monografia original terminando pastor marcos

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SEMINÁRIO PRESBITERIANO RENOVADO DE CIANORTE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA QUAL O MODELO DE AÇÃO PASTORAL QUE PREVALECERÁ NA IGREJA DO SÉCULO 21? Marcos Benedito Caldeira Cianorte, Novembro de 2011

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Teologia pastoral

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    SEMINRIO PRESBITERIANO RENOVADO DE CIANORTE

    GRADUAO EM TEOLOGIA

    QUAL O MODELO DE AO PASTORAL QUE

    PREVALECER NA IGREJA DO SCULO 21?

    Marcos Benedito Caldeira

    Cianorte, Novembro de 2011

  • 2

    SEMINRIO PRESBITERIANO RENOVADO DE CIANORTE

    GRADUAO EM TEOLOGIA

    QUAL O MODELO DE AO PASTORAL QUE PREVALECER NA

    IGREJA DO SCULO 21?

    Cianorte, Novembro 2011

    Monografia apresentada ao Seminrio

    Presbiteriano Renovado, sob as

    orientaes do Pr. Antnio Carlos Paiva

    como requisito do Curso Bacharel em

    Teologia pelo Acadmico Marcos

    Benedito Caldeira.

  • 3

    DEDICATRIA

    Dedico esta monografia quele que abaixo de Cristo me deu exemplo

    sincero do que ser Pastor nos dias de hoje. Pr Antnio Carlos Paiva, que me

    orientou detalhadamente sobre a deciso certa num momento crucial de minha vida

    e ministrio.

    Os fracos julgam, os fortes perdoam

    Antnio Carlos Paiva

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Quero agradecer a Deus, em primeiro lugar pois nestes anos ele tem sido meu refgio e

    fortaleza. A ele o meu louvor glria e honra, por ter me alcanado em Cristo Jesus e

    comissionado ao ministrio.

    Agradeo a minha esposa que foi e importantssima, em tudo que fao.

    Agradeo a 1 Igreja Presbiteriana Renovada de Cianorte-Pr que muito me foi til, sendo meu

    abrigo temporrio, e me recebendo em sua comunho.

    Agradeo a Diretoria do Seminrio especialmente a seu corpo docente que acreditou em meu

    potencial e em meu chamado ministerial.

    Agradeo a Igreja Shekinah de Cianorte-Pr, e a pessoa de seu fundador Pastor Elias Silva, que

    me enviou ao seminrio para crescer na graa e no conhecimento.

    Agradeo ao Presbitrio de Maring e Cianorte pela oportunidade concedida junto a Igreja, e

    o apoio espiritual e financeiro.

    A todos amigos, parentes, que direta ou indiretamente estiveram me apoiando nestes anos de

    profundo aprendizado.

  • 5

    PREFCIO

    A anlise panormica dos vrios sistemas de ao pastoral que, prometem

    crescimento integral ou parcial nas igrejas evanglicas atualmente pode ser animadora mas

    tambm frustrante e cansativa. A prtica pastoral sempre tem seu sistema pr-elaborado para

    vrias situaes, que comumente afligem a liderana de uma igreja. Mesmo assim quando

    aparecem solues inovadoras, de sucesso num determinado lugar, a tendncia seguir as

    sugestes para anlise coerente de tal modelo de ao pastoral .

    Qual seria ento o mais vivel modelo de ao pastoral a ser seguido como padro

    prevalecente no sculo 21? Modelos eclesisticos pragmticos modernos prometem

    acrescentar benefcios ao modelo pastoral tradicional, como sendo uma sada satisfatria.

    Com resultados positivos e tambm frustraes nas aplicaes prticas, os mtodos de

    pragmtica pastoral sempre se destacaram no decorrer dos sculos.

    Assim maneira de desenvolver o trabalho eclesistico nas suas mais variadas formas,

    ser o objetivo de anlise nesta monografia.

  • 6

    RESUMO

    Os modelos de prtica pastoral que envolvem um pouco do mundo corporativo, hoje so

    imitados em todo o mundo, e levam o nome de igrejas de alto impacto por seguirem a risca

    seus propsitos pr-definidos. Este modelo ficou bem conhecido atravs do livro de Rick

    Warren uma Igreja com propsitos, que se prope a ser um tipo de franquia para igrejas que

    querem crescer no mundo. claro que outros j usavam este sistema para alcanar os

    desigrejados diz Linus Morris em seu livro intitulado Uma Igreja de Alto Impacto.

    A exemplo do modelo G12, criado pelo pastor colombiano Czar Castellanos, que hoje tem

    outro nome em alguns lugares do Brasil, trouxe pra seus adeptos uma soluo imediata, sendo

    tambm esse uma ramificao do modelo de igrejas de alto impacto. Assim ainda surgiram os

    apstolos da nova onda de uno proftica, frutos do movimento neo-pentecostal que tambm

    so oriundos destes modelos que segundo eles podem ter todas as solues para a igreja

    moderna .

    Os pastores destes movimentos tem certa base bblica para fazer o seu trabalho eclesistico.

    Por isso diversos modelos de trabalho pastoral, tem exercido em parte, uma boa influncia no

    que tange ao discipulado e orao, que vem acompanhado de aconselhamento pessoal. Pois

    muitas pessoas tem sido evangelizadas e treinadas para evangelizar outros. As igrejas

    reformadas sofreram certo xodo devido a vrios movimentos de avivamentos. Mas os

    princpios da reforma influenciam at hoje a igreja. Pois homens como Richard Baxter e

    Alberto Barrientos, so alguns exemplos de que a ao pastoral deve sempre passar pelo crivo

    da palavra de Deus. Suas sistemticas pastorais so atuais para um sadio desenvolvimento

    eclesistico, to almejado por pastores do mundo todo. Enquanto o panorama geral de ao

    pastoral no sculo 21,vem acompanhado no seu bojo de certa dose de pragmatismo, os

    pastores tem um desafio muito grande em diferenciar, aquilo que d resultados e aquilo d

    crescimento individual pra o rebanho do Senhor Jesus Cristo, que necessita de uma direo

    bblica.

  • 7

    SUMRIO

    INTRODUO 8

    1 QUAL O MODELO DE PRAGMTICA PASTORAL QUE PREVALECER NA

    IGREJA DO SCULO 21? 10

    1.1 DEFINIO E HISTRIA DA PRAGMTICA PASTORAL 10

    1.2 DEFINIO DA FILOSOFIA DO PRAGMATISMO 11

    1.3 SIGNIFICADO DE SER PRAGMTICO NO PRAGMATISMO 11

    2 PRAGMTICA PASTORAL ATUAL VOLTADA PARA A DESCENTRALIZAO

    PASTORAL E CRESCIMENTO DA IGREJA 12

    2.1 NOMES DE SISTEMAS SIMILARES DA ATUALIDADE COMO ATUAO

    PASTORAL NAS IGREJAS 12

    2.2 DEFINIO DE PROPSITOS 13

    2.3 OS QUATRO PILARES 14

    2.4 GRUPOS PEQUENOS E CLULAS QUE SE MULTIPLICAM NA BUSCA DOS

    DESIGREJADOS 14

    2.5 MOVIMENTO NEO-PENTECOSTAL E SUA AO PASTORAL NO BRASIL 17

    3 PRAGMTICA DE CRISTO O BOM PASTOR 19

    3.1 EXEMPLO DOS APSTOLOS CHAMADOS POR JESUS CRISTO 20

    3.2 PRAGMTICA DE PASTORES REFORMADOS: RICHARD BAXTER E ALBERTO

    BARRIENTOS 22

    3.3 PASTOR ALBERTO BARRIENTOS E SEU MODELO PARA O TRABALHO

    PASTORAL 29

    4 ASPECTOS DO PRAGMATISMO NA AO PASTORAL DO SCULO 21 36

    4.1 TEOLOGIA PRAGMTICA PS-MODERNA 37

    4.2 A IMPORTNCIA DA EFICINCIA PRAGMTICA 38

    CONCLUSO 39

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 40

  • 8

    INTRODUO

    A Igreja de Cristo est vivendo hoje uma grande crise de identidade, devido ao seu

    desenfreado esforo de viver uma experincia de trabalho eclesistico que, solucione os seus

    problemas financeiros, espirituais, e numricos. As pessoas so importantes para a Igreja de

    Cristo, e aqueles que so membros conhecedores da verdade no podem ser abandonados,

    mas treinados. Pois sendo a seara ainda grande e os ceifeiros poucos, o trabalho pastoral

    sempre vai visar na igreja, aqueles que precisam conhecer a verdade mas esto fora do corpo

    de Cristo esperando ser alcanados. Tradicionalmente a palavra igreja vem do vocbulo

    grego ekklesia, significa basicamente, chamados para fora. Refere-se a um grupo distinto,

    selecionado ou tirado de algum lugar. No grego clssico ento a palavra era empregada para

    indicar uma assembleia ou reunio convocada pelo arauto. Biblicamente ela o corpo de

    Cristo, o povo de Deus, a noiva do Cordeiro, sendo que existem aproximadamente 96 ttulos

    para a igreja no Novo Testamento. Uma igreja para ser significativa aos seus membros e as

    pessoas que convivem com esses crentes precisam recuperar a razo de ser de sua existncia.

    Recuperar o seu papel missionrio na sociedade. Qual o razo de ser de uma igreja?

    Pensando nas lies deixadas pela Reforma podemos dizer que a razo primeira da existncia

    da igreja o louvor e a glria de Deus. Uma igreja adora a Deus por aquilo que Ele e no

    primariamente pelo que Ele faz. Os atributos de Deus so razes mais do que suficientes para

    a adorao pessoal e comunitria.

    A igreja existe para fazer o bem ou praticar boas aes no mundo. Atualmente os

    crentes so ensinados como evangelizar usando tticas e tcnicas, mas o cristo tambm

    precisa (re)descobrir que o seu papel no mundo fazer o bem a todos e faze-lo em nome de

    Deus. Seja atravs de seu aprendizado para alcanar pessoas ou atravs de sua vida comum

    que mostra a pessoa de Cristo.

    O apstolo Paulo recomenda aos crentes da Galcia que faam o bem a todos, mas

    especialmente aos da comunidade. A pragmtica pastoral pode levar a igreja a se estabelecer-

    se na sociedade solidamente, pois hoje existem vrias formas de o pastor trabalhar no corpo

    de Cristo, que podem contribuir significativamente, para que a identidade de Cristo aparea.

    Em meio a opes e modismos, a pragmtica pastoral tem o desafio de fazer na igreja

    um trabalho de destaque, para manifestao do reino de Deus. Muitos pastores tem desafiado

    igrejas, para que adotem sistemas mais modernos na sua abordagem de trabalho, outros

    continuam a seguir a metodoogia bsica dos reformadores, que so usadas em parte, at por

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    alguns modelos pragmticos do movimento de crescimento de igrejas atuais. Assim definir

    um modelo especfico de trabalho pastoral, quase impossvel no sculo vinte e um, mas

    todos tem sua aplicao e valor individual.

    A prtica pastoral obviamente deve ter seu fundamento na grande comisso dada pelo

    Senhor Jesus que diz: Ide , portanto, fazei discpulos de todas as naes, batizando-as em

    nome do pai, e do Filho, e do Esprito-Santo; ensinando-vos a guardar todas as coisas que vos

    tenho ordenado. Qualquer sistema prtico na igreja deve visar dar glria Deus e aceitar toda

    direo do Esprito Santo, exemplo esse seguido pelos apstolos de Cristo e pastores como

    Richard Baxter, Alberto Barrientos , por muitos reformadores, e pastores do sculo passado

    que queriam uma igreja bblica.

    Em tempos de ps-modernidade a criatividade pode as vezes sair dos parmetros

    convencionais, mas nunca poder sair dos princpios doutrinrios estabelecidos na Bblia.

    Este o maior desafio para a prtica pastoral, criatividade e zelo doutrinrio. Pois ambos so

    importantes e no podem ser negligenciados pelo ministrio pastoral, e ainda devem ser

    consideradas prioridades no sculo 21. Nesta monografia a proposta mostrar a viso de

    alguns modelos eclesisticos, da pragmtica pastoral na Igreja de Cristo, que se destacam

    agora e tambm os que se destacaram no passado, deixando suas marcas e exemplos para

    glria de Deus, no decorrer dos sculos.

  • 10

    1 QUAL O MODELO DE PRAGMTICA PASTORAL QUE PREVALECER NA

    IGREJA DO SCULO 21?

    A Igreja do sculo 21 precisa ser eficiente na sua ao pastoral em meio a sociedade

    moderna. Alguns estudiosos dizem que vivemos numa era ps-denominacional e que agora

    a vez dos movimentos alternativos. Alguns grupos se renem em galpes, fazem oraes,

    cantam musicas evanglicas, pregam a Bblia, recolhem dzimo, promovem reunies de curas

    e libertao e dizem que aquilo no igreja. A igreja, como ns a conhecemos, ter lugar na

    nova sociedade que est sendo construda? As denominaes tero espao amanh? Qual

    igreja ir sobreviver no futuro: a igreja alternativa ou a igreja tradicional?

    1.1 DEFINIO E HISTRIA DA PRAGMTICA PASTORAL

    Demstenes: Conhecimento comea com definio!

    Pragmtica Pastoral a cincia que estuda de forma prtica a vida e o trabalho de um

    pastor na Igreja local. Assim podemos afirmar que pragmtica pastoral tudo aquilo que diz

    respeito prtica da Obra do Ministrio. Ela

    como matria teolgica nasceu quase que por um descuido, segundo o pastor luterano Lothar

    Carlos. No foi algo pensado ou elaborado, por isso depois de muito esforo e tempo ela

    ganhou respeitabilidade teolgica, surgindo no sculo XIX para corrigir o distanciamento

    entre o ensino teolgico e labor pastoral.

    Foi neste sculo que a teologia na Alemanha ganhava espao nas universidades,

    influenciada pelo iluminismo que ensinava que; a razo predomina sobre a f. Surge ento a

    necessidade de se criar uma disciplina teolgica capaz de estabelecer, uma relao adequada

    entre a teologia acadmica e a prtica da f. Assim nasceram os pilares da teologia prtica em

    1810 na faculdade de teologia em Berlim na Alemanha. Convidou-se para implanta-la

    Friedrich Schliermacher, telogo alemo considerado pai da teologia pastoral. Em sua

    argumentao , disse que no haveria necessidade da criao dessa matria se no tivesse a

    funo pastoral. Tambm apoiou sua idia, no fato de que a teologia protestante por

    natureza prtica, e que o pastor s pastor com o andar junto do rebanho. Ento a pragmtica

    pastoral a maneira de aproximar o mundo acadmico f na Igreja.

  • 11

    1.2 DEFINIO DA FILOSOFIA DO PRAGMATISMO

    O Pragmatismo constitui uma escola de filosofia, com origens nos Estados Unidos da

    Amrica, desenvolvido por dois filsofos americanos: William James e John Dewey. Essa

    escola caracterizada pela descrena no fatalismo e pela certeza de que s a ao humana,

    movida pela inteligncia e pela energia, pode alterar os limites da condio humana. Este

    paradigma filosfico caracteriza-se, pois, pela nfase dada s consequncias utilidade e

    sentido prtico como componentes vitais da verdade.

    O Pragmatismo aborda o conceito de que o sentido de tudo est na utilidade ou efeito

    prtico que qualquer ato, objeto ou proposio possa ser capaz de gerar.

    1.3 SIGNIFICADO DE SER PRAGMTICO NO PRAGMATISMO

    Pragmtico o indivduo que busca resultados. As idias s tero valor se derem

    resultados prticos. Uma pessoa pragmtica vive pela lgica de que os atos de qualquer

    pessoa somente so verdadeiros se servem soluo imediata de seus problemas. Nesse caso,

    toma-se a verdade pelo o que til naquele momento exato, sem consequncias. Podemos

    ento dizer que uma pessoa pragmtica aquela que resolve as coisas de uma maneira gil,

    que enxerga mais solues do que impedimentos. Ela mais direta no trato das coisas reais. A

    pessoa pragmtica pode ter uma viso mais profunda, mais crtica da vida ou no. Ento

    segundo o pragmatismo desde que determinada prtica esteja gerando resultados satisfatrios

    e imediatos, ela pode ser considerada como digna de todo o crdito.

  • 12

    2 PRAGMTICA PASTORAL ATUAL VOLTADA PARA A DESCENTRALIZAO

    PASTORAL E CRESCIMENTO DA IGREJA

    O crescimento da igreja hoje tem sido perseguido e ensinado por muitos pastores que,

    na sua prtica mostram que o trabalho pastoral no pode ser desenvolvido por uma s pessoa.

    Segundo o texto bblico da carta do apstolo Paulo aos Efsios capitulo 4, versos 15 e 16:

    Seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea,

    Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxlio de

    toda junta, segundo a justa cooperao de cada parte, efetua o seu prprio

    aumento para a edificao de si mesmo em amor.

    Isso nos mostra que uma igreja precisa de um programa pastoral elaborado a partir da

    necessidade de treinar pessoas e leva-las a uma vida frutfera dentro e fora da igreja.

    Pois cada parte fazendo sua cooperao devidamente orientada, desenvolver o

    trabalho pastoral descentralizado, fazendo com que cada individuo tenha utilidade na sua

    responsabilidade de expandir o reino de Deus como igreja de Cristo. O objetivo o

    crescimento integral; que orgnico, diaconal, conceitual e numrico da igreja como

    resultado da gerao de cristos produtivos. Baseado neste conceito ao pastoral ps-

    moderna acredita que o cuidado pastoral deve ser descentralizado para o bem do crescimento

    da Igreja.

    2.1 NOMES DE SISTEMAS SIMILARES DA ATUALIDADE COMO ATUAO

    PASTORAL NAS IGREJAS

    Por haver diversidade de lugares e pessoas, a atuao pastoral tem sado dos modelos

    tradicionais e adquirido nomenclaturas que definem seu trabalho. Assim surgiram igrejas com

    propsitos especficos no seu sistema eclesistico, tais como: Movimento do G-12, conhecido

    no Brasil por multiplicar cada grupo em 12 atravs de grupos pequenos conhecidos como

    clulas. A Igreja do Evangelho Pleno, pastoreada por Paul Young Cho, segue tambm um

    modelo celular; assim como a Igreja com Propsitos, liderada por Rick Warren pastor da

    saddleback Valley community Church, uma Igreja Batista na cidade de Lake Forest, no

    condado de Orange no estado da Califrnia nos Estados Unidos e conhecida no mundo todo;

    na mesma linha de pensamento a Igreja de Linus Morris, denominada uma Igreja de Alto

    Impacto, que fornece base no livro que leva o mesmo nome, fruto de vinte anos de pesquisa

    e a implantao da igreja Crossroads em Genebra na Suia, e tambm a Crossroads em

    Amsterd na Holanda, de onde veio a publicao do livro Uma Igreja de Alto Impacto. O

  • 13

    alicerce desses sistemas so similares em muitos aspectos pois querem mostrar como iniciar

    uma igreja e mant-la crescendo. Igrejas no Brasil como a Renascer, Sara Nossa Terra, o Mir,

    so oriundos desses modelos importados para o Brasil.

    2.2 DEFINIO DE PROPSITOS 1

    Assim segundo o modelo de descentralizao pastoral, a prtica eclesistica comea

    ser definida para que a igreja seja centrada no propsito. O argumento para isso que muitas

    igrejas no mundo ocidental perderam seu senso de propsito, e a razo foi o afastamento da

    autoridade da Bblia. Igrejas que abandonam a autoridade da Bblia perdem sua razo de

    existir. Portanto, a perda do propsito faz com que a igreja perca sua vitalidade e, muitas

    vezes deixa de existir se acomodando somente ao clima cultural. A igreja deixa de capacitar

    seus membros a viverem com propsitos em um mundo sem propsitos. O membro de igreja

    comum tem muito pouco senso de misso no mundo. As pessoas creem em Deus, sustentam a

    instituio da igreja e participam de suas atividades mas no acreditam que foram escolhidas

    para ser sal, luz e fermento do mundo, mostrando assim a perca do seu senso de misso. Uma

    ao pastoral que faz a igreja ficar voltada para si mesma pergunta: Que atividades devemos

    adotar que se encaixem com nossa atual estrutura e organizao? Em contraste com isso, a

    igreja centrada no propsito governada pela pergunta: Que estrutura melhor nos capacitar a

    atingirmos nossos propsitos?

    Uma declarao de propsito unifica os membros da igreja, motiva-os, orienta-os e

    gera poder e energia para impulsiona-los. A primeira tarefa da liderana pastoral deixar

    claros e claramente comunicados o propsito e a viso da igreja. Uma declarao de

    propsitos no apenas um alvo que se espera alcanar; a razo da igreja existir e o alicerce

    de um ministrio saudvel. Quando igrejas deixam de ser centradas no propsito reduzem seu

    foco a meras pessoas, programas, propriedades ou problemas. Ento a pergunta mais

    importante segundo a ao pastoral que leva a igreja a ser centrada nos propsitos no : O

    que as pessoas querem? Mas: O que Cristo quer que acontea na vida das pessoas? Somente

    quando as pessoas assumirem como seu, o propsito de Cristo para igreja, o ministrio dessa

    igreja estar de acordo com a sua vontade.

    1 O conceito Com Propsitos foi adotado por Rick Warren como sua marca registrada.

  • 14

    2.3 OS QUATRO PILARES

    Biblicamente, quatro pilares ou atividades se destacam como o propsito de Cristo

    para a sua igreja: adorao, comunho, educao e evangelizao. Esta a base para descobrir

    o propsito da igreja segundo Linus Morris. Nas Escrituras, o propsito mais abrangente da

    igreja glorificar a Deus, por isso, cada uma dessas caractersticas ser honrada em uma

    igreja que glorifica a Deus. um erro presumir que a membresia ou a equipe pastoral

    entendam um propsito no formulado para a sua igreja. O propsito da igreja precisa ser

    significativo e desafiador para moderna cultura ocidental.

    O telogo John Stott, em uma exegese de Atos 2:42-47, alistou as quatro

    caractersticas primarias de uma igreja viva:

    Adorao que expresse a realidade do Deus vivo e celebre alegremente a

    vitria de Cristo sobre o pecado e a morte; Pregao e ensino que exponham

    fielmente a Palavra de Deus e a relacionem s questes prementes de nossa

    poca e s necessidades prementes das pessoas; Relacionamentos de cuidado

    e apoio entre indivduos, tanto em nvel vertical quanto horizontal; Um

    alcance da comunidade circunvizinha que demonstre imaginao, compaixo

    e sensibilidade.

    Uma declarao de propsito da igreja claramente formulada, relevante e desafiadora

    permite que tanto a liderana quanto a membresia facilmente desenvolvam estratgias e

    planos que realizem eficazmente seu propsito. Para isso, ela precisa ser especifica em cada

    uma das nfases objetivadas pela ao pastoral na igreja que se prope a optar pela

    descentralizao pastoral.

    2.4 GRUPOS PEQUENOS E CLULAS QUE SE MULTIPLICAM NA BUSCA DOS

    DESIGREJADOS

    A viso de ao pastoral de um pastor mdio manter o seu estado atual, ou, na

    melhor das hipteses, encher seu santurio. O pastor que tem a viso de alcanar a cidade far

    isso implantando ou desenvolvendo em toda a cidade outras igrejas cujos membros sero

    mobilizados a compartilhar a sua f, e participar de ministrios de pequenos grupos. A razo

    para isso funcionar est na compreenso da diversidade de uma cidade. Em 1800, apenas

    2,4% da populao mundial viviam em cidades. Por volta do ano 2025, no entanto, 60% dos 8

    bilhes de habitantes do planeta provavelmente vivero em cidades. medida que grandes

    massas de pessoas transferem sua residncia para as cidades. A misso da igreja de alcanar

    os desigrejados se transforma num desafio cada vez maior. Pois, uma cultura comum deu

  • 15

    lugar a mltiplas subculturas, que tem interesses e contexto de vida muito diferentes. Cidades

    so sociedades pluralistas, com enormes multides de pessoas, culturas e lnguas, que vivem

    em grande proximidade mesmo com diferentes estilos e contexto de vida.

    O fenmeno mundial da internacionalizao deixou sua marca em todas as grandes

    cidades do ocidente. Oslo, na Noruega, tem entre seus habitantes 116 grupos nacionais

    diferentes. Os 11 milhes de habitantes de Paris inclui 1 milho de imigrantes. Amsterd, com

    800 mil habitantes, tem 115 nacionalidades diferentes, incluindo 44 bairros tnicos diferentes.

    As chamadas minorias compem juntas a maioria da populao em 25 cidades dos Estados

    Unidos. Temos Los Angeles como o mais notvel exemplo na atualidade de

    internacionalizao, pois esta enorme cidade j tem mais moradores de ascendncia mexicana

    do que qualquer outra cidade fora do Mxico, mais coreanos que qualquer cidade fora da

    sia, e mais filipinos que qualquer outra cidade das Filipinas. Reunidas as minorias perfazem

    a maioria da populao: 33% so latinos, 15% so negros e 10% so de origem asitica,

    caucasianos correspondem a apenas 41% da populao. O Los Angeles Times predisse que

    Los Angeles ser o caldeiro tnico da Amrica no sculo XXI.

    Ento a necessidade de penetrar os subgrupos da cidade com o amor de Deus torna-se

    extremamente vivel atravs de pequenos grupos. Sempre tomando o cuidado para a igreja

    no se transformar em outra subcultura. Pois subculturas eclesisticas desenvolvem

    vocabulrios, estilos de vesturios e padres de condutas peculiares que distinguem seus

    membros das subculturas que as cercam. Expectativas superficiais de igrejas voltadas para si

    mesmas podem fazer com que os cristos confundam escolhas culturais com normas bblicas.

    So muitos os cristos que esto de tal modo envolvidos com atividades crists que perderam

    contato com os nos-cristos sua volta.

    A ministrao por meio de grupos-clulas pode ser um meio para fazer uma igreja

    crescer. Os 750 mil, membros da Igreja do Evangelho Pleno Yoido, divididos em mais de 75

    mil grupos-clula, causaram um verdadeiro impacto na populosa cidade de Seul, na Coria do

    Sul. Alguns crticos se mantem cticos quanto aos resultados da estratgia dos grupos-celula

    na cultura do grupo ocidental dizendo que o sucesso desses grupos era devido a fatores

    culturais peculiares da Coria. Mas em Portland e Londres, as clulas funcionam tambm. A

    cidade de Portland, estado de Oregon, conhecida como a cidade mais desigrejada dos

    Estados Unidos. Nesta cidade, a Igreja Comunitria New Hope, pastoreada por Dale

    Galloway, que tinha uma viso para atrair milhares de desigrejados conseguiu atingir mais de

    6 mil membros nos chamados grupos de cuidado amoroso, adaptados da estratgia de

    grupos-clula da igreja de Young Cho. Tambm em Londres, na Inglaterra, a Comunho

  • 16

    Crist Ichtus adotou uma estratgia de grupos-clula que comeou em 1974, e empregou o

    padro do tabuleiro de xadrez, deliberadamente formando clulas em bairros escolhidos da

    cidade, e depois desafiando cada uma dessas clulas a penetrar os bairros ela adjacentes.

    Esses grupos se renem semanalmente em congregaes, e todos os grupos-clulas se renem

    mensalmente para uma grande celebrao. Quando da ultima contagem, a Comunho Crist

    Ichtus tinha 200 grupos-clula compondo 32 congregaes em Londres, usando esta simples

    estratgia.

    Assim os grupos-clula seriam absolutamente essenciais para o crescimento de uma

    igreja que quer alcanar a cidade. O principio organizacional bsico nestas igrejas que seus

    membros participem de grupos-clula. Baseando-se no principio de que a comunho crist

    bsica ocorre no contexto do grupo pequeno. Em vez de ter pequenos grupos para

    complementar o ministrio ao grupo maior, este complementa o ministrio a grupos

    pequenos. Assim, a igreja estruturada em clulas uma maneira de saturar as diversas

    subculturas e redes de relacionamentos de uma cidade. Os grupos-clula tornam-se o melhor

    ambiente para fazer discpulos devido a intimidade e confiana de um grupo pequeno, dando

    infraestrutura que promove maturidade, cuidado, discipulado, transformao e a necessidade

    de prestao de contas na vida do crente. Nesse contexto, as pessoas podem descobrir a f,

    crescerem e tornarem-se indivduos compromissados com o corpo de Cristo e o mundo. A

    equipe pastoral numa igreja que cresce por clulas, fica reduzida em sua capacidade de

    oferecer o cuidado pastoral imediato.

    Uma estrutura descentralizada de cuidado se faz necessria para garantir que as

    necessidades de todos sejam atendidas. O papel da equipe pastoral deveria mudar: em lugar de

    serem provedores de cuidado pastoral, passariam a ser capacitadores de leigos que supram o

    cuidado pastoral que a igreja necessita. O cuidado pastoral leigo oferecido a medida que

    membros usam seus dons para ministrarem uns aos outros. Necessidades mais srias de

    aconselhamento devem ser encaminhadas a conselheiros cristos profissionais, enquanto as

    outras podem ser supridas por meio de grupos-clulas. O lideres de um grupo-clula tem um

    processo gradativo de aprendizado, e com o passar do tempo, sua eficcia como lideres ir

    aumentar.

    Quando a igreja estruturada em clulas, ela organiza todos os seus ministrios com

    base no principio de multiplicao de clulas. Objetivo de um grupo-clula no informao

    bblica, mas transformao de vidas, por isso, a edificao, o evangelismo, o desenvolvimento

    da liderana e a multiplicao so 4 objetivos no negociveis de um grupo-clula.

  • 17

    2.5 MOVIMENTO NEO-PENTECOSTAL E SUA AO PASTORAL NO BRASIL

    Os dissidentes do movimento de avivamento denominado pentecostal, formaram no

    Brasil, a igreja neo-pentecostal. Teve seu inico no final da dcada de 70 mas adquiriu uma

    amplitude maior a partir dos anos 80. Devem ser destacados aqui que, os dois principais

    movimentos de expresso neo-pentecostal so: A igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja

    Internacional da Graa alm de outras novas que tem surgido no cenrio nacional; a Igreja

    mundial do poder de Deus e a Igreja Assemblia de Deus vitria em Cristo, so as mais

    recentes em evidncia. Nesse novo contexto a realidade que, a percepo do neo-

    pentecostalismo no se restringe a um movimento denominacional especfico de um

    determinado grupo. H varias igrejas ou comunidades, tais como existem tambm

    presbiterianos, batistas convencionais, neo-pentecostais. De modo geral uma de suas marcas

    a teologia da prosperidade, a idia de que Deus est muito interessado em que todos os que

    esto em aliana com Ele recebam bastante bens materiais e recursos neste mundo. No sendo

    isso s uma questo de desejo de Deus, mas uma promessa, e se uma pessoa no tem estes

    recursos geralmente est em falta ou em pecado. Existe no movimento neo-pentecostal uma

    espcie de simplificao teolgica, deixando sua crena mais inteligvel, por exemplo: neste

    movimento todos os males tem ao direta do diabo, em alguns casos indireta, que as vezes

    mostra a causa de um maleficio como sendo uma maldio hereditria.

    Os lderes neo-pentecostais, trouxeram junto com seu trabalho pastoral

    extremamente prtico novos ttulos, pastores tornaram-se, bispos e at apstolos. Sua ao

    pastoral nem sempre inclui sistemas pr-definidos de clulas ou propsitos, o que prevalece

    a viso incontestvel de tais lderes.

    A prpria palavra pastor substituda por lder, mostra o quanto cada vez menos fala-se

    em formao pastoral e mais em formao de lderes. Curiosamente , lder no uma

    palavra que aparece na Bblia para descrever aquele que serve a Deus na igreja. Tambm no

    aparece na longa histria de vinte sculos de vocao pastoral. No foi usada para descrever

    nenhum dos santos ou mrtires que dedicaram a vida a Cristo. Trata-se de uma expresso

    relativamente ps-moderna, o que no a torna necessariamente incorreta e inaproveitvel. No

    entanto, ela traz consigo um novo conceito, uma nova forma de descrever e compreender a

    tarefa pastoral.

    A expresso pastor ou sacerdote teolgica e biblicamente mais bem definida.

    Embora, suas imagens sejam emprestadas da vida rural ou dos ritos pagos, ajustam-se bem

    ao propsito bblico do chamado divino. A expresso lder, porm, tem sua definio mais

  • 18

    claramente determinada pelo mercado e pelo contexto secular. Ao identificar o pastor como

    lder, imediatamente as imagens que surgem no so as do Salmo 23 ou das tarefas

    sacerdotais de Aro no templo, mas as imagens do executivo, do administrador, do

    empresrio; imagens de um profissional.

    Essa nova imagem do lder vem corrompendo a vocao. Os pastores continuam

    fazendo o seu trabalho. Pregam todos os domingos em seus plpitos, aconselham, visitam,

    oram, ensinam a Biblia, mas a vocao vem sendo lenta e sutilmente substituda por outro

    paradigma, um modelo de liderana que, de forma imperceptvel, negam o chamado de Cristo.

    Os lideres esto mais ocupados e preocupados com estruturas eclesisticas,

    crescimento estatstico, ferramentas tecnolgicas, e funcionalidade. Essas so realidades que

    no podemos negar, mas que no se constituem na vocao. O apstolo Paulo afirma em sua

    carta aos Glatas: ...meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores do parto, at ser Cristo

    formado em vs. Para ele o que mais importava no era a funcionalidade de seu ministrio, o

    sucesso de sua carreira, a eficincia de seu apostolado, mas Cristo, a imagem de Cristo sendo

    refletida na vida de seus filhos e filhas na f. Assim algumas das igrejas do sculo XXI

    refletem mais as estruturas eficientes do mercado e menos a glria da imagem de Deus em

    Cristo. No entanto, as ovelhas de Jesus clamam cada vez mais por um trabalho pastoral, de

    pastores com tempo e compaixo para ouvir o clamor de suas almas cansadas, aflitas,

    confusas em busca de orientao, maturidade e transformao.

  • 19

    3 PRAGMTICA DE CRISTO O BOM PASTOR

    Os quatro evangelhos apresentam um registro autntico da vida, das palavras e do

    ministrio de Cristo. Cada um dos evangelistas retrata Cristo com presciso, mas de acordo

    com o seu prprio propsito e inteno dentro de seu prprio padro de referncia e plano,

    sem contradizer, destruir ou minimizar os arranjos de seu co-autor. O ministrio de Jesus

    Cristo na terra estava voltado principalmente para seu povo. A sua compaixo missionria

    tornou o seu ministrio pastoral surpreendente. Ele se destaca como pastor e missionrio

    ideal, o Apstolo de Deus.

    Marcos foi o primeiro a escrever o seu relato, sua maneira histrica de apresentao

    essencial. J que conheceu pessoalmente Cristo e acompanhou Pedro em suas jornadas,

    Marcos escreve como um judeu repleto de Cristo. Ele apresenta Cristo como profeta de Deus

    e servo de Jeov. Todo o seu retrato consiste no profeta de Deus divulgando a mensagem de

    Deus, e o servo de Jeov sempre ativo, cumprindo a vontade e o propsito de Deus, ele

    resume isso atravs de uma citao do Mestre: Porque o Filho do homem tambm no veio

    para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. Mc 10:45. O

    ministrio pastoral de Jesus mostra neste evangelho seu trabalho prtico e urgente. O ponto

    central de sua proclamao era o Reino de Deus: Veio Jesus para a Galilia, pregando o

    evangelho do Reino de Deus, e dizendo: O tempo est cumprido, e o Reino de Deus est

    prximo. Arrependei-vos e crede no evangelho. Mc 1:14-15

    Podemos perguntar: Porque a prtica pastoral de Jesus comeava com o anncio do

    Evangelho do Reino de Deus? A resposta clara que, a eficincia do ministrio pastoral de

    Jesus diante de Deus e dos homens, dependia dessa mensagem, pois se o filho do homem veio

    para servir e resgatar atravs de sua vida, sua mensagem no poderia ser outra. Pois s este

    reino poderia colocar o domnio de Deus no corao do homem; ele urgente, atual, moral,

    espiritual. Desta maneira este domnio passa para igreja, sendo Cristo o Senhor soberano

    sobre ela, e assim mostrar o domnio de Deus tambm no mundo.

    Jesus mostra que o evangelho do reino deve ser pregado a todas as naes. A igreja

    deve ser constituda de indivduos de todas as etnias, pois a presena do Evangelho neste

    mundo consiste no julgamento, enriquecimento e na modificao da ordem social. Ele

    altamente social no seu impacto geral, controlando todas as relaes de acordo com a vontade

    e os propsitos de Deus. Cristo o bom pastor repetidamente adverte o homem para, unir-se,

    receber, sentar e comer no reino de Deus, que no apenas dos judeus mas tambm das

  • 20

    naes. A ao pastoral de Jesus inclua milagres, discipulado para transformar o carter, e o

    comissionamento para o ministrio cristo.

    O ministrio pastoral de Cristo, refletia o propsito de Deus e a sua compaixo por

    todas as classes de pessoas; leprosos, chefes da guarda romana, pescadores, vivas, crianas,

    cobradores de impostos, aleijados, cegos, famlias como a de Lzaro, e todos que o

    procurassem. Ele define a veracidade disso no Evangelho de Joo 10.1-18:

    (...) na verdade, na verdade vos digo que aquele que no entra pela porta no

    curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, ladro e salteador. Aquele,

    porm, que entra pela porta o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as

    ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome s suas ovelhas, e as traz para

    fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o

    seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguiro o

    estranho, antes fugiro dele, porque no conhecem a voz dos estranhos. Jesus

    disse-lhes esta parbola; mas eles no entenderam o que era que lhes dizia.

    Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu

    sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim so ladres e

    salteadores; mas as ovelhas no os ouviram. Eu sou a porta; se algum entrar

    por mim, salvar-se-, e entrar, e sair, e achar pastagens. O ladro no vem

    seno a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham

    com abundncia.

    Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor d a sua vida pelas ovelhas.

    Mas o mercenrio, e o que no pastor, de quem no so as ovelhas, v vir o

    lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.

    Ora, o mercenrio foge, porque mercenrio, e no tem cuidado das ovelhas.

    Eu sou o bom Pastor, e conheo as minhas ovelhas, e das minhas sou

    conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, tambm eu conheo o Pai,

    e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que no so

    deste aprisco; tambm me convm agregar estas, e elas ouviro a minha voz,

    e haver um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a

    minha vida para tornar a tom-la. Ningum a tira de mim, mas eu de mim

    mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tom-la. Este

    mandamento recebi de meu Pai.

    3.1 EXEMPLO DOS APSTOLOS CHAMADOS POR JESUS CRISTO

    Os apstolos foram alguns dos discpulos que testemunharam toda a obra do

    ministrio desenvolvido por Jesus. Eles em particular foram discipulados para realizar nos

    detalhes toda a prtica pastoral de Cristo. Chamados pra dar continuidade e desenvolvimento

    do reino de Deus na terra, receberam do mestre aps sua ressurreio, as seguintes

    orientaes:

    (...) E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

    Quem crer e for batizado ser salvo; mas quem no crer ser condenado. E

    estes sinais seguiro aos que crerem: Em meu nome expulsaro os demnios;

    falaro novas lnguas; Pegaro nas serpentes; e, se beberem alguma coisa

    mortfera, no lhes far dano algum; e poro as mos sobre os enfermos, e os

    curaro. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no cu, e

    assentou-se direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as

    partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais

    que se seguiram. Amm (Marcos, 16.15-20).

  • 21

    Estas so as direes prticas de Jesus aos seus discpulos, que envolveriam, diretrizes

    especficas pra o cumprimento do trabalho pastoral segundo a sua vontade, para todas as

    pocas. Eles deveriam ir por todo o mundo levando a mensagem do Evangelho. Limitaes

    geogrficas no podiam impedi-los de cumprir a comisso dada por Jesus, pois toda criatura

    que ouvisse e acreditasse, seria salvo da condenao iminente oriunda do julgamento do

    Senhor sobre esta terra.

    A batalha espiritual estava envolvida nas orientaes, pois pessoas possessas foram

    libertas por ele, e agora seriam libertas atravs dos discpulos em seu nome. Os sinais tais

    como, o falar novas lnguas, e curar enfermos pela imposio das mos, seria uma prtica

    natural na ao pastoral dos apstolos como confirmao da pregao do evangelho.

    (...) E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no

    mesmo lugar; E de repente veio do cu um som, como de um vento veemente

    e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas

    por eles lnguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada

    um deles. E todos foram cheios do Esprito Santo, e comearam a falar

    noutras lnguas, conforme o Esprito Santo lhes concedia que falassem

    (Atos 2.1-4).

    O aspecto fundamental como resposta ao derramamento do Esprito Santo, era a

    pregao do testemunho da ressurreio de Cristo, que causava o efeito para a deciso das

    pessoas, pelo Evangelho

    (...) Homens irmos, seja-me lcito dizer-vos livremente acerca do patriarca

    Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre ns est at hoje a sua sepultura.

    Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com

    juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo,

    para o assentar sobre o seu trono, Nesta previso, disse da ressurreio de

    Cristo, que a sua alma no foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a

    corrupo.

    Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos ns somos testemunhas.

    De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a

    promessa do Esprito Santo, derramou isto que vs agora vedes e ouvis.

    Porque Davi no subiu aos cus, mas ele prprio diz: Disse o SENHOR ao

    meu Senhor: Assenta-te minha direita, at que ponha os teus inimigos por

    escabelo de teus ps. Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse

    Jesus, a quem vs crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

    E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu corao, e

    perguntaram a Pedro e aos demais apstolos: Que faremos, homens irmos?

    E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome

    de Jesus Cristo, para perdo dos pecados; e recebereis o dom do Esprito

    Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vs, a vossos filhos, e a todos os

    que esto longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas

    outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta

    gerao perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado

    receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase trs mil almas

    (Atos 2.29-41).

  • 22

    A Igreja de Cristo agora estabelecida de crentes na mensagem do evangelho, tinha

    suas caractersticas fundamentadas no trabalho pastoral dos apstolos. Ela dedicava-se a

    quatro coisas: o ensino apostlico, a comunho, o partir do po e a comunho.

    (...) E perseveravam na doutrina dos apstolos, e na comunho, e no partir

    do po, e nas oraes. Em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e

    sinais se faziam pelos apstolos. E todos os que criam estavam juntos, e

    tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com

    todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unnimes todos os

    dias no templo, e partindo o po em casa, comiam juntos com alegria e

    singeleza de corao, louvando a Deus, e caindo na graa de todo o povo. E

    todos os dias acrescentava o Senhor igreja aqueles que se haviam de salvar

    (Atos 2.42-47).

    O ministrio apostlico no poderia ser diferente do ensinamento do mestre, por isso a

    compaixo pelos homens estava neles tambm.

    (...) e Pedro e Joo subiam juntos ao templo hora da orao, a nona.

    E era trazido um homem que desde o ventre de sua me era coxo, o

    qual todos os dias punham porta do templo, chamada Formosa, para

    pedir esmola aos que entravam. O qual, vendo a Pedro e a Joo que

    iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. Pedro,

    com Joo, fitando os olhos nele, disse: Olha para ns. E olhou para

    eles, esperando receber deles alguma coisa. E disse Pedro: No tenho

    prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus

    Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mo direita,

    o levantou, e logo os seus ps e artelhos se firmaram. E, saltando ele,

    ps-se em p, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e

    saltando, e louvando a Deus. Todo o povo o viu andar e louvar a

    Deus Atos 3.1-9

    O exemplo da ao pastoral dos apstolos aps as orientaes de Cristo, mostra

    evidentemente a prtica da f obediente. Tambm pode-se descrever como consequncia do

    derramamento do Esprito-Santo, um ministrio frutfero da pregao do evangelho e cura. A

    descrio da igreja, na sua adorao, comunho, aprendizado e exaltao a Deus, um

    modelo bblico irrefutvel de autoridade crist. A doutrina apostlica era essencial para a

    comunidade do Novo Testamento e indispensvel para a sade e vigor da comunidade da f

    hoje.

    3.2 PRAGMTICA DE PASTORES REFORMADOS: RICHARD BAXTER E ALBERTO

    BARRIENTOS

    Richard Baxter (1615-1691), o mais destacado pastor, evangelista e escritor de temas

    prticos e devocionais produzido pelo puritanismo. Viveu num perodo da histria da

    Inglaterra caracterizado igualmente por destruio e criatividade. Embora ordenado episcopal,

  • 23

    rejeitou amargurado a posio que a igreja anglicana tomou por ocasio do restabelecimento

    da monarquia na Inglaterra e na esccia, de que a ordenao episcopal essencial para a

    prtica do ministrio cristo. Consequentemente, junto com cerca de mil e oitocentos

    dissedentes, ele se tornou um no conformista, e foi expulso do ministrio em kiddermister,

    onde trabalhara catorze anos. Baxter foi para Londres, pra continuar pregando, e ali foi preso,

    quando estava com setenta anos de idade; esteve preso durante vinte e um meses. Moreeu

    cinco anos depois. Uns 135 artigos de sua lavra foram publicados durante sua vida, e 5 obras

    pstumas foram impressas posteriormente.

    Era um grande homem; grande bastante para ter e reconhecer grandes falhas e grandes

    erros. Brilhante, de larga cultura, com surpreendente capacidade de anlise instantnea,

    argumento e apelo, Baxter podia embaraar os seus oponentes em debates pblicos. No

    entanto, nem sempre utilizou seus grandes dons da melhor forma. Na teologia, por exemplo,

    Baxter elaborou um caminho intermedirio e ecltico entre as doutrinas da graa reformada,

    arminiana e romana. Ele era um conservador puritano, mantinha tal estranha construo

    legalista tanto como enfoque essencial do evangelho puritano e do Novo Testamento quanto

    como terreno comum para as contendas sobre graa das quais se ocupavam as teologas

    trinitarianas de seus dias. Foi dito, muitas vezes por ele e com justia, que qualquer cristo

    que creia que sem Cristo os homens estaro perdidos, e que ame seriamente a seu prximo,

    no poder descansar, sabendo que as pessoas a seu redor esto a caminho do inferno. Ele se

    dispor sem descanso grande misso da vida, a de converter as pessoas.

    Qualquer crente que no tenha tal disposio solapar a credibilidade de sua f, pois se

    ele mesmo no consegue tomar a ordem de Jesus a srio, como direo para a vida, por que

    outra pessoa o levaria a srio? Baxter expe isto com fora. Ele tem um amor apaixonado de

    um cristo sincero, honesto, sem rodeios, que pensa e fala com perfeita objetividade a respeito

    dos perdidos, insistindo que deveramos aceitar desconforto, pobreza, trabalho duro e perda de

    ganhos materiais, caso pudssemos salvar algumas almas, dando-nos exemplo vvido cm sua

    prpria pessoa, sobre os desdobramentos de tal disposio. Sua principal contribuio para o

    desenvolvimento dos ideais puritanos para o ministrio foi a de melhorar a prtica da

    instruo e orientao personalizada pessoal foi ,um mtodo simples de educao escolar

    como ingrediente permanente no cuidado pastoral de todas as idades. Foi tal preocupao com

    o discipulado que trouxe luz o livro conhecido no Brasil como: O Pastor Aprovado lanado

    em sua reedio, como o Manual Pastoral de Discipulado Cristo.

  • 24

    A instruo e orientao pessoal e o aconselhamento, alm do sermo e depois dele,

    so deveres de todo pastor, pois constituem os recursos mais racionais, os melhores meios

    para atingir o fim desejado. Era assim nos dias de Baxter. No seria assim em nossos dias?

    O Pastor Baxter confronta o pastor moderno com, pelo menos, as seguintes perguntas:

    (1) creio no evangelho que Baxter cria (e Whitefield e Spurgeon e Paulo)? (2) Compartilho a

    viso de Baxter, acerca da necessidade essencial da converso? (3) Sou to autntico como

    deveria ser, permitindo que tal viso das coisas forme minha vida e obra? (4) Sou to objetivo

    como deveria ser quanto escolha dos meios para o fim que desejo e para o qual fui

    chamado? (5) Disponho-me, como Baxter, a buscar a melhor maneira para criar situaes nas

    quais possa conversar com as pessoas, de maneira familiar e com regularidade, sobre suas

    vidas espirituais? A maneira adequada para realizar tal tarefa nos dias de hoje ter de ser

    considerada em termos das circunstncias que se nos apresentam, muito diferentes das que

    Baxter conhecia e descrevia, mas a pergunta de Baxter continua sendo pertinente: no

    deveramos exercitar a comunho pessoal como uma prtica sempre necessria? Se ele nos

    convencer de tal necessidade, certamente acharemos uma maneira de adequar a prtica

    nossa situao presente - onde houver vontade, haver um modo de agir!

    Ento o argumento de sua prtica pastoral segue-se em sua prpria descrio:

    Asseguro que no obedeo ao conselho da carne; mas, antes, que me

    desagrado tanto quanto desagrado a outros,e preferiria a paz e a calma do

    silncio se isso pudesse ser conciliado com o meu dever e o bem-estar das

    Igrejas. O que me fora, porm, a necessidade das almas dos homens e o meu

    desejo de sua salvao; a prosperidade da Igreja que me fora a esse tipo de

    audcia e atrevimento. Quem h que, tendo sua prpria lngua poder cal-la,

    quando seu uso for para a honra de Deus, o bem-estar da Igreja e a felicidade

    eterna de tantas almas?

    Por isso dever inquestionvel dos ministros em geral, que se

    disponham tarefa de instruir e orientar individualmente, a todos aqueles que

    so entregues ao seu cuidado. Os senhores poderiam imaginar uma sabedoria

    santa que negasse a validade desta proposio? O zelo por Deus, o prazer no

    seu servio ou amor s almas dos homens negariam sua significncia?

    Os princpios da religio e as questes necessrias para a salvao

    precisam ser substancialmente ensinados s pessoas ,da maneira mais

    edificante e proveitosa . A entrevista pessoal, o exame do corao e a

    instruo pessoal tm excelentes vantagens para o bem das pessoas .

    recomendada pelas Escrituras e pela prtica dos servos de Cristo, aprovada

    por homens piedosos de todos os tempos sem contradio. No h dvida de

    que devamos cumprir esse grande dever para com todas as pessoas, ou para

    quantas ns pudermos, pois nosso amor e cuidado devem acolher a todos.

    Ser sinal de pobre desempenho do dever, se, havendo em sua

    congregao quinhentas ou mil pessoas ignorantes em questes de f,os

    senhores falarem apenas de vez em quando com alguns deles e deixar o

    restante na ignorncia, quando est ao seu alcance ajud-lo.Certamente, uma

    tarefa to grande quanto esta tomar parte considervelde seu tempo. certo

    tambm que todos os deveres, medida do possvel,deveriam ser realizados

    em sua ordem e tempo.

    Dadas estas razes, por amor de Cristo e sua Igreja, e das

    almas imortais dos homens, imploro aos fiis ministros de Cristo que se

  • 25

    disponham pronta e efetivamente a esta obra. Sejam unnimes no pleno

    desempenho do trabalho, a fim de conquistar a aquiescncia e prontido do

    povo. Os ministros piedosos tm conscincia do seu dever para com Deus.

    Assim, Baxter faz trs pedidos especiais aos pastores para desenvolverem sua ao

    pastoral com eficincia na Igreja: a pregao deve ser preparada com seriedade e prudncia;

    no se deve desprezar o exerccio da disciplina; e a unidade da Igreja deve ser promovida na

    verdade.

    1- Pregar com preparo e prudncia em nome de Jesus e por amor s almas dos filhos de

    Deus, para no negligenciar esta obra, mas trabalhar com vigor e com todas as foras do

    ser, sabedores de que esta sua grande e grave tarefa. Pois se os ministros no forem

    realmente respeitados como homens de Deus, as congregaes tendero a despreza-los e

    a competir com eles em vez de aprender em submisso Palavra de Deus.

    2- Exercer a disciplina se quiserem prestar contas favorveis ao Supremo Pastor, no sendo

    infiis na casa de Deus, tambm no sejam remissos no zelo como se a disciplina fosse

    coisa desnecessria. No negligenciem a exortao da disciplina, pois o problema da

    carne est ligado sua omisso como triste sinal de hipocrisia. Os deveres mais custosos

    so, geralmente, os mais compensadores; podem estar certos de que Cristo j pagou e que

    suportar o preo.

    3- Promover unidade entre si mesmos e entre as igrejas de Cristo para que todos os fiis

    ministros de Cristo, sem delongas, unam-se e associem-se para a promoo uns dos

    outros e da obra do Senhor, e para manter a unidade e a concrdia nas igrejas. No

    negligenciar as reunies fraternas nem as desperdiar sem nenhum proveito; antes,

    melhorem suas condies para a edificao da Igreja e para o desempenho efetivo da

    obra.

    A prtica pastoral de Baxter incluia tambm um cuidado prprio especial. Os pastores

    deveriam estar atentos para que o trabalho da graa salvadora fosse plenamente realizado em

    suas prprias almas. Pra que no estivessem vazios da mesma graa salvadora de Deus que

    ofereciam a outros, e nem ficassem alheios operao efetiva do evangelho que pregam, para

    que, enquanto proclamassem ao mundo a necessidade de um Salvador, seu prprio corao

    no fosse negligenciado, e acabassem perdendo o interesse no prprio Senhor e em sua obra.

    Considerando de maneira simples, a sinceridade de sua f. Muitos poderiam estar advertindo a

    outros acerca do perigo de caminhar para o lugar de tormento enquanto eles mesmos correm

    para a perdio.

    "Muitos, naquele dia, ho de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, no

    temos ns profetizado em teu nome, e em teu nome no expelimos demnios,

  • 26

    e em teu nome no fizemos muitos milagres? Ento, lhes direi

    explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a

    iniqidade" (Mt 7.22,23).

    Por isso no decorrer do trabalho pastoral era essencial que, os pastores considerassem

    muitos motivos para cuidar de si mesmos no seu labor, tais quais o cu para ganhar ou perder,

    e a realidade de levar almas a felicidade ou tristeza eterna. E a lembrana diria que suas

    aes tem consequncias eternas.

    Quanto aos mtodos, existe a necessidade de entender que o sucesso do trabalho

    pastoral depende da graa e da beno do Senhor. Deus prometeu aos seus servos fiis que

    estar com eles, e que por o seu Esprito sobre eles e a Sua Palavra em sua boca, pois este o

    mtodo normal de Deus. Sendo que a vontade de Deus que cada igreja tenha seus prprios

    pastores, e que todos os discpulos de Cristo reconheam os que trabalham entre eles e vos

    presidem no Senhor e os admoestam (1tessalonicences 5:12). A Igreja universal de Cristo

    consiste necessariamente de igrejas particulares guiadas por seus prprios supervisores. Todo

    cristo deve ser membro de uma das Igrejas, exceto aqueles que, por razes especiais, no

    podem unir-se ao corpo de crentes. E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito

    ancios em cada igreja (Atos 14:23;cf Tito 1:5).

    Pois o cuidado do rebanho tarefa do pastor e se d no contexto da igreja. O tamanho

    do rebanho deve ser determinado pelo nmero de pastores. No podero ser pastoreados

    todos, se no houver suficientes pastores na igreja, ou se a congregao no for pequena o

    suficiente para possibilitar o cuidado pastoral de cada membro. Deus no impe

    impossibilidades naturais. Pois a natureza da obra pastoral tal, que deve ser realizada

    pessoalmente pelo pastor. Sucede que em alguns casos pastores podem ter igrejas maiores que

    a sua capacidade de ao e, assim, no lhes possvel cuidar bem do rebanho todo. Nesses

    casos o pastor acaba s se encarregando de fazer bem feito aquilo que estiver ao seu alcance.

    Baxter d uma definio clara da grande responsabilidade que , cuidar do rebanho de

    Cristo. O pastor deve ter em mente segundo ele que; o fim principal do trabalho pastoral, deve

    estar ligado ao supremo propsito de nossa vida, agradar e glorificar a Deus. E tambm

    estimular a santificao e a santa obedincia do povo de Deus que est ao seu encargo.

    Promovendo a unidade, a ordem ,a beleza ,e o poder, a preservao e o progresso do povo de

    Deus , tendo tudo isso como maior tarefa que mostra a correta adorao a Deus. O ministrio

    pastoral segundo ele ,tem carter espiritual, pois no trata de coisas vis e transitrias, j que a

    primeira ocupao pastoral ; revelar aos homens a felicidade ou o bem principal que s pode

    ser o bem supremo. Tornando os homens cintes do Deus que os fez; Ele a fonte da sua bem-

  • 27

    aventurana. Devendo abrir-lhes os tesouros da Sua bondade e falar-lhes da glria que h em

    Sua presena, Glria que todo povo de Deus desfrutar. E assim fixar seus coraes

    sinceramente em Deus e nos Cus, considerando isso a parte mais importante do ministrio

    pastoral,e tudo mais se seguir naturalmente.

    A segunda ocupao pastoral seria familiarizar os homens com meios certos pelos

    quais alcanar esse fim, e ajuda-los a usar esses meios. O pastor no seu cuidado pastoral, deve

    mostrar os perigos do pecado e quanto dano ele j fez aos homens. Depois, deve descerrar-

    lhes o grande mistrio da redeno: a Pessoa, a natureza, a encarnao, a perfeio, a vida, os

    milagres, os sofrimentos, a morte, o sepultamento, a ressurreio. A ascenso, a glorificao,

    o domnio e a intercesso do bendito filho de Deus. Ajudando-os a saber o significado das

    Suas promessas, as condies a ns impostas e os deveres que nos mandou cumprir. Alm

    disso adverti-los dos tormentos eternos com os quais Ele ameaa os que no se arrependem e

    negligenciam a sua graa.

    Estes so deveres espirituais que os pastores em sua ao pastoral tem de pr diante

    dos homens. Ento o trabalho pastoral deve ensinar o quanto puder da Palavra e das obras de

    Deus, pois todos os cristos so discpulos ou alunos de Cristo, e a Igreja a sua escola, tendo

    a Bblia como Seu livro texto. A preocupao do cuidado pastoral deve ser por toda a

    comunidade da igreja, buscando conhecer completamente a cada pessoa ou ovelha que faz

    parte do rebanho. O prprio Cristo, o grande e bom Pastor toma conta de cada um

    individualmente. O evangelista Lucas mostra que Ele deixa no deserto as noventa e nove e

    vai aps a perdida, at que venha ach-la(15:4). Cristo nos conta que h alegria no cu por

    um pecador que se arrepende(15:7).

    Os profetas, igualmente muitas vezes foram enviados a indivduos. Ezequiel era uma

    atalaia a postos com relao a indivduos. Ele foi enviado a dizer ao mpio:certamente

    morrers(Ezequiel 33:14). Semelhantemente , Paulo ensinava publicamente, e de casa em

    casa. Ele tambm admoestava a todo homem e ensinava a todo homem em toda

    sabedoria, para apresentar todo homem perfeito em Jesus Cristo (Colossenses 1:28).

    Assim tambm Cristo expunha as suas parbolas aos doze, parte. Os pastores sejam eles de

    que sculo forem, tero de dar contas de sua vigilncia sobre as almas de todos aqueles que

    esto no dever de obedece-los.

    Baxter d muita nfase a um dos aspectos da obra do ministrio pastoral, que a

    pregao pblica da palavra de Deus, sendo esta uma atividade prpria para o ministro que

    pastor de igreja. Pregar ao mundo incrdulo noutras culturas onde outras crenas uma tarefa

    parte, mas a pregao dirigida a igreja local o papel do pastor. Um outro aspecto do

  • 28

    ministrio pastoral a ministrao das ordenanas do Batismo e da Ceia do Senhor. Segundo

    ele o trabalho de um ministro da palavra vai alm desses aspectos, pois o pastor pode fazer a

    direo do culto pblico, conduzindo o povo nas oraes e nos louvores ao Senhor.

    As famlias por desempenharam um papel fundamental na igreja, e na sociedade.

    Devem ser alvo de dedicao e cuidado especial no labor eclesistico. Se todo o trabalho for

    lanado unicamente sobre o pastor, como a igreja pode providenciar o avivamento de um

    rebanho inteiro? Os chefes de famlia devem fazer a sua parte sob orientao pastoral para

    que, se alguma coisa boa for iniciada pelo ministrio pastoral, esta no seja dificultada, por

    serem as famlias descuidadas, sem orao e mundanas. O ministrio com famlias deve ser

    bem eficiente, e elaborado para que, o chefe da famlia venha orar e ler as escrituras em seu

    lar diariamente.

    A prtica pastoral envolve tambm nessa linha de pensamento puritano traada pelo

    pastor Richard Baxter; um interesse pelos pobres e fiis, a visitao aos enfermos seguida de

    uma ateno especial aos moribundos. Pois quando o homem est quase no fim da sua

    jornada, e o prximo passo o levar para o cu ou o inferno, esse o tempo de prestar ajuda o

    quanto puder. Ele tambm bem enftico quanto a disciplina eclesistica na forma de

    repreenso pblica exercida pelo ministrio pastoral. Que seria to somente persuadir as

    pessoas a encontrarem modos de expressar o seu arrependimento, orando por elas,

    restaurando os penitentes, e excluindo e evitando os impenitentes. Os pastores deveriam

    manter sua fidelidade na disciplina, pois encontram muita oposio nesta rea do ministrio, e

    lembrar que aqueles que so contra a disciplina, so contra o ministrio pastoral. Ser contra

    o ministrio pastoral ser contra a igreja; e ser contra a igreja ser contra Cristo (Richard

    Baxter).

    Embora esteja fora da capacidade pastoral transformar uma corao carnal, sem a

    operao da graa eficaz do Esprito-santo, comum Deus agir empregando meios. Deus

    abenoa a diligncia nos bons esforos dos Seus servos, j que o bem-estar da Igreja depende

    da direo e do sucesso da ao pastoral. Por isso todos os homens que tem o privilgio desta

    incumbncia devem; levar a srio seu ministrio, meditando com o corao diante de Deus.

    Homens de orao que procuram animar e ensinar um por um no rebanho. Selecionando

    doutrinas importantes amplitude da f, sempre aplicando a verdade de maneira pessoal e

    amigvel. As pessoas precisam perceber que o pastor demonstra sensibilidade para com eles,

    tratando cada qual como pessoa nica, e sensveis as suas necessidades. O objeto do servio

    pastoral a Igreja de Deus, esta santificada pelo Esprito Santo, unida a Cristo e declarada

    Seu corpo mstico. aquela que os anjos anelam pescrutar e qual atendem como espritos

  • 29

    ministradores. Deus que por seu Santo Esprito, faz homens supervisores de sua obra, tendo

    o cargo de administrar a prpria famlia de Deus.

    A prtica pastoral do sculo 21 pode com certeza seguir o modelo mostrado pelo

    pastor Richard Baxter, e defendido no seu livro o Pastor Aprovado, pois seus princpios

    bblicos podem revitalizar todo o trabalho pastoral de uma Igreja.

    3.3 PASTOR ALBERTO BARRIENTOS E SEU MODELO PARA O TRABALHO

    PASTORAL

    Alberto Barrientos pastor h mais de vinte e cinco anos, j trabalhou em diversos

    pases da Amrica Latina, tais como Peru, Colombia, Costa Rica e Paraguai. Convertido aos

    18 anos e tendo uma experincia profunda com o Espirito Santo foi chamado por Deus dois

    anos depois para o ministrio pastoral. Quando comeou a trabalhar na igreja por volta de

    1954, comeou a pensar naquilo que aprendeu no seminrio como algo muito bom, mas no

    muito adequado situao rural na qual ele foi pastor durante vrios anos. Aquilo que ele

    tinha aprendido servia para assumir um plpito, mas no para satisfazer outras necessidades

    que surgiam no caminho. Ento a medida que a Palavra de Deus ia guiando seu corao e

    pensamento mostrava-lhe coisas novas, que o fazia perceber as necessidades reais do

    pastorado.

    Ele passou a ter uma viso clara que crescia a cada dia, mostrando solues para as

    tarefas que se agigantavam no ministrio, que as vezes pareciam no ter repostas. Aps

    pastorear em vrios pases da Amrica Latina, teve oportunidade de conhecer o ministrio de

    evangelismo em profundidade. Graas a complementao que esta experincia o trouxe, ao

    dilogo com inmeros pastores, ao estudo e reflexo sobre o assunto, concretizou-se em sua

    mente uma idia que vinha tomando forma ha vrios anos. Consistia no seguinte: a

    evangelizao deve partir da prpria igreja, portanto, a evangelizao um assunto

    fundamentalmente ligado a ao pastoral.

    Assim, segundo Barrientos, ainda que os mtodos e os evangelistas ajudem, a real

    expanso do evangelho ocorre a partir da prpria igreja. Percebeu que para dar

    evangelizao um lugar central na vida da igreja, outras coisas seriam necessrias entre elas,

    dar ao Esprito Santo devido lugar (2Co 3.17). Alm disso ampliar a viso do trabalho

    pastoral, trazendo uma abordagem mais adequada dele, pois a tarefa suprema que Deus tem

    dado a Igreja a evangelizao. Isto para ele, poderia dar um impulso muito grande para

    revolucionar a Igreja nos anos que antecedem a volta de Jesus.

  • 30

    Necessariamente, o pastorado atravs da evangelizao experimentaria uma

    transformao baseada nos princpios do novo testamento. As caractersticas dos povos latino-

    americanos no qual foi pastor, o fez crer que as novas abordagens seriam sucesso entre eles.

    Pois a situao que vivam as igrejas na dcada de 50 de forma geral, amarradas a formas de

    trabalho bem conhecidas, uteis no passado, mas carentes de renovao e mudana; a

    preocupao das instituies teolgicas umas, de formar telogos; outras, pregadores

    esquecendo-se que sem pastores bem formados o trabalho da igreja no avanar muito.

    Tambm havia, o perigo de uma religiosidade popular e fcil, disfarada de cristianismo,

    ameaando influenciar a Igreja Evanglica naquela poca a medida que crescia.

    Barrientos na sua abordagem, procura no compartilhar novidades, mas experincias

    slidas, sabendo ele que surgiriam outros rumos, estes seriam os melhores ele disse: quando igrejas, pastores, seminrios, institutos bblicos e misses

    perceberem que esta a hora da igreja afro-latina, consequentemente, hora

    da grande tarefa pastoral. O futuro est aberto para ser enfrentado com f,

    esperana, inteligncia e uma energia jamais empregada antes. Jesus o

    Senhor nos cus e na terra. E Ele o cabea da Igreja. Em seu nome faremos

    proezas.

    Em suas pressuposies teolgicas, ele declara que a autoridade do trabalho pastoral

    no procede de uma tradio religiosa ou cultural, mas est fundamentada na Palavra de Deus,

    com valores permanentes e universais tendo trs enunciados bsicos:

    1- a existncia de um Deus; que criou os cus e a terra. Criou o homem e a mulher. Estes

    foram separados pelo pecado que entrou no mundo, mas no deixou Deus distante, nem

    fez com que Ele se desinteressasse por sua obra, e muito menos se esquecesse dela. Com

    certeza, apesar do pecado, Deus continua presente no mundo. A obra suprema de Deus, a

    redeno do mundo por meio de seu Filho, o Verbo que se fez carne, humilhou-se e

    entregou-se pelos pecadores mostra que Deus tambm est ativo no mundo. O trabalho

    pastoral est no plano de Deus para a humanidade cada. No tem sua origem nos

    programas humanos, mas nos programas divinos. Por isso, a obra pastoral na igreja,

    acima de tudo, o sentir de Deus, fazer a correta obra de Deus, pois Ele abenoa o que

    lhe pertence.

    2- a existncia de um povo escolhido por Deus; mesmo tendo anjos, Deus depende de seu

    povo que comprou com o sangue do Cordeiro (1Pe 2.9-10). O plano de Deus vai sendo

    realizado em estreita colaborao entre Ele e seus redimidos. Jesus disse uma certa vez

    que se estes se calassem as pedras clamariam. Deus chamou o seu povo de:

    testemunhas, sal e luz do mundo, embaixadores, pacificadores, raa

    escolhida, sacerdotes do rei, nao santa e muitos outros qualificativos. O mais

    significativo de tudo isso no que Deus queira exaltar o ego dos que creem, mas faz-

  • 31

    los entender que pelo relacionamento que adquiriram com Ele tm uma funo especifica

    a cumprir. O povo de Deus no vive somente para crer. Cre e vive para servir. (Efsios

    2.10). O pastorado , ento, visto como um empreendimento de implicaes eternas, em

    que Deus e o ser humano sofrem e se alegram juntos, trabalham ombro a ombro. E nele,

    Deus e seus herdeiros triunfaram e desfrutaram eternamente.

    3- na tarefa que ambos esto executando; o povo de Deus necessita de direo, por ser a sua

    tarefa muito grande para no se perder, o mundo pode fazer com que percam de vista seus

    objetivos principais. Por isso, o Esprito Santo que o guia do povo de Deus distribui

    dons a cada um. Tambm da ministrios Igreja, como os apstolos, os profetas, os

    evangelistas, os pastores e os mestres, esses do direo ao povo. Se Jesus o cabea da

    Igreja, e esta o seu corpo, o ministrio pastoral vem a constituir o pescoo. o vinculo

    entre Jesus e seu povo afim de que marchem e trabalhem juntos, pois Deus quer que seu

    povo cresa em numero atravs do arrependimento e f em Jesus, para que a viso

    apocalptica de uma multido incalculvel seja uma realidade. Ele igualmente quer que

    essas pessoas no somente creiam e se salvem, mas ele quer igualmente que se formem a

    imagem de seu Filho e aprendam a edificar e a sobreedificar o edifcio de Deus. E quer

    que seu povo aprenda a ser verdadeira luminria no mundo. E, inclusive Deus quer que

    seu povo se prepare agora para servir no reino vindouro de Jesus. A obra pastoral se

    fundamenta, tambm, nesta terceira verdade. necessrio guiar o povo de Deus nestes

    pastos.

    O pastor Alberto Barrientos, segue o exemplo de Efsios 4.11-12 que : preparar o

    povo de Deus para o servio cristo. Assim, seus pilares do trabalho pastoral so: motivar,

    orientar, treinar, mobilizar o corpo de Cristo, tirando a sobrecarga central da figura do pastor.

    Pois para ele o modelo bblico ensinar os irmos a fazer a obra de Deus, devendo ser este

    um objetivo fundamental do trabalho pastoral. A ao pastoral que parte do Novo Testamento

    de conjunto, onde toda a igreja est includa. Para ele, o caminho pastoral pelo qual muitos

    tem optado de pregar e visitar o caminho do menor esforo. Deus chama os pastores a

    mobilizar seu povo para fazer dele uma verdadeira comunidade pastoral.

    O trabalho pastoral no s converter pessoas e todo o trabalho que isso envolve, mas

    apresentar ao Senhor pessoas maduras, adultas na f, perfeitos em Cristo Jesus, pois a igreja

    local jamais pode ser vista como um aglomerado de pessoas que se renem para louvar a

    Deus e ouvir sua Palavra. A igreja um grupo humano especial, com certos tipos de

    relacionamento, objetivos comuns dados por Deus, como por exemplo a evangelizao, a

  • 32

    adorao, a ajuda mtua e outros. Jesus preparou e reuniu seus discpulos durante trs anos

    mostrando a necessidade de aperfeioamentos dos crentes.

    Pois era preciso todos conhecerem a mensagem fundamental do evangelho, e assim

    serem treinados para realizar uma boa evangelizao, evangelizao segundo Barrientos

    envolve quatro elementos: proclamar o evangelho, fazer discpulos, enviar missionrios e

    formar novas igrejas. Se cada igreja pudesse iniciar apenas uma igreja a cada dois anos, isto

    implicaria que em poucos anos os pases poderiam ter um testemunho presente em todos os

    recantos. Sendo isto que o Senhor Jesus almeja, evangelizao deve ser feita com o srio

    programa de formao inicial para todo o recm convertido. Pois a terra se encher do

    conhecimento da gloria do Senhor, como as guas cobre o mar (Hc 2:14).

    Sua metodologia pastoral para proclamao do evangelho exige movimento do templo

    em direo ao lado de fora, como foi proposto por ele mostrar mtodos j usados e slidos,

    tais como: a proclamao atravs do rdio, com um programa curto de 3 a 5 minutos na lngua

    local. A proclamao pelas casas por ser um trabalho que visa toda a comunidade prxima a

    igreja. Isso relevante, porque h muitssimas pessoas que jmais chegam a um templo para

    ouvir a palavra de Deus, por isso que a igreja deve ir at elas.

    As campanhas so uma das formas mais conhecidas pelos pastores e igrejas de

    anunciar o evangelho, segundo Barrientos para que sejam eficientes, as campanhas devem

    incluir no apenas a pregao da Palavra de Deus, mas tambm a oportunidade para que Deus

    cure os enfermos, liberte os possesos e faa outras coisas. Assim, ela deveria ser precedida

    sempre por um programa de visitao de casa em casa antes e aps a campanha, pois o

    interesse das pessoas aumenta, mas no entendem em o que significa professar em Jesus. Com

    ajuda e orientao, podem dar o passo para a converso definitiva. Neste caso, o trabalho

    pastoral deve conter um plano simples para atender os convertidos. O pastor chama e

    seleciona, um grupo de acordo com a situao e a viso que tem. Pode ser quatro, oito, doze

    ou 20 irmos. Comee a treinar este grupo para atender aos neo convertidos. Sendo esta uma

    tarefa que deve iniciada de seis a doze meses antes da campanha. O grupo deve ser motivado

    para a tarefa, orientado sobre o que faro e o que ensinaro. Deve-se orar com este grupo e

    ministrar-lhe a Palavra e o Esprito. Assim, se cada irmo treinado se responsabiliza por no

    mais que trs pessoas recm convertidas, fcil atende-las. Se forem doze irmos treinados, e

    cada um atender de trs a cinco pessoas, podero atender de trinta e seis a sessenta novos

    irmos. Concluindo que, com o tempo, aumenta o numero de irmos, e estes so treinados

    melhor para este trabalho, em um perodo de trs a cinco anos, a igreja pode ter um ministrio

    permanente para enfrentar uma grande colheita.

  • 33

    H tambm, em sua metodologia, proclamao atravs de clulas, sendo um meio

    muito eficaz de evangelizao para desenvolvimento de grupos em escritrios, centros de

    trabalho, de estudo, sempre tendo para cada lugar um tipo de estratgia especifica.

    Sua viso com respeito a evangelizao desenvolveu-se devido ao fato de que, o

    mtodo de ao pastoral de usar apenas o sermo proclamado no domingo pra instruo da

    igreja. Tende a produzir uma Igreja de ouvintes passivos, com a sensao que no h nada a

    ser feito alm de escutar a palavra de Deus. Esta uma das razes porque h tantas pessoas

    nas igrejas que, ainda que queiram fazer algo pelo Senhor no podem faz-lo. O ensinamento

    a base de sermes apenas informativo, ele no forma o homem ou a mulher para os

    propsitos de Deus. Diante disso, faz-se necessria uma reflexo sria e honesta sobre essa

    difundida prtica pastoral, no para que seja eliminada mas para que seja colocada no lugar

    certo, e, ao mesmo tempo para que se busquem outros meios melhores para indispensvel

    formao pessoal, que levar a igreja a ter uma evangelizao eficiente.

    Para isso, o trabalho pastoral deve envolver pastor e igreja juntos, se desejam cumprir

    uma misso mais ampla devem fazer mudanas em seu estilo de vida e de programao. O

    estilo tradicional, base unicamente de cultos devocionais, cultos evangelsticos, cultos de

    orao e cultos de estudo bblico muito pobre para mobilizar uma igreja. Talvez seja por

    isso, que h tanto pastor e tanta igreja que, dentro de um modelo tradicional de programao

    sentem como se estivessem girando toda a vida em um mesmo circulo. E tambm percebem

    que h muitas ideias mas no podem ser realizadas.

    Assim, para ele , a formao e avano do povo de Deus precisaria combinar o culto

    com programas definidos de trabalho, uma idia seria intercalar as reunies, dedicando uma

    ou duas noites por semana para cultos congregacionais, e empregar o restante do tempo para

    as classes de discipulado, classes de treinamento profissional, seminrios breves e avaliao

    peridicas de atividades. Pois esta forma de trabalho permitiria desenvolver um tipo de vida

    eclesistica mais equilibrada, onde adora-se ao Senhor, aumenta-se a comunho uns com os

    outros, e ao mesmo tempo prepara-se a igreja para servir.

    O modelo pastoral com base em um conceito mais amplo e mais bblico que o

    tradicional, segundo Barrientos, um modelo com base em mltiplas funes. No somente

    pensando em um s pastor, mas um corpo de pastores. Isto permite que as diferentes tarefas

    sejam repartidas entre todos e que estes possa atender melhor a igreja. Para Barrientos, esta

    a proposta de um tipo de pastoral congregacional (Ef. 4:11-16), que estabelece que o

    ministrio pastoral ensina o restante dos santos a fazerem a obra do ministrio. Esta

    abordagem pastoral requer maior compreenso do que a funo organizacional, mas da maior

  • 34

    solidez igreja, e maiores possibilidades de ao. E os irmos percebem que a igreja no

    uma loja de materiais de construo, mas que, so pedras vivas e construtores ativos do

    corpo de Cristo sabendo individualmente desempenhar seu cargo. claro que mudanas

    produzem resistncia, por isso ela deve ser feita no poder do Esprito Santo. Devendo-se orar

    e jejuar para que Deus abra as mentes, tire os obstculos e de a devida disposio aos irmos.

    Assim, quando o pastor receber uma viso de Deus, a transmisso sbia vai contagiar os

    irmos.

    Alberto Barrientos conclui com alguns conselhos pastorais, que mostram sua viso

    interna de trabalho pastoral e alternativas para que a igreja consiga desenvolver uma

    evangelizao eficiente. Segundo ele, no se pode fazer tudo de uma vez. Mas pode-se fazer o

    seguinte:

    *analisar todo o contedo de seu livro que leva o ttulo Trabalho

    pastoral princpios e alternativas.

    *ver as necessidades de seu prprio trabalho.

    *ver as necessidades da igreja.

    *fazer uma lista das coisas que queira compreender tanto da prpria

    vida pastoral e lar como na da igreja.

    *escolher entre essas coisas as que acredita serem mais urgentes e

    necessrias. E tambm as de mais fcil e rpida realizao. E prop-las como

    objetivos imediatos.

    * comear a dar passos firmes em direo queles objetivos

    relacionados vida particular e familiar. Se necessrio, fazer correes no

    trajeto, mas no deixar que o medo, o cansao ou o costume de antes

    detenham a marcha.

    *comear a orar, planejar e encher a mente e o corao daqueles

    objetivos relacionados igreja. At que o prprio pastor esteja convencido e

    sinta que Deus est com ele em tais propsitos, no deve pr-se a caminho

    nem public-los. Mas quando vir que o quadro est claro para ele mesmo,

    ento que comece com a igreja.

    Barrientos orienta por fim sempre buscar o conselho e a experincia de outros lderes e

    outros livros. E, depois, como se a igreja fosse um grande barco, lana-la lentamente com

    muita segurana, em direo ao novo horizonte.

    Assim Tanto Baxter como Barrientos tem pontos de vista semelhantes em relao a

    ao pastoral interna, como sendo a instruo como essncia da edificao da igreja. Para

    Baxter, o plpito existia essencialmente para exposio da Palavra de Deus, mas considerava

    primordial o ensino individual de casa em casa. Enquanto que Barrientos busca tirar essa

    centralidade do plpito e visitao de instruo pastoral como modelo nico a ser seguido.

    So semelhantes nas suas abordagens pessoais, mesmo sendo um de origem inglesa, e

    o outro de origem latino-americana com uma diferena de quase 300 anos de idade. A

    comparao da pragmtica pastoral deles aqui proposta, mostra que atualmente muitos

  • 35

    modelos eclesisticos so frutos dessas idias, mas que tomaram no sculo XXI algumas

    roupagens que em si no so to prejudiciais ao trabalho de Deus nas igrejas.

  • 36

    4 ASPECTOS DO PRAGMATISMO NA AO PASTORAL DO SCULO 21

    No tempo presente o pragmatismo de longe um dos comportamentos mais em voga

    no ambiente social. Nesse contexto, a idia de que os resultados, a praticidade, a utilidade e a

    funcionabilidade so os melhores indicadores da verdade, e, consequentemente, da melhor

    maneira de se viver, esto a nortear o cotidiano das pessoas. Para exemplificar, em Cartas de

    um diabo a seu aprendiz, de C. S. Lewis, o diabo instrutor Fitafuso, aconselha seu sobrinho e

    aprendiz Vermebile, sobre como afastar uma pessoa da verdade do evangelho. Na primeira

    epstola, Fitafuso desenvolve a idia de que os humanos so mais propensos a aceitar

    pensamentos que tenham aplicao prtica em suas vidas, ao invs de avaliar a validade das

    mesmas.

    Ele escreve: Parta do princpio que sua vtima j se acostumou desde criana a ter

    uma dzia de filosofias diferentes danando em sua cabea. Ele no usa o critrio de

    verdadeiro ou falso para conferir cada doutrina que lhe aparea (seja do Inimigo ou

    nossa). Ao invs disso, ele verifica se a doutrina Acadmica ou Prtica, Antiquada ou

    Atual, Aceitvel ou Cruel. O jargo e a expresso feita (e no o argumento lgico) so

    seus melhores aliados para mant-lo longe da Igreja. No perca tempo tentando lev-lo a

    concluir que o Materialismo seja verdadeiro (sabemos que no ). Faa-o pensar que ele

    Forte, Violento ou Corajoso ou ainda, que a Filosofia do Futuro! Este o tipo de coisas que

    lhe despertaro a ateno.

    Francis Schaeffer, tambm, em 1976, quando escreveu How Should We Then Live

    (Como Viveremos?), chegou a afirmar que o pragmatismo era o pensamento dominante na

    poca. Segundo ele, tanto nos assuntos internacionais quanto no que diz respeito ao lar, o

    critrio mais amplamente aceito a convenincia manter-se a paz pessoal e a prosperidade

    do momento a qualquer preo.

    Identicamente, o ingls John Stott afirma que no mundo moderno multiplicaram-se os

    pragmticos, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer idia no : verdade?,

    mas sim: Ser que funciona?. Assim, possvel perceber as garras dessa doutrina sendo

    cravadas nas polticas pblicas, na economia, na educao e at mesmo nas discusses

    judiciais. O iderio pragmtico pode ser vislumbrado quando se coloca em debate assuntos

    como o aborto, drogas, pesquisas de clulas tronco, entre outros. Geralmente, quando esses

    assuntos so discutidos, a anlise gira em torno dos benefcios imediatos que tais prticas

    podem trazer.

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    4.1 TEOLOGIA PRAGMTICA PS-MODERNA

    No mbito teolgico o pragmatismo tambm vem ganhando espao. Em A Seduo

    das Novas Teologias, Silas Daniel descreve a forma como vrios princpios da ps-

    modernidade esto invadindo as igrejas e afetando negativamente a Teologia. Ele cita um

    srie de vertentes teolgicas que foram criadas exatamente para atender as demandas do nosso

    tempo. Em suas palavras, entorpecidos por essas falsas necessidades que nos so impostas,

    muitos cristos no Ocidente esto flexibilizando sua f, mudando sua mentalidade em relao

    Bblia, Igreja e Deus, e isso, infelizmente, j est acontecendo tambm no Brasil.

    Esses cristos, cujo nmero cresce cada vez mais, so os seguidores do que

    denominamos teologias ps-modernas, que nada mais so do que tentativas de adaptar o

    evangelho a essas ditas demandas, ou seja, aos princpios da ps-modernidade.Na esteira

    desse raciocnio, outra espcie de demanda da gerao atual pode ser vista na busca do

    homem por algo espiritual que funcione e lhe traga benefcios imediatos. O pensamento

    religioso vigente funda-se na idia de que para ser vlida uma crena necessita

    invariavelmente ser prtica, til e que atenda todas as suas expectativas. Infelizmente, com o

    propsito de atender essa falsa necessidade muitos ministrios cristos acabaram por se curvar

    ao anseio social, adotando o que podemos chamar de teologia pragmtica, recheada de

    discursos e mtodos orientados fundamentalmente para os resultados e para a felicidade

    imediata.

    Noutros termos, muitos ministrios evanglicos enveredaram-se pelo caminho das

    estratgias de mercado para arrebanhar mais seguidores, ou aderiram ao movimento chamado

    a igreja ao gosto do fregus. Esta idia tem invadido muitas denominaes evanglicas,

    propondo evangelizar atravs da aplicao das ltimas tcnicas de marketing voltadas para os

    consumidores espirituais, enfatizando os benefcios temporais de ser cristo e colocando a

    pessoa do consumidor como seu principal ponto de interesse, cuja abordagem centra-se na

    gratificao imediata, nas bnos terrenas e no sentir-se bem consigo mesmo. Nesse

    compasso, as assim chamadas megaigrejas adicionam salas de boliche, quadras de basquete,

    sales de ginstica, auditrios para concertos e produes teatrais e franquias do McDonalds

    tudo para agradar os seus clientes.

    Com isso, na liderana aparecem novos profetas/ungidos/visionrios. Administradores

    de igre