes trata-se pelo SUS e 11,1% por convênio.

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%Acompanhantes UBS 1 UBS 2

HipercolesterolemiaDiabetes Hipertensão

Figura 3 Morbidade entre os cuidadores/acompanhantes nas UBS 1 e 2, cidade de São Paulo, 2009.

Todos os acompanhantes foram capacitados, no en-tanto 88% desejam mais capacitação e 88,9% querem participar de grupos de discussão sobre o trabalho; 22,2% dos cuidadores foram capacitados, 38,9% gosta-riam de receber capacitação e 83,3% querem participar de grupos de discussão. Os temas que os entrevistados mais gostariam de discutir são: “relacionamento com o idoso” (22,2%), “aperfeiçoamento de técnicas nos cuida-dos” (25,9%) e “violência contra o idoso” (18,5%).

Através da versão brasileira da Burden Interview,8 avaliou-se que a sobrecarga dos entrevistados foi mais leve entre os acompanhantes, seguidos dos cuidadores, assim como nos mostra a Figura 4.

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%

Sobrec

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Sobrec

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Sobrec

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UBS 2Acompanhantes UBS 1

Figura 4 Sobrecarga de cuidadores/acompanhantes de acordo com a Burden Interview, nas UBS 1 e 2, cidade de São Paulo, 2009.

Nos itens da entrevista, observou-se que 88,9% dos acompanhantes referiram não se sentir estressados em cuidar, enquanto esses números foram 50% e 16,7%, respectivamente, nas UBS 1 e 2. Em relação à irritabi-lidade dos entrevistados, 77,8% dos acompanhantes e

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Estresse de Cuidadores Familiares e Profissionais de Idosos | 37

91,7% dos cuidadores da UBS1 responderam negativa-mente a esse item; apenas 33% dos cuidadores da UBS 2 emitiram a mesma resposta.

Observou-se que 77,8% dos acompanhantes e 75% dos cuidadores da UBS 1 “nunca” gostariam de deixar que ou-tra pessoa simplesmente cuidasse do idoso. Entre os cui-dadores da UBS 2, esse número foi de apenas 16,7%.

Quando perguntado se o entrevistado sentia que sua saúde tinha sido afetada pelo seu envolvimento com o idoso, 88,9% dos acompanhantes disseram que “nunca”, enquanto 66,7% e 41,7% das UBS 1 e 2, respectivamente, responderam “sempre” (apenas 33,3% e 41,7%, respec-tivamente, responderam “nunca”). Entre os acompa-nhantes que disseram que sua vida social nunca havia sido prejudicada por cuidarem do idoso estavam 88,9% e apenas metade dos cuidadores deu a mesma resposta.

O inventário de sintomas de estresse obteve os se-guintes resultados: na fase de alerta, os sintomas que os cuidadores familiares mais referiram foram ten-são (40,7%) e vontade súbita de iniciar novos projetos (44,4%). Na fase de resistência, o sintoma de irritabilida-de excessiva apareceu em 70,4% dos casos. Apareceram sintomas de formigamento das extremidades (44,4%), sensação de desgaste físico (48,1%), cansaço constante (44,4%) e sensibilidade emotiva excessiva (40,7%). Na fase de exaustão, insônia (44,4%), hipertensão arterial continuada (40,7%) e cansaço constante (44,4%) foram os sintomas mais recorrentes.

O grau de dependência dos idosos, de acordo com a Avaliação Funcional dos Idosos/Acamados, está ilustra-do na Figura 5.

100,00%

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%Acompanhantes UBS 1 UBS 2

Figura 5 Prevalência de alta dependência de idosos/acamados. Avaliação funcional. UBS 1 e 2, cidade de São Paulo, 2009.

Discussão A análise do perfil dos cuidadores mostrou a prevalência de mulheres e de idosos prevista na literatura.8 Foi obser-vado, ainda, maior prevalência de cuidadores que manti-nham relação de parentesco com o idoso/acamado, pre-dominando cônjuges e filhos, o que também é suportado

pela literatura.8 Em relação à morbidade, foi observado que a maioria dos entrevistados referia presença de hi-pertensão arterial, dado esperado devido ao perfil etário dos cuidadores/acompanhantes.4,5,14

A maioria dos cuidadores/acompanhantes demons-trou interesse em participar de grupos de discussão ou receber mais capacitação, evidenciando a carência de su-porte ao cuidador/acompanhante, o que já foi observado em outros estudos.4,7,8

Correlacionando-se o grau de dependência do ido-so/acamado com o nível de estresse e sobrecarga dos cuidadores/acompanhantes foi constatado que aqueles cuidadores responsáveis por pacientes com maior grau de dependência apresentavam piores resultados na ava-liação de estresse e sobrecarga. Quando esses parâmetros foram comparados entre cuidadores e acompanhantes (profissionais), constatou-se que os cuidadores apresen-tavam maior estresse e sobrecarga.

É interessante ressaltar que a população entrevis-tada era, em sua maioria, responsável pelo cuidado de pacientes de alto grau de dependência, o que está corre-lacionado com os altos índices de estresse e sobrecarga observados. A alta prevalência de cuidadores familiares também pode ser relacionada a esses resultados, confor-me é descrito na literatura.4-6,8,14

conclusão No estudo realizado, observamos que o cuidado de ido-sos/acamados tem impacto físico e psicológico sobre o cuidador ou o acompanhante, sobretudo sobre os cui-dadores. Estes, em sua grande maioria, demonstraram interesse na participação em grupos de discussão e em maior capacitação para o cuidado de idosos. Recomen-damos que a atenção básica dê maior atenção ao grupo de cuidadores não profissionais e que a geriatria tenha como objeto de sua atenção o binômio idoso/cuidador.

agraDecimenTosAgradecemos às equipes de saúde da família da Unidade Básica de Saúde (UBS) Bom Retiro e à equipe do Pro-grama de Acompanhantes de Idosos (PAI) do Centro de Saúde Santa Cecília, pertencentes à Supervisão Técnica de Saúde Sé-STS-Sé, da Coordenadoria Regional de Saú-de Centro-Oeste, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, pelo suporte durante a pesquisa de campo. Agra-decemos à acadêmica Ana Karine de Oliveira pela parti-cipação na pesquisa de campo.

Conflitos de interesse: não há conflitos de interesse.Trabalhos subvencionados: recebeu pequeno auxílio

financeiro do Programa Pró-Saúde da Faculdade de Ci-ências Médicas da Santa Casa de São Paulo e da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho para cópias, confecção de pôsteres e inscrições nos congressos Paulista de Ensino Médico e Brasileiro de Geriatria e Gerontologia em 2010.

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Perfi l de Idosos | 39

PeRFil De iDosos atenDiDos Pelo

PRoGRaMa De atençÃo à saÚDe Do iDoso

eM BeléM, PaRá

Jefferson de abreu Monteiroa, Manuela lima carvalho da Rochab, Rita de cássia Gaspar da silvac

resumo Objetivo: Caracterizar o perfil de idosos atendidos pelo Programa de Atenção à Saúde do Idoso em Unidades Munici-pais de Saúde (UMS) e Centro de Atenção à Saúde do Idoso (Casa do Idoso) no município de Belém (PA). Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo descritivo, com delineamento transversal e retrospectivo. A amostra foi constituída de 1.433 fichas-controle das Cadernetas de Saúde da Pessoa Idosa, de idosos que realizaram consulta ambulatorial na rede municipal de saúde durante janeiro a dezembro de 2010. A análise estatística foi realizada no software BioEstat versão 5.2. Resultados: Houve prevalência de idosos na faixa etária de 60-69 anos (53,3%), sexo feminino (70,4%), baixa escolaridade (43,8%) e casados (41,8%). A maioria dos idosos referiu não fumar (94,5%), não consumir bebida alcoólica (90,9%), contar com o suporte familiar/cuidador (84,7%) e ser independente nos cuidados diários (90,2%). Já 85,8% dos idosos não tinham ocorrência de queda e 91,8% relataram não ter histórico de internação nos últimos seis meses. Destacou-se a prevalência de doenças do aparelho circulatório (58,6%) e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (24,2%). Os principais problemas de saúde foram hipertensão arterial (53,1%) e diabetes mellitus (17,2%). Conclusão: O estudo permitiu traçar o perfil saudável de idosos no município de Belém, indicando a necessidade de implementação de ações de saúde preventivas e curativas, a fim de favorecer o envelhecimento ativo nessa população.

PRoFile oF elDeRly PeoPle seRveD By elDeRly HealtH attention PRoGRaM in BeléM, PaRá state

aBsTracTObjective: To characterize the profile of elderly patients in the elderly health attention program in municipal health units and health care center for the elderly in Belém, Pará, Brazil. Method: Descriptive, cross-sectional and retros-pective study. The sample consisted of 1.433 copies of The Health Book of the Elderly Person, of elderly who were consulted in the municipal health between January and December 2010. Statistical analysis was performed with BioEstat software version 5.2. Results: There was a prevalence of elderly people aged 60 to 69 years (53.3%), female (70.4%), low education (43.8%) and married (41.8%). Most seniors reported not to smoke (94.5%), not to consume alcohol (90.9%), to have family support/caregiver (84.7%) and to be independent in daily care (90.2%). Futhermore, 85.8% of the elderly had no fall-related events and 91.8% reported not having a history of hospitalization in the last six months. There was a higher prevalence of cardiovascular diseases (58.6%) and endocrine, nutritional and metabolic diseases (24.2%). The most important diseases were hypertension (53.1%) and diabetes mellitus (17.2%). Conclusion: According to the results obtained, this study allowed to profile healthy elderly in Belém, indicating the need to implement preventive and healing actions in health, in order to promote an active aging in this population.

a Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Universidade Federal do Pará/UFPA. Responsável pela concepção, pesquisa bibliográfica e redação final do manuscrito, assim como pela análise, interpretação e discussão dos resultados.b Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz/Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães. Responsável pela concep-ção, pesquisa bibliográfica e redação final do manuscrito, assim como pela análise, interpretação e discussão dos resultados.c Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade do Estado do Pará/UEPA. Doutoranda em Ciências dos Desportos pela Universi-dade de Trás-os-Montes e Alto Douro/UTAD, Portugal. Realizou a orientação teórica e metodológica da pesquisa e auxiliou na análise dos resultados

Dados para correspondência Jefferson de Abreu Monteiro. Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Universidade Federal do Pará – Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto, Campus Básico I – Instituto de Ciências Biológicas. Rua Augusto Corrêa, n.º 1, Bairro Guamá, CEP 66.075-110, Belém, Pará. [email protected]

Palavras-chave Perfil de saúde. Saúde do idoso.

Envelhecimento. Epidemiologia.

Programa de saúde. Saúde pública.

Keywords Health profile.

Health of the elderly. Aging. Epidemiology.

Health program. Public health.

artigo or iginal

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inTroDuçãoO crescimento da população idosa é um fenômeno mundial e um dos maiores desafios para a saúde pública contemporânea, especialmente nos países em desenvol-vimento como o Brasil, onde as mudanças têm ocorrido de forma rápida e acentuada.1-3 Estima-se que, em 2020, o país seja o sexto com o maior número de idosos, atin-gindo um contingente superior a 30 milhões.4

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, no período compreendido entre 1999 e 2009, a proporção de idosos aumentou de 9,1% para 11,3% no conjunto da população brasileira.5 Com efeito, na cidade de Belém, estado do Pará, ocorreu aumento progressivo dessa população, passando de 6,9% em 2000 para 9,3% em 2010.6,7 Esse rápido aumento do número de idosos ocasio-na impactos diversos para os setores da sociedade e neces-sita ser discutido, objetivando o enfrentamento adequado de suas consequências.1

Sabe-se que o envelhecimento é um processo dinâmi-co e progressivo, com modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que podem interferir no cotidiano e determinar perda da capacidade de adaptação do idoso ao ambiente, predispondo-o a doenças.8 Essas modificações acarretam demandas cres-centes para o indivíduo e os diversos setores da socieda-de, principalmente na área da saúde.

Nesse contexto, informações sobre o estado de saúde do idoso, quando respaldadas em evidências científicas, são de suma importância para as políticas de saúde pú-blica, uma vez que auxiliam no planejamento de estraté-gias específicas para essa população.9

Portanto, a realização de estudos que buscam deter-minar o perfil populacional é essencial para identificação de problemas relevantes na velhice, dando subsídios às decisões relativas à definição de prioridades para inter-venção e contribuindo para a reestruturação da assis-tência, pelo Estado, bem como para a reformulação de políticas e a tomada de decisões para a implementação das ações de saúde.10-12

Assim, o conhecimento do perfil de saúde dos idosos prevalente em determinada região é um indicador fun-damental para o fornecimento de serviços e de recursos adequados, através de informações indispensáveis para o direcionamento de ações de saúde, evitando gastos des-necessários.11,13

Apesar do crescente interesse pela saúde do idoso, estudos representativos sobre essa população são escas-sos no Brasil, sobretudo em municípios da Região Nor-te do país.2 Diante dessa realidade, torna-se essencial o desenvolvimento de estudos com essa temática, indo ao encontro da necessidade emergente de se produzir co-nhecimento acerca das condições de saúde da população idosa na rede municipal de saúde da cidade de Belém, tendo em vista o planejamento da atenção e implemen-tação de ações para a promoção da saúde.

A partir dessa contextualização, o estudo teve como objetivo caracterizar o perfil de idosos atendidos no Pro-grama de Atenção à Saúde do Idoso em Unidades Muni-cipais de Saúde (UMS) e no Centro de Atenção à Saúde do Idoso (Casa do Idoso) no município de Belém (PA).

meToDologia Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal e retrospectivo. O local para coleta de dados foi a Referên-cia Técnica em Saúde do Idoso, que faz parte do Núcleo de Promoção à Saúde (NUPS) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) da prefeitura de Belém. Como instru-mentos para a coleta de dados utilizaram-se as informa-ções contidas em fichas-controle dos usuários, baseadas na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, enviadas pelas Unidades Municipais de Saúde (UMS) e o Centro de Atenção à Saúde do Idoso (Casa do Idoso) à Referência Técnica, onde se encontram ar-quivadas.

Os critérios de inclusão foram idosos com 60 anos ou mais, moradores da área de abrangência do município de Belém, que realizaram consulta ambulatorial na rede municipal de saúde durante o ano de 2010 e cujos itens da ficha-controle estavam completamente preenchidos. Os idosos que não atenderam a esses critérios foram ex-cluídos.

Segundo a Referência Técnica em Saúde do Idoso, de janeiro a dezembro de 2010 foram distribuídas 12.202 Cadernetas de Saúde da Pessoa Idosa entre 24 UMS (Bengui II, Cabanagem, Condor, Cotijuba, Cremação, Curió, Fátima, Guamá, Icoaraci, Jurunas, Maguari, Ma-racajá, Marambaia, Outeiro, Pratinha, Providência, Sa-cramenta, Satélite, Sideral, Tapanã, Tavares Bastos, Telé-grafo, Terra Firme e Vila da Barca) e Casa do Idoso.

Como procedimento interno, esse departamento so-licita que 20% das cadernetas retornem à Sesma na for-ma de fichas-controle para monitoramento do material distribuído pelo Programa de Atenção à Saúde do Idoso. Assim, em 2010, a Referência Técnica deveria receber o equivalente a 2.440 fichas-controle, entretanto consta-vam nos dados de arquivo somente 1.763 fichas. Destas, foram excluídas 330, por não atenderem aos critérios de inclusão da pesquisa, restando 1.433 fichas-controle, que fizeram parte da amostra do estudo.

As variáveis investigadas para o conhecimento do perfil dos idosos no presente estudo foram: variáveis so-ciodemográficas (gênero, idade, estado conjugal e esco-laridade); hábitos de vida (tabagismo, etilismo e prática de atividade física); necessidade de cuidado para realiza-ção das atividades de vida diária; existência de suporte de um cuidador; internações hospitalares; ocorrência de quedas; e problemas de saúde, organizados segundo capítulos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão (CID-10).

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Foi utilizada a definição da Organização Mundial da Saúde14 para os países em desenvolvimento, que conside-ra pessoas idosas aquelas com 60 anos ou mais de idade. A estratificação das faixas etárias foi: 60-64; 65-69; 70-74; 75-79; 80 anos ou mais. Na variável problema de saúde, enquadraram-se sinais, sintomas, doenças diagnostica-das ou autorreferidas pelos idosos. Foram apresentados os dados em número absoluto, frequências e intervalos de confiança.15

resulTaDosOs resultados apresentados na Tabela 1 permitiram iden-tificar que 53,3% dos idosos estavam na faixa etária de 60-69 anos, sendo que o gênero da amostra estudada foi predominantemente feminino (70,4%). A maior parte (43,8%) possuía baixa escolaridade (até 4 anos de estudo).

Os dados referentes ao estado conjugal mostraram que 41,8% dos idosos eram casados. Em relação aos há-bitos de vida, 94,5% referiram não fumar e 90,9% não consumiam bebida alcoólica.

Quanto à prática de atividade física, cerca de 67,9% dos idosos informaram não realizar nenhuma atividade física. Apenas 32% relataram praticar alguma atividade física regular, sendo a mais citada a caminhada.

A maioria dos idosos (84,7%) afirmou que, caso pre-cisem, podem contar com suporte familiar/cuidador. No que se refere à necessidade de cuidados diários, 90,2% dos idosos referiram ser independentes. Quanto à ne-cessidade de apoio na realização dos cuidados diários, foram relatadas com maior frequência limitações para mobilidade funcional, autocuidado e manutenção da ro-tina medicamentosa.

Em relação à ocorrência de quedas nos últimos 6 me-ses, 85,8% dos idosos não haviam sofrido nenhuma que-da, ao passo que 14,1% tiveram ao menos um episódio de queda. Quanto às internações hospitalares, 91,8% dos idosos relataram não possuir nenhum histórico de inter-nação nos últimos 6 meses, enquanto 8,1% apontaram já terem sido internados durante esse período. Entre as principais causas de internações hospitalares menciona-das estão problemas de saúde, procedimentos cirúrgicos, quedas e acidentes de trânsito.

O estudo da prevalência de problemas de saúde, confor-me a CID-10 (Tabela 2), destacou o alto índice de doenças do aparelho circulatório, com 58,6% dos acometimentos, seguidas das doenças endócrinas, nutricionais e metabóli-cas, com 24,2%, e das doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, com 21,9%. Verificou-se que 8% dos idosos possuíam algum sintoma, sinal ou achado anormal de exames clínicos e de laboratório, e 15,9% não possuíam queixas quanto ao seu estado de saúde.

Os principais problemas de saúde dos idosos no mu-nicípio de Belém, conforme a Tabela 3, são a hipertensão arterial (53,1%) e o diabetes mellitus (17,2%). O terceiro problema de saúde mais referido foram as doenças do sis-

Tabela 1 Características gerais dos idosos, segundo gênero (Belém, Pará, 2010)

características

geral

(n = 1.433)

n %

sexo

Masculino 424 29,59

Feminino 1.009 70,41

idad

e (a

nos)

60-64 365 25,47

65-69 400 27,91

70-74 306 21,35

75-79 204 14,24

80 ou mais 158 11,03

esco

larid

ade

Analfabeto 186 12,98

1-4 anos 628 43,82

5-8 anos 444 25,05

>8 anos 175 9,66

esta

do c

onju

gal

Solteiro 277 19,33

Casado 600 41,87

Viúvo 420 28,20

Separado ou divorciado 136 9,47

Taba

gism

o Sim 78 5,44

Não 1.355 94,56

etili

smo Sim 130 9,07

Não 1.303 90,93

ativ

idad

e Fí

sica

Sim 459 32,03

Não 974 67,97

supo

rte

fam

iliar

/ cu

idad

or Sim 1.214 84,72

Não 219 15,28

cuid

ados

di

ário

s Sim 140 9,77

Não 1.293 90,23

oco

rrên

cia

de

que

da Sim 203 14,17

Não 1.230 85,83

inte

rnaç

ão

hosp

itala

r

Sim 117 8,16

Não 1.316 91,84

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tema osteomuscular e do tecido conjuntivo (21,9%), des-tacando-se a artrose (4,5%) e a artrite reumatoide (4,3%).

DiscussãoOs resultados obtidos demonstram que os idosos atendi-dos pelo Programa de Atenção à Saúde do Idoso no mu-nicípio de Belém, de maneira geral, apresentam as mesmas tendências observadas nos estudos da população brasileira.

Na amostra pesquisada, encontramos a presença mar-cante do gênero feminino. Esse resultado se assemelha aos encontrados em outros estudos13,16-19 e corrobora os achados nacionais, em que a maioria da população (51%) é constituída por mulheres. Na cidade de Belém, a situa-ção não difere: 52,7% são mulheres e, destas, 5,5% estão com 60 anos ou mais.7

A predominância de mulheres na população brasilei-ra e entre os idosos, assim como neste estudo, confirma o que Victor et al.20 (2009) denominam “feminização da velhice”, processo que reflete a maior sobrevida das mu-lheres em idades avançadas, em relação ao contingente de homens. Tal fenômeno pode ser atribuído ao fato de elas, em geral, serem menos expostas a riscos ocupacio-nais, consumirem em menor quantidade tabaco e álcool, e diferirem dos homens nas atitudes em relação ao con-trole e tratamento de doenças e incapacidades.19

No tocante à idade, a faixa etária predominante nes-te estudo, tanto no gênero feminino quanto no mascu-lino (54,4% e 50,9%, respectivamente) se situa entre 60-69 anos, caracterizando uma população idosa jovem, conforme classificação proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), ratificando os dados forneci-dos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)21 (2009), na qual o maior percentual de idosos brasileiros está incluso nesse grupo etário.

Para avaliar a distribuição de problemas de saúde na amostra de 1.433 idosos foram aplicados métodos es-tatísticos descritivos e inferenciais, a partir do software BioEstat versão 5.2. A estatística inferencial constou da estimação pontual das prevalências com intervalo de confiança de 95%.

O projeto foi aprovado pela Comissão de Análise de Projetos de Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana com protocolo n.º 222/10.

Quanto à situação educacional, o baixo nível de es-colaridade da maioria dos idosos, inferior a 4 anos, foi semelhante ao observado para a população brasileira (50,2%), com base nos dados da PNAD para a mesma faixa etária.21 Considera-se que, possivelmente, essa baixa escolaridade seja reflexo do acesso desigual ao ensino nas décadas de 1930-1950, quando frequentar a escola era restrito a segmentos sociais específicos.6 Para Menezes et al.18 (2007), nessa organização social não havia tanta cobrança por nível escolar, como na atualidade, e o papel das mulheres na sociedade estava

Tabela 2 Prevalência e intervalos de confiança para problemas de saúde em idosos segundo gênero e CID-10 (Belém, Pará, 2010)

ciD-10Prevalência geral

n % ic 95%

Doenças do aparelho circulatório 840 58,62 0,551 0,612

Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 347 24,21 0,221 0,264

Doenças do sistema osteomuscular e do tecido

conjuntivo314 21,91 0,198 0,241

sintomas, sinais e achados anormais* 115 8,03 0,066 0,094

Doenças do olho e anexos 62 4,33 0,033 0,054

Transtornos mentais e comportamentais 40 2,79 0,019 0,036

Doenças do sistema nervoso 34 2,37 0,016 0,032

Doenças do aparelho digestivo 34 2,37 0,016 0,032

Doenças do aparelho respiratório 31 2,16 0,014 0,029

Doenças do ouvido e da apófise mastoide 22 1,54 0,009 0,022

Doenças do aparelho geniturinário 15 1,05 0,005 0,016

Doenças infecciosas e parasitárias 10 0,70 0,003 0,011

lesões, envenenamentos e outras causas externas 16 1,12 0,006 0,017

Doenças da pele e do tecido subcutâneo 7 0,49 0,001 0,008

neoplasias (tumores) 7 0,49 0,001 0,008

Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos 6 0,42 0,001 0,008

causas externas de morbidade e de mortalidade 2 0,14 - -

sem queixa 229 15,98 0,141 0,179

* Capítulo XVIII: sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos, de la-boratório não classificados em outra parte. Incluem cefaleia, mal-estar, dor não especificada, tontura e instabilidade, dores lombares, garganta, torácicas e abdo-minais, perda de cabelo.

Tabela 3 Distribuição dos principais problemas de saúde nos idosos (Belém, Pará, 2010)

Problemas de saúdegeral

n %

Hipertensão arterial 762 53,17

Diabetes 247 17,23

artrose 65 4,53

artrite reumatoide 62 4,32

Hipercolesterolemia 57 3,97

osteoporose 55 3,83

cardiopatia 51 3,55

Déficit visual 36 2,51

cefaleia 22 1,53

Dor abdominal e pélvica 20 1,39

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limitado a casar, ter filhos e cuidar do lar, não sendo estimuladas a estudar.

Em relação ao estado conjugal dos idosos deste estu-do, houve proporção maior de homens casados (61%) e mulheres viúvas (35,5%), equivalente ao encontrado em outros estudos populacionais.16,18,22 No caso do estudo de Lima-Costa et al.16 (2002), realizado com idosos no município de Bambuí, em Minas Gerais, evidenciou-se o predomínio de mulheres viúvas sobre o de homens vi-úvos em todas as faixas etárias, especialmente naquelas de mais idade. Essa tendência também pode ser con-firmada no estudo de Morais et al.22 (2008) com idosos octogenários, residentes em meio rural no município de Encruzilhada do Sul, Rio Grande do Sul, no qual o nú-mero de mulheres viúvas chegou a ser 4 vezes maior que o de homens viúvos. Essa situação ocorre pelo fato de as mulheres serem mais longevas e dificilmente voltarem a casar, enquanto os homens possuem maior probabilidade de casar novamente.

Pinto et al.23 (2006) buscaram identificar associa-ções entre variáveis sociodemográficas e categorias de suporte social, e detectaram que os idosos com maior escolaridade e renda familiar, bem como os casados e/ou vivendo em concubinatos, dispunham de apoio afetivo mais satisfatório quando comparados aos solteiros e/ou viúvos e aos de níveis de escolaridade e renda familiar menores. No referido estudo, houve elevado número de mulheres viúvas e de idosos com baixa escolaridade, re-presentando, na visão dos autores, uma ameaça para a qualidade de vida desses idosos.

No que tange aos hábitos de vida, apesar da baixa fre-quência de tabagismo e etilismo, observou-se que os ho-mens apresentaram maior prevalência do hábito de fu-mar (7,7%) e consumir bebida alcoólica (15,8%) que as mulheres (4,4% e 6,2%, respectivamente), corroborando outros estudos para essa faixa etária.17,24 As diferenças no consumo de tabaco e álcool remetem aos padrões cul-turais vivenciados por esses idosos no passado, quando o uso dessas substâncias era aceito socialmente apenas para os homens.

Destaca-se que o tabagismo é um dos principais fa-tores de risco para o desenvolvimento de doenças car-diovasculares e respiratórias, e também está relacionado a importantes perdas da capacidade funcional. Já o eti-lismo, por sua vez, aumenta a suscetibilidade de doen-ças do fígado, pâncreas e estômago, desnutrição e riscos para lesões e quedas.14 Diante disso, os efeitos benéficos da suspensão do fumo e do consumo de bebida alcoólica são evidentes nos idosos, principalmente em termos de qualidade e expectativa de vida.

Em relação à prática de atividade física, a eleva-da prevalência de sedentarismo observada nos idosos (67,9%) foi similar à encontrada em outros estudos.17,25,26 Siqueira et al.25 (2008) analisaram residentes em áreas de abrangência de unidades básicas de saúde de municípios

das regiões Sul e Nordeste, e encontraram 58% de seden-tarismo em idosos. Alves et al.26 (2010) identificaram número superior (68,3%) em uma amostra de idosos de unidades básicas de saúde no estado de Pernambu-co. Isso confirma a grande proporção de idosos que leva vida sedentária no país, para os quais se deve proporcio-nar maior adesão a programas de atividades físicas, com vistas a reduzir e/ou prevenir possíveis declínios funcio-nais associados com o envelhecimento.14

De acordo com a OMS14 (2005), os indivíduos seden-tários devem ser estimulados a se tornar mais ativos à medida que envelhecem, por intermédio da formulação de políticas e programas de saúde. Nesse sentido, uma das ações do Ministério da Saúde, através da implanta-ção da Política Nacional de Práticas Integrativas e Com-plementares,27 foi a inserção de práticas corporais da medicina tradicional chinesa no cotidiano da rede básica de saúde. Em Belém, iniciativas como a ministração de aulas práticas de lian gong e tai chi chuan para grupos de idosos indicam que tal ação é útil para a diminuição dos índices de inatividade física, bem como para o aumento dos relatos de bem-estar e melhora da qualidade de vida na população usuária da rede municipal.

Quanto à existência de suporte familiar/cuidador, 84,7% dos idosos referiram que, caso precisassem, po-deriam contar com esse tipo de atenção. Esse índice é considerado alto, quando comparado com o estudo de Paskulin & Vianna24 (2007), no qual se verificou ainda associação significativa entre grupo etário e percepção de contar com rede de apoio, passando esse suporte a ser significativo no segmento de 80 anos ou mais.

Em relação à necessidade de cuidados diários, a maioria dos idosos (90,2%) relatou ser independente para a sua realização. Em geral, essa necessidade inclui a realização do autocuidado, como banhar-se, vestir-se e deambular, entre outros, sendo frequentemente utiliza-da como indicador de incapacidade funcional, refletindo o nível de comprometimento do idoso. Esse resultado é semelhante aos estudos realizados em Caracol (Piauí) e Garrafão do Norte (Pará), nos quais praticamente todos os idosos relataram ser capazes de realizar as atividades da vida diária.2 Na periferia de São Carlos (São Paulo), cerca de metade dos idosos referiu a necessidade de aju-da para realizar pelo menos uma tarefa diária.17

No tocante à ocorrência de quedas, 85,83% dos ido-sos não tiveram nenhuma queda nos últimos 6 meses. Esse baixo índice de quedas é similar ao estudo realizado por Cesar et al.2 (2008), no qual 90,5% (Piauí) e 86,4% (Pará) dos idosos relataram não ter caído nas 4 semanas anteriores ao inquérito. De acordo com Padoin et al.28 (2010), a taxa de queda entre idosos é da ordem de 30% ao ano, podendo aumentar com o avanço da idade. Para Siqueira et al.29 (2007), as chances de quedas recorrentes aumentam entre as mulheres, em idades mais avançadas, nível socioeconômico baixo, estilo de vida sedentário,

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autopercepção de saúde ruim e entre os idosos que refe-rem maior número de medicamentos para uso contínuo.

No que tange à internação hospitalar nos últimos 6 meses, 91,84% dos idosos não precisaram passar por nenhum tipo de internação. A hospitalização é consi- derada de grande risco, especialmente para as pessoas mais idosas, e, como repercussões desse processo, Siquei-ra et al.30 (2004) afirmam que podem ocorrer diminuição da capacidade funcional e mudanças na qualidade de vida, muitas vezes, irreversíveis. O período prolongado de internação do idoso, segundo Santos31 (2007), favo-rece o estabelecimento de incapacidades, o aumento da exposição a riscos de infecção hospitalar e o surgimento de diversas complicações que podem interferir em seu estado de saúde e recuperação.

A população de idosos deste estudo apresentou alta prevalência de doenças crônicas, destacando-se as doen-ças do aparelho circulatório. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2010, entre as doenças do aparelho circulatório que afetam os idosos, a hipertensão arterial é a mais referida em todos os subgrupos, com 53,3%, e constitui a principal causa de óbitos no país.7

Em consonância com os achados desta pesquisa, as doenças do aparelho circulatório aparecem também como primeira causa de morbidade hospitalar no es-tudo de Amaral et al.32 (2004), com percentual superior a 26%. Santos & Barros33 (2008), estudando o perfil de morbimortalidade em idosos hospitalizados no mu-nicípio de Recife (Pernambuco) no ano de 2005, utili-zaram dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) e encontraram como as principais causas de hospitalização doenças do aparelho circulatório (25,9%), do aparelho digestivo (14,1%), do aparelho respiratório (12,7%), neoplasias (8,7%) e causas externas (6,7%).

A elevada incidência de hipertensão arterial encon-trada neste estudo entre os problemas de saúde autorre-feridos pelos idosos que compuseram a amostra é seme-lhante aos dados de outros estudos populacionais.11,12,17,34

No caso do estudo de Feliciano et al.17 (2004), na peri-feria de São Carlos (São Paulo), e o de Rodrigues et al.34 (2008), realizado com idosos de Ribeirão Preto (São Paulo), mais da metade dos entrevistados apresentava hipertensão arterial.

No estudo de Piccini et al.35 (2006), realizado em 41 municípios nas regiões Sul e Nordeste, constatou-se a prevalência de hipertensão arterial em quase dois terços da amostra de idosos – 62% no Sul e 65% no Nordeste –, enquanto o diabetes mellitus atingiu um quinto, corres-pondendo a 20% no Sul e 19% no Nordeste. Na Região Sul, 16% dos idosos referiram ser portadores de hiper-tensão arterial e diabetes mellitus, enquanto, no Nordeste, essa proporção foi de 14%. Campos et al.13 (2009), estu-dando a distribuição espacial de idosos com diabetes e hi-pertensão arterial no município de Botucatu (São Paulo), encontraram maior prevalência de hipertensão e diabetes entre as mulheres (52,6% e 15%, respectivamente).

A identificação precoce dos casos e o estabelecimen-to do vínculo entre os idosos e as unidades básicas de saúde são elementos imprescindíveis para o sucesso do controle desses agravos. O acompanhamento e o con-trole da hipertensão arterial e do diabetes mellitus, no âmbito da atenção básica, poderá evitar o surgimento e a progressão das complicações, reduzindo o número de internações hospitalares, bem como a mortalidade devi-da a esses agravos.

A partir da compreensão do perfil de saúde dos ido-sos prevalentes em determinada região, são estabeleci-dos os indicadores para o fornecimento de serviços e de recursos adequados. No presente estudo, verificou-se que os idosos apresentaram características do envelhe-cimento ativo e saudável, o que deve direcionar ações de saúde preventivas e/ou curativas na rede municipal de Belém, visando prolongar o máximo possível a con-dição de autonomia e independência que esses idosos possuem. Espera-se, portanto, que a presente pesquisa auxilie no planejamento de estratégias específicas dire-cionadas à população idosa, em âmbito regional.

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Perfi l de Idosos | 45

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46 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIAartigo or iginal

accuRacy oF GloMeRulaR FiltRation

Rate estiMation FoRMulas FoR

DetectinG MoDeRate cHRonic KiDney

Disease in elDeRly BRaZilians

José Roberto de almeidaa, vinicius Daher alvares Delfinob,

Rejane tavares de limac, Maria emília Faverod,

Marcelo tatit sapienzae, tiemi Matsuof

aBsTracTObjective: The objective of this study was to investigate the accuracy of a glomerular filtration rate (GFR) estimation equa-tion based upon serum cystatin C (Hojs) and the abbreviated Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) study and the Cockcroft-Gault (CG) corrected for body surface area (CG-BSA) estimation equations for detecting moderate chronic kidney disease against 51Cr-EDTA clearance (taken as the gold standard) in southern elderly Brazilians. Method: An Observational prospective study in which GFR estimates via CG without BSA correction were performed in 160 community patients 60 aged or more. The ones with estimated GFR < 60/ml/min underwent GFR determination using 51Cr-EDTA clearance. The GFR obtained with this method was compared with GFR estimates obtained via CG-BSA, MDRD and Hojs. Results: 69,1% of the patients were female. Forty of the 160 studied elderly studied had an estimated GFR < 60/ml/min and underwent GFR determination using 51Cr-EDTA. Of the forty patients with an estimated GFR < 60 ml/min, only 18 presented GFR values < 60 ml/min/1.73 m2 using 51Cr-EDTA clearance. The accuracy within 30% was 78% for MDRD, 75% for CG-BSA and 45% for Hojs, with a trend towards superiority of the first two equations over the last one. Conclusions: Either CG-BSA or MDRD can be used for GFR estimation in southern elderly Brazilians until larger studies about the subject are available. The common practice of using CG without BSA correction for chronic kidney disease screening led to overdiagnosis of the condition in our study.

acuRácia De FóRMulas De estiMativa Da taxa De FiltRaçÃo GloMeRulaR PaRa DetecçÃo De Doença Renal cRônica MoDeRaDa eM iDosos BRasileiRos

resumo Objetivo: O objetivo deste estudo foi de investigar a acurácia de equações de estimativa de taxa de filtração glomerular (TFG) baseada na cistatina C (Hojs) e na fórmula abreviada do estudo MDRD (MDRD) e na fórmula de Cockcroft-Gault (CG) corrigida para superfície corpórea (CG-SC) para detectar Doença Renal Crônica Moderada comparada com a depuração de 51Cr-EDTA ( padrão-ouro) em idosos do sul do Brasil. Métodos: Estudo observacional prospectivo no qual a TFG estimada pela formula CG sem correção BSA foi realizada em 160 pacientes da comunidade com 60 anos ou mais. Aqueles pacientes com TFG < 60 ml/min foram submetidos a determinação da TFG usando a depuração de 51Cr-EDTA. A TFG obtida com este método foi comparada com a TFG estimada obtida pelas fórmulas de CG- SC, MDRD e Hojs. Resultados: 69,1% dos pacientes eram do sexo feminino. quarenta dos 160 idosos estudados tinham TFG < 60 mL /mL e foram submetidos a determinação da TFG usando a depuração de 51Cr-EDTA. Dos 40 pacientes com TFG estimada < 60 mL/min, apenas 18 pacientes apresentaram valores de TFG 60 mL/min/1.73 m2 usando a depuração de 51Cr-EDTA. A acurácia dentro dos 30% foi 78% para MDRD, 75% para CG-SC e 45% para Hojs, com um tendência de superioridade para primeira em relação às outras duas. Conclusão: As fórmulas de CG-SC ou MDRD podem ser usadas para estimativa da TFG entre idosos do sul Brasil até que grandes estudos estejam disponíveis. A prática comum de usar a fórmula de CG sem correção para SC para rastreamento de DRC levou a um excesso de diagnóstico em nosso estudo.

a Departamento de Clínica Médica, disciplina Geriatria/Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil. Concepção do estudo; coleta, análise e interpretação dos dados do estudo, esboço do artigo e fornecimento de conteúdo intelectual de importância crítica; aprovação final do manuscrito submetido. b Departamento de Clínica Médica, disciplina Geriatria/Universidade Estadual de Londrina, Londrina,PR, Brasil Concepção do estudo; análise e interpretação dos dados do estudo; revisão do artigo e fornecimento de conteúdo intelectual de importância crítica; aprovação final do manuscrito submetido. c Departamento de Medicina Nuclear, Laboratório Labimagem, Londrina, PR, Brasil. Concepção do estudo; análise e interpretação dos dados do estudo; aprovação final do manus-crito submetido.d Departamento de Patologia Aplicada, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil. Concepção do estudo; desempenho dos testes laboratoriais além do Cr-EDTA utiliza-do no estudo; análise e interpretação dos dados do estudo; aprovação final do manuscrito submetido. e Departamento de Radiologia, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de São Paulo, SP, Brasil. Concepção do estudo; desempenho das depurações plasmáticas do Cr-EDTA; análise e interpretação dos dados do estudo; aprovação final do manuscrito submetido. f Departamento de Matemática Aplicada, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil. Concepção do estudo; análise estatística e interpretação dos dados do estudo; aprovação final do manuscrito submetido.

Dados para correspondência José Roberto de Almeida – Departamento de Clínica Médica – Disciplina de Geriatria da Universidade Estadual de Londrina – Av Robert Koch, 60 – Hospital Universitário – Tel.: (43) 33243524 – Fax: (43) 33243524 – [email protected]

Palavras-chave Envelhecimento,

doença renal crônica (DRC),

cistatina C, 51Cr-EDTA, Taxa de

filtração glomerular (TFG)

Keywords Aged, chronic

kidney disease (CKD), cystatin C, 51Cr-EDTA,

Glomerular filtration rate

(GFR)

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GFR Estimation Formulas for Detecting CKD | 47

inTroDucTionOver the last few years, continuous increases in chronic kidney disease (CKD) prevalence have been observed around the world.1 These increases have mainly been concentrated among the elderly, who are more prone to developing CKD because of age-related physiologi-cal and structural kidney changes, as well as higher prevalence of hypertension and diabetes.2 Because of muscle mass loss relating to old age, serum creatinine is considered to be an imprecise marker of the glomeru-lar filtration rate (GFR) among the elderly. It has been suggested that serum cystatin C, a protein that inhib-its proteinase cysteine because it does not depend on the muscle mass, could be a better marker for the GFR among this group of patients.3

Early detection of CKD is important, since there are measures that are capable of reducing its progres-sion and its high cardiovascular-related mortality. On the other hand, undue diagnosis of CKD results in un-necessary expenditure for the health system4 and may have a strong psychological impact on patients.5 A few years ago, the American National Kidney Founda-tion (NKF) established criteria for CKD diagnosis and management,6 which were incorporated by the Brazil-ian Nephrology Society (SBN).7 According to these cri-teria, GFR is estimated by serum creatinine using the Cockcroft-Gault (CG) formula, or by the abbreviated formula (four variables) of the Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) study. Individuals presenting values lower than 60 ml/min/1.73 m2 for three months and over are classified as having CKD, independently of age and of the presence of urinary abnormalities or kidney morphological alterations.6,7

Nephrologists, other medical specialists and other healthcare professionals have undertaken an intense campaign aiming to disseminate the use of the NKF’s definition of CKD for early diagnosis of this condition.5 However, it has occasionally happened that Brazilian 8 and international 2,9 studies have established the diag-nosis of CKD, calculated the associated cardiovascular risk, and reported on the specialized treatment referral, without consideration of the three key points of CKD definition by the NKF. These points are: GFR reduc-tion for three months or over; the correction factor for African-descendents in the MDRD formula; and the normalization of GFR values obtained via the CG for-mula, using the body surface area (BSA) index of 1.73 m2. Only after taking these measures can patients be diagnosed as having CKD.6,7,10

The present study was designed with the primary objective of investigating the accuracy of the two for-mulas suggested by the NKF (MDRD and CG)11,12 and that of a formula for GFR estimation based on serum Cystatin C (Hojs)13 for detecting moderate chronic kid-

ney disease , in relation to the51 Cr-EDTA kidney clear-ance. The study population consisted of healthy elderly volunteer subjects, in whom the initial GFR estimation by the CG non-normalized formula for BSA 1.73 m2 was < 60 ml/min.

meTHoDsstudy design, population and samplesThe subjects were recruited from a population of el-derly individuals, with walking capability who vol-unteered for this study, in the city of Londrina, in the southern Brazil. At the end of the talk about depres-sion and Alzheimer’s disease, given by the first au-thor of the present paper in community centers, the audience was informed about the objectives of the present study. The possibility of participation was then opened up for the elderly people who attended the talk. Those who were interested in participat-ing were instructed to leave their contact telephone number in their reference primary healthcare unit. The same author then called the elderly subjects in for an initial interview, which also clarified the aims of the study. There was no sample size determina-tion or exclusion criterion. The study was approved by the Ethics Committee for Research Involving Hu-man Beings of the State University of Londrina (no. 214/05). After signing a free and informed consent statement, 160 elderly subjects were consecutively in-cluded in this observational study between October 1, 2007 and January 31, 2009. Subjects were screened for CKD presence using CG formula, non-normal-ized for 1.73 m2 BSA, which is the CKD screening generally used in our place. Subjects with estimated GFR < 60/ml/min underwent GFR determination using 51Cr-EDTA clearance. During the study period, two subjects with clearance < 60 ml/min estimated from the CG formula died before undergoing the ra-dioisotopic determination of GFR. A further group of six patients with estimated clearance > 60 ml/min were lost to follow-up, thus leaving 152 subjects for the final analysis. A summary of the study design is presented in Figure 1.

The protocol for the first clinical evaluation in-cluded demographic data, anthropometric values, medications in use, previous history of arterial hy-pertension, diabetes mellitus, acute myocardial in-farction, heart failure, peripheral arterial failure and stroke. At the end of this initial clinical evaluation, a fasting serum creatinine test was requested for GFR estimation. The baseline clinical and laboratory characteristics of these patients are shown in Table 1. Other clinical parameters and laboratory tests were documented, but these data were not relevant to the present study.

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Table 1 Patients’ characteristics according to GFR ≥ 60 ml/min (n = 112) or < 60 ml/min (n = 40), estimated from the CG formula. Variables presented as medians and amplitudes or as percentages.

cg < 60 cg > 60 valor de p

age 74.5 (63 – 85) 67 (60-84) < 0,0001*

Feminin sex 26 (65.0%) 79 (70.5%) 0,515†

Bmi (kg/m2) 25.1 (17.4 – 45.4) 30.1 (19.4-58.4) < 0,0001*

ethn

icity

asian 9 (22.5%) 7 (6.3%) 0,033‡

White 23 (57.5%) 79 (70.5%)  

Black 2 (5.0%) 12 (10.7%)  

mixed 6 (15.0%) 14 (12.5%)  

arterial hypertension 25 (62.5%) 70 (62.5%) 1,0†

Diabetes mellitus 8 (20.0%) 40 (35.7%) 0,066†

cardiovascular disease 9 (22.5%) 12 (10.7%) 0,063†

acei or arB 19 (47.5%) 50 (44.64%)  

nsaiD 2 ( 5%) 1 (0.9%)  

initial creatinine (mg/dl) 1.0 (0.63 – 2.67) 0.76 (0.37 – 1.40) < 0,0001

initial cg (ml/min) 50.3 (15.3 – 59.5) 80.2 (60.2 – 154.3) < 0,001*

creatinine 2 (mg/dl) 0.77 (0.40 – 2.07) § NA  

interval between initial creatinine and creatinine 2 (days) 102.5 (9 – 368) NA  

cg 2 (ml/min) 62.21 (19.77 – 111.15) NA  

cg 2-Bsa (ml/min/1.73 m2) 67.45 (22.80 – 31.87) NA  

gFr 51cr -eDTa (ml/min/1.73 m2) 61.15 (17.20 – 3.49) NA  

mDrD (ml/min/1.73 m2) 69.11 (30.34 – 116.33) NA  

serum cystatin c (mg/l) 1.08 (0.78 – 2.61) NA  

Hojs (ml/min/1.73 m2) 82.96 (28.88 – 121.87) NA  * p value from Mann-Whitney test; † p value from chi-square test; ‡ p value from Fisher’s exact test;

BMI = body mass index; CG = Cockcroft-Gault formula; creatine 2 = creatinine measurement made on day of determining 51Cr-EDTA; CG 2 = CG estimated using

creatinine measurement from day of determining 51Cr-EDTA; CG 2-BSA = CG estimated using creatinine measurement from day of determining 51Cr-EDTA, normalized

for BSA; GFR 51Cr-EDTA = GFR measured using radioisotope; Hojs = GFR estimated by mean s of serum cystatin; cardiovascular disease: history of acute myocardial

infarct or stroke or heart failure or peripheral artery failure; NA = not applicable; NS = p non-significant; § p < 0.001 for difference between initial creatinine and cre-

atinine 2; ACEI = use of angiotensin II-converting enzyme inhibitor; ARB = use of angiotensin II receptor blocker; NSAID = use of nonsteroidal anti-inflammatory drug.

Figure 1 Schematic representation of the study.

Elderly people invited to participate

in the study (in community centers)

154 elderly people: GRF estimation

using CG formula

6 losses from follow-up

42 patientsCG < 60 mL/min

40 patients 51Cr-EDTA, creatinine and cystatin C

2 deaths

112 patientsCG < 60 mL/min

160 elderly people: consent statement, interview, physical

examination and tests requested

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GFR Estimation Formulas for Detecting CKD | 49

laboratory tests

SERUM CREATININE ASSAySerum creatinine was assayed using a modified ver-sion of Jaffé’s kinetic method, using the Dimension RXL apparatus (Dade Behring, Marburg, Germany), with a kit provided by the apparatus maker using two decimal places. The reference values for creatinine were 0.8-1.3 mg/dl for males and 0.6-1.0 mg/dl for fe-males. The coefficient of variation (CV) for creatinine in our study was 0.018 (CV informed by the manu-facturer = 0.058). To the creatinine value obtained from the apparatus used in this study, the value 0.15 was added for correction for differences between the apparatus used in this study and in the MDRD study (correction recommended by the kit manufacturer).

SERUM CySTATIN C ASSESSMENTSerum Cystatin C was assessed by immunonephelom-etry in a BNII nephelometer (Dade Behring, Marburg, Germany), using the kit provided by the manufactur-er. The reference values for Cystatin C were 0.53-0.95 mg/l, for both sexes. The CV for Cystatin C in our study was 0.03 (CV informed by the manufacturer = 0.028).

MICROALBUMIRUNIA ASSESSMENTAlbumin, together with creatinine, was assessed in a morning-void urine sample in all 160 study subjects. Albumin was measured by imunoturbidimetry in Co-bas Mira Plus (Roche), using kit by Ebran. The sensi-tivity of the assay is 3.6 mg/ dL. Creatinine was mea-sured as already described. The results were presented as albumin/creatininine ratio (ACR). ACR > 30 mg/g was defined as microalbuminuria; ACR > 300 mg/g was defined as macroalbuminuria.

GFR ASSESSMENTGFR determination using 51Cr-EDTAInjection of 51Cr-EDTA and blood sampling from the patients were carried out in the Labimagem labora-tory in the city of Londrina, Paraná, by one of the

authors (RTL), a nuclear medicine specialist. The pa-tients were instructed to fast for 12 hours overnight, preceding the test. On the day of the GFR assessment, the patients were instructed to drink 600 to 800 ml of water before starting the test, and they were encour-aged to drink more water to keep up a high urinary volume during the test. The initial sampling con-sisted of a 10 ml blood sample collected from one of the forearms of each patient, in order to assay serum creatinine and cystatin C. Next, a single 1 ml dose of a solution prepared by IPEN-SP (Energy and Nuclear Research Institute of São Paulo) containing 3.7 MBq (100 µCI) of 51Cr-EDTA was injected intravenously into the other forearm. This injection was carried out by means of a syringe, which was further washed with 10 ml saline, in order to ensure complete 51Cr-EDTA injection. The precise dose injected was obtained by weighing the syringe in a high precision analyti-cal balance, before and after the injection. Two and four hours after injection of the radioactive tracer, blood samples were obtained to measure it. GFR was assessed by means of the curve intercept method, as previously described.14

GFR estimation using equations based on serum creatinine and C cystatinGFR estimates based on serum creatinine were pro-duced using the CG12 and MDRD formulas (shortened form, with four variables).11. The shortened MDRD formula provides BSA-adjusted results. The results obtained from the CG formula were normalized for BSA 1.73 m2 using the DuBois and DuBois formula15 (CG-BSA), in order to be able to use the NKF/SBN definitions for CKD.

For GFR estimates from serum cystatin C, the formula proposed by Hojs et al was used.13 The Hojs formula gives results that are already normalized for BSA. Table 2 shows the CG, MDRD and Hojs equa-tions. In all of these formulas, age is registered in years and weight in kg.

Table 2 Equations used for estimating GFR

gFr unit Formula

cg (ml/min) ([140 – age] weight/72 Cr) 0,85 (F)186 Cr-1,154 age-0,203 0,742 (F) 1.210 (balck ethnicity)

90,63 Cys-1,192

mDrD (ml/min/1.73 m2)

Hojs (ml/min/1.73 m2 )

CG = Cockcroft-Gault formula; MDRD = shortened MDRD formula; Hojs = Hojs formula; Cr = serum creatinine (mg/dl); Cys = cystatin C (mg/l); F = female sex

Definitions used in this study

Diabetes mellitus was defined in accordance with the American Diabetes Association as fasting blood glu-

cose ≥ 126 mg/dl, non-fasting blood glucose ≥ 200 mg/dl or use of oral hypoglycemic drugs.16

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Systemic arterial hypertension was defined ac-cording to the VII JNC as systolic blood pressure ≥ 140 mmHg and/or diastolic blood pressure > 90 mm Hg, or the use of hypotensive drugs.17 The presence of cardiovascular comorbidities (acute myocardial infarction, heart failure, peripheral artery failure and stroke) was defined according to the patient’s history. In order to define the ethnic origin and color, the cri-teria created by the Brazilian Institute for Geography and Statistics (IBGE) were used.18 Patients classified themselves as white, Asian, mixed or black.

statistical analysisThe data are presented as means ± standard devia-tion (SD), medians and range, and as proportions, depending on the data distribution. The results were considered to be statistically significant when p < 0.05. The serum creatinine and Cystatin C values ob-tained in the same day as the GFR determination by means of 51Cr-EDTA assessment were used, in order to compare the performance of the CG-BSA, MDRD and Hojs formulas using the Bland and Altman meth-od . The mean difference between the estimated and measured GFR values was taken to be the GFR differ-ence. The SD amplitudes of the different means were used to establish the precision. The accuracy within 30% for the different equations was established as the percentage of results that did not deviate more than 30% from the GFR measured by means of 51Cr-EDTA. For comparisons between the two study groups, the Mann-Whitney test, chi-square test and Fisher’s exact test were used, as indicated.

resulTsThe study subjects’ characteristics are shown in Table 1. In analyzing the estimated GFR performance us-ing CG-BSA, MDRD and Hojs, the three equations showed different errors. They all overestimated the GFR estimated by means of 51Cr-EDTA: in MDRD, the overestimation was 10.2; in CG-BSA, it was 9.6; and in Hojs, it was 20.4 ml/min/1.73 m2. Analysis of the differences in SD between the radioisotope-measured GFR and the estimated GFR showed that all three equations presented similar imprecision. These values were 13.7, 14.3 and 13 ml/min/1.73 m2 for the CG-BSA, MDRD and Hojs formulas, respec-tively. The accuracy within 30% was 78% for MDRD, 75% for CG-BSA, and 45% for the Hojs formula. Fig-ure 2 and Table 3 present these results. Among the 40 individuals referred for GFR determination by means of 51Cr-EDTA because they presented CG-esti-mated GFR < 60 ml/min, only 18 showed GFR meas-ured by means of 51Cr-EDTA < 60 ml/min/1.73 m2. From these 18 individuals with 51Cr-EDTA< 60 ml/min/1.73, only 3 presented microalbuminuria (> 30

mg/g creatinine in a morning urine sample), whereas 4 among the 22 individuals with 51Cr-EDTA ≥ 60 ml/min/1.73 m2 presented microalbuminuria. Macroal-buminuria was not seen in any patient.

Figure 2 Bland and Altman graph for the differences in GFR between measurement by means of 51Cr-EDTA and the estimates from mathematical formulas. On the X-axis, the mean GFR; and on the Y-axis, the difference between the GFR estimated and the measured GFR via (A) CG-BSA, (B) MDRD and (C) Hojs. CG-BSA: Cockcroft-Gault formula, normalized for body surface area; Hojs: formula of Hojs et al for estimating GFR from cystatin C; MDRD: shortened formula from the MDRD study.

GFR

CG-G

SA -

GFR

51Cr

(mL/

min

/1,7

3m2 )

Mean difference in GRF between 51Cr-EDTA and CG-BSA

80

60

40

20

0

-20

-40

+1,96 SD

51,9

-1,96 SD

-22,9

Mean

14,5

20

20 40 60 80 100 120

20 40 60 80 100 120

A

GFR

MDR

D -

GFR

51Cr

(mL/

min

/1,7

3m2 )

Mean difference in GRF between 51Cr-EDTA and MDRD

60

50

40

30

20

10

0

-10

-20

-30

+1,96 SO

39,8

-1,96 SD

-18,9

Mean

10,5

Mean

20,4

B

20 40 60 80 100 120

GFR

Rojs

- G

FR 51

Cr (m

L/m

in/1

,73m

2 )

Mean difference in GRF between 51Cr-EDTA and Rojs

50

40

30

20

10

0

-10

+1,96 SD

46,3

-1,96 SD

-5,4

C

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GFR Estimation Formulas for Detecting CKD | 51

Table 3 Error, precision and accuracy within 30%, for different GFR estimation formulas, in relation to GFR measured by means of 51Cr-EDTA

Formula error ml/min/1.73 m2

Precisionml/min/1.73 m2

accuracy within 30%

95% ci for accuracy

cg-Bsa 9.6 13.7 75% (58.5-86.8)Hojs 20.4 13 45% (29.6-61.3)

mDrD 10.2 14.3 78% (61.1-88.6)

Error was defined as the mean difference between estimated and measured GFR; precision as one standard deviation of the error; accuracy was calculated as the percentage of the patients whose estimated GFR did not deviate more than 30% from the GFR measured by means of 51Cr-EDTA; CG-BSA: Cockcroft-Gault formula, normalized for BSA; Hojs: formula of Hojs et al for estimating GFR from cystatin C; MDRD: shortened formula from the MDRD study

Taking the results from GFR measurements by means of 51Cr-EDTA to be the gold standard, the MDRD, CG-BSA and Hojs formulas were capable to correctly iden-tify the presence of CKD in 77.8% (14 of 18 patients with 51Cr-EDTA < 60 ml/min/1.73 m2) 66.6% (12 of 18 pa-tients with 51Cr-EDTA < 60 ml/min/1.73 m2 ) and 44.4% (8 of 18 patients with 51Cr-EDTA < 60 ml/min/1.73 m2) of the cases, respectively (17 patients were in stage 3 of CKD, i.e. GFR between 59 and 30 ml/min/1.73 m2, and only one was in stage 4 of CKD, i.e. GFR between 29 and 15 ml/min/1.73 m2). Misclassification of CKD occurred with all tested formulas.

DiscussionGFR determination is considered to be the best index for overall kidney function, and it is used to classify CKD. Just as early diagnosis of CKD is important, it is also important that patients with normal kidney func-tion should not inadvertently be identified as having CKD. The present guidelines from NKF/SBN recom-mend that the CG-BSA and MDRD mathematical for-mulas based on serum creatinine should be used for estimating GFR and staging CKD.8,9 These guidelines consider that, independently of age, estimated GFR < 60 ml/min/1.73 m2 for three months and over is an in-dicative of CKD. However, for diagnosing CKD among the elderly people, some authors have suggested that creatinine age-specific percentiles19 or the presence of albumin in the urine20 should be used. These sugges-tions particularly apply when GFR is between 10-15 ml/minute/1.73 m2 below the level of 60 ml/min/1.73 m2 established by the NKF for defining CKD.6,19 Other authors have suggested that serum cystatin C may be a better GFR marker than creatinine among elderly individuals.21

It is known that the production of creatinine varies considerably within and between individuals, thus giv-ing rise to variability in serum creatinine values. This may not allow trustworthy estimation of kidney func-

tion using only one assessment of creatinine values, particularly among patients who are very ill, as well as among children and the elderly people.22 For example, in an assessment on the criteria for chronicity of CKD according to the NKF, Eriksen and Ingebresten report-ed that out of 37% of the patients who were initially classified as presenting stage 3 CKD, only 16% retained this classification after one year of observation.23 The mean age of this group was 76.4 years. The relevance of creatinine variability can also be observed in the pres-ent study. The creatinine values used for patient selec-tion for assessment of GFR by means of 51Cr-EDTA were significantly higher than those found on the day of the GFR determination using 51Cr-EDTA (median interval between the two creatinine tests of 102.5 days; range 9-368 days). Creatinine variability was not relat-ed to technical problems in its determination, since the CV for this evaluation was 0.018.

Studies comparing the accuracy of the CG-BSA and MDRD formulas for CKD detection among the elderly people are available, but they are difficult to extrapolate because of the different ethnic groups in-volved in the populations studied. They also use dif-ferent methods for determining serum creatinine lev-els, frequently without using creatinine calibration. In addition, they use different gold standards. Using the same gold standard as in the present study, Lamb et al. assessed 52 Caucasian patients with a mean age of 80 years, and concluded that there was a small advantage in using the MDRD formula, over using CG-BSA for estimating GFR.24 Wasen et al., assess-ing 1246 elderly subjects with a mean age of 74 years, described a good correlation between cystatin C and both CG-BSA and MDRD. In that study, however, no gold standard was used for measuring GFR.25

Brazil is a country with high levels of ethnic mis-cegenation. In such a population, use of the MDRD formula could be expected to lead to some distortions. Among American Afro-descendents, for example, the results obtained with this formula need to be multi-plied by 1.21, in order to correct for the greater muscle mass of this ethnic group. For the inverse reason, the results must be multiplied by 0.881 among Asian de-scendents.26 Despite the ethnic heterogeneity observed in the present study (17 out of 40 patients with GFR assessed by means of 51Cr-EDTA declared themselves to be non-white: two as black, six as mixed and nine as Asian), the performance of the MDRD formula was identical to that of the CG-BSA formula. This may have been because, in Brazil, the ethnic phenotype does not correlate well with the ethnic genotype.27

Taking into consideration the several existing for-mulas for GFR estimation from serum C cystatin, it was decided for the present study to test the formula of Hojs et al, since it was developed in a comparative

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study between CG-BSA and MDRD. Their method-ology was identical to the one used in the present study, with serum cystatin C levels assessed by immu-nonephelometry in the Dade Behring BNII apparatus, using GFR obtained from 51Cr-EDTA as the gold stan-dard. Unlike those authors, the present study found this formula to be inferior to CG-BSA and MDRD for GFR estimation. In the study carried out by Hojs et al., it was not possible to precisely assess the mean age of the participants, since patients aged 55 years and over were grouped for sub-analysis. In the present study, cystatin C and creatinine correlated well with the GFR estimated from 51Cr-EDTA, without appar-ent superiority of one marker over the other. Using a serum cystatin C-based formula for GRF estimation that differed from the one used in the present study.

Serum levels of cystatin C have been reported as being superior to those of serum creatinine for esti-mation of GFR among the elderly people, especially because they are not dependent upon the reduced muscle mass of the elderly people, as it is the case with creatinine assessments. This idea was serious-ly challenged by a recent American cross-sectional study involving 3418 patients, in which the cystatin C levels were 4.3% smaller for each 20-year increment of age, and was also 9.2% smaller for women and 1.9% smaller for the Afro-American ethnic group.28

It is certain that the present study has several limi-tations such as the small number of patients which limited the statistical power for group comparisons, a variable interval between the first and second cre-atinine assessments, and a large number of women (perhaps related to the manner in which the patients

were selected). On the other hand, several positive points were also present, such as the GFR determina-tion using a proper gold standard (51Cr-EDTA), si-multaneously with the serum assessments of cystatin C and creatinine, and creatinine calibration with the MDRD study. Regarding the sample group, these were community-dwelling elderly individuals who were fully capable of walking, with a low likelihood of acute kidney failure, no apparent inflammatory or neoplastic diseases and no use of corticosteroids (fac-tors that might have influenced the interpretation of serum levels of cystatin C.29

From the GFR estimation equations investigated, the MDRD and CG-BSA formulas presented similar accuracy, and both of these tended towards better ac-curacy than observed for the Hojs formula. This could not be fully confirmed because of the slight overlap-ping of confidence intervals. This, in addition to the much higher cost of cystatin C assessment, leads to the conclusion that both the MDRD and the CG-BSA formula may be used for CKD screening among the elderly population of southern Brazil. This find-ing will hold true until larger studies exploring the question of ethnicity in relation to GFR estimation by means of the MDRD formula become available. It should be stressed that all formulas used for GRF es-timation in our study resulted in considerable impre-cision. Physicians need to be aware of the limitations of these formulas for CKD screening, specially in the aged.

Conflict of interestThe authors declare that there is no conflict of interests.

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GFR Estimation Formulas for Detecting CKD | 53

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54 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIAartigo or iginal

resumo Introdução: A utilização de questionários para avaliação de rendimento de próteses auditivas é relevante na prática clínica da fonoaudiologia, pois fornece ao profissional dados que o auxiliam no acompanhamento dos pacientes. No Brasil e no mundo, são muitos os modelos de questionários propostos. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi estu-dar o questionário Internacional de Avaliação dos Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (qI-AASI) verifi-cando se a aplicação dele interfere na qualidade da resposta do paciente. Métodos: Foram avaliados os resultados do qI-AASI de 400 pacientes idosos, alfabetizados e usuários de prótese auditiva, que foi aplicado em dois momentos: primeiro, o paciente respondeu às perguntas sozinho (autoaplicação) e, em um segundo momento, o pesquisador reaplicou o questionário fazendo as mesmas perguntas. Resultados: Os resultados revelam que não há diferença estatisticamente significante entre as respostas dadas pelo paciente no momento da autoavaliação ou no momento da aplicação pelo profissional. Conclusão: O instrumento apresenta resultados semelhantes quando autoaplicados pelo fonoaudiólogo.

coMPaRinG Results oF Qi aasi QuestionnaiRe aPPlication

in elDeRly Patients witH HeaRinG aiDs

aBsTracTIntroduction: The use of questionnaires for the evaluation of auditory prosthesis output is very important in the clinical practice of speech-language pathology because it supplies the professional with important data that aids in patient follow-up. In Brazil and the rest of world there are many proposed models. Objective: The objective of this paper is to study the International questionnaire for the Evaluation of Individual Sound Amplification Devices to verify if its application by the researcher interferes in the quality of the patient’s answer. Methods: The results of the questionnaire were evaluated in 400 elderly, literate patients, who used auditory prostheses; this was applied at two moments – first the patient answered the questions by himself (self-application) and secondly the researcher reap-plied the questionnaire asking the questions himself. Results: The results revealed that there was no significant dif-ference statistically among the answers given by the patients during self-evaluation or during the application by the professional. Conclusion: The instrument has similar results when applied by the patient or by the speech therapist. 

coMPaRanDo ResultaDos

De aPlicações De QuestionáRio

Qi-aasi eM iDosos PRotetiZaDos

Ângela Ribasa, Giselle Massib, Bianca Zeigelboimc

a Fonoaudióloga, Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano. Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná. Responsável pela coleta de dados, descrição e análise dos resultados e elaboração do manuscrito.b Fonoaudióloga, Doutora em Linguística. Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná. Participou da análise dos dados e elaboração do manuscrito.c Fonoaudióloga, Doutora em Distúrbios da Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná. Participou da análise dos dados e elaboração do manuscrito.

Dados para correspondência Ângela Ribas – Rua José Izidoro Biazetto, 845, ap. 501, Curitiba - PR CEP 81200-240 – (41) 33317816 – [email protected]

Palavras-chave Fonoaudiologia,

auxiliares de audição, surdez, satisfação,

idoso.

Keywords Speech, language

and hearing sciences, deafness, aged, hearing aids,

satisfaction.

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Aplicação do QI-AASI em Idosos | 55

inTroDuçãoA situação da assistência à pessoa idosa com deficiên-cia no Brasil ainda apresenta um perfil de fragilidade, desarticulação e descontinuidade de ações nas esferas pública e privada. No âmbito assistencial, a maioria dos programas se revela bastante centralizada e atende a um reduzido número de idosos deficientes, além de não contemplar experiências comunitárias. Mais ainda: seus resultados raramente são avaliados.1

Nesse sentido, convém ressaltar que esses idosos so-frem uma violência indireta na medida em que lhes são negados cuidados necessários operados pela gestão pú-blica. As violências contra os idosos se manifestam de forma estrutural, interpessoal e institucional. A violên-cia estrutural diz respeito à que ocorre pela desigualdade social; a interpessoal refere-se às interações e relações cotidianas; a institucional vincula-se à omissão na gestão de políticas sociais e de instituições assistenciais.2

Assim, a avaliação da qualidade dos serviços públicos é um requisito indispensável quando o tema é saúde, e sua busca se faz presente em virtude da necessidade de aten-der exigências de uma população ciente de seus direitos.3

No contexto das ciências sociais, são três os princi-pais caminhos para a obtenção de dados que permitam compreender determinada situação: a) observação do comportamento em ambiente real (estudo de caso); b) observação do comportamento em situações artificiais (experimento); c) aplicação de questionários sobre o que as pessoas fazem e pensam (survey).4 A utilização de questionários administrados em interação pessoal tem se mostrado uma ferramenta interessante para coleta de dados, pois é um método que tem a vantagem de permi-tir acesso a informações ricas em detalhes.

Segundo Günther,4 o questionário pode ser defini-do como um conjunto de perguntas sobre determinado tópico de interesse que mede a opinião do respondente e seus interesses sobre determinado tema. Para tanto, o questionário deve avaliar algo existente e levantar as ne-cessidades de algo que não existe, permitindo a distinção entre existência ou falta de algo externo ao indivíduo.

O questionário é uma das maneiras mais populares para coletar dados. As respostas podem ser quantifica-das facilmente. Para os autores, o questionário pode ser utilizado em entrevista face a face ou de forma que o respondente preencha as informações autonomamente. Como vantagens do questionário tem-se o uso eficien-te do tempo, já que o instrumento pode ser preenchido no ritmo do respondente, e perguntas padronizadas. A vantagem dos itens padronizados é que o pesquisador controla o estímulo, o que facilita a análise.5

Os autores referem que uma das dificuldades apre-sentadas pelo questionário em pesquisas de diversas na-turezas é que ele não é um bom instrumento para obten-ção de explicações. Afirmam que, na administração do questionário, quando os mesmos itens são apresentados

da mesma maneira, qualquer variação na resposta é o verdadeiro reflexo da variedade de visões e circunstân-cias dos respondentes. Uma motivação para o respon-dente preencher fidedignamente o questionário é identi-ficar alguma vantagem para si próprio.

Entrevistas estruturadas são similares ao questioná-rio porque tanto as perguntas como as respostas são es-truturadas e permitem a aplicação em populações que não conseguem responder sozinhas ao instrumento. Uma das vantagens da entrevista estruturada é a reduzi-da possibilidade de o pesquisador influenciar, de modo a levar tendenciosidade à entrevista.

Para Moreira e Caleffe,5 qualquer que seja o tipo de en-trevista utilizado, o fato de o pesquisador estar diretamen-te envolvido em um contato face a face com o entrevistado significa, inevitavelmente, que a presença do pesquisador tem algum tipo de influência nos dados fornecidos por ele.

Com o advento da Portaria de Saúde Auditiva no Bra-sil,6 cresceu a necessidade de se avaliarem os benefícios das ações dos serviços de média e alta complexidade que avaliam a audição, protetizam e acompanham pacientes idosos portadores de deficiência auditiva.

Um instrumento largamente utilizado no Brasil é o Questionário Internacional de Avaliação dos Apare-lhos de Amplificação Sonora Individual (QI-AASI), que consta no anexo da Portaria de Saúde Auditiva. Esse instrumento verifica dados normativos referentes a de-ficientes auditivos em situações de escuta na vida diária que permitem a comparação das respostas sem e com ajuda do aparelho auditivo, possibilitando determinar o grau do benefício e a satisfação do usuário.7

O questionário é composto por oito questões que avaliam a eficácia do uso do aparelho auditivo e a evo-lução do tratamento de reabilitação audiológica nos in-divíduos protetizados, contendo os seguintes aspectos: investigação sobre o uso diário, benefício, limitação de atividades do cotidiano, satisfação do uso da prótese au-ditiva, restrição da participação nas atividades diárias, impactos da perda auditiva, qualidade de vida e grau da dificuldade auditiva.

O questionário contém cinco opções de respostas que se organizam do pior desempenho para o melhor, e o paciente deverá optar apenas por uma resposta, aquela que mais caracterize o resultado da adaptação da prótese auditiva.

Esse questionário foi idealizado para ser autoaplica-do. Por isso, as questões são de fácil interpretação e aces-so para usuários de aparelho auditivo. Porém, em alguns serviços de saúde auditiva, o questionário vem sendo aplicado aos pacientes pelos profissionais fonoaudiólo-gos porque o usuário da prótese não possui condições de respondê-lo sozinho.8

Com a finalidade de orientar os fonoaudiólogos quanto à melhor maneira de utilização do questionário, estabeleceu-se como objetivo deste trabalho verificar

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56 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIA

se existe diferença significativa entre as duas formas de aplicação do QI-AASI em uma população idosa, ou seja, quando o instrumento é autoaplicado e quando o usuá-rio é entrevistado pelo fonoaudiólogo.

maTerial e mÉToDoEste estudo foi realizado no Laboratório de Audiologia da Clínica de Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) com pacientes oriundos do Programa de Saúde Auditiva da instituição.

Foram analisados os resultados do QI-AASI em 400 pacientes idosos alfabetizados, portadores de perda audi-tiva e usuários de aparelho auditivo unilateral ou bilateral.

O questionário QI-AASI (Anexo 1) foi aplicado em dois momentos:

1. Autoaplicação do questionário (o paciente leu e res-pondeu às perguntas sozinho). O tempo foi crono-metrado.

2. Após um período de, no mínimo, 30 minutos o pesquisador reaplicou o questionário (o pesquisa-dor fez as perguntas). O tempo foi cronometrado.

Os dados obtidos foram digitados em planilha ele-trônica e tratados estatisticamente. Aplicou-se o teste de diferença de proporções, sendo considerado o nível de significância de 0,05 (5%), onde a diferença será signifi-cativa se p <0,05.

Outro aspecto avaliado foi o tempo gasto pelo pa-ciente para responder ao questionário, nos dois momen-

tos. Para realizar a comparação dos dados utilizamos o teste t de Student para dados pareados, considerando o nível de significância de 0,05.

Todos os pacientes que participaram do estudo assi-naram um termo de consentimento livre e esclarecido autorizando o uso dos dados coletados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos e Animais da Universidade Tuiuti do Paraná (CEP-UTP n.º 027/2008).

resulTaDos Participaram desta pesquisa 400 idosos deficientes audi-tivos oriundos do Programa de Saúde Auditiva da UTP, sendo 240 do sexo feminino e 160 do sexo masculino, com idades compreendidas entre 56-86 anos e média de idade de 65 anos. Dentre todos os idosos avaliados, 34% apresentavam indicação de aparelho auditivo unilateral, e 66%, bilateral.

A seguir são apresentados os resultados referentes a cada uma das questões contidas no questionário, compa-rando-se os dados obtidos na autoaplicação e na forma de entrevista.

A Tabela 1 refere-se à análise dos resultados inerentes às perguntas 1, 2 e 3 do questionário (ver Anexo 1). Es-sas questões avaliam o tempo de uso da prótese auditiva na relação hora por dia, o benefício causado e o grau de dificuldade encontrado para compreender a fala mesmo utilizando a prótese.

Tabela 1 Distribuição dos respondentes segundo o tempo de uso diário, benefício e limitação

Tempo autoaplicação entrevista p

não usou 12 (3%) 12 (3%) 1, 0000

menos que 1 hora 24 (6%) 4 (1%) 0, 0558

entre 1-4 horas 68 (17%) 72 (18%) 0, 8526

entre 4-8 horas 92 (23%) 200 (25%) 0, 7409

mais que 8 horas 204 (51%) 212 (53%) 0, 7774

situação autoaplicação entrevista p

não resposta 8 (2%) 8 (2%) 1, 0000

não ajudou 8 (2%) 4 (1%) 0, 5614

ajudou pouco 48 (12%) 20 ( 5%) 0, 0775

ajudou moderadamente 44 (11%) 56 (14%) 0, 5220

ajudou bastante 136 (34%) 140 (35%) 0, 8819

ajudou muito 156 (39%) 172 (43%) 0, 5659

Dificuldade autoaplicação entrevista p

não resposta 4 (1%) 0 (0%)

muita dificuldade 20 (5%) 8 (%) 0, 2498

Bastante dificuldade 52 (13%) 24 (6%) 0, 0930

Dificuldade moderada 104 (26%) 108 (27%) 0, 8729

Pouca dificuldade 144 (36%) 152 (38%) 0, 7699

nenhuma dificuldade 76 (19%) 108 (27%) 0, 1804

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Aplicação do QI-AASI em Idosos | 57

A Tabela 2 refere-se à análise dos resultados ineren-tes às perguntas 4, 5 e 6 do questionário. Essas questões avaliam se o usuário percebe que usar a prótese “vale a

pena”, se o uso auxiliou a minimizar os efeitos da perda auditiva e se o seu problema auditivo, mesmo com o uso da prótese, aborrece os outros.

Tabela 2 Distribuição dos respondentes segundo satisfação do uso e restrição na participação das atividades diárias

usar autoaplicação entrevista p

não resposta 4 (1%) 0 (0%)

não vale a pena 4 (1%) 0 (0%) 0, 3173

vale pouco a pena 20 (5%) 8 (2%) 0, 2498

vale moderadamente a pena 28 (7%) 20 (5%) 0, 5522

vale bastante a pena 124 (31%) 172 (43%) 0, 0804

afetaram autoaplicação entrevista p

não resposta 20 (5%) 8 (2%) 0, 2498

afetaram muito 20 (5%) 16 (4%) 0, 7334

afetaram bastante 44 (11%) 28 (7%) 0, 3242

afetaram moderadamente 48 (12%) 56 (14%) 0, 6746

afetaram pouco 144 (36%) 108 (27%) 0, 1722

não afetaram 124 (31%) 184 (46%) 0, 0305

A Tabela 3 refere-se à análise dos resultados inerentes às perguntas 7 e 8 do questionário. Essas questões avaliam

a melhora da qualidade de vida após a adaptação da pró-tese e o nível de dificuldade auditiva antes da protetização.

Tabela 3 Distribuição dos respondentes segundo o impacto causado pela perda auditiva em terceiros, a qualidade de vida e o grau da dificuldade auditiva

aborreceram autoaplicação entrevista p

não resposta 16 (4%) 8 (2%) 0, 4081

aborreceu muito 16 (4%) 4 (1%) 0, 1758

aborreceu bastante 36 (9%) 28 (7%) 0, 6028

aborreceu moderadamente 36 (9%) 52 (13%) 0, 3671

aborreceu pouco 100 (25%) 96 (24%) 0, 8696

alegria autoaplicação entrevista p

não resposta 4 (1%) 0 (0%)

Pior ou menos alegria 4 (1%) 4 (2%) 0, 5614

não houve alteração 24 (6%) 14 (6%) 1, 0000

Pouco mais de alegria 96 (24%) 60 (15%) 0, 1098

Bastante alegria 120 (30%) 160 (40%) 0, 1398

muito mais alegria 152 (38%) 148 (37%) 0, 8840

quantidade autoaplicação entrevista p

não resposta 4 (1%) 0 (0%)

severa 116 (29%) 136 (34%) 0, 4475

moderadamente severa 80 (20%) 84 (21%) 0, 8611

moderada 148 (37%) 148 (37%) 1, 0000

leve 44 (11%) 16 (8%) 0, 4702

nenhuma 8 (2%) 0 (0%) 0, 1568

Com relação ao tempo gasto pelo paciente para res-ponder ao questionário, observamos que a média, em minutos, no momento da autoaplicação foi de 4,50 min,

com desvio-padrão de 3,41 min. No momento em que o questionário foi aplicado pelo fonoaudiólogo, a média foi de 3,41 min, com desvio-padrão de 1,79 min.

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58 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIA

Aplicado o teste t de Student para dados pareados, registramos p = 0,0006. Considerando o nível de signifi-cância de 0,05, verifica-se que a diferença é significativa, pois p <0,05, mostrando que o tempo médio antes (A) é significativamente maior que o tempo médio depois (B).

DiscussãoSabe-se que a deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento do indivíduo e, nesse sentido, para a integração social da pessoa idosa. Considerando que a audição é essencial para os usos e o domínio da lingua-gem oral, sua deficiência não só influi no relacionamento social, mas também cria lacunas nos processos psicoló-gicos de integração de experiências, afetando o equilí-brio e a capacidade de desenvolvimento pessoal.9

Uma das formas de diminuirmos o impacto da per-da auditiva na vida de um idoso é pelo uso de prótese auditiva. Russo10 afirma que esses aparelhos, quando bem adaptados, oferecem vários benefícios ao indivíduo que os usa de forma efetiva, pois permitem resgatar a percepção dos sons da fala, além dos sons ambientais, promovendo a melhora de práticas comunicacionais e, consequentemente, das condições psicossociais. Depois da indicação e adaptação da prótese, é fundamental que o usuário seja acompanhado por um fonoaudiólogo, que deve, rotineiramente, avaliar os benefícios trazidos pela prótese. Essa avaliação auxilia na verificação dos contro-les do aparelho e permite a intervenção rápida, quando houver algum problema.

Optou-se, nesta pesquisa, pela utilização do QI-AASI, pois ele investiga de forma direta os benefícios que a pró-tese auditiva traz para o usuário. Dos 400 entrevistados que compõem a amostra deste estudo, 100% consegui-ram respondê-lo sem dificuldades.

Bucuvic e Iório11 afirmaram que os questionários de autoavaliação surgiram a partir da necessidade de identificar as dificuldades de cada indivíduo durante o processo de intervenção. Através da avaliação subjetiva por meio desses questionários, medindo as consequên-cias da perda de audição e os benefícios fornecidos pela prótese auditiva, é possível afirmar que há uma mini-mização dos efeitos da perda auditiva na vida social e pessoal dos idosos.

Não foi observada diferença estatisticamente signifi-cante nas respostas dos idosos que compuseram a amos-tra, entre as duas formas de aplicação do QI-AASI (ver Tabelas 1-3). Pode-se afirmar, portanto, que o examina-dor não interferiu na resposta do indivíduo entrevistado. Tal dado não concorda com a afirmação de Moreira e Caleffe,5 que afirmam haver, inevitavelmente, influência nos dados fornecidos pelo entrevistado quando o entre-vistador está face a face com ele.

Ao serem analisadas as respostas individualmente, verifica-se que existe consistência nas alternativas elen-cadas pelos respondentes, o que permite inferir que o

questionário QI-AASI pode ser aplicado aos usuários de aparelhos auditivos das duas maneiras distintas.

Com relação ao tempo gasto durante as duas formas de resposta ao QI-AASI, a análise estatística revelou di-ferença significante, ou seja, gasta-se mais tempo para o questionário ser respondido pelo usuário quando ele é autoaplicado.

Porém, uma análise qualitativa demonstra que a dife-rença em segundos é pequena, ou seja, o usuário levou 50 segundos a mais para responder o questionário sozinho, o que não comprometeu a qualidade das respostas. De qual-quer forma, essa necessidade de um tempo maior para responder ao questionário sem a interferência do fonoau-diólogo pode estar relacionada ao fato de o usuário apre-sentar uma relação restrita com a leitura e com a escrita.

Conclui-se, portanto, que o fato de o fonoaudiólogo aplicar o instrumento reduz o tempo gasto com a entre-vista, porém tal fato não é preponderante no que se refe-re à aceitabilidade e confiabilidade do instrumento, e não deve ser considerado um fator decisivo para a escolha de uma ou outra maneira de se aplicar o questionário, tendo em vista a pequena diferença de tempo registrada. Contudo, convém ressaltar que todos os idosos partici-pantes da pesquisa são alfabetizados e responderam ao instrumento da pesquisa com autonomia.

Com relação a essa questão, cabe destacar que, de acor-do com a Fundação Perseu Abramo,12 49% da população idosa brasileira é considerada analfabeta, sendo que, desse total, 4% afirmam só saber ler e escrever o próprio nome e 22% consideram a leitura e a escrita atividades penosas, seja por deficiências no aprendizado, seja por problemas de saúde ou por ambos os motivos. Dessa forma, esse tra-balho volta-se para uma parcela de idosos brasileiros que, diferentemente de parte significativa dessa população, en-contra-se alfabetizada e indica a necessidade do desenvol-vimento de outras pesquisas que se ocupem com idosos com deficiência auditiva que sejam analfabetos.

Nessa direção, entendemos estar trabalhando para minimizar violências que estão sendo imputadas aos idosos no que se refere às desigualdades sociais, intera-cionais e de omissão das gestões públicas e privadas, in-cluindo os atendimentos fonoaudiológicos voltados para a protetização.

conclusÕesEsta pesquisa permitiu concluir:

O fato de o fonoaudiólogo aplicar o questionário QI-AASI não interfere na qualidade da resposta do pa-ciente idoso com deficiência auditiva e alfabetizado.

O tempo gasto pelo paciente idoso com deficiência auditiva e alfabetizado para responder ao questionário é menor quando o fonoaudiólogo faz as perguntas.

Existe necessidade do desenvolvimento de outros es-tudos que, a partir deste, envolvam-se com idosos defi-cientes auditivos analfabetos.

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Aplicação do QI-AASI em Idosos | 59

reFerências

1. Organização Mundial da Saúde. Deafness and hearing impairment. Disponível em: www.who.int/mediacentre/factsheets. Acesso em 25/5/11.

2. Minayo MC. Violência contra idosos: o avesso do respeito à ex-periência e à sabedoria. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2005.

3. Volpato LF, Meneghim MC, Pereira AC, Ambrosano GMB. Plane-jamento da qualidade nas unidades de saúde da família, utilizando o desdobramento da função qualidade (QFD). Cad. Saúde Pública. 2010; 26:1561-72.

4. Günther H. Como elaborar um questionário. Planejamento e pes-quisa nas ciências sociais. Brasília: Laboratório de Psicologia Am-biental da UNB, 2003.

5. Moreira H, Caleffe LG. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

6. Brasil. Portaria GM/MS n.º 2.073. Institui a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

7. Cox RM, Alexandre GC. The International Outcomes Inventory for Hearing Aids (IOI-HA): Psychometric properties of the English version. International Journal of Audiology. 2002; 41(1):3-26.

8. Lopes C, Ribas A. Comparando resultados do questionário QI-AASI em pacientes da clínica de fonoaudiologia da Univer-sidade Tuiuti do Paraná. Trabalho de conclusão curso. Curitiba: UTP, 2009.

9. Teixeira C. Estudo avaliativo da política de atenção à saúde auditiva. Tese. Recife: UFPE, 2007.

10. Russo ICP. Distúrbios de audição: a presbiacusia. Intervenção fo-noaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Revinter, 1999.

11. Bucuvic EC, Iório MCM. Benefício e dificuldades auditivas: um estudo em novos usuários de prótese auditiva após dois e seis me-ses de uso. Fono Atual. 2004; 7:19-29.

12. Fundação Perseu Abramo. Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Serviço Nacional do Co-mércio, 2007.

aneXo 1 quesTionÁrio qi-aasi1. Pense no tempo em que você usou o aparelho nas úl-

timas duas semanas. Durante quantas horas usou o aparelho auditivo em um dia normal?( ) Não usou ( ) Menos que 1 hora por dia( ) Entre 1-4 horas por dia ( ) Entre 4-7 horas por dia ( ) Mais que 8 horas por dia

2. Pense em que situação gostaria de ouvir melhor, antes

de obter o seu aparelho auditivo. Nas últimas duas se-manas, como o aparelho auditivo ajudou nessa mesma situação?( ) Não ajudou nada( ) Ajudou pouco ( ) Ajudou ( ) Ajudou bastante ( ) Ajudou muito moderadamente

3. Pense novamente na mesma situação em que gostaria de ouvir melhor, antes de obter o seu aparelho audi-tivo. Que grau de dificuldade AINDA encontra nessa mesma situação usando o aparelho de amplificação sonora individual?( ) Muita dificuldade( ) Bastante dificuldade ( ) Dificuldade moderada( ) Pouca dificuldade ( ) Nenhuma dificuldade

4. Considerando tudo, acha que vale a pena usar o apa-relho auditivo?( ) Não vale( ) Vale pouco( ) Vale moderadamente( ) Vale bastante( ) Vale muito

5. Pense nas últimas duas semanas, usando o aparelho auditivo. Quanto os seus problemas de ouvir o afeta-ram nas suas atividades?( ) Afetaram muito( ) Afetaram bastante( ) Afetaram moderadamente( ) Afetaram pouco( ) Não afetaram

6. Pense nas últimas duas semanas, usando o aparelho

auditivo. Quanto os seus problemas de ouvir aborre-ceram (ou afetaram) outras pessoas?( ) Aborreceu muito( ) Aborreceu bastante ( ) Aborreceu moderadamente( ) Aborreceu pouco( ) Não aborreceu

7. Considerando tudo, como acha que o seu aparelho au-

ditivo mudou a sua alegria de viver ou o gozo da vida?( ) Pior( ) Não houve alteração( ) Pouco mais alegria( ) Bastante alegria( ) Muito mais alegria

8. Quanta dificuldade auditiva você tem quando não está usando a prótese auditiva?( ) Severa( ) Moderadamente severa( ) Moderada( ) Leve( ) Nenhuma

Tempo em minutos utilizado na autoaplicação: ________

Tempo em minutos utilizado na entrevista: __________

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60 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIAartigo de revisão

resumo Os fundamentos elaborados e sistematizados nesta revisão versam sobre os efeitos do condicionamento físico sobre o sistema imunológico de idosos diante da imunossenescência, visto que, atualmente, os temas envelhecimento e saúde têm merecido especial atenção em virtude do aumento exponencial da população de idosos no mundo. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sistemático acerca dos principais efeitos do con-dicionamento físico sobre a expressão de células e citocinas do sistema imunológico de idosos. Para contextualizar essa análise, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs e Bireme. Foram selecionados estudos que incluíram no título os descritores: immunosenescence, aging, older aldults ou elderly, exer-cise, physical therapy ou exercise therapy e seus equivalentes em português. A contribuição do estudo é investigar se uma ferramenta simples e de baixo custo, a atividade física, pode ter eficácia também no sistema imunológico, considerando que já estão bastante elucidados os benefícios da prática regular de exercícios em outros sistemas do organismo, assim como em populações mais jovens. De modo geral, a atividade física prolongada e customizada para indivíduos idosos tem sido apontada como preditor importante da longevidade humana, pois repercute em todos os sistemas corporais e, em especial, no sistema imunológico, auxiliando na regulação das respostas imunes, reforçando a atividade das células NK, equilibrando o balanço das citocinas proinflamatórias e anti-inflamatórias, orquestrando melhor resposta aos antígenos e, sob um ponto de vista global, ajudando a reverter ou minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento sobre o sistema imunológico.

tHe eFFects oF PHysical conDitioninG on tHe iMMunosenescence

aBsTracTThe foundations elaborated and systematized in this review deal with the effects of fitness on the immune system of elderly front of immunosenescence, since currently the aging and health issues have received special attention due to the exponential increase of the elderly population in the world. This work aims to conduct a systematic literature review on the main effects of physical conditioning on the expression of cytokines and cells of the immune system of elderly people. In order to contextualize this analysis, we performed a literature search in MEDLINE, SciELO, BIRE-ME, and LILACS. We selected studies that included the keywords in the title: immunosenescence, aging, older al-dults or elderly, exercise, physical therapy or exercise therapy and its equivalent in Portuguese. The contribution of this study is to investigate whether a simple and low cost, physical activity, can be effective also in the immune sys-tem, whereas already well elucidated the benefits of regular exercise in other body systems as well as in younger po-pulations. In general, prolonged physical activity and customized for the elderly has been identified as an important predictor of human longevity therefore affects all body systems and especially in the immune system, aiding in the regulation of immune responses by enhancing the activity of NK cells, balancing the balance of pro-inflammatory and anti-inflammatory cytokines (de acordo), orchestrating a better response to antigens, and, under a global point of view, helping to reverse or minimize the deleterious effects of aging on the immune system.

eFeitos Do conDicionaMento FÍsico

soBRe a iMunossenescência

Márcia cristina Gomes dos anjosa,

luiz Fernando de souza Passosb, adriana Malheiroc

a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM.b Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Manaus, AM.c Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Manaus, AM.

Dados para correspondência Márcia Cristina Gomes dos Anjos – Escola Superior de Ciências da Saúde ESA/UEA. Avenida Carvalho Leal, 1.777, Cachoeirinha, Edifício Adriano Jorge, Manaus/AM. Telefone: (92) 3214-9701 – [email protected]

Palavras-chave Envelhecimento,

aptidão física, sistema imunológico,

imunossenescência, condicionamento

físico.

Keywords Aging, physical

fitness, immune system, immune

system.

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Condicionamento Físico e Imunossenescência: Repercussão do Exercício na Terceira Idade | 61

inTroDuçãoO envelhecimento é compreendido como a soma de to-das as alterações biológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o passar dos anos, com vários efeitos de-letérios que podem prejudicar a qualidade de vida dessa população. Portanto, como o envelhecimento está asso-ciado a limitações fisiológicas e funcionais, algumas me-didas devem ser tomadas para garantir bem-estar, higi-dez e vitalidade aos idosos.1

O sistema imunológico sofre uma série de mudanças durante toda a vida. Essas mudanças compreendem alte-rações de ordem morfológica e funcional que atingem seu pico na puberdade e declínio gradual no envelhecimento.

Sabe-se que, além do declínio natural, o sistema imu-nológico também pode ser afetado por outros fatores, como condições nutricionais inadequadas, níveis exage-rados de estresse e doenças, podendo gerar um somató-rio de comprometimentos funcionais.

O termo imunossenescência usualmente refere-se às disfunções do sistema imunológico relacionadas à idade que contribuem para a maior incidência de doenças in-fecciosas ou mesmo crônicas degenerativas, como hiper-tensão, câncer, afecções reumáticas, aterosclerose, coro-nariopatias, todas prevalentes na população de idosos.2

O declínio da função imune normalmente está evi-denciado no rompimento da cascata de sinalização das células T, baixa resposta a estímulos mitógenos, dimi-nuição da produção de interleucina 2 (IL-2), deficiência na ativação e, consequentemente, proliferação de células T, declínio na expressão de moléculas coestimulatórias como a CD28, queda na porcentagem de linfócitos T CD28+, aumento da produção de citocinas proinflama-tórias como IL-1, IL-6 e TNF-α, perda do equilíbrio Th1 e Th2, entre outros.3

Em face da gama de evidências epidemiológicas que sustentam o efeito positivo de um estilo de vida ativo e da necessidade do envolvimento dos indivíduos com a atividade física, é imprescindível a investigação dos be-nefícios que a adoção de um programa regular de ati-vidades acarreta para a saúde em geral, principalmente para compor as bases dos programas mundiais de polí-ticas públicas de promoção do bem-estar geral e preven-ção de doenças.

A participação efetiva em um programa de exercícios físicos – sejam aeróbicos, com utilização de oxigênio pelo músculo para produção de energia, sejam anaeró-bicos, para fortalecimento muscular – fornece inúmeras respostas favoráveis que contribuem para o envelheci-mento saudável.4

Cipriani et al.5 destacam que uma das principais for-mas de evitar, minimizar e/ou reverter a maioria dos de-clínios físicos, sociais e psicológicos que frequentemente acompanham os idosos é a atividade física, demonstrando que ela está constantemente associada a melhoras signifi-cativas nas condições de saúde, como o controle do estres-

se, da obesidade, do diabetes, das doenças coronarianas e, principalmente, a melhora da aptidão funcional do idoso, alcançada através da redução da sarcopenia nessa popula-ção. Desse modo, além dos benefícios citados, é possível realizar a profilaxia de quedas, que é um agravo prevalente e de alta morbidade e letalidade nessa faixa etária.

A motivação para a realização do presente estudo foi a seguinte questão: a atividade física exerce influência sobre o perfil de mediadores celulares e humorais da res-posta imune em idosos?

Nesta revisão, de maneira sucinta e acessível, tentare-mos contextualizar a imunologia com a atividade física. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica de arti-gos nacionais e internacionais relacionados ao tema.

maTeriais e mÉToDosUtilizando-se os descritores immunosenescence, aging, older aldults ou elderly, exercise, physical therapy ou exer-cise therapy e seus equivalentes em português, foram rastreados artigos que filtrassem as palavras-chave pes-quisadas no título ou em resumos publicados no período de março de 1980 a outubro de 2011 nas bases de dados eletrônicas Medline, Scielo, Lilacs e Bireme nos idiomas inglês e português.

Foram selecionados apenas os artigos que atendiam ao objetivo proposto, ou seja, discutir os efeitos do con-dicionamento físico sobre a imunossenescência, os quais foram lidos cuidadosa e criticamente.

resulTaDos e DiscussãoOs resultados da busca perfizeram um total de 53 arti-gos, dos quais foram analisados 42 artigos científicos dis-tribuídos em 33 estudos publicados em inglês e 9 estudos publicados em português. Dentre os estudos analisados, merece destaque o trabalho publicado por Kohut e Sen-china,6 visto que enquadra-se como uma das mais com-pletas revisões publicadas acerca da imunossenescência versus atividade física.

A partir da análise dos artigos verificaram-se os efei-tos positivos, negativos ou nulos dos programas de exer-cícios físicos implementados para verificação das respos-tas imunes alcançadas.

envelhecimento e alterações da resposta imune: imunossenescênciaO envelhecimento humano tem sido alvo de debates e dis-cussão nos últimos anos. Tal fenômeno ocorre porque o envelhecimento populacional, principalmente nos países em desenvolvimento, tem crescido de forma acelerada.

No Brasil, estima-se que por volta de 2020 haverá cerca de 30 milhões de idosos, porém não apenas o nú-mero de pessoas idosas está aumentando, mas também a expectativa de vida da população. A expectativa média de vida do brasileiro, ao nascer, passou de 66,93 anos em 1991, para 72,05 anos em 2005 e 73,5 anos em 2012.7-9

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62 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIA

O envelhecimento é definido como um processo que implica diversas modificações de ordem fisiológica, psí-quica e social. No que se refere às capacidades físicas, é possível observar mudanças que ocasionam diminuição da capacidade aeróbica, da força e resistência muscula-res, declínios neuromotores, neurológicos e emocionais. Tais mudanças, sejam fisiológicas, sejam psíquicas, se re-fletem no desempenho motor, na qualidade de vida e na capacidade do indivíduo para cuidar de si mesmo.10

Imunossenescência é um termo utilizado para repre-sentar as inúmeras alterações que ocorrem no sistema imunológico associadas com o envelhecimento. Afeta tanto a imunidade inata como a imunidade adaptativa, aumentando assim a suscetibilidade dos indivíduos para adquirirem doenças infecciosas ou mesmo crônicas de-generativas, levando ao aumento da incidência de mor-bidade e mortalidade.2,11

impacto do envelhecimento sobre a imunidade inataA imunidade inata é o mecanismo de resistência natu-ral que age de forma rápida e é automaticamente ativada para responder ao agente invasor.11 Ela atua como um elemento-chave da resposta imune através da ativação de diversos componentes celulares, como macrófagos, células natural killer (NK) e neutrófilos, que fornecem a primeira linha de defesa contra patógenos.

Estudos acerca da resposta imune inata mostram que, numericamente, seus componentes – neutrófilos, monó-citos, células dendríticas e NK – estão preservados em idosos saudáveis, contudo a atividade funcional dessas células aparece comprometida em diferentes situações.12

monócitos/macrófagosAlguns estudos sugerem que o envelhecimento está as-sociado com o aumento da produção de citocinas proin-flamatórias por macrófagos. Acredita-se que elevados níveis desses mediadores podem ser responsáveis pela maioria das doenças associadas à idade porque todos compartilham uma patogênese inflamatória.13

De acordo com os achados de Larbi et al.,14 a expres-são e a função de toll like receptor (TLR 1/2) em monó-citos de adultos mais velhos é alterada provavelmente devido a defeitos na sinalização.

receptores de reconhecimento-padrão toll like receptor (Tlr)A expressão e a função de TLRs diminuem com a ida-de, resultando no aumento da produção de citocinas proinflamatórias e quimiocinas, bem como na desre-gulação do sistema imune adaptativo. A modulação do sistema imune inato ou com ligantes TLR ou com os produtos da ativação TLR pode aumentar a resistência a doenças, a resposta imune e a eficácia da vacina em pessoas idosas.15

Em estudo realizado por Van Duin et al.16 para ava-liar a influência do envelhecimento humano sobre a função e a expressão de alguns componentes da família dos TLRs, foi realizado desafio com bactérias Gram-ne-gativas, Gram-positivas, fungos e vírus em amostras de indivíduos jovens (21-30 anos) e idosos (>65 anos). Os resultados mostraram que os monócitos de adultos mais velhos expressaram níveis diminuídos de TLR 1 e 2, o que poderia contribuir para a formação de defeitos gra-ves na sinalização do sistema imune inato e o compro-metimento de uma resposta imune eficaz, tanto durante surtos infecciosos como durante a resposta à vacinação.

células natural killer (nK)As células NK desempenham papel primordial na mon-tagem de uma resposta imune inata para inibição do crescimento de tumores e metástases, e na defesa contra células infectadas por vírus;14,17 no entanto, ainda não existe consenso sobre as modificações que ocorrem na expressão e/ou função dessas células durante o envelhe-cimento.

Apesar das divergências encontradas na literatura, está bem documentado que o número de células NK aumenta significativamente com a idade. Em contra-partida, ocorre depressão da sua função, diminuição da citotoxicidade e redução da produção de citocinas e qui-miocinas por essas células.13,15

Estudos recentes apoiam a hipótese de que a eleva-da citotoxicidade das células NK está associada ao en-velhecimento saudável e longevidade, enquanto a baixa citotoxicidade está associada ao aumento da morbidade e mortalidade.14

células dendríticasAs células dendríticas (DC) são as principais células apresentadoras de antígenos (APC), importantes para a ativação de células B e T, e têm a função de iniciar uma resposta imune adaptativa.6,11

A função de apresentação de antígenos pelas DC permanece normal durante o envelhecimento saudável, porém em indivíduos idosos e frágeis ocorrem mudan-ças na expressão de moléculas coestimulatórias, o que demonstra diminuição na coestimulação entre linfóci-tos T e células apresentadoras de antígenos decorrente da baixa expressão das moléculas CD80 e CD86 nos monócitos.12

A alteração das moléculas coestimulatórias CD80/CD86 após a estimulação com ligantes TLR (TLR-1, TLR-2, TLR-4, TLR-5, TLR-7 e TLR-8) em monócitos foi investigada por Van Duin et al.16 Estes, ao compa-rarem amostras de soro (in vitro) colhidas de adul-tos jovens (21-30 anos) e adultos idosos (>65 anos) imediatamente antes da vacinação contra a influenza e aproximadamente 35 dias após a vacinação, identifi-caram defeitos generalizados na indução da expressão

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de CD80 na superfície de monócitos de adultos idosos em comparação com a população de adultos jovens. Como consequência, os indivíduos senescentes apre-sentaram diminuição da resposta à vacinação contra a influenza.

Toapanta e Ross,18 ao investigarem as respostas imu-nes de ratos (fêmeas BALB) com 12-16 semanas (adul-tas) ou 72-76 semanas de idade (idosas) infectadas com doses subletais do vírus da gripe, observaram que os ratos idosos apresentaram maior morbidade, perde-ram peso mais rapidamente e se recuperaram mais lentamente. Os achados imunológicos mostraram que, em geral, houve diminuição na cinética de infiltração das APC naturais – células dendríticas no parênquima pulmonar – relacionadas à baixa expressão de CD40 e detecção tardia de citocinas e quimiocinas no parên-quima pulmonar. O mesmo estudo constatou, também, retardo na infiltração de células NK, células TCD4+ e TCD8+ no pulmão dos ratos idosos. Em contrapartida, houve maior percentual de células TCD8+, IL-2 e ati-vação de CD69+ em ratos adultos quando comparados aos ratos idosos.

imunidade adaptativaA imunidade adaptativa é formada por células antígeno- específicas, como as células B e T, que são responsáveis não apenas por secretar anticorpos, citocinas e mediado-res inflamatórios, mas também recrutar componentes da imunidade inata durante a defesa do organismo.11

linfócitos TO envelhecimento humano está associado com diminui-ção no número e função de células T total, diminuição da diversidade e funcionalidade das subpopulações de células T CD4+ e T CD8+, e redução de células naïve na periferia.3,11,14,15

Em estudo realizado por Yan et al.,19 para identificar os efeitos da idade e do sexo em populações de linfó-citos humanos, foi observado que não existiu mudan-ça significativa na porcentagem de células T CD3+ e T CD4+ com a idade, porém houve declínio na porcen-tagem de células T CD8+ e aumento na proporção de CD4:CD8, como já relatado em estudos pregressos.

Haynes et al.,20 ao examinarem a capacidade funcio-nal de células T CD4+ de memória geradas a partir de cé-lulas naïve em camundongos transgênicos jovens e mais velhos, descobriram que o momento em que as células T CD4+ naïve se encontram pela primeira vez com o an-tígeno é o fator crucial para determinar se uma robus-ta resposta de memória será alcançada. Tal afirmação é embasada no fato de que as células de memória geradas a partir de células T CD4+ naïve de camundongos jovens responderam bem à estimulação com antígeno, em com-paração com as células T CD4+ de memória geradas de camundongos mais velhos.

linfócitos BComo foi visto anteriormente, a imunossenescência compromete funcionalmente os linfócitos T e suas sub-populações, porém causa impacto também sobre as cé-lulas B.

Nessa população de células, esse processo está as-sociado com a diminuição do número e função, como ocorre nos linfócitos T. Muitos mecanismos têm sido sugeridos para explicar esse declínio, dentre os quais a capacidade diminuída de diferenciação celular e as al-terações na sinalização intracelular.11 Além disso, a disfunção imune repercute também com as estratégias de vacinação em idosos, visto que tornam-se em parte ineficazes devido à baixa afinidade dos anticorpos pro-duzidos por linfócito B de indivíduos idosos, quando comparados com indivíduos mais jovens. Existem ainda evidências que mostram que ocorrem mudanças na se-leção das células B levando a aumento da frequência de células autorreativas durante a imunossenescência.14

Yan et al.,19 ao investigarem diferenças na imunosse-nescência entre homens e mulheres, observaram que as células B CD20+

sofrem alterações significativas com a

idade, apresentando expressiva diminuição na ativação no sexo masculino.

citocinasA produção de citocinas proinflamatórias IL-1, IL-6 e TNF-α está aumentada nos idosos, refletindo uma al-teração no padrão de regulação dessas citocinas, que podem estar associadas com os mecanismos desenca-deadores de muitas doenças típicas da idade como ate-rosclerose, demência e doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide. Uma perda do equilíbrio entre as citocinas do padrão Th1 e Th2 também foi descrita, e essa perda pode ser responsável, pelo menos em parte, pelo aumento da suscetibilidade desses indivíduos a infecções causadas por vírus e por bactérias extracelulares.3

eixo neuroimunoendócrino e envelhecimentoA diminuição da amplitude de parâmetros imunitários no envelhecimento está relacionada com fatores comu-mente observados em idosos, como alterações do ciclo circadiano, levando a modificações no sono e redução da reserva funcional de O2, e do eixo neuroendócrino pela diminuição na produção de hormônios neurotransmis-sores e neuropeptídeos.12

Embora a maioria dos estudos se concentre em in-vestigar as alterações imunológicas do envelhecimento associadas aos fatores ambientais ou biológicos, é impor-tante que seja considerado também o status psicológico, já que este constitui um importante preditor da imunos-senescência.

Alguns autores defendem que alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal são fatores determinantes

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para uma resposta imune deficiente durante a senescên-cia. Isso foi comprovado por Trzonkowski et al.21 que, ao avaliarem idosos deprimidos e idosos saudáveis sub-metidos à vacinação anti-influenza antes e após 6 me-ses, observaram que indivíduos idosos deprimidos são caracterizados por maior exposição ao citomegalovírus (CMV) no passado, o que poderia repercutir em perfil proinflamatório demonstrado por níveis elevados de fa-tor de necrose tumoral alfa (TNF-α), IL-6, deficiência de IL-10 e maior citotoxicidade de NK afetando negativa-mente as respostas imunes humorais e inatas em pacien-tes deprimidos.

Estudos pregressos que relacionaram a resposta imu-ne com a depressão e o estresse demonstraram que boa parte da população de pacientes deprimidos apresenta produção aumentada de mediadores inflamatórios e de autoanticorpos, levando a maior acometimento de infla-mações crônicas e doenças autoimunes.22

Em indivíduos com importante sobrecarga emocio-nal, as taxas de cortisol estão mais elevadas, enquanto os níveis de d-hidro-epiandrosterona (DHEA) encontram-se significativamente reduzidos. O desequilíbrio na corre-lação cortisol/DHEA induz produção de IL-6, IL-10 e TNF-α, além da diminuição da atividade citotóxica por células NK. Dessa forma, o aumento de glicocorticoides provocado pelo estresse crônico contribui para o desen-volvimento de infecções virais, doença cardiovascular, diabetes tipo II, osteoporose, artrite e neoplasias.23

Embora seja possível realizar uma associação entre a progressão da idade e o aumento dos níveis de cortisol e mediadores inflamatórios, não estão totalmente elucida-dos os mecanismos pelos quais o eixo neuroendócrino modula especificamente a resposta imune.

atrofia ou involução tímicaO timo é um órgão vital para a manutenção da homeos-tase do sistema imune periférico. É nesse tecido medias-tinal que as células T se desenvolvem e são amplamente maturadas para garantir o estabelecimento de um siste-ma imunológico funcional e eficaz. No entanto, uma das características marcantes e paradoxais do timo é que ele sofre atrofia associada a idade avançada.

No período pré-natal e na infância, esse órgão é eu-trófico e atua na composição do repertório T; ocorre re-gressão gradativa até a puberdade, quando se presume que o repertório T esteja completo, ocorrendo involução volumétrica com a idade, estando virtualmente ausente nos indivíduos idosos. Entretanto, a função tímica não fenece, e o desenvolvimento de células T naïve continua a ocorrer durante a vida adulta, sobretudo em situações de repovoamento como após quimioterapia e o uso de antirretrovirais em pacientes com AIDS.24

A atrofia tímica culmina com a perda do espaço epitelial tímico (TES), o que resulta em uma estrutura menos eficiente para o desenvolvimento de células T ou

timopoiese e diminuição da emigração de células T naïve que entram no pool de células T periféricas.25,26

Durante o envelhecimento, a produção de células T cai significativamente na mesma proporção em que a atrofia tímica se desenvolve, o que foi demonstrado pri-meiramente em 1985 por Steinmann et al.27,28

Especula-se que a atrofia tímica observada com o au-mento da idade possa resultar na diminuição da popula-ção de progenitoras de células T, perda da autoexpressão de peptídeos do epitélio tímico, defeitos no rearranjo de TCR e perda de citocinas tróficas, como IL-7.22 Além dis-so, a atrofia tímica se torna mais evidente a partir do iní-cio da puberdade, predominantemente devido aos níveis elevados de esteroides sexuais.29-31

Para investigar a relação da produção de esteroides se-xuais com a involução tímica, Heng et al.26 submeteram camundongos isogênicos C57BL de meia-idade (8 sema-nas) e idosos (9 meses) à castração cirúrgica dos testículos, resultando em diminuição da testosterona sérica. As célu-las tímicas desses animais foram coletadas e submetidas a citometria de fluxo para contagem das subpopulações das linhagens CD3, CD4, CD8, B220, CD11b e Gr.31 Os re-sultados mostraram que a castração afeta o desenvolvi-mento do compartimento tímico triplo negativo (TN) e simples positivo (SP), ambos dependentes de IL-7. Os es-teroides sexuais podem provocar atrofia do timo através da regulação negativa da produção de IL-7 devido à per-da de células epiteliais tímicas (TEC) produzindo IL-7. Isso pode ser revertido, em parte, pelo transplante de cé-lulas estromais secretoras de IL-7 no timo de ratos velhos, aumentando a proporção de CD25+ nas células TN.32

O envelhecimento provoca drásticas mudanças ar-quitetônicas no timo, mas áreas residuais funcionais do tecido permanecem funcionantes nas fases tardias da vida. Terapias estão sendo desenvolvidas para explorar o potencial timopoiético, promover a reconstituição do órgão e o aumento da formação de células T naïve.25

imunossenescência e atividade físicaConsiderando a mudança demográfica que a maioria dos países vivencia atualmente, vários mecanismos têm sido investigados como alternativas para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento e suas implicações na qualidade de vida da população mundial.

Apesar de ainda não ter recebido uma abordagem mais aprofundada, uma das alternativas mais atraentes é a prática regular de atividade física, visto que é uma terapia econômica sob o ponto de vista logístico, não in-vasiva, de fácil aplicação e implementação, e que ainda traz benefícios no que tange a outras doenças crônicas, incluindo artrite, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, diabetes, osteopo-rose e doença pulmonar.11

Em estudo desenvolvido por Bruunsgaard e Peder-sen,33 envolvendo indivíduos idosos e controles jovens

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para analisar o recrutamento de leucócitos durante a atividade física, observou-se que o grupo formado por idosos respondeu de forma semelhante ao grupo jovem, isto é, ambos apresentaram leucocitose induzida pelo exercício, porém no grupo de idosos a magnitude do au-mento foi menor. Além disso, após a coleta imediata de sangue durante o pós-exercício, também foi observado que o número de células T (CD3+) aumentou de forma homóloga nos dois grupos etários, porém o grupo mais velho recrutou um número menor de células CD4+ em relação às células CD8+ do sangue.

Estudo realizado por Timmerman et al.,34 para ava-liar a influência do treinamento físico sobre a popula-ção de monócitos (CD14+ e CD16+) de idosos ativos e inativos, permitiu constatar que após 12 semanas de

prática de exercícios físicos os idosos reduziram acen-tuadamente o percentual de monócitos na circulação em comparação com os controles inativos. Além disso, de acordo com o conceito de que os monócitos são po-derosos produtores de proteínas inflamatórias, obser-vou-se redução da produção de TNF-α quando estimu-lados com LPS.

Exercícios de alta intensidade e de longa duração po-dem aumentar o risco de infecções do trato respiratório em idosos, porém tal risco foi reduzido durante exercício moderado. Além disso, a atividade física moderada real-ça a atividade das células natural killer.35

A Tabela 1 elenca alguns trabalhos pioneiros envol-vendo a repercussão da atividade física programada e regular no sistema imunológico.36-39

Tabela 1 Estudos sobre os exercícios físicos utilizados para avaliar a repercussão no sistema imunológico

autor/ano Duração do programa e tipo de exercício objetivo do estudo resultados

Campbell et al.,36 200812 meses

Exercícios aeróbicos (grupo experimental) versus alongamento

(grupo controle)

Analisar os efeitos do exercício na função imune

Não houve mudanças na função imune do grupo experimental em

relação ao grupo controle

Shimizu et al.,37 20086 meses

Alongamento e treino de resistência

Avaliar os efeitos do treinamento físico moderado sobre a

expressão de CD28 e o equilíbrio das células Th1 e Th2 em idosos

O treinamento físico moderado em idosos mostrou-se associado

com melhor expressão de CD28 e regulação das células Th

Akimoto et al.,38 200312 meses

Treinamento de resistência moderada

Avaliar os efeitos do exercício sobre a secreção

de imunoglobulina salivar (IgA) em idosos

A secreção de IgA aumentou significativamente em indivíduos

idosos submetidos ao treinamento resistido moderado

Drela et al.,39 200410 meses

Programa de atividades físicas diversas

Avaliar a distribuição de subpopulações de linfócitos no

sangue periférico e citocinas intracelulares de idosos

A atividade física moderada a longo prazo pode aumentar a produção de IL-2 e melhorar o estado do sistema

imune frente à senescência

Timmermam et al.,34 2008 12 mesesTreinamento de resistência

Avaliar se o exercício físico induz a uma redução de monócitos

proinflamatórios CD14+ e CD16+

A atividade física foi associada com menor porcentagem de monócitos

CD14+ e CD16+ em idosos treinados

sistema imunológico e atividade físicaApesar de o exercício ser genericamente classificado como um estímulo estressante que pode ser comparado às respostas imunológicas e hormonais de estímulos es-tressores como cirurgia, trauma e sepse,40,41 é mais ade-quado dividir a resposta ao exercício em aguda e crônica.

resposta aguda ao exercícioNo pós-exercício imediato, é visto um incremento de 50-100% do número total de leucócitos, principalmente no nível de linfócitos, neutrófilos e, em menor propor-ção, monócitos. A resposta de neutrófilos polimorfo-nucleares a uma sessão única de exercícios depende da intensidade. Porém, imediatamente após a execução dos exercícios, é visualizado um quadro de neutrofilia; um segundo pico de neutrofilia é visualizado várias horas após o exercício.40

O número de neutrófilos aumenta durante e após o exercício, ao passo que o número de linfócitos aumenta durante o exercício e cai abaixo dos valores basais longo tempo após o trabalho físico. Vários relatos descrevem as alterações induzidas pelo exercício em subpopulações de células mononucleares do sangue (BMNC). O aumento da concentração de linfócitos é provavelmente explicado pelo recrutamento de todas as subpopulações de linfóci-tos para o compartimento vascular: células T CD4+, cé-lulas T CD8+, CD19+, células B e células NK.41

As funções quimiotáticas e fagocíticas, bem como o aumento da capacidade microbicida de neutrófilos, au-mentam durante a atividade física moderada.40

De acordo com Rosa e Vaisberg,40 as células NK, população de origem linfoide, são aquelas que demons-tram maiores alterações frente ao exercício. No período imediato pós-esforço, essas células apresentam aumento

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de 150-300% em número no sangue periférico. Esse au-mento é transitório e, após 30 minutos, há retorno aos níveis pré-exercício. Atividade física de longa duração (acima de 90 minutos) associa-se a menor aumento do número de células NK. Após o exercício de alta intensi-dade ocorre aumento de 40-100% da atividade citotóxica da célula NK.

Para avaliar a resposta do exercício sobre as citocinas proinflamatórias, e anti-inflamatórias, e sobre os fatores de crescimento dos leucócitos, Zaldivar et al.42 coleta-ram amostras de sangue de 11 homens com idade entre 11-30 anos submetidos a exercício pesado de ciclismo. Os resultados obtidos mostraram que, ao final de 30 mi-nutos, o número de leucócitos, incluindo linfócitos T e linfócitos B, células NK, monócitos e neutrófilos, tinha aumentado, como esperado. Porém, não foi observado um padrão predominantemente proinflamatório, visto que houve aumento no número de células positivas para citocinas intracelulares anti-inflamatórias, portanto isso reflete uma resposta mista.

Outro achado importante desse estudo foi a elevada expressão da IL-6 na circulação após o exercício, mos-trando que essa citocina é, sem dúvida, o mediador mais expressivo durante a atividade física pesada.

Com relação às subpopulações linfocitárias, os lin-fócitos T CD8 apresentam um incremento de 50-100% após o exercício agudo. Em contrapartida, os linfócitos T CD4 e linfócitos B mostram poucas alterações. Já em re-lação à capacidade funcional, é bem descrita a diminui-ção da proliferação linfocitária após exercícios de grande intensidade. Essa alteração pode persistir por várias ho-ras após uma maratona, por exemplo.40

resposta crônica ao exercícioCom relação às principais modificações resultantes do exercício crônico ou prolongado, os neutrófilos respon-dem ao exercício dependendo da intensidade em que ele é aplicado. O exercício moderado acarreta aumento no número de neutrófilos, mesmo durante o repouso; por outro lado, exercícios de alta intensidade provocam declínio no número dessas células. Também é possível observar aumento da atividade dos macrófagos, princi-palmente das células NK, durante o exercício crônico.40,41

Nas células NK, é observado aumento exponencial da atividade citotóxica, tanto em atletas idosos como em jovens. Alguns estudos mostraram ainda que a atividade

das células NK é consideravelmente mais expressiva em atletas ou indivíduos condicionados quando compara-dos com sujeitos sedentários. Outro achado interessante é que indivíduos condicionados apresentam maior au-mento da função das células NK, em comparação com sedentários com o mesmo percentual de células NK cir-culantes, quando submetidos a treinamento de alta in-tensidade.41

Embora a maioria dos estudos ressalte os efeitos po-sitivos da atividade física para idosos com relação ao es-tado de imunossenescência, ainda não existe prescrição mínima relevante padronizada para esses indivíduos e uma definição do tipo de atividade física ideal. Porém, em face dos dados mostrados nos trabalhos de Timmer-man et al.34 e Akimoto et al.,38 foi possível observar que a diminuição da imunossenescência tem sido associada, principalmente, com o treinamento de força e resistência com duração mínima de 12 semanas.

consiDeraçÕes FinaisCom base nos autores citados nesta revisão verifica-se que o sistema imunológico recebe positiva influência da atividade física prolongada e prescrita de acordo com as limitações e peculiaridades intrínsecas do processo de envelhecimento humano.

Apesar de ainda não existir consenso entre os au-tores quanto ao tipo de exercício mais eficaz para a repercussão no sistema imunológico, de forma geral a maioria dos estudos tem dado ênfase à prática de exer-cícios resistidos, e estes têm demonstrado de fato asso-ciação com as modificações positivas que configuram uma nova “roupagem” às respostas imunes em idosos. Porém, ainda continuam obscuros os efeitos da ativida-de física sobre determinados componentes do sistema imune, principalmente inatos, frente ao desafio do en-velhecimento.

Destarte, a prática regular de atividade física, seja por indivíduos mais jovens, seja por idosos, consiste em fer-ramenta imprescindível para a melhora da independên-cia e, sobretudo, da qualidade de vida, pois os idosos que se exercitam têm menor incidência de infecções bacte-rianas e virais, menor incidência de neoplasias e melhor resposta às vacinas. No entanto, vale ressaltar que a pres-crição de exercício para idosos requer prévia e criteriosa avaliação médica, evitando o surgimento de lesões se-cundárias, que são típicas nessa população.

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68 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIAartigo de revisão

resumo O objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão da construção dos RUG (Resource Utilization Groups) e um levantamento e análise das publicações sobre a sua validação e uti-lização em diferentes países. Verificou-se que, desde a sua criação nos Estados Unidos, vários países testaram esse sistema de classificação no seu contexto de cuidados institucionais para pessoas idosas, sendo que ele se mostrou válido e fiável para classificação de usuários de instituições de longa duração que prestam apoio social e cuidados de saúde a idosos, tendo bons resultados na explicação da variância da utilização de recursos. Conclui-se que esse sis-tema de classificação apresenta boas potencialidades para a sua implementação no contexto português e em países de língua portuguesa, podendo ajudar a perceber as características e necessidades dos usuários, providenciando informação baseada na evidência para os ges-tores das instituições e decisores políticos, ajudando a justificar a afetação de recursos, me-lhorando o planeamento estratégico das instituições, assim como a qualidade dos cuidados.

ResouRce utiliZation GRouPs

aBsTracTThe objective of this study was to review, survey and analyze the construction of RUG’s (Re-source Utilization Groups) in use in various countries. It was found that since its creation in the U.S., several countries have tested this system of classification in the context of institu-tional care for the elderly. The system has proven to be valid and reliable with good results, explaining the variance of resources used especially for the institutions providing long-term health care and social support.It was concluded that this classification system has considerable potential for its implemen-tation in Portugal and in many Portuguese-speaking countries.This system will help to understand the characteristics and true needs of its users by pro-viding evidence-based information for the heads of institutions and policy makers alike. It will also further justify the allocation of resources as well as improve the strategic planning of institutions and quality of care.

GRuPos De utiliZaçÃo De RecuRsos

Hélder Fernandesa, ignácio Martinb,

a Mestre em Psicologia do Idoso. Aluno do Programa Doutoral em Geriatria e Gerontologia. Unidade de In-vestigação e Formação sobre Adultos e Idosos – UnIFai. Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança. bDoutorado em Ciências Biomédicas. Orientador de Doutoramento. Unidade de Investigação e Formação sobre Adultos e Idosos – UnIFai. Secção Autónoma das Ciências da Saúde da Universidade de Aveiro.

Dados para correspondência Hélder Fernandes – Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228, 4050-313 Porto (Portugal) Tel.+351 220 428 161URL: http://www.unifai.eu | E-mail: [email protected]

Palavras-chave Saúde do idoso,

organização e administração,

gestão em saúde.

Keywords Aging, physical

fitness, immune system, immune

system.

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RUG | 69

inTroDuçãoA população mundial continua a envelhecer,1 e a popula-ção portuguesa não fica fora dessa realidade.2 No mundo desenvolvido, isso é particularmente verdadeiro para os muito idosos. Essa alteração na sociedade coloca novos desafios de saúde pública, uma vez que grande parte des-sa população precisa de cuidados de saúde e apoio social de longa duração.3 Esses cuidados podem ser fornecidos na habitação dos idosos ou em instituições. Apesar dos programas desenvolvidos para a prestação desse tipo de cuidados no domicílio, a institucionalização em Portu-gal é uma realidade que continua a aumentar.4 Um dos problemas dos cuidados institucionais é o alto custo que implica cuidar de uma população cada vez mais frágil, com maiores limitações e dependência. Essa população envelhecida consome maior proporção de cuidados de saúde e de apoio social per capita quando em compa-ração com os jovens, aumentando a carga dos servi-ços de saúde e apoio social.1 A prestação de cuidados de qualidade só é possível quando suportada por uma apropriada metodologia de financiamento. No entanto, é difícil projetar uma metodologia para o financiamento dessas instituições, uma vez que o sistema de saúde não funciona como um simples mercado, e o financiamento deve ser politicamente negociado.5 O custo dos cuidados institucionais vai depender em grande parte do tipo de usuário e da qualidade de cuidados prestados.6 As pes-soas idosas, cuja saúde e problemas sociais são diversos e complexos, aumentam significativamente a carga so-bre a saúde e os serviços sociais, desafiando governos e decisores políticos. Torna-se pertinente desenvolver um meio fiável que facilite a identificação das necessidades, a medição dos resultados e, nessa medida, a eficácia dos serviços prestados. Essa tarefa é, atualmente, dificultada pela variedade de ambientes em que esses serviços são fornecidos e a diversidade de fornecedores.

Paralelamente ao aumento do número de institui-ções que prestam cuidados de longa duração a pessoas idosas, verifica-se ainda um aumento na sua capacidade, assim como um contínuo de taxas de ocupação muito elevadas.4 Nessas instituições existem usuários com ca-racterísticas muito distintas, o que torna complexa a sua gestão e organização. Esses pacientes requerem cui-dados específicos, que são diferentes de caso para caso. No entanto, é possível reuni-los em grupos, segundo as necessidades de cuidados. Para isso é importante o re-conhecimento do tipo e amplitude de cuidados de que cada paciente necessita, compreender os fatores que in-fluenciam as necessidades de cuidados relativos a um grupo de pacientes, os recursos disponíveis para cuidar desse grupo e o custo desses mesmos recursos. O cálculo do custo dos recursos utilizados por cada usuário é uma dificuldade transversal a vários modelos organizacionais e de gestão. Foram descritas várias abordagens para esse problema. Essas abordagens, no entanto, parecem con-

centrar-se apenas em um tópico, examinando os fatores institucionais, quando na verdade será a necessidade de cuidados individuais um dos principais determinantes do custo.7

Nos Estados Unidos, desde a década de 1980, tem--se analisado a forma de otimizar recursos econômicos e humanos para diminuir o custo dos cuidados mantendo alto nível de qualidade de cuidados.8 Assim surgiram os “sistemas de classificação de usuários” (case-mix), sendo uma ferramenta importante para os gestores e políticos no que se refere aos cuidados de saúde e apoio social.9 Esse conceito defende que, apesar de cada usuário ser único, existem características comuns entre os usuários que determinam o nível de serviços e cuidados de que os usuários necessitam, e portanto o seu custo para a insti-tuição pode ser, dessa forma, previsível.10

Existem dois grandes grupos de sistemas de classi-ficação de usuários: os que dependem do diagnóstico, denominados Disease Related Groups (DRG) e os que são independentes do diagnóstico, denominados Re-sources Utilization Groups (RUG).8 O primeiro sistema ainda hoje é utilizado, no entanto, meramente em cui-dados hospitalares a doentes agudos, por se ter verifica-do incompatibilidade na aplicação a cuidados de longa duração, como é o caso dos lares de idosos.11 Os RUG explicam melhor a utilização de recursos em instituições que prestam cuidados de longa duração a idosos (53% da variância explicada através do RUG II, comparados com 30-35% explicados pelos DRG).8

meToDologiaInicialmente foi realizada ampla pesquisa da literatura de língua inglesa e portuguesa sobre as palavras-chave “grupos de utilização de recursos”, Resource Utilization Groups, “RUG”, respectivamente, na base de dados cien-tífica B-ON. Após uma pré-análise da literatura reco-lhida sobre a construção, evolução e validação do RUG, quando se procurou perceber como foi construído o RUG, as várias alterações que sofreu e os motivos des-sas alterações, foi realizada uma pesquisa aos artigos que descrevem a utilização do RUG-III em diferentes países.

resulTaDosEsse sistema de classificação categoriza os pacientes nos diferentes grupos segundo características clínicas e re-cursos utilizados. Permite a comparação de resultados, qualidade dos cuidados e utilização dos recursos. É im-portante para os gestores e decisores políticos compre-enderem os ganhos em saúde que a utilização dos recur-sos disponíveis com esse sistema de classificação pode representar nesse setor.

O sistema RUG-III classifica os usuários com base na informação recolhida com o instrumento de avaliação de usuários Resident Assessement Instrument – Minimum Data Set (RAI-MDS), que se destina a ser utilizado em

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cuidados de longa duração a idosos, em que se integram os lares de idosos.

instrumento de avaliaçãoO RAI-MDS contém itens que refletem o nível de cuida-dos que cada usuário necessita, incluindo diagnósticos, tratamentos e uma avaliação do estado funcional. Do RAI-MDS é extraída informação para classificar os usu-ários no RUG-III através de níveis de utilização de recur-sos,11 sendo possível a partir dessa classificação aferir o custo do usuário por discriminação positiva, segundo o nível de dependência.

O RAI-MDS foi projetado para ser usado por profis-sionais de saúde no seu trabalho diário, proporcionan-do-lhes as informações necessárias para a identificação das necessidades de seus clientes, assim como auxílio no desenvolvimento de planos de cuidados para os proble-mas identificados. Para os gestores e decisores políticos, os dados gerados pela avaliação são adequados para ava-liar a relação entre necessidades, cuidados prestados e resultados.

O RAI-MDS foi contemplado em um conjunto de re-formas aprovadas pelo Congresso dos Estados Unidos, tendo sido uma das reformas mais abrangentes nos lares de idosos nos meados da década de 1960, nos Estados Unidos. Essas reformas tinham como um dos objetivos resolver os problemas da qualidade dos cuidados nos la-res de idosos e as dificuldades em promover um finan-ciamento coerente. Todavia, essa regulamentação não foi totalmente eficaz.12 Em um esforço para resolver esses problemas, nos Estados Unidos, em 1983 foi solicitado ao Congresso da Academia Nacional das Ciências e ao Instituto de Medicina uma avaliação da qualidade dos lares de idosos em uma análise focalizando a melhoria da regulamentação desses equipamentos. Uma das reco-mendações fundamentais foi o desenvolvimento de um sistema de avaliação uniforme e global dos usuários.13 Esse fato levou à criação de novas versões desse instru-mento, sendo que a versão atual é o RAI-MDS 3.0.

Em Portugal, na tentativa de resolver esse problema, o Instituto da Segurança Social desenvolveu, em 2003, os Modelos de Avaliação da Qualidade das Respostas Sociais. Esses modelos objetivaram igualmente a consti-tuição de um referencial normativo que permitisse ava-liar a qualidade dos serviços prestados em lar de idosos e, consequentemente, diferenciar positivamente as res-postas sociais.14 No entanto, a sua implementação não é obrigatória.

O RAI-MDS tornou-se bastante atrativo para a comu-nidade científica internacional e foi por isso adaptado por outros países, tendo inclusive a criação de um grupo inter-nacional de trabalho sobre esse instrumento: o InterRAI.

O InterRAI é um grupo de acadêmicos, médicos e outros profissionais, no total de 45 individualidades de 22 países (ainda aumentando), comprometidos com o

estudo dos cuidados para os idosos com base na utiliza-ção da avaliação padronizada a partir do qual os dados podem ser agregados para a formulação de políticas, ges-tão e pesquisa.15 Conta com representantes dos seguintes países: Austrália, Canadá, República Tcheca, Finlândia, França, Dinamarca, Alemanha, Hong Kong, Islândia, Is-rael, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Co-reia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos. Todo o trabalho desse grupo é base-ado no RAI-MDS. Desde 1991, o sistema de avaliação foi mandatado em todas as instituições de cuidados pós--agudos nos Estados Unidos e está sendo implementado em muitos outros países. Esse instrumento já foi utili-zado em alguns países europeus e pelo Japão.16 A versão original foi traduzida em várias línguas: tcheco, dina-marquês, holandês, finlandês, francês, alemão, italiano, islandês, japonês, norueguês, sueco e espanhol. A sua fiabilidade e validade foram extensivamente testadas.17 O RAI poderá assim representar uma espécie de linguagem comum que permitirá aos investigadores de diferentes países e culturas compartilhar dados, comparar as po-pulações e levar a cabo estudos sobre a população idosa que recebe cuidados institucionais de longa duração. O InterRAI acredita que esse instrumento de avaliação, que tem ligação direta com o plano de cuidados multidisci-plinar e foi concebido para ser utilizado nas rotinas de serviço, cria novas oportunidades para abordar a presta-ção de serviços e necessidades de avaliação da saúde do idoso e os serviços de assistência social nas institucio-nais e ambientes comunitários. O grupo acredita que di-ferentes países e organizações compartilham problemas fundamentalmente semelhantes nas populações que ser-vem. Dados fiáveis de diversos países podem surgir com novas informações para o debate sobre a melhor forma de gerir o cuidado às pessoas idosas.

Melhorar a qualidade do atendimento e a qualidade de vida dos idosos institucionalizados é um desafio im-portante e transversal. A implementação do RAI-MDS mostrou-se uma medida científica e prática muito pro-missora para essas melhorias.18. Neste momento, o RAI--MDS é utilizado em diversas tipologias de prestação de cuidados de saúde e apoio social: apoio domiciliar, lares de idosos, residências para idosos, cuidados paliativos, cuidados pós-agudos, cuidados em saúde mental, cuida-dos a deficientes.17

Os itens do RAI-MDS foram desenhados de forma a proporcionar uma compreensiva visão sobre os pro-blemas, capacidades e preferências dos idosos institucio-nalizados. Todos os itens foram rigorosamente testados, e esse instrumento pode ser utilizado para fins clínicos, administrativos e de investigação.19 Com a informação correta, a entidade prestadora de cuidados pode formu-lar um plano de cuidados adequado.

O RAI-MDS é um questionário estruturado, com-posto por 17 partes. São elas: identificação, audição, fala

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e visão, padrões cognitivos, humor e comportamento, preferências nas rotinas e atividades habituais, estado funcional, bexiga e intestino, diagnósticos e doenças ati-vas, condições de saúde, estado da deglutição/nutricio-nal, condições da pele, medicação, tratamentos especiais e procedimentos, restrições, participação na avaliação e fixação de objetivos, finalizando com uma área de ava-liação de cuidados.

A validade e a fiabilidade dos itens do MDS foram testadas em estudos anteriores.16, 20-21 Nesses estudos, o método mais utilizado é a validação por dupla avaliação, em que dois avaliadores treinados e independentes ava-liam com o MDS a mesma amostra, comparando pos-teriormente as avaliações. Essas verificações proporcio-nam credibilidade aos dados que são extraídos do MDS para classificar os usuários nos RUG. Assim consegue-se um sistema de coparticipação por discriminação positi-va baseado na situação do usuário e na sua utilização de recursos da instituição.

sistema de classificaçãoO sistema implementado em Portugal para o pagamento institucional em lares de idosos e cuidados de longa du-ração não reconhece explicitamente as diferenças entre residentes na utilização dos recursos. Esse fato torna-se um incentivo para as instituições admitirem usuários com menor grau de dependência, como foi verificado em outros países.22 Relacionar as características dos usu-ários com os recursos utilizados nas instituições tornou--se pertinente, resultando na criação dos RUG em 1985.7 A complexidade da classificação de usuários e a necessi-dade de uma divisão hierárquica que fizesse mais sentido para os profissionais de saúde na sua prática profissional levou à revisão dos RUG em 198822 com a criação do RUG-II e, em 1994, com a criação do RUG-III23 devido à necessidade da utilização em outro tipo de instituições com diferentes modelos de cuidados (principalmente re-abilitação). Os estudos de criação e desenvolvimento dos RUG encontram-se comparados na Tabela 1.

Tabela 1 Criação do sistema de classificação RUG

autor rugmetodologia

conclusõesamostragem variável

dependentevariáveis

independentes Tipo de classificação

Fries, Cooney (1985)

I(9 grupos)

1.469(426 obs. direta do tempo)

Tempo*Características

do paciente (dicotômicas)

Divisão da amostra em grupos feita através da análise de cluster com AUTOGRP++

(utiliza 4 variáveis)

37,8% de variância explicada

O tempo autorregistrado parece ser bom substituto

do tempo utilizado por paciente

Schneider et al.

(1988)

II(16 grupos) 3.427

Tempo * Desagregação

por tipo de profissional**

Características do paciente + serviços utilizados(195 itens)

Classificação por duas divisões:

1. Divisão teórica em categorias major (clínicas)

2. Subcategorias baseadas nas AVD

Análise de Cluster com AUTOGRP ++

(utiliza12 variáveis)

53% de variância explicadaIntrodução de categorias clínicas ajuda a explicar a

variância

Fries et al.(1994)

III(44 grupos)

7.658Mista#

Secundária6.663

Primária995

Tempo*Desagregação

por tipo de profissional**

e tipo de tempo+

MDS(350 itens)

Classificação por três divisões:1. Grupos major de hierarquia

clínica2. Baseada nas AVD3. Enfermagem de

reabilitação, depressão e serviços extensivos

Análise de cluster com AUTOGRP++

55% de variância explicadaTem aplicação mais universal devido à

heterogeneidade da amostra

* Tempo autorregistrado.** Tempo de enfermagem, tempo de ajudante de ação direta, tempo combinado (total) por dia; tempo utilizado em terapias por semana (fisioterapia, terapia ocu-pacional, etc.).+ Tempo utilizado em cuidados diretos ou indiretos (reuniões, planificação do trabalho).++AUTOGRP é um software interativo projetado para facilitar a análise rápida de informação médica complexa. Tem sido utilizado para ajudar na compreensão do processo de gestão de assistência, a fim de melhorar a eficácia do processo de decisão, tanto do ponto de vista médico como de gestão. Na análise de cluster, esse software utiliza o AID (Automatic Interations Detection), dividindo a amostra em subgrupos segundo as variáveis independentes que mais bem explicam a variância da variável dependente.#Uma vez que a amostra secundária apresentou poucos casos nos grupos que utilizam mais recursos (pricipalmente reabilitação e cuidados especiais), foram avaliados 995 residentes de instituições de reabilitação e cuidados especiais.

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A metodologia utilizada para realizar a classificação RUG foi a análise de cluster hierárquica através do AU-TOGRP. O AUTOGRP é um software interativo projeta-do para facilitar a análise rápida de informações médi-cas complexas. O AUTOGRP foi utilizado no estudo do processo de gestão de atendimento dos usuários em uma variedade de configurações, a fim de aumentar a eficácia da tomada de decisões, tanto do ponto de vista médico como de gestão.24

A primeira hierarquia RUG foi criada a partir da aná-lise de cluster hierárquica. A avaliação dessa amostra in-cluiu variáveis demográficas, sociais, mentais, comporta-mentais, características físicas, atividades da vida diária, diagnósticos, serviços utilizados. Essa primeira classifi-cação apresenta 9 grupos. As variáveis utilizadas para a divisão dos grupos, com incremento significativo na va-riância explicada na utilização de recursos, são majorita-riamente variáveis relacionadas com as atividades da vida diária. Essa divisão parece ter sido pouco atrativa para a prática clínica diária, como se percebe na literatura.22 Sur-giu assim a necessidade de criar uma hierarquia teórica, baseada na prática clínica diária e na divisão funcional dos serviços que prestam apoio social e cuidados de saú-de a idosos, de modo que o sistema de classificação fosse mais bem recebido pelos profissionais de saúde. A cria-ção dessa nova classificação, RUG-II, teve por base duas divisões dos diferentes grupos: a primeira segundo uma hierarquia clínica teórica e a segunda divisão orientada para o desempenho nas atividades da vida diária. Apenas a divisão em grupos segundo a hierarquia clínica conse-guiu explicar a maior taxa de variância na utilização de recursos que a primeira versão do RUG. A introdução da segunda divisão orientada para o desempenho nas ativi-dades da vida diária apresentou aumento significativo na variância explicada. A criação da terceira versão do RUG, o RUG-III, teve fundamento na necessidade de expandir a utilização desse sistema a outras tipologias de institui-ções, com diferentes modelos organizacionais e cuidados prestados, principalmente cuidados de reabilitação.

O sistema de classificação RUG-III (Tabela 2) tem uma hierarquia clínica com 7 grupos major, que são, da maior utilização de recursos para a menor, respectiva-mente: reabilitação, serviços extensivos, cuidados espe-ciais, clinicamente complexos, declínio cognitivo, pro-blemas de comportamento, condição física reduzida. Os grupos com maior utilização de recursos subdividem-se ainda em subgrupos da hierarquia clínica: reabilitação muito intensa, reabilitação intensa, reabilitação modera-da e reabilitação baixa no caso do grupo major de reabili-tação e serviços extensivos tipos 1, 2 e 3, no caso do grupo major de serviços extensivos. Essa hierarquia clínica sub-divide-se segundo as características dos usuários, para a obtenção do respectivo RUG, segundo o desempenho nas atividades da vida diária, a utilização de enfermagem

de reabilitação ou a presença de sintomatologia depressi-va. Essa divisão hierárquica resulta em 44 grupos.

O grupo major de reabilitação inclui os usuários que utilizam terapia da fala, terapia ocupacional e/ou fisiote-rapia. Em Portugal, a Portaria n.º 67/2012 do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, que define as condições de organização, funcionamento e instalação a que devem obedecer as estruturas residenciais para pes-soas idosas, não obriga a ter esses profissionais no pes-soal que trabalha nessas instituições, prevendo-se assim que esse grupo major em Portugal possa ter poucos usu-ários ou nenhum.

Para a avaliação do desempenho nas atividades da vida diária foi criado um índice próprio para o RUG, baseado em trabalhos anteriores de avaliação das atividades da vida diária, mas apenas com as atividades que melhor explicam a diferença na utilização de recursos. Assim, o índice de AVD do RUG-III avalia meramente quatro atividades: mobilidade na cama, utilização do banheiro, transferên-cias e alimentação. O desempenho em cada uma dessas atividades é avaliado mediante o tipo de assistência pro-videnciado e o número de funcionários necessários para providenciar a assistência. Essas atividades da vida diária foram incluídas no RUG-III, pois já tinham demonstrado em estudos anteriores7,22 serem as atividades de vida diária mais diferenciadoras na utilização de recursos.

O sistema RUG-III, seguindo a internacionalização do RAI-MDS, foi também testado em diversos paí-ses.5,10-11,25-29 A validação e a variância explicada na uti-lização de recursos com o RUG em diferentes países encontram-se comparadas na Tabela 3. A validação do RUG é feita, em grande parte dos estudos, por compara-ção da classificação RUG com o tempo utilizado, calcu-lando as diferenças das médias da utilização de recursos entre os diferentes grupos e verificando a homogeneida-de dentro de cada grupo.30 Para recolher o tempo uti-lizado por cada paciente, o método recorrente nesses trabalhos é o autorregistro. Assim, é pedido a cada pro-fissional que registre o tempo dispensado para a presta-ção de cuidados a cada paciente. Esses tempos são depois ajustados de acordo com o peso que têm no custo total dos cuidados necessários para o usuário, de acordo com as tabelas salariais em cada país.

Verifica-se que, nos países que testaram o RUG-III, ele demonstrou ter potencial discriminatório na utiliza-ção de recursos. Como se pode verificar na Tabela 3, as maiores diferenças na utilização de recursos por grupo (CMI) foi encontrada nos Estados Unidos e na China, sendo que o grupo com maior utilização de recursos chega a utilizar cerca de nove vezes mais recursos que o grupo que utiliza menos recursos. A maior variação explicada foi encontrada nos Estados Unidos, onde o sistema de classificação foi desenvolvido, sendo que nos restantes países a variação explicada, apesar de menor,

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RUG | 73

foi satisfatória. A menor variância ex-plicada foi encontrada na China e na Finlândia. Na China, a variância ex-plicada, inferior à maioria dos estudos anteriores, pode ser explicada pela dis-tribuição da amostra, majoritariamente nos grupos com menor necessidade de cuidados, havendo 12 grupos do RUG sem indivíduos. Essa distribuição pode ser explicada pela tipologia de institui-ções. Na Finlândia, os investigadores foram confrontados com a mesma situ-ação: o fato de haver grupos na classi-ficação sem indivíduos, principalmente os grupos com níveis de utilização de recursos mais elevada, optando por reagrupar os grupos mais elevados, criando assim uma classificação com 22 grupos. Esse sistema de classificação de 22 grupos que deriva do RUG-III mos-trou-se funcional para várias tipologias de cuidados dentro do sistema de saú-de, chegando mesmo a ser mais prático devido ao reduzido número de variá-veis necessárias para a classificação. Na generalidade, o sistema de classificação RUG-III mostrou-se válido e fiável para explicar a variação na utilização de re-cursos, sendo uma ferramenta útil em instituições que prestam cuidados de longa duração a idosos.

conclusãoEsse sistema de classificação de usuá-rios tem demonstrado bons níveis de validade e fiabilidade. A sua imple-mentação em diversos países (Ingla-terra, Finlândia, Itália, China, Repú-blica Tcheca) mostrou-se útil para o financiamento das instituições, cálculo de rácios de pessoal, melhora da qua-lidade das instituições e tomada de decisão política. O desempenho desse sistema de classificação, paralelamente às potencialidades do RAI-MDS, le-vou à criação de um grupo, o InterRai, que conta com 45 individualidades de 22 países, o que demonstra o interes-se internacional desse instrumento e do respectivo método de avaliação de usuários. O RUG-III poderá ajudar na sustentabilidade e melhoria das insti-tuições que prestam apoio social e cui-dados de saúde a idosos.

Tabela 2 Classificação RUG-III

Hierarquia clínica

características dos usuáriosnomenclatura

do grupo rug-iiiavD Depressão

enfermagem de

reabilitação

reabilitação

muitointensa

14-18 RVC

8-13 RVB

4-7 RVA

intensa

15-18 RHD

12-14 RHC

8-11 RHB

4-7 RHA

moderada

16-18 RMC

8-15 RMB

4-7 RMA

baixa12-18 RLB

4-11 RLA

serviços extensivos

tipo 3 SE3

tipo 2 SE2

tipo 1 SE1

cuidados especiais

17-18 SSC

14-16 SSB

7-13 SSA

clinicamente complexo

17-18 Sim CD2Não CD1

11-16 Sim CC2Não CC1

6-10 Sim CB2Não CB1

4-5 Sim CA2Não CA1

Declínio cognitivo6-10 Sim IB2

Não IB1

4-5 Sim IA2Não IA1

Problemas de comportamento

6-10 Sim BB2Não BB1

4-5 Sim BA1Não BA1

condição física reduzida

16-18 Sim PE2Não PE1

11-15 Sim PD2Não PD1

9-10 Sim PC2Não PC1

6-8 Sim PB2Não PB1

4-5 Sim PA2Não PA1

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No contexto português, tendo em conta o aumento do número de instituições que prestam cuidados de saúde e apoio social de longa duração a idosos, o aumento da sua lotação e o contínuo de taxas de ocupação elevadas, asso-ciado às dificuldades de sustentabilidade, e tendo em vista a melhoria da qualidade dos cuidados e serviços presta-

dos, torna-se pertinente a implementação de um siste-ma de classificação com fins de financiamento que seja transversal a todas as instituições e que possa ser utilizado pela entidade que coordena o funcionamento desse tipo de instituições em nível nacional. No caso do RUG, esse sistema de classificação tem a vantagem de utilizar como

Tabela 3 Comparação da variância explicada com o RUG-III em diferentes países

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País EUA Japão Inglaterra e País de Gales Finlândia** República Tcheca Itália China (Hong

Kong)

nindivíduos 871 1.975 1.964 1.162 999 1.127 7.658

instituições 4 26 10 18 11 7 202

variação explicada % 55,5 43,8 28,2 38,2 59,0 45,0 28,8

cmimín 0,40* 0,60* 0,42 0,39 0,45 0,52 0,39

máx 3,23* 2,20* 2,52 2,71 2,53 1,91 3,68

conclusões

– Diferencia efetivamente os recursos utilizadas pe-los residentes– A classifi-cação em 44 grupos explica melhor a diferença na utilização de recursos

– Válido e fiável para medir a utili-zação de recursos em cuidados de longa duração– A elevada variância explicada na utilização de re-cursos demonstra que esse sistema é um bom preditor dos custos dos cuidados

– Homogeneida-de na utilização de recursos nos grupos RUG-III– Explica bem a variância na utilização de recursos– Ferramenta útil para a gestão de instituições geriátricas

– Foi demonstra-da a transferibili-dade do RUG-III entre sistemas de saúde– A versão de 22 grupos do RUG-III pode ser especialmente útil em sistemas de informação, pois requer a avaliação de menos itens

– Adequado para cuidado de longa duração– Além de seu uso para incentivos de pagamento, pode ser usado na gestão das instituições, em processo de garantia de qualidade e para a análise comparativa em nível nacional e internacional

– Bom preditor dos recursos utilizados– Enfatiza a necessida-de da implementação de um sistema de financiamento basea-do nas características e necessidades dos pacientes, e não no tipo de instituição– Ajuda na gestão e controle da qualidade

- Instrumento válido e fiável- A infor-mação que fornece pode servir para desenvolver um sistema de financiamento, perceber os custos e a qualidade dos cuidados

*Dados aproximados retirados de gráficos.**RUG-III adaptado em uma versão de 22 grupos, devido à inexistência de alguns grupos no sistema de cuidados de longa duração na Finlândia.

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informações geraisA revista Geriatria & Gerontologia – G&G é uma publicação científica trimestral da Sociedade Brasileira de Geriatria e Ge-rontologia – SBGG, cujo objetivo é veicular artigos que contri-buam para a promoção do conhecimento na área de Geriatria e Gerontologia, em suas diversas subáreas e interfaces. A G&G aceita submissão de artigos em português, inglês e espanhol. Seu conteúdo encontra-se disponível em versão impressa, distribuí-da a todos os associados da SBGG, e em versão eletrônica aces-sada pelo site: www.sbgg.org.br.

instruções para o envio dos manuscritosOs trabalhos devem ser enviados por via eletrônica (arquivo word) para o endereço: [email protected]; ou por cor-reio, em CD ou DVD, para SBGG - Av. Copacabana, 500 - sala 609/610, Copacabana - 22020-001, Rio de Janeiro - RJ. O autor para correspondência receberá mensagem acusando recebimento do trabalho; caso isto não aconteça até dez dias úteis após o envio, deve-se entrar em contato. Concomitantemente, o autor deverá enviar, por via postal, uma declaração de que o manuscrito está sendo submetido apenas à revista G&G, a concordância com a sessão de direitos autorais, a declaração de conflito de interesses e o documento de aprovação do comitê de ética em pesquisa.

avaliação dos manuscritos por pareceristas (peer review)Os manuscritos que atenderem à política editorial e às instru-ções aos autores serão encaminhados aos editores, que consi-derarão o mérito científico da contribuição. Aprovados nesta fase, os manuscritos serão encaminhados para pelo menos dois revisores de reconhecida competência na temática abordada. Os manuscritos aceitos poderão retomar aos autores para aprova-ção de eventuais alterações no processo de editoração e norma-lização, de acordo com o estilo da revista. Manuscritos não acei-tos não serão devolvidos, a menos que sejam solicitados pelos respectivos autores no prazo de até três meses. Os manuscritos publicados são de propriedade da revista, sendo proibida tanto a reprodução, mesmo que parcial, em outros periódicos, como a tradução para outro idioma.

Pesquisas envolvendo seres humanosResultados de pesquisas relacionadas a seres humanos devem ser acompanhados de declaração de que todos os procedimentos te-nham sido aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da insti-tuição de origem a que se vinculam os autores ou, na falta deste, por um outro comitê de ética em pesquisa credenciado junto a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde. Além disso, deverá constar, no último parágrafo do item Méto-dos, uma clara afirmação do cumprimento dos princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (2000), além do atendimento a legislação específicas do país no qual a pesquisa foi realizada. Os indivíduos incluídos em pesquisas devem ter assinado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Tipos de artigos publicadosA revista G&G aceita a submissão de:Editoriais e comentários: esta seção destina-se à publicação de artigos subscritos pelos editores ou aqueles encomendados a autoridades em áreas específicas, devendo ser prioritariamente relacionados a conteúdos dos artigos publicados na revista.Artigos originais: contribuições destinadas à divulgação de re-sultados de pesquisas inéditas tendo em vista a relevância do tema, o alcance e o conhecimento gerado para a área da pes-

quisa. Devem ter de 2 mil a 4 mil palavras, excluindo ilustrações (tabelas, figuras [máximo de cinco]) e referências (máximo de 30).Artigos de revisão: avaliação crítica sistematizada da literatura sobre deter-minado assunto, de modo a conter uma análise comparativa dos trabalhos na área, que discuta os limites e alcances metodológicos, permitindo indicar perspectivas de continuidade de estudos naquela linha de pesquisa e deven-do conter conclusões. Devem ser descritos os procedimentos adotados para a revisão, bem como as estratégias de busca, seleção e avaliação dos artigos, esclarecendo a delimitação e limites do tema. Sua extensão máxima deve ser de 5 mil palavras e o número máximo de referências bibliográficas de 50.Comunicações breves: são artigos resumidos destinados à divulgação de resultados preliminares de pesquisa; de resultados de estudos que envolvem metodologia de pequena complexidade; hipóteses inéditas de relevância na área de Geriatria e Gerontologia. Devem ter de 800 a 1.600 palavras (ex-cluindo tabelas, figuras e referências), uma tabela ou figura e no máximo dez referências bibliográficas. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, fazendo-se exceção aos resumos, que não são estruturados e devem ter até 150 palavras.Relatos de caso: são manuscritos relatando casos clínicos inéditos e interessantes. O título deve apresentar a doença ou a peculiaridade clínica – relato de caso. Devem observar a estrutura de resumo (150 palavras) com introdução (justificativa ao leitor o motivo do relato de caso, não se estender na descrição da «doença ou particularidade clínica»), relato do caso (com descrição do paciente, resultados de exames clínicos, seguimento, diagnóstico. ATENÇÃO: Não utilizar siglas ou notas de rodapé), discussão (comparar com dados de semelhança na literatura) e conclusão do caso. Devem conter a bibliografia consultada e não podem ter mais de 1500 palavras e 15 referências.Artigos especiais: são manuscritos entendidos pelos editores como de especial relevância e que não se enquadram em nenhuma das categorias citadas. Sua revisão admite critérios próprios, não havendo limite de tamanho ou exigências previas quanto as referências bibliográficas.Cartas ao editor: seção destinada à publicação de comentários, discussão ou críticas de artigos da revista. O tamanho máximo é de mil e até cinco referências.

orientações para a preparação dos manuscritosOs manuscritos devem ser digitados em Word for Windows (inclusive ta-belas); as figuras devem ser enviadas em arquivo JPG com no mínimo 300 dpi de resolução.Devem ser apresentados na sequência:a) título completo do trabalho, em português e inglês, com até 90 carac-teres; b) título abreviado do trabalho com até 40 caracteres (incluindo espaços), em português e inglês; c) nome de todos os autores por exten-so, indicando a filiação institucional de cada um; d) dados de um dos autores para correspondência, incluindo nome, endereço, telefones, fax e e-mail.Resumo: todos os artigos submetidos deverão ter resumo em português e em inglês (abstracts), entre 150 a 250 palavras. Para os artigos originais e comunicações breves, os resumos devem ser estruturados incluindo objetivos, métodos, resultados e conclusões. Para as demais categorias, o formato dos resumos pode ser o narrativo, mas preferencialmente com as mesmas informações. Não devem conter citações e abreviaturas. Desta-car no mínimo três e no máximo seis termos de indexação, extraídos do vocabulário “Descritos em Ciências d Saúde” (DeCS – www.bireme.br), quando acompanharem os resumos em português, e do Medical Subject Headings – MeSH (http://www.nlm.nih.gov/mesh/), quando acompanha-rem os “Abstracts”. Se não forem encontrados descritores disponíveis para cobrirem a temática do manuscrito, poderão ser indicados termos ou ex-pressões de uso conhecido.Texto: com exceção dos manuscritos apresentados como Artigos de Revi-são os trabalhos deverão seguir a estrutura formal para trabalhos científicos:

instRuções aos autoRes

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Instruções aos autores | 77

Introdução: deve conter revisão da literatura atualizada e pertinente ao tema, adequada a apresentação do problema, e que destaque sua relevância. Não deve ser extensa, definindo o problema estudado, sin-tetizando sua importância e destacando as lacunas do conhecimen-to (estado de arte) que serão abordados no artigo. Métodos: devem conter descrição clara e sucinta dos procedimentos adotados; uni-verso e amostra; fonte de dados e critérios de seleção; instrumentos de medida, tratamento estatístico, dentre outros. Resultados: Devem se limitar a descrever os resultados encontrados sem incluir inter-pretações e comparações. Sempre que possível, os resultados devem ser apresentados em tabelas ou figuras, elaboradas de forma a serem autoexplicativas e com análise estatística. Discussão: deve explorar, adequada e objetivamente, os resultados, discutidos a luz de outras observações já registradas na literatura. É importante assinalar li-mitações do estudo. Deve culminar com as Conclusões, indicando caminhos para novas pesquisas ou implicações para a prática pro-fissional. Agradecimentos: podem ser registrados agradecimentos, em parágrafo não superior a três linhas, dirigidos a instituições ou indivíduos que prestaram efetiva colaboração para o trabalho.

conflito de interessesDeve incluir relações com: a) conflitos financeiros, como empregos, vínculos profissionais, financiamentos, consultoria, propriedade, participação em lucros ou patentes relacionados a empresas, produ-tos comerciais ou tecnologias envolvidas no manuscrito; b) conflitos pessoais: relação de parentesco próximo com proprietários e empre-gadores de empresas relacionadas a produtos comerciais ou tecnolo-gias envolvidas no manuscrito; c) potenciais conflitos: situações ou circunstâncias que poderiam ser consideradas capazes de influenciar a interpretação dos resultados.

referências bibliográficasAs referências devem ser listadas no final do artigo, numeradas consecutivamente, seguindo a ordem em que foram mencionadas a primeira vez no texto, baseadas no estilo Vancouver (consultar: “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Medical Publication” www.icmje.org). Nas referências com até seis autores, citam-se todos os autores; acima de seis autores, citam-se os seis primeiros autores, seguindo de et al. As abreviaturas dos títulos dos periódicos citados deverão estar de acordo com o MedLine. A exatidão e a adequação das refe-rências a trabalhos que tenham sido consultados e mencionados no texto do artigo são de responsabilidade do autor.LivrosKane RL, Ouslander JG, Abrass IB. Essentials of clinical geriatrics 5th ed. New York: McGraw Hill, 2004.Capítulos de livrosSayeg MA. Breves considerações sobre planejamento em saúde do idoso. In: Menezes AK, editor. Caminhos do envelhecer. Rio de Ja-neiro: Revinter/SBGG; 1994. p. 25-8Artigos de periódicosOuslander JG. Urinary incontinence in the elderly. West J Med. 1981; 135 (2): 482-91Dissertações e tesesMarutinho AF. Alterações clínicas e eletrocardiográficas em pacien-tes idosos portadores de Doença de Chagas [dissertação]. São Paulo: Universidade Federal da SBGG; 2003.Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, encontros, se-minários e outrosPeterson R, Grundman M, Thomas R, Thal L. Donepezil and vitamin E as treatments for mild congnitive impairment. In: Annals of the 9th International Conference on Alzheimer’s Disease and Related Disor-ders; 2004 July; United States, Philadelphia; 2004. Abstract 01-05-05.Artigos em periódicos eletrônicosBoog MCF. Construção de uma proposta de ensino de nutrição para curso de enfermagem. Ver Nutr [periódico eletrônico] 2002 [citado em 2002 Jun 10]; 15(1). Disponível em www.scielo.br/rm

Textos em formato eletrônicoInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de saú-de: assistência médico-sanitária. www.ibge.gov.br (Acessado em: 05/02/2004)More SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Avail-able from URL; www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm. Acesso em: 05/06/1996.

instRuctions FoR autHoRs

BackgroundGeriatria & Gerontología (Brazilian Geriatrics & Gerontology) G&G is a quarterly scientific publication by Sociedade Brasileira de Geria-tria e Gerontologia (SBGG) (Brazilian Geriatrics and Gerontology Society) aiming the publication of articles on Geriatrics and Geron-tology, including their several subareas and interfaces G&G accepts artirle submissions in Portuguese, English, and Spanish I ho print content is available for SBGG members and the online content can be accessed at: www.sbgg.org br

instructions for manuscript sendingPapers should be sent either by e-mail to: [email protected]. The corresponding author will recerve message acknowledging the paper receipt should this do not occur up to seven working days from the ending, the author should get m touch with the journal Concur-rently, the author should send by mail a declaration stating that the manuscript is being submitted only to Geriatria & Gerontologia and that he (she) agrees with the cession of copyright.

manuscript evaluation by Peer reviewManuscripts that regard the editorial policy and the instructions for authors will e referred to editors who will evaluate the their scientific merit Manuscripts will be submitted at least two reviewers with ex-pertise in the addressed theme Accepted manuscripts might return for authors’ approval of in case of changes made for editorial and standardization purposes, according to the journal style Manuscripts not accepted will not be returned, unless they are requested by Die respective authors within three months Published manuscripts are journal ownership, so either reproduction, even partial, in other jour-nals or translation into another language is unauthorized.

research involving human subjectsArticles related to research involving human subjects should indicate whether the procedures followed were in accordance with the ethical standards of the responsible committee on human experimentation (institutional or regional) accredited by the Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde (Health Ministry Natio-nal Research Ethics Committee). In addition, a clear statement of compliance with ethical principles outlined in Helsinki Declaration (2000) shall appeal’ in the lest paragraph of Methods section, as well as fulfillment of specific lew requirements of the nation the research was performed in. The subjects included in the research should have signed a Free and Informed Consent Term.

categories of manuscriptsG&G accepts the following submissions:Original articles: contributions aiming at release of unpublished research results considering the theme relevance, its range and the knowledge generated for research purposes Original articles should contain 7,000 to 4,000 words, excluding illustrations (tables, figures (not exceeding 5) and references (not exceeding 30).Review articles: Critical and systematic evaluation of literature on I certain subject containing a comparative review of papers in that area, discussing methodological limitations and ranges, indicating fur-ther study needs for that research area, and containing conclusions.

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78 | REVISTA GERIATRIA & GERONTOLOGIA

The proceedings adopted for the review, as well as search, selection, and article evaluation strategies should be described, informing the limits of the theme. They should not exceed 5,000 words and 50 ref-erences.Brief communications: These are summarized articles designed for dissemination of preliminary results, results of studies involving methodology of low complexity, and novel hypotheses of relevance in the field of Geriatrics and Gerontology. They should contain 800-1600 words (excluding tables, figures and references), one table or figure and a maximum of ten references. Your presentation should follow the same standards of original articles, with exception of the abstracts, which are not structured and should contain a maximum of 150 words.Case Reports: These are manuscripts reporting original and inter-esting clinical cases. The title should have the disease or clinical peculiarity — a case report. They must observe the structure of ab-stract (150 words) with introduction (an explanation to the reader for the case report does not extend the description of “illness or clinical particularity”), case report (with description of the patient, results of clinical tests, follow-up, and diagnosis — WARNING: Do not use acronyms or footnotes), discussion (comparison with simi-lar data in the literature), and case outcome. They should contain a bibliography and have no more than 1500 words and 15 references.Letters to the editor: Section designed for publication of comments, discussion or any article reviews They should not exceed 1,000 words and 5 references.

instructions for manuscript preparationManuscripts should be typed in Word for Windows [(including ta-bles), figures should be supplied as JPG file and a minimum of 300 dpi resolution]. Manuscripts should be prepared according to the sequence below:a) paper full title in Portuguese and English not exceeding 90 char-acters, b) paper short title not exceeding 40 characters (spaces included) in Portuguese and English, c) authors’ and coauthors’ complete name, indicating institutional affiliations for each one of them; d) corresponding author data, including name, address, tele-phone and fax numbers, and e-mail. Abstract: all manuscripts should be submitted with an abstract in Portuguese and in English having no more than 150 to 250 words. For original articles and brief communications, abstracts should be structured to include objective, methods, results, and conclusions. For other manuscript categories, abstract models could be narrative, but rather carrying the same information Abstracts should not contain quotations and abbreviations. At least three and at most six keywords should accompany the Abstracts being extracted from the vocabulary Descritores em Ciências da Saúde (DeCS - www.bireme.br) when ac-companying abstracts in Portuguese and from Medical Subject Head-ings -MeSH (http //www.nlm nih gov/mesh/) when accompanying abstracts in English. If no descriptor is available to cover the manu-script theme, words or expressions of known use might be indicated.Text: except for Review Articles, papers should assume formal structure of a scientific text Introduction. The introduction should contain updated literature review, being appropriate to the theme, suitable to the problem introduced, and enhancing the theme rel-evance. The introduction should not be extensive, but define the problem studied, synthesizing its importance and stressing the knowledge gaps addressed in the article. Methods: this section should have clear and brief description of proceedings adopted, sampling; data source and selection criteria, measurement in-struments; statistical analysis, among other features. Results: this section should be limited to describing the results found without including interpretation and comparison. Whenever possible, re-sults should be displayed in tables or figures designed to be self-ex-planatory and having statistical analysis. Discussion: the discussion should properly and objectively explore the results, discussed in the

light of further observation already registered in literature It Is im-portant to point out the study limitations. The discussion should culminate by conclusions indicating avenues for new research or implications for professional practice.

Acknowledgements: Acknowledgments may be written in a no more than 3-line paragraph towards institutes or individuals that effective-ly contributed to the paper.

conflict of interestConflict of interest includes a) financial conflict such as employ-ment, professional liaisons, funding, consulting, ownership, profit or patent sharing related to marketed products or technology in-volved in the manuscript; b) personal conflict: close relatedness to owners and employers in companies connected to marketed prod-ucts or technology involved in the manuscript c) potential conflict: situations or circumstances that could be considered capable of in-fluencing the result interpretation.

referencesShould be listed at the end of the manuscript and numbered in the order they are first mentioned in the text, following Vancouver style (v “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedi-cal Journals Writing and Editing for Medical Publication” [http://www.icmje org]). List all authors up to 6; if more than six, list the first 6 followed by et al. The titles of journals should be abbreviated according to style used in Med-Line. Authors are responsible for the accuracy and completeness of references consulted and cited in the text.

examples of reference styleBooksKane RL, Ouslander JG, Abrass IB. Essentials of clinical geriatrics. 5th ed New York: McGraw Hill, 2004.

Book chaptersSayeg MA. Breves considerações sobre planejamento em saúde do idoso. In: Menezes AK, editor. Caminhos do envelhecer. Rio de Ja-neiro: Revinter/SBGG; 1994. p. 25-8

Journal articlesOuslander JG. Urinary incontinence in the elderly West J Med 1981; 135 (2): 482-91

Essays and thesesMarutinho AF Alterações clínicas e eletrocardiográficas em pa-cientes idosos portadores de Doença de Chagas [dissertação]. São Paulo: Universidade Federal da SBGG; 2003.

Papers introduced in congresso, symposiums, meetings, seminars etc.Peterson R, Grundman M, Thomas R, Thai L. Donepezil and vi-tamin E as treatments for mild cognitive impairment. In: Annals of the 9th International Conference on Alzheimer’s Disease and Related Disorders; 2004 July; United States, Philadelphia; 2004. Abstract 01-05-05.

Articles from electronic journalsBoog MCF. Construção de uma proposta de ensino de nutrição para curso de enfermagem. Rev Nutr [periódico eletrônico] 2002 [citado em 2002 Jun 10]; 15(1). Disponível em www.scielo.br/RN

Texts in electronic formatInstitute Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de saúde: assistência médico-sanitária. www.ibge.gov.br (Acessado em: 05/Fev/2004)

More SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Available from URL; www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm. Acesso em: Jun 5 1996.

Book Revista G&G.indb 78 7/16/13 10:07 AM

Page 79: Nº 1 – Edição: Jan/Fev/Mar 2013
Page 80: Nº 1 – Edição: Jan/Fev/Mar 2013

Geriatria & Gerontologia

Revista

ARTIGOS ORIGINAIS

ARTIGOS DE REVISÃO

Avaliação do programa público brasileiro de tratamento da doença de Alzheimer no ano de 2008

Desempenho funcional em idosas de uma Universidade Aberta à Terceira Idade em área urbana do Nordeste

Índice de complexidade de famacoterapia do idoso dependente para

Perfil, estresse e necessisades de cuidadores familiares e profissionais

autocuidado na atenção primária

de idosos/acamados na atenção primária em saúde na cidade de São Paulo

em Belém, Pará

moderate chronic kidney disease in elderly Brazilians

Comparando resultados de aplicações de questionário QI-AASI em idosos protetizados

Volume 7Número 1

Jan/Fev/Mar

Efeitos do condicionamento físico sobre a imunossenescência

Grupos de utilização de recursos

ISSN 1981-8289

Sociedade Brasileira de

Geriatria & Gerontologia

Órgão Oficial de Publicação Científica

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e praticidade de uso em receitas

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» Restaura a força e a energia1,2,3

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VIDA ATIVA EM QUALQUER IDADE

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