métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

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Xanxerê, 2013.

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Page 1: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

Xanxerê, 2013.

Page 2: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

2

APRESENTAÇÃO

Ao iniciar um estudo com a fauna, é

primordial saber a qual grupo de animais tal

estudo estará direcionado. Desta forma, é

possível preparar os materiais e os métodos a

serem aplicados para cada grupo específico.

Se o estudo for direcionado para mais de um

grupo de fauna, como ocorre em muitos

trabalhos de licenciamento ambiental, é

preciso acima de tudo ter um mínimo de

conhecimento sobre cada grupo a ser

analisado.

A partir disso, é preciso relacionar o

tempo disponível com o tempo necessário, ou

seja, quanto tempo é preciso para se obter os

resultados desejados para cada grupo

analisado, uma vez que a diversidade de

espécies é grande, e, cada grupo de fauna

possui peculiaridades que dificultam a

obtenção de dados, portanto é preciso

planejamento.

Para facilitar os trabalhos de campo, é

importante realizar um levantamento prévio da

fauna regional baseado em dados secundários

(Jornais, Revistas, Artigos Técnicos e

Científicos, Livros, Monografias, etc). Este

procedimento facilita a classificação das

espécies, pois grupos com grande diversidade

de espécies, como por exemplos as aves,

possuem semelhanças entre espécies de

diferentes ambientes. Com a obtenção de

dados secundários relativos ao grupo de fauna

a ser estudado, é possível realizar uma

“triagem” facilitando a identificação das

espécies, criando uma lista de provável

ocorrência de espécies para a região de

estudo.

Além disso, é importante caracterizar a

área de estudo previamente, identificando o

tipo de formação vegetal e Bioma onde o

estudo será implantado, bem como definir a

estação do ano, clima e temperatura, já que

muitas espécies são de difícil observação em

épocas de baixa temperatura, como répteis,

muitas espécies de anfíbios, peixes e aves

migratórias.

ÍNDICE

1 LEVANTAMENTO DE FAUNA ...................... 3

1.1 ICTIOFAUNA ............................................. 3

1.1.1 Métodos utilizados ................................... 3

1.2 MASTOFAUNA .......................................... 4

1.2.1 Métodos utilizados ................................... 5

1.3 AVIFAUNA ................................................. 7

1.3.1 Métodos utilizados ................................... 7

1.4 HERPETOFAUNA ...................................... 8

1.4.1 Répteis .................................................... 9

1.4.2 Anfíbios ................................................... 9

1.4.2.1 Métodos utilizados ................................ 9

1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........... 11

Page 3: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

3

1 LEVANTAMENTO DE FAUNA

1.1 ICTIOFAUNA

O grupo dos peixes é considerado um dos

grupos com maior diversidade de espécies nos

diferentes sistemas aquáticos continentais.

Atualmente são catalogadas mais de 25.000

espécies em todo o planeta. (GUTREUTER et

al., 1995; ROSA; LIMA, 2008). Representam

cerca de 50% dos vertebrados. (VAZZOLER,

1996).

No Brasil este número já chega a 2.587

espécies descritas exclusivamente em

ambientes de água doce. (BUCKUP;

MENEZES; GHAZZI, 2007). Apesar de toda

essa diversidade de espécies, a ictiofauna de

água doce ainda requer atenção, pois se estima

que ainda existam 35 a 40% de espécies de

peixes a serem descritas (SOARES; PINHEIRO,

2008).

1.1.1 Métodos utilizados

Pela sua grande diversidade e

peculiaridade, o conhecimento da ictiofauna de

um determinado ambiente, requer diferentes

metodologias para o sucesso de um estudo.

Para tanto, é necessário utilizar métodos

específicos, destinados à captura de espécies

com diferentes hábitos (espécies de fundo,

corredeiras, entre outros). Sendo assim, a

seguir, são apresentados os métodos mais

utilizados em Licenciamento Ambiental.

Levantamento bibliográfico regional:

Permite obter uma relação de espécies com

potencial ocorrência para o local a ser

inventariado. Consiste em

uma pesquisa baseada em dados secundários

regionais sobre o grupo de fauna a ser

estudado.

Caniço ou Vara de pesca: Talvez a arte de

pescar mais simples e mais utilizada. É muito

efetiva na captura de determinadas espécies

de Siluriformes de fundo (Jundiás, Bagres,

Mandis...) que dificilmente são apanhados de

outra forma. Pode ser empregada em

praticamente todos os tipos de ambiente

aquático, mas é de especial valor em locais

profundos ou em corredeiras, onde não se

podem utilizar outros métodos.

Figura 1: Pesca com Vara e linhas.

Espinhel: O espinhel é um método utilizado

em operações de pesca de diferentes

ambientes, da pesca artesanal a modernas

pescarias mecanizadas (oceanos), tem sido

considerado um método satisfatório, pois

permite a seleção de espécies de um

determinado local. É bastante eficiente para

captura de espécies Siluriformes (bagres,

jundiás, mandis), Cyprinodontiformes (carpas)

e Characiformes (traíras).

Figura 2: Desenho esquemático de um espinhel.

Tarrafas: As tarrafas são eficientes para

coleta de peixes de fundo e de meia água, de

tamanho médio a grande. São menos eficientes

em água muito límpida e transparente, pois os

peixes podem percebê-la antes que ela

chegue ao fundo, ou antes, mesmo de cair na

água, escapando facilmente.

Para o uso da tarrafa deve-se tomar o

cuidado de inspecionar o fundo do rio onde se

pretende lançá-la, pois comumente prendem-

Page 4: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

4

se em galhos, troncos ou pedras, submersas.

Uma vez presa à tarrafa, o coletor deverá

entrar na água para soltá-la, pois rasga-se

facilmente quando forçada. Este método exige

do coletor certa habilidade.

Figura 3: Pesca com uso de Tarrafas.

Redes de espera: São redes de pano

simples (uma só malha), de tamanho e malhas

variáveis, usualmente com boias na parte

superior e chumbos na inferior, de modo a

permanecer na posição vertical dentro da

água. São empregadas na captura de peixes

em locais de pouca ou nenhuma correnteza (de

preferência à noite quando a captura é mais

efetiva). São seletivas quanto ao tamanho dos

peixes capturados, uma vez que somente

prendem os peixes que têm tamanho suficiente

para ficar emalhados pelos opérculos ou

espinhos das nadadeiras – os menores passam

através da malha e os maiores ficam presos.

Este método é bastante eficiente, já que

podem ser utilizadas redes de malhas variadas,

as quais são bastante seletivas em relação ao

tamanho das espécies.

Figura 4: Pesca com uso de Redes de Espera.

Redes de arrasto: São redes retangulares,

de pano ou nylon, algumas em formato de

saco, onde os peixes capturados ficam

concentrados. A rede é manuseada por no

mínimo duas pessoas que se deslocam

uniformemente na água, aprisionando os

peixes à medida que se aproximam da

margem.

Figura 5: Pesca com uso de Redes de Arrasto.

1.2 MASTOFAUNA

O grupo dos mamíferos difere-se dos

demais grupos por apresentarem algumas

características principais, como por exemplo,

ter o corpo total ou parcialmente coberto de

pelos, possuem sangue quente e temperatura

corporal constante e por possuírem no sistema

fisiológico algumas glândulas diferenciadas.

Dentre elas, a glândula mamária, responsável

pela produção de leite, a qual irá alimentar os

filhotes no início de sua vida e que dá o nome

a esse grupo animal.

No mundo atualmente são conhecidas

5.488 espécies de mamíferos, sendo destas,

cerca de 22% são consideradas ameaçadas,

63% estão fora de ameaça e 15% não possuem

dados suficientes para definir o grau de

ameaça. Além disso, 76 espécies já são

consideradas como tendo sido extintas desde

o ano de 1500 (IUCN, 2013).

Conforme Reis et al. (2010) o Brasil é o

segundo país com maior número de mamíferos

conhecidos, com 652 espécies, só perdendo

para a Indonésia que possui 670 espécies,

seguidos por China (551) e México (523),

sendo estes os únicos países com mais de 500

Page 5: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

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espécies descritas para seus territórios (IUCN,

2013).

1.2.1 Métodos utilizados

A maioria dos mamíferos possuem hábitos

crípticos ou noturnos, sendo assim, sua

observação na natureza torna-se mais difícil

(BECKER; DALPONTE, 1991), o que é

agravado pelo predomínio de grandes áreas de

vida e densidade populacional baixa. Para os

estudos com a mastofauna, as metodologias

mais comumente utilizadas, são as seguintes:

Levantamento bibliográfico regional:

Permite obter uma relação de espécies com

potencial ocorrência para o local a ser

inventariado. Consiste em

uma pesquisa baseada em dados secundários

regionais sobre o grupo de fauna a ser

estudado.

Entrevista: Técnica de consulta composta

por uma série de perguntas abertas aplicadas

aos moradores que residem na região de

estudo, onde o profissional questiona sobre a

existência de determinadas espécies. Para o

esclarecimento de dúvida dos entrevistados,

utilizam-se guias de campo, fotografias,

gravações, enfim, todo tipo de material que

auxilie na identificação correta das espécies.

Métodos de Observação Direta:

Observação direta é a visão em tempo real do

animal, que pode ocorrer em qualquer

momento e nas mais diversas ocasiões. Para

realizar os estudos através de Observação

Direta, são empregadas as seguintes

metodologias:

Caminhadas ou Censo:

Consiste em caminhar vagarosamente por

trilhas pré-existentes, bordas e interior de

matas, campos, áreas alagadiças, áreas

antropizadas, entre outras. Para tal, é preciso

que os pesquisadores, em pequeno número, se

desloquem em silêncio e examinando os

ambientes desde o alto das árvores até o chão,

de preferência no início da manhã e ao final da

tarde, e a noite, período em que os mamíferos

são mais ativos.

Neste método, são visualizados e

registrados animais vivos ou mortos, com ou

sem registro fotográfico.

Armadilha Fotográfica:

Este método é bastante eficiente, já que as

espécies são registradas por meio de

fotografia, aumentando a confiabilidade do uso

deste tipo de equipamento. Geralmente os

registros são obtidos no período noturno, onde

há maior atividade deste grupo de vertebrados.

Para atrair as espécies até o alcance do foco

da câmera, usa-se frutas, pasta de amendoim,

carnes, entre outros atrativos.

A armadilha fotográfica trata-se de uma

caixa geralmente camuflada, que contém uma

máquina fotográfica acoplada a um sistema

associado a sensores infravermelho capazes

de detectar movimento e calor. O registro das

espécies não requer captura ou sacrifício, bem

como não causam injúrias nos animais

detectados. O principal objetivo deste

equipamento é o registro de espécies de difícil

visualização, como por exemplo, a Onça-

pintada (Panthera onca), Onça-parda (Puma

concolor) e outros felinos noturnos, bastante

esquivos.

Figura 6: Modelo de Armadilha Fotográfica Digital.

Armadilhas de Captura:

São gaiolas de metal em aço galvanizado

ou alumínio utilizadas para a captura de

pequenos e médios mamíferos. Dois modelos

de armadilhas são bastante utilizados, que são:

Page 6: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

6

- Armadilha Tomahawk: Armadilhas

confeccionadas em grades de arame de aço

galvazinado, de tamanhos variados, de acordo

com o objetivo da captura. São adequadas para

captura de animais um pouco maiores como

gato-do-mato, cachorro-do-mato e gambás,

por exemplo, mas podem ser bastante

eficientes também na captura de roedores

(ratos).

Figura 7: Armadilha de captura tipo Tomahawk.

- Armadilha Sherman: São armadilhas

dobráveis ou não, de fácil transporte, de

tamanhos variados, confeccionadas em chapas

de alumínio ou aço, galvanizadas, usadas para

a captura de pequenos roedores e outras

espécies de pequeno porte.

Figura 8: Armadilha de captura tipo Sherman.

Redes de Neblina:

Este método de captura é utilizado para a

captura de mamíferos voadores (Morcegos),

que deve ser instalada no período crepuscular

e noturno (Figura 12).

Métodos de Observação Indireta

Considera-se observação indireta, o

registro de evidências deixadas pelos animais,

tornando possível a identificação sem a

presença em tempo real dos mesmos. As

principais evidências deixadas pelos animais

são as pegadas ou rastros, vocalizações, fezes,

carcaças, tocas e odor. Sendo assim, para

facilitar o registro de algumas espécies pelo

método indireto, utiliza-se a seguinte

metodologia:

Armadilhas de Pegada:

A utilização de armadilhas de pegada não é

recente. A dificuldade de visualizar rastros de

mamíferos em floresta alavancou o uso deste

método, que mostra-se bastante eficiente e

vem sendo amplamente utilizado. Armadilhas

de pegada consistem na colocação de uma

camada de areia em local com grande

potencial de passagem de mamíferos.

Este método possibilita o registro de

espécies de difícil visualização, tanto de

interior de florestas como de áreas

campestres. Para atrair os animais até a

armadilha de pegada, utiliza-se iscas, frutas,

carne, entre outros. A grande vantagem desse

método é do mesmo não ser intrusivo, não

oferecendo risco aos animais.

Figura 9: Modelo de Armadilha de Pegada.

Vestígios:

Além do item anterior, para a visualização

indireta de mamíferos, como citado

anteriormente, são considerados rastros

aleatórios, fezes, carcaças, odor e vocalização,

este último, muito comum em Primatas, alguns

roedores (Capivaras), Felinos (Onça-pintada,

Onça-parda,...), ouriço.

Page 7: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

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Figura 10: Vestígios de Pegadas.

1.3 AVIFAUNA

O Brasil conta atualmente com 1.832

espécies, distribuídas pelos biomas e nos mais

diferentes ecossistemas (CRBO, 2011). Em

Santa Catarina, foi só a partir da obra de

Rosário (1996) que se obteve um panorama

inicial da distribuição das espécies de aves no

estado, que registrou 596 espécies. Esta obra

logo passou a ser complementada por outros

trabalhos. Assim, Ghizoni-Jr e Azevedo (2010)

acrescentaram 22 espécies nesta lista.

Totalizando para o estado 618 espécies de

aves, distribuídas em 79 famílias e 25 ordens

Passeriformes e Não passeriformes. A região

Oeste catarinense registra aproximadamente

397 espécies (LAZZARETTI, 2013).

As principais causas de perda de

diversidade brasileira é a fragmentação

florestal causada pela interferência antrópica

sobre as áreas preservadas.

1.3.1 Métodos utilizados

As aves apresentam uma grande

diversidade de espécies, que habitam

diferentes ambientes, onde, possuem hábitos

variados, exigindo cautela e eficiência para o

sucesso de um estudo. Para tanto, em

trabalhos de licenciamento ambiental, onde o

objetivo principal é o conhecimento

comunidade de aves de um determinado

ambiente, os métodos mais indicados e

utilizados são os seguintes:

Bioacústica: A Bioacústica é uma técnica

bastante confiável e fornece resultados

bastante eficazes. É um método que estuda os

sons emitidos por animais em seu ambiente

natural, que utilizam como formas de

comunicação entre os indivíduos, sejam de

alerta, acasalamentos, proteção, entre outros.

O uso da Bioacústica teve seu início por

volta do ano de 1960, quando começaram a

surgir equipamentos mais sofisticados,

tornando-se uma ferramenta de pesquisa

muito importante nos estudos de fauna, uma

vez que capta o som (vocalização das

espécies) e posteriormente, é possível

reproduzi-lo para atrair demais indivíduos,

seja no local ou em outro ambiente onde esta

determinada espécie frequente.

Figura 11: Gravação da vocalização da avifauna.

O uso dos sons gravados anteriormente,

obtidos pelo coletor ou em acervos digitais ou

no instante da coleta, consiste na técnica

denominada Play-back, onde o pesquisador

repete a gravação como forma de atrair as

espécies, permitindo confirmar a espécie em

questão. Existem várias formas de contato e

reações, a espécie pode apresentar defesa

territorial, vocalizando repetidamente e em

tom agressivo, pode parar de vocalizar e até

mesmo afugentar-se.

Apesar de esta técnica ser bastante

eficiente, é preciso ter cautela, uma vez que o

uso abusivo pode induzir a espécie à perda de

território, fazendo com que a mesma se

desloque para outro ambiente em busca de um

novo local para frequentar, podendo ser muito

prejudicial para o indivíduo.

Page 8: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

8

Levantamento Quantitativo: Neste tipo de

levantamento, o pesquisador não possui

interesse somente no número de espécies, mas

também no tamanho populacional. Como todos

os métodos apresentam vantagens e

desvantagens, é importante ter em mente o

objetivo do estudo, pois se a intenção é de

conhecer toda a comunidade, é importante

aplicar um conjunto de métodos que possibilite

estimar a abundância de todas as espécies num

mesmo período (DEVELEY, 2003).

Dentre os principais métodos aplicados no

levantamento quantitativo, os Pontos Fixos,

Transectos e Redes de Neblina, são os mais

utilizados.

Pontos Fixos

Neste tipo de metodologia, o pesquisador

permanece imóvel por um determinado período

de tempo, onde anota todas as espécies, seja

por observação ou por vocalização, sendo, no

entanto, menos seletivo.

O método de ponto fixo exige do

observador um bom conhecimento das

espécies, sobretudo através das vocalizações.

Além disso, em fragmentos pequenos, onde as

distâncias entre um ponto e outro é menor, é

preciso ter o cuidado de não repetir a espécie.

Redes de Neblina

As redes de neblina, assim como os

pontos fixos, são bastante seletivas, sendo

mais indicadas para espécies de sub-bosque.

No entanto, é a forma mais facilitada de

capturar as espécies, assim como a

identificação das mesmas ser mais precisa.

Figura 12: Rede de Neblina.

Transectos

Método bastante similar ao Ponto Fixo, no

entanto, o observador registra as espécies por

contato visual ou auditivo, deslocando-se por

uma trilha. Este método exige bastante silêncio

durante o percurso, já que o barulho pode

ocultar algumas espécies, além disso, não pode

ser desperdiçado muito tempo na identificação

de uma determinada espécie.

Neste tipo de levantamento, é possível

cobrir todos os ambientes, desde bordas de

fragmentos, áreas alagadiças, áreas

campestres até florestas tropicais.

Levantamento Qualitativo:

Este levantamento torna possível obter

uma lista completa de espécies na área de

estudo, que consiste em conhecer o número de

espécies (riqueza) de um determinado

ambiente, determinando as preferências de

habitats, guildas tróficas e abundância

(DEVELEY, 2003).

Este método é muito utilizado em

levantamentos de curtos espaços de tempo

(DEVELEY, 2003). Por isso, é importante que

a pesquisa se desenvolva em épocas mais

apropriadas, no caso das aves, em estações

mais quentes, primavera e verão, onde as

espécies estão mais ativas, haja vista a

abundância de alimento e período reprodutivo.

Para tanto, percorre-se bordas e interior

de matas, campos, áreas alagadiças, áreas

antropizadas, entre outras, registrando os

contatos auditivos e visuais, em qualquer

horário do dia e da noite, com o objetivo de

obter o maior número possível de espécies.

1.4 HERPETOFAUNA

O termo herpetofauna é utilizado para

indicar o conjunto faunístico de répteis e

anfíbios, seres vivos de grande importância

ecológica, atuando em diversos processos, tais

como controle de populações de animais como

mamíferos, invertebrados, aves e outros

répteis. (ICMBio, 2012).

Page 9: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

9

1.4.1 Répteis

Os répteis foram os primeiros a conquistar

a vida fora da água, dominaram o planeta no

período Jurássico há mais de 300 milhões de

anos. São animais pecilotérmicos/ectotérmicos,

ou seja, capazes de gerar seu próprio calor

corpóreo, dependendo da temperatura

ambiente, por isso é comum observá-los

expostos ao sol (FREITAS, 2006).

Estes animais apresentam o corpo

revestido por escamas, carapaça e placa óssea

que por sua vez são cobertos por uma camada

protetora denominada extrato córneo,

constituído de queratina. Esta camada não

acompanha o crescimento do corpo, o que

força os animais a efetuarem mudas ou trocas

de pele constantemente, essa proteção

dérmica serve para evitar a perda excessiva

de água, não necessitando desta maneira de

umidade como os anfíbios (FREITAS, 2006).

Existem no mundo cerca de 9.547

espécies de répteis, distribuídos da seguinte

forma: 5.634 espécies de lagartos, 3.378

espécies de serpentes, 181 espécies de

anfisbênias, 327 espécies de quelônios, 25

espécies de crocodilianos e 2 espécies de

tuatara. O Brasil conta atualmente com 744

espécies de répteis subdivididas em: 36

quelônios, 6 jacarés, 248 lagartos, 68

anfisbenias e 386 serpentes (BÉRNILS;

COSTA, 2012).

1.4.2 Anfíbios

A Classe Amphibia é representada por três

ordens, a ordem Gymnophiona (cecílias),

ordem Caudata (salamandras) e a ordem Anura

(sapos e pererecas). O nome anfíbio indica

apropriadamente que a maioria das espécies

vive parcialmente na água, parcialmente na

terra, constituindo-se no primeiro grupo de

cordados a viver fora da água.

São ectotérmicos, ou seja, a temperatura

do corpo varia de acordo com a temperatura

do ambiente. Por isso, em épocas frias ou

muito secas, muitas espécies enterram-se sob

o solo ai permanecendo até a época mais

quente e chuvosa. (TEIXEIRA, 2002).

Atualmente são descritos 6.771 espécies

de anfíbios no mundo, dessas 48% ocorrem na

América Tropical (FROST, 2011). Segundo a

Lista atualizada da Sociedade Brasileira de

Herpetologia (SEGALLA, 2012), para o Brasil

são descritas 946 espécies.

1.4.2.1 Métodos utilizados

Os répteis e anfíbios apresentam

atividades e comportamentos distintos.

Enquanto os répteis são mais facilmente

localizados em horários mais quentes do dia,

os anfíbios possuem atividade maior em

períodos noturnos e ao final do dia. No

entanto, os métodos para o registro das

espécies é bastante similar, como apresenta-

se a seguir:

Levantamento bibliográfico regional:

Permite obter uma relação de espécies com

potencial ocorrência para o local a ser

inventariado. Consiste em

uma pesquisa baseada em dados secundários

regionais sobre o grupo de fauna a ser

estudado.

Entrevista: Técnica de consulta composta

por uma série de perguntas abertas aplicadas

aos moradores que residem na área de estudo,

onde o profissional questiona a existência de

determinadas espécies. Para o esclarecimento

de dúvida dos entrevistados, utilizam-se guias

de campo, fotografias, gravações, e todo tipo

de material que auxilie a identificação das

espécies.

Busca Ativa: O método de busca ativa

consiste na procura de espécies através de

evidências diretas e indiretas, sob

serapilheiras, troncos caídos, pedras, tocas,

em plantas (ocos), interior de plantas epífitas,

próximo de cursos d’água, bem como registros

sonoros, larvas ou girinos, enfim, em todo o

ambiente, onde haja a possibilidade de

registrar espécies destes grupos.

Page 10: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

10

Figura 13: Busca ativa.

Armadilhas de Interceptação e Queda: Este

método consiste na colocação de baldes

plásticos de 18 litros, com espaçamento de 3 a

5 metros, em linha reta em formato de Y,

interligados por cerca-guia (lona) 50cm de

altura e enterrada a 10cm no solo, mantida em

posição vertical por estacas de madeira.

Assim, ao deparar-se com a cerca-guia, os

animais geralmente a acompanham a mesma,

até eventualmente caírem em algum recipiente.

É importante a colocação de pedaços de Isopor

dentro dos baldes, para evitar a morte dos

mesmos, em períodos de chuva. O Isopor

sustenta os animais, caso o balde encha em

função da precipitação.

Figura 14: Armadilhas de Interceptação e Queda.

Page 11: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

11

1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECKER, M.; DALPONTE, C. J. Rastros de

mamíferos silvestres brasileiros: um guia de

campo. Brasília: Universidade de Brasília,

1991. 181p.

BÉRNILS, R. S; COSTA, H. C. (org.). 2012.

Répteis brasileiros - Lista de espécies.

Sociedade Brasileira de Herpetologia.

Disponível em:

<http://www.sbherpetologia.org.br/>.

BUCKUP, P.A.; MENEZES, N.A.; GHAZZI, M.S.

(eds.) 2007. Catálogo das Espécies de Peixes

de Água Doce do Brasil. Rio de Janeiro, Museu

Nacional. 195p.

CBRO - Comitê Brasileiro de Registros

Ornitológicos. 2011. Listas das aves do Brasil.

10ª Edição. Disponível em:

<http://www.cbro.org.br>.

DEVELEY, Pedro Ferreira. Métodos para

estudos com aves. p. 153-168. In: L. CULLEN

JR.; R. RUDRAN & C. VALLADARES-PADUA.

(Eds). Métodos de estudos em biologia da

conservação e manejo da vida silvestre.

Curitiba, Editora da Universidade Federal do

Paraná, 2003. 667p.

FREITAS, M. A. 2006. Serpentes brasileiras.

Bahia: Lauro de Freitas. 160p.

GHIZONI-JR, I. R.; AZEVEDO, M. A. G.

Registros de algumas aves raras ou com

distribuição pouco conhecida em Santa

Catarina, sul do Brasil, e relatos de três novas

espécies para o Estado. Atualidades

Ornitológicas On-line, n. 154, mar./abr. 2010.

Disponível em:

<http://www.ao.com.br/download/ao154_33.pd

f>.

GUTREUTER, S.; BURKHARDT, R.;

LUBINSKI, K. 1995. Long Term Resource

Monitoring Program Procedures: Fish

Monitoring. Onalaska: National Biological

Service, Environmental Management Technical

Center, 42 p. Disponível em:

<http://www.umesc.usgs.gov/documents/repor

ts/1995/95p00201.pdf>.

ICMBio – Instituto Chico Mendes – MMA.

Sumário executivo do plano de ação nacional

para a conservação dos anfíbios e répteis

ameaçados da região sul do Brasil. 2012.

Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stori

es/docs-plano-de-acao/pan-herpetofauna-

sul/sumario-herpetofaunasul-web.pdf>.

IUCN – International Union for Conservation of

Nature and Natural Resours. Red List of

threatened Species. 2013. Disponível em:

<http://www.iucnredliste.org>.

LAZZARETTI, Tiago. Lista da Avifauna

Registrada na Região Oeste do Estado de Santa

Catarina. 2013. Material Não Publicado.

REIS, N.R., et al. 2010. Mamíferos do Brasil:

Guia de identificação. Technical Books, 1ed.,

Rio de Janeiro. 437 p.

ROSA, R. S.; LIMA, F. C. T. Os peixes

brasileiros ameaçados de extinção. In: Livro

vermelho das espécies ameaçadas de extinção.

Brasília: MMA, 2008.

SOARES, S. L. M.; PINHEIRO, M. R. F. 2008.

Registro de coleta do material histórico das

bacias do extremo sul da Bahia. Disponível em:

<http://www.nossacasa.net/biobahia/doc/histor

icas.pdf>.

VAZZOLER, A. E. Biologia da reprodução de

peixes teleósteos: teoria e prática. Maringá:

EDUEM, 1996. 169 p.

Page 12: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

12

ANEXO 1: TABELA PARA ANOTAÇÃO DAS ESPÉCIES REGISTRADAS.

Grupo da Fauna: _________________. Local: _____________________. Data: ____________

Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie

1 16 31

2 17 32

3 18 33

4 19 34

5 20 35

6 21 36

7 22 37

8 23 38

9 24 39

10 25 40

11 26 41

12 27 42

13 28 43

14 29 44

15 30 45

Observações: ____________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

Grupo da Fauna: _________________. Local: _____________________. Data: ____________

Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie

1 7 13

2 8 14

3 9 15

4 10 16

5 11 17

6 12 18

Observações: ____________________________________________________________________________

Grupo da Fauna: _________________. Local: _____________________. Data: ____________

Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie

1 7 13

2 8 14

3 9 15

4 10 16

5 11 17

6 12 18

Observações: ____________________________________________________________________________

Page 13: Métodos de pesquisa para levantamento da fauna silvestre: teoria e prática

13

Grupo da Fauna: _________________. Local: _____________________. Data: ____________

Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie

1 16 31

2 17 32

3 18 33

4 19 34

5 20 35

6 21 36

7 22 37

8 23 38

9 24 39

10 25 40

11 26 41

12 27 42

13 28 43

14 29 44

15 30 45

Observações: ____________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

Grupo da Fauna: _________________. Local: _____________________. Data: ____________

Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie Nº Nome Comum/Espécie

1 7 13

2 8 14

3 9 15

4 10 16

5 11 17

6 12 18

Observações: ____________________________________________________________________________

Observações Gerais:

________________________________________________________________________

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