miiher - desvio fonológico

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177 Variáveis lingüísticas e de narrativas no distúrbio de linguagem oral e escrita*** Linguistic and narrative variables in oral and written language disorder *Fonoaudióloga. Aprimoramento em Distúrbios Psiquiátricos da Infância pelo Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Endereço para correspondência: Rua Ibraim Habib, 13 - Osasco - SP - CEP 06040- 400 ([email protected]). **Fonoaudióloga. Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de São Paulo. Professora Adjunta do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo. ***Trabalho Realizado no Núcleo de Investigação dos Transtornos da Leitura e da Escrita da Disciplina de Distúrbios da Comunicação Humana - Departamento de Fonoaudiologia - Universidade Federal de São Paulo. Artigo de Pesquisa Artigo Submetido a Avaliação por Pares Conflito de Interesse: não Recebido em 05.05.2005. Revisado em 28.06.2005; 21.11.2005; 21.03.2006; 11.05.2006; 14.07.2006 Aceito para Publicação em 14.07.2006. Liliane Perroud Miilher* Clara Regina Brandão de Ávila** Abstract Background: a study of linguistic and narrative variables in oral and written language disorder. Aim: to characterize the linguistic and narrative productivity, oral and written productions, of scholars with oral and written language disorder. Method: oral and written narrative productions of 30 scholars from public schools (male and female aged 7 to 13 years) were compared. These individuals were grouped as follows: Research group (15) and Control group (15). Samples of oral and written narratives of the story "Little Red Riding Hood" were collected. Comparative analyses were made between the oral and written productions - intragroup (t Student Test and Wilcoxon Test) and intergroup (t Student Test and Mann Whitney Test) - according to the following linguistic variables: total number of words, of nouns, of verbs, of verbs in the past tense, of adjectives, of time markers, of complete statements, of incomplete statements and of reported episodes. Narratives were also compared according to the presence of episodes. Results: differences were observed between the oral and written productions for the research group regarding the total number of produced words (p = 0.018) and the total number of produced verbs (p = 0.030). The use of time markers such as before (p < 0.001), then (p < 0.001), when (p < 0.001), and after (p = 0.003), and the number of reported episodes, also indicated statistical differences when comparing the groups. Conclusion: The following variables characterized the research group: longer extensions of oral lexical productivity when comparing these to the written productions, less frequent use of time markers and fewer number of certain episodes in the written modality. Key Words: Language Development Disorders; Dyslexia; Linguistic. Resumo Tema: estudo das variáveis lingüísticas e da narrativa no distúrbio da linguagem oral e escrita. Objetivo: caracterizar a produtividade lingüística e de narrativa, de narrações orais e escritas de escolares com distúrbio da linguagem oral e da escrita. Método: compararam-se as narrativas orais e escritas de 30 escolares da rede pública dos sexos masculino e feminino, com idades variando entre 7 e 13 anos, agrupados segundo: Grupo pesquisa (15) e de controle (15). Foram coletadas amostras de narrativa oral e escrita dos trinta escolares, obtidas a partir do reconto história infantil "Chapeuzinho Vermelho". Realizaram-se análises comparativas entre a modalidade oral e a escrita, intragrupos (Teste t de Student e Teste de Wilcoxon) e intergrupos (Teste t de Student e Teste de Mann Whitney), segundo as variáveis lingüísticas: números totais de palavras, de substantivos, de verbos, de verbos no passado, de adjetivos, de marcadores temporais, de enunciados completos, de enunciados incompletos e de episódios relatados, e segundo critérios de análise de narrativa considerando-se as presenças dos episódios. Resultados: foram observadas diferenças entre as modalidades oral e escrita no grupo com distúrbio quando se analisou o número total de palavras (p = 0,018) e o número de verbos (p = 0,030). Além disso, o uso dos marcadores temporais antes (p < 0,001), então (p < 0,001), quando (p < 0,001), e depois (p = 0,003), e o relato de episódios também mostraram diferenças estatísticas na comparação entre os grupos. Conclusão: maior produtividade lexical oral se comparada à escrita, uso menos freqüente de marcadores temporais e menor número de certos episódios relatados na modalidade escrita, caracterizaram os escolares com distúrbios. Palavras-Chave: Transtornos do Desenvolvimento da Linguagem; Transtorno do Desenvolvimento da Leitura; Lingüística. Referenciar este material como: MIILHER, L. P.; ÁVILA, C. R. B. Variáveis lingüísticas e de narrativas no distúrbio de linguagem oral e escrita. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 177-188, maio-ago. 2006.

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MIIHER - desvio fonológico

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    Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica, v. 18, n. 2, maio-ago. 2006

    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita.

    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagemoral e escrita***

    Linguistic and narrative variables in oral and written languagedisorder

    *Fonoaudiloga. Aprimoramento emDistrbios Psiquitricos da Infnciapelo Departamento de Fisioterapia,Fonoaudiologia e Terapia Ocupacionalda Faculdade de Medicina daUniversidade de So Paulo. Endereopara correspondncia: Rua IbraimHabib, 13 - Osasco - SP - CEP 06040-400 ([email protected]).

    **Fonoaudiloga. Doutora emDistrbios da Comunicao Humanapela Universidade Federal de SoPaulo. Professora Adjunta do Curso deFonoaudiologia da UniversidadeFederal de So Paulo.

    ***Trabalho Realizado no Ncleo deInvestigao dos Transtornos daLeitura e da Escrita da Disciplina deDistrbios da Comunicao Humana -Departamento de Fonoaudiologia -Universidade Federal de So Paulo.

    Artigo de Pesquisa

    Artigo Submetido a Avaliao por Pares

    Conflito de Interesse: no

    Recebido em 05.05.2005.Revisado em 28.06.2005; 21.11.2005;21.03.2006; 11.05.2006; 14.07.2006Aceito para Publicao em 14.07.2006.

    Liliane Perroud Miilher*Clara Regina Brando de vila**

    AbstractBackground: a study of linguistic and narrative variables in oral and written language disorder. Aim: tocharacterize the linguistic and narrative productivity, oral and written productions, of scholars with oraland written language disorder. Method: oral and written narrative productions of 30 scholars from publicschools (male and female aged 7 to 13 years) were compared. These individuals were grouped as follows:Research group (15) and Control group (15). Samples of oral and written narratives of the story "LittleRed Riding Hood" were collected. Comparative analyses were made between the oral and written productions- intragroup (t Student Test and Wilcoxon Test) and intergroup (t Student Test and Mann Whitney Test)- according to the following linguistic variables: total number of words, of nouns, of verbs, of verbs in thepast tense, of adjectives, of time markers, of complete statements, of incomplete statements and ofreported episodes. Narratives were also compared according to the presence of episodes. Results: differenceswere observed between the oral and written productions for the research group regarding the total numberof produced words (p = 0.018) and the total number of produced verbs (p = 0.030). The use of timemarkers such as before (p < 0.001), then (p < 0.001), when (p < 0.001), and after (p = 0.003), and thenumber of reported episodes, also indicated statistical differences when comparing the groups. Conclusion:The following variables characterized the research group: longer extensions of oral lexical productivitywhen comparing these to the written productions, less frequent use of time markers and fewer number ofcertain episodes in the written modality.Key Words: Language Development Disorders; Dyslexia; Linguistic.

    ResumoTema: estudo das variveis lingsticas e da narrativa no distrbio da linguagem oral e escrita. Objetivo:caracterizar a produtividade lingstica e de narrativa, de narraes orais e escritas de escolares comdistrbio da linguagem oral e da escrita. Mtodo: compararam-se as narrativas orais e escritas de 30escolares da rede pblica dos sexos masculino e feminino, com idades variando entre 7 e 13 anos,agrupados segundo: Grupo pesquisa (15) e de controle (15). Foram coletadas amostras de narrativa oral eescrita dos trinta escolares, obtidas a partir do reconto histria infantil "Chapeuzinho Vermelho".Realizaram-se anlises comparativas entre a modalidade oral e a escrita, intragrupos (Teste t de Studente Teste de Wilcoxon) e intergrupos (Teste t de Student e Teste de Mann Whitney), segundo as variveislingsticas: nmeros totais de palavras, de substantivos, de verbos, de verbos no passado, de adjetivos, demarcadores temporais, de enunciados completos, de enunciados incompletos e de episdios relatados, esegundo critrios de anlise de narrativa considerando-se as presenas dos episdios. Resultados: foramobservadas diferenas entre as modalidades oral e escrita no grupo com distrbio quando se analisou onmero total de palavras (p = 0,018) e o nmero de verbos (p = 0,030). Alm disso, o uso dos marcadorestemporais antes (p < 0,001), ento (p < 0,001), quando (p < 0,001), e depois (p = 0,003), e o relato deepisdios tambm mostraram diferenas estatsticas na comparao entre os grupos. Concluso: maiorprodutividade lexical oral se comparada escrita, uso menos freqente de marcadores temporais e menornmero de certos episdios relatados na modalidade escrita, caracterizaram os escolares com distrbios.Palavras-Chave: Transtornos do Desenvolvimento da Linguagem; Transtorno do Desenvolvimento daLeitura; Lingstica.

    Referenciar este material como:MIILHER, L. P.; VILA, C. R. B. Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita. Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica, Barueri(SP), v. 18, n. 2, p. 177-188, maio-ago. 2006.

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    Introduo

    A linguagem oral comea a se desenvolver tologo a criana nasce. Desde esse momento, ela j exposta ao cdigo oral e comea a familiarizar-secom os sons de sua lngua, produzindo-osfuncionalmente, por meio da fala. Anos mais tarde,mais precisamente entre os 5 e os 7 anos, a crianase insere no aprendizado formal da lngua escrita.Apesar das diferenas intrnsecas a essas duasmodalidades de comunicao, h pontos emcomum (Storch e Whitehurst, 2002) que tmdespertado o interesse de pesquisadores e atjustificado a afirmao de que a linguagem escrita uma continuao da linguagem oral (Santos eNavas, 2002). Pode parecer que estedesenvolvimento se d naturalmente, seguindoum ritmo previsto. Porm, o desenvolvimento dalinguagem escrita tambm sofre, desde o incio, ainfluncia da vivncia que a criana tem, com acultura escrita e literria no convvio familiar(Medeiros e Silva, 2002; Gonalves e Dias, 2003;Muoz et al., 2003; Spinillo e Simes, 2003;Padovani et al., 2004).

    Dentre as capacidades que a criana apresentapara dominar a linguagem oral, uma das maissignificativas e notveis a de narrar eventos. Apartir do encadeamento de palavras e da percepodos eventos temporais, a criana comea a exploraro relato de suas prprias experincias, iniciando-se, ento, o perodo das protonarrativas (Artoni,2001). Esta capacidade aprimora-se a tal ponto que,tempos depois, a criana no somente capaz derelatar experincias vivenciadas, como tambm poderecontar histrias e servir-se de sua imaginaocriando cenrios e personagens fictcios (Brockmeiere Harr, 2003; Shiro, 2003). Conforme Geraldi (2003),a criana no est, to somente, aprendendo umalngua, para dela se apropriar, mas sim, a apreendepara poder utiliz-la de forma eficiente.

    A mesma capacidade narrativa desenvolvida nalinguagem oral torna-se gradativamente eficiente epassa a ser utilizada e elaborada, segundoesquemas diferentes, na linguagem escrita(Windsor et al., 2000). De combinaes de letrassem sentido, o aprendizado da escrita pouco apouco se concretiza e elaboraes coerentes ecoesas do forma aos sentimentos e idias advindosda linguagem oral. O desenvolvimento dacapacidade de narrar histrias por escrito relaciona-se a experincias prvias com o modelo oral e aestimulao de capacidades narrativas, pelo ensinoda identificao de categorias estruturais dahistria, pode induzir mudanas no repertrio da

    linguagem escrita (Maranhe, 2004). Geraldi (2003)estudou textos escritos de escolares e afirmou queos textos produzidos apresentavam-se como umproduto das prticas discursivas da escola, ou seja,tinham caractersticas de experincias anteriores davivncia da criana.

    Contudo, algumas crianas, desde osprimrdios de seu crescimento, apresentam atrasosou distrbios desde as aquisies iniciais da lngua.Estas alteraes se manifestam nas diferentesesferas da linguagem oral, cujos processamentossubjacentes, assim como os dficits dos prprioselementos lingsticos, tendem a conduzir de formasemelhante o aprendizado e o desempenho na leiturae na escrita. Os distrbios de leitura e escritaencontram-se, em grande parte dos casos,baseados em alteraes do desenvolvimento dalinguagem oral (ASHA, 2006) e se caracterizamprincipalmente, pelas alteraes de compreensoda leitura de palavras, frases e textos, ou pelasdificuldades de integrar significados de palavrasem sentenas e destas em textos (Snowling, 2004).Santos e Navas (2002) tambm indicaram quedificuldades na aquisio e/ou no desenvolvimentoda linguagem escrita podem ser encontradas emcrianas que apresentam dficits tanto noprocessamento fonolgico quanto no decompreenso da linguagem oral/escrita. A narrativaoral e a escrita dessas crianas sero estudadasnesta pesquisa.

    Diversos autores tm se dedicado ao estudo danarrativa comparando as capacidades ecompetncias de crianas com e sem distrbios delinguagem (Gillam e Johnston, 1992; Oetting eHorohov, 1997; Kaderavek e Sulzby, 2000; Scott eWindsor, 2000; Conti-Ramsden, 2003). Porm, estaanlise ainda est incompleta. Pesquisas nesta reapodero trazer nova luz sobre os modos deconstruo do saber que estas crianas utilizamcorrentemente como esquema de apreenso demundo. O estudo da capacidade e produtividadelingstica que a criana manifesta em sua narrativapode ser um comeo.

    Na produo da narrativa a criana pode apenasrelatar fatos, no se comprometendo com eles.Normalmente utiliza os verbos em um tempo dopassado (Koch e Travaglia, 2003).

    O uso de verbos no pretrito indica que ahistria ocorreu em algum momento impreciso dopassado. Isso especialmente verdadeiro noscontos populares e nos contos maravilhosos emque se usa a expresso "era uma vez" (Eco, 1999).

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    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita.

    O estudo da produtividade e uso de verbos nopassado - elemento importante na identificao daestrutura narrativa - em crianas com e sem distrbiode linguagem foi realizado em pesquisas anteriores(Oetting e Horohov, 1997) nas quais seapresentaram verbos regulares e irregulares scrianas, que foram questionadas sobre arepresentao da marcao do passado a partir deverbos inventados. Encontrou-se a mesmamarcao de passado em crianas do grupopesquisa e crianas pareadas pelo Mean Lenght ofUtterance (MLU). Outro estudo (Conti-Ramsden,2003) comparou crianas tpicas com crianas comdistrbio de linguagem, e verificou que estasltimas tm desempenho significativamente pior emtarefas de marcao do tempo verbal passado.

    Os advrbios temporais, mais que marcadoresde tempo, tambm so utilizados em narrativas oraisde crianas, mas como conectores, ou seja,organizadores da seqncia narrativa. O advrbiotemporal mais utilizado em narrativas orais deescolares de seis e sete anos geralmente "depois",seguido de "ento" e "quando". O marcador"quando" opera rupturas no texto narrativo,construindo assim, um outro plano na enunciaonarrativa; "ento" utilizado para fechar umasituao antecedente e abrir uma nova, "depois"tem a funo de advrbio anafrico, retomando umasituao antecedente e, ao mesmo tempo,diferenciando tal situao da nova (Souza, 1996). Omarcador "ento", aparece precocemente nodesenvolvimento lingstico, porm suadistribuio mais restrita que o conector "e"(Monnerat, 2003). O conhecimento sobre o uso dosadvrbios temporais nas narrativas de crianas comdistrbio de linguagem oral e escrita ainda necessitade muitas pesquisas.

    Os escolares que apresentam dificuldades nalinguagem nos perodos iniciais dodesenvolvimento podem continuar a manifestar taisdificuldades em tarefas de escrita narrativa (Bishope Clarkson, 2003; Nathan et al., 2004). Crianas come sem distrbio de linguagem produzem histrias,porm no com a mesma habilidade. As narrativasorais de crianas pequenas com e sem distrbio delinguagem no diferem com relao estrutura dahistria (comeo, meio e fim), e com relao ao usode diferentes tempos verbais (presente, passado efuturo), com exceo do tempo passado: crianascom distrbio de linguagem usam verbos nopassado, com menor freqncia (Kaderavek eSulzby, 2000).

    Quando se comparam narrativas orais e escritasda mesma criana encontram-se diferenas na

    organizao dos contedos: as orais mostram maiornmero de interconexes locais e as escritas, maiorquantidade de interconexes globais (Gillam eJohnston, 1992). As primeiras referem-se a formaslingsticas explcitas que, no texto oral, indicam aconexo intra e inter sentencial; j, as interconexesglobais, dizem respeito ligao entre osconstituintes narrativos, o que torna o texto maisdenso. De forma geral, as interconexes locais somicro-estruturais e, portanto, coesivas, e as globaisso macro-estruturais e relativas coerncia(Norbury e Bishop, 2003; Pinheiro, 2003).

    O estudo da estrutura do texto escrito revelaque, em sua construo, a coerncia o fator maisdiretamente ligado organizao macro-estrutural(Spinillo e Martins, 1997). Esta compreende sabercompartilhado, informao nova, justificativa econcluso. A coeso a manifestao linear dotexto transmitida pelo cdigo verbal. Uma das regraspara constru-la o encadeamento entre perodos epargrafos (Strong e Shaver, 1991). O que torna umtexto diferente de um amontoado de frases suatextualidade. Esta engloba coerncia, coeso,intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade,informatividade e intertextualidade. As duasprimeiras tm relao com os elementos conceituaise lingsticos, as cinco ltimas relacionam-se aosfatores pragmticos envolvidos na construo dotexto (Felisbino, 2001, Dijk, 2006).

    A comparao de esquemas de narrativas oraise escritas de escolares com e sem distrbios delinguagem, evidencia maior nmero de unidadesgramaticalmente inaceitveis produzidas porcrianas com alteraes de linguagem oral. Estainadequao gramatical reflete-se tambm naescrita, apesar de se manifestar de forma diferenteem cada uma das modalidades de comunicao(Gillam e Johnston, 1992; Fey et al., 2004).

    Foram encontradas e estudadas, sete variveisusadas na elaborao do texto narrativo(porcentagem e nmero total de episdios usados,mdia do nmero de palavras por clusula, mdiado nmero de clusulas subordinadas porunidades, mdia do nmero de palavras por clusulasubordinada, porcentagem de unidades gramaticaise porcentagem de ns coesivos completos) quepodem ser agrupadas em dois constituintes: deorganizao global (referentes construoepisdica da narrativa) e o de estruturao intra einter sentencial (referente a fatores deprodutividade). As variveis pertencentes aosegundo constituinte foram consideradas maisefetivas na diferenciao de grupos de crianas come sem distrbio de linguagem (Liles et al., 1995).

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    Crianas com distrbio de linguagemconseguem desenvolver macro-estruturasnarrativas. Porm, nem sempre esta capacidade suficientemente elaborada e flexvel para asexigncias do aprendizado adequado da lnguaescrita. Geralmente, estas crianas apresentammais dificuldade em realizar inferncias querequerem integrao de informaes e maisdificuldade em compreender os estados internosdas personagens (Norbury e Bishop, 2003). Comrelao micro-estrutura, apresentam dificuldadede selecionar esquemas coesivos e sintticos eusam mais estruturas coordenadas quesubordinadas e, dessa forma, apresentamdificuldades com coerncia e coeso,especialmente na construo do texto escrito(Sayeg-Siqueira, 1990).

    O estudo de diversos parmetros relacionados produtividade, (que diz respeito a medidasfracionadas - por exemplo, dividir um critrioestudado por uma unidade escolhida, comooraes, sentenas), fluncia, diversidade lexicale complexidade gramatical, auxilia na diferenciaode grupos de crianas com e sem distrbios delinguagem. Escolares com dificuldades delinguagem tm um desempenho pior nas medidasde produtividade e complexidade gramatical (Scotte Windsor, 2000). As autoras requisitaram scrianas a elaborao de um discurso narrativo eoutro expositivo, tanto de forma oral quantoescrita. A nica medida estudada que se mostrouefetiva na diferenciao dos grupos foi a obtidapela identificao dos erros gramaticais. Amodalidade escrita apresentou maior nmero deerros e menor extenso que as verses orais emambos os grupos.

    bom lembrar que, antes do escolar tornar-se competente na programao e execuo desuas prprias histrias, passa por um perodoem que apreende os esquemas culturais denarrativa. Segundo Dijk (2006), os usurios dalinguagem constroem um modelo, umarepresentao do fato ou da situao da qualtrata o texto e isso lhe permite, posteriormente,construir um texto com coeso e coerncia, bemcomo compreend-lo. Para isso, soespecialmente importantes as histrias infantiscontadas por pais e professores. Estas histriasguiaro a construo mais elaborada de roteirosmentais, necessrios compreenso e criaode narrativas prprias (Brockmeier e Harr, 2003).As dificuldades iniciais observadas na linguagemoral podem, influenciar, posteriormente, asprodues escritas.

    O conhecimento sobre o desenvolvimento dalinguagem oral tornou possvel um entendimentomais claro e conclusivo sobre como as crianasconstroem suas narrativas.

    A possibilidade de mensurar e qualificar ascaractersticas lingsticas e de narrativa dasprodues orais e escritas de crianas tpicas nos ajudaa compreender o processo de aquisio edesenvolvimento das capacidades de linguagem nessapopulao e nas crianas que apresentem distrbiosdas aquisies e desenvolvimentos da linguagem orale, em conseqncia, do aprendizado da escrita.

    Alm das diversidades entre as narrativas oraise escritas apontadas pela literatura em estudos comcrianas tpicas e a portadora de alteraes delinguagem oral ou escrita, outras diferenas sopercebidas por meio da observao clnica. Estamostra tambm, que as produes espontneas denarrativas escritas, elaboradas por escolares comdistrbios de leitura e escrita, so extremamentelaboriosas, pobres e incompletas (Santos e Navas,2002). Inmeras vezes o resultado obtido ao finaldestas elaboraes inviabiliza a comparao comredaes de escolares tpicos. Por este motivo, paraque se alcanasse a homogeneidade que permitissecomparaes, neste estudo, os escolaresrecontaram oralmente e por meio da escrita, umahistria infantil bastante conhecida: "ChapeuzinhoVermelho" (Ferreiro et al., 1996).

    Levando em considerao a possibilidadedessas crianas apresentarem alteraes advindase ainda presentes na linguagem oral, pode-seesperar que os produtos de suas narrativas orais,tanto quanto das escritas, apresenteminadequaes. certo que toda produo oralapresenta como estratgia de construo doprprio texto a repetio, quer seja comomecanismo coesivo, ou, como forma de retorno aoturno (Koch, 2003). A fala e a escrita constituemduas modalidades de uso da lngua e apesar deutilizarem o mesmo sistema lingstico, possuemcaractersticas prprias (Koch, 2003). Estascaractersticas devem influenciar a freqncia deitens lingsticos na comunicao oral, quandocomparada escrita. Estas diferenas tambmdevem ser encontradas quando se analisamprodues orais e escritas de indivduos comalteraes da linguagem oral e /ou escrita.

    A partir do exposto acima, este trabalho tevecomo objetivo estudar caractersticas deprodutividade lingstica e de narrativa, deprodues orais e escritas de um grupo de escolarescom diagnstico fonoaudiolgico de distrbio dalinguagem oral e da escrita.

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    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita.

    Mtodo

    Este trabalho foi submetido ao Comit de ticaem Pesquisa da Universidade Federal de So Pauloe aprovado (nmero do protocolo: 0404/03) e iniciadoaps o consentimento livre e esclarecido, de todosos responsveis pelos escolares envolvidos.

    Sujeitos

    Foram avaliados 30 escolares dos sexosmasculino e feminino, com idades variando entresete e 13 anos, separados em dois grupos:

    Grupo pesquisa

    Foram selecionados 15 pacientes do Ambulatriode terapia fonoaudiolgica do Hospital So Paulo/UNIFESP-EPM. Eram todos alunos matriculados emEscolas Pblicas Estaduais de diferentes regies domunicpio de So Paulo (1 a 5 sries) e freqentavam

    o referido Ambulatrio por apresentarem diferentesdistrbios de linguagem oral e escrita. Todos ospacientes apresentavam, como motivo principal decomparecimento ao referido Ambulatrio a presenade queixas e dificuldades relacionadas ao aprendizadoe/ou ao uso funcional da leitura e da escrita. No entanto,a avaliao fonoaudiolgica evidenciou a presena dealteraes da linguagem oral, caracterizadas,principalmente, por restries lxico-semnticas, ealteraes no uso da sintaxe. Todos receberam, ao finalda avaliao, diagnstico fonoaudiolgico de distrbiodo desenvolvimento da linguagem oral e distrbio daleitura e da escrita. Foram considerados como critriosde excluso: a presena de dficits sensoriais,cognitivos ou de distrbios neurolgicos (Tabela 1).

    Grupo controle

    Foram selecionados 15 escolares de seis anos edez meses a dez anos e quatro meses, sem queixaformal de dificuldade do aprendizado da leitura e daescrita a partir da indicao das respectivasprofessoras. Todos estavam matriculados em umaescola pblica estadual da zona sul do municpio deSo Paulo, onde cursavam da 1 5 sries do EnsinoFundamental. A seleo foi realizada aps aindicao, realizada pelas professoras, de alunos dasdiferentes sries, sem quaisquer dificuldadesescolares, ou seja, que no tivessem apresentado,at o momento da coleta do material lingstico,quaisquer dificuldades pedaggicas de aprendizado.Foram considerados os mesmos critrios de exclusoobservados para o grupo pesquisa (Tabela 2).

    Procedimentos

    Foram coletadas amostras de narrativa oral e escritados 30 escolares, obtidas a partir de reconto da mesmahistria infantil. A coleta foi realizada individualmenteem sala silenciosa na prpria escola ou no ambulatrio.

    A cada criana foi inicialmente solicitado quecontasse oralmente a histria do "ChapeuzinhoVermelho". Este recurso foi escolhido uma vez que aelaborao de uma histria espontnea demandariamais recursos cognitivos do que a recontagem deuma j conhecida (Ferreiro et al., 1996). Nenhumainterrupo ou sinal gestual ou facial foi fornecidodurante o reconto.

    Cada histria contada foi gravada em um minigravador Aiwa, modelo TP-VS485, em uma fita casseteSony EF-X 60 minutos. As produes orais foramtranscritas canonicamente.

    TABELA 1. Distribuio dos escolares do grupo pesquisa.

    Sexo Idade (anos)

    Masculino Feminino TOTAL

    7 - 1 1

    8 2 1 3

    9 1 2 3

    10 - 3 3

    11 2 1 3

    12 - - -

    13 1 1 2

    TOTAL 6 9 15

    TABELA 2. Distribuio dos escolares do grupo controle.

    Sexo Idade (Anos)

    Masculino Feminino TOTAL

    6 - 1 1

    7 3 2 5

    8 1 1 2

    9 3 2 5

    10 1 1 2

    TOTAL 8 7 15

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    Aps a narrao oral, foi oferecida a cada escolaruma folha sulfite sem pauta e um lpis HB no2. Emseguida solicitou-se ao escolar que redigisse amesma histria anteriormente relatada.

    Cada produo oral transcrita e cada produoescrita foi analisada inicialmente segundo asseguintes variveis lingsticas: nmero total depalavras, incluindo todas as classes gramaticais epalavras repetidas (Scott e Windsor, 2000); nmerototal de substantivos; nmero total de verbos -foram contados todos os verbos no conjugadosou conjugados em outros tempos verbais que noo passado; nmero total de verbos no passado;nmero total de adjetivos (Kaderavek e Sulzby,2000); nmero e discriminao dos marcadorestemporais: quando, ento, depois e antes (Souza,1996); nmero de enunciados completos (unidadesque tinham um verbo conjugado como centro);nmero de enunciados incompletos (unidades queno possuam um verbo conjugado como centro,porm expressavam uma idia) ; nmero de episdiosrelatados.

    A seguir, as produes orais transcritas e asescritas foram novamente estudadas segundo oscritrios de anlise de narrativa (Ferreiro et al., 1996).Desta forma, consideraram-se as presenas dosseguintes episdios na anlise de cada produo:1. Apresentao da personagem; 2. Me pede queChapeuzinho leve doces vov; 3. Caminhada deChapeuzinho pelo bosque; 4. Encontro dapersonagem com o lobo; 5. Chegada do lobo casada vov; 6. Dilogo cannico entre o lobo eChapeuzinho Vermelho; 7. Introduo dopersonagem caador; 8. Frmula de finalizao.

    Mtodo estatstico

    Para a anlise comparativa entre a modalidadeoral e a modalidade escrita dos grupos controle epesquisa (comparao intragrupos) foramrealizados os seguintes testes estatsticos: paravariveis paramtricas - Teste t de Student paradados pareados e para variveis no paramtricas -Teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon.

    As anlises comparativas entre o grupo controlee pesquisa nas modalidades oral e escrita(comparao intergrupos) foram realizadas por meiodo uso dos seguintes testes estatsticos: Teste t de

    Student controlado pelo Teste de Homogeneidadede Varincias de Levene, para variveisparamtricas e o Teste de Mann Whitney paravariveis no paramtricas.

    Os valores marcados com asterisco mostraramsignificncia estatstica. Foi adotado o nvel designificncia de 0,05.

    Resultados

    Comparao entre as modalidades oral e escrita(anlise intragrupos)

    A Tabela 3 apresenta a comparao entre asvariveis lingsticas utilizadas nas modalidadesoral e escrita. No grupo pesquisa, houve diferenaestatisticamente significante ao se comparar amdia do uso de verbos e o nmero total de palavras.No grupo de comparao, no houve diferenaestatisticamente significante entre as modalidadesem nenhuma das variveis estudadas.

    GP GC Variveis

    NO NE P-Valor

    NO NE P-Valor

    substantivos 30,60 21,47 0,051 22,53 30,23 0,114

    verbos 16,80 8,73 0,018* 10,53 12,62 0,689

    verbos no passado 17,87 11,80 0,056 17,83 18,15 0,840

    adjetivos 5,00 3,93 0,316 5,27 6,15 0,470

    enunciados completos 30,33 20,43 0,058 22,67 24,31 0,885 enunciados incompletos 2,93 2,14 0,253 2,00 2,46 0,880

    palavras 160,33 100,33 0,030* 122,27 141,46 0,659

    antes 0,00 0,00 > 0,999 1,50 1,00 0,500

    depois 0,27 0,00667 0,384 1,00 - -

    ento 0,00 0,33 0,238 4,50 1,20 0,500

    quando 0,33 0,27 0,582 2,00 2,13 0,749

    TABELA 3. Comparao entre a mdia de uso das variveis lingsticasestudadas nas narrativas oral e escrita nos grupos controle e pesquisa.

    Legenda: GP = grupo pesquisa; GC = grupo controle; NO = narrativa oral; NE= narrativa escrita. Testes estatsticos: teste t de Student para dados pareados.

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    Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica, v. 18, n. 2, maio-ago. 2006

    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita.

    A Tabela 4 mostra que a comparao entre onmero de episdios das modalidades oral e escritanos dois grupos no revelou nenhuma diferenaestatisticamente significante.

    Comparao entre os grupos de comparao epesquisa (anlise intergrupos)

    A Tabela 5 mostra que no houve diferenaestatisticamente significante entre as variveislingsticas estudadas quando comparamos os grupospesquisa e de controle na narrativa oral exceto para asvariveis "marcadores temporais" que apresentaramdiferena estatisticamente significante na comparaoentre os grupos na narrativa oral. Com relao comparao entre os grupos na narrativa escrita, a nicavarivel que se mostrou estatisticamente diferente foio advrbio temporal "quando".

    GP GC Episdio

    NO NE P-Valor

    NO NE P-Valor

    1 7 8 0,564 11 13 0,046

    2 10 8 0,317 7 6 0,317

    3 6 2 0,180 6 8 0,157

    4 12 10 0,317 9 11 0,157

    5 15 12 0,157 14 10 0,317

    6 12 12 > 0,999 10 11 0,317

    7 10 8 0,317 10 9 > 0,999

    8 4 3 0,317 6 7 0,414

    TABELA 4. Comparao entre o nmero de episdios relatados nas narrativasoral e escrita nos grupos pesquisa e controle.

    Legenda: GP = grupo pesquisa; GC = grupo controle; NO = narrativa oral; NE= narrativa escrita. Testes estatsticos: Teste dos Postos Sinalizados deWilcoxon.

    TABELA 5. Comparao entre os grupo de escolares com relao s variveisestudadas na narrativa oral (NO) e na narrativa escrita (NE).

    Legenda: GP = grupo pesquisa; GC = grupo controle; NO = narrativa oral; NE = narrativa escrita. Testes estatsticos: Teste t de Studentcontrolado pelo Teste de Homogeneidade de Varincias de Levene.

    NO NE Variveis

    GP GC P-Valor

    GP GC P-Valor

    substantivos 30,60 22,53 0,189 21,47 30,23 0,111

    verbos 16,80 10,53 0,182 8,73 12,62 0,188

    verbos no passado 17,87 17,83 0,905 11,80 18,15 0,137

    adjetivos 5,00 5,27 0,861 3,93 6,15 0,166

    palavras 160,33 122,27 0,302 100,33 141,46 0,133

    enunciados completos 30,33 22,67 0,310 20,43 24,31 0,456

    enunciados incompletos 2,93 2,00 0,353 2,14 2,46 0,628

    antes 0,00 1,50 < 0,001* 0,00 1,00 -

    depois 0,27 1,00 0,003* 0,00667 - -

    ento 0,00 4,50 < 0,001* 0,33 1,20 0,093

    quando 0,33 2,00 < 0,001* 0,27 2,13 0,003*

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    A Tabela 6 mostra que no houve diferenaestatisticamente significante na comparao entreos episdios apresentados pelos grupos pesquisae comparao, na modalidade oral. Na modalidadeescrita, os episdios 1 e 3 foram mais freqentes nogrupo pesquisa, sendo esta diferenaestatisticamente significante.

    Discusso

    Inicialmente, preciso lembrar que todos osescolares do grupo pesquisa procuraram o Setorde Fonoaudiologia com queixas relacionadas presena de alteraes do aprendizado da leiturae da escrita. O diagnstico destas alteraesimplicou a avaliao da linguagem oral, em seusaspectos expressivo e de compreenso, de modoa possibilitar a identificao de prejuzosexclusivamente relacionados aos mecanismos daleitura e da escrita, na ausncia de distrbios dacomunicao oral. As avaliaes destes escolaresidentificaram alteraes de compreenso eexpresso relacionadas a restries lxico-semnticas e principalmente ao uso da sintaxe.Tais alteraes no se manifestaram no perodode desenvolvimento pr-escolar, uma vez quesomente na fase escolar as queixas surgiram.

    No estudo das variveis lingsticas, acomparao intragrupo revelou que a produo orale a escrita do grupo controle foram semelhantes.Diferentemente, no grupo pesquisa (Tabela 3), onmero mdio do total de palavras e o nmero deverbos utilizados, na narrativa oral foram maiores

    TABELA 6. Nmero de episdios relatados nas narrativas oral e escrita.

    NO NE Episdio

    GP GC P-Valor

    GP GC P-Valor

    1 7 11 0,143 8 13 0,009*

    2 10 7 0,277 8 6 0,575

    3 6 6 >0,999 2 8 0,013*

    4 12 9 0,240 10 11 0,419

    5 15 14 0,315 12 10 0,564

    6 12 10 0,417 12 11 0,692

    7 10 10 >0,999 8 9 0,524

    8 4 6 0,446 3 7 0,087

    Legenda: GP = grupo pesquisa; GC = grupo controle; NO = narrativa oral; NE = narrativa escrita. Teste estatstico: Teste de Mann-Whitney.

    do que os encontrados na escrita, apesar dasrestries semntico-lexicais identificadas noprocesso diagnstico. Este resultado assemelhou-se ao de Scott e Windsor (2000) no qual foramencontradas diferenas significantes entre asnarrativas orais e escritas, sendo estas ltimasmenos extensas que as primeiras. Segundo Koch(2003) a narrativa oral, naturalmente, contm maisrepeties do que a escrita. Entretanto, nesteestudo, a significante reduo do uso de palavras,incluindo os verbos, na narrativa escrita podeconfirmar a presena das alteraes da linguagemescrita encontradas avaliao fonoaudiolgica dogrupo pesquisa.

    O estudo das variveis lingsticas no grupocontrole evidenciou semelhanas entre as mdiasde utilizao de todas as variveis quandocomparadas as duas modalidades de narrativa.Resultado semelhante foi apontado no estudo deKaderavek e Sulzby (2000), ou seja, nenhumadiferena entre as narrativas orais e escritas dosescolares do grupo controle, quanto ao uso dasvariveis lingsticas, foi encontrada.

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    Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica, v. 18, n. 2, maio-ago. 2006

    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita.

    A anlise inicial evidenciou que ambos osgrupos utilizaram verbos no passado, nas duasmodalidades de linguagem e assim, puderam indicare caracterizar suas produes como estruturasnarrativas (Oetting e Horohov, 1997; Eco, 1999;Koch e Travaglia, 2003;).

    Com relao ao uso e tipo de marcadorestemporais, no foram observadas diferenas nafreqncia de utilizao quando se compararam asprodues orais e escritas na comparaointragrupo. Com relao ao nmero absoluto devezes que tais advrbios temporais foram utilizados,foi possvel verificar que, em ordem decrescente deaparecimento, os marcadores mais freqentesforam: "quando" e "depois" na narrativa oral -diferindo dos achados de Souza (1996) e Monnerat(2003), e "ento", "quando" e "depois" na narrativaescrita.

    A anlise comparativa das estruturas narrativasrealizada entre as elaboraes orais e escritas de cadagrupo mostrou que os nmeros totais de enunciadoscompletos presentes na modalidade oral e na escritaforam semelhantes, tanto no grupo pesquisa, quantono grupo controle (Tabela 5), o que se assemelhouaos achados de Fey et al. (2004) quando compararamas duas modalidades de linguagem narrativa, comrelao ao nmero de unidades gramaticalmentecorretas. Da mesma forma, o nmero total deenunciados incompletos, das narrativas orais eescritas, no diferiu nos dois grupos. Estes resultadosso diferentes, daquele indicado na literatura, quemostrou maior nmero de enunciados nas narrativasorais do que nas escritas, as quais apresentam maiornmero de interconexes globais (Gillam e Johnston,1992; Scott e Windsor, 2000; Koch, 2003, Monnerat,2003). Aparentemente, o conhecimento prvio dotexto (a histria "Chapeuzinho Vermelho") alm de terfacilitado a coleta do material escrito, pode terinfluenciado este resultado, tornando similares osnmeros de enunciados (Ferreiro et al. 1996). Almdisso, os recursos de linguagem evidenciados pelogrupo pesquisa ao narrarem oralmente suas histrias,tambm podem explicar esses resultados.

    Como referido anteriormente no foramencontrados na literatura estudos que tenhamutilizado o parmetro "nmero de enunciadosincompletos" na anlise das produes elaboradasoralmente ou por meio da escrita como mostrou aTabela 3, que apresentou semelhanas entre asnarrativas das duas modalidades nos dois grupos.

    A anlise intergrupos mostrou, inicialmente, que onmero total de palavras (e o das palavras quandoestudadas, separadamente, por classe gramatical)utilizado pelos dois grupos, em suas narrativas orais e

    escritas, foi semelhante. Os resultados observados naanlise da narrativa oral diferiram daqueles publicadosna literatura. Segundo tais estudos crianas tpicasapresentam melhor desempenho em suas narrativasorais (maior nmero de palavras em suas estruturas denarrativa) que seus pares, de mesma idade cronolgica,com dificuldades de linguagem (Scott e Windsor, 2000).

    Observou-se que no houve diferena no usodas classes gramaticais feito pelos dois grupos. Acomparao numrica entre o uso de "verbos" e"verbos no passado" mostrou-se concordante comoutros estudos (Oetting e Horohov, 1997; Kaderaveke Sulzby, 2000). Entretanto, os valores absolutos douso do tempo verbal mostraram-se diferentes dorelatado na literatura. Esta apontou um uso menosfreqente de estruturas verbais conjugadas nopassado, em relao ao tempo presente, no grupopesquisa em relao ao controle (Kaderavek e Sulzby,2000; Conti-Ramsden, 2003). Diferentemente, nopresente estudo, os dois grupos usaram mais verbosno passado em ambas as modalidades, indicando acompreenso do uso do marcador de tempo verbal(pretrito) para caracterizar a narrativa como fato jocorrido (Eco, 1999; Dijk, 2006).

    Assim, na comparao intergrupos das narrativasorais, pde-se observar que os escolares do grupopesquisa mostraram pior desempenho apenas no usodos marcadores temporais. Portanto, apesar dassemelhanas de produtividade lexical evidenciadaspelo nmero de palavras (quaisquer que fossem asclasses gramaticais), a menor freqncia de uso dosadvrbios temporais caracterizou o grupo comdistrbios. Tais marcadores funcionam comoorganizadores de seqncia, realizam rupturas de textoe planejam outras enunciaes narrativas. O no usodesses marcadores pode produzir alteraes defluncia e complexidade gramatical do texto (Souza,1996). Assim, essa escassez pode estar relacionada soperaes sintticas, pois, assim como os demaiselementos sintticos, esses marcadores operam nacoeso micro-estrutural do texto. As alteraessintticas encontradas, avaliao da linguagem oraldesse grupo de escolares, talvez possam explicar esteachado.

    Tambm no foram encontradas diferenasestatisticamente significantes quando se comparouo nmero total de enunciados das narrativas oraisdos dois grupos de escolares. A literaturaevidenciou que crianas tpicas (de mesma idadecronolgica) apresentam maior nmero deenunciados que crianas com dificuldades delinguagem (Scott e Windsor, 2000; Bishop eClarkson, 2003), diferentemente do que foiencontrado nesta pesquisa.

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    A observao da Tabela 5 indicou que o nmerode enunciados incompletos do grupo pesquisa edo grupo controle foram semelhantes.Contrariamente, a literatura mostrou que crianascom problemas de linguagem produziram um maiornmero de unidades gramaticalmente inaceitveis(Gillam e Johnston, 1992; Fey et al., 2004) e que asdificuldades apresentadas por crianas comalteraes de linguagem so mais evidentes naestruturao gramatical intra-sentencial, o queacarretaria maior nmero de episdios incompletos(Liles et al., 1995).

    A literatura indicou tambm que crianas comproblemas de linguagem apresentam maiordificuldade em selecionar esquemas coesivos eusam mais estruturas coordenadas quesubordinadas (Liles et al., 1995). Estas podem serexpressas por relaes de finalidade, condio econcomitncia, tempo-causa e conseqncia(Sayeg-Siqueira, 1990). Semelhantemente, esteestudo mostrou que, apesar de conhecerempreviamente o texto, o grupo de escolares comdistrbios utilizou, menos freqentemente, os vriosmarcadores temporais quando se comparou suasestruturas de narrativa oral com aquelas do grupocontrole, sendo esta diferena estatisticamentesignificante (Tabela 5).

    Por outro lado, ao analisar comparativamenteas narrativas escritas, o marcador "quando" foi onico que indicou a presena de diferena entre osgrupos. Este marcador opera rupturas na seqncianarrativa, mostrando assim, que crianas tpicasapresentam maior facilidade em trabalhar com osaspectos de quebra/continuidade, caracterstico danarrativa (Souza, 1996), o que no foi possvelencontrar nas narrativas das crianas comalteraes do aprendizado, em suas elaboraesescritas.

    No foi possvel identificar diferenas entre odesempenho dos escolares do grupo pesquisa eos do grupo controle quanto ao nmero deepisdios relatados. A Tabela 6 mostrou que nohouve diferena estatisticamente significante norelato dos episdios na modalidade oral. A literaturano apontou para um consenso quanto a estacaracterstica da narrativa. Portanto, a semelhana

    dos dois grupos, quanto ao nmero de episdiosrelatados na modalidade oral, ora diferiu dosresultados de autores que evidenciaram maiornmero de relatos de episdios que pertenciam aomeio da histria, em relao aos demais (Kaderaveke Sulzby, 2000), ora concordou com outros trabalhosque no encontraram diferenas significantes naestrutura episdica das narrativas de crianas come sem dificuldades de linguagem (Liles et al., 1995;Norbury e Bishop, 2003). Nesta pesquisa foipossvel observar diferena estatisticamentesignificante no relato dos episdios 1 e 3 entre osgrupos, na modalidade escrita. Estes achadosdiferiram, em parte, dos resultados de Kaderavek eSulzby (2000) segundo os quais, o meio da histriafoi mais relatado que as demais partes e tambm deLiles et al. (1995), que no encontraram diferenassignificantes na estrutura episdica das narrativasde crianas com e sem dificuldades de linguagem.

    Finalmente, deve-se lembrar que todo oresultado obtido foi analisado luz do tipo dematerial lingstico coletado. Ou seja, uma histriaj conhecida, no sendo necessrio, para esta tarefa,o mesmo grau de processamento cognitivo que aelaborao de uma outra modalidade de texto - queno a narrao de uma histria conhecida exige.Ainda assim, diferenas importantes quanto ao usode marcadores temporais foram encontradas tantona comparao do relato oral quanto da escrita doconto conhecido mostrando, desta forma, que osprejuzos da linguagem, principalmente da escrita,afetaram os desempenhos do grupo pesquisa aonarrarem suas histrias, ainda que o materiallingstico fosse extensivamente conhecido.

    Apesar da adequao da diversidade lexicalencontrada nas narrativas orais do grupo pesquisa,a significante piora observada na modalidade escritacaracterizaram o desempenho do grupo. A escassa,ou nenhuma utilizao dos marcadores temporaisconfirmou os relatos da literatura (Scott e Windsor,2000) e tambm pde caracterizar o desempenhodo grupo pesquisa.

    Outros estudos que envolvam a anlisecomparativa da produo de diferentesmodalidades e estilos de texto devem ser realizadosde modo a confirmarem ou no estes achados.

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    Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica, v. 18, n. 2, maio-ago. 2006

    Variveis lingsticas e de narrativas no distrbio de linguagem oral e escrita.

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    Concluso

    O estudo do uso de variveis lingsticas podemostrar por meio da comparao do desempenhodos dois grupos de escolares, que o grupo decrianas com distrbio de linguagem oral e escrita:

    . apresentou maior nmero de verbos, econseqentemente de enunciados, e maiornmero total de palavras em suas narrativas orais,quando comparadas com as escritas;

    . usou menos freqentemente marcadores temporaisna modalidade oral e escrita, sugerindo que asmedidas lingsticas desses marcadores puderamcaracterizar o grupo;

    . relatou menos freqentemente certos episdios,na modalidade escrita, sugerindo que esseparmetro de anlise de narrativa tambm pdecaracterizar o distrbio da linguagem oral e escritaem atividades de narrao.

  • Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica, v. 18, n. 2, maio-ago. 2006

    Miilher e vila.188

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