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Mapeando o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDHM de 1991, 2000 e 2010 da Mesorregião do Vale do Mucuri, MG, Brasil, com o uso de técnicas de estatística espacial descritiva D. M. CUNHA Doutoranda- Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial. DINTER - PUC-Minas/UNEC. L. C. BARROSO Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento da Universidade FUMEC e Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Resumo: Mapeiam-se com o uso de técnicas da estatística espacial descritiva os Índices de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM dos munícipios da Mesorregião do Vale do Mucuri, MG, Brasil, nos anos censitários de 1991, 2000 e 2010. Os dados foram obtidos no Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) e tratados com o software ArcGIS 10.4 TM . O mapeamento do IDHM permitiu analisar a dinâmica de sua distribuição geográfica. Palavras-chave: Geografia. Quantificação. Análise Espacial. IDHM. Vale do Mucuri. INTRODUÇÃO O objetivo geral do artigo é espacializar o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal- IDHM dos munícipios da Mesorregião do Vale do Mucuri, MG nos anos censitários de 1991, 2000 e 2010. E os objetivos específicos são: apresentar a distribuição desta variável, seus centros médios ponderados e as distâncias padrões ponderadas; e, analisar a distribuição da variável a fim de apresentar padrões de distribuição que as relacionam ou não nos respectivos anos. O espaço é um objeto de estudo da Geografia que pode ser analisado por diversas abordagens teórico-metodológicas que acompanharam a evolução do pensamento geográfico, como, por exemplo, a quantitativa, a crítica e a humanística, marcadas por enfretamentos, divergências, debates e discussões diversas. Para a corrente geográfica teorético- quantitativa o espaço e suas variáveis são quantificáveis do ponto de vista matemático, estatístico e tecnológico informacional. A partir desta quantificação são realizadas análises sobre o padrão de distribuição e correlações das variáveis em determinado espaço. São muitas as contribuições da quantificação em Geografia para as análises espaciais e para a sociedade em geral. A Mesorregião do Vale do Mucuri, delimitação espacial utilizada neste estudo, compreende vinte e três municípios localizados no nordeste do Estado de Minas Gerais, Brasil (Figura 1). A Mesorregião possui também uma subdivisão em duas microrregiões denominadas Microrregião de Teófilo Otoni e Microrregião de Nanuque, as quais possuem como município polarizadores, Teófilo Otoni e Nanuque, respectivamente, sendo ainda, o primeiro, polo da Mesorregião. O trabalho divide-se em quatro partes. Na primeira, é apresentada uma breve revisão, teórico-metodológica, sobre a quantificação na Geografia. Em seguida apresentam-se as técnicas e recursos utilizados na elaboração deste trabalho, a espacialização dos dados e discussões sobre a distribuição espacial destes e, por fim, são feitas algumas considerações finais. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICO- METODOLÓGICAS Na década de 1950 do século XX começa na Geografia a meio utilizado pelos geógrafos para manipular e compreender um grande volume de dados, para verificar a relação entre os fenômenos estudados e sua distribuição espacial (GERARDI e SILVA, 1981). 172 Memorias de la Décima Sexta Conferencia Iberoamericana en Sistemas, Cibernética e Informática (CISCI 2017)

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Mapeando o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDHM de 1991, 2000 e 2010 da Mesorregião do Vale do Mucuri, MG, Brasil, com o uso de técnicas

de estatística espacial descritiva

D. M. CUNHA Doutoranda- Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial.

DINTER - PUC-Minas/UNEC.

L. C. BARROSO Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento da

Universidade FUMEC e Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas � Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Resumo: Mapeiam-se com o uso de técnicas da estatística espacial descritiva os Índices de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM dos munícipios da Mesorregião do Vale do Mucuri, MG, Brasil, nos anos censitários de 1991, 2000 e 2010. Os dados foram obtidos no Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) e tratados com o software ArcGIS 10.4TM. O mapeamento do IDHM permitiu analisar a dinâmica de sua distribuição geográfica. Palavras-chave: Geografia. Quantificação. Análise Espacial. IDHM. Vale do Mucuri.

INTRODUÇÃO

O objetivo geral do artigo é espacializar o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal- IDHM dos munícipios da Mesorregião do Vale do Mucuri, MG nos anos censitários de 1991, 2000 e 2010. E os objetivos específicos são: apresentar a distribuição desta variável, seus centros médios ponderados e as distâncias padrões ponderadas; e, analisar a distribuição da variável a fim de apresentar padrões de distribuição que as relacionam ou não nos respectivos anos.

O espaço é um objeto de estudo da Geografia que pode ser analisado por diversas abordagens teórico-metodológicas que acompanharam a evolução do pensamento geográfico, como, por exemplo, a quantitativa, a crítica e a humanística, marcadas por enfretamentos, divergências, debates e discussões diversas.

Para a corrente geográfica teorético-quantitativa o espaço e suas variáveis são

quantificáveis do ponto de vista matemático, estatístico e tecnológico informacional. A partir desta quantificação são realizadas análises sobre o padrão de distribuição e correlações das variáveis em determinado espaço. São muitas as contribuições da quantificação em Geografia para as análises espaciais e para a sociedade em geral.

A Mesorregião do Vale do Mucuri, delimitação espacial utilizada neste estudo, compreende vinte e três municípios localizados no nordeste do Estado de Minas Gerais, Brasil (Figura 1). A Mesorregião possui também uma subdivisão em duas microrregiões denominadas Microrregião de Teófilo Otoni e Microrregião de Nanuque, as quais possuem como município polarizadores, Teófilo Otoni e Nanuque, respectivamente, sendo ainda, o primeiro, polo da Mesorregião.

O trabalho divide-se em quatro partes. Na primeira, é apresentada uma breve revisão, teórico-metodológica, sobre a quantificação na Geografia. Em seguida apresentam-se as técnicas e recursos utilizados na elaboração deste trabalho, a espacialização dos dados e discussões sobre a distribuição espacial destes e, por fim, são feitas algumas considerações finais.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

Na década de 1950 do século XX

começa na Geografia a � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �meio utilizado pelos geógrafos para manipular e compreender um grande volume de dados, para verificar a relação entre os fenômenos estudados e sua distribuição espacial (GERARDI e SILVA, 1981).

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A denominada Geografia Quantitativa ou Geografia Teorético-Quantitativa foi o paradigma geográfico dominante na década de sessenta. Utiliza a teorização, a modelização, beneficia-se do desenvolvimento da informática como instrumento e fundamenta-se na corrente filosófica positivista de Auguste Comte (AMORIM FILHO, 1987).

Segundo Amorim Filho (1987) sua base epistemológica foi organizada por Johnston (1986) como uma síntese dos princípios comteanos, ou seja: 1- Cientificismo ou Cientismo: apenas o método positivista é o verdadeiro para a obtenção do conhecimento; 2- Política científica: o positivismo oferece método para a solução de todos os problemas; e 3- Neutralidade: os critérios para as avaliações científicas e decisões são independentes de compromissos particulares, morais ou político. Para Moraes (2003) essa corrente da Geografia representa a explicação de temas geográficos pelo uso de métodos matemáticos por meio do avanço da estatística e da computação. Cita como exemplo de pesquisa dentro dessa corrente, o estudo de uma região, a qual perpassaria pelas seguintes etapas: 1- a análise começa pela contagem dos elementos presentes; 2- se elaboram tabelas numéricas a serem trabalhadas pelo

computador (médias, variâncias, etc); 3- fazem-se relações (correlações simples e múltiplas, dentre outras), e por fim 4- obtêm-se os dados numéricos cuja interpretação é a explicação da região estudada. E, sobre o uso da modelização por esta corrente o autor afirma que são utilizados modelos de representação e explicação no trato dos temas geográficos. Explica que o modelo se apoia na ideia de que os fenômenos se manifestam como sistemas, relações de partes articuladas por fluxos, são as representações das estruturas fundamentais da organização do espaço. E, na pesquisa o investigador deve preencher os itens do modelo assumido com os dados da realidade enfocada, assim como introduzir variáveis próprias do lugar estudado.

Gerardi e Silva (1981) apud Batella e Diniz (2006, p. 05) apresentam as vantagens da utilização de técnicas quantitativas no ensino e na pesquisa em geografia: 8 tais técnicas possibilitam a redução

das informações a formas manejáveis e interpretáveis; 8 possibilitam análises mais profundas dos dados disponíveis; 8 viabilizam a solução de problemas mais complexos que, dificilmente, seriam descobertos unicamente

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através da observação de dados brutos; 8 possibilitam maior objetividade e precisão das análises; 8 evitam longas e muitas vezes superficiais descrições verbais; 8 evitam, ainda, generalizações baseadas sobre evidências insuficientemente analisadas; 8 permitem ao pesquisador importante economia de recurso e de tempo.

No início dos anos 1970 esta corrente geográfica, por suas contribuições ao planejamento e organização dos espaços urbanos e regionais, dentre outros, colabora para que a Geografia recuperasse seu status como ciência de prestígio. Contudo, isso não impede o surgimento de críticas, resultantes das insatisfações causadas pelas crises econômicas, energéticas e guerras, em especial do Vietnã. (AMORIM FILHO, 1987). E, consequentemente o surgimento de novos paradigmas.

Por outro lado, as novas perspectivas de abordagens teórico-metodológicas da corrente quantitativa foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência geográfica. � �quantificação tem como méritos o enriquecimento da Geografia com o uso de modelos matemático-estatísticos, inserção dos computadores na análise e a busca de aprimoramento metodológico � (COSTA e ROCHA, 2010, p.36).

Os procedimentos matemático-estatísticos podem ser aplicados em todos os ramos da Geografia, se encaixando em qualquer ideologia. E as técnicas quantitativas não são excludentes, ou seja, não excluem outras técnicas de pesquisa da Geografia como o trabalho de campo e a interpretação de imagens (GERARDI e SILVA, 1981).

MÉTODOS E TÉCNICAS

A aplicação da estatística espacial em estudos geográficos é de suma importância para a problematização e levantamento de hipóteses relacionadas ao estudo da distribuição e sua análise espacial. 9 : � � � � � � � ; � � � � � � � � � � < � � � � = > ; < ? @ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � A � � � � � � � � � � � � � � � � B � � � � � � C� � � � � � � � � � � � � 9 D � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � E � � F G G H C � � � � � � � � I � � � � J � � � � ; � � � � � � � � � � < � � � � � K � B � � � � � � � L � M � � N � � � � � � � � � ; � � � � � � � � � � = K L N ; ? C � � � � � � E � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � O � P � � A � A � � < � � C � �

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os dados do IDHM obtidos no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013), os quais, por sua vez, são resultantes de dados dos Censos Demográficos do IBGE realizados nos anos de 1991, 2000 e 2010 e espacializados segundo a estatística espacial descritiva.

Os dados foram analisados segundo técnicas da estatística espacial: o Centro Médio Ponderado e a Distância Padrão Ponderada e mapeados com o software ArcGIS 10.0TM, mais especificamente com os recursos Center Mean e Standard Distance encontrados na janela de recursos do Arc Tool Box.

Estas técnicas estão dentro de uma subárea da estatística, a Estatística Centrográfica, que surge como método de análise regional no século XIX nos Estados Unidos e, originalmente, preocupada com a distribuição de populações humanas (SVIATLOVSKY e EELLS, 1937). E que tem por objetivo principal a união das técnicas de representação e visualização espacial com os procedimentos estatísticos clássicos (médias aritmética e ponderada, desvio padrão,...), de forma a melhorar as técnicas estatísticas para a análise regional. Em outras palavras, estas técnicas são equivalentes em duas dimensões (no espaço) da estatística descritiva clássica para o tratamento de dados isolados (análise univariada). A estatística espacial proporciona a inclusão na análise da dimensão espacial f distância, vizinhança, proximidade f , que é substancialmente diferente das análises univariadas ou multivariadas da estatística clássica (TARTARUGA, 2008, p. 7).

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E, especificamente, sobre a estatística espacial descritiva, destaca-se que:

Medidas descritivas de dados espaciais são importantes na compreensão e avaliação de conceitos geográficos fundamentais, tais como a acessibilidade e a dispersão. (...) Medidas espaciais de centralidade aplicadas à localização de indivíduos na população resultarão em localizações geográficas que estão, de algum modo, melhor localizadas em relação à acessibilidade do equipamento. (...) é importante para caracterizar a dispersão dos fenômenos em torno de um ponto e útil para resumir a dispersão espacial dos indivíduos em torno de um local (...) (ROGERSON, 2012, p. 35).

O Centro Médio Ponderado é � � � � � � E � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �ortogonais, levantadas a partir das médias ponderadas de x e y, para as quais se considera como fator de ponderação a intensidade de determinado fenômeno medido � � � � � � � � � � � � E � � = \ U I � I ; >

e SILVA, 1981, p. 68). O Centro Médio Ponderado é o centro da distribuição de um determinado atributo, ou seja, a sua intensidade de ocorrência. E, neste caso, o cálculo é ponderado pelo atributo escolhido na pesquisa geográfica em realização. Assim, ele indicará o centro de distribuição do atributo associados aos centroides. O fator de ponderação utilizado no cálculo do Centro Médio Ponderado foram os dados do IDHM. Sendo o cálculo realizado pela fórmula abaixo (GERARDI e SILVA, 1981; DINIZ, 2000; BATELLA e DINIZ, 2006, ROGERSON, 2012):

e

Onde,

= média ponderada de x; = média ponderada de y; g h � � � � J � � c

= valores de x; = valores de Y;

w = peso. O Centro Médio Ponderado determina a média central da distribuição, o que, porém, não é o suficiente no estudo das distribuições geográficas, uma vez que variáveis diferentes podem apresentar o mesmo ponto central. Por isso também se realiza cálculos das medidas de variabilidade e de dispersão (DINIZ, 2000). Na Distância Padrão Ponderada o � � � � � � � � � � � @ � � � � � � � � � � B � � � � �

dispersão das distribuições e ao peso dos fenômenos nos � � � � � � � � � � � � � = ; > L > i C2000, p. 6). É obtida pela fórmula (GERARDI e SILVA, 1981; DINIZ, 2000; BATELLA e DINIZ, 2006; ROGERSON, 2012):

Onde,

= média ponderada de x; = média ponderada de y; g h � � � � J � � c

= valores de x; = valores de Y;

w = peso.

MAPEAMENTO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para atender aos objetivos propostos

no trabalho foram utilizados os dados de IDHM dos anos de 1991, 2000 e 2010 do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) de todos os municípios da Mesorregião do Vale do Mucuri. Posteriormente, com base nestes dados foram elaborados mapas que representam os padrões de distribuição espacial desta variável na mesorregião pesquisada.

De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) o IDHM é medido de 0 a 1 tal como o IDH e, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Com base neste dado, observa-se que houve uma evolução considerável de 1991 a 2010 do IDHM dos municípios da mesorregião e que, numa condição escalar, considerando os dados mais recentes, 2010, somente Teófilo Otoni e Nanuque possui um IDHM alto, os demais municípios, variam de baixo a médio (Figura 2). Como afirmado anteriormente, o centro médio ponderado em um mapa corresponde ao centro de distribuição de um determinado atributo. O centro médio ponderado de distribuição do IDHM no ano de 1991 se localiza em 17º 3H j b G � S e 41º 10j 50� O, interior do município de Pavão próximo a divisa com Teófilo Otoni, no ano de 2000 em 17º 31 j ] H � R � b F k F F j 45 � 9 � � � � � � X H F H� � F d k Y F j 44� R � b F k F F j 51� 9 C � � A � � o município de Teófilo Otoni próximo a divisa com o município de Pavão (Figura 2).

A partir da distribuição destes centros no espaço da mesorregião é possível 175

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identificar o deslocamento do IDHM ocorrido nos anos censitários. Entre os anos de 1991 e 2000, o centro médio do IDHM deslocou-se 2,48 quilômetros no sentido Sudoeste e, entre 2000 e 2010 o deslocamento foi de apenas 242 metros no sentido noroeste (figura 2). Nota-se que o primeiro deslocamento, de 1991 a 2000, foi um pouco mais intenso que o posterior de 2000-2010, ambos, contudo, sutis

e influenciados por um aumento do IDHM dos municípios localizados nestas áreas. Em relação à distância padrão ponderada, ou seja, o raio de dispersão espacial em relação ao centro médio do IDHM é possível verificar que a tendência de concentração para os anos censitários pesquisados foi baixa. A circunferência tendeu a abranger quase todos os municípios da mesorregião (Figura 2).

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Verifica-se que, nos dois últimos anos censitários, a distância padrão foi fortemente influenciada pelos dados do município de Teófilo Otoni. As distâncias-padrão aproximadas foram: para o ano de 1991, 72,76Km; para 2000, 72,80Km e para 2010, 72,72Km. Verifica-se que de 1991 a 2010 houve uma redução de apenas 40 metros, tendo sido um pouco mais acentuada a ocorrida no período de 2000 a 2010, no qual houve uma redução de 80 metros. Já de 1991 a 2000 ocorreu um aumento da distância padrão do IDHM de 40 metros.

Observa-se uma fraca tendência de concentração dos dados de IDHM. O tamanho do raio dessa variável indica maior dispersão dos pontos em torno de seu centro, tal fato é, assim, uma indicação de que os dados do IDHM dos munícipios são bastante similares e por isso estão bem distribuídos na mesorregião.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A aplicação da estatística espacial descritiva em estudos geográficos tem importância para a problematização e levantamento de hipóteses relacionadas ao estudo da distribuição espacial de determinadas variáveis. Pelas técnicas da estatística espacial descritiva torna-se possível visualizar e compreender a distribuição dos dados em determinado espaço, tal como realizar a comparação entre as variáveis podendo assim examinar evidências de determinado arranjo espacial. Neste trabalho, por exemplo, foi possível comparar a distribuição da variável IDHM nos anos 1991, 2000 e 2010 e verificar que os centros médios do IDHM pouco se deslocaram e que a distância padrão demonstra uma fraca tendência de concentração do IDHM entre os municípios da mesorregião do Vale do Mucuri, posto que, apenas os municípios de Teófilo Otoni e Nanuque possuem um IDHM alto, ficando os demais numa faixa de baixo a médio IDHM. Sugere-se por fim, que trabalhos futuros sejam realizados sobre a mesorregião com a finalidade de tratar um número maior de variáveis e, consequentemente suas distribuições a fim de se obter análises espaciais que contemplem de forma mais fidedigna e completa a realidade regional.

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