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MANUAL D FORMAND ICAR R DO DO Formação Pedagóg RDO REGO Formaçã Manual do Forman gica Inicial de Formadores ão Profissional ndo

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  • MANUAL DO

    FORMANDO

    ICARDO REGOR

    MANUAL DO

    FORMANDO

    Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    ICARDO REGO

    Formao Profissional

    Manual do Formando

    Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Formao Profissional

    Manual do Formando

  • Manual do Formando

    Ttulo

    Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual de Apoio ao Formando

    Autor

    Ricardo Rego

    FICHA TCNICA

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    A formao profissional organizada e estruturada quer numa ptica de formao inicial, quer numa

    ptica de formao contnua, comea a proliferar com a criao de Centros de Formao e de ofertas

    diversificadas.

    I. O Sistema de Formao

    No sistema de formao tal como em qualquer outro sistema, existe uma entrada (pessoas a formar)

    ocorre um processo de transformao (processo formativo) e uma sada (as pessoas formadas).

    Ao processo de Formao esto ligados dois conceitos:

    o Desenvolvimento Pessoal - Educao

    o Aquisio de Competncias - Formao

    Importa desta forma definir estes dois conceitos importantes:

    o Educao: aquisio de competncias para a vida na sociedade- Preparao para a Vida.

    o Formao Profissional: aquisio de competncias directamente transferveis para o exerccio profissional - Preparao para a Vida Activa.

    O sistema educativo e formativo portugus preconiza um primeiro patamar de educao no obrigatria o

    qual se designa por Educao Pr-Escolar. S a partir dos seis anos de idade se torna obrigatria a entrada

    para o 1 ano do 1 Ciclo do Ensino Bsico.

    O Ensino Bsico corresponde escolaridade obrigatria e est dividido em trs ciclos: o 1 Ciclo ( do 1 ao

    4 ano), o 2 Ciclo (do 5 ao 6 ano) e o 3 Ciclo (do 7 ao 9 ano). No entanto o universo de oferta

    educativa e formativa no Ensino Bsico no se esgota nos trs ciclos enunciados. Em alternativa ao 2 e 3

    Ciclos existem ofertas formativas profissionalizantes que conferem a equivalncia escolar e qualificao

    profissional de nvel I (quando os cursos equivalem ao 3 ciclo do Ensino Bsico). o caso dos cursos de

    Orientao e de Aprendizagem promovidos pelo Instituto de Emprego e Formao Profissional (IEFP), e dos

    Sistemas de Educao Formao

    1 MDULO

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    cursos profissionais, de Educao e Formao Profissional Inicial e Bsicos do Ensino Artstico promovidos

    pelo Ministrio de Educao.

    Existe ainda o Ensino Bsico e o Ensino Recorrente que se destina a adultos que no tendo tido a

    possibilidade de o frequentar ou no tendo obtido o sucesso desejado, procuram uma segunda

    oportunidade de escolarizao em regime nocturno.

    Uma vez concludo o Ensino Bsico termina a escolaridade obrigatria.

    De seguida d-se a passagem ao Ensino Secundrio (10. 11 e 12 anos) que proporciona um leque variado

    de ofertas, que se caracterizam algumas delas como profissionalizantes com uma qualificao de nvel III.

    Com um carcter profissionalizante e orientados para o prosseguimento de estudos no Ensino Superior

    existem os Cursos de carcter Geral e de ensino Artstico Especializados do ensino Secundrio regular e

    Recorrente (este ltimo destinado a adultos do regime nocturno).

    Os cursos tecnolgicos do Ensino Secundrio, os cursos Tcnicos e Tecnolgicos do Ensino Secundrio

    Recorrente , os cursos Profissionais e os cursos de Aprendizagem do IEFP do equivalncia ao 12 ano de

    escolaridade e conferem qualificao profissional de Nvel III.

    Todos estes cursos permitem acesso ao patamar seguinte: O Ensino Superior, dividido em Ensino

    Universitrio e Ensino Politcnico.

    O Ensino Universitrio lecciona Cursos de licenciatura com 4, 5, ou 6 anos que conferem qualificao de

    nvel V. Para alm disso, existem ainda os cursos de Mestrado e Doutoramento, aos quais tm acesso os

    possuidores de Curso de Licenciatura, que conferem um grau acadmico mas sem mais valia para a

    qualificao profissional.

    O Ensino Politcnico, oferece cursos de Licenciatura (4 anos ) e de Bacharelato (3 anos), estes ltimos que

    conferem o nvel IV da qualificao profissional.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Formao Profissional inserida no Mercado de Emprego

    Entende-se por formao profissional inserida no mercado de emprego a que destinada especificamente

    a activos, por conta prpria ou de outrem, podendo tambm ser destinada a candidatos ao primeiro

    emprego, cujo objectivo principal o exerccio qualificado de uma actividade profissional. Esta formao

    promovida por empresas, associaes empresariais, centros de formao e outras entidades empregadoras

    ou formadoras.

    Segundo o Dec. Lei n 957/92 de 23 de Maio - artigo 8 n1: a entidade responsvel pela Certificao o

    Instituto de Emprego e Formao Profissional ou outros servios e organismo com competncia reconhecida

    para certificar.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    II. Diferenas Fundamentais entre Educao Tradicional e Formao Profissional

    Existe um conjunto de diferenas significativas entre o ensino tradicional e a formao profissional. Estas

    diferenas sero abordadas ao logo deste manual, no entanto, torna-se pertinente uma esquematizao

    inicial, que servir de ponto de partida para este tema.

    Educao

    (Modelo Tradicional) Formao

    Finalidade Socializao

    Preparao ou

    desenvolvimento de carreira

    profissional

    Actores Professores ou alunos Formadores e Formandos

    Espao Tpico Sala de Aula

    Sala de Formao

    Oficina

    Posto de Trabalho

    Local de

    Realizao Escola

    Empresa

    Centro de Formao

    Posto de Trabalho

    Mtodos e

    Tcnicas

    + Passivos

    - Activos

    - Passivos

    + Activos

    Meios Utilizados Quadros/Livros Diversidade de equipamentos/

    instrumentos/ ferramentas

    Mensagem

    Transmitida

    Saber (conhecimento)

    Saber ser (atitude perante a

    vida)

    Saber (para fazer)

    Saber Fazer

    Saber Ser

    Iniciativa de

    Realizao Estado/Famlia Formando/ Empresa

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Avaliao Sobre o Aluno Sobre o sistema e resultados

    Certificao Do Curso Das competncias

    III. Enquadramento Legal da Formao Profissional

    A formao profissional inserida no sistema educativo e a inserida no mercado de emprego distinguem-se

    pela base institucional dominante- a escola e a empresa, respectivamente- e pelos seus destinatrios, que

    no primeiro caso se refere populao escolar onde se incluem o ensino recorrente de adultos e a

    educao extra-escolar, e, no segundo, a populao activa empregada ou desempregada, incluindo-se

    candidatos a 1 emprego.

    A lei de bases do sistema educativo- Lei n 46/48 define o sistema educativo portugus como o conjunto

    de meios pelos quais se concretiza o direito educao

    A formao profissional por sua vez compreende a iniciao, a qualificao, o aperfeioamento, a

    especializao e a reconverso.

    O decreto- lei n 401/91 e o decreto-lei 405/91 vieram introduzir uma nova nomenclatura, que distingue a

    formao profissional inserida no sistema educativo e a formao profissional inserida no mercado de

    emprego.

    IV. O que a Formao Profissional

    A formao profissional pode ser definida de diversas formas. A definio da Organizao Internacional do

    Trabalho (OIT) considera a formao Profissional como um processo organizado de educao graas ao

    qual as pessoas enriquecem os seus conhecimentos, desenvolvem as suas capacidades e melhoram as suas

    atitudes ou comportamentos aumentando, deste modo, as suas qualificaes tcnicas ou profissionais, com

    vista felicidade e realizao, bem como participao no desenvolvimento scio- econmico e cultural da

    sociedade.

    Por sua vez o decreto-lei 401/91 considera (...) como um processo global e permanente atravs do qual

    jovens e adultos, a inserir ou inseridos na vida activa, se preparam para o exerccio de uma actividade

    profissional.

    Ambas as definies preconizam a Formao como um processo que no se cinge aquisio de

    conhecimentos, como ao desenvolvimento de capacidades e ao melhoramento de comportamentos, numa

    viso integrada de desenvolvimento de competncias.

    Segundo o IEFP, a Formao Profissional assume-se como um processo global e permanente que abrange

    um conjunto de actividades organizadas e que se desenvolvem com a finalidade de preparar os indivduos

    para o exerccio de uma determinada profisso. Esta preparao visa na aquisio de competncias e

    atitudes que permitem um adequado desempenho profissional. Desta forma, ele deve estar habilitado para

    a vida activa, ou seja, a Formao Profissional deve proporcionar a oportunidade e os meios necessrios

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    para a aquisio de conhecimentos (saber), capacidades (saber fazer) e atitudes (saber ser), competncias

    fulcrais para o exerccio de uma determinada profisso.

    O objectivo primordial da Formao Profissional o desenvolvimento de COMPETNCIAS (saber, saber-

    fazer e saber ser).

    Assim podemos dizer que a Formao privilegia:

    O Saber Conhecimentos gerais e especficos necessrios ao exerccio da funo;

    apela ao raciocnio.

    O Saber Fazer

    Capacidade para realizar o trabalho- inclui o conjunto de instrumentos,

    mtodos e tcnicas necessrios para um bom desempenho; apela s

    qualidades de execuo

    O Saber Ser Atitudes, comportamentos, modos de estar adequados funo e s

    necessidades da empresa; apela s qualidade interpessoais.

    Uma vez que falamos de Formao Profissional, de suma importncia que as competncias adquiridas

    neste contexto devem corresponder s funes que o indivduo desempenha ou vai desempenhar nas

    organizaes das quais ou ser parte integrante.

    Em suma, a Formao Profissional deve permitir ao indivduo a aquisio de competncias que permitam a

    realizao de tarefas que lhe so exigidas, mobilizando para tal os conhecimentos necessrios e adoptando

    os comportamentos convenientes.

    Exemplo:

    Uma jovem viaja de noite numa auto-estrada. De repente, apercebe-se que tem um pneu furado. Pra o

    carro e verifica que, de facto, tem um furo no pneu traseiro direito. Recorda-se que ainda recentemente

    aprendera a mudar um pneu e que tivera, inclusivamente, o cuidado de se preparar do ponto de vista

    prtico, mudando o pneu trs vezes e sob a superviso de um instrutor. No entanto, decide entrar no carro,

    tranc-lo e esperar que algum venha em seu auxlio.

    Possuir a competncia de mudar um pneu passa por conhecer os procedimentos de mudanas de um pneu

    (conhecimento), por saber aplicar esses conhecimentos do ponto de vista operatrio (capacidade) e por

    conseguir adoptar a atitude mais favorvel na situao em questo (comportamento).

    A Formao Profissional pode, assim, assumir diversas formas e pode visar diversas finalidades, tais como:

    o Integrao e realizao scio-profissional dos indivduos;

    o Adequao do trabalhador e do posto de trabalho;

    o Promoo da igualdade de oportunidades, no acesso profisso, ao emprego e da progresso na carreira;

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    o Modernizao e desenvolvimento integrado das organizaes, da sociedade e da economia;

    o Fomento da criatividade, da inovao e do esprito de iniciativa e da capacidade de relacionamento.

    V. Modalidades da Formao Profissional

    A formao profissional apresenta diversas modalidades determinadas pelas caractersticas das

    populaes-alvo, objectivos, estruturas curriculares, metodologias e recursos envolvidos.

    Tipos Sem equivalncia Escolar Com equivalncia escolar

    Formao Inicial Qualificao Inicial

    Especializao Tecnolgica

    Aprendizagem

    Educao e Formao

    Educao e formao de

    adultos- EFA

    Formao Contnua

    Qualificao e reconverso

    Reciclagem, actualizao e

    aperfeioamento

    Especializao Profissional

    Formao Profissional Inicial:

    Visa a aquisio de competncias indispensveis para poder iniciar o exerccio duma profisso. o primeiro

    programa completo de formao que habilita ao desempenho de uma funo ou profisso.

    Sem Equivalncia Escolar:

    Qualificao Inicial: Prepara jovens e adultos, candidatos ao primeiro emprego, com a escolaridade

    obrigatria, para o desempenho de profisses qualificadas, por forma a favorecer a entrada na vida activa.

    Especializao Tecnolgica (CET): Prepara jovens e adultos, candidatos ao primeiro emprego, para o

    desempenho de profisses qualificadas, por forma a favorecer a entrada na vida activa. Os CET constituem

    formaes ps-secundrias no superiores, a desenvolver na mesma rea, ou em rea de formao afim

    quela em que o candidato obteve qualificao profissional de nvel 3. Os cursos desenvolvem-se,

    essencialmente, em reas em que se regista um conjunto de factores potenciadores de transformaes

    significativas, nos planos tecnolgico e organizacional, consideradas estratgicas para a competitividade do

    tecido econmico e empresarial. Os CET so reconhecidos por Despacho dos Ministros da Educao, da

    Segurana Social e do Trabalho e da tutela do sector de actividade econmica onde se insere a formao.

    Com Equivalncia Escolar:

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Aprendizagem: Os cursos de Aprendizagem preparam jovens, candidatos ao 1 emprego, que no

    ultrapassaram, preferencialmente, o limite etrio dos 25 anos e tenham a escolaridade obrigatria (9 anos

    de Escola), para o desempenho de profisses qualificadas, por forma a facilitar a entrada no mercado de

    trabalho. Estes cursos desenvolvem-se em alternncia, entre um Centro de Formao Profissional e uma

    empresa, onde se realizam, respectivamente, a formao terica-prtica e a formao prtica em contexto

    real de trabalho. Os cursos de Aprendizagem so homologados conjuntamente pelos Ministros do Trabalho

    e da Solidariedade e da Educao, sob proposta da Comisso Nacional de Aprendizagem.Acrescente-se

    ainda que as aces do Sistema de Aprendizagem so tambm organizadas, para alm do IEFP, por outras

    entidades formativas acreditadas.

    Educao e Formao: Os cursos de educao e formao destinam-se a jovens, em risco de abandono

    escolar ou que entraram precocemente no mercado de trabalho, com nveis insuficientes de formao

    escolar ou sem qualificao profissional. Os cursos proporcionam solues flexveis que asseguram uma

    progresso escolar, simultaneamente, com a aquisio de competncias profissionais.

    Educao e Formao de Adultos- EFA: Os cursos EFA preparam cidados com idade igual ou superior a 18

    anos, que abandonaram prematuramente o Sistema de Ensino, no qualificados ou sem qualificao

    adequada e que no tenham concludo a escolaridade bsica de 4, 6 ou 9 anos, permitindo a obteno dos

    1., 2. ou 3. Ciclo do Ensino Bsico, associados a uma qualificao profissional de nveis 1 ou 2, numa

    ptica de dupla certificao escolar e profissional. Para formandos desempregados, estes cursos podem

    incluir, no mbito da componente de Formao Profissionalizante, uma parte de formao prtica em

    contexto real de trabalho. Os cursos EFA so da responsabilidade da Direco Geral de Formao

    Vocacional e constituem uma resposta articulada dos Ministrios da Educao e da Segurana Social e do

    Trabalho.

    Formao Profissional Inicial:

    Qualificao e Reconverso profissional: Os cursos de qualificao e reconverso profissional

    preparam activos empregados ou em risco de desemprego e desempregados, semi-qualificados ou sem

    qualificao adequada para efeitos de insero no mercado de trabalho, quer tenham ou no completado a

    escolaridade obrigatria. No quadro dos tipos de interveno definidos, os participantes podem adquirir ou

    completar uma qualificao dentro da sua rea de actividade, bem como obter uma nova qualificao, a

    que pode estar, simultaneamente, associada uma progresso escolar. Assim, trata-se de uma oferta

    formativa centrada no desenvolvimento de competncias tcnicas, sociais e relacionais, tendo em vista a

    aquisio ou concluso de uma qualificao profissional de nvel 2 ou 3.

    Reciclagem, Actualizao e Aperfeioamento: Os cursos de reciclagem, actualizao e aperfeioamento

    preparam activos empregados ou em risco de desemprego e desempregados, que procurem, atravs da

    actualizao (Reciclagem, Actualizao) ou do aprofundamento das suas competncias (Aperfeioamento),

    melhorar o desempenho profissional, respondendo, assim, adequadamente s mudanas tecnolgicas e

    econmicas.

    Especializao Profissional: Os cursos de Especializao Profissional preparam activos empregados ou em

    risco de desemprego, que necessitem aprofundar conhecimentos e competncias em reas especficas do

    seu desempenho profissional.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    VI. Nveis de Formao Ou Qualificao Profissional

    Deciso do Conselho de 16 de Julho de 1985 (85/368/CEE), JOCE n. L199/565

    Nvel 1

    Formao de acesso a este nvel: escolaridade obrigatria e iniciao profissional.

    Esta iniciao profissional adquirida quer num estabelecimento escolar, quer no mbito de estruturas de

    formao extra-escolares, quer na empresa. A quantidade de conhecimentos tcnicos e de capacidades

    prticas muito limitada.

    Esta formao deve permitir principalmente a execuo de um trabalho relativamente simples, podendo a

    sua aquisio ser bastante rpida.

    Nvel 2

    Formao de acesso a este nvel: escolaridade obrigatria e formao profissional (incluindo,

    nomeadamente, a aprendizagem)

    Este nvel corresponde a uma qualificao completa para o exerccio de uma actividade bem determinada,

    com a capacidade de utilizar os instrumentos e tcnica com ela relacionadas.

    Esta actividade respeita principalmente a um trabalho de execuo, que pode ser autnomo no limite das

    tcnicas que lhe dizem respeito.

    Nvel 3

    Formao de acesso a este nvel: escolaridade obrigatria e/ou formao profissional e formao tcnica

    complementar ou formao tcnica escolar ou outra, de nvel secundrio.

    Esta formao implica mais conhecimentos tcnicos que o nvel 2. Esta actividade respeita principalmente a

    um trabalho tcnico que pode ser executado de forma autnoma e/ou incluir responsabilidades de

    enquadramento e de coordenao.

    Nvel 4

    Formao de acesso a este nvel: formao secundria (geral ou profissional) e formao tcnica ps-

    secundria. Esta formao tcnica de alto nvel adquirida no mbito de instituies escolares, ou fora

    dele. A qualificao resultante desta formao inclui conhecimentos e capacidades que pertencem ao nvel

    superior. No exige em geral, o domnio dos fundamentos cientficos das diferentes reas em causa. Estas

    capacidades e conhecimentos permitem assumir, de forma geralmente autnoma ou de forma

    independente, responsabilidades de concepo e/ou de direco e/ou de gesto.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Nvel 5

    Formao de acesso a este nvel: formao secundria (geral ou profissional) e formao superior

    completa. Esta formao conduz geralmente autonomia no exerccio da actividade profissional

    (assalariada ou independente) que implica o domnio dos fundamentos cientficos da profisso. As

    qualificaes exigidas para exercer uma actividade profissional podem ser integradas nestes diferentes

    nveis.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    A funo do Formador

    O formador o profissional que, na realizao de uma aco de formao estabelece uma relao

    pedaggica com os formandos, favorecendo a aquisio de conhecimentos e competncias, bem como o

    desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados ao desempenho profissional, (DR n

    267/94 srie I-B, 18 de Novembro)

    Assim o formador rene o domnio tcnico actualizado relativo rea de formao em que especialista,

    o domnio dos mtodos e das tcnicas pedaggicas adequadas ao tipo e ao nvel de formao que

    desenvolve, bem como, as competncias na rea de comunicao que proporcionam ambiente facilitador

    do processo ensino/aprendizagem. (Manual de Formao Pedaggica Inicial de Formadores- IEFP).

    A actividade do formador consiste no planeamento , preparao, desenvolvimento e avaliao das aces

    de formao de uma rea cientifico tecnolgica especfica, utilizando mtodos e tcnicas pedaggicas

    adequadas.

    A funo do formador no se esgota na transmisso de conhecimentos nem no desenvolvimento de

    atitudes perante a vida (Manual de Formao Pedaggica Inicial de Formadores- IEFP). A funo do

    formador muito mais complexa e exigente, pois ele deve ser o facilitador do desenvolvimento de

    competncias, nomeadamente, os trs tipos de saber que encerram a competncia:

    o Saber

    o Saber Fazer

    o Saber Ser

    VII. AS COMPETNCIAS DO FORMADOR:

    COMPETNCIAS PSICO-SOCIAIS

    1. Saber-estar em situao profissional no posto de trabalho, na empresa/organizao, no mercado de

    trabalho, implicando, nomeadamente:

    assiduidade,

    pontualidade,

    postura pessoal e profissional,

    aplicao ao trabalho,

    2 MDULO Formador: Perfil e Competncias

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    co-responsabilidade e autonomia,

    boas relaes de trabalho,

    capacidade de negociao,

    esprito de equipa,

    auto-desenvolvimento pessoal e profissional.

    2. Possuir capacidade de relacionamento com os outros e consigo prprio, implicando, nomeadamente:

    comunicao interpessoal,

    liderana,

    estabilidade emocional,

    tolerncia,

    resistncia frustrao,

    auto-confiana,

    auto-crtica,

    sentido tico pessoal e profissional.

    3. Ter capacidade de relacionamento com o objecto de trabalho, implicando, nomeadamente:

    capacidade de anlise e de sntese,

    capacidade de planificao e organizao,

    capacidade de resoluo de problemas,

    capacidade de tomada de deciso,

    criatividade,

    flexibilidade,

    esprito de iniciativa e abertura mudana.

    COMPETNCIAS TCNICAS

    1. Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto tcnico em que exerce a sua actividade: a

    populao activa, o mundo do trabalho e os sistemas de formao, o domnio tcnico-cientfico e/ou

    tecnolgico, objecto de formao; a famlia profissional da formao, o papel e o perfil do Formador; os

    processos de aprendizagem e a relao pedaggica; a concepo e organizao de cursos ou aces de

    formao.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    2. Ser capaz de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de formandos.

    3. Ser capaz de planificar e preparar as sesses de formao, nomeadamente:

    analisar o contexto especfico das sesses: objectivos, programa, perfis de entrada e sada, condies de realizao da aco;

    conceber planos das sesses;

    definir objectivos pedaggicos;

    analisar e estruturar os contedos de formao;

    seleccionar os mtodos e as tcnicas pedaggicas;

    conceber e elaborar os suportes didcticos;

    conceber e elaborar os instrumentos de avaliao.

    4. Ser capaz de conduzir/mediar o processo de formao/aprendizagem em grupo de formao,

    nomeadamente:

    desenvolver os contedos de formao;

    desenvolver a comunicao no grupo;

    motivar os formandos;

    gerir os fenmenos de relacionamento interpessoal e de dinmica do grupo;

    gerir os tempos e os meios materiais necessrios formao;

    utilizar os mtodos, tcnicas, instrumentos e auxiliares didcticos.

    5. Ser capaz de gerir a progresso na aprendizagem dos formandos, nomeadamente:

    efectuar a avaliao formativa informal;

    efectuar a avaliao formativa formal;

    efectuar a avaliao final ou sumativa.

    6. Ser capaz de avaliar a eficincia e eficcia da formao, nomeadamente:

    avaliar o processo formativo;

    participar na avaliao do impacto da formao nos desempenhos profissionais.

    Em sntese o formador quem....

    o Comunica com clareza;

    o Domina e conhece exactamente os objectivos que pretende atingir;

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    o Sabe escolher os mtodos, as tcnicas e os meios mais adequados;

    o Procura continuamente o seu aperfeioamento

    o Utiliza a sua capacidade e dinamismo para motivar;

    o Gere de forma eficaz os fenmenos de grupo;

    o Prepara as suas sesses e avalia-as.

    TIPOS DE FORMADORES

    Quanto ao regime de ocupao:

    Permanentes;

    Desempenham as funes de formador como actividade principal;

    Eventuais:

    Desempenham as funes de formador como actividade secundria ou ocasional.

    Quanto ao vnculo:

    Internos:

    Quando tm vinculo laborai entidade promotora da aco de formao.

    Externo:

    Quando no tm vinculo laboral entidade promotora da aco de formao.

    Desencadeador

    e facilitador

    da Aprendizagem

    FORMADOR

    Habilitador

    De

    Pessoas

    Animador

    De

    Grupos

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Direitos do formador

    Segundo o Decreto Regulamentar n. 267/94 srie 1-B de 18 de Novembro, so

    direitos do formador:

    " Apresentar propostas com vista melhoria das actividades formativas, nomeadamente atravs da

    participao no processo de desenvolvimento e nos critrios de avaliao da aco de formao;

    Obter comprovao documental, pela entidade promotora da aco, relativa actividade desenvolvida

    como formador, do qual conste o domnio, a durao e a qualidade da sua interveno:

    Ser integrado em bolsas de formadores

    Deveres do formador

    Ainda segundo o mesmo Decreto Regulamentar, so deveres do formador:

    Fixar os objectivos da aco e a metodologia pedaggica a utilizar;

    Cooperar com a entidade formadora, bem como com outros intervenientes do processo formativo, no sentido de assegurar a eficcia da aco de formao;

    Preparar, de forma adequada e prvia, cada aco de formao;

    Participar na concepo tcnica e pedaggica da aco;

    Zelar plos meios materiais e tcnicos;

    Ser assduo e pontual;

    Cumprir a legislao e os regulamentos aplicveis formao;

    Avaliar cada aco de formao e cada processo formativo em funo dos objectivos fixados e do nvel de adequao conseguido.

    CERTIFICAO DA APTIDO PEDAGGICA DE FORMADORES

    A Certificao da aptido de formador obrigatria a partir de 1 de Janeiro de 1998

    Entidade certificadora

    O (IEFP) a entidade responsvel pela certificao da aptido pedaggica (CAP) dos formadores.

    Se pretende apresentar a sua candidatura ao CAP deve dirigir-se ao Centro de Emprego da sua rea de

    residncia.

    Requisitos de aceso ao CAP

    ter frequentado um curso de Formao Pedaggica e formadores, homologado pelo IEFP, com durao

    igual ou superior a 90 horas

    OU

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    possuir um ttulo que habilite ao exerccio de formador, emitido na Unio Europeia ou noutro pas, em

    caso de acordos de reciprocidade.

    A Validade do CAP de Formador de 5 anos.

    Existem condies especiais de acesso ao CAP para formadores que j se encontravam presentes no

    mercado antes de 1 Janeiro 1998 e que cumprem um dos seguintes requisitos:

    ter frequentado um curso de Formao Pedaggica de Formadores, antes de 1 de Janeiro de 1998, com uma durao mnima de 60 horas e que inclua os contedos programticos considerados

    adequados pelo IEFP.

    ter um mnimo de 180 horas de experincia formativa desenvolvida entre 1 de Janeiro de 1990 e 1 de Janeiro de 1998. Neste caso, a validade do CAP de 2 anos.

    Documentao necessria

    Ficha de candidatura;

    Fotocpia do Bilhete de Identidade ou Passaporte*;

    Certificado de Habilitaes Literrias*

    Certificado de Formao Pedaggica de Formadores*, onde conste a durao total, os contedos programticos e a data de realizao

    Declarao comprovativa do exerccio da actividade formativa entre 1 de Janeiro de 1990 e 1 de Janeiro de 1998, emitida pela entidade onde exerceu essa actividade - apenas para a situao

    descrita nas condies especiais.

    *Fotocpias autenticadas

    CONDIES DE RENOVAO

    CAP com validade de 2 anos

    Para renovar um CAP emitido atravs das condies especiais de acesso, com esta validade, devem ser

    cumpridos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

    a) 60 horas de formao de actualizao pedaggica;

    b) 120 horas de experincia formativa.

    CAP com validade de 5 anos

    Para renovar um CAP emitido com esta validade devem ser cumpridos, cumulativamente, os seguintes

    requisitos:

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    Manual do Formando

    a) 60 horas de formao de actualizao pedaggica ou outras experincias significativas na rea pedaggica, consideradas relevantes pela entidade

    certifcadora;

    b) 300 horas de experincia formativa.

    Documentao necessria

    I. Ficha de candidatura renovao;

    II. Fotocpia do Bilhete de Identidade ou Passaporte*;

    III. Comprovativos da experincia formativa e da formao de actualizao pedaggica necessria.

    Legislao aplicvel

    Decreto Regulamentar n. 26/97, de 18 de Junho

    Portaria n.. 1119/97, de 5 de Novembro.

    SUGESTES PARA O FUTURO

    Liderar um grupo em formao , acima de tudo uma arte:

    a arte de motivar e suscitar o desejo de aprendizagem por parte dos participantes.

    Segue-se uma listagem de sugestes para o/a futuro(a) Formador(a):

    I. Criar e cultivar uma atitude positiva perante o grupo, mostrando dignidade e respeito plos formandos e, simultaneamente, fazendo-se respeitar atravs dos conhecimentos que deve

    transmitir de modo confiante e do controlo que exerce sobre a situao de formao;

    II. Facilitar o dilogo, questionando o grupo, pois tal atitude fomentar a comunicao e a participao e dar aos formandos a oportunidade de exprimirem as suas ideias e opinies;

    III. Criar uma linguagem adequada, acessvel aos formados, que devem compreender o que o formador lhes transmite. O conhecimento da cultura dos formandos ajudar ao xito desta misso;

    IV. Incentivar o intercmbio, facilitando a troca de experincias entre os participantes e gerando, simultaneamente, interesse e motivao atravs da nfase posta no que transmite e forma como

    procede;

    V. Aproveitar a dinmica do grupo, utilizando-a como meio de interajuda na aquisio de conhecimentos;

    VI. Incentivar a discusso e orientar a reflexo e a troca de ideias em relao aos objectivos a atingir;

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    Manual do Formando

    VII. Prestar ateno a cada formando, em particular, e ao grupo, em geral. A aco do formador visa atingir todo o grupo sem excepo:

    VIII. Evitar fazer perguntas directas, preferindo perguntas dirigidas ao grupo, ainda que cada elemento possa emitir a sua opinio. Dever, em qualquer caso, situar sempre primeiro o problema e s

    depois incitar o grupo reflexo;

    IX. Elogiar as boas respostas e clarificar as situaes duvidosas que surjam, de modo a permitir que os formados descubram por si prprios a verdadeira resposta. Evitar realar as respostas consideradas

    erradas.

    Ateno a...

    Postura:

    Corporal;

    Gestual.

    Linguagem:

    Fluidez;

    Dico;

    Rapidez;

    Tom de voz.

    Contacto:

    Visual;

    Distncia fsica;

    Empatia.

    Clareza;

    Facilidade de comunicao;

    Interaco estabelecida;

    Perspiccia;

    Dinamismo;

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    Manual do Formando

    Promoo da participao individual e dinmica de grupo;

    Atitude face s dvidas;

    Feedback;

    Controlo da aprendizagem;

    Gesto do tempo;

    Criatividade, Imaginao e Versatilidade;

    Persuaso;

    Adaptao a novas situaes.

    As 10 diferenas entre o Formador Clssico e o Moderno

    PEDAGOGIA Clssica

    0 Formador tradicional

    Andragogia

    0 Formador Moderno

    Possui o saber e d-o "mastigado"

    Promove o saber. Ensina a aprender.

    Possui a autoridade: tendncia Autocrtica

    Cria Responsabilidade: tendncia Democrtica

    Toma decises por si

    Ensina a tomar decises

    Faz escutar Escuta. Faz falar

    Aplica normas rgidas Utiliza tcnicas de grupo

    Fixa objectivos. Faz planos em funo de si

    prprio

    Prope objectivos e planifica em funo do

    grupo

    Preocupa-se com a disciplina

    Preocupa-se com o processo de aprendizagem

    Avalia os alunos sozinho

    Avalia junto do grupo

    Trabalha com os indivduos Trabalha com o grupo

    Sanciona. Castiga. Intimida.

    Estimula. Orienta. Tranquiliza.

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    Manual do Formando

    APRENDIZAGEM

    INTRODUO

    Tendo havido desde sempre uma tentao para considerar que certas tendncias so instintivas, e que

    determinados conceitos so inatos, isto porque, quando uma emoo (resposta comportamental) tem uma

    origem complexa mais fcil afirmar que nascemos com ela, do que procurarmos- lhe o rasto atravs do

    passado.

    Assim, os psiclogos referem que s muitos poucos impulsos- como os da alimentao, os sexuais e os de

    repouso- existem sem terem sido adquiridos.

    Quanto crena nas idias inatas, Jonh Locke (filsofo do sc. XVII) vinha ao encontro do pensamento

    actual, quando afirmava que nascemos sem ideias (conceitos); que todos os conceitos, dos mais simples

    aos mais complexos so conseqncias da Aprendizagem.

    O problema consiste, pois, em descobrir como aprendemos a variedade quase infinita de habilidades que a

    vida exige.

    CONCEITOS E CARACTERSTICAS DA APRENDIZAGEM

    A aprendizagem, segundo Hilgard Bower, um processo, pelo qual surge ou se modifica uma actividade,

    na sequncia de reaces do organismo a uma situao do meio ambiente. No entanto, isto s se verifica no

    caso de o tipo de modificao da actividade se no explicar por meio do fundamento de tendncias

    reactivas inatas, da manuteno ou de estados organsmicos temporrios (por exemplo, fadiga, drogas,

    etc.).

    Tanto quanto, por aprendizagem, de acordo com esta definio ampla de Hilgard, se entende de maneira

    muito geral a adaptao a um meio que muda constantemente ou a um processo de modificao (aquisio

    e transformao de reaces), deve tambm admitir-se nos animais uma capacidade, mais ou menos

    marcada, para a aprendizagem.

    No entanto, para o homem, a capacidade de aprendizagem, em confronto com o seu menor equipamento

    instintivo, de importncia muito especial, contrastando com a aprendizagem humana com a do animal,

    pelo facto do o no-presente poder representar-se atravs de smbolos e ser possvel resolver problemas

    3 MDULO Aprendizagem

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    no campo simblico, sem a interposio de aces verificativas externamente observveis, na sua

    referncia ao meio ambiente.

    A definio atrs mencionada deve ser interpretada e alargada aos seguintes aspectos:

    A aprendizagem designa no s a criao e a construo de modos de conduta desejveis, ou o aperfeioamento de performances, mas tambm se aprende uma conduta indesejada

    (por exemplo, perturbaes do comportamento). Almdisso, a aprendizagem ocorre ainda

    de uma forma negativa como desaprendizagem (extino) e esquecimento.

    Visto que a conduta aprendida mais ou menos constante e pode ser praticada (evocada) no caso da presena de uma constelao ambiental especfica, o conceito de

    aprendizagem deve pr-se em relao com a memria. Aprendizagem e memria

    (armazenamento) encontram-se numa relao recproca de dependncia. A referncia

    funo simblica uma causa decisiva para a muito maior capacidade de armazenamento

    do homem, em confronto com o animal.

    A aprendizagem no se relaciona apenas com a modificao do comportamento motor e das estruturas cognitivas, mas abrange igualmente, em sentido lato, transformaes da

    motivao e do comportamento social.

    O conceito de aprendizagem define-se de diversos modos. Constituindo, tal diversidade, a expresso

    imediata dos pontos de partida experimentais, em parte, extraordinariamente muito divergentes uns dos

    outros, os quais, por sua vez, se encontram associados a uma multiplicidade de teorias especficas de

    aprendizagem.

    In Vocabulrio Fundamental de Pedagogia

    A capacidade de aprender , por isso mesmo, uma constante da nossa vida que se refina de forma gradual

    e progressiva. Os indivduos podem aprender sempre, em contextos e/ou lugares diferentes com pessoas

    diferentes.

    A formao assume-se, por isso mesmo, num contexto no qual se desenvolve necessariamente o processo

    de aprendizagem. Na formao h aprendizagem sempre que surjam emoes, cognies,

    comportamentos novos ou sempre que se verifiquem alteraes no repertrio comportamental, cognitivo

    e emocional j existente, provocadas pela vivncia de situaes intrnsecas ao contexto formativo.

    Entre o perfil de entrada e o perfil de sada do formando deve ocorrer mudanas/aprendizagens em trs

    dimenses centrais, no sentido do aperfeioamento, correco ou aquisio:

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    Manual do Formando

    Dimenso Cognitiva (saber-saber)- Aquisio de conhecimentos tericos e assimilao/compreenso de conceitos e das suas relaes;

    Dimenso Scio-Afectiva (Saber-ser/estar)- nfase nas atitudes, capacidades relacionais e comunicacionais do formando;

    Dimenso Operacional (saber-fazer)- centrada nas aces e aptides/habilidades do formando.

    Ao formador cabe, por isso mesmo, a orientao de situaes, tarefas ou actividades que proporcionem a

    aprendizagem do formando.

    O formador o agente da mudana (aprendizagem)!

    TEORIAS DA APRENDIZAGEM

    TEORIAS COMPORTAMENTALISTAS

    O Condicionamento Clssico

    Este tipo de condicionamento muito semelhante ao que habitualmente designado por

    reflexoscondicionados.

    O Condicionamento entendido como a formao de relaes entre algumas seqncias de estmulos-

    respostas das quais resulta uma mudana estvel nos padres de comportamento ou no conjunto de

    respostas de um organismo.

    Como se estabelece o condicionamento:

    1 Fase

    Estmulo Incondicional Resposta

    Incondicionada

    Carne Salivao

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Nesta fase, um estmulo (carne) provoca no co uma resposta (salivao) incondicionada (porque no

    resulta de qualquer aprendizagem.

    2 fase

    Nesta fase, escolheu-se um estmulo- neutro- o som da campainha, que no possui qualquer ligao natural

    com a resposta incondicionada e que vem associado ao estmulo.

    3 Fase

    Aps um certo nmero de repeties de ensaio da 2 fase, verifica-se, na 3 fase, que basta a apresentao

    do som da campainha para o co dar uma resposta ( a que chamamos condicionada).

    Criou-se, assim, uma resposta no espontnea, no natural; a resposta condicionada depende

    evidentemente de uma aprendizagem (adquirida).

    Segundo alguns autores, na segunda fase que vemos surgir o conceito de reforo: cada uma das

    combinaes do estmulo incondicional (a carne) com o estmulo neutro (som da campainha) a condicionar

    aumenta a eficcia deste ltimo, reforando a sua capacidade de provocar a resposta.

    Estmulo Neutro

    Estmulo Incondicional

    Resposta

    Incondicionada

    Som da campainha

    Carne

    Salivao

    Estmulo Condicional Resposta Condicionada

    Som da campainha Salivao

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Por isso mesmo, se chama Reforo apresentao do estmulo incondicional, o qual fica caracterizado

    como agente reforador.

    Decorrentes das experincias efectuadas pelos diversos autores, forma identificados cinco processos de

    condicionamento:

    A. Aquisio: um aspecto importante relativo aquisio da resposta condicionada prende-se com o intervalo de tempo entre a apresentao da carne e o toque da campainha. O perodo no pode ser

    extenso sob pena de no provocar resposta condicionada.

    B. Extino: Verificou-se que quando a campainha soava repetidas vezes e no era apresentado o estmulo no condicionado, a carne, o co salivava cada vez menos. O processo de extino refere-

    se diminuio e/ou extino da resposta condicionada (salivao) devido ausncia do estmulo

    no condicionado (carne).

    C. Recuperao Espontnea: mesmo que a resposta condicionada parea extinta, se a campainha voltar a soar, aps um perodo de descanso, o co volta a salivar, ainda que de uma forma mais

    atenuada. Recuperao espontnea da resposta.

    D. Generalizao do Estmulo: a tendncia para o co responder a estmulos semelhantes ao estmulo condicionado. O co salivava mesmo quando o som emitido era diferente do som original.

    Nesta experincia a resposta condicionada (salivao) era igualmente desencadeada pelo som de

    uma sirene.

    E. Discriminao: por outro lado, a capacidade de no responder a estmulos semelhantes tambm faz parte do processo de condicionamento. O som emitido ou a forma como emitido passvel de

    ser distinguido de outros sons.

    Este tipo de aprendizagem regido por um conjunto de leis, que se passam a enunciar:

    I. Existe um intervalo ptimo entre a apresentao do estmulo condicional e a apresentao do estmulo incondicional.

    II. No possvel inverter a ordem dos estmulos;

    III. Duma maneira geral, uma nica apresentao dos dois estmulos insuficiente, excepto quando o estmulo incondicional muito intenso.

    Este tipo de aprendizagem muito utilizado nas situaes mais freqentes de formao. , contudo,

    utilizado na publicidade e responsvel por algumas reaces do organismo a medicamentos incuos

    (placebos).

    O Condicionamento Operante

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Muitas das nossas aces no so desencadeadas por estmulos tal como prope o condicionamento

    clssico.

    Um dia d-se uma resposta; esta tem conseqncias positivas ou negativas e, para a prxima vez, em tal

    situao, ou volto a dar ou a evitar a resposta anterior.

    A tnica posta agora na resposta e nas suas conseqncias.

    esta a idia fundamental do Condicionamento Operante desenvolvido por Skinner a partir dos trabalhos

    de Thorndike.

    O Condicionamento Operante o processo de aprendizagem atravs do qual uma resposta tornada mais

    provvel e freqente.

    Por operante podemos entender um conjunto de actos que existem num organismo quando faz algo,

    quando opera sobre o meio gerando conseqncias.

    A pea-chave do condicionamento operante o Reforo, estmulo que segue a resposta e tem como

    conseqncia o aumento da tendncia (probabilidade) a dar resposta.

    Skinner identificou trs tipos de reforo:

    Reforo Positivo: em estmulo com conseqncias benficas para o sujeito.

    Exemplo: um rato com sede que est numa gaiola, quando d a resposta pretendida, recebe gua (esta tem

    conseqncias positivas para o rato: gua reforo positivo).

    Reforo Negativo: quando a situao de partida adversa para o sujeito e a resposta pretendida restabelece a situao normal.

    Punio: estmulo com conseqncias adversas para o sujeito.

    Exemplo: o rato carrega na alavanca e recebe um choque elctrico (punio).

    A punio habitualmente usada para enfraquecer ou extinguir uma resposta. Nos seres humanos

    duvidosa a utilizao da punio, de um ponto de vista quer deontolgico, quer prtico.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Skinner reconhece que no o processo mais apropriado para quebrar hbitos. Ser prefervel no reforar

    positivamente a administrar um reforo negativo.

    Como aplicar os reforos nos seres humanos?

    Obviamente que neste caso, no tem sentido funcionarcom a satisfao das necessidades biolgicas

    bsicas como nos animais (comida, gua), e o mais frequente consiste em utilizar reforos que satisfaam

    as necessidades secundrias tais como: segurana, reconhecimento, gratido ou outras.

    Quanto ao dinheiro, no existe uma opinio unnime se reforo primrio ou secundrio.

    Se ele no est directamente relacionado com as necessidades biolgicas bsicas, permite, porm, adquirir

    meios para essa satisfao.

    Situaes de Utilizao dos Reforos

    H duas maneiras bsicas de aprender:

    Discriminao de Estmulos: o estabelecimento de um certo tipo de comportamento, que ocorre em funo de um estmulo dado que acompanha esse comportamento, o qual

    reforado. O comportamento imitativo surge desta situao. Exemplo: Quando olhamos

    para uma montra temos prazer. Quando vemos muitas pessoas a olhar para uma montra,

    aumenta a probabilidade de ns tambm olharmos.

    Diferenciao de Respostas: quando se reforam de diferentes modos vrios tipos de respostas:

    R1- no reforada

    R2- Reforada

    R3- No reforada

    R2- Reforada

    Etc

    Ou quando reforada uma srie de aproximaes sucessivas a um modelo. Exemplo: aprender a conduzir

    exige tempo e treino e a aquisio de um conjunto integrado de habilidades. Assim, na fase de instruo

    devem ser reforadas todas as respostas correctas (comportamentos) at que o indivduo saiba conduzir

    bem (aproxime do modelo- instrutor).

    Implicaes para a Formao:

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Para Skinner, o ensino o arranjo de contingncias de reforo a tarefa principal do professor/formador

    fazer brotar o comportamento ptimo, utilizando quer estmulos, quer reforos apropriados.

    Assim o professor/formador deve conhecer as respostas apropriadas- objectivos- para levar os outros que

    aprendem a adopt-las.

    No planeamento destes objectivos devem ser respondidas algumas questes tais como:

    a) Qual o comportamento que se deseja?

    b) Quais os reforos mais eficazes?

    c) Que respostas so vlidas?

    d) Qual a melhor maneira de administrar os reforos?

    Deste modo os reforos podem ser:

    Constantes: (se so reforadas todas as respostas correctas) ou

    Intermitentes: s(e so reforados apenas algumas respostas correctas).

    Esta perspectiva behaviorista influenciou vrias metodologias de ensino e formao, no entanto tem-se

    confrontado com vrios tipos de crticas, das quais destacam-se algumas:

    a) Tm tendncia a subalternizar o papel do indivduo que aprende enquanto construtor da sua prpria aprendizagem;

    b) O funcionamento do reforo nem sempre satisfatrio, uma vez que o mesmo reforo tem diferentes significados e conseqncias para diferentes pessoas;

    c) Fazem apelo a um modelo massificado de ensino, uma vez que pressupem que todas as pessoas aprendem da mesma maneira uma mesma tarefa;

    d) No conseguem lidar com as diferenas individuais.

    Teoria Da Aprendizagem Social

    Bandura desenvolveu numerosas experincias que fundamentam a importncia da aprendizagem por

    observao. Defende-se que a aprendizagem resulta da interaco e da imitao social. Muitos dos

    comportamentos so aprendidos atravs da observao e imitao de um modelo- modelao ou

    modelagem. Apesar de ser necessrio desenvolver e praticar determinadas aptides, como cozinhar,

    pintar, serrar... a aquisio feita por observao. At o processo de socializao passa pela observao,

    imitao e identificao com modelos sociais (pais, professores/formadores, amigos...).

    O formador tem por isso um papel importante na modelao de comportamentos. So muitos os factores

    que influenciam a aprendizagem por observao. A proximidade e a significncia dos modelos so dois

    desses factores.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Este tipo de aprendizagem pode ser seguido de reforo. Se o formando, semelhana do formador,

    pontual e conseqentemente elogiado pelo seu comportamento ter tendncia a manter esse mesmo

    compotamento.

    Outro conceito introduzido por Bandura o de reforo vicariante, isto , se o formador elogia a

    pontualidade de um formando, os outros formandos imitaro esse comportamento. Assim a imitao pode

    ser estimulada se for observado determinado comportamento a ser elogiado. A pessoa prev que, se agir

    daquele modo, obtever aprovao semelhante.

    Aprendizagem Por Observao- Efeitos

    o Efeitos da Modelao- Modelagem: o observador observa e imita o modelo, adquirindo novas formas de resposta.

    o Efeito inibitrio e desinibitrio- se o formando que est a ler revistas na sesso de formao for criticado pelo formador, inibir esse comportamento (efeito inibitrio). Caso o formador numa

    dada sesso de formao estiver a ler, ele prprio, uma revista, o formando poder eventualmente

    retomar a leitura de revistas (efeito desinibitrio).

    TEORIA COGNITIVISTAS

    Contemporneas das teorias behavioristas, tm tambm a sua histria e as suas diferenas entre as

    diversas abordagens. sobretudo a partir dos anos sessenta que estas teorias conhecem um salto

    qualitativo importante na abordagem da Aprendizagem Humana,

    Podemos dizer que no existe hoje uma teoria acabada mas trabalhos em vrias direces, dada a

    complexidade do objecto de estudo - os processos cognitivos que medeiam entre o Estmulo e a Resposta.

    Dum ponto de vista cognitivista, a aprendizagem vista sobretudo como um processo de que se podem

    destacar as seguintes ideias:

    a) A aprendizagem vista como uma reestruturao activa das percepes e dos conceitos (mesmo que tenham uma vertente prtica)

    b) A aprendizagem confunde-se, por vezes, com a prpria compreenso.

    c) Um dos conceitos-chave o de insight - a sua definio extremamente difcil mas corresponde muito a uma " intuio de soluo de um problema " ou de interpretao de " um facto ". a " luz

    que de repente se acende ". Pode, contudo, ser verdadeiro ou falso. Um insight ocorre quando um

    indivduo perseguindo os seus propsitos v novas maneiras de utilizar elementos do meio ou dos

    seus prprios conhecimentos.

    d) O processo de aprendizagem assim intencional na medida em que tem objectivos, explorativo, imaginativo e criativo.

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    e) A aprendizagem mais do que meras associaes; ela um processo sistemtico e activo que articula o novo (estmulo ou situao) com aquilo que j sabemos.

    Em seguida generalizamos a recombinao efectuada (a nova percepo da situao com o que j

    sabemos) nova situao em termos de probabilidade e testamos a nossa soluo.

    Podemos agora estabelecer uma "ideia geral", o que possibilita a resposta a outras diferentes situaes.

    f) O que leva um indivduo a aprender so sobretudo as suas necessidades internas, a sua curiosidade e/ou as suas expectativas. Assim, a Motivao concebida como algo de interno ao sujeito,

    resultado da sua relao com a resposta que d, ou melhor, com o conhecimento do resultado -

    este conhecimento funcionar como um reforo.

    A repetio tambm importante do ponto de vista da aprendizagem mas no tanto em quantidade.

    g) A repetio ter interesse na medida em que cada nova resposta for precedida de uma anlise e compreenso do que no funcionou, para que a resposta seguinte seja cada vez melhor, O

    processo de aprendizagem implica:

    Aquisio da nova informao que provm da nova situao, do problema, etc.

    Para isto necessrio que aquele que aprende tenha algumas ideias ou conhea alguma coisa, ainda que

    muito intuitivamente, sobre a nova situao.

    impossvel aprender sobre o nada ou sobre o vazio.

    igualmente importante que o indivduo tenha as ferramentas intelectuais que permitam a percepo da

    tarefa ou da nova situao.

    A transformao do conhecimento

    O processo de aprendizagem essencialmente uma tarefa de atribuio de significado.

    Esta resulta do modo como percebida a situao/tarefa e da sua inscrio num plano de utilizao

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    Testar o grau de adequao do conhecimento ou da aprendizagem

    necessrio verificar se o significado atribudo ou o modo como representamos a soluo do problema

    correcto. Para isso, preciso agir sobre o meio, atravs de uma resposta. Todavia, esta resposta o

    terminar do ciclo de aprendizagem e no se pode confundir com a prpria aprendizagem.

    Tomemos um exemplo do quotidiano: um indivduo compra uma mquina nova de lavar roupa. Para

    aprender a funcionar com ela no vai estudar exaustivamente o manual com as instrues.

    Vai experimentando os vrios programas em funo dos vrios tipos de roupa. Se tem alguma dvida,

    recorre, ento, ao manual.

    Ao fim de algum tempo sabe tirar o mximo proveito da mquina e utiliz-la da forma mais adequada em

    funo das situaes.

    Como vemos, a aprendizagem no se deu apenas no fim, mas ao longo do processo.

    h) Este olhar sobre a aprendizagem leva a uma ateno particular sobre os modos individuais de aprendizagem, isto , sobre as estratgias de aprendizagem que podem variar de indivduo para

    indivduo, em funo quer das capacidades de cada um e/ou do modo como a situao de

    aprendizagem apresentada.

    a. A percepo dos dados determina a escolha dos instrumentos de aprendizagem. Estes podem ser:

    - Verbais;

    - Visuais;

    - Contacto, manipulao (tcteis);

  • Curso de Formao Pedaggica Inicial de Formadores

    Manual do Formando

    - Combinao dos trs anteriores,

    b. A forma de tratamento dos dados determina a estrutura das situaes de aprendizagem que podem

    passar por:

    - Apresentao prvia dos materiais e compreenso prvia da sua estrutura;

    - Decomposio prvia dos materiais, ou situao, etc.;

    - Abordagem por elementos a partir duma abordagem linear,

    i) Finalmente, estas teorias do uma grande importncia linguagem.Esta vista como uma "ferramenta", como um processo mediador da aprendizagem. Sendo a linguagem um cdigo,

    obriga, a tornar claro (a saber) o que se quer comunicar aos outros, para codificar de modo a que o

    outro perceba.

    TEORIAS HUMANISTAS

    Implicaes para a Formao.

    Estas teorias acentuam sobretudo a importncia da complexidade, riqueza e singularidade de cada pessoa,

    demonstrando assim algumas fragilidades quer em termos de conceptualizao, quer de aplicabilidade no

    contexto formativo/educacional. Cada pessoa um ser nico e essa idiossincrasia dificulta a elaborao de

    modelos tericos globais e estruturados. No entanto, inegvel a importncia e o impacto da interaco

    entre formador-formando e/ou formando-formando, na formao e consequentemente no processo de

    aprendizagem. O clima do grupo de formao (1) e a implicao do grupo na prpria formao (2) so

    determinantes da eficcia da aprendizagem e do sucesso da formao.

    1- torna-se importante aproveitar e articular as capacidades individuais de cada formando, promover o trabalho conjunto e a cooperao visando a evoluo afectiva do grupo.

    2- o envolvimento dos formandos no processo formativo determina a eficcia da formao. Assim, essencial a valorizao de cada formando e das suas capacidades. A promoo da

    "educao/formao positiva" favorece um bom ambiente de trabalho e permite uma distribuio

    equitativa das participaes e contributos dos formandos.

    I. MODELO DE PROCESSAMENTO DE INFORMAO

    No sendo propriamente uma teoria da aprendizagem, este modelo permite elucidar e integrar as diversas

    linhas de trabalho sobre a aprendizagem.

    1. O Processo de aprendizagem

    Tomando como ideia base que a aprendizagem se desenrola num tempo, ela passa por vrias fases que

    activam diferentes processos mentais, que so sustentados por diferentes estruturas

    Examinemos ento essas estruturas:

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    Manual do Formando

    Seguindo o esquema podemos ver que, em primeiro lugar, h uma estimulao do ambiente que vai

    afectar os receptores sensoriais,

    Para que o estmulo seja eficaz tem que ter determinadas caractersticas, pois os nossos receptores

    sensoriais s so sensveis a certas formas de energia.

    Esta informao transformada em impulsos nervosos nos registos sensoriais.

    A informao est aqui num curtssimo intervalo de tempo, em que processada pela percepo selectiva

    em objectos percebidos, qualidades de objectos, caractersticas, etc.,

    Esta informao pode ser armazenada na memria a curto termo (MCT) como imagens auditivas,

    articulatrias, visuais,

    Nesta estrutura a informao persiste por pouco tempo.No entanto, o seu tempo de permanncia pode ser

    aumentado atravs do recurso a uma repetio (circulao) mental da informao {reharsal). A capacidade

    desta memria tambm limitada,

    Alguns estudos sugerem que a sua capacidade de sete, mais ou menos duas unidades de informao

    simples. Estes itens podem ser letras, nmeros ou slabas

    Esta capacidade pode todavia ser aumentada se antigas unidades de informao simples forem

    "reformuladas" de modo a englobarem novas unidades.

    Para que a informao passe para a memria a longo termo (MLT), tem que ser codificada

    semanticamente, isto , tem que ser significativa e armazenada nesta forma.

    Esta talvez a transformao mais "crtica" da informao.

    A este processo chama-se "codificao" (recording).

    Muitos autores afirmam que os armazenamentos na MCT so permanentes. Se h falhas na mobilizao

    dessa informao devem-se a no terem passado para a MLT, por se terem perdido na MCT, ou a terem

    sido mal codificadas, o que torna difcil encontrar esta informao.

    Para que uma informao seja mobilizada so necessrias "deixas", originadas quer pelas situaes

    externas, quer pelo prprio indivduo

    Quando a informao recuperada, ela volta memria a curto termo, que funciona como "Memria de

    Trabalho" ou "Memria Consciente".

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    Manual do Formando

    Assim, este material fica de novo disposio do sujeito e pode ser combinado e modificado por novo

    input, e sofrer novas codificaes

    Pode tambm, por outro lado, ser transformado e activar o "gerador de respostas" que assegura a

    organizao das vrias performances humanas, as quais, segundo Gagn, podem ser de cinco tipos:

    skills intelectuais, estratgias cognitivas, informaes verbais,

    skills motores e atitudes,

    envolvendo, pois, diferentes partes do corpo humano.

    Durante a execuo da resposta, ou aps o seu termo, o indivduo pode observar a sua aco e estabelecer

    o processo de feed-back, que d ao sujeito informaes sobre as suas capacidade e a sua aprendizagem, o

    que importante para futuras aprendizagens.

    Os processos de controlo executivo e as expectativas so aspectos particulares de como cada indivduo se

    empenha para levar a bom termo formas particulares de aprendizagem

    Por outras palavras, determinam como cada indivduo aborda as tarefas de aprendizagem: a maneira como

    percebe, armazena, codifica e recupera a informao.

    Os processos de controlo executivo influenciam a ateno e a percepo selectiva, determinando que

    caractersticas dos contedos dos registos sensoriais entram na MCT e o que armazenado na memria a

    longo termo

    Podem influenciar a escolha de um esquema de codificao e a forma como a informao armazenada na

    MCT, o que influencia tambm o processo de recuperao da informao.

    Estes processos de controlo executivo so muito semelhantes aos estilos cognitivos (maneira pela qual uma

    pessoa percebe coisas, atitudes e acredita na aprendizagem).

    Nos ltimos cinco anos tem-se procurado precisar o sentido destes estilos e vemos que alguns autores

    encontram estilos diferentes.

    Witkin fala de - Estilo Dependente do Campo versus Independente do Campo;

    Kagan fala de - Impulsivo vs. Reflexivo;

    Pask fala de - Holstico vs. Serialista;

    Brunner fala de - Focusser vs. Scanner,

    Guildford fala de - Convergente vs. Divergente,

    Apesar da diversidade de linguagem, estes autores sublinham a existncia de diferenas de estilo cognitivo

    que vo influenciar a maneira como se aprende

    As expectativas representam as motivaes especficas da pessoa que aprende para atingir os objectivos da

    aprendizagem que lhe dada, ou que ela toma para si

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    Apesar da aprendizagem ser considerada como um todo, e tendo em conta as vrias estruturas e os

    processos em jogo, podemos descrever as vrias fases, bem como os processos operativos na

    aprendizagem.

    Assim temos:

    Descrevendo um pouco o esquema anterior, temos que um indivduo espera alguma coisa, isto , tem

    determinadas expectativas, pelo menos em relao a algumas aprendizagens; se no tem, devero ser

    criadas condies para que se activem.

    Estas expectativas despertam mais ou menos a sua ateno, o que faz entrar em jogo os processos de

    controlo executivo.

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    Manual do Formando

    Deste modo, os "padres" de ateno adoptados pelo indivduo determinam que aspectos da estimulao

    externa so percebidos.

    Seguidamente, as situaes ou os estmulos percebidos entram na memria a curto termo para serem

    transformados em "estados persistentes" na memria a longo termo.

    Como j vimos anteriormente, o que armazenado sofre uma codificao.

    O fim desta codificao tornar possvel lembrar facilmente o que foi aprendido atravs de "deixas".

    Estes processos de codificao podem ser sugeridos do exterior ou deixar que o indivduo utilize os seus

    prprios esquemas de codificao.

    Este material que passa para a MCT tem de ser retido.

    No entanto, podemos ver que o que aprendido pode ser armazenado de uma maneira permanente, sem

    perda de identidade durante muito tempo; outros podem diminuir gradualmente com a passagem do

    tempo.

    O prprio armazenamento pode ser sujeito a interferncias na medida em que novas memorizaes

    tornam obscuras ou confundem as mais antigas

    Apesar de ser uma rea ainda relativamente obscura, podemos dizer que o armazenamento na memria

    tem caractersticas de permanncia, podendo ser parcial para alguns factos e ser total para outros.

    Um dos objectivos da reteno a possibilidade da sua recuperao para uma utilizao posterior.

    Esta mobilizao da informao a fase final da recuperao assegurada pelo processo de tornar presente

    (acto em que se faz apelo ao que aprendido e que pode ter o aspecto de performance).

    A mobilizao da informao feita atravs de "deixas", que podem ser dadas do exterior ou ser internas

    ao prprio indivduo, como no caso da aprendizagem "independente".

    Mas o retrieval (recuperao) do que aprendido pode no ocorrer na mesma situaoou dentro do

    mesmo contexto em que ocorreu a aprendizagem inicial.

    Muito daquilo que se aprende aplicado a novas situaes ou em diferentes contextos: a isto chama-se o

    transfer da aprendizagem, que tambm um dos objectivos da aprendizagem escolar.

    Depois de recuperada a informao, o "gerador de resposta" organiza a resposta que manifestada em

    termos de performance.

    Quando o indivduo que aprende desempenha uma nova performance possvel pela aprendizagem, percebe

    que atingiu um objectivo.

    Este feed-back de informao chamado por muitos tericos de aprendizagem de reforo.

    Implicaes para a Formao

    Esta viso sobre a aprendizagem permite trazer novos olhares sobre este processo complexo e

    reequacionar " velhas ideias " sobre esta matria, na medida em que:

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    Identifica as vrias estruturas e os processos subjacentes do acto de aprender, dando uma viso integrada e integradora das vrias funes psicolgicas em jogo, organizadas

    para um determinado fim.

    Conhecendo estas funes podem criar-se condies externas que facilitem estes processos. Chama ainda a ateno para as particularidades especficas de cada

    indivduo, nomeadamente as expectativas e os processos de controlo executivo (estilos

    cognitivos).

    Contribui para uma nova visualizao acerca do esquecimento e do erro, na medida em que no so vistos como incapacidades, mas momentos do processo de

    aprendizagem.A sua anlise constitui uma chave para perceber e ultrapassar a

    dificuldade.

    Permite ultrapassar uma viso redutora da aprendizagem, na medida em que esta era vista apenas como um comportamento expresso. De facto, a aprendizagem

    essencialmente uma atribuio de significados

    Decorrem daqui duas ideaas importantes:

    A Primeira prende-se com a experincia anterior do sujeito que

    aprende.

    impossvel atribuir um significado sobre o vazio.

    A Segunda prende-se com a utilizao da aprendizagem. Com efeito, a atribuio de significado decorre do

    modo como processada a nova informao estreitamente relacionada com a sua utilizao ou os seus fins

    Quando se compra um electrodomstico no se estuda atentamente e persistentemente o seu modo de

    funcionar para depois o usar.

    Tem-se uma ideia geral (nova informao) e vai-se experimentando em diversas condies (plano de

    utilizao). A aprendizagem do seu uso ou explorao mxima decorre deste processo ao fim de algum

    tempo.

    No entanto, em situaes formais de ensino, continua-se na prtica a acreditar nas virtudes de comear

    pelas bases, de progredir rigorosa e linearmente, repetir incessantemente e, em caso de fracasso, comear

    de novo. Porqu?

    Aqui fica o desafio, para que se vejam os processos de transmisso/apropriao de conhecimentos no

    como uma tarefa de ensinar, mas antes como de "fazer aprender"

    Esta transformao do papel e funes do professor/formador possvel se tivermos uma viso mais lata

    de aprendizagem em que esta se define como o adquirir de estruturas de conduta e de representaes de

    objectivos que permitam agir no e sobre o nosso meio e/ou representaes que dele temos. esta a

    dimenso cultural da aprendizagem.

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    In "PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM Conceitos, Teorias e Processos ", Jorge Pinto, Coleco Aprender,

    Instituto do Emprego e Formao Profissiona

    TIPOS E MODOS DE APRENDIZAGEM

    TIPOS DE APRENDIZAGENS

    Alguns estudos no mbito da Psicologia Cognitiva e da Psicofisiologia dedicaram-se anlise do

    funcionamento cerebral implicado nos mecanismos e operaes mentais desencadeadas durante o

    processo de aprendizagem. Do ponto de vista cognitivo apontam algumas concluses:

    envolve a activao de um conjunto de operaes mentais e o processamento de informao;

    requer tempo;

    processa-se atravs de vrios mecanismos;

    encontra-se associada memria. A informao apreendida dever ser recordada e adaptada a novas situaes.

    Modelo Hierrquico da Aprendizagem

    Gagn delineou uma taxionomia dos mecanismos de aprendizagem atravs da integrao de concluses de

    vrios estudos e teses. Inclui, numa estrutura hierrquica e sequencial, oito tipos de categorias de

    aprendizagem, onde cada tipo pr-requisito do seguinte:

    Categoria Exemplo

    1. Aprendizagem por sinais

    Estremecer quando se ouve um estrondo comportamento

    reflexivo.

    2. Aprendizagem de estmulo-

    resposta

    Parar no sinal vermelho - desencadeia uma resposta

    automtica perante o estmulo correspondente.

    3. Aprendizagem em cadeia

    Pra no sinal vermelho e ao verde avana encadeamento de

    dois ou mais estmulos.

    4. Associaes verbais frase

    combinando palavras

    Ler uma frase combinando palavras

    5. Discriminao mltipla

    Distinguir um quadrado de um rectngulo descriminar

    estmulos semelhantes e responder de diferentes maneiras.

    6. Aprendizagem de conceitos

    Capacidade de agrupar objectos, factos e ideias no abstracto.

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    7. Aprendizagem de regras ou

    princpios gerais

    Silogismos - capacidade de aquisio de proposies que

    relacionam vrios conceitos.

    8. Resoluo de problemas

    Relacionar conceitos e regras para encontrar uma soluo -

    Implica a capacidade de pensamento, raciocnio e

    adequao.

    O carcter associacionista deste modelo, cada tipo de aprendizagem requisito do seguinte, tem sido

    refutado, uma vez que podem desenvolver-se e/ou utilizar-se em simultneo diferentes tipos de

    aprendizagem. Alm disso, reduzem-se os diversos tipos de aprendizagem ao nvel bsico - Tipo 1 e 2,

    encarando-se os outros como uma complexificao progressiva destes.

    Ausubel prope ento um outro modelo relativo aos diferentes tipos de aprendizagem avanando um

    pouco mais, na medida em que conjuga o funcionamento cognitivo com o nvel de participao dos

    indivduos na aprendizagem.

    Modelo de Aprendizagem de Ausubel

    Ausubel criou ento um modelo de aprendizagem baseado na anlise da forma como se aprende e como se

    constri o conhecimento que relaciona duas variveis: a interveno dos processos cognitivos (1) com os

    tipos de actividades (2) envolvidos na aprendizagem.

    1- Processos cognitivos - a aprendizagem pode ocorrer dentro de um continuum crescente, que parte da Aprendizagem Memorstica Automtica (no limite inferior de complexidade) e termina na

    Aprendizagem Significativa (no limite superior de complexidade). A primeira consiste num tipo de

    aprendizagem mecnica, onde existe memorizao pura e simples da informao, sem qualquer

    ligao ou relao com a j existente, como se tratasse de uma operao de colagem da

    informao na estrutura cognitiva; j a segunda solicita uma maior interveno dos mecanismos

    cognitivos mais complexos.

    2- Tipo de actividade - neste caso o continuum varia entre uma interveno mnima, onde o formando apenas receptculo da informao - Aprendizagem por Recepo, at ao limite mximo

    da sua participao e autonomia no processo de aprendizagem - Aprendizagem por Descoberta.

    No grfico seguinte indicam-se alguns exemplos que podem surgir em contexto de aprendizagem, que

    conjugam os diferentes nveis das duas variveis anteriormente indicadas:

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    Implicaes Para A Formao

    No contexto da Formao Profissional, o modo como o formando aprende depende no s das estratgias

    de ensino utilizadas, como do nvel e do tipo de interveno (nvel de participao) do formando na

    identificao, no relacionamento e na seleco da informao a integrar nas suas estruturas cognitivas.

    Devem ter-se em conta duas ideias centrais:

    O FORMANDO APRENDE... O FORMANDO APRENDE MELHOR

    .OQUE QUER (MOTIVAO), Resolvendo Os Problemas

    .O QUE LHE FAZ FALTA, Em Ambiente Descontrado,

    Com A Prtica Quando Orientado E No

    Assim, existem momentos em que o formador tem que introduzir as referncias essenciais ou conceitos

    centrais, pois so a condio necessria para o formando interligar a matria com os seus conhecimentos

    ou enriquecer conceitos, atravs de exposies orais, relaes de conceitos, clarificaes.

    Noutros momentos o formador deve orientar ou dar autonomia ao formando para resolver problemas e

    desenvolver trabalhos individuais e/ou de grupo. As simulaes pedaggicas, sobretudo a final, na

    Formao de Formadores situam-se ao nvel da pesquisa implicando um elevado grau de participao

    cognitiva do formando.

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    Quanto maior for a predisposio, a participao e a autonomia do formando no processo formativo, maior

    a probabilidade de se realizarem alteraes significativas nos domnios cognitivo (saber-saber), operativo

    (saber-fazer), atitudinal e comportamental (saber-ser e saber-estar).

    de salientar que qualquer um dos mecanismos cognitivos ou tipos de actividades vlido e til desde que

    estejam adaptados aos contedos e aos objectivos pedaggicos definidos pelo formador para o mdulo ou

    sesso, bem como aos nveis intelectuais e experincia.

    CONCLUINDO...

    Quanto aos modos, podemos considerar dois grandes tipos de aprendizagem:

    a. Por recepo - Neste caso o formando sujeito passivo da formao limitando-se a receber as informaes que o formador transmite.

    o modelo tradicional de ensino em que a comunicao unidireccional obedece ao modelo do mtodo

    expositivo. O formador o elemento estruturador que selecciona, desenvolve e aplica os conhecimentos

    que julga mais importantes para o grupo que assiste.

    A actividade dos formandos puramente intelectual e, consequentemente, o seu grau de satisfao

    bastante diminuto.

    Apesar destes elementos negativos inerentes ao mtodo, ele no deve ser colocado de parte na medida em

    que grupos heterogneos e altamente competitivos se recusam, regra geral, a interagir e a expor os seus

    pontos de vista.

    b. Por aco - Ao contrrio do modelo anterior, nesta forma de aprendizagem o papel do formando fundamental. ele que atravs da sua experincia e na troca de opinies com os restantes

    elementos do grupo descobre os conceitos e constri os raciocnios e, logicamente, retira as

    concluses que considera mais pertinentes. Neste .caso, o formador dever dominar os

    procedimentos inerentes ao mtodo activo e funcionar como um animador e moderador do grupo.

    Se levarmos em considerao o facto de todos os indivduos terem ritmos de aprendizagem

    diferentes e que mesmo o prprio indivduo poder ter oscilaes de ritmo ao longo do processo

    formativo, conclumos que o grau de dificuldade para o formador bastante mais elevado.

    Um dos obstculos a ultrapassar o da coerncia dos conhecimentos transmitidos.

    Para que a informao transmitida seja assimilada e posteriormente mobilizada, o processo de

    aprendizagem dever seguir as seguintes fases:

    1- Codificao da informao: de forma a que esta seja perceptvel para o receptor (no nos devemos esquecer que os estmulos verbais so os que menos possibilidade percentual de memorizao

    implicam),

    2- Coerncia da mensagem: no do ponto de vista do emissor mas sim do receptor. Devemos levar em linha de conta que a nova informao sempre comparada com a pr-existente e que s

    assimilada quando compatvel e adaptvel aos conhecimentos j arquivados na memria.

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    3- Esta fase tem a ver com a compreenso prtica que o formando tem da informao. Ou seja, mais facilmente se aplica em novas situaes aquilo que no s achamos til como tambm se incorpora

    na estrutura organizada do raciocnio.

    Se nos lembrarmos da distino entre jovens e adultos segundo a qual os adultos so possuidores de mais

    experincia, conclumos que o formador, ao lidar com grupos de adultos dever ter em ateno a sua

    menor receptividade para conhecimentos que ponham em causa a sua estrutura de saberes

    Em sntese:

    Somos levados a concluir que, relativamente aos modos de aprendizagem, o ideal ser fazer uma ligao

    entre a recepo e a aco.

    Assim, o formador obter melhores resultados se:

    1- Fizer um estudo prvio do grupo;

    2- Enunciar um conjunto de definies e conceitos que permitem nivelar o grupo (fase pouco pertinente quando os grupos so homogneos) - recepo;

    3- Der a possibilidade ao grupo de se debruar sobre os conceitos transmitidos e descobrir as suas articulaes internas - aco;

    4- Sistematizar as "descobertas" do grupo de forma a que estes ganhem a conscincia de um "corpo terico" estruturado - recepo:

    5- Permitir que as descobertas sejam aplicadas/transferidas para outras situaes - aco.

    A articulao entre os modos de aprendizagem tem como vantagens principais:

    a) Criar uma coeso no grupo satisfazendo as necessidades de reconhecimento, pertena e auto-estima dos

    formandos;

    b) Ultrapassar as barreiras da descodificao e da compreenso uma vez que a linguagem e o raciocnio so

    organizados e geridos pelo grupo;

    c) Atingir maior eficcia na medida em que os conhecimentos so legitimados plos prprios formandos;

    d) em concluso, o caminho mais curto e rpido para a memria permanente e para ligar o ensino

    aprendizagem,

    PROCESSO DA APRENDIZAGEM

    Sendo a aprendizagem sobretudo a mobilizao de saberes pr-adquiridos que, em ligao com novas

    informaes, permitem a projeco no futuro e, desta forma, alterar ou mesmo originar novos

    comportamentos temos que concluir que a principal caracterstica de aprendizagem a de ser um

    processo.

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    De facto a aprendizagem um processo com um conjunto de variveis cuja presena determina a sua

    existncia:

    Global

    A aprendizagem um processo global porque a sua eficcia implica uma interaco real entre diferentes

    tipos de saber.

    necessrio, para que haja aprendizagem, que o formador seja capaz de fazer apelo aos seus

    conhecimentos, capacidades e valores e, no contexto de formao, consiga vivenciar um conjunto de

    experincias passveis de serem transformadas em novos valores e maiores capacidades.

    De outra forma, quando algum destes elementos estiver ausente, estamos perante um fenmeno de

    mimetismo que, por si s, nega a prpria essncia de aprendizagem.

    Dinmico

    A aprendizagem um processo dinmico porque a mudana de | comportamento operacional e

    observvel.

    Logicamente s existe aprendizagem quando os participantes actuam e interagem.

    Esta actividade dever sempre abarcar um conjunto de domnios diversos que vai da actividade fsica

    (primeiro indicador de pertena e de reconhecimento da validade dos conhecimentos) at actividade

    social (fundamental para o desenvolvimento da coeso do grupo e consequentemente legitimao dos

    parceiros).

    Do somatrio destas actividades possvel obter a adeso completa dos participantes aos objectivos e s

    metas da formao em que esto envolvidos

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    Contnuo

    O processo de aprendizagem contnuo porque esta uma das caractersticas do ser humano e da

    construo da sua personalidade.

    Desta forma a transmisso dos conhecimentos e a sua consequente apreenso implica a satisfao de

    necessidades do indivduo receptor.

    Sejam estas necessidades fsicas, biolgicas, psicolgicas ou sociais a sua satisfao implica sempre um

    processo evolutivo.

    Por outras palavras: a satisfao de uma necessidade implica sempre a criao de outras que lhe so

    subjacentes.

    A formao profissional sendo um processo de satisfao de necessidades , logicamente, contnuo.

    Pessoal

    A aprendizagem implica