mateus 21,33-46 - vinhateiros homicidas

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1 Introduo 1.1 Tema do Estudo NaparboladosvinhateiroshomicidasemMateus21,33-46encontramos importantesconexescomocnticodavinhaemIsaas5,1-7.Ascaractersticas literrias, em ambos textos, sugerem que o cntico da vinha de Isaas serviu origi-nalmente como ponto de partida, provocando ressonncias na parbola dos vinha-teiros. Opresentetrabalhotemafinalidadedecontribuirnosentidodepropor-cionarsubsdiosparaaveriguaressapossvelintertextualidade.Almdeanalisar elementos que evidenciam como a parbola1 foi adaptada por Mateus em uma fa-se posterior da tradio. Como texto base para o presente estudo, tomaremos a percope de Mateus 21,33-46 luz do contexto das parbolas de juzo2. Mateus interpe, com seu ma-terialprprio,aparboladosdoisfilhos(21,28-32),paraquedepoisdaparbola dosvinhateiroshomicidas,sigaimediatamenteaparboladobanquetenupcial (22,1-14), tomada da fonte das sentenas.Todas as trs narrativas tm em comum apontar para a substituio de Israel3 na histria da salvao4. 1 HUBAUT, M., La parabole des vignerons homicides, 1976, p.11. As parbolas constituem um doslugaresprivilegiadosdaexegesedoNovoTestamento,encontram-senelasoecodapalavra anunciada por Jesus a seus contemporneos e o testemunho devolvido ao seu Senhor pela comuni-dade crist.2 As trs parbolas (parbola dos dois filhos: 21,28-32; vinhateiros homicidas: 21,33-46 e a par-bola do banquete nupcial: 22, 14) aparecem em seguimento da primeira controvrsia sobre a auto-ridade de Jesus (Mt 21, 23). O contexto em que as parbolas se encontram, sugere que os rejeita-dos por Mateus so os lderes que se opuseram a Jesus. 3 Cf., SALDARINI, A. J.,A Comunidade judaico-crist de Mateus, 2000, p. 119. Para Saldarini, as polmicas mateanas voltam-se contra lderes rivais: Embora seja, s vezes, descrito como anti-judaico, na verdade Mateus reserva seu veneno para lderes judaicos hostis e, ocasionalmente, para quem segue esses lderes em uma firme rejeio de Jesus. No s os lderes, mas tambm as insti-tuies que eles controlam e as interpretaes da lei e do costume judaicos que eles propem para a sociedade judaica, so submetidos a ataque constante e sistemtico.4Cf.,OGAWA,A.,Parabolesdel'Isralvritable?ReconsidrationcritiquedeMt.XXI28- XXII 14, em NT 21, 1979, p. 121. De acordo com Ogawa, as trs parbolas registradas em 21,28 22,14, freqentemente, so tratadas como histria da salvao em Mateus. No se duvida que no 14A preferncia por essa percope foi determinada, basicamente, porque nela vemos a leitura e a aplicao de um texto isaiano. A tradio mateana, provavel-mentedeuumsentidohistrico-salvficoeumainterpretaocristolgicaeecle-siolgica parbola dos vinhateiros. Otextoisaianoqueprovocaessaressonncianaparboladosvinhateiros homicidas o cntico da vinha de Isaas 5,1-7. Analisaremos de forma parcial, o rastro que esse texto no hebraico e tambm na verso da Septuaginta provocaram na fonte do redator de Mateus que Marcos. 1.2 Mtodo Quantoaomtodo,utilizaremos,porbase,omtodohistrico-crtico.O desenvolvimentodadissertaoestarticuladoemcincopontos,precedidospela introduoesucedidospelaconcluso.Ospontosestointerligadosumaooutro pela constante retomada de seus principais resultados. Apesquisaintroduzidapelostatusquaestionis.Neleestoindicadosos resultados das principais pesquisas feitas sobre a temtica para estabelecer o obje-to caracterstico de nossa pesquisa. Iniciaremos a pesquisa, tratando da crtica lite-rria da parbola dos vinhateiros homicidas. Pesquisaremos tambm o gnero lite-rrio de Isaas 5,1-7. Em seguida analisaremos os pontos de conexo de Isaas 5,1-7nosvinhateiroshomicidas.Apartirdestaapreciao,indicamosahiptesede trabalho, que guiar as sucessivas reflexes. NoterceirocaptulotomaremosotextodeMateus21,33-44.Iniciaremos comatraduoeacrticatextual,logoemseguida,adiviso,unidade,estrutura do texto de Mateus 21,33-46 dentro do contexto maior. Feito isso, iremos fazer a anlise sintica dos vinhateiros e concluiremos tratando da fonte de Mateus 21,33-46. Noquartocaptulo,examinaremososaspectosliterriosemIsaas5,1-7. IniciaremoscomaestruturadotextodeIsaas5,1-7etrataremosdoselementos exprimam uma substituio de Israel pela Igreja. Esta interpretao pensamento do evangelista. Portanto,oredatordestagrandeseotemrealmenteemperspectivaqueastrsparbolasmos-tram de que a Igreja o verdadeiro e; qnoj de Deus que tomou o lugar de Israel. 15constitutivos da narrativa de Isaas 5,2 e 5,7 no Texto massortico e na verso da Septuaginta. No quinto captulo apresentaremos os resultados da anlise exegtica. To-maremos como ponto de partida a anlise histrico-transmissiva do texto de Ma-teus 21,33-46, com isso verificaremos a autenticidade da parbola dos vinhateiros e a anlise da redao de Mateus 21,33-46. Omomentosucessivoserdesumaimportnciaparaadissertao.no sexto captulo que estaro, de certa forma, os principais resultados dos passos an-teriores,paraondeconfluemasreflexesprecedentes.Tendopresenteadiviso do texto, o gnero literrio e a relao entre Mateus 21,33-46 e Isaas 5,1-7 (tanto notextohebraico,comona Septuaginta), faremos uma anlise detalhada dos ter-mosmaisexpressivosdeambaspercopes.Comestametodologia,buscaremos apresentar os dados mais decisivos para a temtica da dissertao. Nos aspectos da intertextualidade entre Isaas 5,1-7 e Mateus 21,33-46, enfocaremos o ideal moral contido na anlise jurdico paradigmtica dos respectivos textos. Chegaremos as-sim reflexo conclusiva da dissertao. Este ltimo ponto ter presente os estu-dosanterioreseasinformaesobtidasapartirdaanliseexegtica,verificare-mos, ento, a hiptese do trabalho: se for possvel demonstrar que em Mateus foi preservada anaturezajurdicaparadigmtica da parbola, conforme encontramos emIsaas5,1-7apartirdasressonnciaspresentesnaparboladosvinhateiros homicidas de Mateus 21,33-46 e sua aplicabilidade no contexto mateano. 2 Status quaestionis Como ponto de partida apresento as diferentes pesquisas e resultados mais relevantes aos quais chegaram os diversos exegetas principalmente no ltimo s-culo de pesquisa. Trs aspectos so fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa desta obra:1-Osaspectosliterriosdaparboladosvinhateiroshomicidas(Marcos 12,1-12; Mateus 21,33-46); 2 - A discusso do gnero literrio de Isaas 5,1-7; 3 - Os pontos de conexo de Isaas 5,1-7 na parbola dos vinhateiros homicidas. 2.1 A crtica literria da parbola dos vinhateiros homicidas Deacordocomatradiodacrticaliterria,aparboladosvinhateiros homicidasfoiapresentadacomoumaobragenunadacomunidade1.Ahistria, com seus pormenores to significativos, apresenta-se no como uma narrativa ori-ginal, mas uma construo artificial, efetivamente trabalhada nos seus contornos, porm com dados originais que podem ser percebidos, conseqentemente, tornan-do-se uma alegoria2 cristolgica3. 1 Cf., BARBAGLIO, G., Os Evangelhos (I), 1990, p. 323. De acordo com Barbaglio, na comuni-dade crist primitiva, havia a tendncia de prolongar o alcance das palavras do Senhor, precisando, acrescentando e ilustrando-as com textos bblicos. a lei prpria de toda tradio viva. Exigia-o a situao da Igreja que olhava Jesus de Nazar atravs da luz refletida pela ressurreio e vivia no-vas experincias de f.2 Cf., LUZ, U., El Evangelio sgun san Mateo, Mt 18-25, 2003, p. 293. Luz observa: na antigui-dade crist no se ignorou por completo as caractersticas especficas da parbola (cf., Tertuliano, CSEL 20,235ss), na maior parte das vezes era identificada praticamente a parbola com alegoria. Os comentaristas tm interpretado os vinhateiros homicidas, em sentido alegrico, a luz da histria da salvao desde Irineu (Haer. 4,36,2). Este tipo de interpretao alegrica defendido, segundo Orgenes (17,6 = GCS Orig X, 591s), por Apolinar de Laodicia, fr 110 = 37; Teodoro de Heracle-a, fr 112 = 88; Jernimo, 196; Beda, 94; Teofilacto, 380; Dionsio bar Salibi III,12; Eutimio Ziga-beno, 561-563. Posteriormente, na reforma Zwinglio, 362; Calvino II, 198; Maldonado, 339; Lapi-de, 407, interpretaro os vinhateiros neste mesmo sentido alegrico. 3 TRILLING, W., El Verdadero Israel, 1974, p. 76. 17O estudo moderno das parbolas4 parte da superao do conceito entre pa-rbola e alegoria pela obra de Adolf Jlicher5, que criticou efetivamente as inter-pretaesalegorizantesnostextosevanglicosequedevemseranalisadasnuma perspectivamaissecundria.AsparbolasparaJlichernoremetemaverdades universais, se no a situaes concretas do ministrio de Jesus.AgrandeimportnciadeAdolfJlicheremsuaobraDieGleichnisreden Jesu, foi concentrar de maneira crtica, que a interpretao alegrica6 exagerada e, que as parbolas de maneira alguma admitem esse procedimento. Ele exclui de modo enftico, qualquer possibilidade de interpretar as parbolas como alegorias. Para Jlicher e seus seguidores, trata-se de uma alegoria criada pela Igreja primi-tivacomoolharpostonamortedeJesus, portanto, Jlicher tem conscincia da distncia que existe entre Jesus e os evangelhos e, fundamental compreender que osevangelhosentenderamasparbolascomoumdiscursoobscuroededifcil compreenso, que precisava ser interpretado7. 4 C.f, THEISSEN, G. e MERZ, A., O Jesus Histrico, 2002, p. 344. Com A. Jlicher comeaa modernapesquisasobreasparbolascomorejeiodainterpretaoalegricapredominanteat ento,queviaasparbolas,pontoporponto,comodecifraodemistriosteolgicos.[...]Em Jesus, elas originalmente tinham como alvo um ponto de comparao (one-point-approach), pelo qual se exprimia uma verdade universal.5 JLICHER, A., Die Gleichnisreden Jesu, 1910. 6Cf.,CARLSTON,C.E.,ParableandAllegoryReconsidered,emCBQ43(1981),p.235.Na anlise que Carlston faz da obra de Hans-Josef Klauck, Allegorie und Allegorese in synoptischen Gleichnistexten (NTAbh ns 13; Munster: Aschendorf, 1978), pp. viii + 410, DM 110;e Hans We-der,DieGleichnisseJesualsMetaphern(FRLANT120;Gottingen:Vandenhoeck&Ruprecht, 1978),pp.312,N.P.CarlstonsintetizaacrticaqueosautoresfazemaA.Jlicher,queparece, segundoeles,cometercincoerrosessenciais:(1)Jlicherentendealegoriacomocontendocor-respondnciadepoint-by-pointqueeleimaginaserfundamentalmentediferentedacorrespon-dnciaholisticnaparbola;istonorespondeadequadamentepelomodoqueamentetrabalha usando fala metafrica, e no explica a proeminncia de formas misturadas nas parbolas crists e judaicas. (2) Ele acredita que na alegoria o que importa so conceitos de fora do texto sem respeito para a histria ou sua forma literria;mas amesma raridade de linguagem parablica outside o qualnospermitereconhecercomocontemplaodaparbolaeainevitabilidadedeintruso,de forma que alegoria no pode ser distinguida da parbola nesta base. (O segredo em linguagem me-tafricaacharraridadescompletamenteaceitveis!)(3)Aalegoriaindiferentesestticasdo texto;masistosparcialmenteverdade.E,emtodocaso,podemosconfrontarlegitimamente com a pergunta de Kierkegaard, whether the aesthetic is the sole or most important category for conceiving of the Christlichen (Klauck, A llegorie, 358).(4) Ele mostra que a alegoria que est obscuradeveserdecifrada.Istoparcialmenteverdadedealgunstextosantigos(especialmente nosapocalpticos),masnorespondepelousoouproliferaodecondiessimblicasextensa-menteentendidasquefizeram(efaz)alinguagemmetafricacompreensvelaoouvinte.(5)Ele assumequeasparbolastmumtelosticosimples.Mas,parbolaealegoria podemservirpara iluminar uma verdade conhecida; elas podem ser didticas ou polmicas; elas podem desafiar o mundodoouvinteoupodemconfirm-lo;elaspodempedirostiposmaisvariadosderespostas; etc.Assim,nopodemserdistinguidasparbolas daalegoria,e nempodemserinterpretadasem termos de um simples telos.7Cf.,GNILKA,J.,JesusdeNazar,p.86.DeacordocomGnilka,Jlicherapresentaumaregra prtica para reconstruo da parbola: Jlicher deixa-se dirigir por uma compreenso da parbola 18ComCharlesHaroldDodd8eJoachimJeremias9,analisadocomtotal perceptibilidade,justamenteutilizandooconceitodeparboladesenvolvidopor Jlicher, que as circunstncias visveis do ministrio de Jesus, as que remetem su-as parbolas, so situaes puramente criadas e institudas por sua predicao es-catolgica. Tais situaes so acompanhadas por sinais e gestos em que se materi-alizam com total evidncia teolgica.Partindo da linha interpretativa de Jlicher, Dodd e Jeremias se tm desen-volvidotodaaexplicaomodernadasparbolas10,principalmentecomLinne-mann,Dupont,Eichholz,Lambrecht,etc.Nosltimosdecnios,ascrticasmais tradicionais abrangem efetivamente novos questionamentos. Na linha de Jlicher-Dodd-Jeremiassetemvistoradicalmentequestionada,inicialmentenaEuropae em seguida, sobretudo nos Estados Unidos, novos caminhos para elucidar e inter-pretar, de maneira mais convincente, a constituio da linguagem parablica. Essanovafasetransparecedeformarevolucionriaecomplexa,cujaca-racterstica mais evidente a alterao total da exegese a partir das novas contri-buies da lingstica, da retrica e da crtica literria. Nela segue algumas indica-es que se remontam a E. Lohmeyer11 e Ernst Fusch12. Mostra um razovel em-penhoporreconduzirafcristaoJesuspr-pascoal,comopossvelopoao kerygmadaressurreio.Emnomedocontedoescatolgico-cristolgicoda mensagem,Fuchsetantosoutrosrenomadosexegetas,quedecisivamenteman- que havia sido marcada por Aristteles. Com isto a parbola de Jesus classificada como um dis-cursoargumentativo,oucomoumelementodeprova.claroqueelaconsideradacomouma forma de discurso que em si clara, que pode ser entendida imediatamente. Com auxlio da par-bola o fio do discurso como que duplicado. Ao lado da coisa em si surge a imagem. A imagem, com que os ouvintes de bom grado concordam, usada por Jesus com o fim de os estimular a con-cordarem tambm com a coisa, em relao qual eles talvez tenham objees. A parbola uma prova que vai daquilo que aceito para o semelhante que ainda no foi aceito. Sob a forma de i-magemaverdadetemmaisforadepenetraodoquesobformaabstrata.Aparbolatersido apreendidaplenamentecomoprovaquandohouvermosencontradoopontodecomparaoque existe entre a imagem e a coisa. neste orientar-se para o nico ponto de comparao que consiste a clareza do discurso parablico em relao complexidade da alegoria.8 DODD, C. H., The Parables of the Kingdom, 1961. 9 JEREMIAS, J., As parbolas de Jesus, 1978. 10 GNILKA, J., Jesus de Nazar, p. 88. 11LOHMEYER,E.,DasGleichnisvondenbsenWeingrtnern(Mark.12,1-12),emZST18, 1941, pp. 247-248. 12FUCHS,E.,WaswirdinderExegesedesNeuenTestamentsinterpretiert?InZurFragenach demhistorischenJesus. GesammelteAufstze,Tbingen, 1960,emTHEISSEN,G.e MERZ,A., OJesusHistrico,p.346.OautorJesusestpresentenasparbolascomsuaautoridade(na formadeumacristologiaimplcita).Elefazsuaspalavrascorresponderemsuaconduta.Os destinatriossodetalformamodificadospeloeventolingsticodasparbolasqueseabrem paraamensagemdeDeus. Assim,asparbolas produzemnosprpriosouvintesascondiesde seu entendimento (E. Fuchs).19tm-sefiisaesteplanejamento,criticamaconcepolingsticadeJlicherso-breaparbolacomoformadialgicaargumentativauniversal.Essesautoresna realidadebuscamumacompreensoalternativa,ondeinterpretamasparbolasa partir do evento-palavra, ou seja, evento lingstico dinmico, em que a forma lin-gsticadesenvolvacomocontedosalvficoumscorpoliterrioeaparbola passe a existir como linguagem caracterstica do prprio Jesus. Nas ltimas dcadas, em outro grupo de exegetas, principalmente como J. D.Crossan13,O.Via14,entreoutros,acrticalinhaclssicaJlicher-Dodd-Jeremiasdesembocaemconclusesdedefinioesignificadointeiramentedife-rentes. As parbolas so analisadas como obras literrias completas, que possuem um objeto esttico autnomo. Assim, criticam precisamente as teses sobre o con-tedoescatolgico-cristolgicodasparbolas,queasvinculariademasiadoassi-tuaes histricas, fazendo delas incapazes de falar ao homem de hoje. Na parbo-ladosvinhateiroshomicidas,essaslinhasinterpretativassoaludidas,conforme Crossan15 e B. B. Scott16, que discutiram a respeito da interpretao tardia da pa-rbola,queseencontranosevangelhoscannicoseatmesmo,deacordocom Crossan, ao contrrio do significado alegrico planejado pela tradio17 canni-ca18.ParaoexegetaalemoW.Trilling19,osevangelhossinticos,especial-menteMarcoseMateus,possuemdiferenasacentuadasquantoparbolados vinhateiros.Trillingobservaqueodesenvolvimentocristolgicodaredaodos vinhateiros em Marcos alterado nitidamente pelo redator de Mateus. A tradio 13CROSSAN,J.D.,TheParableoftheWickedHusbandmen,emJBL,Vol.90,n4,1971,pp. 451-465. 14 VIA, D. O., The Parables, pp. 73-93. 15 CROSSAN, J. D., op. cit., pp. 451-465. 16 Cf., THEISSEN, G. e MERZ, A., O Jesus Histrico, p. 347. O efeito original de uma parbola deve ser redescoberto por meio de uma descontextualizao radical, ou seja, pela desconsiderao do contexto dos evangelhos e da histria interpretativa, assim como pela anlise literria das estru-turaserelaesnaobradeartelingstica.Sentoencontramos,deacordocomB.B.Scott,a estruturareguladora(originatingstructure)daparbolaqueestnabasedasatualizaes(per-formances)individuais.Aspossibilidadesdereaooferecidasaosreceptoresnessasestruturas bsicaspodementoserreconstrudaspelaconsideraodocontextocultural,demodoquehaja no fim uma espcie de re-contextualizao. Bernard Brandon Scott tambm observa a tendncia rabnica na composio da parbola. 17 Cf., HUBAUT, M., La parabole des vignerons homicides, p. 11. De acordo com Hubaut, a crti-ca moderna: s vezes pronunciou uma dvida radical sobre a fidelidade desta tradio, suspeitada de ser mais criadora que preocupada em transmitir a mensagem de Jesus com todo teor primitivo.18Cf.HESTER,J.D.,Socio-RhetoricalCriticismandtheParableoftheTenants,emJSNT45, 1992, p. 33. 19 Cf., TRILLING, W., El Verdadero Israel, pp. 90-91. 20mateanavalorizaopapeldacomunidade,enquantoIgrejanasuarelaocomo judasmo.Porissodesenvolvidaumaampliaoprofundamenteeclesiolgica, queparaTrillingcorrespondebemmelhorinstruodaparbolae,quesuscita perfeitamente a idia do .|e; de Deus, conforme o canto da vinha de Isaas 5,1-7. Desta forma, na percepo de Trilling, Mateus no alegoriza a parbola no senti-dodenovasinterpretaes,assimcomoentenderamJeremias20eLohmeyer21.Trilling pensa que a principal implicao, que pode ser percebido nos vinhateiros, no so necessariamente os traos alegricos isolados, mas na importncia da de-clarao essencial mateana da culpabilidade de Israel. Numaperspectivamaismoderadora,U.Luzadmitequesetratadeuma parboladeJesusquecontinhacertostraosalegricoscomapossibilidadede que a parbola seja um produto da comunidade22. U. Schnelle analisa que os elementos alegricos dos vinhateiros, claramen-te predominantes em Mateus, derivam de Marcos e os adota nos aspectos essen-ciais,masabreviaumpoucoocursodaao,conferindo-lheaomesmotempo maior vivacidade e arredondando a linguagem23. Por sua vez, R. J. Dillon ponde-ra os vinhateiros avaliando principalmente o interesse em uma possvel reconstru-o da histria do uso desta parbola na instruo e reflexo da Igreja mateana24. O debate suscitado por Jlicher se desenvolveu tambm em torno das cir-cunstnciasscio-histricasquepressupeaparbola25.E.Linnemann26nasua pesquisa, interpreta efetivamente a parbola dos vinhateiros homicidas, como um ataquenaintenoassassinadasautoridadeseinevitavelmentecondenaosou-vintes por algum motivo especfico.NestesentidoafirmamdemaneiracategricaJ.NewelleR.R.Newell27 que os vinhateiros homicidas no uma parbola cristolgica, mas uma parbola queatacaosmtodosdomovimentoZelotadoprimeirosculo.Em1992James 20 JEREMIAS,J., As parbolas de Jesus, pp. 72-83. 21 Cf., TRILLING, W., op. cit.,p. 91. 22 Cf., LUZ, U., El Evangelio sgun san Mateo, Mt 18-25, p. 291. 23 SCHNELLE, U., Introduo Exegese do Novo Testamento, 2004, p.141. Para U. Schnelle es-ses elementos alegricos pertencem ao acervo original da tradio, embora tenha havido tentati-vas de reconstruir, com base no texto de Marcos, uma forma original da narrativa sem traos ale-gricos e, assim, uma parbola de Jesus.24 DILLON, R.J., Towards a Tradition-History of the Parables of the True Israel (Matthew 21,33-22,14), em Bib 47, 1966, p. 5. 25 LUZ, U., op. cit., pp. 291-292. 26 LINNEMANN, E., Jesus of the Parables,p. 22. 27 NEWELL, J. E., NEWELL, R. R., The Parable of the Wicked Tenants, p. 226.21D.Hesterpublicouumartigosobreaparboladosvinhateiroshomicidas,onde argumenta sobre a importncia do contexto histrico-social do primeiro sculo na Palestina. NoartigoHestercorretamentecitaIsaas5comoumachaveinter-pretativa para entender a parbola dos vinhateiros28. DesdeMartinHengel,algumaspesquisastmevidenciadoqueacon-dio rdua dos viticultores nos latifndios poderia ser demonstrada de forma concretaconformesepercebenaparboladosvinhateiros.Recorrendoapa-ralelosdomundocontemporneo,essaspesquisasseesforaramparacom-provar que a parbola reconstruda constitui um acontecimento plausvel que poderia ter acontecido de fato na Palestina. No artigo de K.R. Snodgrass29 demonstrado que a parbola dos vinhatei-ros homicidas, na verso sintica, est carregada de forte teor alegrico, simples-mente para enfatizar a importncia de Jesus no processo histrico-salvfico. Ele a comparacomoEvangelhodeTomqueumatestemunhaindependente30e que contm uma redao mais simplificada, desta forma os sinticos, particu-larmenteMateuseMarcosalegorizaramaparbolaoriginal31.interessante observar que C. H. Dodd e J. Jeremias tinham chegado a esta concluso antes doEvangelhodeTomtersidodescoberto32.MartinHengel33sugerequeo Evangelho de Tom tem uma tendncia para des-alegorizar.34.Recentemente,CraigA.EvansemseuartigoJesusparableofthete-nantsinlightofleaseagreementsinantiquity35,caracterizouaparbolados vinhateiros homicidas como parte de uma confrontao entre Jesus e as auto- 28Cf.,HESTER,J.D.,Socio-RhetoricalCriticismandtheParableoftheTenants,p.27.Hester supe que uma determinada unidade retrica traz respostas de interpretao diferentes que depen-dem da audincia que interage, seja histrico e sociolgico, como tambm fatores literrios. 29Cf.,SNODGRASS,K.R.,TheParableoftheWickedHusbandmen.IstheGospelofThomas Version the Original?, em NTS 21, 1975. p. 142. 30 Cf., HESTER, J. D., op. cit., p. 32. A verso da parbola dos vinhateiros homicidas no Evange-lho de Tom no tem qualquer insinuao a Isaas 5,1-7.31JEREMIAS,J.,AsparbolasdeJesus,pp.68-91;MONTCFIORE,H.,AComparisonofthe Parables of the Gospel According to Thomas and of the Synoptic, em NTS, p. 236; CROSSAN, J. D.,TheParableoftheWickedHusbandmen,p.451;eNEWELL,J.E.eNEWELLR.R.,The Parable of the Wicked Tenants,p. 226. 32DODD,C.H.,TheParablesoftheKingdom,pp.126-30;eJEREMIAS,J.,Asparbolasde Jesus, p. 74. 33Cf.SNODGRASS,K.R.,TheParableoftheWickedHusbandmen.IstheGospelofThomas Version the Original?,p. 143. 34Ibid., Wolfgang Schrage demonstrouatravsdas versescpticasque oEvangelho deTom dependente da tradio cannica.35EVANS,C.A.,JesusParableoftheTenantsinLightofLeaseAgreementsinAntiquity,em JSP 14, 1996, pp. 65-66.22ridadesdoTemplo,umagraveacusaolideranadoTemplo.J.Drury36, entretantoanalisaaparbolaporumaoutraperspectiva,argumentandoque,os autoresdoevangelhousaramasparbolasparaatendersimplesmenteasnecessi-dades narrativas.A confrontao da comunidade mateana com o judasmo indica de maneira efetiva, que a verso de Mateus dos vinhateiros homicidas representa um uso mais antigo da tradio na Igreja. Para Lon-Dufour os vinhateiros contem aluses cla-ras a eventos do contexto do prprio Jesus e tambm da comunidade mateana, que representa perfeitamente essa gerao ps-pascal.Anarrativapossuiumalinguagemrelativamenteprximadacomunidade primitiva, que inevitavelmente deixou transparecer nos lbios de Jesus uma alego-ria to intensa, afirma Lon-Dufour37. A parbola permanece, como estava no n-vel mais antigo da tradio sintica, uma aplicao da alegoria da vinha de Yah-weh em Isaas 5,1-738.Para M. Hubaut duvidoso que o sentido literal de Isaas 5,1-7 determine obrigatoriamente a interpretao crist da parbola.39 De maneira conclusiva, podemos entender que a verso sintica dos vinha-teiros apresenta a parbola como sendo originria de Jesus. Contudo, a leitura cui-dadosa comprova que no pode ter sido pronunciada por Jesus na sua totalidade. possvel que tenha sido uma criao da comunidade mateana, que diante de certas dificuldades desenvolve certas adaptaes estilsticas na parbola original. Portan-to,aparboladosvinhateiroshomicidas,possivelmenteumaversoalterada, modificada propositalmente pela comunidade crist; isso se d principalmente na versodeMateus,queintensamenteratificousuascaractersticaseclesiolgicas diante da confrontao da Igreja com o judasmo.Assim sendo, podemos concluir que de fato estamos diante de uma parbo-laoriginalmenteprovenientedoprprioJesus,masquefoiefetivamentemodifi-cadapeloredatormateano,comopropsitodedimportnciadeclaraofun-damental da responsabilidade de Israel, que para ele determinante para sua pro- 36 DRURY, J., Parables in the Gospels, 1985. 37 Cf., LEON-DUFOUR, S. J. X., tudes Dvangile, 1962, p. 309. 38Cf.,DILLON,R.J.,TowardsaTradition-HistoryoftheParablesoftheTrueIsrael(Matthew 21,33-22,14),p.18. 39 Cf., HUBAUT, M., La parabole des vignerons homicides, p. 16. Por outro lado, admita-se cer-ta independncia das percopes em relao ao quadro redacional no qual so situadas, pensa-se que um cristo dos anos 80 deve ser sensvel, sobretudo a polmica contra o judasmo como um todo, e provavelmente faz uma diferenciao entre o povo e seus chefes. 23posta de apresentar a culpabilidade da liderana de Israel, que se d pela sua inca-pacidade de produzir devidamente seus frutos. 242.2 O gnero literrio de Isaas 5,1-7 Faz-se necessrio verificar o gnero literrio de Isaas 5,1-7 para podermos definir com mais preciso a possvel utilizao do mesmo pelo redator da parbola dosvinhateirosemMt21,33-46e,somenteapartirdessesdados,veremosento os pontos de conexo entre Isaas 5,1-7 e Mateus 21,33-46. Para uma discusso do gnero literrio de Isaas 5,1-7, os exegetas no so unssonos em suas concluses. Durante um sculo de pesquisa, produziram-se v-riasteoriassobreognerodeIsaas5,1-7 40.Asdiferentespropostasdiscutidas foramnasuamaioriasobreadefiniodeumgneroquemelhorcaracterizasse esse estilo literrio. J.T. Willis lista diferentes tipos de solues41 para o gnero literrio de I-saas 5,1-7, com fortes argumentos contra as vrias interpretaes, tais como: (1) umapolmicasatricacontracultosdefertilidadepalestinos;(2)umcnticodo profeta; (3) um cntico do profeta que expressa condolncia pelo seu amigo, que Deus; (4) um cntico do amor de uma noiva; (5) um cntico do amigo do noivo; (6) um processo ou acusao; (7) uma fbula, e (8) uma alegoria.A proposta de Willis classificar o tipo literrio desta percope como uma parbola, e descrever seus contedos como uma cano parablica de um vinhateiro desapontado.As-simeledefineogneroliterrioapsumadiscussodaspropostaslistadas.Po-rm,houvediversascrticassoluoapresentadaporWillis.ComoadeG.A. Yee, que em seu artigo discuti a posio de Willis.Para Yee, o texto de Isa 5,1-7 possui duas formas literrias: uma cano e uma parbola jurdica; ambos tm semelhanas formais e funcionais. Ele sugere queocnticodavinhasejaestudadolevandoemcontaosaspectosformaisde uma cano do AT, principalmente Deuteronmio 32 que contm um processo42.Dentro da estrutura global de um cntico o elemento parablico opera com a fi-nalidadedeprovocarnosprpriosouvintesumjulgamento.DestaformaYee 40 Cf., WILLIS, J.T., The Genre of Isaiah 5, 1-7, em JBL 96, 1977, p. 337.Willis mostra em seu artigo as vrias posies que foram propostas sobre este assunto, ele avalia os argumentos em de-fesa de cada posio, defende uma viso que parea mais natural de acordo com o assunto, e faz algumas observaes gerais com respeito a problemas metodolgicos determinando o gnero lite-rrio desta percope.41 Cf., WILLIS, J.T., op. cit., 1977, pp. 337-362. 42 YEE, G.A., A Form-Critical Study of Isaiah 5,1-7 as a Song and a Juridical Parable, em CBQ 43, 1981, p. 31. 25percebe no cntico da vinha de Isaas 5,1-7 um aspecto funcional com objetivo de condenar sua audincia43, ou seja, tratar-se-ia de uma parbola jurdica. U.Simon44defineperfeitamenteessegneropropostoporYeeemostra queacaractersticaprincipaldeuma parbola jurdica assim seu chamariz in-tencional que provoca o ouvinte para se autocondenar. Para fundamentar sua hi-ptese, Simon lista cinco exemplos no Antigo Testamento de parbolas jurdicas: 2 Sm 12,1-1445;14,1-2046;1 Rs 20,35-4347; Jr 3,1-548 e finalmente Is 5,1-7. Assim tambm A. Graffy49, G.T. Sheppard50, C.A. Evans51 e W. J. C. We-ren52 e tantos outros exegetas propem que o estilo literrio de Isaas 5,1-7 perten-a ao gnero de uma autntica parbola jurdica.Portanto, a soluo apresentada para o gnero literrio de Isaas 5,1-7 co-moparbolajurdicaparecemelhorcorresponderaoaspectoliterriodessaper-cope. Percebemos que no verso 3 o cntico transformado em uma queixa e con-tm uma solicitao ao pblico moradores de Jerusalm e homens de Jud para atuarem como verdadeiros juzes entre o dono da vinha e a sua vinha.A dinmica do texto mostra que os judeus so induzidos a acreditar, atravs da parbola apre-sentada,queavinhaIsrael,contudo,sepercebequeJuddefatoolegtimo transgressor.Opropsitodestamanobralegallevarosouvintesasuaprpria condenao, onde demonstrado que o acusado no produziu os frutos esperados (v.7),frustrandoassimasexpectativasdodonodavinha;apesardetodoinvesti-mento (v.2), porm a condenao inevitvel (v.5-6). 43YEE,G.A.,AForm-CriticalStudyofIsaiah5,1-7asaSongandaJuridicalParable,p.40. Essa a concluso que chega Yee.44 SIMON, U., The Poor Man's Ewe -Lamb: An Example of a Juridical Parable, em Bib 48, 1967, p. 220. 45 A parbola de Nat que tem como objetivo repreender Davi, que faz sua prpria acusao. 46 Joab negocia a volta de Absalo. Como fizera Nat (12,1s), Joab, simulando um caso de justia, levou o rei a pronunciar-se. 47 Um profeta condena a atitude do rei Acab. 48 Poema sobre converso. 49 GRAFFY, A., The Literary Genre of Isaiah 5,1-7, em Biblica 60, 1979, p. 400. 50 SHEPPARD, G.T., More on Isaiah 5,1-7 as a Juridical Parable, em CBQ 44, 1982, p. 45. 51 EVANS, C.A., On the Vineyard Parables of Isaiah 5 and Mark, 12, em BZ 28, 1984, p. 82.52 WEREN W. J. C. The Use of Isaiah 5,1-7 in the Parable of the Tenants (Mark 12,1-12; Matthew 21,33-46), em Biblica 79, 1998, p. 3. 262.3 Os pontos de conexo de Isaas 5, 1-7 nos vinhateiros homicidas PercebemosvriospontosdistintosnaconexodeIsaas5,1-7quefaro ressonncia com a parbola dos vinhateiros homicidas (Marcos 12,1-12 // Mateus 21,33-46).Esses pontos de conexo nos ajudaro a entender toda nuance literria do redator dos vinhateiros homicidas em Mateus 21,33-46. Avaliaremos tanto no texto hebraico como tambm na verso da Septuaginta.J. S. Kloppenborg em seu artigo53, analisa de maneira criteriosa se a par-bola dos vinhateiros homicidas foi formulada com o texto hebraico de Isaas 5,1-7 e se de fato deriva do Jesus histrico, ou se usou a Septuaginta e se trata de uma criaocristtardiacolocada noslbios de Jesus.Ele argumenta que a parbola dos vinhateiros, na verso sintica de Marcos e Mateus, concorda com a Septua-ginta, mas nunca com o texto Massortico. Kloppenborg conclui afirmando que o Jesus histrico falou principalmente em aramaico ou hebraico e se a parbola dos vinhateiros homicidas for autntica, parece duvidoso que a parbola original faa uma insinuao explcita a Isaas 5, sendo assim, as aluses que aparecem no texto de Marcos so da verso grega54.A combinao dos vocbulos da Septuaginta que aparece em Marcos 12,1 e a falta dos mesmos no Texto hebraico fazem a concluso de Kloppenborg alta-menteinteressante,isto,queMarcosdependetosomentedaSeptuaginta.No entanto, Wim J.C. Weren55 em seu artigo defende que a parbola no s foi influ-enciada pela Septuaginta, mas tambm pelo Texto hebraico. As conexes com Isa-as 5,1-7, no so somente o resultado de um desenvolvimento posterior. Este se-ria o caso se fosse s a Septuaginta que teria deixado rastros na parbola dos vi-nhateiros56.MarcoscompartilhacomoTextohebraiconasrefernciasaIsaase quejfaziampartedatradioeprovavelmentejformoupartedaparbola 53KLOPPENBORG,J.S.,EgyptianViticulturalPracticesandtheCitationofIsa5:1-7inMark 12:1-9, em NovT 44, no. 1, 2002, pp. 35-36.54EVANS,C. A.,HowSeptuagintalIsIsa.5:1-7InMark12:1-9?,emNovT45,2003,p. 106. Averiguando o carter semtico dos elementos tirados de Isaas 5,1-7, Evans verifica que necessa-riamentenoprovamasuaoriginalidadenaparboladosvinhateiros,nemnecessariamentepro-vam que a parbola deriva do prprio Jesus.Afinal de contas, afirma Evans, os primeiros cristos judeus falavam o aramaico que da mesma maneira embelezaram a parbola com elementos semti-cos como os judeus de fala grega um pouco depois ou os cristos no judeus que poderiam ter em-belezado a parbola com palavras e frases da Septuaginta. 55 WEREN W. J. C. The Use of Isaiah 5,1-7 in the Parable of the Tenants (Mark 12,1-12; Matthew 21,33-46), p. 26. 27quandofoifaladopeloprprioJesus.AssimtambmpensaSnodgrass57,quede-fendeumaposiomaisintermediria.Elesugerequehalgunspontosemcon-cordncia com o Texto hebraico que esto ausentes na Septuaginta. OprimeiropontodeconexodeIsaas5,1-7estprecisamentenov.2, queinfluenciaraparboladosvinhateiroshomicidas(Marcos12,1//Mateus 21,33).C. A. Evans58 analisa os elementos de Isaas 5,1-7 que influenciam os vi-nhateiros. H exegetas59 que percebem essa influncia como sendo puramente da versodaSeptuagintae,quenesseselementosnohqualquerrelaocomo Textohebraico.Evans,contudoverifica,defato,umainflunciadaSeptuaginta; pormparaelehumaforterelaotambmcomoTextomassortico,ouseja, elementosquenoprovmdaSeptuaginta.Almdisso,Evansvpontosimpor-tantes de coerncia com tradies de textos interpretativos judaicos, como o Tar-gumdeJnatasepontosqueforampreservadosem4Q500.SabemosqueoTexto hebraico forma o ponto de partida de um processo longo de interpretao. Dentro desse processo a verso da Septuaginta representa um momento relativamente in-dependente.Nelaacondicionam-seelementosdoTextohebraicoquecopiado, mas vrios outros so alterados. Assim, em Mateus, poderemos perceber essa pos-svel alterao que o redator fez. Evans mostra em seu artigo uma anlise desses vocbulos gregos em Mar-cos 12,1 // Mateus 21,33 e percebe que os verbos .|u.uc.|60 plantou, au.|61 56 WEREN W. J. C. op. cit., pp. 26. 57 SNODGRASS, The Parable of the Wicked Tenants, Is the Gospel of Thomas Version the Origi-nal? p. 47. 58 EVANS, C. A., How Septuagintal Is Isa. 5:1-7 In Mark 12:1-9?,p. 107. 59 Entre esses exegetas, Evans critica a anlise que J. S. Kloppenborg faz sobre essa temtica. Para Kloppenborg a influncia de Isaas 5,2 puramente da verso da Septuaginta. Cf., op. cit., pp. 107-108. 60Cf., Low-Nida, |u.u a in Greek-English lexicon of the New Testament, Bible Work 6.0: |u.u a: plantar, usado principalmente em relao: as videiras, arbustos e rvores.61Cf.,Friberg,auainAnalyticalgreeklexicon,BibleWork6.0: e u cca 1aor.a ua;fazer umburaconaescavaodocho,ounarocha.Low-Nida,e uccainGreek-Englishlexiconof the New Testament, Bible Work 6.0: e ucca; c-a:aa fazer um buraco no cho e remover a terra cominstrumentosprecisosebemafiados(porexemplo,umpicaretaoup)cavar,escavar; eucca:.|u.uc.| a:.a|a ...-at au.| .| aua |e| plantouumavinha[...]e,cavou nela um lagar Mt 21,33. c-a :a: .c-a(.| -at .au|.| -at . -.| ..te| .:t | :.a|: e cavou, e abriu bem fundo, e ps os alicerces sobre a rocha, Lc 6, 48. 28cavou, e a-eeec.|62 construiuconcordam respectivamente com o hebraico naterceirapessoadosingulardoverbos.z. plantar,.cavare. : construir.ParaJ.S.KloppenborgessesverbostiradosdeIsaas5,2sototal-mente irrelevantes ao enredo dos vinhateiros, tratam-se de meros detalhes.Que odonoplantou(.|u.uc.|)umavinhaconstruiu(a-eeec.|)umatorre,no temnenhumvalorrealnoenredoounoresultadonahistriadosvinhateiros, concluiKloppenborg63.Emparte,diramosqueKloppenborgtemrazo,masse observarmos a redao dos vinhateiros, no que tange a sua aplicao na forma ju-rdica paradigmtica, o redator desejou ambientar a parbola levando em conside-rao o enredo original do cntico da vinha. Ele cria um ambiente favorvel a sua audincia,queentenderiaperfeitamenteopropsitodaparbola.Alis,eleusa Marcoscomoanicafontedasuapercopeedesenvolveoutroselementosque lhesseroimportantes.AsmodificaesqueMateusfeznotextodeMarcosse podem entender facilmente como caractersticas estilsticas e adaptao Septua-ginta.O usode Isaas5,1-7 em partedeterminado pelos elementos que j esta-vam disponveis na fonte (verso de Marcos).Portanto, percebemos a importn-cia que os verbos .z.plantar, .cavar e.: construir tero em resso-nncia com os verbos .|u.uc.| plantou, au.| cercou, e a-eeec.| cons-truiu na redao de Mateus. Almdosverboscorrelacionados,aquestoprincipalqueaparecena introduodosvinhateirosasupostaadiode|a,e|:.t.-.| (uma) cerca colocou em volta, de acordo com Isaas5,2 na verso da Septuaginta que aparece |a,e| :.t.-a64.MateuseMarcos,ausentesemLucaseoevan-gelhodeTom,inseremdepoisdaplantaodavinha:|a,e| :.t.-.| - 62Cf.,Thayeret-eee. ainThayersgreeklexicon,BibleWork6.0:et-eeea:1aorist a-eeeca (et-eeeca Tr WH in Acts 7:47; see Tdf. at the passage; Proleg., p. 120; WH's Ap-pendix,p.161;Lob.adPhryn.,p.153;Winer'sGrammar,sec.12,4;Buttmann,34(30));from Herodotusdown;theSeptuagintfor.: ;tobuildahouse.erectabuilding;a.properly,a.to build(upfromthefoundation):absolutely,Luke11:48GTWHTrtext14:30;17:28;et et-eeeeu|.;, a substantive, the builders (cf. Winer's Grammar, sec. 45,7; Buttmann, sec. 144,11), Matt. 21:42; Mark 12:10; Luke 20:17. Low-Nida, et-eee. a in Greek-English lexicon of the New Tes-tament, Bible Work 6.0:et-eee.a: fazer ou erguer qualquer construo, construir. 63KLOPPENBORG,J.S.,EgyptianViticulturalPracticesandtheCitationofIsa5:1-7inMark 12:1-9, p. 60. 64 Portanto, Mateus apresenta .|u.uc.| a :.a|a -at |a,e| au a :.t.-.| -at au.| .| aua |e| -at a-eeec.| :u,e| como acomodaes (fragmo.n perie,qhken) com a verso da Septuaginta (fragmo.n :.t.-a). 29(uma) cerca colocou em volta, que est faltando no Texto massortico. Es-tes detalhes so imateriais ao resto da histria, afirma J. A. T. Robinson65.AinsinuaoprecisadeIsaas5,2naparboladosvinhateiros:.|u.uc.| a:.a|a-at|a,e|aua:.t.-.|-atau.|.|aua|e|-at a-eeec.| :u,e|, eraconsiderado pela maioria dos exegetas como parte certa daversodaSeptuagintaeportantoindubitavelmentesecundrionaformulao dos vinhateiros homicidas.A parbola comea por uma citao, implcita, mas ntida do canto da vi-nha de Isaas (v. 2). De acordo com J. D. Crossan66 a estrutura literria da vinha na parbola dos vinhateiros est evidentemente baseada em Isaas 5,1-7. O mesmo pensaG.V.Jones67,queconsideraasinsinuaesdeIsaaseotemadecastigo como original na parbola dos vinhateiros. Para M. Hubaut [...] a citao de Isa-as5,1-7tilparaevocarostemasquesurgemnosvinhateiros,masduvidoso que o sentido literal de Isaas, 1-7 determine obrigatoriamente a interpretao cris-t da parbola68. O segundo ponto de conexo que em Mateus foi preservada a natureza jurdica da parbola conforme encontramos em Isaas 5,1-7. W. J. C. Weren69 percebe isso a partir da pergunta de Jesus para seus ou-vintes no verso 40b t :etc.t et; ,.a,et; .-.t|et;, e a resposta -a-eu; -a-a; a:e.c.t aueu; (41) em um tom proftico, de acordo com W. Trilling70. Os ou-vintes interpretam a parbola como uma histria que reflete o prprio conflito de-les com Jesus71.Esse conflito pode ser percebido com toda clareza na repreenso em Mateus 21,43, onde verificado o uso do verbo :et.a: -at eec.at .|.t :eteu|t eu; -a:eu; au;. e ser dado a um povo que d (produza) os seus frutos. o re- 65 ROBINSON, J.A.T., The Parable of the Wicked Husbandmen: A Test of Synoptic Relationships, em NTS 21, 1974-75, p. 445. 66 CROSSAN, J. D., The Parable of the Wicked Husbandmen, p. 452. 67 JONES, G. V. The Art and Truth of the Parables, p. 91. 68 Cf., HUBAUT, M., La parabole des vignerons homicides, p. 16. 69 WEREN W. J. C. The Use of Isaiah 5,1-7 in the Parable of the Tenants (Mark 12,1-12; Matthew 21,33-46), p. 13. 70 TRILLING, W., El Verdadero Israel, p. 78. 71 WEREN W. J. C. op. cit., p. 13. 30sultado da ressonncia com a reclamao do dono da vinha em Isaas 5,2.472, queaparece com freqncia o verbo c . (produzir), duas vezes na parte final do ver-so 2: ::s: c. ::.. -c. e esperava que desse (produzisse) uvas boas, porm deu (produziu) uvas bravas.O redator valoriza ainda mais o verbo c.,que aparece, mais duas vezes, no final do v. 4:::s: c. ::.. -c. - .:: Por que, esperando eu que desse (produzisse) uvas boas, veio a dar (produzir) uvas bravas? Portanto, a soluo apresentada mostra que o redator mateano compartilha com o Texto hebraico nas referncias a Isaas e que talvez j faziam parte da tra-dio e provavelmente j se desenvolveu parte da parbola quando foi discorrida pelo prprio Jesus. Assim concluirmos que h pontos em acedncia com o Texto hebraicoqueestoausentesnaSeptuaginta.Mas,hrefernciasclarasverso daSeptuaginta,comonacombinaodosvocbulosgregosqueaparecemem Marcos12,1//Mateus21,33eafaltadosmesmosnoTextohebraicodeIsaas 5,2, que no podem ser desconsiderados. Portanto, entendemos que nos vinhatei-ros h fortesconexescomIsaasno Texto hebraico como tambm na verso da Septuaginta. Tanto na introduo de Isaas 5,2 repercutindo com Mateus 21,33, no uso dos vocbulos; como tambm na natureza jurdica de Isaas 5,1-7 refletida em Mateus 21,33-46. 72 Em Isaas, a imagem da vinha recorre a Israel (Isaas 5,7), ou mais precisamente, para a popula-odeJudeoshabitantesdeJerusalm(Isaas5,3).EmMateus,estaimagemmaisdifcilde decodificar. Se ns justapomos Mt 21,41 (-at e| a:.a|a .-eac.at aet; ,.a,et;) e 21,43 ( act.ta eu .eu -at eec.at .|.t :eteu |t eu; -a:eu; au;), a concluso emerge que avinharepresentaoreinodeDeus,masorestode21,43eec.at .|.t faladeum.|e;que produza frutos. Faz uma conexo ntima assim entre .|e; e a vinha da parbola. 312.4 Hiptese de Pesquisa A partir dos resultados dos estudos dos exegetas, verificamos que a ques-toquenosdispomosaestudarnotosimplesassim,poisasinterpretaes nem sempre assinalam para um mesmo fim.Ao indicar a hiptese de nossa inves-tigao,pareceoportunoposicionar-nosdiantedacontribuiodosdiversosexe-getas e, indicando o caminho que pretendemos esclarecer no transcorrer de nossa dissertao. Apartirdessasconsideraes,edavariedadederesultadoselencadosno status quaestionis, que tematizam a questo da intertextualidade de Isaas 5,1-7 na parbola dos vinhateiros homicidas em Mateus 21,33-46 (// Marcos 12,1-12), po-demos apresentar com clareza a hiptese de nosso trabalho, dividindo-a em 3 par-tes: a) H de fato pontos de contato entre Isaas e em Mateus 21,33-46? Se h, como esses pontos foram trabalhados pelo redator do evangelho de Mateus?Con-seqentementeinvestigaremosseessaspossveisressonnciasseriamresultados de sua compilao somente ou tratar-se-iam de mudanas introduzidas pelo reda-tor?b) A repreenso em Mateus 21,43 que o rendimento esperado no se con-cretizou, tem ligaes com a reclamao do dono da vinha em Isaas 5,2.4? A es-sncia jurdica de Isaas 5,1-7 com a denncia apontada para sc -:, poss-vel que agora seja direcionada aos oponentes de Jesus, em Mateus 21,33-46? Esta oposioemMateusencabeadapeloschefesdossacerdoteseosfariseus,que noatendiamaoidealmoralformuladosem21,43:eteu|teu;-a:eu;,e conseqentementeaculpabilidadedeIsraeleaperdadaact.t aemconexo comaperspectivado.|e;deMateus21,43refletiria,possivelmente,ov.7de Isaas 5? c) A intuio fundamental da nossa hiptese consiste em procurar demons-trar que em Mateus foi preservada a natureza jurdica paradigmtica da parbola, conformeencontramosemIsaas5,1-7apartirdasressonnciaspresentesnapa-rbola dos vinhateiros homicidas de Mateus 21,33-46. 32Ahipteseretrata,porconseguinte,ottulodestadissertao:Aparbola dosvinhateiroshomicidasdeMateus21,33-46luzdasressonnciasdeIsaas 5,1-7. 3 OTextodeMateus21,33-46,suadelimitao,estruturae sinopse 3.1 Texto de Mateus 21,33-461 33 A|:aae |a-euca..a|a:e;|et-ee.c:e;ect; .|u.uc.| a:.a|a -at |a,e| aua :.t.-.| -at au.| .| aua |e|-ata-eeec.|:u,e|-at..e.eaue|,.a,et;-at a:.ec.|. 34 e. e. ,,tc.| e -ate; a| -a:a|, a:.c.t.| eu; eeueu; aueu :e; eu; ,.a,eu; a.t| eu; -a:eu; aueu. 35 -atae|.;et,.a,eteu ;eeu eu;au eu e |.|.e.ta|,e|e. a:.-.t|a|, e| e. .teeca|. 36 :at| a:.c.t.| aeu; eeueu; :.te|a; a| :aa|, -at .:etca| auet; acaua;. 37 uc.e|e.a:.c.t.|:e;aueu;e|ute|aueu.,a| .|a:ce|at e| ute| eu. 38 ete.,.a,ettee|.;e|ute|.t:e|.|.auet;eue;.ct|e -e|ee;e.u.a:e-.t|a.|aue |-atc,a.||-e|eta| aueu, 39 -at ae|.; aue| ..ae| .a eu a:.a|e; -at a:.-.t|a|. 40 ea|eu|.e-ute;eua:.a |e;,t:etc.tet;,.a,et; .-.t|et;, 41 .,euct|aua-a-eu;-a-a;a:e.c.taueu;-ate|a:.a|a .-eac.at aet; ,.a,et;, ett|.; a:eeaceuct| aua eu ; -a:eu ; . | et; -atet; aua|. 42 A.,.t auet; e `Iceu; eue.:e. a|.,|a. .| at; ,a|at; te| e| a:.ee-taca| et et-eeeeu|.;, eue; .,.| .t; -.|a| ,a|ta; :aa -uteu .,.|.e au -at .ct| auac .| e|aet; a|, 1 NESTL-ALAND, novum Testamentum Graece, 27 edio, 1998. 3443 eta eue .,a ut| et ac.at a|` ua| act.ta eu .eu -at eec.at .|.t :eteu|t eu; -a:eu; au;. 44 [-at e :.ca| .:te| te| eue| cu|ac c.at . |` e | e` a| :. c t-c.t au e|.| 45 Kat a-euca|.; et a,t..t; -at et 1atcatet a; :aaea; aueu .,|aca| et :.t aua| .,.t 46 -at,eu|.;aue|-acat.|e ca|eu;e,eu;,.:.t.t; :e|| aue| .t,e|. 3.2 Observaes sobre as variantes em Mateus 21,33-46 A transmisso do texto de Mateus 21,33-46 no oferece problemas signifi-cativosquantoaoseuaparatocrtico. As principais variantes apresentadas so as seguintes: No v. 36, o advrbio :at| construdo com diversas partculas, resultan-do em vrias leituras alternativas: -at :at| (e de novo) testemunhado pelo c-dice Sinatico - a* e pela verso siraca Peshita -syp; :at| eu| (de novo portan-to) testemunhado pelo cdice Bezae - D e :at| e. (de novo porm) testemu-nhadopelomanuscritominsculo579d.Essasvariantespromovemapenasuma mudanaestilstica,semprovocarefetivamentequalqueralteraodecontedo. No obstante, prefervel manter o advrbio :at| sem a presena de partculas. No v. 38, o verbo c,a .| (1 pessoa do plural do subjuntivo aoristo ativo do verbo .,a) sofre alterao no final da frase: e tenhamos a sua herana. Esta alterao a seguinte: -aac,a.|, do verbo -a.,a (reter, conter, deter, etc): e retenhamosasuaherana.Estavarianteapenasenfatizaaaodosvinhateiros. Mostra que a inteno deles somente a herana. A conservao do verbo c,a.| atende melhor ao sentido do texto.O v.39: -at ae|.; au e | . . ae| . a eua:.a|e; -at a:.-.t|a|. o lanaram fora da vinha, e o mataram. A variante assinalada trata da inverso depalavras.Aordemdaspalavrasencontra-seinvertidaparaau e |a :. -.t|a| -at. . ae| . a eua :.a |e;,omataramelanaramforadavinha(dea-35cordo com o aparato crtico da The Greek New Testament, 4 edio) nos seguin-tesmanuscritos:nosminsculos1,7,6,2-5,nomaisculo(D)eaVetuslatina; commaisculoL;possvelconferiroutrasleiturasalternativasnosseguintes manuscritos: nos minsculos: 7, 1, 6, 2-5 e no maisculo ; e o testemunho do pai da Igreja Irineu na verso armnia. A tentativa de harmonizar com o texto para-lelo do Evangelho de Marcos 12,8 (-at ae|.; a:.-.t|a| aue| -at ..ae| aue| .a eu a:.a|e;).Otextoocidental(D,,vetuslatina,Irineu)foiassimiladoseqnciade Marcos, onde o filho morto e ento lanado fora da vinha (Marcos 12,8). Mateus (21,39) e Lucas (20,15), refletindo o fato que Jesus fora crucificado fora da cidade (Joo 19,17.20; Hb 13,12s) alteram a ordem e, deste modo, a expulso passa a e-xistir antes da matana2. Os sinticos concordam na motivao do assassinato do filho.Anicaalteraoexpressivanospormenoresdamorteest,portanto,na intensificaodaalegoria.AleiturapropostapeloGNT,sendoprecedidapela sigla {A} no aparato crtico, atesta que a leitura original. Sendo assim, prefer-vel manter o verso 39, pois atende perfeitamente a inteno do redator mateano, j que Marcos mostra que os vinhateiros ao assassinarem o filho lanam o corpo in-sepulto fora da vinha, mas Mateus e Lucas, independentemente de Marcos, apre-sentam a alegoria, possivelmente mais de acordo com a realidade, onde o filho foi lanadoparaforadavinhaeentofoimorto,assimcomoJesusfoicrucificado fora da cidade de Jerusalm3. v.44: [-at e :.ca| .:t e| te| eue| cu|acc.at .|` e| e` a| :.c t-c.t aue|.| Oversculo44omitidoemdiversastestemunhas.Muitosexegetasmo-dernosanalisam,efetivamente,oversculocomoumaantigainterpolao,levan-do-seemconsideraooparalelodeLucas20,18.Porm,umlugarquecorres-ponda mais adequadamente sua incluso seria aps o verso 42, ainda que o nexo com o verso 43 seja bastante fraco e a idia do verso 42 tampouco equivalente. Possivelmente sua supresso possa ser elucidada, considerando que, o olho do co-pistapassoudeau;(v.43)paraau e |.Apesardeconsideraroversculoum 2 METZGER, B.M., A textual commentary on the Greek New Testament, New York, United Bible societies, 1975. 3 DRURY, J., The Sower, lhe Vineyard, and the Place of Allegory in the Interpretation of Mark's Parables, em JTS, 24, 1973, p. 372. 36acrscimo ao texto, devido sua antiguidade e importncia na tradio textual, a comisso (GNT) resolveu ret-lo no texto, dentro de colchetes duplos. Sendo as-sim, os editores apresentaram, precedido pela sigla {C}, o que mostra que sua ori-ginalidade est sujeita a um aprecivel grau de dvida. 3.2.1 Traduo de Mateus 21,33-46 33 Escutaioutraparbola.Haviaumhomem,donodecasaqueplantou uma vinha, e uma cerca colocou em volta, e cavou nela um lagar e cons-truiu uma torre e arrendou-a a lavradores, e se ausentou em viajem. 34 Quando, porm, se aproximou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores para receber seus frutos. 35 E tomando os servos, os lavradores espancaram a um, mataram a outro, a outro apedrejaram. 36 De novo enviou outros servos em maior nmero que os primeiros, e fi-zeram-lhes o mesmo. 37 Depois, porm, enviou-lhes seu filho, dizendo: Tero respeito a meu fi-lho. 38 Porm, os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este o herdeiro: vinde, matemo-lo e tenhamos a sua herana. 39 E tendo tomado o lanaram fora da vinha, e o mataram. 40 Quando, portanto, vier o senhor da vinha, que far queles lavradores? 41 Dizem-lhe: Sendo maus, de modo mau os destruir, e a vinha arrendar a outros lavradores, tais que pagaro a ele os frutos no tempo devido.42Jesuslhesdiz:NuncalestesnasEscrituras:Apedraquerejeitaramos edificadores esta se tornou por cabea do ngulo; pelo Senhor foi feito isto e maravilhoso aos nossos olhos? 43 Por isso vos digo que ser tirado de vs o Reino de Deus e ser dado a um povo que produza seus frutos. 44 [E o que caiu sobre essa pedra ficar espedaado; sobre quem ela cair, o esmagar]. 45 Etendoouvidoossacerdotes principais e os fariseus as suas parbolas conheceram que fala a respeito deles. 46 E buscando-o agarrar, temeram as multides, visto que por profeta o ti-nham. 373.3 Delimitao e estrutura de Mateus 21,33-46 A delimitao da parbola dos vinhateiros em Mateus 21,33-46, no incio e nofinaldanarrativarelativamentesimples,jqueaestruturadotextoesua segmentao so indiscutivelmente precisas. Porm, mostra-se uma condio sine qua non na interpretao, j que o prprio texto de Mateus 21,33-46, possivelmen-te deixa vislumbrar algumas fases no seu processo redacional, comparando com a sua fonte principal. 3.3.1 Delimitao A anlise da construo de texto mostra que Mateus 21,33-46 pode ser vis-to como unidade literria. O texto est bem construdo e sua unidade literria pode ser nitidamente assinalada. uma percope bem delimitada. Aconstruonarrativadapercopeprecedentedosdoisfilhos(Mateus 21,28-32) tem o seu momento conclusivo no verso 32. Encontramos nessa conclu-so (Mateus 21,33) uma breve aplicao, conectando-se diretamente com a dispu-ta anterior de Jesus com os sumos sacerdotes e ancios (Mateus 21,23-27), quando a sua autoridade questionada4.Overso33introduzaunidadecomumbreveanncio A| :aae | a-euca..Ousodoverboa-euanaformaimperativadoaoristoativosupea presenadepessoas(2pessoadoplural)jconhecidaspeloleitorououvinte. Portanto,anarrativadaparboladosvinhateiroshomicidasdestaca-sedaprece-dente parbola dos dois filhos (Mateus 21,28-32) pelo incio de uma nova narrati-va (ae;). A percope aparece em forma de parbola (A| :aae|).Aunidadeterminacomov.46.Oversculo1docaptulo22Kat a:e-t.t;e`Iceu;:at|.t:.|.|:aaeat;auet;.,a|introduzuma novaunidade(22,1-14),mostrandoumnovoenfoque,explicitadopelousodo 4 Cf., GOURGUES, M., As parbolas de Jesus em Marcos e Mateus, p. 132. Gourgues delimita a percope21,28-32,observandoaintroduodoverso28,porumaperguntadeJesus(quevos parece?) e sua concluso no verso 33. 38advrbio:at|.Overso1,portantointrodutrio,conectaaparbolacomo versculo anterior, 46. 3.3.2 Estrutura de Mateus 21,33- 46 dentro do seu contexto imediato A parbola dos vinhateiros homicidasfaz parte de uma seo homognea arranjada por mais duas parbolas: a parbola do dois filhos e o banquete nupcial. Essa seo retrata o ministrio de Jesus em Jerusalm, marcado pelo redator mate-ano por um intenso conflito com as autoridades judaicas5. A parbola dos vinha-teiros homicidas, dentro desse contexto de conflito, contesta de modo subentendi-doaperguntasobreaautoridadedeJesus(Mateus21,23).Portanto,noseucon-texto,Mateusharmonizaaparboladosvinhateirosdaseguintemaneira:acon-cluso da parbola dos dois filhos (Mateus 21,28-32) est unido pergunta de Je-sus sobre o batismo de Joo (21,25) e a parbola do banquete nupcial (22,1-14). A redao de Mateus mostra, atravs dessa nova srie de trs parbolas dois impor-tantes temas: a culpabilidade judaica e a vocao dos gentios. DeacordocomR.J.Dillon,Mateus21,3322,14umcomplexonico que provavelmente trata-se de uma reconstruo da histria do uso destas parbo-lasnainstruoereflexodaIgrejamateanaequeeraoriginalmenteusadoem textos separados, mas chegaram a ser associados para o uso da comunidade para a assimilao do livro de Mateus6.Dillon verifica que uma leitura dos cc. 21 - 23 de Mateus revela que estamos no centro do caso mateano contra o Judasmo. Os alcancespolmicosseuclmaxnasafliescontraosfariseusnoc.23,ondea lamentao contra Jerusalm (23,37-39), o qual Mateus recebeu substancialmente da tradio Q, no s o serve como um clmax para as aflies, mas para o de-senvolvimento da polmica de 21,23 em diante. Parece que as trs parbolas dos cc. 21 - 22 serviram ao redator como ilustraes para o seu objetivo. Podemos ressaltar que dentro desse contexto h uma forte inter-relao. A-nalisando as trs parbolas, observamos que na primeira e na segunda o narrador 5 ROBINSON, J. A. T., The Parable of the Wicked Husbandmen: A Test of Synoptic Relationships, p. 444. 6 DILLON, R.J., Towards a Tradition-History of the Parables of the True Israel (Matthew 21,33-22,14), pp. 5-6. 39estabeleceumaperguntaaseusoponentes(21,31a: t; .- a| eue .:etc.| e .a eu :ae;, 21, 40: t :etc.t et; ,.a,et; .-.t|et;,). Seus opositores articulam-sedemaneiracondenatria(21,31b.41),concebeaquiaformajurdica paradigmtica. As introdues de 21,33a (A| :aae|) e em seguida 22,1 (:at|) mostram-se inteiramente interdependentes.Toda essa seo refere-se aos principais dirigentes judeus e caracterizado pelapromulgaodasuainevitvelcondenao.Aparboladosdoisfilhosde-termina seu principal foco no no a Joo Batista (21,28-32). A parbola dos vi-nhateirostratadafatalidadedosprofetasemIsraeletambmdodestinofinaldo Filho,Jesus(21,33-41).Porsuavezobanquetenupcialretrataopresente,que pode ser observado pelo envio dos missionrios cristos a Israel, e estende o cen-rio da misso pag (22,2-14). Desta forma, ambas as parbolas alargam o seu ob-jeto intencional a toda histria da salvao. De maneira mais especfica, podemos fazer a seguinte relao: a parbola dos dois filhos indica categoricamente a indi-ferenadosdestinatriosnocaminhodaact.ta|eu.eu (21,31).Enquanto nos vinhateiros, numa leitura mais atenta, d a entender que os destinatrios per-dem a prerrogativa do reino ac.at a|` ua| act.ta eu .eu (21,43) e sero destrudos -a-eu; -a-a; a:e.c.t aueu; (21,41).A parbola do banque-tenupcialmostrademaneirasurpreendenteainevitveldestruiodacidadede Jerusalm(22,7).Conseqentementetemosnessaseo,comeandocomapri-meira parbola, uma tmida insinuao aos dirigentes de Israel et.a |at -atat:e|at :ea,euct| ua; .t; | act.ta| eu .eu (21,31s). J a parbola dos vinhateirosdeclaranitidamenteofuturodeum. |e; eec.at .|.t :eteu|t eu; -a:eu; au;. (21,43); enquanto a terceira parbola descreve em aoristo o extraordinrio lamento aos pagos (22,8-10). H tambm uma forte relao no uso dos vocbulos7:a)Nas trs parbolas encontramos: (a|a:e; [21,28.33; 22,2]). b)Somentenaparboladosdoisfilhosenosvinhateiros:(a:.a| [21,28.33],a cau a;[21,30.36],uc.e|[21,29.32.37],.,.t auet; e `Iceu; como introduo ao trmino da locuo [21,31.42], act.ta eu .eu [21,31.43]). 7 DAVIES, W.D. e ALLISON, D. C.Matthew 19-28, p. 188. apresentada uma extensa relao de vocbulos que so comuns a essas trs parbolas. 40c) Naparboladosdoisfilhosenobanquetenupcial:(eu . a[21,29; 22,3] .a.eat - a..a [21,29.32; 22,5]). d) Naparboladosvinhateirosenobanquetenupcial(a:.c.t.|eu; eeueu; aueu [21,34;22,3], :at| a:.c.t.| a eu; eeu eu; [21,36; 22,4],a:e-.t|a [21,35.39; 22,6],ute; [21,37s; 22,2], a :e ut [21,41; 22,7], :aae[21,45; 22,1]). Portanto,astrsparbolas,quetratamdaculpabilidadedosantagonistas deJesus(21,28-32),arepreensoaelesdestinado(21,33-43)eocumprimento dessa penalidade (22,1-4), constitui a primeira parte do grande ajuste de contas de Jesus com os adversrios no Templo8, que acontece no segundo dia de sua estadia em Jerusalm, enfatizado pelo debate sobre a sua autoridade (21,23-27).Esta s-rie de controvrsia entre Jesus e seus adversrios, se introduz com a breve passa-gem da maldio da figueira na primeira hora da manh, quando Jesus e seus dis-cpulos sobem novamente para o Templo (21,18-22). A ao, provavelmente pre-figura a queda de Jerusalm e a inevitvel destruio do Templo em 70 d.C. A. J. Saldarini resume os captulos 21-22, juntamente com o 23, da seguin-te maneira: Em suma [...] so o clmax do ataque de Mateus aos lderes da comunidade ju-daica. Ele os ataca porque so os lderes estabelecidos da comunidade que se o-ps a ele, a seu grupo e interpretao que eles davam do judasmo. Os ataques tambm servem para suas tentativas de deslegitimar os lderes e, assim, afastar o povo de Israel dos guias cegos e lev-los a Jesus e ao grupo mateano. Para atin-gir seus objetivos, Mateus apresenta Jesus como lder popular messinico ao qual as autoridades do Templo se opem. Jesus os derrota em uma srie de cinco con-trovrsias,demonstrandodessaformasuaautoridadedidtica.Aprimeiracon-trovrsia diz respeito autoridade de Jesus e de Joo Batista. A origem divina de sua autoridade como Filho de Deus e acensurvel rejeio dessa autoridade so comunicadasmaisextensamente por intermdio das trs parbolas dos captulos 21-22. Os chefes dos sacerdotes e os fariseus entendem que essas parbolas refe-rem-se a eles (21,45-46)9. 8Cf.,OVERMAN,J.A.,Igrejaecomunidadeemcrise,oEvangelhosegundoMateus,1999,p. 319.DeacordocomOverman,dopontodevistadeMateus,oTemplo,acorrupoeasubse-qente destruio dele so um problema e um incidente que aconteceram a todos os judeus e juda-smos, no passado recente e no contexto de Mateus.9 Cf., SALDARINI, A. J., A Comunidade judaico-crist de Mateus, pp. 114-115. 41possvelperceberoposicionamentoteolgicoehistricodeMateusao tratardaculpabilidadedeIsrael,nocontextodessasparbolas.U.Schnelledes-creve essa intencionalidade do redator mateano: As trs percopes tornam visvel a posio teolgica e histrica de Mateus a de-sobedincia de Israel, que no passado se explicitou pela perseguio e morte dos profetas, atingiu o pice no assassinato do filho.Em decorrncia, Deus castigou opovo,outroraeleito,edeuobemdesalvaodaact.taeu.euaoutro . |e;, que produzir frutos de acordo com a vontade de Deus.Essa substituio na histria da salvao de Israel pela Igreja j se concretizou h muito para Ma-teus.Ele a descreve na retrospectiva sob o ngulo de uma Igreja judeu-crist que h muito tempo se abriu para a misso aos gentios (Mt 28,16-20)10. 3.3.3 Estrutura de Mateus 21,33-46 AestruturaapresentaumbreveanncionasuaintroduoA| :aae|a-euca.(33a),vinculando-adessemodoapercopeanterior.A parbolacomeaefetivamenteno33beprossegueatacitao veterotestamentrianov.44.Asfrasestemporaisintrodutriase. e. ,,tc.| e-ate; a| -a:a|(34a)eea| eu| . e-ute; eu a:.a|e;(40a)esto devidamente articuladas em duais partes:O arco narrativo que comeou no verso 34 se fecha no verso 39; e em se-guida o dilogo final (v. 40-44).Depois da exposio (v. 33b), o relato descreve, de maneira enftica, como o et-ee.c:e; envia os seus servos para receber a sua parte dos frutos (e -ate; a| -a:a|) e como so tratados indevidamente pelos vinhateiros (v. 34s).De maneira abreviada, encontramos o relato paralelo da se-gunda missodosservos(v.36). Por sua vez, narra-se em minudncia a misso do filho (v. 37-39): podemos observar que neste episdio aparece destacado, no apenas por um indcio temporal (uc.e|), mas, tambm introduzida por . ,a| e por .t:e| .| .auet;. Deste modo, Mateus apresenta nesse arco narrativo uma srie de trs aes e trs respostas (w. 34-9) 11: 10 SCHNELLE, U., Introduo Exegese do Novo Testamento, p. 143. 11Cf., DAVIES, W.D. e ALLISON, D. C. Matthew 19-28, pp. 174-175.42 A1 et -ee.c:e ; envia os servos a:.c.t.| eu; eeueu; (34) B1 et ,.a,et feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro (35) A2 et -ee.c:e ; envia mais servos a:.c.t.| aeu; eeueu; (36a)B2 et ,.a,et fizeram-lhes o mesmo (36b) A3 et -ee.c:e ; envia o filho a:.c.t.| :e; aueu; e| ute| (37)B3 et ,.a,eto matam a:.-.t|a| (38-9) Comoverso40comeaasegundaparte:corta-seanarrao;Jesusfaza pergunta decisiva t :etc.t et; ,.a,et; .-.t|et;,Est formulada de tal mo-do que os ouvintes se sentem identificados com o proprietrio que retorna (v. 40).Comonaparbolaanterior(v.31ab),onarradorconfirmaeinterpretaestilistica-mente este juzo, e o faz com uma frase bblica preparatria eue.:e. a|.,|a. .| at; ,a|at; (42) e da frmula bem definida: eta eue .,a ut| (43s12).Traz uma observao narrativa interposta (v. 45s), o narrador passa para a parbola se-guinte. E. E. Ellis props que Mateus 21,33-44 corresponde ao tipo mais antigo dediscursarnasinagoga:o orador que reproduz uma parte da escritura bblica i-lustra com uma parbola, e enfatiza as palavras com uma passagem bblica 13: 33a-inicia-seo texto (Isaas 5,1-2) 12 Cf., A. OGAWA, Paraboles de l'Isral vritable? Reconsidration critique de Mt. XXI 28 - XXII 14,emNT21,1979,p.138.Quantoaov.43aestruturaobservadaporA.Ogawa:Mta introduitlev.43paretaeue.,aut|.Ilestvidentquec'estpourluilaconclusiondela parabole.Mtprendprobablementensemblelesdeuxversets43et44commeconclusion.Le41 parle autant du chtiment que du transfert de la vigne. Non seulement il reproduit le texte marcien Mcxii9,maisillesouligne:-a-eu;-a-a;a:e.c.taueu;.Ilpensevraisemblablementla catastrophe de Jerusalem. Malgr cela, si le v. 43 ne reprend que le deuxime thme du v. 41 (le transfert de la vigne), Mt devait avoir l'intention de dvelopper le premer thme au v. 44. Les v. 43 et v. 44 se rapportent ainsi au v. 41 au moyen de motifs croiss : A-B, B -A. Dans cette structure, le v. 42 est mis entre parentses, et Mt ne rapporte le v. 43 qu'au v. 41. Il ne 1'a laiss que parce qu'il a prisle v. 42 comme partie intgrante de la parabole. Ainsi, la conclusion de Mt (les vv. 43-44) n'ajoute rien de nouveau: passant de l'image figuree au monde rel, Mt a simplement explicit ce que la parabole indiquait. Cette structure met en doute l'opinion trs courante selon la quelle Mt dessineici1'histoiredusalutselonleschmadesJuifs1'Eglise.Certes,l'.|e;duv.43 n'indique nulle autre que 1'Eglise, mais Mt prcise davantage: 1' . |e;, produira ses fruits.13 Cf., DAVIES, W.D. e ALLISON, D. C. Matthew 19-28, pp. 174-175.4333b - 41-exposio por meio de uma parbola, unida ao texto inicial pe-lapalavra-chavea:.a|e; (vv.39.40.41)etee.a(v.35; cf. Isa 5, 2, lq; s'). 42-44-textosfinais(Sl118,22;Dn2,34-5;44-5),uniuotextoinicial pelapalavra-chaveet -eee.t|(v.42,cf.Dn2,44,~wq)e te; (w. 42,44;cf. v. 35) EssaestruturapropostaporEllisnoretratadevidamenteoqueoredator deMateusdesenvolvedentrodessaseo.Porm,interessanteaproposta,mas falta uma melhor indicao desse possvel discurso que ocorre na sinagoga. W.J.C.Weren14analisaaestruturadosvinhateirosconsiderandoocon-texto imediato, onde o redator possivelmente estruturou a parbola de forma idn-ticacomapercopeanterior,ouseja,aparboladosdoisfilhos(21,28-32),que tambm menciona uma vinha e tem de igual modo caractersticas da parbola ju-rdica. Os textos so estruturados da mesma maneira: Dois filhosVinhateiros 1. Parbola21,28-30 21,33-39 2. A pergunta de Jesus para os seus ouvintes: (v. 31) t; .- a| eue .:etc.| e .a eu :ae;,(v. 40) t :etc.t et; ,.a,et; .-.t|et;, 21,3121,40 3. A resposta deles, introduzida por .,euct|21,31 21,41 4.AconclusodeJesusintroduzidapor A.,.tauet;e`Iceu; 21,31-32 21,42-44 A parbola dos vinhateiros faz parte de uma seo homognea, conseqen-temente a estrutura das trs parbolas est devidamente inter-relacionadas. Portan-to, estamos diante de um texto bem arranjado na sua estrutura. A nossa proposta verificararessonnciadotextodeIsaas5,1-7quepossivelmenteprovocounos vinhateiros, assim verificaremos, mais adiante, como a estrutura do texto isaiano, 44considerando-o como um texto jurdico, pode ser verificado na estrutura mateana dos vinhateiros. 14Cf.,WERENW.J.C.TheUseofIsaiah5,1-7intheParableoftheTenants(Mark12,1-12; 453.4. Os vinhateiros homicidas na sinopse dos Evangelhos15 Mateus 21,33-46Marcos 12,1-12Lucas 20,9-19 33 Escutai outra parbola. Havia um homem, dono de casa que plantou uma vi-nha, e uma cerca colocou em volta, e cavou nela um lagar e construiu uma torre e arrendou-a a lavrado-res, e se ausentou em via-jem. 34 Quando, porm, se apro-ximou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores para receber seus frutos. 35 E tomando os servos, os lavradores espancaram a um, mataram a outro, a ou-tro apedrejaram. 36 De novo enviou cf. v.35 outros servos em maior nmero que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo. 37 Depois, porm, enviou-lhes seu filho, dizendo: Tero respeito a meu filho. 38 Porm, os lavradores, vendo o filho, disseram entre si:Este o herdeiro: vinde, matemo-lo e tenhamos a sua herana. 39 E tendo tomadoo lanaram1e comeou a falar-lhes em parbolas: Um homem plantou uma vinha, ps uma cerca em volta e cavou um lagar e construiu uma torre e arrendou-a a lavrado-res e se ausentou em via-jem. 2E enviou, no momento {disto}, um servo aos la-vradores para que tomasse dos lavradores {parte} dos frutos da vinha. 3E tomando-o, os lavrado-res {o} espancaram e {o} mandaram embora vazio 4E novamente enviou a eles outro servo, e a este bate-ram na cabea e insultaram. 5E enviou um outro, e a este mataram. E muitos outros, dos quais uns espancaram e a outros mataram. 6Tinha ainda um nico: o filho amado. Por ltimo, enviou-o a eles, dizendo (que): A meu filho respeitaro. 7Aqueles lavradores disse-ram entre si (que): Este o herdeiro. Avante, matemo-lo, e a herana ser nossa. 8E tendo{-o} tomado, mata-ram-no e expulsaram-no fora da vinha. 9Comeou a dizer ao povo esta parbola: um homem plantou uma vinha e arrendou-a a lavradores e se ausentou em viajem, por tempo considervel. 10E enviou, no momento {disto}, um servo aos la-vradores, para que lhe des-sem {parte} dos frutos da vinha. 11E continuou a enviar ou-tro servo, e tambm a estetendo-{o} espancado, Mandaram embora de mos vazias. 12E continuou enviando um terceiro; eles tambm a es-te, tendo-o ferido,o lana-ram fora. Cf. v. 13b 13O Senhor da vinha disse: Que farei?Mandareio meu filho amado; com certeza a este respeitaro. 14Vendo-o, os lavradores conversaram uns aos ou-tros, dizendo: Este o herdeiro. Matemo-lo, para que a herana se torne nossa. 15E tendo-o expulsadofora da vinha,mataram{no}. Matthew 21,33-46), p. 12. 15Cf.,KONINGS,J.,SinopsedosEvangelhosdeMateus,MarcoseLucasedaFonteQ,pp. 212-214. Segue aqui a sinopse de Konings, porm usei aqui a minha prpria traduo. 46fora da vinha,e o mataram. 40 Quando, portanto, vier o senhor da vinha, que far queles lavradores? 41 Dizem-lhe: Sendo maus, de modo mau os destruir, e a vinha ar-rendar a outros lavradores, tais que pagaro a ele os frutos no tempo devido. 42 Jesus lhes diz: Nunca lestes nas Escrituras: A pe-dra que rejeitaram os edifi-cadores esta se tornou por cabea do ngulo; pelo Se-nhor foi feito isto e mara-vilhoso aos nossos olhos? 43 Por isso vos digo que ser tirado de vs o Reino de Deus e ser dado a um povo que produza seus fru-tos. 44 [E o que caiu sobre essa pedra ficar espedaado; sobre quem ela cair, o es-magar]. 45 E tendo ouvido os sacer-dotes principais e os fari-seus as suas parbolas co-nheceram que fala a respei-to deles. 46 E buscando-o agarrar, temeram as multides, vis-to que por profeta o tinham. Cf. v. 45 9Que [portanto] far o se-nhor da vinha? Ele vir e destruir os la-vradores, e dar a vinha a outros. 10Nem lestes esta Escritura:A pedra que os construtores desprezaram, esta se tornou a pedra angular. 11Isto foi feito pelo Senhor, e admirvel aos nossos olhos? Cf. v. 12b 12E procuravam prend-lo, e temiam a multido. Pois entenderam que havia contado a parbola com referncia a eles. E deixan-do-o, foram-se. Que, portanto, lhes far o senhor da vinha? 16Voltar, destruir estes agricultores e dar a vinha a outros. Tendo ouvido, disseram: no acontea! 17Ele, fitando-os, disse: Que , pois, isto que est escrito: A pedra que os construtores desprezaram, esta se tornou a pedra angular? 18Todo o que cair sobre es-sa pedra ficar despedaa-do; sobre quem ela cair, o esmagar. 19E os escribas e os sumos sacerdotes procuraram pr as mos nele, naquela hora, e temiam o povo. Pois entenderam que ele havia contado aquela par-bola com referncia a eles. 473.4.1 Anlise sintica dos vinhateiros Os contextos dos Evangelhos sinticos individualizam incontestavelmente o ministrio de Jesus em Jerusalm por uma forte e contundente articulao, com as principais autoridades judaicas, que delineado por suas intensas controvrsias (Mateus21,23-27;22,15-22par.).Aparboladosvinhateiroshomicidas,quein-tercala duas outras parbolas exclusivas de Mateus, proferida simplesmente com o objetivo de d uma resposta concreta e determinante a pergunta sobre a autori-dade de Jesus (Mateus 21,24).A conexo direta com o cntico da vinha de Isaas 5,1-7,pode-severificadaprincipalmenteemMateus(21,33)eMarcos(12,1)16. Lucas faz meno da vinha, porm sem maiores detalhes17.Oestiloalegricoarticuladonosvinhateiros,naperspectivadeMateus, Marcos e Lucas, no se tem nada comparado entre as parbolas de Jesus18. Pode-mos perceber com total certeza que a vinha nitidamente Israel. Essa a tradio veterotestamentria:IsraelsemprecomparadovinhadoSenhor.Porsuavez, osvinhateirossodeterminantementeosprincipaislderesjudeus.Jodonoda vinhaDeus,osmensageirossoosprofetas,ofilhoCristo,ocastigodosvi-nhateirosrepresentaoaniquilamentodeIsrael,jqueperdeimediatamentesua mais pretensiosa prerrogativa: a act.ta eu .eu.Em contra partida, a comuni-dademateanaassumeessaresponsabilidade-at eec.at .|.t :eteu|t eu; -a:eu; au; (Mateus 21,43). A parbola original, provavelmente retratava uma parbola de severa crtica aos proeminentes lderes e instituies de Israel19.Mateus articula estilisticamente o texto dando uma dinmica mais agressi-va na sua narrativa (34a; 40a; 42a), isso diferentemente de Marcos20. Para atender 16ROBINSON,J.A.T.,TheParableoftheWickedHusbandmen:ATestofSynopticRelation-ships, p. 445. A parbola sem igual em Marcos no estando em uma coleo de parbolas (Mar-cos 4) ou um discurso (Marcos 13), entretanto introduzido redacionalmente com a frmula, tam-bm achada em 3,23 e 4,2: aueu; .| :aaeat;.17 Cf., HESTER, D., Socio-rhetorical criticism and the parable of the tenants, p. 8 Lucas distin-tamentemenosalegriconaapresentaodaparbola.umahistriamuitosimples[...]Noh nenhum tema de Isaas, e nenhuma elaborao no destino dos criados. 18Cf.,DRURY,J.,TheSower,lheVineyard,andthePlaceofAllegoryintheInterpretationof Mark's Parables, em JTS, 24, 1973, p. 372. 19 JEREMIAS,J., As parbolas de Jesus, pp. 76-77. Jeremias pensa nas autoridades do Templo, os sacerdotes do sindrio, a quem recorre ameaa terrvel da parbola. 20 Mateus omitiu s uma referncia a Marcos: em 21,37: u c.e| e.a :. c.t.| :e ; au eu ; e | ute|au eu . ,a| eleusaute;,sema,a:e;,comparandocomMarcos12,6a:. t.|a.t,.| ute|a,a:e| Noobstante,MateusreproduziuvriascitaesliteralmentedeMarcos.Estas 48aessacaractersticaliterria, que especfica de cada redator, surgi em destaque ostemas,queeleexplorademaneirasublime:Oenvioemseqnciadosservos (34-39) introduzido redacionalmente sob o sinal do tempo dos frutos (34a: e. e. ,,tc.| e -ate; a| -a:a|).Oaparecimentodoproprietriodavinhana narrativainseridacomumanovaindicaotemporal(40a:ea|eu|.e -ute; eu a:.a|e;); e por fim, o redator mateano aciona uma frmula de tran-sio, .,.t auet; e `Iceu;, com a finalidade de introduzir, finalmente, a aplica-o da parbola aos interlocutores de Jesus (42-44). Desta forma, Mateus amplifi-ca os traos alegricos21, preservando assim, sua interpretao eclesial.A parbola efetivamente introduzida por uma referncia clara a Isaas 5, 2. Aconstruodavinha(Mateus 21,33 // Marcos 12,1 // Lucas 20,9) ressoa, de formaexplcitaointeresseteolgicodossinticos,queenfatizaprontamentea importncia redacional, com sua especificidade teolgica.Essa referncia a Isaas seprolonga,deformaimplcitaperguntaretricadeIsaas5,4;somenteem Marcos 12,9 e Lucas 20,15, j que em Mateus 21,40 a pergunta tem resposta ime-diata.Portanto, a estrutura da vinha est evidentemente baseada no cntico da vi-nha de Isaas 5,1-7. No h dvida que Mateus 21,33 segue Marcos 12,1, e isso verificadoobservandoamenodosvocbulos:.|u.uc.|,|a,e|,au.|e a-eeec.|.Temos aqui a decorrncia primorosa da intertextualidade, j que es-ses verbos procedem inteiramente de Isaas 5,2. Na verso de Lucas (20,9) perce-bemosqueestaconexocomIsaasdrasticamentediminuda.Oredatorlucano esquematiza somente a citao: .|u.uc.| a:.a|a, nada mais alm disso. Con-tudo,nacontinuaodoversoostrs22soconcordanteseincisivosnaproposta redacional: -at. . e.e au e | ,.a,et ; -ata :.e c.|, e arrendou-a a lavrado-res, e se ausentou em viajem. Podemos ainda verificar, que na aplicao crist, a alegoria da vinha de Isaas 5,1-2 o proprietrio indiscutivelmente Deus. O mes-mo acontece nos sinticos, quando os redatores de Marcos e Lucas apresentam o proprietrio basicamente como a|a:e;. Mateus j articula de forma diferente. A inclueme -ute; eu a:.a|e;(Mateus 21,40;Marcos12,9),-e|ee;(Mateus 21,38;Mar-cos 12,7) e :aae| (Mateus 21,33; cf. Marcos 12,1: :aaeat ;).21Cf.,HESTER,D.,Socio-rhetoricalcriticismandtheparableofthetenants,p.7.ParaHester, Mateus intensifica a direo alegrica usada por Marcos. 22 Cf., CROSSAN, J. D., The Parable of the Wicked Husbandmen,p. 452. 49sua preferncia redacional por a|a:e; et-ee.c:e;, que lhe similar em todo o seu evangelho. Porm, aqui o a|a:e; et-ee.c:e; tambm representa Deus. No h dvidas que a vinha representa Israel. Muitos exegetas23 examinam Isaas 5,1-7 relacionando precisamente a imagem inequvoca da vinha a Israel. Os mesmocomparamosvinhateirosdaparbolasinticaaosprincipaischefesdas diversas instituies judaicas.Narealidade,trata-sedosinterlocutoresdeJesus,queseobjetam indevidamentenadinmicadessaparbola:(Mateus21,45a-euca|.;et a,t..t; -at et 1atcatet//Marcos11,27bet a,t..t; -at et ,aa.t; -at et :.cu.et // Lucas 20,19 et ,aa.t; -at et a,t..t;) Aredaolucananopriorizacomdetalhesaincumbnciadosservo-mensageiros (Mateus 21,34-36 // Marcos 12,2-5 // Lucas 20,10-12). definitiva-mente descrita de forma mais simples: os servos so destacados ininterruptamente (eeue|, . .e|, te|). O redator mostra, de forma contnua, a receptividade que esses servos sofrem24: so espancados e insultados, feridos e expulsos.No h na verso de Lucas, at o momento, nenhuma morte. A mesma sorte no ter o Filho. Observamos,portanto,queemLucas20,10-12aexpediodosservo-mensageiros manifesta, de maneira constitutiva, uma histria bem simples na sua narrativa:umeeu e;enviadoperfazendoumtotaldetrs;oprimeiro e.t a|.;25 espancado, o segundo espancado e a ta ca|.; insultado, ultra-jado,oterceirofoiauat ca|.;26ferido.Possivelmente,aversolucana noapresentaqualquersentidoalegricomaisintenso.Pelomenoscomparando com Mateus e Marcos. A nfase, que o redator lucano estabelece, pode ser perce-bidaquandoratificaoenviorecorrentedeumnicoeeue;consecutivamente. Mas,tambmsepercebeototalinsucessodamisso.Caracterizariaa,possivel-mente, a forma mais original da parbola? 23 Cf., HUBAUT, M., La parabole des vignerons homicides, p. 16. Hubaut faz uma citao a esses exegetas: Mentionnons G. wohlenberg, das Evangelium cies Markus (Komm. zum N.T., 2), y d., Leipzig,1920,p.310;Th.zahn,dasEvangeliumdesMatthus(Komm.zumN.T.,1),4d., Leipzig,1922,p.629;J.Jeremias,dieGleichnisseJesu,8Cd.,Zrich,1970,pp.68.167;B.H. branscomb,TheGospelofMark(TheMoffattN.T.rCommentary),London,1937,p.209;. trocm, la formation devangile selon Marc (tudes d'histoire et de phihsophie religieuses, 57), Paris, 1963, p. 163. 24 Cf., LON-DUFOUR, S. J. X., tudes Dvangile,pp. 318-319. 25 Verbo e.a, esfolar, tirar a pele, maltratar, castigar.26 Os trs verbos esto no particpio aoristo ativo, no nominativo masculino plural. 50J em Marcos, essa dinmica sofre uma tenso um tanto exagerado. Apare-cemtrsservo-mensageirossucessivos(eeue|, ae|,ae|)quesoespanca-dos,respectivamente,feridosnacabea(.-.|ataca|)einsultadoseoltimo morto. Somente Marcos usa o vocbulo .-.|ataca|21, que est ausente em Ma-teus e em Lucas. Depois desse temerrio insucesso, o redator acrescenta uma co-misso ainda maior de servos :eeu; aeu; (Marcos 12,5b). Entretanto, anali-sandooverso5b-at:eeu;aeu;verificamosqueanarrativadeMarcos preferiu no usar o procedimento triplo de um servo de cada vez, contudo, descre-veumamissocoletivademuitosoutrosservos:-at:eeu;aeu;,eu;.| e.e|.;, eu; e. a:e-.||e|.;, que em parte so violentados e em parte so mor-tos28.EmMateus21,34-36humamudanananarrativa,quesedistancia efetivamentedeMarcos.Bastaobservarqueoredatormateanonosugere nenhumenvioindividualdeservo(34b:a:.c.t.|eu;eeueu;aueu:e; eu;,.a,eu;),masrespectivamentesinalizadoisgruposdeservo-mensageiros (36a: :a t| a :. c.t.| a eu; eeu eu; :.te|a; a| :aa|). Alm dessa forte diferena no relato, Mateus acrescenta .teeca| ape-drejaram.A proposta destes servo-mensageiros, na perspectiva mateana, mostra um uso totalmente diferente do redator, comparando com a da tradio de Marcos e Lucas29.EmMarcos,possivelmente o redator no tem interesse em alegorizar osprofetasveterotestamentrios,mas,provavelmentefazalusoaoBatista,inse-rindo entre os rejeitados.O redator lucano faz uma adaptao da misso dos ser-vos, com interesse exclusivo em conservar a narrativa mais presumvel a sua nfa-se. Isso ele indica enfaticamente com o envio do filho.Mateus, no entanto tem a finalidade de desenvolver uma aplicao alegrica precisa em seus pormenores. A narrativa mostra, provavelmente que o primeiro grupo se refere aos profetas ante-rioreseosegundogrupoosprofetasposteriores,conseqentementeorelatodo 27 Cf., CROSSAN, J. D., The Parable of the Wicked Husbandmen, p. 452. De acordo com Crossan .-.|ataca| parece ser uma insero redacional deliberada, provavelmente pelo prprio Marcos aludindo ao destino de Joo Batista (Marcos6, 27).28Cf.,LON-DUFOUR,S.J.X.,tudesDvangile,p.319.Lon-Dufourlevantaaseguinte questo: Qual sentido tem ento estes envios? Espontaneamente os ouvintes evocam contnuos as tentativasdeDeusparamanteroutrazeroseupovoaalianapeloministriodeseusservos,os profetas(2R17,13-14).Cadaevangelistainsisteemsuamaneira,Mateusfalade.teeca|, Marcos com aluso a numerosos enviados, Lucas utilizando um termo teolgico, :. (at, enviar. 51apedrejamentomostrademaneiratrgica o iminente destino dos profetas (servo-mensageiros). Nos trs relatos (Mateus 21,37 // Marcos 12,6 // Lucas 20,13), a histria da missodofilhoseaproximadoseupontocrucial.Oenvioderradeirodofilho bastante representativo na histria salvfica. O relato sintico mostra o sentido a-legrico primoroso sobre a misso de Jesus30, de fato uma representao perfeita de Jesus31; alm da idia de Jesus como o herdeiro de Deus32. O redator de Mar-cos,seguidoporLucas,assinalaaindamaisanaturezadaaodoproprietrio, apresentaofilhocomo:ute|a,a:e|.Mateusnofazqualquermeno.De todasasverses,Marcosdefinitivamentepareceseromaisalegriconadi-nmica da misso do filho, e Mateus menos enftico.Podemos observar na misso do filho trs pontos: (a) . |a:ce|at;(b) -e|ee;;(c) -e|eta|. Estes vocbulos aparecem nas trs verses. O tra-tamento que o filho recebeu difere nos relatos: Em Marcos, eles o agarraram e o mataram e o lanaram para fora da vinha33. Em Mateus, como em Lucas, eles o agarrarameojogaramforadavinhaeconseqentementeomataram.Portanto, LucaseMateusinvertemaordemdosfatos.Possivelmenteumreflexodos acontecimentosdapaixo.Jesusfoilevadoparaforadacidadeantesdeser morto. Os trs evangelistas tm acrescentado aplicao da parbola um testemu-nhotomadodoAntigoTestamento:Apedraquerejeitaramosedificadoresesta setornouporcabeadongulo;peloSenhorfoifeitoistoemaravilhosoaos nossos olhos? (Mateus 21,42 e par.). Lucas adiciona outra sentena sobre a pedra (Lucas20,18).DeacordocomC.H.Dood,estaprogressivaelaboraoindica que a Igreja atribua parbola uma importncia singular e desejava eliminar toda advidaacercadesuainterpretao.Noseriaestranho,afirmaDood,queos detalhes do relato, j em sua primeira forma cannica, houvera sido objeto de al- 29ROBINSON,J.A.T.,TheParableoftheWickedHusbandmen:ATestofSynopticRelation-ships, p. 446. 30 LON-DUFOUR, S. J. X., tudes Dvangile, p. 320. 31 CROSSAN, J. D., The Parable of the Wicked Husbandmen, p. 452. 32ROBINSON,J.A.T.,TheParableoftheWickedHusbandmen:ATestofSynopticRelation-ships, p. 448. 33 Cf., HUBAUT, M., La parabole des vignerons homicides, p. 50. Para Hubaut a ordem em Mar-cos mais natural. 52guma manipulao a fim de indicar mais duramente 34. A citao do Salmo 118 era uma necessidade inconfundvel da situao alegrica do relato. Era evidente-mente uma prova textual da comunidade crist35. Os interlocutores de Jesus reconhecem efetivamente que a parbola fala-da contra eles. Fatalmente so eles os vinhateiros homicidas. Assim como rejeita-ramosprofetasveterotestamentrios,agorarejeitamincontestavelmenteJesus.Destaforma,ossinticosdesenvolvemnosvinhateiros,emqueaalegoriade Marcos intensificada por Mateus, mas foi moderada por Lucas36. 3.5 Fonte de Mateus 21,33-46 As transformaes que o redator mateano fez no texto de Marcos partiram evidentementedoseuinteresseeclesiolgico,provocandoassimasmodificaes decarterpuramenteestilsticas.Podemosobservarasconstantesadaptaesna narrativa,sistematizando-asparaatender aoseuintento.Soinevitveisasadap-taes verso da Septuaginta37. Neste caso o uso de Isaas 5,1-7 em parte de-terminadopeloselementosquejestavamdisponveisnafonte(versodeMar-cos).Encontramosinseresredacionaisdevidamenteestabelecidasnoverso43, materialprpriodeMateus38enacitaodoverso44.Redacionalmenteoverso 43, faz parte de um recurso prprio do redator, para sublinhar a importncia tem- 34 Cf., DODD, C. H., The Parables of the Kingdom, p. 130. 35ROBINSON,J.A.T.,TheParableoftheWickedHusbandmen:ATestofSynopticRelation-ships, p. 450. 36 CROSSAN, J. D., The Parable of the Wicked Husbandmen, p. 454. Crossan observa um traba-lho criativo dos sinticos quanto parbola dos vinhateiros: at mesmo com um olho na histria salvfica e o outro em Isaas 5,1-7 h discrepncias problemticas na narrativa, e o ponto que adere acima de tudo o tema de herana. (no concordo que o tema da herana seja essencial nos vi-nhateiros,massimaquestodaculpabilidadedoslderesdeIsrael,paratantoaconexocoma parbola jurdica de Isaas 5,1-7).37KMMEL,W.G.,IntroduoaoNovoTestamento,p.133.NascitaescomunsaMateus, Marcos e Lucas, todos os estudos recentes esto de acordo num ponto: Mateus traduziu ao grego a partir das suas respectivas fontes, as citaes que tem em comum comMarcos ou Lucas, aproxi-mando-se, em certos pormenores, da traduo da LXX. 38HUBAUT,M.,Laparaboledesvigneronshomicides,p.102.ParaHubaut,ahiptesedeuma verso especfica pr-mateana da parbola, da qual o evangelista disporia ao lado do texto de Mar-cos, parece ser bastante coerente. As evidncias so raras na exegese histrico-crtica, afirma Hu-baut:Areconstituiodasverseshipotticascontinuaasersempreperigosa.Emdecorrncia, certas diferenas de Mt oposto de Mc que parecem difceis de explicar pela atividade redacional do evangelista(v.33.34.35-36.40-41,e,sobretudoov.43),noentantoparecemmaiscoerentesse aceita a influncia conjugada Daniel 7 e do targum de Isaas 5, 1-7.53tica dos vinhateiros. No entanto, podemos verificar um possvel paralelismo exis-tenteentreofinaldosvinhateiros(v.40-43)eaparbolaprecedente(v.31-32). Haveria aqui retoques que possivelmente se esclareceria por esse paralelismo, que indicaria um nico redator, amparado sobre uma suposta tradio; restaria saber se por escrito ou no. A partir destas observaes, o verso 43 analisado, por alguns exegetas, como pertencente a uma tradio que antecederia ao redator mateano39. O verso 44 parece no ser uma seqncia lgica do 43. Em razo disto se discutiasuaoriginalidade.Asuaautenticidadefreqentementequestionada40. Ele testificado textualmente em Isaas 8,14 e Daniel 2,44. Para A. Ogawa pos-svel analisar o versculo 44 como sendo parte de uma fase pr-redacional.41.O redator mateano articulou uma interpolao usando o verso 42 e o verso 44. No centro desses dois plos inseriu o verso 43, pela importncia teolgica. J queoverso43possuiaidiaessencialdaaplicaodosvinhateiros.Assim,sis-tematicamente, ele amplifica os traos alegricos j existentes em Marcos.Con-tudo,naparteconclusivadaparbola(45-46),otextodeMarcosinteiramente retomado.ConclusivamentepodemosadmitirqueMateususainteiramenteasua fonte,otextodeMarcos,pelomenosnosaspectosqueeleconsiderafundamen-tais. A dinmica do relato nitidamente precisa. 39 Entre esses exegetas, destacamos: J. Jeremias, R. J. Dilton, W. Trilling, G. Strecker e X. Leon-Dufour.40 Contra a autenticidade: W. Trilling, G. Bornkamm, X. Lon-Dufour. Para Hubaut, o verso 44 foi adicionado a uma fase posterior a redao de Marcos, podendo ser assim pr-mateano. 41Cf.,OGAWA,A.,Parabolesdel'Isralvritable?ReconsidrationcritiquedeMt.XXI28- XXII 14, pp. 130-131. 4 Aspectos literrios em Isaas 5,1-7 importantssima para essa obra uma anlise da relao do texto hebraico deIsaas5,1-7comotextodaSeptuaginta.AvaliaremososelementosdeIsaas quefazemressonnciaemMateus21,33-46:Isaas5,2e5,7.Paratantopartire-mos (Isaas 5,1-7) de uma anlise comparativa entre ambos textos. No texto mas-sortico e no texto da Septuaginta. OcnticodavinhadeIsaastemaformadeumaparbolajurdica1.U. Simon, em seu artigo sobre exemplo de parbola jurdica, cita o caso da parbola daovelhadeNat(2Samuel12,1-12),afirmaqueaforadaparbolajurdica descansa em seu realismo, um realismo que provoca os ouvintes a um autojulga-mento e conseqentemente se condenam.Para Simon, a parbola jurdica forma umahistriasobreumaviolentaodalei:relacionadoaalgumquetinhaem-preendidouminsultoidnticocomafinalidadedeinduziraoouvinte,queno desconfia, a fazer uma auto-anlise2. O ofensor inevitavelmente cair na armadi-lhaarranjadaparaele,severdadeiramenteacreditarqueoepisdiodefatoocor-reu. Ele mesmo vai propor a sentena. E, ao faz-lo estar definitivamente se au-tocondenando. Isso ocorre sem ele perceber. At o momento de uma reflexo mais apurada,eleperceberqueoexecrvelprotagonistadahistria,queacreditou ser verdadeira. Desta forma, ele entender a sua participao diante das possveis acusaes.Para J. D. W. Watts, o cntico da vinha representa de fato um tribunal de justia. Porm, esse conselho jurdico trataria exclusivamente com assuntos perti-nentesaodefamlia3.Oimportanteverificarafinalidadedocnticosegundo essas teorias: estaramos possivelmente diante de um processo legal. 1 Cf., YEE, G.A., A Form-Critical Study of Isaiah 5,1-7 as a Song and a Juridical Parable, p. 40.Yee percebe em Isaas 5,1-7 duas formas literrias: um cntico e uma parbola jurdica: Ambos os tipos tm semelhanas formais e funcionais. Dentro da estrutura global de um cntico o elemen-to parablico quer provocar nos prprios ouvintes um autojulgamento.2 C.f., SIMON, U., The Poor Mans Ewe Lamb: An Example of a Juridical Parable, pp. 220-21. 3 WATTS, J. D. W. Isaiah 1-33, p. 54. 55O cntico de Isaas, como props G. A. Yee endereado a uma audincia puramentejerusalemitana.Ahistriaseriaumaalusoaparentedestruiodo reinodoNorteporTiglath-pileserem734-32a.C.Estaria,ento,subentendidoa histria de uma vinha totalmente incapaz de produzir as uvas esperadas, frustran-do a expectativa do proprietrio da vinha. Conseqentemente, diante de uma vinha inteiramente improdutiva, s restaria a sua destruio.Contrariamente,Vermeylenanalisacomoumateologiadehistriaretros-pectiva que se levanta na sombra do movimento deuteronomista4. A difcil situa-o do exlio estaria aqui em evidncia. O redator isaiano busca d resposta con-creta ao questionamento dos compatriotas jerusalemitanos sobre o motivo da per-da da liberdade diante dos babilnicos e, por conseguinte a inevitvel falncia da dinastiadavdica.Oprofetaressaltaaculpabilidadeeairresponsabilidadedos jerusalemitanos.ComissoeleresguardariaYahweh,nooacusandodeabsoluta impotncia diante dos terrveis fatos. A responsabilidade pela deportao dos ha-bitantes de Jud e dos moradores de Jerusalm inteiramente deles mesmos, pela sua total e fatdica improdutividade, em outras palavras, a completa desobedincia ao direito e a justia preconizadas.Estaanliseproduzosseguintes resultados.EmIsaas5,1-7,ametforada vinha aplicada para a casa de Israel. A conexo entre verso 7 e o verso 3 deixa bem claro que a casa de Israel se refere aos habitantes de Jerusalm e as pessoas de Jud, isto , para o reino sulista que tem que executar a tarefa que foi significa-tiva originalmente para todo Israel5. O que o profeta Isaas prope a preocupa-o de Deus para com a casa de Israel, ele espera justia social; porm, Israel rea-ge exercendo injustia social. 4 Cf., KAISER, O., Isaiah 1-12, p. 94. 5Cf., WILLIAMS, G.R., Frustrated Expectations in Isaiah V 1-7: A Literary Interpretation, 1985, p. 464. 564.1 Estrutura do texto hebraico de Isaas 5,1-7 6 Quanto delimitao da percope, Watts observa que o cntico da vinha umaunidadebemdelimitadacomcomeoclaramentemarcadoeumfimbem determinado7. Para Y. Gitay o complexo de Isaas 5,1-30 uma unidade textual, introduzida pelos versos 1-78. A estrutura do cntico da vinha de Isaas apresenta-se em trs partes, vv. 1-2, vv. 3-6, e v. 7. Essa estrutura desenhada pela inverso dos verbos: ora na pri-meira pessoa do singular, ora na terceira pessoa do singular. Essas trs estrofes esto em forma potica: A: vv. 1-2; B: vv. 3-6; C: v. 79. O verso 1a introduz o cntico: :: : -: s. :s. Observe o