mensagens evangélicas 1 - livro

182

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Page 1: Mensagens Evangélicas 1 - Livro
Page 2: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

2

A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 182.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230

Page 3: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

3

Sumário

Boa Notícia de Alegria......................................

7

Consciência...........................................................

11

Buscar, Bater e Pedir.........................................

15

Como a Verdade de Deus é Autenticada? ........................................................

18

Quando o Clamor se Faz Mais

Necessário.............................................................

21

Quebrantou-me o Senhor e Fiquei

Aliviado....................................................................

24

A Quem Devemos Perdoar? ..........................

26

A Grande Prova do Amor................................

29

Casamento é Coisa Muito Séria..................

32

Ainda Bem que o Nosso Modelo é Deus..

34

Não se Cobre o Mal com o Bem...................

36

Conivência em Vez de Compreensão......

39

Como Pode Haver a Fé Verdadeira

Quando Não se Crê na Verdade?.................

41

Page 4: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

4

Derramar de Coração....................................... 45

Resistindo a Tudo que Possa nos Afastar

de Deus....................................................................

48

Estamos Vivendo o Cumprimento de

Miquéias 7..............................................................

53

Deus Julgará a Impiedade das Nações.....

62

Continuamente Mau.......................................

66

Ai de nós que Vivemos numa Geração

Ímpia! .......................................................................

70

Porque Devemos Perdoar...............................

72

O Caráter da Bênção da Liberdade do

Cristão......................................................................

74

Não Podemos Medir Nossa Ira Pela de

Deus...........................................................................

80

A Obra de Deus É Dirigida por Ele...............

82

Guardando Todo o Coração..........................

85

Nosso Grande Trabalho é Guardar o

Coração...................................................................

87

O Modo de Concessão da Graça.................. 94

Page 5: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

5

O Bom Efeito da Tribulação...........................

96

Uma Aliança Firmada em Graça.................

103

O Amor Verdadeiro é um Paradoxo

Aparente.................................................................

109

Uma Segurança Firme e Inabalável.........

111

Não Injuriemos Quem nos Injuria............

115

Socorro na Tribulação - SALMO 116.........

118

O Natural se Torna Anacrônico, Mas

Não o Espiritual...................................................

121

Uma Consagração Parcial Não Dá..............

123

Guardados do Maligno mas Não de Conflitos e Sofrimentos..................................

125

A Bênção Sacerdotal.........................................

129

A Bênção da Generosidade...........................

131

Uma Cura do Corpo e do Espírito................

134

Precisamos da Graça Para Andar na Verdade...................................................................

140

Por Que o Justo é Afligido?............................ 143

Page 6: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

6

O Sacrifício de Jesus Não Dispensa a

Obediência aos Mandamentos....................

155

Uma Justiça Ofertada para Injustos...........

159

Sem Obediência a Deus e à Sua Palavra

Não Há Vitória......................................................

162

Page 7: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

7

Boa Notícia de Alegria

O evangelho é a boa nova de alegria para a nossa

salvação, mas ele não deixa de apontar para o

juízo eterno de Deus sobre o pecado, caso não sejamos justificados pela fé em Cristo. Assim, o evangelho é apenas boa nova para os

que se convertem por meio da graça e mediante

a fé, quando se arrependem do pecado. A graça evangélica que seria manifestada por

Jesus sempre está associada à fé e ao

arrependimento, e a um caminhar condigno

com a santidade de Deus.

Então é por isso que não vemos nenhuma das

epístolas escritas pelos apóstolos desobrigando

os crentes de um viver santo e piedoso, sob a alegação de não estarem mais debaixo da Lei e

sim da graça do evangelho; porque sabiam que a

graça é daqueles que amam a vontade de Deus,

que detestam o pecado e que amam a santidade. Foi para salvar estes que se arrependem que

Cristo se manifestou. Ele morreu por todos os

pecadores, mas apenas aqueles que creem nEle

e se arrependem podem ser beneficiados pela Sua morte e desfrutar das bênçãos prometidas

por Deus para o Seu povo.

Nós podemos ver estas verdades no capítulo 29 de Isaías, no qual Jerusalém é chamada pelo

codinome de Ariel. E o capitulo é introduzido

pela expressão interjetiva “Ah!” como um

Page 8: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

8

suspiro, porque é relativa à cidade onde Davi

acampou, isto é, onde ele estabeleceu a sua casa,

porque Jerusalém era chamada de a cidade de

Davi.

Mas eles não andaram nos caminhos de Davi. Não imitaram a sua devoção e piedade.

Então é proferido o que o Senhor lhe faria.

São proferidas as assolações que lhes

sobreviriam da parte de Babilônia, que a sitiaria

e a abateria (v.3,4), e eles se sentiriam como

mortos que descem ao pó.

Muitos inimigos prevaleceriam contra Judá, porque os babilônios viriam coligados a outros

povos contra Judá, como por exemplo os

moabitas e amonitas (v. 5).

E como todos os juízos do Senhor, isto viria

repentinamente, como o ladrão, tal como nos

dias de Noé, em Sodoma e Gomorra, e como também será no tempo do fim, conforme Jesus

afirmou.

Não é afirmado, portanto, na profecia, como

também não é no evangelho, que Deus está

esperando bons frutos de árvores más. Antes é dito que estas árvores más serão

cortadas. Que as pérolas do evangelho não

devem ser lançadas a porcos. Que não se deve

Page 9: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

9

pregar a paz a uma sociedade corrompida, senão

que há um juízo aguardando por aqueles que

não temem a Deus.

Deus deixa entregues a si mesmos aqueles que

amam as trevas e não a luz. Aqueles que amam a

mentira e não dão ouvidos à verdade. Ele deixa

os que resistem continuamente à Sua vontade, entregues ao próprio endurecimento deles. Ele

não lhes concede graça para que achem

arrependimento. E nem toca a trombeta de

alerta para eles para que despertem do sono de morte em que se encontram, como vemos

afirmado nos versos 10 a 12.

Eles eram religiosos só de aparência. Eram falsos piedosos em suas obras externas, mas não

tinham o poder da piedade operando pela graça

em seus corações. Então a devoção deles não era

em espírito e em verdade, mas uma adoração falsa. Como se costuma dizer: da boca para fora,

mas não de fato e de verdade.

Com isso o Senhor prometeu que faria, portanto, uma obra maravilhosa com aquele

povo hipócrita, com aqueles judeus que eram

apenas no nome, mas não no coração, não que

consistisse em sinais e maravilhas externos, mas em fazer com que a sabedoria dos seus

sábios perecesse diante da glória sobre-

excelente do evangelho.

Page 10: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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O entendimento dos entendidos a seus próprios

olhos nos assuntos da religião ficaria

obscurecido pela grande luz do evangelho,

porque pelo Espírito Santo derramado no coração dos crentes, eles discerniriam que a

doutrina dos líderes de Israel não passava de

fumaça e de mandamentos de homens (v. 14).

Deus não se revelaria, portanto, aos sábios e

entendidos a seus próprios olhos, mas aos

pequeninos, a saber, aos mansos (submissos à Sua vontade), aos pobres de espírito, e por isso

Jesus afirma que são estes os que são bem-

aventurados porque são aqueles a quem Deus se

dará a conhecer, como também a Sua vontade. Assim estes pequeninos que se converteriam ao

evangelho não se alegrariam e não se gloriariam

em si mesmos e no seu conhecimento, mas

unicamente no Senhor (v. 19).

Enquanto isto, os opressores, os arrogantes, seriam reduzidos a nada, e todos os

escarnecedores da verdade e todos os que se dão

à iniquidade, serão desarraigados, porque não

serão eles que herdarão a terra, senão somente aqueles que se deixam instruir por Deus, porque

são mansos e pobres de espírito (v. 20).

Page 11: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

11

Consciência

A consciência é uma das faculdades do espírito humano – o tribunal instalado por Deus em

todas as pessoas de modo a aprovarem o que é

correto, e reprovarem o que é errado.

A consciência, entretanto, em razão do pecado original, foi corrompida como todas as demais

faculdades do espirito e da alma.

Em razão desta corrupção, em vez de ser naturalmente uma boa consciência, ela tende a ser má, por funcionar aprovando o mal e

reprovando o bem, e isto tanto mais, conforme a

influência do meio em que se vive, e dos valores

inculcados pela família, pela cultura e pela sociedade que são contrários à vontade divina.

Esta corrupção pode evoluir até o ponto de a consciência se tornar cauterizada, ou seja,

insensível ou inexistente naqueles que

perderam o sentido dos valores e padrões

morais e espirituais bíblicos.

Mas, uma consciência, segundo Deus, de modo geral, foi perdida por todos por causa do pecado, e somente pela restauração em Jesus Cristo

pode ser formada uma boa consciência que atue

em nós conforme o padrão da Palavra de Deus.

Page 12: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

12

Daí a importância da conversão e da meditação diária da Bíblia, e o progresso no conhecimento

de Jesus e da Palavra, porque quanto maior for

este progresso, mais condizente se tornará a nossa consciência com o caráter de Deus.

Literalmente, consciência significa conhecer juntamente, perceber juntamente, e no caso do

nosso assunto significa um conhecimento conjunto com Deus, ou seja, entender como

Deus entende, perceber como Deus percebe.

E o propósito da consciência se cumpre quando este conhecimento se reflete nos nossos

pensamentos e ações.

De nada vale ter uma boa consciência que reprove o mal, e aprove o bem, e que no entanto,

o seu possuidor não age de acordo com a própria

consciência, agindo em sentido contrário

daquilo que aprova ou reprova.

Agora, quando a Bíblia se refere a uma boa consciência o que está em foco é sobretudo a

firme certeza e convicção da fé que se possui em

Cristo, notadamente no fato de que já não há

mais nenhuma condenação para todo aquele que nEle crê, e também a plena certeza e

convicção da sua aceitação por Deus como filhos

amados.

Page 13: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Daí a necessidade e importância de que o crente seja confirmado na fé e na Palavra imediata e

posteriormente à sua conversão, e esta era a

razão de o apóstolo Paulo revisitar as igrejas que fundara em suas viagens missionárias com o

citado propósito, quanto a nunca duvidarem do

cuidado e da provisão de Deus para com eles.

Um crente que esteja confirmado na fé e na Palavra também terá um viver vitorioso sobre o

pecado, o diabo e o mundo – o que é mais um fator concorrente para que se tenha uma boa

consciência.

Além de boa, tal consciência é tranquila e confiante porque os terrores da condenação

eterna e o medo de uma possível separação de

Deus são completamente extintos quando se possui uma firme confiança em Jesus Cristo e na

obra que realizou em nosso favor.

Mas, como permanecem em nós os resquícios da natureza pecaminosa, enquanto aqui

vivermos, convém que sempre façamos um

exame diário de nossa consciência, a saber, um

autoexame para que possamos saber se estamos sendo guiados na vereda da justiça divina ou

não. Paulo fala em I Coríntios sobre o dever de

cada crente examinar a si mesmo.

Page 14: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Para tanto, necessitamos de uma consciência sensível ao Espírito Santo, de modo a evitarmos

o que é mau e a escolher o que é bom.

Uma consciência endurecida ou cauterizada não pode ser de qualquer ajuda para que

façamos progresso em crescimento espiritual, rumo ao amadurecimento que nos permitirá

frutificar para Deus.

Assim, bem-aventurado é aquele que é humilde de espírito, ou seja, que está consciente do seu

real estado – de ser possuidor de uma natureza decaída no pecado, e da sua completa

necessidade e dependência da graça de Cristo

para elevar-se do monturo de pó em que se

encontra para os montes elevados do conhecimento do que é espiritual, celestial e

divino.

Quanto maior fica a nossa consciência da eternidade maior se torna o nosso interesse

pelas coisas relacionadas ao reino de Deus e a

sua justiça; e o consequente desmame das coisas deste mundo que são visíveis e

passageiras.

Page 15: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Buscar, Bater e Pedir

Em sentido bíblico geral estes três verbos equivalem a procurar por Deus com insistência

e fervor.

Deus não será achado se não for procurado.

Se não lhe pedirmos o Espírito Santo não o receberemos, nem tampouco veremos o crescimento de nossas graças se não as

buscarmos nele.

Pedir, bater, buscar são leis fixas do reino de Deus para serem cumpridas pelos crentes.

Deus e suas bênçãos devem ser buscados em conformidade com os motivos corretos que Ele

tem estabelecido em Sua Palavra.

Não seria de se esperar que fôssemos atendidos ao pedir-lhe ou procurar por coisas que sejam

condenadas por Ele ou que não estejam em

conformidade com a sua santa e justa vontade revelada na Bíblia.

Então ao dizer que encontraremos o que buscarmos, e que receberemos o que pedirmos com fé, subentende-se que isto seja feito com

uma fé pura e verdadeira, a saber, que seja

consoante o conteúdo e o tom das Escrituras.

Page 16: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Deus jamais incentivará o nosso egoísmo e cobiça. Ele jamais atenderá aquilo que

buscamos por motivo caprichoso ou

interesseiro. Ele somente nos dará o que for útil para nós e para o progresso do evangelho.

Não somente nós pedimos a Deus, Ele também pede o nosso coração, a nossa consagração e

pede que sejamos responsáveis perante Ele

dando-lhe conta de tudo o que pensamos ou fazemos.

Esta é portanto uma via de mão dupla onde o que é solicitado e o que é recebido deve ser

inteiramente santo, justo e verdadeiro.

Daí o cuidado que deveríamos ter sobretudo nas petições de nossas orações, de forma que

estejam em conformidade com a mente do Senhor, pois nos será pedido conta se orarmos

negligente e irreverentemente, multiplicando

palavras que sejam uma abominação aos

ouvidos de Deus.

Mesmo conhecendo de antemão o que se encontra em nosso coração o que proferiremos

com os nosso lábios, Deus nos impõe o dever de

pedir-lhe o que desejamos para que seja

conhecido por nós mesmos que é voluntariamente que o fazemos, pois deve haver

um consentimento mútuo, uma concordância

entre a nossa vontade e a de Deus.

Page 17: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Ele nunca arromba a porta do nosso coração, por isso bate suavemente para que a abramos

voluntariamente para que Ele possa entrar.

Buscar o reino de Deus prioritariamente é muito mais do que ter um simples intento ou desejo,

pois isto demanda de nós grande esforço e diligência em aprender e cumprir tudo o que

nos é ordenado na Palavra de Deus. Esta busca

deve ser manifestada por conseguinte em

atitudes bem definidas e em atos reais, e não somente em pensamento ou na imaginação.

Todavia, devemos buscar o próprio Senhor porque Ele nos criou para o propósito de ser

buscado e nos buscar para o estabelecimento de

uma união íntima em amor. Vemos assim que este é o grande motivo da busca, e não apenas

para sermos justificados do pecado, e para a

solução de problemas cotidianos.

Uma relação amistosa e duradoura não pode ser mantida quando uma das partes deixa de

procurar a outra. Da sua parte, Deus sempre está nos buscando – busca adoradores que o adorem

em espírito e em verdade, mas somos dados a

nos desgarrar e por isso deveríamos atentar

para a petição do salmista: “Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me

esqueci dos teus mandamentos.” (Salmo

119.176)

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Como a Verdade de Deus é Autenticada?

A verdade de Deus está revelada em Sua Palavra escrita, ou seja, na Bíblia.

A prova da sua autenticação é realizada na vida de todos aqueles que creem nesta verdade

revelada, uma vez que tudo o que nela se afirma

e se promete é cumprido e visto na vida dos que creem. E tal cumprimento, particularmente no

que se refere à santificação, se vê em maiores

graus naqueles que possuem um maior

conhecimento e fé na Palavra divina.

Isto sucede em razão do que foi afirmado pelo próprio Senhor Jesus Cristo: "As palavras que eu

vos disse são espírito e são vida, (João 6.63), o que

confirma que de fato a palavra de Cristo é primeiro espírito e, em seguida vida – vida em

abundância, a vida espiritual, celestial, divina e

eterna que procede dele mesmo para todo

aquele que nele crê.

Os que creem chegam a conhecer que sem que haja uma atração de Deus Pai que nos conduza a

ver com os olhos da fé a Jesus Cristo, jamais

poderiam ter dado a sua confiança e

assentimento no coração à aceitação da Palavra revelada como sendo verdadeira. Isto é feito,

portanto, por uma operação poderosa espiritual

realizada pelo Espírito Santo para que possamos

Page 19: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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crer e sermos tomados pela vida espiritual que

se encontra na pessoa de Jesus Cristo

Por saber que tal conhecimento espiritual somente seria possível por esta forma

retrocitada, nosso Senhor afirmou expressamente que sua doutrina (ensino) não

fora inventada por ele como sendo um mero

homem, conforme era visto pelos escribas e fariseus, mas que a mesma era de procedência

divina, e que esta somente poderia ser

conhecida quanto à sua procedência por

aqueles que efetivamente cressem nela como sendo verdadeira e procedente de Deus, porque

veriam o seu cumprimento em suas próprias

vidas.

E devemos destacar que a doutrina de nosso Senhor consiste principalmente na fé nele para a nossa justificação, regeneração, santificação e

glorificação, pela graça. E isto será visto na vida

dos que creem, confirmando a verdade da Sua

Palavra.

Daí nosso Senhor ter afirmado o seguinte:

“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou

se eu falo de mim mesmo.” (João 7.17)

Concluímos, portanto, que Deus designou a Sua Palavra para ser o instrumento da nossa

Page 20: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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salvação, conquanto esta deve ser pela fé, e não

seria fé se não fosse simplesmente por se

confiar naquilo que se ouve relativamente ao

que não se vê, e conforme está escrito na Bíblia.

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10.17)

Page 21: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Quando o Clamor se Faz Mais Necessário

Nós vemos o salmista clamando a Deus por

libertação das profundezas em que se

encontrava, no Salmo 130.

Tais profundezas eram certamente da alma, traduzidas em depressão, ansiedade, angústia,

inquietação, ou qualquer outra causa que

conduza a alma a uma condição de extremo

abatimento.

Caso ele não clamasse seria de se esperar que a sua situação se agravasse ainda mais, porque em questões relativas ao espírito, um abismo

chama outro abismo enquanto não recorremos

ao socorro divino.

Uma das principais razões para esta necessidade de se clamar a Deus prende-se ao fato de que Ele não pode operar nas situações que impliquem a

transformação de nosso caráter e conduta, a não

ser pelo nosso consentimento voluntário.

Se assim não fora, Deus poderia transformar todos os ímpios e pecadores em santos, independentemente do concurso da vontade

deles.

Além disso, a condição para a bênção do livramento e paz de nossas almas, consiste no

atendimento de pré-requisitos, notadamente

Page 22: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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aqueles que estão relacionados ao

cumprimento dos mandamentos de Deus – da

busca de se fazer a Sua vontade – e isto não nos

vem a não ser por uma operação direta do Espírito Santo em harmonia com o nosso

próprio espírito.

No campo de livramentos externos e físicos, Deus pode e tem agido em todo o tempo, até

mesmo no caso de ímpios, e de ausência de fé, e

independentemente da nossa vontade, porque,

neste caso, não há o concurso da necessidade de qualquer transformação interior.

Por exemplo, quando o apóstolo Pedro estava

afundando nas águas do mar revolto e clamou por socorro ao Senhor Jesus, cremos que ele

teria sido ajudado, no sentido de ser livrado do

afogamento, ainda que por qualquer razão não

tivesse podido clamar por socorro; pois se tratava, como já nos referimos antes, de um

livramento físico e não espiritual.

Agora, os temores, os pecados, a incredulidade e toda e qualquer fraqueza de caráter de Pedro,

somente poderiam ser tratados por uma busca

espiritual do apóstolo das graças espirituais que

nos curam dos nossos males interiores.

Agora, quer em se tratando de livramentos físicos ou espirituais, faremos bem em sempre

Page 23: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

23

clamar a Deus, como fizera o apóstolo Pedro

quando afundava no mar.

Page 24: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

24

Quebrantou-me o Senhor e Fiquei

Aliviado

Quanto o nosso coração se dilata, e de lágrimas

aquecidas de amor se nos enchem os olhos, quando somos quebrantados pelo Espírito do

Senhor, que nos revela quanto amado somos

por Deus, ainda que cheios de pecados.

Sim, de fato ama os pecadores... pobres... enfermos... injustos, que se dobram diante da

Sua majestade e santidade, reconhecendo a

própria miséria e fraqueza.

Por isso, no anseio de alcançarmos a imagem do que é divino, jamais nos esqueçamos do quanto

somos humanos e imperfeitos, em nada diferentes do nosso próximo.

A mão divina está estendida e eu a beijo ainda quando por ela sou disciplinado.

Venha o Senhor e seja exaltado entre os pobres de espírito e que choram buscando ser consolados.

Choremos sempre a nossa grande insuficiência porque por maiores que sejam nossas obras elas são como nada e pequenas, e de fato o são, na

presença da Santa Majestade do céu que tudo

com perfeição governa.

Page 25: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Assim como os braços de Cristo se estendem para acolher o ladrão e a prostituta

arrependidos, e que a nenhum pecador

condena nesta dispensação da graça, que assim também todos os Seus servos estejam com seus

corações abertos para receber a qualquer que

esteja debaixo da cruel servidão ao pecado.

Alegrias espirituais indescritíveis esperam por todos aqueles que usarem de misericórdia para

com o seu próximo, e que o conduza às veredas

de justiça do coração do próprio Cristo, onde achará paz, descanso, amor e bondade.

Page 26: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

26

A Quem Devemos Perdoar?

O exercício do perdão conforme ensinado e

demandado por nosso Senhor Jesus Cristo pode

parecer, por uma interpretação precipitada, algo que ultrapasse o racional e aceitável,

especialmente por ter dito que devemos

perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete.

Evidentemente, tal princípio não foi estabelecido por Ele para o caso de

transgressores contumazes e que se deleitam na

prática do mal. Até mesmo porque não haveria qualquer sentido lógico em se perdoar quem

pouco ou nada está interessado em ser

perdoado – e que, ao contrário... sua meta é

ofender, destruir, inquietar, matar, e achar nisto tudo um bom motivo de prazer sem que

nada lhe incomode a consciência má e

cauterizada.

Por isso, nosso Senhor interpôs a necessidade de arrependimento sincero para a concessão do

perdão.

Ele disse:

“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.

Page 27: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou

arrependido, perdoa-lhe.” (Lucas 17.3,4)

Porque o “acautelai-vos”? Justamente para não

sermos achados em falta diante de Deus por não perdoarmos quem deveria ser perdoado.

Veja que, segundo o ensino de nosso Senhor, o faltoso deve ser repreendido. Ele deve sr

conscientizado do mal que praticou – se a nós ou a outros.

Caso manifeste sincero arrependimento, ou seja, se mudou o seu comportamento,

confessando-se arrependido, então temos o

dever de perdoá-lo, uma vez que nós mesmos necessitamos ser perdoados por outros e por

Deus, não poucas vezes, pelos erros que

cometemos.

Num mundo de pecadores, o perdão sincero e de coração é necessário, especialmente para uma boa continuidade do relacionamento em

amor entre aqueles que amam a justiça e não a

impiedade.

Portanto, perdoe seu irmão, seu filho, seu cônjuge, seu amigo, seu próximo, por algum mal que tenha praticado, quando se encontrava

sob circunstâncias de pressões internas

(sistema nervoso abalado etc) ou externas

Page 28: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

28

(ataque de demônios, provocações ímpias e

desagradáveis etc).

O caráter de uma pessoa não deve ser medido por estes atos falhos que nos acompanham - e

em uns mais do que em outros, variando na escala dos setenta vezes sete. Não importa o

nível da frequência. O que importa é a real

estrutura do caráter e o desejo de buscar a paz

que é filha da verdade e da justiça, e que tem em vista o amor não fingido.

Page 29: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

29

A Grande Prova do Amor

Uma das grandes provas da existência de Deus e

do Seu grande amor e poder, é o fato de que

pessoas tão fracas, incapazes, que mal

conseguem se ocupar dos seus próprios problemas e necessidades, se dediquem de

modo tão diligente e incansável em buscar a

salvação das almas e o bem eterno de seus

semelhantes; empenhando nisto todo o seu tempo e vida.

Esquecidos de si mesmos são impulsionados pelo poder de Deus e pelo infinito amor que Ele

derrama nos seus corações pela presença e ação do Espírito Santo - gastam-se inteiramente

como velas que queimam para o único propósito

de servirem de luz, da luz de Jesus que neles brilha, para tirarem os seus semelhantes das

trevas e da escravidão ao pecado.

Bendito seja Deus pelo Seu inefável amor.

Bendito seja Deus que dá sentido às nossas pobres vidas, enriquecendo-as com a Sua graça

para que cumpramos o Seu propósito de amar a

humanidade através de instrumentos tão fracos

e imperfeitos como nós.

A maior prova desse amor nos foi dada por Jesus, ao derramar a Sua vida por nós na morte de cruz,

carregando sobre Si todos os nossos pecados, e

Page 30: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

30

para que pudéssemos continuar recebendo esta

vida celestial e divina que alimenta e vivifica o

nosso espírito, para que possamos ter

comunhão em amor com Deus e com todos aqueles que o amam.

É de fato muito comprobatório da existência do Seu amor, o fato de que morreu por pecadores,

sem que houvesse um único justo - alguém que

fosse dotado de uma natureza que não o inclinasse continuamente para o mal e que não

fosse seduzido pelas paixões carnais que

guerreiam contra a alma.

Nisto se comprova o amor, pois morreu por nós, encontrando-nos na condição de pecadores, de modo que pudéssemos viver pela Sua própria

vida e graça santificadora.

Em nenhuma religião e em nenhum outro Nome será achada esta provisão de graça divina

que faz morrer a nossa velha natureza e que nos

dota de uma nova natureza, para que por esta possamos viver de maneira vitoriosa sobre o

pecado, o diabo e o mundo de trevas.

Quando me sinto enfraquecido e inclinado a viver segundo a carne e não segundo o Espírito,

eu clamo ao Senhor, pois sei que posso contar com a assistência da sua poderosa graça, de

modo que digo juntamente com o salmista ao

concluir o Salmo 119:

Page 31: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

31

"Ando errante como ovelha desgarrada; procura o teu servo, pois não me esqueço dos teus

mandamentos." (Salmo 119.176)

Page 32: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

32

Casamento é Coisa Muito Séria

O principal momento do chamado casamento religioso é quando os nubentes fazem o voto de

fidelidade sobretudo perante Deus, que é o

instituidor, protetor e condutor do matrimônio.

Como tudo o mais em nossa vida, o casamento é também para a exclusiva honra e glória de Deus.

Daí ser, primeiro e principalmente com o próprio Deus, o compromisso que temos como

cônjuges quanto à perseverança em permanecermos juntos até que a morte nos

separe, esforçando-nos para o cumprimento

adequado de todos os nossos deveres conjugais,

especialmente dos que se encontram na Bíblia.

Ser fiel na doença, na pobreza, nas dificuldades de toda ordem, servindo, amando e cuidando um do outro, preservando o vínculo do

matrimônio, na unidade requerida pelo Senhor,

para a honra do Seu nome, e para o próprio bem

dos cônjuges, dos filhos, e da sociedade.

Deus odeia o divórcio, porque ele é, antes de tudo, uma quebra do voto de fidelidade que fizemos para com Ele, de fazermos do

casamento um sinal da união indissolúvel que

há entre Cristo e a Igreja.

Page 33: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

33

Não importam os motivos alegados para a separação (exceto no caso de relações sexuais

ilícitas por parte de um dos cônjuges, que pode

quebrar o vínculo matrimonial)... o que deve prevalecer é manter a união por amor a Deus, ao

cônjuge, aos filhos.

Assim, o casamento é muito mais do que assumir responsabilidade civil na sociedade

perante os homens, porque, é antes de tudo uma

grande responsabilidade que temos para com

Deus, a quem teremos que prestar contas um dia, de todos os nossos pensamentos, ações e

omissões, no Tribunal de Cristo.

Page 34: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

34

Ainda Bem que o Nosso Modelo é Deus

O apóstolo Paulo exorta os crentes em sua

epístola aos Efésios a serem imitadores de Deus como filhos amados.

Pois é somente Ele o modelo que nos é dado para que moldemos o nosso comportamento

segundo o Seu caráter justo, santo e amoroso.

Se fôssemos olhar para o exemplo dos líderes deste mundo, que com o passar do tempo mais se corrompem, quer nas esferas dos poderes

executivo, legislativo e judiciário, quer sejam os

pais, os professores, os policiais, enfim, em

todos aqueles que deveriam ser exemplo de liderança e autoridade, acharíamos algum

motivo para também nos corrompermos.

Todavia, como devemos nos comparar com Deus e com Ele somente, porque será a Ele que

prestaremos contas de tudo o que fomos e que fizemos enquanto no mundo, então somos

incentivados a melhorar sempre o nosso

testemunho de vida, embora tudo esteja ruindo

ao nosso redor em grande corrupção moral.

Lembremos que nosso Senhor Jesus Cristo profetizou que nos últimos dias o amor de

muitos esfriaria em razão da multiplicação da

iniquidade em todo a Terra.

Page 35: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

35

Podemos ser tentados a permitir que o nosso amor esfrie em razão de não considerarmos

dignos de nossa afeição aqueles que vivem na

prática do mal. Entretanto, importa que não seja assim, porque é pela longanimidade e paciência

que muitos deles serão alcançados por Cristo,

pelo testemunho de amor e santidade que virem em nossas próprias vidas.

Que a graça de Jesus nos capacite a isto!

Page 36: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

36

Não se Cobre o Mal com o Bem

Uma grande e importante verdade que poucos

conhecem é que a justiça de Deus exige de nós,

para que possamos ser aceitos por Ele e

participarmos da Sua vida, conformidade absoluta com a Sua perfeita santidade por todos

os dias e segundos de nossas vidas, desde o

nascimento até a morte.

O mal deve ser punido e o bem deve ser recompensado. Um não pode ser tomado pelo

outro. Um não pode apagar o outro.

Disto se depreende que a justiça divina não pode ser satisfeita, portanto, por nossas obras de

caridade, ou por quaisquer outros atos que

julguemos bons, para cobrir nossos erros e

falhas.

Deve ser lembrado também, na consideração do que é absolutamente justo, que Deus não leva

em conta somente nossas ações, mas também

nossas atitudes, intenções, pensamentos, palavras e omissões.

Vemos assim que se Jesus não nos fosse dado para ser a nossa JUSTIÇA, ao pagar a dívida de

todos os nossos pecados morrendo em nosso lugar na cruz, carregando sobre Si mesmo toda

a nossa culpa, estaríamos irremediavelmente

perdidos para sempre.

Page 37: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

37

A justiça que pode agradar a Deus, segundo os homens, entende somente a retribuição do mal

com castigos, ou a compensação do mal com

boas obras; e a recompensa do bem – a propósito, é nisto que se funda a teoria da

reencarnação; mas Deus vê a justiça de outra

forma quanto a poder se relacionar conosco: Ele nos dá Jesus Cristo – pois pune todo o nosso

pecado nEle - para que recebamos dEle a graça

que nos justifica, somente mediante a fé, e para

que estejamos unidos a Ele em espírito, pois Ele fez tudo o que era necessário para que

pudéssemos ser aceitos por Deus apesar de

sermos pecadores – nisto, Deus não nos está

dando nenhuma compensação pelo mal que praticamos, mas exercendo o livre favor de Sua

soberania e bondade, perdoando-nos todas as

nossas dívidas e nos recebendo como filhos

amados para sempre – é justo que assim o faça porque castigou todos os nossos pecados em

Jesus, quando morreu em nosso lugar.

Glórias a Deus por Seu grande amor e Sua grande bondade e misericórdia, pelos quais preparou para nós um Caminho para que

pudéssemos voltar para Ele, sem precisarmos

contar com a nossa própria justiça, pois vivemos

pela Justiça de um outro, a saber, a de nosso Senhor Jesus Cristo.

E uma vez tendo entrado neste Caminho estreito, começamos a ter um real interesse por

Page 38: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

38

um viver verdadeiramente justo e santo, e isto

nos é concedido pela santificação que é operada

pela Palavra de Deus sendo aplicada em nós pelo

poder do Espírito Santo.

Page 39: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

39

Conivência em Vez de Compreensão

Nosso Senhor Jesus Cristo transitou livremente

sem qualquer preconceito entre prostitutas e

ladrões, mas não para exaltar a prostituição ou o furto, aos quais ele condenava como a qualquer

outro tipo de pecado ou comportamento imoral.

Não se deve confundir portanto, como é costumeiro ocorrer, amor e respeito ao

pecador, com consentimento com o pecado que

ele pratica.

Ao perdoar pecadores Jesus costumava lhes dizer que não se entregassem mais a um viver

pecaminoso dali por diante, para que não lhes

sucedesse coisas piores, especialmente no dia do grande juízo de Deus quando os homens

prestarão contas até mesmo de uma palavra

ociosa que tiverem proferido, quanto mais de

práticas pecaminosas que Deus abomina, conforme Ele se expressa em relação às mesmas

na Bíblia.

Não há nada portanto de falta de preconceito ou discriminação naqueles que não cometendo

determinados pecados, aprovam aqueles que os

praticam, e até mesmo se orgulham em fazê-lo,

pensando que são muito bondosos e compreensivos. Ao contrário, são coniventes

com o mal, e incentivam a continuidade e

aumento deste, para a própria condenação e

Page 40: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

40

também a daqueles que encorajados pelo seu

apoio e aprovação, não se arrependem e não

procuram viver virtuosamente, conforme Deus

requer de todos nós.

“Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele,

não levarás sobre ti pecado.” (Levítico 19.17)

Page 41: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Como Pode Haver a Fé Verdadeira

Quando Não se Crê na Verdade?

Alguém quando criança, ou então até que

tivesse chegado à idade do entendimento, costumava ouvir, na igreja que costumava

frequentar, que o evangelho consistia em que os

homens não se dirigissem aos cultos sem usar

terno, e que as mulheres não usassem vestidos modernos ou usassem batom, maquiagem,

enfim, que não se adornassem, porque isto é um

grave pecado diante de Deus.

Dizemos, com apoio nas Escrituras que isto, e todo tipo de recomendação de igual teor, não é

pecado e nem mesmo Evangelho.

O grande problema é que muitos ficam escandalizados, como não poderia ser de modo

diferente, com tal tipo de ensino que nada tem a

ver com o ensino de Jesus e dos apóstolos, e acabam tendo aversão ao que não chegaram a

conhecer de fato, a saber, a genuína mensagem

do evangelho e em que consiste a verdadeira

vida cristã.

É preciso que cada um, de per si, faça um exame acurado, com espírito reverente, de tudo o que

está contido nas Escrituras, e especialmente no Novo Testamento, para que, por meio da

instrução do Espírito Santo, uma vez tendo

nascido de novo, obtendo uma nova natureza

Page 42: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

42

celestial e divina, possa conhecer e viver o que é

de fato o Evangelho de Jesus Cristo.

Outro grande impedimento para o acesso à verdadeira fé por parte de muitos, é que deram

crédito à grande mentira de que a Bíblia foi

inventada pela imaginação dos homens, e que

portanto, sendo de autoria humana, está cheia de erros e não corresponde à verdade em

relação às coisas que são efetivamente de Deus.

A isto respondemos em primeiro lugar com o

próprio Pentateuco, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia (de Gênesis a Deuteronômio)

que foram escritos por Moisés, e cuja autoria foi

atestada pelo próprio Jesus Cristo, conforme

vemos no Evangelho. E quem era este Moisés? Ele foi o escolhido de Deus para conduzir a

nação de Israel do Egito para a terra de Canaã, e

foi o instrumento ao qual revelou a Sua vontade e a história da criação da humanidade desde o

primeiro homem, a queda no pecado, e a forma

pela qual o pecador seria resgatado da

condenação eterna decorrente do pecado.

Quando nos voltamos para o Novo Testamento, no qual o Velho tem o seu significado e razão,

encontramos o próprio Deus, na pessoa de Seu

Filho Jesus Cristo, revelando-nos que Ele viera a este mundo para que pudéssemos ser livrados

pela fé nEle, da condenação do pecado e do

diabo, bem como para sermos santificados pelo

Page 43: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Espírito Santo e pela Palavra revelada que seria

registrada no Novo Testamento, como o temos

ainda hoje há cerca de dois mil anos.

E o Novo Testamento foi escrito pelos apóstolos do Senhor, e estes registraram os Seus atos e palavras, e foram diretamente instruídos por Ele

acerca do significado do Evangelho que

deveriam pregar e ensinar para que os

pecadores fossem salvos.

Ora, se rejeitamos portanto, este único ensino que corresponde à exata revelação de Deus,

quer através de Moisés, dos profetas que

falaram das coisas que se cumpririam em

Cristo, e ainda, do próprio Deus Filho, em pessoa, quando esteve na Terra, encarnando a

Verdade e a Graça, que foram comunicadas aos

apóstolos por palavras e pelo ensino do Espírito

Santo, como poderemos ser salvos?

E ainda, que sentido Jesus faria para alguém que

não crê que Ele veio ao mundo para que sejamos justificados, regenerados e santificados, por

pensar que não há vida depois da morte, ou

mesmo que voltará a reencarnar em outra pessoa no futuro para continuar sendo

aperfeiçoado através de sucessivas

reencarnações?

Ele veio para remover a nossa culpa no aqui e agora e para sempre. Ele veio para que

Page 44: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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comecemos a ser santificados desde o momento

em que nos convertemos a Ele. Por isso morreu

na cruz no nosso lugar e está se oferecendo a si

mesmo para ser a nossa JUSTIÇA, para que sejamos justificados diante da santidade

absoluta de Deus. É portanto, somente nEle que

podemos achar a remissão e o perdão de todos os nossos pecados, e sermos feitos filhos e

herdeiros de Deus.

Todos nós estaríamos em grandes trevas eternas, se o próprio Senhor Jesus não nos

atraísse a Si, e removesse o nosso

endurecimento e cegueira, para que possamos

ver e participar das coisas espirituais que são relativas ao Reino de Deus. Graças eternas

portanto, ao Seu grande Nome.

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Derramar de Coração

Ah Senhor amado de minha alma...

Que eu não tenha inveja dos homens malignos, nem queira estar com eles,

porque o seu coração maquina violência, e os seus lábios falam o mal.

Tenho aprendido contigo que mais poder tem o sábio do que o forte, e o homem de

conhecimento, mais do que o violento.

Sei que se me mostrar fraco no dia da angústia, a minha força será pequena, porque é preciso honrar-te mantendo firme a esperança de que

serás a minha força na minha fraqueza.

Livra Senhor... os que estão sendo levados para a morte e salva os que sequer sabem que estamos

todos mortos em espírito na tua presença,

quando não temos a vida de Jesus Cristo habitando em nós.

Como poderia esconder de ti as minhas faltas, pois pesas corações e tudo sabes, antes mesmo

que eu formule qualquer pensamento.

Dá-me pois sabedoria espiritual para que possa vigiar meu coração e mente, e confessar-te

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46

todas as minhas transgressões, de modo que

não me sejam ocultas.

Confio inteiramente na tua graça e misericórdia

para com os pecadores, dos quais eu sou o principal.

Torna a alegrar-me com a tua alegria, para que te cante louvores de todo o meu coração.

Pois tenho andado em humildade na tua presença, e tenho perdoado a todos os meus

ofensores, e intercedo pelo bem dos que me

injuriam.

Tu sabes que não me alegro com a ruína de qualquer pessoa, e que o meu coração se

compadece dos que andam vencidos pelo

pecado.

Não busco coisas elevadas para mim, não me interesso por riquezas terrenas ou fama. Minha

alma abomina a lisonja, pois sei muito bem que

nada sou. Tu és o meu tudo, a minha única herança e esperança.

Fortalece-me então Senhor, para que eu glorifique o teu santo nome na Terra, pelo

testemunho da operação tua graça em minha vida.

Outro bem não espero a não ser que possa ser em tuas mãos uma bênção para o meu próximo.

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Faze prevalecer o amor e o bem em cada coração que nesta hora faz juntamente comigo esta

oração.

Abençoa nossas vidas, nossos lares, nossos amados e até mesmo os nossos inimigos, para

que se saiba que em ti há somente o bem, e

nenhuma treva ou mal.

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Resistindo a Tudo que Possa nos Afastar

de Deus

Em dias de tantos falsos profetas, pastores, mestres e cristos que se apresentam com

propostas para “melhorarem” as condições de

vida da sociedade em que vivemos, devemos ter

muito bom senso e discernimento espiritual para não cairmos nas armadilhas destes

traficantes de promessas que oferecem

liberdade, paz e prosperidade, quando eles

próprios se encontram em completa prisão, tormenta e ruína espiritual diante de Deus.

Devemos vigiar e nos acautelar deles para que

não sejamos achados desviados da presença do Senhor e dos Seus mandamentos.

O que a sociedade pós-moderna chama de cultura e liberdade, Deus chama de abominação. Sexo livre, funk, uso abusivo de

drogas, adultérios, fornicações, baladas,

luxúrias, glutonarias, bebedeiras, jogatinas, e

coisas como estas podem ser classificadas de expressões de liberdade?

A Terra está cheia de violência, assassinatos, furtos, roubos, corrupção, desmando de autoridades, enganos, traições, rebeliões,

guerras, e poder-se-ia chamar a isto de dias de

prosperidade e de paz?

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Como pode a boca daquele que não conhece a paz de Cristo oferecer a paz? Como podem

aqueles cuja soberba lhes acusa abertamente,

serem humildes diante do Senhor?

Que os crentes não se deixem portanto,

enganar por estes que lhes acenam com promessas com o intuito de lhes afastar dos

caminhos do Senhor.

Estes apelos nos vêm de todas as formas, especialmente através de meios virtuais com

mensagens diretas ou subliminares. O encanto dos diversos sedutores que estão a serviço de

Satanás, conscientemente ou não, se apresenta

em todo o mundo para atrair almas

inconstantes e incautas. É tempo então de orar e vigiar em todo o tempo conforme o Senhor nos

ordena em Sua Palavra, para que sejamos

achados de pé perante Ele.

O sétimo capítulo do livro do profeta Oséias revela a grande influência que têm as capitais

das nações, e os centros onde se concentra o poder político, porque quando o Senhor se

dispunha a fazer uma cura em Israel,

especialmente no meio rural, este era

contaminado por toda a iniquidade da principal tribo de Israel onde se encontrava a capital de

Samaria, onde a falsidade e a maldade,

especialmente encontradas na corte junto aos

Page 50: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

50

príncipes, fazia com que a iniquidade se

espalhasse por toda a nação.

Grandes centros chamados culturais são usados estrategicamente pelo diabo para contaminar

regiões e nações inteiras.

Quando a iniquidade se multiplica a este nível, Deus e a própria ideia sobre um Deus que julga

são lançados para longe do coração e mente das pessoas.

Elas passam a cogitar que Ele não se importa com a maldade delas, porque não se veem juízos

sendo aplicados imediatamente a cada falta

cometida.

A alegria carnal da corte de Samaria, regada a vinho, com a qual os príncipes e o rei se

alegravam constantemente, era uma inspiração para que praticassem a maldade, especialmente

para multiplicar os adultérios dos cortesãos; e

de igual modo o mau exemplo dado pelos

governantes de nossos dias é um incentivo para o desregramento da sociedade como um todo.

O vinho os aquecia em suas luxúrias carnais como alguém que acende um forno, e que atiça

as suas chamas até que o pão seja colocado nele

para assar.

Efraim havia se misturado a tal ponto aos costumes das nações pagãs, que não mais se

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podia distinguir em Israel nada do que fosse

diferente delas.

Se guardavam algo do culto devido ao Senhor,

isto era apenas por uma parte, sendo que a outra de seus corações estava ligada aos costumes de

tais nações.

Então é dito deles que era como um bolo que não foi virado, ou seja, estava cozido apenas de um

dos lados, sendo impróprio para ser usado por

Deus.

Eles haviam misturado o culto do Senhor com o de Baal, dos sidônios.

E nunca mais foram livrados disto em seus corações, a par de todas as reformas que foram

tentadas para livrá-los desta idolatria.

Esta mistura com os costumes estrangeiros lhe havia roubado a força espiritual que tinham no

Senhor.

Estavam endurecidos em sua soberba carnal, e com isto se recusavam em reconhecer a

necessidade de voltarem para o Senhor, porque

estavam debaixo de uma aliança com Ele que

previa castigos em caso de desobediência, tanto quanto bênçãos em caso de obediência.

Em vez de colocarem sua confiança no Senhor, procuravam se fortalecer política e

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52

militarmente fazendo alianças com nações

estrangeiras, como a Assíria e o Egito, mas eram

como uma pomba enganada, que não sabia

reconhecer qual era o seu verdadeiro lugar de repouso.

Todavia, o Senhor não lhes permitiria que consumassem o seu engano, porque lhes

apanharia com a sua rede, como se apanham as

aves do céu, e os faria descer para serem castigados por Ele, conforme os juízos que

proferiu contra eles através dos Seus profetas.

Como haviam voltado suas costas para Deus e fugido dEle e do cumprimento da Sua vontade,

se rebelando contra Ele, seriam destruídos,

porque se tivessem buscado ao Senhor seriam libertados por Ele, mas preferiram continuar

falando mentiras contra Deus.

Não Lhe clamavam de coração, mas davam uivos em suas camas, isto é, por causa de suas

aflições, somente para verem atendidas suas

necessidades imediatas e cobiças de seus corações carnais. Choravam por suas perdas e

não pelos seus pecados.

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53

Estamos Vivendo o Cumprimento de

Miquéias 7

Nosso Senhor Jesus Cristo profetizou que nos

últimos dias, por se multiplicar a iniquidade na

Terra, o amor se esfriaria de quase todos (Mt

24.12).

A palavra iniquidade no referido texto de Mateus é no original grego anomia, ou seja, violação da lei de Deus – literalmente significa

“a (sem), nomos (lei)”. De modo que esta

multiplicação da iniquidade se refere ao

comportamento da sociedade que não condiz com os valores morais e espirituais da Palavra

de Deus, notadamente com os mandamentos de

Cristo.

Nós tivemos vários exemplos desta condição que temos vivido em nossos dias, na história da

nação de Israel no período do Velho Testamento, notadamente no período dos Juízes

e dos Reis. E mesmo quando o Senhor lhes

proveu de reis piedosos, justos e santos como

Ezequias e Josias, por exemplo, a iniquidade havia se espalhado de tal forma na nação, que

nenhuma das medidas por eles tomadas para

conduzir o povo a um proceder reto se mostrou

eficaz, porque o pecado e o desejo de transgredir os mandamentos de Deus estavam arraigados

em seus corações. Se homens de Deus que eram

verdadeiramente piedosos não puderam trazer

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54

de volta o povo a um proceder justo, quanto mais

isto não nos virá da parte de governantes ímpios,

que é o caso presente em todas as nações do

mundo, inclusive em Israel.

O aumento da iniquidade dos israelitas chegou a tal ponto, especialmente nos dias dos últimos

reis, que não continuariam somente sendo

entregues pelo Senhor à opressão de nações inimigas, como também lhes expulsaria da terra

que lhes havia prometido por herança. Nisto

temos evidenciado o que ocorrerá ao mundo,

por causa desta multiplicação de iniquidade que temos testemunhado em nossos dias, pois Deus

desarraigará o ímpio da Terra por ocasião da

segunda vinda de Jesus.

O profeta Miquéias descreve no início do sétimo capítulo do seu livro, a que ponto cresceria a iniquidade em Israel e em Judá, quando fossem

levados para o cativeiro.

Toda a vontade de Deus seria subvertida, de modo que o que se veria em Israel e em Judá,

seria justamente o oposto de tudo aquilo que é ordenado em Seus mandamentos.

Não haveria homens piedosos e retos no povo do Senhor, senão somente a prática do mal,

especialmente pelos próprios líderes da nação.

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A tal ponto chegaria a iniquidade, que ninguém poderia crer num amigo ou confiar num

companheiro, de forma que a prudência de se

manter a boca fechada, seria recomendada mesmo diante daqueles que fossem mais

íntimos, tal seria a predisposição deles para

serem dirigidos pelo mal.

Quando a iniquidade se multiplica Satanás governa os corações e os conduz conforme seu

próprio querer, independentemente do grau de

parentesco ou de amizade, produzindo infâmias, traições, maledicência, e até mesmo a

prática da violência, contra pessoas que antes

eram amadas e estimadas.

“2 Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para

derramarem sangue; cada um caça a seu irmão

com rede.

3 As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o

juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles

juntamente urdem a trama.

4 O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É

chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o

dia do teu castigo; aí está a confusão deles.

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5 Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela

que reclina sobre o teu peito.

6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta

contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa.” (Miq 7.2-

6).

Veja se não é exatamente isto o que temos vivido presentemente?

O que fazer então? Dar de ombros? Fechar os olhos? Cruzar os braços? Não. De modo algum.

Entretanto não devemos nos iludir com a

melhora deste quadro nestes últimos dias da

grande apostasia que antecedem a manifestação do Anticristo. Os que são santos,

continuem a se santificar e sendo cidadãos

exemplares num real testemunho de vida reta e

honesta, sustentando a pregação do evangelho, pois aqueles que são injustos se tornarão cada

vez mais injustos (Apo 22.11).

Assim, o profeta Miquéias aponta o caminho para aqueles, que tal como Ele, perseverassem

em seguir ao Senhor.

Deveriam olhar para Ele e esperar no Deus da salvação deles, porque Ele os ouviria, e ainda

que viessem a cair, o Senhor não daria motivo

para que seus inimigos se alegrassem a respeito

Page 57: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

57

deles, pois o Senhor os levantaria, e os tiraria das

trevas para a Sua luz.

Desde que houvesse arrependimento sincero, com confissão do pecado a Deus, Ele julgaria a

causa destes que se voltassem para Ele, e executaria o seu direito, de modo que os tiraria

das trevas para a luz, para verem a Sua justiça.

Esta justiça graciosa e misericordiosa que está disponível no Senhor confunde os inimigos do Seu povo, que não podem entendê-la.

Eles permanecem debaixo dos seus pecados, porque não confiam na justiça de Deus com a

qual somos justificados, a saber, a justiça do

próprio Cristo.

É preciso ter muito cuidado na condição de ministros do evangelho, para não tentarmos

conduzir as pessoas que nos ouvem a uma

justificação que não seja a de Cristo, que é

somente por fé, e que é instantânea.

Ao contrário, não devemos conduzi-las a uma justificação falsa, que não ocorrerá, e que seja

decorrente de nossos discursos moralistas, que

apontam o pecado; não para efeito de produzir

arrependimento e a busca de Deus, mas somente a condenação dos outros para que nos

sintamos melhores e superiores a eles, julgando

possuir de nós mesmos uma justiça maior do

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que a deles, quando na verdade não a

possuímos, ou então, que esteja sendo aplicada

contrariamente ao propósito de Deus de salvar

os pecadores.

Assim, quando a misericórdia de Deus fosse manifestada em toda a Sua plenitude, quando o

remanescente de Israel fosse achado reinando

em glória juntamente com o Messias no milênio, as nações ficariam ainda mais

estupefatas do que antes, porque na sua justiça

legalista, baseada no mérito humano, jamais

poderão compreender a justiça de Deus, que está baseada na Sua misericórdia, e

exclusivamente nos méritos de Cristo, e não nos

nossos.

Jerusalém de odiada que foi e será, especialmente nos dias do Anticristo, manifestará uma glória ainda maior do que a

que tivera antes.

Seus muros serão reedificados, e suas fronteiras aumentadas.

O mundo de pecado será julgado por causa de suas más obras, quando da vinda do Senhor, mas o Seu retorno, para Israel, significará

livramento e restauração (v. 11 a 13).

O Senhor apascentará o Seu povo, fazendo maravilhas para livrá-lo das assolações do

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Anticristo, tal como havia feito nos dias de

Moisés quando os livrou do Egito.

De fraco, perseguido e oprimido que era, Israel virá a ser forte no Seu Deus; e honrado por Ele,

será motivo de temor para as nações inimigas,

que ficarão caladas e pasmadas, em face de todo o bem e poder que o Senhor tiver concedido ao

Seu povo.

“7 Eu, porém, olharei para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu

Deus me ouvirá.

8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-

ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz.

9 Sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e

execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e

eu verei a sua justiça.

10 A minha inimiga verá isso, e a ela cobrirá a vergonha, a ela que me diz: Onde está o

SENHOR, teu Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora, será pisada aos pés como

a lama das ruas.

11 No dia da reedificação dos teus muros, nesse dia, serão os teus limites removidos para mais

longe.

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60

12 Nesse dia, virão a ti, desde a Assíria até às cidades do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e

do mar até ao mar, e da montanha até à

montanha.

13 Todavia, a terra será posta em desolação, por causa dos seus moradores, por causa do fruto

das suas obras.

14 Apascenta o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua herança, que mora a sós no

bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se

em Basã e Gileade, como nos dias de outrora.

15 Eu lhe mostrarei maravilhas, como nos dias

da tua saída da terra do Egito.

16 As nações verão isso e se envergonharão de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os

seus ouvidos ficarão surdos.

17 Lamberão o pó como serpentes; como répteis

da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e, tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e

terão medo de ti.

18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém

a sua ira para sempre, porque tem prazer na

misericórdia.

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19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os

nossos pecados nas profundezas do mar.

20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais,

desde os dias antigos.” (Miq 7.7-20)

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62

Deus Julgará a Impiedade das Nações

Um só é o Juiz e Senhor de Toda a Terra.

Quando a medida da iniquidade das nações de

nossos dias estiver completa, o Senhor trará os

juízos que estão determinados por Ele em várias passagens da Bíblia, e dos quais, o que fora

profetizado e cumprido sobre a Assíria, através

do profeta Naum é um grande alerta para as

nações que se enriquecem à custa das suas pilhagens, enganos e violência, ainda que o

façam não tanto mais pela força das armas, mas

através de expedientes modernos de

manipulação financeira e política.

O Senhor tem um juízo contra essas nações, tal como tivera contra Nínive no passado.

Por isso tem determinado um dia em que as reunirá no vale de Megido, sob o Anticristo, para

que tanto ele, quanto elas, recebam a devida paga pelas suas iniquidades.

Está determinado pelo Senhor que o homem não prevalecerá pela força ou pelo engano, de

modo que todo povo ou nação que tiver buscado

se engrandecer por este caminho, virá a sucumbir perante Ele, tal como fizera no

passado em relação a muitas nações poderosas,

para que servissem de ilustração, do exemplo

Page 63: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

63

que não deve ser seguido pelas nações que

desejem de fato prosperar e serem abençoadas.

Nós podemos ver no 3º capitulo de Naum que a iniquidade de Tebas era menor do que a de

Nínive, e no entanto, ela havia sido submetida a

um juízo do Senhor, quanto mais então a Assíria

não poderia dar como certo o dia da visitação da Sua iniquidade? Como poderia então o Senhor

deixar impune toda a impiedade que é praticada

por muitas nações de nossos dias?

Foi pronunciada uma aflição (ai!) contra a cidade ensanguentada de Nínive, isto é, que

havia se fortificado com o derramamento de

sangue de muitos povos conquistados.

Eles haviam feito montões de cadáveres e se regozijavam nisto, gloriando-se das enormes

pilhas de ossos daqueles que haviam sido assassinados por eles.

E estes que haviam sido mortos por eles, foram vendidos pelos oráculos de feiticeiras e meretrizes, que indicavam aos reis assírios,

sendo usadas pelo diabo, quais as nações que

deveriam ser subjugadas e a forma de crueldade

que deveriam usar contra elas, para rapiná-las, e tudo isto fizeram para aumentarem a própria

riqueza e prestígio delas junto aos príncipes de

Nínive.

Page 64: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

64

Então, a sentença do Senhor contra eles não

poderia ser outra senão a que lemos nos versos

5 a 7:

“5 Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos

exércitos; e levantarei as tuas fraldas sobre a tua

face; e às nações mostrarei a tua nudez, e seus

reinos a tua vergonha.

6 Lançarei sobre ti imundícias e te tratarei com desprezo, e te porei como espetáculo.

7 E há de ser todos os que te virem fugirão de ti,

e dirão: Nínive esta destruída; quem terá

compaixão dela? Donde te buscarei

consoladores?”

Nínive buscaria se refugiar do inimigo quando

este viesse contra ela, mas não poderia achá-lo,

porque seria sitiada, de maneira que é

aconselhada na profecia a juntar água no interior de suas portas para poder resistir ao

tempo do cerco que seria levantado contra ela.

Suas tropas ficariam atemorizadas e retidas no interior da cidade sem poderem resistir à

invasão de Babilônia, que queimaria todas as

portas de Nínive.

Os príncipes fugiriam para as campinas, bem como os assírios seriam espalhados pelos

montes, sem poderem se organizar em ordem

de batalha, porque os líderes procurariam, cada

Page 65: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

65

um de per si, salvar a própria pele deles, ao

perceberem que seria vã qualquer tentativa de

resistência ao poder do inimigo.

A ferida que lhes seria feita, da parte do Senhor, seria incurável, de modo que todos os que

haviam sido oprimidos pelos assírios, ao

ouvirem o que lhes havia sucedido, se

regozijariam batendo palmas sobre a ruína deles, porque reconheceriam nisto um justo

castigo por toda a maldade que eles haviam

praticado.

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66

Continuamente Mau

“Viu o Senhor que a maldade do homem se

havia multiplicado na terra e que era

continuamente mau todo desígnio do seu

coração;” (Gênesis 6.5)

Nossa natureza terrena corrompida pelo pecado

nos acompanhará até o dia da nossa morte – esta

natureza está sempre disposta e inclinada para o

mal – por isso não fazemos continuamente o bem que queremos, e fazemos continuamente o

mal que não queremos – continuamente, não

como sendo ininterrupto, mas como algo que sempre se manifestará de modo intermitente

em todas as pessoas, ainda que mais em alguns

do que em outros.

Esta continuidade é definida pela nossa incapacidade absoluta de permanecer na

prática do bem em todo o tempo, por todos os dias de nossas vidas, porque assim como a força

da gravidade puxa todas as coisas naturalmente

para baixo, nossa natureza corrompida pelo

pecado é dotada de hábitos, desejos, inclinações e disposições que sempre nos puxam para baixo,

e é impossível, portanto, permanecer

praticando, pensando, imaginando, sentindo e

desejando somente aquilo que esteja de acordo com a vontade de Deus e seus mandamentos. E

isto se aplica também a cristãos, que são

renascidos do Espírito Santo, e que são dotados

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67

portanto de uma nova natureza espiritual,

celestial e divina.

É comum se pensar que as pessoas que são muito espirituais e que são notórias em sua

santificação cotidiana, estão livres dessa condição de miséria da natureza terrena da qual

todos somos dotados. Ao contrário, quanto mais

santificado alguém for, mais conhecerá a profundidade da malignidade da natureza

terrena, em seu próprio coração, e saberá o

quanto Jesus é o seu tudo para tudo, o único

salvador e libertador da condenação eterna, pois por mais santos que sejamos estamos

sempre carregados de pecados – pecados que

são até mesmo involuntários porque a natureza

terrena pulsa involuntariamente assim como o nosso coração de carne – não estando portanto

sujeita até mesmo ao exercício da nossa vontade

para não produzir o que seja pecaminoso, pois

tal natureza possui as suas peculiares e inerentes inclinações, disposições e hábitos,

que são sempre contrários à Lei de Deus e à sua

vontade – em suma, em nós mesmos estamos

perdidos, carregados de pecados diários e contínuos – esta é uma fonte amarga que pode

ser interrompida pela fonte da nova natureza

divina recebida na conversão, mas é impossível

parar de todo o seu fluxo, de modo que sempre se verá na nossa água cristalina da nova

natureza espiritual algo da insalubridade da

fonte da natureza terrena – enquanto na

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68

comunhão com Cristo o coração está purificado

de todo pecado e injustiça – mas qualquer

brecha na comunhão e logo a velha natureza se

levanta e nos conduz àquele estado ruim de alma que nos incapacita a viver de modo

agradável a Deus – é fácil então concluir porque

é a Cristo que deve ser dada toda a glória, honra e louvor.

“20 E dizia: O que sai do homem, isso é o que o

contamina.

21 Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os

adultérios,

22 a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.

23 Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.” (Marcos 7.20-23)

“Sem mim nada podeis fazer”, o Senhor Jesus

afirma de forma incisiva e clara a nossa

completa dependência dEle para sermos justificados, perdoados, regenerados,

santificados e por fim glorificados, pois não há

quem não peque, como temos demonstrado em

razão da natureza que carregamos e que nos leva a clamar juntamente com o apóstolo Paulo:

“miserável homem que sou, quem me livrará do

corpo dessa morte?”. E respondemos também

Page 69: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

69

imediatamente com ele: “Graças a Deus por

nosso Senhor Jesus Cristo”.

À luz destas considerações somos levados a

concluir que quando nosso Senhor dizia a

algumas pessoas logo depois que as salvava por causa da fé nele – “vai e não peques mais” - o

significado deste “não peques mais”

corresponde a dizer em outras palavras: “tenha

por alvo não dar acolhida ao pecado e não ceder à tentação, daqui por diante. Mantenha-se em

guarda, seja vigilante e ore incessantemente”;

pois, mesmo depois de salvo, nenhum cristão

possui em si mesmo o poder de jamais voltar a pecar, e daí dizer o apóstolo João que se

dissermos que não temos pecado, mentimos.

Mas o mesmo apóstolo nos ordena, segundo é a vontade de Cristo, a não vivermos mais

pecando, ao contrário, devemos lutar contra os

nossos pecados e confessá-los a Deus para

sermos perdoados e purificados. Ou seja, não devemos ter uma atitude de impassibilidade

diante da fraqueza da nossa natureza terrena

(que Jesus chamou de carne fraca), mas

devemos mortificá-la por um constante andar no Espírito, sabendo que há em nós esta

inclinação natural que é continuamente má, e

que pode ser subjugada somente pela nova

inclinação espiritual recebida na conversão a Cristo.

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70

Ai de nós que Vivemos numa Geração

Ímpia!

O homem é produto do meio em que ele vive.

Somos influenciados pelo chamado instinto gregário pela nossa condição de ser social. A sociedade em que vivemos exerce uma

influência poderosa sobre o nosso modo de

pensar e agir.

Nossas crenças, valores e comportamento são

moldados espontaneamente pelo que vemos,

ouvimos, e por aqueles com os quais

convivemos. Então, ai de nós!

Vivemos num mundo onde especialmente a música, os filmes e programação de TV, a

literatura, seja de livros, periódicos e jornais,

encontra-se eivada de toda forma de

comportamentos obscenos, violentos, impuros etc, em que é plenamente justificado o uso da

vingança, da traição, da “esperteza”, da

malandragem, e tudo o mais que é condenável

pela própria natureza.

Isto é tão sutil que tem penetrado até mesmo a

vida daqueles que se dizem religiosos, uma vez

que quando tal estado de coisas prevalece, até

mesmo o ensino religioso ou apoia estes procedimentos iníquos ou silencia acerca deles,

por ter a consciência ficado embotada a tal

ponto, que se desconhece o que é devido à

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obediência verdadeira a Deus, notadamente

quanto ao que se refere à gentileza, ao perdão,

ao amor ao próximo, inclusive aos inimigos, à

paciência sob injúria e perseguição, na prática do bem a todos sem qualquer distinção. Quão difícil tem sido viver de modo piedoso e

reto, conforme profetizado na Bíblia quanto aos dias da multiplicação da iniquidade em todo o

mundo!

De quanta vigilância, oração e meditação na

Palavra de Deus necessitamos, para não sermos

participantes desta falta de amor santo e

piedoso que tem se espalhado por toda parte numa velocidade espantosa.

“1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias,

sobrevirão tempos difíceis,

2 pois os homens serão egoístas, avarentos,

jactanciosos, arrogantes, blasfemadores,

desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,

3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem

domínio de si, cruéis, inimigos do bem,

4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos

dos prazeres que amigos de Deus,

5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” (II

Timóteo 3.1-5)

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Porque Devemos Perdoar

Com a chamada parábola do credor

incompassivo Jesus ensinou que Ele perdoa

dívidas, ainda que sejam de dez mil talentos, e que não seremos abençoados por Deus, e na

verdade seremos sujeitados ao juízo de sermos

corrigidos e disciplinados até que nos

disponhamos a ser longânimos e perdoadores, ainda que a dívida que tenhamos

que perdoar de alguém seja pequena como a do

homem da parábola, que mandou prender

quem lhe devia apenas cem denários (18.23-35). Veja que não se fala de perdão barato na Bíblia,

apesar de ser sempre pela graça, porque

sempre está implícita a necessidade de

arrependimento do ofensor. Na falta deste arrependimento não há qualquer sentido

no perdão.

Jesus pagou por nós a nossa dívida de dez mil talentos, e é por isso que somos isentados por

Deus de pagá-la, se temos crido em Seu Filho

como sendo o nosso fiel Fiador.

Assim como fomos perdoados tão

extensamente, se exige de nós, em nossa

própria esfera limitada, perdoar as pequenas

dívidas e ofensas que alguns dos nossos semelhantes têm para conosco. Deus em Sua perfeita majestade e santidade é

ofendido por todos e por muitas vezes, e ainda

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73

assim sempre se mostra perdoador e

misericordioso para com todos os que se

arrependem.

Assim, a sua esfera para o perdão não é limitada

como a nossa, ao contrário, é de dimensão

infinita. Todavia, se mostra sempre favorável ao exercício do perdão. Na condição de que

sejamos seus imitadores, se requer de nós que o

sejamos sobretudo nesta parte, pois se refere à

proposta principal do evangelho que está relacionada ao perdão dos pecadores para a sua

reconciliação com Deus. Assim, como

poderíamos anunciar o evangelho sem uma

completa disposição para perdoarmos os nossos ofensores?

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O Caráter da Bênção da Liberdade do

Cristão

É somente pela permanência na vida espiritual

que é operada pela fé, e que cresce na provação

da fé, que se pode ser mais do que vencedor na

prática da vida cristã diária, e não apenas por mero conhecimento doutrinário.

A doutrina verdadeira deve ser praticada, senão

as graças que existem em nós, estão prestes a morrer (desaparecer), tal como havia ocorrido

com a Igreja de Sardes (Apo 3.1,2).

Contudo quem é suficiente para estas coisas?

Então eles perderam também de vista a necessidade de se estar debaixo da influência do

Espírito Santo, praticando a Palavra de Deus

(andar no Espírito) para que então, estas coisas

ordenadas pelo Senhor possam ser cumpridas e vividas.

A liberdade cristã não é liberdade para a carne,

mas liberdade para a nova criatura. A carne deve ser mortificada, e por isso foi

crucificada juntamente com Cristo quando Ele

morreu na cruz do Calvário (v. 24).

A nova criatura, esta sim, é livre, ela é celestial e

não terrena.

Ela é responsável e perfeitamente santa. É a

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75

semente da vida eterna que foi semeada no

coração do cristão.

É a nova vida do céu que foi implantada nele, e

que está destinada a crescer e a vencer a antiga

natureza, assim como a Nova Aliança revogou e substituiu a Antiga.

Ela é o odre novo no qual o Senhor está

colocando o seu vinho celestial da verdadeira

alegria.

É por viver e andar no Espírito, no crescimento progressivo da nova natureza, que os cristãos

são habilitados e capacitados a viverem em

unidade, sendo um só corpo em Cristo, unidos

pelo vinculo do amor.

Somente assim se cumpre o propósito de Deus em relação a eles.

Porém, quando se deixam governar pela carne,

e negligenciam os deveres que lhes são

ordenados na Palavra, quando deixam de ser

diligentes no hábito da santificação, esquecendo de purificar seus corações pela

Palavra, pelo poder do Espírito, e de

permanecerem continuamente nisto por todos

os dias das suas vidas, então o que se verá são todas as manifestações que são designadas por

obras da carne (dissensões, iras etc) e não o

fruto do EspÍrito, que é amor, paz etc.

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Os que andam na carne jamais cumprirão a Lei,

e se iludirão se pensarem que a estão

cumprindo.

Ora, se Deus sentenciou à morte a carne com

suas paixões e cobiças na cruz, como podem os

cristãos viverem, debaixo desta influência, em

vez de se despojarem de tudo isto, uma vez que a vontade de Deus é que este corpo de morte de

pecado não seja apenas morto, mas também

lançado fora?

A nós é dado o dever de fazermos este trabalho

de despojamento pelo Espírito Santo, em vez de

hospedarmos o velho homem que já foi morto

desde o dia que nos convertemos a Cristo e passamos a pertencer a Ele.

Deste modo quanto mais uma igreja se torna

carnal mais ela estará sujeita à influência das falsas doutrinas.

Elas serão recepcionadas com muito maior

facilidade, porque é somente sendo espirituais

que podemos discernir não somente estas coisas, porque o homem espiritual discerne

todas as coisas, principalmente as coisas que são

do Espírito, porque elas se discernem espiritualmente.

Portanto é nosso dever nos interessarmos por

esta luta do Espírito contra a carne, para

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77

apoiarmos a parte que deve ser apoiada, e

destruir a que deve ser despojada.

Paulo fala disto como sendo o dever não

somente dos gálatas, mas de todos os cristãos.

Se é por um andar no Espírito que se vence a

cobiça da carne, então devemos nos empenhar firmemente em não apenas aprender o

significado disto, como também o modo correto

de praticá-lo.

A vida cristã não é uma vida contemplativa, não

é uma mera devoção mística, porque é possível

ser isto e estar completamente distante da verdade revelada.

Antes é uma vida que deve ser aprendida. É uma prática, é um hábito, é um constante

crescimento na graça e no conhecimento de

Jesus.

Por isso, para dissuadir os gálatas das suas falsas

convicções, Paulo argumentou fortemente com

eles dizendo que se é pelos pecados, que os

praticantes deles que os amam e não pretendem deixá-los, serão deixados do lado de fora do céu,

como podem os cristãos, que ganharam o céu

por Jesus Cristo, permanecerem na prática

destas mesmas obras pecaminosas?

É portanto, dever de todos eles purificarem seus

Page 78: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

78

corações pela Palavra, mediante o poder do

Espírito.

É somente na Palavra revelada que os cristãos

podem portanto achar segurança para ficarem

livres dos erros satânicos, e de juízos errados relativos à verdade.

Veja o que o apóstolo nos ensina sobre a luta que

existe permanentemente entre a carne e o Espírito, e vice- versa:

"Porque a carne luta contra o Espírito, e o

Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao

outro, para que não façais o que quereis." (Gál 5.17).

Observe que ele afirma que a carne e o Espírito

se opõem mutuamente para que não façamos o que seja do nosso querer. O que ele quis dizer

com isto?

É que na verdade tanto a carne quanto o Espírito

lutam contra a lei natural da nossa mente, e

contra as disposições da nossa alma. Isto é, tanto um quanto o outro, pretendem ter o domínio da

nossa vontade e de todo o nosso ser.

A carne pretende nos levar a pecar ainda que

não o queiramos; e o Espírito Santo pretende

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79

nos santificar e levar-nos a viver não pelo que é

propriamente da nossa vontade, mas por aquilo

que é da vontade de Deus.

Então o Espírito não luta contra a carne para que

seja feito o que seja do nosso querer, mas para que a vontade de Deus possa se cumprir em nós.

O Espírito procurará nos levar portanto à cruz

para que a carne possa ser crucificada com as

suas paixões e desejos (Gál 5.24).

Jesus diz que as Suas palavras são espírito e vida (João 6.63). Isto é, elas não são mera letra, e

não devem ser captadas, apenas pela mente

como tal, mas deve ser buscada a realidade para

a qual elas apontam.

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Não Podemos Medir Nossa Ira Pela de

Deus

Não podemos medir a nossa ira pela ira de Deus, porque a ira do Senhor é perfeitamente justa e

santa, e é Ele que tem o poder de julgar

as consciências humanas e executar uma

sentença de condenação sobre elas. A nós, não foi dada tal autoridade, ao contrário, somos

ordenados a não passar este tipo de juízo

condenatório definitivo nos outros, para que

não sejamos julgados com a mesma medida que julgamos. E quão difícil e delicado é viver isto.

Por isso devemos examinar este assunto nas

Escrituras, para podermos aplicar em nossas

vidas a vontade de Deus quanto à diferença que há entre uma ira justificada e santa, e uma ira

não justificada e não santa.

Lembremos que Moisés não estava em rebelião

contra Deus, mas o povo de Israel sim, e murmuraram contra Ele. Mas quando

Moisés descarregou a sua ira contra eles em

Refidim, quem foi julgado por Deus naquela

ocasião foi o próprio Moisés, e não eles. A Moisés, o ter se irado contra eles e batido na

rocha, custou ser proibido de entrar em Canaã,

ainda que tivesse insistido com o Senhor para

entrar na terra prometida. Moisés não foi julgado pelo Senhor porque se irou contra o

pecado dos israelitas, porque a sua ira era

justificada e santa, mas porque não conteve a

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sua ira, quando Deus não estava exercendo

nenhum juízo sobre eles, e portanto cabia-lhe

seguir o exemplo do Senhor naquela situação.

Se tivesse de passar algum juízo, ele deveria

passar o juízo determinado por Deus, e não agir pela própria conta. Há um grande ensino para

nós naquele incidente. O que faltou a Moisés foi

longanimidade. Veja que problema é isto quando ela falta aos líderes da Igreja de Cristo.

Se nós formos perder a nossa tranquilidade de

mente por causa do pecado de alguns crentes da

nossa Igreja ou de outras, nós nunca poderemos ter paz com Deus, porque o diabo sempre usará

isto contra nós. É preciso pois ser sempre

longânimos, porque sempre haverá o joio entre

nós.

É preciso pois aprender do mesmo exemplo de

longanimidade de Cristo e dos apóstolos,

especialmente os líderes do povo de Deus, para

que não venhamos a destruir a obra que Ele nos tem designado para dirigir, por causa de um

destemperamento que não nos permita sermos

longânimos para com todos, conforme é

necessário, para que em meio a todas as dificuldades que venhamos a encontrar no

caminho no nosso relacionamento com as

pessoas que Deus tem colocado debaixo do

nosso cuidado, especialmente para que aquelas dificuldades criadas por Satanás, não venham a

pôr a obra do Senhor a perder, por falta da

nossa longanimidade.

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A Obra de Deus É Dirigida por Ele

Uma obra que é genuinamente de Deus será

conduzida e governada por Ele próprio, e nós

seremos apenas Seus instrumentos. Enquanto

fazemos muitos planos e procuramos prevalecer em muitas frentes que não foram

planejados e abertos pelo Senhor, ainda

estamos fazendo a nossa obra e não a dEle.

A obra de Deus é dirigida por Ele, e somente por

Ele. Josué é general mas deve se submeter ao Príncipe dos exércitos do Senhor. Ao

generalíssimo dos Seus exércitos tanto do céu,

quanto da terra. E Jericó deve ser subjugada

pelos planos de guerra que recebermos de Suas mãos em inteira submissão a Ele, tal como fizera

Josué.

Assim é todo aquele que guarda o seu coração

porque será diligente no trabalho de Deus,

porque o terá recebido dEle próprio. Não estará fazendo a sua própria obra, mas aquela da qual

foi encarregado pelo Senhor a fazer, tal como a

que Neemias fez em Judá.

Esta pessoa não será confundida pela falta de

pensamentos, e a sua língua não estará presa pela falta de palavras. Deus dará

abundantemente ministrações àqueles que

andam humildemente na Sua presença,

Page 83: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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guardando o coração deles incontaminado do

mal.

O desejo desta pessoa nunca será pregar a si

mesmo, seu próprio conhecimento, suas

virtudes, senão somente a Cristo, pois sabe de

quantas corrupções o seu coração tem sido livrado e limpo por Ele. Sabe que não há nada

para gloriar-se em si mesmo, senão somente em

Cristo. E todo o desejo do seu coração é portanto

o de exaltá-lo, com a mais profunda gratidão.

Estes ministros brilham com a luz de Cristo, mas sabem que são estrelas seguras nas Suas mãos.

Que estão a serviço dEle e debaixo do Seu

domínio. E temem e tremem em falar e agir de

modo diferente do que Ele lhes tenha ensinado e revelado.

Guarde seu coração fielmente e você estará preparado para qualquer situação à qual você

for chamado. Você estará contente em Deus em

toda e qualquer circunstância. Seja na

prosperidade, seja na adversidade, porque o poder do Senhor e a Sua graça estarão com você

e isto lhe será mais do que suficiente para

mantê-lo completamente contente na Sua

presença, e até mesmo exultante e gloriando-se nas próprias tribulações, porque verá que em

vez de afastá-lo do Senhor elas o trouxeram para

mais perto dEle.

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Quem tem experimentado isto já não está mais

preocupado com os seus próprios interesses, senão com os de Deus, e conhecerá que este

interesse divino é o de ganhar almas e edificá-

las na verdade, e assim, este será todo o negócio

das vidas daqueles que têm se separado para o Senhor nesta verdadeira santidade.

Page 85: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

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Guardando Todo o Coração

Muitos pensam erroneamente que é possível ser fiel a Deus sem se guardar cem por cento o

coração. E sem ter um coração dividido e

conquistado por afetos por muitas coisas dentre

as quais Deus é apenas mais um simples item a ser considerado.

Há quem pense que estabelecer prioridades

corretamente é dedicar uma terça parte do seu

tempo ao trabalho, uma outra terça parte à família, e a terça parte final a Deus.

Isto significa que não há na verdade nenhuma

adoração verdadeira e serviço a Deus neste caso,

porque Ele não deve ter uma terça parte do nosso tempo, atenção e devoção, mas todo o

nosso coração. Cem por cento ou nada. Em tudo

que fizermos Deus deve estar presente, e tudo

deve ser feito não como para homens ou para nós mesmos, senão pra Ele. Este é o modo

correto de se estabelecer as prioridades

conforme nos ensina a Bíblia, pois ela afirma

claramente que tudo deve ser feito para a glória de Deus e que Ele deve ser adorado com toda a

nossa força, mente, coração e alma. Toda é toda,

e não parte, muito menos terça parte. Toda é

cem por cento. E é cem por cento porque Ele não aceita um coração que lhe é devotado

parcialmente, senão que aceita somente a

oferta de todo o nosso coração.

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Tente reservar partes de sua atenção para

outras coisas quando adora a Deus, e veja se

haverá alguma verdadeira adoração? Porque

Deus não nos enche com o espírito de louvor pelo Seu Espírito quando assim procedemos? A

resposta é fácil: é porque não lhe devotamos

todo o nosso coração e atenção.

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Nosso Grande Trabalho é Guardar o

Coração

Guardar o coração é o grande trabalho de um crente porque a vida cristã não pode ser vivida

sem isto. E sem guardar o coração todos os

deveres são de nenhum valor à vista de Deus. Muitos serviços esplêndidos foram executados por homens que Deus rejeitará totalmente,

porque eles não deram qualquer atenção à

necessidade de guardarem seus corações em

Deus. Cristo será uma rocha de ofensa na qual muitos mestres da religião irão colidir e se

arruinarão eternamente. Estes mestres nunca

derramaram uma só lágrima pela dureza,

incredulidade e mundanismo de seus corações. Como poderão entrar no céu pela porta larga e

pelo caminho espaçoso em que viveram? Como

pessoas com tais corações poderão suportar a

vinda do Senhor e estarem de pé diante dEle? Como poderão afirmar ter amado a Cristo se os

seus corações nunca estiveram com Ele?

Lembremos que controvérsias infrutíferas

iniciadas por Satanás têm o propósito de nos afastar da piedade prática e a confundir nossas

cabeças quanto à verdade que devemos viver e

praticar.

E este afastamento da piedade será a realidade da vida por mais ativistas que sejamos em

nossas Igrejas, porque a carne sempre

prevalecerá sobre nossas atitudes exteriores.

Page 88: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

88

Por mais duro que possa parecer a afirmação

que vamos fazer, ela é a pura expressão da

realidade, a saber, que as manifestações de

poder e consoladoras do Espírito não são para serem experimentadas ocasionalmente nas

nossas reuniões públicas de adoração (cultos),

enquanto se abriga no coração ódios, ressentimentos, mágoas, iras, impurezas,

ciúmes, invejas, de maneira que tudo isto seja o

fruto de uma aplicação diária e constante em se

guardar o coração puro de todas estas obras da carne.

O Espírito Santo quer abençoar com paz, com

amor, com alegria, longanimidade, unidade,

comunhão, mas como poderá fazê-lo num

coração que não busca pela Sua ajuda em oração de gemidos inexprimíveis que superam nossas

fraquezas e pecados? Mas como o teremos se

não o buscamos com toda a força e sinceridade

de nossa alma? Por isso é possível alguém acrescentar o seu amém a verdades ouvidas na

pregação, enquanto sente um grande fardo em

sua alma, que pode até mesmo estar sendo

produzido por espíritos opressores. Qual a razão disto senão a de se estar debaixo da pregação

sem se buscar um coração puro no Espírito?

Que possamos aprender então a conduzir

nossas congregações livres deste grande erro de tentar usar o Espírito como uma espécie de

pílula para resolver o problema de nossa dor de

cabeça, sem remover a sua verdadeira causa,

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89

que é um coração que não é governado pela

santidade de Deus.

Pessoas podem experimentar bênçãos ocasionais do Espírito sem ter um estado de paz

de alma permanente, que tudo vence, tal qual os

crentes da Igreja Primitiva, porque andavam na

verdade, andavam no Espírito, e buscavam por isto em todos os momentos de suas vidas, e Deus

respondia esta fidelidade com paz na tribulação,

alegria na adversidade, força na fraqueza, e

autoridade para até mesmo serem duramente martirizados, sem que se visse neles qualquer

desespero.

É certo que cuidados mundanos e dificuldades

podem aumentar grandemente a negligência de nossos corações. As cabeças e corações das

multidões estão cheios de uma multidão de

barulhos de negócios mundanos que excluiu da vida deles o amor, o zelo, e o prazer que eles

tinham em Deus.

Quão miseravelmente somos propensos a nos

emaranharmos neste deserto de ninharias! Os brinquedinhos que Satanás apresenta para

nosso entretenimento são considerados por

muitos adultos em idade avançada como coisas

essenciais à vida, quando na verdade, não passam sequer de superfluidades, pois são

apenas objetos que têm o objetivo de distrair e

afastar nossa atenção de Deus e dos deveres que

Page 90: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

90

Ele nos tem incumbido para a nossa felicidade e

daqueles que tem colocado debaixo da nossa

influência.

E quando nos tornamos imprestáveis para o uso

de Deus, para quem mais poderemos ser verdadeiramente úteis nas coisas relativas ao

Seu reino?

Quantas oportunidades preciosas perdemos por

causa disso? Quantas advertências do Espírito ignoramos voluntariamente?

Com que frequência chamamos a Deus quando

nossos pensamentos mundanos nos impediram

de ouvi-lO?

Se perdemos nossa visão dEle por causa de

nossos muitos cuidados, como esperaremos triunfar sobre todas as tribulações e ataques do

inimigo tendo nossos corações guardados na

paz e vencendo pela fé a todas as oposições da

carne, do diabo e do mundo?

Se guardar o coração é o grande trabalho de todo crente, quantos veremos então prevalecendo

realmente com Deus em oração, tendo prazer

em estar na Sua presença e servi-lo mesmo que

seja em circunstâncias adversas? Quantos serão como os crentes da Igreja Primitiva que tinham

prazer em sofrer por amor a Cristo porque eram

fortalecidos por Ele na fidelidade deles?

Page 91: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

91

O real prazer espiritual diante de Deus é algo

contínuo e cada vez mais crescente. Não é um

fardo. Não é uma obrigação desgastante, senão

um grande prazer e alegria. Mas quem é que pode experimentar isto? Somente aquele que

tem guardado continuamente o seu coração do

mal. E não segundo os seus próprios critérios do que considere mal, mas segundo os critérios de

Deus revelados em Sua Palavra. Estes são bem-

aventurados porque os tais são os de coração

puro conforme afirmado por Jesus no Sermão do Monte. São estes que veem a Deus, tanto

neste mundo quanto no mundo por vir,

conforme a promessa de Jesus na mesma bem-

aventurança.

Até quando os crentes deixarão que o ciúme, a inveja e o orgulho, estas três serpentes

venenosas, sejam abrigados em seus corações

para impedimento da unidade, comunhão do

corpo de Cristo, e do progresso do Seu reino na terra? Até quando um justo não poderá se

regozijar na fidelidade de um outro justo, para

não ofender a consciência fraca e carnal,

ciumenta e invejosa de um outro crente que não permite ser santificado pelo Espírito, de modo a

ser livrado destes sentimentos que não somente

não fazem parte do amor, porque ele não é

invejoso, ciumento, orgulhoso e egoísta, como também impedem a manifestação do amor na

Igreja, sabendo nós, que ela não pode existir e

sobreviver sem isto?

Page 92: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

92

Reconciliemo-nos depressa com nossos irmãos

antes de virmos entregar nossas ofertas de

louvor e adoração no altar de Deus. De outro

modo elas não serão recebidas. Não tentemos fazer fácil a vida cristã, ou então desconsiderar a

vontade revelada de Deus. Ele não muda e

jamais mudará. A Sua bênção está disponível mas há condição para ser recebida. E temos que

nos humilhar, renunciar ao nosso ego para fazer

a Sua vontade, aí então, teremos atendido as

condições de recebê-las.

Sem esta disposição prática de aplicar-se a

obedecer a Deus em tudo que nos tem ordenado, pouco vale ouvir belos sermões,

porque não teremos permitido a Deus a

transformação de nossas vidas, e é nisto que ele

está vivamente interessado. O grande alvo dEle não é tanto o de nos dar conforto e paz, mas

aquela condição de coração puro que traz tal

conforto e paz. O fim portanto não é a bênção,

mas o coração puro que Deus quer produzir em nós e que Lhe é agradável. As bênçãos são como

que uma recompensa pela nossa obediência. O

fim é a nossa obediência e não a alegria, poder,

unção ou seja o que for, que estivermos sentindo. O galardão será dado a quem for fiel.

Mas, o grande alvo de Deus não é o galardão

senão a nossa fidelidade, pela qual seremos recompensados com o galardão. Não devemos

assim errar o alvo, isto é, buscar o galardão em

vez da fidelidade. Na verdade, aqueles que não

Page 93: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

93

são interesseiros, e que servem a Deus pelo puro

prazer de servi-Lo e amá-lo, estes receberão

uma maior recompensa, porque não visaram

aos bens do Seu Pai, senão ao próprio Pai.

Page 94: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

94

O Modo de Concessão da Graça

Nenhum crente pode de si mesmo exercer o

princípio, ou poder, de uma vida espiritual, em qualquer instância, interna ou externa, em

relação a Deus ou aos homens, de modo que isto

deve ser um ato de santidade procedente do

Espírito Santo.

O crente não pode fazê-lo de si mesmo, em

virtude de qualquer poder habitualmente inerente a ele. Não é comunicada a nós neste

mundo qualquer capacidade espiritual que seja

independente da ação direta do Espírito Santo;

porque é ele o gerador de todos os atos santos de nossas mentes, vontades e afetos, na execução

dos deveres espirituais.

Acrescente-se que necessitamos de graças

renovadas pelo Espírito, todos os dias, ou seja,

não recebemos uma provisão de poder para ser

estocada. A graça é concedida pelo Espírito à medida que se faz necessária e no tempo

apropriado da sua necessidade.

É aplicado em nossa vida espiritual, quanto à

concessão da graça, o mesmo princípio que

regula a providência divina em nossas

necessidades naturais.

Como ramos da Videira Verdadeira

necessitamos receber a seiva (graça)

Page 95: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

95

vivificadora diretamente da raiz, que é Cristo.

Assim, recebemos a graça, e não somos nós, de

maneira alguma, quem a produz e distribui.

Daí dizer o apóstolo:

“E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos,

sejamos capazes de pensar alguma coisa, como

se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus,” (2 Cor 3.4,5).

De si mesmo, o crente nada pode realizar porque toda santidade ou qualquer coisa

espiritualmente boa é sempre efeito da graça e

é operado em nós pelo Espírito Santo que é o autor de todas as operações divinas.

Page 96: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

96

O Bom Efeito da Tribulação

Antes de ter sido afligido, Jó era um bom

conselheiro, mas depois do seu sofrimento ele seria transformado por Deus não apenas num

conselheiro excelente, como também num

intercessor poderoso em favor dos que sofrem.

Ele já estava demonstrando as lições que estava

aprendendo nestas palavras de grande humildade que lemos no 16º capitulo. Via agora

quão fácil é consolar ineficazmente a outros

quando não se passou pelas provas que eles

estão experimentando.

Quão difícil é o caminho da consolação por mera palavras, porque viu que no seu próprio caso,

não seriam palavras que lhe trariam alívio, nem

mesmo o fato dele permanecer calado. Quando somos atribulados em grandes

angústias, pela permissão de Deus, do muito

que aprenderemos, talvez a lição mais

importante seja esta de que consolaremos a outros não com nossas palavras exortativas, mas

com o próprio testemunho de que passamos por

vales profundos tal como eles, e de que o Senhor

não nos desamparou ainda que parecesse estar distante enquanto caminhávamos

solitariamente tendo por companhia apenas a

nossa própria dor.

É a isto que Paulo se refere em II Cor 1.3-7:

Page 97: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

97

“3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor

Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de

toda a consolação,

4 que nos consola em toda a nossa tribulação,

para que também possamos consolar os que

estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos

consolados por Deus.

5 Porque, como as aflições de Cristo

transbordam para conosco, assim também por

meio de Cristo transborda a nossa consolação.

6 Mas, se somos atribulados, é para vossa

consolação e salvação; ou, se somos consolados,

para vossa consolação é a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições

que nós também padecemos;

7 e a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das

aflições, assim o sereis também da consolação.”

Deus permitiu que Paulo chegasse ao extremo

do desespero, conforme afirma no verso 8:

“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a

tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira oprimidos acima das

nossas forças, de modo tal que até da vida

desesperamos;”

Page 98: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

98

Todavia, o permitira para que aprendesse que

Ele nunca nos desampara, mesmo quando

parece que fomos desamparados por Ele, tal

como Jó estava se sentindo.

E é isto que temos para compartilhar com outros

que estão sofrendo as mesmas tribulações, tal

como nós, para que sejam consolados, ao

saberem, que por mais demorado que Deus possa parecer, Ele nos livrará de todas as nossas

tribulações, conforme nos tem prometido,

ainda que seja pela morte física, em paz, se isto

estiver no conselho da Sua santa vontade. Por isso o apóstolo afirma ainda nesta mesma

epístola o seguinte:

“9 portanto já em nós mesmos tínhamos a

sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;

10 o qual nos livrou de tão horrível morte, e

livrará; em quem esperamos que também ainda

nos livrará,”

E também em II Cor 4.8-11:

“8 Em tudo somos atribulados, mas não

angustiados; perplexos, mas não desesperados;

9 perseguidos, mas não desamparados;

abatidos, mas não destruídos;

Page 99: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

99

10 trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus,

para que também a vida de Jesus se manifeste

em nossos corpos;

11 pois nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que

também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.”

Aí está declarado de forma sucinta o propósito

divino nos sofrimentos de Jó, e que ele não podia

entender até que a perseverança tivesse a sua

obra completa, de maneira que pudesse aprender de Deus, como estava sendo

aperfeiçoado para consolar a outros e a

interceder por eles, conforme havia feito pelos

seus próprios amigos, para que fossem livrados da ira de Deus, conforme vemos no final do seu

livro.

Jó estava chegando no ponto que Deus desejava.

Até então ele estava lutando vigorosamente

contra as palavras injustas de seus amigos.

Mas agora, ele declara que Deus havia conseguido deixá-lo exausto, e que a penúria

física havia avançado de tal forma que ele ficou

muito magro, e isto testemunhava contra ele,

que havia sido enfraquecido pelo Senhor, então não haveria nenhum proveito em querer se

mostrar forte, quando o propósito de Deus era

justamente o de enfraquecê-lo.

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100

Ele o faz porque enquanto somos fortes por nós

mesmos não podemos experimentar o poder da

Sua graça, que se mostra forte somente

naqueles que são enfraquecidos por Ele de tal forma, de maneira que vejam toda a sua

insuficiência, e que confiem somente na

suficiência que Ele supre, tal como Paulo havia aprendido e o declara no décimo segundo

capitulo de II aos Coríntios.

A ruína veio violentamente sobre Jó quando ele

se encontrava num ato de devoção oferecendo sacrifícios a Deus por cada um de seus filhos.

Quando ele estava com sua alma descansada e

em plena comunhão com o Senhor.

Não foi quando cometeu algum pecado que isto lhe sobreveio, mas quando estava santificado.

Deus o faz geralmente para que não associemos

o motivo de nossas aflições a algum castigo por

pecados que tenhamos praticado.

Ele o faz para que saibamos que é a hora da disciplina do Espírito. É a hora da provação da fé,

para que seja aumentada ainda mais.

O sentimento que temos é o mesmo de Jó,

porque da paz espiritual e alegria em que nos

encontrávamos somos sobressaltados como que se o Senhor nos agarrasse pelo pescoço e

nos quebrantasse, despedaçando-nos e

colocando-nos como um tipo de alvo no qual

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101

ordenará que os seus flecheiros lancem sobre

nós as suas flechas (v. 12, 13).

Além disso, não nos sinaliza com nenhuma palavra consoladora ou de misericórdia. Deixa

que pensemos que o quadro se agravará ainda

mais, e que não seremos poupados.

E somos quebrantados em nosso espírito com golpe sobre golpe, como quem sofre o ataque da

parte de um guerreiro.

O resultado destes ataques é o de que toda exaltação e glória pessoal são reduzidas a pó.

Deixamos de nos ter até mesmo em pouca

estima. Nos sentimos como o pano com o qual se

limpa o chão. Perdemos a vergonha de chorar publicamente. De admitirmos que somos

menos do que nada a nossos próprios olhos.

Pode parecer estranho a muitos esta forma de tratamento usado por Deus. Não parece as ações

de um Pai bondoso, senão cruel. No entanto, não

há outro modo de sermos livrados de nossa

vaidade e endurecimento. Portanto, trata-se da mais elevada exibição da Sua misericórdia e

amor para com aqueles aos quais Ele ama.

Todo verdadeiro santo deve estar preparado em

seu espírito para receber este tratamento, ao menos num determinado período de sua vida,

se aspira de fato crescer na graça e no

conhecimento de Jesus Cristo, e tornar-se

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102

alguém do qual se possa dizer o mesmo que o Pai

disse de nosso Senhor: “Este é meu filho amado

em quem me comprazo.”. Não há outro modo

para aprendermos humildade e mansidão, a submissão verdadeira que deve existir em todos

aqueles que têm sido tornados semelhantes a

Cristo.

É um erro portanto, dizer que as experiências de Jó foram exclusivas para ele, e que configuram

uma exceção à regra geral de Deus.

Jó estava aprendendo a chorar somente diante

de Deus, porque viu que os nossos amigos na verdade, zombam de nós, em nossas misérias, e

que somente Deus pode defender o direito que

o justo tem perante Ele (v. 20, 21)

Ele prosseguiria se defendendo das acusações injustas que estava recebendo da parte dos seus

amigos, como veremos adiante, mas já não

dando muita importância a elas, porque estava

aprendendo que não há verdadeiro consolo e sabedoria nos homens, se eles não os recebem

diretamente de Deus, por tê-lo aprendido numa

experiência real e prática com Ele.

Page 103: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

103

Uma Aliança Firmada em Graça

Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os

que têm fome e sede de justiça.

A mesa do banquete está pronta e tudo o que de

nós se exige é apetite. É tudo de graça.

Por isso o convite da salvação é dirigido a todos

os que têm sede para que venham às águas da salvação, e que poderão adquirir (comprar) o

vinho espiritual da alegria, e o leite racional que

nos alimenta que é a graça de Cristo, que

acompanha o evangelho, para sermos alimentados por ela, sem dinheiro e sem preço

(Is 55.1).

Diz-se portanto que todo esforço e gasto de

dinheiro para obter a salvação é vão, porque a salvação verdadeira que Deus está operando

pelo Filho, é completamente gratuita.

A boa comida espiritual, e o tutano divino são

achados somente na mesa de Cristo, e não nas

mãos dos que fazem da religião ocasião de comércio (Is 55.2).

A mensagem do evangelho deve ser ouvida

atentamente, pela voz dos ungidos do Senhor,

através dos quais Cristo fala, para que pessoas se convertam a Ele, para entrarem na aliança

eterna, que Ele havia prometido como sendo

firmes beneficências a Davi (v. 3).

Page 104: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

104

Estas firmes beneficências a Davi são citadas

também em passagens do Novo Testamento,

como em At 13.34.

“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi,

e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis

misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).

É maravilhoso saber que as últimas palavras que

Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta aliança segura e eterna.

Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e

nós aprendemos das Suas palavras pela boca de

Davi que é uma aliança perpétua.

Perpétua em si mesma e na forma do seu

caráter, manutenção, continuação e confirmação. Deus diz também pela boca de

Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).

Esta aliança está bem ordenada por Deus em

todas as coisas que dizem respeito a ela. Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às

imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará

progressivamente, para a glória de Deus, de

modo que se a obra não for completada na terra, ele o será no céu.

E para isso a aliança possui um Mediador e um

Consolador para promover a santidade e o

conforto dos cristãos.

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105

Está ordenado também QUE TODA

TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ

FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.

Por isso Jesus afirma que na lançará fora de

modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.

Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do

Mediador.

E se diz que a aliança é segura porque está assim

bem ordenada por Deus.

Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores ao céu.

Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles pode ter a certeza de que estará sendo

aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra

de aperfeiçoamento será concluída no céu.

E uma das razões para que o aperfeiçoamento

não seja concluído na terra, é para que se saiba

que a aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo,

embora todos os aliançados sejam chamados

agora a se empenharem na prática da justiça.

As misericórdias prometidas aos aliançados é segura, e operarão de acordo com as condições

estabelecidas em relação à necessidade de

arrependimento e fé.

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106

A aplicação particular destas misericórdias para

santificar os cristãos é segura.

É segura porque é suficiente.

Nada mais do que isto nos salvará, porque a base

da salvação repousa na fidelidade de Deus em

cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a todo aquele que for encontrado nela, por causa

da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é

Cristo.

É somente disto que a nossa salvação depende.

Muitos podem pensar que quando se conclama,

na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu

caminho e o homem maligno os seus pensamentos para se voltar para o Senhor, para

achar misericórdia e perdão, porque se diz que

Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique

às pessoas perversas.

No entanto, é um convite a todas as pessoas porque não há quem não peque, e Cristo veio

salvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma

que aquele que se julgar justo e bom a seus

próprios olhos jamais poderá ser salvo por Cristo, porque Ele salva aqueles que se

reconhecem pecadores.

Para esclarecer este ponto, para que ninguém

fizesse uma avaliação errada relativa à sua real

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107

condição diante de Deus, Ele declarou que os

seus pensamentos não são os nossos

pensamentos, nem os nossos caminhos os seus

caminhos (Is 55.8).

Se nos compararmos com outras pessoas é

possível que nos achemos bons e justos.

Mas se contemplarmos os que estão no céu, especialmente ao próprio Deus em sua perfeita

santidade e glória, nós veremos quão

imperfeitos somos.

E clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo

sexto, quando viu a santidade e glória com que

os serafins louvavam ao Senhor no Seu trono de

glória.

Por isso se ordena que olhemos para Cristo para

que sejamos salvos, porque somente quando

contemplamos a majestade da sua santidade, é que podemos enxergar qual é o nosso real

quadro de miséria e de necessidade que temos

de sermos salvos por Ele.

Então esta salvação não será achada em nós

mesmos. Porque ela nos vem inteiramente

destes caminhos e pensamentos elevados de

Deus que procedem do céu e não da terra. É do alto que a graça e o Espírito são

derramados, e por isso somos conclamados a

olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do

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108

céu e não para o que é terreno, quando o assunto

se refere à nossa salvação.

Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que

salva foi revelada por Cristo na terra, e está não

apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e coração, para que façamos a confissão da fé no

Seu nome e senhorio, para que sejamos salvos.

Deus pôs esta autoridade para nos salvar na Sua

Palavra. A palavra do evangelho é a semente que contém a vida eterna.

De maneira que todo o que crê na Palavra da

verdade será salvo, porque esta Palavra gerará

em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por

isso Ele afirma o que se lê em Is 55.10,11. Estes que crerem no evangelho e forem salvos

sairiam dando testemunho por todas as partes

com a alegria e a paz com que seriam guiados

pelo Espírito Santo, e por onde passarem anunciando as boas novas, a maldição será

transformada em bênção porque se diz que em

vez de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e a murta que são plantas ornamentais. E isto

seria para o Senhor um nome e um sinal eterno

que nunca se apagará (v. 12, 13).

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O Amor Verdadeiro é um Paradoxo

Aparente

Eis a razão de muitos não chegarem a

compreender qual seja a natureza do verdadeiro

amor.

Ele contém em si mesmo este aparente

paradoxo entre proteger e expor; entre

recompensar e castigar; entre louvar e repreender etc.

O amor verdadeiro sempre manterá tal caráter

que chamamos de paradoxal, ou antagônico.

Mas afirmamos que é aparente porque tudo

aquilo que parece contradizer o amor, é justamente o que o confirma na presente

condição em que nos encontramos.

Se não houvesse a entrada do pecado no mundo,

nenhuma correção por meios aflitivos seria

vista no mundo. Nenhuma catástrofe. Nenhuma

adversidade. Nada que pudesse abater o nosso corpo, alma e espírito.

Mas como carregamos conosco uma natureza

decaída e pecaminosa, Deus interpôs, pelo Seu

amor, estas coisas que consideramos

contrariedades, porque é por meio delas que o nosso ego carnal é conduzido à humildade que

abre todas as portas que se encontram no

coração de Deus.

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A Terra foi amaldiçoada por Deus porque o

pecado se enraizou no coração humano, e dali

somente pode ser retirado por meio das

tribulações. Então, até mesmo este ato de maldição foi um ato de amor por nós, pois visa

ao nosso próprio bem, ou seja, para sermos

resgatados da condição que conduz à morte espiritual e eterna - esta de se encontrar em

escravidão ao pecado.

Todavia, sem o ato supremo do amor – Jesus

morrendo na cruz em nosso lugar – jamais poderíamos ser resgatados da referida

escravidão. Temos então o amor de Deus

manifestado em nos ter dado o Seu próprio Filho, para que fôssemos resgatados da morte, e

vivêssemos nEle e por meio dEle.

Assim, pais que corrigem seus filhos são

aqueles que os amam de fato, porque necessitam disto, uma vez que não vivemos em

nenhum mundo de perfeição moral e espiritual.

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Uma Segurança Firme e Inabalável

“Porque nos temos tornado participantes de

Cristo, se de fato guardarmos firme até ao fim a confiança que desde o princípio tivemos” (Heb

3.14)

Em nós mesmos somos inseguros em relação a muitas coisas, especialmente aquelas que nos

atemorizam e desafiam, e isto, desde a nossa

infância.

Entretanto, podemos estar certos de que a

confiança que depositamos em Jesus Cristo está

livre de qualquer tipo de insegurança.

Na comunhão com Ele não temos qualquer

temor que possa prevalecer sobre nós, porque o

Seu amor lança fora o medo, a incerteza, a dúvida, a desconfiança.

Jesus não nos chamou simplesmente para nos livrar da condenação eterna no fogo do inferno,

mas para efetuarmos conquistas sobre o reino

das trevas, sobretudo resgatando almas das garras do diabo.

Provamos para nós mesmos que somos de fato

pertencentes a Cristo e participantes da Sua natureza divina, por permanecermos

firmes na fé até ao fim da nossa jornada neste

mundo.

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112

É por isso que se diz que confirmamos que

somos participantes da vida ressurrecta de

Cristo, pela ação do Seu poder e graça em nossas

vidas, todos os dias, até o fim, e desde o início da confiança que depositamos nEle desde o dia da

nossa conversão.

Se a justificação é a base e a causa da salvação, a

santificação é a evidência da mesma. É por isso que lemos em Hb 6.1-3, uma exortação

para a busca do amadurecimento espiritual,

rumo à perfeição, porque a tendência natural da maioria dos cristãos é a de se acomodarem,

depois de terem sido salvos.

Mas a vida cristã é uma caminhada, no caminho

da perseverança e da santificação.

A vida cristã é uma carreira, e não uma mera expectativa contemplativa do cumprimento da

promessa da glória do céu.

Não é suficiente, conforme a vontade de Deus,

sabermos que Cristo é nosso Salvador e que por meio dEle fomos justificados, é necessário ter

permanente e vital união com Ele, conforme o

próprio Jesus nos ordenou dizendo que

deveríamos permanecer nEle e na Sua Palavra.

O verbo “cair” empregado no texto de Heb 6.6, corresponde no original grego à

palavra “parapipto”, que significa “desviar-se”

ou “apostatar”.

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113

É o mesmo verbo usado em Heb 3.12, onde está

traduzido como “afastar-se”. E este afastamento

referido, é o afastamento de Deus.

A Palavra afirma em Pv 24.16, que “sete vezes

cairá o justo, e se levantará”.

A experiência tem revelado esta verdade; porque muitos são os que se desviam, mas se

reconciliam posteriormente com o Senhor,

porque a bondade e misericórdia do Senhor, vão

em busca da ovelha desgarrada e perdida, para trazê-la de volta ao aprisco.

Quando os ossos do cristão são quebrados, o

Senhor os restaura novamente.

Um cristão verdadeiro pode cair, mas não numa

queda definitiva, que seja para a perda da vida

eterna, que recebeu pela graça.

O próprio Noé, campeão da justiça, depois que

se embriagou, arrependeu-se certamente, e

permaneceu salvo pela soberana graça.

Noé caiu, mas não numa queda final para a morte eterna, que ocorrerá somente com

aqueles que não têm a Cristo, no dia do grande

juízo de Deus.

Daí o convite que seu autor faz aos hebreus para

se aproximarem, com confiança, do trono da

graça, para acharem misericórdia em ocasião

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114

oportuna, e para entrarem no Santo dos Santos,

depois de terem se purificado de toda má

consciência. Ele os chama a se santificarem,

porque sem isto, não é possível estar efetivamente em comunhão com Deus no Santo

dos Santos celestial.

Desta forma, está claro que, se um cristão não

pode perder a salvação, no entanto, pode se

desviar do caminho da verdade.

O fato de Deus tolerar e suportar que o erro caminhe ao lado da verdade, que o joio cresça ao

lado do trigo, não significa de modo algum que

Ele seja indiferente ao erro. Muito ao contrário,

tem determinado um dia em que cada um dará contas de Si mesmo perante Ele.

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115

Não Injuriemos Quem nos Injuria

Não devemos injuriar aqueles que nos injuriam,

tal como Cristo e os apóstolo fizeram no passado.

Não devemos tentar justificar a nossa própria

honra e dignidade perante aqueles que nos

caluniam, não somente porque não poderão

entender nossos argumentos, em face da carnalidade deles, como também por sermos

chamados a defender não a nossa honra mas a

do Senhor.

O coração deve ser guardado pelo consolo que o Espírito Santo nos dá quando nos armamos do

pensamento de suportar sofrimentos por amor

a Cristo. E que grandes consolações elas serão!

A causa do evangelho e não a nossa é que deve avançar. Muitas almas devem ser salvas para

Cristo e não para nós mesmos. E devem ser

edificadas no testemunho da verdade quanto ao

modo como devem caminhar neste mundo pelo exemplo que acharem em nossas próprias vidas,

de perdão, amor, misericórdia, bondade, paz e

todas as demais virtudes que estão em Cristo, e

que também serão achadas em nós à proporção da nossa submissão a Ele.

E guardemos também nossos corações por

saber que estes sofrimentos não podem ser

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116

comparados com a gloria futura a ser revelada

em nós, quando recebermos do Senhor o louvor

pela nossa fidelidade a Ele e à Sua Palavra.

Não somos chamados a vencer debates

teológicos, mas a vencer o pecado e o diabo. Não

somos chamados a impor nossa visão a outros,

mas conduzir as pessoas a Cristo e ao Seu evangelho. Não é a nossa importância que está

em questão, mas a glória e a honra do Senhor.

Quanto a nós, convém de fato que diminuamos cada vez mais, e que o nome do Senhor seja cada

vez mais elevado e exaltado através da nossa

própria humilhação perante Ele. Daí que estas

perseguições e injustiças não são contra nós, mas a nosso favor, porque nos ajudam a

estarmos sempre pequenos e humildes diante

de Deus, a quem de fato pertencem a grandeza,

a majestade e o poder.

Somos apenas vasos de barro que contém a

excelência do poder de Deus. Não é

propriamente nosso este poder, mas sempre

será dAquele, diante do qual convém estarmos sempre com nossos joelhos dobrados diante

dEle em humilde adoração.

Afinal todos não estarão diante dEle nAquele dia confessando que Ele é o Senhor para a glória de

Deus Pai? Como poderíamos andar então

inchados aqui neste mundo seja por causa do

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117

nosso conhecimento ou do que for, se tudo o

que temos, é porque recebemos dEle!

Page 118: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

118

Socorro na Tribulação - SALMO 116

O início deste salmo é muito parecido com o

Salmo 18, de maneira que é possível que seja

também de autoria de Davi.

O salmista declara o seu amor pelo Senhor

porque Ele ouve a sua voz e súplicas, inclinando

os Seus ouvidos para atendê-lo, motivo porque estava determinado a invocá-lO enquanto

vivesse.

Mesmo com os laços de morte que lhe haviam

cercado em grandes perigos, e as angústias do

inferno que se apoderaram da sua alma, fazendo-o cair em tribulação e tristeza.

Ele invocou o nome do Senhor pedindo-Lhe que

livrasse a sua alma.

Ele sabia que Deus é justo, mas também

compassivo e misericordioso, e por isso tinha sempre bom ânimo em Lhe dirigir clamores.

Sabia também que o Senhor vela pelos que são

pobres de espírito, como ele, o próprio salmista,

de modo que achando-se prostrado, foi salvo da sua angústia pelo Senhor.

Quando Deus opera na alma ela volta ao seu sossego, que é a condição em que deve se

encontrar, conforme o propósito de Deus na

criação do homem.

Page 119: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

119

Assim, em sua confiança no Senhor, o salmista

foi livrado da morte que sentia em sua alma, das

suas lágrimas, e da queda na tentação e na ruína.

Como sua segurança estava em andar na presença do Senhor, então estava determinado

a fazê-lo durante todo o tempo da sua

peregrinação neste mundo.

Ele mantinha a fé, mesmo quando dizia que estava sobremodo aflito.

Enquanto esteve perturbado em sua paz de

mente e espírito, disse que todo homem é

mentiroso.

Todavia o Senhor quebrou todas as cadeias que

acorrentavam a sua alma, e o libertou completamente, de modo que se dispôs a ofertar

ao Senhor, pelos benefícios que havia recebido

dEle, e percebeu que não havia maior oferta do

que tomar o cálice da salvação e invocar o nome do Senhor.

Por isso cumpriria todos os seus votos feitos ao

Senhor na presença de todo o Seu povo, para que

lhes servisse de testemunho da sua

consagração.

A citação do verso 15 de que “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.”,

merece uma reflexão especial quanto ao seu

significado, porque à vista do Senhor a morte

Page 120: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

120

dos Seus santos é tão preciosa, que não satisfará

aos desejos ímpios de um Saul, de um Absalão,

nem de quaisquer inimigos de Davi, para que

triunfassem sobre ele, lhe tirando a vida. Davi sabia, pelo Espírito Santo, que morreria em

ditosa velhice, em seu leito, para que o nome do

Senhor fosse glorificado, por tê-lo poupado de tantos perigos de morte, revelando assim o Seu

poder para preservar os Seus santos.

Se a alguns deles permite saírem deste mundo

pelo martírio, é pelo mesmo motivo de ser glorificado neles, pela total falta de temor que

eles demonstram em face da morte, porque são

assistidos pelo Seu poder.

Mas nenhum santo, morrerá sem que isto seja

do desígnio de Deus.

Então esta citação de ser preciosa a morte dos santos aos olhos de Deus, deve ser entendida no

contexto bíblico em que se afirma que é preciosa

para Ele a vida deles (II Rs 1.13), bem como o seu

sangue (Sl 72.14).

Page 121: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

121

O Natural se Torna Anacrônico, Mas Não

o Espiritual

Em relação à ciência natural, aquele que quiser

fazer avanços em seu conhecimento, deve se aplicar às descobertas recentes e mais

profundas de cada área pesquisada.

Agora, quanto à verdade espiritual faremos bem

em voltar aos antigos fundamentos porque esta

foi revelada de uma vez para sempre nas Escrituras.

Porventura, tornar-se-ia velho, anacrônico, o

texto do Novo Testamento, que foi escrito há

cerca de dois milênios atrás?

Por que razão também rejeitaríamos o testemunho dos antigos que se aplicaram à

verdade das Escrituras e rejeitaram toda forma

de modismo que pudesse adulterar a verdade revelada?

Seria sábio não ler um Lutero, um Calvino, um

John Owen, um George Whitefield, um Jônatas

Edwards, um Charles Haddon Spurgeon, por

terem sido homens que viveram entre os séculos XVI e XIX?

Seriam estes mais velhos do que aqueles que

nos deram as Escrituras?

Page 122: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

122

O fato é que a verdade da Palavra de Deus não

envelhece, e é a única que permanecerá depois

que tiver passado todo este universo material e visível.

Temos um espírito imaterial e faríamos bem em alimentá-lo e preservá-lo com a verdade do

Evangelho.

Quando deixarmos este corpo pela morte, nada levaremos conosco juntamente com o nosso

espírito senão as verdades da Palavra que nele

foram implantadas pelo poder de Deus.

Page 123: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

123

Uma Consagração Parcial Não Dá

Não dá para manter a nossa santificação e

comunhão com Deus com uma consagração parcial.

Meia consagração ou noventa por cento de

consagração não é suficiente para nos manter

de pé, sem que fiquemos enfraquecidos às tentações e prejudicados em nossa comunhão

com o Senhor, com um espírito reto.

Todos podemos falar por experiência própria

que caso não atendamos à ordem que Jesus nos deu para vigiarmos e orarmos em todo o tempo,

é certo que cairemos porque a carne, ou seja, a

nossa natureza terrena é fraca e dada a se

desviar com facilidade da presença de Deus.

Assim, em vez de culparmos as circunstâncias que nos cercam, ou ficarmos lamentando ou

murmurando pensando que a graça de Jesus

não é tão poderosa quanto deveria para nos

sustentar e preservar do mal, sejamos sinceros e digamos juntamente com o salmista: “isto é

fraqueza minha”, por não cuidarmos o tanto

quanto deveríamos da nossa real consagração

ao Senhor.

Permitamos uma pequena concessão ao

mundo, a qualquer tentação que desperte em

nós algum desejo pecaminoso, e a nossa queda

Page 124: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

124

será consequência inevitável da nossa falta de

vigilância.

É assim que sucede, e ainda que não seja bem

conhecido por nós, é completamente conhecido por Deus e por isso usa de longanimidade e

misericórdia para nos levantar quantas vezes

sejam necessárias, sempre que nos

arrependermos e nos voltarmos para Ele em busca de socorro para as nossas almas.

Page 125: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

125

Guardados do Maligno mas Não de

Conflitos e Sofrimentos

Jeremias mais uma vez havia se queixado ao

Senhor das tribulações que estava sofrendo por

causa das mensagens que Ele lhe estava dando

para serem proferidas contra Judá.

Acabara de ser preso num tronco e de ser

escarnecido pelos judeus.

O Senhor disse que o livraria dos seus adversários quando lhe chamou para ser Seu

profeta, e no entanto, estava se tornando não

somente objeto do escárnio deles, como até

mesmo Deus estava permitindo que ele fosse preso.

De fato Deus guarda os que estão a seu serviço, empenhados nas coisas concernentes ao Seu

Reino, mas isto não significa que serão livrados

de provações e angústias nas lutas que terão que

travar contra o mal.

Jeremias não estava ainda inteirado tanto quanto o apóstolo Paulo, por exemplo, sobre o

conselho eterno de Deus de que a Sua obra deve

avançar no mundo no meio de resistências e

perseguições, que são levantadas por Satanás, para tentar deter a perda de pessoas sob o seu

domínio, em razão da pregação da verdade do

evangelho.

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126

Todavia, tal como Paulo, Jeremias, a par de todos

os sofrimentos e tribulações que estivesse

padecendo, não conseguia deixar de proclamar

a Palavra do Senhor, que apesar de fazer dele um objeto de escárnio e vergonha para os seus

perseguidores, era como um fogo que queimava

de forma ardente no seu coração, e como estivesse apegado aos seus ossos, e estava

cansado em contê-lo, de maneira que só acharia

descanso para a sua alma quando liberasse a

Palavra que lhe fosse dada por Deus.

Então, ele começou a amadurecer quanto ao

desígnio de Deus, e a aceitá-lo, porque apesar de

ouvir que muitos estavam conspirando contra a sua vida, podia afirmar agora que o Senhor

estava com ele como um guerreiro valente, e

por isso os seus perseguidores é que tropeçariam e não poderiam prevalecer contra

ele, porque ficariam confundidos, de forma que

não poderiam ter êxito, de modo que entregou a

sua causa nas mãos do Senhor, para que fosse o Seu vingador contra aqueles que intentavam o

mal contra a sua vida, quando estava buscando

somente o bem para eles.

Então pôde entoar no Espírito o seguinte cântico

de louvor e livramento, porque como o Senhor

lhe havia dito, caso fosse paciente na tribulação, e separasse o precioso do vil, se convertendo a

Ele, seria a Sua própria boca:

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127

“Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou

a alma do necessitado da mão dos malfeitores.”

(v. 13)

Todavia ainda se achava muito desconfortado

pelas tribulações e angústias que estava sofrendo, e não conseguiu abafar a queixa que

havia no seu peito.

Só que agora não mais murmurava porque não

estava se queixando de Deus, mas a Deus,

considerando que maldito tinha sido o dia em que ele havia nascido, e que não fosse portanto,

bendito o dia em que sua mãe lho dera à luz.

E considerou também maldito quem havia dado

as novas do seu nascimento a seu pai, se

alegrando grandemente com isto, porque não sabia, todo o sofrimento que lhe estava

reservado para experimentar em sua vida como

profeta do Senhor.

Tal era a angústia do profeta quando proferiu

estas palavras que alegou preferir ter morrido

como um aborto no ventre de sua mãe.

O fato de ter sido dado à luz só serviu para que experimentasse trabalho e tristeza e para que se

consumissem na vergonha os seus dias.

Desta vez o Senhor não repreendeu Jeremias e

permaneceu em silêncio diante do desabafo de

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128

sua alma, porque era a sinceridade daquilo que

estava realmente sentindo, e não atribuiu ao

Senhor nenhuma falta ou injustiça, por tudo o

que estava sofrendo. Ele estava sendo experimentado nos

sofrimentos que aperfeiçoam a fé.

E à medida que esta aumentasse ele aprenderia

tal como Paulo a se regozijar na tribulação.

Com isto aprendemos que experiências são intransferíveis, e cada um levará o seu próprio

fardo diante do Senhor, e aprenderá dEle, a seu

próprio tempo, o que for necessário ao seu

crescimento espiritual.

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129

A Bênção Sacerdotal

Em Números 6.24 a 26 nós temos a fórmula com a qual os sacerdotes deveriam abençoar os

israelitas, conforme ordem dada pelo Senhor a

Moisés:

“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça

resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha

misericórdia de ti; o Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.”

Os sacerdotes haviam sido separados por Deus

para também abençoarem o Seu povo em Seu

nome (Dt 21.5).

Esta bênção era um prenúncio da bênção que é

dada pelo Sumo Sacerdote da nossa fé, Jesus (At 3.26), pois é somente nEle e por meio dEle que

podemos ter paz com Deus, e viver de modo

abençoado.

O nome Jeová (traduzido por Senhor) é proferido três vezes na bênção sacerdotal.

O nome sagrado do Deus da aliança com Israel é

o que é usado aqui (YHWH), como forma de

demonstração que a bênção não seria

propriamente do sacerdote, mas do Senhor. Deus definiu o resultado de sua bênção em

nossas vidas como proteção (guardar), como

alegria e agrado relativos ao nosso viver, como

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130

misericórdia para perdão dos nossos pecados e

livramento do mal, como aprovação dEle por

estarmos diante da Sua face e como paz

espiritual em nossas almas, e na relação com o nosso próximo.

Certamente, não se tratava de uma fórmula

mística que uma vez proferida pelo sacerdote de

Israel sobre o povo, lhes traria a bênção de Deus.

Mas, era algo para Israel lembrar que a bênção e o sermos guardar do mal, especialmente de

pecar, é algo que procede do Senhor, e quando

nos determinamos em viver de modo

abençoado, fazendo a Sua vontade, o resultado é que podemos contar com a Sua misericórdia,

agrado e concessão da Sua paz.

Não podemos esquecer que na atitude decidida

de obedecermos a Deus e os Seus mandamentos

deve ser considerada a Sua longanimidade, misericórdia e perdão para com as nossas faltas,

porque nossa obediência sempre será pontuada

por estas falhas, pois somos pecadores.

A obediência evangélica está condicionada

portanto, ao sacrifício de Jesus, pelo qual nossos pecados são perdoados e apagados, quando nós

os confessamos a Deus, na certeza de fé que Ele

é bom e misericordioso, e que o sangue de Jesus

é de fato eficaz para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

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131

A Bênção da Generosidade

Nenhuma oferta deve ser feita com tristeza no

coração, ou por sentimento de obrigação, porque a oferta que é aceita e agradável a Deus é

aquela que é feita com alegria, porque será aos

tais que Ele demonstrará o Seu amor.

No entanto é o próprio Deus quem nos dispõe a

tal generosidade. Não habita na nossa natureza terrena decaída no pecado nenhum verdadeiro

altruísmo, uma vez que aquele que se vê no

mundo, não é desinteressado, mas por motivo

de orgulho, ainda quando se pretexta humildade, o motivo que os move é o orgulho de

se sentirem humildes e generosos, mas não o

amor que procede de Deus aos nossos corações

e que nos leva primeiro a nos doarmos a Ele, e depois ao atendimento das necessidades do

próximo.

Então é o próprio Senhor que nos faz ter

abundância em toda a graça, de modo que sempre tendo tudo e toda suficiência pela Sua

graça, possamos também ser abundantes em

toda a boa obra, que demandará de nós o uso em

favor de outrem dos recursos que Deus nos esteja concedendo para tal propósito.

Ninguém é enriquecido para entesourar para si

mesmo, senão para manifestar a glória do amor

de Deus contribuindo desinteressadamente

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132

com aqueles que Ele mantém em algum tipo de

necessidade, exatamente para que haja esta

demonstração prática do amor de uns para com

os outros.

E aquele que é despojado, liberal no dar, e que dá

com alegria aos pobres, tem, conforme a

promessa de Deus, um reconhecimento eterno deste ato de justiça, para a justa recompensa que

Ele lhes dará no porvir, e mais do que isto, pelo

reconhecimento eterno dEle pela bondade e

amor que demonstraram para com seus irmãos necessitados; porque é próprio da natureza do

amor cristão, que permanece e é eterno, esta

atitude de se doar em favor dos outros.

Assim é o Senhor mesmo que nos dá a semente

que semeamos, e também nos dá o pão que nos

sustenta, e que multiplica a nossa sementeira,

de forma que possam ser aumentados os frutos da nossa prática da justiça (2 Cor 9.10); de modo

que em vez de sermos empobrecidos pelo gesto

de dar a outros, nós somos enriquecidos pelo

Senhor, exatamente para que usemos de toda a beneficência, para que por meio dela sejam

dadas graças a Deus tanto por aqueles que são

alvo dela, quanto pelos que doam pelo privilégio

e honra de fazê-lo, que lhes é concedido pelo Senhor (2 Cor 9.11, 12).

Os que recebem glorificam a Deus pelo

testemunho da submissão real à Sua vontade,

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133

por parte dos que dão, porque é uma forma de

confissão prática e real quanto à obediência e

participação do evangelho de Cristo (v. 13).

É pelo dom de Deus, do amor, que são possíveis todas estas graças, de forma que aqueles que

recebem intercedem pelos que dão, tanto por

gratidão, quanto para que Deus continue abençoando as suas vidas.

E isto aproxima os corações, quando se vê a

excelência da graça de Deus operando nos Seus

filhos.

Portanto, é a Ele que se deve dar graças por tudo, porque tudo provém dEle, e sem o Seu amor

impulsionando os nossos corações, e suprindo

as necessidades tanto dos que dão, quanto dos

que recebem, nada disto seria possível. Lembramos que o profeta Elias foi enviado à

casa da viúva para ser assistido por ela, e no final

das contas quem abençoou quem? Ambos

foram abençoados pelo Senhor e se abençoaram mutuamente, por terem aberto

seus corações para cumprirem a Sua vontade.

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Uma Cura do Corpo e do Espírito

“1 E entrando Jesus num barco, passou para o

outro lado, e chegou à sua própria cidade.

2 E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado

num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os

teus pecados.

3 E alguns dos escribas disseram consigo: Este

homem blasfema.

4 Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos,

disse: Por que pensais o mal em vossos corações?

5 Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os

teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?

6 Ora, para que saibais que o Filho do homem

tem sobre a terra autoridade para perdoar

pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.

7 E este, levantando-se, foi para sua casa.

8 E as multidões, vendo isso, temeram, e

glorificaram a Deus, que dera tal autoridade aos

homens.” (Mateus 9.1-8)

Jesus retornou de Gadara, que ficava no lado

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oriental do Jordão, e retornou para a cidade

onde fora residir depois de ter sido batizado por

João, a saber, em Cafarnaum, onde Pedro

também residia.

As passagens paralelas a esta narrativa se

encontram em Marcos 2.1-12, e em Lucas 5.17-

26. Nestes textos paralelos é informado que o

paralítico foi introduzido através do telhado, na casa em que Jesus se encontrava,

provavelmente a casa de Pedro, porque o

Senhor dissera que não tinha sequer onde

reclinar a cabeça, isto é, uma residência própria e fixa.

Todos os eventos narrados neste capítulo

aconteceram em Cafarnaum. E a primeira

ocorrência naquela cidade foi a salvação e a cura de um paralítico.

Era de tal ordem a paralisia deste homem que

teve que ser carregado em sua cama por alguns

amigos até a presença de Jesus. E nosso Senhor viu não somente a fé do paralítico como também

daqueles que lho haviam trazido até Ele, pois é

dito no verso 2: “Jesus, pois, vendo-lhes a fé...”

Deus opera de muitos modos para atrair as

pessoas a Cristo, para que sejam salvas. A uns pela busca de cura do corpo, a outros pela

busca de cura da alma, e pelos mais variados

motivos – tudo usa, todas as circunstâncias,

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136

conforme o conhecimento perfeito que possui

do interior de cada pessoa, para conduzi-las à

salvação.

Até mesmo aqueles que não podem tomar

qualquer iniciativa para virem a Cristo, como foi por exemplo o caso dos dois endemoninhados

gadarenos, livrará dos laços do diabo, pelo Seu

próprio poder, àqueles que tem determinado manifestar a Sua misericórdia, para que sejam

salvos.

Não importa se podemos caminhar por nossos

próprios meios ou se outros têm que nos

conduzir ao Senhor, uma coisa é certa, Ele não perderá a nenhum daqueles que Lhe foram

dados pelo Pai.

Como aquela paralisia, naquele caso, foi o meio

usado para que houvesse a busca de nosso

Senhor pelo paralítico, Ele não concentrou Sua

atenção na enfermidade, mas na transformação do paralítico em filho de Deus, perdoando-lhe

todos os seus pecados (v. 2).

Ele poderia até mesmo permanecer com a

paralisia, como tantos outros em toda a história

da humanidade, porque aquilo que é realmente de importância, a única coisa que nos é

necessária, já havia sido feita em relação ao

destino eterno do seu espírito.

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137

O que deu ocasião à cura da paralisia foi a

murmuração de alguns escribas, que disseram

consigo mesmos que Jesus estava blasfemando

ao dizer que os pecados do paralítico haviam sido perdoados.

Ninguém ao redor ouviu o que eles diziam em

seus corações, com exceção do Senhor, que tem o poder de conhecer os nossos pensamentos, e

por isso lhes disse: “Por que pensais o mal em

vossos corações?”.

Ele não precisaria fazer nenhuma outra coisa para provar-lhes a Sua divindade, quando lhes

demonstrou a Sua onisciência, e capacidade de

ler pensamentos.

Todavia, Deus não tem o dever de provar coisa nenhuma a qualquer pessoa, e por isso nosso

Senhor curaria o paralítico, não por ter sido

provocado por aqueles escribas, mas para

manifestar a Sua misericórdia, que é a causa de sermos perdoados por Ele, e não por qualquer

bondade própria ou mérito que haja em nós.

Quem pode mais pode menos. É mais fácil curar um enfermidade física do que justificar um pecador, perdoando todos os seus

pecados.

O trabalho de salvação de uma alma é muito

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138

maior e de duração eterna, do que a cura do

corpo.

No entanto, para a percepção humana, limitada

e falha, incapaz de perceber os poderes que

operam salvando o espírito, justificando e dando

um novo nascimento espiritual ao salvo, e que considera portanto, ser uma evidência de poder

muito maior ver uma cura física sendo efetuada,

Jesus disse o que lemos no verso 5:

“Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os

teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?”

Realmente, é mais fácil dizer perdoados são os

teus pecados, do que levanta-te e anda, segundo a avaliação humana, à qual nos referimos

anteriormente.

Por isso nosso Senhor disse que levantaria o

paralítico, para que os circunstantes soubessem

que Ele tem autoridade sobre a terra para

perdoar pecados (v. 6).

O efeito da cura foi que as multidões temeram e

glorificaram a Deus.

Quão cega é a natureza humana!

Tão incapaz de ver o mundo espiritual, e

necessitada de ver sinais para poder crer no

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139

poder de Cristo, dando a devida honra à Sua

divindade.

Convém que seja diferente disso, ao menos

quanto aos que foram libertados da escravidão ao pecado. Convém crescer na fé, e ter os olhos

espirituais cada vez mais abertos, para discernir

o mundo espiritual, dando honra e glória ao Senhor, em espírito, sem que haja necessidade

de qualquer manifestação visível da Sua glória e

poder, porque somos chamados a caminhar por

fé e não por vista.

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140

Precisamos da Graça Para Andar na

Verdade

"João 1:16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.

João 1:17 Porque a lei foi dada por intermédio de

Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de

Jesus Cristo”

Deus não nos enviou somente a verdade por

meio de Jesus Cristo, mas também a sua plenitude e graça sobre graça, porque se Deus

exigisse de nós um caminhar na verdade, sem o

auxílio da Sua graça, isto seria algo terrível e

brutal que jamais poderíamos cumprir.

Por natureza, somos fracos e imperfeitos, dados

a nos inclinar para o mal, e por isso

necessitamos do poder da graça para que

possamos viver de modo agradável a Deus. Assim, ao nos enviar Jesus para nos perdoar dos

nossos pecados, Deus enviou juntamente com

Ele a Sua graça para que pudéssemos vencer o

pecado.

Através de Moisés foi feita uma aliança, ou seja,

um pacto, onde a bênção divina estava

condicionada às obras, ou seja, ao que os homens pudessem cumprir da Lei que lhes fora

dada por Deus, por meio de Moisés.

Na graça, ou seja, na nova aliança que foi feita

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141

através de Jesus Cristo, com aqueles que têm fé

nEle, tudo é feito por pura misericórdia, e

concedido por graça, exclusivamente por meio

da fé.

Deus então, aprovaria agora o pecado, ou não se

importa com o fato de pecarmos, já que a base

do novo pacto é graça e misericórdia?

Não.

Não é isto que significa a graça imerecida,

porque Ele sempre odiará o pecado, mas decidiu

usar neste período chamado de dispensação da

graça, de longanimidade para com todos.

Além disso, pode usar de misericórdia perdoadora para com todos os que crerem em

Jesus, porque Ele fez tudo o que era necessário

para que a dívida de seus pecados fosse paga, e

para que pudessem ser aceitos por Deus como Seus filhos amados, numa aliança de

graça que durará para sempre,

independentemente de qualquer transgressão que eles possam vir a cometer.

Deus os corrigirá como um Pai corrige a seus

filhos, mas jamais os lançara fora ou os

abandonará.

Assim, apesar de Deus continuar detestando qualquer pecado que seja praticado, no entanto,

Ele usa deste imenso favor imerecido, chamado

graça, que Ele nos dá, por causa de Jesus Cristo,

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142

independentemente de sermos pecadores.

Porque a Sua morte na cruz carregando os

nossos pecados, satisfez completamente à

justiça divina, que determina a morte espiritual eterna para todo aquele que não tiver a sua

dívida de pecados quitada.

Como foi nosso Senhor Jesus Cristo que pagou completamente esta dívida, ninguém pode ser

absolvido da condenação, caso não esteja ligado

a Ele pela fé.

Ninguém poderá ser perdoado permanecendo na condição de inimigo de Jesus. E isto é algo

óbvio.

Por isso a graça é somente eficaz na vida daqueles que o amam e que guardam os seus

mandamentos.

E esta obediência se comprova por uma

verdadeira busca de santificação de nossas vidas.

Porque aquele que não quiser ser santo, jamais

se aproximará da luz de Jesus para ser purificado de todos os seus pecados.

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143

Por Que o Justo é Afligido?

Esta é uma indagação que permeia a mente e o

coração de muitos, e não poucos chegam à conclusão temerária de que não vale a pena

viver de modo justo, porque afinal, tanto o justo

quanto o injusto são igualmente afligidos neste

mundo.

Meu pai se tornou alcoólatra quando viu, há

muitos anos atrás, um menino numa cadeira de

rodas.

Lembro-me como se ainda fosse hoje, quando chegou embriagado em casa, e muito revoltado

perguntava à minha mãe, que Deus era esse que

permitia algo como aquilo.

Ele não sabia, e eu também não sabia à época,

que a resposta para estas indagações da alma já haviam sido dadas por Deus há séculos, através

das Escrituras, especialmente, no primeiro livro

da Bíblia cuja escrita foi inspirada por Ele, a

saber o livro de Jó. Temos todas as respostas neste único livro, mas gostaria de focar neste

momento, apenas o que se pode aprender da

narrativa dos seus capítulos 3º e 4º.

Enquanto Jó permaneceu calado remoendo-se apenas de dores, e provavelmente delirando em

estado de semiconsciência, em razão da grande

febre que deveria ter-lhe acometido como

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144

consequência da grave infecção que tomara

conta de todo o seu corpo, não pôde expressar o

seu lamento, como estava fazendo agora, depois

de ter permanecido calado juntamente com seus três amigos, por sete dias e noites

seguidos.

Todavia, tão logo expressou em termos veementes o seu grande lamento pela condição

em que se encontrava, aquilo foi forte demais

para os seus amigos tolerarem, porque Elifaz

passou a acusá-lo de ser precipitado em suas palavras, e de hipócrita, porque Jó havia sido o

conselheiro de muitos para que ficassem fortes

e firmes em suas aflições, no entanto, não estava

dando tal exemplo de fortaleza e ânimo, quando ele próprio foi atingido pelo sofrimento.

É deveras impressionante, como procuramos

tirar daqueles que estão afligidos, um direito que o próprio Deus não lhes tira, a saber, o de se

queixarem de suas dores. Jó não estava se

queixando contra Deus, mas queixando-se da

sua condição, e não há nada de pecaminoso nisto. O pecado de murmuração é mostrar

insatisfação para com Deus, mas não por si

mesmo, e pelas aflições que sofremos.

Deus as projetou para o grande propósito de nos preservar do mal, e do pior deles, que é o de dar

as costas para Ele, o nosso amado e bondoso

Criador.

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145

Porque espera que recorramos a Ele em nossas

provações para a busca de auxílio em ocasião

oportuna, não meramente para sermos livrados

da tribulação, mas sobretudo para recebermos a força da Sua graça para poder suportá-las.

Seria antinatural, ou seja, algo contrário à

natureza normal, que não se lute pela

manutenção da nossa vida, em face do instinto de sobrevivência que o próprio Deus colocou em

nós para a nossa preservação; e de igual modo

que não se fuja de toda forma de mal que possa

nos causar algum tipo de sofrimento ou dano.

Na verdade, era isto o que as palavras do

lamento de Jó expressavam. Ele considerava que

seria melhor não existir do que estar passando

por tudo aquilo que lhe sobreviera repentinamente, e sem que houvesse qualquer

promessa ou sinal de esperança, de que aquele

quadro fosse revertido.

Não é exatamente isto que sentimos, caso não sejamos assistidos e fortalecidos pela graça de

Deus, a lhe dar glória em meio às aflições que

nos atingem?

Se a graça estiver presente e atuando, somos

fortalecidos e triunfamos sobre a dor. Nossa fé no Senhor é aperfeiçoada pelo recebimento da

Sua companhia e consolo, e também nosso

caráter é igualmente aperfeiçoado, porque ao

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146

suportarmos dores e sofrimentos por amor a

Cristo, não apenas nos identificamos com Ele

em seus sofrimentos, como também, por este

meio, somos livrados do nosso egoísmo latente, que não pode ser vencido por outro meio senão

o da paciência em meio às tribulações.

Todavia, se para fins específicos, Deus nos deixa à mercê de nossas próprias forças e capacidades

limitadas, sucumbimos, e o quadro normal de

ser visto é o de que seremos achados

desalentados e deprimidos, ainda que não abandonemos nossa confiança no Senhor, não

Lhe voltemos as costas, e que continuemos nos

sujeitando quietamente à Sua vontade, debaixo

da Sua potente mão, tal como sucedera no caso de Jó.

Qual foi a reação do próprio Senhor Jesus Cristo,

quando em Sua agonia no Getsêmani?

Ele chegou a pedir ao Pai que se fosse possível,

que passasse dEle aquele cálice de sofrimentos.

Todavia, Ele permaneceu perfeitamente sujeito

à vontade do Pai em todo o tempo. Agora, seria de se esperar que alguém lhe

dissesse naquela hora de extrema aflição que

rejubilasse, saltando de alegria, a pretexto de que seria possível fazê-lo pelo fortalecimento da

graça que Lhe seria concedida pelo Pai?

Quando a alma está angustiada até a morte,

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147

como se achava a de nosso Senhor no

Getsêmani, o que se manifestará é a tristeza e

não a alegria.

Se houvesse um sorriso na face de Jesus naquela

hora, poder-se-ia dizer que seria um sorriso falso. E como pode ter parte com a falsidade

Aquele que é em tudo verdadeiro?

O mundo gosta da dissimulação. Não pode

suportar expressões de abatimento e de tristeza, que fazem também parte desta vida.

Há uma falsa ideia de que a vida só tem sentido

quando não há provações, tribulações e aflições,

e crer desta forma, é portanto se agarrar a uma utopia.

Por isso o mundo procura disfarçar suas

tristezas debaixo de máscaras de uma suposta

alegria.

Para este propósito os homens se drogam, se

embebedam, e fazem um sem número de coisas para se mostrarem alegres, quando na verdade

estão angustiados ou entristecidos, bem lá no

fundo de suas almas.

Então não havia nada reprovável na atitude de

Jó, ao manifestar a sua tristeza. Ao contrário, ele estava sendo absolutamente sincero e

verdadeiro, e por isso continuava justo e

aprovado aos olhos do Senhor.

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148

Jó pôs em contraste a alegria das novas do dia do

seu nascimento, com a intensa dor e tristeza que

estava sentindo naqueles dias de sofrimento,

que lhe pareciam que não teriam fim até o dia da sua morte.

Como ele não conhecia ainda de maneira plena o propósito de Deus nas aflições, pareceu-lhe

muito estranho tudo aquilo que estava

sofrendo.

O argumento lógico em sua mente era o

seguinte: “Por que Deus o trouxera à vida, e o inspirara a viver em completa retidão perante

Ele, se no final, seria colocado como um

opróbrio à vista de todos, não como um

testemunho de alguém que foi abençoado por Deus, mas ao contrário, que foi amaldiçoado por

Ele?”

E mais: “Quem se sentiria inspirado a

permanecer na prática da justiça, se o prêmio

que Deus tinha reservado para os justos era

aquele pelo qual ele estava passando?”.

Como qualquer outro, Jó era um refém de sua

própria época, em que se costumava avaliar o favor e o amor de Deus pelos homens, na

medida proporcional dos bens e saúde que eles

possuíam e desfrutavam.

À medida que a revelação de Deus, do Seu

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149

caráter e vontade foi progredindo, à medida que

o tempo passava, até culminar com a revelação

final que nos foi feita por Seu Filho Jesus Cristo,

sabemos que há um bom propósito nas aflições que sofremos, e que sair deste mundo pelo

martírio, é um privilégio, e não uma desonra.

Mas, devemos considerar que este

conhecimento não estava disponível nos dias de

Jó, e este foi um dos motivos de Deus tê-lo provado de tal forma, para que começasse a

revelar ao mundo qual é o Seu propósito nas

tribulações.

Todavia, apesar de toda a revelação que temos

da parte de Deus na Sua Palavra, há ainda muitos

Elifazes por aí fazendo um diagnóstico incorreto relativo ao problema do mal que sofremos. Eles colocam tudo na avaliação comum de que

se há sofrimentos e aflições, é porque pecamos,

ou porque não temos exercido a nossa fé. Nem uma e nem outra coisa se aplicavam ao caso de

Jó.

Contudo, Elifaz diagnosticou a aflição de Jó

como sendo causa da iniquidade que ele havia

semeado. É verdade que há uma lei da colheita

segundo a semeadura, mas não era este o caso do sofrimento de Jó, porque não estava

colhendo algum fruto mau de uma semente má

que houvesse semeado.

Page 150: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

150

O “doutor” de almas Elifaz havia portanto,

errado em seu diagnóstico.

E, não satisfeito, com isto, colocou em dúvida a sinceridade da confiança de Jó no temor do Seu

Deus, e a sua esperança na integridade dos seus

caminhos.

Segundo ele, se Jó fosse realmente sincero

nisto, não teria recebido todo aquele mal que lhe

sobreviera repentinamente.

Em sua teologia estreita não havia lugar para

sofrimento de justos.

É fato que a ira de Deus haverá de consumir o

ímpio, mas Elifaz não sabia que Deus também é longânimo, isto é, tardio em se irar, e que por

isso não executa logo o juízo, porque dá tempo

ao homem para que se arrependa de seus

pecados e viva, lançando todas as transgressões passadas no mar do esquecimento, além de

apagar toda e qualquer culpa.

Todavia, Elifaz considerava que Jó estava sendo atingido por uma rajada da ira de Deus para ser

consumido na sua iniquidade.

Quão errado e equivocado ele estava, apesar de ter dito certas verdades que se aplicam a muitos,

mas não eram aplicáveis ao caso de Jó, e de

tantos servos fiéis de Deus que sofreram, ou que

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151

ainda sofrem por amor a Ele, neste mundo. Elifaz firmou a sua teologia sobre o sofrimento

do homem e o castigo divino, de uma visão que

lhe fora dada, e de uma voz que lhe dissera o seguinte:

“Pode o homem mortal ser justo diante de

Deus? Pode o varão ser puro diante do seu

Criador?”

Isto é uma verdade, porque não há nenhum justo, nenhum sequer, diante de Deus, pela sua

própria justiça, e todos os que são justos perante

Ele, o são, porque têm sido justificados pela fé

em Cristo, e por terem sido redimidos no Seu sangue.

Só que em vez de Elifaz, reconhecer que o

homem não pode de si mesmo ser justo diante

de Deus, no entanto há graça, misericórdia e poder no próprio Deus para torná-lo justo

perante Ele.

Então Elifaz se precipitou elaborando uma

teologia conclusiva, em cima desta visão que recebera, na qual atribuiu consequentemente

desconfiança da parte de Deus em todos os seus

servos no céu, e até mesmo o fato de atribuir

loucura a todos os seus anjos, inclusive aos eleitos, e segundo ele, de quão maior

desconfiança da parte de Deus não gozam todos

os homens que habitam na terra.

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152

Que teologia desastrada foi esta a que Elifaz

elaborou em cima de uma visão relativa à

verdade que havia recebido! É assim que são

formadas grandes heresias. Elas partem geralmente de um entendimento ou

interpretação incorretos de uma verdade

bíblica.

É importante, pois, se não desejamos ser

achados como Elifaz, que confiramos verdades bíblicas com verdades bíblicas, coisas

espirituais com espirituais, e que não sejamos

precipitados em nossas conclusões sobre o

modo de agir de Deus, generalizando todas as suas ações a partir de uma única declaração

relativa ao Seu caráter ou atributos.

Satanás procura por todos os modos atacar o

caráter de Deus. Se não ataca o Senhor

diretamente perante os homens acusando-O de injustiça por permitir que sofram males, ele

procura sutilmente, distorcer as verdades

divinas, dando-lhes uma interpretação

diferente do seu verdadeiro significado, para que em vez de os homens serem justos em suas

avaliações relativas aos atos de Deus, lhe

atribuam juízos e castigos por ações, que não são

de Deus, mas que o próprio diabo usa para afligir os homens, tal como estava ocorrendo no caso

de Jó, e Elifaz estava atribuindo tudo aquilo a um

castigo de Deus porque, segundo Elifaz, Ele não

Page 153: Mensagens Evangélicas 1 - Livro

153

podia confiar em Jó, como em qualquer ser na

terra ou no céu.

Certamente Deus não se pode confiar à natureza

terrena do homem que é decaída no pecado,

mas daí, dizer que não pode confiar em nenhum dos Seus servos, vai uma distância muito

grande, porque estes não possuem neste

mundo apenas a natureza terrena, mas a própria natureza divina da qual foram feitos

coparticipantes por meio da fé em Jesus.

E cabe dizer que no céu, nenhum cristão que

para lá tenha ido, se encontra sob a influência da

natureza terrena, assim como os anjos eleitos,

de modo, que o Senhor pode confiar perfeita e plenamente neles, porque já não podem ser

vencidos por qualquer tipo de mal.

Devemos nos acautelar, portanto, para não

sermos achados como um tipo de Elizaz, que

procurando consolar alguém que está sofrendo, acabe lançando sal e vinagre sobre as feridas

que estiverem abertas, em nosso zelo pela

defesa da justiça e santidade de Deus,

condenando como malfeitor, quem está sofrendo por causa do Seu amor e fidelidade a

Deus.

É muito fácil dizer para alguém que está

sofrendo de modo terrível: “Você não terá

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154

cometido algum pecado oculto ou não

confessado?”

No entanto, isto somente pode servir para

agravar ainda mais o sofrimento de uma

consciência fraca de alguém que esteja sofrendo por amor a Cristo e ao evangelho, e não

necessariamente por algum pecado que tenha

cometido.

É necessário ter cuidado na aplicação de

aconselhamentos em tais casos, e insinuações relativas a pecados devem ser feitas somente

por revelação do Espírito ao nosso espírito, e não

por uma ruim suspeita, ou por um princípio de

aconselhamento generalizante a que estejamos acostumados a usar.

Devemos ter cuidado para não vazar os olhos de

nossos irmãos quando nos dispomos a tirar o

pequeno cisco que há neles, quando temos a

nossa visão prejudicada por alguma trave em nossos próprios olhos, que nos impeça de

enxergar a verdade, tal como sucedera no caso

de Elifaz em relação a Jó.

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155

O Sacrifício de Jesus Não Dispensa a

Obediência aos Mandamentos

Os primeiros vinte e nove versículos do 15º

capítulo de Números são repetições de leis

constantes especialmente de Levítico, relativas à apresentação de ofertas e sacrifícios.

Deus havia perdoado o povo de ser exterminado

pela Sua ira, mas Ele lhes recorda que deveriam

apresentar sacrifícios, porque era com base nestes que poderiam ser perdoados.

Todo e qualquer pecado que seja perdoado, no

sentido de sermos livrados dos juízos de Deus,

sempre o serão com base no sacrifício de Jesus pelos pecadores, do qual, aqueles sacrifícios de

animais eram apenas uma figura.

É pela exclusiva graça de Deus, que opera com

base no sacrifício, que somos perdoados, e não

por nenhum ato de penitência da nossa parte, por nenhuma boa obra que façamos para

compensar a má obra que tenhamos feito.

Nossas ofensas da santidade devida a Deus são

tão imensas que nada que fizéssemos por mais caro e trabalhoso que fosse, poderia apagá-las.

Somente o precioso sangue de Cristo pode fazê-

lo, quando nos apropriamos dos seus benefícios,

simplesmente pela fé, confiando que Deus determinou fazê-lo unicamente pela Sua graça.

Entendemos então, no 15º capítulo de Números,

que Deus não estava esperando perfeição

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156

absoluta dos israelitas neste mundo, mas fé e

arrependimento.

Ele não esperava que eles se aperfeiçoassem em seus talentos naturais para a guerra, de modo

que se superassem, senão apenas confiança no

Seu poder e graça, e especialmente fé na Sua

fidelidade, em cumprir as Suas promessas. Se Ele havia prometido aos patriarcas, que daria

a terra de Canaã à sua descendência, não cabia

aos israelitas outra opção senão a de crerem na

fidelidade de Deus, pois Ele lhes havia dado inúmeros exemplos de quão fiel era em cumprir

todas as Suas promessas.

Todavia, a partir do trigésimo versículo do 15º capítulo, o Senhor declarou expressamente que

a cobertura do pecado, pelo sacrifício, não

anulava a responsabilidade de se guardar Seus

mandamentos; de modo que aqueles que pecassem deliberadamente, isto é, que

confrontassem abertamente a Sua autoridade,

estariam blasfemando o Seu santo nome, e

portanto, deveriam ser excluídos da comunidade de Israel, por terem desprezado a

Palavra de Deus, quebrando o seu mandamento,

e neste caso, responderiam pela sua iniquidade

(v. 30,31).

Isto é um princípio divino importantíssimo para

ser aprendido pelos crentes na Igreja de Cristo,

especialmente por aqueles que pensam

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157

erroneamente que por estarem debaixo do

sangue do Sacrifício do Senhor, que por estarem

debaixo da graça, têm permissão para viver na

prática do pecado.

Para ilustrar como deveria então ser aplicada a

lei, é registrado logo em seguida ao verso 31, o

caso de um homem que apanhou lenha num dia de sábado, e sendo trazido a Moisés e a Arão, e a

toda a congregação, foi colocado na prisão, e o

Senhor disse a Moisés que tal homem deveria

ser morto por toda a congregação, através de apedrejamento fora do arraial (v. 32-36).

Para o propósito de os israelitas lembrarem do

seu dever de guardarem os mandamentos do

Senhor, e para que não se deixassem arrastar à infidelidade pelos afetos carnais de seus

corações, e pela cobiça de suas vistas, de modo

que fossem santos para com o Seu Deus, este

ordenou a Moisés que lhes dissesse que usassem em todas as suas gerações, franjas nas

borlas das suas vestes, e que nestas colocassem

um cordão azul, para tal propósito de se

lembrarem de todos os mandamentos. Mais uma vez o Senhor lhes lembrou que lhes

havia tirado do Egito, para ser o Deus deles (v. 37-

41).

Com o cumprimento deste mandamento,

através de suas vestes, eles testemunhariam

que eram diferentes das demais nações, e que

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158

não estavam envergonhados do Seu Deus e da

Sua lei.

Os fariseus ampliavam estas franjas das vestes,

com a motivação errada, de modo a fazê-las

maiores do que as dos demais judeus, de forma

a mostrarem que eram mais santos do que eles (Mt 23.5).

Assim, não faziam um uso sincero e santo, senão

hipócrita e para se ostentarem.

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159

Uma Justiça Ofertada para Injustos

A justiça de Deus que é revelada por meio do

evangelho foi testemunhada nas Escrituras do

Velho Testamento, antes que ela se manifestasse na pessoa do próprio Senhor Jesus

Cristo (Rom 3.21).

Foram inúmeros os registros cerimoniais e as profecias do Antigo Testamento acerca da

dispensação do evangelho, do ministério da

justiça e do Espírito (II Cor 3.8,9).

Cerca de setecentos anos do cumprimento das

profecias relativas à justiça do evangelho, Deus

falou acerca dessa justiça pela qual somos

salvos, através do profeta Isaías, como podemos ver por exemplo em Is 46.13.

“Faço chegar a minha justiça; e ela não está longe, e a minha salvação não tardará; mas

estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a

minha glória.”

Esta promessa foi feita para os que são duros de

coração e que estão longe da justiça, a saber a

todos os pecadores (Is 46.12).

Não é uma promessa para pessoas justas mas

para injustas, ou seja, para pecadores, que é a

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160

condição de todo homem perante Deus.

Daí ter nosso Senhor Jesus Cristo declarado que

não veio a este mundo para justos, mas para

injustos, não para sãos, e sim para enfermos. Veio para injustos para torná-los justos, e para

enfermos, para curá-los.

Quanto a esta salvação pela graça, que é

mediante a justiça de Cristo, que nos é atribuída

na justificação, Deus disse que a levaria completamente a termo, porque Judá sairia do

cativeiro em Babilônia, sendo livrado por Ciro,

rei da Média, de modo que o Seu conselho

eterno se cumprisse no futuro conforme as boas promessas de salvação que foram feitas a Israel

(Is 46.10).

Por causa do que seria feito por Ciro é dito que

Babilônia seria encurvada e os seus ídolos

seriam colocados sobre animais de carga, para

serem levados para fora de Babilônia, e seriam um peso para estes animais assim como eram

para os babilônios, porque não somente não

poderiam lhes livrar, como também os

conduziriam àquela ruína.

Mas quanto a Israel, em vez de ser uma carga

para eles, Deus lhes vinha carregando no seu colo, desde que lhes havia formado no ventre, e

até a sua velhice continuaria sendo o mesmo

para eles, porque os levaria, carregaria e

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161

livraria, porque era um pai para o Seu povo (Is

46.3, 4).

A quem então poderia Deus ser comparado?

Com os ídolos? Com estes que são uma carga

para os homens, em vez de carregá-los, para

acharem alívio e paz?

Que não podem responder e livrar alguém da

sua tribulação? (v. 7)

Os transgressores de Israel foram portanto

convocados por Deus a considerarem esta

verdade e trazê-la sempre à memória (v. 8).

A recordarem sempre as coisas passadas desde

a antiguidade, trazendo à memória os grandes feitos do Senhor em relação a Israel, e

certamente isto se referia ao que fizera com eles

desde os patriarcas até os seus dias; para que

reconhecessem que não há outro Deus, senão somente Ele, e que não há ninguém que possa

ser comparado com Ele (v. 9) - o único que pode

nos justificar e salvar da escravidão ao pecado.

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Sem Obediência a Deus e à Sua Palavra

Não Há Vitória

O que havia ocorrido com o povo de Israel no

período dos Juízes é o mesmo que ocorre com a

Igreja dos nossos dias, que tem apostatado da fé genuína do evangelho, sobretudo em razão da

sua grande mistura com as práticas que são do

mundo (Tiago 4.4; I João 2.15).

Podemos aprender muito com a narrativa do 2º

capítulo de Juízes no qual se declara

expressamente que a ruína de Israel era devida à sua assimilação das práticas pagãs dos

habitantes da terra de Canaã.

Este capítulo segundo é uma síntese de tudo o que é narrado no livro de Juízes.

Ele é uma preparação para tudo o que será dito

dali em diante.

Ele cita o que aconteceu, e estes fatos serão narrados detalhadamente nos capítulos

posteriores, com exceção dos cinco últimos

capítulos que se referem a um período anterior

ao dos juízes.

A narrativa se inicia com o anjo do Senhor repreendendo duramente os israelitas, pelo fato

de não terem conquistado os territórios que lhes

foram designados por sortes, nos dias de Josué,

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163

e pelo fato de terem se acomodado e se

misturado aos cananeus.

Nos versos 11 a 13 é citado que a geração que se seguiu à de Josué não conhecia ao Senhor, e fez

o que era mau aos seus olhos, misturando-se aos

cananeus e fazendo as mesmas práticas

abomináveis deles.

A condição de todo o período coberto pela

narrativa do livro de Juízes, o qual durou

aproximadamente trezentos anos, está declarada de forma resumida nos versos 14 a 23.

Nestes versos está revelado claramente que o

motivo de estarmos enfraquecidos diante de nossos inimigos espirituais e sujeitados a

sermos pisados pelos homens, como sal que

perdeu o sabor, está relacionado ao abandono

do Senhor, e da prática da Sua Palavra.

A comunhão com Deus, garantida por um andar

no Espírito Santo, fazendo aquilo que Ele nos

tem ordenado na Bíblia e em relação à Sua vontade específica, no que se relaciona ao viver

diário, especialmente o que diz respeito às

coisas pertinentes ao ministério, que

recebemos dEle para cumprir, é o modo de se ter uma vida verdadeiramente próspera e

sermos mais do que vencedores, por meio de

Jesus, sobre a carne, o mundo e o diabo.

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164

Quando nos desviamos dos caminhos do Senhor

ficamos sujeitados à disciplina da aliança, que

temos com Ele, por iniciativa e autoridade dEle

próprio, que nos deixa à mercê da opressão dos nossos inimigos, para que seja produzido em

nós o devido arrependimento.

Quando este arrependimento ocorre e clamamos pelo livramento de Deus, Ele se

apressa em socorrer-nos, voltando a nos

conceder a Sua graça e poder, para sermos

fortalecidos e podermos voltar a andar na Sua presença.

Deus é santo, e sem a santidade que Ele mesmo

nos confere, por meio do Espírito Santo, é

impossível estar em comunhão com Ele. Por isso necessitamos da Sua graça, para que

operando em nós, de forma a nos conceder um

coração segundo o Seu coração, possamos retornar à comunhão.

Então nós vemos declarado na Palavra de Deus

que era Ele próprio que entregava Israel nas

mãos dos seus inimigos, e que também, por Sua própria deliberação, decidiu que não

desapossaria mais aquelas nações da presença

de Israel, para que por meio delas pudesse

provar a fidelidade do Seu povo, em não se deixar levar pelas suas práticas abomináveis, e

permanecerem fiéis, na guarda dos Seus

mandamentos.

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165

Por meio da permanência de muitas daquelas

nações seria provado até que ponto Israel

buscaria uma vida autêntica de fé e obediência,

de modo que se pudesse provar através disso que estavam de fato fazendo a vontade de Deus,

pois não havia outra maneira de terem sucesso

sobre os seus inimigos.

Isto ensina claramente que não se vence o diabo

com religiosidade desprovida de verdadeira comunhão com Deus, porque é se sujeitando a

Ele e à Sua vontade, que vencemos o diabo e

todas as suas hostes.

Em outras palavras: a vitória sobre as forças do

inimigo decorre de um caminhar na presença do Senhor.

É sujeitando-se a Deus, mediante prática da Sua Palavra, que o diabo foge de nós.

Mas não era isto o que se via nas sucessivas

gerações de Israel.

Deus havia formado um povo exclusivamente

seu a partir de Abraão, para o propósito de preservar a vida do homem na Terra. Porque

pelo modo santo com que deveriam viver

revelariam que a prática da justiça divina

preserva e traz prosperidade, mas a prática do mal, não somente destrói pessoas e nações,

como também atrai os juízos condenatórios do

Senhor.

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166

E isto estava sendo observado de modo prático

nos dias do Velho Testamento, através das

assolações que Deus estava trazendo sobre as

nações pagãs, como sobre o próprio povo de Israel, quando este também se encontrava

debaixo das mesmas práticas abomináveis

daquelas nações.

Em vez de serem distintos das nações de Canaã,

pelo cumprimento de tudo que lhes foi

ordenado na Lei de Moisés, se misturavam às

práticas daquelas nações, e perdiam a sua identidade distintiva de povo do Senhor, porque

quando se mistura água com vinho, o resultado

é uma mistura homogênea, e não dá mais para

se distinguir quem é a água e quem é o vinho. Mas quando se mistura água com azeite, o azeite

há de ficar por cima da água e não se misturará

a ela.

É pois somente estando cheios do azeite que

simboliza o Espírito Santo, e andando nEle, que

apesar de estarmos no mundo e termos que nos

relacionar com as pessoas que são dele, com vistas a lhes conduzir à bênção do Senhor, por

nosso bom testemunho de vida, não nos

misturaremos jamais às coisas deste mundo e

ao pecado, como diz o apóstolo Paulo em Gál 5.16: “Andai no Espírito e jamais satisfareis aos

desejos da carne.”.

Assim, nós podemos concluir que a razão da

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167

repreensão que o anjo do Senhor dirigiu aos

israelitas se prendeu muito mais à falta de fé, e a

esta mistura com as práticas dos povos de

Canaã, do que propriamente à falta de iniciativa em combater os cananeus, para se apossarem

das terras que lhes foram designadas por sortes.

O anjo do Senhor vinha lhes acompanhando desde a saída do Egito, e declara isto nas palavras

dos versos 1 a 3, e que estava sendo fiel ao pacto

que haviam feito com Deus, de guardarem todos

os Seus mandamentos, pois lhes estava ajudando a cumprirem tudo que lhes havia sido

ordenado, especialmente no que se referia a

prevalecerem contra os seus inimigos, mas

manifestou o Seu desagrado diante do seu recuo em fazerem a vontade de Deus, com

as seguintes palavras:

“1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e

disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a

terra que, com juramento, prometi a vossos

pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco;

2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os

seus altares. Mas vós não obedecestes à minha

voz. Por que fizestes isso?

3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei

de diante de vós; antes estarão quais espinhos

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168

nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão

por laço.”.

Nós lembramos nisto, das palavras de Paulo

dirigidas aos Gálatas:

“Estou admirado de que tão depressa estejais

desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,” (Gál 1.6). E ainda

em Gál 5.7: “Corríeis bem; quem vos impediu de

obedecer à verdade?”.

A síntese de todo o conteúdo do livro de Juízes,

que é feita neste segundo capítulo, revela que o propósito principal da escrita deste livro foi o de

ensinar que a mistura do povo de Deus com as

práticas abomináveis do mundo o torna

impotente para conhecer e fazer a vontade do Senhor.

Ensina também que a falta de fé e determinação

para cumprir tudo aquilo que Deus nos tem

ordenado expressamente, como no caso dos

israelitas, a indiferença em realizar a conquista total de Canaã, acaba por conduzir o povo de

Deus a perder o seu caráter único e santo, e em

decorrência disto, não terá poder e autoridade

que procedem do Senhor para poder conhecer e fazer a Sua vontade, deixando portanto, de ser

bênção para as nações.

O mundo espiritual é discernido

espiritualmente, pelo Espírito Santo, e este

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169

jamais se moverá naqueles que não estiverem se

movendo em direção à obediência à Palavra de

Deus, pela busca de comunhão com Ele, em

vidas verdadeiramente santas.

Em linhas gerais, foi este o propósito principal do Espírito Santo ao ter inspirado a escrita do

livro de Juízes.

Aprendemos também neste livro de Juízes que

períodos de arrependimento e de retorno à

comunhão com o Senhor, podem ser seguidos por períodos de apostasia, se não cuidarmos

diligentemente em prosseguir adiante na

aplicação em nossos deveres para com Deus e

com o próximo.

Vitórias alcançadas jamais devem ser motivo

para descansarmos e não incentivarmos as gerações seguintes à mesma fidelidade com que

estivermos nos empenhando em agradar ao

Senhor.

O livro de Juízes dá um claro testemunho e

palavra de alerta à Igreja para que não descuide em avançar na comissão que lhe foi ordenada

por Jesus de ir por todo o mundo e pregar o

evangelho a toda criatura, pois quando a Igreja

se desvia deste grande alvo, perdendo o ardor evangelístico e missionário, a consequência

será o apostatar dos caminhos do Senhor,

porque Ele não se deixará achar e não expulsará

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o Inimigo para que almas sejam conquistadas à

fé, porque Ele faz isto, concedendo graça,

somente quando há uma verdadeira disposição

e empenho em se obedecer à Sua grande comissão.

A grande repreensão do anjo do Senhor aos

israelitas, exibida nas palavras do verso 2: “Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que

fizestes isso comigo?”, bem demonstra a grande

indignação que Jesus sente ao nos ver de braços

cruzados em relação à ordem que deu à Igreja de fazer discípulos em todas as nações.

Isto é um dever real que impôs à Igreja até que

Ele volte.

E nós sabemos, pelo testemunho da história, quantas derrotas o povo de Deus teve que

amargar em relação aos seus inimigos

espirituais, e o pouco ou quase nenhum avanço que fez em determinadas épocas da história,

pelo mesmo motivo que levou o anjo a se

indignar em relação aos israelitas no passado:

falta de empenho em cumprir a Sua ordem de avançar e conquistar para Deus tudo aquilo que

Ele nos tem ordenado.

Os israelitas choraram por causa da repreensão

do anjo (v 4), mas isto não é suficiente. Não basta estarmos dispostos a mudar nossas

atitudes, e mesmo lamentar o nosso estado

espiritual, se isto não for acompanhado por

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ações de fé reais na direção do cumprimento

daquilo que Jesus nos ordenou quanto à

evangelização mundial.

Planos, reuniões, congressos, concílios, e

quaisquer outras iniciativas serão de nenhum

valor se não forem acompanhados por ações

concretas visando à conversão de almas para Cristo.

Se o Espírito Santo não for conosco, assim como

o anjo acompanhava, dirigia, instruía e fazia as conquistas para os israelitas, de modo algum

poderemos pensar que estamos agradando a

Deus, se fugiu de nós o desejo e o empenho

direcionados à salvação dos perdidos. Esta tarefa de conduzir o rebanho à obra de

evangelização é uma das principais missões de

qualquer pastor, pois são chamados de anjos das

Igrejas, pelo Senhor Jesus, no livro de Apocalipse.

Foi a eles que se dirigiu cobrando o seu

empenho em conduzir o rebanho segundo a Sua vontade, sob o risco de terem o seu candeeiro

removido em caso de descumprimento daquilo

de que foram encarregados pelo Senhor da

Igreja.

Estes pastores, que são designados por anjos das

Igrejas, aparecem em Apocalipse como estrelas

nas mãos de Jesus.

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Isto indica que assim como o Anjo da aliança

apareceu a Josué, como príncipe do exército de

Jeová, e conduziu tanto a Moisés, quanto a Josué,

e todos os líderes verdadeiros de Israel, que foram levantados por Deus para conduzir o seu

povo, de igual modo, Jesus é o mesmo Anjo na

Nova Aliança, que tem toda a primazia sobre os pastores que Ele mesmo chama e constitui

sobre o Seu povo, para que façam toda a Sua

vontade.

O lugar onde o anjo falou aos israelitas ficou

sendo conhecido por Boquim (v. 1 e 5), porque no

hebraico, esta palavra significa chorões, porque que a palavra se encontra no plural, indicando

que foram muitos os que prantearam em razão

da repreensão do anjo do Senhor.

Quem dera, ao menos a Igreja chorasse a sua

atual condição de quase completo desinteresse

e imobilização quanto a buscar um real compromisso e consagração ao Senhor, para

que no poder do Espírito Santo se entregue à

obra de evangelização mundial, não somente

em palavras, mas no poder do Espírito Santo, através do testemunho pessoal de vidas

transformadas e santificadas.

Mas, quando tão poucos se interessam pela salvação da própria alma, como estarão

realmente interessados na salvação de outros?

Os israelitas ao menos lamentaram e choraram

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pela condição de desobediência à ordem de

avançar e conquistar Canaã.

Sequer isto se vê na maior parte das Igrejas de nossos dias, apesar de haver, certamente, uma

repreensão do Senhor pelo fato de não terem

um maior empenho em prol da salvação dos

perdidos em todo o mundo.

Os países da Ásia e de grande parte do Oriente,

continuam com suas portas fechadas para o

evangelho, mas importa que este seja pregado

também a eles, para que Cristo volte. Quando a Igreja despertará do seu sono e

começará a trabalhar com todo o empenho na

direção do cumprimento do Ide de Jesus?

Jesus disse que o evangelho será pregado em todo o mundo antes da Sua vinda, e o que nós

estamos fazendo para que isto se cumpra?

O Senhor garantiu a posse de todo o território de Canaã aos israelitas, e o que eles fizeram em

relação a isto?

O livro de Juízes revela o quadro, e este não é

muito diferente do que tem ocorrido com a história da Igreja ao longo destes dois mil anos,

em que o evangelho tem sido pregado no

mundo.

Da parte do Senhor, a aliança que Ele fez conosco, nunca será quebrada, porque é fiel

àquilo que prometeu, mas não se pode dizer o

mesmo em relação a nós.

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Devemos portanto, ser diligentes em todo o

tempo e ter todo o cuidado necessário para que

não nos desviemos do alvo que devemos atingir.

Gostando ou não, querendo ou não, temendo ou não, devemos nos lançar de corpo e alma à

missão da qual fomos encarregados, e o Senhor

será conosco e nos fará prosperar em nossos empreendimentos, porque Ele fez a promessa

de não deixar e desamparar àqueles que Lhe

obedecem e Lhe são fiéis.

Deste modo, os israelitas foram repreendidos,

não somente por terem se desviado da missão

de conquistar Canaã, como também por terem se misturado aos cananeus, que deixaram na

terra, em vez de expulsá-los, e vieram a praticar

as mesmas abominações que eles praticavam.

Não é de se estranhar portanto, que quando deixamos de ter este interesse em dar

testemunho de Cristo às pessoas, que sejamos

também encontrados em disposições de

mundano proceder.

O pecado de Israel trouxe como consequência, o

fato de Deus ter determinado que não expulsaria mais os cananeus.

De igual modo, quando deixamos de cumprir o

Ide e passamos a nos misturar com as coisas que são do mundo, Deus também deixa de nos usar

para conquistar as almas que são preciosas para

Ele.

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Outros o farão no nosso lugar, e teremos que

lamentar uma vida vazia e sem frutos, porque o

Senhor não dará jamais a honra de o indolente

se gloriar em ter sido usado eficazmente por Ele. Se não recebemos graça da parte de Deus, para

realizar o trabalho que Ele nos designou, não

teremos outra alternativa senão a de enterrar o talento que nos deu para fazer a Sua obra.

Aqueles que favorecem e são complacentes

com as suas luxúrias e corrupções, que

deveriam mortificar, perdem a graça de Deus, e esta é justamente retirada deles (ainda que não

percam a salvação caso sejam crentes genuínos

justificados e regenerados pelo Espírito Santo).

Se nós não resistirmos ao diabo, não devemos

esperar que Deus o coloque debaixo dos nossos

pés. O que se fará ao sal caso vier a perder o seu sabor e função de salgar este mundo de trevas,

para que a corrupção não prevaleça? Por isso, aos infiéis, em vez de promessas de

bênçãos, Deus promete dificuldades, assim como disse aos israelitas sobre o que deveriam

esperar da parte daqueles aos quais haviam se

associado em suas más obras.

Seriam como espinhos e laço para eles, e isto

indicava dificuldades e opressões.

Pois em vez de dominar as nações, Israel seria

dominado por elas.

Deus os entregaria nas mãos dos seus inimigos

por causa do seu pecado.

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Ele afirmou que os venderia aos seus inimigos,

assim como quem é vendido por causa de uma

grande dívida que não pode liquidar.

A dívida dos israelitas seria cobrada na forma de opressões dos seus inimigos, que seriam

determinadas pelo próprio Deus.

Porém, sendo benigno e misericordioso, o

Senhor prometeu livrá-los das mãos dos seus

opressores caso se arrependessem dos seus pecados.

Ele suscitaria libertadores para este propósito, e

nós vemos esta promessa sendo cumprida em

diversas ocasiões na narrativa do livro de Juízes,

revelando-se assim o caráter fiel do Senhor, em cumprir as Suas promessas, e a sua infinita

misericórdia para conosco.

Entretanto, em razão do Seu atributo de justiça,

apesar de ser tardio em se irar, o Senhor não

pode ser, de modo algum, conivente com o

pecado e permanecer insensível às apostasias do Seu povo, e por isso sempre torna a exercer

os Seus juízos, a par de toda a misericórdia

exibida anteriormente.

Por causa de Sua longanimidade, pode até

suportar, tolerar por muito tempo todos os nossos pecados, mas certamente não nos

deixará sem a devida correção no tempo

apropriado.

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Isto aprendemos não somente na revelação que

fez no livro de Juízes, como também em toda a

Bíblia.

A história da Igreja, tal como a narrada em

Juízes, tem revelado o modo como Deus tem

levantado pessoas que qualificou e capacitou extraordinariamente, pela Sua graça, para

redirecionar o Seu povo à prática da justiça e da

santidade, e isto nos faz lembrar de Lutero,

Calvino, Jonathan Edwards, Spurgeon, e muitos outros, que em suas próprias épocas, foram

instrumentos nas mãos do Senhor para o

referido propósito.

É notável também, que sempre segue a um

período de grande reforma e retorno à santidade, períodos de apostasias.

Tal como se deu com Israel, ocorre com a Igreja, e por isso, cada época testemunhará acerca

daqueles que Deus levantou e continuará

levantando para avivar o Seu povo.

Isto indica que o ideal seria que a Igreja permanecesse permanentemente avivada e fiel

à vontade de Deus.

Mas como o evangelho opera entre pecadores, e

por serem estes dados a se desviarem da

vontade do Senhor, sempre será necessário manter uma postura de reforma, de modo a não

se experimentar apostasias, que sempre virão,

sem falta, se deixamos esfriar este espírito de

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manter as pessoas ocupadas em serem fiéis à

vontade de Deus.

Veja o caso de Israel, que enquanto vivia Josué e

os anciãos da sua geração, o povo andou obedientemente cumprindo a vontade do

Senhor, especialmente no que se refere à

ocupação e conquista de Canaã. Mas, quando uma nova liderança se levantou, e

que não tinha o mesmo empenho em conduzir o

povo nos caminhos de Deus, o resultado é o que

encontramos no livro de Juízes, que afirma o seguinte nos versos 16 a 19: “16 Mas o Senhor

suscitou juízes, que os livraram da mão dos que

os espojavam. 17 Contudo, não deram ouvidos

nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se

desviaram do caminho, por onde andaram seus

pais em obediência aos mandamentos do

Senhor; não fizeram como eles. 18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz,

e os livrava da mão dos seus inimigos todos os

dias daquele juiz; porquanto o Senhor se

compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam. 19 Mas

depois da morte do juiz, reincidiam e se

corrompiam mais do que seus pais, andando

após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas,

nem a sua obstinação.”

E tal é esta obstinação da natureza terrena, do

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coração carnal, que se diz que o povo não deu

ouvido aos juízes e se prostituiu após outros

deuses (v. 17).

A advertência bíblica para que nos

empenhemos com toda diligência em confirmar a nossa vocação e eleição, não é de

pouca importância, porque se refere a uma luta

titânica contra um inimigo poderoso que é a

nossa natureza pecaminosa, que pode ser mortificada somente pelo Espírito Santo, mas

este trabalho não poderá ser realizado se não

cooperarmos com a Sua vontade, por não nos

tornarmos verdadeiramente submissos ao Senhor, e por não crermos e não nos dispormos

a colocar em prática, todas as coisas que nos tem

ordenado em Sua Palavra, e especificamente em

nossa caminhada diária.

Assim, os cananeus não seriam expulsos por Deus, para que por meio deles, provasse a

fidelidade de Israel.

De igual modo o diabo e todos os seus demônios

permanecem no mundo, não por que isto seja agradável ao Senhor, mas para que por meio

desta presença, a nossa fidelidade possa ser

provada, de maneira a permanecermos firmes

em fazer a vontade de Deus, em meio a todas as tentações que o inferno possa realizar.

E parece que a missão da Igreja de ser sal e luz

do mundo se deteriora cada vez mais,

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permitindo que a luz do evangelho não brilhe

em todo o seu fulgor e que o sal perca o seu

poder de salgar e preservar.

Isto decorre do pecado de os cristãos em serem

mundanos, ignorando a ordenança bíblica de serem um povo distinto e de não amarem o

mundo e não tomarem a forma dele, como nos

exortam especialmente os apóstolos João e

Paulo, respectivamente.

Muitos cristãos não querem ser diferentes do mundo. Ao contrário, querem trazer para suas

vidas e para dentro da Igreja aquilo que não é de

Cristo, mas do mundo.

Pensam erroneamente, que esta será a melhor

forma de trazer outros à conversão.

Estamos empenhados numa batalha espiritual de vida ou de morte. Na qual operam

principados e potestades com toda a fúria

inimaginável, para permanecerem na posse das

almas humanas, as quais, para serem resgatadas demandam que primeiro seja amarrado o

valente que as aprisiona, e este é um trabalho

único e exclusivo para o Senhor Jesus e o Espírito Santo de Deus, sob a atração exercida

por Deus Pai para trazer os pecadores em

submissão a Seu Filho.

E como isto poderá ocorrer quando os cristãos

se tornam mundanos?

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Deus usaria Israel caso eles evitassem o pecado

de se misturar com o pecado das nações pagãs.

E não é portanto para se admirar que tantas

exortações sejam feitas na Sua Palavra neste sentido.

E para o propósito de desencorajar o Seu povo à

mistura com as nações de Canaã, Deus acrescentou variadas e grandes ameaças de

maldições e castigos para os israelitas no caso

de serem desobedientes a tal ordenança

específica.

Muitas aflições viriam sobre eles, da parte do

próprio Deus, caso se misturassem com as

práticas abomináveis daquelas nações.

O que acontece com a Igreja de Cristo em nossos dias não é muito diferente disso.

Muitas bênçãos não são alcançadas, e muita

correção da parte do Senhor sobrevém à Igreja, exatamente por causa deste pecado de se

assumir a forma do mundo.

Se, conforme dizer do apóstolo é necessário não

se conformar ao mundo para que se possa

conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, então não é difícil de se entender que

quando se toma a forma do mundo não somente

ficamos impossibilitados de fazer a vontade de

Deus, como até mesmo de conhecê-la, conforme se afirma em Rom 12.2.

Deus quer um povo santo, puro e separado, e o

segundo capítulo de Juízes nos revela isto de

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forma muito direta e clara, e este povo, é

formado na dispensação da graça, por pessoas

que se convertem das trevas do mundo para a

luz de Jesus.

Tudo o que estiver misturado com o mundo, passará debaixo do juízo ou da correção do

Senhor, porque nada que provém do mundo

pode ser um canal apropriado para trazer a nós

a presença real e santa de Jesus. Assim, todo ministério mundano não

prevalecerá, e ficará destituído da graça de

Deus.

Os pastores mundanos não terão qualquer

mensagem recebida da parte de Deus para ser pregada com poder ao Seu povo. Porque o

Espírito Santo não se detém onde mora o

orgulho e disposições de mundano proceder.

Aquele que não separa o que é vil do que é precioso, não pode ser a boca de Deus.

Deste modo, todos os cristãos que se deixarem

seduzir pelos prazeres deste mundo estarão

áridos, vazios e confusos.

Serão como o povo de Israel, depois de ter fabricado o bezerro de ouro.

A presença da nuvem de glória entre eles se retirará e o Senhor não caminhará mais com

eles, até que se arrependam e voltem a viver em

verdadeira santidade.