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CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM TERAPIA
COGNITIVO–COMPORTAMENTAL
MARIA BETHÂNIA SOUSA PEREIRA
TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA DE PACIENTES PRÉ CIRURGIA
BARIÁTRICA
SÃO PAULO
2016
MARIA BETHÂNIA SOUSA PEREIRA
TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA DE PACIENTES PRÉ CIRURGIA
BARIÁTRICA
Trabalho de conclusão de curso lato sensu
Área de concentração Terapia Cognitivo-Comportamental
Orientadora: Profª Drª Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profª Msc. Eliana Melcher Martins
São Paulo
2016
.
PEREIRA, Maria Bethânia Sousa.
Técnicas da Terapia Cognitivo--Comportamental Utilizadas na
Avaliação Psicológica de Pacientes pré Cirurgia Bariátrica – 2016.
32 f: il.color + CD-ROM
Trabalho de conclusão de Curso (especialização) – Centro de Estudos
em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC).2016.
Orientação: Profª Drª Renata Trigueirinho Alarcon
1. TERAPIA COGNITIVA. 2. TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL. I. Pereira, Maria Bethânia Sousa. II. Alarcon,
RenataTrigueirinho. Orientadora. III.Título
MARIA BETHÂNIA SOUSA PEREIRA
TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL UTILIZADAS NA
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE PACIENTES PRÉ CIRURGIA BARIÁTRICA
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das
exigências para obtenção do título de Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: ____________________________________________________________
Profa. _____________________________________________________
Parecer: ____________________________________________________________
Profa. _____________________________________________________
São Paulo, ___ de ___________ de _____
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, com Amor
Incondicional; onde estiverem
sei que torcem por minha
Felicidade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente, por me
motivar todos os dias, por me encher de esperança e fé para conseguir alcançar todos os meus
objetivos. A Eduardo Bermudes, pela compreensão, Amor, carinho e incentivo.
Resumo
Atualmente a obesidade é considerada um dos maiores problemas de saúde pública do
mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a projeção é que em 2025,
cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões obesos. No
Brasil dados do Ministério da Saúde revelam que 51% da população está acima do peso. A
Cirurgia Bariátrica (CB) tornou-se ao longo do tempo o meio mais eficaz de combate a esta
patologia, uma vez que é eficiente em combater também doenças associadas como diabetes,
hipertensão e outras agravadas pelo excesso de peso. Desta forma, torna-se importante
conhecer e pesquisar uma importante etapa deste processo, que é a avaliação psicológica pré
cirurgia bariátrica. Neste trabalho, através de pesquisa bibliográfica, foi feito um breve
panorama do processo de avaliação psicológica dos candidatos a CB, focando
especificamente as técnicas da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Constatando-se
que não existe no país um protocolo estabelecido para a referida avaliação, entretanto existe
um consenso entre os estudiosos da área, que de fato esta etapa no combate a obesidade é de
extrema importância. Os psicólogos que trabalham com esta demanda utilizam-se de diversas
formas e técnicas no trabalho de avaliação psicológica destes pacientes, entre elas, as técnicas
da TCC mais utilizadas são os Inventários de Beck (BAI, BDI e BSI); com estes instrumentos
é possível avaliar níveis de ansiedade, depressão e ideação suicida; dados estes fundamentais
em compor uma melhor compreensão do momento de vida destes pacientes, a motivação, seu
preparo e os fatores emocionais que podem impactar em sua adaptação à vida após a cirurgia,
e às mudanças de estilo de vida que virão. Em suma, podemos concluir com esta pesquisa que
a avaliação psicológica para a CB é uma etapa primordial no processo de combate a
obesidade, uma vez que proporciona ao paciente um melhor entendimento dos seus
conteúdos e questões psicológicas. Também foi possível verificar que a avaliação psicológica
pré CB é um campo em plena expansão, que necessita ainda de estudos e pesquisas que irão
contribuir em muito para o desenvolvimento do trabalho nesta área .
Palavras Chave: obesidade, cirurgia bariátrica, avaliação psicológica, terapia cognitivo-
comportamental
Abstract
Currently obesity is considered a major public health problems worldwide, according
to the World Health Organization (WHO) is projected that in 2025, approximately 2.3 billion
adults are overweight; and more than 700 million obese in Brazil to the Ministry of Health
show that 51% of the population is overweight. The Bariatric Surgery (BS) has become over
time the most effective means of combating this disease, because beyond it is effective in also
fight diseases such as diabetes, hypertension and other aggravated by excess weight. Thus, it
becomes important to browse and search an important step of this process, namely the pre
bariatric surgery psychological assessment. In this paper, through literature search was made a
brief overview of the psychological evaluation process of candidates for BS, focusing
specifically on the techniques of Cognitive Behavioral Therapy (CBT) used in this
assessment. Noting that there is in the country a protocol for this evaluation. Psychologists
who work with this demand are used in various ways and techniques in psychological
assessment of work of these patients, including the techniques (CBT) most used are the
inventories of Beck (BAI, BDI and BSI), with these instruments is possible to assess levels of
anxiety, depression and suicidal ideation, given these fundamental in composing a better
understanding of the time of life of these patients, motivation, their preparation and emotional
factors that can impact on their adjustment to life after surgery, and changes lifestyle to come.
In short we can conclude with this research that the psychological evaluation for BS is a
major step in the process of combating obesity, since it gives the patient a better
understanding of its contents and psychological issues. It was also observed that pre
psychological assessment BS is a field in full expansion, which needs further studies and
research that will contribute greatly to the development of work in this area.
Keywords: obesity, bariatric surgery, psychological assessment, cognitive behavioral therapy
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10
2 OBJETIVOS......................................................................................................................10
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 13
4 RESULTADOS.................................................................................................................14
4.1 Obesidade.........................................................................................................................15
4.2 Cirurgia Bariátrica.........................................................................................................15
4.3 Avaliação Psicológica......................................................................................................18
5 DISCUSSÃO ....................................................................................................................25
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................26
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................27
10
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da historia a obesidade foi interpretada de diferentes formas nas diversas
épocas da humanidade, refletindo os valores culturais e científicos de cada momento
histórico.
Como exemplo disso podemos citar as modelos com formas arredondadas que serviam
de inspiração aos pintores da renascença, em contraste ao modelo de beleza extremamente
magro da atualidade que vemos circular pelas passarelas mundo a fora. Apesar da importância
dos valores culturais, a obesidade está relacionada a uma gama de patologias que faz com que,
atualmente, seja considerada uma importante doença nutricional.
A obesidade é considerada uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo
de gordura. Na Classificação Internacional de Doenças – 10ª edição (CID-10) ela é
considerada uma entidade nosológica clínica inserida no capítulo IV das Doenças Endócrinas,
Nutricionais e Metabólicas descrita sob a sigla CID10 – E66. Obesidade (ABESO apud CID
10, 2007).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade é hoje um dos
maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3
bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos , No Brasil dados
do Ministério da Saúde (2013) revelam que 51% da população está acima do peso (ABESO,
2016).
Para França (2014) o principal meio utilizado de avaliação da obesidade é o cálculo do
Índice de Massa Corporal (IMC). Sua fórmula consiste na divisão do peso em quilogramas
pela altura em metros do indivíduo ao quadrado. De acordo com esse cálculo, existem as
seguintes classificações, propostas pela Organização Mundial de Saúde de peso em adultos:
quando o resultado obtido é de até 18,49kg/m² considera-se baixo peso. Entre 18,5 e
24,99kg/m² o peso é tido como normal (considerado saudável); o resultado maior que 25
indica sobrepeso, sendo entre 25 e 29,99kg/m² é considerado pré-obesidade. Resultado maior
que 30kg/m² indica obesidade, dividido da seguinte forma: entre 30 e 34,99kg/m² obesidade
de grau I, 35 e 39,99kg/m² obesidade de grau II e igual ou maior que 40kg/m² obesidade de
grau III (ou obesidade mórbida)
O coeficiente encontrado da relação entre as medidas de circunferência da cintura e do
quadril (conhecido como RQC - Razão Cintura - Quadril) é outro indicador também muito
utilizado para avaliação da obesidade. Seu resultado é obtido através da divisão da
11
circunferência da cintura pela circunferência do quadril. O risco de doenças é maior quando o
número obtido atinge valor superior a 0,95 para homens e 0,85 para mulheres ( FRANÇA,
2014 apud NIEMAM, 1998).
Tratar a obesidade mórbida tem se mostrado um desafio aos profissionais da área de
saúde. A abordagem clínica, tanto a medicamentosa quanto a não medicamentosa não tem se
mostrado um meio eficaz de diminuição e manutenção do peso para casos de pessoas obesas
mórbidas. Segundo Shiraga (2006), 98% dos pacientes que têm obesidade mórbida não
alcançam sucesso em seu tratamento clínico.
Desta maneira, a Cirurgia Bariátrica (CB) aparece como alternativa de forma eficaz e
duradoura para a redução do peso e melhora geral da saúde.
Conforme o Ministério da Saúde, por ser um tratamento invasivo, a (CB) possui
critérios de inclusão e exclusão. A seleção dos pacientes no pré-operatório deve conter uma
análise abrangente de múltiplos aspectos do doente, necessitando assim ser realizada por uma
equipe multidisciplinar composta por endocrinologistas, nutricionistas, cardiologistas,
pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e cirurgiões (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2016).
O Ministério da Saúde regulamentou a composição das equipes para a realização do
tratamento da obesidade, incluindo a participação do psicólogo em 29 de fevereiro de 2000,
através da portaria GM/MS nº 196. Após essa data, muitas outras portarias reforçaram a
importância da avaliação psicológica. Por meio da resolução nº 1.766/05 publicada no Diário
Oficial,em 11 de julho de 2005, o Conselho Federal de Medicina instituiu oficialmente a
presença obrigatória dos psicólogos nas equipes de cirurgia bariátrica (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2016).
Sendo hoje a obesidade um grave problema de saúde pública em nível mundial, e em
virtude do aumento considerável deste tipo de cirurgia no país nos últimos anos; torna-se
importante pesquisar a avaliação psicológica dos pacientes (que serão submetidos a este tipo
de cirurgia) e as técnicas da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) que atualmente são
utilizadas neste processo.
Neste cenário a avaliação psicológica possui fundamental importância, a fim de
identificar, ainda no período pré-operatório, fatores psicológicos e comportamentais que
possam de alguma forma influenciar no sucesso da perda de peso no período pós-cirúrgico.
Possibilita verificar nos repertórios afetivo e cognitivo do paciente os recursos para lidar com
as mudanças causadas pelo procedimento e pelo emagrecimento acelerado.
(BENEDETTO,2009)
12
A afirmação de que a obesidade se assume como um problema de saúde publica nos
países desenvolvidos decorre da sua prevalência, dos riscos que se lhe associam, da sua
condição crônica e da comorbidade com outras condições físicas (como sejam a apneia do
sono ou doenças cardiovasculares) e psicológicas (como depressão ou outras perturbações do
humor, ou perturbações do espectro da ansiedade) (FANDINO, BECHIMOL, COUTINHO &
APPOLINARIO, 2004).
Originalmente nascida como uma psicoterapia breve, estruturada e orientada ao
presente, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) foi desenvolvida por Aaron T. Beck no
início de 1960, na Universidade da Pensilvânia, para tratamento da depressão. Desde então,
tem sido desenvolvida e aplicada em muitos transtornos psiquiátricos, para as mais diversas
populações e contextos, tendo como base a modificação de pensamentos e crenças
disfuncionais para a resolução de problemas (BECK, 1997 apud BECK,1964).
A (TCC) caracteriza-se por ser uma abordagem psicoterapêutica estruturada de
participação ativa entre terapeuta e paciente, voltada para o presente, baseada no Modelo
Cognitivo e na utilização de técnicas específicas, predominantemente cognitivas e
comportamentais, que visam modificar os padrões de pensamentos e crenças disfuncionais
que causam ou mantêm sofrimento emocional e/ou distúrbios psicológicos no indivíduo. Tem
como pressuposto fundamental a ideia de que as emoções, comportamentos e reações
fisiológicas estão diretamente ligados à forma como o indivíduo avalia suas experiências no
mundo (BECK, RUSH, SHAW & EMERY, 1997). Ou seja, a forma como os indivíduos
interpretam as situações será determinante da maneira como ele irá se sentir, afetiva e
fisiologicamente, e de como ele irá se comportar (SHINOHARA, FIGUEIREDO &
BRASILEIRO, 1999).
Em relação a obesidade, J. Beck (2009) relata que o comportamento de comer não é
algo automático, é sempre precedido por um pensamento, chamados de pensamentos
“sabotadores”, enquanto os pensamentos que auxiliam o indivíduo a agirem de forma
produtiva são chamados de “permissivos”, estes autorizam a racionalizarem aquilo que
comem. Como consequência ocorre a diminuição da autoconfiança e elevação do nível de
estresse. Considera ainda que a TCC ensina os pacientes a identificarem os pensamentos
sabotadores que levam a uma alimentação inadequada.
13
2 OBJETIVO
O presente trabalho buscou pesquisar as técnicas e ferramentas da Terapia Cognitivo-
Comportamental utilizadas no processo de avaliação dos pacientes que estão prestes a serem
submetidos à cirurgia bariátrica e avaliar qual a importância destas neste processo.
14
3 METODOLOGIA
Por meio de revisão bibliográfica, foram descritass as técnicas da Terapia Cognitivo
comportamental utilizadas na avaliação psicológica de pacientes pré cirurgia bariátrica.
As bases de dados utilizadas foram Scielo, Google Acadêmico, Pubmed sem
delimitação de período. Os critérios de busca de artigos foram escritos somente em português
ou inglês com os termos descritores utilizados de forma cruzada: "Obesity", "bariatric
surgery", "psychological assessment", "cognitive behavioral therapy" (ou “obesidade”,
“cirurgia bariátrica”, “avaliação psicológica”, “terapia cognitivo-comportamental”.
Selecionaram-se, principalmente, artigos com o texto completo disponível para a leitura,
diretamente relacionados ao estudo da avaliação psicológica para cirurgia bariátrica.
15
4 RESULTADOS
4.1 Obesidade
A definição de obesidade, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica (SBCBM), é que é uma doença caracterizada pelo excesso de gordura no corpo. O
acúmulo ocorre quando a oferta de calorias é maior que o gasto de energia corporal e resulta
frequentemente em sérios prejuízos à saúde (SBCBM, 2016)
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a obesidade é
caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico
em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é o do índice de massa corporal (IMC). O
IMC é calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. É o
padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que identifica o peso normal
quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. Para ser considerado obeso, o
IMC deve estar acima de 30 (SBEM, 2016).
Ainda segundo esta Sociedade a obesidade é fator de risco para uma série de doenças.
Uma vez obeso, o indivíduo tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão,
doenças cardiovasculares, diabetes tipo II, entre outras (SBEM, 2016).
Além de uma patologia, a obesidade é também um fator de risco para outras
enfermidades. Associada também a maior risco de depressão, menor produtividade e
diminuição da autoestima, comum em pacientes obesos (SEGAL & FANDIÑO, 2002)
Segundo a SBEM (2016) são vários fatores que resultam da interação de fatores
genéticos, ambientais e emocionais e também de estilo de vida que podem levar a obesidade,
entre eles estão a ingestão excessiva de alimentos, falta de atividade física, problemas
hormonais e tendência genética. Pesquisas mostram a relação entre herança genética e
obesidade. Normalmente, pais com peso normal têm em média 10% dos filhos obesos.
Quando um dos pais é obeso, 50% dos filhos certamente o serão. E, quando ambos os pais são
obesos, esse número pode subir para 80%.
4.2 Breve revisão sobre a cirurgia bariátrica.
Segundo Silva, (2006 apud Nasser e Elias 2004), o tratamento cirúrgico da obesidade
surgiu na década de 50, relatam que desde essa época até os dias atuais as técnicas foram
16
sendo aperfeiçoadas e, devido aos bons resultados, as chamadas “cirurgias bariátricas” veem
sendo mais divulgadas e aceitas, tanto no meio médico, quanto entre os pacientes. Entretanto,
uma situação preocupante vem ocorrendo; muitos pacientes, estão encarando a cirurgia
bariátrica como uma “tábua de salvação”. Situação em que são depositadas todas as
expectativas e esperanças na cirurgia e no cirurgião, levando a uma crença excessiva e
irrealista no “milagre cirúrgico”. Assim sendo, os pacientes assumem uma posição de
passividade diante do tratamento. Agindo dessa forma, podem até colocar em risco o êxito do
tratamento, pois não se engajam no processo pós-cirúrgico, fase esta que requer forte adesão
do paciente (SILVA, 2006 apud FRANQUES, 2004; MATIELLI et al., 2004; NASSER;
ELLIAS, 2004; TRAVADO et al., 2004).
A CB consolidou-se ao longo do tempo através de avanços técnicos e tecnológicos,
como uma alternativa segura e eficiente no combate a obesidade grave, mas também contra
doenças associadas como diabetes, hipertensão e outras agravadas pelo excesso de peso.
Atualmente o Brasil é o segundo país no mundo que mais realiza operações deste tipo, com 80
mil registros por ano, ficando atrás apenas dos EUA. O crescimento nos últimos dez anos foi
de 300% e a taxa de mortalidade que não ultrapassa 0,15% (SBCBM, 2016).
Entretanto, nem sempre todos os pacientes possuem acesso às técnicas mais modernas
disponíveis. Uma vez que as fontes pagadoras em saúde na maioria das vezes não
acompanham as inovações tecnológicas no ritmo necessário. Podemos citar como exemplo
disso a resistência da maioria dos planos de saúde em cobrir a cirurgia bariátrica por
videolaparoscopia, método menos invasivo, mais seguro e com maiores benefícios ao paciente
(SBCBM, 2016).
De acordo com a SBCBM (2016), os tipos de (CB) diferenciam-se pelo mecanismo de
funcionamento. São três procedimentos básicos da cirurgia bariátrica e metabólica, que
podem ser feitos por abordagem aberta ou por videolaparoscopia (menos invasiva e mais
confortável ao paciente):
-Restritivos – que diminuem a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de
comportar,
-Disabsortivos – que reduzem a capacidade de absorção do intestino,
-Técnicas mistas – com pequeno grau de restrição e desvio curto do intestino com
discreta má absorção de alimentos.
Segundo a SBCBM, a videolaparoscopia é minimamente invasiva e aplicável em todas
as técnicas cirúrgicas, é considerada uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina. Na
cirurgia convencional, o médico necessita fazer um corte de pelo menos 20 centímetros no
17
abdômen do paciente, enquanto na videolaparoscopia são feitas de 4 a 5 mini-incisões de 0,5 a
1,2 cm cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. Todo esse registro é
gravado e o paciente pode levar uma cópia do DVD consigo, o que é muito interessante, pois
constitui–se em um documento da operação. A favor da videolaparoscopia estão a redução do
tempo de cirurgia, menos dias de internação, diminuição do risco de infecção, menor
incidência de hérnia no local da incisão e a possibilidade de o paciente voltar às atividades
normais em menos tempo (SBCBM, 2016).
Essa técnica apresenta altas taxas de sucesso, promovendo em média uma redução de
40% a 45% do excesso de peso inicial. Entretanto essa intervenção é considerada pelo
Ministério da Saúde uma medida extrema, devendo ser usada apenas quando todas as
alternativas conservadoras forem esgotadas (SBCBM, 2016).
A Portaria n° 424, de 19 de Março de 2013 do Ministério da Saúde, redefine as
diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como
linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.
De acordo com a portaria acima citada o tratamento cirúrgico é apenas parte do
tratamento integral da obesidade, que é prioritariamente baseado na promoção da saúde e no
cuidado clínico longitudinal. O tratamento cirúrgico é indicado apenas em alguns casos,
tratando-se, portanto, apenas uma ação dentro de toda da linha de cuidado das pessoas com
sobrepeso e obesidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
Ainda segundo a referida portaria as indicações para cirurgia bariátrica são :
- Indivíduos que apresentem IMC 50 Kg/m2.
- Indivíduos que apresentem IMC 40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no
tratamento clínico longitudinal realizado, na Atenção Básica e/ou na Atenção Ambulatorial
Especializada, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos;
- Indivíduos com IMC > 35 kg/m2 e com comorbidades, tais como pessoas com alto risco
cardiovascular, Diabetes Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica de difícil controle,
apneia do sono, doenças articulares degenerativas, sem sucesso no tratamento clínico
longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016);
Os limites clínicos devem ser respeitados de acordo a idade. Nos jovens entre 16 e 18
anos, poderá ser indicado o tratamento cirúrgico naqueles que apresentarem o escore-z maior
que +4 na análise do IMC por idade, porém o tratamento cirúrgico não deve ser realizado
antes da consolidação das epífises de crescimento. Assim sendo, a avaliação clínica do jovem
necessita constar em prontuário e deve incluir: a análise da idade óssea e avaliação criteriosa
18
do risco-benefício, realizada por equipe multiprofissional com participação de dois
profissionais médicos especialistas na área. Nos adultos com idade acima de 65 anos, deve ser
realizada avaliação individual por equipe multiprofissional, considerando a avaliação
criteriosa do risco benefício, risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e
benefícios do emagrecimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)
O indivíduo e seus responsáveis devem compreender todos os aspectos do tratamento
e assumirem o compromisso com o segmento pós-operatório, que deve ser mantido por tempo
a ser determinado pela equipe (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
O paciente deverá assumir o compromisso consciente em participar de todas as etapas
da programação, com avaliação pré-operatória rigorosa (psicológica, nutricional, clínica,
cardiológica, endocrinológica, pulmonar, gastroenterológica e anestésica) (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2016).
As contra indicações para cirurgia bariátrica são para: limitação intelectual
significativa em pacientes sem suporte familiar adequado; quadro de transtorno psiquiátrico
não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas; no entanto, quadros psiquiátricos
graves sob controle não são contraindicativos obrigatórios à cirurgia; doença cardiopulmonar
grave e descompensada que influenciem a relação risco-benefício; hipertensão portal, com
varizes esofagogástricas; doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior
que venham a predispor o indivíduo a sangramento digestivo ou outras condições de risco;
síndrome de Cushing decorrente de hiperplasia na suprarrenal não tratada e tumores
endócrinos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
4.3 Avaliação Psicológica
São diversas variáveis psicológicas que podem estar associadas à obesidade, tais
como: baixa autoestima, insatisfação com a imagem corporal; isolamento social; sentimentos
de culpa, de rejeição e/ou de exclusão social; baixo autocontrole comportamental; e
sintomatologia depressiva ou ansiosa (TRAVADO et al., 2004; BEAN et al., 2008).
A avaliação psicológica é etapa crítica não apenas para identificar possíveis
contraindicações, mas, acima de tudo, para entender melhor a motivação do paciente, seu
preparo e os fatores emocionais que podem impactar em sua adaptação à vida após a operação
e às mudanças de estilo de vida associadas (SARWER, et al, 2009).
Em uma tentativa de nortear o trabalho do psicólogo na referida área de atuação o
CRP/08 PR, elaborou o documento AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DA
19
CIRURGIA BARIÁTRICA (disponível em http://www.portal.crppr.org.br/download/256.pdf) -
Orientações aos profissionais, elencando da seguinte forma os aspectos a serem considerados:
Gerais Entendimento da obesidade como uma doença epidêmica, crônica,
dispendiosa, multifatorial e com morbidades e mortalidade elevadas, conforme a
OMS;
Percepção da intervenção cirúrgica como uma das etapas do tratamento da
obesidade;
Conhecimento sobre os critérios de indicação para a cirurgia: índice de massa
corpórea, co-morbidades, insucesso do paciente em tratamentos anteriores, apoio
familiar e avaliação pré-operatória rigorosa;
Existência de uma equipe interdisciplinar conhecedora das especificidades
próprias da obesidade.
Específicos Levantamento da história clínica do paciente: estilo de vida, hábitos,
costumes, atividades, relacionamentos, pensamentos, sentimentos e
comportamentos;
Investigação sobre o início da obesidade, padrões familiares, maneiras de
lidar com a doença, quantas e quais tentativas buscou para emagrecer, prejuízos
causados pela obesidade em sua vida, casos de obesidade na família, auto-estima e
imagem corporal, estado de humor, qualidade do sono, vida social e profissional,
expectativas quanto ao procedimento cirúrgico;
Verificação quanto à presença de compulsões, crises de ansiedade e fantasias
acerca do emagrecimento, relação com o alimento e possibilidade de algum
transtorno alimentar (compulsão alimentar periódica, anorexia, bulimia), níveis de
stress, ansiedade e depressão do paciente;
Observação da capacidade de manutenção do controle frente às situações de
stress/tensão e de aspectos psicossociais que possam comprometer os resultados;
Conhecimento de aspectos que podem inviabilizar o procedimento, cirúrgico:
transtornos psicológicos mais graves como Transtorno Bipolar ou Esquizofrenia,
Depressão (sem que esteja em tratamento), demais transtornos mentais e
dependência química;
Considerações sobre a percepção social diferenciada referente aos obesos de
sexo masculino e feminino (discriminação e exigência social);
Relação entre o comer e os fatores emocionais;
Manutenção de conduta cautelosa e de encaminhamento para tratamento
anterior à cirurgia quando necessário;
Identificação de preditores de sucesso pós-operatório;
Previsão e disponibilidade para realização de monitoramento da adaptação
pós-operatória;
Possibilidades de implementação de mudanças nos hábitos de vida
permanentes: ajustes nos padrões alimentares, prática de exercícios físicos e demais
necessários a cada caso;
Importância de se considerar a possibilidade de acompanhamento psicológico
pré e/ou pós-operatório;
Métodos e técnicas psicológicos mais utilizados: Entrevista Psicológica
ampla e detalhada, Testes psicológicos como os de personalidade e, eventualmente,
de inteligência (em caso de dúvidas sobre habilidade intelectual do paciente.).
Segundo Flores (2014) é imprescindível que todos os candidatos à cirurgia sejam
submetidos a avaliação psicológica mais aprofundada, com o intuito de reduzir as
complicações que podem aparecer após o procedimento, o que irá diminuir o risco assumido
pelos pacientes e pela equipe, envolvidos nesse processo. O psicólogo que realiza avaliação
20
para CB é responsável por investigar os mais diversos aspectos da vida do paciente, não
apenas para determinar sua prontidão para a operação, mas também para educá-lo acerca das
mudanças implicadas através dela.
A Avaliação Psicológica se refere ao modo de conhecer fenômenos e processos
psicológicos por meio de procedimentos de diagnóstico e prognóstico e, ao mesmo tempo, aos
procedimentos de exame propriamente ditos para criar as condições de aferição ou
dimensionamento dos fenômenos e processos psicológicos conhecidos. (ALCHIERI, J.C. &
CRUZ, R.M., 2004)
Franques (2004) ressalta a importância da avaliação psicológica e do trabalho
psicológico pré-operatório no prognóstico e na aderência do paciente ao tratamento pós
operatório.
Travado, Pires, Martins, Ventura & Cunha, (2004) reiteram que uma abordagem
multidisciplinar que inclua intervenções psicológicas é primordial para o tratamento cirúrgico
da obesidade. Desta forma a avaliação psicológica possui fundamental importância a fim de
identificar na fase pré-operatória, demandas psicológicas e comportamentais que possam de
alguma forma influenciar no sucesso da perda de peso na fase pós cirúrgica.
Machado e Morona (2007) esclarecem que o processo de avaliação psicológica para a
CB, deverá ter como objetivo a verificação e correta compreensão dos seguintes pontos:
-O objetivo do sujeito com a cirurgia – que expectativas tem, como encara a
obesidade, que benefícios imagina que a cirurgia irá trazer, o nível de consciência
dos riscos envolvidos;
- A condição de saúde em geral – física e psíquica;
- O estabelecimento de um prognóstico a partir da cirurgia (se for o caso da
indicação). Como o sujeito poderá se adaptar ao novo estilo de vida, as
possibilidades de transferência da compulsão, as tendências à ansiedade e depressão.
Ainda segundo Machado e Morona (2007), pode-se dizer que:
...a metodologia para a avaliação do candidato à cirurgia bariátrica não pode ser
baseada em fórmulas prontas, com a indicação desta (s) ou daquela (s) técnica (s). O
psicólogo deverá, trabalhar de forma a estabelecer um processo de avaliação
utilizando os instrumentos que melhor forem atingir os objetivos traçados, com o
intuito de responder à pergunta crucial formulada no início da avaliação, ou seja: o
candidato tem condições psicológicas para se submeter a cirurgia e a todos os
procedimentos posteriores, todas as mudanças que ocorrerão, assim como adaptar-se
a um novo estilo de vida e relacionamento?
A obesidade não é considerada uma doença psiquiátrica, embora possa estar associada
a transtornos como ansiedade e depressão. Assim sendo, torna-se de suma importância a
abordagem desse aspecto no acompanhamento e tratamento de pacientes obesos (ALMEIDA,
2015);
21
Almeida et al. (2015), realizou um trabalho cujo objetivo era avaliar a ansiedade e
depressão em pacientes com excesso de peso atendidos em ambulatório especializado em PE,
com uma amostra de 130 pacientes; para tanto utilizou-se das Escalas de Depressão de Beck
(BDI) e de Ansiedade (BAI).
Franques e Ascencio (2006) relatam estudos de diagnósticos de depressão e sua
intensidade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. Elas se referem ao uso do teste
Inventário de depressão de Beck - BDI como ferramenta de diagnóstico e para auxiliar a
escolha da conduta do tratamento para esses pacientes.
Wadden e Sarwer (2006) também discutem a avaliação psicológica dos pacientes que
procuram a cirurgia bariátrica e quais são as complicações psicossociais mais frequentes
nessas pessoas. Após analisarem artigos que discorriam sobre os transtornos alimentares e
sobre a depressão e a cirurgia bariátrica, concluíram que há poucos resultados sobre o quanto
essas psicopatologias podem afetar o pós-operatório dos pacientes.
A Entrevista Psicológica ampla e detalhada e testes psicológicos como os de
personalidade e, eventualmente de inteligência (em caso de dúvidas sobre habilidade
intelectual do paciente.) são os instrumentos mais utilizados na avaliação psicológica para
cirúrgia barátrica (COF/CRP-08, 2016).
Glinski, Wetzler e Goodman (2001) alertam para que sejam observados na referida
avaliação psicológica os fatores psicossociais no tratamento da obesidade, considerando
também a adequação cognitiva comportamental dos pacientes, sendo esses fatores de bom
prognóstico do tratamento. Ainda segundo os mesmos autores a TCC colabora com os
programas de autocontrole, com a redução dos estados emocionais negativos e possibilita
melhor funcionamento psicossocial.
França, (2014) em sua tese de doutorado entrevistou 18 psicólogos que realizam
avaliação psicológica para CB. Constatando que nesta avaliação diversos instrumentos podem
ser utilizados. Nessa pesquisa houve entrevistado que respondeu utilizar apenas 1
instrumento, até outro profissional que utiliza 6 instrumentos em sua avaliação. A maioria
relatou utilizar 3 instrumentos para realizar sua coleta de dados junto aos pacientes. Os
instrumentos citados foram: entrevista individual; entrevista com familiar; testes psicológicos;
sessão informativa (pedagógica); entrevista de devolução; e outros: técnicas da TCC como
exercícios de respiração; elaboração de um diário alimentar (um registro detalhado da
alimentação do paciente durante um período de tempo combinado em que são anotados: o
horário da refeição; qual o alimento ingerido; qual o sentimento que o paciente percebia sentir
22
no momento em que comeu e, em um caso, qual a nota que ele atribuía a sua fome e a sua
vontade de comer); redação; e seleção de fotografias.
A maioria dos entrevistados 67% fazem uso de testes psicológicos, enquanto 33% não
o fazem. Os testes mais citados são Escala de Hamilton, EAT, HTP,EFN. Da TCC foram
citados as escalas de Beck, BAI, BDI e Escala de Intenção Suicida (BSI) (FRANÇA, 2014).
Constatou que 33% dos entrevistados utilizam-se da escala BAI, sendo estes de
diversas abordagens, não somente TCC. Em relação ao BDI, 22% utilizam esta escala,
divididos em diversas abordagens. Deste total 50% são psicanalistas, 25% da TCC e 25% de
outras abordagens. Já em relação a escala de ideação suicida BSI, somente 6% dizem fazer
uso deste instrumento (FRANÇA, 2014).
No referido estudo ainda, os profissionais foram solicitados a escreverem seus critérios
para considerarem apto ou inapto um candidato à cirurgia bariátrica. Os critérios citados
foram: presença de depressão aguda, uso de álcool, uso de drogas, presença de medo
excessivo do procedimento, presença de fantasias em relação à cirurgia, diagnóstico de
psicose, diagnósticos de transtornos psiquiátricos em geral, problemas de saúde física,
diagnóstico de retardo mental, ausência de suporte familiar, o paciente ter esgotado todas as
outras formas de tratamento para a obesidade e outros critérios (FRANÇA, 2014).
Oliveira e Yoshida (2008), em trabalho de revisão de literatura também constatam a
utilização do BDI como um dos instrumentos utilizados na avaliação psicológica de obesos
grau III antes e depois da cirurgia bariátrica.
A respeito dos inventários de Beck, é interessante ressaltar que o Inventário de
Depressão de Beck (BDI) foi desenvolvido por Beck, Ward, Mendelsol, Mock e Erbaugh
(1961), com a finalidade de avaliar a intensidade de sintomas depressivos na população em
geral. Graças ao fato de apresentar propriedades psicométricas consideradas satisfatórias
passou a ser um instrumento amplamente utilizado e confiável, desde a época em que foi
lançado, para avaliação da intensidade de sintomas depressivos (NEIMEYER & FEIXAS,
1992; McREYNOLDS, 1989). O inventário foi traduzido para o português em 1982 e foi
validado por Gorestein & Andrade (1996). Posteriormente, em 1996, para alcançar maior
proximidade aos critérios diagnósticos de depressão maior do DSM-IV, o BDI passou por
uma revisão que resultou no desenvolvimento de sua segunda edição, o BDI-II
(BENEDETTO, 2009).
BAI (Inventário da Ansiedade Beck) foi criado por Beck, Epstei, Brown e Stter, no
CCT, em 1988. É uma escala de auto-relato que mede a intensidade dos sintomas da
ansiedade. Na realidade, a mensuração da ansiedade reconhecida como uma das emoções
23
humanas básica é de extrema importância, já que sintomas da ansiedade, bem como transtorno
de ansiedade, podem ser considerados como constituindo uma das dificuldades principais
enfrentadas pelos seres humanos. O BAI foi construído para medir sintoma de ansiedade, que
são compartilhados de forma mínima com os da depressão.Os dados sobre fidedignidade e
validade, baseados em dados das amostras originais e apresentados no manual (BECK &
STEER, 1993).
BSI (Escala de Ideação Suicida Beck) é uma versão de auto-relata de outro
instrumento clínico, também desenvolvido no CCT da Universidade de Pennsylvania e
utilizado, desde 1970, para investigar a ideação suicida em pacientes psiquiátricos. Trata-se da
Scale for Suicide Ideation (SSI) apresentada por Beck, Kovacs e Weissman (1979).
Grothe & cols., 2006 ressaltam que diante desse contexto, a avaliação de pacientes,
seleção criteriosa e educação pré e pós-operatórias têm sido consideradas de extrema
relevância para pessoas obesas candidatas à cirurgia bariátrica.
A avaliação psicológica daqueles que procuram o procedimento se torna necessária,
uma vez que o posterior sucesso da CB dependerá menos da qualidade técnica do
procedimento cirúrgico realizado e mais da capacidade adaptativa do paciente aos novos
hábitos alimentares, ou seja, o insucesso é de ordem comportamental, no qual aspectos
emocionais estão envolvidos (BENEDETTO, 2009).
A avaliação psicológica é etapa crítica não apenas para identificar possíveis
contraindicações, mas, acima de tudo, para entender melhor a motivação do paciente, seu
preparo e os fatores emocionais que podem impactar em sua adaptação à vida após a operação
e às mudanças de estilo de vida associadas (SARWER, et al, 2009)
Esta avaliação também é considerada como oportunidade única de realizar a
psicoeducação do paciente sobre as mudanças implicadas à cirurgia bariátrica, oferecer apoio
psicológico e preparar o candidato para as mudanças comportamentais exigidas na fase pós-
operatória (BAGDATTE, 2012).
24
5 DISCUSSÃO
A obesidade é de fato hoje uma epidemia mundial, de forma que todas as atividades
profissionais envolvidas no processo de combate a essa doença, entre elas a psicologia tende a
ter uma demanda aumentada no decorrer dos anos. Sendo a CB o meio mais eficaz de
combate a obesidade mórbida; a avaliação psicológica para a mesma tornou-se uma etapa
fundamental para o processo, sendo um campo de estudo em expansão para a psicologia.
No que diz respeito a avaliação psicológica e a utilização das técnicas da TCC nesta
avaliação, podemos dizer que são de grande utilidade, uma vez que através delas é possível
fazer uma avaliação do histórico dessa patologia, hábitos alimentares, demandas psicológicas
e ou contraindicações a cirurgia; psicoeducação acerca do processo e mudanças que estão por
vir. Os Inventários ou Escalas de Beck, BDI, BAI e BSI são de grande valia neste contexto,
uma vez que através destes Inventários é possível identificar se o paciente está vivenciando
sintomas de Ansiedade, Depressão e/ou Ideação Suicida, sintomas que poderão prejudicar a
continuidade do tratamento.
O acompanhamento psicológico pós-cirurgia também é um importante ponto a ser
observado, uma vez que poderá auxiliar o paciente a lidar e enfrentar melhor as mudanças
ocorridas após a operação, não só no âmbito corporal, mas também psicossocial.
A esse respeito, França (2014) ressalta que o papel do psicólogo é, assim, o de avaliar,
entretanto esta avaliação precisa incluir o informar o paciente da realidade da cirurgia, de seus
limites, de suas consequências e de suas exigências. Esta ação, não pode ser meramente
informativa, pois, afrontando as expectativas do paciente de conseguir uma solução milagrosa
para os seus problemas, tal informação precisará na verdade ser compreendida e aceita
subjetivamente pelo paciente, de modo que, para que esta compreensão seja alcançada, o
psicólogo terá que auxiliar o paciente nesse processo de elaboração. No entanto a decisão
deve ser tomada pelo paciente obeso, após reflexão e esclarecimentos promovidos pelas
sessões com o psicólogo, e não uma decisão unicamente desse profissional.
A TCC em sua essência poderá auxiliar todo esse processo, uma vez que a atuação de
forma colaborativa entre terapeuta e paciente é a característica essencial da abordagem.
25
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos cirúrgicos de CB visam reduzir as comorbidades associadas à
obesidade no intuito de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, entretanto vale ressaltar,
que para ter-se uma melhor qualidade de vida, deve-se levar em consideração que além da
redução do peso corporal, o tratamento também deve relacionar atividades que visem os
aspectos emocionais de cada indivíduo, para que possa ocorrer não somente a melhora da
qualidade de vida relacionada à saúde física, mas também aquela relacionada à saúde mental.
Desta forma a atuação do psicólogo neste processo é de fundamental importância para
alcançar esses objetivos.
Os dados obtidos a partir da revisão bibliográfica concluem que a avaliação
Psicológica para a cirurgia bariátrica ainda não possui um protocolo por assim dizer no país,
necessitando ainda de muitos estudos para se chegar a essa etapa Constatou-se, entretanto que
apesar de não haver esse consenso, podemos perceber que todos os autores pesquisados são
unânimes em afirmar que a avaliação psicológica para CB é de importância fundamental na
luta de combate a obesidade, uma vez que auxilia o paciente na compreensão dos seus
conteúdos psicológicos, dúvidas e esclarecimentos acerca da importante decisão pela
realização da referida cirurgia.
Neste cenário, a TCC surge como uma importante opção, pois através de suas técnicas
cognitivas e comportamentais auxiliam o psicólogo na avaliação psicológica e posteriormente
no acompanhamento psicoterápico do paciente.
A maioria dos profissionais que atuam na área utiliza-se de variadas técnicas, entre
elas técnicas da TCC e as mais utilizadas são os inventários de Beck (BDI, BAI e BSI).
Diante do exposto podemos concluir que a avaliação psicológica de pacientes obesos
pré-cirurgia bariátrica constitui-se em um verdadeiro desafio ao psicólogo e outros
profissionais atuantes neste processo. Pesquisar e fazer surgir novos instrumentos a serem
utilizados na promoção da saúde para esta parcela da população é fator primordial para a
evolução da área de estudo e atuação.
26
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Termo de Responsabilidade Autoral
Eu Maria Bethânia Sousa Pereira, afirmo que o presente trabalho e suas devidas
partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral
sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão
de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob o título
“TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL UTILIZADAS NA
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE PACIENTES PRÉ CIRURGIA BARIÁTRICA”,
isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de
ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as
responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da
monografia.
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