metodologia - trabalhos acadêmicos

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UNIDADE 5 Produção acadêmica: tipos de trabalhos científicos Objetivos de aprendizagem Distinguir os tipos de resumo e conhecer os principais procedimentos para resumir. Conceituar e identificar a estrutura da resenha critica. Identificar os tipos e a estrutura da ficha de leitura. Distinguir os tipos de paper . Conhecer a estrutura do projeto de pesquisa. Conhecer os tipos e a estrutura do artigo científico. Conceituar relatório técnico-científico e monografia. Seções de estudo Seção 1 Resumo Seção 2 Resenha crítica Seção 3 Fichamento Seção 4 Paper Seção 5 Artigo científico Seção 6 Projeto de pesquisa Seção 7 Relatório técnico-científico Seção 8 Monografia 5

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UNIDADE 5

Produção acadêmica: tipos de trabalhos científi cos

Objetivos de aprendizagem

� Distinguir os tipos de resumo e conhecer os principais procedimentos para resumir.

� Conceituar e identifi car a estrutura da resenha critica.

� Identifi car os tipos e a estrutura da fi cha de leitura.

� Distinguir os tipos de paper.

� Conhecer a estrutura do projeto de pesquisa.

� Conhecer os tipos e a estrutura do artigo científi co.

� Conceituar relatório técnico-científi co e monografi a.

Seções de estudo

Seção 1 Resumo

Seção 2 Resenha crítica

Seção 3 Fichamento

Seção 4 Paper

Seção 5 Artigo científi co

Seção 6 Projeto de pesquisa

Seção 7 Relatório técnico-científi co

Seção 8 Monografi a

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Um trabalho acadêmico, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005), consiste num “documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador”.

Nesta unidade você conhecerá os principais tipos de trabalhos acadêmicos solicitados no cotidiano da vida universitária: o conceito, os tipos e os principais procedimentos para resumir, para fazer fi chamentos, papers, artigo científi co, projeto de pesquisa, relatório técnico-científi co e monografi a.

— Após o estudo dessa unidade, realize as atividades de auto-avaliação sugeridas no fi nal. Elas ajudarão você a estudar o conteúdo desta disciplina de maneira estruturada.

SEÇÃO 1 - Resumo

O resumo é a apresentação concisa das principais idéias de um texto. Resulta da capacidade analítica e compreensiva que o leitor adquire no momento em que faz sua leitura. Quanto mais se tem domínio e compreensão do texto, maior será a capacidade de síntese e de apresentação de forma breve.

Na apresentação do resumo, o aluno deve evitar a manifestação de opinião sobre o tema ou analisá-lo criticamente. O acréscimo da crítica no resumo caracteriza um outro tipo de trabalho, denominado resumo crítico ou resenha crítica.

No meio acadêmico, o desenvolvimento de um resumo é importante, por que permite “[...] em rápida leitura, recordar o essencial do que se estudou e [apresentar] a conclusão a que se chegou” (GALLIANO, 1986, p. 89).

Sobre esse assunto você estudará na próxima seção desta unidade.

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Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003b), existem três tipos de resumos, que são:

Resumo crítico: resumo redigido por especialistas com análise crítica de um documento. Também chamado de resenha. [...].

Resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do documento, não apresentando dados qualitativos, quantitativos etc. De modo geral, não dispensa a consulta ao original.

Resumo informativo: informa ao leitor fi nalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma que este possa, inclusive, dispensar a consulta ao original.

O resumo é útil para difundir as idéias contidas em obras de diversos tipos, como também, para favorecer ao leitor a possibilidade de escolha ou consulta do texto no original.

Quais procedimentos devem ser seguidos na elaboração de um resumo?

Para elaborar um resumo você deve seguir os seguintes procedimentos:

a) Leitura integral para adquirir uma visão de conjunto da unidade (capítulo). Alguns alunos preferem não fazer a leitura integral do texto achando que vão perder tempo e partem logo para a elaboração do resumo, mas, ao contrário do que se pensa, a leitura integral do capítulo permitirá uma visão ampla da estrutura do texto, possibilitando diferenciar o que é essencial e o que é secundário.

b) Delimitação das unidades de leitura do texto. Delimitar signifi ca decompor as partes constitutivas do texto. Cada unidade de leitura possui um sentido completo e é composta por: idéia central ou diretriz, explicitação da idéia e conclusão. Aprendemos em linguagem e produção textual que a função do parágrafo é apresentar uma idéia nova com

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uma totalidade de sentido, aprendemos que devemos mudar de parágrafo quando mudamos a idéia no texto. Esse procedimento fez com que por um período muito longo da história os autores escrevessem parágrafos longos.

Entretanto, hoje, os autores preferem escrever textos com parágrafos breves, curtos e, muitas vezes, um parágrafo não dá conta de apresentar o sentido completo da informação. Assim, é possível que encontremos textos onde os autores utilizam mais de um parágrafo para expor uma idéia. Por isso, é importante separar as unidades de leitura do texto, decompondo-o analiticamente, antes de iniciar o resumo.

c) Esquematização (na forma de tópicos) ou preparação das anotações da leitura. Consiste na estruturação gráfi ca e visual do texto com divisões e subdivisões. O esquema pode ser elaborado por meio de chaves, marcadores ou divisão numérica das idéias. A esquematização do texto servirá de base para a redação do resumo.

d) Redação do resumo com frases breves e objetivas. Observe as sugestões apresentadas por Marconi e Lakatos (2003, p. 69, grifo do autor) para a redação da ordem em que aparecem as idéias no texto:

a) conseqüências (quando se empregam palavras tais como: em conseqüência, por conseguinte, portanto, por isso, em decorrência disso etc.);

b) justaposição ou adição (identifi cada com expressões de tipo: e, da mesma forma, da mesma maneira etc.);

c) oposição (com a utilização das palavras: porém, entretanto, por outra parte, sem embargo etc.);

d) incorporação de novas idéias;

e) complementação do raciocínio;

f) repetição ou reforço de idéias ou argumentos;

g) justaposição de proposições (por intermédio de um exemplo, comprovação etc.);

h) digressão (desenvolvimento de idéias até certo ponto

alheias ao tema central do trabalho).

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Acompanhe, a seguir, exemplos de resumo indicativo e informativo, elaborados com base nos procedimentos citados nesta seção. Observe que as palavras grifadas indicam que o resumo indicativo está dentro do resumo informativo:

Resumo indicativo:

LUCKESI, Cipriano Carlos et al. O leitor no ato de estudar a palavra escrita. In:______. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1985. cap. 3, p. 136-143.

Estudar signifi ca o ato de enfrentar a realidade. O enfrentamento da realidade pode ocorrer pelo contato direto ou indireto do sujeito que conhece com o objeto que é conhecido. As duas formas de estudar (direta ou indireta), podem ser classifi cadas como críticas ou a-críticas. O leitor poderá ser sujeito ou objeto, dependendo da postura que assume frente ao texto.

Resumo informativo:

LUCKESI, Cipriano Carlos et al. O leitor no ato de estudar a palavra escrita. In:______. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1985. cap. 3, p. 136-143.

Estudar signifi ca enfrentar a realidade para compreendê-la e elucidá-la. Este enfrentamento pode ocorrer, de um lado, pelo contato direto do sujeito com o objeto. Isso se dá quando o sujeito opera “com” e “sobre” a realidade. De outro lado, o enfrentamento pode ocorrer pelo contato indireto. Neste caso, o sujeito recebe o conhecimento por intermédio de outra pessoa ou por símbolos orais, mímicos, gráfi cos, etc. O ato de estudar indiretamente crítico equivale à objetividade na elucidação. O ato de estudar indiretamente crítico equivale a descrição da realidade como ela é, sem magnetização pela comunicação em si. A atitude a-crítica corresponde à abdicação da capacidade de investigar, à alienação e à retenção mnemônica. O leitor que assume uma postura de objeto frente ao texto de leitura é verbalista, ou seja, a aprendizagem não se dá pela compreensão, mas pela reprodução intacta e mnemônica das informações. O leitor sujeito, por outro lado, compreende e não memoriza, avalia o que lê e tem uma atitude constante de questionamento.

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Os resumos que precedem trabalhos científi cos assumem características diferentes dos resumos de textos didáticos, são normatizados pela NBR 6028 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) e devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho.

A extensão dos resumos científi cos conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003, p. 2) deve ter:

a) de 150 a 500 palavras para trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios técnico-científicos;

b) de 100 a 250 palavras para artigos de periódicos;

c) de 50 a 100 palavras para indicações breves.

O resumo do artigo escrito por Guimarães e outros (2006, grifo nosso), publicado pela Revista de Nutrição, indica, de forma clara a estrutura de um resumo que precede trabalhos científi cos. Leia:

Fatores associados ao sobrepeso em escolares

Objetivo: Identifi car variáveis associadas ao sobrepeso em escolares de Cuiabá, MT, Brasil. Métodos: Foi feito um estudo de caso-controle a partir de um inquérito antropométrico, aplicado em uma amostra aleatória de alunos da primeira série do ensino fundamental, com idades entre 6 e 11 anos. Foram incluídos, como casos, os 158 escolares que apresentaram sobrepeso (índice de massa muscular >P85) e, como controles, 316 crianças sorteadas entre as que apresentaram índice de massa muscular<P85. Informações socioeconômicas, do domicílio, da família e de atividade física dos escolares foram obtidas por meio de entrevistas. Foram tomadas medidas de peso e altura da criança e dos pais por antropometristas treinados. Os dados foram submetidos à análise de regressão logística múltipla hierarquizada. Resultados: O sobrepeso foi maior em escolares com renda familiar per capita >3 salários mínimos (OR= 3,75), que tinham mães de idade entre 25 e 29 anos (OR=1,74) e com nível mais alto de escolaridade (OR=1,91) e com história de apenas uma união conjugal (OR=2,53); também foi maior nos escolares, de sexo feminino (OR=2,15), que possuíam

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no máximo um irmão (OR=1,94), brincavam <10h por semana (OR=2,58), tinham mães e pais com índice de massa muscular >30 (OR= 7,27 e 2,65, respectivamente) e nasceram com peso >3500g (OR= 2,27). Conclusão: Os resultados apontam que variáveis de diferentes níveis hierárquicos se associam na confi guração de contextos favoráveis ao aumento do sobrepeso em escolares e fornecem subsídios para o desenvolvimento de intervenções que considerem os grupos mais vulneráveis à presença de sobrepeso.

SEÇÃO 2 - Resenha crítica

A Resenha Crítica é uma modalidade de trabalho científi co que consiste no desenvolvimento de uma síntese sobre uma obra, no sentido de expressar um juízo de valor acerca do assunto abordado. Corresponde à apreciação crítica de um texto com o objetivo de discussão das idéias nele contidas.

Segundo Oliveira Netto (2005, p. 73), a resenha pode ser defi nida como “a apresentação do conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica ou indicativa”. Este resumo deve apresentar as idéias da obra, a avaliação das informações e a forma como foram expostas, bem como a justifi cativa da avaliação desenvolvida no resumo.

Para proceder a essa avaliação, é necessário que se recorra ao posicionamento de outros autores da comunidade científi ca em relação às defendidas pelo autor da obra criticada, estabelecendo uma espécie de comparação principalmente no que se refere ao enfoque, método de investigação e forma de exposição das idéias.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), por meio da NBR 6028, denomina a resenha de resumo crítico.

Normalmente, a Resenha é desenvolvida por especialistas, pois exige, por parte do resenhista, conhecimento completo da obra, capacidade crítica e maturidade intelectual. Salvador (1979 apud

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MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 264) apresenta os seguintes requisitos básicos para a elaboração de uma resenha crítica:

a) conhecimento completo da obra;

b) competência na matéria;

c) capacidade de juízo de valor;

d) independência de juízo;

e) correção e urbanidade;

f) fidelidade ao pensamento do autor.

A apresentação da estrutura da resenha crítica pode variar de autor para autor. Em geral, dois elementos são essenciais: o resumo e a crítica. Dos diversos modelos encontrados na literatura de metodologia científi ca adotamos aqui o roteiro descrito por Marconi e Lakatos (2003, p. 264) apresentado a seguir:

a) Obra – apresentação dos dados de identificação da referência bibliográfica.

b) Credenciais da autoria – nacionalidade, formação acadêmica, outras obras escritas pelo autor.

c) Conclusões da autoria – síntese das principais conclusões da obra apresentada no final de cada capítulo ou no final da obra.

d) Digesto – resumo das principais idéias dos capítulos ou da obra como um todo;

e) Metodologia da autoria – descrição do tipo de método e das técnicas utilizadas pelo autor da obra.

f) Crítica do resenhista – julgamento da obra do ponto de vista da coerência e consistência na argumentação, originalidade, emprego adequado de métodos e técnicas, contribuição para o desenvolvimento da ciência e estilo empregado. É importante salientar que a crítica deve ser bem fundamentada e o resenhista deve confrontar as idéias da obra com outras idéias de outras obras e autores.

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g) Indicação do resenhista – indicação da obra para qual público (estudantes, especialistas) e para qual curso ou área do conhecimento.

— Nessa seção você conheceu mais uma modalidade de trabalho científi co: Resenha Crítica que em outras palavras, é uma síntese na qual você expressa um juízo de valor. A próxima seção convida você a estudar sobre o fi chamento. Bom estudo!

SEÇÃO 3 - Fichamento

A leitura é uma atividade constante na vida acadêmica e se torna, no decorrer do curso, a base de sua formação. Você é sujeito ativo de sua aprendizagem e não pode esperar que tudo seja transmitido pelos professores. A iniciativa de aprender sempre deverá ser sua.

O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir da qual constitui toda uma atividade de estudo e de pesquisa [...] (SEVERINO, 2000, p. 35).

A leitura é um instrumento de aprendizagem que permite a você ter o conhecimento e a compreensão do mundo, por isso, você deve ser especialista nela.

Você pode perceber que estamos diante de uma cultura que se complexifi ca a cada dia que passa e nem sempre se consegue assimilar o conjunto das informações que nos rodeia. E, dependendo da leitura que estamos fazendo, seja pelo interesse ou pela necessidade, algumas anotações precisam ser feitas.

A maneira mais adequada para reter essas informações é o registro em algum suporte físico. Achar que a memória vai dar conta de armazenar tudo, é um grande engano. Na memória, infelizmente, não podemos confi ar.

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A fi cha de leitura pode se tornar um instrumento útil no momento da recuperação de uma informação e pode ser realizada com diferentes fi ns:

a) como instrumento de coleta de dados na realização de uma pesquisa bibliográfica;

b) como trabalho acadêmico em disciplinas de graduação e pós-graduação;

c) como preparação de textos na apresentação oral de trabalhos em sala de aula; e,

d) como um instrumento auxiliar na leitura e registro das idéias de um texto.

Quando se fala em fi cha de leitura automaticamente pensamos naquele papel de cartolina que é vendido em livrarias e que possui em média 10,5 x 15,5cm. Entretanto, com os recursos disponibilizados pela tecnologia, é possível fazer os registros diretamente no computador e depois imprimi-los em papel A4.

Para fazer a fi cha de leitura, primeiramente, é necessário delimitar a unidade de leitura do texto.

Unidade de leitura pode ser compreendida com sendo um setor do texto que possui um sentido completo, ou seja, um livro, um capítulo de um livro, um artigo científi co, uma matéria de jornal ou revista, ou qualquer outro texto que precise ser estudado.

Classifi cação das fi chas

De maneira geral, as fi chas podem ser classifi cadas em 2 tipos: bibliográfi ca e temática. A bibliográfi ca, como o próprio nome diz, ocupa-se de uma obra e, a temática, de um tema pesquisado em várias obras.

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Se o objetivo é fazer a leitura e apontamentos da obra “A semente da vitória”, de Nuno Cobra, teríamos um fi chamento bibliográfi co. Mas se o objetivo é a leitura e a tomada de apontamentos sobre o tema “sono”, em várias obras, teríamos um fi chamento temático.

As atividades desenvolvidas na leitura também podem servir para classifi car os tipos de fi cha. No momento da leitura podemos resumir, transcrever fragmentos considerados importantes ou simplesmente comentar analiticamente o texto.

Dessas atividades podem resultar a fi cha resumo, a fi cha de citação e a fi cha de comentário analítico. Acompanhe a seguir.

a) Ficha resumo - resumir signifi ca apresentar de forma concisa as principais idéias de um texto. O resumo deve ser elaborado na fase da leitura analítica, no exato momento em que conseguimos assimilar e compreender as idéias do texto. Quanto maior a compreensão das idéias, tanto maior será nossa capacidade resumir. Veja os procedimentos para a elaboração do resumo na seção 1 desta unidade.

b) Ficha de citação - nesse tipo de fi cha copia-se literalmente, na forma de transcrição textual (cópia fi el), fragmentos considerados relevantes para o estudo do texto. A parte a ser transcrita não deverá ser muito extensa, pois não faz muito sentido copiar por copiar. As fi chas desse tipo podem dar origem às citações no texto quando se está elaborando um trabalho acadêmico.

c) Ficha de comentário analítico – nessas fi chas podem ser registradas as nossas refl exões sobre o material que está sendo lido (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 233). As refl exões podem resultar em:

� afinidade - quando a análise manifesta nossa concordância e aceitação das idéias do texto;

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� antagonismo – quando manifestamos discordância e, neste caso, é importante fundamentar bem nossas idéias com argumentos lógicos e convincentes, pois simplesmente não podemos discordar por discordar; e

� conexões com outras idéias – neste caso, podemos comparar as idéias do autor com as idéias de outros autores e, assim, possuir uma visão mais ampla sobre o tema.

A estrutura da fi cha de leitura é constituída de três partes: cabeçalho, referência e texto. No cabeçalho deve aparecer o título ou assunto da fi cha; na referência os elementos de identifi cação da e no texto o conteúdo da fi cha (resumo, transcrição ou comentário). Veja o exemplo:

TÍTULO DA FICHA

Referência

Espaço livre para você inserir o texto (resumo, transcrição ou comentário analítico).

SEÇÃO 4 - Paper

O paper é um trabalho científi co que tem como objetivo principal analisar um tema/questão/problema, por meio do desenvolvimento de um ponto de vista de quem o escreve. O paper geralmente trata do particular ou da essência do problema.

Se o autor apenas compilou informações sem fazer avaliações ou interpretações sobre elas, trata-se

simplesmente de um relato e não de um paper. Assim, a composição de um paper decorre do estudo e do posicionamento de quem o escreve. Para isso, o autor do paper deve manter certo distanciamento crítico ou evitar, na medida

do possível, deixar transparecer suas crenças e preferências.

Veja como fazer referências na Unidade 6.

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Ciência e Pesquisa

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Segundo Heerdt e Leonel (2005, p. 141), neste tipo de trabalho “[...] as refl exões devem ser mesmo do autor do paper” caracterizando-o principalmente pela originalidade.

Conforme Roth (apud MEDEIROS, 1996, p. 186), para a composição do paper é necessário seguir cinco passos: “1) escolher o assunto; 2) reunir informações; 3) avaliar o material; 4) organizar as idéias; e 5) redigir o paper”.

Quanto à estrutura do paper, assim se organiza: folha de rosto; sinopse, introdução (objetivo e delimitação do tema); desenvolvimento; conclusão e referências.

Position paper

Segundo Heerdt e Leonel (2005, p. 143), o position paper consiste no desenvolvimento da:

capacidade de refl exão e criatividade [do aluno] diante do que está escrito (livro, artigo, revista, jornal, etc.), diante do que é apresentado (palestra, congresso, seminário, curso, etc.) e também diante do que pode ser observado numa determinada realidade (empresa, projeto, entidade, viagem de estudos, etc.).

Sua composição decorre do posicionamento de quem o escreve, exigindo, também, revisão de literatura para conhecer e sistematizar o posicionamento de outros autores sobre o tema/questão/problema.

Para Heerdt e Leonel (2005, p. 144), a estrutura do position paper é assim organizada: capa; folha de rosto; sumário; introdução (objetivo, delimitação do tema, metodologia); revisão bibliográfi ca sobre o assunto (no mínimo, dois outros autores); refl exão e posicionamento do autor sobre o assunto; conclusão; referências.

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Paper – comunicação científi ca

É a informação concisa que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, sociedades científi cas, expostos em tempo reduzido. “Sua fi nalidade é fazer conhecida a descoberta e os resultados alcançados com a pesquisa, podendo por fi m fazer parte de anais [ou revistas]” (HEERDT; LEONEL, 2005, p. 142).

A comunicação não necessita de abrangência de aspectos analíticos, compondo-se basicamente da introdução, do desenvolvimento e da conclusão.

SEÇÃO 5 - Artigo científi co

Na vida acadêmica, são várias as atividades de pesquisa realizadas, tanto pelo corpo docente como pelo discente. Essas atividades resultam de trabalhos didáticos e científi cos elaborados freqüentemente nas disciplinas, cursos ou em grupos de pesquisa.

Os trabalhos didáticos e científi cos, muitas vezes, pelo nível de excelência que apresentam, são merecedores de publicação. As instituições de ensino, de maneira geral, e os cursos que a elas pertencem, em particular, dispõem de revistas especializadas para a publicação desses trabalhos produzidos por alunos e

professores na forma de artigo científi co.

Artigo científi co pode ser entendido como um trabalho completo em si mesmo, mas possui dimensão reduzida. Köche (1997, p. 149) afi rma que “o artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão”.

Salvador (1977, p. 24) apresenta cinco razões para escrever artigos científi cos. São elas:

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Ciência e Pesquisa

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a) Expor aspectos novos por nós descobertos, mediante o estudo e a pesquisa, a respeito de uma questão, ou de aspectos que julgamos terem sido tratados apenas superfi cialmente, ou soluções novas para questões conhecidas; b) expor de uma maneira nova uma questão já antiga; c) anunciar resultados de uma pesquisa, que será exposta futuramente em livro; d) desenvolver aspectos secundários de uma questão que não tiveram o devido tratamento em livro que foi editado ou que será editado; e) abordar assuntos controvertidos para os quais não houve tempo de preparar um livro.

O artigo é um meio de atualização de informações e por isso, enquanto fonte de pesquisa, jamais pode ser ignorado por alunos e professores no processo de busca e aquisição de conhecimentos.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) os artigos são classifi cados em dois tipos: original e revisão. O artigo original “parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais [...] (relatos de experiência de pesquisa, estudo de caso etc.)”. O artigo de revisão “parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas”.

O resumo do artigo escrito por Dalgalarrondo e outros (2004), publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria, exemplifi ca um artigo original. Acompanhe a seguir:

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Religião e uso de drogas por adolescentes

Introdução: Estudos internacionais e nacionais mostram que a religiosidade é um modulador importante no consumo de álcool e drogas entre estudantes adolescentes. Objetivos: verifi car se diferentes variáveis da religiosidade infl uenciam o uso freqüente e/ou pesado de álcool e drogas entre estudantes de 1º e 2º graus. Métodos: Estudo transversal com uma técnica de amostragem do tipo intencional. Foi utilizado um questionário anônimo de autopreenchimento. A amostra foi constituída por 2.287 estudantes de escolas públicas periféricas e centrais e escolas particulares da cidade de Campinas, SP, entrevistados no ano de 1998. As drogas estudadas foram: álcool, tabaco, solventes, medicamentos, maconha, cocaína e ecstasy. As variáveis independentes incluídas na análise de regressão logística foram: fi liação religiosa, freqüência de ida ao culto/missa por mês, considerar-se pessoa religiosa e educação religiosa na infância. Para identifi car como as variáveis de religiosidade infl uenciam o uso de álcool e drogas utilizaram-se análises bivariadas e a análise de regressão logística para resposta dicotômica. Resultados: O uso pesado de pelo menos uma droga foi maior entre os estudantes que tiveram educação na infância sem religião. O uso no mês de cocaína e de “medicamentos para dar barato” foi maior nos estudantes que não tinham religião. O uso no mês de ecstasy e de “medicamentos para dar barato” foi maior nos estudantes que não tiveram educação religiosa na infância. Conclusões: Várias dimensões da religiosidade relacionam-se com o uso de drogas por adolescentes, com possível efeito inibidor. Particularmente interessante foi que uma maior educação religiosa na infância mostrou-se marcadamente importante em tal possível inibição.

O resumo do artigo escrito por Pedroso e outros (2006, grifo nosso), publicado pela Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, exemplifi ca um artigo de revisão. Leia o texto a seguir:

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Ciência e Pesquisa

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Expectativas de resultados frente ao uso de álcool, maconha e tabaco

Este artigo teve como objetivo realizar uma revisão teórica acerca do construto expectativas de resultados frente ao uso de álcool, maconha e tabaco. As expectativas de resultados são determinadas a partir do que as pessoas acreditam acerca dos efeitos de determinada droga, sendo uma variável importante no tratamento de dependentes químicos. Foram realizadas buscas de artigos publicados nas bases de dados MEDLINE, PsycINFO, ProQuest, Ovid, LILACS e Cork, usando os descritores belief, expectancy, expectation, drugs, psychoactive e eff ect. Os resultados demonstraram que as expectativas de resultados frente ao uso dessas substâncias podem surgir de fontes como: exposição a estímulos condicionados, dependência física, crenças pessoais e culturais e fatores situacionais e ambientais. Conclui-se que ainda há necessidade de novas pesquisas quanto às expectativas relacionadas às diferentes substâncias psicoativas e faixas etárias para uma melhor compreensão deste construto.

Para a publicação de um artigo científi co é necessário que se observem as recomendações estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) que estrutura, de maneira geral, os seguintes elementos: pré-textuais, textuais, pós-textuais.

Os elementos pré-textuais apresentam, na página de abertura, as informações que identifi cam o artigo; os elementos textuais apresentam os resultados do estudo em três partes logicamente encadeadas: introdução, desenvolvimento e conclusão; e os elementos pós-textuais apresentam as informações que identifi cam o artigo, traduzidos para uma língua estrangeira, conforme indicação da própria revista, como também, as referências, apêndices e anexos.

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Conheça os itens que compõem cada um dos elementos da estrutura de um artigo.

Elementos pré-textuais - os elementos pré-textuais são os seguintes:

a) título - contém o termo ou expressão que indica o conteúdo do artigo;

b) autoria - nome do autor ou autores, acompanhado de um breve currículo em nota de rodapé;

c) resumo - apresenta objetivos, metodologia, resultados e conclusões alcançadas. Deve ser elaborado de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003);

d) palavras-chave - termos indicativos do conteúdo do artigo.

Elementos textuais - Os elementos textuais são constituídos das seguintes partes:

a) introdução - apresenta o tema-questão-problema, justifica-o, expõe os objetivos e descreve a metodologia que foi adotada na realização da pesquisa;

b) desenvolvimento - apresenta fundamentação teórica e os resultados do estudo;

c) conclusão - analisa criticamente os resultados do estudo e abre perspectivas para novas investigações.

Elementos pós-textuais - Os elementos pós-textuais são os seguintes:

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Ciência e Pesquisa

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a) título e subtítulo (se houver) - escrito em língua estrangeira;

b) resumo - o mesmo resumo que aparece como elemento pré-textual, porém escrito em língua estrangeira;

c) palavras-chave - escritas em língua estrangeira;

d) notas explicativas - citadas para evitar notas de rodapé;

e) referências - apresenta as obras que foram citadas no corpo do artigo conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002).

f) Glossário - definição, em ordem alfabética, de termos que assumem significado específico no artigo;

g) Apêndice - texto escrito pelo autor, que complementa as idéias contidas no desenvolvimento;

h) Anexo - texto não escrito pelo autor, que fundamenta, comprova ou ilustra aspectos contidos no desenvolvimento;

É importante salientar que nem todas as revistas científi cas seguem rigorosamente a ordem dos elementos apresentados nesta seção. Alguns itens podem variar de acordo com as necessidades e/ou exigência de cada conselho editorial.

Independentemente disso, é importante que professores e alunos sintam-se motivados para publicar os resultados de suas atividades científi cas ou didáticas.

SEÇÃO 6 - Projeto de pesquisa

Para Gil (2002, p. 19), projeto de pesquisa “[...] é o documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa”. Trata-se, portanto, do documento que nos permite planejar todas as ações inerentes à pesquisa.

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Pesquisa não é pura coleta de dados mas um conjunto de ações orientadas por metas e estratégias a serem atingidas na tentativa de buscar respostas para um determinado problema.

De modo geral, um projeto de pesquisa deve oferecer respostas às seguintes indagações:

Pergunta Indicação

O que pesquisar? Determinação do objeto da pesquisa por meio da apresentação, principalmente, do tema, delimitação do tema e da problematização

Com que base teórica pesquisar? Referencial teórico e/ou marco teórico e/ou revisão de literatura

Por que pesquisar? Justifi cativa

Que ações serão desenvolvidas na pesquisa? Objetivos

Quem pesquisar? Sujeitos

Onde pesquisar? Unidade ou local de observação e/ou coleta de dados

Quando pesquisar? Cronograma

Como pesquisar? Determinação dos métodos e técnicas

Com quanto pesquisar? Orçamento

Modelos de roteiro

É comum encontrar na literatura de metodologia científi ca e da pesquisa vários modelos de roteiro de projeto de pesquisa.

O modelo apresentado a seguir não deve ser entendido como único e absoluto, ao contrário, deve ser entendido apenas como um roteiro que nos permite entender quais são as etapas que se sucedem na elaboração de um projeto.

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

1.1 Tema

1.2 Delimitação do tema

1.3 Problematização

1.4 Justifi cativa

1.5 Objetivos

1.6 Defi nição dos conceitos operacionais

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO

3.1 Tipo de pesquisa

3.2 População/amostra

3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados

3.4 Procedimentos utilizados para a coleta de dados

3.5 Tratamento dos dados

4 CRONOGRAMA

5 ORÇAMENTO

REFERÊNCIAS

De acordo com o modelo exemplifi cado, acompanhe, a seguir, o signifi cado e as ações a serem desenvolvidas em cada uma dessas etapas do projeto de pesquisa.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Considerações sobre a delimitação do tema e formulação do problema

Neste primeiro capítulo você deve apresentar as informações relacionadas ao objeto da pesquisa especifi cando o tema, a delimitação do tema, a problematização, a justifi cativa, os objetivos e os conceitos operacionais. Acompanhe a seguir.

Tema

Para escolher o tema da pesquisa você deve levar em conta alguns fatores: a) interesse pelo assunto; b) qualifi cação intelectual; c) existência de bibliografi a especializada; d) disponibilidade de um orientador que possa acompanhar a pesquisa; e) tempo disponível para a realização da coleta de dados; f) recursos fi nanceiros, quando for o caso; g) disponibilidade de material necessário para a coleta de dados.

A não observação de um ou mais fatores pode comprometer o curso da investigação e, em alguns casos, a pesquisa poderá sofrer solução de continuidade (ser interrompida).

A indicação do tema deve expressar, de modo geral, em dimensão abstrata, o assunto da pesquisa. Observe os exemplos em algumas áreas do conhecimento:

“Sigilo bancário”

“Ética na advocacia”

“Assédio moral”

“Avaliação da idade óssea”

“Traumatismo na dentição decídua”

“Gestão no esporte”

“Eutanásia”

“Criminalidade”

“Cidadania e movimentos sociais”

“Empreendedorismo”

“Empresa familiar”

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

Delimitação do tema

Delimitar é indicar a abrangência do estudo; é estabelecer os limites extencionais e conceituais do tema. Enquanto princípio de logicidade é importante salientar que quanto maior a extensão conceitual, menor a compreensão conceitual e, inversamente, quanto menor a extensão conceitual, maior a compreensão conceitual.

Em outras palavras isto signifi ca dizer que quando se escolhe um tema muito abrangente, corre-se o risco de se ter pouco domínio ou profundidade. Por isso você deve delimitá-lo em uma dimensão viável, não muito abrangente, para poder alcançar maior compreensão e domínio sobre as propriedades do assunto.

O enunciado da delimitação do tema, em alguns casos, deve incluir os seguintes elementos: a) variáveis principais, b) a população a ser estudada, c) o local e o período da pesquisa. No exemplo, “Reclamações contra advogados na OAB-SC, no período de 2004 a 2006”, a variável a ser estudada seria “Reclamações contra advogados”, a população seria os advogados da OAB-SC, o local seria a própria OAB-SC e o período seria de 2004 a 2006.

Observe outros exemplos de temas delimitados em algumas áreas do conhecimento:

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Traumatismo dentário em crianças de 0 a 5 anos vacinadas em 2007 em Tubarão,SC (GONÇALVES; QUARESMA, 2006).

Avaliação da idade óssea em crianças infectadas pelo HIV atendidas no setor de Infectologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) de Florianópolis, SC. (ZEFFERINO; JUNKES, 2006).

O perfi l dos proprietários de empresas familiares da Região da Amurel.

Efeitos do tratamento fi sioterapêutico em lesões, durante o treinamento físico, que acometem militares de um Batalhão de Infantaria do Sul do Brasil (TEODORO, 2006).

A efetividade do direito a educação em escolas de educação infantil da Rede municipal de ensino do Município de Tubarão, SC. (PIRES, 2006)

Cabe salientar que se a pesquisa for puramente bibliográfi ca devem-se destacar apenas as variáveis principais. Acompanhe alguns exemplos:

A Responsabilidade civil dos pais pelo abandono moral dos fi lhos (NORY)

Progressão de regimes nos crimes hediondos (CAMPOS)

A legislação brasileira e a efetividade das sanções impostas aos transgressores do meio ambiente (SILVA)

Problematização

Delimitado o tema, o passo seguinte é a problematização. Para que fi que clara e precisa a extensão conceitual do assunto, é importante situá-lo em sua respectiva área de conhecimento, possibilitando, assim, que se visualize a especifi cidade do objeto no contexto de sua área temática.

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

Gil (2002, p. 57-58) aponta cinco “regras” para a adequada formulação do problema: a) o problema deve ser formulado como uma pergunta; b) o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável; c) o problema deve ter clareza; d) o problema deve ser preciso; e) o problema deve apresentar referências empíricas.

As regras não são absolutamente rígidas e devem ser moldadas de acordo com a especifi cidade do problema. É importante, também, lembrar que cada orientador possui uma forma própria de problematizar as questões de pesquisa.

O texto da problematização deve ser encerrado com as perguntas de pesquisa. É importante salientar que todo o processo de pesquisa será desenvolvido para que se encontrem respostas às perguntas que são formuladas nesta seção do projeto. Tome cuidado para não apresentar perguntas que estejam fora do alcance do tema delimitado.

Acompanhe o exemplo:

Qual a prevalência de traumatismo dentário em crianças de 0 a 5 anos vacinadas em 2007 em Tubarão,SC?

Qual o grau da extensão da lesão nos tecidos dentários?

Justifi cativa

A justifi cativa situa a importância do estudo e os porquês da realização da pesquisa. O texto da justifi cativa, em geral, deve apresentar os motivos que levaram à investigação do problema e endereçar a discussão à relevância teórica e prática, social e científi ca do assunto.

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Objetivos

Os objetivos indicam as ações que serão desenvolvidas para a resolução do problema de pesquisa. O objetivo geral é apresentado na forma de um enunciado que reúne, ao mesmo tempo, todos os objetivos específi cos.

Os objetivos específi cos informam sobre as ações particulares que dizem respeito à análise teórica e aos meios técnicos da investigação do problema.

Os objetivos devem ser iniciados com o verbo no infi nitivo. Ex. defi nir, identifi car, selecionar, indicar, explicar, classifi car, aplicar, avaliar, demonstrar, analisar, comparar, diferenciar, criticar, combinar, repetir, sumarizar, sintetizar, discutir, organizar, relacionar, julgar, determinar, reconhecer, dentre outros.

Os objetivos precisam ser relacionados com a parte teórica e prática da pesquisa. Na parte teórica é importante explicitar claramente os objetivos de cada capítulo, permitindo ao pesquisador ter uma visão mais concreta do seu plano de estudo e, na parte prática, relacioná-los com o instrumento de coleta de dados (questionário, formulário, entrevista, dentre outros).

Hipótese(s)

Consiste em apresentar um ou mais enunciados sob forma de sentença declarativa e que resolve (em) provisoriamente o problema. A pesquisa tratará de buscar respostas que refutam ou corroboram as suposições que forem apresentadas.

Dessa maneira, sua elaboração está ligada diretamente ao problema da pesquisa, funcionando como uma espécie de “aposta” do pesquisador de que a resposta a que o desenvolvimento da pesquisa levará será a mesma ou estará muito perto da resposta enunciada na hipótese. Para isso, o seu conteúdo deve ter conceitos claros, ser de natureza específi ca e não se basear em valores morais (SANTAELLA, 2001).

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

Defi nição dos conceitos operacionais

Este item consiste em apresentar o signifi cado que os termos do problema assumem na pesquisa. Através das defi nições, diz Köche (1997, p. 117), [...] “é possível estabelecer os indicadores que podem ser utilizados para categorizar as variáveis.”

É importante salientar que não será possível estabelecer instrumentos e procedimentos para coleta de dados, se os indicadores das variáveis não estiverem previamente defi nidos.

— Até aqui, você conheceu os itens que compõem a primeira parte do roteiro de pesquisa. Estude, a seguir, sobre o segundo elemento do roteiro: revisão bibliográfi ca.

Revisão bibliográfi ca

A revisão bibliográfi ca apresenta uma breve discussão teórica do problema, na perspectiva de fundamentá-lo nas teorias existentes. As idéias apresentadas no texto de revisão devem ser organicamente ligadas aos objetivos, hipóteses, defi nição conceitual e operacional das variáveis e outros elementos do projeto.

A fundamentação teórica apresentada deve, ainda, servir de base para a análise e a interpretação dos dados coletados na fase de elaboração do relatório fi nal. Os dados apresentados precisam, necessariamente, ser interpretados à luz das teorias existentes.

— Após defi nidos o tema, o problema da pesquisa e realizada a discussão teórica, o próximo passo é estruturar a pesquisa quanto aos instrumentos para a coleta de dados. Confi ra a seguir.

Delineamento da Pesquisa

O delineamento da pesquisa, segundo Gil (1995, p. 70), “refere-se ao planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla”, ou seja, neste momento, o investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se os instrumentos e os procedimentos utilizados para a coleta de dados.

A primeira atividade consiste na determinação e justifi cativa do tipo de pesquisa ou estudo. A determinação do tipo de estudo

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Universidade do Sul de Santa Catarina

deve levar em conta três critérios de classifi cação: quanto ao nível (exploratória, descritiva ou explicativa), abordagem (qualitativa, quantitativa) e procedimento utilizado na coleta de dados (bibliográfi ca, documental, experimental, estudo de caso, estudo de caso controle, levantamento, estudo de campo, dentre outras).

População/amostra

Neste item, você indica se a pesquisa vai abranger o universo populacional ou se apenas uma amostra dos indivíduos pesquisados. No caso de se optar por uma ou por outra, é necessário informar os procedimentos e/ou critérios adotados para a sua execução.

Aqui você informa, também, as características gerais da população a ser investigada (cidade, município, bairro).

Instrumentos utilizados para coleta de dados

Este item consiste em indicar o tipo de instrumento utilizado para registro dos dados que serão coletados. No caso de questionários ou entrevistas, fi chas de avaliação ou de registro documental você deve apresentar o modelo em anexo ou em apêndice. O anexo deve ser utilizado quando você adotar um instrumento de coleta de dados proveniente da literatura e o apêndice quando você elaborou o próprio instrumento.

Procedimentos utilizados na coleta de dados

Informam-se as operações e/ou atividades desenvolvidas, a forma de aplicação dos instrumentos de coleta de dados.

Tratamento dos dados

Indicam-se os recursos que serão utilizados para a análise dos dados.

— Os itens a seguir, compõem a parte fi nal do modelo de roteiro de pesquisa apresentado.

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

Cronograma

Neste item, você informa a previsão das atividades e, respectivamente, o período de execução.

Orçamento

Este é o item em que você informa a previsão e o detalhamento de todos os recursos fi nanceiros necessários para a realização da pesquisa.

Referências

Aqui você informa a relação dos documentos utilizados para a fundamentação do problema de pesquisa (Ver NBR 6023 vigente, encontrada em qualquer biblioteca da Unisul).

SEÇÃO 7 - Relatório técnico-científi co

O Relatório técnico-científi co é um documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos numa investigação. Descreve minuciosamente a situação de uma questão técnica ou científi ca.

Segundo Rauen (2002, p. 235), o Relatório se defi ne como uma “[...] comunicação por escrito dos resultados de uma pesquisa, no qual se podem identifi car: os passos da pesquisa, a revisão bibliográfi ca, a análise/interpretação dos dados e as conclusões estabelecidas”.

Para Oliveira (2003, p. 101), o relatório constitui-se em uma “[...] descrição objetiva [e pormenorizada] de fatos, acontecimentos ou atividades, que incorpora uma análise metódica para a obtenção de conclusões que se constituam em parâmetros para a escolha de alternativas”.

Como você pode observar, o Relatório é um tipo de trabalho que tem como fi nalidade descrever as etapas das investigações realizadas diretamente na realidade (“in loco”).

O relatório técnico-científi co geralmente é desenvolvido na fase dos estágios supervisionados em diversos cursos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

É capaz de apresentar, sistematicamente, informação sufi ciente para que se possam traçar conclusões e fazer recomendações à resolução de determinada situação-problema, caracterizando-se pela fi delidade, objetividade e exatidão de relato.

De acordo com Severino (2000, p. 174), o relatório técnico-científi co “[...] visa pura e simplesmente historiar seu desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar os resultados – parciais ou fi nais – obtidos”.

SEÇÃO 8 - Monografi a

Você sabe de onde surgiu a palavra monografi a? Etimologicamente, essa palavra vem do prefi xo grego mono (de onde derivam palavras como monge, mosteiro, monossílabo, monolítico, etc.) e do prefi xo latino solus (solteiro, solitário, solitude), que signifi ca um só e da palavra graphein, que signifi ca escrever. (BITTAR, 2003, p. 1).

Com base na etimologia da palavra você pode perceber que monografi a resulta de um trabalho intelectual baseado em apenas um assunto.

Conforme Bebber e Martinello (1996, p. 71), a monografi a é “um estudo realizado com profundidade e seguindo métodos científi cos de pesquisa e de apresentação de um assunto em todos os seus detalhes, como contributo à ciência respectiva”.

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 235), a monografi a apresenta as seguintes características:

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

a) trabalho escrito, sistemático e completo;

b) tema específi co ou particular de uma ciência ou parte dela;

c) estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso;

d) tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance (nesse caso, é limitado);

e) metodologia específi ca;

f) contribuição importante, original e pessoal para a ciência.

Este tipo de trabalho científi co abrange dois sentidos: o stritu, que se identifi ca com a tese e a dissertação dos cursos de doutorado e mestrado respectivamente e o latu, que se relaciona àquelas monografi as desenvolvidas nos cursos de graduação, principalmente nas licenciaturas. Ambos os sentidos não dispensam a rigorosa metodologia na pesquisa de um tema em específi co, a partir de um só problema, qualifi cando-as como de natureza científi ca, pois do contrário se tratará de um simples estudo.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de auto-avaliação

Leia com atenção os enunciados e realize, a seguir, as atividades:

1) Acesse o Scientifi c Electronic Library Online - SciELO (www.scielo.br), selecione o artigo escrito por Sigmar de Mello Rode e Bruno das Neves Cavalcante, publicado na revista Pesquisa Odontológica Brasileira e faça um fi chamento do tipo comentário analítico das idéias presentes do texto. Orientações para pesquisa no SciELO:

Primeiro passo - digite o endereço: www. scielo.br.

Segundo passo - clique sobre a opção português.

Terceiro passo - clique sobre a opção pesquisa de artigos.

Quarto passo - clique sobre a opção formulário livre.

Quinto passo - preencha o formulário de busca escrevendo as palavras “pesquisa” e “ética” (sem aspas e sem a letra “e” entre as palavras) e selecione o artigo escrito por Sigmar de Mello Rode e Bruno das Neves Cavalcante.

Sexto passo - clique sobre a opção texto em português para fazer a leitura na íntegra do artigo e realizar a atividade.

TÍTULO DA FICHA (crie o título)

RODE, S. de M.; CAVALCANTI, B. das N.. Ética em autoria de trabalhos científi cos. Pesquisa Odontologia Brasileira, São Paulo, v. 17, p. 65-66, maio 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151774912003000500010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 jun. 2004.

Comentário analítico sobre o texto

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

2) Como colocar conteúdos em um trabalho sem incorrer no erro (e no crime) de plágio?

3) Assinale a alternativa incorreta e depois justifi que o erro identifi cado.

a) ( ) A Resenha crítica é a apreciação de uma obra, tendo que apresentar o resenhista conhecimento completo da obra.

b) ( ) O Position paper consiste em um resumo, elaborado pelo leitor, a fi m de identifi car as principais idéias do texto.

c) ( ) O relatório técnico-científi co consiste no relato formal dos resultados de uma investigação ou a descrição minuciosa e criteriosa de uma determinada situação-problema vivenciada na fase do estágio supervisionado.

d) ( ) A monografi a é um estudo realizado com profundidade que segue métodos científi cos de pesquisa.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

e) ( ) Resumo é a condensação de um texto, que apresenta suas principais idéias de maneira abreviada, permitindo ao leitor decidir sobre a consulta ou não do texto original.

f) ( ) O artigo científi co é um trabalho completo em si mesmo, que resulta de uma pesquisa ou de uma revisão bibliográfi ca.

4. Leia o resumo do artigo escrito por Kerr-Correa e outros (1999) e responda:

a) Como se classifi ca o artigo quanto ao tipo? Justifi que sua resposta.

b) Quais são os elementos que compõem a estrutura do resumo? Numere-os na linha a seguir e identifi que-os no texto a seguir, sobre o Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp, indicando a mesma numeração da linha.

(1) Objetivo, (2) , (3) , (4)

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp

(1) Objetivo: o objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência do uso de drogas por estudantes da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp, comparada com outras oito escolas médicas paulistas (uso na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias). A pesquisa foi realizada entre 1994 e 1995, com 5.227 estudantes do 1º ao 6º ano de graduação.: Foi usado um questionário de auto-respostas, anônimo, incluindo o questionário da Organização Mundial da Saúde para levantamento de uso de drogas e álcool. Setenta e um por cento (3.725) dos alunos responderam ao mesmo, e destes, 421 eram de Botucatu.: Não houve diferenças estatisticamente signifi cantes entre escolas e, nos 30 dias anteriores ao preenchimento do questionário, a prevalência do uso de drogas para os estudantes de Botucatu foi a seguinte, com a variação entre outras escolas mostrada entre parênteses: álcool 50% (42-50%); tabaco 7% (7-13%); solventes 8% (7-12%); maconha 6% (6-16%); benzodiazepínicos (BZD) 3% (2-9%); cocaína 0,5% (0,2-4%); anfetaminas 1 % (0-1%). Embora tenha se encontrado um uso crescente de todas as drogas do 1º ao 6º ano, e em especial os BZD, os estudantes não aprovam este uso. A análise de regressão logística indicou que o uso de álcool e drogas foi favorecido por: a) ser homem; b) perder aulas sem razão e referir ou ter muito tempo livre nos fi nais de semana; e c) ter uma atitude favorável em relação ao uso de álcool e drogas. Diferentemente de outras escolas, na Unesp não houve diferenças estatisticamente signifi cantes de gênero em relação ao uso de tranqüilizantes. No entanto, as mulheres iniciam uso mais precocemente e o fazem mais freqüentemente. Também as mulheres já faziam uso de maconha antes de entrar para a faculdade (30% mulheres X 10% homens), o contrário ocorrendo com solventes (50% homens X 2% mulheres), sendo essas diferenças estatisticamente signifi cantes. Embora a pesquisa tenha focalizado o uso (não abuso ou dependência), os resultados sugerem a necessidade de as universidades estabelecerem uma política clara de orientação sobre uso de drogas e álcool para os estudantes, incluindo mudanças curriculares e programas de prevenção.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

5) Leia o resumo da pesquisa de dissertação de mestrado realizada por Macedo (2003) e, em seguida, responda as seguintes questões:

O estudo do perfi l empreendedor em empresas familiares

O objetivo do presente trabalho é identifi car os fatores responsáveis pela sobrevivência de empresas familiares através da análise do perfi l de seus empreendedores. Para isso é feito um levantamento bibliográfi co à cerca de alguns aspectos que envolvem o tema empreendedorismo, subdividindo-se a dissertação em três temas principais: o empreendedorismo em empresas familiares; as características do empreendedor, como sendo as necessidades, conhecimentos, habilidades e valores; alguns dos principais determinantes do comportamento empreendedor como sendo a personalidade, percepção, atitude, aprendizagem e motivação. Em seguida, é realizada uma pesquisa de campo nas empresas familiares dos bairros da Trindade, Pantanal, Córrego Grande e Carvoeira, em Florianópolis, independentemente de ramo ou porte, com o objetivo de traçar um perfi l para os proprietários ou empreendedores dessas empresas. Na pesquisa é enfatizada a importância do estudo dos fatores comportamentais dos empreendedores em empresas familiares, face as mudanças ocorridas nas organizações em função do desenvolvimento tecnológico e as mudanças político econômicas ocorridas no ambiente empresarial atual. Os resultados obtidos foram os seguintes: os empreendedores possuem muitas das características da tendência impulso e determinação, o que já não aconteceu com a tendência riscos calculados/moderados, cuja média obtida fi cou abaixo da média do teste. E a maioria das tendências empreendedoras tem maior média nas empresas com até um ano de vida e dirigidas por três ou mais pessoas.

a) Qual o tema da pesquisa?

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

b) Qual o problema subjacente ao assunto pesquisado, isto é, o que o autor quis saber ou pesquisar?

c) Cite o objetivo geral da pesquisa

d) Cite dois objetivos específi cos referentes a pesquisa:

� Objetivo específi co (1)

� Objetivo específi co (2)

e) Que justifi cativa você apresentaria para a realização dessa pesquisa?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

f) Quais foram os instrumentos utilizados para a coleta de dados?

Síntese

Nesta unidade você estudou os vários tipos de trabalhos científi cos que se podem desenvolver na universidade: resumo, resenha crítica, fi chamento, paper, artigo científi co, relatório técnico-científi co e monografi a.

O resumo é a apresentação concisa das principais idéias de um texto Resulta da capacidade analítica e compreensiva que o leitor adquire no momento em que faz sua leitura. Quanto mais se tem domínio e compreensão do texto, maior será a capacidade de síntese e de apresentação de forma breve. Existem basicamente dois tipos de resumos: o indicativo e o informativo.

A resenha crítica consiste no desenvolvimento de uma síntese sobre uma obra, no sentido de expressar um juízo de valor acerca do assunto abordado. Corresponde à apreciação crítica de um texto com o objetivo de discussão das idéias nele contidas. Para desenvolver essa avaliação, é necessário que o resenhista recorra ao posicionamento de outros autores da comunidade científi ca.

A fi cha de leitura é um instrumento adequado para se reter as informações resultantes de uma leitura. É o registro em algum suporte físico. Achar que a memória vai dar conta de armazenar tudo, é um grande engano. Na memória, infelizmente, não se pode confi ar. A fi cha pode ser realizada com diferentes fi ns: a) como instrumento de coleta de dados na realização de uma pesquisa bibliográfi ca; b) como trabalho acadêmico em disciplinas de graduação e pós-graduação; c) como preparação de textos na apresentação oral de trabalhos em sala de aula; e, d) como um instrumento auxiliar na leitura e registro das idéias de um texto.

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

O paper tem como objetivo principal analisar um tema/questão/problema, por meio do desenvolvimento de um ponto de vista de quem o escreve. O paper geralmente trata do particular ou da essência do problema. Assim, a composição de um paper decorre do estudo e do posicionamento de quem o escreve.

O position paper é o posicionamento sobre um tema ou assunto acompanhado de uma breve revisão de literatura para conhecer, também, o posicionamento de outros autores.

O paper – comunicação científi ca é a informação concisa que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, sociedades científi cas, expostos em tempo reduzido.

O artigo científi co pode ser entendido como um trabalho completo em si mesmo, mas possui dimensão reduzida. Trata-se de um meio de atualização de informações e por isso, enquanto fonte de pesquisa, jamais pode ser ignorado por alunos e professores no processo de busca e aquisição de conhecimentos. Existem dois tipos de artigos: o original e o de revisão.

O Relatório Técnico-Científi co é um documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos numa investigação. Descreve minuciosamente a situação de uma questão técnica ou científi ca. Trata-se de um tipo de trabalho que tem como fi nalidade descrever as etapas das investigações realizadas diretamente na realidade (“in loco”). É capaz de apresentar, sistematicamente, informação sufi ciente para que se possam traçar conclusões e fazer recomendações à resolução de determinada situação-problema, caracterizando-se pela fi delidade, objetividade e exatidão de relato.

A monografi a se defi ne como um trabalho intelectual concentrado sobre um único assunto decorrente de um estudo que é realizado com profundidade e seguindo métodos científi cos de pesquisa. Este tipo de trabalho pode assumir dois sentidos: o stritu e o latu.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

Escrever um artigo vale a pena?

Conta-se que um colunista social, certa vez, ao ler um elogio de um famoso artista de televisão e querendo tirar uma casquinha, escreveu: ‘gostaria de dizer que é isso mesmo.’

Um atento crítico de outro jornal ao ver sua preciosidade, retrucou: ‘se você tem algo a acrescentar, então não é isso mesmo, mas se você acha que é isso mesmo, então você não tem nada a acrescentar’.

No volume 37, Número ½, da Brasília Médica, o editor da revista Dr. Maurício G. Pereira, escreveu o artigo ‘Vale a pena publicar artigo cientifi co?’, em que ele enumerou cinco razões pelas quais todos deveriam escrever:

1. ter algo a dizer para a comunidade acadêmicaou para o público;

2. melhorar o próprio currículo;

3. obter financiamento para pesquisas;

4. impressionar os outros;

5. força interior, que impele o articulista a escrever.

Quanto ao primeiro item, nada a discutir, pois se o médico, seja ele um pesquisador ou não, tiver algo a dizer, deverá dize-lo, uma vez que os assuntos com conteúdo passam a interessar ao meio médico, mesmo que seja apenas uma única especialidade.

O segundo item é conseqüência do primeiro, porém, para se melhorar o currículo, não basta apenas escrever. É necessário, antes de mais nada, que o artigo apresentado tenha qualidade, seja profícuo.

Já a obtenção de fi nanciamento para pesquisas, mencionada no terceiro item, também deveria ser uma conseqüência da qualidade do trabalho. Isto, infelizmente, nem sempre se dá. Às vezes, mais vale ter boas amizades, amigos políticos ou livre trânsito nos corredores palacianos, o que não deixa de ser lamentável.

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Ciência e Pesquisa

Unidade 5

A quarta razão aventada pelo Dr. Maurício também não deixa de ser conseqüência da primeira, sendo que é muito difícil, a priori, julgar que tipo de impressão pode causar a quem o lê. Essa impressão pode ser boa, mas também pode ser má ou de total indiferença. Acho essa razão presunçosa, em total desacordo com certos princípios inerentes à formação médica, como a humildade ou descrição, por exemplo.

Finalmente, a quinta razão está relacionada a quem gosta e sente prazer em escrever. Aí, é inevitável. Se a pessoa tem facilidade para escrever, escreva. Mas por favor, escreva coisas proveitosas ou, se inúteis, que sejam pelo menos elegantes, espirituosas.

O Dr. Maurício ainda chega a sugerir uma sexta razão: ‘manter as revistas em circulação.’. Essa sim, é uma razão sem razão. Escrever, por escrever, com propósito único de manter a revista viva. Somos cerca de 8 mil médicos, em Brasília. Se apenas 1% dessa população resolver escrever um artigo todos os meses, serão 80 artigos a cada 30 dias. Caso isso viesse a acontecer, é possível que surgissem algumas boas surpresas, mas, em contrapartida, teríamos muita porcaria também.

Para fi nalizar, diria que se você tem algo a acrescentar, por favor escreva. Mas se você acha que é isso mesmo, então não escreva, porque nada tem a acrescentar.

Referência:

RETAMERA, José Navarrete. Escrever um artigo vale a pena? BrasíliaMédica, Brasília, DF, v. 37, n. 3, p. 123, 2000.

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