manual vig acarologica

Upload: jairina-chaves

Post on 05-Mar-2016

38 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Esse material descreve as principais características dos carrapatos

TRANSCRIPT

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    1

    MANUAL DE VIGILNCIA ACAROLGICA - ESTADO DE SO PAULO

    SECRETARIA DE ESTADO DA SADESUPERINTENDNCIA DE CONTROLE

    DE ENDEMIAS SUCEN SO PAULO

    DEZEMBRO DE 2002

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    2

    AUTORES Adriana Maria Lopes Vieira Celso Eduardo de Souza Marcelo Bahia Labruna Renata Caporalle Mayo Savina Silvana Lacerra de Souza Vera Lucia Fonseca de Camargo-Neves COLABORADORES Antonio Ferreira de Lima Netto Llian Cristina Neves do Nascimento Marcelo Pavone Pimont REVISO Luiz Jacintho da Silva

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    3

    APRESENTAO

    Este Manual de Vigilncia Acarolgica representa a incorporao definitiva do

    carrapato no conjunto de responsabilidades da SUCEN. A preocupao da sade

    pblica brasileira com estes vetores se restringia febre maculosa, mesmo assim, as

    aes de controle sempre foram de pequena abrangncia. Com a percepo de que os

    carrapatos so vetores de diversas doenas, este Manual vem preencher uma lacuna.

    Dessas doenas, pelo menos duas delas podem ser consideradas emergentes em So

    Paulo no que pese que sua ocorrncia vem sendo detectada com freqncia crescente:

    a febre maculosa brasileira e a borreliose de Lyme. Afora essas, h evidncia de que

    infeces humanas por Erlichia spp e Babesia spp possam tambm estar presentes no

    Brasil. Importante lembrar que a elaborao deste Manual no foi uma mera colagem

    de recomendaes adotadas em outros pases, fruto de uma experincia crescente

    de um conjunto de pesquisadores e de profissionais de sade pblica de diferentes

    instituies, no apenas da SUCEN.

    Esta ainda uma verso preliminar, que se destina a uma espcie de consulta

    pblica, dentro e fora da SUCEN. Esperamos o mximo de contribuies, tanto

    correes de eventuais erros, como acrscimos necessrios, da que as

    recomendaes contidas aqui ainda no devem ser entendidas como definitivas.

    Luiz Jacintho da Silva Superintendente [email protected]

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    4

    NDICE 1 Introduo............................................................................................................ 7

    2 Fauna Brasileira de Carrapatos........................................................................... 8

    2.1 Famlia Argasidae.......................................................................................... 9

    2.2 Famlia Ixodidae 10

    3 Biologia de Carrapatos........................................................................................ 11

    3.1 Caractersticas Biolgicas do Amblyomma cajennense................................ 15

    4 Epidemiologia de Carrapatos de Importncia Mdica no Brasil 18

    4.1 Amblyomma cajennense................................................................................ 19

    4.2 Amblyomma aureolatum................................................................................ 24

    4.3 Amblyomma cooperi...................................................................................... 25

    5 Vigilncia Acarolgica.......................................................................................... 26

    5.1 5.1 Notificao de Infestao Humana................................................................ 27

    5.2 5.2 Notificao de Casos Humanos de Doenas Transmitidas por Carrapatos.. 30

    6 Mtodos de Coleta, Acondicionamento, Preservao e Identificao de

    Carrapatos...........................................................................................................

    32

    6.1 Coleta em Animais......................................................................................... 32

    6.2 Coleta no Meio Ambiente............................................................................... 33

    6.2.1 Tcnica de Arrasto com Flanela Branca............................................. 33

    6.2.2 Tcnica de Armadilha de CO2............................................................................................ 36

    6.3 Acondicionamento e Preservao................................................................. 37

    6.4 Identificao Taxonmica.............................................................................. 38

    7 Atividades Educativas.......................................................................................... 38

    7.1 reas de Reconhecida Transmisso............................................................. 38

    7.2 reas de Transmisso no Reconhecida ..................................................... 39

    8 Medidas Preventivas............................................................................................ 40

    9 Controle de Carrapatos........................................................................................ 41

    9.1 Amblyomma cajennense................................................................................ 42

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    5

    9.1.1 Intervindo na Populao Parasitria................................................... 43

    9.1.2 Intervindo na Populao de Vida Livre................................................ 45

    9.2 Amblyomma aureolatum................................................................................ 47

    10 Referncias Bibliogrficas................................................................................... 48

    11 Anexos................................................................................................................. 52

    11.1 Anexo 1........................................................................................................ 52

    11.2 Anexo 2......................................................................................... 53

    11.3 Anexo 3......................................................................................... 54

    11.4 Anexo 4......................................................................................... 56

    11.5 Anexo 5......................................................................................... 58

    11.6 Anexo 6 ........................................................................................ 60

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    6

    NDICE DAS FIGURAS 1 Ninfa de Amblyomma sp......................................................................... 13 2 Fmea de A. cajennense ingurgitada, em processo de oviposio..................... 13

    3 Ciclo de vida de um carrapato de um hospedeiro (monoxeno)........................... 13

    4 Ciclo de vida de um carrapato de trs hospedeiros (trioxeno)............................ 14

    5 Amblyomma cajennense macho e fmea............................................................ 16

    6 Ciclo biolgico do Amblyomma cajennense ....................................................... 17

    7 Distribuio do A. cajennense, A. aureolatum e A. cooperi nas Amricas.......... 19

    8 Distribuio do Amblyomma cajennense segundo unidades federativas do Brasil...................................................................................................

    20

    9a Dinmica sazonal do carrapato Amblyomma cajennense no Sudeste do Brasil 21

    9b Dinmica sazonal de Amblyomma cooperi e Amblyomma cajennense, na regio de Campinas ..............................................................................

    21

    10 Pastos Sujos ........................................................................................ 23

    11 Mata ciliar da regio de Campinas............................................................ 24

    12 Pastos Limpos...................................................................................... 24 13 Distribuio do Amblyomma aureolatum segundo unidades federativas do

    Brasil................................................................................................... 25

    14 Distribuio do Amblyomma cooperi segundo unidades federativas do Brasil... 26

    15a Retirada de carrapato com a utilizao de pina.......................................... 32

    15b Retirada de carrapato com a utilizao de pina.......................................... 33

    16 Esquema da flanela preparada para captura de carrapatos........................... 34

    17 Tcnica do arrasto com flanela branca....................................................... 34

    18 Rota esquematizada para a tcnica do arrasto............................................ 35 19 Larvas de carrapato no corpo do capturador .............................................. 35 20 Armadilha atrativa.................................................................................. 36 21 Acondicionamento de carrapatos vivos para envio ao laboratrio...................... 37

    22 Placa educativa advertindo a populao em reas endmicas para febre maculosa .......................................... .......................................... .......................

    39

    23 Pessoa atacada por uma alta carga de carrapatos...................................... 41

    24 Aplicao de carrapaticida em eqino........................................................ 44

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    7

    1. INTRODUO Carrapatos so artrpodes ectoparasitas, da classe Aracnoidea, de distribuio

    mundial, parasitando vertebrados terrestres, anfbios, rpteis, aves e mamferos.

    Podem permanecer fixados pele do hospedeiro por dias ou semanas,

    secretando uma saliva que impede a coagulao sangnea e as reaes de defesa do

    organismo no local de fixao. A saliva possui substncias vasoativas, que induzem a

    vasodilatao local, facilitando a ingesto de sangue.

    Os carrapatos alimentam-se principalmente de sangue (hematofagia), mas

    tambm de linfa e restos tissulares presentes na pele do hospedeiro. Isto se d pela

    alta especializao destes artrpodes ao parasitismo por possuirem peas bucais

    adaptadas que perfuram e penetram na pele, a fim de obter o alimento. Dadas as

    particularidades de seus hbitos alimentares, constituem hoje o segundo grupo em

    importncia de vetores de doenas infecciosas para animais e humanos (QUADRO 1).

    Entre os microrganismos, transmitidos incluem-se vrus, bactrias, protozorios e

    helmintos.

    A transmisso de patgenos do carrapato para o hospedeiro se d basicamente

    atravs da saliva, que exerce fundamental importncia no local de inoculao,

    minimizando as reaes imunolgicas do hospedeiro.

    QUADRO 1. Principais doenas causadas por patgenos transmitidos por carrapatos

    ao homem no Mundo e no Brasil.

    Grupo de patgeno

    transmitido Principais doenas

    causadas Gnero de Patgeno Ocorrncia no Brasil

    Arbovrus Encefalites Flavivirus Desconhecida Febres hemorrgicas Nairovirus Desconhecida Bactrias Febres maculosas Rickettsia Confirmada Erliquioses Ehrlichia Suspeita* Doena de Lyme Borrelia Confirmada** Febres recorrentes Borrelia Suspeita*** Protozorios Babesioses Babesia Desconhecida * Baseado em inquritos sorolgicos, com resultados positivos (Yoshinari et al., 1997). ** Silva, L.J., 2002 Comunicao pessoal. *** Baseado em isolamento da espcie Borrelia brasiliense do carrapato Ornithodoros brasiliensis proveniente do Rio Grande do Sul (Davis 1952). Fonte: Hoogstraal, 1985

    A importncia dos carrapatos como transmissores da doena foi inicialmente

    reconhecida nas cincias veterinrias. Em 1886, Theobald Smith descreveu a ento

    denominada Texas Cattle Fever, hoje conhecida como babesiose. Alguns anos depois,

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    8

    em 1889 e 1890, o prprio Smith e Frederick Kilborne, demonstraram a transmisso da

    doena por carrapatos. No incio do sculo 20, os estudos de Ricketts nos EUA

    demonstraram a transmisso por carrapatos da Febre Maculosa das Montanhas

    Rochosas, uma riquetsiose. Mais tarde, a encefalite transmitida por carrapatos, uma

    infeco por flavivrus, foi reconhecida como um problema de sade pblica da Europa

    Central Sibria. Em 1929, Piza e Gomes descrevem o tifo exantemtico paulista, hoje

    conhecida como febre maculosa brasileira, uma riquetsiose.

    Alm de atuar como vetores de doenas, os carrapatos podem exercer por si s

    diversos efeitos deletrios no organismo do hospedeiro, que vo desde a anemia

    ocasionada por uma infestao macia, inoculao de toxinas neurotrpicas que

    causam paralisia ascendente, eventualmente fatal. Obviamente, tais efeitos variam

    conforme a espcie de carrapato e a rea geogrfica.

    Cerca de 90% das espcies de carrapatos parasitam exclusivamente animais

    silvestres. As demais podem ser encontradas parasitando os animais domsticos e

    humanos. Grandes partes das pesquisas tm sido dirigidas a carrapatos de maior

    importncia econmica. Por outro lado, o conhecimento das espcies parasitas de

    animais silvestres torna-se relevante, j que muitas delas participam diretamente na

    manuteno enzotica de patgenos na natureza. Alm disso, a histria mostra que

    algumas destas espcies, antes confinadas ao ambiente silvestre, so vetoras de

    zoonoses emergentes.

    2. FAUNA BRASILEIRA DE CARRAPATOS So conhecidas cerca de 825 espcies de carrapatos no mundo, divididas em

    trs famlias: Ixodidae (625 espcies), Argasidae (195 espcies) e Nuttallielidae (uma

    espcie) (Keirans, 1992). No Brasil, foram identificadas 55 espcies, divididas em seis

    gneros da famlia Ixodidae e quatro gneros da famlia Argasidae (QUADRO 2)

    (Arago e Fonseca, 1961; Guimares et al., 2001).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    9

    QUADRO 2. Nmero de espcies conhecidas de carrapatos, segundo as famlias e

    gneros da fauna brasileira.

    No de FAMLIAS GNEROS

    Espcies ARGASIDAE Argas 1

    Ornithodoros 5 Antricola 1 Otobius 1

    IXODIDAE Ixodes 8 Amblyomma 33 Haemaphysalis 3 Anocentor 1 Rhipicephalus 1 Boophilus 1

    Fonte: Guimares et al. (2001).

    2.1 Famlia Argasidae Nesta famlia, o gnero Argas est relacionado com aves domsticas, estando

    presente em galinheiros de fundo de quintal. O gnero Antricola e algumas espcies

    de Ornithodoros esto relacionados exclusivamente com morcegos. Outras espcies

    do gnero Ornithodoros esto relacionadas com aves e mamferos, podendo parasitar

    humanos. Os Argasdeos geralmente habitam ambientes bastante restritos, tais como

    tocas, cavernas, ninhos, troncos de rvores, e at mesmo habitaes. Algumas

    espcies de Ornithodoros tm sido encontradas parasitando humanos dentro de

    domiclios. Nestes locais, os carrapatos saem de seus esconderijos no cho ou no forro

    do telhado durante a noite, caminham em direo a pessoas adormecidas,

    determinando uma picada muito dolorosa. A presena deste carrapato em habitaes

    humanas est associada presena de morcegos ou roedores que, como hospedeiros

    primrios, mantm a populao de carrapatos nestes locais.

    Carrapatos do gnero Ornithodoros so vetores de borrlias causadoras de

    febres recorrentes em diferentes partes do mundo. No Brasil, a espcie Ornithodoros

    brasiliensis incriminada como vetor de Borrelia brasiliensis, cujo potencial de infeco

    humana desconhecido (Davis, 1952). Outras espcies de Ornithodoros so

    incriminadas como potenciais vetores e reservatrios de Rickettsia rickettsii, agente

    causador da febre maculosa em humanos nas Amricas (Davis, 1943). Algumas espcies de vrus, agentes de doenas humanas, j foram isoladas de diferentes

    espcies de Ornithodoros (Hoogstraal, 1985).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    10

    2.2 Famlia Ixodidae Esta famlia engloba a maioria das espcies de carrapatos do Brasil, dentre eles,

    os de maior importncia mdico-veterinria. Os gneros Boophilus, Anocentor e

    Rhipicephalus, cada um representado por uma nica espcie, so os principais

    carrapatos encontrados em bovinos, eqinos e ces, respectivamente. Nenhum deles

    assume importncia como parasita de humanos, embora sejam de grande importncia

    em veterinria. As espcies dos gneros Ixodes e Haemaphysalis esto restritas a

    aves e mamferos silvestres, no havendo registros de parasitismo humano no Brasil.

    O gnero Amblyomma, o mais numeroso do Brasil (33 espcies), o de maior

    importncia mdica, j que inclui as principais espcies que parasitam humanos neste

    pas. Dentre elas, destacam-se Amblyomma cajennense, A. aureolatum e A. cooperi,

    que esto incriminadas na manuteno enzotica e na transmisso da febre maculosa

    para humanos (Fonseca, 1935; Dias & Martins, 1939; Lima et al., 1995; Lemos et al.,

    1996). Na regio Amaznica, outras espcies assumem maior importncia no

    parasitismo humano, tais como A. ovale, A. oblongoguttatum e A. scalpturatum

    (Labruna et al. 2002a).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    11

    Classificao dos Carrapatos

    Fonte: Oliver, 1989; Keirans, 1992; Klomph et el., 1996; Canicas et al., 1998).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica 11 Superintendncia de Controle de Endemias

    3. BIOLOGIA DE CARRAPATOS Todos os carrapatos da famlia Ixodidae passam por quatro estgios em seus

    ciclos de vida: ovo, larva, ninfa e adulto. Espcies da famlia Argasidae se diferenciam

    por apresentarem de dois a oito estgios ninfais, ao passo que espcies da famlia

    Ixodidae apresentam apenas um estgio ninfal. A exceo dos ovos, todos os estgios

    precisam parasitar um hospedeiro para dar seqncia ao ciclo. Dada a maior

    importncia mdico-veterinria da famlia Ixodidae no Brasil, as informaes biolgicas

    descritas a seguir so caractersticas desta famlia.

    As larvas, ao eclodirem dos ovos no ambiente, so de tamanho bastante

    reduzido, ao redor de 0,5 mm. Ao parasitarem um hospedeiro, fixam-se sua pele por

    alguns dias, quando se ingurgitam de sangue tornando-se abauladas, mas com

    tamanho ainda bem reduzido, ao redor de 1 mm a 2 mm de comprimento. Uma vez

    alimentadas, as larvas realizam em alguns dias ou semanas, a muda ou troca de pele

    para o prximo estgio, as ninfas (Figura 1). Estas, quando no alimentadas, so

    basicamente do mesmo comprimento das larvas ingurgitadas que lhes deram origem.

    No entanto, ao parasitarem um hospedeiro, se ingurgitam de sangue em alguns dias,

    tornando-se abauladas e de tamanho variando de 3 mm a 10 mm, dependendo da

    espcie. Uma vez alimentadas, as ninfas ingurgitadas realizam a muda para o estgio

    adulto, ltimo do ciclo. Estes, antes de se alimentarem, so do mesmo tamanho das

    ninfas ingurgitadas, sendo o nico estgio que apresenta dimorfismo sexual. De modo

    geral, metade das ninfas muda para adultos machos, e a outra metade para adultos

    fmeas. Ao parasitarem o hospedeiro, as fmeas se ingurgitam em dias ou semanas e,

    depois de fertilizadas pelos machos em cima do hospedeiro, podem atingir tamanhos

    variando de 0,5 mm a 30 mm de comprimento, tornando-se mais facilmente detectveis

    sobre o hospedeiro. Uma vez ingurgitadas, as fmeas se desprendem do hospedeiro

    para o ambiente, onde procuram locais escondidos, com temperaturas mais frescas e

    umidade elevada (embaixo de coberturas vegetais, frestas, etc.), onde iro colocar

    milhares de ovos dando incio a uma nova gerao. Cada fmea de Ixodidae pode

    colocar de 1.000 a 20.000 ovos, variando conforme a espcie e o tamanho da fmea

    ingurgitada (Figura 2). De modo geral, o nmero de ovos postos est diretamente

    relacionado ao tamanho da fmea ingurgitada. Ao trmino da postura, as fmeas

    morrem, encerrando uma gerao de carrapatos. De cada ovo colocado, nasce uma

    larva, iniciando-se um novo ciclo.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    13

    Figura 2: Fmea de A. cajennense ingurgitada, em processo de oviposio.

    Figura 1: Ninfa de Amblyomma sp.

    As mudas dos estgios de larva para ninfa e de ninfa para adulto, para os

    gneros Boophilus e Anocentor, se realizam sobre a pele do prprio hospedeiro. Estas

    espcies de carrapatos so classificadas como monoxenos ou carrapatos de um nico

    hospedeiro (Figura 3). Para as demais espcies de carrapatos do Brasil, as mudas

    ocorrem aps o desprendimento da larva ou ninfa ingurgitada do hospedeiro. Estas

    espcies, que realizam as mudas fora do hospedeiro so classificadas de trioxenos ou

    carrapatos de trs hospedeiros (Figura 4).

    Os carrapatos monoxenos completam a fase parasitria em um nico

    Figura 3: Ciclo de vida de um carrapato de um hospedeiro (monoxeno).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    14

    hospedeiro, pois uma vez que sobem neste, na fase de larva, iro desprender e cair ao

    solo somente na fase de fmea ingurgitada. o caso do carrapato-dos-bovinos

    (Boophilus microplus), e o carrapato-da-orelha-dos-eqinos, (Anocentor nitens). Uma

    vez eclodida no ambiente, a larva sobreviver apenas com as reservas energticas

    provenientes do ovo. Este , portanto, o principal estgio de resistncia no ambiente.

    Larvas de B. microplus e A. nitens sobrevivem apenas poucos meses no ambiente, s

    vezes menos que 60 dias nos meses mais quentes do ano.

    Os carrapatos trioxenos precisam de trs hospedeiros para completar a fase

    parasitria, ou seja, um para a larva, um para a ninfa e outro para o estgio adulto. De

    modo geral, os estgios de larva e ninfa so os que apresentam menor especificidade

    parasitria, podendo parasitar diferentes espcies, desde aves at mamferos de

    diferentes tamanhos. J o estgio adulto apresenta maior especificidade parasitria,

    restrita a apenas algumas espcies. Tal comportamento faz dos carrapatos trioxenos

    os de maior importncia na transmisso de patgenos na natureza, pois o fato de

    parasitarem diferentes espcies de vertebrados facilita o intercmbio de agentes

    causadores de doenas entre os hospedeiros.

    Figura 4: Ciclo de vida de um carrapato de trs hospedeiros (trioxeno).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    15

    Dada a menor especificidade parasitria das larvas e ninfas, estes so os

    principais estgios que parasitam os seres humanos. Um exemplo clssico a espcie

    A. cajennense. Larvas e ninfas desta espcie podem parasitar vrias espcies de

    mamferos e aves, inclusive humanos. O estgio adulto mais especfico de grandes

    mamferos tais como eqinos, antas e capivaras e, eventualmente, quando as

    populaes deste carrapato se apresentam muito numerosas, que o estgio adulto ir

    parasitar outros mamferos inclusive humanos. No caso dos carrapatos trioxenos, tanto

    as larvas, como as ninfas e adultos so estgios de resistncia no ambiente, j que

    tero uma sobrevida dependente das reservas energticas adquiridas do estgio

    anterior do ciclo de vida. O adulto o estgio que por mais tempo consegue sobreviver

    sem que encontre um hospedeiro, seguido pela ninfa, e por ltimo, a larva, que

    apresenta a menor sobrevida em jejum. De modo geral, os adultos de Amblyomma spp

    podem sobreviver em jejum, sob condies naturais, por 12 a 24 meses, a ninfa por at

    12 meses, e as larvas ao redor de 6 meses (Diamant & Strickland, 1965).

    3.1 Caractersticas Biolgicas do Amblyomma cajennense Dada sua importncia na transmisso de doenas, ressaltam-se a seguir as caractersticas biolgicas do Amblyomma cajennense descritas por Flechtmann (1985)

    e Guimares et al. (2001).

    As fmeas depois de fecundadas e ingurgitadas (teleginas) desprendem-se do

    hospedeiro e caem na vegetao do solo, onde cerca de 12 dias depois, inicia-se o

    perodo de oviposio (Figura 2). Neste perodo uma nica fmea ovipe em torno de 5

    mil ovos, ao longo de 25 dias, finalizando com sua morte. Aps o perodo de incubao

    (30 dias em mdia temperatura de 25C) ocorre a ecloso dos ovos e o nascimento

    das larvas (hexpodes) com aproximadamente 95% de larvas viveis.

    As larvas sobem e descem a vegetao, conforme variaes ambientais, at o

    encontro do primeiro hospedeiro, onde realizam o repasto de linfa, sangue e/ou tecidos

    digeridos, por 3 a 6 dias; em seguida desprendem-se do hospedeiro e buscam abrigo

    no solo onde, num perodo de18 a 26 dias, ocorre a ecdise transformando-se no

    estgio seguinte (ninfa).

    As ninfas (octpodes) fixam-se em um novo hospedeiro e durante 5 a 7 dias

    ingurgitam-se de sangue. Assim como no estgio larval, as ninfas encontram abrigo no

    solo e sofrem nova ecdise aps 23 a 25 dias, transformando-se nos carrapatos adultos

    que dentro de 7 dias j esto aptos para parasitar novos hospedeiros.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    16

    Uma vez no hospedeiro os carrapatos machos e fmeas (Figura 5) fazem o

    repasto tissular e sanguneo, ocorrendo o acasalamento. A fmea fertilizada inicia o

    ingurgitamento que termina em 10 dias aproximadamente. A partir de ento a fmea

    solta-se da pele do hospedeiro, vai ao solo e d incio a uma nova gerao. O

    Amblyomma cajennense completa uma gerao por ano, mostrando os trs estgios

    parasitrios marcadamente distribudos ao longo do ano (Figura 6).

    Figura 5: Amblyomma cajennense macho (A) e fmea (B),

    adaptado de Arago & Fonseca, 1961.

    A B

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    17

    Figura 6: Ciclo biolgico do Amblyomma cajennense

    (adaptado de Pereira e Labruna, 1998).

    O Amblyomma cajennense responsvel pela manuteno da R.rickettsii na

    natureza, pois ocorre transmisso transovariana e transestadial. Esta caracterstica

    biolgica permite ao carrapato permanecer infectado durante toda a sua vida e tambm

    por muitas geraes aps uma infeco primria. Portanto alm de vetores, os

    carrapatos so verdadeiros reservatrios da riqutsia natureza, uma vez que todas as

    fases evolutivas, no ambiente, so capazes de permanecer infectadas meses ou anos

    espera do hospedeiro, garantindo um foco endmico prolongado.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    18

    4. EPIDEMIOLOGIA DOS CARRAPATOS DE IMPORTNCIA MDICA NO BRASIL

    Doena de Lyme uma enfermidade infecciosa causada por espiroquetas da

    espcie Borrelia burgdoferi (sensu lato), veiculadas por carrapatos do gnero Ixodes

    (Guimares et al., 2001). Sensu lato significa que h variaes genticas da espcie

    conforme a regio considerada. A doena de Lyme propriamente dita no foi

    encontrada no Brasil ou mesmo no hemisfrio sul, mas muito indiscutivelmente

    manifestaes clnicas, muito semelhantes, causadas por outras borrlias devam ser

    mais comuns do que se tem identificado at o presente. Os casos descritos no Brasil

    como doena de Lyme tiveram diagnstico clnico e sorolgico apenas, sendo

    considerados como Lyme-smile (Silva, 2002 comunicao pessoal).

    Atualmente, a febre maculosa, doena causada pela bactria Rickettsia rickettsii,

    a nica zoonose transmitida por carrapatos, de ocorrncia reconhecida no Brasil

    (QUADRO 1). Casos humanos de febre maculosa tm sido relatados na regio

    Sudeste desde a dcada de 20, especialmente nos Estados de So Paulo e Minas

    Gerais. Pelo menos trs espcies do gnero Amblyomma (A. cajennense, A.

    aureolatum e A. cooperi) foram incriminadas de participarem na epidemiologia da febre

    maculosa no Brasil. A seguir, so apresentados dados epidemiolgicos e ecolgicos

    especficos de cada uma destas espcies.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    19

    Figura 7: Distribuio do A. cajennense, A. aureolatum e A. cooperi nas Amricas

    4.1 Amblyomma cajennense Este carrapato est presente desde o sul dos Estados Unidos ao norte da

    Argentina, incluindo algumas ilhas do Caribe (Figura 7). No Brasil, encontrado com

    abundncia em todos os estados das regies sudeste e centro oeste, porm com

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    20

    distribuio limitada nas demais regies (Figura 8). a principal espcie de carrapato

    que parasita seres humanos no centro-sul brasileiro e considerado o principal vetor

    da febre maculosa brasileira. Seus ataques a humanos, muitas vezes em massa, so

    respondidos com reaes de hipersensibilidade imediata ou retardada a antgenos

    especficos presentes na saliva do carrapato, podendo causar intenso prurido, que

    persiste por vrios dias no local de fixao. Infeces bacterianas secundrias podem

    ocorrer em funo da deposio de bactrias nas feridas, durante ao ato de coar

    intensamente (Arago e Fonseca, 1953a).

    O A. cajennense completa apenas uma gerao por ano no sudeste do Brasil,

    com os trs estgios parasitrios marcadamente distribudos ao longo do ano (Oliveira

    et al., 2000; Labruna et al., 2002). As larvas, vulgarmente chamadas de micuim,

    predominam nos meses de abril a julho; as ninfas, popularmente chamadas de

    vermelhinho, predominam de julho a outubro e os adultos, vulgarmente chamados de

    rodoleiro ou de carrapato-estrela, predominam nos meses quentes e chuvosos, de

    outubro a maro (Figura 9a e 9b). Dadas essas diferenas temporais entre os

    diferentes estgios, relativamente comum encontrar pessoas com anos de vivncia

    no campo, que interpretem estes diferentes estgios do A. cajennense como se fossem

    trs espcies distintas de carrapatos.

    Figura 8: Distribuio do Amblyomma cajennense segundo unidades federativas do Brasil

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    21

    Figura 9a: Dinmica sazonal do carrapato Amblyomma cajennense no Sudeste

    do Brasil (adaptado de Labruna, 2000).

    Figura 9b: Dinmica sazonal de Amblyomma cooperi e Amblyomma cajennense, na

    regio de Campinas (Souza et al., 2002).

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out

    meses

    N d

    e ex

    empl

    ares

    de

    A.c

    oope

    ri e

    A

    .caj

    enne

    nse

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    N d

    e La

    rvas

    e N

    infa

    s

    A cajennense A cooperi

    A sp ninfa A sp larva

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    22

    Nas reas rurais da regio Sudeste, os eqinos so os principais hospedeiros

    para todos os estgios do A. cajennense, muito embora diversas espcies de

    mamferos e aves silvestres possam ter participao efetiva. Esta maior importncia

    dos eqinos pode ser avaliada pela grande capacidade de albergar altas infestaes.

    Em condies naturais, um nico eqino pode se apresentar parasitado por mais de 50

    mil larvas, ou mais de 12 mil ninfas, ou mais de 2 mil adultos de A. cajennense, sem

    que sua vida esteja em risco (Labruna, 2000). Por outro lado, os animais silvestres,

    especialmente os de pequeno e mdio porte, dificilmente estaro albergando uma

    carga to alta de carrapatos, ou se estiverem, suas vidas muito provavelmente estaro

    em risco. Alm disso, os eqinos, por serem animais domsticos, so criados em reas

    cercadas, com altas densidades de animais. Tal fato extremamente favorvel s

    larvas recm-eclodidas ou ninfas e adultos recm-mudados, que se encontram no

    ambiente espera da passagem de um hospedeiro. Como regra geral, pode-se dizer

    que quanto maior a densidade populacional de hospedeiros, maior ser a populao de

    carrapatos. Por esta razo, nos ambientes silvestres, com o mnimo de interveno

    humana, as populaes de carrapatos tendem a ser mais baixas, j que a densidade

    de hospedeiros (entendida aqui como oferta de alimento para os carrapatos) vai ser

    significativamente menor.

    Embora o A. cajennense tenha uma baixa especificidade parasitria, para que

    uma populao esteja estabelecida numa rea, h dois pontos crticos a serem

    considerados:

    1- A presena de hospedeiros primrios.

    2- Condies ambientais favorveis s fases de vida livre (no parasitrias) do

    carrapato.

    Em termos prticos, um hospedeiro primrio o vertebrado, sem o qual, uma

    determinada populao de carrapato no capaz de se estabelecer numa determinada

    localidade. Para o A. cajennense, os hospedeiros primrios so os eqinos, as antas e

    as capivaras. Numa rea onde uma populao de A. cajennense est estabelecida,

    pelo menos uma destas trs espcies de hospedeiros dever estar presente. Uma vez

    que a populao de carrapatos cresce, ela passa a parasitar outros hospedeiros,

    chamados secundrios. Na literatura h diversos relatos do parasitismo por A.

    cajennense em dezenas de espcies de hospedeiros mamferos e aves. Como regra

    geral, quanto maior a populao de A. cajennense numa determinada rea, maior a

    chance de encontr-lo parasitando outras espcies de hospedeiros, humanos inclusive.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    23

    De fato, a ocorrncia de infestao humana por A. cajennense est associada a altas

    infestaes por este carrapato em seus hospedeiros primrios (eqinos, antas e

    capivaras) (Labruna et al., 2001). Na regio de Campinas, em levantamento das

    espcies, o A cooperi apareceu em freqncia significativa similar ao A. cajenennse.

    Nessas reas no ocorre presena de eqinos, sendo as capivaras os hospedeiros

    primrios predominantes para A. cajennense (Souza et al., 2002).

    Em algumas reas, mesmo na abundncia de hospedeiros primrios para A.

    cajennense, este pode no se estabelecer em funo de condies ambientais, que

    no propiciem um microclima adequado para as fases de vida livre do carrapato. Estas

    condies so dependentes principalmente da latitude (baixas temperaturas ao sul do

    estado do Paran limitam o estabelecimento deste carrapato) e do tipo de cobertura

    vegetal, que vai influir diretamente no microclima do solo. Tanto a presena como a

    abundncia de populaes de A. cajennense esto fortemente associadas presena

    de reas com mdia a densa cobertura vegetal, tais como pastos sujos, capoeiras e

    matas (Figura 10). Na regio de Campinas, a mata ciliar (Figura 11) apresenta- se

    como um ecossistema importante no estabelecimento de populaes de A.cajennense

    e de destaque na epidemiologia da febre maculosa, j que essas reas so o principal

    refgio de grandes populaes de capivaras naquela regio. Por outro lado, reas de

    pastos limpos limitam o estabelecimento deste carrapato, mesmo na fartura de

    hospedeiros primrios (Figura 12).

    Figuras 10: Pastos Sujos (no uniformes, com presena de arbustos,

    ramos, moitas, etc.)

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    24

    Figura 11: Mata ciliar da regio de Campinas

    Figura 12: Pastos Limpos

    4.2 Amblyomma aureolatum Esta espcie encontrada em diversos pases da Amrica do Sul; no Brasil,

    especialmente em reas de mata atlntica das regies sul e sudeste (Figura 13). O A.

    aureolatum j foi incriminado como vetor da febre maculosa para humanos no Estado

    de So Paulo (Dias & Martins, 1939). Em dois casos registrados da doena na rea

    rural de Mogi das Cruzes, SP, esta espcie foi a nica encontrada nos animais

    domsticos e humanos, em grandes nmeros (SUCEN, 1989; Fontes et al., 2000).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    25

    Carnvoros silvestres so os hospedeiros primrios para o estgio adulto,

    embora os ces criados em algumas reas rurais se comportem como hospedeiros

    primrios. As larvas e ninfas parecem estar associadas a roedores e aves silvestres

    (Fonseca, 1935; Arzua, 2002), no havendo registros em carnvoros. Somente o

    estgio adulto tem sido encontrado parasitando humanos.

    No h informaes sobre a dinmica populacional deste carrapato. Sabe-se

    que os ces podem se apresentar infestados pelo estgio adulto por todo o ano,

    porm, sem um pico de infestao definido (Pinter et al., 2002). As populaes de A.

    aureolatum nas reas rurais so geralmente baixas, apresentando baixo risco de

    infestao humana. Em situaes excepcionais, quando h uma permanncia por anos

    consecutivos de uma alta densidade de ces em reas com presena de A.

    aureolatum, as populaes deste carrapato podem tornar-se abundantes,

    determinando um maior risco de infestao humana.

    4.3 Amblyomma cooperi Esta espcie est presente de norte ao sul na Amrica do Sul. No Brasil,

    relatado nos estados das regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste (Figura 14). As

    capivaras so consideradas hospedeiros primrios para todos os estgios parasitrios

    de A. cooperi. Embora haja controvrsias sobre o parasitismo humano por este

    carrapato, sua importncia mdica se baseia principalmente numa possvel

    Figura 13: Distribuio do Amblyomma aureolatum segundo unidades federativas do Brasil

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    26

    participao no ciclo enzotico de riqutsias na natureza, j que as capivaras so

    consideradas potenciais reservatrios de R. rickettsii (Vallejjo Freire, 1942a, b). Alm

    disso, grandes populaes de A. cooperi tm sido encontradas, juntamente com a

    espcie A. cajennense, em alguns focos de febre maculosa na regio sudeste (Souza

    et al., 2001).

    Lemos et al. (1996) isolaram de exemplar desta espcie, coletado de capivara,

    uma riqutsia do grupo da febre maculosa, numa rea endmica de febre maculosa em

    Pedreira, SP.

    5. VIGILNCIA ACAROLGICA Considerando o importante papel desempenhado pelos carrapatos como vetores

    e reservatrios de doenas e o desconhecimento da magnitude da febre maculosa

    brasileira no Estado de So Paulo, h a necessidade de se estabelecer critrios de

    vigilncia voltados para o agente transmissor, com o objetivo de prevenir a sua

    transmisso, assim como de outras transmitidas por carrapatos.

    Dessa forma, prope-se um sistema de vigilncia passiva, atravs de notificao

    visando reconhecer, inicialmente, as reas com altas infestaes por A. cajennense

    e/ou A. aureolatum e, portanto de risco para febre maculosa brasileira. Esta

    modalidade de vigilncia tem como vantagem o baixo custo e uma maior simplicidade

    Figura 14: Distribuio do Amblyomma cooperi segundo unidades federativas do Brasil

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    27

    na montagem da rede de notificao. As unidades que comporo essa rede devem ser

    definidas em conjunto com a vigilncia epidemiolgica municipal.

    O desenvolvimento das aes ser desencadeado a partir de dois tipos de

    notificao:

    Notificao espontnea de infestao humana por carrapatos, s unidades bsicas de sade (UBS) ou a outros servios de sade.

    Notificao de caso humano suspeito ou confirmado de febre maculosa ou outra doena transmitida por carrapatos.

    5.1 Notificao de Infestao Humana

    Recomenda-se que a populao encaminhe os exemplares de carrapatos

    coletados s UBS ou servios de controle de zoonoses, que por sua vez, os

    encaminharo aos Servios Regionais da SUCEN (SR - SUCEN) ou ao Laboratrio de

    Referncia da Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da Universidade de So

    Paulo para identificao. O fluxo de notificao, mais detalhado apresentado no

    QUADRO 3.

    Dever ser preenchido boletim prprio fornecido pela SUCEN (Anexo 1 Boletim

    de Notificao de Infestao Humana por Carrapatos) e a amostra acondicionada

    conforme descrito no item 6 deste manual, devidamente etiquetada (Anexo 2 Modelo

    de Etiqueta), e encaminhada ao SR SUCEN, que proceder a identificao.

    Uma vez identificado o gnero ou espcie de carrapato duas condutas podero

    existir:

    - Quando se tratar de carrapatos do gnero Amblyomma: o SR proceder a

    investigao de foco em conjunto com o municpio, devendo ser preenchido

    o boletim de investigao de foco (Anexo 3). A populao daquela rea de

    risco dever ser orientada quanto s medidas de preveno e controle que

    devero ser desencadeadas, aps avaliao do local, em conjunto com as

    diferentes secretarias do municpio;

    - Quando os espcimens forem de outros gneros, sero dadas orientaes

    sobre as medidas preventivas e de controle aos responsveis pelo local.

    As atividades educativas devero ser realizadas para conscientizao da

    populao sobre os riscos de infestao por carrapatos, informando-os sobre as

    medidas preventivas para evitar a infestao por carrapatos.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    28

    Nesta rea, devero ser identificados os postos ou unidades de sade a fim de

    estruturar uma rede de atendimento e notificao, com profissionais de sade

    capacitados.

    A interveno na populao de carrapatos atravs de medidas de controle

    qumico no meio ambiente dever ser realizada pela SUCEN somente aps a avaliao

    do risco de transmisso de febre maculosa ou de outro agravo transmitido por

    carrapatos, devendo ser priorizadas as aes no meio ambiente.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    29

    QUADRO 3. Desenvolvimento de aes a partir da notificao espontnea de

    infestao humana por carrapatos

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    30

    5.2 Notificao de Casos de Doenas Transmitidas por Carrapatos A notificao de caso suspeito ou confirmado de doena transmitida por

    carrapatos deve ser feita pela UBS ou por outro servio de sade ao SR SUCEN,

    atravs do envio de cpia da ficha de investigao epidemiolgica, conforme o fluxo

    detalhado no QUADRO 4.

    O SR - SUCEN realizar a investigao no local provvel de infeco, fazendo a

    coleta e identificao dos carrapatos l existentes e preenchendo o boletim Ficha de

    Investigao de Foco de Doena Transmitida por Carrapatos. Da investigao podem

    resultar trs situaes:

    - Quando se tratar de carrapatos do gnero Amblyomma: o SR orientar os

    municpios para as medidas de preveno e controle no local da infestao e

    realizar trabalhos educativos em conjunto com as diferentes secretarias do

    municpio;

    - Quando os espcimes forem de outros gneros sero dadas orientaes de

    medidas preventivas e de controle aos responsveis pelo local;

    - No serem encontrados carrapatos.

    Nos dois primeiros casos as fichas de investigao, com a identificao

    discriminada no verso da mesma, devero ser enviadas para a Diviso de Orientao

    Tcnica da SUCEN, para alimentar o banco de dados.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    31

    QUADRO 4: Desenvolvimento de aes a partir da notificao de casos humanos de

    doenas transmitidas por carrapatos

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    32

    6. MTODOS DE COLETA, ACONDICIONAMENTO, PRESERVAO E IDENTIFICAO DE CARRAPATOS

    Os carrapatos podem ser coletados em fase parasitria, sobre os animais

    (fixados pele de seus hospedeiros) ou em fase de vida livre (no meio ambiente). Os

    carrapatos do meio ambiente podem ser coletados ativamente, pela sua busca na

    vegetao e no corpo dos capturadores, ou passivamente, atravs de armadilhas

    atrativas.

    6.1 Coleta em Animais

    Os carrapatos fixados aos animais so coletados simplesmente retirando-os da

    pele do hospedeiro, atravs de tores leves, seguidas de movimentos de trao, com

    a utilizao de pina (Figuras 15a e 15b), permitindo que os carrapatos sejam retirados

    inteiros, evitando-se a quebra do hipostmio, imprescindvel para a identificao.

    contra-indicada a retirada utilizando-se calor (fsforos, por exemplo), bem como

    mtodos que possam perfur-los, comprimi-los ou esmag-los evitando-se a

    eliminao de secrees e excrees que possam conter patgenos. Todos os

    carrapatos coletados de um mesmo animal devem ser armazenados num mesmo

    frasco. Carrapatos coletados de diferentes animais nunca devem ser misturados em

    um mesmo frasco. Os frascos contendo carrapatos devem ser acondicionados e

    identificados (vide item 6.3).

    Figura 15a: Retirada de carrapato com a utilizao de pina

    (www.cdc.gov/ncidod/dvrd/msf/Prevention.htm)

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    33

    Figura 15b: Retirada de carrapato com a utilizao de pina

    (foto cedida pelo Prof. Dr. Adivaldo Henrique Fonseca UFRRJ)

    6.2 Coleta no Meio Ambiente

    6.2.1 Tcnica de arrasto com flanela branca

    Esta tcnica consiste na utilizao de uma flanela branca com dimenses de

    1,50m de comprimento por 0,80m de largura, com duas hastes de ferro (vergalho), de

    madeira ou canos de ferro, de 0,85m e meia polegada de dimetro, transpassadas em

    presilhas feitas em cada extremidade da mesma, com o objetivo de manter a flanela

    aberta e o mais prximo possvel da vegetao. Se necessrio deve-se fixar pesos na

    extremidade posterior (Oliveira, 1998), com aproximadamente um quilo e meio no total,

    como apresentado na Figura 16.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    34

    Figura 16: Esquema da flanela preparada para captura de carrapatos.

    Figura 17: Tcnica do arrasto com flanela branca.

    A tcnica de arrasto indicada tanto para locais com vegetao do tipo

    herbcea (gramneas, leguminosas, compostas e outras forrageiras), como para reas

    de confinamento de animais (pastos) ou peridomiclio (Figura 17). Deve-se percorrer

    toda a extenso da rea, andando lentamente e parando a cada 10 metros, para

    verificao e coleta de indivduos capturados sobre a face da flanela que arrastada

    em contato com a vegetao. Em reas de pastagens, a flanela deve ser arrastada

    seguindo a rota esquematizada na figura 18. Esta tcnica satisfatria para a coleta de

    cordo

    haste

    1,5m

    0,80m

    haste

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    35

    estgios imaturos (larvas e ninfas), sendo menos eficiente para o estgio adulto

    (Oliveira et al., 2000).

    Figura 18: Rota esquematizada para a tcnica do arrasto

    Ao caminhar pelas matas, durante o arrasto da flanela, deve-se sempre

    vasculhar as roupas e o corpo procura de carrapatos no mximo a cada quatro horas.

    Estes devem, tambm, ser coletados e agrupados separadamente com os capturados

    pela flanela, compondo uma nova amostra (Figura 19).

    Os capturadores devero fazer uso de macaces de mangas longas e botas,

    sempre brancos para facilitar a visualizao dos carrapatos. A barra do macaco

    dever ser presa bota utilizando-se fita adesiva larga para impedir a ascenso dos

    carrapatos (Figura 19).

    Figura 19: Larvas de carrapato no corpo do capturador,

    destaque para as medidas preventivas.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    36

    6.2.2 Tcnica de armadilha de CO2

    O dixido de carbono (CO2, gelo seco) tem sido utilizado como um eficiente

    atrativo qumico para algumas espcies de carrapatos (Sonenshine, 1993). Armadilhas

    iscadas com gelo seco so eficazes para coleta de carrapatos adultos de diversas

    Figura 20: Armadilha atrativa de CO2.

    espcies, moderadamente eficazes para o estgio de ninfas e pouco eficazes para as

    larvas (Oliveira et al., 2000). De modo geral, estas armadilhas podem atrair e capturar

    carrapatos adultos num raio de at 10m (Balashov, 1972; Koch and MacNew, 1982).

    Esta tcnica consiste em colocar aproximadamente 500g de gelo seco no centro

    de uma flanela branca (1,0m x 1,0m) esticada sobre o solo, contendo fita adesiva de

    dupla face em suas extremidades (Figura 20).

    O tempo de permanncia da armadilha deve ser de, no mnimo uma e no

    mximo duas horas. Estas armadilhas apresentam a vantagem de poderem ser

    utilizadas em qualquer tipo de ambiente, especialmente em matas, onde o arrasto de

    flanela est limitado pela densa vegetao.

    Para as larvas, de difcil remoo da flanela do arrasto, recomenda-se a retirada

    de 30 exemplares, com pina e as demais, atravs da utilizao de fita adesiva. Uma

    vez removidas as larvas, a fita adesiva dever ser acondicionada no interior de um

    frasco seco (vide adiante). No caso de altas infestaes, isto , se a flanela do arrasto

    ou a armadilha de CO2 contiverem muitos indivduos dos diferentes estgios (larvas,

    ninfas ou adultos), deve-se coloc-las dentro de um saco plstico hermeticamente

    fechado e encaminh-las ao laboratrio, onde aps permanecerem por um perodo de

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    37

    10 a 20 minutos em baixa temperatura (geladeira) os carrapatos ficaro

    temporariamente imobilizados, facilitando a retirada.

    6.3 Acondicionamento e Preservao

    Os carrapatos coletados no campo devero ser acondicionados em frascos de

    plstico branco ou preto, como os de filme fotogrfico ou de coletor universal. Para

    mant-los vivos, o frasco dever estar totalmente seco, e os carrapatos devero ser

    colocados no seu interior juntamente com alguns pedaos de folhas verdes frescas, de

    qualquer tipo de vegetao (Figura 21A). Pequenos furos, realizados com a ponta de

    uma agulha, devero ser feitos na tampa do frasco (Figura 21B). Os carrapatos mortos

    devero ser encaminhados preservados em lcool etlico a 70%.

    Figura 21: Acondicionamento de carrapatos vivos para envio ao laboratrio. A: coloque

    os carrapatos em um frasco seco, apenas com algumas folhas verdes frescas. B: Faa

    pequenos furos na tampa do frasco. C: Identifique o frasco com o nome do hospedeiro,

    data, local e capturador. Fotos cedidas por Marcelo Labruna FMVZ, USP.

    Cada frasco dever ser devidamente identificado com o nmero da amostra, a

    data da coleta, a localidade, o hospedeiro (quando for o caso), o nome do capturador e

    o nmero de notificao do Boletim de Investigao de Foco de Carrapato (Figura

    21C).

    O Boletim de Investigao de Foco de Carrapato (Anexo 3) dever ser

    preenchido na localidade de pesquisa e encaminhado ao laboratrio junto com as

    amostras de carrapatos coletadas.

    No laboratrio, os carrapatos devero ser mortos em gua quente e podero ser

    preservados em:

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    38

    9 lcool etlico a 70%, caso se destinem apenas identificao taxonmica 9 lcool isoproplico absoluto, caso se destinem identificao taxonmica e

    ao posterior processamento para deteco de DNA de riqutsias, atravs de

    reao de cadeia de polimerase (PCR).

    Quando o destino dos carrapatos for a tentativa de isolamento de riqutsias de

    seus rgos, os carrapatos devem ser congelados, em tubos criotubos secos, quando

    ainda estiverem vivos, em nitrognio lquido ou em freezer a -80oC.

    6.4 Identificao Taxonmica

    Para a identificao taxnomica dos carrapatos, necessrio um microscpio

    estereoscpico, com iluminao incidente. Esta identificao deve obrigatoriamente

    seguir trs passos:

    1- Identificar o estgio de vida do carrapato (larva, ninfa, adulto macho ou adulto

    fmea).

    2- Identificar o gnero do carrapato. Para este passo, deve-se utilizar a chave

    taxonmica dicotmica e pictrica, descrita nos Anexos 4 e 5. 3- Identificar a espcie do carrapato. Para este passo, pode-se utilizar as

    chaves dicotmicas descritas por Arago & Fonseca (1961), Robinson

    (1926), Jones et al. (1972) e Guimares et al. (2001). Em se tratando de

    larvas e ninfas dos gneros Amblyomma ou Ixodes, a identificao da

    espcie no ser possvel, pois as chaves dicotmicas disponveis na

    literatura so restritas ao estgio adulto desses gneros.

    7. ATIVIDADES EDUCATIVAS

    Paralelamente s aes de controle do vetor, cabe s Secretarias Municipais de

    Sade, atravs das reas de vigilncia epidemiolgica, vigilncia sanitria e educao

    em sade, orientar a populao sobre o risco de contrair a febre maculosa. Atualmente,

    existem reas conhecidas de transmisso da doena e, as atividades de orientao e

    divulgao populao podero contribuir para a identificao de novas reas, dessa

    forma, as aes devero ser desenvolvidas visando atingir a populao de risco nas

    duas situaes.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    39

    7.1 reas de Reconhecida Transmisso Nas reas onde j existe histrico de transmisso da doena, a populao

    usuria do local, dever ser orientada a vistoriar o corpo minuciosamente a cada 2 ou 3

    horas aps a exposio, procura de carrapatos; sobre a forma correta de retirada de

    carrapatos, tores leves seguidas de movimentos de trao e utilizao de barreiras

    fsicas no corpo tais como calas compridas com a parte inferior no interior de botas de

    cano alto, roupas claras para visualizao dos carrapatos.

    A populao dever ser estimulada a enviar carrapatos aderidos no corpo s

    unidades bsicas de sade para serem identificados, objetivando manter a vigilncia

    acarolgica (Anexos 6 e 7).

    Quando se tratar de reas pblicas, devero ser afixadas placas com

    orientaes informando a ocorrncia de casos na rea e a necessidade dos usurios

    procurarem um servio de sade caso venham a apresentar febre ou tenham sido

    infestados por carrapatos (Figura 22).

    Figura 22: Placas educativas advertindo a populao em reas endmicas para febre

    maculosa (municpios de Jaguarina e Pedreira respectivamente).

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    40

    Em reas de residncias ou trabalho, recomenda-se uma ao mais efetiva,

    incluindo visitas com medidas que possam ser adotadas, pela populao visando uma

    menor exposio ao vetor.

    Tanto o poder pblico como os proprietrios devero ser orientados quanto a

    roagem de pastos e gramados, e a forma correta de aplicao de carrapaticidas nos

    animais.

    Trabalhos com a rede de ensino so prioritrios nessas reas.

    7.2 reas de Transmisso No Reconhecida Nestas situaes, recomenda-se o trabalho com grupos especficos de risco, tais

    como: pescadores, caadores, tratadores de animais etc. As atividades devero incluir,

    tanto a vestimenta adequada, como a retirada correta dos carrapatos e a procura

    urgente a servios de sade em sinais de febre aps terem sido parasitados por

    carrapatos (Anexos 6 e 7).

    Os proprietrios de estabelecimentos que comercializam produtos veterinrios e

    s clnicas veterinrias devero ser orientados para que possam estar colaborando na

    divulgao de medidas a serem adotadas a populao usuria. O trabalho com estes

    proprietrios poder ser realizado pela vigilncia sanitria, quando das visitas a estes

    estabelecimentos.

    Devero ser desenvolvidos trabalhos de orientao e de divulgao

    direcionados para festas de peo, feiras ou exposies agropecurias e atividades de

    ecoturismo.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    41

    8. MEDIDAS PREVENTIVAS

    sabido que, uma vez fixado ao hospedeiro, um carrapato infectado leva um

    mnimo de seis horas para transmitir a riqutsia. Sendo assim, quanto mais rpido uma

    pessoa retirar os carrapatos de seu corpo, menor ser o risco de contrair a doena.

    Quando uma pessoa atacada por poucos carrapatos, torna-se relativamente mais

    fcil e prtico retirar todos estes carrapatos num curto espao de tempo. Por outro lado,

    quando uma pessoa atacada por uma alta carga de carrapatos (Figura 23),

    dificilmente ela consegue retirar todos nas primeiras horas, passando alguns

    despercebidos por vrias horas, ou at mesmo alguns dias. Diante de tais fatos,

    obvio dizer que, quanto maior a populao de carrapatos em uma rea endmica para

    febre maculosa, maior o risco de se contrair a doena. Como no existem vacinas

    para serem utilizadas em humanos, como medidas profilticas da febre maculosa, a

    medida preventiva mais eficaz o controle das populaes de carrapatos a nveis

    mnimos, reduzindo substancialmente os riscos de infestao humana.

    Figuras 23: Pessoa atacada por uma alta carga de carrapatos ( A) destaque do

    antebrao e (B) destaque dorso. Fotos cedidas por Adriano Pinter, FMVZ USP.

    Quando a exposio a carrapatos inevitvel, recomenda-se o uso de mangas

    longas, botas e de cala comprida com a parte inferior dentro das meias, todos de cor

    A

    B

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    42

    clara para facilitar a visualizao dos carrapatos, e aps a utilizao, todas as peas de

    roupas, devem ser colocadas em gua fervente para a retirada dos mesmos.

    A Organizao Mundial de Sade (1997) refere que repelentes para carrapatos

    no so comumente aplicados sobre a pele e sugere para prevenir ataques de

    carrapatos e, para proteo mais duradoura, a impregnao de roupas com

    PERMETHRIN a 0,65-1g de ingrediente ativo/m2 como o melhor produto, mas DEET e

    BUTOPYRONOXYL como sendo tambm efetivos. No Brasil, no se tem conhecimento

    sobre a eficcia da utilizao de repelentes para carrapatos.

    9. CONTROLE DE CARRAPATOS

    9.1 Amblyomma cajennense

    Em reas endmicas de zoonoses transmitidas por carrapatos, apenas uma

    parcela da populao de carrapatos se apresenta infectada pelo agente. Esta parcela

    varia conforme a doena, assim como o contexto temporal e espacial. Logo, nessas

    reas endmicas, quanto maior o grau de infestao humana, maior o risco de uma

    pessoa ser parasitada por um carrapato infectado.

    O A. cajennense o principal vetor da febre maculosa no Brasil. Para que suas

    populaes estejam excessivamente aumentadas, h a necessidade, principalmente,

    de condies ambientais favorveis s fases de vida livre. Tais condies seriam

    pastos sujos, com formaes de capoeiras ou matas. Uma vez estabelecida a

    condio ambiental favorvel ao carrapato no ambiente, necessria a presena de

    hospedeiros primrios, que podem ser eqinos, antas, ou capivaras. Com relao aos

    eqinos, e at mesmo s antas, poucos indivduos seriam suficientes para propiciar

    uma grande multiplicao de carrapatos, j que um nico animal pode albergar grandes

    quantidades de carrapatos. No caso das capivaras, a populao de carrapatos estar

    aumentada medida que aumentar a populao deste hospedeiro na rea, j que

    estes animais tendem a albergar menores quantidades de carrapatos. Sendo assim, o

    controle das populaes de A. cajennense pode ser executado em duas formas:

    1-Intervindo na populao parasitria de carrapatos, especialmente sobre os

    hospedeiros primrios.

    2-Intervindo na populao de vida livre de carrapatos, presente principalmente

    nos locais do solo em que a cobertura vegetal oferece o microclima favorvel a seu

    desenvolvimento e sobrevivncia.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    43

    9.1.1 Intervindo na populao parasitria

    A aplicao de produtos qumicos, com propriedades carrapaticidas, sobre os

    animais, o mtodo mais tradicional para combater os carrapatos. No caso de A.

    cajennense, este mtodo usualmente recomendado somente quando h participao

    de eqinos como hospedeiros primrios para o carrapato, j que ainda no existem

    mtodos apropriados para tratamentos carrapaticidas contnuos em animais silvestres

    de vida livre.

    Qualquer programa de controle de carrapatos deve ser considerado como um

    programa contnuo, com resultados que sero evidenciados somente a mdio ou a

    longo prazo. O principal objetivo do programa de controle deve ser a reduo da

    contaminao do ambiente, das fases de vida livre do carrapato, atravs de

    tratamentos contnuos nos animais.

    Por outro lado, h uma forte tendncia cultural da busca por resultados

    imediatos. Numa situao de alta infestao por carrapatos, os resultados imediatos

    sero apenas aqueles evidenciados ao curar uma infestao momentnea de um

    animal, severamente infestado, com uma nica aplicao de carrapaticida.

    Tratamentos curativos pontuais no surtem qualquer efeito na populao de vida livre

    do carrapato, ou seja, no controlam os carrapatos.

    O A. cajennense completa apenas uma gerao por ano na regio Sudeste, com

    cada um dos trs estgios parasitrios predominando em uma poca do ano (Figuras

    6, 9a e 9b). H evidncias de que o estgio adulto naturalmente mais resistente aos

    carrapaticidas comerciais que os estgios de larva e ninfa (Pinheiro, 1987). Desta

    forma, o controle qumico deste carrapato em eqinos deve se concentrar entre os

    meses de abril a julho, quando predominam as larvas, e de julho a outubro, quando

    predominam as ninfas. Para os meses de outubro a maro, quando predominam os

    carrapatos adultos, alguns autores tm recomendado com sucesso a remoo manual

    de fmeas ingurgitadas dos eqinos, a intervalos semanais (Leite et al. 1997).

    Obviamente, tal prtica mais vivel para pequenas tropas de animais.

    Os nicos carrapaticidas comerciais indicados para tratamentos dos eqinos so

    os piretrides, nas formulaes para aplicao na forma de banhos, asperso ou

    pulverizao (Figura 24), por motivo de incompatibilidade especfica, no se deve

    utilizar produtos base de amitraz em eqinos pelo risco de intoxicaes irreversveis.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    44

    Embora haja formulaes base de piretrides, indicadas para a aplicao pour-on

    (sobre a linha do dorso) em bovinos, estes no devem ser usados em eqinos, pois

    no apresentariam a eficcia desejada nestes hospedeiros.

    Figura.24: Aplicao de carrapaticida em eqino

    Em reas onde h presena de bovinos juntamente com eqinos e/ou capivaras,

    estes devem ser tratados no mesmo esquema j citado para os eqinos, ou seja,

    banhos carrapaticidas semanais, de abril a outubro. No caso dos bovinos, h a

    possibilidade do uso de produtos de aplicao pour-on, de maior praticidade.

    Numa situao de alta populao de carrapatos, com relatos freqentes de

    infestao humana, o controle qumico deve ser conduzido com tratamentos

    carrapaticidas semanais, durante todo o perodo de predomnio das formas imaturas,

    de abril a outubro (Labruna et al., 2002). Se os tratamentos no abrangerem todo este

    perodo, no surtiro resultados satisfatrios. O intervalo entre os banhos no pode ser

    superior a sete dias, pois cada indivduo imaturo, seja larva ou ninfa, que sobe sobre

    um hospedeiro, parasita-o por um perodo muito curto, de no mximo sete dias. Deve-

    se salientar que este perodo preconizado para os banhos corresponde estao seca

    do ano, favorecendo a aplicao de banhos nos animais.

    Como o A. cajennense apresenta apenas uma gerao por ano, os resultados

    de um ano do programa s sero evidenciados na prxima gerao, no prximo ano.

    Depois do primeiro ano do programa, se bem conduzido, a populao de carrapatos

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    45

    estar significativamente reduzida. Neste caso, os tratamentos carrapaticidas a partir

    do segundo ano podero ser concentrados somente na poca de predomnio de larvas,

    de abril a julho. importante dizer que uma vez mantidas as condies de vegetao

    favorveis s fases de vida livre do carrapato, este pode nunca ser erradicado.

    Portanto, o objetivo primrio do programa deve ser o controle da populao de

    carrapatos a nveis mnimos de infestao, e nunca a sua erradicao. Por outro lado,

    quando as populaes encontram-se reduzidas, os riscos de infestao humana

    tornam-se mnimos, prevenindo a transmisso de doenas para o homem.

    9.1.2 Intervindo na populao de vida livre

    Em algumas situaes, quando a rea altamente contaminada por carrapatos for

    apenas um pasto sujo, sem a presena de matas residuais ou de preservao, pode-

    se conseguir a reduo drstica da contaminao ambiental atravs da destruio

    momentnea dos microclimas necessrios ao desenvolvimento do carrapato no

    ambiente.

    Isto pode ser feito atravs de roadeiras mecnicas, que devem ser passadas

    rente ao solo por toda a rea da pastagem, pelo menos uma vez por ano, durante os

    meses de vero. O uso anual de roadeiras nesta poca do ano evita a formao de

    pastos sujos, pois favorece a rebrota de gramneas forrageiras sem a competio

    com plantas invasoras. Labruna e colaboradores, 2001 em um trabalho recente

    realizado em 40 propriedades rurais no Estado de So Paulo mostraram que a

    presena e a abundncia das infestaes por A. cajennense nos eqinos est

    fortemente associada com a presena de pelo menos um pasto sujo na propriedade.

    Alm disso, ao roar um pasto rente ao solo, o microclima necessrio s fases de vida

    livre do carrapato destrudo, reduzindo drasticamente o seu desenvolvimento e

    sobrevivncia no ambiente. Deve-se salientar que, durante a poca preconizada para

    tal uso de roadeiras (meses de vero), a maior parte da populao de vida livre do

    carrapato ser composta por ovos e larvas, que estaro se preparando para formar o

    pico de infestao por larvas a partir do incio do outono, em abril. Como ovos e larvas

    so os estgios mais sensveis s alteraes de microclima, uma drstica destruio

    da cobertura vegetal do solo nesta poca comprometer a sobrevivncia desses

    estgios.

    Obviamente, a indicao do uso de roadeiras nos meses de vero fica restrita a

    reas de pastagens. Quando eqinos so criados em reas de mata ciliar ou residual,

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    46

    onde a interveno mecnica embarga em limitaes ecolgicas, a alternativa mais

    vivel seria o controle qumico, como citado anteriormente. Por outro lado, impedir o

    acesso de eqinos a estas reas de mata tambm surtir resultados satisfatrios.

    Porm, os resultados levaro mais de 12 meses para serem evidenciados, dada a

    longa sobrevida das formas de vida livre do carrapato num ambiente favorvel.

    Em rea urbana devem ser feitas a limpeza e capina de lotes no construdos a

    fim de evitar que eqinos sejam levados para pastejo nesses locais.

    Em reas com casos confirmados de febre maculosa ou outra doena causada

    por carrapatos a humanos, com alta infestao de carrapatos onde a reduo seja

    necessria de forma rpida e que, esgotadas todas as outras medidas de controle

    recomendadas ainda persista a infestao, aps deciso conjunta entre os rgos de

    controle envolvidos, uma vez que o monitoramento indispensvel, pode-se utilizar o

    controle qumico no meio ambiente.

    Quando uma rea de mata se apresenta com altas populaes de A.

    cajennense, tendo apenas animais silvestres (antas e/ou capivaras) como os

    hospedeiros primrios para o carrapato, tornam-se impraticveis, tanto o controle

    qumico nos animais, como a interveno mecnica no ambiente. Nestes casos, em se

    tratando de uma rea endmica para febre maculosa, as atividades educacionais com

    a populao devero ser prioritrias, visando evitar ao mximo o acesso a esta rea.

    Por outro lado, programas de controle populacional de vertebrados ou de animais de

    vida livre, especialmente capivaras, devem ser encarados como uma medida prioritria.

    Por ltimo, mtodos alternativos de controle, tais como aqueles baseados na

    auto-aplicao de carrapaticidas em capivaras e antas de vida livre, devem ser

    testados no Brasil.

    O fornecimento de alimentos previamente tratados com ivermectin a cervdeos

    de vida livre foram testados para o controle de infestaes por carrapatos nestes

    animais nos Estados Unidos, com resultados promissores (Pound et al., 1996). Ainda

    neste pas, foram desenvolvidos bretes (tipo de cercado, armadilha) que aplicam

    produtos carrapaticidas automaticamente em veados de vida livre, ao serem atrados

    para o brete, atravs de alimentos continuamente ofertados. Redues significativas

    das populaes de carrapatos foram observadas nas reas em que estes bretes foram

    utilizados (Pound et al., 2000). No entanto, o impacto do fornecimento destes alimentos

    no crescimento das populaes de vida livre destes animais desconhecido.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    47

    Qualquer medida direcionada ao controle das infestaes por A. cajennense em

    capivaras, dever, conseqentemente, atuar nas populaes de A. cooperi, j que esta

    ltima utiliza-se apenas das capivaras, como hospedeiros primrios.

    9.2 Amblyomma aureolatum

    Nas reas endmicas para febre maculosa, onde este carrapato est

    incriminado como vetor, os ces domsticos so os principais hospedeiros primrios

    para o estgio adulto, e aves e/ou pequenos roedores possivelmente assumem o papel

    de hospedeiros primrios para os estgios imaturos. Os ambientes favorveis s fases

    de vidas livre deste carrapato so tipicamente as matas e florestas, onde a interveno

    mecnica invivel. Desta forma, o controle qumico nos ces torna-se a medida mais

    satisfatria. Segundo Pinter e colaboradores, 2002, os ces podem se apresentar

    infestados pelo estgio adulto por todo o ano sem que se perceba um pico definido de

    infestao. Portanto, o controle das infestaes deve-se basear na aplicao contnua

    de produtos carrapaticidas nestes animais. Estas aplicaes podem ser na forma de

    banhos carrapaticidas regulares, a cada sete ou 14 dias; aplicaes mensais de

    produtos de longa ao, nas formulaes pour-on; e por ltimo, uma alternativa

    extremamente prtica a colocao de coleiras carrapaticidas. Existem vrios modelos

    no mercado, que mantm alta eficcia carrapaticida por 3 a 6 meses consecutivos.

    Obviamente, o rigor do tratamento dos ces deve ser encarado em funo do

    status endmico da rea para febre maculosa. Se for uma rea onde nunca fora

    relatado um caso da doena, os tratamentos devem ser indicados somente quando

    houver um aumento substancial da infestao por carrapatos. Se for uma rea j

    considerada endmica para a doena em humanos, os tratamentos nos ces devem

    ser mais rigorosos. Uma forma de se avaliar o risco endmico de uma rea para febre

    maculosa, onde o A. aureolatum for o carrapato incriminado como vetor, a

    investigao sorolgica dos ces.

    Deve-se salientar que, por mais rigorosos que sejam os tratamentos nos ces, a

    erradicao do A. aureolatum praticamente invivel, pois esta espcie se mantm

    nas matas parasitando exclusivamente animais silvestres, tais como aves e roedores

    pelos estgios imaturos, e carnvoros silvestres pelo estgio adulto.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    48

    10. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARAZUA, M. Bioecologia do parasitismo de carrapatos (Acari: Ixodidae) em aves do bosque

    Reinhard Maack, Curitiba, Paran e caracterizao molecular, diagnstico morfolgico e descrio da larva de Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772). Curitiba, 2002. [Dissertao de Mestrado em Cincias Biolgicas Universidade Federal do Paran].

    ARAGO, H. Ixodidas brasileiros e de alguns paizes limitrophes. Mem. Inst. Oswaldo Cruz,

    31:759-843, 1936. ARAGO, H.B. & FONSECA, F. Notas de Ixodologia.VIII. Lista e chave para os

    representantes da fauna ixodolgica brasileira. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 59: 115-29, 1961.

    BALASHOV, Y.S. Bloodsucking ticks (Ixodoidea) Vectors of diseases of man and animals.

    Miscell. Public. Entomol. Soc. Am., 8: 160-376, 1972. BARROS-BATTESTI, D.M. et al. Parasitism by Ixodes (Acari: Ixididae) on Small Wild

    Mammals from an Atlantic Forest in the State on So Paulo, Brazil. J. Med. Entomol., 37(6): 820-27, 2000.

    CAMICAS, J.L. Les tiques du monde. ditions de I'Orstim, Institut Franais de Recherche

    Scientifique pour le Dveloppemente en Coopration, Paris,1998. 233p. DIAMANT, G. & STRICKLAND, R.K. Manual on Livestock Ticks; for Animal Disease

    Eradication Division Personel. Hyattsville: U.S.D.A. Agricultural Research Service, 1965.

    DIAS, E. & MARTINS, A.V. Spotted Fever in Brazil. American Journal of Tropical Medicine,

    19: 103-8, 1939.

    DAVIS, G.E. Experimental transmission of the spotted fevers of the Unirted States, Colombia and Brazil by the Argasid tick Ornithodoros parkeri. Public Health Report, 58(32): 1201-8, 1943.

    DAVIS, G.E. Observation on the biology of the Argasid tick Ornithodoros brasiliensis Arago,

    1923, with recovery of a spirochete, Borrelia brasiliensis. The Journal of Parasitology, 38: 473-80, 1952.

    EVANS, D.E. et al. A review of the ticks (Acari: Ixodidae) of Brazil, their hosts and geographic

    distribution 1. The state of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 95: 453-70, 2000.

    FLECHTMANN, C.H.W. caros de Importncia Medico Veterinria. 3 ed. So Paulo, Nobel,

    1985. FONSECA, F. Validade da especie e cyclo evolutivo de Amblyomma striatum KOCH, 1844

    (Acarina, IxodidaeI). Mem. Inst. Butantan, 9: 43-58, 1935. FONTES, L.R. et al. Brazilian Spotted Fever tansmited by Amblyomma aureolatum (Acari) in

    Mogi da Cruzes, Brazil: Reported of four human cases and enviromental control measures. In: XXI International Congress of Entomology, Brazil. Abstract Book. August, 20-26, 2000.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    49

    GALVO, M.A.M et al. Informe Tcnico de Febre Maculosa. Secretaria da Sade de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2001.

    GUGLIELMONE, A.A. et al. Atraction to carbon dioxide os unfed stages of Amblyomma

    triguttatum triguttatum Koch. Under field condition. Acarologia, 24: 123-9, 1985. GUIMARES, J.H. et al. Ectoparasitas de Importncia Veterinria. So Paulo, Pliade, 2001. HOOGSTRAAL, H. Argasid and Nuttallielid ticks as parasites and vectors. Adv. Parasitology,

    24: 135-238, 1985. JONES, E.K.et al. The ticks of Venezuela (Acarina: Ixodoidea) with a key to the species of

    Amblyom ma in the Western Hemisphere. Brigham Young Univ. Sci. Bull. Biol. Ser.,17: 1-4, 1972.

    KEIRANS, J.E. Systematics of the Ixodidae (Argasidae, Ixodidae, Nuttalliellidae): An overview

    and some problems. In: Fivaz, B. et al. Tick vector biology. Medical and veterinary aspects. Berlin, Spring Verlag, 1992. p.1-21.

    KOCH, H.G. & MCNEW, R.W. Sampling of lone StarTicks (Acari: Ixodidae): Dry Ice Quantity

    and Capture Success. Annals of Entomological Society of America, 75: 579-572, 1982.

    LABRUNA, M.B. Aspectos da biologia e epidemiologia dos carrapatos de eqinos no Estado

    de So Paulo. So Paulo, 2000. [Tese de Doutorado Curso de Ps-graduao em Epidemiologia Experimental Aplicada a Zoonoses da USP].

    LABRUNA, M.B. et al. Risk factors to tick infestations and their occurrence on horses in the

    State of So Paulo, Brazil. Vet. Parasitol., 97: 1-14, 2001. LABRUNA, M.B. et al. Seasonal dynamics of ticks (Acari: Ixodidae) on horses in the state of

    So Paulo, Brazil. Vet. Parasitol., 105: 65-77, 2002a. LABRUNA, M.B. et al. Controle estratgico do carrapato Amblyomma cajennense em eqinos.

    Cincia Rural (no prelo), 2002b. LEITE, R.C. et al. Alguns aspectos epidemiolgicos das infestaes por Amblyomma

    cajennense: uma proposta de controle estratgico. In: Verssimo, C.J. & Augusto, C. II Simpsio sobre Controle de Parasitos: Controle de parasitos de eqinos. Colina, SP, Instituto de Zootecnia, 1997. p.9-14.

    LEMOS, E.R. et al. Primary isolation of spotted fever in the group rickettsie from Amblyomma

    cooperi collected from Hydrochaeris hydrochaeris in Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 91: 273-75, 1996.

    LEMOS, E.R. et al. Rickettsiae-infected ticks in an endemic area in spotted fever in the State

    of Minas Gerais, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 92: 477-81, 1997. LIMA, V.L.C. et al. Febre maculosa no municpio de Pedreira Estado de So Paulo Brasil.

    Relao entre ocorrncia de casos e parasitismo humano por Ixoddeos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 28:135-7, 1995.

    OLIVER JR., J.H. Biology and systematics of ticks (Acari: Ixodida). Annu. Rev. Ecol. Syst.,

    20: 397-430, 1989.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    50

    OLIVEIRA, P.R. Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari: Ixodidae): Avaliao de tcnicas para o estudo de dinmica populacional e biotecnologia. Belo Horizonte, 1998. [Tese de Doutorado Faculdade de Medicina Veterinria da Universidade Federal de Minas Gerais].

    OLIVEIRA, P.R. et al. Population dynamics of the free living stages of Amblyomma cajennense

    (Fabricius, 1787) (Acari: Ixodidae) on pastures of Pedro Leopoldo, Minas Gerais State, Brazil. Vet. Parasitol., 92: 295-301, 2000.

    PAROLA P. & RAOULT D. Ticks and Tickborne Bacterial Diseases in Humans: An Emerging

    Infectious Threat. Clin. Infect. Dis., 32: 897-928, 2001. PEREIRA, M.C. & LABRUNA, M.B. Febre Maculosa: aspectos clnicos epidemiolgicos.

    Clnica Veterinria, 12, 1998. PINHEIRO, V.R.E. Avaliao do efeito carrapaticida de alguns piretrides sintticos sobre o

    carrapato Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acarina: Ixodidae). Seropdica, 1987. Rio de Janeiro, 1987. [Dissertao de Mestrado Faculdade de Medicina Veterinria da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 1987.

    PINTER, A. et al. Ocorrncia do carrapato Amblyomma aureolatum (Acari: Ixodidae) em

    ces de uma localidade rural no Municpio de Mogi das Cruzes, Estado de So Paulo, Brasil. [Apresentado ao XXI Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinria, Rio de Janeiro, 2002].

    POUND, J.M. et al. Systemic treatment of white-tailed deer with ivermectin-medicated bait to

    control free-living populations of lone star ticks (Acari: Ixodidae). Journal of Medical Entomology, 33: 385-94, 1996.

    POUND, J.M. et al. Efficacy of amitraz applied to white-tailed deer by the 4-Poster topical

    treatment device in controlling free-living lone star ticks (Acari: Ixodidae). Journal of Medical Entomology, 37: 878-84, 2000.

    ROBINSON, L.E. Ticks. A monograph of the Ixodoidea IV.The genus Amblyomma.

    London, Cambridge University Press, 1926. SERRA- FREIRE, N. M. Epidemiologia de Amblyomma cajennense: Ocorrncia Estacional e

    Comportamento dos Estdios No-Parasitrios em Pastagens do Estado do Rio de Janeiro. Arq. Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro, 5: 182-93, 1982.

    SONENSHINE, D. E. Biology of Ticks. New York, Oxford University Press, 1993. 2v. SOUZA, S.S.A.L. et al. Aspectos ecolgicos da febre maculosa: variao sazonal da fase no

    parasitria de ixoddeos na mata ciliar da regio de Campinas. [Apresentado ao XXI Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinria, Rio de Janeiro, 2002].

    TRAVASSOS, J. & VALLEJO, A. Comportamento de Alguns Cavdeos (Cavia aperea e

    Hydrochoerus capybara) s inoculaes Experimentais do Vrus da Febre Maculosa. Possibilidade Desses Cavdeos Representarem o Papel de Depositrios Transitrios do Vrus na Natureza. Mem. Inst. Butant, 15: 73-86, 1942a.

    TRAVASSOS, J. & VALLEJO, A. Possibilidade de Amblyomma cajennense se infectar em

    Hydrochoerus capybara experimentalmente inoculado com o vrus da febre maculosa. Mem. Inst. Butant, 15: 87-90, 1942b.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    51

    YOSHINARI, N.H. et al. Perfil da Borreliose de Lyme no Brasil. Rev. Hosp. Cln. Fac. Med. S. Paulo. 52: 111-7, 1997.

    WOOLLEY, T.A Acarology. Mites and human welfare. Fort Collins, Colorado, Library of

    Congress cataloging in Publication, 1987. 484 p. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Chemical Methods for Control of Vectors and Pests of

    Public Health Importance. Geneva, 1997.

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    52

    11. ANEXOS ANEXO 1 - BOLETIM DE NOTIFICAO DE INFESTAO HUMANA POR

    CARRAPATOS SECRETARIA DE ESTADO DA SADESUCEN

    SUPERINTENDNCIA DE CONTROLE DE ENDEMIIAS

    UNIDADE NOTIFICANTE : CODUNIDADE :

    DATA DA NOTIFICAO: ____ / ____ / ____ N DE NOTIFICAO :

    I - IDENTIFICAO :

    SR DIR CDMUN. : 3 5MUNICPIO :

    NOME DO PACIENTE :

    ENDEREO : TEL :

    II - DADOS SOBRE A INFESTAO

    FIXO PELE HUMANA : NO SIM

    LOCALIDADE PROVVEL DA INFESTAO :

    TEM ANIMAL EM CASA NO SIM QUAL ?

    OBSERVAO :

    N DE EXEMPLARES :

    II - IDENTIFICAO DO SERVIO REGIONAL DA SUCEN :

    BOLETIM DE NOTIFICAO DE INFESTAO HUMANA

    GNERO / ESPCIE LARVANINFAADULTO

    ? ?TOTAL

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    53

    ANEXO 2 - ETIQUETA DE IDENTIFICAO DE AMOSTRA DE CARRAPATOS

    N DA INVESTIGAO

    DATA DA COLETA : / /

    N DA AMOSTRA :

    HOSPEDEIRO :

    COLETOR :

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    54

    ANEXO 3 - BOLETIM DE INVESTIGAO DE FOCO SECRETARIA DE ESTADO DA SADESUCEN

    SUPERINTENDNCIA DE CONTROLE DE ENDEMIIAS

    UNIDADE NOTIFICANTE CODUNIDADE :

    DATA : N DE NOTIFICAO :

    INFESTAO HUMANA

    CASO SUSPEITO / CONFIRMADO DE FMB N SINAN

    NOME DO PACIENTE

    I - IDENTIFICAO :SR DIR CDIGO 3 5 MUNICPIO :ENDEREO :

    PROPRIETRIO :

    COORDENADAS GEOGRFICAS : LAT ' " LONG. ' "

    II - PRESENA DE ANIMAIS :

    * LEGENDA : 1) SOLTO (A PASTO) 2) PRESO (ESTABULADO) 3) PERIDOMICILIAR 4) INTRADOMICILIAR

    III - DESCRIO DO AMBIENTE:

    3.1 -EQINOS PASTO NO SIM LIMPO SUJO** MATA NO SIM

    3.2 - CAPIVARAS PASTO NO SIM LIMPO SUJO** MATA NO SIM

    3.3 - CES PASTO NO SIM LIMPO SUJO** MATA NO SIM

    ** NO UNIFORME, COM PRESENA DE ARBUSTOS, RAMOS, MOITAS, ETC..

    IV - COLETA1 - AMBIENTE

    N DE EXEMPL.ARESHORA TRMINO

    2 - MANUAL :N DA AMOSTRA

    V - CONDIES CLIMTICAS CHUVA : 1 FORTE 2 MODERADO 3 FRACO 4 AUSENTE-NUBLADO 5 AUSENTE - LIMPO

    TIPO DE COLETAHORA INCION ARM.

    ANIMAL N

    BOLETIM DE INVESTIGAO DE FOCO DE CARRAPATO

    HOSPEIRO

    N ARRASTOSLOCAL CAPTURA PERODO

    N EXEMPLARES COLETADOS

    FORMA DE CRIAO *

    N DA AMOSTRA

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    55

    VERSO BOLETIM DE INVESTIGAO DE FOCO

    V - IDENTIFICAO

    DATA IDENTIFICAO : ______ / _____ / ______

    RESPONSVEL

    N DA AMOSTRA GNERO / ESPCIE NINFA LARVAADULTO

    ? ?

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    56

    ANEXO 4 - CHAVE PICTRICA PARA IDENTIFICAO DE CARRAPATOS

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    57

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    58

    ANEXO 5 - MODELO DE FOLDER (frente e verso)

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    59

  • Manual de Vigilncia Acarolgica Superintendncia de Controle de Endemias

    60

    ANEXO 6 - MODELO DE FOLHETO DE ORIENTAO