melega - retalho cutâneo

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  • 5/11/2018 Melega - Retalho Cutneo

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    Retalhos Cutiineos:Fisiologia, Classificacao,

    Principais Retalhos

    L uis R ob erto P erez F lo res

    INTRODU

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    108 Conceitoc Basicos

    T RIA NGU LO DA R ECONSTRUC ;A o

    Retolhos

    Microcirurgio L \ , , ~ " . , "eciduo!"Fig. 12-2. Tnang.ulo de reconstrucco.o principio do triangulo (Fig. 122) e apropriado

    para as tecnicas mais modernas de reconstrucao (reta-Ihos, expansores de tecidos, microcirurgia) e tambernauxilia a escolha da melhor opcao cirurgica.

    ANATOMIA CUTANEA E VASCULARNa eobertura do esqueleto osteomuscular", temos as se-guintes planos: (1) epiderme, (2) derme, (3) teeido eelularsubcutaneo - camada superficial au areolar, (4) fascia superficial ou de Scarpa, (5) tecido celular subcutaneo - camadaprofunda au lamelar , (6) fascia profunda e (7) musculo.

    Essas camadas possuem caracteristicas especif icasem cada regiao corporea, mudando de espessura, elasti-cidade, coloracao e cornposicao (palpebra, face, courocabeludo, axilas, dorso, palm as das maos e plantas dospes). A camada areolar perrnite a deslizarnento da pelesobre a plano profundo e con tern poucos vasos, apenasperfurantes, sendo urn otimo plano de clivagem paralevantamento de retalhos (Fig. 123).

    MACROCIRCULA(:AoProvenientes dos grandes ramos vasculares (aorta, caro-tidas, axilares, femorais), emergem as arterias denomi-nadas segmentercs, que irao irrigar extensas massas rnus-culares; provenientes desses ramos, emergem as arteriasperlurentcs, que podem ser de tres tipos: miocutaneas,scptocutsncss ou cutaneas ductss; as quais sao ramosperpendiculares a pele e forrnarao as plexos vascui aressubfascial, subdermico e dermico que, por sua vez, iraoirrigar detenninadas regioes da pele, regiiies estas quecompoern as rna i s diferentes retalhos, de acordo comessa circulacao local (Fig. 12-4).

    As artcrias miocutaneas tern como caracteristica irrigar urna pequena rcgiao circular de pele e dao excel en-

    Fig. 123. Anatomia do pele e pianos subjocentes:1. epiderme2. derme3. tela subcutcneo - ccmodc areolar4. fascia superficial5. tela subcutcneo - comada lamelar6. Ioscic profunda7. rnusculo

    Tecido'subcutcneo

    Fas-c ia

    Musculo

    Fig . 12-4 . 'Esquema da voriocco dos trajetos vasculares dos orte-rias miccutdneos (Me) e septocutcneos (SC).

    tes ramos para cornpor os retalhos ao aeaso, a partir dosplexos vasculares subfascial, subdermico e dermico. Asarterias septocutaneas e cutaneas diretas sao ramos rnaislongos e, portanto, 6timas para compor as retalhos axi-ais, com grandes segmentos de pele.

    MICROCIRCULA

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    Retalhos Cutaneos : Fisiologia, Class if icacao , Princ ipais Reta lhos 109

    ,-,

    Inicialmente emergem as arterioles (50 a 100/-tm dediarnetro), que da o origem as metarteriolas, ou srtciio-las terminais (50/- tm), que se dividem em cspilsres (Zurn),formando a cham ada iedc capilar microscopies, localonde ocorre as trocas gasosas I" de energia em nivel celu-lar ; esses capilares possuern os cstlnctcrcs pre-cspilsres,queregulam a rnicrocirculacao de acordo com os estimu-losnervosos simpaticos, que contro lam a abertura ou fe-chamento desses esfincteres e determinarn uma vasocons-tncao ou vasodila tacao conforme as necessidades meta-bolicas locais (oxigenio, adenosina, hidrogenio, manu ten-~ a oou perda de tempera tura etc.). Oa confluencia de doisau tres capilares surgem as vcnulss pos-csptlsrcs ou cole-toras (3 a Sum), que dao origem as venulus tnusculsrcs(5 0 a 100/-tm), qlle por sua vez da o origem as veias cole-torss; a partir dai, reinicia-se a macrocirculacao.

    Existern, na rede capilar, as anastomoses Oll shuntssrteriovenosos, qlle fazem a Iigacao das arteriolas as ve-nulas em nivel pre-capilar; a abertura ou fechamentodesses shunts e controlada pela presenc;a de esfincterespre-shunts, tambern inervados pela acao do sistema ner-voso simpatico. A abertma desses shunts desvia 0 fluxosanguineo dos capilares diretamente para asvenulas , iso-lando a rede capilar, impedindo as trocas gasosas e au-mentando 0 fluxo na macrocirculacao, 0 inverse tam-b e r n e verdadeiro, e e atraves desse mecanisme que ocor-rem a terrnorregulacao e 0 auxilio no controle as varia-coes de pressao arterial (hemorragia), duas das funcoesmais importantes da pele (Fig. 12-5).

    A simpatectornia inibe 0 efeito da acao sirnpaticavasoconstr itora nos esf incteres precapi lares e nos shunts

    Epiderme

    Fig. 12-5. Esfincferes pre-co-pilares (A) e pre-shunts (.1nopele. Os esfincteres pre-cupi-lores requlom 0 fluxo sonqot-neo nutricional do pele e res-pondem a estfmulos locois. Osesfincteres pre-shunts estuoenvolvidos no termorregulo-c;ao e sao comnndcdos porestimulos simpoticos proveni-entes. do sistema nervoso cen-tral.

    ///.s>: Denne

    Gordurasubcutdnen

    Mus-culo

    arteriovenosos, provocando, de uma forma transitoria,uma vasodilatacao e urn aurnento do fluxo sanguineo narnicrocirculacao capilar. Este fato e de importancia clini-ca nas microangiopatias provocadas por diabetes, hiper-rensao, var izes em membros inferiores e tabagisrno'.

    ANATOMIA E FISIOLOGIANEUROVASCULAR DOS RETALHOS

    o suprimento sangiiineo para os retalhos s50 feitos ba-sicamente de duas formas:1. As arterias miocutaneas, apos nutrirem e atravessa-

    rem os musculos, dao ramos perpendiculares a pele,os quais formacao os plexos subdermicos e dermicos,e destes plexos partem ramos que irrigarao pequenossegmentos circulares de pele (circulacao randomiza-da). Esse e 0 padrao vascular, principalmente, dosretalhos ao acaso, cuja circulacao depende do nume-ro de perfurantes em sua base e, atraves da rede mi-crovascular do plexo derrnico, levam 0 sangue ate aponta do retalbo. Relacoes entre a largura da base e 0comprimento do retalho ao aeaso foram menciona-das em diferentes regioes corporeas, mas hoje em dia-'essas relacoes largura/ comprimento nao sao bern acei-tas pela maioria dos autores, e sabe-se que 0 impor-tante mesmo e 0 numero de perfurantes na base dore talho . Esses reta lhos sao gera lmente locais, ou seja,proxirnos ao defeito, e podem ser movimentados pGrrotacao, transposicao, avanco ou tubulizados.

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    110 Con ce i to s B a s ic o s

    2. As arterias septocutaneas, ou cutaneas diretas, aposemergirem de seus rarnos segmentares, correm parale-las e longitudinalmente a pele, enviando pequenos ra-mos que forrnarao os plexos subdermicos e dermicosem uma extensa regiao da pele, muitas vezes estreitas,porem cornpridas; possuem em geral urn ou dois ra-mos venosos, ou ate um ramo nervoso, que acompa-nham seu rrajeto, forrnando 0 charnado pediculo neu-rovascular. Esse i: 0 padrao vascular, principal mente,dos retalhos axiais, que em geral sao rna is longos, commaior flexibil idade para rotacoes e menor possibilida-de de necrose, podendo ser em ilha de pele; alern disso,a area de pele a ser incluida no retalho pode ser au-mentada pela circulacao randomizada dos plexos sub-dermicos e dermicos (como no padrao ao acaso).o suprimento nervoso da pele origina-se dos ner-

    vos sensitives e dos nervos do sistema simpatico. A iner-vacao sensitiva e distribuida em segmentos, formandoos dermatorrios, e participa na funcao protetora da pele.As fibras srmpaticas cutaneas terminais pos-gangliona-res l iberarn neurotransmissores: (1) noradrenalina e adre-nalina, que produzem vasoconstricao e fechamento dosesfincteres pre-capilares e pre-s1wnts, alern da angioten-sina e vasopressina, que produzem 0 mesmo efeito poracao humoral; (2) acetilcolina, que produz vasodilata-

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    Retalhos Cutancos: Fisiologia, Classificacao, Principais Retalhos 11 1

    formando os brotos capilares, que crescem e se anastomo-sam uns aos outros, formando a nova rede capilar.

    Para prevenir uma incontrolavel neovascularizacao,h a mecanismos de inibicao, ou ate pelo proprio conta-to; como 0 que ocorre continuamente com 0 processode coagulacao.o retorno venoso ocorre pel os plexos subdermicoe dermico ou pelos canais venosos que acompanham asarterias que comp6em os pcdiculos. A oclusao ou con-gestae venosa pode ser mais danosa para a sobrevivenciado retalho do que a insuficiencia arterial , pois ela ocorremars facilmente devido a menor pressao de perfusao,

    A lcsio linfatica tambern ocorre, levando a urn au-menta da pressao coloidosmctica do liquido intersticial,devidn ao aumento da permeabilidade vascular, extravasa-mento de proteinas, e pela acao de substancias inflamat6riashberadas no local; 0 edema resultante pode diminuir aperfusaocapilar devido it compressao externa aos capilares,levando ao aumento da resistencia intravascular.

    Tanto os nervos sensitives como os simpeticos saolesados com a elevacao do retalho. Enquanto a lesaosensitiva causa poucos problemas, a lcsao do nervo sim-patico provoca a l iberacao de catecolaminas, que provo-carao vasoconstricao e consequente reducao do fluxosanguineo local . Esse fator , soma do a reducao da pres-saode perfusao causada pela lesao de algumas arteriasperfurantes, leva ao colapso dos capilares, principalmentenasporcoes rna is distais do retalho, que pode durar de2 4 a 48 horas. Ate a reversso total desse quadro, que soocorre com a diminuicao da coricentracao de noradre-nalina e0aumento da pressao de perfusao capilar indu-zidapela a30 constri tora inicial da noradrenali-na por urn periodo medio de 12 a 24 horas, leva nova-mente oxigenio ao metabolismo celular, formando osradicais livres (tam bern chamados de prcduros da reper-fusao), que podem causar dano celular, induzi ndo anecrose. 0uso de antioxidantes ou de quelantes dessesradicais l ivres (alopurinol, superoxido disrnutase, defe-roxamina, vitaminas A, C e E, arninoacidos) pode neu-tralizar esse efeito deleterio, protegendo os retalhos.

    Estimulo onqicqenicc

    1A

    Fig. 12~7. Bcpos do onqicqenese: A. Estimulo iniciol com retrccdo des celulcs endoteliais e afinamenfo do membrana basal. B . Migro

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    112 Conceitos Basicos

    perbarica pode ser usada, tarnbem, para induzir a gra-nulacao em feridas extensas (traumas, queimaduras),

    Drogas que Influenciam a Microcirculacaoo uso de drogas dilatadoras da microcirculacao, como 0buflomedil, tern demonstrado eficacia na prevencao danecrose em retalhos com evidencias clin icas de sofrimen-to artenal (palidez, diminuicao da temperatura, au s en ciade reperfusao pos-cornpressac). A dose e de 150mg EV de8/8 horas, continua, inic iada ja no transoperatorio, ate 2ou 3 dias, periodo no qual se inicia a rnicrodilatacao capi-lar fisiologica; pode ser mantida por urn periodo ate 7 a10 dias em alguns cases, periodo em que se inicia a neo-vascularizacao do retalho atraves do seu Ieito receptor.Outros vasodila tadores (histamina, hidra lazina) tern sidoestudados, mas sem demonstrar eficacia cornprovada, Aindicacao para 0 uso dos microvasodila tadores continuaernpirica e baseada em observacoes clinicas.

    Vasodilatadores de acao indireta, como alguns agen-tes anestesicos (isoflurano) que bloqueiam a acao sim-patica inicial de vasocoristr icao, tern demonstrado efi-cacia na prevencao da necrose.

    A pentoxifilina (trental), substancia que atua nacamada extcrna das hernacias, aumentanda sua mabiIi-dade e capacidade de deforrnacao e facilitando sua pas-sagem nos capilares mais estreitos, tern demonstrado sereficaz na prevencao da necrose - na dosagem de 1 ou 2ampolas EV de 6/6 horas, continua, ou comprimidoVO de 6/6 horas,

    Drogas. que atuam no processo inflamat6rio, cau-sando vasodila tacao (indornctacina , ibuprofeno), podemser utilizadas, A aspirins (AAS), droga que bloqueia acicloxigenase, bloqueando 0 processo inflarnatorio , naoesta indicada, pnncipalmente devido a sua outra acaoantiagregante plaquetaria,

    Expansao TecidualA expansao de tecidos aumenta 0segmento de pele eoutras estruturas a serern transferidas nos retalhos, Es-tudos revelaram a ocorrencia de aumento da atividademitotica na epiderme, aumentando sua espessura, en-quanto a derme se adelgaca. A colocacao do expansoracaba funcionando como urn processo de autonamiza-

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    lfrII!f

    Retalhos Curaneos: Fisiologia, Classificacao, Principais Retalhos 113

    o sistema ncrvoso simpatico tern a funcao de contro-la r 0 fluxo sanguineo capilar para que ocorram a termorre-gulacio e a nutncao celular, atraves da abertura e/ au fe-charnento dos esfincteres pre-capilares e pre-shllnts. Coma simpatectomia provocada pela autonomizacao, ocorre-r iam uma abertura dos esfincteres pre-shun ts e uma va-soconstricao capilar provocada pela liberacao de nora-drenalina a partir desses terrninais nervosos seccionados,resultando ern desvio do fluxo sangiiineo da rede capl-lar, dirninuicio da pressao de perfusao capilar e conse-quente isquerma. Nesse momento, poder-se-ia observarate urn sangramento na extremidade do retalho, fato esteque se explicaria pela lesao dos shunts arteriovenososque estao corn 0 fluxo sanguineo aumentada devido aabertura dos esfincteres pre-shunts, causada pela simpa-tectomia. Esse sangramento nao significa que esteja ocor-rendo nutricao celular ate a ponta do retalho, pois a redecapilar esta exciuida do fluxo sanguineo.

    Essa situacao vai sendo revertida aos poucos peladeplecao da noradrenalina e pela acao de substanciasinflamat6rias que provocam vasodilatacao. A isquemiae a liberacao de fatores de crescimento angiogenicos in-duzem a neovascularizacao local, que rnclhoraria a cir-culacao no retalho a ser levantado posteriorrnente.

    CLASSIFICACAo DOS RETALHOSA classificacao dos retalhos po de se r feita com base erndiversos aspectos":I. De acordo com 0 suprimetito sangiifneo:

    1. Randomizados: sem pediculo definido, recebem f1u-XO sanguineo das arterias miocu taneas, que envi-am ramos para formar os plexos subderrnico e der-mico (p, ex., retalhos ern avanco, V-Y, roracao).

    Fig. 12-8. Retalhocutonec em avan~a (Mustar-de}, com pediculc 00 ccus.o, para reccnstruccode regiao malar e palpebra inferior direitc, pes-exerese de eBC recidivado.

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    114 Conceitos Basicos

    Fig. 12~9.Retalho cutcneo frontaf em avan~o, bilateral,com pedfculo axial (arteria e veia temporal superficial},para recons+rucoo de reqioo Frontoqlcbelcr, pos-exerese&COC A

    c

    Incisao compensatoria Trlanqulo de Burow

    DefeitoPonto de rotacao

    Fig. 12-10 A. Retalho cutOneo em rorocoo. B. lncisoo de compensocoo. C. Irionqulo de Burow: pode ser usado quando e necessariarotar;oo ndicionol au mnior compensocuo.

    2. Axiais: corn pediculo definido, recebem fluxo san-guinea das arterias septocutaneas e cutaneas dire-tas que enviarn ram as para formar as plexos sub-derrnico e derrnico; 0 comprimento do retalhodepende do tamanho e do trajeto da arteria quecornpoe 0 pediculo, geralmente formando urn fei-xe neurovascular. Podem ser de dois tipos:a. Peninsular; tern continuidade da pele da base

    ate a ponta do retalho (p. ex., retalho frontalcom pediculo na arteria supratroclear).

    b. Em ilh: nao tern continuidade da pele, levan-do apenas urn segmento de pele interposto por

    urn segmento somente com 0 feixe neurovascu-lar; tern melhor mobilidade para rotacoes (p. ex.,retalho chines, retalho interdigital) .

    Podem ainda sc r divididos em retalhos axiaislocais ou a distancia (microcirurgico].

    II De acordo com a Iocalizsciio do rctslho:1. Local: quando 0 retalho csta adjacente ao defeito,

    geralmente mantendo as caracteristicas da pele aser reconstruida (cor, textura, pel os, espessura). Essesretalhos necessitam de menos cstagios operaroriose menos tempo de hospitalizacao, sendo ideais paraindividuos mais idosos. Podem ser de do is tipos:

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    Retalhos Cutaneos: Fisiologia, Classificacao. Principais Retalhos 115

    Fig. 12-11. A. Reiolho cutdneoem tronsposicco. B. lncisnocornpensotorio que pode serusado pam rotocco odic ioncldo retcihc.

    A

    Incisao compensat6ria

    Oefeitosecundano

    '\\Ponto de rotacao

    A

    c D

    rotacao

    Fig. 12-12. Retolho cutcneo em interpolcceo. A e B. 0 reiolhocotcneoe rodado para um defeifo no vizinhoncc, com 0 pediculopassando sobre urn segmento de pele sadio. CeO. Tres semanasdepois, opes a porcco distal do retolho adquirir urn novo supri-mento scnqumeo, 0 pedtculo e exciscdc.

    a. Que rodam sobre seu proprio eixo: em rotacao,em transposicao ou em interpolacao.b. Em avanco: movem-se diretamente sobre 0defeito,sem movimentos de rotacio ou lateralidade. Podemser de pediculo simples, bipediculado ou em V-Yo

    2. Disnincis: a area doadora do retalho e distante dodefeito a ser reconstruido. Os retalhos podem ser:a. A distancia diretos: geralmente tornarn necessa-

    ria urna etapa cirurgica para a confeccao do re-talho e outra para a liberacao do seu pediculo 3a 4 sernanas apes; a mobilidade das extremida-des (membros superiores e inferiores) Ie de gran-de importancia (p. ex., retalho inguinal - groinfiap-, para reconstrucao do dorso da mao, cross-leg, cross-finger, retalho de Tagliacozzi - (doantebraco, para reconstrucao do nariz).

    b. A distancia indiretos: transfercm-se tecidos atra-ves de urn transportador (geralmente urn mem-bro) ou atraves de rnigracoes (tubos pedicula-dos), Sao pouco utilizados apes 0 surgimentodos retalhos microcirurgicos.

    Fig. 12-13. 0 retolho cutoneo em rotocdo sobre urn eixo de rotc-~60 +ornc-se menor em comprimento quanta maior a grau derotocoo do reialho.

    ARGO VERDADEIRO

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    116 Conceitcs Basicos

    c

    t yExpansaopantogratica

    'TriangUIOde Burow

    y

    Fig. 12-14. Retalho cutoneo em cvcnco monopediculodo. A. Avonco obtido com a elasticidade do pele. B. Avon,o com a excisoo do+rionqulo de Burow. C. Avonco com exponsdo pontogr6fica.

    Fig. 12-15. Reta lho cut6neo em avan~o bipediculado .

    III De acordo com a rcgiJo anat6mica:1. Retalhos da cabeca e do pescoco2. Retalhos do tronco3. Retalhos de membros superiores4. Retalhos de mernbros inferiores

    IV De scordo com a composicio d05 retalhos:1. Simples: quando tern uma unica estrutura ana t o -

    mica (cutaneos, de mucosa, de fitSCla, musculares,tendinosos, de omento).

    2. Cotnpostos: quando tern duas ou mais estruturasanatornicas (fasciocutaneos, rniocutaneos, osteo-rnusculares, osteocutaneos, condrocutaneos).

    PRINCIPAlS RETALHOS1. Retalho frontal mcduuio: localizado na regiao fron-

    ta l central, acirna dos musculos da mimica facial (fron-tal, corrugador e pr6ceros), e urn retalho fasciocu ta-neo do tipo C.

    Inervacao motora dos ramos frontal e zigomatico donervo facial e inervacao sensi tiva do supratroclear E su-pra-orbital. 0pediculo dominante e a arteria suprarro-clear e veia concornitante. Aplicacoes clinicas: reconstru-~ao nasal (principal), infra-orbital, orbital e sobrancelhas.

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    Retalhos Cutaneos: Fisio logia, Classi ficacao, Pr incipais Reralhos 117

    c2 . R c ts lh o f ro nt al : localizado na regiao frontal, entre a J i-nha do cabelo e a sobrancelha, com sua base em umadaslaterals da fronte, e um retalho cutaneo ou fasciocu-taneo do tipo A. Pediculo dominante na arteria e velatemporal superficial , Inervacao motora do ramo tem-poraldo nervo facial e sensitiva dos nervos supratrocle-ar,supra-orbital,lacnmal, temporomalar e auriculotem-poral.Pode ser peninsular ou em ilha, e de pediculor e v e r s e , Aplica~oesclinicas: cobertura do terce media einferiorda face,lateral da face, cavidade oral e seio ma-xilar,reconstrucao da sobrancelha, do nariz e da lingua.

    B

    Fig. 12-16. Retalho cut i'mea em ovonco, b ilateral, pos-ornpl io-~60 de margens cirurqicos de melanoma em dorso. Note 0tri-angulo de compensccco de Burrow.

    3. Retslho nasolabial: localizado no suleo nasolabial ounasogeniano, i: urn retalho cutaneo axial ou ao acasodo tipo C. Incrvacao sensitiva da divisao medial dotrigemeo. Pediculo dominante da arteria angular (ramoterminal da arteria facial). Pode ser com base superiorau inferior, au tarnbem avancado em V-Y Aplicacoesclinicas: reconstrucao do nariz, dos Iabios superior einferior, do assoalho da boca, e da regiao malar.

    4. Retalho dcltopeitorel: localizado na regiao antero-su-perior do t6rax, do esterno ate a musculo delt6ide; eurn retalho cutaneo au Iasciocutanco do tipo C. Iner-

    Fig. 12- 17. Retalhocutoneo em interpo-locoo, tipo Romberg,cos-umpliocco demorgens cirurqiccsde melanoma emdorso.

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    118 Concertos Basico s

    A

    /./ ii, ,/ j, /1/;1.f/ " ' ( .(

    'j "\\cFig, 12-18. Retalhos diretcs transferidos a dlstoncio A. Retalho cutoneo direto do Ironco paro a mao. B, Retalho cu+cneo direlo domembro superior para a ncria {Taglioconi/1597], C. Retalho cutoneo direto (cross-leg),

    fig, 12-19. Retalhos indiretos transferidos a distoncio, em estcqios.do abdome - punho - face.

    vacao sensitiva segrnentar do segundo ao quarto nervointercostal. Pediculo dominante nos primeiro, segundoe terce iro ramos perfurantes da arteria mamaria in terna ,Aplicacoes clinicas: cobertura dos tercos medic e inferi-or da face, cavidade oral e labia inferior, pcscoco, re-construcao de es6fago, microcirurgico para cabeca epescoc;:o; se for autonomizado pode ser ampliado.

    5, Retalho inguinal (groin-flap): localizado na regraoinguinal lateral, entre os vases femora is e a cristailiaca posterior, com seu eixo longitudinal paraleloit linha 3cm inferior ao ligamento inguinal, com 6 alOcm de largura; fasciocutaneo do tipo A Inerva-

    B

    Fig. 12-20. Retalhos indire+os a distoncia movidas por miprccco.A. Waltizing. B. Caterpillar. C. Retolho tubulor.

    c;:aosensitiva segmentar em T12. Pediculo dominan-te na arteria e veia iiiaca circu nflexa su perficial. Podeser expandido e sensitive. Aplicacoes clinicas: co-bertura de mernbros superiores, parede abdominal eperineo; microcirurgico para cabeca, pescoc;o e mem-bros.

    6. Reulho radial do entebreco: retalho longo, fino, bernvascularizado, na face ventral do antebraco; cu t aneoou fasciocutaneo do tipo B. Inervacao sensitiva donervo cutaneo lateral antero-braquial e do nervo cutf-nee medial antero-braquial; embora 0nervo radia l naoinerve esse retalho, de pode ser incluido no retalho

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    Retalhos Cutiineos: Fisiclogia, Classificacao, Principa is Reta lhos 119

    BFig. 12-21. Retolho tcsciocutoneo torccoubdornincl, a distancio, direto, para reconstrucco de cotove lo direito. 0 paciente :sofreu ompu-tccco de orticulccnc de cotovelo par serro eletricn: foi reolirodo ortrodese de crticulccco de cotovelo, que evcluiu com infecqao, necrosedepele e exposicco de materia l de sfntese. A area doadora do retalho foi reccnstruidc com enxerto de pele parcial de face externa decow direito. 0 pediculo do retolho fOI liberodo npos 4 semanas.

    Fig. 12-22. Retclho cutoneo frontol media no, em flha, com pedlculo axial {orteric supra-orbital direito], a distcncic, direto, para recons-trucdo de Gsa nasal esquerda pos-exerese de esc que comprometia plano toto! da parede nasal. 0 plano mucoso foi reconstrutdo comretolho cutoneo em ccrnbclhoto de SNG, corn pediculo 00 cccso, 0 pediculo foi liberodo op6s 4 serncncs.

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    120 Conceitos Basicos

    como enxerto nervoso microvascular. Pediculo domi-nante na arteria radial e retorno venoso pela veia cefa-lica (superficial) e veia radial (profunda). Pode ser re-verso, expandido, sensi tive, musculovascularizado, ten-dineocutdneo e miocutaneo. Aplicacces clinicas: co-bertura do antebraco, cotovelo, punho, mao e polegar;microvascular para reconstrucao de cabeca e pesco\;o ,t6rax e membros, es6fago e penis,

    7. Retafho dorsal do pe localizado nos dois tercos me-diais do pe, do calcaneo ate a base do halux, cutaneoau fasciocutaneo do tipo B. Inervacao sensitiva dosramos superficial e profunda do nervo peroneal. Pe-diculo dominante nos ramos perfurantes septocuta-neos cia arteria e vcia dorsal do pe e prirneira arteriametatarsica dorsal; retorno venoso tambern pela veiasafena. Fode ser reverso, expandido, osteovasculariza-do, peninsular ou em ilha, tendineocutaneo ou sensi-

    Fig_12-23 A. Retalho cutOneode SNG esque-do, em cvcnco V - Y / para reconstrucco de re-gioo molar esquerda pos-exerese de CBC mul-tifocol. B. Pediculo 00 uccso. C.Aspecto pas-operotorio imedicto: realizado contopexio ( tor-sol trip) em palpebra inferior esquerda paraprevencco de ectropio cicatricial. D. AspedoD pos-operotorio tordio.

    tivo . Aplicacoes r. linicas: cobertura do terce inferiorda perna, tornozelo e dedos.

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