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SISTEMAS DIMENSIONAIS INTRODUÇÃO O conceito de medir, traz em si, uma idéia de comparação e como só se pode comparar "coisas" de uma mesma espécie, podemos definir medição como: "medir é comparar uma dada grandeza com outra de mesma espécie, tomada como unidade". O homem precisa medir para definir seu espaço, sua atuação. Para isso, temos a metrologia como ferramenta de trabalho. A formação desta palavra é METRO = medir; LOGIA = estudo. Metro é um padrão adequado para medir por exeplo, o comprimento de um corte de tecido, a largura de uma sala, a altura de um edificio, ou mesmo a largura de uma rua. Para medir comprimentos maiores ou menores que o metro foram criadas as unidades dele derivadas. HISTÓRICO Embora "soluções metrológicas" datem de 4800 a.C., período áureo egípcio, do qual a pirâmide de Queops é o maior exemplo, os primeiros padrões de comprimento de que se tem registro são da civilização grega, que definiu o cúbito, 500 a.C.. Esse cúbito - distância do cotovelo até a ponta do indicador - foi subdividido em palmo, dígito e span, medindo cada um: - Cúbito = 523 mm - Span = 229 mm - Palmo = 76 mm - Dígito = 19 mm Com o domínio romano, o cúbito foi substituído pelo pé que era constituído de 12 polegadas, sendo esta igual ao cumprimento da segunda falange do polegar da mão do homem. A jarda que fora definida no século XII, provavelmente devido ao esporte de arco e flecha popular nessa época, como sendo a distância da ponta do nariz do Rei Henrique I até o polegar, só foi oficializada como unidade de comprimento em 1558 pela Rainha Elizabeth e materializada por uma barra de bronze. Nesta mesma época fixou-se o pé como unidade de comprimento, através de decreto real que versava: “Num certo domingo, ao saírem da igreja, dezesseis homens deverão alinhar-se tocando o pé esquerdo um no outro. a distância assim coberta será denominada vara e um dezesseis ávos será o pé”. A jarda, como é hoje conhecida, foi estabelecida em 1878 como sendo a distância entre os terminais de ouro de uma barra de bronze, medida a 62° F (18° C). Nesse período, na Europa Continental, especificamente na França,

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Page 1: Metrologia 01

SISTEMAS DIMENSIONAIS

INTRODUÇÃOO conceito de medir, traz em si, uma idéia de comparação e como só se pode comparar "coisas" de uma mesma espécie, podemos definir medição como: "medir é comparar uma dada grandeza com outra de mesma espécie, tomada como unidade".

O homem precisa medir para definir seu espaço, sua atuação. Para isso, temos a metrologia como ferramenta de trabalho.

A formação desta palavra é METRO = medir; LOGIA = estudo.

Metro é um padrão adequado para medir por exeplo, o comprimento de um corte de tecido, a largura de uma sala, a altura de um edificio, ou mesmo a largura de uma rua. Para medir comprimentos maiores ou menores que o metro foram criadas as unidades dele derivadas.

HISTÓRICOEmbora "soluções metrológicas" datem de 4800 a.C., período áureo egípcio, do qual a pirâmide de Queops é o maior exemplo, os primeiros padrões de comprimento de que se tem registro são da civilização grega, que definiu o cúbito, 500 a.C.. Esse cúbito - distância do cotovelo até a ponta do indicador - foi subdividido em palmo, dígito e span, medindo cada um:

- Cúbito = 523 mm- Span = 229 mm- Palmo = 76 mm- Dígito = 19 mm

Com o domínio romano, o cúbito foi substituído pelo pé que era constituído de 12 polegadas, sendo esta igual ao cumprimento da segunda falange do polegar da mão do homem.

A jarda que fora definida no século XII, provavelmente devido ao esporte de arco e flecha popular nessa época, como sendo a distância da ponta do nariz do Rei Henrique I até o polegar, só foi oficializada como unidade de comprimento em 1558 pela Rainha Elizabeth e materializada por uma barra de bronze.

Nesta mesma época fixou-se o pé como unidade de comprimento, através de decreto real que versava: “Num certo domingo, ao saírem da igreja, dezesseis homens deverão alinhar-se tocando o pé esquerdo um no outro. a distância assim coberta será denominada vara e um dezesseis ávos será o pé”.

A jarda, como é hoje conhecida, foi estabelecida em 1878 como sendo a distância entre os terminais de ouro de uma barra de bronze, medida a 62° F (18° C).

Nesse período, na Europa Continental, especificamente na França, procurou-se uma forma de definir um padrão de comprimento que não dependesse da estatura da família real. Assim, por volta de 1790, definiu-se o metro utilizando como referência o meridiano da terra - metro é 1:40.000.000 do comprimento do meridiano que passa por Dunquerque.

Em 1837 foram refeitos os cálculos, obtendo-se, valores ligeiramente diferentes; por isso, a definição do metro foi alterada e passou a ser : "o metro é a distância medida à temperatura do gelo fundente, entre dois traços gravados em uma barra de platina irradiada, depositada no Bureau Internacional des Poids et Mesures (BIPM), e considerado o protótipo do metro pela Primeira Conferência Geral de Pesos e Medidas, e 1889, esta barra estando à pressão normal é apoiada sobre roletes nos pontos de deflexão mínima".

Em 1960 foi adotados por convenção internacional, o metro como sendo 1.670.763,73 comprimentos da onda da raia alaranjada da lâmpada de vapor de criptônio 86; conseguia-se, assim, reproduzir o metro com uma precisão de 1:10.

Em 20/10/1983 na 17ª Reunião do “Lê Bureau International Dês Poids et Measures” chegou a definição do metro baseada no comprimento da luz gerada por um laser de Hélio-Neon no vácuo.

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Hoje define-se: “Um metro é a distância liner percorrida pela luz no vácuo, no intervalo de tempo de 1 segundo dividido por 299.792.458”.

Figura 1 - Origem do metro

Desta forma foi criada a unidade metro. Porém na sua mais variada utilização houve a necessidade de se criar as suas subdivisões:

1 m/10 = 0,1m – 1 decímetro

0,1/10 = 0,01m – 1 centímetro

0,01/10 = 0,001m – 1 milímetro

0,001/10 = 0,0001m - 0,1 m/m

...

Figura 2 - Representação de subdivisão do metro

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Assim temos:

Prefixo Simb. Fator pot. Fator numeral em gramas

Yotta Y 1024 1 000 000 000 000 000 000 000 000

Zetta Z 1021 1 000 000 000 000 000 000 000

Exa E 1018 1 000 000 000 000 000 000

Peta P 1015 1 000 000 000 000 000

Terá T 1012 1 000 000 000 000

Giga G 109 1 000 000 000

Mega M 106 1 000 000

Quilo k (1) 103 1 000

Hecto h 102 1 00

Deca da 10 1 0

Deci d 10−1 0,1

Centi c 10−2 0,01

Mili m 10−3 0,001

Micro µ 10−6 0,000 001

Nano n 10−9 0,000 000 001

Pico p (2) 10−12 0,000 000 000 001

Femto f 10−15 0,000 000 000 000 001

Atto a 10−18 0,000 000 000 000 000 001

Zepto z 10−21 0,000 000 000 000 000 000 001

Yocto y 10−24 0,000 000 000 000 000 000 000 001

Tabela 1- Representação dos prefixos e sua simbologia

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Lembrando: na Matemática, para medir as coisas de modo que todos entendam, é necessário adotar um ‘padrão’, ou seja, uma unidade de medida, esta unidade é o metro e seu submúltiplo mais comum o milímetro, cuja abreviação é mm. Ele é tão comum que, em geral, nos desenhos técnicos, essa abreviação (mm) nem aparece.

O milímetro é a milésima parte do metro, ou seja, é igual a uma parte do metro que foi dividido em 1000 partes iguais. Provavelmente, você deve estar pensando: “Puxa! Que medida pequenininha! Imagine dividir o metro em 1.000 partes!”. Pois, na Mecânica, essa unidade de medida é ainda considerada enorme, quando se pensa no encaixe de precisão, como no caso de rolamentos, buchas, eixos. E essa unidade é maior ainda para instrumentos de medição, como calibradores ou blocos-padrão.

Assim, na mecânica ou outras ciências emprega medidas ainda menores que o milímetro, como mostra a tabela 02:

Submúltiplos do Metro Representação Correspondência

Décimo de milímetro 0,1 mm 1

10Centésimo de

milímetro0,01 mm

1 100

Milésimo de milímetro 0,001mm 1

1000

Tabela 2 - Submúltiplos do metro

Onde, o milésimo de milímetro também é representado pela letra grega (lê-se mi). Assim, o milésimo de milímetro pode também ser chamado de micrometro ou, simplesmente, de mícron (0,001 mm = 1 m = 1).

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METROLOGIA COMO ESTUDOComo já visto anteriormente, metrologia é a ciência da medição, com a qual se utiliza de instrumentos e que pode auxiliar na medição ou, “fazer” a medição, com base em um dado pré-estabelecido, entenda como, referência padronizada; assim sendo a metrologia é uma das funções básicas necessárias a todo esta quantificação das características do produto e do processo. Esta quantificação é conseguida através de:

- definição das unidades padronizadas, conhecidas por unidade de medida, que permitem a conversão de abstrações como comprimento e massa em grandezas quantificáveis como metro, quilograma etc;

- instrumentos que são calibrados em termos destas unidades de medidas padronizadas;

- uso destes instrumentos para quantificar ou medir as "dimensões" do produto ou processo de análise.

A este item, inclui-se o operador, que é, talvez, o mais importante. É ele a parte inteligente na apreciação das medidas. De sua habilidade depende, em grande parte, a precisão conseguida. É necessário ao operador:

- conhecer o instrumento;

- adaptar-se as circunstâncias;

- escolher o método mais aconselhável para interpretar os resultados.

Nota: no Laboratório de Metrologia:

- Temperatura constante de 20 ±1°C;

- Teor de umidade, ou Grau Higrométrico controlado de 50 ±3%. Obs: o cloreto de cálcio indústrial retira cerca de 15% da umidade;

- Ausência de vibrações e oscilações;

- Espaço suficiente;

- Boa iluminação;

- Limpeza do ambiente e instrumentos de medição.

TIPOS DE MEDIDAS E MEDIÇÕES

A partir da noção de que fundamentalmente medir é comparar, uma medida pode ser obtida por dois métodos distintos:

Medição por comparação Direta:

Compara-se o objeto da medida com uma escala conveniente, obtendo-se um resultado em valor absoluto e unidade coerente. Por exemplo: medição da distância entre dois traços utilizando-se uma régua graduada aferida, ou paquimetro também, aferido.

Medição por comparação Indireta:

Compara-se o objeto da medida com um padrão de mesma natureza ou propriedade, inferindo sobre as características medidas/verificadas. Por exemplo, medições/controle de peças com calibradores passa-não-passa; utilização de relógios comparadores.

Na prática, normalmente, simplifica-se os termos acima definidos. Assim, encontramos usualmente "medida direta" e "medição por comparação" ou "medição indireta".

Critérios de escolha, a passagem de medição direta para indireta pode, em geral, ser associada a dois fatos:

- Tempo necessário para executar a medição;

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- Necessidade de resolução ou precisão incompatíveis com a dimensão a ser medida (com instrumentos de medição direta), por exemplo: 50 mm com 0,1mm de precisão

Exatidão e Precisão

A exatidão é proporcional a diferença entre um valor observado e o valor de referência. Normalmente, o valor observado é a média de diversos valores individuais.

A precisão é proporcional a diferença entre si dos valores observados para obter-se uma medida. Assim, quanto maior a concordância entre os valores individuais de um conjunto de medidas maior é a precisão.

Medidas Espaciais

- Retilineidade

- Ortogonalidade

- Posicionamento

- Planeza

Tolerância das Medidas

Para efeito de uniformidade de linguagem, no caso de medições simples, tem-se as seguintes definições que são normalmente utilizadas:

- Dimensão Nominal: é a dimensão usada na caracterização da medida. Esta dimensão é, geralmente, conhecida;

- Dimensões Limites: são as dimensões máxima e mínima que a medida pode ter sem ser rejeitada.

-· Dimensão Máxima: é o valor máximo que se permite para a medida.

-· Dimensão Mínima: é a dimensão mínima que se permite para a medida.

-·Dimensão Efetiva: é qualquer valor obtido para a medida, com um aparelho de resolução suficiente para controlar as medidas máxima e mínima.

-·Tolerância: é a diferença entre os valores máximo e mínimos admissíveis para a medida;.

- Afastamento Superior: é a diferença entre a dimensão máxima e a dimensão nominal. Pode ter valor positivo ou negativo. A notação "As" é usada para furo e "as" para eixo.

-·Afastamento Inferior: é a diferença entre a dimensão mínima e a dimensão nominal. Pode ter valor positivo ou negativo.

- Linha de Base: na representação gráfica, é a linha que coincide com a dimensão nominal da medida.

- Medida Tolerada: é o conjunto de medida nominal acompanhada dos afastamentos superior e inferior.

- Campo de Tolerância: é o conjunto dos valores compreendidos entre as dimensões máxima e mínima da medida.

Tolerância de Forma e Posição

No caso e peças mais complexas, não é suficiente apenas garantir que certas características básicas estejam dentro de limites pré estabelecidos. Para garantir o desempenho de uma peça é necessário que ela esteja geometricamente dentro de limites pré estabelecidos. Assim é necessário que, em um plano, um furo seja o mais circular possível e no espaço mais cilíndrico

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possível. É necessário, pois que se estabeleçam valores limites para a localização e para a posição relativa das superfícies.

INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA

A regra das "quatro a dez vezes" para se fazer uma medição correta, não é exigido por norma, mas é usual que uma dimensão tolerada, por exemplo, dentro de 0,05mm seja controlada por micrômetro de precisão 0,01mm, resultando em uma relação de 5.

Qual a importância dessa regra? Foram desenvolvidos cálculos, baseados em premissas diversas, que demonstram que:

- a probabilidade de se cometer erro na medida, quando a relação é menor que 4, é muito grande.

- o custo do sistema torna-se exagerado quando a relação é maior do que 10.

Um sistema deve considerar essa regra, para ser seguida em cada caso e condições complementares, já em casos que uma relação maior ou igual a quatro não seja possível de ser observada. Tais condições poderiam ser:

- Uso de vários instrumentos, sendo considerada, como resultado, a média de suas leituras;

- Controle das condições ambientais;

- Uso do operador mais especializado e, se justificável, até único;

- Menor intervalo de calibração;

- Uso de procedimento de medição mais específico e detalhado.

Em resumo, as providências possíveis para eliminação das fontes de erro.

Principais Instrumentos de Pressão e Temperatura

- Manômetro: instrumento para medir e indicar pressão maior do que a pressão ambiente.

- Vacuômetro: instrumento para medir e indicar pressão menor do que a pressão ambiente.

- Manovacuômetro: instrumento pra medir e indicar pressão maior ou menor do que a pressão ambiente.

- Termômetro: instrumento para medir e indicar temperatura. Devido a utilização de diferentes unidades e escalas de temperaturas, podemos ter valores positivos ou negativos. Seu funcionamento básico, normalmente é através da "dilatação".

PADRÕES

A humanidade se preocupa com o problema "medição" e fica claro com o histórico apresentado anteriormente, porém, a existência de um sistema de medidas ou unidades é apenas necessário, e não suficiente. Onde é preciso garantir ainda:

a) a utilização de tal sistema;

b) a homogeneidade dos processos de medida.

O primeiro é conseguido através da existência, no país usuário, de um órgão que estabeleça o sistema compulsoriamente, e isto é feito no Brasil através do CONMETRO. O segundo é feito através da manutenção de padrões de referência e de meios de dissiminação para os usuários, e isto é feito - à semelhança do National Bureau of Standards (NBS) nos EUA, criado em 1901 - pelo INMETRO.

O NBS, tem como tarefas básicas, oferecer:

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- Serviços de medição para a ciência e tecnologia;

- Ciência e tecnologia para a indústria e para o governo;

- Serviços tecnológicos para paridade no comércio;

- Serviços tecnológicos para a segurança pública;

- Serviços de informação tecnológica.

No Brasil, existe o CONMETRO e INMETRO, onde estes orgãos permitem assegurar que em todos os ramos de nossas atividades é necessário ter: a referência, através da conceituação da rastreabilidade.

A definição será abordada apenas intuitivamente. A palavra rastreabilidade é uma transformação da palavra rastreamento, e significa aquilo que é possível ser seguido até uma origem qualquer.

A maioria das atividades do homem tem por finalidade transações técnicas e comerciais. Para tanto o cedente e o adquirente querem ter garantia do que (produto com qualidade) e de quanto (quantidade) está sendo transacionado. Para garantir isto, é necessário que ambos estejam baseados nas mesmas referências e que os processos de medição sejam homogêneos, ou inversamente, através de análise dos resultados e da análise do processo de medida, cada um chega a uma referência comum. É o que caracteriza a rastreabilidade.

Idealmente, o sistema nacional deveria ter o esquema organizacional abaixo:

CONMETRO - Conselho Nacional de Normatização, Metrologia e Qualidade Indústrial.

SINMETRO - Sistema Nacional de Normatização, Metrologia e Qualidade Indústrial.

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Indústrial.

CEMCI - Centro de Metrologia Científica e Indústrial.

O equilíbrio de tal sistema organizacional é dinâmico e deve se suportado por atividades interlaboratoriais, para constituir uma rede nacional de metrologia.

Os laboratórios constituintes deste esquema, principalmente a nível de laboratórios de transferência, seriam estabelecidos pelo INMETRO, através de credenciamento e constituiriam a Rede Nacional de Calibração.

CONFIRMAÇÃO / COMPROVAÇÃO METROLÓGICA

É o conjunto de operações requeridas para garantir que um item de equipamento de medição encontra-se em um estado de conformidade com as especificações para seu uso pretendido. Geralmente, inclui calibração, qualquer ajuste e/ou reparo necessário e as re-calibrações subsequentes, assim como qualquer selagem e rotulagem necessária.

Requisitos ISO-9001/9002

-·Seleção de Equipamento;

- Calibração e Ajuste;

- Procedimentos;

- Identificação da Situação;

- Registros;

- Condições Ambientais Adequadas;

- Preservação;

- Proteção (selo, lacre etc).

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Ajuste

É a operação designada para trazer um instrumento de medição para um estado de desempenho, ausente de tendências e adequado ao seu uso.

Calibração

Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição, ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões.

Manutenção

É o ato de manter um instrumento em perfeitas condições de uso, de acordo com normas pré-estabelecidas em função da utilização do mesmo. Podemos classificá-la basicamente em:

- Preventiva

- Corretiva.

"A precisão e a qualidade de seus produtos está ligada ao perfeito desempenho e eficiência de seus instrumentos".

A escolha do instrumento adequado é muito importante para o seu trabalho bem como sua melhor utilização, mas sem dúvida os cuidados com os mesmos são essências para sua duração e melhor performance.

Algumas dicas de como conservar e proceder com os mesmos:

Paquímetros

- Posicione corretamente os bicos principais na medição externa aproximando o máximo possível a peça da escala graduada. Isso evitará erros por folga do cursor e o desgaste prematura das pontas onde a área de contato é menor.

- Não utilize o paquímetro em esforços excessivos. Tome providências para que o instrumento não sofra quedas ou seja usado no lugar do martelo, ou como outro objeto.

- Evite danos nas pontas de medição. Procure que as orelhas de medição nunca sejam utilizadas como compasso de traçagem. Nem outras pontas.

- Limpe cuidadosamente após o uso com um pano macio, para retirar poeira e sujeira.

- Ao guardá-lo por um grande período, aplique uma camada de óleo anti-ferrugem suavemente em todas as faces do instrumento.

- Não o exponha diretamente à luz do sol.

- Deixe as faces de medição ligeiramente separadas, de 0,2 a 2 mm.

Traçadores de Altura

- Guarde o instrumento sempre sem a ponta se for necessário manter o traçador com a ponta montada, deixe-a separada do desempeno de 2 a 20mm. Isso evitará danos e acidentes.

- Ao guardar-lo por uma longo período, aplique óleo anti-ferrugem suavemente em todas as faces do instrumento.

- Não exponha o instrumento diretamente ao sol.

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Micrômetros

- Nunca faça girar violentamente o micrômetro. Essa prática poderá acarretar o desgaste prematuro, e/ou com acidentes.

- Após seu uso, limpe cuidadosamente, retirando sujeiras e marcas deixadas pelos dedos no manuseio.

- Aplique uma camada de óleo anti-ferrugem em todas as faces do instrumento sempre que for guardá-lo por longos períodos.

- Deixe as faces de medição ligeiramente separadas de 0,1 a 1 mm.

- Não deixe o fuso travado.

Relógios Comparadores

- Após o uso limpe sujeiras e marcas deixadas pelos dedos no manuseio. Use um pano macio e seco.

- Proteja o relógio ao guardá-lo por longos períodos. Usando um pano macio embebido em óleo anti-ferrugem.

- Não exponha o relógio diretamente à luz do sol.

- Guarde-o em ambiente de baixa umidade, com boa ventilação e livre de poeira.

- Guarde-o sempre em seu estojo (ou saco plástico)

Normas Gerais de Medição

Medição é uma operação simples, porém só poderá ser bem efetuada por aqueles que se preparam para tal fim. O aprendizado de medição deverá ser acompanhado por um treinamento, quando o aluno será orientado segundo as normas gerais de medição, que são elas:

1. Tranqüilidade.2. Limpeza.3. Cuidado.4. Paciência.5. Senso de responsabilidade.6. Sensibilidade.7. Finalidade da posição medida.8. Instrumento adequado.9. Domínio sobre o instrumento.

Recomendações

Os instrumentos de medição são utilizados para determinar grandezas. A grandeza pode ser determinada por comparação e por leitura em escala ou régua graduada. É dever de todos os profissionais zelar pelo bom estado dos instrumentos de medição, mantendo-se assim, por maior tempo, sua real precisão. Evite:

1. Choques, queda, arranhões, oxidação e sujeira; 2. Misturar instrumentos; 3. Cargas excessivas no uso; medir provocando atrito entre a peça e o

instrumento; 4. Medir peças cuja temperatura, quer pela usinagem quer por exposição a uma

fonte de calor, esteja fora da temperatura de referência; 5. Medir peças sem importância com instrumentos caros.

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PAQUÍMETRO

Ao medirmos com uma régua, a menor divisão presente é o mm. Para se medir décimos de mm ou até centésimos de mm, bastaria então acrescentar mais traços à escala. Na prática isto é inviável, visto que os traços ficariam tão próximos que seria impossível visualiza-los. Uma forma de contornar este problema é utilizando um paquímetro. O paquímetro é uma régua normal equipada com um dispositivo chamado nônio ou vernier que permite medições de décimos ou centésimos de mm, dependendo do instrumento. O nônio do paquímetro é similar aos dispositivos também presentes em outros aparelhos de medidas tais como balanças analíticas, espectroscópios, microscópios, etc.

É um instrumento usado para medir as dimensões lineares internas, externas e de profundidade de uma peça. Consiste em uma régua graduada, com encosto fixo, sobre o qual desliza um cursor.

Esse sistema de medição é constituido basicamente de dois corpos móveis que permitem geralmente quatro maneiras de acesso para efetuar a medição e, são chamados de paquímetros quadrimencionais.

O paquímetro é geralmente construído em aço inoxídavel temperado e suas graduações são aferidas a 20°C. A escala é graduada em milimetros e/ou polegadas, podendo a polegada ser fracionária ou milesimal. O cursor é provido de uma graduação especial (Nônio) que se desloca em frente as escalas da haste e indica o valor da dimensão tomada. Podem fornecer resultados de medição com leituras de 0,01 mm, 0,05 mm ou 0,02 mm no sitema métrico e de 0,0001” ou 1/28” no sistema polelega.

Figura 3 - Paquímetro universal e seus componentes básicos: 1) Bico externos, 2) Bicos internos, 3) Medidor de profundidade, 4) Escala principal em cm/mm, 5) Escala principal em polegadas, 6) Vernier em cm, 7) Vernier em polegadas, 8) Retentor de cursor.

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Figura 4 - Componentes de um paquímetro

Figura 5 - Componentes de paquímetros

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NÔNIO

O nônio é a parte do paquímetro cuja finalidade é proporcionar uma medida com uma resolução menor (mais precisa) do que a feita somente com a escala fixa. A escala do cursor é chamada de nônio ou vernier, em homenagem portugues Pedro Nunes e ao frances Pierre Vernier, considerados seus inventores. O nônio baseia-se na divisão de X de uma escala graduada fixa por X+1 de uma escala graduada móvel.O nônio possui uma escala com n divisões para X mm da escala fixa.

Figura 6 - Representação de Vernier ou Nônio

Tomando-se 9 divisões da escala fixa e dividindo-se em 10 partes, cada uma dessas divisões medirá 0,9, e a diferença com 1 divisão será portanto, 1-0,9, isto é, 0,1. Esta diferença é também a aproximação máxima que pode ser fornecido pelo instrumento. Estando pois, o zero da graduação do cursor coincidente com qualquer dos traços da haste, a diferença entre o primeiro traço do cursor e da haste será de 0,1, para o segundo 0,2, etc. Inversamente, quando um qualquer dos traços da haste, ele indica a parte fracionária da medida, que terá então, tantos inteiros quantas são as divisões da haste até o zero do nônio, mais a fração indicada pelo traço da mesma.

No caso da figura a cima, o nônio está dividido em 10 partes iguais para 9 mm. Cada divisão do nônio possui 9/10 mm, portanto o 1º traço do nônio está a 1/10 mm do próximo traço na escala fixa (comprimento esse que é a resolução do paquímetro), o 2º traço do nônio está a 2/10 mm do seu próximo traço na escala fixa e assim sucessivamente

CÁLCULO DE RESOLUÇÃO:

A resolução de um paquímetro é a distância compreendida entre a 1ª subdivisão do nônio e a subdivisão subseqüente na escala fixa. Se o nônio mede X mm, e é dividido em n partes iguais, o comprimento compreendido entre duas subdivisões consecutivas do nônio é X/n. Este valor tem o seguinte formato em notação decimal: I,D. I representa a parte inteira do número decimal e D representa a parte fracionária. Por exemplo:

X=39 mm e n = 20 X/n = 1,95. I=1.

Resolução = (I+1)-X/n

Entendendo:

Nônio de 9 mm com 10 divisões X/n = 0,9

Resolução = 1 – 0,9 = 0,1 mm

Nônio de 39 mm com 20 divisões X/n = 1,95

Resolução = 2 − 1,95 = 0,05 mm

Nônio de 49 mm com 50 divisões X/n = 0,98

Resolução = 1 − 0,98 = 0,02 mm

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Como efetuar uma leitura de medidas em paquímetros analógicos:

1- Posicione o bico móvel de forma tal que a peça a ser medida se adapte com folga entre os bicos fixo e móvel (medida externa) ou entre as orelhas (medida interna) ou entre a haste de profundidade e a escala fixa (medida de profundidade);

2- Mova as partes móveis com o polegar atuando no impulsor até que a parte móvel (bico, orelha ou haste) encoste suavemente na peça;

3- Leia na escala fixa o número de milímetros inteiros (à esquerda do zero do nônio);

4- Leia a parte fracionária da medida observando qual traço do nônio coincide com algum traço da escala fixa e calcule o valor da fração multiplicando o número desse traço pela resolução.

CALIBRAÇÃO E AJUSTE

Para verificar a exatidão do paquímetro (calibração) utilizam-se blocos padrão de diversos tamanhos, de acordo com sua capacidade ou sistemas especificamente desenvolvidos para verificação periódica

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TIPOS DE PAQUÍMETROS E SUAS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

Para atender as mais diversas necessidades da indústria de mecânica de precisão foram desenvolvidos diversos tipos de paquímetros, sempre procurando tornar mais fácil tanto o acesso ao lugar da medição como o seu manuseio e leitura. A seguir, indicam-se os principais:

• Paquímetros Universais: Modelo convencional (e para canhoto) com as quatro possibilidades de acesso ao lugar da medição já descritas. É utilizado em medições internas, externas, de profundidade e de ressaltos. Trata-se do tipo mais usado.

• Paquímetro Universal com relógio: O relógio acoplado ao cursor facilita a leitura, agilizando a medição.

• Com bico móvel: Empregado para medir peças cónicas ou peças com rebaixos de diâmetros diferentes.

• Com superfície de medição de metal duro: Este modelo possui pastilhas de metal duro nos bicos de medição principais. Especialmente desenvolvido para medição em grande quantidade.

• Paquímetro de Profundidade: Usado para medir a profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos etc. Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simpfes ou haste com gancho.

• Paquímetro Duplo: Usado para medir dentes de engrenagens.

• Paquímetro Digital: Utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe, e ideal para controle estatístico.

Figura 7 - Paquímetro Universal, Paquímetro Digital, Paquímetro com Relógio

Figura 8 - Paquímetro Universal para Canhoto, Serviços Pesados de Bicos Longos, De Prufundidade analógico

Figura 9 - Dentes de Engrenagens

RECURSOS DE ACESSO AO LUGAR DA MEDIDA

Quadro de acesso ao lugar da medida (quadrimensional).

Figura 10 - Representação de paquímetro quadrimensional

Medição de profundidade Medição de alturaMedição externa Medição interna

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Algumas aplicações especiais

Figura 11 - Auxílio para traçagens

SISTEMAS DE GRADUAÇÃO PARA LEITURA:

Os paquímetros são fabricados geralmente com dois sistemas de leitura: métrico e polegada. Porém, alguns são fabricados somente com um sistema.

A graduação que define o tipo de leitura é feita nas duas partes móveis do instrumento e cada uma tem as particularidades que se indicam a seguir: Régua principal: no Sistema Métrico são gravados traços com distância de 1mm, e no Sistema polegada estes podem corresponder a 1 polegada dividida em 16 ou 40 partes.

MEDIÇÃO DE PROFUNDIDADE

Posicione corretamente a vareta de profundidade. Antes de fazer a leitura, verifique se o paquímetro está apoiado perpendicularmente ao furo em todos os sentidos.

Figura 12 - Medição de profundidade

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MEDIÇÃO DE RESSALTOS

Posicione corretamente as faces para medição de ressaltos. Apoie primeiramente a face da escala principal e depois encoste suavemente a face do cursor. Faça a leitura "sentindo" as faces encostadas. Sempre que possível, utilize este recurso em lugar da vareta de profundidade.

Figura 13 - Medição de ressaltos

Evite o Erro de Paralaxe ao fazer a leitura. Posicione sua vista em direção perpendicular à escala e ao Nônio (figura 14), isso evitará erros de leitura que poderão ser consideráveis.

Figura 14 - Erro de paralaxe

MEDIÇÃO EXTERNA

Posicione corretamente os bicos principais na medição externa aproximando o máximo possível a peça da escala graduada. Isso evitará erros por folgas do cursor e o desgaste prematuro das pontas onde a área de contato é menor. Verifique também o perfeito apoio das faces de medição como mostrado na figura 15.

Figura 15 - Medição Externa

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MEDIÇÃO INTERNA

Posicione corretamente as faces para medição interna. Procure introduzir o máximo possível as orelhas no furo ou ranhura, mantendo o paquímetro sempre paralelo à peça que está sendo medida, como pode ser verificado pela figura 16, e também, verifique se as orelhas coincidam com a linha de centro do furo.

Figura 16 - Medição Interna

MEDIÇÃO DE PEQUENOS FUROS

Tome providências ao medir furos pequenos com as faces de medição interna. Devido à construção do paquímetro, quando são feitas medições em furos pequenos o valor da leitura é sempre menor que o real. Isto devido à folga existente entre as orelhas e as faces planas de medição.

A figura abaixo ilustra a situação onde:

Figura 17 – Atenção a furos pequenos

Conhecendo os valores b e c (medidos com projetor de perfil ou microscópio), pode-se calcular o diâmetro correto do furo que corresponde a hipotenusa de um triângulo retângulo que tem por catetos as medidas d2 e (2b+c).

d¹ = √(d2)² + (2b + c)²

c= folga entre orelhas

d= diâmetro real

b= faces planas de medição

d1 e d2 = diâmetro encontrado pelo paquímetro.

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MICRÔMETRO

Um micrômetro típico é composto basicamente por um parafuso especial chamado de parafuso micrométrico cujo passo é de 0,5mm por volta completa do parafuso. Isto significa que, a cada volta, o parafuso avança ou recua uma distância equivalente a 0,5mm. As partes típicas de um micrômetro podem ser vistas na figura 1.

O micrômetro é um instrumento de medida de alta precisão que permite efetuar medições de até milésimos do milímetro. Devido a sua forma construtiva, este instrumento permite leituras da ordem de 0,01 mm nos modelos comuns e de 0,001 mm nos que incorporam um nônio. Os modelos para medição de furos permitem leituras diretas de até 0,005 mm. Uma característica importante dos micrômetros é a incorporação de um dispositivo que assegura uma pressão de medição constante chamado de catraca ou ficção, dependendo do seu mecanismo.

FUNDAMENTO E LEITURA

O princípio de fendamento do micrômetro baseia-se no deslocamento axial de um parafuso micrométrico com passo de alta precisão dentro de uma porca ajustável. Girando-se o parafuso micrométrico, este avança proporcionalmente ao passo que normalmente, é de 0,5 mm (ou 0,025”) a circunferência da rosca (que corresponde ao tambor, pois este é fixado firmemente ao parafuso por encaixe cônico), é dividida em 50 partes iguais (ou 25 partes nos instrumentos de polegadas), possibilitando leituras de 0,01 mm ou 0,001”. Assim, uma volta completa do tambor corresponde a metade do passo da rosca, e assim por diante.

Desta forma conclui-se que:

Leitura do Tambor = Passo da rosca/número de divis õ es do Nônio

Para se realizar corretamente uma medida com um micrômetro devemos seguir o seguinte procedimento:

I) colocar o objeto a ser medido entre as faces da ponta fixa e da ponta móvel do micrômetro;

II) girar o tambor até que as faces encostem no objeto suavemente. Para tanto, pode-se utilizar o parafuso de fricção ou catraca fornecendo a pressão adequada para a medida;

III) identificar o traço da escala visível antes da borda do tambor que identifica, em passos de 0,5 mm, os primeiros algarismos da medida;

IV) identificar no tambor a fração da medida, ou seja, a subdivisão de 0,5mm.

Bucha InternaBainhaFuso

Figura 18 - Partes do Micrometro Analógico

Porca de ajuste

Batente

Faces Mediçã

CatracaArco

Tambor

Linha de referência

Trava

Isolante Térmico

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LEITURA DOS MICROMETROS COM NÔNIO

Rosca com passo de 0,5mm, tambor com 50 divisões e Nônio com 10 divisões

Figura 19 - Micrômetro com leitura de 0,001mm

Rosca com passo de 0.025", tambor com 25 divisões e Nônio com 10 divisões.

Figura 20 - Micrometro com leitura de 0.0001in

Para ambos os casos o referencial para fazer a leitura encontra-se na bainha como sendo sua própria face lateral. Assim, para tomar a leitura deve-se considerar primeiramente o valor do traço do tambor que coincide com a linha de referência da bainha. No caso de micrômetro com Nônio, deve-se acrescentar o valor do traço do Nônio que coincide com o traço do tambor.

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LEITURA DO MICRÔMETRO SEM NÔNIO

Rosca com passo de 0,5mm e tambor com 50 divisões

Figura 21 - Micromatro com leitura de 0,01mm

Rosca com passo de 0,001in e tambor de 25 divisões

Figura 22 - Micrometro com leitura de 0.001in

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