mutante 14

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14 /INVERNO /DEZEMBRO 2012/JANEIRO 2013 OSCAR NIEMEYER R Sergi Arola Alexandre Farto Festival InShadow Villa Extramuros Boca do Lobo ••• /ART

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Com Oscar Niemeyer, Sergi Arola, Alexandre Farto, Festival InShadow, Villa Extramuros, Boca do Lobo, Monserrate, Rui Lúcio Carvalho e Maria Pratas.

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Page 1: Mutante 14

14/inverno

/dezembro 2012/janeiro 2013

oscar niemeyer

RSergi Arola

Alexandre FartoFestival InShadowVilla Extramuros

Boca do Lobo•••

/art

Page 2: Mutante 14
Page 3: Mutante 14

/InVErnoHibernum, latim. Inverno,

português. Frio, é frio. Pluvia, latim. Chuva, português. Lareira,é lareira. Nix, latim. Neve,

português. Chocolate, é chocolate. Frio, uma lareira e um chocolate

quente: inverno.Está dito!

Page 4: Mutante 14

move•••

Grønn Vinter, Hvit VinterCobertor de papa

A poética colina de Sintra

/06unique

•••Eric Kayser

Vigilius Mountain ResortVicara

Baume & MercierBaguera

/24

today•••

InShadow

/78

art•••

Oscar NiemeyerAlexandre Farto aka VHILS

/40trendy

•••Boca do Lobo

/32

new•••

Sergi Arola

/68

Page 5: Mutante 14

experience•••

Villa Extramuros

/86

13/inverno

/dezembro 2012/janeiro 2013

editorial

No início é o inverno. O inverno verde.

O inverno branco. Numa Noruega alva,

tão longe daqui. E longe vão os tempos

em que os cobertores de papa aqueciam

na mais gélida estação do ano…

De um outro passado, mais distante,

ressurge Monserrate, numa Sintra poética.

Final da história? Somos apanhados

na Boca do Lobo. Era uma vez… Era uma

vez um arquiteto concreto, de traço

excecional, amante da curva, dotada

de uma beleza singular. O seu nome?

Oscar Niemeyer. Agora, outros rostos

ficam cravados nas paredes despidas

pela arte às avessas de um artista às

avessas. Da arte urbana passamos à arte

de cozinhar, no Arola, de Sergi, com muito

salero. Pairamos sob as artes no palco

com a Vo’Arte e, no fim, o ócio. Num lugar

onde a intemporalidade do tempo convive

bem com a arte de uma vida. A voltar!

fotografia da capa oscar niemeyer: o arquiteto, o traço e a curva para a sede da nações unidas. trio perfeito em nova iorque.crédito un photo / 18 april 1947 / new york, usa. architectural planning of united nations permanent headquarters.

/diretorJoão Pedro Rato

/editorasPatrícia Serrado

Sara Quaresma Capitão

/diretor de arteJoão Pedro Rato

/direção [email protected]

/colaboradores nesta ediçãoRui Lúcio Carvalho

Maria Pratas

/ilustraçãoSara Quaresma Capitão

/redaçãorua Manuela Porto 4, 3º esq.

1500-422 [email protected]

www.mutante.ptwww.mutantemagazine.blogspot.pt

www.facebook/MutanteMag

Mutante é uma marca registada.

Page 6: Mutante 14

move6

/noruega

*Grønn vinter, Hvit vinterfotografia e teXto rui lúcio carvalHo

*inverno verde, inverno branco

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move 7

No norte da Noruega, dizem os locais, que só existemduas estações no ano: o Inverno Verde e o Inverno Branco.As temperaturas baixas são a norma, mudam os tons. A intensidadeda luz varia muito, naturalmente, mas se reduzirmos a coisa ao mínino denominador comum não falta à verdade. Na maioria dos casosde Maio a Outubro manda o verde e o resto do ano o branco.

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move8

Tudo se deixa tingir pela brancura dos flocos de chuva congeladaque abundantemente caiamno cenário. Súbito, frio, exótico. Camada sobre camada geram-se outras volumetrias, invertem-se os caminhos, pintam-se as memórias de branco pálido, branco escuro.

Lembro-me dos Verões quentes.

Dos Verões longos e brandos da infância.

De acordar a meio das tardes cálidas, que

ligavam os dias, e de imaginar que sempre

assim seriam uns seguindo os outros.

Aqui o Verão é verde, e não é o Verão

desse rapaz. Verde arrefecido, verde

insípido. Mas também verde iluminando,

tocado o dia inteiro pelo mesmo “sol

candeeiro”, brilhante aqui e ali e nebuloso

vezes demais. Magnífico quase sempre,

ainda assim. Os olhos e a membrana

que o fitam são os mesmos, agora

maduros, mas as fronteiras mudaram.

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Mudamos e voltaremos a mudar.Vale a pena mudar,tenho [quase] a certeza.Mudamos por nós e pelos outros, mas não mudamos os outros.A sombra é a metamorfosedas formas, o reflexo da mudança.

Não escolhi viver no norte da Noruega.

Foi ela que me escolheu. As circuns-

tâncias decidem, definem-nos.

Vergamo-nos, mais ou menos, con-

forme a matéria de que somos feitos,

quebramos muitas vezes e voltamos

a partir se for necessário.

Mas nem tudo o que se faz em pedaços

é lixo. Cedo aprendi a respigar a seara

que sou e construi dos restos a criatura

que habito. Restos que servem outras

vidas, outros ponto de partida.

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move10

O inverno branco é um inverno reduzido

e imaginado à medida da transformação

entre o que é e o que pode ser. Entre a

origem e a percepção da origem. Segundo

Platão “A imaginação é a terceira potência

da alma, depois da razão e da vontade.”

Imaginei o Inverno que aí vinha e depois

de o ver olhei novamente e vi outro

que tinha passado. O inverno que

nos rodeia não é o que será no fim

de fazermos contas.

É mais um inverno que passará.

Desde pequenos que sabemosque se misturamos amareloe azul fazemos verde.Como se fosse assim, simples.O verde existe antesde percebermos que uma espéciede alquimia o pode produzir.O verde é ouro, é transformação,é a acção da luz. É a vida novaou a recriação da mesma.

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move 11

Na verdade é abusivo chamarem-lhe

Inverno Branco. Basta olhar, outra vez,

depois da primeira impressão. Forma-se

o todo pelas partes. O inverno branco é

iluminado a halogéneo. Amarelado.

É frio e negro e ilumina-se e “desilu-

mina-se” lentamente. É também laranja,

magenta, azul. É na mistura das cores

que se forma o descolorado branco que

nos deixa indiferente e que, ainda assim,

nos faz olhar surpresos. Mas é ao branco

que voltamos e é dele que falamos.

É envolvente e imenso, impositivo

aos sentido. É sempre inverno aqui.

Se só existem duas estações no ano,

queria chamar-lhes Inverno Luz

e Inverno Iluminado. d

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move12

Tempo de frio. Na rua cheira a lareira que queima a lenha apanhada na serra durante o verão.Ao final do dia, agora noite, corremos para casa, arrastando agasalhos que trazemos no corpo e que parecem não ser suficientes. Cruzamo-nos com o pastor, com o cão e com as ovelhas churras, poucas e em vias de extinção, que servem para dar leite, porque a lã já quase ninguém a quer. As ovelhas, no inverno, não se importam de deixar a serra e ficar nas terras baixas e nós não nos importamos de vir até às terras altas, as da Serra da Estrela. Acabamos juntos o resto do caminho até casa. O gado fica na loja e nós, subimos ao andar da casa onde escolhemos ficar uns dias, em Maçaínhas, perto da Guarda.

made in portugaltExtO maria Pratasfotografia a vida PortuGuesa

cobertor de PaPa

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move 13

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move14

Homem de muita idade, sentado no

tear dedica-se, durante o verão, à

tecelagem das mantas que se venderão

durante o ano. Não o conhecemos, mas

reconhecemos que das suas mãos sai arte

em lã. A tecelagem destes cobertores é

um processo complicado, as máquinas

parecem geringonças, mas é uma arte.

Regista-se que a sua produção começou

com D. Sancho II e que no princípio do

século xx havia uns dez teares; nos anos

40 chegaram a ser mais de 30, só em

Maçainhas. Eram o sustento da família e,

por isso, toda a aldeia fazia cobertores de

papa quentes, densos e felpudos.

O seu fabrico passa por diversas fases:

a lã é comprada aos pastores locais,

é enviada para a fiação e só depois

entra na fábrica já transformada em

fio. É tecida num grande tear manual

de madeira e depois segue para o

pisão [máquina onde se aperta e pisa

o tecido de lã, para o tornar mais

macio e apertado, dando-lhe também

“Se a lã protege as ovelhas, também nos

protege o corpo” e o “que nos guarda do

frio, guarda-nos do calor”... e assim é.

Aqui é a lã que cobre a cama. Sobre

lençóis está um cobertor de papa. Que

por aqui não se usam os edredons

enquanto houver tosquia churra.

Na casa da minha avó havia um cobertor

de papa. Dizia ela que “de noite o calor

tinha peso”. Eu acho que o peso era para

eu não me levantar até de manhã...

E assim foi.

O cobertor de papa é também conhecido

por manta lobeira ou cobertor de pêlo,

por ser tecido com fio de lã churra de

ovelha, uma lã grossa, mas macia.

É produzido na Fabrica de Cobertores,

fundada em 1966, por José Freire.

Fica à beira da estrada, a caminho de

Maçainhas, num edifício velho e é hoje

a última no país a fabricá-lo de forma

artesanal. O último tecelão de cobertores

de papa é o Sr. Manuel Gonçalves.

Hoje a produção “não tem significado”, diz o Sr. José Freire, “Temo-los

por ter. Vão-se vendendo. Tenho sempre alguma coisa em stock,

tenho-os prontos e, depois, vão-se vendendo. Noutros tempos, eram

muito conhecidos e vendiam-se muito, mas agora não”, contou.

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move 15

mais consistência e compactagem]

para lavar e feltrar, depois vai à carda

[pente com dentes compridos e que

serve para desembaraçar] para puxar

o pêlo. De seguida, os cobertores são

cortados e vão à râmbula [peça em

ferro onde se prendem para ficarem

esticados, secarem e ficarem com uma

determinada medida]. A sua produção

é realizada nos meses mais quentes, a

água fria do inverno é insuportável e os

cobertores devem secar com bom tempo

para garantir que a lã fique bem seca e

ficarem mais direitos.

Um cobertor de papa pesa aproxima-

damente três quilos e tem as dimensões

2,40 m de comprimento e 1,70 m de

largura. Distinge-se pelo pêlo comprido,

pode ter uma só cor branco, a cor

“barrenta” (branco e castanho) ou pode

ter riscas de cor azul, verde e vermelho

(destinado ao norte do país) ou fabricado

com riscas de cor castanho, amarelo, verde

e vermelho (mais típico do Ribatejo).

Por último, o cobertor é embalado e leva

a etiqueta Freilã – cobertores e mantas

de papa. 100% pura lã virgem. Produzido

por têxteis Jofrel (de José Pires Freire).

Nós voltámos para a casa com um

cobertor de papa de riscas e novo, para

juntar ao que era da minha avó, branco,

mas velho, porque duram uma vida. Ou

duas. Ou mais. d

R fábrica de cobertores

josé pires freire

maçaínhas

/tel: 271 212 678

R a Vida portuguesa

rua anchieta 11

1200-023 chiado, lisboa

/tel: +351 213 465 073

rua galeria de paris 20 - 1º

4050-162 clérigos, porto

/tel: + 351 222 022 105

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move16

/monserrate

a Poética colina de sintra

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move 17

/monserrate

a Poética colina de sintrateXto Patrícia serrado ilustração sara quaresma caPitão

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Durante a ocupação árabe,um cavaleiro moçárabe perece num duelo com o alcaídedo Castelo dos Mouros,tornando-se um mártir paraos cristãos, que o sepultamnuma colina. O lugar onde,mais tarde, após a reconquista cristã de Sintra pelo rei D. Afonso Henriques, é erigida uma ermida dedicada a Nossa Senhora… … assim reza a lenda.

Assim reza a lenda… … da então Quinta da Bela Vista,de pomares e hortas, pertencente ao Hospital de Todos os Santos, sobressai um nome, Frei Gaspar Preto que, depois da peregrinação ao Eremitério Beneditinode Montserrat, na Catalunha, manda edificar uma capelaem cumprimento de voto a Nossa Senhora de Monserrate no lugar onde, outrora, fora enterradoo cavaleiro moçarabe.

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move 21

Por caminhos sinuosos, somos

conduzidos ao passado. À história de

um paraíso a céu aberto envolvido em

enredos rematados por um sublime

jardim botânico pincelado pelo verde

predominante das espécies de árvores

vindas de todos os cantos do mundo.

Um segredo bem guardado no coração

da serra de Sintra, ornamentado pelo

romantismo eclético da época. Delicado

e dedicado aos sentimentos e criado por

cenários contrastantes desvendados

a cada passo…

Passamos o arco de Vathek. A entrada

dos homens de William Beckford,

nome que remete para a história de

Monserrate. Aforado e, posteriormente,

reunido aos pertences da família

de D. Caetano de Mello e Castro,

comendador de Cristo e vice-rei da Índia,

este lugar edénico, dono de uma vista

infinita sob o céu e sobre o mar, incorre

na tormenta do terramoto de 1755. Sobre

as ruínas da antiga capela e moradias,

o britânico Gerard DeVisme torna-se

arrendatário e ergue o primeiro palácio

de Monserrate, classificado com estilo

neogótico.

O barulho de fundo entra em fusão com

o cenário bucólico do bosque. A subtil

queda de água da cascata Beckford,

acolhida no pequeno lago em forma

de ferradura, é protegida por dois

pinheiros, símbolo da entrada da

natureza na Quinta de Monserrate.

A decoração variegada dissimula

pequenos recantos do mundo – desde

o tulipeiro da Virgínia, ao carvalho

americano, do azevinho à costela

de Adão, do medronheiro à aucuba

japónica. Sobre este arbusto, reza a lenda

que o salpicado amarelado das folhas

advém do ouro entornado pelos duendes

que por ali viviam…

O poeta romântico inglês Lord Byron imortaliza o paraíso na terrano poema “Childe Harold’s Pilgrimage”. A ode perfeita ao belo e à botânicade forte inspiração inglesa, numa colina na serra de Sintra revestida por um majestoso cenário bucólico, e à excelência de um palácio de traço neogótico único no mundo! Assim dá as boas vindas a Quinta de Monserrate.

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O passeio prossegue pelo encantado vale

dos fetos da Austrália e da Nova Zelândia.

Entre a cascata e a capela – reerguida,

cerca de 20 anos antes, pelo britânico

Gerard DeVisme –, convertida em ruínas

pelo milionário inglês Francis Cook

e estrangulada pelas imensas raízes

aéreas de uma figueira australiana,

espera-nos o quadro de um recanto

enigmático decorado, outrora, com três

sarcófagos etruscos – peças únicas

em Portugal –, digno de um conto com

personagens sombrias, numa alusão

primorosa ao imaginário romântico

do século xIx.

Da vetusta nação inglesa chega

o escritor e crítico de arte William

Beckford, impulsionador da criação

de num exuberante jardim envolto

pela atmosfera romântica da paisagem

misteriosa e luxuriante de Sintra.

“O primeiro e mais lindo lugar deste

reino”. Palavras redigidas na carta

de Lord Byron, datada de 16 de junho

de 1809. Vocábulos confinados pela

realidade do sublime e do imaginário

romântico de Sir Francis Cook.

Da paisagem circundante, brota

o domínio da natureza sobre o Homem.

Um majestoso jardim com ambientes

inspirados nos distintos recantos da terra

– jardim do México e jardim do Japão

– e um relvado infinito decorado pelo

exotismo das árvores que nos levam

à entrada do Palácio de Monserrate.

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move 23

R www.parquesdesintra.pt

Do palácio, a reconstrução traça uma

mescla de estilos, entre o gótico,

o indiano e o mourisco. Um exímio

trabalho do arquiteto James t. Knowles.

Das paredes trabalhadas em estuque

florescem padrões ora com folhagens,

ora com animais, ora figuras de

alabastro. A forma converge num cenário

simétrico na galeria adornada por uma

sucessão magistral de arcos e colunas

em mármore rosa.

Entramos na biblioteca, com paredes

forradas a estantes de nogueira.

A presença de um quadro com Sir Herbert

Cook, neto de Francis Cook, e a sua

mulher exaltam o respeito.

A capela, a sala de jantar e a sala

de bilhar dominam o piso inferior,

em consonância com a sala de estar

indiana. Chegamos à sala de música

do Palácio de Monserrate, decorada com

um teto em estuque de uma beleza ímpar

e dotada de uma excelente acústica,

motivo para a realização de recitais

de música erudita em Sintra.

Descemos à cozinha. A divisão

recuperada com graciosidade sem

que os nossos olhos se afastassem

do enorme fogão nem dos objetos

tantas vezes usados para preparar desde

pequenos repastos a grandes banquetes,

recebidos em festas, sempre agraciadas

pela música e pelas conversas abafadas

por gargalhadas, que ecoavam sob

a cúpula do átrio principal, com uma

estrutura em madeira decorada com

estuque, onde predominam os painéis

de alabastro, de inspiração indiana.

Da escadaria, em mármore ornamentada

por um padrão em folhas de hera, é feito

o acesso ao piso superior, reservado

ao eterno repouso dos aposentos

da família Francis Cook. d

Page 24: Mutante 14

Acendemos a lareira. A manta aconchega-nos. A música

serena os gestos, as palavras, os risos… Ao serão. Quente,

apetecível. Há muito desejável. tomamos um chá, para

acalentar a alma, acompanhado por uma fatia

de bolo rei, numa profunda alusão à quadra festiva

e à tradição dos nossos avós. Com a assinatura

da Eric Kayser. Um sabor especial e tentador!

/eric Kayser

com sabor a natal

R www.maison-kayser.com

Page 25: Mutante 14

25

Page 26: Mutante 14

26 unique

Não há carros, não há estradas, não há

ruído urbano. Há o tirol Sul, em Lana, Itália.

Matteo Thun, arquiteto, criou na montanha

o abrigo perfeito para os amantes da

natureza, o Vigilius Mountain Resort.

Fora, um projeto onde a arquitetura

eco-friendly, da matéria aos recursos,

é uma só unidade com a natureza: a

/Vigilius mountain resort

desiGn da montanHa

madeira liga os volumes à envolvente,

o vidro torna o interior permeável ao

exterior, a cobertura plana ajardinada

enquadra as formas e aquece o interior.

Dentro, a arquitetura de gramática

minimal e acabamentos depurados

alberga um design na continuidade do

projeto arquitetónico, contemporâneo

Page 27: Mutante 14

unique

com linhas direitas, predomínio

da madeira, texturas suaves e tons

grená para aquecer a alma. A 1500 m de

altitude, além do spa e ao lado do volume

de linhas puras, uma típica construção do

tirol, eximiamente recuperada - Stadel,

alberga o Restaurant 1500 para

se deliciar com sabores exquisite.

Se o seu paraíso é no isolamento

arrebatador da montanha, coberto ou

não de neve, aconchegado pelo conforto

do design, protegido por projetos de

excelência e num ambiente de turismo

sustentável, Vigilius Mountain Resort é o

seu espaço, é o seu destino... Até lá!

R www.vigilius.it

Page 28: Mutante 14

28 unique

A casa sobre o areal em pano de fundo.

O mesmo manto de areia abraçado pelo

imenso Atlântico, numa serenidade

intemporal recriada pelo romântismo.

Seaside Living in the Hamptons.

Assim é o universo da Baume & Mercier,

demarcado pelos valores genuínos

de partilha, de autenticidade e elegância

descontraída, pelos laços familiares e pela

tradição. Valores enraizados na maison

/baume & merciera desfrutar cada momento

d’holorgerie de Génebra, porque “a vida

é feita de momentos”. Porque é agraciada

por momentos únicos, por celebrações

sempre tão especiais, presenteadas

pela qualidade, pela autenticidade, pela

delicadeza de cada relógio no feminino

para desfrutar numa constante, sem fim…

R www.baume-et-mercier.com

Page 29: Mutante 14

29unique

100% natural, ecológico, sustentável,

nosso: cortiça. A cortiça ganha,

pela mãos de tiago Sá Costa, para a

portuguesa Vicara, formas inusitadas,

numa combinação entre a matemática

estudada, premeditada e o desenho

aleatório, livre. tiago cria, para a série

Corkmatters, um candeeiro e uma

cesta. O primeiro, de nome Lugh, é

um candeeiro que não é só luz, mas é

sombra em simultâneo, é uma ondulação

suave de luz e sombras, conseguida

pelo desenho que a cortiça, flexível,

permite. O segundo, baptizado de

CorkyBowl, é uma cesta para o pão ou

frutos secos, é uma cesta original, de

múltiplas funcionalidades, que revela

as potencialidades de uma matéria

tão plástica, com recurso a fabricos

inovadores. Vicara é, com toda a certeza,

design para se estar atento e se seguir,

com uma identidade muito própria.

/Vicaracause cork+matters!

R www.vicara.org

Page 30: Mutante 14

unique30

/baguera

black & bicolor b.W.

O corte clássico, de uso reservado

para as pedras preciosas, é explorado

em acrílico. O padrão geométrico

é hipnotizante. Surte um efeito cativante

convertido pelo design e pela criatividade

rigorosos em convergência depurada

pelo belo e pela elegância.

Assim é Vectory Black & Bicolor B.W..

A coleção da Baguera para o outono

/ inverno de 2012. A marca de cunho

português, fundada em 2011, adornada

por jóias e acessórios criados por

Branca Cuvier.

Por quê Black? Porque o preto

é eternidade, é sedução, é um clássico.

A ausência de cor em superficie

acrílica, onde todos os raios de luz são

absorvidos. Razões de sobra para que

VECtORY Black seja um must na dupla

formada pelas últimas estações do ano

que está prestes a findar.

Agora juntemos-lhe o branco. O oposto,

o contraste, o refletor. A combinação

de cores que retoma o início da essência

Bicolor B.W.. O preto e o branco

em profunda sintonia numa mescla de

antónimos da paleta das cores – ou não

cores… Para o dia a dia mais exigente.

Para as ocasiões que personificam

o universo feminino adornados

por acessórios que primam pela

singularidade e a mestria do handmade.

R www.baguera.eu

Page 31: Mutante 14

unique

Page 32: Mutante 14

trendy32

diamond / edição limitada colecção

1

Page 33: Mutante 14

trendy 33

/boca do lobo

d’um lobo com atitude!teXto sara quaresma caPitão e marco costa fotografia sofia silva

Page 34: Mutante 14

trendy34

Caímos na BOCA do LOBO, foi o que aconteceu. Não tivemos medo.Temos sim uma história para contar, que o medo vos vai tirar! Era uma vez, no Porto, em tempos não muito idos um Lobo que tinha fome de design produzido por sábias mãos, aprimorados saberes, ousada imaginação.O Lobo do Porto, tal como nas histórias de encantar, não é monótonoou depurado é sim rico, ornamentado e sofisticado. Tem histórias com nomes em inglês pois é lá fora que ele conta muito “era uma vez...”.

No mundo das histórias, as formas de

geometria matemática são elemento

presente: escadas helicoidais para a alta

torre! Na Boca do Lobo os planos são

trabalhados de forma tão surpreendente

que chegam a parecer elementares,

mas nada é simples. Deverá ser, o Lobo,

formalmente complexo?

Complexo a vários níveis. Liga

claramente à aparência, gosta de dar nas

vistas e adora ser tema de conversa.

Um Lobo com atitude, portanto…

tem atenção aos detalhes, à postura

e tem muito cuidado com a forma como

se apresenta. Mas não se trata só de

imagem! A fórmula aparentemente

simples é complexa e por mais que

outros a tentem usar e resolver, existem

muitas variáveis a fazer a diferença.

O Lobo é genuíno, claro, positivo

e ambicioso. É alguém que procura ser

formado e informado. Adora saber mais e

mais sobre o passado para olhar o futuro.

pixel / colecção edição limitada

2

Page 35: Mutante 14

trendy 35

Page 36: Mutante 14

trendy36

Page 37: Mutante 14

trendy 37

Um Lobo que sabe quem é, nem mais!

A Boca do Lobo, como os personagens

das histórias, defende e guia-se por

valores e pelo design, pela personalidade,

excelência, inovação e paixão. Porém

o Lobo é, também, tradição

(manufatura), memória (mão do artesão)

e história (identidade), verdade?

Quem conta um conto acrescenta um

ponto e a Boca do Lobo adora contar

contos e adora acrescentar pontos.

As histórias fazem parte da Boca do

Lobo. Seguindo a lógica da fórmula

matemática, se juntarmos ‘tradição’

(manufatura), ‘memória’ (mão do

artesão) e ‘história’ (identidade) são

os elementos que estão na base para

a criação do resultado ‘EMOtIONAL

PRODUCtS’ (parte da nossa visão),

se a estas três somarmos ‘Design’,

‘Personalidade’, ’Excelência’, ’Inovação’

e muita ‘Paixão’, então não haja dúvida

que estamos na presença da Boca do

Lobo. (…) Os objetos produzidos à luz

dos processos produtivos do passado

acrescentam história, acrescentam alma,

acrescentam identidade.

Chegamos aos cenários das histórias.

A Boca do Lobo é personagem e,

simultaneamente, criadora de cenários.

Cada peça é tão forte que quando chega

a um espaço, esse transforma-se

em algo novo. É esta a magia que

tem a Boca do Lobo, ser criadora

de ambientes singulares?

Histórias sem cenários não são

histórias, cada peça da Boca do Lobo

é uma história a contar, que pode ser

interpretada de várias formas. Cada

um idealiza o cenário para elas à sua

maneira e claro, a capacidade de

transformar um espaço é inevitável. Não

passa despercebido, é como que se as

peças tivessem vida e falassem. (…) são

realmente mágicas, tem uma presença

forte e vincada pela autenticidade e

modernismo capazes de criar ambientes

singulares.

millionaire / coleção de edição limitada

3

Page 38: Mutante 14

trendy38

Por fim, de quinas ao peito por ser uma

história portuguesa, abrem nova página

em 2013, em Nova Iorque. As histórias de

encantar estão espalhadas pelo mundo,

com pequenas variações. Assim será,

também, com o design inovador de saber

antigo, da Boca do Lobo: agarrar mundos

e espaços, criar novos cenários com o

desejo de um “felizes para sempre”. De

tudo o que ouvimos, há esta certeza de

que com pequenos passos e atitude sábia

se chegará longe, com o Lobo.

Moral da história: 100% nacional,

a Boca do Lobo agarra a memória

e veste-a com nova e trabalhada

imagem contemporânea porque

sem passado, não há futuro. Certo?

Sem passado não há futuro! d

R www.bocadolobo.com

equipa boca do lobo, na fábrica

4

marco costa (esq.) e sr. cosme (dta.), na fábrica

5

4

Page 39: Mutante 14

trendy 395

Page 40: Mutante 14

art401 2

Page 41: Mutante 14

art 41

na curva d’arquiteturateXto sara quaresma caPitão

Page 42: Mutante 14

art42

oscar niemeyer: o arquiteto, o traço e a curva para a sededa nações unidas. trio perfeito em nova iorque.crédito un photo / 18 april 1947 / new york, usa. architectural planning of united nations permanent headquarters.

1

Ajeitar a folha de papel pela enésima vez.Ignorar esse papel e começar logo no virtual, num docx ou doc.Voltar à folha de papel, concreta, como o concreto armado.E a caneta bate, nervosa, as palavras não riscam o papel.Quais as palavras acertadas?E se a emoção toldar o discurso?E se ficarem esquecidas palavras?E se para um nome tão grande sair um texto tão pequeno? Inspirar e ganhar fôlego, feito. Urge soltar a mão para riscare há que escrever o nome de quem se fala e cita:

Oscar Niemeyer.

desenho de oscar niemeyer, brasília. porque o desenho tudo explica, tudo diz do que é ser oscar niemeyer.© mutante.

2

museu de arte contemporânea, niterói. uma flor pousada sobre a guanabara, uma flor que namora o rio de janeiro.© mutante.

3

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art 43

Esboçar palavras associadas ao nome:

genialidade, arte, arquitetura, único,

estrutura, mulher, curva, planalto,

desenho, excecional, imaginação, beleza,

ideia, identidade, espaço, invenção,

assinatura, singular, natureza...

Pausa. Concentrar. Escolher um foco, do

arquiteto de mil focos. E deixar ser este

um texto despretensioso e sentido de

uma arquitetura tão sentida.

Pampulha e Brasília ecoam no pensa-

mento, sempre. Niterói poisa no olhar,

eternamente. Constantine e Nova

Iorque guardados na memória, o Rio

na identidade... E a Casa de Canoas que

Gropius observando disse que não era

multiplicável.

O traço de Niemeyer não quer ser

multiplicável, é singular porque é isso a

sua arquitetura. Algo único, notável. Algo

tão seu. Sempre teve como premissa o

ser diferente, o criar surpresa e ela ser

bonita. Sim, bonita. A palavra não é das

mais eruditas do dicionário, mas existe

e é, bonita. É genuína como a arquitetura

de Niemeyer e ele diz “procuro fazer

bonito, diferente”. talvez no mundo

literário de Jorge Amado se dissesse que

arquitetura d’Oscar é moça bonita.

3

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art44

sede das nações unidas, nova iorque. sede da união de dois traços, de dois saberes: niemeyer e corbusier.crédito un photo/es / united nations, new york.

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art 45

4

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art46

Moça. Nova palavra simples, cheia

de curvas, porque de curvas é feito

o seu traçar, “De curvas é feito todo

o universo. O universo curvo

de Einstein”, das curvas da mulher

“porque sem mulher não há razão

para o homem viver”. É isso, viver.

Oscar Niemeyer vive(u) o seu ofício e

preenche o espaço dos espaços com

viver. Vive(u) a liberdade porque a sua

arquitetura é forma livre, não presa pela

função. Por isso, a regrada e multiplicável

Bauhaus, das formas simplificadas

e do funcionalismo extremo, nunca foi

a sua praia. A praia de Niemeyer

é carioca, livre como o samba.

Realinhar o pensamento. Olhar o planalto

brasileiro, procurar um ponto de fuga.

Esquissar sem medos.

palácio do planalto, brasília. sem medos de fazer diferente, de fazer bonito, de ser ímpar.crédito roberto stuckert filho/pr. fonte planalto.gov.br

5

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art48

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art 49

Não há medos no desenho de Niemeyer

porque ele não tem medo de ter ideias,

de criar e ousar. De desafiar o ângulo reto

com a sinuosa curva, de ser arquitetura

em estado de arte. Não tem medo da

matéria que cresceu com ele, o betão,

o concreto no seu falar. Explorou a

plasticidade da matéria, experimentou-a

e deu-lhe nova arquitetura mais limpa,

plástica e vazada: com curvas. Até

nos vazios curvos do seu universo há

Niemeyer. O espaço, vazio ou cheio, é

espaço das suas atenções.

Como? O lugar dos outros? O espaço

dado à troca dos saberes? Que aulas

devem ter sido as conversas desenhadas

a várias mãos com Corbusier ou Lúcio

Costa, ou as observações trocadas com

Gropius, os chamados de Kubitschek,

as leituras meditadas que fez de Malraux

ou Baudelaire... Só assim a arquitetura

pode nascer como uma flor e ser natural.

Só assim pode ter silhuetas raras, ter

tangentes excêntricas, ser maior

e monumental, mais pequena

e inesquecível.

palácio da alvorada, brasília. quando arquitetura é música de ritmo brasileiro, carioca de ritmo niemeyer. crédito ichiro guerra/pr. fonte planalto.gov.br

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art50

interior da catedral metropolitana de brasília, brasília. a (não) fé de niemeyer dá-nos fé numa arquitetura curva e infinita.© daderot (cc0 1.0 universal)

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Desenhar a saída, sem querer sair,

sem querer deixar ir.

Resume-se, quase tudo, a uma mão

que nunca precisou de legenda,

a um marcador negro de tampa ausente,

a uma postura determinada e uma

convicção inveterada. Resume-se, quase

tudo, à genialidade da ideia, à capacidade

inata de ser invenção, de Niemeyer

inventor. Resume-se, quase tudo, a nova

arquitetura, a um novo ser arquiteto, a

ser ímpar e belo. Resume-se, tudo, a um

estilo Oscar e um movimento Niemeyer.

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art 51

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art52

congresso nacional, brasília. onde a curva encontroua tangente, para sempre.crédito rodolfo stuckert / câmara dos deputados, brasília. fonte camara.leg.br

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“Se alguém vai em Brasília eu digo

‘olha você vai a Brasília você vai ver

a arquitetura de Brasília, os palácios,

você pode gostar ou não deles, mas

você não vai poder dizer que viu

antes coisa parecida’ ”.

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art 53

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art549

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art 55

pormenor do mon, curitiba. o olhar de uma arquitetura vivida.crédito nani goes fonte museu oscar niemeyer

5

Poisar a caneta que já não bate, nervosa.

Não escrever as palavras esquecidas, não

corrigir nada, não dizer mais nada. todo

o texto será pequeno para o nome tão

grande. Arrumar a folha rasurada, riscada

e insignificante.

Levemente, inspirar. Olhar sem pontos

nem fugas, nem tempo marcado.

De olhos marejados deixar de vez

a emoção toldar o pensamento. Fechar

os olhos e ver melhor as curvas,

os planos, as cidades, os palácios,

as sedes, os doutos saberes,

os memoriais, os manifestos, a (não) fé,

as casas como a casa de Chico Buarque…

E saber que há Oscar Niemeyer,

sempre. d

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art56

/aleXandre farto

let’s talk about vHils!teXto sara quaresma caPitão

diorama show - lisboa, by filipe rebelo 2012

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art 57

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art58

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art 59

Vou nas ruas, atravesso caminhos, dou volta a quarteirões,

perco-me constantementea olhar para pormenores

de ontem, de arquiteturaspassadas e abandonadas.

Vejo vãos guarnecidos com cantaria oitocentista, tapados.

Relembro esgrafitadose tonalidades de antigamente, sinto rebocos como já não há, espreito alvenarias várias que

guardam segredos, passo a mão e... afasto-me. Paro. Afasto-me mais um pouco. A minha vulgar

arquitetura tem algo mais a dizer hoje. Mudaram-lhe

a face e deram-lhe um rosto.

tedex - aveiro, by smart bastard, 2012

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art60

Procuro o seu nome, leio Vhils.

É ele que dá à minha arquitetura nova

leitura, escavada, nova imagem de arte

que a minha mão sentiu. Deixo o rosto,

vou para casa. Adormeço e acordo a

pensar: se eu escavasse o nome Vhils

que encontraria eu?...

Depois penso: eu construo e ele,

sem eu ver, procura deslindar, com

arte, as camadas do erigido. Pintura,

primários, rebocos, alvenarias. tudo

é quase despido, tudo é repensado e

escavado. A paredes já não são meras

paredes, a minha mão sabe disso. Será

Vhils um palimpsesto a funcionar às

avessas? E o que não é um palimpsesto

contemporâneo se não uma leitura

de memórias acumuladas. Vhils é o

esgrafitado de um estrutura chamada

Alexandre Farto.

vsp - porto, by leonor viegas, 2010

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art

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art62

Não creio que seja outra coisa.

A cabeça não pára quando sinto rostos,

leio sentidos e sentimentos, e cismo com

a intensidade criativa: será o leve martelo

pneumático que traça aquela mão forte

que embala segura, na torre das ameias,

a criança? Ou será o pesado martelo que

desenha a leve mão. Em última análise

indago se é o leve Vhils que traça, com

métodos fortes, retratos intensos?

Fico-me pela última, Vhils

é a criatividade duma ideia, os métodos

e a matéria a intensidade... E de novo,

a persistente dúvida.

Esquadrinho quem começa no comando,

quem manda em quem nos entretantos,

quem vence no fim. Há um artista

de mão firme, uma ideia magistral,

ferramentas para a ideia ser exequível

e uma “folha de papel”, a minha

parede – senhora despida de forma

surpreendente, de sua pintura e seu

reboco – e tudo se finda num novo rosto,

mensagem emotiva. Quem mandará em

quem em tão singular ato criativo.

A mão, a ideia, a ferramenta, a folha de

papel? Variável. É tudo variável com a

arquitetura, o papel ou a madeira que

sustentam a ideia. Os materiais falam,

criam e ditam o rosto final, numa dança

de variáveis inesperadas, onde afinal eu

ainda sou parte criativa, com a minha

arquitetura efémera, mutante.diorama show - lisboa, 2012

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art 63

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walk n talk - são miguel - açores, edited rui soares vhils, 2012

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art 65

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art66

action in shanghai, 2012

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Algo me sussura que não consigo evitar.

Vou ter de chamar o Gauguin para este

falar alto: De onde viemos? Quem somos?

Para onde vamos? Penso nisto quando

leio que nesta forma de arte há uma

busca determinada, metafórica, para

encontrar respostas às questões de Paul.

Somos arquitetura de cidades, feitos

de camadas. Somos efémeros mutantes

e tudo questionamos. Se as paredes

falassem creio que Vhils teria parte da

resposta. É verdade constatada que

os materiais falam e Vhils entende o seu

dialeto, sabe o que lhe dizem e o que lhes

dizer, por isso tem esta relação assumida,

firme. Um dia, se tiver coragem,

procuro-lhe a resposta...

Para já, a mão tem na memória as

paredes tateadas, o velho e o novo, o

muro sem dono, as ruas transformadas.

O velho que se torna, pela arte, em novo.

O novo que se torna, pelo método,

em velho. O muro que ganha dono, por

tempo indefinido, com rostos de cinco

letras. As ruas que são mutantes de

Vhils, num ritmo que poderá ser eterno,

acompanhado dum gesto, efémero.

Volto a sair, para avivar a memória.

Percorro a rua com a mão a tocar

na parede. tateio à espera que ela,

a mão, leia um novo Vhils, num

quarteirão da minha cidade. d

R www.alexandrefarto.com

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/sergi arola

como um cHefteXto Patrícia serrado fotografia joão Pedro rato

Não! Não falo sobre o filme de Daniel Cohen.Falo sim sobre o chef catalão Sergi Arola.

O chef que é cozinheiro.O cozinheiro que reinventa a cozinha, convoca

a tradição à mesa e simplifica o sabor, enquanto a criatividade permanece em banho-maria…Mas, a criatividade está à vista, dizemos nós,

e o palato não escapa à empatia do gosto,até porque gosta de fazer tudo bem feito.

Verdade? Sim! Comprovámos, na degustação dos pratos por si preparados,

por ocasião do 4.º aniversário do Arola, o enigmático restaurante

do Penha Longa Hotel Spa & Golf Resort,em Sintra.

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as palavras que melhor definem

o chef sergi arola.

Cúmplice. Gosto de me considerar

cúmplice. Não como chef. Não me

distingo substancialmente a nível pessoal

quando entro na cozinha. Não pretendo

distinguir-me dos outros…

não gosta que lhe chamem de chef…

tento ser o mais informal possível. Creio

que podemos funcionar com simplicidade

e não sermos distantes. Gosto de estar

próximo, tanto da minha equipa como

dos meus clientes. Por vezes, as pessoas

julgam que tenho uma atitude mais

distante, pela postura roqueira… mas

tento ser o mais leal, o mais simples,

o mais honesto possível.

Cumplicidade. Informalidade. Tradição

define-se como um criativo

e um inconformista na cozinha?

Sim, mas creio que a criatividade,

sobretudo nos últimos anos, tem sido

convertida num aspeto demasiado

sobrevalorizado da gastronomia. tem

importância, mas não mais do que outros

critérios, como a tradição, por exemplo.

a tradição é importante…

É fundamental! Creio que a criatividade

não vale tudo. É importante dar valor

ao passado. Existem dois tipos de

criatividade. A espontânea, que considero

muito interessante, é tradicional, advém

do teu trabalho. A outra, e que tem sido a

aposta dos últimos anos, é aquela a que

chamo de criatividade induzida; acontece

quando um chef decide que quer ser

criativo e a equipa dá-lhe as soluções

em tempo real, para fomentar, de forma

artificial, a sua criatividade. Ou seja, esta

não tem limite, porque tu mesmo não

tens limites e porque tens uma equipa

que supera os teus [limites].

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Simplicidade. Empatia. Experiência É a cozinha uma forma de expressão?

No meu caso, a minha cozinha, o Arola,

define-se como a complexidade da simpli-

cidade. Por vezes, o mais simples é muito

complicado. É preciso ter sangue frio para

tornar algo complicado em algo simples.

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É uma tentação ou uma provocação

ao palato?

É o momento em que te manifestas

gastronomicamente. É um jogo

complexo, um jogo intelectual.

Um jogo que ganha em provocação,

um jogo que perde em capacidade

de afetos, de ternura. Há grandes

pratos de senhores muito criativos,

com muita criatividade mas, ao provar,

não possuem calor, empatia.

Quando idealiza uma ementa, os pratos

estão em harmonia entre si?

tudo tem de ter um equilíbrio. Por

exemplo, no Arola do Penha Longa [onde

nos encontramos], o cliente senta-se,

come e pensa “até quanto estarei disposto

a pagar por isto”? É preciso pormo-nos na

pele do cliente. Até agora, tem sido uma

experiência fantástica, muito gratificante!

Mas é muito difícil desenvolver uma

gastronomia interessante.

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Fazer bem feito. Gosto. Emoções

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prefere inventar, reinventar

ou fazer bem feito?

Fazer bem feito! Podes fazer o prato que

quiseres, mas este tem de ter gosto!

Porque, ao gastares dinheiro, é preciso

que te superem as expectativas. Já não

basta dizeres que pretendes entregar-te

a uma experiência. A experiência tem

de ser mesmo boa!

esconde as emoções ou partilha-as

com os comensais?

As emoções têm de fazer parte

da experiência. A única diferença é que

a gastronomia não é uma arte e o nosso

estado de humor não pode, de forma

alguma, interferir no trabalho final.

tens, acima de tudo, de cozinhar bem!

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Sergi Arola confessa que não gosta

de viajar. Percorre o mundo, porque

o trabalho assim o obriga.

“Não há outro remédio…”

De Madrid a Barcelona, de Santiago

(Chile) a São Paulo (Brasil) e a Bombaim

(Índia), de Paris (França) a Verbier (Suiça),

de Hong Kong a Sintra (Portugal).

É precisamente neste lugar fascintante,

no coração da natureza da serra

de Sintra, e agraciado pela elegância

do Penha Longa Hotel Spa & Golf Resort,

que o restaurante Arola conta já com

quatro anos de vida voltados para

o green que decora a paisagem ali,

mesmo à nossa frente!

De volta à realidade, ao dia a dia

na cozinha, Sergi Arola afirma com

veemência: “Me encanta mi trabajo!”

R www.penhalonga.com

R www.sergiarola.es

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new 77

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today78

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today 79

/inshadow

4.º festival internacional de vídeo, Performance

e tecnoloGiasteXto Pedro sena nunes e ana rita barata

fotografia joão P. duarte / vo’arte 2012

espetáculo - blackout

1

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today80

InShadow,4.º Festival Internacional de Vídeo, Performance e Tecnologias, uma iniciativa da Vo’Arte em co-produção com o São Luiz Teatro Municipal, esteve de volta a Lisboa nos dias 1 a 8 de Dezembro onde apresentou o que de melhor se faz, mundialmente, em vídeo-dança e performance.

A edição de 2012 do Festival esteve

presente no teatro São Luiz, teatro

do Bairro, Módulo – Centro Difusor de

Arte, Galeria Graça Brandão, Pickpocket

Gallery, Galeria Câmara Lenta e Faculdade

de Motricidade Humana, e apresentou

uma programação forte e eclética que

mostrou os caminhos da criação artística

contemporânea e deu destaque

às linguagens do corpo e da imagem.

Incluído na programação do Ano do

Brasil em Portugal, o Festival acolheu

o Brasil como país convidado, com a

apresentação de dois espectáculos

brasileiros (pela coreógrafa Flávia

tápias); a exibição de uma retrospectiva

dos melhores vídeo-danças brasileiros e

o acolhimento do Festival Dança em Foco

(Rio de Janeiro) como Festival Convidado.

A programação deste ano deu

ainda destaque a uma componente

de formação de novos públicos,

seja com a apresentação do

espectáculo MalaSombra, pela

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today 81

companhia catalã Au Ments - uma

encenação que combina elementos de

dança, teatro visual, teatro de objectos,

sombras e música rock dirigida a toda a

família e que pergunta aos mais pequenos

o que aconteceria se a sua sombra fosse

roubada – ou pela apresentação de vários

workshops e masterclasses dirigidos

a público especializado e a todos os

curiosos sobre as temáticas do corpo,

da imagem e das intersecções que entre

estes se podem gerar. A título

de exemplo, a masterclass “Corpo

e Pensamento”, do escritor Gonçalo M.

tavares, reuniu mais de 200 pessoas

que problematizaram temas como:

Como é que o corpo pensa? E como se

pensa o corpo? Criação e convenção;

racionalidade e arte; Erro e acaso -

metodologias de criação. Outros dos

oradores/artistas convidados a participar

em masterclasses foram o realizador

suíço André Semenza e a coreógrafa

brasileira Ivani Santana (que estreou

na Galeria Graça Brandão o seu novo

trabalho: a performance “Sussurros”).

espetáculo dança - wasteland

2

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today82

Outro dos eixos fortes de programação

do Festival passa pela promoção de

novos artistas visuais. É neste campo

que se inclui a exposição de fotografia

123 90 948 do vencedor do Prémio Bes

Photo Revelação 2008, David Infante, a

qual esteve patente no Módulo – Centro

Difusor de Arte, com curadoria de Mário

teixeira, ou a mais recente instalação de

Eunice Artur na Galeria Graça Brandão.

No entanto, além destas propostas de

programação paralela, o núcleo artístico

do Festival e divulgação da vídeo-dança,

através de Sessões Internacionais de

Competição de Filmes Vídeo-dança que

resultaram da resposta a uma open call

internacional e que integraram cerca

de 40 filmes de mais de 30 países

em 4 sessões (entre 4 e 7 de Dezembro

no Jardim de Inverno do teatro São Luiz)

que apresentaram o que de melhor se

produz neste momento, por todo

o mundo, em vídeo-dança.

A programação dos espectáculos

contou com duas estreias em Portugal:

o coreógrafo suíço Philippe Saire e a

sua Companhia, que depois de 20 anos

de carreira e de inúmeros prémios

conquistados nos mais importantes

festivais internacionais, apresentou-

-se, pela primeira vez, em Portugal,

com Black Out, uma performance “de

transição da luz para a escuridão, da

vida para a morte, de uma mancha

de óleo para uma chuva de cinza (…),

é uma obra de mestre para a qual se

olha a partir de cima: um quadro vivo

com movimentos de luz, músculo e

pó de borracha”. Os ingleses Me and

The Machine, que trouxeram um jogo

de realidade virtual que é construído

pelo próprio público, When We Meet

Again (Introduced as Friends), uma

performance de um-para-um, entre o

espectador e um amigo invisível, onde

é criada a ilusão de se estar dentro

de um novo corpo, através do qual se

move de maneira diferente e descobre

coisas misteriosas e invisíveis. A

criação contemporânea nacional esteve

representada pelo espectáculo

Wasteland, a mais recente colaboração

entre os bailarinos (e coreógrafos)

António Cabrita e São Castro.performance - luis marrafa

3

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today 83

InShadow,inventa a sua geografia, enquanto o corpo se imagina na sombra.

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85

Num ano de contenção e de desafios

(tema abordado pelo coreógrafo Rui

Horta na talkShadow – conversa aberta

entre os artistas presentes no Festival e

o público -), o InShadow viu reforçada

a sua presença em Lisboa, com novos

parceiros, maior visibilidade nos meios

de divulgação, novos públicos

e conseguiu renovar o seu compromisso

de apresentar uma 5.ª edição em 2013

com a França como país convidado

e Anne Alexandre (directora do Festival

des Arts des Cinés) como curadora.

Num momento de mudança, e quebra

da produção artística, existimos porque

persistimos e porque recebemos o

apoio de muitos, a quem agradecemos,

sem excepção. Contudo, exigimos

uma reflexão de excelência, centrada

na responsabilidade e na dinamização

de novos públicos, com o desejo de

construir um festival consolidado numa

programação para todos. d

R www.voarte.com

polaroid

4

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experience86

/Villa eXtramuros /ALENtEJO /PORtUGAL

a arte do refúGioteXto Patrícia serrado fotografia joão Pedro rato

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experience

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experience88

Depois de uma manhã escondida pelo

denso nevoeiro, depressa o sol desperta

por entre a subtil névoa que pairava além

tejo e assim permanece até ao fim da

viagem. Até fora das muralhas da vila da

Arraiolos. Na Villa Extramuros. Um olival

centenário sem fim à vista, salpicado

de azinheiras! Virados para a porta sde

entrada da pequena Villa, e após uma

breve investida à mesma, aparece

François, com um longo sorriso amável,

ao qual se junta, depois, o de Jean-

Christophe.

Entramos a convite. Na sala, as mesas

sustentam pilhas de livros. Formas

de estar que apelam ao conforto e

ao à-vontade dos hóspedes numa

decoração vintage a adivinhar o bom

gosto da dupla de parisienses – François

Savatier e Jean-Christophe Lalane.

Aqui o tempo é… intemporal. Permanece intocável pelos ponteirosdo relógio. O silêncio confunde-se com as horas, os minutos, os segundos.Com o ténue chilrear dos pássaros, com a acalmia do vento. Confunde-se com dia, a noite, as estações do ano. Aqui mesmo. Na Villa Extramuros.

Queríamos mudar de vida.

Queríamos um lugar com história,

monumentos, com boa comida,

não muito longe de Lisboa

nem de Espanha.

François

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A conversa flui naturalmente…

Outrora ávidos por conhecer o imenso

mundo, um desejo concretizado por

longos anos, François e Jean-Christophe

sentem-se realizados com a nova casa.

O gosto pela terra plana pintada de

tons dourado e verde. O quente do sol

anunciado a cada dia que passa. O lugar

ocupado pelo onírico e pelo sossego.

O sorriso das gentes da terra. O que a

terra dá. O deleite infinito de uma mesa

alentejana, desde o olhar ao aconchego

do sentido do gosto. Uma mão cheia de

razões que seduziram os anfitriões desta

pequena Villa com vista para Arraiolos.

A atenção para a arquitetura do edifício

é uma constante. Linhas direitas,

depuradas, rematadas pela matéria

nobre da região – a cortiça nos tetos

exteriores, nas portas, no portão de

entrada da Villa, em pequenas peças

decorativas e de utilidade diária…

a pedra de Estremoz, nas casas

de banho, na ilha da cozinha cujas

paredes são revestidas por mosaico

hidráulico, e as mantas de Reguengos

de Monsaraz tapam pequenos pedaços

do chão da sala contígua à cozinha.

Procurámos peças típicas da região,

com qualidade, autenticidade,

ligadas ao passado, demarcadas

pela tradição e pela beleza.François

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experience

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experience 93

Continuamos pelo corredor espaçoso,

dominado pela candura das paredes

iluminadas pelo resplandecer do sol…

numa fusão perfeita com a panóplia

de verdes, vermelhos, laranjas e amarelos

da coleção de jarras em murano italiano

expostas na receção da Villa. A pretensão

não é, de todo, uma casa museu.

Apenas a criação de um espaço inimista,

trendy, apaixonante, decorado com

savoir-faire, com peças de design

datadas entre 1950’ e 1990’.

Toda a decoração é a nossa vida

e cada um tem uma história

para contar.Jean-Christophe

Uma panóplia de criações, com

a assinatura de designers de renome

internacional, como Charlotte

Perriand, Pierre Paulin, Joe Colombo

ou Marc Newson provenientes de um

apartamento em Paris. E uma biblioteca,

onde repousa a chaise-lounge de Jean

Prouvé. Apetece ler!

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experience 95

A presença das peças de arte fomentam

uma combinação harmoniosa com

mobiliário dos quartos amplos – cinco, ao

todo – com pequenos pátios acolhedores

que convidam ao descanso nas chaise-

-loungues, à toma do pequeno almoço

na mesa, ao desfrutar de uma paisagem

alentejana carregada de quietude. A um

canto, a laranjeira tranquiliza a calma…

E a entrega ao ócio domina a alma.

Mergulhamos na piscina…

A ideia de resort foi posta de parte

desde o início. Queríamos espaço,

muito espaço.François

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experience 97

A pouco e pouco, a noite apodera-se do dia numa longa

despedida. Mas há uma surpresa, Monsieur toutou.

Segue-se o jantar, na agradável companhia

da dupla parisiense e de mais uma de tantas

conversas recheadas de boas histórias para contar.

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De novo, o sol, a manhã! O pequeno-

-almoço aguarda numa das mesas

do pátio interior, onde a pausa para o

sossego é desejável a qualquer hora

do dia – e da noite. O leve travo a hortelã

do chá – escolhido por nós, pois o serviço

do hotel Villa Extramuros é personalizado

–, acompanhado por uma deliciosa

delícia de requeijão – perdoem-me

a redundância, mas é mesmo um deleite

–, desperta o palato para mais umas

iguarias feitas em casa: doce de tomate,

doce de ameixa com nozes e doce

de maçã e canela. O mel é das abelhas

da vizinhança. O pão, alentejano.

Há morangos, um cesto de fruta.

Um aprazível repasto saboreado sob

o céu azul imaculado e boa música.

A despedida foi longa…

François e Jean-Christophe contam

mais histórias acompanhadas de boa

disposição e amabilidade. E, ao contrário

do que acontecia no dia anterior, os

ponteiros do relógio parecem ter, de

novo, regressado ao trabalho.

Até breve François.

Até breve Jean-Christophe. d

Bom dia, Monsieur Toutou!

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Até breve!

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