miolo super completo 3

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  • SUPERFOSFATOS

    SIMPLESAlfredo Scheid Lopes

    Luiz Roberto Guimares Guilherme Jos Francisco da Cunha

  • Alfredo Scheid LopesLuiz Roberto Guimares Guilherme

    Jos Francisco da Cunha

    Sindicato Nacional da Indstria de Matrias-Primas para Fertilizantes

    Associao Nacional para Difuso de Adubos

    SUPERFOSFATOS SIMPLES

  • Lopes, Alfredo Scheid. Superfosfatos simples e outros fertilizantes fosfatados solubili-zados industrialmente via rota do cido sulfrico / Alfredo Scheid Lopes, Luiz Roberto Guimares Guilherme e Jos Francisco da Cunha. So Paulo : Ed. Grfica Nagy, 2010. 48 p. : il. Publicao patrocinada por Sinprifert/ANDA. 1. Adubao. 2. Fsforo. 3. Fosfatos solveis. I. Guilherme, Luiz Roberto Guimares. II. Cunha, Jos Francisco da. III. Ttulo.

    CDD 631.85

    FICHA CATALOGRFICA PREPARADA PELA DIVISO DE PROCESSOS TCNICOS DABIBLIOTECA DA UFLA

  • 5Superfosfatos simples

    1 Introduo 6

    2 Histrico 10

    3 Benefcios 12 a - Fornecimento de fsforo, clcio e enxofre 12

    b - Fornecimento de fsforo solvel em gua e, ou, citrato neutro de amnio + gua 15

    c - Melhoria do aprofundamento do sistema radicular das culturas 21

    d - Fornecimento de sulfato de clcio sem necessidade adicional de aplicao do gesso agrcola 36

    e - Possibilidade de incluso de micronutrientes 37

    f - Eliminao ou diminuio da adio de inertes insolveis no preparo de frmulas 39

    g - Grande capacidade instalada de produo com reduo das importaes de fertilizantes fosfatados 46

    4 Consideraes finais 48

    5 Literatura consultada 49

    Superfosfatos simples e outros fertilizantes fosfatados solubilizados industrialmente via rota do cido sulfrico.

    Alfredo Scheid LopesLuiz Roberto Guimares Guilherme

    Jos Francisco da Cunha

    Contedo

    1 Eng. Agrnomo, MSc, PhD; Professor Emrito da UFLA, Lavras, MG; Consultor Tcnico da ANDA, So Paulo, SP([email protected])2 Eng. Agrnomo, MSc, PhD; Professor Associado da UFLA, Lavras, MG ([email protected])3 Eng. Agrnomo Tec-frtil ([email protected])

  • I N T R O D U O

    U m dos maiores desafios da humanidade atender demanda mundial da produo de alimentos em virtude do crescimento populacional nas prximas dcadas. A produo mundial de alimentos, que foi de 2 bilhes de toneladas em 1990, quando a populao mundial era de 5,2 bilhes de habitantes, dever atingir 4 bilhes de toneladas no ano de 2025, quando a populao mundial chegar a 8,3 bilhes de habitantes, conforme projees da Or-ganizao Mundial para Alimentao e Agricultura (Borlaug & Dowswell, 1992). Para que essas metas sejam alcanadas, a produtividade mdia mundial de gros, que era de 2,5 toneladas por hectare em 1990, necessita atingir 4,5 toneladas por hectare em 2025. A palavra-chave , portanto, produtividade, a qual dever estar sintonizada com a sustentabilidade do processo produtivo, incluindo-se, nesse contexto, a minimizao de riscos ao meio ambiente.

    O Brasil um dos poucos pases com amplas possibilidades de ser um participante importante nesse processo, que envolve a segurana alimentar, pelas seguintes razes (Lopes et al., 2009):

    1) Apresenta possibilidades de ganhos expressivos em produtividade mdia de muitas culturas, principalmente as que se constituem em alimentos bsicos, graas aos investimentos feitos em pesquisas agropecurias nas ltimas dcadas, aliados ao desenvolvimento das atividades de ensino das cincias agrrias e difuso de tecnologia.

    2) Dispe da maior rea agricultvel e de maior fronteira mundial para a expanso da agricultura, pois dos 394 mi-lhes de hectares de terras agricultveis do Brasil, apenas 15,7% esto sendo usados. Os EUA, com 269 milhes de ha de terras agricultveis, utiliza 69,9% de suas reas, enquanto que a Rssia utiliza 60,0% de seus 220 milhes de ha de terras agricultveis e a Unio Europia utiliza 65,9% de seus 176 milhes de ha de terras agricultveis.

    3) Dispe de gua cerca de 14% da gua doce disponvel do planeta est no Brasil , o que revela um grande poten-cial para expanso da rea irrigada, com sensveis aumentos nas produtividades das culturas.

    4) Possui condies climticas e eco-regionais que possibilitam o plantio de culturas que acumulam grandes quanti-dades de biomassa, com potencial para produo de biocombustveis.

    5) Possui o domnio de pacote tecnolgico agrcola que propicia o aproveitamento de fontes naturais de nutrientes de baixo impacto ambiental, como o caso dos sistemas de cultivo com uso intensivo de plantas e organismos dotados de aparato para fixao de N atmosfrico.

    Entretanto, para que a vocao agrcola brasileira possa ser exercida em sua plenitude, torna-se necessrio, tambm o uso eficiente dos fertilizantes minerais e dos corretivos que ocupam lugar de destaque como tecnologia inconteste para o aumento da produtividade agrcola com sustentabilidade ambiental.

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    Superfosfatos simples

  • 7Superfosfatos simples

  • Um motivo de preocupao a alta dependncia, em futuro prximo, das importaes tanto de matrias primas para a fabricao destes fertilizantes minerais como de fertilizantes simples. A produo brasileira de N, P2O5 e K2O, que representou 68% do total consumido em 1983, caiu para 35% em 2006 e dever atingir apenas 14% das necessidades desses insumos em 2025.

    Embora, a curto e mdio prazo, seja utpico pensar em auto-suficincia na produo de matrias-primas e fertili-zantes no Brasil, no caso do P2O5 ressalta-se que grande parte das rochas brasileiras so adequadas produo de fertilizantes fosfatados de baixa concentrao via rota sulfrica e que h grande capacidade instalada para isto. Desta forma, poderamos reduzir a dependncia de importaes de fosfatados usando a capacidade instalada disponvel.

    A grande maioria dos solos brasileiros apresenta baixa disponibilidade natural de fsforo e alta capacidade de fixao desse nutriente decorrente da condio de acidez. Alia-se a isto, o problema da toxicidade de alumnio, no somente na camada superficial, mas tambm em subsuperfcie. Nestas condies, a aplicao de fertilizantes fosfatados, me-diante o uso de fontes e doses adequadas para se atingir a Produtividade Mxima Econmica (PME), com sustentabi-lidade, tem sido uma preocupao constante.

    Embora o superfosfato simples seja o fertilizante fosfatado mais consumido no Brasil, nos ltimos anos tem havido uma tendncia de diminuio do seu consumo (Figura 1). De 2003 para 2008 houve uma reduo no consumo desse fertilizante de 5,29 para 4,49 milhes de toneladas, sendo que, no mesmo perodo, a produo nacional caiu de 4,94 para 4,70 milhes de toneladas.

    Nota-se pela Figura 1, que houve tambm um decrscimo de consumo no caso do MAP, o qual, porm, ainda altamente dependente de importao. Como registro, ressalta-se que a capacidade instalada de produo de MAP no Brasil equivalia a 62,4% do consumo total em 2008, enquanto que, no caso do superfosfato simples, havia uma capacidade instalada equivalente a 145,9% do consumo.

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    Superfosfatos simples

  • 9Superfosfatos simples

    Mesmo reconhecendo que outras fontes de fsforo tm tambm seu espao no processo produtivo da agricultura bra-sileira, so inmeros os benefcios do superfosfato simples e de outros fertilizantes fosfatados de baixa concentrao decorrentes da rota de solubilizao de rochas fosfticas com cido sulfrico, benefcios estes que muitas vezes so desconhecidos dos tcnicos que prestam assistncia aos produtores e mesmo dos produtores rurais.

    Diante disso, desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de: a) sintetizar um histrico sobre os fertilizantes fosfa-tados de baixa concentrao obtidos via rota sulfrica, notadamente o superfosfato simples; e, b) mostrar que so relevantes os benefcios comparativos desses produtos em relao aos demais fertilizantes fosfatados.

    Fonte: Sinprifert

  • Liebig, em seu famoso relatrio de setembro de 1840, dirigido British Association, recomendou a decomposio de ossos por meio de cidos sulfrico e clordrico, como um meio de fornecer s plantas um nutriente que, por assim di-zer, devido sua forma particular de combinao, deveria ser digerido antes de ser aplicado. Suspeita-se que no s concebeu a idia do tratamento cido dos ossos mas tambm tambm colocou-a em prtica (Gray, 1944). Considera--se, entretanto, que o ingls John B. Lawes foi o primeiro a obter superfosfato fosfato monoclcico + sulfato de clcio a partir dos ossos, visto ter requerido uma patente para obter o privilgio da inveno.

    Os materiais fosfatados empregados na manufatura do superfosfato variam grandemente na sua composio. Segundo Malavolta (1967), raramente se usava material que contivesse menos de 50% de fosfato triclcico e as impurezas encon-tradas comumente nos fosfatos naturais so matria orgnica, CaF2, CaCO3, MgCO3, slica, xidos de ferro e de alumnio (sesquixidos). Os fosfatos de rocha com mais de 4% de xido de ferro esto sujeitos a muitas objees, sendo desejvel que no contenham mais de 2%, pois, em primeiro lugar necessrio usar-se quantidades maiores de cido sulfrico e depois, o superfosfato feito com material rico em sesquixidos no tem boas propriedades fsicas (Collings, 1955).

    A marcha de fabricao passa por vrias fases (Young & Davis, 1980): 1) Moagem do fosfato; 2) Acidulao; 3) Reao; 4) Cura; 5) Beneficiamento e, ou, granulao. As fases de acidulao e reao so as mais crticas e complicadas, pois necessrio calcular a quantidade certa de cido sulfrico a usar para se obter a reao 1, o que de grande importn-cia, uma vez que usando-o em excesso, alm do gasto intil do reativo, obtm-se um superfosfato com muito cido fosfrico livre (reao 2), portanto higroscpico e com tendncia para formar grumos.

    Se, pelo contrrio, faltar H2SO4 , obtm-se menos fosfato monoclcico (superfosfato) e mais fosfato biclcico, enquan-to que uma quantidade maior de fosfato triclcico no ser atacada (reao 3).

    Convm ressaltar que a reao 2 aquela que resulta na produo do cido fosfrico que ser utilizado na fabricao de TSP, MAP e DAP, os quais no possuem o sulfato de clcio incorporado na sua formulao, ou seja, no so carrea-dores de enxofre.

    2 - H I S T R I C O

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    Superfosfatos simples

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    Superfosfatos simples

  • a) Fornecimento de fsforo, clcio e enxofre

    A legislao brasileira que aprova as definies e normas sobre as especificaes e as garantias, as tolerncias, o re-gistro, a embalagem e a rotulagem dos fertilizantes minerais, destinados agricultura est contemplada na Instruo Normativa N 5, de 23 de fevereiro de 2007, alterada pela Instruo Normativa N 21, de 16 de abril de 2008 (vide http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=17655). No seu anexo II, esto descritas as especificaes dos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao, os quais contem-plam o superfosfato simples e outros fertilizantes minerais simples, decorrentes da rota de solubilizao pelo uso de cido sulfrico (Tabela 1).

    A principal caracterstica desses fertilizantes que, alm do fornecimento de fsforo, determinado em citrato neutro de amnio + gua, com garantia mnima de solubilidade em gua, h tambm clcio, enxofre e, eventualmente, nitrognio e magnsio.

    A presena do enxofre nesses fertilizantes minerais simples um dos principais fatores para a obteno de alta efici-ncia agronmica desses produtos, uma vez que a grande maioria dos solos brasileiros, notadamente os localizados na regio dos cerrados, apresenta deficincia desse nutriente. Estima-se que 70% dos solos brasileiros respondam positivamente a adubao com enxofre.

    As exigncias de fsforo, clcio e enxofre nutrientes que compem os fertilizantes fosfatados de baixa concentrao acidulados via rota sulfrica , para a produo das principais culturas apresentada na Tabela 2. Embora para a maioria das culturas as exigncias em fsforo sejam superiores s de enxofre, para algumas culturas o inverso verdadeiro.

    3 - B E N E F C I O S

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    Superfosfatos simples

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    Superfosfatos simples

  • Os mais diferentes estados e, ou, regies no Brasil tem includo, nas suas recomendaes oficiais, doses de enxofre para as condies das mais diferentes culturas. Essas recomendaes so, na maioria das vezes, para solos que no receberam uma gessagem prvia e para condies de solos que apresentem deficincia de enxofre. Um resumo de algumas dessas recomendaes por cultura apresentado na Tabela 3. Em geral, as recomendaes para estas condi-es se situam entre 20 e 30 kg de enxofre por hectare por ano.

    Fonte: 1 Souza & Lobato. 2002; 2Ribeiro et al., 1999; 3Raij et al., 1996

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    Superfosfatos simples

    b) Fornecimento de fsforo solvel em gua e, ou, citrato neutro de amnio + gua

    Um outro benefcio desses produtos a presena de formas de fsforo solvel em citrato neutro de amnio mais gua, contendo ainda elevada frao solvel em gua. Um trabalho clssico, desenvolvido nos anos 70, comparou o ndice de Eficincia Agronmica (IEA%) de vrios fosfatos parcialmente acidulados com cido sulfrico, a partir de fosfatos naturais de Arax, Patos, Catalo, Tapira, Olinda e Anitpolis. Os resultados desses estudos, mostrados na Figura 2, indicaram que a eficincia inicial estaria intimamente ligada ao percentual do fsforo total que extrado em gua ou em cido ctrico (Goedert e Sousa, 1984). Em outras palavras, quanto maior fosse a percentagem de fsforo, extrada com gua ou cido ctrico, em relao ao teor total, maior seria o IEA%.

  • Embora esse trabalho tenha sido desenvolvido com o objetivo de avaliar fosfatos parcialmente acidulados, poder-se--ia inferir que para os fertilizantes minerais simples, como o caso do superfosfato simples e o superfosfato triplo, que apresentam alto grau de solubilidade tanto em cido ctrico quanto em gua em relao ao teor total, o IEA % estaria no topo da reta.

    Levando-se em conta as especificaes de garantias dos fertilizantes, a base da tomada de deciso para a dose de fsforo a ser utilizada era, conforme a legislao de 1975, feita a partir da quantidade solvel em cido ctrico, sendo os teores solveis em gua, uma indicao adicional. Posteriormente, com as alteraes que ocorreram em 1983, passou a ser sobre a quantidade solvel em citrato neutro de amnio + solvel em gua (CNA+gua). A indicao da solubilidade em gua deixou de ser exigida para os fertilizantes compostos, o sendo apenas para os fertilizantes simples, como uma forma de melhor caracteriz-los.

    Deve-se ressaltar ainda que nessa poca no havia dados na pesquisa brasileira avaliando a eficincia agronmica de fertilizantes fosfatados solveis em citrato neutro de amnio + gua e nem a legislao brasileira previa essa caracte-rizao, espao que somente veio a ser aberto a partir de 1983, prevalecendo at os dias atuais.

    O problema que os teores mnimos de fsforo solvel em citrato neutro de amnio + gua e solvel em gua dos fosfatos acidulados via rota sulfrica nem sempre eram possveis de serem atingidos utilizando rochas fosfticas com presena de impurezas com ferro e alumnio na forma de Al2O3 + Fe2O3. Lavres Junior et al. (2008) afirmam que esses problemas existem quando a concentrao de Al2O3 + Fe2O3 for prxima ou superior a 3%. Na dcada de 50, j se afirmava que fosfatos de rocha com mais de 4% de xido de ferro estariam sujeitos a muitas objees, sendo desejvel que no contivessem mais de 2%, pois, em primeiro lugar, seria necessrio usar grandes quantidades de cido sulfrico e depois, o superfosfato produzido com materiais ricos em sesquixidos no teria boas propriedades fsicas (Collings, 1955).

    A presena de impurezas com ferro e alumnio nos fosfatos acidulados via rota sulfrica levantou a preocupao de que os compostos de fsforo insolveis iriam reduzir a eficincia agronmica desses fertilizantes pela diminuio da solubilidade em gua (Sikora & Giordano, 1995). Com base neste conceito, a Comunidade Econmica Europia adotou que o percentual de 93% do fsforo solvel em citrato neutro de amnio deveria ser solvel em gua nos fosfatos totalmente acidulados comercializados na sua rea de atuao (Council, 1976). Entretanto, Johnston (1999), em um extenso trabalho de reviso de literatura, comentou que no havia base cientfica para a exigncia de nvel to alto de fsforo solvel em gua nos fertilizantes fosfatados totalmente acidulados.

    Alguns trabalhos desenvolvidos no Brasil ajudaram a esclarecer esses pontos que levaram a modificaes na legisla-o brasileira, permitindo a incluso de outros fertilizantes completamente acidulados via rota sulfrica (Tabela 1).

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    Superfosfatos simples

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    Superfosfatos simples

    Um desses trabalhos foi desenvolvido a campo com a cultura da soja, envolvendo dez fontes de fsforo que foram coletadas em unidades revendedoras de fertilizantes comerciais ou produzidas em laboratrio de tal forma a se obter superfosfato simples com variabilidade na solubilidade em gua e citrato neutro de amnio + gua (CNA + gua), sendo usado como fonte padro de fsforo a frao solubilizada, filtrada e cristalizada de um superfosfato triplo (Prochnow et al., 2001). As fontes de fsforo utilizadas e as respectivas anlises qumicas so mostradas na Tabela 4.

    P2O5 P2O5Al2O3 Fe2O3

    As fontes de fsforo mostradas da Tabela 4, excluindo a fonte padro FMC, apresentaram alta variabilidade para o P2O5 solvel em CNA + gua (13,3 a 19,2%), P2O5 solvel em gua (3,1 a 16,0%) e percentagem de P2O5 solvel em gua na frao CNA + gua (23,3 a 90,4%), mostrando que processos e materiais usados na produo das fontes de fsforo incluindo o tipo de rocha fosftica , interferem na solubilidade dos fertilizantes e, possivelmente, iriam interferir nas respostas agronmicas dessas fontes.

    As dez fontes de fsforo e a fonte padro (FMC) mostradas na Tabela 4 foram aplicadas em linha (3 cm abaixo e 2 cm ao lado das sementes) na dose de 80 kg ha-1 de P2O5 solvel em CNA + gua. Esta dose de P2O5 foi escolhida tendo

  • como base o teor de fsforo no solo para fornecer suficiente fsforo para alcanar alta produtividade de soja. As fontes de fsforo foram aplicadas com base no teor de P2O5 disponvel em CNA + gua, ao invs do teor de P2O5 total, uma vez que fertilizantes fosfatados no Brasil so comercializados com base no teor disponvel em CNA + gua (Prochnow et al., 2001). Aplicando-se 80 kg ha-1 de P2O5 solvel em CNA + gua, obteve-se uma amplitude na quantidade de P2O5 total e P2O5 solvel em gua de 81,4 a 101,6 e 18,7 a 72,3 kg ha

    -1, respectivamente.

    A produo de soja foi afetada de modo significativo quando se considerou a testemunha sem fsforo e as onze fontes de fsforo aplicadas (80 kg ha-1) como variveis independentes (p 0,05), mas a comparao das mdias pela DMS mostra que diferenas significativas somente foram obtidas entre a testemunha (sem fsforo) e todas as fontes de fsforo, ou seja, a produo da parcela testemunha (sem fsforo) foi menor do que as obtidas pela adio das dife-rentes fontes de fsforo (Tabela 5).

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    Superfosfatos simples

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    Superfosfatos simples

    Os resultados obtidos nesse estudo concordam com os relatados por Mullins & Evans (1990) e Mullins & Sikora (1990), que encontraram que a variao na solubilidade em gua de fertilizantes fosfatados completamente acidulados (81 a 94% de fsforo disponvel como solvel em gua para superfosfatos triplos e 81 a 100% para fosfato de monoam-nio) no afetou as produtividades e que a performance dos fertilizantes foi pobremente afetada pelo teor de fsforo solvel em gua.

    A concluso desse trabalho de Prochnow et al. (2001) foi que os fertilizantes atuaram bem como fonte de fsforo para a soja quando aplicados em linha sob condies de campo, e que o teor de fsforo solvel em gua no influenciou a performance dos fertilizantes. Os autores recomendaram ainda a conduo de novos experimentos de campo com a necessidade de esclarecer a necessidade de alta solubilidade em gua para os fertilizantes fosfatados completamente acidulados e tambm verificar se os padres de solubilidade em gua adotados na legislao brasileira so suportados por dados cientficos.

    Outros trabalhos foram realizados por Prochnow e colaboradores com o intuito de estudar mais o assunto sob o ponto de vista de melhorar a utilizao de rochas fosfticas brasileiras. Em um estudo empregando-se fosfatos totalmente acidulados com solubilidade varivel em gua e produzidos a partir de concentrados apatticos com graus variveis de R2O3 e contendo compostos do tipo Fe-P, verificou-se que a eficincia de fertilizantes acidulado com apenas 46% de P2O5 solvel em gua na frao solvel em CNA + gua foi de 91% daquela obtida com a fonte padro de fsforo para plantas de arroz de sequeiro e to eficiente quando a fonte padro de fsforo para arroz inundado (Tabela 6, Prochnow et al., 2003a). Os dados obtidos sugeriram ainda que fosfatos totalmente acidulados com menor solubilidade em gua do que as previstas na legislao brasileira, contendo compostos do tipo Fe-P, podem ser agronomicamente mais efetivos em solos inundados do que aqueles aerados, devido ao fato de as condies de reduo durante a inundao promoverem a dissoluo de fosfatos de ferro.

  • As concluses do trabalho anterior foram colocadas novamente prova em trabalho realizado a partir de composto do tipo Fe-P, normalmente presente em superfosfatos, sintetizados em condies de laboratrio (Prochnow et al., 2003b). Os resultados deste novo estudo confirmaram que os compostos do tipo Fe-P comportaram-se mais eficien-temente como fonte de fsforo quando aplicados em condies de solo inundado (Tabela 7), com a Eficincia Agron-mica Relativa (EAR%), em termos de matria seca, do H8-sin e H14-sin aumentando de 32% para 55% e de 72% para 102%, respectivamente, quando foram comparadas com fonte padro de fsforo (FMC p.a.) em arroz de sequeiro e arroz inundado. No caso de fsforo acumulado, a EAR aumentou de 33% para 75% para o H8-sin e de 73% para 104% para o H14-sin.

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    Neste mesmo estudo, foi avaliada a necessidade mnima de fsforo solvel em gua para obter a produo mxima de arroz de sequeiro e de arroz inundado pelo preparo de misturas de compostos do tipo Fe-P sintetizados em laboratrio (praticamente insolveis em gua) com FMC (praticamente 100% solvel em gua). Os resultados obtidos indicaram que solubilidades em gua bem inferiores quelas previstas pela legislao brasileira foram necessrias para atingir a produo mxima das duas culturas, com o arroz inundado exigindo menos do que 40% de P2O5 solvel em gua em relao ao fsforo solvel em CNA + gua.

    Para obteno de 90% da produo mxima (patamar utilizado em vrios trabalhos cientficos para estimar a dose econmica), a necessidade de fsforo solvel em gua foi sempre inferior a 45%. Estes resultados esto em con-cordncia com vrios outros estudos, entre os quais destacam-se os de Sikora et al. (1989), Mullins e Sikora (1992), Mullins e Sikora (1995), Mullins et al. (1995) e Johnston (1999).

    c) Melhoria do aprofundamento do sistema radicular das culturas

    Um dos efeitos mais marcantes dos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubilizados via rota sulfrica, como o superfosfato simples, a melhoria do aprofundamento do sistema radicular das culturas, principalmente na

  • regio dos cerrados. Isso acontece, pois sabido que um dos fatores mais limitantes produo agrcola nessa regio a alta probabilidade da ocorrncia de veranicos durante a estao das chuvas, associada baixa capacidade de reteno de umidade e limitado desenvolvimento do sistema radicular de vrias culturas imposto pela deficincia de clcio e toxidez de alumnio no subsolo.

    A toxidez de alumnio e a deficincia de clcio nas camadas subsuperficiais amplamente documentada em vrios trabalhos de pesquisa desenvolvidos no Brasil. Estima-se que 70% dos solos brasileiros apresentem esse tipo de pro-blema. Para ilustrar esse fato apresentam-se os dados da Tabela 8.

    Embora ambos os solos tenham caractersticas relativamente semelhantes quanto ao pH em H2O e percentagem de argila em todas as camadas, o Latossolo Vermelho Escuro apresenta sria toxidez por alumnio e deficincia de clcio em todas as camadas enquanto o Latossolo Vermelho Amarelo apresenta toxidez de alumnio at a camada de 30-50 cm de profundidade e deficincia de clcio em todas as camadas. Em termos de limitaes ao desenvolvimento do sistema radicular em profundidade, ambos os solos teriam limitaes quanto deficincia de clcio, mas as restries quanto toxidez de alumnio seriam mais marcantes no Latossolo Vermelho Escuro.

    cm

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    Evidncias de que a deficincia de clcio em profundidade, alm da toxidez de alumnio, representam srias restries ao desenvolvimento do sistema radicular so abundantes no Brasil. Trabalho de pesquisa desenvolvido no CPAC, em Braslia (DF), mostra que aplicaes de clcio, seja na forma de cloreto, fosfato ou carbonato de clcio, em amostra de subsolos com extrema deficincia de clcio, proporcionaram significativos aumentos no comprimento de razes de milho e soja, em comparao com a parcela testemunha, sem aplicao dessas fontes de clcio, mesmo com o valor do pH em gua de 5,7, sob condies naturais (Figura 3).

    Os efeitos do sulfato de clcio (um dos constituintes dos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao acidulados via rota sulfrica) so tambm acentuados em cultura perenes como o cafeeiro. Nos resultados apresentados na Figura 4, pode-se observar que o tratamento com sulfato de clcio, embora mantivesse os mesmos nveis de alumnio total que o tratamento com cloreto de clcio, reduziu a menos da metade o teor de Al3+, que a forma txica, precipitando-o na forma de AlSO4

    + , forma no txica para as plantas. Com isso, o peso de razes das plantas do cafeeiro mais do que dobrou em relao aplicao de clcio na forma de cloreto (Pavan, 1983).

  • Pesquisas adicionais evidenciaram que a movimentao do clcio no perfil do solo com todos os benefcios ineren-tes dessa movimentao no sentido de aprofundamento do sistema radicular das plantas cultivadas , altamente dependente dos ons acompanhantes. Diferentes sais de clcio tm comportamento diferencial quanto velocidade de penetrao no subsolo e quanto profundidade em que esses efeitos benficos se manifestam. Um exemplo disto mostrado na Figura 5, em que a mesma dose de clcio (2.000 kg por hectare) foi aplicada superfcie de colunas de solos de 2,25 m, na forma de carbonato, cloreto e sulfato, seguindo-se a aplicao, por gotejamento, de uma chuva artificial de 1.200 mm. Findo o experimento, o contedo de solo das colunas foi removido e avaliou-se o teor de clcio nas vrias camadas. No tratamento que recebeu o clcio na forma de carbonato, o teor de clcio somente aumentou significativamente na camada superior do solo, enquanto que no tratamento com cloreto de clcio houve uma descida muito rpida e acentuada do clcio a grandes profundidades. No tratamento com clcio na forma de sulfato houve um aumento significativo de clcio, de forma mais ou menos uniforme at a camada de 45 a 60 cm de profundidade.

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  • O que poucos sabem que o incio dos estudos desses efeitos, envolvendo o superfosfato simples em comparao com outros fertilizantes fosfatados, surgiu mais ou menos por acaso. No incio dos anos 70, um agricultor do Paran, Sr. Souza Lima, adquiriu uma propriedade no Distrito Federal, ao lado do PADEF Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal, que foi o segundo grande assentamento agrcola na regio dos cerrados. Por tradio trazida do Sul, esse agricultor utilizava como fonte de fsforo o superfosfato simples e os agricultores do PADEF, na maioria japoneses, utilizavam como fontes desse nutriente, o termofosfato e o superfosfato triplo. Depois de uns 10-12 anos explorando a rea, houve um veranico de mais de vinte dias de durao, fazendo com que o milho e a soja dos agricul-tores do PADEF apresentassem severos sintomas de estresse hdrico e as mesmas culturas na propriedade do Sr. Souza Lima mantivessem um desenvolvimento normal, sem demonstrar nenhum estresse hdrico. O fato chamou a ateno de pesquisadores do CPAC (Centro de Pesquisas Agropecurias dos Cerrados), os quais abriram trincheiras nas duas propriedades e observaram que o sistema radicular das culturas na rea do PADEF alcanava 60 cm de profundidade, enquanto que na propriedade ao lado do Sr. Souza Lima , o sistema radicular das mesmas culturas chegava a at

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    120 cm de profundidade. O solo era praticamente o mesmo e o nico fator de manejo diferente era a fonte de fsforo, como mencionado anteriormente. Comeou-se ento a especular que o maior aprofundamento do sistema radicular na propriedade do Sr. Souza Lima, seria, possivelmente, resultante do efeito do uso contnuo, durante 10-12 anos, do superfosfato simples que, como se sabe, apresenta, por tonelada, cerca de 500 quilos de sulfato de clcio e que esse componente teria minimizado os efeitos do baixo teor de clcio e da toxidez de alumnio no subsolo, permitindo um maior aprofundamento do sistema radicular.

    O que se seguiu a essa observao foi uma verdadeira exploso de trabalhos de pesquisa procurando comparar o superfosfato simples, que apresenta grande quantidade de sulfato de clcio na sua composio, com o superfosfato triplo que no contm esse produto, alm de estudos envolvendo doses de gesso agrcola (sulfato de clcio dihidra-tado), associadas ou no ao uso do calcrio, como tecnologias de manejo para aprofundamento do sistema radicular.

    Estes trabalhos envolveram estudos os mais diversos, incluindo: a) experimentos em laboratrio procurando entender melhor as reaes qumicas do gesso no solo; b) experimentos de casa-de-vegetao procurando estabelecer nveis crticos de clcio trocvel e de toxidez de alumnio que seriam limitantes ao desenvolvimento radicular; c) experi-mentos com colunas de solos com estrutura deformada e natural utilizando-se de chuvas artificiais para acompanhar o movimento de clcio para o subsolo; e, d) experimentos de campo envolvendo fontes de fsforo, combinaes de doses de calcrio e gesso agrcola para diferentes culturas e tipos de solo e, finalmente, estabelecimento de critrios de diagnose para identificar solos com alta probabilidade de resposta ao uso do gesso agrcola e mtodos de reco-mendao desse insumo.

    No seria exagero afirmar que o Brasil o pais do mundo com o maior nmero de pesquisas envolvendo comparaes entre fontes de fsforo na regio tropical e do uso do superfosfato simples e do gesso agrcola como melhoradores das condies do subsolo para o desenvolvimento radicular. Isso pode ser comprovado pelos dois seminrios envolvendo o assunto que foram realizados no Brasil (Ibrafos, 1986, 1992), o boletim tcnico de Malavolta et al. (1979), os livros de Raij (1988 e 2008) e Vitti et al. (2008) e o artigo de Ritchey & Sousa (1997). Alm disso cabe destaque na literatura internacional os artigos de Shainberg et al. (1989), Alcordo & Rechcigl (1993) e Sumner (1993). Alguns desses traba-lhos sero discutidos a seguir.

    J na dcada de 70, a importncia do alumnio nos horizontes subsuperficiais afetando negativamente a produo agrcola, por limitar a absoro de gua e nutrientes, era ressaltada (Olmos e Camargo, 1976). Os autores ainda res-saltaram que o problema seria tanto mais grave quanto mais crtica fosse a deficincia de gua para as culturas. Foi tambm dessa poca uma srie de pesquisas mostrando que a deficincia de clcio no subsolo limitava o crescimento das razes das plantas em profundidade e tambm contribua para a manifestao de estresse hdrico durante os perodos de veranicos.

  • Outra observao interessante foi obtida no trabalho de Gonzles-Erico et al., (1979), realizado em solo original-mente sob vegetao de cerrado do Distrito Federal. Os autores obtiveram considervel aumento de produo de milho pela incorporao de calcrio na profundidade de 0-30 cm, em comparao com a incorporao mais pr-xima do usual, de 0-15 cm de profundidade. Os pesquisadores observaram, tambm, em um perodo de veranico, maior extrao de gua do solo no tratamento de calcrio at 30 cm de profundidade, em relao incorporao at 15 cm, e que, no ltimo caso, as plantas mostraram-se murchas (Figura 6). Incorporao mais profunda do calcrio, que poderia minimizar esse tipo de problema, era, entretanto, extremamente onerosa.

    0 - 30 cm0 - 15 cm

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    A regio dos cerrados no Brasil, alm de possuir a grande maioria dos seus solos com acidez, toxidez de alumnio e de-ficincia de clcio nas camadas subsuperficiais (fatores restritivos ao desenvolvimento em profundidade do sistema ra-dicular), apresenta ainda outras caractersticas que contribuem para um alto grau de risco para a prtica da agricultura convencional sem irrigao nessa regio, com destaque para o seguinte: 1) Distribuio no uniforme das chuvas; 2) Alta probabilidade de ocorrncia de veranicos de durao e intensidades variveis, durante a estao das chuvas; 3) Baixa capacidade de reteno de umidade mesmo nos solos de textura argilosa. Dada a importncia desses fatores no processo de produo agrcola nesta regio, dados adicionais pertinentes aos mesmos so apresentados a seguir:

    1) Distribuio no uniforme das chuvas: Embora haja uma certa variabilidade das chuvas na regio dos cerra-dos, com valores situando-se entre 900 e 2.000 mm anuais (mdia entre 1.000 e 1.400 mm), o que bastante carac-terstico a concentrao dessas chuvas de outubro a abril, fazendo com que haja uma estao seca bem definida de maio a setembro. Nessa estao seca, a evapotranspirao potencial excede a precipitao, o que altamente limitan-te produo agrcola nesse perodo sem o uso de irrigao, embora no haja limitao imposta pelas temperaturas mdias no perodo, as quais se mantm mais ou menos uniformes em torno dos 25 C (Figura 7).

  • 2) Alta probabilidade de ocorrncia de veranicos de durao e intensidades variveis, durante a estao das chuvas: Este talvez seja o maior fator limitante para a produo de gros e tambm de culturas perenes nessa regio. Um exemplo tpico para a regio de Braslia, estimado com base em 42 anos de dados climticos, mostrados na Figura 8 (Wolf, 1975), revela que veranicos de 8, 10 e 13 dias podem ocorrer, 3, 2, 1 vez por ano. Veranicos mais intensos, de 18 e 22 dias, podem ocorrer, respectivamente, 2 anos em cada 7 anos e 1 ano em cada 7 anos. Com a ocorrncia desses veranicos, o solo atinge o Ponto de Murchamento Permanente (em outras palavras, seca), at as profundidades de 40, 50, 65, 90 e 110 cm, respectivamente. O autor estima ainda que apenas em 1 ano em cada 11 anos, a chuva seria bem distribuda nessa regio.

    Brasilia

    veranico

    atinge o

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    3) Baixa capacidade de reteno de umidade mesmo nos solos de textura argilosa: Um ltimo complica-dor nessa situao de risco a baixa capacidade de reteno de umidade da maioria desses solos, mesmo naqueles de textura mais argilosa. Dados mostrados na Tabela 9 indicam a capacidade de reteno de umidade destes solos agrupados por classes texturais (Lopes, 1977). Essa baixa capacidade de reteno de umidade, que obriga as plantas cultivadas a explorarem um maior volume de solos para atendimento de suas necessidades fisiolgicas devida, principalmente, aos tipos de argila que constituem esses solos, sendo praticamente todos formados por argilas de baixa atividade.

    Um desdobramento do trabalho de Lopes (1977) foi feito por Reichardt (1985). O referido autor calculou o armaze-namento residual (em mm), por camada de solo, aps 2, 6, 10, 14 e 24 dias sem chuva em solos com mais de 18% de argila (Tabela 10) e 2, 6, 10, 14 e 16 dias sem chuva em solos com menos de 18% de argila (Tabela 11). O solo com menos de 18% de argila teria zero de armazenamento residual na camada de 50-60 cm aps a 10 dias sem chuva e zero na camada de 120-140 cm aps 16 dias sem chuva. J no solo com mais de 18% de argila, aps 10 dias sem chuva haveria ainda disponvel 12,6 mm de umidade residual na camada de 50-60 cm de profundidade e aps 24 dias sem chuva, haveria ainda 11,4 mm de gua residual disponvel na camada de 120 a 140 cm de profundidade. Esses dados evidenciam que os solos arenosos tm muito mais problema de efeitos detrimentais na produo decorrentes das pro-babilidades de ocorrncia de veranicos do que os solos de textura mdia e argilosos. Evidenciam, ainda, a importncia de se adotarem prticas de manejo que levem ao aprofundamento do sistema radicular das culturas para aumentar as probabilidades de sucesso para agricultura de sequeiro em grande nmero de solos do Brasil.

  • O ponto importante desses dados que, as razes no se aprofundando no subsolo, deixam de absorver gua e nutrientes da parte do solo que no alcanam. No caso de nutrientes, o principal o nitrognio, na forma de nitrato, forma muito mvel, facilmente removida do perfil pela gua que percola atravs do solo. Nestes casos, os fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubilizados via rota sulfrica, como o superfosfato simples, podem fazer a diferena.

    menos

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  • O primeiro trabalho de pesquisa, em experimento de campo, que no s demonstrou a existncia de bar-reira qumica para a penetrao de razes de milho no subsolo em latossolos sob cerrado, como tambm indicou uma maneira de elimin-lo foi o de Ritchey et al. (1980).

    Esta pesquisa verificou que o tratamento com superfosfato simples (SS), que contm o sulfato de clcio, provocou expressiva reduo da saturao por alumnio e que isso estava associado ao maior aprofun-damento do sistema radicular e a uma maior absoro de gua do subsolo. O efeito foi observado at 120 cm e, na camada de 105-120 cm, houve expressiva reduo da saturao por alumnio, de 74%, no tratamento com supertriplo, a apenas 8%, no tratamento com superfosfato simples.

    Alm dos efeitos benficos do uso do superfosfato simples mostrados, foram observados tambm nesse experimento, aumentos sensveis no pH notadamente nas camadas de 45-60 cm e mais profundas , nos teores de clcio + magnsio e diminuio dos teores de alumnio em profundidade no perfil do solo.

    Resultados semelhantes foram obtidos em experimento com a cultura do algodo, em Guara, SP relata-dos por Silva e Raij (1992). O aumento do pH atesta a efetiva reduo da acidez do subsolo com o super-fosfato simples. Da mesma forma, os teores de clcio so maiores ao longo do perfil. Este trabalho permite tambm comprovar uma melhor distribuio de magnsio e potssio no perfil, para o tratamento com o superfosfato simples, em relao ao supertriplo (Raij, 2008).

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  • d) Fornecimento de sulfato de clcio sem necessidade adicional de aplicao do gesso agrcola

    Os efeitos benficos com vistas ao aprofundamento do sistema radicular das plantas cultivadas, obtidos pelo uso de fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubilizados via rota sulfrica, podem tambm ser alcanados pela aplicao superficial do gesso agrcola, uma vez que a parte desses fertilizantes que atua nesse processo exatamente o sulfato de clcio contido nos mesmos.

    Entretanto, a aplicao do gesso agrcola para essa finalidade, de forma isolada, requer um trabalho e custos extras de aplicao, o que certamente ir onerar os custos do produtor.

    Outro complicador para essa aplicao isolada que o gesso agrcola, decorrente da fabricao do cido fosfrico, que armazenado em grandes lagoas de deposio e, depois de seco, removido para grandes depsitos ao ar livre, apresenta em torno de 15 a 17% de umidade mesmo depois de seco, o que torna seu manuseio e distribuio uniforme difcil.

    Neste contexto, cabe ainda uma melhor explicao do conceito de contedo de gesso equivalente, o qual apresen-tado a seguir. Embora um superfosfato simples contenha cerca de 50% de CaSO4 (500 kg de sulfato de clcio anidro por tonelada de supersimples) na sua composio tpica, ao ser comparado com o gesso agrcola, que est na forma de sulfato de clcio dihidratado e tem 15-17% de umidade, a quantidade de gesso equivalente de 730-740 kg por tonelada (CaSO4 = 136 g; CaSO4.2H2O = 172 g + 15% umidade = 202 g; portanto 202/136 = 1,48 vezes).

    Considerando este raciocnio, quando se utiliza anualmente 500 kg/ha de um superfosfato simples com 18% de P2O5 para fornecer 90 kg de P2O5/ha, dose bastante prxima nossa realidade mdia, isto proporcionar a aplicao equi-

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    valente de 370 kg/ha de gesso agrcola (ou cerca de 250 kg/ha de sulfato de clcio anidro). Ao fim de 5 anos, tempo mdio para a doma dos solos pobres do cerrado, haveria a adio de 1800 kg de gesso sem custos adicionais de apli-cao, sem desbalanos nutricionais passveis de acontecer com dosagens nicas de gesso e, ainda, fornecendo S e Ca para a nutrio das plantas com uma distribuio mais uniforme.

    e) Possibilidade de incluso de micronutrientes

    A grande maioria dos fertilizantes comercializados no Brasil se constitui em mistura de grnulos, quando, para aten-dimento das necessidades de macronutrientes primrios, secundrios e micronutrientes, so misturados fertilizantes simples contendo nitrognio, fsforo, potssio, micronutrientes, e incidentalmente, clcio, magnsio e enxofre.

    Nesse caso, mesmo que os fertilizantes simples contendo nitrognio, fsforo, potssio e micronutrientes apresentem uniformidade quanto ao tamanho dos grnulos, a presena dos micronutrientes na forma granulada em mistura com outros fertilizantes simples, tambm granulados, leva a uma distribuio no muito uniforme dos micronutrientes, por ocasio da aplicao para as mais diversas culturas, pois em uma tonelada dessa mistura a presena do fertilizante granulado contendo micronutrientes normalmente no passa de 50 quilos por tonelada, sendo, em alguns casos, de apenas 10 kg por tonelada. Como a maioria dos micronutrientes se movimenta do fertilizante para as razes das plan-tas por difuso, fenmeno que no passa de alguns milmetros do ponto de aplicao, a absoro dos micronutrientes dificultada e afeta a produo das culturas (Figura 9A - Lopes, 1999).

    Um aspecto que merece destaque em relao aos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubilizados via rota sulfrica o fato desses produtos viabilizarem a incluso de micronutrientes para atendimento da demanda desses para as culturas. Sob esse aspecto j existe tecnologia que vem sendo implementada por vrias empresas para a incluso do produto fornecedor de micronutrientes dentro do grnulo de fertilizante fosfatado (Figura 9B).

    Figura 9. Exemplos de misturas de grnulos contendo micronutrientes: micronutriente em cada grnulo = 9A; micronutriente incorporado ao grnulo contendo fsforo = 9B. Fonte: Adaptado de Lopes (1999)

  • Esses produtos, alm de permitirem uma maior uniformidade de aplicao dos micronutrientes e maior eficincia agronmica, apresentam vantagens adicionais em funo da acidez gerada pela dissoluo do fertilizante fosfatado, o que aumenta a disponibilidade de micronutrientes catinicos. O grande benefcio dos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao via rota sulfrica quanto a esse aspecto que, nesse caso, em funo do pH extremamente cido (aproximadamente 2,5) na regio imediatamente prxima ao grnulo do fertilizante, pode-se utilizar como fonte de micronutriente xidos que seriam de baixa eficincia agronmica se fossem aplicados isoladamente.

    Exemplos de solubilidades mdias de micronutrientes atingidas durante a produo de diferentes fertilizantes fosfa-tados de baixa concentrao solubilizados via rota sulfrica so mostrados na Tabela 12.

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    f ) Eliminao ou diminuio da adio de inertes insolveis no preparo de frmulas

    Outro aspecto importante em relao aos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubilizados via rota sul-frica a menor quantidade ou mesmo a eliminao de adio de inertes insolveis na preparao de misturas de grnulos.

    Para facilitar a exposio desse tpico, ele ser dividido em duas partes: I) Como carga para ajuste de frmula; e, II) Substituio do superfosfato simples por outros componentes fornecedores de nutrientes e de baixo custo.

    I) Como carga para ajuste de frmula: De incio, deve-se lembrar que o uso de cargas proibido na comer-cializao de fertilizantes simples. Entretanto, o inerte pode ser usado na granulao de composies ou nas misturas (limitado a 10% em massa) com a finalidade de ajustes na composio, sendo exigncia legal a declarao do seu contedo na mistura.

    A Instruo Normativa N 5, de 23 de fevereiro de 2007, estabelece no seu artigo 1, inciso XVI, que carga o ma-terial adicionado em mistura de fertilizantes, para o ajuste de formulao, que no interfira de forma negativa na ao destes e pelo qual no se ofeream garantias em nutrientes no produto final. Esta mesma Instruo Normativa estabelece, no artigo 23 que, a porcentagem mxima de carga numa mistura fsica de fertilizantes no poder ser superior a 10% (dez por cento) em massa da mistura.

  • Os materiais aprovados para uso como cargas em formulaes de fertilizantes minerais so apresentados na Tabela 13.

    A Tabela 14 apresenta um exemplo do uso de carga para reduzir o custo do produto, o que, conseqentemente reduz o contedo de nutrientes. Neste exemplo, e considerando-se os valores indicados para as matrias-primas, o uso de 100 kg/tonelada de carga proporciona uma economia de R$8,07/tonelada e tambm uma perda de 1,8% no teor de enxofre do produto devido reduo na quantidade do super simples 18 usada (de 507 kg/tonelada para 343 kg/tonelada).

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    A questo principal para o consumidor seria se estes 18 kg de enxofre perdidos no produto equivalem a esta econo-mia de R$8,07. Em uma adubao de soja, por exemplo, usando-se 400 kg/ha desta frmula, a dose de enxofre/ha ser reduzida de 22,4 kg (j abaixo dos 30 kg normalmente recomendados) para apenas 15,2 kg, e, portanto, apenas a metade da dosagem recomendada, com uma economia de apenas R$3,23/ha ou, se for considerando um saco de soja a R$33,00, por exemplo, apenas 6 kg de soja para comprometer a qualidade da adubao.

    Outro exemplo, como comparao para o ajuste da frmula, apresentado na Tabela 15.

    SuperSimples

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    SuperSimples

    18

    Exemplo de custos de matrias primas para produo de trs frmulas02-20-20, com adio de 100 kg, 66 kg de carga e sem adio de carga (por tonelada)

    ---------------------------------- R$ por tonelada ------------------------------------

    ----------------------------------- R$ por tonelada -------------------------------------

    ------------------------- Kg por tonelada ---------------------------

    ------------------------------ Kg por tonelada ------------------------------

  • Neste ltimo exemplo, na primeira opo poderia ser usado 66 kg de carga. No 2 exemplo, seria usado a carga no limite, isto , 100 kg/tonelada. H uma pequena reduo no custo, porm, com a entrada do supertriplo em dosagem baixa, existe o risco da segregao. Na 3 opo, poderia tambm ser usado como componente, e de maneira equi-librada nas dosagens, o 03-17-00, com menores perdas no teor de S do produto, e com custo levemente superior.

    Um fator fundamental para que no ocorram desequilbrios nos custos o correto posicionamento do preo do su-persimples. A anlise dos custos dos produtos de alta concentrao deve ser feita em cada plo produtor de misturas para se encontrar um ponto de equilbrio para o preo do supersimples, visando anular a vantagem econmica para o misturador recorrer ao uso de cargas.

    Para evitar este custo intil do uso dos inertes, o consumidor pode exigir de seus fornecedores que o produto conte-nha, no mnimo, os teores de enxofre indicados na Tabela 16, a qual foi elaborada a partir das principais composies destas misturas. Estes produtos podem ter at teores superiores aos indicados em funo do teor de enxofre do super-fosfato simples utilizado na mistura ou, ainda, se a frmula contiver nitrognio, devido ao uso de sulfato de amnio, mas nunca poder ter menos que o teor indicado. Deve ser considerado apenas que em frmulas que contenham at 50 kg/t de produto fornecedor de micronutriente, os teores de enxofre podem cair em torno de 0,6%, devido ao rebalanceamento dos fertilizantes da composio para manter a mesma frmula.

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    Tabela 16Teores mnimos de enxofre (S) que devem ser encontrados nas formulaes

    N P2O5 K2O Soma NPK % S N P2O5 K2O Soma NPK % S0 15 15 30 7,7 4 16 16 36 5,80 15 20 35 6,1 4 16 20 40 4,90 15 30 45 3,1 4 16 30 50 2,50 16 10 26 8,7 4 18 10 32 6,90 16 16 32 6,9 4 18 18 40 5,00 16 24 40 4,5 4 18 30 52 2,10 18 6 24 9,1 4 20 6 30 7,50 18 10 28 8,0 4 20 10 34 6,50 18 12 30 7,3 4 20 12 36 6,10 18 18 36 5,5 4 20 15 39 5,30 18 24 42 3,7 4 20 18 42 4,60 18 30 48 1,9 4 20 20 44 4,10 20 6 26 8,4 4 20 24 48 3,10 20 10 30 7,2 4 20 30 54 1,60 20 15 35 5,7 4 24 8 36 5,80 20 16 36 5,4 4 24 12 40 4,80 20 18 38 4,7 4 24 16 44 3,80 20 20 40 4,1 4 24 20 48 2,80 20 30 50 1,1 4 24 24 52 1,80 25 25 50 0,7 4 24 30 58 0,32 15 10 27 8,2 4 25 10 39 5,02 15 15 32 6,7 4 25 15 44 3,82 15 20 37 5,4 4 25 20 49 2,52 15 30 47 2,9 4 25 25 54 1,32 16 8 26 8,4 4 25 30 59 0,02 16 10 28 7,8 4 30 10 44 3,42 16 16 34 6,1 4 30 16 50 1,92 16 24 42 4,1 4 30 20 54 0,92 18 6 26 8,2 5 15 10 30 7,02 18 10 30 7,0 5 15 15 35 5,82 18 12 32 6,4 5 15 20 40 4,6

  • N P2O5 K2O Soma NPK % S N P2O5 K2O Soma NPK % S2 18 18 38 4,9 5 15 30 50 2,22 18 24 44 3,4 5 20 10 35 6,12 18 30 50 2,0 5 20 15 40 4,92 20 6 28 7,4 5 20 20 45 3,72 20 10 32 6,3 5 20 30 55 1,32 20 15 37 5,0 5 25 10 40 5,22 20 16 38 4,8 5 25 15 45 3,92 20 18 40 4,3 5 25 20 50 2,72 20 20 42 3,8 5 25 25 55 1,42 20 30 52 1,3 5 25 30 60 0,22 24 12 38 4,5 5 30 10 45 3,62 24 18 44 3,0 5 30 15 50 2,32 24 24 50 1,5 5 30 20 55 1,12 24 30 56 0,0 6 16 10 32 6,42 25 25 52 0,9 6 16 16 38 5,03 15 10 28 7,9 6 16 20 42 4,03 15 15 33 6,7 6 16 30 52 1,63 15 30 48 3,1 6 20 6 32 6,63 18 10 31 7,1 6 20 12 38 5,23 18 18 39 5,1 6 20 18 44 3,73 20 20 43 4,0 6 20 30 56 0,83 24 12 39 4,7 6 24 12 42 4,43 24 18 45 3,2 6 24 18 48 3,03 24 24 51 1,7 6 24 24 54 1,63 24 30 57 0,2 6 24 30 60 0,14 14 8 26 8,1 6 30 6 42 4,74 14 10 28 7,7 6 30 12 48 3,24 14 14 32 6,7 6 30 18 54 1,74 14 20 38 5,3 6 30 24 60 0,24 14 30 48 2,8 8 16 16 40 4,14 16 8 28 7,8 8 20 20 48 2,44 16 10 30 7,3 10 10 10 30 5,8

    Obs.: formulaes que contenham micronutrientes podero ter o teor de enxofre em torno de 0,6% abaixo do indicado na tabela.

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    Superfosfatos simples

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    Superfosfatos simples

    Deve-se lembrar, ainda, que o consumidor deve ser informado no rtulo do produto quanto ao uso da carga. Outra ao reivindicar junto ao MAPA a fiscalizao da identificao correta dos produtos, garantindo ao comprador a informao correta.

    II) Substituio por fertilizantes de baixo custo: De forma similar ao uso de cargas, produtos granulados contendo nutrientes secundrios tm sido usados para substitu-las objetivando-se reduzir o custo das misturas, com a diferena de que o uso no fica limitada ao mximo de 100 kg/tonelada, podendo ser usado em qualquer quantida-de e at mesmo substituindo todo o superfosfato simples das misturas.

    Continuando no exemplo do 00-18-18 anteriormente discutido, teramos a situao mostrada na Tabela 17, com uti-lizao de at 309 kg deste tipo de carga que pouco benefcio nutricional ter para a lavoura do produtor, pois o seu contedo de Ca, Mg ou Si pode ser proporcionado pelo uso de corretivos com custos muito menores (Tabela 17).

    Tabela 17 Exemplo de custos de matrias primas e quantidades para produo de trs frmulas 00-18-18, com adio de 309 kg, 100 kg de carga e sem adio de carga (por tonelada)

    FrmulasSuper

    simples 18Supertriplo KCl Carga

    Custo total das matrias

    primasEnxofre Clcio

    ------------------------------------ R$ por tonelada --------------------------------------- % %

    433,27 739,61 1.305,68 156,00

    --------------------- kg por tonelada --------------------

    00-18-18 343 257 300 100 746,00 3,8 9,3

    00-18-18 507 193 300 0 754,12 5,6 11,4

    00-18-18 0 391 300 309 729,10 0 *

    * O teor de clcio vai depender do teor do nutriente no fertilizante usado como carga.

    Como estes fertilizantes utilizados nas misturas so produzidos a partir de corretivos reconhecidos pelo Ministrio da Agricultura, o consumidor deve ser informado no rtulo do produto ou no seu documento fiscal quanto ao seu uso, indicando que o fertilizante contm componentes com propriedades corretivas e informando o nome deste e o percentual de participao na mistura.

  • g) Grande capacidade instalada de produo com reduo das importaes de fertilizantes fosfatados

    Outro ponto que merece destaque em relao aos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubilizados via rota sulfrica sua grande capacidade instalada de produo.

    Os dados apresentados na Tabela 18 mostram que, dentre todos os fertilizantes listados, o superfosfato simples o que apresenta uma maior capacidade instalada de produo para os nveis de demanda atual. .

    Numa expectativa de aumento das importaes de fertilizantes para atendimento da demanda nacional em futuro prximo, um aumento na produo e consumo de superfosfatos simples e outros fertilizantes fosfatados de baixa concentrao obtidos via rota sulfrica no apenas agronomicamente recomendvel pelas razes anteriormente expostas, mas, sobretudo estrategicamente necessrio.

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    Superfosfatos simples

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    Superfosfatos simples

    Tabela 18 Oferta de alguns fertilizantes para a agricultura brasileira em 2008

    ProdutoProduo Nacional

    Importao TotalCapacidade

    instaladaCapacidade/total

    ------------------------------------ x 1.000 t ---------------------------------------- %

    Sulfato de amnio 218 1.411 1.629 270 16,6

    Uria 793 2.113 2.906 1.696 58,4

    Nitrato de amnio 284 900 1.184 406 34,3

    MAP 1.130 1.053 2.183 1.363 62,4

    DAP - 494 494 8 1,6

    Supersimples 4.702 301 5.003 7.301 145,9

    Supertriplo 760 1.011 1.771 1.021 57,7

    Termofosfato 111 - 111 160 144,1

    Cloreto de K 607 6.540 7.147 850 11,9

    Complexos 223 780 1.003 na na

    Fonte: Lopes et al., (2009)

    A Tabela 18 demonstra que a capacidade instalada para a produo de superfosfato simples no s pode atender a demanda atual de consumo como garantir uma maior participao percentual no consumo futuro de fsforo, possi-bilitando, assim, substituir a importao de outros fertilizantes fosfatados. Ressalta-se que um aumento de 1 milho de toneladas no consumo de superfosfato simples representa uma reduo aproximada de 400.000 t de supertriplo importado, economizando divisas e reduzindo a dependncia externa.

  • Face ao exposto, pode-se apresentar alguns pontos para reflexo em relao tomada de deciso quanto ao uso do superfosfato simples ou outros fertilizantes fosfatados de baixa concentrao acidulados totalmente via rota sulfrica passiveis de registro no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento:

    a) A grande deficincia de enxofre que ocorre em cerca de 70% dos solos do Brasil e as exigncias desse nutriente, pelas mais diversas culturas, faz com que os fosfatos totalmente solubilizados via rota sulfrica, dentre os demais fertilizantes fosfatados, ocupem lugar de destaque;

    b) A presena do sulfato de clcio na composio desses fertilizantes traz para as condies de grande percentagem dos solos brasileiros, notadamente os da regio dos cerrados, vantagens adicionais na diminuio da toxidez de alu-mnio e deficincia de clcio nas camadas subsuperficiais do solo, contribuindo para o aprofundamento do sistema radicular e uma maior tolerncia aos problemas de veranicos, fato comum e altamente limitante para se buscarem Produtividades Mximas Econmicas e sustentabilidade;

    c) Uma utilizao mais plena da capacidade de produo dos fertilizantes fosfatados de baixa concentrao solubiliza-dos via rota sulfrica, significativamente superior demanda atual, pode contribuir para uma significativa diminuio da dependncia externa de fertilizantes fosfatados para a agricultura brasileira;

    d) A abertura dada na legislao brasileira, permitindo a fabricao, registro e comercializao de superfosfatos simples amoniados, fosfatos acidulados sulfricos e multifosfatos magnesianos, pela possibilidade de explorao de fosfatos naturais brasileiros que, por suas caractersticas de apresentarem altos teores de sesquixidos de ferro e alumnio, no seriam passveis de atender as exigncias de solubilidade em gua para registro como superfosfatos simples estratgica para utilizao mais plena dos depsitos de fosfatos naturais brasileiros, sem representar dimi-nuio da eficincia agronmica desses novos produtos.

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    Superfosfatos simples

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