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O ROMANCE DE 30 MODERNISMO

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O ROMANCE DE 30MODERNISMO

O ROMANCE NEORREALISTAO Modernismo e, num plano histórico mais geral, os abalos que sofreu a vida brasileira em torno de 1930 (a crise cafeeira, a Revolução, o acelerado declínio do Nordeste) condicionaram novos estilos ficcionais marcados pela rudeza, pela captação direta dos fatos, enfim, por uma retomada do naturalismo, bastante funcional no plano da narração-documento que então prevalecia.BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1975, p. 436.

OS CAMINHOS TRILHADOS PELO ROMANCE DE 30

O romance de 30 trilhou, principalmente, o caminho do regionalismo, especialmente o nordestino.

Com a publicação das obras A BAGACEIRA (1928), de José Américo de Almeida, e, em seguida, de O QUINZE (1930), de Rachel de Queiroz, o romance nordestino entrou numa fase de denúncia das agruras da seca e da migração, dos problemas do trabalhador rural, da miséria.

VIDAS SECAS – GRACILIANO RAMOS

“Vidas Secas” é o único romance de Graciliano Ramos escrito em 3ª pessoa;

Uma obra com o poder de fixar figuras subumanas vivendo o fatalismo da seca do nordeste brasileiro;

Personagens trabalhados sob o ponto de vista psicológico;

Referência ao naturalismo quanto ao zoomorfismo.

EXEMPLO EM JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA

Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurreição de cemitérios antigos – esqueletos redivivos, com o aspecto terroso e o fedor das covas podres.

Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas.

Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus fados.

EXEMPLO EM JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA

Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo.

Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos abanando.

Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais. (A Bagaceira)

OUTRAS MANIFESTAÇÕES Essa veia literária foi explorada

por muitos outros autores, como Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, cujas obras trazem temas, como o cangaço, o fanatismo religioso, o coronelismo, a luta pela terra, a crise dos engenhos.

OUTRAS MANIFESTAÇÕES O regionalismo também se

manifestou no Sul do país, na ficção histórica e épica de O Tempo e o Vento (de Érico Veríssimo), por exemplo.

Nessas obras, ressalta-se o homem hostilizado pelo ambiente, pela terra, pela cidade, pelos poderosos; o homem sendo devorado pelos problemas que o meio lhe impõe

LAMENTO SERTANEJO – GILBERTO GIL

UM POUCO SOBRE RACHEL DE QUEIROZ

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza (CE), tendo migrado para o Rio de Janeiro, com a família, aos 5 anos, em decorrência da seca.

Estabeleceu-se, porém, outra vez, anos mais tarde.

Publicou a obra “O Quinze” aos 20 anos.

UM POUCO SOBRE RACHEL DE QUEIROZ

Nos anos seguintes, militou no Partido Comunista Brasileiro e, em 1937, foi presa por defender ideias esquerdistas.

Dedicou-se depois ao teatro e à crônica jornalística.

Foi a 1ª mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.

O QUINZE Rachel de Queiroz escreveu O Quinze

a partir de lembranças da própria experiência com a seca em 1915.

O eixo narrativo da obra é a migração de Chico Bento e sua família.

Em paralelo, desenvolve-se o tema do amor impossível entre Vicente e Conceição – ele, um jovem proprietário rural; ela, uma moça culta da cidade.