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REVISTA DA INSTALAÇÃO 50 REPORTAGEM: PAULO MARTINS Revolução em curso Mais do que uma promissora atividade econômica, mercado fotovoltaico propõe a criação de um novo modelo de sociedade a partir da democratização da geração e da distribuição de energia a partir de fontes renováveis. The photovoltaic solar energy market has been growing in the world, but Brazil, in particular, has one of the largest potentials of the planet. However, the country needs to address a number of issues that hinder the full development of this energy source. Among the aspects that need further development, the most important are regulatory issues and incentive policy. El mercado de la energía solar fotovoltaica ha crecido en el mundo, pero Brasil, en particular, tiene uno de los mayores potenciales del planeta. Sin embargo, el país necesita resolver una serie de cuestiones que dificultan el pleno desarrollo de esta fuente de energía. Entre los aspectos que necesitan de un mayor desarrollo están la cuestión regulatoria y la política de incentivos. Ano I Edição 03 Juhno’16 WWW.FACEBOOK.COM/REVISTADAINSTALACAO WWW.REVISTADAINSTALACAO.COM.BR MERCADO | Geração Distribuída

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Revista da instalaçÃO50

Mercado| Geração Distribuída

reportageM: paulo Martins

Revolução em cursoMais do que uma promissora atividade econômica,

mercado fotovoltaico propõe a criação de um novo

modelo de sociedade a partir da democratização

da geração e da distribuição de energia a partir de

fontes renováveis.

The photovoltaic solar energy market has been growing in the world, but Brazil, in particular, has one of the largest potentials of the planet. However, the country needs to address a number of issues that hinder the full development of this energy source. Among the aspects that need further development, the most important are regulatory issues and incentive policy.

El mercado de la energía solar fotovoltaica ha crecido en el mundo, pero Brasil, en particular, tiene uno de los mayores potenciales del planeta. Sin embargo, el país necesita resolver una serie de cuestiones que dificultan el pleno desarrollo de esta fuente de energía. Entre los aspectos que necesitan de un mayor desarrollo están la cuestión regulatoria y la política de incentivos.

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perfil de importantes setores do mercado, baseado em entrevistas com executivos, profissionais e usuários.

Mercadoprofile of key market sectors, based on interviews with executives, professionals and users.

Marketperfil de los sectores clave del mercado, basado en entrevistas con ejecutivos, profesionales y usuarios.

Mercado

No Brasil, o mercado de energia solar fotovoltaica cres-ce a taxas que podem chegar a 300% ao ano. O nú-mero expressivo se deve à pequena base de partida, mas indica o potencial gigantesco do setor. Existem

hoje cerca de 3 mil instalações de energia fotovoltaica conec-tadas à rede das concessionárias, mas a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que até 2024 o número de conexões será de 1,2 milhão.

Estamos diante de uma fonte de energia inesgotável, gra-tuita e limpa, e a queda substancial dos custos ao longo do tempo ajuda a alimentar as boas perspectivas, mas o País ain-da carece de um planejamento consistente e sustentável para

se tornar um player que transmita maior confiabilidade aos investidores. Entre os desafios a serem venci-dos, destaca-se a necessidade de promover avan-ços no campo regulatório, consolidar uma cadeia produtiva e formar mão de obra especializada.

Pelo menos dois fatores foram fundamentais para a arrancada do setor nos últimos anos: a ins-tituição do sistema de geração distribuída, no qual o consumidor pode implantar micro e minis pon-tos de geração em sua própria casa, fornecendo o

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excedente para a rede de distribuição, e a realização de leilões para contratação de grandes volumes de energia produ-zida pelas usinas.

Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Dis-tribuída (ABGD), comemora o fato do Brasil aparecer na lista da EPIA (Asso-ciação de Indústrias Fotovoltaicas Euro-peias) entre os seis melhores países do mundo para se investir em energia solar fotovoltaica. O executivo atribui à Ane-el a informação de que somente a área residencial reúne 30 mi-lhões de potenciais clientes com capacidade para instalar sistemas solares na modalidade de Geração Distribuída. “Existe um mercado fantástico, enorme, para acontecer nos próximos anos”, vislumbra.

Carlos Café, diretor do Studio Equi-nócio - empresa com mais de 15 anos de experiência no mercado de energia solar térmica e fotovoltaica -, destaca que o Brasil ‘entrou’ na área com ao menos uma década de atraso, mas con-corda que o potencial e a importância da geração distribuída a partir das tec-nologias solares é imenso. “A potência das usinas solares fotovoltaicas conec-

tadas à rede é de 24 MW. Segundo es-tudo do Greenpeace, temos potencial para alcançar cerca de 29,6 mil MW em potência instalada até 2030 se mantido o cenário atual, o que representaria mais de 6 milhões de instalações solares no Brasil”, menciona.

Um dos motivos do grande cresci-mento das instalações solares é a queda vertiginosa dos custos envolvidos nessa tecnologia, em contraposição ao aumen-to das tarifas de energia proveniente de outras fontes. De acordo com Evangelis-

ta, a recuperação do investimento em energia fotovoltaica tem ocorrido em

prazos cada vez mais curtos. “Há alguns estudos que preveem o retorno do inves-

timento em menos de cinco anos, depen-dendo da região do País. A média fica em torno de sete anos”, informa.

O executivo destaca que existem no mercado algumas linhas de finan-ciamento disponíveis para aplicar nessa área, mas com juros altos, a ponto de inviabilizar um retorno do investimento em menos de dez anos. Outras linhas mais acessíveis, prossegue ele, possuem restrições na área geográfica de atua-ção, ou seja, são válidas somente para regiões específicas. “O ideal seria uma linha de financiamento em que as condi-ções de garantia, carência e juros fossem acessíveis a todos os interessados e que as parcelas mensais fossem menores do que o custo da energia economiza-da pelo usuário final”, diz Evangelista.

Para o presidente da ABGD, um planejamento consistente e sustentá-vel para estimular o crescimento do se-tor tem que contemplar quatro áreas: 1-Conhecimento técnico, englobando pesquisa, desenvolvimento e investi-mento em inovação; 2-Regulamenta-ção, implementando e atualizando toda a parte regulatória que influencie a GD no Brasil, retirando os empecilhos e dubiedades ainda existentes; 3-Aspec-tos financeiros, criando condições para que seja possível financiar sistemas de

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GD, com parcelas de financiamento equivalentes ou menores que a eco-nomia financeira alcançada pela redução da fatura de energia e 4-Planejamento e incenti-vo consistente da demanda, pensando a médio e longo prazo. “Somente com uma previsibilidade mínima da demanda é que será possí-vel investir e assumir os riscos, o que é inerente a toda atividade empresarial”, finaliza o executivo.

Para Carlos Café, este é um momen-to histórico que pode ser visto como uma revolução, pois reúne a conver-gência de uma nova forma de operar e compartilhar informações com uma nova forma de gerar e distribuir ener-

gia. Isso tudo, prossegue ele, associado à necessidade de descarbonização da energia face às mudanças climáticas em curso. “Diante disto, nosso governo deve estar atento à formatação de um plano que primeiro reconheça que hoje planejamos, produzimos, gerimos e con-sumimos energia de forma insustentável

e irresponsável. O foco desse planeja-mento deve trazer o consumidor que agora se torna um agente ativo da produção e compartilhamento da própria energia, que vamos cha-mar de prosumidor (produtor e consumidor), e uni-lo de for-ma democrática à nova rede de

distribuição de energia, as smart grids, para as quais serão necessários novos modelos econômicos e parâmetros de qualidade, confiabilidade e desempe-nho. O modelo de planejamento deve funcionar como a nova economia distri-buída e compartilhada. Portanto, velhos modelos de planejamento, baseados em centralização e monopólios, devem ser abandonados”, analisa.

OpOrtuNidadeo crescimento do setor solar

fotovoltaico abriu um leque de oportunidades para o mercado em geral, permitindo o surgimento de

novos negócios e profissões.

Novas profissões requerem preparo técnicoO crescimento do setor solar fotovol-

taico abriu um leque de oportunidades para o mercado em geral, permitindo in-clusive o surgimento de novos negócios e profissões. Naturalmente, a tendência é que muitos aventureiros apareçam para tentar a sorte no setor.

Mas, para Evangelista, deverão se manter no ramo, proporcionando pro-dutos e serviços seguros e de qualidade, aquelas empresas que possuírem experi-

ência em instalações elétricas de baixa e média tensão, investirem em treinamen-to e capacitação e seguirem à risca as normas de segurança.

Segundo o dirigente, o desenvolvimen-to do setor solar propiciou o surgimento de funções como projetistas fotovoltaicos e instaladores desses sistemas. “Mas há de se atentar para uma gama muito maior de especialidades, inclusive de profissio-nais que trabalham com outras fontes de

energia em Geração Distribuída, como biomassa e eólica”, exemplifica.

Carlos Café observa que uma instala-ção solar é multidisciplinar e exige conhe-cimento em vários ramos de atividades, o

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planejamento consistente e sustentável para o setor tem que contemplar aspectos como conhecimento técnico, regulamentação, financiamento e incentivo da demanda.carlos eVangelista aBGd

que torna a área ainda mais interessante e intensa geradora de empregos. “É ne-cessário que qualquer um que vá trabalhar com o segmento faça cursos de energia solar que ofereçam embasamento con-ceitual sólido sobre o tema. Instalar um painel sobre uma cobertura ou telhado exige conhecimentos dos movimentos do Sol e estudos de sombreamentos”, explica.

Os painéis solares devem ser insta-lados e fixados por meio de estruturas metálicas que não sofram com corro-são e resistam a grandes velocidades de vento. Vale lembrar que tudo isto adiciona carga ao telhado, portanto, é preciso ter conhecimento também da área civil. E mais: os profissionais sola-res precisam trabalhar em altura, logo, devem saber se proteger, fazendo bom uso dos equipamentos de proteção in-dividual e coletiva.

Com o passar do tempo, também deverão surgir oportunidades para espe-cialistas que promoverão as intervenções necessárias para manter as adequadas condições de funcionamento do parque produtor de energia solar fotovoltaica. “Apesar dessa ser uma tecnologia de bai-xíssima manutenção, quando comparada às demais, a operação da usina solar deve ser acompanhada pelos profissionais que a instalaram ou por empresas que o fa-çam, pois estamos falando de uma tec-nologia que tem de produzir energia por no mínimo vinte anos”, complementa o diretor do Studio Equinócio.

Conforme destaca Carlos Café, ape-sar da energia solar ser tema de proje-tos e pesquisas há mais de 30 anos no Brasil, a geração distribuída fotovoltaica nasceu como mercado somente a partir

de 2012, ou seja, trata-se de uma área extremamente jovem. Consequente-mente, existe uma carência grande de profissionais em todos os segmentos, e somente agora a disciplina começa a fa-zer parte do currículo de cursos técnicos e universitários.

O executivo avisa aos interessados em atuar nessa área que é preciso mui-ta seriedade e organização. “Qualquer pessoa ou empresa que queira instalar um sistema de energia solar fotovoltai-ca em sua casa deve entender que o que está sendo instalado ali é uma usi-na solar. O termo ‘usina’ exige grande responsabilidade em várias etapas do processo. Antes de tudo é obrigatório para qualquer instalação solar que seja desenvolvido um projeto de engenharia devidamente registrado junto aos CREAS (Conselhos Regionais de Engenharia) e aprovado pelas companhias de energia. Após esta etapa, vamos à parte que tal-vez represente o maior desafio do mer-cado de energia solar, que é a qualidade da instalação e da mão de obra”, relata Carlos Café.

O diretor do Studio Equinócio rela-ta que a falta de qualificação dos pro-fissionais pode ocasionar danos como incêndios, problemas na rede elétrica e choques. “Estes desafios podem ser vencidos com qualificação profissional, em conjunto com o programa de certi-

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ficação. Ambos são necessários para a crescente credibilidade e profissiona-lismo que este mercado exige. Não há espaço para improvisos nem para o ‘jei-tinho brasileiro’. O programa de certifi-cação de instaladores que eu coordeno dentro da ABGD vai começar por um

item muito importante, que é a segu-rança”, completa.

Segundo Carlos Evangelista, o sis-tema de certificação do instalador fo-tovoltaico criado pela ABGD era uma necessidade do setor: “Existem várias empresas iniciando no mercado, algu-

mas oriundas de outras áreas, outras do nada. Até pela situação econômica do País, foram ingressando no mercado. Então, é natural que muita gente quali-ficada em nível não suficiente para tra-balhar com instalação fotovoltaica, ou até desqualificada para isso, entre nesse mercado e faça instalações, comprome-tendo a segurança e a qualidade. Pen-sando nisso, ABGD lançou a certificação do principal ator fotovoltaico para ga-rantir que ele tenha as condições míni-mas de fazer uma instalação com segu-rança e qualidade”.

Com o amadurecimento do segmen-to, o próprio sistema educacional voltado para essa área tende a passar por uma transformação. “Estamos preparados para oferecer mais cursos de acordo com a evolução do mercado”, diz Carlos Café. Ele se refere ao Studio Equinócio, que atua na capacitação de profissionais há mais de 10 anos por meio da Academia Solar. Nesse tempo, mais de 800 alunos participaram da rodada número um de capacitação em conceitos de projetos de energia solar fotovoltaica. Neste ano a Academia Solar passou a ofertar cur-sos práticos de formação do instalador e a modalidade in company para conces-sionárias de energia elétrica e empresas que desejam investir no setor.

São Paulo sediou em maio a 5ª edição da EnerSolar + Brasil / Feira Inter-nacional de Tecnologias para Energia Solar e simultaneamente o Ecoenergy / Congresso de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia. Os eventos receberam cerca de 12 mil visitantes.

Thomas Steward, gerente da EnerSolar + Brasil, destacou que a feira mos-trou ao mercado o que há de mais recente em soluções tecnológicas. “O Brasil possui grande potencial no setor de energias renováveis. Além da excelente incidência solar, temos ventos contínuos para a geração de energia eólica em diversos estados, e estas oportunidades devem ser aproveitadas. É neste sen-tido que atua a feira, trazendo inovação, conhecimento e o mais importante de tudo, soluções para que estas oportunidades possam se concretizar”, comentou.

Na ocasião, a empresa SolarFX fez o lançamento oficial do Selo “QuiloWatt do Bem”. O objetivo é criar um banco de doação entre empresas participantes, onde, a cada 100 kWp vendido em produtos ou serviços, haverá a doação de 1 kWp em equipamento. A empresa doadora poderá utilizar o Selo “Quilo-Watt do Bem” em seu site. Qualquer empresa pode doar.

Empresas com atividade regular poderão ser membro do conselho. Já o Selo de Parceiro é destinado apenas a empresas do setor fotovoltaico e estas podem contribuir com a prestação de serviços especializados.

preçOsum dos motivos do grande

crescimento das instalações solares é a queda vertiginosa dos custos envolvidos nessa

tecnologia.

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