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VÍRUS PLANETÁRIO Cidade para poucos com o desmonte da defensoria pública do Rio de janeiro, população fica à mercê das remoções A liberdade através da transformação - movimentos por dignidade emergem no Brasil e no mundo A professora do Rio Grande do Norte que ficou famosa no YouTube por seu discurso firme em defesa da educação pública ENTREVISTA INCLUSIVA com Do YouTube ao Faustão sem mudar o discurso Amanda Gurgel Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça edição nº 11 agosto/setembro de 2011 Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.va.mu/EQpB para comprar a edição digital completa por R$0,50 ou Clique aqui - www.va.mu/D4Z para saber onde comprar a edição impressa por R$3

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11ª edição reduzida da revista Vírus Planetário Para comprar a edição digital completa, acese: www.educarliberdade.com.br/virus.html

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VÍRUS PLANETÁRIO

Cidade para poucos

com o desmonte da defensoria pública do Rio de janeiro, população fica

à mercê das remoções

A liberdade através da transformação - movimentos por dignidade emergem no Brasil e no mundo

A professora do Rio Grande do Norte que ficou famosa no YouTube por seu discurso

firme em defesa da educação pública

ENTREVISTA INCLUSIVA com

Do YouTube ao Faustão sem

mudar o discurso

Amanda Gurgel

Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

edição nº 11 agosto/setembro

de 2011

Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.va.mu/EQpB para comprar a edição digital

completa por R$0,50 ou Clique aqui - www.va.mu/D4Z para

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Page 2: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

A vírus agora tem sua editora!O COLETIVO DA REVISTA VÍRUS PLANETÁRIO TEM O PRAZER DE

ANUNCIAR A CRIAÇÃO DE SUA EDITORA PRÓPRIA:

Além de editar a Vírus, a Malungo também realiza atividades de comunicação (edição, reportagens, diagramação, artes gráficas, entre outros) para organizações, sindicatos e outros movimentos sociais.

Caso deseje contratar os serviços da Malungo, entre em contato pelo email: [email protected]

Significado de Malungo: Companheiro, camarada.

Nome que se davam mutuamente os negros escravos

vindos da África no mesmo navio.

Pelo simbolismo da força que este nome carrega, trazendo ao mesmo tempo o espírito de luta e de companheirismo presentes

em nossas raízes africanas, é que escolhemos este nome para

batizar nossa editora.

Que seja mais uma etapa na árdua, mas recompensadora, caminhada pela comunicação

construtora de um mundo em que haja felicidade para todas e

todos.

“Tamo aí mandando brasa!” Malungo - Chico Science

Novo site!Mais notícias, maior interatividade

e atualizado diaramente!Acesse: www.virusplanetario.com.br

Esta é a edição digital reduzidaClique aqui - www.va.mu/EQpB para comprar a edição digital completa por R$0,50 ou Clique aqui - www.va.mu/D4Z - para saber onde comprar a edição impressa por R$3

Page 3: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

Sumário (da edição completa)EditorialCidade pra quem?“Bota-abaixo”: esse foi o nome pelo qual ficou conhecida a re-

forma urbana do Rio de Janeiro no governo Pereira Passos. Mas bem que poderia se referir ao que ocorre hoje com a preparação para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Grande parte das favelas é o fruto que o povo fez brotar do áspero solo que lhes restou do primeiro “bota-abaixo”. Destruindo cortiços e casas pobres, e sem planos para habitações populares, a reforma levan-tou bandeiras a favor da ‘ordem’ e do ‘embelezamento da cidade’.

Até agora, parece que a história se repete quando vemos as obras da Transcarioca, Transoeste e a ‘revitalização’ da zona por-tuária. A elevação do preço dos alugueis e de venda de imóveis mais do que dobrou em várias áreas, inclusive dentro das próprias favelas (algumas começam a ser chamadas de ex-favelas).

Mas onde há poder, também existe resistência. Por isso, decidi-mos falar sobre liberdade. O ano de 2011 tem contado com protes-tos e levantes em todo o mundo. Fatos históricos como a derruba-da do ditador Mubarak no Egito e as diversas revoltas na Europa, acabam de vez com as suspeitas de que os povos do mundo estão apáticos. No Brasil, se levantam contra as políticas dos governos, movimentos como o dos bombeiros e dos profissionais de educa-ção.

Em meio a tantas injustiças, uma nordestina indignada ganhou o Brasil via internet. Mais de três milhões de pessoas já viram o vídeo da professora Amanda Gurgel, que protestou contra o des-caso com a educação pública. A Vírus Planetário bateu um papo com ela sobre falta de investimentos, cuscuz alegado e muito mais. Falando em cuscuz, você sabe o que tem comido? Na mesa do brasileiro hoje tem mais arroz, feijão, alface, morango... cheios de agrotóxicos. E tudo com o aval do governo brasileiro. Uma campa-nha nacional tem o objetivo de alertar a população sobre os riscos do veneno nosso de cada dia.

E como a Vírus Planetário também é diversão e arte, temos uma entrevista com a banda El Efecto. Os caras produzem música de qualidade misturando todo tipo de som: rock pesado, samba e funk carioca. Tomás e Bruno, membros da banda, conversam conosco sobre ideologia, arte e preconceito musical.

Atraso e preçoPedimos desculpas pelos 30 dias de atraso para lançar esta 11ª

edição. Estivemos revendo conceitos e investindo no projeto em si, como o registro ISSN que nos permitiu ter, pela primeira vez, código de barras em nossa capa. Contamos com sua compreensão, pois a Vírus é uma publicação independente. Por escolhermos o lado pelo qual caminhamos - mesmo mais difícil - sabemos que estamos no caminho certo, ajudando a construir uma sociedade mais justa.

Para que consigamos produzir uma revista com qualidade, al-cancemos a tão sonhada periodicidade mensal e cubramos, mini-mamente os gastos, aumentamos o preço para R$3,00. Muito obri-gado pelo fortalecimento da mídia alternativa!

4 Meio Ambiente_ Agrotóxico mata!

6 Bula Cultural_ Entrevista: El Efecto

8 Bula Cultural_ Crowdfunding e a reinvenção da vaquinha

10 Internacional/Entrevista_ Os indignados na Espanha

11 Brasilidades_ Do meu amor pela rua

12 Adriana Facina_ Pesquisar a favela com a favela

13 Sórdidos Detalhes

14 Movimentos Sociais_ A liberdade através da transformação

20 O Sensacional Repórter Sensacionalista

22 Entrevista Inclusiva_ Amanda Gurgel

26 Passatempos Virais_ Jogo dos 66 erros

28 Oswaldo Munteal_ Inclusão: Desafio para o século XXI no Brasil? | Nota: O assassinato da justiça

29 Rio_ A explosão da cidadania

32 Direto de Sampa_ Bola e Arte: Ariano Suassuna

EQUIPE:Editores: Caio Amorim, Mariana Gomes, Seiji Nomura e Daniel Israel Redação: Rio de Janeiro - Caio Amorim, Mariana Gomes, Seiji Nomura, Maria Luiza Baldez, Júlia Bertolini, Daniel Israel, Fernanda Freire, Artur Romeu e Rodrigo Teixeira | São Paulo - Carlos Carlos Ilustrações: Carlos Latuff (capa), Diego Novaes e Maurício Machado Colunistas: Adriana Facina e Oswaldo Munteal Diagramação: Caio Amorim e Mariana Gomes Colaborações: Aline Carvalho, Gustavo Sixel, Mardonio Barros e

Felipe Salek Agradecimentos: Pâmella Passos

www.twitter.com/virusplanetariowww.facebook.com/virusplanetarioEnvio de colaborações, críticas, dúvidas, sugestões e opiniões: [email protected] na Vírus: [email protected]

A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora

www.virusplanetario.com.br

Afinal, o que é a Vírus Planetário?Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome.

Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário:

“Há 400 mil anos, nos tornamos Homo Sapiens. Desde então, nos dife-renciamos uns dos outros”. Revista Vírus Planetário. Jornalismo pela dife-rença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro edito-rial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de bata-lharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.

Esta é a edição digital reduzidaClique aqui - www.va.mu/EQpB para comprar a

edição digital completa por R$0,50 ou Clique aqui - www.va.mu/D4Z para saber onde

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Page 4: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

No mês de julho, a Anvisa proibiu a comer-cialização do agrotóxico Metamidofós. Para enfrentar este e outros venenos agrícolas, movimentos sociais, pesquisadores e outras organizações da sociedade civil se mobiliza-ram e construíram a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, lançada em abril. Desde então, a Campanha pertence à sociedade brasileira, que tem o desafio de lutar por soberania alimentar livre de venenos.

No Rio de Janeiro, a Campanha, organi-zada em nível nacional, promove reuniões semanais no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ). A partir destes encon-tros, foi organizado o primeiro debate sobre os males do uso de agrotóxicos na agricultura brasileira, que ocorreu em junho, na Uerj.

O tema confirma a situação de emergên-cia vivida pela agricultura brasileira: ainda hoje, o modelo de produção agrícola privile-giado por investimentos públicos é o que se pauta na utilização de agrotóxicos. No mês de julho, foi lançado o Plano Safra da Agri-cultura Familiar 2011/2012, que, através do Pronaf, pretende R$ 16 bilhões em linhas de crédito para a agricultura familiar, enquanto a previsão para o lado oposto gira em torno de R$ 200 bilhões de lucro para os empresários do agronegócio.

meio ambiente

Campanha permanente visa esclarecer danos causados pelo uso de agrotóxicos e estimular formas saudáveis de produção agrícola no Brasil

Por Daniel Israel e Júlia Bertolini*

Ou seja, como o agronegócio recebe inú-meros investimentos estatais e goza de incen-tivos fiscais, a agricultura familiar fica refém da imposição do uso de agroquímicos (como adubos e pesticidas), cuja compra é pré-re-quisito para a liberação de créditos. O resulta-do disto? O Brasil já é o maior consumidor de “defensivos agrícolas” – leia-se, agrotóxicos – do mundo, segundo dados de 2009 da As-sociação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

- Durante mais de 30 anos, os produto-res ouviram de pesquisadores e agrônomos que suas práticas (pelo uso que faziam das sementes, por exemplo) eram ultrapassadas e pouco produtivas, e que o único jeito de produzir seria com adubos, agrotóxicos e se-

mentes melhoradas pelas empresas. O cré-dito oferecido era para comprar esse pacote. Promover a transição agroecológica significa reverter esses processos, repensar o papel dos serviços públicos para a agricultura e resgatar o papel do agricultor enquanto gera-dor de conhecimentos e tecnologias – afirma Gabriel Fernandes, pesquisador da AS-PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia).

Até que a praga atingiu a lavoura

Coincidência ou não, o termo ‘defensivo agrícola’ surgiu no Brasil justo quando o País atravessava uma de suas mais graves crises políticas: era o tempo da ditadura militar e o presidente era o general linha-dura Médice.

Portanto, de forma arbitrária e sem qualquer diálogo com os produtores rurais, foi implan-tado, na década de 1970, o Plano Nacional de Defensivos Agrícolas, como afirma a pes-quisadora da Fiocruz-PE Lia Giraldo em artigo publicado na edição de julho da Le Monde Diplomatique. Ela explica como o uso indis-criminado de agrotóxicos viola o que está previsto em lei:

- O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), criado pela Anvisa em 2001, revela, ano após ano, que

muitos agrotóxicos excedem os limites máxi-mos de resíduos (medição que atende pela sigla LMR) autorizados pela legislação.

A limitação, e até extinção, do uso de agro-tóxicos é urgente e depende do envolvimento de todas as entidades civis organizadas. Só assim será possível evitar situações como a que passou Leile Teixeira, hoje professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Rio das Ostras, na Região dos Lagos (RJ), quando tinha dez anos:

- Eu me lembro de uma vez, quando era criança, que fui mexer em umas plantas e minha mão ficou vermelha. Eu não sabia o que era, mas aquilo foi resultado do uso de agrotóxicos. Lembro-me do fato, pois fui brin-car em seguida com algumas primas, e elas

“ A campanha vem chamando a atenção para a forma de produção de nossos alimentos e a

saturação do modelo agroquímico.”

Agrotóxico mata!

Logomarca d

a Cam

pan

ha

4 Vírus Planetário - AGOSTO/SETEMBRO 2011

Page 5: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

não acreditavam que o vermelho era da plantação do milho, até porque encerávamos a casa com cera vermelha em pasta, que também deixava aos mãos assim. Mas eu nunca encerei a casa! (risos).

A pesquisadora Lia Giraldo salienta, ainda, que “são diversos os estudos que mostram uma correlação entre as curvas de cres-cimento de consumo de agrotóxicos com as de registros de in-toxicações em seres humanos.” No mesmo artigo, intitulado “Um país infestado por agrotóxicos”, ela enfatiza a estimativa da Or-ganização Pan-Americana de Saúde (Opas), de que “para cada caso registrado de intoxicação por agrotóxico ocorrem cerca de cinqüenta outros sem notificação ou com notificação errada.”.

Em outro momento, Gabriel Fernandes ressalta a função de-sempenhada pela Campanha:

- A campanha vem cumprindo o importante papel de chamar a atenção da sociedade para a forma como nossos alimentos são produzidos e para o fato de que o modelo agroquímico está saturado. Com isso, o desafio é não ficar só nas denúncias, mas também mostrar as alternativas que já existem e o que precisa-mos fazer para aumentá-las e multiplicá-las.

No dia 25 de julho, foi exibido no Teatro Casa Grande o docu-mentário “O veneno está na mesa”, com direção de Silvio Tend-ler, que contou com um público estimado em 800 pessoas. Esta foi a primeira vitória da Campanha, que tem conseguido provo-car a indignação da sociedade brasileira em relação ao envene-namento dos alimentos que consumimos.

No entanto, nem todos estão satisfeitos. Trata-se do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, que explicitou o in-cômodo causado pela Campanha através de ofício assinado por seu presidente Júlio Augusto Kämpf. O Sindicato reclamou ao reitor da Universidade de Brasília (UnB) por causa da circulação de exemplares do cartaz em que aparece um avião despejando agrotóxico sobre uma série de alimentos (ilustração ao lado do título desta matéria). No segundo parágrafo da nota encaminhada ao Reitor José Geraldo de Sousa Júnior, é mencionado que “o ma-terial associa a imagem distorcida de um avião agrícola, como poluidor de alimentos.”. A segunda vitória é saber que o cartaz não foi banido.

*Colaborou Maira Moreira

*Confira neste link o documentário de Sílvio Tendler, “O veneno está na mesa”, no YouTube :

http://va.mu/EQgv

O Brasil já é o oitavo maior produtor mun-dial de derivados químicos, cuja estimativa para 2010 apontou lucros de US$ 101 bilhões, ficando entre a Coréia do Sul e o Reino Unido. Por isso, a Indústria Química, que conta com 1.051 fábricas no País, sendo 600 apenas no estado de São Paulo, adquiriu tanto prestígio junto ao Governo Federal, uma vez que, por estar “colaborando com o desenvolvimento nacional”, os executivos receberam “carta branca” para agir como bem entendessem.

É o caso da liberação de crédito rural me-diante a compra de agroquímicos. Associada às multinacionais mais rentáveis do setor – como a Basf, de origem francesa, que estam-pa a logomarca na primeira página do sítio da Associação Brasileira da Indústria Quí-mica (Abiquim) –, a Abiquim aumenta seus lucros a cada ano.

Como se vê no gráfico, o faturamento líquido – isto é, descontados salários e im-postos – do setor, no Brasil, no ano de 2009, foi de US$ 103,3 bilhões. Se considerarmos o foco desta reportagem, ainda teremos muito assunto para abordar as razões dos US$ 16,1 bilhões investidos em fertilizantes, adubos químicos e agrotóxicos – estes últimos, de-nominados pelas transnacionais como “de-fensivos agrícolas”.

Em documento preparado já em 2010, a previsão da Associação para o ano passado

Os rumos agroquímicos da agricultura brasileira

Enquanto isso, as alterações no Código Florestal contribuem para aumentar o poder

do agronegócio e seus agrotóxicos...

Charge: Carlos Latuff

era quase 30% superior, elevando o faturamento para US$ 130,2 bilhões. Quase metade deste rendi-mento se deveu aos “produtos químicos de uso industrial” (US$ 63,8 bi), mas fertilizantes, adubos e agrotóxicos também não estagnaram: somados, responderam pelo valor de US$ 18,2 bilhões. Uma lástima esta cesta básica, que reduz a qualidade de vida dos brasileiros e não ajuda o País a crescer. Ajuda, isso sim, a crescer o olho das multinacionais no Brasil.

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A liberdade atravésda transformação

movimentos sociais

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Foto: Sam

uel Tosta

A liberdade atravésda transformação

Mobilizações no Rio de Janeiro,

Brasil e em todo mundo mostram

povo indignado e disposto a

conquistar a liberdade através da

igualdade e fraternidade

Por Seiji Nomura, Mariana Gomes e Caio Amorim

Balões vermelhos rasgam a palidez azul do céu inerte da praia de Copacabana. Cerca de 50 mil pessoas, entre educadores, bombeiros, crianças e até cachorros povoam o negro granulado do concreto e as não-tão-brancas areias da praia. Porém, o que os traz ali naquele domingo de 12 de junho não é o habitual dourado da cerveja à beira-mar, nem o bronzeado com que nos tinge o sol, mas um grito entalado na garganta.

A grande manifestação foi em apoio às greves dos professores da rede estadual e aos bombeiros do Rio de Janeiro, que receberam amplo apoio da sociedade. A pas-seata, que foi do Posto 2 até o Forte de Copacabana, foi a coroação da união de servidores públicos do estado do Rio de Janeiro (especialmente os bombeiros e os profissionais de educação).

Para uma geração que nasce entre 1985 a 1990 (como os autores desse texto), para quem grandes protestos se assemelham a um vago arremedo de lembrança, estar numa manifestação como essa é algo de arrepiar. Pode parecer para muitos que, diante dos relatos dos livros de história ou filmes de ficção sobre as ‘Diretas já’ ou a luta contra a Ditadura Militar, o que ganha o cinza de aspecto vago são os protestos atuais, mas o que realmente se percebe é que o que não passam de fantasmas são ideias como a de que o povo não luta por seus direitos ou que a juventude de hoje não liga

mais para a política.

Por mais que esteja longe do que se pode esperar, no alvorecer das revoltas árabes e de grandes manifestações como as das obras do Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC), principalmente em Jirau (RO) e Supae (RO), ninguém mais fala no “fim da história” como a resolução dos grandes conflitos políticos, como fez Fukuyama perto dos anos 90. “Enquanto houver ser humano, haverá histó-ria”, afirma Modesto da Silveira, advogado de presos polí-ticos desde a Ditadura Militar até hoje, como os presos na visita de Obama neste ano. “Cerca de 20 mil pessoas por dia morrem não de AIDS, AVC ou qualquer outra doença, mas por fome, por não ter o que comer. Enquanto isso, há indivíduos que lucram o equivalente a países inteiros. A luta da sociedade civil por direitos vai continuar”, afirma o advogado, para quem a democracia foi uma conquista em relação aos chamados “Anos de Chumbo”, nos quais foi até sequestrado.

Confira toda a reportagem na edição

completa - impressa ou digital

Page 8: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

Durante muitos dias do mês de maio, o grande tema comen-tado e compartilhado pela internet através das redes sociais foi educação. O hit do momento foi o vídeo de Amanda Gurgel, professora do Rio Grande do Norte que botou a boca no mundo durante Audiência Pública na Câmara dos Deputados com o tema “O Cenário da Educação Pública do Rio Grande do Norte”. Sua fala, foi ao ar ao vivo na TV Câmara do RN, além de filmada e colocada no YouTube. Com milhões de visualiza-ções, arrancou aplausos da plateia e dos internautas ao mani-festar falas corajosas como “Me preocupa a fala da maioria aqui, quando dizem ‘não vamos falar da situação precária da educação pública porque isso todos já sabem’. Estamos bana-lizando isso? Estão me colocando com giz e um quadro numa sala lotada me dizendo para ser a salvadora do país”.

Mesmo indo do YouTube para o Domingão do Faustão, Aman-da não mudou em nada seu discurso afiado e nem seus ideais. A professora e militante do Partido Socialista dos Trabalhado-res Unificado (PSTU), que continua comendo cuscuz alegado e

ENTREVISTA INCLUSIVA:Foto: C

aio Am

orim

Amanda Gurgel

Do Youtube ao Faustão sem

mudar o discurso

Por Caio Amorim, Mariana Gomes e Maria Luiza Baldez

ganhando 930 reais, fala à Vírus Planetário sobre a situação da educação no Brasil e a repercussão que o seu caso teve.

Recentemente, Amanda recusou o prêmio PNBE. Em seu blog a professora afirmou: “Minha luta é outra. Espero que a carta sirva para debatermos a privatização do ensino e o papel de organizações que se dizem ‘amigas da escola’.

(...)Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agra-ciadas com ele corporações como Itaú, Embraer, Natura, McDonald’s e Casas Bahia, bem como a políticos tradicio-nais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.(...)”

Confira toda a entrevista na edição completa - impressa ou digital

rio de janeiro

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“ Há uma lista de irregularidades na política de remoção de moradores em oito cidades

que sediarão a Copa do Mundo.”

A Secretaria Municipal de Habitação dow Rio de Janeiro, capitaneada por Jorge Bittar (PT), anunciou em janeiro de 2010 que iria remover 119 favelas “não urbanizáveis” até 2012 e demonstra que está empenhada em cumprir a promessa. O plano inclui a remoção de pelo menos 13 mil pessoas que, segundo estudo feito pela Prefeitura, estariam viven-do em áreas de risco. Ainda de acordo com o governo, os moradores seriam realocados,

após acordo e indenização prévia, para as casas do projeto do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida”, em regiões como Cosmos e Campo Grande, a cerca de 40 km do Cen-tro da cidade. Da mesma forma, a construção das vias expressas Transoeste, Transolímpica e Transcarioca tem justificado a remoção de uma série de comunidades que estão no ca-minho das obras.

Com a intensificação dos preparativos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, di-retamente associados à escalada das remo-ções no ano passado, também aumentou a preocupação das organizações ligadas aos direitos humanos. Em dezembro, a ONG Jus-tiça Global encaminhou uma medida cautelar (procedimento judicial que visa prevenir, de-fender ou assegurar a eficácia de um direito) à Comissão Interamericana de Direitos Huma-nos, ligada à Organização dos Estados Ame-ricanos (OEA), denunciando os abusos nas remoções dos moradores que se encontram no caminho das obras.

rio de janeiro

Por Artur Romeu, Daniel Israel e Fernanda Freire

A explosão da cidadania

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Setores do judiciário, movimentos sociais e organizações internacionais acusam o governo

do Rio de violar o direito humano à moradia

Confira toda a reportagem na edição completa - impressa ou digital

Page 10: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas

ENTREVISTA

El EfectoA banda El Efecto é mais um daqueles raros ca-sos de genialidade na música, tanto no conteúdo como na forma, que não raro são excluídos pelas rádios e pelo mercado fonográfico por seu con-tundente viés de contestação social.

O grupo, formado em 2002, tem dois álbuns gra-vados - “Como Qualquer Outra Coisa” (2004) e “Cidade das Almas Adormecidas” (2008) (todas suas músicas estão disponíveis para download gratuito em seu site - www.elefecto.com.br ) e parte para gravação de seu terceiro trabalho.

Apesar de passarem longe da mídia de grande porte, El Efecto vem construindo um público fiel no cenário alternativo por meio da divulgação na internet e em shows realizados em locais impor-tantes como Circo Voador (RJ), Hangar 110 (SP), Fórum Social Mundial (Porto Alegre). Além de ter vencido os festivais Tápias, de 2005, e Rock & Diversão, de 2009.

A banda, que conta com Bruno Danton (voz, gui-tarra, cavaquinho e trompete), Tomás Rosati (voz e bateria), Eduardo Baker (baixo) e Pablo Barroso (voz e guitarra), está a cada dia mais presente no imaginário de seu público com toda sua beleza lí-rica e musical. As belas melodias e arranjos (com uma infinidade de instrumentos) contribuem para aprofundar a dramaticidade presente em frases simples e diretas como “Teu tênis novo me chuta a barriga/Qual violência será mais nociva? Te roubam a carteira e de mim roubam a vida?”

Foto: Caio A

morim

À esquerda

Tomás Rosati e à direita Bruno

Danton

Confira toda a entrevista na edição completa - impressa ou digital

Page 11: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

E aí??? Quer que essa história tenha um final feliz? Então, participe da campanha O Petróleo tem que ser nosso!

Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

Participe do abaixo-assinado:www.sindipetro.org.br

Notícias da campanha:www.apn.org.br

organização:

www.apn.org.br Notícias da campanha:

Aê Galeera, tem pra

todo mundo! São 174

blocos de petróleo, na

terra e no mar!

vuuummmm

Ma õõÊE! Quem Quer petróleo?

...os empresários brasileiros e estrangeiros já começam a juntar a merreca pra com-

prar mais poços e ganhar muito mais dinheiro

Como esse

povo brasileiro

é trouxa...

Enquanto isso, na sala de injustiça, o minis-tro de minas e energia, edison lobão anuncia que o próximo leilão do petróleo brasileiro já tem data pra acontecer: 12 de setembro...

Entretanto, algo não esperado por lobão e seus comparsas ainda pode acontecer: O povo brasilei-ro tem que se mobilizar e Exigir:

“o petróleo tem que ser nosso!”

Olha o desespero do lobão quando no-

tar que seus planos diabólicos irão por

água abaixo...

Page 12: mostra_11a_edicao_Virus Planetario

Enquanto Dilma dá R$25 bilhões de incentivos fiscais às grandes empresas, o professor universitário tem a seguinte resposta...

Contra os ataques do governo e em defesa da carreira docente!

Visite nosso site:

www.adufrj.org.br

Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro